Revista HNB Janeiro

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EDITORIAL

O ano engatinha e já estamos batendo os quatro cantos do planeta para te contar novas histórias de viagens, entregar mais rótulos incríveis no Clube HNB e te proporcionar bons momentos. Disposição não falta por aqui e esperamos que você tenha fôlego para decolar nas próximas páginas dessa revista que está começando 2015 com o pé direito! Não é à toa que a Dinamarca é o país mais feliz do mundo, aliás, com a cervejaria da Faxe por perto é impossível ficar triste. Na seção Por dentro da HNBox, contamos como foi a experiência cervejeira de um grupo de jornalistas brasileiros que viajaram com a gente para lá. Na empreitada, além de visitar o grupo Royal Unibrew, nas cidades de Fakse e Odense, a turma conferiu a produção da bebida, conheceu pubs, restaurantes e participou de tantas outras aventuras. Da Escandinávia fazemos conexão para a América Latina e aportamos no Peru: o pais andino, conhecido paisagens naturais, pelo ceviche e pela história dos incas em Machu Picchu, revela-se como um belo destino para os amantes da cevada. Quem embarcou para lá e vai te contar mais sobre essa e mais curiosidades da região é o jornalista Felipe van Deusen, na seção Viagem. Para a editoria Palavra do Expert, batemos um papo com uma das mulheres de maior destaque do cenário cervejeiro brasileiro: Carolina Oda. Ela conta como encara o preconceito por ser mulher e trabalhar com cerveja – essa “coisa de homem”. A especialista ainda avalia o mercado de trabalho na área e dá conselhos para as moças que querem ingressar na carreira. Por último, e não menos importante, a coluna Na Cozinha traz para você receitas fáceis e preparadas com ingredientes gourmets que vão harmonizar com as dinamarquesas estrelas do Clube este mês. Dessa vez, você vai preparar deliciosos pratos com camarão, salmão e frango. As dicas são do nosso chef Danilo Rolim. Partiu pegar a cerveja na geladeira e ler essa revista que está prontinha para você. Cheers!

Colaboradores

Danilo Rolim

Diego Cartier Juliana Gelbaum

Rita Michalsky

A turma boa que ajudou a fazer mais uma edição da revista Have a Nice Beer

Alessandro Garcia

Felipe van Deursen

Léo Leitão


ÍNDICE

09 12 16

Cervejas do Mês Nórdicas em destaque

36

Fome e Sede

Na Cozinha Sobre receitas e harmonizações

Entrevista A bossa de Bruna Caram

28

Viagem

Aventura cervejeira no Peru

HAVE A NICE BEER Editora-chefe Leticia Rocha Editor de arte/ Projeto gráfico Marcos Lobo CONSELHO EDITORIAL Ingrid Gonçalves Madu Melo Natalia Goldring Ricardo Flores Riccardo P. Rossi COLABORADORES: Alessandro Garcia, Ana Rüsche, Bia Pennino, Danilo Rolim, Diego Cartier, Felipe van Deursen, Giulia Moretti, Juliana Gelbaum, Léo Leitao, Rita Michalsky, Sady Homrich e Sanmy Moura. Have a Nice Beer - Santiago e Lemos Comércio de Bebidas S/A - Rua Comendador Alcides Simão Helou, 1478 - Serra/ES - CEP 29168-090

03 - Editorial

32 - Cosmoporita

05 - Foto do Leitor

34 - Sinapse

06 - Por Dentro da HNBox

39 - Palavras Maltadas

20 - Indicações do BeerHunter

41 - Você Sabia?

24- Palavra de Expert

IMPRESSÃO Grafitusa

40 - Coisas de Londres

42 - Em fevereiro

Fernando Ribas


FO LEITOR Facebook O Diego Berlato, de Santa Maria, RS, exibe o novo Kit Faxe para a galera

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social@hnb.com.br

@haveanicebeer

@haveanicebeer


POR DENTRO DA HNBOX Por Leticia Rocha

Leticia Rocha, Tânia Nogueira, Natália Goldring, Bruno Agostini, X, Diego Fabris, X, Madu Melo e Helena Heringer

06


Terça-feira típica do inverno dinamarquês:

representantes da imprensa especializados

dia nublado, luz que cai por volta das três

em gastronomia e bebidas: Bruno Agostini, do

da tarde, termômetro vagando entre zero e

Rio de Janeiro, criador do blog Rio de Janeiro

1 °C. Certo mesmo era a sensação térmica,

a Dezembro; Diego Fabris, de Porto Alegre, RS,

agravada pelo vento: 4°C negativos.

um dos idealizadores do site Destemperados; Leticia Rocha, editora-chefe da revista Have a

Frio atee para os locais, reforçavam os

Nice Beer; e Tânia Nogueira, blogger no Brasil

comentários dos taxistas de Copenhagen,

Post, braço brasileiro do The Huffington Post.

capital do país . Ou seja, brasileiros estariam à beira de um colapso neste dezembro que

Nessa aventura, que foi muito mais que uma

destoava bem dos seus ares tropicais? Não foi

‘press trip’ como diz o setor, vieram também

o que mostrou o grupo que a Have a Nice Beer

Helena Heringer, da Art Presse, empresa

juntou e levou para a cidade com o objetivo

de relações publicas do grupo Wine.com.

de conhecer o mercado local de cervejas.

br; Madu Melo, brand manager e Natalia Goldring, coordenadora de comunicação,

Horário marcado para o encontro do grupo,

ambas do grupo Wine.com.br: e Paulo Andre

todos estavam la, ávidos e curiosos para

Pomerantzeff, gerente da dinamarquesa Faxe

começar

clássicas

no Brasil. Um dos objetivos da viagem era

conversas de viagem – o vôo, a conexão,

conhecer as instalações da cervejaria Faxe,

as primeiras impressões de pisar em território

cujas cervejas chegam, exclusivamente ao

escandinavo – pouco a pouco o time foi se

Brasil, via HNB

a

aventura.

Entre

as

formando e criando expectativa da rota que iríamos traçar. Quem

embarcou

nesta

viagem?

Quatro

07


A cervejaria faz parte do grupo Royal Beer, dona de um portfólio de mais uma dezena de marcas incluindo águas, refrigerantes, sucos e entre as cervejas- como as locais como Giraf e Albani. Para tanto, nossa rota foi pensada para conhecer dois vértices desta companhia: primeiro, cerca de uma hora e meia de estrada, nos levou ate Fakse, a fábrica com tecnologia de ponta que já foi considerada a mais moderna na Europa no ano de sua construção, 1999. Se tecnologia impressionou neste dia, a jornada seguinte foi tomada pelo preciosismo e tamanha técnica de fabricação para reproduzir, em Odense, climas de diversos lugares do mundo. Tudo porque é nesta charmosa cidade, terra natal do autor da celebre obra O Patinho Feio são feitas cervejas como a italiana Ceres e os lotes da Heineken na Dinamarca. Como se faz isso? Contamos tudo na nossa edição de fevereiro, que trará ao sócio HNB um especial, com uma serie de matérias, sobre o efervescente pais nórdico: cervejarias, rótulos, guia de viagem com uma seleção de mercados, bares e restaurantes visitados durante a viagem. “A press trip para conhecer a Faxe foi pensada e planejada nos mínimos detalhes para que todos os participantes tivessem a melhor experiência cervejeira possível. Além da visita a fábrica e degustação dos rótulos, queríamos que todos conhecessem a cultura local e como a cerveja é uma tradição neste país incrível e, assim, pudemos confirmar a qualidade dos rótulos da Faxe. A viagem inteira foi inesquecível, acredito que todos saímos de Copenhague com grandes histórias para contar”, conclui Natalia Goldring.

08


Por Leticia Rocha

CERVEJA DO MÊS

Os nórdicos têm conquistado um papel de destaque no quesito inovação. Ao lado do já famoso design, ostentam o fato de ter o melhor restaurante do mundo, o Noma, do chef René Redzepi, segundo o ranking do 50 Best Restaurant, da revista inglesa Restaurant. E são inventivos e chamam cada vez mais a atenção no mundo das cervejas. Entre os grandes responsáveis pelo fato, está a Nørrebro Bryghus, cervejaria em foco no Clube HNB deste mês. Localizada em Nørrebro, nos arredores de Copenhagen, a capital do país, data de 2003 é uma das pioneiras por ali e, como tal, deu os primeiros passos para a revolução dinamarquesa no plano da cerveja artesanal. Nesse trabalho, atestam-se os créditos também ao cigano Mikkel, da Mikkeller; e Tore, da To Øl- os dois alias, já trabalham em parceria produzindo rótulos para a Nørrebro Bryghus. No DNA das cervejas da companhia, identidade e alma nórdica casam com a base das escolas cervejeiras tradicionais como a belga, a alemã e a inglesa. Boas pedidas são como a Pilsner feita com malte local e lúpulo alemão; e a Wit de trigo dinamarquês orgânico; e a Lemon Ale, não filtrada, leva folhas de limão, capim limão e gengibre e tem uma acento thai. Destaque ainda para a King’s County Brown Ale, uma releitura do clássico modelo americano criado por Garret Oliver, o estrelado cervejeiro da Brooklyn Brown. Outro fato a pontuar é harmonização, uma coisa que eles levam tão a sério que fez a empresa investir no projeto um restaurante com cardápio pensado exclusivamente para harmonizar com as cervejas da empresa. Fica em Copenhagen e os menus servidos mudam no almoço e no jantar.

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Por Danilo Rolim*

O verão lá fora, as férias, aquela certa leveza dos dias de janeiro. Nesse clima, não cabe perder tantas horas no fogão. Mas isso não quer dizer que calmaria na cozinha signifique render-se ao fast food ou acionar o delivery. A sugestão do chef Danilo Rolim segue a esteira da praticidade, com receitas que mesclam pequenas intervenções de ingredientes gourmet e sotaques do mundo. E que, na companhia de cervejas, ganham sabor e realce de sabores. Em menos de dez minutos, por exemplo, se faz o smørrebrøt, tradicional sanduiche aberto dinamarquês. A receita, mesmo sendo um lanche, é quase sempre equilibrada e saudável, pois é composta de uma folha de pão, verdura, uma pasta cremosa e uma proteína. “Camarões e ovo, alface e maionese vão bem com os cítricos e maltados de uma Wit”, sugere o chef. “Já salmão curado com agrião, dill e cream cheese combinam com uma cerveja seca e bem carbonatada, como a New York Lager, uma das estrelas do clube HNB deste mês”, comenta Danilo. Nesta harmonização, vale ressaltar o sabor herbal do dill, que alinha com o lúpulo marcante da bebida; e o pão, denso e levemente amargo, acentua o malte da cerveja. “Dá para substituir o salmão curado pelo que passa por defumação, mas neste caso, a melhor escolha seria partir para uma Rauchbier, por conta do malte, também defumado”, completa o chef.

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Smørrebrød Rendimento: 8 porções Tempo de preparo: 10 minutos

Camarão e ovo 500 g de camarão limpo 4 fatias de pão de centeio 2 colheres (sopa) de maionese 8 folhas de alface 4 ovos cozidos 1 limão siciliano Sal e pimenta-do-reino

Modo de Preparo 1 Em uma panela, ferva cerca de um litro de água temperada com sal e pimenta. 2 Acrescente os camarões e escorra assim que eles mudarem de cor, o que leva cerca de um minuto, imediatamente coloque-os em água gelada para interromper o cozimento. 3 Escorra e reserve-os refrigerados. 4 Passe maionese em um dos lados das fatias de pão. 5 Cubra cada uma com alface, ovo cozido fatiado e os camarões. Esprema algumas gotas de limão sobre cada sanduiche.

Salmão curado e cream cheese 100 g de cream cheese 1 colher de sopa de dill picado 4 fatias de Pumpernickel ou pão de centeio 1⁄4 de maço de agrião 100 g de salmão curado fatiado

Modo de preparo 1 Misture bem o cream cheese e o dill picado e espalhe generosamente sobre um dos lados de cada fatia de pão. 2 Sobre o cream cheese arranje as folhas de agrião, salmão. Decore com ramos de dill.

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Para aplacar o calor Faz calor e a regra é colocar muita pimenta no prato? Sim, é o que afirma o nosso chef, informação ancorada na tradição de países de clima quente, como México

Buffalo wings com molho de gorgonzola

e Tailândia, nos quais a culinária é marcada pelo uso

Rendimento: 6 porções

intenso de pimenta. “Pode parecer contraproducente no quesito conforto térmico, mas na verdade, o

Tempo de preparo: 1 hora

resultado é um efeito prático de refrescância”, explica Danilo. “A pimenta dá a sensação de calor, sem de fato

1,5k g de asas de frango

aumentar o calor corporal, provocando a transpiração,

80 g de queijo gorgonzola

levando ao resfriamento do corpo”, conclui Danilo. Se é assim, a boa é degustar as picantes buffalo wings –

10 g de páprica doce

asinhas de frango com páprica, mel e pimenta - com

150 ml creme de leite

uma refrescante American Pale Ale? Eis aí uma boa

150 ml de iogurte

arma para enfrentar o calorão.

60 ml de vinagre 60 ml de mel 20 ml de molho inglês 15 ml de molho de pimenta 4 dentes de alho amassados Cenoura e salsão cortados em palitos para acompanhar Sal a gosto

Modo de preparo 1 Em um recipiente grande, misture o alho amassado, o vinagre, a páprica, o molho inglês, o molho de pimenta e o mel. 2 Prove e ajuste o sal e a picância. 3 Junte as asinhas e deixe marinando por pelo menos meia hora, se possível, mas, se possível, de um dia para o outro. 4 Aqueça o forno a 180 ° C. Espalhe o frango em uma só camada em uma ou mais assadeiras e leve ao forno por meia hora. Retire a assadeira e vire todos os pedaços. Asse por mais meia hora.No liquidificador, bata o iogurte, o creme, o gorgonzola e o alho. Sirva as asinhas com o molho ao lado e os palitos de cenoura e salsão.

* Danilo Rolim é chef, formado pelo Instituto Paul Bocuse, na França. Em São Paulo, comanda o bar espanhol La Tapa. Cervejeiro assumido,

aqui

carrega

o

desafio

de

aproximar a cerveja ao universo da cozinha.

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Esteja ela no copo ou na panela!



ENTREVISTA Por Leticia Rocha


Voz e talento ela esbanja de sobra. Tanto e que figura no mosaico da nova safra de cantoras da musica brasileira. Mas, Bruna Caram é daquelas que não se contenta em cantar bem e ser reconhecida por tal. Do tipo que não se cansa, para extrair outras tantas nuances artísticas no palco, estuda bale clássico e teatro. Recentemente, formou-se em Educação Musical por uma das principais universidades publicas do país, a UNESP- Universidade Estadual Paulista. “Só cantar corretamente não me interessa, quero que as pessoas sintam algo. Senão não fiz meu trabalho”, declara ela. Dona de um sorriso largo e contagiante nasceu em Avaré, no interior de São Paulo e tem 27 anos - 17 destes de carreira. Menina prodígio, começou aos nove anos, meio sem querer, culpa do berço familiar. A avó materna, Maria Piedade, era cantora de rádio nos anos 50; e o avô paterno, Jamil Caram, guitarrista. O grupo Trovadores Urbanos, famoso pelas serenetas, foi fundado por tios. Bruna foi a principal incentivadora da criação dos Trovadores Mirins, e claro, fez parte dessa trupe até chegar aos 15 anos, quando já podia migrar para o grupo dos adultos.


Hoje, radicada em terras paulistanas, comemora o sucesso de três álbuns, todos com turnês de sucesso rodando o Brasil. O ultimo deles, “Será Bem-Vindo Qualquer Sorriso”, foi produzido por Otávio de Moraes e traz, além das composições autorais, letras de Djavan e Mallu Magalhães. Há ainda uma parceria sua com o músico Pedro Luís. No show, o repertório ainda conta com pitadas de Roberto e Erasmo, Caetano Veloso, Gonzaguinha. E, claro, as canções que estrelaram os discos anteriores, como “Palavras do Coração”, “Essa Menina”, “Caminhos pro Interior”. Na rotina atarefada, Bruna encontrou um tempinho para falar com a revista da HNB. Nas entrelinhas, deu para saber que é entre o fogão e a mesa que ela gosta de ficar quando não esta no palco. HNB: Qual e a sua relação com a cozinha, gosta? Bruna Caram: Adoro cozinhar, tenho aprendido um pouco melhor agora morando sozinha. Meu orgulho mais recente foi fazer uma kafta de forno, com homus, tahine. Um prato árabe delicioso, tudo a ver com a minha família, que é de origem libanesa. Durante toda a minha infância, minha avó fazia jantares com muitas rodadas de esfiha. Ritual em família árabe é comer! Sempre respeitei esse ritual! [risos] Sobre o tema mesa: encontros, histórias. Fatos marcantes aconteceram neste cenário? As melhores coisas acontecem em uma mesa! Minha mais recente parceria com a Roberta Sá (ainda inédita) começou em uma, no bar. Também me vem à cabeça a casa da Barbara Rodrix, filha do grande Zé Rodrix, na qual todo domingo fazíamos ‘musicada’ e ficávamos comendo e bebendo. E disso também saíram belas parcerias: com ela, Paulinho Novaes, Dani Black, com os meninos do 5 a Seco. Quando o Chico (César) morava em São Paulo, muitas madrugadas musicáveis aconteciam na casa dele, na da cantora Giana Viscardi. E minhas próprias festas de aniversário, em casa, sempre têm o trio comida bebida música varando a noite. E qual e a sua praia? Gosto de Vinho. Mas, na verdade, sou do uísque! E no calor sou muito mais do chope, que não vem na temperatura tão exageradamente trincando porque não gosto de nada muito gelado.

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Quando viaja ou esta em turnê, gosta de conhecer a cultura gastronômica local? Na estrada não dá tempo para quase nada! Mas eu tento sim! Especialmente se ficamos em temporada, com mais de um dia de show, sem ter que correr pra outra cidade na sequência. Tenho minha paixão descontrolada pela comida nordestina, por exemplo. Quando fazemos show no Nordeste, faço questão de ir com a banda e equipe em algum restaurante maravilhoso pra sermos felizes! [risos] Também trago pimentinhas. Em Pernambuco minha felicidade total é ter caju no camarim, que é minha fruta favorita e quase nunca encontro em Sampa! Só a bebida fica de fora. Detesto beber e cantar, mesmo que mais cedo durante o dia - e depois do show fico completamente morta! [risos] Às vezes trago uma cachacinha pra casa e nas férias eu experimento!

Bruna multitarefas: três discos, maratona de balé e teatro e universidade de música

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INDICAÇÕES BEERHUNTER Por Diego Cartier*

Aspall Premier Cru, 330 ml * Diego Cartier é conhecido no meio cervejeiro como um Beerhunter. O motivo? Está sempre caçando cervejas pelo mundo. Volta sempre para casa cheio de bons rótulos e muita história.

Cidra inglesa cremosa e seca na boca. O aroma de maças e a cor palha remetem ao champanhe e seduz. Sutil e refrescante, é perfeita para acompanhar comida tailandesa e queijos leves.

preços válidos até 31/01 ou enquanto durarem os estoques

Corre, corre, corre! R$ 22.00 Associados Clube HNB têm 10% de desconto

nicebeer.me/premiercru

20


Tripel Karmeliet, 1.5 l

Eleita a melhor cerveja do mundo em 2008, no Beer Awards, essa Belgian Tripel se diferencia por usar três tipos de malte em sua receita. O resultado é cremosidade ímpar, dourado e uma bebida complexa mas refrescante. Notas cítricas, condimentos e especiarias.

Fuller´s Honey Dew, 500 ml

Honey Beer considerada a melhor cerveja orgânica da Inglaterra. Na base, além de mel, soma-se maltes e lúpulos britânicos de excelência, que lhe conferem dourado intenso, picante leve e tímido amargor. Refrescante opção para dias de verão.

R$ 205.00

R$ 30.00

Associados Clube HNB têm 10% de desconto

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nicebeer.me/tripkarmeliet

nicebeer.me/Honeybeer

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Williams Brothers Seven Giraffes, 500 ml

Strong Suffolk Vintage, 550 ml

Resultado de uma mistura de sete diferentes maltes, três lúpulos, infusão de Elderflowers (flor de sabugueiro) e limão, é de uma IPA aromática. Equilibra amargor, frescor do limão e persistente floral.

Um incrível blend de duas cervejas que resultam em uma produção única e de sabor especial. Tanto que foi a primeira vencedora da medalha de ouro do Brewing Industry International Awards, em 1998. Intensa, alcoólica, levemente amarga e seca.

R$ 28.00

R$ 28.00

Associados Clube HNB têm 10% de desconto

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nicebeer.me/setegirafas

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nicebeer.me/vintageale


Struise Ypres 2009, 500 ml

Orval, 330ml

Da serie experimental da marca, uma leitura da clássica Flemish Oud Bruin. Passa por um processo de fermentação mista, no qual a levedura em cada barril se desenvolve de maneira diferente. Nasce, deste modo, uma bebida complexa, rara e ousada, fora das diretrizes de estilos.

Dentre suas características peculiares podemos destacar: intensamente seca, aromática, amarga e levemente salgada. Coloração âmbar, alta carbonatação, espuma cremosa, e efervescência quando toca a língua.

R$ 125.00

R$ 70.50

Associados Clube HNB têm 10% de desconto

Associados Clube HNB têm 10% de desconto

nicebeer.me/ypres2009

nicebeer.me/roseship

23


Por Leticia Rocha

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PALAVRA DE EXPERT


Sabe aquele exemplo de profissional que toda empresa quer ter: competente, centrado, inteligente, versátil, independente? Soma-se a isso o bom-humor, graça e aquela vontade nata de abraçar o mundo e os desafios. Assim é Carolina Oda, que aos 28 anos, é um dos destaques do cenário cervejeiro brasileiro. Seja com sensibilidade, pulso firme ou ironia – se necessário – ela sabe driblar bem os joguinhos e preconceitos que insistem em existir em uma área ainda tão masculino. De quebra, lições e conselhos podem ser postos em prática na vida, no trabalho. independente do sexo e da área de atuação.

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magra! Em quase toda degustação vem a pergunta ou o comentário. Aí sim tem o ar duvidoso. “Você trabalha com isso mas não bebe?”, com aquele olhar te medindo da cabeça aos pés. Ou seja, pra passar credibilidade teria que ter uma barriga imensa, ser largada? A velha desculpa e orgulho de que, quanto maior a barriga, mais cervejeiro é? Assim como quem diz que não confia em chef de cozinha magro? Fácil falar, né? Difícil mesmo é correr atrás e ter o corpo que quiser na profissão em que estiver. E mulher costuma se cuidar mais mesmo. Ainda mais as da área. Trabalhar com isso pede o dobro de esforço e cuidado. Como lidar com tudo isso? Depende. Vai de desabafo revoltado no Facebook até sorrir e responder com a maior calma, por exemplo, que a genética ajuda, que vou à academia quase todos os dias, etc. Vai do humor. Às vezes vale a pena tentar convencer a pessoa a mudar de ideia, mas às vezes vale ignorar ou ser bem irônica na resposta.

Você já deve ter ouvido incontáveis vezes a pergunta ‘ah, mulher e trabalha com cerveja? Como lida com isso? Essa é uma das perguntas que mais respondo e acho ótimo isso porque a resposta sempre muda. E é bom ter a chance de falar neste assunto, tanto pra defender a evolução de alguns e o retrocesso de outros. Sempre digo que nunca tinha sofrido preconceito quanto à competência e profissionalismo. Nunca senti que alguém achasse que eu entendia menos de cerveja por ser mulher. E essa conquista devemos muito às mulheres que vieram antes, como as grandes feras do mercado cervejeiro brasileiro, Cilene Saorin e Káthia Jorge, que contam que não eram promovidas por serem mulheres. Há algum tempo, comecei a perceber que o preconceito é muito mais como pessoa mesmo. Uma falta de separação do que é o meu trabalho e o que é a minha vida pessoal. E qualquer mulher que tenha uma posição independente ou de destaque na sua profissão enfrenta dilemas. E aí trabalhar com cerveja, essa “coisa de homem”, ajuda a complicar um pouco a questão. Implica estar sempre cercada de homens, que são a grande maioria ainda no meio profissional. Além de viver pelos bares na madrugada e homem bebendo cerveja na calçada às três da manhã é normal. Pra mulher, fica feio, né? Outro preconceito que ouço muito é por ser

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Como vê hoje o mercado de trabalho no meio cervejeiro para a mulher? Vejo muita evolução. Uma prova disso foi no campeonato de cervejas no Uruguai. Entre uns 50 homens, éramos somente duas mulheres e fomos muito respeitadas. Mas ainda existe aquelas situações terríveis em que você não sabe se estão te contratando, marcando uma reunião, te convidando para algum evento pelo seu trabalho ou pra ver se rende outro tipo de coisa. Tem muito cavalheirismo, o que acho ótimo, mas às vezes beira uma bajulação. Hoje já consigo separar o que é cavalheirismo do que é agradar demais e vou aprendendo a cada situação a lidar com isso. Mas já neguei convite de eventos interessantes, que até gostaria de ir, por sentir esse ar de “vem aqui enfeitar meu evento que só tem homem”. Péssimo! Que conselhos daria para a ala feminina que quer trabalhar com cerveja? Sempre digo que o grande segredo é postura. É a chave de como você será tratada. Mas isso não dá pra ensinar. É uma mistura de berço com personalidade. E hoje em dia tem o grupo das feministas extremas que fazem coisas até mesmo para chocar, pra deixar claro que acha que os direitos são iguais e ponto. Respeito a posição, acho que cada um faz mesmo o que quer, mas o mundo não é cor- de-rosa e tenho certeza que quem age assim vai acabar pagando por isso, infelizmente. Digo com certeza porque sei de mulheres que são mal faladas ou não convidadas para algumas coisas por fatos da vida pessoal de cinco anos atrás. O ser humano é cruel. Adora uma fofoca. Acho impressionante o quanto as pessoas se preocupam com quem fez isso


ou aquilo e como isso pode interferir na sua vida profissional. Mas é claro que de homem, quanto a isso, eu nunca vi acontecer. Até conseguir mudar os velhos conceitos de que mulher muito bêbada é pior do que homem; que se um cervejeiro bonitão saísse numa foto sem camisa seria legal, mas a cervejeira que fizesse um ensaio sensualizando pagaria por isso o resto da vida. E por aí vai, acredito que o conselho é pra manter a linha o tempo todo. Eu, particularmente, penso duas vezes antes de postar uma foto, de escrever

uma frase, de escolher uma roupa para determinado evento... Me controlo o tempo todo para não dar margem para ser assunto por aí. Cansa? Cansa. Mas acredito que muito do respeito que sinto é por isso. Qual foi a sua formação e os seus caminhos? Minha vida sempre foi cheia de atividades. Com 15 anos já arranjava trabalho pra fazer. Desde brigadeiro para vender pra família até costurar bolsas de pano e dar aula de inglês pra criança. E não que precisasse. Fazia porque sempre gostei de estar ativa, me sentindo útil e aprendendo. Interesse e curiosidade nasceram comigo. Mas também sempre tive essa história de brincar de comidinha, cozinhar com as avós. Ganhei minha primeira batedeira de presente de dia das crianças com uns 12 anos. Queria fazer gastronomia mas, lá em 2003, ainda não era visto como hoje. Fui convencida a fazer uma faculdade “de verdade” antes. Entrei em Comércio Exterior, mas só aguentei um ano. Nesse período, inclusive, foi que conheci a Cilene Saorin e tive meu primeiro contato com a cerveja, quando fiz um “bico” de um mês para ela. Saí da faculdade e fiquei um ano estudando francês porque sonhava ser confeiteira. Em 2006, entrei

em Gastronomia e foi quando, realmente, me achei: meu assunto, minha vida desde então. Não me vejo fazendo outra coisa. No começo de 2008, voltei a trabalhar com a Cilene, como assistente em suas consultorias e projetos, mas tudo isso sem parar os estágios em confeitarias e cozinhas por aí, como no Fasano, Maní, Toro. No final deste mesmo ano, conheci o Edu Passarelli, que na época estava abrindo o Melograno, um bar com 140 rótulos de cerveja na Vila Madalena. Fiz um curso de garçonete e fui trabalhar com ele, até então, somente

porque não queria ser uma cozinheira que não entendia de serviço. Porém, no fim, me apaixonei por aquilo. Gosto de gente. Nunca mais quis voltar pra cozinha. Um dia, atendi a mesa do Gilberto Tarantino que me convidou para ir trabalhar em sua importadora: fiquei três anos cuidando de treinamento, eventos, divulgação, etc. Há dois anos e meio saí e, desde então, trabalho como profissional independente, com consultorias, eventos, aulas, projetos especiais e com tempo para estudar todas as outras bebidas e áreas que eu gosto. Ou seja, costumo dizer que a cerveja que me escolheu. Não era das fanáticas que quis trabalhar na área. As coisas foram acontecendo sem querer e eu fui gostando e ficando. Até por isso que estudar e gostar de todas as outras bebidas é muito natural pra mim. Eu vim do todo, da gastronomia em geral, e depois me especializei em cerveja. Linha 4, de bx p cima, depois da frase ‘Gosto de tudo’, apagar as 4 linhas ultimas e trocar por ‘Um bom café ou saquê me faz tão feliz quanto uma cerveja. Assim como um baita menu me satisfaz muito mais do que um par de sapato.

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VIAGEM

Por Felipe van Deursen



Já não é de hoje que o Peru está na moda. Nosso vizinho Ícone peruano, o ceviche é um prato a base de peixe cru e marinada cítrica

tem investido pesado no marketing turístico nos últimos anos, o que já lhe rendeu resultados visíveis. O país é líder de crescimento na América Latina em número de turistas e gastos, segundo a Organização Mundial de Turismo. Não é para menos. Além do lindo e manjado sítio arqueológico de Machu Picchu - para alguns o cenário mais conhecido do subcontinente, ganhando do Pão de Açúcar - o Peru tem muito mais. Ainda na esteira de natureza, ganha pela fauna e flora, praias, ruínas incas, regiões de montanhas, florestas e desertos. Se não bastasse, soma-se ao pacote, Lima, a enorme capital histórica, caótica e simpática. A metrópole é o epicentro da culinária peruana, uma das mais celebradas do mundo. Por ali, é fácil encontrar ceviches,

lomos

saltados,

cuys,

causas

rellenas,

rocottos rellenos, ajís de gallina e tantos outros pratos elementares da cozinha local por preços módicos. É que comer bem é uma questão cultural central no Peru. A gastronomia está para eles como o futebol está para o Brasil, sem exagero. Taxistas limenhos apontam restaurantes premiados como se fossem atrações turísticas da cidade - o que, vamos combinar, eles são. Então é fácil comer muito bem lá, sem deixar as calças. Entre tantas delícias culinárias e o icônico pisco sour, o país também começa a se aventurar pelo universo cervejeiro. Apesar de o drinque à base de pisco, o destilado nacional, ser bastante difundido, a ‘gelada’ é a bebida mais consumida pelos locais. Marcas como Arequipeña e, especialmente, Cusqueña têm um mercado centenário bem estabelecido. Isso, em parte, foi facilitado pelo antigo hábito dos povos andinos de consumir chicha, uma bebida fermentada de milho. Essa espécie de ‘cerveja ancestral’ estava no centro das atividades religiosas, cotidianas e culturais do Império Inca. Em bares mais tradicionais, é possível encontrá-la à venda, já que é iguaria popular ainda por ali. E em meio a tudo isso, o país ainda tem espaço para novas e vibrantes cervejarias e bares especializados. Veja alguns deles:

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Dentre

os

vários

tipos

feitos

nesse

brewpub,

destaque para a El Duque (Weizenbock), Presidente (Hefeweizen), Don Mau (Märzenbier) e Hoppy Fifti (Lager). Há também cervejas sazonais. Os preços, como em quase tudo no Peru, são um atrativo: as pints custam em torno de R$ 8. Abre cedo e tem vocação festeira. É do tipo de bar que atira para

Barranco Beer Company

todos os lados para fazer uma programação variada, seja para transmitir clássicos do futebol internacional ou para celebrar datas estrangeiras, como o dia de São Patrício.

Arredores: o bar fica no bairro mais descolado e charmoso de Lima, Barranco. Antiga área da elite local, os casarões do começo do século passado deram lugar a bares, restaurantes, museus e uma vida noturna que pode não ser das mais agitadas, mas interessante. Não deixe de ir no MATE, o Museu Mario Testino. Instalado em uma típica casa de Barranco, trata-se de uma galeria com fotos e trabalhos do célebre fotógrafo peruano.

Cervejaria artesanal que ganha pelo emprego de matéria-prima local. Com cereais tipicamente peruanos como a quinua faz uma Kolsch; o café vai para a Barley Wine e o milho roxo entra na IPA. Aqui, um parênteses se faz necessário: apesar de o milho ter injustamente virado símbolo dos cereais não maltados da cervejaria industrial, ele sempre foi usado em alguns tipos de cerveja artesanal, inclusive na Bélgica. No Peru, onde existem tantas variantes, ele parece onipresente, não poderia ser diferente. Todas as cervejas da casa se chamam Cumbres e o sobrenome indica o produto usado: Cumbres Café Orgánico, Maiz Morado (milho) e Quinua.

CUMBRES Arredores: a cervejaria não é aberta à visitação, mas como fica no bairro mais famoso da capital, Miraflores, eis uma boa desculpa para bater perna. Debruçada sobre as falésias de Lima, a região guarda calçadas floridas e limpas, praças simpáticas, esportes ao ar livre na costa dão o tom. O shopping Larcomar, erguido sobre as rochas, é um dos mais bonitos do mundo. Já as ruínas de Huaca Pucllana, é um sítio arqueológico que impressiona.

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Situada na montanhosa Huaraz (3 mil metros acima do nível do mar), a cervejaria faz questão de ostentar a paisagem a seu redor a favor da produção (e nos rótulos). A água das montanhas é usada na fabricação de quatro tipos: Inti Golden Ale, Huaracina Pale Ale, Alpamayo Amber Ale e Don Juan Porter. São rótulos raros, difíceis de encontrar até em Lima, portanto acaba sendo um bom mimo a quem se aventura pelo norte do país.

sierra andina Arredores: Huaraz não está no top 3 destinos do Peru, mas certamente está no top 10. A cidade é base para explorar a belíssima Cordilheira Branca, onde fica o Huascarán, pico mais alto do país (6.768 m), reserva da Biosfera pela Unesco e local popular entre montanhistas na América do Sul. Na região, há ainda as Fontes Termais de Monterrey, as ruínas de Chavín de Huántar e os belos lagos de Llanganuco e Parón.

OUTRAS CERVEJAS E BARES QUE VALEM A PENA

Barbarian: sua Red Ale já começa a ganhar prêmios internacionais. A 174 IPA é a mais conhecida, com 8º ABV e um amargor equilibrado.

Nuevo Mundo: a Panam’ Pale Ale com notas de melão. A Cabo Blanco Blond Ale lembra marmelada.

Cañas y Tapas: na capital do país, a casa de dois andares traz vasta seleção de rótulos peruanos, belgas e alemães

Sibaris: restaurante e hamburgueria, em Lima, que trabalha com produtos orgânicos. Uma carta de rótulos de respeito.

La Bodega 138: ambiente descolado para um bate-papo, com drinques e cervejas artesanais em Cusco. A pizza é boa.

Norton Rats Tavern: mistura de pub com bar de esportes, na histórica cidade de Cusco, têm bandeiras. Boa variedade de cervejas da região.

Barbarian: barbarian.pe Barranco Beer Company: barrancobeer.com Canas y Tapas: facebook.com/canasytapasperu Cumbres: cerveceriagourmet.com La Bodega 138: facebook.com/ La-Bodega-138

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Norton Rats Tavern: facebook.com/NortonRatsTavern Nuevo Mundo Cerveceria: nuevomundocerveceria.com Sibaris: sibarisperu.com Sierra Andina: sierraandina.com


COSMOPORITA

Por Rita Michalsky*

Viajar é estar de bem comigo. A cada

Quando a fome fica mais séria, escolho

embarque, (re)descubro traços da minha

almoçar no Robert et Louise, na Rue Vieille

personalidade,

Um

Du Temple. Um lugar histórico no bairro,

desses, teve sabor muito especial: queria

dedicado a tradicional comida francesa,

Paris. Como, na época, eu morava em Saint

mas sem afetações. é pequenino, rústico

Tropez, no sul da França, não era absurdo me

e simples, apropriado para momentos de

presentear, de uma hora para outra, com este

descontração. Entre paredes de pedras e

mimo.

uma bagunça meio charmosa, escolho o meu

vontades

e

quereres.

lugar: balcão. Estratégia para sentir o frisson, as Um final de semana todo para rever a Cidade

peculiaridades, os vários idiomas que eclodem

Luz. A Paris classuda, dos antipáticos e dos

no salão. Acho essa sensação impagável e a

sonhadores? Historicamente, sim. Mas ela

fotografo na mente. Não, não eram tempos

pode ser muito cool, como gosto. E a porta de

de mídias sociais, mas se fosse, eu não perderia

entrada para seu vértice moderno é o bairro

tempo com o celular pois, além de tudo, tenho

do Marais: enquanto boa parte da cidade

comigo uma taca de champanhe e no prato,

dorme, ali o agito não para. Localizado no

confit de pato.

centro, abriga a Place des Vosges, a mais antiga da cidade; o Musée Carnavalet, que

Feliz da vida, me atirei ainda, vejam só, a outra

nos passa a história parisiense,; e o imperdível

especialidade local: entrecote de boi, servido

Pompidou, um multi espaço dedicado à arte.

bem do jeito parisiense com batata frita e

Esse é um roteiro ao qual sempre me entrego. E

salada verde. Apetite mais do que saciado,

o faço de bicicleta, para não perder o hábito.

hora de ir para a boemia e nesse quesito, Montmarte é o caminho. Ali, primeira parada

No meio do caminho, me permito sentar em

obrigatória é o People’s Drugstore, uma loja

algum pedacinho de grama que encontro

só de cervejas, com mais de 500 variedades.

e faço um piquenique. Comidinhas locais e

Passo um bom tempo por ali.

cervejinhas. Gosto do vinho também, mas, devo confessar que me apoio nos versos de

Circulo pelas ruas vendo o movimento pulsante

Chico Science, que em A Praiera, atesta ‘uma

das bicicletas, passos e pessoas, senhoras

cerveja, antes do almoço, é muito bom para

elegantes rumam para pâtisserie em busca de

ficar pensando melhor’.

um macaron. Oh Paris! Je t’aime!

*Rita Michalsky estudou arte, trabalhou com moda, foi produtora de cinema e TV. Cansou da high society e mudou-se para a Europa. Entre França e Itália, já são quatro anos. No Velho Continente, berço gastronômico que é, ela agora usa dólmã e trabalha, feliz da vida, na cozinha.


SINAPSE Por Alessandro Garcia

Elementos que não podem faltar em um road movie (juntos ou separados): 1. Personagem em fuga ou tentando um recomeço; 2. Estrada como metáfora ou meio de descoberta (da resolução dos problemas, do amor verdadeiro, do “eu” do personagem e variantes similares); 3. Aproximação ou distanciamento definitivo de personagens em conflito (que podem estar unidos na viagem ou não). Com pequenas variantes, os elementos que formam este tão tradicional gênero podem ser notados desde as primeiras produções

cinematográficas

que

o

inauguraram — e isto lá em 1902, quando Georges Meliés lançou seu Viagem à Lua. A verdade é que, para alguns, o primeiro filme exibido na história, A chegada do trem à estação de Ciotat, dos irmãos Lumière, em 1895, já trazia a conexão entre cinema e viagem. E não importa que desde então as produções do gênero praticamente nunca tenham esmorecido. Os

roads

aquela

movies

familiaridade

costumam de

trazer

identificação

imediata: um conflito humano, um carro/ moto interessante, lugares exóticos ou paradisíacos no meio do trajeto e temos a receita quase incontornável de sucesso. Adicione personagens carismáticos e corra para o abraço. Chef, a mais recente empreitada do Jon Favreau não é diferente. Cansado dos

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MAPA DA MINA

blockbusters (o ator/diretor é responsável pelos dois primeiros filmes da franquia Homem de Ferro), Favreu resolveu retornar ao cinema intimista

---MIAMI---

e de baixo orçamento, escrevendo, dirigindo & atuando. Para tornar

The Democratic Republic of Beer (501 NE 1st Avenue) Mais de 500 cervejas de 60 países, aberto diariamente até as 5h. Ainda sedia um famoso torneio de beer pong.

tudo ainda mais irresistível, conseguiu a façanha de adicionar a amada gastronomia ao seu divertido road movie (e a amada Scarlett Johansson, que não pode nunca ser esquecida). Utilizando os elementos do gênero: 1. Favreau é Carl Casper, chef apaixonado por seu trabalho e frustrado por ter sua criatividade podada no restaurante em que trabalha, tenta o recomeço com um food truck (o El Jefe) de comida cubana; 2. Casper irá redescobrir a paixão pela gastronomia; 3. A viagem também servirá para reaproximá-lo de seu filho, Percy (Emjay Anthony), de quem é distante desde que separou-se de Inez

The Bar (172 Giralda Ave., Coral Gables) O número de cervejas é menor: 48. Mas, para compensar, tem uma seleção de jogos de tabuleiros e um menu com uma grande seleção de hambúrgueres.

(Sofia Vergara). Dito isto, vamos ao que importa, a começar pelas comidas deliciosas (não assista de estômago vazio). A trilha sonora é imbatível e as locações incríveis, nas quais clássicos points gastrômicos dão o tom — e o sabor. Depois de dar adeus a seu emprego em Los Angeles, a viagem começa

---NEW ORLEANS--Barcadia Bar & Grill (601 Tchoupitoulas Street) Além de uma grande variedade de cervejas, com foco nas artesanais, ganha pelas salas cheias de máquinas de games arcade.

com a inspiração: Miami, bairro Little Havana. No reduto cubano em que vive a família de sua ex-esposa, Casper tem o insight de apostar em um food truck especializado em sanduíches típicos de tal comunidade. Como resistir à combinação de presunto doce, carne de porco assada, queijo suíço, picles e mostarda no pão tostado? Próxima parada, New Orleans. Lugar em que a comida — beignets cobertas de açúcar no famoso Cafee du Monde — é um programa tão cultural quanto as infindáveis jams musicais na Frenchmen Street. Dali, El Jefe parte para Austin, destino no qual o churrasco texano, assado lentamente no Franklin Barbecue, vira recheio para outro sanduíche de sucesso. É claro que num filme onde a gastronomia manda, a cerveja também tem seu lugar. Se não tanto como deveria — eles aparecem empinando algumas cervejas em momentos de comemoração —, a gente compensa, apresentando uma breve lista dos melhores lugares para se beber, nas cidades visitadas por El Jefe Carl Casper.

Cooter Brown’s Tavern & Oyster Bar (509 S. Carrollton Ave.) Uma seleção de 400 cervejas, com 40 nas torneiras. Perfeito para os fãs de esporte, com suas mais de 20 TVs à disposição.

---AUSTIN--The Chicago House (607 Trinity Street) Qualquer cerveja a $5 (exceto durante o happy hour, quando tudo sai por $4!). Vinte torneiras e duas opções de barril. Craft Pride (61 Rainey Street) Mais de 50 sugestões dedicadas exclusivamente às cervejas produzidas no Texas.

* Alessandro Garcia é escritor. Seu primeiro livro, “A Sordidez das Pequenas Coisas”, foi finalista do Prêmio Jabuti. É pai de João, de 3 anos, e finaliza seu romance em meio aos brados do Buzz Lightyear e à aceleração barulhenta do Relâmpago McQueen. De vez em quando, vira o Homem-Aranha.

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FOME E SEDE Por Giulia Moretti

Nada de misto quente ou hambúrguer. A premissa é inovar e quebrar a monotonia da mesmice em casa. Tal como no seu bar preferido, não é um bicho de sete cabeças preparar aquele sanduíche que faz fama no cardápio e tem assinatura de chef. E, muitas vezes, nem é preciso correr ao supermercado em busca do ingrediente dito com status de ‘gourmet’ para a receita surpreender. Com maionese, pimenta, queijo e carne, coisas que quase sempre estão a mão na geladeira, dá para fazer uma brincadeira das boas. Essa é a base, por exemplo, do campeão de vendas do Tigre Cego, badalado bar na Vila Madalena, em São Paulo. Batizado de Brisket, é feito com peito de boi assado, cebolas caramelizadas no vinho tinto, provolone defumado e maionese apimentada- pode se a peruana Jalapeño ou a brasileiríssima biquinho. A receita em questão vai ao forno por dez horas, mas no caso da não disponibilidade de tanto tempo, pode servir apenas como base para um preparo


rápido de fogão. O dono da ideia é o chef Pablo Muniz, engenheiro de som que morou em Londres, e lá virou mestre em fazer olhar o que tem na despensa e transformar num lanchinho especial – que pode fazer as vezes de uma refeição ou ser compartilhado como aperitivo. Mais exemplos de suas gulosas invenções: costela suína, cebola no vinagre e açúcar mascavo; e o peito de frango com molho indiano à base de gengibre alho, iogurte e tomate. No capítulo reinvenções, o trivial queijo quente é enriquecido com três lácteos (coalho, do Reino e Serra da Canastra) e ainda leva cogumelo do tipo funghi; já o clássico lanche de pernil é com carne de cordeiro com alecrim, azeitona e vinho branco. O pão? Pode ser feito em casa, de forma, ciabatta, integral, do tipo folha – e se for para seguir o estilo do chef, prensados como um toast. E, aos intolerantes a glúten, a dica do chef e usar duas torradas crocantes de moti, massa de arroz japonesa. Além da batata frita, mandioquinha e batata doce podem render um bom petisco de acompanhamento. No copo, também vale quebrar a monotonia. E essa quebra pode passar, muito bem, pela união de dois mundos bem interessantes: cervejas e coquetelaria. Uma Ipa com gengibre fresco, mel e suco de limão, que tal? Essa e uma das invenções certeiras do BrewDog, bar especializado nas geladas artesanais, em Pinheiros, também na capital paulista. Dessa sugestiva carta de drinques também saem coqueteis com Pale Ale, gin e suco de laranja; e cerveja de trigo, uísque, mel e limão – neste a borda do copo leva crosta de açúcar.

Drinques e comidinhas resolvidos, agora só resta escolher uma boa trilha musical do `bar em casa`.


ue e mel

Trigo, uísq

ue o: 1 drinq inutos Rendiment aro: 10 m p re p e d Tempo o ig tr eja de 75 ml cerv o o de limã 25 ml suc ue 25 ml uísq há) mel 1 colher (c sto go a r a úc ç A e limão 1 rodela d

o e em copo baix

a coa de um preparo pela bord . 2 - Em um Modo de a rodela de limão ndo uma crosta fina por 30 seguna um bata

rm 1 - Passe çúcar, fo dientes e decore asse em a oloque todos ingre orda de açúcar e c seguida p , ab elo m g o c m o o c p o c queteleira guida no rva em se dos. 3 - Si e limão. pés, d la e d ro dos Coro com uma Dog, Rua 007 o bar Brew , SP, tel. (11) 3032-4 d ita e c o Re ul Pa o Sã s, 41, Pinheiro

Filé queijo e maionese Rendimento: 1 sanduíche Tempo de preparo: 30 minutos (+ 10 horas de forno da carne) 1 pão ciabatta 1 file de peito de boi 25 ml de cerveja Provolone defumado Mix de pimentas (vermelha, pimenta-do-reino, Cayena) Açúcar mascavo, sal com alho, sal grosso, cebola em pó, cominho, orégano a gosto Cebola caramelizada 1 cebola fatiada em rodelas 1/2 xícara (chá) de vinho tinto Açúcar mascavo, sal e azeite a gosto Maionese caseira apimentada (rendimento 500 ml) 250 ml azeite extravirgem 250 ml óleo de canola 1 colher (sopa) de mostarda Dijon 1 colher (chá) vinagre de maçã 3 pimentas jalapeños batidos no processador 1 ovo Pimenta-do-reino e sal a gosto

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Modo de preparo Carne 1 - Misture todos os ingredientes secos do tempero da carne. 2 - Coloque a carne em uma assadeira com grade e espalhe o tempero por toda a superfície. 3 - Coloque no forno a 220°C e asse por duas horas. 4 - Retire do forno e coloque em cima de duas folhas de papel alumínio, regando com a cerveja. 5 - Cubra bem fechado e asse por mais 6 a 8 horas. 6 - Retire do forno, recolha o molho e reduza em uma panela separada. 7 - Desfie a carne e regue com o molho reduzido Cebola 1 - Coloque o óleo na panela e frite as cebolas em fogo médio até começar a caramelizar. 2 - Acrescente o açúcar e continue fritando até o açúcar caramelizar. 3 - Acrescente o vinho tinto e cozinhe até o vinho evaporar quase todo. Maionese 1 - Na batedeira, junte o ovo com a mostarda Dijon e bata até ficar homogêneo. 2 - Acrescente o azeite aos poucos - umas 3 vezes - e depois despeje o restante. 3 - Sem parar de bater, acrescente o vinagre de maçã, sal e pimenta. 4 - Coloque o óleo de canola, aos poucos e sem parar, e deixe bater até clarear o molho. 5 - Depois disso, acrescente as pimentas e bata até atingir a textura cremosa. Montagem Dentro de um pão ciabatta, disponha uma camada de carne, outra de cebola e por fim uma de queijo provolone defumado ralado. Prense e sirva quente junto da maionese apimentada. Receita do bar Tigre Cego, Rua Girassol, 654, Vila Madalena, São Paulo, SP, tel. (11) 3586-8370


PALAVRAS MALTADAS

Por Juliana Gelbaum*

MEMÓRIAS GULOSAS Férias, por incontáveis anos, foram sinônimo

claro, regadas a acepipes, destilados e

de casa da Dinda pra mim. Mais relevante

cervejas. Nessas inúmeras ocasiões, veja só

do que a Rosa (os old school entenderão!)

você, me cansei de ser repreendida pela

e mais acolhedora do que o Copacabana

minha avó - mãe da Dinda e da mamãe,

Palace, era lá para onde eu ia tão logo as

hoje com gloriosas 97 primaveras - por não

aulas findavam ou os feriados prolongados

estar tomando um “whiskyzinho”. Mas nem

permitiam.

um golinho minha filha?, ela largava meio indignada. É, quem tem família tem tudo,

Em seus apartamentos, de mudança em

inclusive gula e embriaguez!

mudança, todos localizados no aprazível bairro do Flamengo, tapiocas, vidros de palmito,

Bons anos depois, à época da faculdade de

geleias importadas, queijos fedidos e pães

Jornalismo, voltei ao Flamengo para morar

diferentes,

em caráter permanente com a Dinda! Aí o

estrategicamente

comprados,

aguardavam por minhas dentadas felizes.

negócio degringolou de vez e ficou ainda pior com todos aqueles chopes aguados e

Naquela região, que ainda hoje abriga o

Itaipavas quentes que regavam, mas nem

tradicional Tacacá do Norte, a emblemática

tanto refrescavam, a rotina de qualquer bom

Majórica e a instituição gastronômica carioca

graduando.

conhecida como Lamas, experimentei os primeiros tucupis, profiteroles e Oswaldos

Para minha alegria, por conta de um casório

Aranha da vida.

carioca em novembro, estive novamente na casa da Dinda. A geladeira, é claro, estava

Eis que, dia desses, em um almoço de família,

cuidadosamente

“descobri” que a Dinda, e também o tio Elio,

minhas papilas. Mas além dessa demonstração

recheada

para

alegrar

foram os dois grandes responsáveis (culpados,

de afeto em forma de comida, encontrei, meio

leia-se) por essa enorme fome de tudo que me

que perdida naquela farta imensidão de potes,

assola. Gente, é que foie grais, brie, trufas, pato

vidros e que tais, uma garrafa da Eisenbahn

e cerejas, aos 5, 6 anos de idade, impactam a

Golden Strong Ale, a minha preferida dessa

mente do cidadão!

linha e, mais importante, a prova cabal de que eles plantaram a sementinha do sabor em

Era (e ainda é!) lá também onde acontecia

mim.

boa parte das farras em família. Todas, é

*Juliana Gelbaum é um misto de jornalista gulosa e garçonete curiosa que come sem fome. Carioca em solo paulistano, devora boas histórias, saliva por novos sabores e se farta de brindes sem razão. E não dispensa uma cerveja.

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COISAS DE LONDRES

Por Bia Pennino*

“Onde tem um pub para tomar cervejas diferentes?”,

é ótima também. O pequeno grande bar fica entre

é uma das perguntas que eu mais ouço quando

dois pontos turísticos bem famosos: atrás Borough

alguém me pede dicas da cidade. Claro, aqui em

Market, um mercado de comidas maravilhoso,

Londres não é difícil achar lugares com uma boa

no qual o famoso chef Jamie Oliver costumava

seleção de cervejas, mas depois que conheci o The

comprar os ingredientes para o seu programa de TV;

Rake, o considero parada obrigatória para qualquer

e a cinco minutos a pé de Southbank, o lado sul do

admirador de bebida que se preze.

rio Tâmisa, região cheia de atrações culturais como o Shakespeare Globe e a Tate Modern. Pertinho da

Com um menu de deixar qualquer bar grande

estação London Bridge.

no chinelo, o premiado local traz uma variedade de mais de 100 tipos de cerveja em garrafa, sete

A fachada simples azul e as paredes cobertas de

diferentes tipos em barris de pressão (parecido

dedicatórias e assinaturas de cervejeiros famosos

com o nosso sistema de chope) e três em casks (de

trazem um ar bastante verdadeiro ao local. Mas

onde a cerveja é bombeada para fora a mão).

o aviso em amarelo “No crap on the tap” é o

As cervejas mudam constantemente, muitas vezes

que realmente mostra que os caras não estão de

com edições limitadas e inusitadas, de (quase)

brincadeira no quesito ‘cervejas da casa’.

qualquer parte do mundo. Em seus perfis no Twitter e no Facebook, eles publicam as ‘Especiais do Dia’ e

Como

não

possui

cozinha

(serve

somente

avisam sobre o famoso Tap takeover - quando todas

petisquinhos de bar como azeitonas, batatinha e

as torneiras do bar são tomadas por uma cervejaria

algo parecido com o nosso torresmo), a dica é dar

e sua variedade de cerveja.

uma volta e forrar o estômago com as delícias do Borough Market. Depois, é se jogar na prova das

Apesar do cardápio gigantesco, a casa é minúscula,

melhores cervejas produzidas no mundo.

só têm duas mesinhas para sentar e uma área externa que, sejamos sinceros, só ajuda no verão. Mesmo

E não se preocupe caso não saiba o que escolher

assim, o bar está sempre cheio e movimentado,

para beber, o staff é muito bem treinado e atencioso

independente do dia da semana ou época do ano.

e pode indicar algo bem específico de acordo com

Por isso, quando for visitá-lo, chegue cedo e vá com

o seu gosto. Mais um ponto positivo: as geladas

tempo. Beber cerveja com pressa não faz bem.

podem ser servidas no tamanho de um terço de pint (que eu adoro!). Assim, você pode montar o

Diz a lenda que o The Rake é o menor pub da

seu próprio menu degustação e experimentar muito.

capital inglesa, apesar deles nunca terem dito isso,

Imperdível!

desmistificando o fato via website. Sua localização

Mais em utobeer.co.uk/the-rake/ 40

* Bia Pennino é curiosa nata, gosta de arte, música, cultura. Trabalha e estuda com um pouco disso tudo. Vive em Londres há dois anos e ainda não quer voltar. O motivo? Sempre descobre uma cerveja nova para provar, mesmo que não seja tão gelada assim como as dos bares de São Paulo.


VOCÊ SABIA ? Por Léo Leitão *

Ah, o verão! Já dizia uma mainstream dessas qualquer. Época danada de boa em que as roupas diminuem e a sede aumenta. Tudo nas suas proporções, é claro. E em tempos de altas temperaturas cada um tem seu jeito infalível de driblar o calorão: banho de piscina, ficar na frente da geladeira aberta ou tomar aquele picolé sagaz. Pessoalmente, eu deixo a cerveja dois minutos a mais no congelador. E para arrematar a quentura eu só penso em um estilo cervejeiro: a Witbier. Você já deve ter lido o nome dela por aí. Witbier, white beer, bière blanche ou simplesmente Wit. Denominações à parte, o que vale mesmo é o sabor desta bebida, originalmente criada na Bélgica. Obviamente, replicada e fabricada com primor em outros países. Lá fora, elas são comercializadas sazonalmente, sempre na temporada primavera/verão. E não é à toa. Há quem diga que esse é um estilo de mulher, mas eu não acredito nisso. O que é bom é bom. E as witbiers são avassaladoras contra o verão. Garanto que vale a pena fugir do sol com uma exemplar da bebida! O grande lance do estilo é (realmente) sentir a receita e vários sabores dentro do copo. As Wits são descendentes de cervejas medievais que não eram fabricadas com lúpulo, mas sim aromatizadas e preservadas com uma mistura de especiarias e outras plantas- conhecida como “gruit”, ainda usado hoje, embora persista principalmente o uso de coentro, laranja, laranja amarga e lúpulo. Resultado: um apelo bem gastronômico para esse estilo. Experimentem!

* Léo Leitão é um virginiano atípico, desorganizado e que faz tudo ao mesmo tempo. Acredita que o punk não morreu, que criaturas alienígenas existem e que cerveja é melhor que lasanha.

41


Por Diego Cartier*

R$

71,90

2 GAMMA RAY 2 QUELLE SAISON


Seguimos o baile com mais uma revelação inglesa. Desta vez, apresentamos a Beavertown, que assim como a Buxton (nossa cervejaria de novembro), faz parte da nova cena britânica. E apesar do pouco tempo de vida, tem se destacado no mundo cervejeiro com produções acima da média com criatividade, elegância e qualidade. Não é a toa que atualmente é uma das cervejarias mais desejadas pelos beer geeks, a ponto de serem obrigados a mudar, meio às pressas, a sede da fábrica. Tudo para atender a demanda, que cresce a passos largos, com pedidos que chegam dos quatro cantos do planeta. Vale lembrar que essa é a terceira mudança em apenas três anos de vida, o que mostra que a o projeto tem tido uma ascensão bastante rápida e vem se consolidando no mercado de cervejas artesanais. Do mais, é um dos nomes da linha frente dessa efervescente turma britânica que tem apresentado belíssimas surpresas nos últimos anos. A Beavertown foi fundada em dezembro de 2011, por Logan Plant (sim, ele é filho de ninguém mais, ninguém menos que Robert Plant!) e tem em seu time o brasileiro Tiago Falcone (apenas filho do grande Marco Falcone, da Falke Bier, de Minas Gerais). Além da cervejaria, Logan possui o Duke´s Brew & Que, em Londres. Trata-se de um bar que une duas de suas obsessões: churrasco americano e ótimas cervejas. O espaço é o berço da cervejaria, foi onde o rapaz começou a fazer algumas experiências, meio sem muita pretensão. De uma hora para outra, se viu obrigado a expandir e se mudar para Tottenham Hale, distrito no norte londrino. No cardápio da casa, uma das melhores seleções de cervejas artesanais da Inglaterra, além pratos com carnes preparados com perfeição. Sem falar na seleção “on tap” com os clássicos e raridades da cervejaria. É um daqueles lugares imperdíveis e parada mais que obrigatória! Para a seleção de fevereiro, selecionei dois rótulos que foram destaque na ultima edição do Copenhagen Beer Celebration, em maio de 2014. Ambos chegam ao Brasil em primeiro mão e com exclusividade aos sócios HNB. A Quelle Saison parece ter sido produzida no sul da Bélgica e é uma cerveja que dá para apreciar tranquilamente um dia inteiro sem enjoar, unindo complexidade e leveza. A Gamma Ray é o clássico da cervejaria, uma American Pale Ale de alma inglesa, com harmonia perfeita entre lúpulos e maltes. É mais uma que nos faz ter vontade de tomar o dia ou noite inteira sem querer trocar.

CHEERS ! Mais em beavertownbrewery.co.uk dukesbrewandque.com



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