Revista Keyboard Brasil 2015 número 18

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Maestro Osvaldo Colarusso: Lembranças pessoais do muro de Berlim: Schoenberg e a tampa de privada!

Acerte na escolha do teclado ideal! Dicas do especialista de produtos da Roland, Daniel Baaran.

PLÁGIO: a polêmica na música! Influência musical e apropriação indébita = uma diferença sutil!

450 anos do Rio de Janeiro: A música clássica invade a Cidade Maravilhosa em 2015!

Maurício Pedrosa: O talento musical do tecladista paulistano!

ESPECIAL 80 anos!

Revista

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Keyboard ANO 3 :: 2015 :: nº 18 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil




Índice

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08

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SUAS COMPRAS: Cds, DVDs e Livros

MATÉRIA DE CAPA: Elvis 80 Anos!

ESPECIALISTA: Por Daniel Baaran

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FALANDO SOBRE NOSSA MÚSICA: parte 17, por Heloísa Fagundes

RECORDAÇÕES: Lembranças pessoais do muro de Berlim

DIVULGAÇÃO: Maurício Pedrosa

59 DICA TÉCNICA: Parte 9, por Mateus Schanoski

Expediente

Janeiro/2015

40 PONTO DE ENCONTRO: Por Luiz Bersou

56 COMEMORAÇÃO: Música Clássica nos 450 do Rio de Janeiro

60 EM DEBATE: Plágio, inspiração ou pura coincidência?

Revista

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Keyboard Brasil

Editora Musical

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor e Editor executivo: maestro Marcelo D. Fagundes / Chefe de Redação e Design: Heloísa C. G. Fagundes Caricaturas: André Luíz Silva Santos / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical. 04 / Revista Keyboard Brasil


Espaço do Leitor Uma das grandes alegrias da vida é ter o trabalho reconhecido por quem entende do assunto. Obrigado Keyboard Editora Musical / Editora Keyboard pela matéria falando do meu EP “Song For J.B.”, lançado recentemente. Muito legal estar nas páginas de uma das principais publicações sobre piano e teclado aqui do Brasil. Gracias Heloísa Fagundes e Mateus Schanoski!

Editorial Heloísa Fagundes - Publisher

Luciano Leães – via facebook. Olá, meu nome é Hernani e há aproximadamente um ano comprei a coleção do curso de piano popular. Agora estou estudando o segundo volume e estou adorando o curso. Desde já agradeço a atenção de vocês! Atenciosamente. Hernani Kaiser São Paulo, Capital – via e-mail. Belo texto sobre as canções natalinas! Adorei as músicas! Pâmela Rufino da Silva – via e-mail Gostaria de dizer que meus amigos não perdem uma publicação, baixam todo mês. Nós, músicos, precisávamos de uma revista de nível como é o caso da Revista Keyboard Brasil! Adalberto Fattore Andrade – via e-mail Adorei a entrevista. Kitaro é sensacional! Parabéns à Revista Keyboard Brasil pela excelente publicação! Vanda Cosloski – via e-mail Olá Maestro Marcelo Fagundes, me chamo Hugo Leare e toco piano eletrônico. Já estudei alguns dos seus livros como: Todos os quatro de Piano popular, Técnica de Acompanhamento e um pouco de Canto. Todos são excelentes e de fácil entendimento. Obrigado!

Começamos 2015 em grande festa!!! Janeiro é o mês de aniversário de nascimento do Rei do Rock. Se Elvis estivesse vivo, completaria 80 anos!!! Por isso, fizemos uma edição especial para nossos leitores. Já que, além de guitarrista e acordeonista, Elvis também era pianista! Estamos felizes com os resultados de nosso trabalho: conquistamos novos colaboradores. Presente para você, nosso leitor, que preza pelo conteúdo de excelência. Esse mês, apresentamos Daniel Baaran (especialista de produtos da Roland), com uma matéria bem interessante, para que não haja dúvidas na escolha de um teclado na hora da compra. E, músico, queremos divulgar seu trabalho! Continue mandando seu material e seja visto por mais de 250 mil leitores! Que 2015 possamos continuar colhendo bons frutos! Obrigada anunciantes, colaboradores, leitores e funcionários. E não esqueçam: continuem acessando os vídeos, comentando e curtindo as matérias. Isso é muito importante para nós!

AVISO: Ao serem sorteados, nossos leitores terão 5 dias para entrar em contato com nossa central de atendimento. Passado a data, sortearemos outro leitor.

Hugo Leare – via e-mail.

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Suas Compras

Vale tudo - o som e a furia de tim maia (Edicao de bolso) Autor: Nelson Motta Editora: Ponto de Leitura 448 páginas Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia é um livro biográfico que conta a história de Tim Maia, desde sua infância e juventude, no bairro carioca da Tijuca, sua ida conturbada aos Estados Unidos, onde foi preso e deportado por roubo e porte de drogas, até destacar-se pelo pioneirismo em trazer para a MPB o estilo Soul de cantar. Como raros artistas brasileiros, Tim sempre fez apenas o que queria, com quem e quando queria, do jeito que queria. E pagou o preço da sua liberdade e independência com inúmeras brigas e processos judiciais com gravadoras e empresários, se tornando um dos primeiros músicos brasileiros a ter sua própria gravadora e controle total de sua carreira. Com sua voz grave e carregada, tornou-se um dos grandes nomes da música brasileira, conquistando grande vendagem e consagrando sucessos, lembrados até hoje, pelo grande público.

06 / Revista Keyboard Brasil


os reis da voz Autor: Ronaldo Conde Aguiar Editora: Casa da Palavra 368 páginas No livro Os Reis da Voz, você acompanha as trajetórias dos cantores de maior sucesso da música brasileira das décadas de 1940 e 1950, a conhecida Era de Ouro. Por trás das mais belas canções de Francisco Alves, Mário Reis, Jorge Goulart, Orlando Silva, Cauby Peixoto, Carlos Galhardo, Vicente Celestino, Tito Madi, Nelson Gonçalves, Cyro Monteiro, Sílvio Caldas, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Germano Mathias e Moreira da Silva, escondem-se grandes histórias de homens que se dedicaram a uma paixão em comum: a música. Além de reunir um pouco da vida desses grandes nomes, o livro traz, também, um CD com interpretações únicas de canções das quais, com certeza, você se lembrará e se emocionará.

sob a batuta de chailly, freire toca beethoven Gravadora: Decca/Universal O pianista mineiro Nelson Freire tinha apenas doze anos quando tocou pela primeira vez o Concerto para Piano nº 5, também conhecido como Imperador (epíteto que saiu da pena de um editor inglês, e não do próprio Beethoven), uma das últimas obras do compositor polonês Ludwig Van Beethoven (1770 - 1887). Decorridos quase seis décadas e já aclamado mundialmente no universo da música clássica, Nelson Freire registra o concerto em disco que também traz gravação da Piano Sonata nº 32 in C minor, op. 111, outra das derradeiras obras do genial Beethoven. No álbum, lançado em escala mundial pela gravadora Decca, Freire toca os dois temas - o último concerto e a última sonata de Beethoven – ao lado da orquestra Gewandhaus, de Leipzig, sob a regência do maestro italiano Riccardo Chailly. Revista Keyboard Brasil / 07


MatĂŠria de Capa

elvis presley

ESPECIAL 80 anos! 08 / Revista Keyboard Brasil


CONSIDERADO, OFICIALMENTE, O ARTISTA DO SÉCULO, ELVIS PRESLEY INFLUENCIOU NOMES COMO BEATLES, JIM MORRISON, BING CROSBY, ELTON JOHN, PAUL SIMON, ROD STEWART, BUDDY HOLLY, BOB DYLAN, BRUCE SPRINGSTEEN, ROLLING STONES, NIRVANA, RAUL SEIXAS, RITA LEE, ROBERTO CARLOS E MUITOS OUTROS. NO MÊS EM QUE COMPLETARIA 80 ANOS, A REVISTA KEYBOARD BRASIL PRESTA UMA JUSTA HOMENAGEM RELEMBRANDO A TRAJETÓRIA DO REI DO ROCK'N ROLL. * Marina Ribeiro e Marcelo Fagundes

Revista Keyboard Brasil / 09


linha do tempo

10 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 11


Elvis durante uma sessão de gravação no estúdio RCA, em Nashville, quando recebe seu primeiro disco de ouro, pela venda de um milhão de cópias por ‘‘Heartbreak Hotel’’, em 14 de abril de 1956.

12 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 13


o mito de alma negra Paul McCartney cresceu admirando Elvis:

Segundo os maiores críticos de música, não há e nunca houve alguém como Elvis Presley. Um

vários concorrentes, mas um só rei”, Bruce

caipira americano de voz belíssima que

Springsteen concluiu certa vez.

adorava a música dos negros, que não

O sucesso de Elvis também esteve diretamente ligado ao fato de adorar o que fazia. Gravou seu

tocava nas rádios brancas, Elvis Presley botou o preto no branco misturando o country com o Rhythm & Blues. Não é possível explicar por que Elvis virou um ídolo, trata-se de carisma. As pessoas gostaram dele mesmo antes de ver seu rosto, ainda na Era do Rádio. Ao aparecer nos programas de televisão, enlouqueceu a juventude com aquele estilo iniciado por nomes como Chuck Berry e Bill Halley.

Era o homem certo no momento certo: bonito, talentoso e carismático, foi ele quem apresentou o rock ao mundo. Mais importante: era branco e, por isso, aceitável para a América preconceituosa dos anos 50. “Eu agradeço a Deus por Elvis Presley”, disse o negro Little Richard, um dos grandes pioneiros do rock. “Ele abriu as portas para muitos de nós.” Considerado, oficialmente, o artista do século, Elvis influenciou nomes como: Beatles, Jim Morrison, Bing Crosby, Elton John, Paul Simon, Michael Jackson, Rod Stewart, Buddy Holly, Bob Dylan, Bruce Springsteen, Rolling Stones, além de brasileiros como Raul Seixas, Rita Lee, Roberto Carlos, entre muitos outros. John Lennon afirmava: “Se não tivesse havido um Elvis Presley, jamais teria havido um Beatle”. 14 / Revista Keyboard Brasil

“Elvis era tudo o que eu queria ser”. “Houve

primeiro single aos 18 anos e só parou de cantar já adoentado, semanas antes de falecer, em 1977. Em um de seus mais belos discursos disse, em 1971: ”Eu gostaria de dizer que eu aprendi, muito cedo na vida, que sem a música o dia nunca terminaria, sem a música o homem não tem amigos, sem a música a estrada nunca teria uma curva... Então eu continuarei cantando a música”. Segundo consta, Elvis vendeu mais de 2 bilhões de álbuns, compactos e CD's ao redor do mundo, desde 1954. É como se um em cada sete habitantes do planeta tivesse um disco dele. Elvis também é o recordista de músicas no top 100 da parada americana (149 canções) e de pessoas assistindo a um evento de rock pela TV (seu concerto Aloha from Hawaii, em 1973, teve audiência estimada em 1,5 bilhão de pessoas). Mesmo depois de seu falecimento, Elvis continuou movimentando multidões. Estimam-se em 65 mil o número de imitadores do rei ao redor do mundo, e mais de 600 mil pessoas visitam anualmente Graceland – a casa onde ele morou durante 20 anos. E, assim, o público se rendeu a Elvis, um homem adorado pelas multidões e talentoso, acima de tudo.


sua influência na sociedade americana de 1950 Década de extremos. Por um lado, a euforia do final da II Guerra Mundial. A economia recupera-se, as políticas tem por objetivo gerar o consumo. De tudo se produz em demasia, desde bebês até carros, casas, eletrônicos. A população muda-se para os subúrbios, constrói-se uma casa a cada 16 minutos. Os carros são necessários para levar os trabalhadores do subúrbio para a cidade. Rodovias são construídas. A televisão chega a 90% dos lares. Armados com os recém inventados cartões de crédito os americanos consomem, imbuídos em manter a economia aquecida. A vitória na guerra, por outro lado, não gerou toda a paz desejada. No âmago desta sociedade progressista e, aparentemente feliz, residia o medo. Amedrontados pelo comunismo que tomava o poder em países de grande extensão como a Rússia e a China, os Estados Unidos estavam longe de dormir tranquilos. Insufladas pelos pensamentos anti-comunistas, as políticas ditas macartistas vigiavam o cidadão, especialmente grupos minoritários, como os afroamericanos. A cor da pele parecida definir a orientação política. A religião servia como suporte: comunistas são ateus, os Estados Unidos são religiosos. Fugir a este padrão poderia significar perseguição política, perda de emprego, ruína social. Neste contexto, surge uma nova classe: os adolescentes. Até a geração anterior, os jovens tinham que trabalhar para garantir seu sustento. Esta era a primeira

Elvis aos 23 anos de idade, conforta a mãe Gladys, ao lado de seu pai Vernon. A cena aconteceu em sua casa, na cidade de Memphis, na véspera de seu ingresso para o exército.

Elvis também era pianista, embora vê-lo tocando profissionalmente fosse raro. Em sua última turnê, em 1977- ano de sua morte, tocou Unchained Melody ao vivo notavelmente ao piano. Revista Keyboard Brasil / 15


Em uma de suas primeiras apresentações na TV – no programa de Ed Sullivan, em 1956 – as câmeras o filmaram apenas da cintura para cima, sem mostrar aquele quadril que teimava em rebolar. Por sua maneira extravagante e ousada de dançar, o rei ficou conhecido como Elvis, The Pelvis. 16 / Revista Keyboard Brasil


Nenhuma remissão sobre seu monstruoso talento me parece tão perfeita quanto a do historiador Pablo Aluísio, ao comentar um dueto do Rei com Frank Sinatra, na década de 60: “Elvis simplesmente estraçalha Sinatra, que chega ao ponto de satirizar a letra de 'Love me Tender' e tenta, em vão, boicotar o seu próprio dueto com o astro. Depois disso, Sinatra nunca mais o chamou para um dueto, por ser muito egocêntrico e não gostar nada de ficar na sombra. Mas, também, com Elvis ao lado, coitado, ele simplesmente desapareceu!” Revista Keyboard Brasil / 17


geração que ganhava dinheiro com facilidade, trabalhando meio período, cortando grama dos vizinhos, recebendo mesada dos pais. Este dinheiro era para uso pessoal, para sua própria diversão. Eles consumiam roupas, música. Discos. O rádio tornou-se móvel. Tinham seus radinhos de pilha que levavam para aonde fossem. Ouviam a música que queriam, longe da influência e vigilância dos pais.

Estes jovens começam a questionar a sociedade em que vivem. A literatura inaugura uma corrente de rebeldia, o movimento beatnik. O cinema personifica o rebelde através de Marlon Brando e James Dean, com suas gangues, blusões de couro, camisetas e jeans. E a música não poderia ficar atrás. A revolução musical tem um agravante: a segregação racial. Os ritmos que atraíam a juventude, Jazz e Rhythm & Blues, eram contagiantes, mas eram negros. Surge o Rock'n'Roll, uma sonoridade nova, híbrida de Gospel, Blues, Country, Boogie e Jazz adicionados da guitarra elétrica. O

Rock encantava a juventude branca dos Estados Unidos, popularizado pelo rádio através de Alan Freed, Chuck Berry, Little Richard e Bill Halley. Algumas bandas de cantores brancos faziam tentativas com o novo ritmo, porém economizavam na sensualidade, amarrados pelo padrão conservador e moralista do americano médio. Sam Philips, diretor da gravadora Sun, buscava um branco que cantasse como negro. Ele previa que, se achasse esta pessoa, 18 / Revista Keyboard Brasil

ganharia um milhão de dólares. Neste momento, um caminhão passava em frente a gravadora. E passava novamente como se a estivesse circulando. O motorista era um rapaz de 21 anos, branco. Tudo o que ele queria era gravar um disco, pagando US$ 4. Mas este disco acabou por mudar a vida do rapaz, da gravadora, a minha e a sua. O motorista virou rei. Elvis Presley, o Rei do Rock.

Elvis Presley tinha a voz, o swing e a coragem de entregar-se àquela nova sonoridade. Se a música já incomodava a conservadora e religiosa América dos anos 50, Elvis, além de cruzar a fronteira racial, dançava com a sensualidade que os adultos consideravam exagerada. Mais ou menos como acontece com o funk hoje, diziam que o rock superestimulava a libido do adolescente. Não era música para a família. Era coisa de preto e pobre. Era a música rebelde que expressava a atitude da juventude. O moço branquinho, olhos azuis, carinha de anjo, ar de inocente, entrou como um tufão e subverteu os padrões. E, por que dançar desta forma? Elvis, ao contrário de vários outros ídolos da época (como Pat Boone, por exemplo), nunca renegou a origem de sua música. “O que eu faço não é novidade”, disse. “Os negros vêm cantando e dançando dessa forma há muito tempo.” Era uma mistura de sensualidade e bom-mocismo que confundia. Encantava as mulheres que não sabiam ao certo se o queriam como amante ou como filho. Era um rebelde, mas serviu ao exército como


um bom cidadão americano. Os amigos gostavam dele, era gentil. Estimulava os iniciantes. E, depois dele, tudo mudou. A música, o jeito de cantar, o comportamento, as roupas. Com seu carisma e talento influenciou músicos americanos e do mundo. A década de 50 foi inovadora e a carreira de Elvis ficou sujeita e fez uso de todas estas novidades. Surgia a cultura de massa, disseminada através da televisão, que colocou o cantor na sala de estar de todas aquelas casas construídas nos subúrbios, ainda que apenas da cintura

para cima, a fim de proteger os padrões morais. Não só a televisão mas, também, o cinema foi exaustivamente utilizado. Ainda que controversa, esta foi uma abordagem de marketing pioneira: uso da cultura de massa, da imagem, criação de objetos, venda de fotos. Seu empresário de toda a vida, Coronel Parker, utilizou toda e qualquer oportunidade para monetizar a carreira de Elvis.

Elvis Presley rompeu fronteiras, abriu portas que nunca mais puderam ser fechadas. Fez mudar a história.

Revista Keyboard Brasil / 19


E o Million Dollar Quartet Million Dollar Quartet é como ficou conhecido o encontro musical

entre Elvis Presley, Carl Perkins, Jerry Lee Lewis e Johnny Cash, em 4 de Dezembro de 1956, nos estúdios da Sun Records. Esse encontro se deu de forma descontraída se tornando uma “jam session”. As canções dessa “Jam” foram lançadas algumas vezes. Naquele dia, Carl Perkins veio para o estúdio com o intuito de escolher algumas músicas para seu novo disco. Sam Philips pediu a seu mais recente contratado, Jerry Lee Lewis, para que viesse aos estúdios a fim de tocar o piano na gravação das músicas de Perkins. Johnny Cash já se encontrava nos

20 / Revista Keyboard Brasil

estúdios quando o ex-artista da Sun Records, Elvis Presley surgiu para ouvir a gravação de Perkins da sala de controle. Mais tarde, Presley (vocal e piano), Perkins (violão e vocal), Lewis (piano e vocal) e Cash (vocal) improvisaram canções country e gospel. Felizmente, o engenheiro de som inteligentemente decidiu deixar a fita correr em toda a sessão.


e o Coronel Tom Parker “Você faz o seu trabalho e eu faço o meu”. Era a filosofia do Coronel Tom

Parker, o homem que empresariou Elvis durante praticamente toda a carreira. O holandês de passado nebuloso, é um enigma. É considerado desde gênio até psicopata. Nascido Andreas Cornelius van Kuijk, veio para os Estados Unidos com 18 anos. Iniciou sua carreira de empresário no final dos anos 40, agenciando o cantor country Eddie Arnold, Minnie Pearl e Hank Snow. Tornou-se agente de Elvis em 1955.

Há quem argumente que ele foi responsável pelo sucesso de Elvis e por mantê-lo tanto tempo na mídia. Sua genialidade teria ajudado a criar o patrimônio que até hoje rende frutos. Segundo alguns historiadores, a relação dos dois era profissional, sem nenhuma intimidade, e suas conversas eram restritas aos assuntos da carreira de Elvis. Acreditam que o sucesso do Rei do Rock deveu-se ao feliz encontro do talento incomum de Elvis com a genialidade do Coronel.

não estimular, apoiar seu cliente, estabeleceu com ele uma relação doentia, baseada em maus tratos, além de ter ignorado o consumo crescente das drogas lícitas. Elvis teria sido um prisioneiro emocional do Coronel, da sua ganância e das suas enormes dívidas de jogo.

Nunca foi realizado um show de Elvis fora dos Estados Unidos. Isto teria acontecido porque o Coronel Tom Parker não poderia sair do país, por ser procurado pela justiça. Ele estaria envolvido no assassinato de uma mulher, e este teria sido o motivo de sua saída da Holanda. Mas estas são conjecturas, nada se sabe de concreto. Depois da morte de Elvis, o Coronel passou a promover o Hotel Hilton em Las Vegas. Faleceu em 1997, aos 87 anos.

Os críticos, porém, afirmam que ele aproveitou-se de Elvis, seu único cliente, cobrando percentuais abusivos - enquanto a média era de 10%, o Coronel chegou a receber 50% dos ganhos do cantor. Exigia demais, agendando dois shows na mesma noite e superexpondo a imagem de Elvis nos sucessivos filmes - foram mais de 30. Acham que o Coronel, além de Revista Keyboard Brasil / 21


22 / Revista Keyboard Brasil


Quem foi Luíz Bonfá? Poucos lembram que Luiz Bonfá foi o único compositor brasileiro a ter uma música gravada pelo “rei do rock”. O autor de Manhã de Carnaval, uma das músicas brasileiras mais gravadas no mundo, construiu a sua própria realidade e foi apresentado a Elvis pela atriz Ava Gardner, em 1967. Elvis precisava de alguém que musicasse versos de Ringo Starr. Ava lembrou de Bonfá, que, na época, trabalhava na gravadora MGM. Segundo Bonfá, Ava disse: “Tem um garoto aí que está querendo que você faça uma música para um filme”. Ele topou. Bonfá não teve dificuldades para compor. Pegou o violão e fez a música de uma só tacada. Assim nasceu Almost in Love, da trilha sonora do filme “Live a Little, Love a Little”, estrelado por Elvis. Só faltava gravar. Com as agendas dos dois lotadas, o encontro demorou três meses para acontecer – Elvis na voz e na guitarra e Bonfá, no violão. E o Brasil passou a ter uma música na voz de Elvis Presley.

Revista Keyboard Brasil / 23


E a década de 1960, sua sensacional volta aos palcos e o ano de 1977. A década de sessenta na carreira de

chamado simplesmente de “Elvis”, foi

Elvis Presley foi marcada pela super-

gravado entre 27 e 30 de junho e também

exploração do mito, forçado a gravar cada

pode ser encontrado pelo nome “The 68

vez mais músicas, nem sempre primando

Special” ou “68 Comeback”. Apesar das ótimas criticas e do sucesso conseguido, Elvis não conseguiu renovar seu contrato cinematográfico, que foi encerrado em 1969. Elvis estava mais do que frustrado com a forma com que Hollywood encarava sua carreira de ator. Uma vez terminado o contrato, Elvis só queria saber de uma coisa: tocar ao vivo novamente. Elvis, então, acertou um contrato milionário e sua sensacional volta aos palcos aconteceu em Las Vegas, no ano de 1969, ao inaugurar um cassino dentro do recém construído International Hotel. Muito nervoso para sua volta aos shows, Elvis reuniu uma banda de peso que continha nomes consagrados como James Burton guitarrista que antes tocava para Ricky Nelson, orquestra (conduzida por Bobby Morris) e cantores (as) de gospel The Imperials e The Sweet Inspirations. Para

pela qualidade, ao mesmo tempo que lançava filmes e compilações de seus maiores sucessos. A voz de Elvis Presley continuava soberba e sua dedicação a cada trabalho que levava o seu nome era total. Apenas não se tratava mais de rock 'n' roll,

Elvis estava claramente fora do que estava acontecendo na música contemporânea. Seu material agora estava direcionado aos pais e não mais aos filhos e filhas. Por isso, artisticamente, Elvis havia morrido como uma figura representativa para o jovem. E isto ficou ainda mais óbvio após a chegada à América do fenômeno Beatles e toda a invasão Britânica que se seguiu. Em 1968, depois de uma interrupção de quase sete anos, Elvis fez um especial para a rede de televisão NBC, uma apresentação filmada do que pode ser considerado o que há de melhor do rock/rockabilly. Nela, Elvis trouxe de volta sua antiga banda com Scotty Moore e DJ Fontana (porém, Bill Black já havia falecido) juntamente com outros músicos profissionais, enquanto Elvis tocava violão fazendo o que hoje costuma se chamar de show acústico. O filme, 24 / Revista Keyboard Brasil

a noite, Elvis surgiu usando pela primeira vez, as jumpsuits criadas por Bill Bellew e, sua marca na década de 70. A primeira temporada no International Hotel rendeu o primeiro álbum ao vivo de Elvis, “Elvis in Person at the International Hotel.” E, em setembro deste ano, a canção Suspicious Minds, primeiro hit desde 1962 tornou-se o último grande sucesso na parada.


Embora tenha morrido em 1977, Presley permanece um dos artistas mais vendidos de todos os tempos, ainda fazendo jus ao título de “Rei do Rock and Roll”, concedido igualmente por músicos e fãs. Revista Keyboard Brasil / 25


Após uma série de apresentações

Vietnã do Sul, Japão, Tailândia e Filipinas.

no Texas, em 1970, Elvis seguiu com uma

Um vídeo do show mais tarde seria

pequena excursão em nove cidades – tudo

apresentado em diversos países da

filmado – para apresentar alguns

Europa, assim como também, dentro dos

momentos no filme “Elvis - That's The

demais Estados dos Estados Unidos. Este,

Way It Is”. Depois de uma pausa para

para muitos é o último grande momento

gravações em Nashville, Elvis voltou a

de Elvis, ainda em boa forma. Em 1973, após seguir para outra sequência de mini excursões pela América, Elvis foi hospitalizado com problemas na pleura, colo, hepatite e pneumonia. Sua dependência por

excursionar por oito cidades, retornando para outra temporada de um mês em Las Vegas, novamente no International Hotel (denominado The Las Vegas Hilton International Hotel em 1971). Para

aguentar a maratona de shows e gravações, Elvis passou a consumir avidamente medicamentos como antidepressivos, analgésicos, moderadores de apetite e anfetaminas. Elvis já não lembrava em nada a figura de anos atrás. E, em 1971, foi diagnosticado com glaucoma. Porém, continuava a receber troféus e placas em homenagem aos seus feitos e sua importância para a indústria fonográfica e indústria de entretenimento em geral. Suas temporadas em Las Vegas atraem mais público para a cidade e quebram seguidos recordes de audiência com shows constantemente lotados. Em 1972, após o divórcio de Priscilla Presley, Elvis passa a morar com Linda Thompson. O ano foi encerrado com o rei se apresentando em Honolulu onde, em janeiro do ano seguinte, voltou a se apresentar. Desta vez, o show foi transmitido via satélite – ao vivo – para todo o Havaí, Austrália, Coreia do Sul,

medicamentos aumentou em proporções perigosas. Sua rotina passou a ser excursões, temporadas em Las Vegas, sessões de gravações em Nashville e passagens por hospitais por problemas relativos a abusos com medicação. Em novembro de 1976, Linda Thompson deixou o Rei, que a substitui pela jovem Ginger Alden. E, as excursões seguem. O ano de 1977 iniciou no mesmo ritmo de sempre, com pausa entre excursões para temporadas em hospitais. E, em 16 de agosto de 1977, às vésperas de retornar aos show marcados, Elvis Presley foi encontrado morto no banheiro de sua casa, em Graceland, vítima de um ataque cardíaco. A necrópsia revelou a ingestão de oito ou mais drogas lícitas (entre elas morfina, valium e valmid), responsáveis por sua morte. Ao redor do mundo as manchetes principais em praticamente todos os jornais registravam o fato “o Rei Morreu”.

Acesse o site oficial do Rei 26 / Revista Keyboard Brasil


Blues Suede Shoes Música e letra: Carl Lee Perkins Transcrição: Maestro Marcelo Fagundes

Rock’n’Roll

h = 80 ( q q = q

3

e

)

* Solicite o arranjo completo contato@keyboard.art.br *Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (Associação Brasileira de Música). * Marina Ribeiro é profissional de marketing, atua em comunicação digital e ecommerce. Mantém uma loja virtual de roupas infantis e escreve por prazer. Geminiana, seu maior desafio é manter o foco. Revista Keyboard Brasil / 27


Especialista

Qual o melhor

TECLADO

do mundo?

SAIBA QUAIS PERGUNTAS FAZER A SI MESMO E ACERTE NA ESCOLHA!

Foto: Arquivo Pessoal

* Daniel Baaran

O especialista de produtos da Roland, Daniel Baaran: nosso novo colaborador! 28 / Revista Keyboard Brasil

Trabalhei muitos anos na Rua Teodoro Sampaio, em um dos maiores centros comerciais do ramo da música no Brasil. Sempre me deparava com a pergunta: ‘‘Qual o melhor teclado do mundo?’’. E, eu sempre tinha a marca e o modelo na ponta da língua... Algumas pessoas concordavam e sorriam. Outras, por sua vez, tinham inúmeros argumentos para provar que eu estava errado e que o “melhor teclado do mundo” era aquele que defendiam com unhas e dentes. Com o passar do tempo, fui aprendendo que há muitas coisas que influenciam em nossas decisões e gostos e, que o melhor para mim não é, necessariamente, o melhor para outras pessoas

e, que a minha criação e as pessoas que me influenciaram fazem parte dessa decisão. Percebi que para chegar no melhor teclado para aquela pessoa, era necessário fazer algumas “perguntas chave” que me trouxessem uma resposta de acordo com o que se procurava. Então, eu perguntava o que a pessoa gostava de ouvir, que banda fazia parte de sua formação musical, qual era a sua “escola”, qual estilo preferido, se iria tocar sozinho ou com banda, se era em uma igreja ou show de rock. Cada

resposta me mostrava um caminho para se chegar ao teclado ideal. Isso a faria achar que estava comprando o “melhor teclado do mundo”.


QUEM DECIDE O QUE É MELHOR? A TELEVISÃO? SEUS AMIGOS? QUEM DECIDE O QUE É BONITO? UM ESTILISTA? Na verdade, cada detalhe na nossa vida e vivência vai nos mostrar o que gostamos. Toda essa conversa talvez tenha te deixado mais confuso na escolha do teclado ideal para comprar, não é? Hoje vou mostrar um pouco do mapa que eu tinha em minha cabeça quando pensava nas necessidades do meu cliente. Isso pode ajudar você a achar o seu teclado ideal, fazendo de sua compra mais tranquila e precisa. Primeiramente, gostaria de falar que os teclados estão divididos em várias categorias e que isso define se vai atender ou não suas necessidades. Em segundo lugar, dentro dessas categorias, existe outras sub-categorias. Por exemplo: Você tem um teclado arranjador mais barato e acessível e, é claro que ele será mais simples e, na mesma categoria de arranjadores, você encontra um meio termo e um que vai ser mais completo, acarretando em um investimento maior também. As principais perguntas que você tem que fazer a si mesmo são: 1- Quanto quero investir? (Uma dica: teclado é um instrumento caro e se o investimento for baixo pode ser que ele não atenda sua necessidades e pode te desanimar com o tempo). 2- Vou tocar sozinho ou com alguma banda? 3- Vou transportar muito esse instrumento? A seguir, vou falar um pouco sobre as diversas categorias de teclados existentes:

Revista Keyboard Brasil / 29


TECLADOS arranjadores

Teclado arranjador Roland BK-3 - Ampla variedade de sons e ritmos internos; - Reproduz faixas de acompanhamento e ritmo através de memória USB; - Fácil gravação de áudio; - Roland Wireless Connect para Iphone e Ipad; Saiba mais...

Teclado arranjador Yamaha PSR-S650 - Expansibilidade de Vozes (Voice Expansion); - Tecnologia "MegaVoice"; - Ampla seleção de vozes e estilos; - Scale Tuning; Saiba mais...

Teclado arranjador Korg PA 300 - 128 vozes e osciladores; - Cartão de memória USB; - Mecanismo de som Enhanced RX; - Display TFT TouchView colorido de 5"; Saiba mais...

30 / Revista Keyboard Brasil


Os arranjadores tem a fama de serem usados apenas para músicas como, por exemplo, o forró ou sertanejo. Na

verdade, os arranjadores são verdadeiras orquestras na palma de suas mãos. Eu mesmo tinha muito preconceito contra os arranjadores até descobrir qual a real funcionalidade. O principal conceito do arranjador é o de “Backing Keyboard”. Ou seja, ele te dá todo suporte necessário – com ou sem uma banda – com as funções de introdução, variações e viradas, permitindo que você consiga tocar uma música completa sozinho. As principais características de um arranjador é que eles possuem ritmos, alto

falantes, teclas leves e, geralmente, são portáteis. Hoje, com a tecnologia bem avançada, temos controladores com uma grande qualidade sonora e ritmos cada vez mais parecidos com as músicas do nosso dia a dia e da atualidade. Se você está começando, ele é uma ótima opção, pois não depende de um sistema de som externo. Além de ser leve e fácil de transportar, possui acompanhamentos, o que ajuda no estudo de prática com bandas. Também é indicado para quem quer tocar sozinho, em casamentos, em casa, como um hobby, ou até profissionalmente. Sem esquecer que, atualmente, os arranjadores possuem uma qualidade sonora altíssima.

PIANOS digitais

Piano digital Roland HP 504 - Alcance novos níveis de inspiração para a criatividade e aprendizado; - Desfrute do som sofisticado de um autêntico piano de cauda com o piano supernatural; - Explore uma grandiosa gama de expressão dinâmica; - Personalize o som de modo a se adaptar ao seu estilo de tocar ou sala viva; Saiba mais...

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Piano digital Yamaha Clavinova - Capaz de reproduzir as intenções originais do músico; - Além das qualidades de desempenho de alto nível, características especiais são fornecidas como guia de acompanhamento automático e Karaokê; - Acesso direto à Internet permitindo seleção a partir de uma ampla série de canções interativas; Saiba mais...

Piano digital Korg SP 280 BK - Ricos e dinâmicos sons de piano acústico; - Autênticos sons de piano elétrico vintage; - Seção de amplificador de alta saída para produção de muito volume; - Design leve que facilita o transporte; - Saída de áudio em estéreo, para tocar com fontes de áudio externas; Saiba mais...

Os pianos digitais são uma cópia fiel dos melhores pianos do mundo. Certo dia, um cliente tocou em um piano digital de alta qualidade na loja em que eu trabalhava e, após ter tocado, disse: “É bom, mas não parece piano de verdade”. Eu lhe perguntei qual piano ele estava comparando com o que ele havia tocado. Ele respondeu que era o da avó dele. Realmente, o piano digital não vai parecer com o da avó dele, porque o piano 32 / Revista Keyboard Brasil

da avó dele não é um piano ideal como um piano steinway & sons de R$ 880.000,00, ou um Yamaha C7 que custa mais de R$ 200.000,00, ou um Bosendorfer que chega a mais de 1 milhão de reais. O grande problema é que quem coloca sua opinião em alguns fóruns não tem muitos parâmetros de comparação. Os pianos digitais nunca conhecerão um envelhecimento de madeira ou oxidação de uma corda. Porém, eles trazem muitas vantagens como, por exemplo: transporte, não desafina, pode ser usado com fones de ouvido e tem uma


qualidade superior aos pianos acústicos na mesma faixa de preço. Outra vantagem é que hoje temos uma tecnologia chamada “Sampler”. O som do piano de antigamente é apenas uma imitação da forma de onda sonora de um piano acústico. Ou seja, o engenheiro possuía um equipamento que mostrava como a onda sonora de cada nota se comportava, depois ele imitava esta onda sonora e os seus respectivos harmônicos. Hoje, temos a possibilidade de gravar o som real do piano e colocar uma condicional em cada tecla para que esse som seja emitido. Ou seja, quando eu tocar a nota DÓ devagar, emitirá o som “01#lento”. Então, cada tecla terá uma wave em várias variações de altura e duração.

A tecnologia da Roland chamada Supernatural pode chegar em até mais de 100 níveis de sensibilidade em uma única tecla. Os sistemas de teclas também evoluíram com o tempo. Antes era uma mola que impulsionava a tecla de volta quando acionada. Hoje, temos pianos com martelos de resposta, assim como no piano acústico. Chegamos a perfeição de resposta em tecla com todos os detalhes que um piano possui. O público alvo dos pianos digitais são aqueles estudantes de piano popular e erudito que, geralmente, não tem condições e nem espaço para terem um piano acústico de qualidade em casa e, também, músicos profissionais que precisam de um bom som de piano. Porém, com mobilidade.

SINTETIZADORES Sintetizador Roland Juno Di - Sintetizador profissional com mais de mil sons; - Interface intuitiva e amigável; - Funcionamento a pilhas = total mobilidade; - Reprodução de arquivos mp3, WAV, AIFF e SMF diretamente do pen drive; - Entrada dedicada para microfone com Reverb e efeitos Vocoder; - Software editor para PC/Mac incluso; Saiba mais...

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Sintetizador Yamaha MOX-6 - 1.217 Vozes e 355 MB de formas de onda retirados do MOTIF XS; - Sistema de geração de timbres XA (articulação expandida); - Efeitos Virtual Circuitry Modeling (VCM); - Gravação Direct Performance; - Localizador de categorias fornece acesso instantâneo às vozes desejadas; - Sequenciador abrangente, incluindo gravação ‘‘step time’’ (uma nota por vez); - Interface interna para áudio USB / MIDI 4-in 2-out; - Integração avançada com PC; Saiba mais...

Sintetizador Korg PS-60 - Acesso instantâneo a seis categorias principais de sons: Piano, Piano Elétrico, Órgão, Cordas, Metais e Synths. - 440 timbres impecáveis, prontos para tocar, sons criados pelos renomados programadores da Korg; - Layout de painel frontal intuitivo com controles dedicados para as funções mais usadas; - Nove knobs dedicados proporcionam controle de modulação master, reverb/delay e efeitos de EQ em tempo real; - Software de edição permite que o PS60 funcione como um plug-in para sua DAW (AU, VST ou RTAS); Saiba mais...

Os sintetizadores são teclados focados em ter uma diversidade maior de sons conhecidos como “timbres”. No início dos sintetizadores, o objetivos era criar sons que não existiam. Essa experiência deu muito certo. Músicas como Jump, do Van Halen ou Sweet Dreams, marcaram história com sons únicos que, no início, se tratavam apenas 34 / Revista Keyboard Brasil

de circuitos eletrônicos gerando alguns ruídos bem diferentes. Hoje, é o grande carro chefe das vendas ao redor do mundo. Os sintetizadores são famosos por proporcionar uma grande versatilidade nos palcos, nas igrejas e nos estúdios. Atualmente, possui desde os sons criados a partir de circuitos, até sons perfeitos de


instrumentos acústicos como, por exemplo, pianos, violões, baterias, entre outros. Sendo o mais indicado para performances na igreja, detém 70% do mercado de instrumentos musicais.

A maioria dos músicos profissionais também optam pelos sintetizadores. Não importa se é em uma banda de garagem ou se toca para a Beyonce! Você, com certeza, usará um sintetizador.

CONTROLADORES Controlador Roland A-800 pro - 61 teclas com sensibilidade padrão desenvolvida pela Roland; - 45 controles assinaláveis: knobs, faders e transport; - 8 pads com sensibilidade para performances com bateria ou trigger MIDI; - Alavanca de picth bend e modulation; - Alimentação via cabo USB; - Três instrumentos virtuais inclusos; - Compatível com PC e MAC; Saiba mais...

Controlador Korg Microkey 37 - Teclado USB MIDI - fino, leve e alimentado por USB; - Mudança de oitava, para acesso à gama completa de notas MIDI; - Não é necessário instalar um driver, basta conectá-lo ao seu computador, e o microKEY já está pronto para uso; - Software de Edição gratuito; Saiba mais...

Revista Keyboard Brasil / 35


Como o próprio nome diz, os controladores foram feitos para controlar e, a grande pergunta é: Controlar o quê? Nos anos 90, era muito comum as grandes marcas de teclados lançarem os teclados e seus módulos. Os módulos eram os cérebros dos teclados. Na verdade, todo teclado é composto por um “módulo” que gera o som e as “teclas” que controlam esse módulo. Os estúdios, geralmente, tem um problema de espaço, e os módulos foram criados para ocupar pouco espaço, para que você possa usar um único controlador, controlando vários módulos. Hoje, com os computadores e tablets, os módulos ficaram obsoletos.

Então, os controladores agora possuem a função de controlar software e aplicativos, tanto via MIDI (Interface Digital para Instrumentos Musicais) quanto via USB. Os controladores estão melhores e com mais funções. Nos computadores, os chamados “software instruments” estão com um nível de qualidade excepcional, ganhando uma boa parte do mercado. Já os aplicativos, estão evoluindo a cada dia com a criação do iPad. Inúmeros músicos, inclusive eu, estão levando para seus ensaios e produções apenas um pequeno controlador e seu iPad. E, para quem ainda tem dúvida, ele dá conta sim!

WORSTATION

Woekstation Roland FA 06 - Workstation reinventado e desenvolvido para maximizar o seu fluxo criativo; - Intuitivo e com interface simples com um grande LCD colorido; - Mais de 2000 sons do módulo de som top de linha INTEGRA-7, incluindo timbres de sintetizador, timbres acústicos e de bateria SuperNATURAL; - Entradas para Guitarra/Microfone e Linha para performances, sampling e gravação de áudio em DAW; - Portas USB para dados de expansão de som, atualizações e para servir de interface áudio/MIDI com um computador; - Comunicação MIDI com iPad é possível através do uso do Apple Camera Connection Kit para iPad; Saiba mais... 36 / Revista Keyboard Brasil


Workstation Yamaha Motif XF Workstation Korg Kronos X

Fotos: Divulgação

- Dupla capacidade de Hard Disk SSD de 62 GB; - 12 efeitos de inserção; - Sequenciador de bordo; - Modo Set List; - Kronos Editor para computador / Plug-in Editor de software; - Compatibilidade USB adaptador Ethernet ; - Interface abrangente; Saiba mais...

- 741 MB de memória de Formas de Onda; - 7.881 tipos de arpejo, incluindo arpejos de finalização, bem como aqueles arpejos ao estilo de sintetizadores e sequenciadores vintage e Loops de Bateria/Percussão; - 128 MB SDRAM de memória interna para sampler, sem a necessidade da instalação de memórias DIMM opcionais; Saiba mais...

Por último, quero falar sobre a categoria que eu mais gosto, a workstation. O próprio nome já diz: WORK = Trabalho STATION = estação. A estação de trabalho é composta pelo que há de melhor em todo seguimento de teclados, e há a possibilidade de trabalhar sozinho como um arranjador, tendo a qualidade de som e teclas de um piano digital e a versatilidade de um sintetizador. A workstation exige um

investimento maior. Mas, sem dúvida alguma, vale muito a pena. Famosa por estar nos maiores palcos do mundo e nos melhores estúdios, as workstations ganham cada vez mais apreço no mercado. Essas estações de trabalho são verdadeiros estúdios ambulantes que possibilitam a gravação de um CD completo apenas com seu uso. O grande diferencial de uma workstation é que, além da qualidade Revista Keyboard Brasil / 37


sonora altíssima, ela possui um gravador interno conhecido como “sequenciador” e, neste sequenciador, você pode gravar instrumentos internos e externos. Esse é um resumo das principais categorias de teclados e quais funções eles têm no mercado de instrumentos musicais. Claro que existe subcategorias e instrumentos que estão foras das citadas. Mas, com o tempo, vamos discutindo mais a fundo sobre o assunto.

Espero que essas informações ajudem a fazer uma compra mais precisa e satisfatória, e que a busca por conhecimento para explorar o máximo do seu equipamento seja cada dia maior. Um grande abraço, Daniel Baaran

*Daniel Baaran – Especialista de Produtos da Roland Brasil é autodidata. Começou a tocar na Igreja Batista, em Morro Grande. A necessidade de um músico na igreja e a vontade de tocar teclado fez unir o útil ao agradável. Após sete anos tocando na igreja, surgiu a oportunidade de trabalhar no estúdio MIDIOUT, chefiado pelos músicos Sérgio Batata e Felipe Maia. Na busca por aperfeiçoamento, estudou música brasileira e programação de teclados com Felipe Maia. Teve aulas de Jazz com o mestre Edmundo Cassis e aulas de música erudita com Miguel Laprano. Aos 27 anos e, orientado por Raquel Gaboardi, mudou sua técnica devido às várias lesões e muita dor, utilizando a técnica francesa chamada Koto. Trabalhou com vários músicos do meio gospel e secular, bandas de baile, reggae, black music, rap, axé e jazz. Acompanhou a banda Manah, a mezzo soprano do coro de câmara da Sala São Paulo Silvana Romani, Tambores de Cristo, Thaeme, o comediante Rudy Landucci, entre outros. Suas principais influências são Kirk Franklin, Ron Kenoly, Frank McComb, Yanni, Michael W. Smith e, o mais importante, Jordan Rudess. Contatos: Facebook: www.facebook.com/DanielBaaran Twi er: @DanielBaaran Email: danielbaaran@keyboardcenter.com.br Site: www.keyboardcenter.com.br 38 / Revista Keyboard Brasil



Ponto de Encontro

poder de realizacão Outro dia vi um texto que dizia: “espero poder fazer em 2015 o que não fiz em 2014. Quando também não consegui fazer o que queria para 2013! Se voltarmos a 2012 e 2010 vai ser a mesma discussão”. Esse pensamento era evidentemente dirigido ao governo central. Será que não pode também ser colocado para 40 / Revista Keyboard Brasil

(da Música, Arte, Beleza, Educação, Cultura, Rigor, Prazer e Negócios)

cada um de nós?

uma história simples Va m o s , e n t ã o , a uma história verdadeira, de um cidadão de um país do norte da Europa. Tratase de uma região onde o General Inverno está sempre presente, condicionando os cidadãos a um estado superior de planejamento. Uma grande vantagem. São países do primeiro

mundo por causa disso. Abrindo o diário desse cidadão, coisa extremamente rara hoje em dia, em particular no Brasil, de família simples, sem histórico de estudos, percebemos que ele, a partir dos 15 anos de idade e assim pelo resto de sua vida, tinha seus objetivos muito bem definidos. A cada semestre que se passava ele tinha plena consciência do que


Foto: Divulgação

O que vamos conseguir fazer em 2015? ~

ENTENDA PORQUE O BRASIL ENFRENTA PROBLEMAS FINANCEIROS AO VALORIZAR UMA SOCIEDADE DE CONSUMO, COMO AS CONHECIDAS LINHAS DE CRÉDITO! * Luiz Bersou estava conseguindo e do que estava deixando de conseguir. Ele tem todos os registros de sucessos e de fracassos. Aprendeu com isso! Percorrendo suas páginas de vida, nos damos conta de que para ele, comprar um sapato era um objetivo. Entrar na escola técnica era um objetivo. Tirar a nota máxima nessa escola para poder se

candidatar a bolsa de estudo era um objetivo. Ter emprego em uma empresa de projetos de engenharia, como forma de valorizar ao máximo o seu estudo técnico era um objetivo. Mais tarde, aparecem objetivos em relação ao casamento e filhos. Em uma página está escrito pintar a casa antes do inverno. Depois aparece, casa pintada. Seguindo um arco

de vida de mais de 20 anos, rapidamente nos damos c o n t a d o e ve n t o m a i s frequente na vida desse cidadão. O domínio dos recursos, do dinheiro, domínio do quanto ganhava e como e quando gastava e como poupava. Esse homem nunca tomou um empréstimo na vida, nunca parcelou uma compra, tinha a paciência para estocar recursos e comprar Revista Keyboard Brasil / 41


quando era possível e conveniente. Pouco a pouco lendo o seu diário, nos damos conta que o domínio do

dinheiro, aritmética simples, de somar e subtrair, o levou a dominar a sua vida, fazer dela o que queria, saindo de pequenos sucessos até chegar a grandes sucessos.

o resultado do domínio da vida Dominar a sua própria vida fez dele um cidadão respeitado, ouvido por companheiros de trabalho, amigos e vizinhos. Interessante o número de vizinhos que conhecia. Tornou-se um líder. Temos aqui todo um his-

tórico de disciplina que constrói o sucesso e permite vencer os grandes desafios. histórias do brasil

Vamos agora voltar ao Brasil e contar outras histórias. Estava na fila do check out de um supermercado e, na minha frente, estavam duas jovens – idade estimada de 25 anos. Escutando sem querer, porém querendo, percebo o 42 / Revista Keyboard Brasil

padrão de consumo que está instalado nas duas: compram tudo o que está pela frente. Chegando na vez delas de pagar e o cartão de crédito foi rejeitado. Estava estourado. Uma delas apresenta um cartão de débito. O pagamento é feito. A caixa estende a mão para entregar o ticket. Ela recusa, diz que não precisa, comentando que não perde tempo com essas coisas. Como, então, ela controla suas contas? Como ela controla que paga somente o que efetivamente gastou? Imediatamente me vem à mente a pergunta: quais objetivos de vida elas vão realizar em 2015? Passemos para uma outra história. Trata-se de uma palestra que dei no Centro do Conhecimento do Conselho Regional de Administração de São Paulo, citando dados de um artigo de Maílson da Nobrega, que foi Ministro da Fazenda no Brasil. A China poupa recursos na ordem de 52% do PIB. Investe recursos da ordem de 48% do PIB. O Brasil, que ao longo da história e até recentemente tinha PIB maior do que a China, poupa 18% do PIB e investe 16% do PIB. Dá

para sentir a diferença? O que percebemos é que a disciplina e a parcimônia do cidadão do norte da Europa, que estamos adotando como referência, além de fazer com que ele domine a sua própria vida, o ajuda em um tema fundamental. É da poupança

de cada um que sai parte importante do dinheiro que um país investe em seus projetos de infraestrutura, saúde, educação e, assim por diante. Esse dinheiro é importante para fazer mover a máquina que gera riqueza. Vejam que interessante: Grécia, Espanha, Itália, França, Islândia, Estados Unidos e Brasil apresentaram problemas por valorizarem a sociedade de consumo e esticaram as linhas de crédito até não poder mais. – Compra que é bom! Alemanha, Áustria, países nórdicos e bálticos não têm problemas. Qual a diferença?

Simples: consumo a partir da poupança, sem endividamento. Isso é o que mais falta no Brasil. O ano de 2015 vai ser extremamente desafia-


dor. Questões importantes então! Estamos com nossos objetivos de vida colocados? Sabemos o que queremos? Sabemos dominar nossos recursos financeiros? Sabemos fazer desse conhecimento o eixo a partir do qual vamos dominar a nossa vida e chegar ao destino que merecemos? Amigos, fazendo contas, sempre dá! O

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– Luiz Bersou

Foto: Arquivo Pessoal

ano de grandes desafios mas, também, de grandes conquistas para todos!

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nosso crescimento começa lento, mas sempre se acelera no tempo. Que 2015 seja um

O que falta para o Brasil é o consumo a partir da poupanca, sem endividamento. Esse dinheiro é importante para fazer mover a máquina que gera riqueza!

* Atualmente dirigindo a BCA Consultoria, Luiz Bersou possui formação em engenharia naval, marketing e finanças. É escritor, palestrante, autor de teses, além de ser pianista e esportista. Participa ativamente em inúmeros projetos de engenharia, finanças, recuperação de empresas, lança-mento de produtos no mercado, implantação de tecnologias e marcas no Brasil e no exterior.

Revista Keyboard Brasil / 43


Falando sobre nossa Música

Em janeiro de 1982, na praia do Arpoador, em Ipanema, o Circo Voador levantou sua lona azul e branca pela primeira vez. Fruto do anseio de uma enorme onda de artistas carentes de espaço para atingir o grande público, o Circo foi a grande alavanca para muitos grupos, hoje, consagrados. Tais como: Barão Vermelho, Legião Urbana, Bli , Os Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Lobão, Débora Colker, Intrépida Trupe, e muitos outros 44 / Revista Keyboard Brasil


Fotos: Divulgação

Música Brasileira Dos primórdios até os dias atuais - Parte 17 REVIVER OS ESTILOS QUE MEXERAM COM VÁRIAS GERAÇÕES, RELEMBRAR ALGUMAS MÚSICAS, COMPOSITORES E INTÉRPRETES. É ESSE O OBJETIVO AO CRIAR A COLUNA FALANDO SOBRE NOSSA MÚSICA BRASILEIRA. Heloísa C. G. Fagundes

ANOS 80 A década de 1980, na verdade, fez explodir a produção artística de uma geração diferente das anteriores. Uma geração que cresceu durante a ditadura militar e foi buscar, na cultura Pop-Rock, uma alternativa de novos pensamentos sobre o mundo e o país, de uma nova manifestação artística em todas as áreas: teatro, cinema, literatura e, principalmente, na música. Uma geração que inovou na poesia, destacando-se o surgimento de alguns grupos poéticos como a Nuvem Cigana, os Camaleões e depois a catarse de Fausto Fawcet. Em busca de novas alternativas musicais como resposta à já institucionalizada MPB, Revista Keyboard Brasil / 45


No final dos anos 80, o jornalista, autor teatral, escritor de ficção científica e compositor Fausto Fawce apareceu na noite carioca com suas performances. Ou seja, esquetes misturando teatro, música e poesia, então muito em voga na Zona Sul carioca. Em 1987, uma delas virou música Káthia Flávia, da ‘‘calcinha exocet’’ em parceria com Laufer e gravada em forma de Rap (um dos primeiros no país), a canção ganhou as rádios, foi trilha sonora de novela da Globo e do filme franco-britânico Lua de Fel (1992), dirigido por Roman Polanski (estrelado por Hugh Grant e Peter Coyote).

parte da elite da juventude brasileira de classe média - apoiada no movimento pós-Punk New Wave inicia uma nova onda de Rock e Pop, que domina totalmente o cenário musical nacional com um forte movimento underground central, deflagrado a partir de São Paulo. Os pioneiros paulistanos desse importante movimento de negação pura da tradicional música popular brasileira foram Júlio Barroso e sua Gang 90, a primeira banda new wave brasileira Agentss, Verminose (de Kid Vinil), Bli (Evandro Mesquita e Fernanda Abreu) e Azul 29. Daí, surgem Titãs, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana (Renato Russo), Barão Vermelho (Cazuza e Frejat), RPM (Paulo Ricardo), Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, Lobão, Biquini Cavadão, Ratos de Porão (João Gordo), Inocentes, Lulu Santos, Ira! e outros. Contudo, a proposta do movimento se esgotaria coincidindo com a projeção internacional da banda brasileira de hardcore Sepultura. 46 / Revista Keyboard Brasil

Apesar do Blues ter sido muito mais absorvido diretamente através do Rhythm'n'Blues presente nas bandas de Rock brasileiras dos anos 60, dos anos 80 até 1999 podemos destacar, também, grandes nomes do como Nuno Mindelis, André Christovam, Celso Blues Boy e as bandas Blues Etílicos e Big Allambik. Ainda no bojo da grande década do Rock brasileiro, na segunda metade desse período surgiu, na capital de São Paulo e, pela primeira vez em toda América Latina, a grande novidade norte-americana do movimento hip hop com o rap, grafite e a breakdance, inicialmente comandada pelo pioneiro rapper brasileiro Thaíde, seu parceiro DJ Hum e o DJ Theo Werneck. A partir daí, com a aceitação gradual do novo movimento pela mídia, o hip hop atingiu seu apogeu nos anos 90. Antecedendo o surgimento da Axé Music, a lambada baiana tornou-se um dos mais populares estilos de dança brasileira ao misturar samba, maxixe e dança erótica. O grupo Kaoma alcançou enorme sucesso com a versão do tema


(1) Um dos maiores incentivadores do início do movimento Punk, na capital paulista, tocando na banda Verminose, Kid Vinil ficou famoso anos depois, ainda na década de 80 como vocalista do grupo Magazine, cantando canções como Tic Tic Nervoso, A Gata Comeu e Sou Boy. (2) Considerado um dos maiores compositores da música brasileira, Cazuza também ficou conhecido por ser rebelde, boêmio e polêmico. Ganhou fama como vocalista e principal letrista da banda Barão Vermelho. Sua parceria com Roberto Frejat foi criticamente aclamada. Dentre seus sucessos musicais em carreira solo, destacam-se Exagerado, Codinome Beija-Flor, Ideologia, Brasil, Faz Parte Do Meu Show, O Tempo Não Para e O Nosso Amor a Gente Inventa.

de acomodação. Os principais nomes são Asa de Águia, Chiclete com Banana, Daniela Mercury, Banda Eva, É O Tchan, Netinho e outros. Pela primeira vez na história da música brasileira, quebra-se a hegemonia São Paulo-Rio. No final da década de 1980 e início dos anos 90, gêneros populares ou regionais como o sertanejo, o pagode e o axé music passaram a ocupar espaço considerável nas emissoras de rádio FM e canais de TV. Continua na próxima Revista Keyboard Brasil. Até lá!

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latino “Llorando Se Fue”, do grupo Los Kjarkas provocando uma onda de escolas temporárias da dança por todo o país. Porém, por falta de substância musical e limitação coreográfica, o gênero teve breve período. O sucesso internacional, quase que exclusivamente na Europa, foi quase maior do que o atingido no próprio Brasil, devido ao seu apelo exótico tipoexportação. A música ‘‘Fricote’’, do baiano Luiz Caldas, inaugurou oficialmente o movimento axé music. O primeiro fenômeno de vendas, que lançou nacionalmente a axé music, aconteceu com o bloco afrobaiano Reflexu's, em 1987, com a música ‘‘Madagascar Olodum’’, que vendeu 750.000 cópias. Caracterizada pelo forte uso da percussão baiana como o repique, timbau e surdos, suas letras falavam da sensualidade do corpo, do requebrar dos quadris e de danças, cheias de ironia e duplo sentido. O novo gênero viveria o seu apogeu até a segunda metade dos anos 90, quando começaria o seu declínio natural

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Na década de 1980, entraram em perfeita sincronia uma geracão de artistas talentosos e uma indústria fonográfica ávida por novidades.

– Ricardo alexandre (jornalista e autor dos livros dias de luta e Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar). Revista Keyboard Brasil / 47


Recordações

48 / Revista Keyboard Brasil


No destaque a Ópera Estatal de Berlim: mais de 250 anos de tradição e um dos palcos de ópera mais importantes do mundo.

* LEMBRANÇAS

PESSOAIS DO MURO DE BERLIM: SCHOENBERG E A TAMPA DE PRIVADA! 25 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM. POR QUE NÃO NARRAR UMA EXPERIÊNCIA PESSOAL?

Foto: Wolfgang Scholvien

** Maestro Osvaldo Colarusso Lá vai: em 1988, ganhei uma bolsa do Instituto Goethe para fazer meu KDS (Kleines Deutsches Sprachdiplom) em Berlim. Vivi na então Berlim ocidental alguns memoráveis meses até abril de 1989. A bolsa era excelente, com um curso de altíssimo nível, ajuda de custo para livros, alimentação, e ainda por cima morei num magnifico apartamento alugado pelo próprio Instituto. Aproveitei o que pude para ver concertos e óperas, e cruzei diversas vezes o muro para assistir espetáculos únicos (uma Sinfonia de Berio regida pelo autor por exemplo) e muitas, muitas óperas na Staatsoper, a ópera de Berlim Oriental. Agradeço aos céus por ter vivido em Berlim naquela época, pois quem não viu a grotesca separação da cidade pelo muro não faz ideia do que existiu por lá. Berlim oriental, a capital da Alemanha

comunista, parecia uma cidade fantasma, vazia e sem turistas. Revista Keyboard Brasil / 49


O muro de Berlim como conheci em 1988: o lado oriental sempre escuro e triste.

Mas a vida cultural não ficava a dever em nada a Berlim Ocidental. Ir do lado capitalista para o lado comunista não era impossível: tínhamos que apresentar passaporte, enfrentar fila, fazer um câmbio obrigatório bem desvantajoso e podíamos permanecer em Berlim Oriental até a meia noite. Do lado comunista para o lado capitalista a travessia era impossível para a maioria das pessoas. Só podiam atravessar os que tinham pelo menos 70 anos de idade ou privilegiados funcionários do governo. Xereta como sempre fui estive em supermercados e vi donas de casa disputando cenouras quase podres, prateleiras vazias e muitas latas de sardinha. E Berlim Oriental era a capital. Imagino o que ocorria nas pequenas cidades. As partituras eram baratíssimas, mas tínhamos que comprar o que tinha, pois inexplicavelmente alguns itens 50 / Revista Keyboard Brasil

sumiam. Meu pai, que falecera em 1987, era um admirador do regime comunista. Sem dúvida ele ficaria muito triste se eu contasse o que vi na Alemanha oriental e na Tchecoslováquia, países que visitei no meu período alemão. Na minha primeira ida a Berlim Oriental fui na Staatsoper para ver o que seria apresentado até o fim de meu curso. Interessei-me por diversas produções, e a primeira que assisti foi um Tristão e Isolda de Wagner, com Ingrid Haubold, Heikki Siukola e Theo Adam. Era um domingo à tarde. Achei estranho ter que usar o passaporte para ver uma ópera na mesma cidade, mas lá fui eu. Descobri a coisa

mais sensacional de Berlim Oriental: o público. Era uma plateia que vivia o drama dos amantes da ópera de Wagner como se fosse uma experiência de catarse, comparável ao que teria sido o


poder ir para Berlim Ocidental, pois sabia das produções wagnerianas que se faziam por lá, não podíamos nem mesmo nos telefonar, cada um morando de um lado diferente do muro. Acabamos nos encontrando todas as vezes que ia a Berlim Oriental. Numa das vezes ele,

com inúmeros rodeios, me pediu para trazer uma coisa de Berlim Ocidental que há meses não se encontrava na capital comunista alemã: uma tampa de privada. Eu, que a princípio não entendi bem o que ele estava pedindo, prometi tentar. No dia seguinte, em Berlim Ocidental, depois da aula, fui procurar o que Johann tinha pedido. Comprei a tal da tampa de privada e na minha próxima ida a Berlim Oriental, quando ia assistir Moses und Aron, de Schoenberg (com Theo Adam e Reiner Goldberg) pensei em levar a encomenda. Quando a polícia comunista viu aquele embrulho na estação de Friedrichstrasse (onde fazíamos a passagem para o lado comunista) fizeram o maior escândalo. Desfizeram o embrulho e depois de muita conversa, me deixaram passar. Mas como o embrulho estava

Friedrich Goldmann (1941-2009): compositor, maestro e arranjador.

Revista Keyboard Brasil / 51

Fotos: Divulgação

público das tragédias na Grécia antiga (Infelizmente pude constatar que este tipo de público não existe mais por lá). No intervalo do primeiro para o segundo ato desci para conhecer um pouco mais o teatro quando vi um grupo de rapazes brasileiros. Um deles me reconheceu e disse bem alto: “Estamos salvos, este é o maestro Colarusso”, disse um deles que já tinha assistido alguns concertos didáticos que havia regido por aqui. Era um grupo de engenheiros curitibanos que estavam fazendo uma especialização na Universidade Humboldt. O orientador deles achava que tinham de assistir a uma ópera e os pobres coitados não tinham entendido nada daquele longo primeiro ato. Bom, expliquei o que tinha acontecido no primeiro ato e adiantei o que se passaria nos atos seguintes. Um jovem alemão (tinha 17 anos) chamado Johann ficou curioso e me perguntou: “Que língua o senhor (Sie) está falando?”. Disse que era português, que eu era brasileiro. Johann se tornou o meu amigo berlinense. Bem “nerd”, extremamente culto (sabia onde ficava Curitiba), era doido por Wagner. Infeliz por não


Foto: Arquivo pessoal

desfeito, todos na rua viam aquele cobiçado objeto. Encontrei-me com o Johann na porta da Staatsoper que ficou vermelho ao ver o mico que eu estava pagando. Mas o mico foi ainda maior: a funcionária do Guarda Roupa (onde se deixa os casacos no teatro) não aceitou ficar com a tal da tampa. Resultado: assisti Moses

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Quando a polícia comunista viu aquele embrulho na estacão de Friedrichstrasse (onde fazíamos a passagem para o lado comunista) fizeram o maior escândalo. – Maestro Osvaldo Colarusso

Assista à orquestra e coro da Ópera Estatal de Viena, interpretando fragmentos da ópera Moses und Aron (trechos 1 ao 2) de Arnold Schoenberg

und Aron segurando uma tampa de privada, com as pessoas todas me olhando como se eu fosse um ET.

Felizmente o espetáculo foi bom demais: que coro e que orquestra maravilhosos, regidos por um maestro fantástico chamado Friedrich Goldmann, um dos melhores maestros que já vi. A encenação (de Ruth Berghaus), bem comunista, fazia que quando Deus falava para Moisés, um orelhão era fortemente iluminado: para os “materialistas dialéticos” a voz de Deus vinha por um cabo telefônico… Em 1992, três anos depois da queda do muro, voltei a Berlim, e procurei o Johann. Ele não tinha mais nada de “nerd”. Estava cabeludo, tatuado, e ao invés de Wagner curtia rock pauleira. A queda do muro transformou sua vida…

* Texto retirado do Blog Falando de Música, do Jornal paranaense Gazeta do Povo. Conheça o blog clicando em http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/ **Premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) o maestro Osvaldo Colarusso é paulistano. Foi aluno de Enzo Pedini, Eleazar de Carvalho, Michel Philippo e de Genady Roshdestvensky. No passado, esteve à frente de grandes orquestras, como a do Coral Lírico do Teatro Municipal de São Paulo e a Orquestra Sinfônica do Paraná, além de ter atuado como solista. Como maestro convidado, tem atuado frente às principais orquestras do país, como a Petrobrás Sinfônica e a Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Além de participar dos principais Festivais de Música do país. Desenvolve, paralelamente, atividades como professor, produtor e apresentador de programas de Música Clássica na Emissora Estadual do Paraná. Desde 2011, Colarusso é responsável por um dos blogs mais importantes de música clássica no Brasil, Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. Atualmente, o maestro também é colaborador da Revista Keyboard Brasil. 52 / Revista Keyboard Brasil



Divulgação

MAURÍCIO PEDROSA e o seu Blues Quartet Júnior Rodrigues

O tecladista paulistano Maurício Pedrosa é endorser da Tokai.

54 / Revista Keyboard Brasil


Maurício Pedrosa é tecladista, vocalista, compositor, arranjador e produtor. Foi integrante das lendárias bandas de rock paulistanas dos anos 70: Ursa Maior, Made in Brazil, Walter Franco & Banda e Rita Lee & Tu i-Fru i. Nos anos 80, emplacou um sucesso nacional Só Delírio, com a banda de pop-rock Telex. Já se apresentou em shows com Mathew Robinson, Lil' Ray Neal, Charlie Love, Tom Hunter, entre outros. Em 2001, participou do Festival Internacional de Jazz de Montreal. Atualmente, o músico é integrante do quarteto Maurício Pedrosa Blues Quartet do qual também fazem parte os músicos Marco Augusto (produtor e contrabaixista), Victor Busquets (produtor e baterista) e Yuri Apsy (guitarrista) – bem conhecidos no cenário do Blues paulistano, onde apresentam clássicos do Blues, composições próprias e Rock'n'Roll ao estilo de Jerry Lee Lewis. Contato para shows:

Maurício Pedrosa Blues Quartet

Fotos: Divulgação

mpbluesquartet@gmail.com

elente trabalho do Confira o último e exc n The Road Again” ! quarteto, intitulado “O

Revista Keyboard Brasil / 55


Comemoração

Evgeny Kissin Maciej Pikulski

Arnaldo Cohen Luiz Gustavo Carvalho

Jean Louis Steuerman Nelson Freire

2015 E A INVASÃO DA *

MÚSICA CLÁSSICA NOS 450 ANOS DA CIDADE MARAVILHOSA!!! COM OBRAS DE COMPOSITORES NACIONAIS E INTERNACIONAIS E A PRESENÇA NOS PALCOS DO PRIMEIRO TIME DE ARTISTAS BRASILEIROS, SEM ABRIR MÃO DE VISITAS ESTRANGEIRAS ILUSTRES, O RIO DE JANEIRO TORNA-SE, EM 2015, A CIDADE DA MÚSICA CLÁSSICA!

56 / Revista Keyboard Brasil

José Cunha


2015: temporada de música clássica nos 450 anos da Cidade Maravilhosa. No destaque, o pianista polonês Maciej Pikulski.

Comemorando seus 75 anos, a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) abre seus trabalhos em 7 e 8 de março, na Cidade das Artes, com a integral das Bachianas brasileiras, executadas em dois concertos, sob a regência do titular Roberto Minczuk e solos da soprano Rosana Lamosa e do pianista Jean-Louis Steuerman, a OSB vai apresentar a integral das nove Bachianas brasileiras de Villa-Lobos. A Petrobras Sinfônica (Opes), comissionou oito obras escritas por oito compositores. A primeira peça, Poéticas sonoras do Rio, de Wellington Gomes, é atração em 7 de março, no Municipal. O programa da Opes inclui obras de Caldi, Sibelius e Mussorgsky e conta com a voz aveludada do barítono pop Paulo Szot, dia 20 de março, no Municipal. A reabertura da Sala Cecília Meireles e a comemoração de seus 50 anos

serão marcados pela apresentação de diferentes estilos. A sala, que produzirá até ópera, apresenta em 10 de março, Renaud, do italiano Antonio Sacchini, obra barroca nunca encenada na América do Sul. Adiantando parte da programação do Teatro Municipal, estão os títulos líricos previstos: O rapto do serralho, de Mozart, O navio fantasma, de Wagner, La Traviata, de Verdi, e Romeu e Julieta, de Gounod. Estarão presentes, ilustres como o pianista russo Evgeny Kissin, o regente húngaro Iván Fischer e a Budapest Festival Orchestra, o violinista israelense Pinchas Zukerman e o regente catalão Jordi Savall com o grupo de música antiga Hespèrion XXI. Os programas lembram, também, os 150 anos de nascimento dos compositores Carl Nielsen e Jean Sibelius. Revista Keyboard Brasil / 57


No recital de 24 de março, o pianista Luiz Gustavo Carvalho se apresenta ao lado da cantora lírica carioca Eliane coelho, com obras de Tchaikovsky, Rachmaninoff e Strauss. Em 13 de maio, ela se apresenta com a OSB, na mesma sala, regida pelo novo maestro assistente Lee Mills. Abrindo a série de assinaturas da orquestra, dia 28 de março, no Municipal, e, à frente da OSB, regida por Minczuk, o pianista Nelson Freire, no Concerto para piano em lá menor, Op. 54 ,de Schumann. Também no Municipal, dia 9 de abril, a orquestra alemã Internationale Bachakademie Stu gart, especialista em Bach, traz a sua Missa em si menor com a presença do coral de 200 vozes Gaechinger Kantorei. Uma bela revisão de interpretações marca o trabalho do grupo camerístico Deutsche Kammerphilharmonie Bremen, liderado por Paavo Järvi. O solista será o violinista finlandês Pekka Kuusisto. Dia 27 de abril, no Municipal. O pianista Evgeny Kissin se apresenta no Municipal em 23 de junho. No dia 1º de julho, será a vez da Budapest Festival Orchestra. Sob regência de Iván Fischer. O programa terá Ravel, Brahms e Prokofiev. Em 8 de agosto, também no Municipal, a OSB apresenta concerto com o pianista Arnaldo Cohen, interpretando Momoprecoce, fantasia de Villa-Lobos. Peças de Aaron Copland e de Beethoven completam o programa. A mezzo-soprano holandesa Christianne Stotijn se apresenta em 24 de 58 / Revista Keyboard Brasil

agosto, com o pianista polonês Maciej Pikulski. O catalão Jordi Savall e o excelente grupo Hespérion XXI, especializado em música antiga (em especial, o repertório espanhol) é atração na Sala Cecília Meireles, em 3 de setembro. Com a Opes, o brasileiro Antonio Meneses toca programa em que se destacam obras de Vivaldi e Haydn. Dias 4 e 5 de setembro, na Sala Cecília Meireles. Além de tocar o concerto para violino de Mendelssohn, o lituano Julian Rachlin vai comandar, em 17 de outubro, no Municipal, o espetáculo que inclui a Sinfonia nº4, Italiana, do mesmo compositor. Antes, sob a regência de Felipe Prazeres, a Opes apresenta Rio em festa, de Alexandre Schubert. Em 3 de outubro, na Cidade das Artes, Pinchas Zukerman toca e rege a orquestra da OSB. Com a violoncelista Amanda Forsyth, interpreta Da floresta da boêmia, Op. 68/V, Bosque silencioso (Silent woods) para violoncelo e orquestra, de Dvorák, em programa que inclui o concerto para violino de Mozart Strassburg. No dia 17, também com Forsyth e a OSB, sob batuta de Minczuk, Zukerman toca o concerto duplo para violino e violoncelo de Brahms. E, finalizando, no dia 28 de novembro, com a OSB, na Cidade das Artes, o violoncelista alemão Daniel MüllerScho interpreta o concerto para violoncelo, de Andre Previn e a pungente Kol nidrei, de Max Bruch. * FONTES: O Globo, concerto.com.br e vivamusica.com.br


Fotos: Acervo pessoal

Dica Técnica - aula 9

RECORDANDO COM MATEUS SCHANOSKY Aula 9 Mateus Schanoski

Para nossa primeira aula do ano, criei e escrevi um simples solo em Am, usando todas as dicas que dei durante o ano de 2014. Para facilitar, relembre todas as outras aulas das edições anteriores e analise o solo antes de começar seus estudos. Repare, também, que usei muitas pausas no contratempo, dando mais

“swing” ao solo. Estude com metrônomo e bem devagar, aumentando o andamento aos poucos. Estude também com colcheias swingadas, ou seja, transforme os grupos de colcheias em grupo de colcheias pontuadas e semicolcheias. Bons estudos e aguardem várias novidades!

* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

CONTATOS:

Revista Keyboard Brasil / 59


Em Debate A INSPIRAÇÃO É UMA GRANDE A J U D A PA R A Q U A L Q U E R ARTISTA SE DIRECIONAR E MOSTRAR PARA O SEU PÚBLICO QUAL É A SUA IMAGEM, OU QUAL É O BERÇO DE SUAS CARACTERÍSTICAS MUSICAIS. MAS, QUANDO PERCEBEMOS QUE ESSA INSPIRAÇÃO JÁ PASSOU DOS LIMITES? ATÉ QUE PONTO ESSA INSPIRAÇÃO PODE SE TORNAR ALGO RUIM PARA O ARTISTA? Carol Dantas

Fina linha: plágio, ou

inspiracão coincidência 60 / Revista Keyboard Brasil

?


Em essência, a música é melodia, harmonia e ritmo, mas tendo em conta a fatigada semelhança de tempos e compassos que encontramos habitualmente no pop e no rock, seria absurdo pretender adivinhar plágios que tenham semelhança unicamente na de ritmos. Para que uma seja uma imitação da outra, deve acontecer uma coincidência melódica no marco de uma harmonia muito similar. Nos estilos mencionados, a melodia mais destacada costuma ser a da voz principal, e a base harmônica é feita pela guitarra ou piano, mais as notas do baixo, que formam um todo com as melodias vocais. Isto é, se existe uma iden-

tidade substancial entre o conjunto da voz e os conformes das duas canções, provavelmente será um plágio dos grandes! Esse é um assunto que sempre vai render polêmica na música, pois a diferença entre a simples influência musical e a apropriação indébita é geralmente sutil. Definições

A inspiração é algo que te estimula atraindo para si criatividade, ou seja, ideias. Plágio é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual, de qualquer natureza, contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original.

loucuras de antigamente...

Para estimular a inspiração e a concretização de suas obras, famosos compositores eruditos inventavam estratagemas excêntricos, ou melhor, pequenas maluquices. Veja algumas delas: 1. No propósito de aquecer a cabeça e assim, incentivar a atividade criadora, Rossini se deitava debaixo de pilhas de cobertas para meditar e compor suas músicas. 2. Beethoven compunha vagando pela cidade de Viena, de preferência quando chovia, na refeição ou, então, quando conversava... Em quaisquer lugares e ocasiões, pegava um pedaço de papel sujo aqui, um pedaço de papel sujo dali e só depois reunia tudo num texto ordenado. 3. Mozart obtinha mais facilmente a inspiração enquanto jogava apaixonadamente seu bilhar. É claro que é difícil qualquer banda ter uma criação 100% própria. Às vezes, até inconscientemente “inspirações” fortes demais em outras músicas costumam acontecer. Mas, em alguns casos é óbvio o plágio, não é mesmo? Por isso, demos uma pesquisada e montamos uma lista de plágios musicais. Prepare-se para a surpresa, porque grandes nomes da música estão envolvidos! Revista Keyboard Brasil / 61


plágio:

Creep – Radiohead original:

original:

You Can't Catch Me – Chuck Berry

The Air That I Breathe – The Hollies

A música depressiva que fez o Radiohead estourar nas rádios nos anos 90, na verdade, foi uma ‘‘inspiração’’ da música criada pela banda The

Hollies, dos anos 60. Tom York, vocalista do Radiohead, reconheceu a semelhança tratando-a como uma homenagem. Porém, foram processados. Albert Hammond e Mike Hazlewood, autores de The Air That I Breathe, passaram a assinar como coautores de Creep. Em 1968, os Doors lançaram o single Hello, I Love You, que rapidamente chegou em primeiro lugar nas paradas. Acontece que a canção era muito parecida com All Day and all of the Night, dos Kinks e Ray Davies acusou-os de plágio. Ganhou a causa. Todas as receitas de direitos de autor da canção dos Doors passaram a reverter para o frontman dos Kinks.

plágio:

Hello, I Love You – The Doors

original:

All Day and All of the Night – The Kinks

Sim, um dos maiores hinos do rock não foi de autoria própria, mas uma homenagem (será?) à música Taurus (1968), da banda

Spirit, cujos integrantes eram amigos do Led Zeppelin no começo da carreira. Ouça e tire as dúvidas! original: 62 / Revista Keyboard Brasil

plágio:

Stairway to heaven – Led Zeppelin

Taurus – Spirit


Nem os Beatles escaparam das acusasões de

plágio:

Come Together – The Beatles

Plágio. Chuck Berry lançou You Can't Catch Me em 1956, como single. Até aí tudo bem, mas os Beatles lançam Abbey Road em 1969, que tinha como faixa de abertura, Come Together. O produtor de Chuck Berry resolveu, então, processar John Lennon por conta de um verso, alegando plágio, já que Come Together inicia com os dizeres “Here come old flat-top”, enquanto You Can't Catch Me, por sua vez, tinha em sua letra “Here come a flat-top”.

Umas das principais músicas do Nirvana, Come As You Are foi inspirada pela música Eighties, da banda inglesa Killing Joke, a qual Kurt Cobain era fã assumido. A música se parece tanto, que o líder da Killing Joke chegou a processar Kurt Cobain alegando que o riff de Come as You Are foi copiado do riff de sua canção Eighties. Segundo boatos, o próprio Kurt teria ligado para o líder da banda assumindo o plágio, deixando-o lisonjeado e desistindo da ação contra o Nirvana, mas a versão mais aceita dos fatos é que a Killing Joke teria interrompido o processo em 1994, quando Kurt cometeu suicídio.

plágio:

Come as You Are – Nirvana

original:

Eighties – Killing Joke

A música Will You Be There também foi parar nos tribunais. Ela recebeu 7 certificados de ouro, fez parte da trilha sonora do filme Free Willy e vendeu mais de 1,5 milhões de cópias. Michael Jackson foi acusado de plagiar a música I cigni di Balaka, do cantor plágio:

Will You Be There – Michael Jackson

original:

italiano Albano Carrisi. Porém, a sentença do juiz considerou Michael Jackson inocente, alegando se tratar apenas de uma simples semelhança. I cigni di Balaka – Albano Carrisi Revista Keyboard Brasil / 63


Um dos mais famoso casos de plágio com música brasileira é o da música Da Ya Think I'm Sexy? de Rod

Stewart. O cantor britânico veio fazer um show no Brasil, teria escutado o sucesso de Jorge Benjor, Taj Mahal, e copiado. A música chegou ao primeiro lugar da Billboard, Jorge Benjor processou e acabou ganhando na Justiça, mas não levou um tostão, pois Rod acabou doando os direitos autorais relativos à canção para o UNICEF.

plágio:

Da Ya Think I'm Sexy? – Rod Stewart original:

Taj Mahal – Jorge Benjor O rapper Vanilla Ice só fez sucesso com uma música e essa, ainda por cima, era uma cópia deslavada do clássico Under Pressure do Queen em

plágio:

Ice Ice Baby – Vanilla Ice

original:

Under Pressure – David Bowie e Queen

parceria com Bowie. O rapper negou o máximo que pode mas, no final, a questão foi parar nos tribunais, onde um acordo deixou ambas as partes satisfeitas.

Essa foi a nossa lista de plágios musicais, feita com a consciência de que outras ficaram de fora. Que tal mandar a sua lista para contato@keyboard.art.br

64 / Revista Keyboard Brasil




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