Revista Keyboard Brasil 2016 número 35

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Revista

Keyboard ANO 3 :: 2016 :: nº 35 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil

www.keyboard.art.br

A caminhada musical e os desafios de

Diogo Monzo CRISTIAN BUDU: E seu retumbante sucesso de crítica!

O IMPROVISO É TODO SEU! As dicas de Hamilton de Oliveira.

JANIS JOPLIN: A trajetória meteórica de um ícone.

HERMETO PASCOAL: 80 anos do bruxo dos sons!

E MAIS:

Samuel Quinto / Zarabatana Jazz Band / Heloise Amorim / Quarteto Tesla / Andre Dolabella




Editorial Junho foi um mês de grandes conquistas no meio musical. Um Brasil que poucos brasileiros conhecem! Premiados músicos como Diogo Monzo, nossa matéria de capa com uma bela entrevista; Cristian Budu, com seu elogiadíssimo trabalho Chopin & Beethoven e Samuel Quinto eleito o único brasileiro membro de grandes sociedades musicais internacionais. Também é um mês em que se comemora os 80 anos do nosso “bruxo dos sons” apelido dado pela jornalista e escritora Ana Maria Bahiana, a Hermeto Pascoal, reconhecido internacionalmente como multi-instrumentista, arranjador, improvisador e compositor. Aqui prestamos uma pequena homenagem para esse imenso artista! Com exclusividade, falando sobre sua turnê pelo Brasil, temos o pianista brasileiro radicado na Alemanha, André Dolabella. Marina Ribeiro traz a bad girl Janis Joplin que, mesmo tendo uma trajetória meteórica tornou-se ícone de uma era. Falando sobre o mundo progressivo temos a banda de metal finlandesa Humavoid, em uma matéria escrita por Thiago Marques e a lenda viva Christopher Franke, músico brilhante que fez parte da antológica banda alemã Tangerine Dream, matéria escrita por Amyr Cantusio Jr. Erik Satie, através do maestro Osvaldo Colarusso, é homenageado por seus 150 anos. Rafael Sanit traz de Belém, a Zarabatana Jazz Band, comandada por Ziza Padilha e Dayse Addario, tendo como regente titular e diretora artística Cibelle Jemima. Além de nossos colaboradores Hamilton de Oliveira, Luiz Carlos

Foto: Igor

Gripp

Expediente

Heloísa Godoy Fagundes - Publisher

Rigo Uhlik e Murilo Muraah! Termino agradecendo o carinho dos leitores do mundo todo. Vocês são nosso combustível, nosso termômetro! E não se esqueçam: músicos! Façam como o Quarteto Tesla, André Dolabella e Heloise Amorim: entrem em contato e mostrem seu trabalho!! A todos uma excelente leitura!

Revista

Junho / 2016

Keyboard Brasil

Editora Musical

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes / Publisher: Heloísa C. G. Fagundes Capa: Igor Gripp / Caricaturas: André Luiz / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.

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A revista está cada dia melhor! Samuel Quinto Feitosa – via facebook É com grande orgulho que posto essas duas fotos!!! Sim, minhas fotos saíram na Revista Keyboard!!!! Em duas páginas!!!!! Impossível descrever a felicidade que estou tendo!!!! E quero agradecer ao William de Oliveira e ao Rafael Agostino que sem eles isso não teria acontecido!!! Obrigado de verdade por todo apoio!!! E aproveitem e deem uma olhada na revista toda, que tem uma entrevista super bacana que o Rafael fez!!! Caike Scheffer – via facebook Duas referências!!! (Referente à seção Agenda Musical sobre a Série Jazz All Nights 2016, edição de maio) Rafael Sanit – via facebook É com muito orgulho que compartilho com vocês um artigo que escrevi para Editora Keyboard sobre o mestre dos teclados Steve Porcaro. Aproveitem para ler todo o conteúdo dessa revista importantíssima para toda classe musical. Top!!!! Hamilton de Oliveira – via facebook Muito boa a matéria sobre Steve Porcaro! Zé Osório – via blog Gostei muito da reportagem sobre Elza Soares. Ela representa um grande nome das cantoras brasileiras. Myriam Bley Piechnik – via facebook Parabéns!!! Adorei a matéria sobre Steve Porcaro! Andréia Miranda – via facebook Tenho que admitir, Helô (Editora Keyboard)! Você é especial! Ainda mais: tem a coragem de divulgar esta matéria na Revista Keyboard, a "menina dos seus olhos"! Totalmente Excelente! Estamos vivendo um momento ímpar! Não uma luta entre o certo e o errado; mas, infelizmente, uma luta entre o errado contra o muito errado! Matematicamente falando: já perdemos esta batalha há bastante tempo! Mas, continuamos lutando bravamente! Avante! (Referente à matéria Recado aos Músicos, edição de maio) Luiz Carlos Rigo Uhlik – via facebook

Espaço do Leitor Ótima matéria da Editora Keyboard, descrevendo música por música o álbum "Eu o Estranho" de Pepe Bueno. Alberto Sabella – via facebook Uma grande honra!! Só posso agradecer vocês e também ao meu querido irmão de Tomada Mateus Schanoski e ao Alberto Sabella por encher meu disco de teclados!! Pepe Bueno – via facebook Dear Heloisa and team, Thank you so much for the great offer from Heloisa to send me the PDF of the interview of Michael Pinnella for the wonderful Revista Keyboard Brasil. Yukari Shima – via facebook (leitora do Japão)

A Revista Keyboard Brasil agradece a todos os comentários e lança uma pergunta: o que desejam que a Revista publique? Queremos saber o que nossos leitores pensam! Deixem sua opinião em nossa página do facebook, no site da editora Keyboard, no blog da Revista ou mande um e-mail.

Errata edição 34 Matéria de Michael Pinnella: Página 24: Revista Keyboard Brasil - Qual álbum da história você considera uma obra prima? Você pode citar seus álbuns solos se quiser (risos): Michael Pinnella - (risos) Esta é uma pergunta muito difícil, talvez meu álbum favorito seja o Machine Head do Deep Purple, é o meu favorito do começo ao fim, mas tem tantos outros (risos). Créditos das fotos: Fotos de capa e páginas 15/16 são de autoria de Rafael Agostino.

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Índice

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AGENDA MUSICAL: André Dolabella - por Virtuosi Produções

MATÉRIA DE CAPA: Diogo Monzo - por Heloísa Godoy Fagundes

62 APRENDA AGORA: Home Studio: Interface de audio, parte 2 - por Murilo Muraah

80 POR DENTRO: A banda finlandesa Humavoid - por Thiago Marques

MUNDO PROGRESSIVO: Christopher Franke por Amyr Cantusio Jr.

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OUTROS SONS: Quarteto Tesla - Redação

MUSICANDO: Zarabatana Jazz Band - por Rafael Sanit

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LANÇAMENTO: Cristian Budu por Osvaldo Colarusso

DIVAS DA VOZ: Janis Joplin por Marina Ribeiro

84 SOBRE OS SONS: Nacionalismo na música erudita, parte 1 - por Sergio Ferraz

06 / Revista Keyboard Brasil

DE MÚSICO PARA MÚSICO: O improviso é todo seu!- por Hamilton de Oliveira

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38 HOMENAGEM: Erik Satie - por Osvaldo Colarusso

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90 PERFIL: Heloise Amorim - Redação

56 ACONTECEU: Samuel Quinto - por Heloísa Godoy Fagundes

78 A VISTA DE MEU PONTO: O que a fórmula de Bháskara tem a ver com a música! - por Luiz Carlos Rigo Uhlik

92 COMEMORAÇÃO: 80 anos de Hermeto Pascoal


www.beatlesparacriancas.com


Agenda Musical

A TURNÊ DO PIANISTA

ANDRÉ DOLABELLA O MÚSICO RADICADO NA ALEMANHA RETORNA AO BRASIL PARA SÉRIE DE APRESENTAÇÕES EM QUATRO ESTADOS. * Virtuosi Produções 08 / Revista Keyboard Brasil


N

ascido em Belo Horizonte, mas morando na Alemanha há catorze anos, o pianista

André Dolabella, premiado no Brasil e

na Europa, retorna ao país para mais uma turnê. No repertório, ele traz obras de grandes compositores, como Ravel, Debussy, Mendelssohn, Wagner, além do Terceiro Concerto de Sergei Rachmaninoff, conhecido também como Rach 3. Em sua turnê, o premiado pianista passará pelos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. André Dolabella construiu sua formação no Brasil e na Europa e hoje tem uma carreira sólida e bem sucedida.

Já se apresentou em diversas cidades brasileiras e em diversos países, somando mais de 200 concertos. Como solista, atuou junto a grandes orquestras do Brasil e do exterior, como a Orquestra Filarmônica de Bacau na Romênia e a Orquestra do Estado da Baixa Saxônia – Alemanha. Vencedor de diversos concursos nacionais e internacionais, dentre eles o Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e o prêmio Franz Liszt em Niterói, conquistou também o concurso Kulturfonds Baden V. e o Concurso para pianistas Dr. Herr Büttner, ambos em Karlsruhe, Alemanha.

A turne Antes de iniciar sua tão aguardada turnê, a primeira parada de André Dolabella foi em sua terra natal, Belo Horizonte, onde apresentou o Concerto No. 3 de Rachmaninoff juntamente com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob a regência do maestro Silvio Viegas. Foram duas apresentações no Palácio das Artes, em 14 e 15 de junho. O concerto escolhido, Rach 3 – como também é conhecido – foi escrito em 1909 para a primeira turnê do compositor nos Estados Unidos. Desde então, tem sido considerado o mais desafiador concerto do repertório e temido por muitos pianistas. Dolabella segue sua turnê se apresentando no Savassi Festival, em Belo Horizonte, um dos mais importantes festivais do gênero na América Latina. O recital acontece no IDEA Espaço Cultural, dia 24/06 às 20h. Em seguida, o pianista embarca para Porto Alegre onde se

apresenta na Casa da Música no dia 26 de junho às 18h, com repertório composto por peças de Mendelssohn, Wagner, Ravel e outros. Já no dia 27/06 às 20h, ele retorna à Belo Horizonte e se apresenta na Assembleia Legislativa de Minas Gerais ao lado da soprano Raquel Calais. A apresentação faz parte do projeto “Segunda Musical” e o duo preparou obras de Gustav Mahler e Hugo Wolf. Em Julho, o pianista passará pelas cidades de Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 02/07, onde fará um recital na “Série Jovens Pianistas”, que está em sua 53ª edição. A apresentação acontece na Casa Charitas, às 18:30h, com entrada franca. O último recital será em São Paulo, no dia 10/07. O evento acontece no Museu Brasileiro da Escultura – MuBE às 15:30h e faz parte dos “Recitais de Piano” promovidos pelo museu, sempre aos domingos. Revista Keyboard Brasil / 09


O famoso e temido Rach 3 apresentado pelo pianista AndrĂŠ Dolabella e a Orquestra SinfĂ´nica de Minas Gerais (OSMG) 10 / Revista Keyboard Brasil


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Revista Keyboard Brasil – A valorização da música de qualidade e do virtuosismo fora do Brasil foram fatores importantes para você escolher a Europa para viver? Como surgiu essa oportunidade? André Dolabella: Sim, além do fato de estar mais perto de centros culturais importantes e de concertos com grandes músicos. Todo esse tipo de experiência ajuda a formar a personalidade e individualidade de nós artistas. A oportunidade surgiu quando participei, ainda no Brasil de cursos com professores da Europa. Então, aumentou o interesse e se fez a ponte para ir para Alemanha. Revista Keyboard Brasil – Podemos dizer então que o André Dolabella de hoje é um músico realizado profissionalmente? André Dolabella: Podemos dizer que sim, mas a realização é um acontecimento contínuo. A cada peça que se aprende e se apresenta, a experiência do músico aumenta e, quanto mais que se sobe, mais longe fica o destino final. É essa busca infinita de aprimoramento que deixa a música viva e interessante. Revista Keyboard Brasil – O Concerto nº3 de Sergei Rachmaninoff tem fama de instigar o medo nos pianistas. Através de sua visão, pode nos avaliar essa obra? André Dolabella: Sim, quando se olha a partitura pela primeira vez assusta mesmo. Para preparar essa obra precisa de muita disciplina, paciência, tempo, 12 / Revista Keyboard Brasil

O Rach 3 assusta mesmo, por isso precisa de muita disciplina, paciência, tempo, inteligência, energia e, naturalmente, muito amor pela música.

Entrevista

– André Dolabella

inteligência, energia e, naturalmente, muito amor pela música. Sem isso seria muito frustrante investir tanto tempo em uma obra. Revista Keyboard Brasil – Sua turnê no Brasil percorrerá 4 cidades: Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e Cabo Frio. O que podemos esperar em suas apresentações? André Dolabella: O público pode contar com concertos muito envolventes e emocionantes. O programa foi baseado em uma série de transcrições que venho desenvolvendo há muito tempo, como a transcrição que eu fiz para o “Prélude à l'après midi d'un faune” de Debussy. Esse gênero me interessa muito, uma vez que obriga o pianista a pensar também como um compositor e não só como intérprete. Além disso, acrescentei obras raras, como as “Peças Infantis” e “Peças de Caráter” de Mendelssohn, que certamente agradarão muito o público. Revista Keyboard Brasil – A Revista Keyboard Brasil deseja muito sucesso ! André Dolabella: Obrigado!


Belo Horizonte: Data: 24/06/2016 Horário: 20h. Local: IDEA – Espaço Cultural Endereço: Av. Bernardo Guimarães, 1200 – Funcionários. Ingressos: R$ 25,00 (inteira) e R$12,50 (meia) Contato: (31) 3309-1518

Foto: Neda Nevaee

Serviço

Porto Alegre: Data: 26/06/2016 Horário: 18h Local: Casa da Música Endereço: Rua Gonçalo de Carvalho, 22 – Floresta Ingressos: Valor espontâneo* Informações: www.casadamusicapoa.com.br Belo Horizonte: Data: 27/06/2016 Horário: 20h Local: Teatro da Assembleia Endereço: Rua Rodrigues Caldas, 30 – Santo Agostinho. Ingressos: R$ 1,00* Informações: (31) 2108 -7826 Cabo Frio: Data: 02/07/2016 Horário: 18:30h Local: Charitas – Museu José de Dome Endereço: Av. Assunção, nº855 – Centro Ingressos: Entrada Franca Informações: (22) 2643-2784 São Paulo: Data: 10/07/2016 Horário: 15:30h Local: Museu Brasileiro da Escultura Endereço: Av. Europa, 218 – São Paulo Informações: (11) 4301 7521 Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia)* *Os valores ainda poderão sofrer alterações.

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Foto: Igor Gripp

Matéria de Capa A caminhada musical e os desafios de

Diogo Monzo NUTRINDO UMA VERDADEIRA PAIXÃO PELO PIANO, O BRASILEIRO DIOGO MONZO VEM DESPONTANDO NO CENÁRIO MUNDIAL. TALENTOSO COMO P I A N I S TA , C O M P O S I T O R , ARRANJADOR E BAND LEADER, É COM ELE NOSSA MATÉRIA E ENTREVIS TA EXCLUS IVAS DESTE MÊS!

* Por Heloísa Godoy Fagundes

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Foto: Igor Gripp

Diogo Monzo é um jovem pianista, arranjador e compositor de reconhecimento internacional.

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iogo Monzo é um jovem

pianista, arranjador e compositor de reconhecimento internacional. Recentemente, além de ser selecionado entre os Top 5 na competição internacio n a l “ M a d e i n N e w Yo r k J a z z Competition”, o que lhe rendeu a participação do Gala Concert, no Tribeca Performing Arts Center, Monzo foi escolhido um dos melhores instrumentistas de 2015 pela edição especial Melhores da Música Brasileira, do site Embrulhador, através de seu segundo trabalho “Meu Samba Parece Com Quê? ”. Aliás, neste belo CD, Monzo nos apresenta seis composições próprias e outras três de músicos como Tom Jobim e

Newton Mendonça, Ernesto Nazareth e Nabor Nunes Filho. “Esse CD foi gravado em Brasília e é de trio (baixo, piano e bateria), exceto a primeira música, um quarteto com a participação do sax soprano”, explica o músico. Monzo, que também já escreveu um livro intitulado “Hinos Tradicionais Sob Uma Nova Concepção” que acompanha um CD, atualmente cursa Mestrado em Música em Contexto na UNB (Universidade de Brasília). Nessa caminhada musical de muita dedicação e estudo, o músico nos concede uma entrevista entre idas e vindas representando o Brasil pelo mundo.

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Trajetoria... Nascido em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, Diogo Monzo, 31 anos, despertou o interesse pela música aos 12. Começou a fazer aulas de percussão e canto na Escola de Música da Associação Batista Centro Sul Fluminense, sediada na Segunda Igreja Batista de Barra do Piraí, foi quando descobriu outro instrumento pelo qual nutriu uma verdadeira paixão: o piano. Diogo enfim, decidiu seguir a carreira de músico, sob a orientação do professor Rogério Toledo, dedicando-se totalmente ao instrumento. Atuando, durante quatro anos, como ministro de Música da Segunda Igreja Batista de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, obteve um crescimento musical de valor inestimável e realizou várias atividades: desenvolveu projetos com coros de todas as faixas etárias; fundou uma escola de artes; desenvolveu projetos sociais na área de música, em que atendeu mais de 200 crianças e suas famílias; solidificou a orquestra da igreja; e produziu musicais com mais de 300 pessoas atuando, entre músicos, atores e dançarinos. Graduado em Piano Clássico pelo Centro Universitário Conservatório Brasileiro de Música – RJ, estudou com as professoras Maria Tereza Soares, Talita Peres e Maria Tereza Madeira. Diogo concluiu o curso com louvor, obtendo a nota máxima em sua prova final de piano. Após o término de seu curso de graduação, continuou a estudar. Apaixonado pela criação, aprofundou seus estudos de harmonia e improvisação no 18 / Revista Keyboard Brasil

Centro Musical CIGAN – RJ. Monzo participou da Berklee On The Road – The Art of Improvisation, com oficinas em Songwriting, Arranging, e com o pianista Laszlo Gardony. Estudou improvisação e piano popular com os professores: Roberto Alves, Rafael Vernet, Cliff Korman e com o pianista e compositor Jeff Gardner, autor de “Jazz Piano: Creative Concepts and Techniques” (ex professor da New York University). Tem se apresentado em diversas salas, auditórios, programas de televisão e festivais, tais como sala Baden Powell, Clube do Choro, Sala Cecília Meireles, auditório Lorenzo Fernandez, Sesc em Barra do Piraí, Festival vale do Café, Ipiabas Blues Jazz Festival, Auditório da Faculdade Batista do Rio de Janeiro, Sesc em Brasília, Festival Café Cachaça e Chorinho, Sala Thomas Jefferson em Brasília, Triboz RJ e no projeto “Série Mini Recitais” transmitido pela UnB TV, no programa “Músicas que Elevam” da Boa Vontade TV (Canal 20 da Sky, 212 na Oi TV), no programa Refrão na TV Câmara e no programa “Espaço Cultural” na Tv Senado. No final do ano passado fez a sua estreia na Europa, onde apresentou três concertos de piano solo na József Attila Culture Hall, Dorog City – Hungria, através do projeto “Faces of Brazilian Piano”, na Universidade de Aveiro, em Portugal e na Chiesa Battista di Roma Montesacro, na Itália. Em maio passado, apresentou-se pela primeira vez nos EUA, mais precisamente em Nova York, no Tribeca


‘ ‘ Diogo Monzo possui um 'feeling' e uma sofisticada técnica de música moderna com o swing e harmonia do gospel e uma sólida formação no piano erudito.

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Eu tive o prazer de conhecer e ensinar o pianista Diogo Monzo em 2013 (eu era parte da delegação faculdade Berklee durante a nossa residência no Conservatório Musical Souza Lima). Fiquei muito satisfeito com os resultados do seu trabalho “Meu Samba Parece Com Quê?”. A gravação mostra o talento de Diogo como pianista, compositor, arranjador e band leader. Sua abordagem autêntica e original ao unir a rica tradição musical brasileira com o jazz moderno já demonstra um enorme sucesso. Laszlo Gardony – Professor de Piano da Berklee College of Music

Performing Arts Center pelo “Made in New York Jazz Competition”, junto com grandes nomes do jazz como Rufus Reid, Tommy Campbell, Philip Harper, Bobby Sanabria e Randy Brecker. Atualmente é mestrando do Programa de Pós-graduação em Música em Contexto, pela UNB (Universidade de Brasília), sob a orientação do professor Dr. Ricardo Dourado Freire.

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Jeff Gardner – Compositor, arrangador e pianista

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DIOGO

MONZO

Foto: Igor Gripp

T R I O

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O novo trabalho de Diogo Monzo, intitulado “Meu Samba Parece Com Quê?” é realizado em trio (piano, contrabaixo e bateria) com dois grandes nomes da música instrumental brasileira, Di Stéffano e Bruno Rejan. Di Steffano, baterista, é reconhecido nacionalmente por artistas consagrados como João Donato e Dominguinhos, dentre outros. Gravou diversos CDs com trabalho autoral e participações com renomados artistas. Apresenta a versatilidade da bateria mostrando harmonias e melodias ao invés de intermináveis solos. Bruno Rejan, contrabaixista, arranjador e compositor, é mestre em Música. Acompanha artistas de projeção internacional em diversos estilos musicais. Desenvolve projeto instrumental com foco na MPB mesclada ao jazz contemporâneo. O Trio tem trabalhado na turnê “Meu Samba Parece Com Quê?”, onde Diogo Monzo faz sua estreia como compositor. Os músicos prepararam um novo repertório, escolhido com um olhar muito criterioso e após muita pesquisa. O Trio tem como objetivo divulgar, promover e expandir ainda mais a Música Brasileira. Por isso, esse novo repertório conta com todas as músicas do CD e, ainda, com músicas de compositores brasileiros consagrados, com a inclusão de ritmos da música brasileira: samba, bossa nova, baião, frevo, choro (chorinho) e o maracatu. Revista Keyboard Brasil / 21


Trabalhos... Diogo Monzo lançou seu primeiro trabalho em Dezembro de 2013. “Hinos

tradicionais sob uma nova concepção” é um

De seu livro para piano “Hinos tradicionais sob uma nova concepção” surgiu o primeiro Cd de piano solo, onde Diogo improvisa sob as belíssimas melodias escolhidas. Em “Meu Samba Parece Com Quê?”, o músico divide a produção com Di Steffano e conta com a participação de grandes músicos como Hamilton Pinheiro, Carlos Pial, Rodrigo Ursaia, Oswaldo Amorim e André Togni.

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livro para piano. Uma releitura dos hinos tradicionais onde o músico recolheu melodias de grande significado para o povo evangélico, cantadas ao longo de gerações, ambientando-as numa linguagem harmônica sofisticada. Por consequência desta, Diogo gravou o seu primeiro Cd de piano solo, gravado ao vivo em um concerto empolgante e inspirador, em que ele improvisa sob as belíssimas melodias recolhidas nesse livro.

Em seu segundo d i s c o , “Meu Samba

Parece Com Quê?” Diogo divide a produção com Di Steffano e conta com a participação dos grandes músicos, Hamilton Pinheiro, Carlos Pial, Rodrigo Ursaia, Oswaldo Amorim e André Togni. Nesse trabalho, o pianista mostra suas excelentes versões para “Samba de uma nota só” (Tom Jobim e Newton Mendonça) e o choro “Escorregando” (Ernesto Nazareth), além de suas seis composições, com destaque para dois temas introspectivos, “Manhã” e “Branquinha”, com uma pitada de Bill Evans.


Entrevista Revista Keyboard Brasil – O que significa a música para você? Diogo Monzo: Uma expressão de louvor e adoração a Deus. A música dá sentido para muitas questões em minha vida. Ela me permite ser eu mesmo, me expressar de uma maneira honesta e sincera, ela me ajuda a me compreender. Faz parte não só dos meus dias ou da minha rotina, faz parte de mim. E eu sempre penso na música como Movimento. Se fosse possível definir a música em uma palavra, eu usaria essa “Movimento”. Revista Keyboard Brasil – Fale um pouco sobre a música na sua família; seus avós, seus pais eram músicos? Diogo Monzo: Na minha família alguns dos meus familiares tocam instrumentos, cantam, mas nenhum seguiu carreira de músico. Minha avó por parte de pai tocava piano, a música sempre foi um hobby. O único a escolher a música como profissão até agora fui eu. Eu conheci a música popular brasileira através da minha mãe. Minha mãe não é musicista, mas me apresentou e me fez conhecer grandes nomes da nossa música, como: Gonzaguinha, Elis Regina, Tom Jobim e muitos outros. O ambiente em que eu cresci sempre foi muito musical, ouvia-se muita música e isso me despertou para buscar conhecer a música em geral. Revista Keyboard Brasil – Como foi seu começo na música e por que você escolheu o piano como principal instru-

mento? Diogo Monzo: Eu comecei aos meus 12 anos, ouvindo música de diferentes estilos e pesquisando muito. Naquela época, não era fácil conseguir acesso à música, não existia a facilidade da internet. Me lembro do meu tio Rui me dando a coleção dele de música clássica por exemplo. Você precisava ir atrás dos cds ou discos, não era como hoje, que você encontra na internet. Eu gostava muito de tocar percussão, em especial, o pandeiro. Porém, com a minha curiosidade e vontade de ser músico eu comecei a tocar violão e um pouco de teclado sozinho. Aos meus 15 para 16 anos decidi, então, estudar música com um professor em uma escola de música. Fui estudar canto e acabei estudando piano na escola da Associação Batista Sul Fluminense que ficava localizada na Segunda Igreja Batista de Barra do Piraí. Lá eu conheci o professor Rogério Toledo, o qual foi o meu primeiro professor de piano. Rogério me deu aula de graça até eu ingressar no curso de bacharel em piano no Centro Universitário Conservatório Brasileiro de Música, onde eu me formei em piano erudito. Revista Keyboard Brasil – Quais foram os pianistas que mais influenciaram sua maneira de tocar o piano? Diogo Monzo: Sem dúvida, as minhas maiores influências foram os meus professores e, talvez, não há quem mais influenciou, porém grandes influências vieram à partir do ouvir, são elas: Nelson Freire, Martha Argerich, Luis Eça, Keith Revista Keyboard Brasil / 23


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Jarrett, André Mehmari, Gonzalo Rubalcaba, Fábio Torres, Chick Corea, Rafael Vernet, Herbie Hancock, Egberto Gismonti entre outros. Penso que conforme surgem novas descobertas, surgem com elas novas influências.

Revista Keyboard Brasil – Você escreveu um livro intitulado “Hinos Tradicionais Sob Uma Nova Concepção” que acompanha um CD. Fale sobre esse trabalho.

Diogo Monzo: “Hinos tradicionais sob uma nova concepção” é um livro para Revista Keyboard Brasil – Como é sua piano. É a releitura de hinos cantados por rotina de estudos? Você pratica todos os várias gerações em Igrejas protestantes. dias? Eles são constituídos de belísDiogo Monzo: Minha simas melodias e rotina é de 4 horas por dia. letras bem fundaEu estudo de segunda à mentadas na Bísexta. blia. Eles serviram Revista Keyboard Brasil – e servem de inspiEm sua opinião, o que ração, motivação, caracteriza um excelente encorajamento pianista? para muitos crisDiogo Monzo: Alguém que tãos. Eles eternizatrabalhe para música, não ram muitos para você mesmo, que momentos da hisconsiga ser um agente de tória cristã protestransformação por meio da t a n t e . Ta l v e z O Made in Jazz Competition New York é a alguém me perarte. primeira competição de jazz em linha internacional que visa premiar alguns dos melho- gunte se o intuito Revista Keyboard Brasil – res talentos do jazz em todo o mundo. Este Pode-se dizer que o Brasil ano, o brasileiro Diogo Monzo foi selecionado desse livro é resgaentre os Top 5 o que lhe rendeu recentemente é uma terra de excelentes a p a r t i c i p a ç ã o d o G a l a C o n c e r t . tar os hinos. Minha resposta seria não. pianistas. Como você avalia nossa formação universitária na Não podemos resgatar algo que não se perdeu! Os hinos são uma herança atualidade? deixada para música sacra de um valor Diogo Monzo: Sim. O Brasil é uma terra inestimável, que a enriquece. A diferença de excelentes pianistas. A nossa formação do livro para o cd é que o livro é universitária não é perfeita, muito já constituído de arranjos para piano. O cd, melhorou, mas há muito trabalho ainda apesar de ter pedaços relacionados a esses pela frente, muito a melhorar. Porém, eu arranjos, não são idênticos. No cd, o meu penso que temos uma boa formação, há foco foi a improvisação. bons professores dando aula e boas Revista Keyboard Brasil – Sobre seu Universidades. 26 / Revista Keyboard Brasil


trabalho mais recente e muito elogiado “Meu Samba Parece Com Quê?” você foi escolhido um dos melhores instrumentistas de 2015 pela edição especial Melhores da Música Brasileira, sendo um dos participantes na audição, concorrendo ao Prêmio da Música Brasileira 2016. Gostaríamos de saber: como surgiu a ideia e como foi o processo de composição de suas músicas (das 9 músicas que compõem o CD, 6 são autorais) ? Diogo Monzo: A ideia surgiu em 2012 com a minha mudança para Brasília. Morando aqui em Brasília e convivendo com os músicos e com a música produzida aqui, que aliás é muito boa, eu fiquei com muita vontade de gravar um cd com os músicos que moram na cidade. A gravação começou em 2013 no estúdio do meu amigo André Togni, o antigo “Beco da Coruja”, lugar onde todo o cd foi gravado. A ideia principal do cd foi a liberdade de criação, os temas foram compostos pensando nisso. Eles são bem pequenos, possibilitando solos maiores. Os músicos tiveram total liberdade para criar e colocar a sua linguagem no cd. Eu comecei a partir das músicas que eu já tinha composto, e dessas escolhi apenas duas, “Segredos” e “Meu Samba Parece Com Quê” que veio a ser o nome do Cd e foi composta em 2006 depois de ouvir a música “Got a Match?” do Chick Corea. Essa mudança

para Brasília representava um novo momento para mim, como é normal em toda mudança. Sendo assim, eu decidi compor três músicas aqui: “Manhã”, “Branquinha” e “A Chama”, que registram um pouco sobre essa nova fase que iniciei aqui e, ainda, “Song For Fran”, que fiz para a minha esposa. Revista Keyboard Brasil – Sendo um músico independente, como foi o processo de produção de “Meu Samba Parece Com Quê?” e a escolha dos músicos que te acompanham neste trabalho? Diogo Monzo: O cd levou um ano para ser gravado e não teve apoio de leis de incentivo. Por isso, todo o processo foi mais lento. Porém, apesar das dificuldades foi muito bom e prazeroso, eu e todos os envolvidos nos divertimos muito. Os períodos de gravação foram muito bons, os músicos estavam muito à vontade e tudo foi muito leve. Em diversos O Prêmio da Música Brasileira criado em 1988, se consolidou não apenas por resgatar e celebrar grandes nomes do cenário nacional mas, sobretudo, por avalizar carreiras de artistas iniciantes. Este ano, o recente trabalho de Diogo Monzo “Meu Samba Parece Com Quê?” esteve na audição, concorrendo ao prêmio.

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momentos ficamos surpresos tendo nossas expectativas superadas. Aos poucos, eu fui me inserindo na cena musical de Brasília onde conheci os músicos Di Steffano, Hamilton Pinheiro, André Togni, Carlos Pial e Oswaldo Amorim, que gravaram no Cd. O Cd ainda contou com a participação do Rodrigo Ursaia, o único dos músicos que não mora nessa cidade.

quero ser mais um. No Gala Concert eu toquei músicas com músicos de Jazz consagrados e respeitados em todo o mundo, convidados pela produção do evento. Foi uma oportunidade que me trouxe um enorme crescimento como músico e ampliou a minha visão me trouxe uma outra perspectiva de como trabalhar com música. Me abriu novas portas e oportunidades.

Revista Keyboard Brasil – Você ficou entre os Top 5 no Made in New York jazz competition, o que lhe rendeu a participação no Gala Concert. Como foi para você participar dessa competição internacional?

Revista Keyboard Brasil – Quais são seus próximos projetos?

Diogo Monzo: O fato de você estar entre os melhores de uma competição internacional é importante! Faz você se ver em uma outra perspectiva, não tão distante dos outros músicos do mundo. Muitas vezes, não observamos ou mesmo paramos para pensar o quanto já crescemos como músico, como artista e o quanto ainda precisamos melhorar. A caminhada musical não tem fim; sempre há um novo desafio. Foi uma oportunidade de representar o Brasil, a música brasileira e isso traz um sentimento muito bom. Me sinto orgulhoso de poder mostrar o bom trabalho que temos feito no País. A música brasileira é muito rica e respeitada, muitos músicos brasileiros têm representado o Brasil pelo mundo e tornado a nossa música cada vez mais conhecida. Eu

Diogo Monzo: Estou terminando de gravar agora em Julho um cd em trio com músicas de “Luis Eça”. Esse trabalho é uma homenagem a esse grande músico brasileiro e faz parte do meu trabalho final de Mestrado, onde eu pesquiso o Luizinho. Termino também em Outubro o cd de piano solo que comecei a gravar ano passado. De 15 a 20 de Agosto participo do Imesur, no Chile, como parte da turnê “Meu Samba Parece Com Quê?”. Em Dezembro faço uma segunda turnê pela Europa com o projeto “Faces of Brazilian piano”. Revista Keyboard Brasil – Muito obrigada pela entrevista e sucesso sempre! Diogo Monzo: Eu que agradeço por essa fantástica oportunidade concedida por vocês. Parabéns pelo brilhante trabalho que tem sido feito pela revista. Vida longa a Keyboard Brasil.

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 28 / Revista Keyboard Brasil


Foto: Igor Gripp

Diogo Monzo: “A música brasileira é muito rica e respeitada, muitos músicos brasileiros têm representado o Brasil pelo mundo e tornado a nossa música cada vez mais conhecida. Eu quero ser mais um”.

Revista Keyboard Brasil / 29


De músico para músico

30 / Revista Keyboard Brasil


O IMPROVISO

É SEU!! A PEDIDOS, HOJE VOU FALAR SOBRE DICAS DE IMPROVISAÇÃO. EMBORA ESSE SEJA UM RECURSO, NA MAIOR PARTE DAS VEZES MAIS EMOCIONAL DO QUE TÉCNICO, O DOMÍNIO DA TEORIA MUSICAL É IMPRESCINDÍVEL PARA QUE COLOQUEMOS RAZÃO EM NOSSAS EXPRESSÕES E SENTIMENTOS SOBRE AS NOTAS DO INSTRUMENTO. OU SEJA, A MÚSICA EXIGE CONHECIMENTO TÉCNICO APURADO, SALVO RARAS EXCEÇÕES.

* Por Hamilton de Oliveira Revista Keyboard Brasil / 31


‘ ‘

‘de ouvido’ o repertório da noite. Em um determinado momento, chega a hora do seu improviso, quando de repente... Ops! Para qual caminho eu vou? Que acordes são esses? Quantas vezes você foi pego de surpresa na hora de improvisar em uma harmonia ou campo harmônico estranho no seu dia a dia? Muito amigos músicos já me perguntaram em algum momento sobre dicas de improvisação. Embora esse seja um recurso, na maior parte das vezes mais emocional do que técnico, o domínio da teoria musical é imprescindível para que coloquemos razão em nossas expressões e sentimentos sobre as notas do instrumento. Ou seja, a música não é a arte de manifestar os diversos afetos de nossa alma mediante o som como muitos pensavam no período romântico do século XVlll. Mais que isso, a música

exige conhecimento técnico apurado, salvo raras exceções como o violeiro que domina sua viola sem nunca ter aprendido teoria ou o sanfoneiro que faz chorar sua sanfona com maestria sem nunca ter estudado antes, e muitos outros artistas que são autodidatas. Costumo dizer que existem 03 pilares da teoria musical que devem ser memorizados para que nosso improviso externe o que diz nosso sentimento da maneira mais fiel possível. São eles: A

32 / Revista Keyboard Brasil

Costumo dizer que existem 03 pilares da teoria musical que devem ser memorizados para que nosso improviso externe o que diz nosso sentimento da maneira mais fiel possível. São eles: A escala musical, os intervalos musicais e o campo harmônico.

1

...2...3...4... A música começa com você no teclado acompanhando a cifra ou partitura ou mesmo tocando

Hamilton de Oliveira

escala musical, os intervalos musicais e o campo harmônico. Esses três pilares da música nos ajudam a entender, de início, os caminhos seguidos pelas notas musicais e acordes durante sua execução. De uma forma bem resumida podemos dizer que a escala é uma sequência de notas separadas por tom e semitom. Podem ser tonais ou modais, maiores ou menores, diminutas, cromáticas, etc. Ex: Escala de Dó maior: Dó, re, mi, fá, sol, lá, si. Os intervalos são as distâncias entre as notas musicais. Podem ser maiores, menores, diminutos, aumentados, uníssono. Ex: da nota Dó até a nota Mi, temos uma terça maior. Campo harmônico é um conjunto de acordes formados a partir de uma determinada escala. Tome como exemplo


a escala de Dó maior: C, D, E, F, G, A, B. Em tríades temos C, D, Em, F, G, Am, Bº. Em tétrades, temos C7M, Dm7, Em7, F7M, G7, Am7,Bm7(b5). Para um bom estudo, deixo essa dica para vocês: Escreva em um caderno pautado todas as escalas maiores e menores. Feito isso forme as tríades e tétrades em todas as escalas que escreveu. Para finalizar, toque todos os acordes formados em cada campo harmônico alternando mão direita e mão esquerda e, depois, fazendo arpejos entre as notas da mão direita e esquerda. Outro exercício bacana é achar o intervalo entre as notas musicais. Escreva em um caderno duas notas musicais quaisquer e ache o intervalo entre elas baseados na teoria dos intervalos musicais. Ex: Dó-Mi (terça maior), Ré-Fá (terça menor), Lá-Ré bemol (quarta diminuta), assim por diante, até conseguir memorizar todos eles. Parece um exercício longo e chato, mas quando você começar a escrevê-los logo vai entender a magia das notas clareando na sua mente e a vontade de tocá-las no seu instrumento. Lembre-se que todo

estudo abre portas infinitas para um mundo musical sem fim. Boa sorte e até breve!

* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 33


Foto: Jay Blakesburg

Mundo Progressivo

A lenda viva chamada

Christopher

FrankE 34 / Revista Keyboard Brasil


INJUSTO COMO VEJO O ESQUECIMENTO E CITAÇÕES SOBRE ESTE GRANDIOSO MÚSICO, QUE FOI PELO MENOS “METADE” DO TANGERINE DREAM DURANTE MAIS DE UMA DÉCADA. DEPOIS DE EDGAR FROESE, CHRISTOPHER FRANKE SERIA, COM CERTEZA, O MAIS INDICADO PARA SEGUIR VIAGEM NUMA DAS MAIS IMPORTANTES BANDAS DO ROCK PROGRESSIVO ELETRÔNICO. IMPERDOÁVEL SERIA EU NÃO FALAR SOBRE ELE. * Por Amyr Cantusio Jr.

N

ascido em Berlim, Alemanha, em abril de 1953, o tecladista e compositor Christopher

Franke estudou música clássica e composição no Conservatório de Berlim. Naquela época, foi influenciado por compositores como Krzysztof Penderecki, John Cage e Karlheinz Stockhausen e esteve ativamente envolvido com o Rock e o Jazz. Junto com seu professor de composição, Franke montou um estúdio de som dentro de uma escola de música em Berlim. As excursões experimentais resultaram em um projeto que evoluiu para a escola de Berlim de música eletrônica, denominada Berlin School. Foi lá que Christopher Franke conheceu Edgar Froese e, de 1971 a 1987, tornou-se

membro de uma das mais importantes bandas do rock progressivo eletrônico - a banda alemã Tangerine Dream. É certo que Franke não foi o primeiro músico a usar um sequenciador analógico. Porém, foi provavelmente o

primeiro a transformá-lo em um instrumento de performance ao vivo, explorando o Moog Sequencer lançando, assim, as bases rítmicas de clássicos do Tangerine Dream e, consequentemente, para toda a escola de Berlim. Mais tarde, Franke trouxe Peter Baumann para a banda. Franke aparece inaugurando o período “Kosmic Musik” entrando em 1971 no segundo álbum da vasta discografia da banda, com um som mais espacial e atmosférico, formando a onda

Revista Keyboard Brasil / 35


Tangerine Dream: Edgar Froese (guitarra, mellotron, sintetizador), Chris Franke (ĂłrgĂŁo, sintetizador) e Peter Baumann (teclados, sintetizador). 36 / Revista Keyboard Brasil


denominada Berlin School. O músico, que originalmente tocava bateria, migrou para o sintetizador quando o grupo se afastou de seu estilo original de rock psicodélico. Depois de deixar o grupo em 1988, Franke lançou seu primeiro álbum solo, “Pacific Coast Highway”, em 1991. Nesse mesmo ano fundou a Berlin Symphonic Film Orchestra (BSFO) e um estúdio de gravação novo, muito necessário em Hollywood, já que Franke tonou-se um compositor de sucesso para os filmes norte-americanos, tais como “Soldado Universal”. Em 1993, fundou o selo discográfico Sonic Images Records e um selo new age chamado Earthtone. O músico também tornou-se muito conhecido por compor para séries de televisão como a “Babylon 5” e “Celestine Prophecies”. A música de Christopher também pode ser ouvida em 280 episódios do programa

De cima para baixo: (1) O CD da série de televisão Babylon 5 (2) Estúdio de Christopher Frank em Berlin, 1982. (3) O músico em seu estúdio em West Hollywood, 1993. (4) Em 2005, ao centro, recebendo o BMI A w a r d s .

“The Amazing Race”, que recebeu 10 Emmy Awards até agora. Trilhas magníficas feitas por um músico magnífico!

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 37


Homenagem

38 / Revista Keyboard Brasil


ERIK SATIE:

150 ANOS DE

UM PRECURSOR ERIK SATIE AINDA SE APRESENTA COMO ALGUÉM QUE NOS FAZ RIR E SONHAR, MESMO 150 ANOS DEPOIS DE SEU NASCIMENTO!

* * Por Maestro Osvaldo Colarusso

M

esmo 150 anos depois de seu nascimento, o compositor francês Erik Satie ainda

p e r m a n e c e j o ve m , i c o n o c l a s t a e questionador. Precursor da harmonia impressionista, do surrealismo, do minimalismo e, até mesmo, do Teatro do absurdo (talvez o pai espiritual de John Cage) foi dos raros compositores que teve uma existência marginal, fora de qualquer padrão burguês. Nenhum compositor importante teve uma vida boêmia como ele, nos padrões do famoso atelier “Bateau

Lavoir”, no bairro de Montmartre, em Paris, que serviu de refúgio para artistas que eram ainda alternativos no final do século XIX, como Picasso, Modigliani, Max Jacob, Apollinaire e Derain. Ele vivia numa casa modesta a poucas quadras do “Bateau Lavoir” (uma fábrica de pianos abandonada) e conviveu assumidamente este tipo de vida excêntrica. Stravinsky, que conheceu Satie em 1911, se referia a ele como o ser mais diferente e incomum que conheceu em toda a sua vida.

Revista Keyboard Brasil / 39


Do canto gregoriano ao cabaré Nascido na Normandia em 17 de maio de 1866 teve ainda como menino uma educação musical bastante afastada do corriqueiro: foi aluno de um certo Monsieur Vinot que baseou seu trabalho com o jovem apenas no canto gregoriano. Isso, sem dúvida, explicará o modalismo de sua linguagem e um Debussy e Satie. Foto tirada por Stravinsky tipo de misticismo secreto do qual nunca se afastará: ele próprio fundará uma igreja mais tarde, a “Igreja Metropolitana da Arte de Jesus Dirigente”, da qual ele será o único adepto… Sua madrasta até tenta colocá-lo num tipo de formação musical mais convencional, mas ele escapa do conservatório se engajando voluntariamente…no exército. Sua saúde frágil o fará renunciar à carreira militar e, em 1887, compõe suas primeiras obras importantes, todas visivelmente influenciadas por esse ideal sonoro que poderíamos chamar de arcaico. Suas Quatro Ogivas para piano, com seus cantos gregorianos acordes paralelos e sem compassos definidos, encarnam a atitude mais rebelde possível ao Conservatório de Paris, templo da educação musical rígida e

conservadora. Suas Três Sarabandas, de 1887, traçam definitivamente o tipo de harmonia que compositores como Debussy e Ravel utilizarão. É desta época sua obra mais popular, as Três Gymnopédies também para piano. Assim como suas Três Gnossiennes, escritas na mesma época, temos aqui uma música absolutamente “zen”, que revela caminhos originais e

Debussy e Stravinsky em foto tirada por Satie

40 / Revista Keyboard Brasil


Pano de boca para "Parade" pintado por Picasso

inusitados. O experimentalismo mais radical de Satie se manifesta nesta época em sua obra Vexations, uma curta partitura de piano que deve ser executada 840 (!) vezes, algo que deve levar entre 9 e 10 horas. Mesmo tocando todas as noites em cabarés famosos como “Le divan japonais” e “Le chat noir”, sua situação financeira ficará tão ruim que será obrigado a abandonar Montmartre passando a viver num subúrbio da capital francesa (Arcueuil). Mas, continuará a frequentar Montmartre todas as noites voltando para casa de madrugada a pé (cerca de 5 quilômetros) caminhando sempre com um “ameaçador” martelo para espantar os ladrões…

Em 1905, decide aprimorar sua formação musical entrando na Schola Cantorum tendo sido aluno de Albert Roussel e Vincent D'Indy. É depois deste período, em 1915, que Satie conhece Jean Cocteau. Junto a ele, Satie abre o caminho para o surrealismo. Prova disso é a genial música que ele escreve para o Ballet “Parade” em 1917, cujo argumento era também de Cocteau. Junto à orquestra estão máquinas de escrever, um revólver e globos giratórios de loteria ajudando a contar a história de uma garota americana, dois acrobatas e um Prestidigitador chinês. A estreia com cenários e figurinos de Picasso e regência de Ansermet foi um escândalo tão grande ao que aconteceu Revista Keyboard Brasil / 41


Renee Clair e Erik Satie, 1924.

em 1913 com a criação de “Le sacre du printemps”. O surrealismo anunciado nesta obra terá, 7 anos depois, uma sequência fantástica: Relache, trilha sonora para um curta do cineasta René Clair. O compositor chamava esta obra de “Ballet instantanéiste”. Ele falece em julho de 1925. Satie, que desde jovem tinha um aspecto de idoso, chega a nós como o mais iconoclasta e juvenil dos grandes compositores. 150 anos depois de seu nascimento se apresenta ainda como alguém que nos faz rir e sonhar.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.

http://www.jazzsinfonica.org.br/ 42 / Revista Keyboard Brasil



Fotos: Divulgação

Outros Sons

QUARTETO

TESLA

EXECUTANDO OBRAS ORIGINALMENTE ESCRITAS PARA QUARTETO DE CORDAS TRADICIONAL (VIOLINOS I E II, VIOLA E VIOLONCELO) O GRUPO DE GUITARRAS ELET ́ RICAS, FORMADO POR LEANDRO DE CÉSAR, THIAGO LIMA, MARCELO BORGES E GUILHERME DA MATTA INTITULADO QUARTETO TESLA TRAZ À LUZ O AMAL ́ GAMA DE DOIS ÂMBITOS ORA INCONCILIAV ́ EIS: O DA MUS ́ ICA ERUDITA E O DA MUS ́ ICA POPULAR. * Da Redação 44 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 45


O Quarteto Tesla é formado por Leandro de César, Thiago Lima, Marcelo Borges e Guilherme da Matta, respectivamente. No destaque, o trabalho atual Electric Mozart.

F

ormado por Leandro de César, Thiago Lima, Marcelo Borges e Guilherme da Matta, o Quarteto

Tesla – um quarteto de guitarras criado

com o objetivo executar peças originalmente escritas para quarteto de cordas tradicionais, compostos por dois violinos, viola e violoncelo, formato de grande destaque em grupos de câmara dentro da música clássica. O Quarteto nasceu dentro do Conservatório Souza Lima & Berklee, onde todos os membros eram integrantes da Orquestra de Guitarras Souza Lima, coordenada e idealizada pelo professor Ciro Visconti. A singularidade do quarteto se dá pela desterritorialização da instrumentação original das obras, reterritorializando-a na esfera estética das

46 / Revista Keyboard Brasil

guitarras elétricas: não apenas no tocante ao colorido instrumental mas, sobretudo, pela proposta de reinterpretação musical a partir de uma lente-ouvido contemporânea: buscar pontos peculiares de intersecção e equilíbrio entre momentos musicais longínquos: eis que irrompe uma arte híbrida; de síntese; de transfiguração, trazendo à luz o amálgama de dois âmbitos ora inconciliáveis: o da música erudita e o da música popular. O grupo é formado por guitarristas profissionais que possuem suas carreiras individuais, porém, com algo forte incomum, o amor pela música erudita e a

vontade de trazer de volta um repertório tradicional com excelência.


Guitarras

As guitarras utilizadas pelo Quarteto Tesla não são convencionais, a fim de interpretar com fidelidade o repertório, fez-se necessária a construção de instrumentos especiais para o projeto, como a Guitarra Piccolo, por exemplo (primeira à esquerda), instrumento de tamanho reduzido e com a afinação mais aguda em comparação à afinação tradicional da guitarra. Seu papel é cumprir a função do violino dentro do quarteto, alcançando notas mais agudas. Também utiliza-se a Guitarra Convencional (terceira guitarra da esquerda para a direita), com afinação padrão, já que o limite de tessitura entre a Viola e a guitarra são próximas, não

havendo necessidade de um instrumento específico ou diferenças na afinação. Por fim, para fazer o papel do violoncelo, utiliza-se a Guitarra Barítono (quarta guitarra da esquerda para a direita), instrumento de tamanho aumentado com uma afinação mais baixa, alcançando notas graves para fazer a função do Violoncelo. A guitarra é um instrumento com vasta possibilidade de timbres. Todavia, o quarteto aposta na simplicidade de colorido timbrístico para conduzir o projeto. Nada mais do que amplificadores valvulados, alguns da década de 60, e clássicos pedais de overdrive (saturadores de sinal).

Revista Keyboard Brasil / 47


Integrantes

Leandro de César é

Thiago Lima é instru-

Marcelo Borges é

compositor, performer, guitarrista e contrabaixista natural de Minas Gerais. Consubstancializou seus estudos no Conservatório Municipal Renato Frateschi, em Uberaba – MG; Conservatório Musical Souza Lima & Berklee; Vestjysk Musikkonservatorium, na Dinamarca e atualmente é graduando em Licenciatura Plena em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado: FIAM-FAAM. Integrou a banda Diafanes. Atualmente desenvolve trabalhos de cunho artísticopedagógico junto à Secretaria de Educação de Santo André e em São Bernardo do Campo, além de executar pesquisas, concertos e happenings musicais.

mentista, arranjador, compositor e professor paulistano. Formalizou seus estudos no Conservatório Musical Souza Lima & Berklee. Integrou a orquestra do premiado espetáculo Cazuza - Pro dia Nascer Feliz, atuando como guitarrista, violonista, bandolinista e regente. Tocou no icônico Circo Voador montado no Arpoador/RJ, dividindo o palco com músicos consagrados. Atualmente é professor de guitarra no Colégio Dante Alighieri. C o m o e s c r i t o r, s e u primeiro livro será lançado em breve.

guitarrista e violonista mineiro. Iniciou seus estudos formais no Conservatório Municipal Renato Frateschi, em Uberaba – MG, passando pelo Conservatório Musical Souza Lima & Berklee. É Bacharel em guitarra pela Faculdade Cantareira (SP). Como artista, atua em projetos de música instrumental brasileira, Jazz e Blues, com o grupo DuoJazz, no cenário cultural paulistano. Enquanto docente, desenvolve trabalhos pedagógicos na Escola de Música Symphony e MHS.

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Guilherme da Matta é guitarrista paulistano formado pelo Conservatório Musical Souza Lima & Berklee e Bacharel em guitarra pela Faculdade de Artes Alcântara Machado: FIAMFAAM. Atua como Músico profissional há mais de 10 anos. Gerencia a banda de eventos Party Paradise e desenvolve trabalho artístico com a banda ''A Ostra''. Detém o cargo de diretor da Escola de Música Allemande, além de exercer atividades didáticas enquanto professor de música na mesma instituição.



Musicando

ZARABATANA JAZZ BAND 50 / Revista Keyboard Brasil


FORMADA POR 22 MÚSICOS PROFISSIONAIS, A BIG BAND QUE RESGATA COMPOSITORES CLÁSSICOS DO PARÁ TEM À FRENTE ZIZA PADILHA, DAYSE ADDARIO E CIBELLE JEMIMA. * Por Rafael Sanit

Revista Keyboard Brasil / 51


D

Foto: Sam

Foto: Sam

di Mende

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di Mendes

Dirigida e arranjada pelo respeitado músico Ziza Padilha, a Zarabatana Jazz Band conta com a regência de Cibelle Jemima e, como solista, a dama do jazz paraense, a cantora Dayse Addario. No corpo da jazz band, a participação de 22 músicos com vasta experiência em bandas e orquestras.

irigida e arranjada pelo respeitado músico, violonista, arranjador e compositor Ziza

Padilha, a Zarabatana Jazz Band conta com a regência da violonista e professora Cibelle Jemima, primeira mulher formada pelo Conservatório Carlos Gomes no curso de Mestre de Banda e como solista, a cantora Dayse Addario, dama do jazz paraense, marcando o diferencial da Zarabatana Jazz Band. No corpo da jazz band, a participação de 22 músicos (muitos dos quais são profes52 / Revista Keyboard Brasil

sores de música), com vasta experiência em bandas e orquestras da cidade. A big band surgiu como uma extensão da proposta musical do grupo instrumental Zarabatana Jazz que, há mais de uma década, vinha atuando no cenário musical paraense com um DVD lançado em 2011, o Na Corda Bamba. Com nova formação, a Zarabatana Jazz Band apresentou-se pela primeira vez com o projeto Big Benção, projeto esse que mais tarde tornou-se um CD.


Dayse Addario Dayse Addario começou a obter notoriedade com premiações em festivais por todo o país. Realizou participações especiais em discos de artistas do Pará, Roraima, Acre e Paraíba. Em 2003, lançou seu primeiro CD “Monólogo urbano”, produzido por Ziza Padilha. No mesmo ano, participou do CD “Jazz e Blues no Palácio Azul”, do Quinteto de Jazz da banda Sinfônica Municipal. Lançou o CD/DVD “Por dentro da noite Prata", também produzido por Ziza Padilha. Em novembro de 2009, recebeu diploma e medalha de Mérito Cultural e Patrimônio de Belém da Câmara dos Vereadores, pelos serviços prestados à cultura do município. Em 2010, realizou participação no DVD "Na corda

bamba" e no CD “Big benção”, do Zarabatana Jazz Sexteto. Em 2011, realizou turnê com o Projeto “Cidades do Jazz”, além de shows e workshops por alguns municípios do Estado do Pará. Durante três natais seguidos, lançou as músicas de trabalho “Meu presente de natal”, “Merry christmas baby” e “Christmas samba”. Entre 2012 e 2013, ao lado do sexteto Zarabatana Jazz, participou do Festival Cultura de Verão em Bragança, do IV Encontro de Metais da Amazônia, e do III Terruá Pará. Como produtora, dirige a Zarabatana Produções, ao lado de Ziza Padilha.

Ziza Padilha Ziza Padilha nasceu em Belém. É violonista, compositor e arranjador de formação popular. Estudou arranjo e harmonia na Escola de Música da UFPA e violão clássico com o professor Antonio Carlos Braga no Conservatório Carlos Gomes. Cursou Arranjo com o maestro Laércio de Freitas, Harmonia e Revista Keyboard Brasil / 53


Improvisação com a pianista Delia Fischer e João Marcos Mascarenhas e Improvisação e Guitarra com o guitarrista Nelson Faria. Ziza é quem assina as composições e arranjos do repertório do grupo instrumental Zarabatana Jazz, do qual é diretor musical. Participou como violonista do disco do poeta João de Jesus Paes Loureiro, da Coletânea da Quinta Cultural do Basa, do Cd e DVD de Billy Blanco e de diversos discos de festivais. Produziu, dirigiu e arranjou o DVD e os discos de Dayse Addario (Monólogo Urbano, Jazz e Blues no

Palácio Azul, Meu Presente de Natal, Merry Christimas Baby e Por Dentro da Noite Prata); Tadeu Pantoja (Verbo Guardado); Sérgio Souto do estado do Acre (Cumplicidade); Mário Mouzinho (Calmaria), Jeanne Darwich (Encanto Amazônico ), Celio Cruz de Manaus, Enrico de Micelli de Macapá, Camilo Delduque (Palavras), Renato Gusmão (Dos Zens) e grupo instrumental Zarabatana Jazz. Suas composições violonísticas fazem parte do material curricular do curso de violão da Universidade de Música da Bahia.

Cibelle Jemima Cibelle Jemima Donza é musicista formada em música pela UEPA (Universidade do Estado do Pará) e Especialista em Composição pela UFPA (Universidade Federal do Pará) e, ainda, concluinte do Bacharelado em Composição e Arranjo pelo Instituto Carlos Gomes. É formada também em Violão Clássico e Regência pelo Conservatório Carlos Gomes, tendo como mérito, ser a primeira mulher no Estado do Pará a se formar no curso de Regência e, ainda, a segunda no curso de violão erudito. Cursou também, “Arranjo, Instrumentação e Orquestração” pelo Conservatório Brasileiro de Música no Rio de Janeiro. Na área da Regência, tem estudado com importantes maestros no Brasil e EUA. Participou ainda da Conferência Internacional Multi Orquestra: Talento, Gestão e Impacto, promovido pela British Council, em Belo Horizonte. Atualmente é Regente Titular e Diretora artística do Zarabatana Jazz Band e atua também, como Regente Adjunta da Orquestra Jovem da Fundação 54 / Revista Keyboard Brasil

Carlos Gomes, já tendo atuado como Regente Adjunta da Orquestra Sinfônica Altino Pimenta (OSAP – EMUFPa) e Orquestra de Cordas – EMUFPa. Desenvolve, também, trabalhos na criação de arranjos e composições para grupos de música popular, orquestras e trilhas sonoras.


Zarabatana Jazz Band

A big band Zarabatana Jazz Band surgiu há pouco tempo, como uma extensão da proposta musical do grupo instrumental Zarabatana Jazz que, há mais de uma década vinha atuando no cenário musical paraense. Criado para fazer a base do CD “Monólogo Urbano” da cantora Dayse Addario, o grupo Zarabatana Jazz alçou vôos maiores e logo participou dos espetáculos “A nova era”(1997) e ”Pão Amassado”(1998) como banda de apoio. Entre outros trabalhos do grupo, o Zarabatana Jazz também gravou com Sérgio Souto, Tadeu Pantoja, Cristovam Moraes, o CD “Palavras” ao vivo, e o CD /

DVD “Por dentro da Noite Prata”. Entrosados e identificados com o mesmo estilo, os músicos decidem então, criar a Zarabatana Jazz Band e, em 2011, logo após a gravação do DVD “Na Corda Bamba”, a big band surge com uma formação de 22 músicos - lançando na sequência, o Cd “Big Benção” em comemoração ao Centenário da Igreja Assembleia de Deus em Belém. No repertório do Zarabatana, além de clássicos do jazz internacional e pérolas da música brasileira, também consta um número significativo de composições próprias de autoria de Ziza Padilha, seu líder band.

* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil.

Revista Keyboard Brasil / 55


Aconteceu

SAMUEL QUINTO E SUAS RECENTES CONQUISTAS 56 / Revista Keyboard Brasil


O MAESTRO SAMUEL QUINTO É O ÚNICO ARTISTA BRASILEIRO ELEITO MEMBRO DA REAL SOCIEDADE DE ARTES BRITÂNICA E DA NATIONAL FEDERATION OF MUSIC CLUBS SITUADA NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. * Por Heloísa Godoy Fagundes

P

ianista, maestro, produtor, arranjador, escritor e educador musical, o brasileiro Samuel Quinto é conside-

rado um dos maiores representantes do Latin Jazz na Europa, colecionando vitórias importantes para um músico brasileiro. Contudo, seu talento musical não se resume apenas ao Jazz. Samuel também passou a desenvolver o lado erudito. Inspirado em grandes compositores como Beethoven, Mozart, Bach, Tchaikovsky, Brahms entre outros, iniciou composições para acompanhamento em espetáculos de ballet, bem como para orquestra e coro. Também passou a compor minuetos, hinos e tangos. Internacionalmente renomado, o maestro foi eleito recentemente como membro da Real Sociedade de Artes Britânica – Royal Society of Arts (RSA), cuja patrona é a Rainha Elizabeth II e a presidente da Sociedade é sua filha Princesa Real Anne Elizabeth Alice Louise. Samuel é o único músico brasileiro a fazer parte desta sociedade fundada em 1754 em Londres. Com um extenso currículo internacional, o maestro atualmente está vivendo em São Paulo. Revista Keyboard Brasil / 57


Entrevista

NFMC (National Federation of Music Clubs)

NFMC (National Federation of Music Clubs) é uma ONG

A

das nor te- am eri can a, me mb ro sua terá que Nações Unidas desde 1949, na cidade de convenção nacional em 2016 into será o Tulsa, Oklahoma. Samuel Qu à ordem dos primeiro estrangeiro a pertencer Pen nsy lva nia , mú sic os do Est ado da Desde a sua nomeado nesta conferência. tem crescido fundação em 1898, o NFMC anizações do como uma das maiores org ros individuais mundo da música com memb oferece oportude todas as idades. A NFMC desempenho e nidades de estudo musical, 135.000 idosos, apreciação para os mais de s em 6.500 estudantes e membros juniore e organizações clubes relacionados à música no. Seus memem todo o país norte-america s profissionais e bros são formados por músico itores, dançaamadores, vocalistas, compos estudantes de rinos, artistas, professores e e promover música. Dedicado a encontrar NFMC realiza jovens talentos musicais, a is de 117.000 festivais anuais júnior com ma da Federação participantes. Os membros nte musical e trabalham para criar um ambie comunidades cultural dinâmicos em suas ínio de eventos através da educação e patroc musicais.

58 / Revista Keyboard Brasil

Revista Keyboard Brasil – Primeiramente queremos parabenizá-lo por suas recentes conquistas! Samuel Quinto Feitosa: Muito obrigado! Revista Keyboard Brasil – Como se deu a nomeação na National Federation of Music Clubs onde se tornou o primeiro estrangeiro a pertencer à ordem dos músicos do Estado da Pennsylvania? Samuel Quinto Feitosa: Surgiu a partir de uma conversa com a editora chefe da Piano Magazine através de uma rede online de contatos, onde ela me convidou a ser membro do American Council of Piano Performers (ACPP), a qual ela é também presidente. Alguns dias depois, em conversa com uma pianista americana, ela me sugeriu entrar em contato com a NFMC, pois iria agregar muito valor a ambas as partes esta comunicação. Eu escrevi para eles e recebi uma resposta bem interessante. Me perguntaram o porquê do meu interesse. Dei 3 motivos, que ao meu ver, eram importantes para ambos. Então pediram-me um prazo para avaliarem em reunião do conselho administrativo. Após 11 dias recebi a resposta positiva e um convite da chairman da Pennsylvania Federation of Music Clubs para me tornar Senior Member, a ser anunciado na conferência de 2016 em Tulsa, como primeiro estrangeiro membro desta federação. Revista Keyboard Brasil – Você também foi eleito recentemente como membro da Real Sociedade de Artes Britânica –


Royal Society of Arts (RSA), cuja patrona é a Rainha Elizabeth II e a presidente da Sociedade é sua filha Princesa Real Anne Elizabeth Alice Louise. É o único músico brasileiro a fazer parte desta sociedade fundada em 1754 em Londres. Como se sente? Samuel Quinto Feitosa: Fantástico! Fazer parte de algo tão sério, grandioso, com tanta tradição e inovação é realmente uma honra. Poder estar em contato direto com grandes expoentes das artes, da educação, do pensamento contemporâneo global, através de reuniões no belíssimo prédio da RSA, das conferências ou até mesmo através da nossa plataforma online é muito engrandecedor. Revista Keyboard Brasil – Você também é membro de outra sociedade importante, a ICTM (International Council for Traditional Music) que tem por objetivo formar grupos de pesquisa. Já pensou sobre que tema(s) abordará inicialmente? Samuel Quinto Feitosa: Ainda estou em processo de aprendizado acerca dos grupos de pesquisa e funcionamento da organização, mas pretendo trazer uma abordagem sobre ritmos brasileiros e suas influências nas culturas locais, algo que venho estudando a algum tempo, porém relacionado com as minhas composições. Revista Keyboard Brasil – Você morou durante 7 anos em Portugal, e tem seu nome entre os tops do jazz instrumental na Europa, é considerado um dos maiores representantes do Latin Jazz euro-

RSA (Royal Society of Arts)

A

RSA – Royal Society of Art s (Real Sociedade de Artes Britânica)

é um a com uni dad e inte rna cion al, fundada durante o Iluminismo por William Shipley, no ano de 1754, em Lon dres. O título de Royal (Real) foi concedido em 1847 e a permissão do título da realeza pelo rei Edward VII, em 1908. A crença de Shipley que a criatividade de ideias poderia enriquecer o progresso social foi refletida na diversidade de prêmios oferecidos pelo Sist ema Award Premium. Durante os primeiro s 100 anos, a Sociedade incentivou a inovação e a excelência através deste regime em seis áreas agricultura, fabricação, químic a, mecânica, Artes, educação, manufatura e Comércio. Com mais de 20.000 (desde sua fundação) empreendedores e influenciadore s de uma grande variedade de origem e pro fissões, que se distingue pelas letras FRSA, a comunidade possui entre seus membros, de empreendedores sociais, líderes comunitári os, artistas, jornalistas, músicos, a arquitetos, engenheiros e muito mais. Entre seus inúmer os membros estão, além de Samuel Quint

o – único brasileiro – Bob Dylan, Stephen Haw king,

James Taylor, Charles Dickens, Ada m Smith, Benjamin Franklin, Karl Ma rx, William Hogarth e John Diefenbaker. Atu almente, o patrono da RSA é a rainha Eliz abeth II. A presidente é a princesa Anne Eliz abeth Alice Louise, única filha da rainha e do Duque de Edinburg.

Revista Keyboard Brasil / 59


peu, dedicando-se a divulgar o estilo no mundo. Por que pensou em voltar ao Brasil? Samuel Quinto Feitosa: Foram vários fatores que me motivaram a isso; como família, divulgação do meu trabalho no meu país natal, amigos, etc. Foi uma soma de valores bem medidos e pesados. Revista Keyboard Brasil – Quais seus projetos futuros? Samuel Quinto Feitosa: Finalizar a

tradução para inglês e espanhol do meu livro “Improvisar é muito fácil!”; Iniciar a temporada de promoção do DVD “Latin Jazz Piano Solo” no Brasil e, no final do ano, na Europa. Também estou lançando em parceria com um amigo, uma escola de música online - “The Somnium Project”, onde gravei 40 aulas sobre meu livro, direto do novíssimo showroom da Fritz Dobbert, a qual sou imensamente grato, bem como a esta maravilhosa revista.

Foto: Celso Godoi

Samuel Quinto, FRSA: Maestro, pianista, compositor, produtor, educador e escritor. Membro da the Royal Society of Arts - UK. Membro senior da Pennsylvania and National Federation of Music Clubs – USA/United Nations. Membro da International Council for Traditional Music - Unesco/Worldwide. Membro da American Council of Piano Performers - USA

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 60 / Revista Keyboard Brasil



Aprenda agora

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Interface de รกudio Par t e

62 / Revista Keyboard Brasil

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final


PARA EVITAR SURPRESAS DESAGRADÁVEIS, TOME DECISÕES BASEADAS EM INFORMAÇÕES SEGURAS. DESSE MODO, VOCÊ ATINGE O MÁXIMO DE QUALIDADE POSSÍVEL SEM SAIR DA SUA REALIDADE FINANCEIRA. * Por Murilo Muraah

A

partir das informações fornecidas na última coluna, já sabemos como podemos planejar o número de entra-

das e saídas que nossa interface de áudio deve conter. Mas, se pesquisarmos diferentes modelos, ficará claro que tão importante quanto saber o número de entradas e saídas que vamos precisar é saber também o tipo de conexões necessárias. Antes de verificarmos os tipos de entradas e saídas de áudio, vale

lembrar que precisamos ter cuidado com a própria conexão da interface de áudio com o computador : e l a s e r á U S B , F i r e Wi r e , Thunderbolt ou PCI? Como já vimos em colunas anteriores, isso dependerá das conexões disponíveis no seu computador, do planejamento para uso de outros equipamentos que se conectam diretamente ao computador, etc. É sempre importante sabermos que tipos de instrumentos pretendemos gravar antes de comprar a interface de

áudio. Por exemplo: se todos os instrumentos serão sempre captados por microfones, é importante que a interface tenha um número suficiente de entradas de microfone com pré-amplificadores disponíveis. Se pretendemos gravar baixo ou guitarra diretamente plugados na interface, ela precisa ter entradas para instrumentos (comumente chamadas de DI). Se vamos utilizar um teclado como controlador MIDI para utilizar instrumentos virtuais diretamente no computador, podemos ligá-lo diretamente no computador via USB (caso nosso teclado tenha essa conexão disponível) ou utilizar uma interface com conexão MIDI.

Mas e se já temos uma interface que não possui todas as conexões que precisamos? Nesse caso, precisamos verificar se conseguimos utilizar outros equipamentos para suprir nossas necessidades ou se será melhor investir em uma nova interface com mais recursos. Podemos verificar isso em quatro exemplos muito comuns: Revista Keyboard Brasil / 63


1) Se precisamos fazer gravações com 4 microfones sendo utilizados ao mesmo tempo e temos uma interface com apenas duas entradas de microfone e duas entradas de linha, podemos comprar dois pré-amplificadores com saídas analógicas (ou um pré-amplificador com dois canais com saídas analógicas) e ligá-los nas entradas de linha; 2) Se precisamos gravar uma guitarra sem o uso de amplificador e microfones e nossa interface contém apenas entradas de microfone e de linha, podemos comprar um direct box (DI) e ligá-lo em uma entrada de microfone; 3) Se precisamos fazer gravações com 16 canais de microfones e nossa interface contém apenas oito entradas de microfone, mas também conexão digital ADAT, podemos comprar um préamplificador de 8 canais com saída ADAT; 4) Se nossa interface de áudio não tem conexão MIDI e vamos usar nosso teclado como controlador MIDI, mas ele não tem conexão USB, podemos comprar uma interface MIDI USB que será ligada diretamente no computador.

decisões, buscando atingir o máximo de qualidade possível sem sair da nossa realidade financeira. Veja abaixo a lista com as entradas e saídas mais encontradas em interfaces de áudio e aproveite para buscar mais informações sobre esses diferentes tipos de conexão e para planejar quais deles precisam estar disponíveis em seu home studio. Entradas e saídas analógicas mais comuns em interfaces de áudio: - Entradas de microfone: conector XLR - Entradas de linha: conector P10 - Entradas de instrumento: conector P10 - Saídas de linha: conectores XLR e P10 - Saídas de fones de ouvido: conectores P10 e P2 - Insert: conector P10 - Entradas e saídas para equipamentos geralmente domésticos/amadores: conectores RCA Entradas e saídas digitais mais comuns em interfaces de áudio: - S/PDIF: transmite até 2 canais de áudio simultaneamente - ADAT: transmite até 8 canais de áudio simultaneamente - DIN5: transmite informação MIDI

E, assim, vamos tomando nossas

*Murilo Muraah é Bacharel em Comunicação Social pela FAAP e proprietário da Muraah Produções, onde atua como professor de áudio analógico e digital, produtor musical, compositor de trilhas sonoras e músico. Possui vasta formação, com cursos realizados dentro e fora do Brasil, incluindo: Diploma de Música (Southbank Institute of Technology - Brisbane/AUS), Formação de Apresentadores de Rádio (Rádio 4EB FM – Brisbane/AUS), Radialista – Sonoplastia (SENAC), além de diversos cursos de composição, produção musical, áudio e acústica em escolas onde atuou também como professor. Atualmente vem apresentando cursos, palestras e workshops em importantes eventos e instituições de ensino, como a Campus Party Brasil, a Faculdade de Música do Centro Universitário FIAM-FAAM e a SAIBADESIGN, além de atuar como técnico de áudio no estúdio da Fábrica de Cultura Jardim São Luis e manter uma coluna na Revista Keyboard Brasil. 64 / Revista Keyboard Brasil



Lançamento A maturidade musical de

CRISTIAN BUDU MAIS UM PIANISTA BRASILEIRO FAZENDO CARREIRA INTERNACIONAL: CHRISTIAN BUDU, ÚLTIMO GANHADOR DO CONCURSO CLARA HASKIL NA SUÍÇA, GRAVA SEU PRIMEIRO CD PARA UM SELO EUROPEU. NUM LANÇAMENTO DO SELO S U Í Ç O C L AV E S B U D U INICIA SUA CARREIRA DISCOGRÁFICA INTERNACIONAL INTERPRETANDO CHOPIN E BEETHOVEN, COM UM RETUMBANTE SUCESSO DE CRÍTICA.

* Por Maestro Osvaldo Colarusso

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pianista brasileiro Christian Budu ficou internacionalmente conhecido por ter vencido um dos mais importantes concursos de piano do mundo, o Concurso Clara Haskil, que acontece na Suíça a cada dois anos. Este concurso que homenageia Clara Haskil (1895-1960), uma das maiores pianistas do século XX, já teve entre seus vencedores artistas do nível de Christoph Eschenbach (vencedor em 1965), Michel Dalberto (vencedor em 1975) e Mihaela Ursuleasa (vencedora em 1995) entre muitos notáveis pianistas. Budu venceu o concurso em 2013 e vale a pena lembrar que na edição do concurso em 2015 não foi dado o primeiro prêmio. Em seu primeiro CD internacional lançado pelo selo suíço Claves neste ano, a escolha do pianista se focou em miniaturas pianísticas que formam um grande todo: os 24 Prelúdios opus 28 de Chopin e as 7 Bagatelas opus 33 de Beethoven. O CD recebeu críticas altamente favoráveis e esteve na seleta lista de “Escolhas do editor” (Editor's choice) da revista inglesa Gramophone do mês de junho. Os 24 Prelúdios opus 28 de Chopin, obra completada em 1839, é o primeiro conjunto de obras que enfocam todas as 24 tonalidades que existem depois de “O cravo bem temperado” de Bach. Alternando Prelúdios rápidos e lentos a obra, como um todo, é excepcionalmente coerente, apesar de que, segundo o grande pianista e musicólogo americano Charles Rosen, não foram

O

Chopin & Beethoven

Cristian Budu, Prêmio Clara Haskil 2013 Chopin, Preludes Op. 28 & Beethoven, Bagatelles Op. 33 Claves Records

escritos para serem tocados na sequência. Mas, apesar disso, a audição dos Prelúdios opus 28 na íntegra, passou a ser o “prato principal” de muitos recitais pianísticos nas últimas décadas. Christiam Budu enfrenta uma concorrência de altíssimo nível neste repertório, visto que pianistas como Maurizio Pollini, Martha Argerich e Nelson Freire realizaram gravações antológicas do opus 28 de Chopin. Mas Budu não faz feio frente à concorrência: bela sonoridade, controle de dinâmicas excepcional (o pianíssimo do Prelúdio Nº2 é estonteante) e técnica impecável. Minha única reserva é que ao contrário de pianistas como Pollini e Blechacz, Christian Budu foi menos atento ao fac-símile do compositor, o que leva a algumas opções discutíveis, sobretudo no Prelúdio N° 9. Revista Keyboard Brasil / 67


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Ao acompanhar com a partitura a execução realizada por Budu das Bagatelas opus 33, de Beethoven, fiquei impressionado com a leitura altamente respeitosa a todas as indicações do compositor. A vivacidade e a bela articulação nos levam a um registro que figura entre os melhores já realizados, mais convincentes mesmo que as execuções consagradas de Steven Osborne e Alfred Brendel.

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– Maestro Osvaldo Colarusso

Na minha visão, o ponto alto do CD está nas composições de Beethoven. As Bagatelas opus 33, compostas em 1802, revelam um Beethoven bem ligado ao estilo clássico, e estão entre as melhores obras do mestre que permanecem desconhecidas. Ao acompanhar com a partitura a execução de Budu fiquei impressionado com a leitura altamente respeitosa a todas

as indicações do compositor. A vivacidade e a bela articulação nos levam a um registro que figura entre os melhores já realizados, mais convincentes mesmo que as execuções consagradas de Steven Osborne e Alfred Brendel. Esperamos com ansiedade por novos trabalhos de Christian Budu, na esperança de que, em alguns deles, incluam também obras brasileiras.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 68 / Revista Keyboard Brasil



Divas da Voz Intensa e rápida

JANIS JOPLIN UMA GAROTA DE 27 ANOS QUE TORNOU-SE O ÍCONE DE UMA ERA. NESTA TRAJETÓRIA TÃO RÁPIDA ELA CONSEGUIU MODIFICAR PADRÕES, SUBVERTER A ORDEM, EMPODERAR MULHERES. MORREU VÍTIMA DA HEROÍNA, SOZINHA, NO QUARTO DO HOTEL. JANIS LYN JOPLIN VIVEU NO LIMIAR, ATORMENTADA POR NÃO ESTAR COMPLETA EM NENHUM DOS AMBIENTES EM QUE HABITOU. ERA D E M A I S PA R A O M U N D I N H O PROVINCIANO E SUBMISSO DAS MULHERES DOS ANOS 60, MAS NÃO SER ACEITA NESTA SOCIEDADE FOI UM FARDO QUE ELA CARREGOU POR TODA SUA VIDA. * Por Marina Ribeiro

70 / Revista Keyboard Brasil


Fotos: Divulgação

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Janis Joplin nasceu em 1943 na pequena e pacata Port Arthur, no estado do Texas. Predestinada à

carreira de professora, a ser popular na escola e ter o par perfeito no baile de formatura. Janis tentou se adaptar a esta realidade, até sentir-se excluída e juntarse com a turma de outros alunos que não eram igualmente bem aceitos. Assume o papel de bad girl, rebelde, indisciplinada. Era parte do grupo que não compactuava com os valores hipócritas de cidade pequena. Eles cruzavam a fronteira com a Louisiania para ouvir blues e jazz. Passavam as noites de boate em boate em contato com a black music. Janis já ouvia blues desde pequena, gostava de Bessie Smith e Leadbelly. No Texas segregacionista isso era falta gravíssima. Janis vai estudar Artes na Universidade do Texas, em Austin. Lá arranjou para cantar blues em um bar, o Threadgills, em troca de cerveja, o bar tornou-se seu segundo lar. Mas as coisas na Universidade não foram tão bem assim. O ambiente é hostil e uma fraternidade a elege o homem mais feio do campus. A garota com problema de

autoestima fica profundamente abalada. Era hora de sair dali. A Califórnia parecia ser o lugar perfeito, onde ela poderia ser ela mesma, sem que ninguém a incomodasse. São Francisco era uma cidade mais libertária onde florescera o movimento beatnik, com o qual Janis identificou-se rapidamente. Ela cantava em um bar Revista Keyboard Brasil / 71


72 / Revista Keyboard Brasil


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Faço amor com 25.000 pessoas no palco e vou para casa sozinha. – Janis Joplin

Revista Keyboard Brasil / 73


chamado Coffee Galery, começou a namorar um rapaz conhecido como JP e entregou-se às drogas. Quando estava quase à beira da morte, resolveu admitir que precisava de ajuda e voltou para casa, no Texas. Pronto! Agora ela seria uma boa menina, dentro dos padrões da sociedade. De volta à faculdade, nunca mais drogas, música, boemia. Deixaria de cantar. Tudo de acordo com o que a mãe desejava. JP veio visitar a família e formalmente pediu a mão de Janis ao pai dela. Ela seria uma boa mãe e dona de casa. Estava preparando o enxoval e aguardando o noivo, que nunca apareceu. Mais uma vez aquela vida padronizada e pacata rejeitava Janis. Era hora de colocar o pé na estrada novamente. E o caminho passava por Austin. Com a ajuda do amigo Jim Langdom, que em outros tempos era do grupo que fugira para a Louisiania e, assim, ela volta a cantar. Mas, no fundo, tinha medo daquela vida, medo de que a música a levasse novamente às drogas. As performances em Austin tiveram repercussão e a Califórnia chamava Janis novamente. São Francisco tinha deixado para trás o movimento beatnik e está envolvida com uma nova droga, o LSD, muito presente no cenário musical. Janis foi convidada para ser a cantora na banda Big Brother and the Holding Company. Com ela no vocal, a banda foi ganhando repercussão. A voz, a inteligência, a presença de palco da cantora garantiram mais e mais sucesso. Em contrapartida, entre os rapazes da 74 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 75


banda, Janis sentiu-se acolhida e feliz. Eram como uma família, Janis estava longe das drogas e tentava manter contato com os pais, escrevia regularmente para casa. Críticas favoráveis começaram a surgir nos jornais. A luta de Janis era, no entanto, encontrar um lugar para ela própria naquele emaranhado de emoções. Ao mesmo tempo em que se sentia feliz pelo reconhecimento de seu talento, não conseguia superar a pouca autoestima. Era um contraste de ego e personalidade constante. Ela procurava um grande amor, um amor que pudesse conter toda a intensidade com que ela se atirava em seus projetos. Esta busca não se concretizava, e após muitas decepções, ela se relaciona com Peggy Caserta por um período de tempo. A entrega total em tudo o que fazia, era algo que nem todas as pessoas conseguiam entender. O movimento hippie tomava corpo na Califórnia, e Janis tornou-se o símbolo da contracultura. A típica menina classe média que deu as costas ao establishment. Faltava pouco para o sucesso, e este passo aconteceu no Festival de Monterrey em 1967. As apresentações da Big Brother foram um sucesso, mas a grande estrela foi Janis. O Festival de Monterrey revelou, na verdade, duas estrelas: Janis Joplin e Jimmy Hendrix. Com o sucesso vieram os contratos, um agente famoso, as viagens, o álcool e... A heroína. Mas a crítica cada vez mais exaltava Janis, e não a banda. Em Nova Iorque, na gravação de Cheap Thrills, os desentendimentos vão se exacerbando. 76 / Revista Keyboard Brasil

Por fim, culminam com um comentário do baixista Peter Albin durante um show em Mineapolis: após a execução de uma música, Janis respirava ofegante e ele disse ao microfone: “Bem-vindos ao show da Lassie”. Ele diminuía Janis em frente a audiência, comparando-a com um cachorro. Brigas no camarim. Acabou. Por sugestão do agente, que considerou que ela precisava de músicos de qualidade e que tocassem para ela, as canções que ela desejasse, contratam o Kosmic Blues Band. As coisas, no entanto, não correram como o planejado, muitos metais na banda que competiam com o timbre de Janis, o público não aceitou bem, a crítica também não. Ela lutava com a sensação de culpa por abandonar o Big Brother and the Holding Company, com a falta de sucesso, e entregou-se com mais intensidade ao álcool e à heroína. Foram tempos de solidão e necessidade de aceitação. Ela disse: “faço amor com 25.000 pessoas no palco e vou para casa sozinha”. Mas Janis tinha determinação, e entregava-se de corpo e alma à música.

Ambiciosa, desejava muito o sucesso. Em uma segunda tentativa, Janis contratou outra formação e conseguiu retomar o curso da carreira. A Full Tilt Boogie Band trouxe um período de paz e produtividade. Ela parecia feliz com o trabalho e com a vida. Ela era uma estrela, convidada para a TV, sucesso em shows. Dick Cavett, apresentador de um programa que convidou Janis para várias entrevistas perguntou o que ela pensava quando cantava. “Eu não penso, cara, eu sinto”. Essa era a essência de Janis


Joplin, sentimento e entrega. Sentia-se tão segura que decidiu voltar para Port Arthur na reunião de 10 anos de formatura. Ela esperava a aceitação, finalmente, depois de tantos anos. Ela era famosa agora. Mas a exuberância não combinou com os moldes conservadores da cidade. O aparato de jornalistas por toda a parte, as roupas extravagantes. Janis não cabia em Port Arthur antes, agora transbordou! Os pais saíram da cidade enquanto ela esteve lá. O grupo não a acolheu. Enfim, ela rompeu de vez com o passado. Irônico que o mundo percebeu que ela tinha algo mais e que seu talento era único, mas em “casa” só a aceitaram enquanto ela permaneceu pequena o suficiente para se encaixar nos moldes suburbanos. Seguiram para gravar o primeiro disco com a Full Tilt Boogie Band no Sunset Studios, em Los Angeles. Estava feliz com o resultado das gravações. Estava feliz com o grupo, sentia-se acolhida. Estava sem as drogas fazia 6 meses. Foi durante a gravação deste primeiro disco que Janis morreu. Uma garota de 27 anos. Numa recaída, por overdose de heroína. O disco Pearl foi lançado 4 meses depois de sua morte. Entre as músicas, “Buried Alive in the Blues”: “All caught up in a landslide Bad luck pressing in from all sides Just got knocked off my easy ride Buried alive in the blues.”

* Marina Ribeiro é profissional de marketing, atua em comunicação digital e e-commerce e é colaboradora da Revista Keyboard Brasil. Mantém uma loja virtual de roupas infantis e escreve por prazer. Geminiana, seu maior desafio é manter o foco.

Janis Joplin quando participou do Woodstcok.

Revista Keyboard Brasil / 77


A vista do meu ponto

O QUE A FÓRMULA DE BHASKARA TEM A VER COM A MÚSICA? VAMOS CONTINUAR NOSSO PROCESSO DE REFLEXÃO SOBRE O MUNDO DA MÚSICA? * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

V

ocê lembra da Fórmula de Bhaskara? Afinal de contas, por que é que estudamos fórmulas

matemáticas, teoremas, uma infinidade 78 / Revista Keyboard Brasil

de elementos físicos e químicos durante os anos de escola fundamental, se não utilizamos para nada estes conhecimentos?


A resposta é simples e, infelizmente, não é a resposta que tenho escutado de educadores. Você aprende as fórmulas matemáticas, físicas, químicas, etc. simplesmente porque isso aguça o

seu raciocínio. Quando você trabalha com regra de três, o objetivo não é fazê-lo um “expert” em matemática, mas, sim, fazê-lo raciocinar de forma segura e completa. E você vai precisar deste raciocínio no seu dia a dia, na solução dos problemas que vão surgindo no contato com a vida, com as pessoas, com o meio, com o mundo... Para quem quer aprender música o pensamento é o mesmo. Você precisa

aprender a raciocinar música para, então, se tornar um bom músico; profissional ou amador, tanto faz. Então, aqui vai uma dica para quem quer iniciar no maravilhoso mundo da música: Aprenda a tocar Teclado Arranjador! Somente no Teclado Arranjador os três elementos musicais, Melodia, Harmonia e Ritmo, estão em evidência em todos os níveis do aprendizado. Nele, TODOS os instrumentos musicais estão disponíveis. E não estou falando de equipamentos sofisticados, não! Mesmo os teclados mais simples possuem, hoje, características extremamente profissionais, sons de boa qualidade, com fidelidade ao que a música realmente é, e exige. Se você vai estudar saxofone, por exemplo, que é um instrumento de

melodia, que envolve, basicamente, 1/3 do que representa a música no seu todo, é extremamente interessante você iniciar, antes de tudo, com o Teclado Arranjador. Você vai saber, de cara, o que é ritmo, o que é melodia, o que são os acordes.

Acorde? Acorde! Imagina você pegar o saxofone e tentar entender o que significa cada um dos componentes da música? Imagina você pegar um violino, uma flauta, um trombone, um baixo, um violão, até mesmo um piano, e tentar entender esses três elementos e aplicá-los às partituras que estão disponíveis por aí... Certamente vai ser muito difícil. Os elementos, inicialmente, são confusos. Melodia? Escalas... Harmonia? Acordes... Ritmo? Pulsação... Então, vale a sugestão: Teclado Arranjador! Aprender Teclado Arranjador, antes de partir para o instrumento dos sonhos, é a melhor forma de ouvir e entender música. Simples, não? Assim como na matemática, na química, na geografia, nas letras, todos os conhecimentos nos levam ao raciocínio, nos levam à sabedoria. Saber utilizálos é o nosso desafio. Faça um exame de consciência e veja como foi importante a “Fórmula de Bhaskara”. Não para a solução de problemas matemáticos, mas para permitir que você tenha maior habilidade no trato e na solução de problemas comuns do seu dia a dia.

Avante!

*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil, além de ser colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 79


Por Dentro

80 / Revista Keyboard Brasil


O METAL PROGRESSIVO DA BANDA FINLANDESA

HUMAVOID * Por Thiago Marques Revista Keyboard Brasil / 81


A

pós o lançamento de seu bem recebido EP “Glass”, a banda HUMAVOID da Finlândia tem

dado sua própria cara ao metal progressivo. Com influências que vão desde o metal extremo até o piano moderno e jazz fusion, o grupo combina muito bem a polirritmia de seus grooves com uma harmonia rica e bem elaborada. O vocal é alternado entre linhas cristalinas da vocalista e pianista Suvimarja Halmetoja; e o rosnado gutural; marca registrada do guitarrista e vocalista Niko Kalliojärvi (Amoral, ex-Tracedawn). Estas características definem bem o padrão da banda que, em geral, apresenta músicas com levadas pesadas e coesas, mesmo com complexidade subjacente do gênero. Tendo alcançado o status de “álbum da semana” na webzine finlandeza “Imperiumi.net” e “banda do mês” na “Inferno Magazine” juntamente com resenhas fascinadas pelo trabalho do grupo, é óbvio que o Humavoid está sendo bem sucedido na tarefa desafiadora de moldar músicas complexas e ao mesmo tempo cativantes em uma sonoridade fácil de distinguir. Após o lançamento de “Glass” a banda também produziu dois videoclipes, onde um deles bateu a marca de 100.000 views em menos de seis meses no canal “Metal Monks” do YouTube. Em 2016, a banda continua com sua agenda de shows e compondo novo material, enquanto procura por um selo de distribuição, um novo agente e parceiros que possam levar o seu som para um público cada vez mais amplo. CONTATO: contact@humavoid.com 82 / Revista Keyboard Brasil

A banda HUMAVOID da Finlândia é composta por: Suvimarja Halmetoja – vocais & teclas Niko Kalliojärvi – guitarra & vocais Samuli Hyttinen – guitarra Jan From – baixo Aleksi Kallio – bateria


* O mĂşsico Thiago Marques ĂŠ professor, endorsee na empresa LYCO e tecladista na empresa GranDense.

Revista Keyboard Brasil / 83


Sobre os sons

NACIONALISMO NA

Música erudita Parte 1 AS MARCAS CULTURAIS DE CADA POVO ESTÃO GRAVADAS NAS SUAS MAIS DIVERSAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E, SOBRETUDO, NA MÚSICA. FOI A PARTIR DO FINAL DO SÉCULO XIX QUE NOTADAMENTE OS COMPOSITORES ERUDITOS SENTIRAM A NECESSIDADE DE TRAZER ESSAS MARCAS PARA DENTRO DE SUA MÚSICA, RESULTANDO EM DIVERSOS MOVIMENTOS NACIONALISTAS. * Por Sergio Ferraz

84 / Revista Keyboard Brasil


Ă“pera Boris Godunov, de Modest Mussorgsky.

Revista Keyboard Brasil / 85


D

ificilmente algum compositor erudito que vivesse em algum lugar da Europa no final do

século XIX conseguiria livrar-se da influência de Richard Wagner. A obra de Wagner, por meio das suas técnicas de harmonia expandida com suas complexas alterações cromáticas de acordes, constante mudança de tonalidade e leitmotiv, deu o primeiro passo na direção da música que iria surgir a partir de 1890 e reafirmou, mais uma vez, a supremacia da música alemã. Essa supremacia alemã passou também a ser vista como uma ameaça à música dos compositores de outros países como os do leste europeu e também Rússia, Espanha, Inglaterra, França, Estados Unidos e América Latina. Nesses lugares, os compositores cada vez

mais voltaram o seu olhar para os elementos étnicos do seu povo, buscando os motivos musicais para uma música genuinamente nacional e, portanto, serem reconhecidos também como compositores com sua própria identidade musical. É bom lembrar que isso não era, de fato, uma novidade na música. Os compositores de meados do século XIX já tinham usado elementos folclóricos em suas músicas no intuito de dar um colorido exótico às suas composições, como é o caso, por exemplo, das Polonaise de Chopin, ou das Rapsodias Húngaras, de Liszt. Porém, nesses casos, os elementos étnicos eram bastante filtrados para poder encaixar-se ou adaptar-se aos compassos 86 / Revista Keyboard Brasil

usuais no caso de motivos rítmicos, e as melodias adaptadas às tonalidades maior/menor vigente naquela época. Diferentemente com os nacionalistas, os motivos melódicos e rítmicos que eram extraídos da música popular levaram os compositores a quebrarem com o uso dos compassos tradicionais, bem como em muitos casos a harmonia tonal fora substituída pela modal, conferindo uma personalidade bastante própria e inovadora a essa música.

Rússia, o grupo dos cinco Durante boa parte do século XIX, a música erudita que era ouvida neste país vinha de compositores italianos, franceses e, sobretudo, alemães. O primeiro grande compositor reconhecido dentro e fora da Rússia com uma música genuinamente russa foi Mikhail Glinka (1804-1857). A ópera “Uma vida pelo Czar” de 1836, firmou o nome de Glinka no hall dos grandes compositores e, embora essa ópera tenha ainda uma forte influência da ópera italiana e francesa, o caráter russo é fortemente destacado. Mas foi próximo à virada do

século XIX que surgiu um grupo de compositores comprometidos fortemente com a ideia nacionalista para uma música russa. O Moguchay Kuchka, ou “o grupo dos cinco” era formado por Mily Balakirev (1837-1910), Alexander Borodin (18331887), César Cui (1835-1918), Modest Musorgsky (1839-1881) e Nicolai RimskyKorsakov (1844-1908).


Desses cinco compositores apenas Balakirev foi o único que teve formação musical em escola. O grupo dos cinco realizava reuniões sistemáticas onde se auto instruíam e rejeitaram o Conservatório de São Petersburgo por julgarem uma instituição de ensino musical germanista doutrinadora. Balakirev usou melodias populares no poema sinfônico Rússia, de 1887, e na fantasia para piano Islamey, de 1869. Borodin, que era químico de profissão e, na juventude, tinha um forte interesse na música de Mendelssohn, foi convertido por Balakirev à música russa e tornou-se um ardente nacionalista. As obras mais importantes de Borodin são a 2ª Sinfonia em Si menor de 1876, o Segundo Quarteto de Cordas em Ré maior de 1885, o esboço sinfônico Na Ásia Central de 1880, e a ópera Príncipe Igor, concluída após sua morte por Rimsky-Korsakov e estreada em 1890. Certamente, o mais famoso compositor do grupo dos cinco, ao lado de RimskyK o r s a k o v, f o i M o d e s t M u s o r g s k y. M u s o r g s k y

recebeu de Balakirev grande parte da sua formação musical. Suas obras mais importantes são a fantasia sinfônica Uma noite no Monte Calvo de 1867; os ciclos de canções Sem Sol de 1874, Canções e danças da Morte de 1875, as óperas Boris Godunov de 1874 e Khovanshchina, que foi concluída por Rismky-Korsacov e estreada em público em 1897. Mas, certamente, a mais famosa de todas as suas peças é a série para piano Quadros de uma Exposição, de 1874. Essa peça mais tarde foi orquestrada por Maurice Ravel (1875-1937) e nos anos de 1970 o grupo de r o c k p r o g r e s s i vo i n g l ê s Emerson, Lake & Palmer fez uma versão progrock, popularizando o compositor russo entre o público jovem. Segundo alguns pesquisadores, foram os russos os responsáveis pela introdução da modalidade no vocabulário harmônico da música europeia, tendo esse aspecto exercido grande importância na música feita no início do século XX. De acordo com Donald Grout e Claude Palisca, Musorgsky foi um dos mais originais e revolucionários dos

O grupo dos cinco (de cima para baixo): Mily Balakirev, César Cui, Alexander Borodin, Modest Mussorgsky e Nikolai Rimsky-Korsakov . Revista Keyboard Brasil / 87


O grupo de rock progressivo inglĂŞs Emerson, Lake & Palmer fez uma versĂŁo progrock, popularizando o compositor russo Mussorgsky entre o pĂşblico jovem. 88 / Revista Keyboard Brasil


‘ ‘

Segundo alguns pesquisadore s, f o ra m o s ru s s o s o s responsáveis pela introdução da modalidade no vocabulário harmônico da música europeia, tendo esse aspecto exercido grande importância na música feita no início do século XX.

compositores no campo da harmonia. Grout e Palisca citando Abraham, diz que Musorgsky, “livre dos hábitos tradicionalmente aceitos e pouco habituado a utilizar as fórmulas padronizadas, viu-se obrigado a trabalhar longamente ao piano as suas harmonias audaciosas, novas, ásperas, mas curiosamente certas, para as quais, como para seus ritmos, poderá ter recorrido às reminiscências do canto popular polifônico”. O compositor francês Claude Debussy (1862-1918), ficou impressionado com o uso que Musorgsky faz das progressões harmônicas não funcionais em O Konchen Praedny. Dessa peça Debussy extraiu o motivo de acompanhamento para sua famosa obra Nuages. Outro grande compositor do grupo dos cinco, Rimsky-Korsakov é uma espécie de elo entre essa geração, e os compositores russos do início do século XX. Ele foi a figura que puxou um novo movimento de jovens músicos russos na década de 1880. Korsakov aos poucos afastou-se do ciclo de Balakirev, indo em direção a um estilo e métodos de recursos mais amplos e mais ecléticos, porém ainda fortemente nacionalista. Foi professor do Conservatório de São Petersburgo e exerceu também atividade como maestro, sendo também mestre de Igor Stravinsky (1882-1971) e Glazunov (1865-1936). Rimsky-Korsakov escreveu sinfonias, música de câmara, coros e canções. Dentre sua vasta obra destacam-se

– Sergio Ferraz

Capricho Espanhol de 1887, a suíte sinfônica Scherazade, de 1888 e Abertura de Páscoa Russa, de 1888.

Ainda no final do século XIX, podemos ver em diversos países da Europa, compositores que inclinaram-se na direção do nacionalismo, buscando em suas raízes elementos para suas composições. Tal como vimos na Rússia, também na República Tcheca temos Bedrich Smetana (1824-1884) e Antonin Dvorak (18411904). O nacionalismo de Smetana e Dvorak evidencia-se principalmente na escolha de temas nacionais para música programática e as óperas. Outro compositor tcheco de tendência exclusivamente nacionalista foi Leos Janacek (1854-1928). Janacek, a partir de 1890, renunciou deliberadamente aos estilos da Europa ocidental. Assim como Bartók e, antes dele, Janacek dedicou-se incansavelmente à pesquisa da música popular Tcheca, desenvolvendo seu estilo a partir de ritmos e inflexões da fala e do canto dos camponeses morávios. Continua...

* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento. Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de ser colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 89


Perfil

HELOISE AMORIM

Encantada pela música desde a infância! 90 / Revista Keyboard Brasil


O começo...

N

Nascida em 8 de Setembro de 1990, não demorou para Heloise Amorim mostrar

seu talento, vocação e facilidade para a música. Aos 7 anos, começou a brincar com um tecladinho de brinquedo que sua mãe havia dado de presente e já tirava músicas de ouvido. Quando se deparava diante de um piano, simplesmente chegava e tocava com suavidade, já agradando aos ouvintes. Suas preferências musicais vão de Mozart, Bach, Frédéric Chopin, a Myles Kennedy, Matt Shadows, Chris Cornell, Guns n Roses, Avenged Sevenfold, Queen, Audioslave, Slash, DIO, entre outros.

O piano... Foi com Klaus Khunast, aos 11 anos, que Heloise descobriu de vez que o piano seria seu instrumento preferido e, partir daí, começou seus passos rumo ao objetivo de se tornar uma pianista completa. Aos 14 anos iniciou seus estudos regulares de Piano Clássico no Conservatório Musical Ernesto Nazareth, onde também se formou em Teoria e Harmonia Musical. Situada no bairro da Mooca, em São Paulo, a instituição é de grande importância para o cenário musical no Brasil. Sua primeira professora foi Silmara Pandolfelli. Estudiosa e dedicada, Heloise logo conquistou destaque no Conservatório sendo sempre chamada para tocar nas audições. De 2011 a 2012, estudou piano erudito e popular no NAM.

Nos Vocais... Desde 2013 até hoje, Heloise tem aulas de técnica vocal com Edu Galdin, professor de canto e vocalista da conhecida banda Shayrot, explorando a essência do verdadeiro rock'n roll. Sobre Heloise nos vocais, uma de suas principais características é sua grande extensão vocal, principalmente as notas graves que a maioria dos vocais femininos não tem.

A profissão... Em sua jornada no mundo da música, Heloise já passou por diversas bandas e gêneros musicais como tecladista, tais como axé, gospel, pop, sertanejo, o que lhe trouxe experiência e aprofundou o conhecimento do mercado musical. Em 2010, atuou como tecladista e arranjadora na banda Batucaxé. Tempos depois decidiu dedicar-se ao estilo que mais gosta, o Rock n' Roll. De 2013 a 2014, atuou no Terças Musicais do Restaurante Quattrino, na Rua Oscar Freire, como pianista/ tecladista acompanhante do cantor Fábio Rabello. Em 2014, atuou como vocalista e pianista na banda R.O.U. Em 2015, foi tecladista e backing vocal na banda Elefante Branco. Atualmente tem se dedicado aos estudos e à sua carreira solo, onde faz composições em inglês e português. Suas influências do piano clássico e do Heavy Metal trazem obras bem originais e agradáveis aos ouvidos.

Contato: heloiseamorim@yahoo.com.br Revista Keyboard Brasil / 91


Comemoração

80 ANOS DE HERMETO PASCOAL 92 / Revista Keyboard Brasil


AOS 80 ANOS E POSSUINDO MAIS DE 8 MIL MÚSICAS, HERMETO É UM EXEMPLO DE ARTISTA COMPLETO: DOMINA VÁRIOS INSTRUMENTOS E DE QUALQUER OBJETO ARRANCA MELODIAS.

H

ermeto Pascoal nasceu em

apenas aos 41 começou a ler e registrar

Lagoa da Canoa, Alagoas. Aos 10

suas músicas nas partituras permitindo,

anos começou a tocar acordeom e

assim, compor muito mais. Dentre seu

pandeiro com seu irmão José Neto em

repertório estão forrós, frevos, maxixes,

festas e casamentos. No início da década

sambas, jazz, choros e outros estilos

de 1950, Hermeto mudou-se para Recife e

misturados livremente. Nesse tempo, fez

começou a tocar na Rádio Tamandaré.

coisas que ninguém pensaria em fazer...

Logo foi levado por Sivuca, que já era um

Tocou gigantescos instrumentos lúdicos,

conhecido músico, para integrar a Rádio

apresentou-se de dentro de uma piscina

Jornal. Em 1958 mudou-se para o Rio de

montada num palco, levou porcos a um

Janeiro onde começou a tocar acordeom

estúdio de gravação, lutou boxe com

em hotéis e boates. Em São Paulo, na

Miles Davis, e, durante um ano inteiro,

década seguinte, despontou nos festivais

registrou uma composição por dia -

de música da Record. Com seu recém-

reunidas no “Calendário do Som”, livro

formado Quarteto Novo, grupo que

de 414 páginas lançado em 1999. Aos 80 anos, o músico reveza apresentações com cinco formações diferentes: Hermeto Pascoal e Grupo, Hermeto Pascoal e Aline Morena, Hermeto Pascoal Solo, Hermeto Pascoal e Big Band e Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Para comemorar os 80 anos está sendo realizado um calendário de eventos no Rio de Janeiro, Estado onde mora atualmente, para homenagear este que é um dos maiores instrumentistas do país.

misturava o baião ao jazz, venceu a edição de 1967 interpretando “Ponteio”, ao lado de Edu Lobo e Marília Medalha. Em 1979, foi destaque do Festival de Montreux, na Suíça, na apresentação que deu origem ao álbum duplo “Hermeto Pascoal Ao Vivo”. O show chegou a seu ápice num momento catártico ao lado de Elis Regina e ao som de “Corcovado” - a jam session entrou para a história da música. Autodidata, Hermeto aprendeu vários instrumentos ao longo de sua vida e sempre explorou as possibilidades de musicalidade. O músico afirma que

FONTES: www.nexojornal.com.br causaoperaria.org.br Revista Keyboard Brasil / 93



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