Revista hnb dezembro

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BEBA COM MODERAÇÃO.

SAINTBIER.COM

Tão perfeita que é quase uma obra de arte. Quase, porque obra de arte é só para ficar olhando.


EDITORIAL

Agora é hora de brindar, festejar o ano que chega ao fim e lembrar das tantas coisas boas que aconteceram. Aliás, motivos para comemorar não faltam. E é por isso que trouxemos para você mais esta edição com muitas novidades e informações do universo das geladas. Que cerveja é uma bebida adorada pelo brasileiro não é nenhuma novidade, mas levá-la para a panela ainda é algo pouco explorado. Na seção Palavra de Expert, mostramos como a gelada pode ir para o fogão e pode dar aquele toque especial aos seus pratos. A gastronomia continua na coluna do chef Danilo Rolim, que sugere receitas que harmonizam com o estilo India Pale Ale e com um dos nossos rótulos do dezembro, a canadense Kellerbier. Da América do Norte rumamos para o vértice escandinavo da Europa, pois é da Dinamarca a seleção escalada para abrir 2015. Garimpada pelo nosso Beerhunter Diego Cartier, com exclusividade para o Brasil, o destaque de janeiro será a Nørrebro Bryghus, instalada nos arredores de Copenhagen. Nas próximas páginas, traçamos um perfil da cervejaria e dos rótulos pincelados para você: Stuykman Wit e New York Lager. Ainda na esfera das novidades, é com prazer que anunciamos a volta de nosso colunista Sady Homrich. Para a reestreia, o gaúcho especialista em cerveja e baterista da banda Nenhum de Nós, escreve sobre a familiaridade (e dualidade) entre o vinho e a cerveja. Na última entrevista do ano, batemos um papo com a luso-brasileira Banda do Mar, formada por Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred Ferreira. Na matéria, contamos como o projeto do grupo nasceu, a história do encontro dos três integrantes e a turnê que acontece no Brasil e que, em 2015, rodará em Portugal. Um brinde a 2014 pelos seus tantos momentos inesquecíveis marcados por boas cerveja. E que venha o Ano Novo com muitas geladas, vindas dos quatro cantos do mundo, para celebrar a vida e a felicidade. Boas festas!

Colaboradores

Danilo Rolim

Diego Cartier

Sady Homrich

Rita Michalsky

Léo Leitão

A turma boa que ajudou a fazer mais uma edição da revista Have a Nice Beer


ÍNDICE

06 12 16

Por dentro HNBox Hora de fazer um raio X de 2014

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Som e Cerveja

Na Cozinha Sobre receitas e harmonizações

Entrevista A luso-brasileira Banda do Mar

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Viagem

A veia cosmopolita e gourmet do Recife

HAVE A NICE BEER Editora-chefe Leticia Rocha Editor de arte/ Projeto gráfico Marcos Lobo CONSELHO EDITORIAL Ingrid Gonçalves Madu Melo Natalia Goldring Ricardo Flores Riccardo P. Rossi COLABORADORES: Danilo Rolim, Diego Cartier, Giulia Moretti, Léo Leitão, Rita Michalsky, Sady Homrich e Sanmy Moura.

Have a Nice Beer - Santiago e Lemos Comércio de Bebidas S/A - Rua Comendador Alcides Simão Helou, 1478 - Serra/ES - CEP 29168-090 IMPRESSÃO Grafitusa

03 - Editorial

34 - Tendência

04 - Foto do Leitor

38 - Cosmoporita

09 - Cerveja do Mês

09 - Cerveja do Mês

20 - Indicações do BeerHunter

40 - Você sabia?

24- Palavra de Expert

42 - Janeiro

Fernando Ribas


FO LEITOR social@hnb.com.br O Alê Lopes curtiu o aniversário do filhão Guilherme ao lado da esposa em Düsseldorf, na Alemanha

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Clicou. Postou? Compartilhe o seu momento com a gente: social@hnb.com.br

/haveanicebeer

@haveanicebeer

@haveanicebeer


POR DENTRO DA HNBOX Por Sanmy Moura

06


Estamos na reta final de 2014 e este tem sido um ano e tanto, aliás, foram muitas garrafas que vieram e se foram, ideias novas, mudanças, acertos, entre tantas outras coisas. O importante é que, com tudo isso, estamos aprendendo, crescendo e expandido cada vez mais informações do universo cervejeiro, além de levar todo mês os melhores rótulos do mundo para sua HNBox.

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Só este ano já foram enviadas mais de 1 milhão de garrafas e latas de cervejas para todos os estados do Brasil, além das importações, que chegam a mais de 6 milhões de rótulos. Isso tudo acontece para estarmos sempre prontos e termos as melhores marcas à sua disposição. Porém, nosso trabalho é muito mais do que entregar incríveis garrafas, como também te proporcionar novas experiências cervejeiras. Para nossa brand manager, Madu Melo, esse trabalho é a essência que nos une para oferecer aos nossos sócios uma experiência completa e prazerosa.

FAMÍLIA PRONTA PARA 2015 É claro que as cervejas não chegam sozinhas à sua casa, né? Por trás de toda

experiência

cervejeira

que

proporcionamos para você existe uma turma engajada pronta para trabalhar e que cresce cada vez mais, aliás, quando fazemos o que gostamos o trabalho é feito com o coração:

“Nós nascemos com a ideia de entregar para nossos sócios as melhores cervejas do mundo, de uma forma simples e com uma experiência bacana. Para isso temos uma série de processos que vão desde a seleção da cerveja, feita pelo Beerhunter Diego Cartier, até a entrega da HNBox em sua casa com os rótulos e outros diferenciais como as revistas, bolachas, entre outros”, conta Madu. Ao decorrer do ano foram varias ações realizadas para democratizar as melhores cervejas do mundo

A HBN pra mim hoje representa a minha segunda casa, onde passo grande parte do meu dia, sempre aprendendo e conhecendo o sensacional mundo das cervejas. Tenho grandes expectativas com relação a 2015, aliás, trabalhamos com um produto especial, diferenciado, que traz um pouquinho da cultura de cada país. Não tenho nenhuma dúvida: a

para nossos sócios e clientes: comemoramos o

Have a Nice Beer é um sucesso!”

aniversário de 1 ano da loja em novembro, nos

Taise de Souza – agente de relacionamento

tornamos importadores exclusivos da Faxe no Brasil, trouxemos para nossa webstore rótulos incríveis

“Estar aqui é fazer parte de uma empresa que a gente

como a Fantôme De Tous Les Diapes, criamos

sabe que cresce a cada dia não só pelos produtos,

garrafas em parceria com cervejarias nacionais e

mas pela experiência que entregamos para os nossos

internacionais.

clientes e sócios apaixonados por cerveja. Acredito

Por acreditar que tudo pode ser melhor e sabermos que crescemos cada vez mais, este ano finalizamos a integração total com a Wine.com.br, a maior webstore de vinhos da América Latina. O processo

que 2015 será um ano de transformações muito positivas, aliás, o que move a gente é o desafio de continuar sendo referência para os cervejeiros de todo o Brasil” Bruno Fonseca – Analista de Mídias Sociais

de união já vinha acontecendo desde 2013 e, este ano, finalmente juntamos os panos e firmamos esse casamento perfeito entre cerveja e vinho.

Vem 2015! Pronto, agora é só esperar mais um pouco para fechar 2014 acompanhado das melhores cervejas do mundo. Em 2015, se prepare, pois será um ano com mais novos rótulos incríveis do mundo todo, manias cervejeiras, promoções e outras novidades que você não perde por esperar. Boas festas, que você celebre com muita cerveja e diversão. Cheers!

08


Por Leticia Rocha

CERVEJA DO MÊS

Dá para dizer que se trata de uma história pontuada por números. A começar pelo nome: Le Trois Mousquetaires, do francês, os três mosqueteiros. A associação ao nome, sim, refere-se à sociedade de três amigos que se juntaram para fazer cerveja. Eles são canadenses, agora já são em quatro e cervejaria, instalada em Brossard, na província de Quebec, figura como uma das melhores do país. Este ano, comemora dez anos de atividade e tem chamado a atenção pelo mundo com grandes feitos. Entre os mais recentes, acabam de voltar para casa com seis medalhas conquistadas no World Beer Award, que aconteceu em setembro, no Reino Unido. Entre elas, a que coroa a Strong Porter como a melhor do estilo na América. Em 2013, a mesma foi considerada a número 1 do mundo em sua categoria; e a cervejaria entrou para o top 100 - entre 16 mil microcervejarias do planeta - do renomado ranking do site americano Ratebeer. A explicação para o sucesso pode ter sucesso na proposta de trabalhar o estilo alemão com ousadia, e matéria-prima ímpar. “Temos 12 cervejas em nosso portfólio e dez delas são feitas 100% com malte de Quebec”, explica Christian Marcil, um dos mosqueteiros proprietários. “As outras duas não levam pela indisponibilidade do malte na região. Do mais, só trabalhamos com agricultores e fornecedores locais porque acreditamos no fortalecimento da economia local”, completa o cervejeiro. Ele, que é o responsável pelas exportações da empresa, conta que os rótulos já seguem para Estados Unidos, Austrália, França, Espanha, Alemanha e Brasil- via Have a Nice Beer. Mais em lestroismousquetaires.ca

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Por Danilo Rolim*

Arroz doce de Ovomaltine O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. E também um dos mais versáteis, o que garante ao grão transitar, facilmente, na cozinha entre os preparos quentes e frios, os fritos e os doces. Justamente para mostrar o potencial deste alimento, e para quebrar tabus, que é uma sobremesa a receita escolhida para harmonizar com a Kellerbier, uma das estrelas do clube deste mês, que destaca a cervejaria canadense Les Trois Mosquetaires. O arroz doce de Ovomaltine não é tão doce quanto as receitas clássicas deste tipo de sobremesa e por isso, é companhia perfeita para essa gelada complexa e bem maltada.

Ingredientes - 300 g de arroz arbóreo - 1,5 litro de leite - 1/2 fava de baunilha (ou 5 ml de extrato) - 70 g de Ovomaltine - 50 g de açúcar - 50 g de manteiga - 100 g de chocolate branco em raspas - Frutas frescas para decorar

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Modo de preparo Lave bem o arroz para retirar o excesso de amido e escorra. Leve o arroz, o leite e a baunilha em fogo médio e deixe cozinhar por cerca de 20 minutos, ou até que os grãos estejam bem macios; mexa

frequentemente.

Adicione

o Ovomaltine e o açúcar; misture bem. Desligue o fogo e acrescente a manteiga. Mexa vigorosamente. Cubra

imediatamente

com

filme

plástico e deixe gelar por, pelo menos, 4 horas. Sirva gelado, com raspas de chocolate branco e frutas frescas.

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Beef biryani Mais um ponto para o arroz: o grão vai além da dispensa básica do dia a dia e protagoniza muitos pratos festivos pelo mundo. É o caso desta receita, típica do sul da Índia, tradicionalmente por motivos religiosos, por lá preparada com cordeiro. Na releitura, pensando na paixão do brasileiro por carne e o preparo, fiz com filé-mignon e da maneira mais suave possível - sem pesar tanto a mão nas pimentas e especiarias como acontece naquelas bandas. Uma boa India Pale Ale é potente o bastante para equilibrar este prato.

Ingredientes - 300 g de arroz (basmati, jasmim ou agulhinha) - 50 g de manteiga ou óleo vegetal - 100 g de cebola fatiada - 10 g de gengibre picado finamente - 1 dente de alho picado

- ½ pimenta dedo-de-moça picada finamente sem as sementes - 1 colher de sopa de curry em pó - 750 g de filé-mignon em cubos - 800 ml de caldo de legumes - ½ maço de coentro fresco (ou cebolinha) - 100 g de castanha de caju torrada

Modo de preparo Lave bem o arroz em água corrente e escorra. Numa panela grande com tampa, derreta a manteiga e refogue em fogo médio a cebola, o gengibre, o alho e a pimenta. Quando a cebola estiver dourada, adicione o curry, misture bem e adicione o filé-mignon. Aumente o fogo e deixe fritar por cerca de cinco minutos, mexendo ocasionalmente. Adicione o arroz e misture bem, então acrescente o caldo frio. Assim que ferver, prove o sal e corrija, se necessário. Tampe e cozinhe em fogo mínimo por 5 minuto. Desligue o fogo, mas deixe a panela tampada por mais 10 minutos. Misture o arroz, soltando os grãos e cubra com as folhas de coentro (ou cebolinha picada) e as castanhas de caju.

* Danilo Rolim é chef, formado pelo instituto Paul Bocuse, na França. Em São Paulo, comanda o bar espanhol La Tapa. Cervejeiro assumido, aqui carrega o desafio de aproximar a cerveja ao universo da cozinha. Esteja

14

ela no copo ou na panela!



ENTREVISTA Por Leticia Rocha*



A

ideia

despertou

naturalmente

como as boas coisas da vida devem ser. Foi em um jantar entre amigos, daqueles encontros gostosos, que histórias puxam histórias e não se vê o tempo passar. Por sorte, nos dias que seguiram, a empolgação saiu do plano da fantasia e a Banda do Mar nasceu. Um projeto bacana, fruto da união de Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred Ferreira, que tirou um pouco da poeira e a ajudou a refrescar o cenário da música nacional. O que permeia o grupo? Nada de fórmulas mirabolantes, nem muitos planos e estratégias. É o encontro, a vontade de estar junto agora. Se vai ter outro disco e turnê, não importa. Soa até como aquele querer por querer, ânsia juvenil, de querer tocar com os amigos da escola. O que não é problema algum e foi meio o que aconteceu, tempos atrás, com os Los Hermanos- a banda criada por Marcelo e colegas da faculdade, no Rio de Janeiro, em 1997. O trio gosta de dizer que entre as filosofias, estão os contos simples, os acasos da vida, as histórias de todos os dias. E traduzem bem isso na música, com canções leves e fáceis de ganhar o ouvido. Nas entrelinhas, as letras podem denotar causos pessoais do casal Mallu e Marcelo, e a sonoridade já conhecida deles ganha uma roupagem nova com Fred, o musico português que aplaca na bateria.

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A história dos dois não é tão novidade assim: estão juntos desde 2008, romance que começou quando ela foi convidada para uma participação especial no primeiro álbum solo de Camelo, Sou. Na ocasião, gravaram a faixa Janta, eleita pela revista Rolling Stone como a melhor música nacional daquele ano. Já em 2011, foi ele quem produziu o terceiro disco da cantora, o Pitanga. Fred, que integrava o Buraka Som Sistema e havia acabado de criar o 5-30, começa a entrar no enredo em 2013, época em que tocou no disco do cantor catarinense Wado, Vazio Tropical e que leva a assinatura de Camelo na produção. Eles, que já eram amigos de quase uma década, se reaproximaram. Começou um vai e vem transatlântico, rodeado de boas histórias que tanto prezam. Tamanha foi a sintonia que chegou uma hora de não bastavam mais as viagens. O casal mudou-se para Lisboa. Daí, como eles lembram bem, foi natural acontecer o grupo, o disco - gravado totalmente em um estúdio lisboeta. Reflexo do anúncio na imprensa, logo veio a articulação de uma turnê: começou pelo Brasil, em outubro, via Porto Alegre e já passou por cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte. Em fevereiro, é hora de rodar Portugal. E isso é tudo o que se sabe. O que vem depois, ainda não foi pensando. Ainda está por vir e deve fluir como (ou com) o mar.

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INDICAÇÕES BEERHUNTER Por Diego Cartier*

Birra Del Borgo ReAle, 330ml * Diego Cartier é conhecido no meio cervejeiro como um Beerhunter. O motivo? Está sempre caçando cervejas pelo mundo. Volta sempre para casa cheio de bons rótulos e muita história.

A ReAle é um clássico entre as artesanais italianas. Foi a primeira cria da cervejaria e virou, logo, carro-chefe. É uma American Pale Ale, inspirada nas tradicionais India Pale Ales inglesas, com adição de lúpulos americanos. Fresca, intensa nas frutas cítricas e com nuances de pinho.

preços válidos até 30/12 ou enquanto durarem os estoques

Corre, corre, corre! R$ 19.00 Associados Clube HNB têm 10% de desconto

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Chimay Grande Reserve, 750 ml

Complexa e safrada, é a grande pérola dos monges desta cervejaria belga de renome. Belíssima na cor - marrom escuro com tons avermelhados - e espuma cremosa, de alta formação e duração. Notas de frutas secas e vermelhas, caramelo, chocolate, especiarias e Vinho do Porto.

Westmalle Tripel, 330 ml

A mãe de todas as tripels - estilo que foi produzido pela primeira vez na Abadia de Westmalle em 1934 - com receita atual praticamente inalterada desde 1956. Única, complexa, frutada, cítrica, condimentada, seca e com um agradável amargor que se tornou sua marca registrada.

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Wild Beer Fresh, 330 ml

Williams Joker IPA, 550 ml

Fruto de uma paixão por lúpulos, essa Pale Ale une lúpulos das Américas do Norte e do Sul. Dois hemisférios, duas estações e, consequentemente, duas safras de lúpulos reunidos em apenas uma garrafa. Dourada, espuma densa e aroma de frutas tropicais, lúpulos florais e um leve dulçor.

Joker Ipa é uma escocesa complexa, resultado da mistura criada a partir de quatro diferentes lúpulos e sete maltes. De coloração dourada, no nariz oferece floral e cedro; e no paladar, um equilíbrio perfeito entre doçura e amargor.

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Ballast Point Pale Ale, 375 ml

Mikkeller Spontanroseship, 375 ml

Uma Pale Ale americana frutada e leve, mas que preza pelo gosto e a complexidade das artesanais. Espécie de releitura das tradicionais Kölsches da Alemanha, feita com levedura e lúpulos deste país europeu, com adição de uma mescla de maltes americanos e alemãs.

Dinamarquesa produzida com adição de rosa mosqueta, é seca e equilibrada. Ganha pela acidez e pela personalidade de sabores como chá de hibiscos e morango. Dourada e rica em aromas de frutados, florais e de especiarias.

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PALAVRA DE EXPERT Por Giulia Moretti

Rica de sabores e intensidades, a cerveja pode (e deve) ser explorada como um ingrediente. Na cozinha, aquela garrafinha guardada na geladeira pode transformar um prato: agrega sabor, dá aroma, ressalta as potencialidades de uma receita. Como tirar proveito dessa brincadeira de levar a gelada para o fogão? Não basta pegar qualquer cerveja e pronto. O chef Adipe Neto, chef da Brain Bar, em São Paulo, SP, ensaia um manual prático dessa aventura alcoólica de quem cozinha para quem não entende nada de fogão, para gourmet de final de semana e para os já iniciados no ofício.

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Harmonização também na panela Procure combinar os sabores dos alimentos com o tipo da cerveja. Ervas, especiarias, pimentas e temperos interferem no sabor da bebida. E pode produzir novos sabores, tanto incríveis como de gosto duvidável.

Com que cerveja eu vou? Para carnes vermelhas, por precisarem de hidratação na hora do cozimento, o ideal é que seja usada uma cerveja do tipo Pilsen, que é leve e refrescante. O suave amargor harmoniza muito bem com o gosto forte da carne, deixando-a bem suculenta. Pescados podem ser marinados com cervejas do tipo Weiss ou até mesmo com a Bock. No caso de aves e suínos, artesanais escuras e as do tipo Strong Ale ajudam a agregar sabor.

Cozinheiros iniciantes Marinar carnes na cerveja antes do cozimento pode ser um ótimo jeito de começar. Esse processo de deixar a proteína de molho por algumas horas ajuda a quebrar as fibras, tornando-as mais macias. De quebra, lúpulo e açúcares podem dar um tom agridoce em bifes, peixes e aves.

Básico 2 Para a turma que já ensaia uma proximidade com a cozinha, a aposta pode partir para receitas da culinária, digamos, trivial e que são sempre certeiras. Bom exemplo é a picanha na cerveja preta, que aparentemente pode soar como simples, mas pede cuidados com temperatura. Fogo baixo e cozimento lento são garantias de comida saborosa.

Turma de fim de semana Para quem, vez ou outra, manda bem no ofício de forno e fogão, a sugestão é se aventurar nos doces com cerveja. Existem tipos variados, desde receitas que utilizam a bebida para banhar bolachas e bolos, até as que levam a bebida no preparo como pudins e pães. Tais receitas são do tipo que convidam à mesa pelo perfume que lançam pela casa.

Mestre cuca gourmet Para cozinheiros experientes, os molhos para acompanhar carnes são uma ótima pedida. Por ser uma bebida fermentada, a cerveja tende a gerar espuma quando aquecida. O ideal é sempre manter as preparações em fogo médio, evitando que o líquido chegue ao ponto de ebulição para não perder sabor, nem evaporar o álcool. Um bom molho de cerveja sempre tem um aroma levemente amargo e deve manter as características da bebida original.

Mais em brainbar.com.br

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VIAGEM

Por Leticia Rocha



Ao

lado

de

todas

as

Pomodoro Café (Itália)

expectativas que permeiam o final do ano, não dá para negar

o

entusiasmo

pela

chegada do verão. A estação tão esperada, para a maioria dos brasileiros, significa dias solares, férias, viagens. Nesse contexto, nada melhor do que programar um tempo de relax na região brasileira que mais combina com a época: o Nordeste. Nessas terras alegres, nosso roteiro sugere Pernambuco, com desembarque no Recife. Os motivos são muitos: trata-se de uma cidade multicultural, viva e isso proporciona ao viajante muito mais do que só turismo clássico de praia e mar durante o dia,

Ponte Nova (França)

Quina do Futuro (Japão)

feirinha de artesanato e qualquer prato típico

à uma verve cosmopolita de múltiplos sotaques,

na orla à noite. Muito pelo contrário, a capital

coleciona restaurantes e chefs premiados

pernambucana esbanja atrações e na esfera

nacionalmente.

gourmet, - nosso interesse - aqui, é ímpar.

projeção internacional, como bem comprova

E

está

prestes

a

ganhar

o projeto Pernambuco: Sabores do Mundo, um Tanto que o Recife é considerado o segundo

documentário que vai percorrer Japão, Itália

polo gastronômico do país; ficando atrás de

e França, países com os quais os personagens

São Paulo, naturalmente, a maior cidade do

André Saburó, Duca Lapenda e Joca Pontes,

país. Entre casas de cozinha regional mescladas

respectivamente, possuem suas raízes familiares.

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Os três cozinheiros foram escolhidos pela notoriedade não só no Estado, como também pela referência que carregam no cenário da gastronomia nacional. Dirigido pelo cineasta Riccardo Rossi, da Popcorn Filmes, italiano radicado no Brasil desde 2008, o filme visa fazer um paralelo entre identidade e DNA culinário com a cozinha de autor que cada um desenvolveu em berço pernambucano.

Por essas e tantas outras (saborosas) razões é, o

tes e overdrives’ como canta Chico Science,

destino perfeito para o viajante gourmet. Para

nessa farra gastronômica. Em tempo, também

o deleite, elencamos o top 10 para quem está

vale explorar os arredores.

na cidade e aceita embarcar, entre ‘rios, pon-

Roteiro de chef: Nordeste e volta ao mundo Cozinhando Escondidinho (Regional): aqui,

chef André Saburó, filho do patriarca Shigeru

cultura

caminham

que idealizou o restaurante, é um daqueles

juntos sob a ótica particular e despojada

profissionais raros, que entende que mais do

do chef Rivandro França. Um dos ícones da

que cozinheiro de excelência, deve-se en-

casa, localizada no bairro de Casa Amarela,

tender bem o seu produto. E ele o faz e é um

comprovam bem a veia irreverente: ‘taba’

profundo pesquisador dos peixes. A dois passos

- em alusão à tábua - da salvação, faz um

dali, é dele também o Sumô e o Tokyo’s Café.

e

cozinha

nordestina,

mix dos ingredientes que não podem faltar na mesa do pernambucano com macaxeira, queijo coalho, banana e carne de sol na cachaça com manteiga de garrafa. -------------------------------------------------------------------Quina do Futuro (Japão): é no bairro dos Aflitos que está ancorada essa instituição da cena gastronômica recifense. Fundado em 1986, pela família Matsumoto, trata com primor e respeito a tradicional cozinha oriental, mas vai além. No comando do restaurante hoje está o

--------------------------------------------------------------------


Pomodoro Café (Itália): no comando do chef Duca Lapenda, é a máxima expressão da cozinha italiana em território pernambucano. Fica em Casa Forte e faz um belo contraponto entre tradição e regionalidade com pratos como o nhoque de batata doce com o queridinho local, o queijo do reino. Mais do que criar receitas, é fera na produção de clássicos da Bota como a burrata artesanal e as massas caseiras- usadas no restaurante e disponíveis para a venda em seu misto de empório e rotissêrie, o Oliva Verde.

Ponte Nova (França): escola gastronômica das mais importantes, a cozinha francesa é a base para a oficina criativa de Joca Pontes. O chef, que absorveu na fonte durante a temporada que morou em Paris e formou-se no Escola Superior de Cozinha Francesa- Ferrandi, aplica muito bem a técnica tradicional às matériasprimas que descobre em suas imersões pelos interiores de Pernambuco. Do cardápio da casa, no bairro das Graças, o arroz vermelho de pato com uvas do Vale do São Francisco representa

bem

essa

experimentação.

É

proprietário ainda do bistrô Villa e a creperia Bercy Village.

Chiwake (Peru): vale a visita para entender

frito regado a salsa especial de pitanga com

que sim, culinária peruana é muito mais do

gergelim e cebolinha e o peixe ao forno,

que tiraditos e ceviches- pratos típicos do

levemente picante, com acelga e camarões

país andino a base de peixe cru. Ancorado

gigantes puxados em salsa de ostra e shiitake.

no bairro do Espinheiro, a cozinha do chef Biba Fernandes solta pratos como o polvo

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Guia expresso: comidinhas e novidades Anjo Solto: ponto de encontro da cidade, no

tiscos como queijo coalho com mel de engen-

qual reinam os crepes, que resolvem bem a

ho, além dos escondidinhos e caldinhos.

fominha do aperitivo, no jantar ou fim de noite pós balada (ou trabalho: a galera da cozinha

Pin-up: no melhor estilo lanchonete americana

é habituées das madrugadas).

dos anos 50, está no mapa de quem procura hambúrgueres, hot dogs e fritas. Cervejas ou

Tokyo’s: para refeições rápidas, café com bolo

milk-shakes encorpados, como o que leva bol-

no meio da tarde ou a sobremesa pós-almoço.

acha de chocolate e sorvete de creme, har-

Coxinha e cheesecake são soberanos, ao

monizam bem a ocasião.

lado da linha de paes de fermentação natural para levar para casa. O charmoso espaço é

Thaal Cuisine: mais uma prova de que o Recife

do premiado chef André Saburó, cuja marca

é um epicentro gourmet, esse é o endereço

registrada de seus projetos é o carinho e at-

para quem busca gastronomia moderna. O

enção ao produto e ao atendimento.

chef Thiago Freitas é conhecido pelas experimentações modernosas e apresentações

Boteco Maxime: de frente para a praia de

mirabolantes como a bola de cristal, que na

Boa Viagem, é boa pedida para o happy

verdade é um sorbet de cappuccino; e o bon-

hour. Cervejinha bem gelada e caipirinhas de

sai, que leva à mesa azeitonas crocantes com

primeira – como a preparada com seriguela e

creme de ervas.

a de uva – são perfeitos para acompanhar pe-

Na estrada: expedição pelas cercanias Olinda: entre as ladeiras e casinhas coloridas,

Porto de Galinhas: reina absoluto entre as di-

indispensável desfrutar das delícias nordestinas

cas nos guias de viagem para quem visita a

do Oficina do Sabor, do chef César Santos,

disputada praia, no município de Ipojuca. E

considerado

cozinha

por motivos muito bem explicáveis: a cozinha

pernambucana; e do Maison do Bonfim,

criativa e bem humorada chef Adriana Didier,

de Jeff Collas, nascido em Gana, filho de

autora de pratos como o ‘lagostanga’, que

pais franceses e que escolheu esta bucólica

leva calda da lagosta frita na manteiga, fa-

cidade para viver.

tias de manga grelhada e arroz de aipo. Tan-

e

embaixador

da

to sucesso fez nascer o Grupo Beijupirá, com casas e pousadas em Olinda, Praia de Carneiros, Fernando de Noronha, Reserva do Paiva, Praia de Carneiros, todos em Pernambuco; e na Praia do Laje, um pouco além das fronteiras do Estado, já em Alagoas.

Serviço: DDD 81 Cozinhando Escondidinho: 3451-0599 | Quina do Futuro: 3241-9589 | Pomodoro Café: 3314-0530 |Ponte Nova: 3327-7226 | Chiwake: 3423-1529 | Anjo Solto: 3325-0862 | Toky’os Café: 3426-1610 Boteco Maxime: 3465-1491 | Pin-up: 3328-5822 | Thaal: 3034-0770 | Oficina do Sabor: 3429-3331 Maison do Bonfim: 3429-1674 | Beijupirá: 3552.2354

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SOM E CERVEJA Por Sady Homrich *

Gosto da ideia de trazer o vinho para o

argentino autor do sensacional blog Vinho

mundo da cerveja. Tenho certeza que grande

sem frescuras.

parte dos assinantes do clube HNB são bons bebedores

e

conhecedores

das

regiões

vitivinícolas ao redor do mundo.

Porém, sinto dizer que há um comportamento xenófobico por grande parte dos neófitos cervejeiros em relação a quem prefere

Nas palestras, festivais e nas edições do

vinho ou alguma cerveja diferente da sua.

Extra-malte – evento no qual sou curador

Especialmente nos Estados Unidos, por onde

- vejo que grande parte dos amantes das

são frequentes os manifestos rancorosos e

cervejas especiais transitam numa esfera de

é forte a disseminação do conceito ‘Beer

boas bebidas. E já carregam conceitos de

& Wine War’, muito aplicado em shows de

degustação e percepção, e soltam silogismos

harmonização.

muito mais poéticos do que os analistas da cerveja. Por exemplo, ao invés de procurar

O mais conhecido deles é ‘Cheese Wars’ -

o di-acetil, o clorofenol ou o ácido valérico,

um dos extras do DVD ‘The American Brew’

buscam notas de tabaco, pimentão vermelho

e disponível no Youtube– no qual o mestre

e presença mineral. Fica muito mais divertido!

cervejeiro Garrett Oliver e a sommelière Geri Banks disputam suas habilidades de

Vale

dos

harmonização com sete queijos especiais

cervejeiros de hoje, vieram e/ou tiverem

pontuar

também

que,

muitos

para um público de 35 pessoas. Claro que a

como base a escola do vinho, já que era

cerveja ganha, é só ver o contexto, mas esse

fraca a oferta de rótulos das geladas por

teatro acirra uma disputa desnecessária por

aqui nas décadas de 80 e 90. Minha análise

um motivo banal: o gosto é subjetivo.

sensorial começou a ser trabalhada deste modo, em meio aos varietais brancos, tintos

Teo Musso, da celebrada cervejaria italiana

e espumantes, em cursos de enofilia, na Serra

Baladin, em recente conversa, me contou

Gaúcha. Mais do que perceber as diferenças,

que sua estratégia de encontrar consumidores

aprendi a respeitá-las, fato que devo creditar

para suas artesanais foi buscar bons tomadores

a mestres como Adolfo Lona - enólogo

de vinho. Distribuiu alguns de seus lotes em 500

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restaurantes e a estratégia era sugeri-los aos

Só para implicar, os defensores ferrenhos da

clientes em dúvida. Bingo! Hoje, seu negócio é

cerveja citam arqueólogos e antropólogos

um case de sucesso.

que dizem ser muito mais provável que a Santa Ceia tenha sido regada à cerveja, pois a

Eu, apesar de não ser um adepto da probabilidade e estatística - até porque indicam menos qualidade e mais quantidade - há alguns dados (de 2012) que são interessantes. Enquanto o mundo consumiu aproximadamente 190 bilhões de litros de cerveja, foram 24 bilhões de litros de vinho

Galileia não era região vinícola e as traduções do sânscrito foram tendenciosas. Os cervejeiros denunciam também que os lobistas dos vinhos atestam para o clã a maior parte dos benefícios à saúde. Conversa! A

no mesmo período. Para cada taça de vinho

cerveja, quando de qualidade e consumida

foram tomadas três long-necks. Não me

com temperança, também é salutar. Mais do

pergunte marca ou preço.

que isso, sem querer fazer apologia, lembro um estudo que examinou mais de 38 mil homens por

No mundo, os campeões no consumo de

12 anos e revelou que bebedores moderados

vinho, per capita, são Vaticano, Ilhas Norfolk,

têm de 30 a 35 % menos probabilidade de

Luxemburgo, França, Itália e Portugal. A

ter um infarto que os não-bebedores. Esta

República Tcheca continua liderando no

redução foi observada entre os homens que

consumo da cerveja, seguido por Áustria,

bebiam vinho, cerveja ou bebidas espirituosas

Alemanha, Irlanda, Estônia e Polônia. E o Brasil? Consumiu 2,230 bilhões de litros de cachaça neste mesmo ano.

e foi semelhante para aqueles que beberam com refeições e aqueles que consumiram fora da hora da refeição.

Nunca um produto teve tantos garotospropaganda quanto o vinho. Nos últimos vinte

A cerveja, frequentemente citada como

séculos, em todos os recantos do mundo

bebida de bárbaros, vem tomando o lugar

católico,

a

que merece na sociedade. E eu torço para

transubstanciação do pão e do vinho em

que deixem de procurar na cerveja elementos

corpo e sangue de Cristo, milhões de padres

químicos que revelam defeitos para buscar

erguem seu cálice de vinho em celebração.

suas qualidades e restaurar o prazer em beber.

no

momento

que

ocorre

Como não tomá-lo?

* Sady Homrich pegou gosto pela cerveja nas rodas de família. Hobby que conseguiu seguir, tranquilamente, nos ambientes de trabalho: é engenheiro químico por formação e baterista da banda Nenhum de Nós.

33


TENDĂŠNCIA Por Giulia Moretti

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Um quê de novidade permeia a paisagem urbana das principais cidades do país. Basta um olhar um pouco mais atento para ver que aquela esquina cotidiana está mais colorida e rola um aroma especial no ar. Do tipo que dá fome. Pois deve ser ‘culpa’, no bom sentido, de um restaurante sobre rodas que está estacionado por ali. Os food trucks, definitivamente, aplacaram em 2014 por aqui e firmou-se como a tendência no mundo gourmet nacional este ano.

Movimento que não é nada novo: os primeiros registros de comida de rua são no Texas, nos Estados

Unidos,

no

período

pós-guerra

civil

americana, quando por volta de 1866 nasceu o Charles Goodnight, que vendia carnes curadas envoltas em bacon. O período era bruto, não havia vegetais e nem fruta e o estilo, na época, foi batizado de ‘chuckwagon’. Pouco a pouco, o modelo se expandiu e virou tradição absoluta americana e símbolo de metrópoles como Nova York e São Francisco.

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Por aqui, São Paulo e sua veia cosmopolita e como capital gastronômica do país, saiu na liderança. A cidade ensaiou alguns passos anos atrás, com uma ação ainda tímida de um carro parado aqui, outro lá. Como o Rolando Massinha, de Rolando Vannucci, que ousou ao fugir do estigma cachorro-quente e pipoca e estacionou a sua Kombi na Avenida Sumaré, zona oeste da cidade, para vender massas. Isso foi há sete anos e, por muito tempo, o empresário era um dos raros da cidade, justamente porque ele era um dos poucos sortudos a ter o documento de permissão para exercer a função, o TPU- Termo de Permissão de Uso. Felizmente, a legislação municipal mudou em 2013, a comida de rua ganhou regulamentação e atenção e hoje fervem opções pela cidade. Dos mais variados estilos, preços e propostas: a começar pelos dos clássicos sanduíches e hambúrgueres até os assinados por chefs, aos dedicados à cozinha brasileira e os com especialidades do mundo- ceviche, pizza, sushi. Há quem aposte em pães, nos doces com churros e picolés e até os das bebidas- tem os de vinho, os de cerveja.

Não demorou muito tempo para que nascessem os espaços próprios para absorver tamanha oferta e criatividade. Na capital paulista, surgiu o Butantan Food Park; em Porto Alegre há o Bom Fim Food Park. Naturalmente, os Estados também estão se organizando e criando associações como a catarinense Movimento Floripa Food Truck e a paulistana RUASP. Para seguir a tendência, guias e sites pipocam na internet e, em tempos de novas mídias, os aplicativos para celulares e as redes sociais acabam sendo o melhor caminho para encontrar o itinerário que melhor combina com a fome do momento. Para a sede, a sommelier Ana Rüsche, responsável pela curadoria da área de cervejas do Butantan Food Park, entre as boas novidades estão Amarillo Volksbeer, Bang Bang Beer e Kombier.

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COSMOPORITA Por Rita Michalsky *

Sou apaixonada pela noite. E Roma alimenta minha adoração como nenhum outro lugar. Nada melhor que uma bicicleta, fones no ouvido e uma boa trilha sonora para descortinar a cidade – na qual vivo hoje - do jeito que gosto. O roteiro perfeito pede entrecortar as ruazinhas do centro histórico, pedalar pelas margens do rio Tevere contemplando as pontes monumentais e, por fim, chegar ao Trastevere- o bairro romano das trattorias, das roupas penduradas na janela. E bom para tomar cerveja! Vamos nessa: ao som de punk rock italiano dos garotos da banda Giuda, começo a girar. E, naturalmente, brotam uma infinidade de informações sensoriais, as luzes me hipnotizam, há o cheiro noturno em cada esquina. Dobro vielas, circundando casarões, palácios, museus. A qualquer momento, de surpresa, bem do jeito que Roma é, caio escancaradamente em uma fonte monumental ou em uma colossal obra de arte a céu aberto. Chegando ao burburinho do centro histórico, passo no meu ‘templo sagrado’, a Fontana de Trevi. A força daquele lugar fala por si: é algo majestoso. Sentar e contemplar. Uma cervejinha para acompanhar, claro. Escolho uma bem italiana, a Peroni: simples, comercial, mas vale pela tradição local. Sigo. Atravesso a via Del Corso, a rua de lojas bacanas e por isso, epicentro das compras e de turista. Passa por mim um grupo de skatistas, namorados patinando de mãos dadas, gente descolada com seus fones gigantes, chineses, velhos, jovens, engravatados. E, sim, as senhoras romanas que vestem sapato, bolsa, óculos e maquiagem tudo da mesma cor. Circular por ali é ver essa mistura doida. Quando passo pela região do Tevere, o rio e seus arcos, me recordo do filme La Grande Bellezza, do

cineasta Paolo Sorrentino. A obra, vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro este ano. Recordo das falas, das cenas, suas locações. Esse filme mostra a minha Roma, a cidade que me pegou de jeito, uma babilônia em chamas. Costumo defini-la assim, enquanto tenho crises de paixão e de mal humor com os italianos. Ou melhor, com os romanos. Sujeitos particulares, quase personagens, que discutem entre si, gritam e amam. Tudo ao mesmo tempo agora e com muita intensidade. Com aquele jeitão melodramático que eles fazem como ninguém. Não dá para negar que a mesa é o símbolo mais forte dos prazeres e da cultura italiana. Um bom café, uma bela pizza a taglio- quadrada e vendida em pedaços pela cidade, a pasta, o vinho, os queijos e agora, em franca ebulição, as cervejas artesanais. Sendo assim, quero comer e beber. Estaciono minha bicicleta no bairro do Trastevere, entre paralelepípedos e ruas estreitas, circulam pessoas, por todos os lados. Essa é uma região cheia de bares, pubs, restaurantes. Para todos os gostos e bolsos. Democrática, dá para ser feliz com uma cervejinha na mão, compartilhando espaço na disputada escadaria da pracinha central. Quem prefere agito, boa pedida é o Da Li Cochi a Trastevere, frequentado por romanos, turistas e por muitos estrangeiros residentes na cidade. São alemães, franceses, japoneses, indianos e por ai vai. Nem preciso dizer que adoro essa miscelânea cultural. Aos que preferem a experiência mais local, é Ma Che Sei Venuti a Fa que os italianos fazem o aperitivo no final da tarde, enquanto discutem outro aspecto visceral do DNA de quem nasceu no país da Bota: futebol. E o Bir & Fud é um dos projetos dos meninos da cervejaria romana Birra del Borgo e serve rótulos especiais de toda a Itália. Ali, a regra é clara: cerveja e pizza. Tudo artesanal. Precisa de algo mais?

*Rita Michalsky estudou arte, trabalhou com moda, foi produtora de cinema e TV. Cansou da high society e mudou-se para a Europa. Entre França e Itália, já são quatro anos. No Velho Continente, berço gastronômico que é, ela agora usa dólmã e trabalha, feliz da vida, na cozinha.



VOCÊ SABIA Por Léo Leitão *

Ano que vem as coisas vão ser sempre muito melhores. A gente bebe a última cerveja e começa do zero. Promete ler mais livros, acompanhar mais as notícias, aprender a cozinhar, ligar para os pais toda semana e até gastar menos grana com sapatos. A gente coloca de um tudo na nossa lista de resoluções. Algumas a gente desiste na manhã seguinte, outras leva bem a sério e a maioria acaba sendo empurrada com a barriga. Mas enumero aqui uma lista para, absolutamente, não esquecer: a das cervejas que você precisa beber em 2015!


Para que você comece o ano bem, com cheiro de fruta cítrica, sugiro já em janeiro tomar a Wild Beer Scarlet Fever, de um amargor delicioso. Tome com quem você mais gosta. Assim tudo seguirá bem.

Já a Aecht Schlenkerla Rauchbier Weizen, é uma Weiss de nome esquisito e que não tem nada a ver com as de trigo que você já tomou. Nada nela é tradicional. Como toda boa novidade ela fica mais gostosa a cada gole. É escura, bem turva e cheia de sabor.

Indico demais a Leatherbritches Scary Helmet. É dessas que dá para levar sem medo. Golden Ale cremosa, cítrica, e um final seco que completa a boa experiência.

A Brooklyn Local 1 é para estourar a rolha, mas não respingar nem uma gota fora do copo. Tem açúcar das Ilhas Maurício, fermento belga, maltes e lúpulos alemães e a criatividade americana. É frutada e lembra champanhe.

Eu imagino que beber essa lista não vai ser nada sacrificante como tantas outras resoluções. Encham os copos e bom 2015!

* Léo Leitão é um virginiano atípico, desorganizado e que faz tudo ao mesmo tempo. Acredita que o punk não morreu, que criaturas alienígenas existem e que cerveja é melhor que lasanha.


Por Diego Cartier*

R$

70,90

2 STUYKMAN WIT 2 NEW YORK LAGER


A Nørrebro Bryghus é a pioneira e uma das grandes responsáveis pela revolução da cerveja artesanal na Dinamarca. O americano Shaun Hill, produtor dos mais conceituados do momento-graças as suas raras e desejadas cervejas da Hill Farmstead - trabalhou como mestre cervejeiro ali por muito tempo e deixou um legado de peso. Na balança que confere bagagem à cervejaria, localizada em Nørrebro, nos arredores de Copenhagen, soma-se a presença de mestres locais como os ciganos Mikkel, da Mikkeller; e Tore, da To Øl, que já produziram suas cervejas na fábrica da Nørrebro. Quando a empresa começou a produção de seus primeiros rótulos, em 2003, já tinham a ambição de influenciar e mudar a atitude dos dinamarqueses em relação à cerveja. Para tanto, começaram a oferecer experiências intrigantes que fez nascer cervejas com identidade e alma nórdica, a partir de sabores diferentes e com os pés apoiados em escolas cervejeiras tradicionais como a belga, a alemã e a inglesa. Vivaram exemplo para uma geração que brotava e, por meio dessa inovação típica dos escandinavos, fez nascer produtores ousados que, juntamente com eles, colocaram a bandeira da Dinamarca entre os roteiros obrigatórios dos fãs de cervejas e gastronomia. Comida, por sinal, é um capítulo que também merece destaque. A Nørrebro Bryghus, em Copenhagen, possui um restaurante de cozinha nórdica, no qual o cardápio foi todo pensando para harmonização com as cervejas da casa – que são oferecidas na garrafa ou na pressão. Daquelas imperdíveis está a Saison Lambic Pinot Noir, uma raridade e que o nome já sugere do que se trata: um blend da Saison da casa com adição de leveduras selvagens com uma Lambic da Drie Fonteinen, que envelhece em barris franceses de Pinot Noir. Vale destacar que todas as cervejas produzidas pela marca são naturais, justamente porque eles sempre foram pioneiros nesse conceito, muito antes da onda por produtos orgânicos e biodinâmicos aparecer e tomar o mundo. Especialidades que chegarão aos sócios HNB no mês que vem, com exclusividade e pela primeira vez no Brasil. Na seleção, duas cervejas surpreendentes: Stuykman Wit: leve e refrescante, com destaque para as notas cítricas de laranja e limão. Deliciosamente condimentada e com toques de damasco e flores. New York Lager: clássico absoluto da cervejaria, traz notas frutadas, florais e maltadas. Amargor e dulçor em perfeita harmonia. Refrescante e com final seco. Uma Lager acima da média.

Skål!



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