Revista Keyboard Brasil número 10

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Revista

Keyboard ANO 2 :: 2014 :: nº 10 ::

:: Seu canal de comunicação com a música!

Brasil

www.keyboard.art.br

Música nos tempos da Ditadura: Letras disfarçadas e repletas de metáforas

BMW Jazz Festival: Incentivando e fortalecendo a cultura!

Afinadores de Piano: Profissão em extinção

Língua Portuguesa: Melhor idioma para a música?

Colunas: Técnicas e Solos para Rock, Pop, Progressivo e Metal, com Mateus Schanoski Ponto de Encontro, com Luiz Bersou Técnicas do Jazz, com Marcelo Fagundes

Toda a musicalidade de

Osmar Barutti



SAÚDE: O fantasma da T.M.E.

Suas Compras: Cds, DVDs e Livros

ANÁLISE: Coleção Pedagogia da Música

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Índice HOMENAGEM: Nico Nicolaiewsky

MATÉRIA DE CAPA: Osmar Barutti

AGENDA MUSICAL: Santos Jazz Festival e IV Concurso Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro

PASSADO A LIMPO: Músicos ucranianos Orgulho ferido

EVENTO: BMW Jazz Festival

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TOQUE E APRENDA NAS TÉCNICAS DE JAZZ-BLUES Parte 7 Por Marcelo Fagundes

MERCADO: O Crescimento do Mercado da Música Digital

ETIQUETA: A Falta de civilidade nos concertos de outrora

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CULTURA: A censura musical nos tempos da Ditadura

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DICA TÉCNICA: Técnicas e Solos para Rock, Pop, Progressivo e Metal - Por Mateus Schanoski

PROFISSÃO: Afinadores de Piano

PONTO DE ENCONTRO: por Luiz Bersou

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FALANDO SOBRE A NOSSA MÚSICA - Parte 9

IDIOMA AFIADO: Língua Portuguesa: Melhor idioma para a Música?

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PERFIL: Fábio Laguna Um dos melhores tecladistas do mundo!

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Paulão de Carvalho, vocalista do VELHAS VIRGENS, reúne as maiores curiosidade do Rock em seu livro Loucuras do Rock – 191 Histórias Reais… e Absurdas pela editora Panda Books. De forma bem humorada, o autor traz à tona “causos” dos bastidores de bandas e artistas nacionais e estrangeiros – conhecidos ou não. Um mundo repleto de loucuras e artistas que se destacam por suas excentricidades. Vale a pena conferir.

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LIVRO: NOITES TROPICAIS AUTOR: NELSON MOTTA - EDITORA: OBJETIVA - 464 PÁGINAS

Compositor, produtor, diretor artístico, crítico musical, revelador de novos talentos e escritor, Nelson Motta acompanhou e viveu intensamente cada momento da música brasileira de 1958 a 1992, do surgimento da Bossa Nova ao Rock brasileiro. Com um elenco de estrelas numa trama de sucessos, rivalidades, gargalhadas, fracassos, lágrimas, sexo e drogas, Noites Tropicais traz a história de Elis Regina, Roberto e Erasmo Carlos, Nara Leão, Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano, Lulu Santos, Lobão, Raul Seixas, Tim Maia, Cazuza, João Gilberto, Elba Ramalho, Marisa Monte e tantos outros. São 464 páginas, com 63 fotos e um sofisticado projeto gráfico do designer Luiz Stein. Um livro de memórias, escrito sem censura, para ser lido de um só fôlego.

Suas compras

LIVRO: LOUCURAS DO ROCK - 191 HISTÓRIAS REAIS... E ABSURDAS AUTOR: PAULÃO DE CARVALHO EDITORA: PANDA BOOKS - 128 PÁGINAS


Saúde

O fantasma da T.M.E. (tensão muscular excessiva) na PERFORMANCE PIANÍSTICA Continuação - PARTE FINAL DORES NAS ARTICULAÇÕES DO MEMBRO SUPERIOR SÃO, MUITAS VEZES, CAUSADAS PELA DISTRIBUIÇÃO INCORRETA DE TRABALHO ENTRE OS MÚSCULOS UTILIZADOS PARA O EQUILÍBRIO POSTURAL E OS MÚSCULOS DESTINADOS À EXECUÇÃO. * Jocir Pereira Lima de Macedo Continuando nosso tema sobre tensão muscular excessiva...

QUALIDADE DO MOVIMENTO: Devido às muitas variáveis envolvidas na estética do piano, pode-se presumir que seria impossível quantificar uma “posição” ou ‘‘método’’ definitivos de executar qualquer movimento dado ao piano. No entanto, embora cada músico tenha um corpo com características únicas que requerem adaptações na técnica, há princípios básicos que se aplicam a todos. Por isso, é plenamente possível estabelecer normas biomecânicas para qualquer movimento ou combinação de movimentos no piano.

Deve-se esclarecer que, ao se dizer que alguém toca com uma má qualidade de movimento não equi06 / Maio / 2014

vale a se dizer que a qualidade de sua execução é baixa. Obviamente, melhorando-se a qualidade do movimento melhorar-se-á a qualidade da execução, mas há que se frisar que as duas não são o mesmo. Padrões de posicionamento adequado do membro superior: Os movimentos mais adequados para a execução do piano, referem-se à utilização de movimentos curvos, de movimentos que promovam a participação de todos os segmentos do membro superior e daqueles que requeiram o mínimo possível de fixações musculares. Padrões de movimentos contrários a estes, dificultam a performance e são potenciais fontes de tensão e lesões.


Posição curva da mão.

Movimentos curvos: Movimentos curvos são preferíveis em todas as áreas da técnica do piano. Participação de todo braço: Um dos avanços mais importantes na história da técnica pianística foi o reconhecimento da participação do braço e de seu peso na execução. O braço, junto ao antebraço, são os vetores da mão, e toda a mecânica do membro superior é engrenada para o uso otimizado da mão e dos dedos. Por conseguinte, não se pode completar as demandas da execução sem envolver e considerar o uso de todo o aparato dos membros superiores. Ênfase sobre a ação dos dedos – técnica digital: Na pedagogia do piano atual, ainda prevalece muito do enfoque sobre o trabalho dos dedos em detrimento de um trabalho coordenado de várias partes do corpo. Muitos pianistas são orientados segundo uma abordagem tradicional – característica das escolas pianísticas do início do século XIX – que enfoca, predominantemente, o fortalecimento e individualização dos dedos; a função dos braços e do resto do corpo é frequentemente ignorada.

Posição plana da mão.

A abordagem das demandas técnicas e musicais do repertório pianístico por meio de uma técnica fundamentada, sobretudo na ação dos dedos e que deliberadamente restringe os movimentos de outras partes do corpo, se constitui numa das principais causas de TME na performance. Consciência corporal: Na execução instrumental, há uma série de movimentos e posições do corpo que são básicos e imprescindíveis para seu uso eficiente e adequado às demandas técnicomusicais. Porém, com frequência, o ensino de um instrumento musical se baseia quase que exclusivamente no aspecto exterior do movimento, deixando de levar em conta o que o produz: a via de mão dupla que é a intenção de mover o corpo e a percepção do mesmo. Por conseguinte, através da observação da mera aparência externa de um movimento, nem sempre se é capaz de distinguir um movimento saudável de outro ineficiente, com TME e potencialmente lesivo. Normalmente, não temos consciência de nosso mau uso, pois dificilmente temos consciência sobre como usamos a nós mesmos. Percebemos, apenas, quando algo em

Fotos: Arquivo pessoal

Posições do punho - A ilustração B representa a posição funcional do punho, em torno da qual os movimentos requeridos devem ser realizados pois, através dela, a habilidade de mover os dedos é maximizada e os movimentos dos tendões sob o retináculo são menos propensos a causar irritação ou dano devido à fricção.


nosso funcionamento não está indo bem – como quando apresentamos dores, limitações de movimento e incômodos posturais. Falta-nos, inclusive, o hábito de observar atentamente e refletir sobre os movimentos que fazemos, o que, muitas vezes, ainda não é suficiente, visto que se pode estar tão acostumado à determinada maneira de agir, que ela parece natural e correta. Causas emocionais – ansiedade Há uma interação constante entre a emoção e o comportamento físico de uma pessoa. Estados emocionais são inevitavelmente refletidos em nossa postura e movimentos. A TME na performance pianística pode ser produzida pelo medo ou pela ansiedade, os quais podem, com o tempo, se tornar uma parte fixa da resposta à situação de se executar o piano.

RECOMENDAÇÕES QUE PODEM EVITAR FUTURAS LESÕES EM PIANISTAS: - NUNCA tocar sob dor; - Evitar aumentos bruscos no tempo de estudo diário; - Dividir o estudo em segmentos não superiores a 30 minutos; - Estudar repertórios diferentes de um segmento de estudo para o outro; - Fazer alongamentos antes e depois do estudo; - Não tocar com as mãos frias; - Fazer exercícios de ginástica.

ESTRATÉGIAS DE ADMINISTRAÇÃO DA TME NA PERFORMANCE PIANÍSTICA

A EVITAR: - Movimentos repetitivos;

DESVIO ULNAR DO PULSO Flexão

- O desvio ulnar do pulso, especialmente por períodos prolongados.

O emprego de medidas de prevenção e eliminação da TME na performance é uma necessidade para todos os músicos. Pode-se citar desde medidas gerais que promovam hábitos saudáveis na prática diária instrumental – como pausas, aquecimento, alongamento e relaxamento – até medidas específicas à execução pianística propriamente dita, como o posicionamento e o uso de movimentos adequados dos segmentos do corpo envolvidos na execução. Destacando, também, a importância do aprimoramento da consciência corporal e sua aplicação constante no 08 / Maio / 2014

- Evitar passar muito tempo estudando nos extremos do teclado; - Aplicar força no fundo da tecla; - Usar posições estáticas das mãos; - Deixar cair o pulso abaixo da sua posição neutra;

Extensão

- Levantar excessivamente os dedos sem a ajuda dos músculos maiores. A PROMOVER: - Movimentos coordenados e suaves; - Tentar fazer com que o pulso regresse à sua posição neutra sempre que possível; - Usar movimentos longos de braços em vez de movimentos concentrados no pulso; - Respirar em coordenação com a frase musical; - Estar atento para permanecer consciente do conforto físico.


treino diário como principal estratégia na administração da TME na performance instrumental; a importância de estratégias que tratam de aspectos emocionais, como a ansiedade, frequentemente relacionados com a etiologia da TME. Hábitos saudáveis para a prática e performance instrumental, postura, movimentos, consciência corporal, respiração e ansiedade.

CONCLUINDO... Muitos músicos consideram a condição de dor normal e encontram maneiras de mascarar os efeitos da lesão. Isso se deve, de um lado, a uma cultura que vê a dor como inevitável e, de outro, à preocupação comum entre músicos profissionais de ser rotulado como um músico com lesão. Entretanto, a dor é o primeiro sinal que indica que algo está errado no corpo. Reco-

nhecer e identificar a dor ou o desconforto é a primeira atitude a ser tomada na prevenção e eventual tratamento de lesões; a segunda é a busca de algum tipo de auxílio. Sintomas que persistem por alguns dias ou progridem devem ser avaliados por profissional especializado da área de saúde para a indicação de algum tratamento específico.

* Jocir Pereira Lima de Macedo é mestre em Música pela UFPR. Defendeu sua dissertação de mestrado sob o título ‘‘Tensão muscular excessiva na performance pianística’’, no ano de 2010.


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Análise

PEDAGOGIA DA MÚSICA VOLUMES 1, 2 e 3 (Edição de luxo - capa e contra-capa duraS)

AUTOR: PROF. ROBERTO BUENO Da Redação Disponíveis no site: www.keyboard.art.br

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Para a Keyboard, investir em cultura é investir em educação, proporcionando às crianças e jovens caminhos longe da violência e do ócio. Pensamentos estes, também adotados por conceituados pesquisadores da área musical como: Villa-Lobos, Sinichi Suzuki, Carl Orff, Zóltan Kodály, Edwin Gordon, entre outros. Acredito estarmos no caminho certo, ao acrescentar conhecimento cultural aos professores, pesquisadores, orientadores, estudantes e curiosos. É o que aconteceu comigo!

A educação musical é um importante mediador do desenvolvimento das habilidades físicas, mentais, verbais, sociais e emocionais para nós, seres humanos. Por isso, seu aprendizado tem de ser visto como um empreendimento em longo prazo, um caminho para que os professores possam percorrer, contribuindo para esse processo integral de desenvolvimento de nossas crianças e jovens. Muitas são as pesquisas relacionadas a esse universo musical, muitos são os apreciadores dessa arte. Porém, poucas referências são encontradas. Essa necessidade (de material escrito para profissionais da área de Música que trabalham nas escolas), unindo sua grande importância, fez brotar a ideia do professor Roberto Bueno em criar uma coleção abrangendo o aprender, o saber, o explorar e o aperfeiçoar o universo musical. Assim surgiu o grande sucesso editorial, lançado através da Editora Keyboard: Pedagogia da Música - coleção composta por 3 volumes. Com uma linguagem simples e uma leitura prazerosa, Pedagogia da Música apresenta um importante material de apoio para professores e interessante leitura para todos os que gostam de Música.

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(maestro Marcelo Fagundes)

10 / Maio / 2014



A HISTÓRIA DESSE GRANDE ARTISTA COMEÇOU LOGO QUANDO

CRIANÇA,

ATRAVÉS DE SEU PAI, QUE OUVIA MÚSICAS EM UMA ANTIGA VITROLA DE SUA CASA. SEU PRIMEIRO INSTRUMENTO FOI UMA FLAUTA DOCE. DESCOBRIU SUA PAIXÃO PELO PIANO LOGO DEPOIS. SEU TALENTO O LEVOU A TRABALHAR NUM DOS PROGRAMAS DE MAIOR

AUDIÊNCIA

NACIONAL AO LADO DE UM ÍCONE DA TV BRASILEIRA, JÔ SOARES.

Matéria de Capa

Heloísa Fagundes

Toda a musicalidade de

Osmar Barutti


Maestro, pianista, compositor e arranjador, graduado pela Berklee School of Music (Boston–EUA), Osmar Barutti lidera desde 1991, o “Sexteto Onze e Meia” criado pelo apresentador e humorista Jô Soares em seu Talk Show diário na TV Globo. Nascido em São Caetano do Sul, Osmar iniciou seus estudos musicais aos 5

anos de idade. Sua paixão pela música foi despertada com a ajuda de seu pai que ouvia discos em uma antiga vitrola em sua casa. Seu primeiro instrumento musical foi uma flauta doce e, apesar de ser ainda tão pequeno, já tirava várias melodias “de ouvido”.

A MÚSICA JÁ O CHAMARA DESDE CEDO... Osmar Barutti dedicou-se a compartilhar seus conhecimentos musicais como colunista de revistas especializadas, abordando assuntos como improvisação, harmonia e arranjo e a integrar o corpo de jurados de concursos e festivais de música. Dentre eles, o Festival da Música Popular do Conservatório de Tatuí e a seleção de candidatos do Departamento de Música Popular da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. Além de intérprete do repertório musical popular brasileiro e americano, Osmar apresenta-se, constantemente, em Salas de Concerto, O Sexteto do Programa do Jô: Miltinho (Percussão e Bateria), Bira (Baixo), Tomati (Guitarra), o apresentador Jô Soares (Bongô, cornet e voz), Chiquinho Oliveira (Trompete), Derico Sciotti (Saxofone e Flauta) e Osmar Barutti (Piano).

Fotos: Divulgação

Em uma manhã, quando uma banda passou tocando em frente à casa de seus pais, Osmar reconheceu a melodia que já dominava na flauta e juntou-se aos músicos em direção à Praça da Igreja Matriz. A ligação com o piano aconteceu aos 7 anos, a partir de suas primeiras aulas e apresentações em reuniões e festas familiares. Aos 14 anos, diplomou-se pelo Conservatório Musical Villa-Lobos. Durante sete anos dedicou-se ao estudo do piano na Fundação Magda Tagliaferro, orientado pela professora Zulmira Elias José. Sua identificação com as músicas de Dave Brubeck, Oscar Peterson, Bill Evans, Bach, Debussy, Antônio Carlos Jobim, Hermeto Paschoal e seu interesse pelas "Big Bands" de Thad Jones, Count Basie e Duke Ellington fizeram-no mergulhar no piano jazz e popular, tornando-se um dos mais reconhecidos e respeitados nomes nessa linguagem musical. Além de toda a sua atividade musical como pianista e jazzman,


Assista ao animado Sexteto do Jô numa paródia de ‘‘Charleston’’).

Clubes e Bares de Jazz solando ao lado de grandes nomes da música popular brasileira e internacional. Dentre seus vários projetos musicais está o renomado “Sala de Estar” (um sexteto de Jazz composto por jovens músicos sob sua direção musical. Durante o show semanal no Terraço Itália, “Bira”, também integrante do “Sexteto do Jô”, empresta seu carisma como Mestre de Cerimônias) e o Projeto Instrumental “Osmar Barutti & Trio” (onde o músico atua como compositor, traduzindo todo o seu conhecimento musical). Atualmente, o Maestro Osmar prepara o seu mais novo trabalho. Um show envolvente e descontraído formado por baixo, bateria, piano e voz feminina (contralto). No repertório, os mais belos standards do Jazz e da música brasileira. Um casamento musical perfeito entre os dois estilos.

ENDORSER Assista a performance de Osmar Barutti & Trio (música Angu do Bom, de Osmar Barutti).

Em seu repertório, os mais belos standards do Jazz e da música brasileira..

14 / Maio / 2014

Grandes empresas do mercado instrumental e de equipamentos musicais procuram o maestro Osmar Barutti para engrossar seu time de endorser. Assim, o músico já assinou seu nome e atestou a credibilidade de empresas como: Kaway (lançamento do MO 9000 no Brasil em 1998); Ensonic EPS/TS12/ MR 76 (de 1990 a 1996); Peavey Caixas acústicas, Impulse 1012 e Mixer RQ 200 (de 2001 a 2002); Ketron - SD1 (lançamento em 2001 no Brasil). Atualmente é endorser da TOKAY.


Entrevista Revista Keyboard Brasil: Seus estudos musicais iniciaram-se aos 5 anos de idade. Mas, ao escolher a música como profissão, seus pais não se opuseram?

Revista Keyboard Brasil: Como surgiu a oportunidade de trabalhar no programa de Jô Soares e o que mudou na sua carreira com isso?

Osmar Barutti: Ao contrário! Meu pai, homem culto musicalmente e de extremo bom gosto, sempre me apoiou. Em todos os sentidos! Um dia, lá pelos meus 9 ou 10 anos, chega ele em casa com uma partitura para piano – Dança Ritual do Fogo, uma das que ele mais gostava (do compositor espanhol Manuel De Falla) – me dizendo: ’’Quando você puder tocar esta linda música, vou lhe dar um prêmio em dinheiro’’... Cerca de um mês, estudei aquela partitura difícil para uma criança, mas meu esforço valeu a pena! Pedi para meu pai sentar-se e ouvir minha execução. Logo nos primeiros compassos, seus olhos encheram-se de lágrimas e os meus também. E, conforme o prometido, meu primeiro “cachê” foi pago!!!

Osmar Barutti: Em Outubro de 1990, recebi uma ligação do Maestro Edmundo VillaniCortez comunicando que estava deixando o Jô Soares 11 e Meia (no SBT) e que gostaria de me convidar para assumir seu posto. No dia seguinte, assumi a vaga de pianista e arranjador, cargos estes que exerço até os dias de hoje. Os convites para apresentações pelo Brasil inteiro – de Norte a Sul – começaram a surgir. Tem sido assim, desde então.

Revista Keyboard Brasil: Enfrentou dificuldades ao longo de sua carreira? Quais? Osmar Barutti: Quando iniciei minha carreira, ainda adolescente, fui avisado sobre as eventuais dificuldades da profissão. Até hoje me preparo estudando coisas novas, indo a Concertos, lendo publicações como a Keyboard Brasil, ouvindo novos artistas de valor, investindo em novos equipamentos, enfim... Atualizando sempre! Isto me faz muito bem emocional e fisicamente e, se permitem dizer, espiritualmente também!

Revista Keyboard Brasil: Você trabalha com Jô Soares há muitos anos. O público percebe uma afinidade impecável entre todo o Sexteto e o apresentador. Como isso funciona no dia a dia? Como chegaram a este nível de cumplicidade? Osmar Barutti: Há muitos anos! Desde 1990. Foram 10 anos no Jô Soares 11 e Meia, no SBT e são 15 anos na TV Globo, um total de 25 anos até hoje!! A afinidade existe, claro!!! Impecável... Hum...será??? Funciona assim: concentração total no apresentador. O Jô é um profissional extremamente exigente. Isto explica o que você chama de “cumplicidade”. Eu chamaria de “profissionalismo” – o que vem ser a mesma coisa. Revista Keyboard Brasil: Dentre todos os integrantes, você é o mais discreto. O Jô nunca te fez pagar algum mico no programa? 15 / Maio / 2014


Osmar Barutti: (Risos). Alguém tem que ser discreto neste ambiente, não acha? Micos? TODOS! Em 2004, criaram um quadro dentro do Programa do Jô chamado “O Maestro quer casar”. Foram 3 meses de cenas muito engraçadas! As cenas do jo@globo.com também tem sempre muitos “micos”. E, bota micos nisso!!! (Risos). Revista Keyboard Brasil: Como você compara o ato de tocar num programa de auditório com o de tocar num espetáculo essencialmente musical? Osmar Barutti: São situações bem diferentes: Na TV tocamos “vinhetas”, ou seja, peças musicais com duração de poucos segundos. São músicas tocadas durante o tempo gasto pelo entrevistado ao caminhar de sua poltrona – na plateia – até o sofá, ao lado do entrevistador. Já no Teatro ou no Bar onde me apresento com frequência, o tempo é em torno de 1 hora e meia e, cada música pode durar 5 ou 6 minutos ou até um pouco mais. Revista Keyboard Brasil: Sabemos que a Bossa, o Blues, o Jazz e a MPB estão presentes no seu conjunto de influências. Na atualidade, quais nomes te agradam? Osmar Barutti: Na música brasileira, artistas como Rosa Passos, Fátima Guedes, Joyce e Giana Viscardi. No Jazz, gosto muito de Kurt Elling, Sara Lazarus, Andy Bay, Bob Mintzer (arranjador e saxofonista) e Brad Mehldau (pianista). Revista Keyboard Brasil: Ao longo de sua carreira, você já se apresentou ao lado de grandes músicos. Qual ou quais mais te marcaram? 16 / Maio / 2014

Osmar Barutti: O guitarrista e cantor George Benson, Ray Conniff, o saxofonista de Jazz Joe Lovano e o trompetista Cláudio Roditi. E, os cantores brasileiros: Emílio Santiago, Sílvio Cesar, Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Elza Soares, Simone e Fafá de Belém. Revista Keyboard Brasil: O Osmar Barutti de hoje é um músico realizado profissionalmente? Osmar Barutti: Ainda falta muito! Ainda dedico algumas horas por dia ao estudo deste meu instrumento, o piano! Existe uma brincadeira contada entre alguns músicos e que eu gosto bastante. Diz a brincadeira que: ‘‘A Música, por ser uma palavra feminina, tal qual as mulheres, é extremamente vingativa: quando você pensa que vai abandoná-la, ela já te abandonou... Só você é que ainda não havia percebido...’’ Logo, pense bem!!! (risos) Revista Keyboard Brasil: O foco da Revista Keyboard Brasil é o mundo das teclas – pioneira no mercado digital. Poderia nos dar sua opinião a respeito de nosso trabalho? Osmar Barutti: Quero dar meus parabéns a toda a equipe da Revista Keyboard Brasil, bem como me colocar à disposição de vocês para o que e no que eu puder colaborar! Revista Keyboard Brasil: Sucesso sempre! Osmar Barutti: Meu muito obrigado e abraços MUSICAIS!!

SAIBA MAIS SOBRE OSMAR BARUTTI:


Agenda Musical

SAIBA MAIS

santosjazzfestival.com.br

IV Concurso Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro - 2014 Homenagem a Magda Tagliaferro e Villa-Lobos

De 27 de novembro a 6 de dezembro de 2014 Total em prêmios: R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e concertos no Brasil, Estados Unidos e Europa. Direção artística: Lílian Barreto Informações: Rua Marquesa de Santos, 42/1702 CEP: 22221-080 - Rio de Janeiro - RJ Telefone: (21) 2225-7492 Acesse o regulamento e saiba mais: site: www.concursopianorio.com e-mail: cip.rio@br.inter.net

ATENÇÃO CANDIDATOS! Acompanhe também: Curso para afinadores de piano & Audições para bolsas de estudo.

Os candidatos ao Concurso deverão ter entre 17 e 30 anos de idade. Incrições até 2 de julho de 2014.


Músicos ucranianos: orgulho ferido HÁ MUITO TEMPO, INÚMEROS MÚSICOS NASCIDOS E EDUCADOS NA UCRÂNIA ERAM ROTULADOS COMO MÚSICOS RUSSOS. SERVIAM, POIS, COMO UMA ESPÉCIE DE CARTÃO DE VISITAS DO REGIME COMUNISTA PARA A UNIÃO SOVIÉTICA NO OCIDENTE.

Passado a limpo

José Cunha Com a maior crise internacional dos dias de hoje envolvendo a Rússia e a Ucrânia, onde uma parte expressiva da população da ex-República Soviética deseja um afastamento da Rússia e uma aproximação da Europa, fomos pesquisar um detalhe bem significativo que, sem dúvida, reacende um certo orgulho ferido dos ucranianos: inúmeros músicos “soviéticos” nasceram e foram educados na Ucrânia, mas foram sempre rotulados como russos. A lista é impressionante, não só pela quantidade mas, também, pela altíssima qualidade. Aqui, porém, vamos nos ater a alguns deles. Nos tempos áureos da guerra fria, dois pianistas soviéticos serviam como uma espécie de cartão de visitas do regime

18 / Maio / 2014

comunista para a União Soviética no ocidente. Entre os melhores do século XX, estavam dois artistas fantásticos: Sviatoslav Richter e Emil Gilels. Além de suas enormes qualidades artísticas, os dois tinham outra coisa em comum: nasceram na Ucrânia. Richter nasceu no ano de 1915, em Zhytomyr, cidade da Ucrânia, tendo sua formação musical realizada, principalmente, em Odessa - uma das mais importantes cidades ucranianas. No entanto, Richter sempre foi denominado um “pianista soviético”. O mesmo se passa com Gilels, que nasceu em Odessa, em 1916, e lá recebeu sua formação musical. Um terceiro pianista nascido na Ucrânia foi ignorado pelo regime soviético pois se refugiou no


FONTE: gazetadopovo.com.br

Vladimir Samoylovych Horowitz em recital gravado no ano de 1982 em Londres, no Royal Festival Hall, onde toca Scarlatti, Chopin, Schumann e Rachmaninov.

Fotos: Divulgação

ocidente, tornando-se um cidadão americano: Vladimir Horowitz. Ele nasceu na capital da Ucrânia, Kiev. O compositor Sergei Prokofiev nasceu na cidade ucraniana de Sontsovka em 1891. Porém, não foi o único compositor dito russo que nasceu na Ucrânia. Reinhold Glière, outro compositor importante, nasceu em Kiev, no ano de 1875, e teve sua primeira formação musical em sua cidade natal. Só para termos ideia do altíssimo nível musical de Kiev naquela época, Gliére estudou nesta cidade com um dos maiores professores de violino de seu tempo: o tcheco Otakar Ševčík. Outro compositor que é mais lembrado hoje em dia por sua atividade como maestro e que nasceu na Ucrânia, foi Igor Markevich, nascido em Kiev em 1912. Somente nos dias de hoje é que compositores nascidos na Ucrânia são chamados de compositores ucranianos. Exemplo disso é o excelente compositor Valentyn Sylvestrov, nascido em Kiev no ano de 1937 - um dos compositores perseguidos pelos ideólogos do partido comunista nos tempos de Brejenev e que, hoje em dia, se auto refere como um “compositor ucraniano”.

Sviatoslav Richter toca Chopin (Études, Op. 10: nº 1-4, 6, 10-12 e Études, Op. 25: nº 5, 6, 8, 11) no Barbican Centre, em Londres, 1989.

Emil Gilels toca Wolfgang Amadeus Mozart.

Prokofiev e sua Sinfonia Nº 5 em B bemol maior - Allegro Marcato.

Sylvestrov, apresenta Post Scriptum, sonata para violino e piano.


Evento TRAZENDO ATRAÇÕES INTERNACIONAIS, JUNTAMENTE COM A BRASILEIRÍSSIMA SPOK FREVO ORQUESTRA, O BMW JAZZ FESTIVAL ACONTECERÁ DE 29 DE MAIO A 03 DE JUNHO. Carol Dantas Reconhecido como um dos principais eventos do calendário nacional, o BMW Jazz Festival incentiva e fortalece a cultura reunindo um grupo seleto e diversificado de artistas, agradando entusiastas do

gênero. Com o objetivo de expandir o projeto para novos territórios e, pela primeira vez, o evento acontecerá também em Belo Horizonte, além do eixo Rio – São Paulo.

SERVIÇO - B MW Jazz Fe stival: São Paulo (S P): No HSB C Brasil, de de maio, e 29 a 31 no palco ex te rno do Aud Ibirapuera, itório dia 01º de ju nho. Rio de Jane iro (RJ): No VIVO Rio, d maio a 1º de e 30 de junho. Belo Horiz onte (MG): No Cine T Brasil, dia 3 heatro de junho. SAIBA MAIS

ACESSAND

O:

AHMAD JAMAL

SPOKFREVO ORQUESTRA

BOBBY MCFERRIN

SNARKY PUPPY

CHRIS BOTTI

DAVE HOLLAND

KENNY GARRETT

Um dos músicos favoritos de Miles Davis, o consagrado pianista mostra as faixas de Saturday Morning, seu disco mais recente, com composições de sua autoria, além de versões para músicas de Duke Ellington e Horace Silver.

Representando a música brasileira no Festival, a banda recifense traz a mistura de F r e vo e J a z z , apresentando canções de seu novo disco, Ninho de Vespa, lançado no fim do ano passado.

Dono de uma técnica vocal impecável, desembarca no Brasil com a turnê de seu último álbum, Spirityouall, uma homenagem a seu pai, Robert McFerrin, importante barítono operístico de sua geração e um dos pioneiros do gênero spiritual.

A big band mostra, pela primeira vez no Brasil, sua sonoridade original e inovadora, que mistura Jazz, Funk e Blues. Uma das principais revelações da música instrumental contemporânea.

Artista instrumental que mais vende discos nos EUA, o trompetista vem conquistando plateias em todo o mundo com seu estilo único de Jazz. Seu álbum mais recente, Impressions, levou o Grammy de Melhor Disco de Pop Instrumental no ano passado.

No rol dos maiores contrabaixistas do Jazz integrou, na década de 60, uma das formações mais marcantes de Miles Davis. Seu mais novo trabalho, Prism, é considerado um dos mais interessantes álbuns de Fusion e Jazz progressivo de 2013.

Um dos mais proeminentes saxofonistas de sua geração. Vencedor do Grammy de Melhor Álbum de Jazz Instrumental, em 2010, o músico mostra no Festival seu último trabalho, Pushing the World Away.


Fotos: Divulgação

Afinadores de PIANO Uma profissão em extinção...

Júnior Rodrigues Atualmente, a arte de afinar pianos nada tem a ver com a de tocá-los. Ou seja, o

afinador de pianos é um exímio conhecedor dos sons e das engrenagens, mas raramente sabe harmonizá-los em canções. Contudo, antes do advento do piano, a maioria dos músicos afinava seus próprios instrumentos. Esta era uma condição necessária para possuir um.

Afinar pianos tornou-se uma profissão por volta do início de 1800, quando possuir um piano em casa era objeto de luxo. E, para ajustarem seus instrumentos, as famílias mais ricas passaram a empregar os músicos. Muitos fatores causam a falta de afinação em um piano. Por exemplo, as mudanças na umidade: alta umidade faz a placa de som inchar; enquanto a baixa umidade tem o efeito oposto. As alterações de temperatura também podem afetar o tom geral de um piano. Tocar frequentemente

também pode causar a falta de sintonia do instrumento. Por estas razões, muitos fabricantes de piano recomendam que pianos novos sejam afinados quatro vezes durante o primeiro ano e, posteriormente, duas vezes por ano. Também é de grande importância que você saiba que a afinação não é o único serviço que deve ser realizado regularmente em seu piano, a regulagem e lubrificação mecânica também são de suma importância, pois otimiza o funcionamento de todos os componentes que formam o mecanismo do piano, e que entram em movimento sempre que você pressiona uma tecla. Lembrando que quando um piano fica muito tempo sem ser afinado, corre o risco de não poder voltar a ter a afinação original (Lá = 440hz).

Profissão

O INTERESSE PELA PROFISSÃO DE AFINAR PIANOS É CADA VEZ MENOR. O QUE A TORNA UMA PROFISSÃO EM EXTINÇÃO, EM NADA LEMBRANDO A ÉPOCA ÁUREA VIVIDA PELO INSTRUMENTO EM SÉCULOS PASSADOS...

As ferramentas comuns incluem o martelo de afinação ou a alavanca, uma variedade de mudos e um diapasão ou dispositivo de ajuste eletrônico.

Entenda melhor essa profissão com o afinador Rogério Resende, de Brasília (DF).

21 / Maio / 2014


Foto: Arquivo Pessoal

Família, Pontos de encontro e

Música

Ponto de Encontro...

da Música, Arte, Beleza, Educação, Cultura, Rigor, Prazer e Negócios

Luiz Bersou: colaborador da Revista Keyboard Brasil

No universo das famílias dos séculos XIX e XX havia, como grande característica, três pontos de encontro que reuniam e uniam familiares: o desjejum matinal, o almoço e o jantar. Nesses três encontros, a família se reunia. Avós e tios estavam presentes, conversavam, trocavam experiências, conhecimentos eram transmitidos e, assim ia a vida. Esses três encontros eram um poderoso fator de entrosamento e formação de cultura familiar e, até mesmo, cultura política. O jantar era o ponto de encontro mais importante. Muitas vezes, a ele se seguiam reuniões com vizinhos e amigos. O primeiro ponto de encontro que se perdeu foi o almoço. Pai ou pais trabalhando longe e almoçando fora. O segundo ponto de encontro que se perdeu foi o jantar. Trabalho noturno, aulas noturnas, outras atividades e a concorrência das novelas da televisão foram, pouco a pouco, destruindo esse segundo ponto de encontro. Mais recentemente, vemos a multidão de cidadãos que fazem o desjejum em algum estabelecimento perto da residência ou do trabalho. Estão sozinhos.

22 / Maio / 2014

* Luiz Bersou

Estudos interessantes apontam que nos dia de hoje, mesmo com as redes sociais funcionando a todo vapor, o que mais falta na sociedade humana são pontos de encontro. Não é à toa que, hoje em dia, qualquer projeto de um novo shopping obrigatoriamente contempla salas de alimentação. Elas são pontos de encontro. No projeto da reforma de Barcelona, na Espanha, a construção da famosa La Rambla, que marca o projeto urbanístico da cidade, foi para caracterizar um ponto de encontro. Voltando ainda na história havia, com frequência, os saraus musicais familiares. Existem muitos exemplos de famílias que se reuniam para a prática da música. Casos em que esses exemplos se delongaram por mais de séculos. A música era um poderoso fator de integração familiar e geração de conhecimento. Atualmente, vemos entidades como Sala São Paulo e Teatro Municipal de São Paulo com eventos lotados e, onde diferentes gerações, se fazem presentes. Qual o significado dessa presença? Qual o fator motivador de fundo? Vamos tentar responder!


Os saraus chegaram ao Brasil com a família real portuguesa.

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No Brasil de hoje, o que mais percebemos é a desarticulação familiar. Desarticulação social. A nação se esfacelando. Famílias se desmanchando. Cada um por si. Há uma guerra civil não declarada, pois nada mais justifica tantas mortes e tanta violência e falta de respeito. Podemos nos arriscar a dizer que uma parte do atual fenômeno se deva à decadência de ensino e à perda do estatuto de respeito devido ao professor. A mistura de conhecimento, meritocracia e ideologia, valendo mais a ideologia do que qualquer outro valor, prática imposta atualmente, jogou por terra padrões tradicionais de ensino e formação do professorado e sua valorização. Os valores se perderam. Nesse universo todo, percebemos que o evento musical é sempre fator de encontro e congraçamento. Heitor Villa-Lobos conseguiu que as escolas adotassem programas de ensino musicais. Foi um momento importante para a formação cultural e artística do brasileiro. Depois, tudo isso se perdeu. Em que medida isso pode ser recuperado? Pressão da sociedade! Mais do que isso, sendo a música um fator de encontro em si, em que

A música é necessária. A música é apaziguadora. Ela traz bem estar. Praticar ´ mais música em familia, entre ~ amigos e colegas, nao poderia ser o fator de um reencontro da sociedade? (Luiz Bersou)

medida os familiares podem transformar o pequeno evento musical em um ponto de encontro? Não seria esse o fator motivador de fundo, de tantos presentes na Sala São Paulo e Teatro Municipal de São Paulo? A música é necessária. A música é apaziguadora. Ela traz bem estar. Praticar mais música em família, entre amigos e colegas, não poderia ser o fator de um reencontro da sociedade? Vamos nos organizar para isso? Vamos fazer do estímulo do ponto de encontro musical um fator de reordenação da sociedade?

* Atualmente dirigindo a BCA Consultoria, Luiz Bersou possui formação em engenharia naval, marketing e finanças. É escritor, palestrante, autor de teses, além de ser pianista e esportista. Participou ativamente em mais de 250 projetos de engenharia, finanças, recuperação de empresas, lançamento de produtos no mercado, implantação de tecnologias e marcas no Brasil e no exterior. 23 / Maio / 2014


Dos primórdios até os dias atuais - Parte 9 Heloísa Fagundes

Nos anos 30, o antigo teatro de revista, caiu no agrado das massas e se caracterizava por ser uma crítica satírica aos costumes vigentes. Os números apresentados eram em geral, canções populares ou paródias, de obras célebres, acompanhadas por uma orquestra de câmara. Ao atingir seu auge, com encenações luxuosas apresentando suas estrelas, as vedetes – com seus trajes sumários, deu origem ao teatro rebolado. As companhias mais famosas foram as de Walter Pinto e Carlos Machado, revelando talentos como Carmen Miranda, Wilza Carla, Dercy Gonçalves e Elvira Pagã, que fizeram imenso sucesso.

A Era do Rádio Também no fim dos anos 30, iniciou no Brasil a chamada era do rádio, quando este meio de comunicação assumiu um importante papel de divulgador da música popular até as décadas de 1950 e 60, revelando futuros grandes ídolos como Dolores Duran, Nora Ney, Francisco Alves, Vicente Celestino e Ângela Maria. Contudo, nomes inesquecíveis da cultura popular já tinham aparecido nas rádios nos anos 30. Compositores como: Lamartine Babo e Ari Barroso e cantores como Orlando Silva, Chico Alves, Sílvio Caldas, Araci de Almeida e Dalva de Oliveira.

Fotos: Divulgação

Falando sobre Nossa Música

Música Brasileira:

Um dos fenômenos culturais mais marcantes da metade do século XX foi o Teatro de Revista.

Carmen Miranda entre Dorival Caymmi e Assis Valente: três dos principais nomes da Era do Rádio.


As primeiras emissoras de rádio preocuparam-se em ampliar o alcance e melhorar a qualidade de som e, em seguida, cativar o público. Os programas de variedades obtiveram repercussão imediata e neles a música popular ocupava papel preponderante. Devemo-nos lembrar que pouquíssimas famílias possuíam gramofones ou as “modernas” vitrolas. Por isso, as emissoras de maior audiência (Record, Tupi, Mayrink Veiga e Nacional) começaram a contratar, com exclusividade, orquestras e cantores. Como, mesmo assim, faltavam artistas, surgiram programas de calouros cujo prêmio principal era a assinatura de um bom contrato. A chamada era de ouro da música brasileira é, de início, impulsionada por essa popularização do rádio e com o início das gravações eletrônicas. Aliás, a indústria nacional produziu mais de 48 mil fonogramas. A Casa Edison foi a pioneira ao lançar a primeira música gravada no país, em 1902. Mais tarde, seu nome mudou para Odeon (hoje EMI) e surgiram concorrentes de peso como a

Carmen e Aurora Miranda cristalizaram as múltiplas funções do novo veículo de comunicação cantando uma música de João de Barro (Braguinha) ‘‘Cantoras do Rádio” de 1936.

Emilinha Borba cantando “Tomara Que Chova”, do filme Aviso aos Navegantes, comédia musical de longa metragem da Atlântida de 1950, estrelado por Oscarito e Grande Otelo.

Victor (atual BMG), a Columbia (depois Continental, hoje Warner) e a Brunswick (espólio repartido bem mais tarde entre as atuais Sony e Universal). (Continua na próxima Revista Keyboard Brasil...)

23 / Maio / 2014


Nico Nicolaiewsky

1957 — 2014

O eterno maestro Pletskaya e seu acordeom

Homenagem

O ARTISTA GAÚCHO, CONHECIDO PELO PAPEL DE MAESTRO PLETSKAYA NO ESPETÁCULO ‘‘TANGOS & TRAGÉDIAS’’, EM PARCERIA COM HIQUE GOMEZ (O VIOLINISTA KRAUNUS SANG), PARTICIPOU DE DIVERSAS PRODUÇÕES MUSICAIS E ERA UMA DAS FIGURAS MAIS QUERIDAS DOS PALCOS DE PORTO ALEGRE. Júnior Rodrigues Ator, músico, compositor e humorista, Nico Nicolaiewsky faleceu aos 56 anos de idade - vinte dias depois da descoberta de uma leucemia mieloide aguda. Nico estudou piano desde os 13 anos. Formou-se na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul e foi aluno do maestro HansJoachim Köellreuter. Conquistou reconhecimento nacional com o espetáculo "Tangos & tragédias",

Clique e ouça a versão de Nico Nicolaiewsky para a música "Ai Se Eu Te Pego".

26 / Maio / 2014

criado em 1984, em parceria com Hique Gomez. No musical, que completaria 30 anos, Nico interpretava o triste maestro Pletskaya, sempre acompanhado de acordeom e piano. Ele e o violinista Kraunus Sang (interpretado por Hique) eram personagens de um país fictício chamado Sbórnia, do qual os dois teriam fugido. Em 2007, o espetáculo foi lançado em DVD. Em 2011, foi escolhido como Melhor Show Popular pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Recentemente, serviu como base para a animação brasileira “Até que a Sbórnia nos Separe”, ainda sem data de estreia. Márcia do Canto, casada com Nico desde 1987, lembra que o músico tinha uma sensibilidade muito particular, além de ser exigente e metódico: “Nico não usava relógio, mas era incapaz de se atrasar”, finaliza emocionada pelas boas lembranças.



Aprenda ou melhore seu desempenho

Jazz - Blues

nas técnicas do * maestro Marcelo Fagundes

Dando continuidade às formas de Jazz...

Estilo - Free Jazz (1960) Na década de 60, surgiu o estilo Free Jazz, com elementos de composição atonais, arrítmicas e muita improvisação, sendo assim, uma fase experimentalista. Ou seja, no Free Jazz, a ênfase está na improvisação coletiva. Os músicos não estão presos a temas, O Free Jazz aparece como uma radicalização da tradição jazzística, por um caminho que já tinha sido iniciado pelos boppers Charlie Parker e Thelonious Monk. Na foto, Charles Mingus, Roy Haynes, Thelonious Monk e Charlie Parker em uma apresentação no ano de 1953.

Fotos: Divulgação

Toque e Aprenda

CONTINUAÇÃO

07

nem a padrões de fraseado convencionais, nem à harmonia tonal; em vez disso, eles se valem de acordes e pequenas células, combinadas de antemão, para se coordenar entre si e se orientar dentro da textura sonora. Por ter uma estru-

tura extremamente livre e atonal, o Free Jazz é uma música que nem sempre se deixa escutar facilmente. Com o Free, o Jazz incorporou conquistas estéticas da arte de vanguarda dos anos 60, como a música atonal e aleatória e o happening. O Free Jazz nasceu "oficialmente" com o famoso disco de 1960 (intitulado precisamente Free Jazz), onde se ouve o quarteto duplo liderado por Ornette Coleman (sax alto) e Eric Dolphy (clarinetebaixo), no qual participaram músicos importantes: Charlie Haden e Scott LaFaro nos contrabaixos, Don Cherry e Freddie Hubbard nos trompetes, Ed Blackwell e Billy Higgins nas baterias. Não obstante, podemos identificar precursores do gênero Free, como Charles Mingus (com seu conjunto nos anos 50 e 60), John Coltrane (nos anos 60) e, principalmente, Cecil Taylor (já em meados dos anos 50 – na verdade,


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Estilos - SOUL JAZZ

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Não existe uma maneira correta de tocar Jazz relacionando uma nota com um acorde tradicional, limita-se a escolha da nota seguinte. (Coleman, evidenciando a atitude dos primeiros jazzmen).

Foto: Divulgação

alguém poderia sustentar que Taylor até fosse o verdadeiro “inventor” do Free Jazz). Nos anos 70, surgiram novos improvisadores: Anthony Braxton, Leroy Jenkins, Leo Smith, Steve McCall, entre outros e nasceram novas tendências de músicos como Cherry e Steve Lacy. Logo, como expoentes do Free Jazz, temos: Anthony Braxton, Cecil Taylor, Charles Mingus, Charlie Haden, Freddie Hubbard, John Coltrane e Ornette Coleman.

Cecil Percival Taylor ou, simplesmente, Cecil Taylor (Nova Iorque, 15 de março de 1929) é um pianista de Free Jazz e poeta norteamericano. Taylor era um prodígio ao piano. Com formação clássica, estudou Stravinsky, Bartók e Elliott Carter no New England O veterano pianista Cecil Taylor ainda é referência quando o assunto é Free Jazz. Ao lado de Ornette Coleman, Taylor ajudou a mudar o rumo do Jazz nos anos 60.

Conservatory. Com influências de Thelonious Monk, Bud Powell e Duke Ellington, Taylor é geralmente lembrado como um dos inventores do Free Jazz. Sua música é caracterizada por uma abordagem extremamente enérgica, produzindo sons improvisados complexos, frequentemente envolvendo clusters e complexas

Ouça: “Luyah! The Glorious Step”, do LP Cecil Taylor Quartet intitulado “Looking Ahead!” (1958) com Cecil Taylor (piano) Buell Niedlinger (baixo) Denis Charles (bateria) e Earl Griffith (vibrafone). Neste disco, de 1958, ele parece tocar um piano com mais de 88 teclas! Destaque para a participação do vibrafonista Earl Griffith.

polirritmias. Sua técnica ao piano já foi comparada à percussão, descrita como “uma bateria afinada em 88 tons” (referindo ao número de teclas do piano).

(...Continua na próxima Revista Keyboard Brasil).

*Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (Associação Brasileira de Música).


Mercado

Mercado da música digital cresceu 22,39% em 2013 (em relação a 2012) DADOS SÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE DISCOS (ABPD)

FONTE: www.ifpi.org/downloads/Digital-Music-Report-2014.pdf

José Cunha A Federação Internacional da Indústria Fonográfica – IFPI – divulgou seu relatório anual apontando um crescimento expressivo do mercado de música digital no Brasil em 2013. Segundo o relatório, o mercado de

música digital brasileiro cresceu 22,39% em relação a 2012, impulsionado pelo aumento de 87,15% nas receitas geradas por downloads de faixas avulsas e álbuns completos feitos pela Internet. A ABPD - Associação Brasileira de Produtores de Discos - comentou o aumento de vendas no mercado digital: “As receitas dos diversos formatos da área digital, tiveram um crescimento de 22,39% no ano passado, totalizando R$ 136.4 milhões. Este total se refere a receitas advindas de downloads de músicas avulsas, álbuns completos, toques de chamada de celular (master tones e principalmente ringback tones) e serviços de streaming de áudio e vídeo

remunerados por subscrição e/ou publicidade, além de outros formatos e modelos de negócio que fazem parte do mercado de música digital”.

O bom resultado, no entanto, não compensou a queda nas vendas de música em formatos físicos (CDs, DVDs, etc.) pelo segundo ano consecutivo no Brasil. Em 2013, esse mercado caiu 15,5% em comparação ao período anterior. “Em 2013 as vendas de CDs, DVDs e Blu-Rays com conteúdo musical em áudio e audiovisual registraram redução de 15,5% no Brasil, tendo as companhias que reportam estatísticas para a ABPD faturado R$ 237.752.707,56 em valores do atacado ao varejo. Deste faturamento, 66,36% corresponderam às vendas de repertório brasileiro, 30,63% a repertório internacional e 3,01% a música clássica. Também deste total, 66,36% foram de CDs (áudio) e 33,64%, DVDs e discos de Blu-Ray”, comentou a associação em nota.

Figure 1: Global digital revenues 2008 - 13 (US$ Bilions) 5,9

4,0

2008 Source IFPI (Reprodução / IFPI)

4,4

2009

4,6

2010

5,1

2011

5,6

2012

2013


Etiqueta

A falta de civilidade nos concertos de OUTRORA

Nem sempre as pessoas escutaram os concertos quietas. Pelos relatos da época, surpreendemo-nos com os hábitos indelicados do público da ópera até o século XVIII: barulhento, conversador, mais interessado na social do que propriamente no que se passava no palco – famosas jogadas de xadrez foram criadas em camarotes. Em suma, um quadro similar à cena do Teatro de Vaudeville, em Amadeus - O Filme. Com a aproximação do século XIX isso mudou e cá ficamos silenciosos e ofendidos quando alguém fica agitado em seu lugar. A tese mais conhecida acerca dessa mudança diz respeito ao processo civilizador, segundo a qual teria ocorrido um 'polimento' – ou melhor, um disciplinamento – de nossas maneiras em sociedade. Basicamente, enquanto o limite da vergonha diminuía, a pressão pelo autocontrole individual aumentava, surgindo assim o conjunto de normas para cada evento social – a etiqueta.

Desse modo, passaram a advertir os excessos da multidão, e a Comédie Française, em 1782, por exemplo, decidiu instalar bancos na plateia para ver se fazia o público se comportar. Tal decisão gerou polêmica e a imprensa do momento protestou enfaticamente contra esse “atentado à liberdade de ir e vir da plateia”. Conjuntamente ao hábito de simplesmente prestar atenção na música, os espectadores aprendiam, aos poucos, a respeitar uma execução musical como se estivessem assistindo a uma missa. Logo, a música ganhou progressivamente um respeito de conotação espiritual. Hoje, um concerto sinfônico prevê um ritual de momentos para aplaudir, ficar em silêncio, tossir, levantar e mesmo uma ordem de entrada e saída dos músicos – tudo desempenhado com o confinamento do público às suas respectivas poltronas em silêncio. E, assim, passamos a apreciar as belas músicas! 31 / Maio / 2014

FONTE: Texto extraído e adaptado de euterpe.blog.br

O COMPORTAMENTO DO PÚBLICO NOS CONCERTOS DE MÚSICA CLÁSSICA É UM ASSUNTO DE CONSTANTE DISCUSSÃO. COM O SURGIMENTO DA ETIQUETA IMPORTANTE ELEMENTO DE FORMAÇÃO INDIVIDUAL E DISCIPLINADOR DE ATITUDES - TORNOU POSSÍVEL A APRECIAÇÃO DAS BELAS MÚSICAS. Júnior Rodrigues


A censura musical nos tempos da Ditadura HÁ 50 ANOS, A CENSURA TENTOU CALAR POSSÍVEIS AMEAÇAS À DITADURA. EM 1968, COM A PROMULGAÇÃO DO AI-5 INSTITUCIONALIZOU-SE, TAMBÉM, A CENSURA Á ARTE. ARTISTAS BRASILEIROS PASSARAM, ENTÃO, A BURLAR A REPRESSÃO CRIANDO CANÇÕES COM LETRAS DISFARÇADAS E REPLETAS DE METÁFORAS.

Cultura

Carol Dantas Em 2 de abril de 1964, os militares, apoiados pelos Estados Unidos, derrubaram o governo de João Goulart e tomaram o poder. Estava instaurada a Ditadura

Militar no Brasil. Milhares de pessoas foram agredidas, torturadas e assassinadas. Outras milhares desapareceram. Sob o pretexto de redemocratizar o país, limpando-o da escória (comunistas e outros seres pensantes – possíveis ameaças à ditadura), inaugurou-se um período de terror (e vergonha) em terras tupiniquins.

Sendo a liberdade de expressão cerceada, nada mais criativo que expressar desejos e anseios através da música. Dessa maneira, de 1964 a 1985, as músicas tornaram-se hinos e verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas, elas traduziam tudo aquilo 32 / Maio / 2014

que os jovens sentiam, questionando os fatos e informando à população os horrores da ditadura nos mínimos detalhes. Os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela TV Tupi ganharam força e auxiliaram na divulgação das canções, tornando-as ainda mais populares. Com isso, no final da década de sessenta, o regime militar viu-se ameaçado. Movimentos como a Tropicália, com a sua irreverência mais de teor socialcultural do que político-engajado, passou a incomodar os militares. A censura passou a ser a melhor forma de a ditadura combater as músicas de protesto e de cunho político que pudessem extrapolar a moral da sociedade dominante e amiga do regime. Com a promulgação do AI-5, em 1968, esta censura à arte institucionalizou-se e a MPB sofreu amputações de versos em várias de suas canções, quando não eram totalmente censuradas.


Em uma época de ditadura militar, qualquer composição musical ou declaração que chocasse a “normalidade” política era registrado como suspeito. Classificava-se grupo de atuação comunista, aqueles que eram formados por Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, Nara Leão, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, entre outros.

SOMOS TODOS IGUAIS NESTA NOITE (1977) – Ivan Lins e Vitor Martins

Conheça, a seguir, a história de algumas importantes músicas que deram seu recado em mensagens implícitas. CÁLICE (1973) – Chico Buarque e Milton Nascimento

Cálice traz referências a uma passagem bíblica: ‘‘Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue’’, mas é uma metáfora com o verbo “calar”, explicando ao mundo sobre a censura à liberdade de expressão.

A letra usa metáforas circenses e compara a vida a um circo. Ao afirmar que ‘‘somos todos iguais nesta noite’’, a palavra noite ocupa o lugar de ditadura e quer mostrar que todos os atores deste circo estavam em situação de sofrimento "pelo chicote dos domadores" - nada mais do que o estado repressivo que o país enfrentava naquele tempo. A vida passa a ser o ‘‘ensaio diário de um drama’’ e os iguais viviam no ‘‘medo da chuva e da lama’’, sempre reafirmando a dificuldade de se viver sobre a vigência da ditadura.

PRIMAVERA NOS DENTES (1973) – João Ricardo e João Apolinário

PrÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES (1968) – GERALDO VANDRÉ

Hino contra a ditadura, Caminhando (como ficou popularmente conhecida) desagradou ao regime especialmente por citar a luta armada: “Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem razão”; e ao convocar as pessoas para se unirem na luta contra a ditadura “Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Por essa composição, Geraldo foi preso, torturado e exilado.

Muitos consideram Chico Buarque como o grande herói da luta contra a ditadura e acabam se esquecendo do grupo Secos & Molhados. Liderados por Ney Matagrosso, eles gravaram uma série de canções com uma crítica muito bem escondida ao regime militar. Eram letras com um teor ácido muito intenso e interessantíssimo. Além disso, o visual dos integrantes, que pintavam o rosto e se apresentavam com roupas extravagantes, já era uma provocação aos conservadores militares. Aqui, uma canção com uma crítica ao regime formidável e muito bem construída por João Ricardo, integrante do grupo, e seu pai, João Apolinário.

EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA (1972) – Sérgio Sampaio O BÊBADO E A EQUILIBRISTA (1969) – João Bosco e Aldir Blanc

Durante a Ditadura, os militares andavam com tropas pelas ruas para evitar manifestações populares. Na música composta em 1972, Sérgio Sampaio impõe seu desejo de que as tropas sejam substituídas pelos blocos (povo). Além disso, refere-se aos militares como Durango Kid, um durão cowboy dos faroestes americanos.

Apesar de se referir ao sofrimento de Marias, Clarices e Henfil, que tinha o irmão Betinho exilado, e ‘‘tanta gente que partiu num rabo de foguete’’, a canção revelava uma ponta de esperança. Foi adotada como Hino da Anistia. A música retrata o Brasil no final do período ditatorial.


Na década de 70, Chico Buarque passou a ser considerado inimigo número 1 do regime, seguido por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Gonzaguinha e Ivan Lins. Elis Regina passou a fazer parte da lista ao gravar o hino da anistia, a música “O bêbado e a equilibrista”. Além de espaços sociais serem suspeitos, a atividade artística era considerada suspeita e subversiva.

COMO NOSSOS PAIS (1976) – Belquior

A música fala de uma juventude reprimida pela ditadura, não possibilitando que a situação política do país fosse mudada. Ou seja, agíamos como nossos pais, sem vontade ou sem sentir a necessidade de lutar para mudar o então quadro político. Apesar da visão acima ser a mais frequente, o significado da música ainda é pouco certo. Alguns alegam que Belchior queria apenas passar um desabafo aos jovens que viviam na base de uma ideologia qualquer, sem viver a vida plenamente.

ALEGRIA, ALEGRIA (1967) – Caetano Veloso

A letra indica os abusos sofridos cotidianamente pelo cidadão. Seja nas ruas, nos meios de comunicação ou em qualquer parte do próprio país. Ela crítica várias mazelas que atacavam o Brasil no período através de inteligentes metáforas. Era o abuso de poder, a violência praticada pelo regime, o cerceamento da liberdade de expressão e até mesmo desníveis sociais.

É (1988) – Gonzaguinha PONTEIO (1967) – Edu Lobo

Ponteio é uma das músicas mais complicadas de se achar um significado crítico ao regime militar. Porém, ao se analisar mais profundamente, nota-se que o eu-lírico mostra um desejo de tocar sua viola, mas é impedido pelo tempo mudado (ditadura). Por isso, ele teria que procurar um novo lugar para depositar seus desejos e anseios.

Gonzaguinha foi mais um ferrenho crítico à Ditadura. Porém, suas músicas tinham um significado mais cheio de esperança. A música É se tornou um grito de liberdade com versos diretos e sem rodeios.

QUE AS CRIANÇAS CANTEM LIVRES (1973) – Taiguara

VAI PASSAR (1984) – Chico Buarque e Francis Hime

Aqui, Chico descreve o país como “a nossa pátria mãe tão distraída / Sem perceber que era subtraída / Em tenebrosas transações”, cujos filhos “erravam cegos pelo continente”, numa clara referência ao regime que o país ainda vivia. Mas tudo é metaforicamente resolvido quando o povo se dá conta disso e transforma a vida num Carnaval. Na música, a expressão “vai passar” adquire duplo sentido: o da passagem do bloco carnavalesco e a superação do tempo das trevas da ditadura.

34 / Maio / 2014

Taiguara foi um dos músicos mais censurados e perseguidos durante a Ditadura Militar. Teve 68 canções censuradas e foi obrigado a se exilar, ao ser ameaçado, inúmeras vezes, de tortura. Em Que as crianças cantem livres, Taiguara, fala sobre os problemas graves do período, mas com uma esperança ao final de seus versos. Esperança de tempos livres, onde as crianças poderão cantar livremente.

* NOTA: Essa é a nossa lista de músicas, feita com a consciência de que tantas e tantas outras ficaram de fora.



Dica Técnica

Técnicas e solos para Rock, Pop, Progressivo e Metal MATEUS SCHANOSKI – O MAIS NOVO COLABORADOR DA REVISTA KEYBOARD BRASIL – É UM MÚSICO EXPERIENTE E VERSÁTIL. TECLADISTA, ORGANISTA E PIANISTA, ALÉM DE PROFESSOR, ARRANJADOR E PRODUTOR MUSICAL, MATEUS NASCEU EM ITU, INTERIOR DE SÃO PAULO, GRADUOU-SE EM PIANO ERUDITO (CONSERVATÓRIO BANDEIRANTES), PIANO POPULAR (CLAM E ULM), E EM TECLADO E TECNOLOGIA (IT&T). A LISTA DE ARTISTAS CONSAGRADOS COM QUEM MATEUS TRABALHOU É EXTENSA, ENTRE ELES: JIMMY BO HORNE, SHARON CORR, DAVE MACLEAN, TONY TORNADO, FRED SUN WALK, DANNY VINCENT, FLÁVIO GUTOK, BIG CHICO, PAULO MEYER, THIAGO GÍGLIO E MOACYR FRANCO. NO YOUTUBE, SEUS TRABALHOS MUSICAIS E EDUCATIVOS JÁ ULTRAPASSARAM A MARCA DE 400 MIL EXIBIÇÕES! Mateus Schanoski

Durante essa série de aulas, desenvolveremos a técnica e os diversos tipos de escalas sobre um acorde. Desenvolveremos também a articulação, dinâmica e efeitos para solos. Para isso, primeiramente proponho o estudo de várias escalas e modos sobre o acorde Am (Lá menor). Antes de tudo, vamos analisar cada uma delas: Escala menor diatônica, antiga ou modo eólio. É a escala menor, relativa do tom Maior respeitando seus mesmos acidentes. Essa escala possui os seguintes intervalos: I – IIM – IIIm – IVj, Vj, VIIm e VIIm. Escala menor harmônica: é só aumentar a VII do modo anterior. 36 / Maio / 2014

Modo dórico: é o modo eólio com a VIM. Modo Frígio: pegue o modo anterior, dórico e abaixe a II. Obs.: Todas estas escalas devem ser tocadas com o mesmo dedilhado da mão direita: 1 – 2- 3- 1- 2- 3 – 4- 5 Escala Pentatônica: use o modo eólio e exclua as II e IV notas da escala. PentaBlues menor: use a pentatônica menor, e acrescente a V diminuta, a nota mi bemol. Esta é a “Nota Blue” da escala. Obs.: O dedilhado destas duas escalas será apresentado na partitura a seguir. Agora estude estas escalas, de preferência em todas as oitavas do teclado:


Escalas de Am (Lá menor)

Mateus Schanoski

Am Diatônica, Modo Eólio

Am Harmônica, com VII Maior

Am Modo Dórico, com VI Maior

Am Modo Frígio, com IIm e VI Maior

Am Pentatônica

1

2

3

1

2

3

2

1

3

2

1

Am PentaBlues

1

2

3

4

1

2

3

2

1

4

3

2

1

Agora que você já as decorou, toque as na mesma rítmica, seguidas vezes e no mesmo andamento, como mostrado na partitura a seguir e no arquivo MIDI anexo.

Exercício de Técnica sobre as Escalas de Am (Lá menor) Mateus Schanoski

37 / Maio / 2014


Na próxima aula, estudaremos as variações de acentos e rítmicas, aplicados a uma base musical bem simples. Até lá e ABRASOM!

CONTATOS DE MATEUS SCHANOSKI: mateusschanoski@yahoo.com.br my space

26 / Abril / 2014

mateustecladista@hotmail.com

www.mateusteclado.cjb.net


‘ ‘

Tô indo agora prum lugar todinho meu / Quero uma rede preguiçosa prá deitar / Em minha volta sinfonia de pardais / Cantando para a Majestade, o Sabiá...!

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JAIR RODRIGUES 1939-2014


SERIA APENAS SORTE O FATO DE AS MELHORES MÚSICAS DO MUNDO SEREM CANTADAS EM PORTUGUÊS OU O IDIOMA TEM ALGO A VER COM ISSO?

Idioma Afiado

Carol Dantas

Muitos dizem que as melhores músicas do mundo provêm de países que falam português. Exemplos não faltam. O Marrabenta, do Moçambique; o Samba, a Bossa Nova, o Axé, a MPB e o Sertanejo do Brasil; sem contar o Fado de Portugal. A lista é infinita. Veja algumas teorias que explicam o que faz do português um idioma tão perfeito para a música.

VOGAIS Em primeiro lugar, o português é um idioma rico em vogais. Existem as vogais nasais, ditongos (duas vogais juntas) e tritongos (grupo de três vogais muito divertido de pronunciar). As vogais são muito importantes para os cantores pois, para pronunciá-las, precisam manter a garganta bem aberta. Quando desejam estender uma palavra, sempre escolhem a parte onde está a vogal. 40 / Maio / 2014

LIMITADO NÚMERO DE CONSOANTES O português tem um limitado número de consoantes que é muito eficaz para marcar o ritmo. Veja o vídeo abaixo, em que Elis Regina canta um ótimo exemplo “Nega do Cabelo Duro”(Ary Barroso). Além disso, as consoantes do português tendem a vir sempre no início das palavras ou das sílabas, raramente elas aparecem no final. Isso deixa a garganta livre para estender o final das sílabas, garantindo leveza ao som. Nega do Cabelo Duro, com Elis Regina

ÃO O “ão” é raro na maioria das línguas, mas é muito comum no português. É um


som lindo, diferente e divertido de pronunciar. Veja abaixo o exemplo de Clara Nunes interpretando “Pé no Chão”, de Armando Fernandes. “Drão”, de Gilberto Gil também é um excelente exemplo.

É Doce Morrer no Mar, de Dorival Caymmi, aqui interpretada por Marisa Monte e Cesária Evora.

Carolina, de Seu Jorge.

Pé no Chão, com Clara Nunes

Drão, com Gilberto Gil

Só Quero um Xodó, de Dominguinhos.

LÍNGUA TONAL

Pedaço de mim, de Chico Buarque.

Diferentemente do mandarim e de algumas línguas africanas, o português não é uma língua tonal, onde a mesma palavra pode assumir diferentes significados dependendo do tom. Isso deixa cantores e compositores livres para compor sem ter que se preocupar com os tons. Mas, apesar de não ser uma língua tonal, o português usa mudanças de tom para enfatizar surpresa, perguntas, etc.

SAUDADE Muitos afirmam que essa palavra não existe em nenhuma outra língua. E, talvez por isso, as músicas em português celebram a saudade mais do que qualquer outro idioma. Exemplos disso são: “É Doce Morrer no Mar, de Dorival Caymmi, aqui interpretada por Marisa Monte e Cesária Evora; ‘‘Carolina’’, de Seu Jorge; “Eu só Quero um Xodó”, de Dominguinhos e, talvez aquela que mais represente a palavra “Pedaço de mim”, de Chico Buarque!

RIMA O poder de rima nas músicas brasileiras as torna agradáveis aos ouvidos. Aqui, um grande exemplo cantado por Tom Jobim e Elis Regina, utilizando rimas como ão e inho, “Águas de Março”. Outro exemplo interessante é a música ‘‘Vou Deixar’’, do grupo Skank. E, por que não falar da música cantada por Toquinho ‘‘A Casa’’? Áquas de Março, com Tom Jobim e Elis Regina.

Vou Deixar, do grupo Skank.

41 / Maio / 2014


A Casa, com Toquinho.

CULTURALMENTE MAIS RICA E MUITO COMPLEXA O fato de ser uma língua falada em vários continentes diferentes tornou a música cantada em português culturalmente mais rica e muito complexa, em todos os sentidos (significado, poesia, estrutura, gramática e som). Ouça a música “Construção”, de Chico Buarque de Hollanda – uma das músicas mais bonitas de todos os tempos, na voz de Mônica Salmaso. Construção, com Mônica Salmaso.

Essa é uma interessante teoria que está causando um certo debate na internet. E, sendo uma grande apreciadora da nossa língua e da nossa magnífica música, gostaria que o texto pudesse levar nossos leitores a boas reflexões e muitos comentários. Para que isso seja possível, mande seu e-mail para: contato@keyboard.art.br

* NOTA: Quem quiser ler o original em inglês, clique http://tipsypilgrim.com/blog/author/mose

38 / Abril / 2014



Fábio Laguna Respeitado tecladista do Heavy Metal brasileiro AUTODIDATA, FÁBIO LAGUNA É TECLADISTA PROFISSIONAL HÁ MAIS DE 15 ANOS.

Perfil

Carol Dantas

28 / Março / 2014

Durante muitos anos eleito pela mídia especializada, o melhor tecladista do Brasil e um dos melhores do mundo, o músico Fábio Laguna é reconhecido por seu trabalho ao lado de grandes bandas como Angra, Hangar e Almah, seguindo atualmente carreira na banda Lince. Tecladista profissional há mais de 15 anos, Fábio é autodidata. Sua busca insólita pelos conhecimentos musicais possibilitou o desenvolvimento de técnicas e estilos singulares, reconhecidos, ano após ano, pelos principais veículos de comunicação voltados para o rock. Em sua agenda apertada figuram shows, gravações, produções, aulas e workshops. Em média, 150 eventos e alguns discos por ano.


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O INÍCIO

Além das bandas de rock que ouvia na préadolescência, meu pai e meu irmão mais velho foram os que mais me influenciaram no começo, me apresentando o teclado. Minha primeira banda, Lord Harbor, abriu meus olhos para a composição. O heavy metal colaborou muito na escolha do caminho que eu iria percorrer daquela época em diante, porque achava aquele lance de ser diferente, tanto no aspecto visual quanto no musical, uma atitude de muita coragem… Claro, ouvia as grandes bandas de rock progressivo, como Gentle Giant, Yes, Pink Floyd, Lake & Palmer, Genesis, etc, etc, etc… E as outras que todo mundo já ouviu e até hoje respeito com muito carinho como Purple, James Gang, Sabbath, Led Zeppelin, Queen…

O álbum de metal progressivo instrumental Freakeys foi criado pelo tecladista Fábio Laguna e lançado em 2006. Seus integrantes eram: Fábio Laguna (nos teclados), Felipe Andreoli (no baixo), Eduardo Martinez (na guitarra) e Aquiles (na bateria).

A IMPORTÂNCIA E A OUSADIA DO TRABALHO FREAKEYS

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‘ ‘ ‘ ‘ A TRANSIÇÃO DE BANDA DE GARAGEM PARA O TRABALHO PROFISSIONAL

É doloroso quando você compreende que seu dom musical é um meio de subsistência. Se a banda sair da garagem e continuar tocando pelo amor à arte e não primordialmente por grana, as chances de ela ir longe serão muito maiores. Entretanto, em um determinado momento torna-se necessário profissionalizar-se. E depois de deixar a garagem, você tem que se preocupar com o lado burocrático da carreira musical. Mas aviso: o amor pela música tem que ser a força motriz. Sobreviver de música e desfrutar de uma experiência de vida maravilhosa será uma consequência natural se você aceitar os grandes sacrifícios dessa profissão.

O Freakeys foi lançado há alguns anos e representa muito do meu perfil musical àquela época. Ainda fico surpreso e muito honrado pela forma como as pessoas tratam esse disco, porque foi um desafio, tanto para compor quanto para gravar! Quando finalmente ficou pronto e começaram a surgir os primeiros convites para shows, juro que pensei “que merda, agora terei de tirar e ensaiar tudo isso...” Gravar é uma coisa meio “atemporal”. Grava-se uma ideia em um dia, um solo no outro, se não ficou bom edita-se, regrava-se… Depois vem o desafio de reproduzir essas músicas ao vivo. E conseguimos! Todas as etapas foram cumpridas! As pessoas continuam pedindo pelas músicas do Freakeys nos workshops.

‘ ‘ ‘‘ 45 / Março / 2014


SOBRE SUA AULAS

SOBRE AS TURNÊS

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Não existe uma situação igual à outra quando se é um músico na estrada, mesmo que às vezes bata aquele saudosismo natural de voltar àquele palco ou àquela cidade especificamente, por alguma boa lembrança ou curiosidade… Para mim, o mais legal de estar em turnê é que cada dia oferece uma novidade, um desafio, uma expedição ao desconhecido. Só que para essa vida cigana há um preço. Além do desgaste físico pela falta de regularidade de horários para se comer e dormir, o maior sacrifício é que existe um porto seguro chamado lar e nem sempre é possível controlar quando se está aportado… Às vezes dá muita saudade de estar em casa. E o contrário também: dois finais de semana seguidos sem pegar a estrada bate aquela situação depressiva! A gente acaba se acostumando com essa falta de controle do destino.

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Dou aulas à minha maneira. Não tenho nenhuma formação acadêmica e não gosto muito como as coisas são ensinadas "academicamente". Para mim, como o próprio nome diz, conservatório é muita conserva. Eles ensinam a história da música e as suas escolas, ensinam a ler as bolinhas, mil técnicas, mas se esquecem de coisas importantes, como as necessidades atuais do músico, de como é feita a leitura, como se solda um cabo ou se monta uma banda e como se ganha dinheiro. Desses assuntos a escola esquece. Como a estrada foi e é a minha escola, é sobre isso que prefiro ensinar. Além da abordagem musical em geral, gosto de ensinar técnicas de sequência, programação de sintetizadores, técnicas para a melhor utilização do equipamento ao vivo, de gravação, composição, etc. Um tecladista tem que fazer desde o hammond até a flautinha como arranjo numa determinada música. Faz parte do nosso trabalho ser uma orquestra. Enfim, gosto que os meus alunos caiam na estrada como homens, e não como meninos com medo de errar.

SAIBA MAIS SOBRE FÁBIO LAGUNA:

my space

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Fotos: Divulgação

Fábio Laguna é tecladista da Banda Lince desde o ano passado.


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