THAIS ANDRADE Talento, beleza e
música!
CRAVOS E CANTIGAS Reavivando os coretos em Minas Gerais
O DESINTERESSE POR MÚSICA Não é hora de revisar a metodologia?
DIÁRIO DE BORDO Na estrada com Symphony X e Armored Dawn
Revista
Keyboard ANO 3 :: 2016 :: nº 37 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
Brasil
Editorial Este mês, o leitor encontrará na 37ª Revista Keyboard Brasil, uma edição que traz, na capa, o som de um instrumento adorado por expoentes como Luiz Gonzaga, Hermeto Pascoal, Dominguinhos e tantos outros. Uma capa dedicada ao acordeon, com uma presença feminina, jovial e talentosa que atende pelo nome de Thaís Andrade. Aos aficcionados por Heavy Metal, o músico Rafael Agostini traz seu diário de bordo escrito na turnê do Symphony X ao lado da banda paulistana Armored Dawn. A parceria com a Virtuosi Produções continua, apresentando este mês, o projeto Cravo & Cantigas ao lado do cravista Antonio Carlos de Magalhães, em Belo Horizonte. Amyr Cantusio Jr. leva ao público nacional, o conhecimento de artistas que estão há anos trabalhando na cultura de vanguarda, na música eletrônica e experimental. Luiz Carlos Rigo Uhlik através de sua visão de músico e entendedor do assunto, responde porque as pessoas não se interessam mais por música. Muito debate pela frente... Maestro Colarusso comenta sobre obras cada vez mais reconhecidas do grande compositor Radamés Gnattalli. Hamilton de Oliveira apresenta a energia da banda Toto. Essa edição traz, também, a volta da coluna sobre Home Studio, de Murilo Muraah. Dessa vez, o assunto é microfone. Enfim, uma variedade musical, informações relevantes, novidades e uma vitrine para o trabalho de músicos que merecem o nosso reconhecimento e respeito, como o tecladista Durval Oliveira e o músico independente Pedro Frohnknecht. É isso que nossos leitores encontram ao acessar nossas
- Publisher
edições. Um trabalho em equipe, uma grande equipe! Grande em quantidade e qualidade. E que merece toda a nossa admiração e gratidão. Esse é o nosso compromisso. Apreciem sem moderação! Excelente leitura a todos! NOTA: Excepcionalmente este mês, não teremos a coluna do colaborador Sergio Ferraz, que retorna em Setembro!
Agosto / 2016
Revista
Keyboard
Brasil
igo Bo Foto: Rodr
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Expediente
Heloísa Godoy Fagundes
Editora Musical
Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes / Editora: Heloísa C. G. Fagundes Capa: Rodrigo Borg / Caricaturas: André Luiz / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical / Correspondências / Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.
04 / Revista Keyboard Brasil
Espaço do Leitor Parabéns pela trigésima sexta edição. Muito esforço, certamente. Show! Dimas Costa – via G+ Muito bem! Gostei do texto da Marina Ribeiro sobre a Cássia Eller!! Adriana Papagna – via Facebook Excelente matéria Heloísa, parabénsss!!!! (Referente à matéria da seção Perfil com Rogério Rochlitz). Hamilton de Oliveira – via Facebook Porque o Rio merece!!! (Referente à seção Aconteceu com Daniel Sanches e o lançamento do CD em homenagem ao Rio de Janeiro!) Sandy Damm – via Facebook Elegante e magnífico! (Referente à matéria de capa da edição de julho com virtuoso maestro e pianista Rogerio Tutti). Edi Pereira – via Facebook Demais! Parabéns pela edição! Thiago Pospichil Marques – via Facebook Muito bom!! (Referente à edição de julho). Keila Palma Santos – via Facebook Show de bola!!! Viva a música... Viva a Revista Keyboard Brasil!! Rafael Sanit – via Facebook Estou na capa da Revista Keyboard deste mês! Para ler a matéria e a entrevista, acesse o link! Rogerio Tutti – via Facebook Verdade! Como todo ser vivo, nasce, amadurece, envelhece e morre, na madeira, nas teclas, nas cordas, nos martelos, na tábua harmônica, enfim, em tudo que constitui seu corpo vivo e ilimitado de matéria. Há um tempo, eu pensava diferente, tinha a ideia romântica de que um piano é como vinho, quanto mais velho, melhor, mas a realidade não é bem assim. Ele é bom até amadurecer, mas depois morre, é claro que uma boa manutenção pode prolongar seu tempo de vida. (Referente à seção A vista do meu ponto, da edição 36, escrito por Luiz Carlos Rigo Uhlik) Zé Osório – via Facebook A Revista Keyboard Brasil agradece a todos os comentários! Revista Keyboard Brasil / 05
Índice
20
08
Expomusic 2016: Big Time Orchestra
MATÉRIA DE CAPA: Thaís Andrade - por Heloísa Godoy Fagundes
42
38 INDEPENDENTE: Pedro Frohnknecht
AGENDA MUSICAL: Cravo & Cantigas - por Virtuosi Produções
60 APRENDA AGORA: Home Studio: Microfones por Murilo Muraah
72 ENFOQUE: Radamés Gnattalli e sua obra para quarteto - por Osvaldo Colarusso 06 / Revista Keyboard Brasil
37
26
VITRINE: Livros e CDs
ESPECIAL: Diário de Bordo - por Rafael Agostini
46
52
REVOLUÇÃO MUSICAL: Psycothronic: Brasilian Electronic Music - por Amyr Cantusio Jr.
FILOSOFIA E MÚSICA: A Visão Filosófica da Música - por Heloísa Godoy Fagundes
66
64 PERFIL: Durval Oliveira - por Rafael Sanit
A VISTA DO MEU PONTO: Por que as pessoas não se interessam mais por música? - Luiz Carlos Rigo Uhlik
78
82
PIONEIRISMO: ANÁLISE: BB Sessions 1969 - 1971 Led Zeppelin A extraordinária banda Toto - por Amyr Cantusio Jr. - por Hamilton de Oliveira
www.beatlesparacriancas.com
MatĂŠria de Capa
08 / Revista Keyboard Brasil
THAIS ANDRADE Talento, beleza e
música
!
Foto: Antonio Ledo
NOS ÚLTIMOS QUINZE ANOS, EM DECORRÊNCIA DA POPULARIZAÇÃO DA MÚSICA SERTANEJA E DO FORRÓ NO BRASIL, NOVOS TALENTOS SURGEM ATRAÍDOS PELO ENCANTAMENTO DE UM INSTRUMENTO PESADO E DE DIFÍCIL TÉCNICA. EM TERRAS DE EXPOENTES COMO DOMINGUINHOS, LUIZ GONZAGA E SIVUCA, JOVENS COMO A PAULISTA DE SANTO ANDRÉ, THAIS ANDRADE A D O TA M O A C O R D E O N C O M O I N S T R U M E N T O D E T R A B A L H O, ESBANJANDO UM VISUAL MODERNO E MUITO TALENTO.
* Por Heloísa Godoy Fagundes
Revista Keyboard Brasil / 09
A
música faz parte da vida de Thais Andrade desde a infância, quando se encantou
pela banda que tocava na igreja onde frequentava com seus pais. Com apenas 14 anos de idade tornou-se tecladista profissional, acompanhando artistas dos mais variados estilos.
O acordeon surgiu em sua vida por acaso, após ganhar o instrumento de uma dupla sertaneja com a qual costumava trabalhar. Talentosa e sempre em busca do aprimoramento profissional, entre seus inúmeros compromissos nunca deixou de frequentar cursos em instituições conceituadas como o Conservatório Souza Lima, a Universidade Livre de Música e a Faculdade de Artes Alcântara Machado. Trabalhou durante 10 anos com a banda de uma casa especializada em country e sertanejo, a Villa Coutry, onde acompanhou vários artistas do estilo. Atualmente, a jovem continua acompanhando artistas, realizando workshops, consultorias e gravações. Endorser de marcas como Roland e Santo Angelo, Thais Andrade surpreende por seu visual moderno, sua jovialidade e principalmente, por sua qualidade e capacidade musical.
10 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Paolo Paes
Trajetória
Revista Keyboard Brasil / 11
ENTREVISTA Revista Keyboard Brasil – Thais, fale sobre seu primeiro contato com a música. Thais Andrade – Comecei a me interessar por música bem cedo, quando era criança e frequentava a igreja com meus pais. Via o pessoal da banda tocando e ficava encantada. Meus pais perceberam e me deram um teclado de brinquedo. Desde então chegava da igreja e ficava tentando “tirar” as músicas, mesmo sem saber nada. Meus pais novamente sempre atentos, viram meu interesse e me colocaram na aula de teclado... À partir daí nunca mais parei. Revista Keyboard Brasil – Você começou a carreira musical ainda muito cedo. Com apenas 14 anos de idade, era tecladista profissional, acompanhando artistas dos mais variados estilos. Por que se encantou pelo acordeon? O que te chamou a atenção para esse instrumento? Thais Andrade – Eu tocava teclado com uma dupla sertaneja e fazia todos os solos de acordeon no teclado, até que um dia eles compraram um acordeon caindo aos pedaços e me disseram: “se vira, aprende...” (risos). Fui aprender e comecei a amar o acordeon, que hoje em dia virou meu instrumento principal. Revista Keyboard Brasil – Lembra da primeira música que tocou no acordeon? Thais Andrade – Ah, essa é fácil... Asa Branca, do mestre Luiz Gonzaga. 12 / Revista Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil – Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Thais Andrade – Tive várias fases... A fase do metal melódico e progressivo, ouvindo Stratovarius, Yes, etc. A fase do instrumental com Chick Corea, Michel Camilo. A fase do MPB de Elis Regina com os pianos do Camargo Mariano, a fase do regional com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Renato Borghetti e, hoje em dia, escuto um pouco de tudo: música sertaneja, Pop, Rock'n Roll... Acho que o músico precisa ouvir um pouco de tudo e estar sempre atualizado. Revista Keyboard Brasil – Qual a sua formação musical e\ou acadêmica? Thais Andrade – Estudei piano popular no conservatório Souza Lima, Acordeon na antiga ULM, e novamente piano na FAAM. Nos intervalos tinha aulas particulares. Sempre é bom estudar para não ficar enferrujada (risos). Revista Keyboard Brasil – O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical? Thais Andrade – Mais feliz é poder amar meu trabalho. Tantas pessoas trabalham com o que não gostam apenas para ganhar dinheiro. Tenho a sorte e a felicidade de trabalhar e me sustentar com o que mais amo fazer na vida. O que me deixa triste é ver a desvalorização das casas de shows e a falta de profissionalismo de alguns “músicos” que não valorizam o próprio trabalho.
Revista Keyboard Brasil / 13
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Revista Keyboard Brasil / 15
RKB – O que você tem ouvido ultimamente? TA – Os últimos discos que tenho ouvido muito são do Dirty Loops e Rosa de Saron. RKB – Quais os estilos musicais mais te agradam ao som do acordeon? TA – Dominguinhos, amo as melodias, o feeling dele. RKB – Falando sobre a tecnologia e o convencional, qual a sua preferência? O acordeon digital ou o convencional? Quais os prós e os contras de ambos, na sua opinião? TA – Gosto mais do digital, pela praticidade e os recursos que ele oferece. É bom ter um instrumento que você pode viajar de Norte à Sul sem se preocupar com afinação, se o som da casa de shows estará bom, etc. Plugo um cabo e saio tocando, sem erros! Mas o acústico tem o seu lugar reservado em meu coração, também possuo um, e acho que o ideal é ter os dois. Cada um atende melhor para determinado trabalho ou som que for fazer. RKB – Fale sobre seu trabalho com a Roland e a Santo Angelo. TA – Tenho parceria com a Roland desde 2009. Sempre fui fã da marca, tive vários teclados antes mesmo de nem sonhar estar nesse time. Tive JX305, RS-9, XP30, XP60, XP80 , JUNO Di, Fantom Xa, Fantom G7, etc... Gosto da sonoridade e praticidade da Roland. Meu trabalho é ser especialista de produtos, tenho que desvendar todos os segredos dos instrumentos (teclado, piano, acordeon) e, à 16 / Revista Keyboard Brasil
partir daí, auxiliar vendedores do Brasil todo, fazer vídeos reviews, comparativos de produtos, etc. É um trabalho que gosto muito e agradeço a Deus todos os dias pela oportunidade. Sou endorseer da Santo Angelo e a empresa virou minha parceira também desde o início do ano, me auxiliando com os melhores cabos para deixar meu som melhor. RKB – Sabemos que você ministra aulas de acordeon. Falando sobre a postura, a Revista Keyboard Brasil já abordou há algum tempo esse assunto relacionado aos pianistas/tecladistas e os problemas causados pela má postura ao executar tais instrumentos. O Acordeon é um instrumento muito pesado. Como você resolve esse problema? Qual a postura ideal? Quais as dicas para quem gostaria de iniciar nesse instrumento? TA – Sim, é um instrumento que exige um certo cuidado. Eu uso o acordeon da Roland, que já é mais leve que os acústicos, e isso me ajuda muito. Mas independente do tipo de instrumento, é importantíssimo exercícios de alongamento antes e depois de cada show, e fazer exercícios físicos para fortalecer a musculatura para aguentar o peso. Quanto à postura, o ideal seria tocar sentado, mas confesso que eu mesma não sigo essa dica. Gosto de tocar em pé e interagir com a banda, o que causa umas dores dependendo do tempo de show se eu não cuidar direitinho. RKB – Tirando a postura, quais os principais vícios e erros devem ser
Revista Keyboard Brasil / 17
evitados pelo estudante desse instrumento? TA – Estudar ou tocar muito tempo sem pausas, principalmente se não fizer alongamentos. RKB – Há algum tempo também abordamos a utilização do acordeon no Rock'n'Roll. Bruce Springsteen, Bob Dylan, Paul Simon, Talking Heads e The Who são uns desses exemplos. Pode nos citar algumas músicas desse estilo que mais te agradou ao ser incorporado esse instrumento? TA – Fui ao show do Queen quando eles vieram para São Paulo com a formação com o Paul Rodgers no vocal e, nesse show, o tecladista usou um acordeon (um digital, por sinal). Achei sensacional, sou suspeita, mas acho o timbre do acordeon maravilhoso, em qualquer gênero. RKB – Nos últimos 20 anos, a música sertaneja de raiz foi se modificando e a viola começou a ser acompanhada pelo acordeon, harpa, guitarra e teclado. Assim surgiu o que foi chamado de sertanejo universitário, onde a música adere a elementos utilizados em ritmos como pop, axé, rock, forró e até funk. As músicas passaram a ser produzidas para agradar a um público maior e mais jovem. Duas perguntas: Para você, aliar tantos instrumentos ao sertanejo te agrada? O que você pode nos dizer sobre essa modernização que fez com que a essência do sertanejo fosse perdida?
TA – Eu gosto dessa mistura, acho importante a música se moldar ao cenário atual em que vivemos, é uma evolução, a gente gostando ou não. Essa modernização faz com que o público jovem escute música sertaneja, o que antes era visto com algo vergonhoso, e essa entrada da galera mais jovem à música sertaneja universitária faz com que muitos procurem as raízes, e acabam escutando os clássicos. RKB – Quais seus projetos futuros? TA – Atualmente acompanho artistas sertanejos e artistas populares no geral. Para o futuro, pretendo fazer um projeto meu, com músicas minhas, já que gosto muito de compor também. RKB – Quem quiser fazer aulas de acordeon com você, onde poderão te encontrar? TA – Quem quiser, pode entrar em contato comigo pelo e-mail: contatothaisandrade@gmail.com ou pelas redes sociais. Dou aulas tanto do instrumento como também consultoria sobre acordeon digital e teclados. RKB – Parabéns pelo seu trabalho, muito obrigada pela entrevista e sucesso sempre! TA – Muito obrigada! Obrigada também pela oportunidade de falar um pouco sobre mim e meu trabalho para milhares de pessoas. Contem comigo sempre. Bons sons à todos.
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 18 / Revista Keyboard Brasil
Expomusic 2016
Big Time Orchestra LEVANDO JAZZ À GRADE DE ATRAÇÕES DA 20 / Revista Keyboard Brasil
REPERTÓRIO REÚNE RELEITURAS CLÁSSICAS DO ROCK, POP E SWING, EM SHOW IRREVERENTE E DESCONTRAÍDO QUE LEVOU A BIG BAND AO TOP 9 DO PROGRAMA SUPERSTAR, DA TV GLOBO. APRESENTAÇÕES ACONTECEM NOS DIAS 22 E 23 DE SETEMBRO. * Redação
C
om trajetória que já rendeu mais de 1.000 shows em todo o Brasil, países da América do
Sul, além de turnês para o Japão e Estados Unidos, a curitibana Big Time Orchestra está confirmada entre as atrações da EXPOMUSIC 2016 – 33ª Feira Internacional da Música, realizada de 21 a 25 de setembro, no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo. Em seu repertório, a big band
apresenta releituras de clássicos do rock, pop e swing, em show irreverente e descontraído – marca registrada dos oito integrantes. Elvis Presley, Ray Charles, Brian Setzer, Paralamas do Sucesso, Jorge Benjor, Tim Maia e Lenine estão presentes no setlist, assim como músicas autorais. Os shows acontecem nos dias 22 e 23 de setembro, compondo as programações da Arena Expomusic, localizada no Auditório Elis Regina do Anhembi.
Sobre a Big Time Orchestra A banda, que comemora 10 anos de carreira neste ano, lançará seu sexto CD e terceiro DVD, “Vem Quente Que Estou Fervendo”, em todo o país no segundo semestre de 2016. Entre as principais apresentações da carreira, estão o Festival da Cultura Brasileira em Portland – USA; Búzios Jazz & Blues; Bourbon Festival Paraty; Rio das Ostras Jazz & Blues, Mangaratiba – RJ; Campos Jazz Fest e Guarujazz & Blues – SP; Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga – CE; Festival de Jazz e Blues de Garanhuns – PE; dentre outros, além de shows em casas de espetáculos e teatros pelo Brasil à fora.
Em junho e julho de 2015, participaram do Programa SuperStar da Rede Globo. Entre milhares de inscritos, a banda foi TOP 9, o que lhe renderam reconhecimento do público nos lugares mais inusitados do Brasil, fãs clubes nas redes sociais e de artistas importantes do nosso cenário musical como, Paulo Ricardo, Sandy, Thiaguinho, Samuel Rosa, Paula Toller, Tony Bellotto, entre outros. Além do convite para a participação no vídeo clipe do MC Sapão, com participação de Mr. Catra, MC Guimê e MC Marcelly. Em sua formação estão os talentoRevista Keyboard Brasil / 21
22 / Revista Keyboard Brasil
A Big Time Orchestra é formada pelos talentosos e divertidos músicos: Franco Calgaro (vocal), Fabiano Cordoni (baixo e backing vocal), Alexandre Fagundes (guitarra), Lucas Sangalli (bateria), Márcio Rangel (sax tenor), Raule Alves (trombone), Cléber Bittencourt (trompete) e Henrique Dyulhatik (trompete).
Revista Keyboard Brasil / 23
sos e divertidos músicos: Franco Calgaro (vocal), Fabiano Cordoni (baixo e backing vocal), Alexandre Fagundes (guitarra), Lucas Sangalli (bateria), Marcio Rangel
(sax tenor), Raule Alves (trombone), Cléber Bittencourt (trompete) e Henrique Dyulhatik (trompete).
Sobre a Expomusic A EXPOMUSIC é o principal palco da América Latina – e quarto maior do mundo – para os negócios de um setor estimado em R$ 2,5 bilhões. Sua contribuição histórica com 40% desse montante é expressada pela apresentação
Serviço
CIONAL IRA INTERNA FE ª 33 – 16 20 EXPOMUSIC DA MÚSICA 2016 e setembro de Data: 21 a 25 d às 21h 21 a 24: das 13h Horários: Dias às 19h Dia 25: das 13h Anhembi Exposições do e d ão lh vi Pa : Local cal Feiras anização: Fran Promoção/Org sileira da ssociação Bra A – ca si ú m be Patrocínio: A Música úsica pela stituto Abem In – ca si ú cê Apoio: I-M Música Quer Vo l e campanha A ca si u M o çã ca Edu
24 / Revista Keyoard Brasil
das últimas novidades em instrumentos e acessórios das principais marcas mundiais.
Nesta edição, a feira chega em novo formato, apresentando espaços diferenciados para negócios, palestras profissionais, ações voltadas à educação musical, como práticas de musicalização infantil, visitação escolar e festival direcionado a escolas de música; atrações voltadas ao entretenimento do público, como o Music Hall Festival, em formato totalmente repaginado; shows de bandas convidadas dos mais diversos gêneros e também independentes; além de pocket-shows e sessões de autógrafos. São cinco dias de negócios, sendo três deles abertos ao público em geral.
Especial EM MAIO PASSADO, A BANDA SYMPHONY X ESTEVE NO BRASIL PARA DIVULGAR “UNDERWORLD”, ÁLBUM ACLAMADO PELA MÍDIA ESPECIALIZADA. ACOMPANHANDO A BANDA, O MÚSICO RAFAEL AGOSTINO, TECLADISTA DA BANDA PAULISTANA DE HEAVY METAL ESCOLHIDA PARA ABRIR OS SHOWS NO PAÍS, A ARMORED DAWN. COM UMA IDEIA NA CABEÇA O MÚSICO PREPAROU UM DIÁRIO DE BORDO NOS T R A N S P O RTA N D O PA R A DIAS MEMORÁVEIS. ACOMPA N H E E S S A V I A G E M !
SYMPHONY X & AR
UM DIÁRIO D
Texto: Rafael Agostino Revisão: Ricardo Alpendre
26 / Revista Keyboard Brasil
RMORED DAWN:
DE BORDO PELO BRASIL Revista Keyboard Brasil / 27
E
m meio de uma das maiores crises do nosso país, que envolve rivalidade partidária e violência,
os shows de metal unem as pessoas, colocando todas as diferenças de lado, onde falamos e curtimos aquilo que mais gostamos, que é a música pesada! Abrindo os shows da banda Symphony X na turnê pelo Brasil no mês de maio com a banda Armored Dawn, fiz um diário descrevendo um pouco da nossa rotina e a deles também:
SEXTA-FEIRA - 5H Celular desperta com apenas 3 hrs de sono, pois o ensaio no dia anterior acabou tarde, o destino da viagem é Curitiba, 430km, 6h30 de viagem… A logística da banda não é fácil, deixa qualquer manager tour maluco, pois em uma cidade como São Paulo, cada integrante mora, pelo menos, 30km de distância um do outro. O ponto de encontro foi um estacionamento na Marginal Tiete, programado para sair ás 7h da manhã com destino ao Paraná. Manhã fria em São Paulo e o trânsito caótico faz com que os atrasos façam parte do planejamento. Porém, a estrada foi livre, e chegamos em Curitiba no horário previsto para passagem de som. O tempo de descanso foi bem curto, já que fizemos parada para almoço, o máximo foi um cochilo de 30 minutos. O saldo do sono até então era de 3h30m. Como diz o Timo Kaarkoski (guitarrista do Armored Dawn): “a vida é curta de mais para passar som” (risos). É uma 28 / Revista Keyboard Brasil
Fundada em New Jersey no ano de 1994, o quinteto norte-americano Symphony X é formado por Michael Pinnella (teclados), Michael Romeo (guitarra), Russell Allen (vocal), Michael LePond (baixo) e Jason Rullo (bateria), respectivamente.
Foto: Divulgação
coisa demorada, que a maioria dos músicos odeia. Muitas vezes, a banda chega no local e a equipe de som ainda está montando tudo. Chegamos um pouco antes da passagem de som do Symphony X, eles começam passando o som com uma música mais lenta “Without You” (uma das novas músicas de trabalho e muito bonita por sinal, é uma das músicas preferidas pela própria banda) e, depois, uma música mais rápida “Out of the Ashes” para checar se está tudo ok. Apenas o vocalista Russel Allen e o baterista Jason Rullo usam In Ear (sistema de monitoramento por fones) o restante da banda usa o velho e eficaz sistema de retorno no palco. Após 1h30 da passagem de som do Symphony X, tínhamos apenas 30 minutos para passar o som, toda equipe corre para montar o palco e os técnicos de som (P.A. e Monitor) começam a verificar os canais. Sempre há imprevistos, como vias direcionadas de forma errônea, Direct Box com mal contato. Essa é a hora mais corrida e saber resolver de forma rápida e eficaz é fundamental, tanto para os músicos como para os técnicos, por isso a importância de bons profissionais nesse momento. Conseguimos passar o som em 30 minutos, e especialmente nesse dia, nossa
banda contava com 7 integrantes, pois tivemos a participação especial de uma violinista, Ana Paula Eloi, que tocou em 3 músicas. Foi uma loucura passar o som de todo mundo em tão pouco tempo, tivemos 3 in ears no palco (para a violinista, o vocalista Eduardo Parras e o batera Guga Bento), cada músico pede rapidamente o que quer ouvir no seu retorno e pronto. O palco está pronto para o show e o tempo de descanso de uma banda de abertura entre a passagem de som e o show, é de uns 40 minutos. Ou seja, tempo de tomar um banho, trocar de roupa e ir ao banheiro. O público em Curitiba é bem seleto, a maioria são músicos ou entendedores de música. A cena no Sul do país parece ser bem mais forte e unida do que na capital, porém o show não teve lotação máxima pelo motivo da casa de show ser em um lugar afastado e ainda ter chovido no dia. Mas a recepção do público foi fenomenal! Logo na segunda música, sentimos que o respeito e a atenção era como se fossemos a banda principal. Isso é bem raro no Brasil em shows de abertura. Nosso show tem que ter exatos 40 minutos, e quando acaba, temos que desmontar o palco todo em 15 minutos, a correria nessa hora é ainda maior… Enquanto estamos saindo Revista Keyboard Brasil / 29
do palco, o Symphony X se prepara para entrar, então, a comunicação com eles nessa hora é bem breve… Durante o show deles, uma pausa nossa para comer uma pizza no camarim. Ao final do show, voltamos para Sâo Paulo, descansando um pouco no ônibus, mas como a adrenalina pós-show é grande, o sono demora para vir, e quando percebemos, já chegamos em Sâo Paulo. Por volta das 7h da manhã, cada um segue para sua casa descansar porque, logo mais às 16h30, temos que estar prontos no Tom Brasil em São Paulo.
Chegando em São Paulo, acho que consegui dormir por volta das 10h da manhã. Acordei às 13h para almoçar, tomar banho e chegar em tempo na casa de show que fica cerca de 40km de distância da minha casa. Mais uma vez, o trânsito da cidade coloca em prova minha paciência… Já é a quarta vez que abrimos shows no Tom Brasil. Abrimos 2 shows da Tarja e 1 do Marillion. Sem dúvida, a casa é uma das melhores de médio porte do Brasil! Tudo funciona perfeitamente, possibilitando sempre uma passagem de som rápida. Pude conversar um pouco mais com Mike Pinella esse dia, e ele demonstrou estar um pouco descontente com o som da noite anterior, o retorno não estava legal e o som meio ruim no geral. Porém, estava feliz por estar numa casa com uma 30 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Edu Lawless
SÁBADO - 16H30
Rafael Agostino e Michael Pinnella.
estrutura melhor em São Paulo. Nós, músicos, nunca podemos culpar um técnico de som ou a casa de show pelo som estar ruim, é uma combinação de vários fatores, inclusive da lotação da casa: se a casa não está muito cheia o som muda. Varia também o estado de conservação do equipamento de retorno que usamos e etc. Nosso show em São Paulo foi ainda melhor. A banda já estava aquecida, e muitos amigos no público, isso deixou a banda mais a vontade, e com o som da casa ainda melhor, refletindo diretamente na qualidade do show. Os solos individuais foram muito bem recebidos em São Paulo. Temos primeiro, o momento do baixo com o Fernando Giovannetti. Depois o solo de batera do Guga, seguido do solo de teclado e depois de guitarra com o Tiago de Moura, é tudo bem organizado e ensaiado para poder caber nos 40 minutos planejados, qualquer minuto a mais complica… Sobre o solo de teclado, eu procuro sempre mesclar improviso com algum tema conhecido de música clássica. Nos shows do ano passado, eu tocava trechos da Toccata e Fuga de Bach e a galera reagia Revista Keyboard Brasil / 31
DOMINGO - 5H Mais uma vez o celular desperta e o corpo, cansado, brigando com a mente incansada querendo tocar cada vez mais. Isso é muito gratificante, pois o celular toca, nem o soneca eu uso, a ansiedade por mais um show e começar tudo de novo não acaba. É muito diferente de trabalhar em escritório, que você não vê a hora de ir embora, se reluta para sair da cama… Com músicos, isso geralmente é ao contrário: o momento do show é único! Podia durar para sempre! A viagem para o Rio de Janeiro foi bem agradável. Conseguimos cochilar um pouco mais no ônibus. Chegamos ao Rio por volta das 15h30 no tradicional Circo Voador. Esse lugar é lendário e não é toa! É como se fosse uma Arena, tem um mezanino incrível onde o público não paga nada a mais para ver o show com mais qualidade, e a acústica da casa é sempre ótima, em qualquer ponto! 32 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Divulgação
bem, acho que todo mundo conhece essa música… Esse ano fiz um improviso em cima do tema do concerto de piano de Grieg. O tema é bem famoso, mas acho que poucas pessoas do metal conhecem. Porém, corresponderam muito bem. Sempre procuro interagir em momentos “Solos” para não ficar uma coisa tão solitária e individualista. Então, sempre puxo palmas ou olas... Coisas do tipo… (risos). O show do Symphony X em São Paulo foi incrível! A luz e o som condiziam com a banda, que demonstrou estar sempre afiada, independente de qualquer adversidade, pois foi a mesma energia do show da noite anterior. Saímos do Tom Brasil por volta da meia noite, e, na manhã seguinte, a rotina começava de novo. Acordar às 5h para estar às 7h no local combinando na Marginal Tietê.
Convidada pela produção do evento, A banda paulistana de heavy metal Armored Dawn realizou a abertura dos shows da banda norte-americana Symphony X no país.
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Tenho que admitir que o público do Rio de Janeiro foi o melhor de todos! Mais eufóricos! A casa de show contribui muito para isso também. Outro fato que quero abordar aqui é a Pista Vip, o único dos 3 shows no Brasil que não teve Pista Vip foi aqui. Acho que isso contribui muito para o fã, pois não faz diferença, não faz ninguém se sentir superior do que o outro, isso une mais os fãs e torna o show bem mais entrosado. Nossa passagem de som no Rio de Janeiro foi ainda mais corrida: atrasos por todo lado, mas conseguimos passar tudo em 20 minutos! Geralmente, começamos a passagem com uma música mais cadenciada “My Heart ou Mad Train” e depois com “Viking Soul” que é bem rápida, aqui foi o tempo de passar meia música! O suficiente para o som ficar perfeito! Mais uma vez, ponto para Daniel Fernandes, no monitor e para Rodrigo Silveira, no P.A. Nesse terceiro show já estávamos um pouco cansados, dormindo pouco, comendo mal, mas momentos antes de subir no palco a adrenalina vem e renova tudo, é como se tivéssemos dormido 8 hrs por dia. O público já demonstrou atenção logo na primeira música, a recepção foi ótima! Após o show, muitos vieram falar com a gente. Nem parecíamos banda de abertura! Pareciam 2 shows grandes! Isso nos deixou muito felizes pois, como já mencionei, o histórico de bandas nacionais abrirem shows grandes não é dos melhores, não importa a qualidade e potencial da banda de abertura. Acho que 34 / Revista Keyboard Brasil
isso vem mudando com o público mais jovem, eles estão atentos a tudo. Então, se a música é boa e a banda tem carisma, por que não curtir o show? Nosso vocal se destaca pois possui uma voz bem única! Não como aqueles agudos clichês que estamos acostumados a ouvir no metal. A voz do Eduardo é bem forte e bem grave, isso despertou curiosidade na galera, que curtiu muito. O guitarrista Timo é finlandês. Ele fala melhor em inglês do que em português e, sempre muito brincalhão, perguntou para os cariocas durante nosso show: “Vocês querem cerveja? Há um bar aqui na casa de show! Vocês querem Rock n Roll? Nós estamos aqui para tocar alto para vocês!!Vocês querem sexo? Essa parte infelizmente não posso ajudar!!” (risos) No final do show do SX, consegui realizar a entrevista com o Michael Pinella, que foi muito simpático. Tentei agendar a entrevista logo na sexta-feira, mas o choque de horário foi tão grande que não foi possível. Eles também estavam cansados, pois no Rio de Janeiro o calor estava intenso… Então, batemos um papo bem informal, sobre tecladistas, o que ele achava do Brasil, sua carreira, enfim. No final de toda essa correria, já começava a bater saudade… Voltamos para São Paulo e o SX seguiu tour pelo Chile e Argentina. A volta para São Paulo com trilha sonora: a balada “Without You” do SX que não saía de nossas cabeças e a nossa música de trabalho “William Fly”, pois voltamos ouvindo a gravação dos shows…
Armored Dawn é composta por Ed uardo Parras - vo tecladista, Rodrig calista, Fernando o Oliveira - bater Giovanne i - baixi ista, Tiago de Mou sta, Rafael Agostin ra e o finlandês Ti omo Kaarkoski - gu itarristas.
O
lançamento do ál bum “Power of ve lozes e furiosos Warrior ”celebra das guitarras. Jo a atual formação n Lord go st ar ia d e ou vir este disco. da banda Armo red Dawn. Ao Por não cair n lado do vocalista a mesmice com Eduardo Parras es o tã o ta o n ta s ou tr as baixista Fernando bandas pesadas , que usam Giovannetti, o te cla- o s te cl ad o s ap dista Rafael Ago en as p ar a in tr stino, os guitarr o d u zi r is m ta s om en to s mais suaves n Tiago de Moura e Ti o meio da mo Kaarkoski, finla n- pauleira, a Arm dês há tempos no Br ored Dawn pas asil, e o novo bateri sou a ch st a am ar a at en Rodrigo Oliveira. ção dos gringos. Prova disso é que foi a ú n ic “Power of Warrior a banda do B ” é mais do que a parti rasil a ci p ar d o amostra de uma ót cruzeiro do Mot ima banda pesada örhead, em . É 2015, o último co uma declaração de m Lemmy Kilmiste intenções de um gr r, que up m o or re u n o m que vem para co esmo ano. Este nquistar seguidor ano foi a es. banda escolhida Confirmando que p ara abrir os show a banda sabe mui s da Sy to m p h on y X bem como entrelaç no Brasil, um d ar teclados com ri os grandes ffs nomes do Metal mundial.
* Rafael Agostino é tecladista da banda Armored Dawn e multiinstrumentista. Produtor musical focado em heavy metal, é formado em Rádio e TV. Também é editor de vídeo e produtor audiovisual. Revista Keyboard Brasil / 35
Vitrine
MANUAL PRÁTICO DE ACÚSTICA Partindo dos conceitos básicos de áudio, acústica, música e percepção sonora, o livro Manual Prático de Acústica, escrito por Sólon do Valle leva os interessados a um trajeto que liga ao som desejado, passando pelo funcionamento de microfones, mesas e processadores e ensinando até a melhor forma de projetar o sistema de ar condicionado do seu estúdio, igreja ou casa de show. Autor: VALLE, SOLON DO Editora: MUSICA & TECNOLOGIA Páginas: 416
SPECTRO - POLTERGEIST Após 42 anos do lançamento do primeiro trabalho antes do ALPHA III, o SPECTRO progressive rock (1974), finalmente Amyr Cantusio Jr. retoma o projeto e se prepara para gravar o SEGUNDO CD: SPECTRO Poltergeist Seguindo a linha do primeiro, porém, um pouco mais pesado, unindo sons de órgão, strings, synth, batera, baixo e vocais. A capa já está pronta: fotografia de um casarão do século XIX abandonado nos arredores da cidade de Campinas, interior de São Paulo. O "fantasma" é real! Aguardem!
Contato para shows em Campinas e região: Amyr Cantusio Jr. lunardraco@gmail.com (19) 3367-4267 (19)9-9611-6663 Revista Keyboard Brasil / 37
Independente
P E D R O
FROHNKNECHT Inteligência intuitiva musical CONHEÇA O JOVEM COMPOSITOR E GUITARRISTA INDEPENDENTE, PEDRO FROHNKNECHT – POSSUIDOR DE UM TRABALHO SINGULAR, DE ESTILO PRÓPRIO E IDEIAS MUSICAIS PRECIOSAS. * Da Redação 38 / Revista Keyboard Brasil
O
carioca Pedro Cavalleiro
Frohnknecht, 37 anos, iniciou seu contato com a música ainda
criança, com idade de 7 anos,“eu tinha
uma escaleta, gostava de brincar com aquele negócio, não entendia nada de música mas já construía melodias”. Aos 14 foi contagiado pelo som das guitarras distorcidas do rock, “aquilo era algo fantástico, não pela atitude do rock ou qualquer coisa nesse sentido, mas apenas pelo simples contato das mãos nas cordas de uma guitarra distorcida, e esta prontamente respondia com um ruído que parecia vir das profundezas do inferno”. E, desde então, trilha pelo caminho da músi-
construída. Tudo ocorre fora do espaço de tempo. Logo, não existe processo de composição nenhum. Revista Keyboard Brasil – Que estilo de música mais te influenciou em sua formação musical? Pedro Frohnknecht – Basicamente Heavy Metal. Revista Keyboard Brasil – O seu trabalho não parece ter elementos do Heavy Metal, já que as suas músicas são, na maioria, composições no teclado, sem uso de guitarras distorcidas, sem uma banda orgânica e tudo mais que caracterizaria esse gênero musical.
ca expondo a sua arte através das seis cordas. Formou-se pelo IG&T e pela EMVL. Tocou com importantes nomes da guitarra como Mozart Mello, Kiko loureiro e Paul Gilbert, “foram eventos isolados na minha carreira, não foi algo constante, assim como o é tocar em uma banda mas o Paul realmente ficou impressionado com a minha performance”.
ENTREVISTA
Pedro Frohnknecht – Se você buscar por rótulos, vai acabar por classificar a minha música de acordo com a sua própria percepção. A sua percepção é moldada pelo seu senso crítico, e aquela pode não corresponder à realidade, já que se trata de uma visão pessoal. Antes da minha música ser classificada de forma específica, ela é unicamente, música. Eu sou um músico, eu faço música.
Revista Keyboard Brasil – Como é o seu processo de composição ?
Revista Keyboard Brasil – Você tem influência da música brasileira? Gosta da música que é feita aqui no Brasil?
Pedro Frohnknecht – Não se trata de um processo. Veja que, a palavra processo significa uma ação que expressa continuidade na realização de determinada atividade. Então, um processo traduz um movimento e deve ocorrer em determinado espaço de tempo. A minha forma de compor é intuitiva e, assim, a minha música é apenas percebida e não,
Pedro Frohnknecht – Não, de uma forma geral, eu não tenho influência desse tipo de música e não gosto de música brasileira, seja ela instrumental ou cantada. Sei da importância que é atribuída à música que é produzida pela nação e dos heróis que foram fabricados por esta. Mas para mim, a música brasileira não é nem um pouco cativante. Eu percebo que a Revista Keyboard Brasil / 39
maioria das letras é concebida com o intuito de afirmar ou ratificar um complexo de inferioridade subliminar que permeia a nossa cultura social e que é decorrente do imaginário coletivo o qual surge da identificação da coletividade com os preceitos do senso comum. O senso comum impõe padrões e, assim, a música fica padronizada. Isso cria barreiras e impede a expansão da percepção naquele que escuta tal tipo de música. Com a percepção minada, o discernimento crítico se torna instável e duvidoso, e a tendência passa a ser a de seguir a massa e de repetir padrões de comportamento. Essa questão é muito delicada, pois todo esse cenário criado, impede a evolução da própria arte e faz o povo se afundar cada vez mais na sua própria ignorância. Infelizmente, as mensagens disseminadas por esse tipo de música, corroboram com a identidade frágil que o povo possui e dá-se muito mais ênfase ao conteúdo de uma suposta ideologia que estaria sendo transmitida através da letra da música, do que à música em si. Isso ocorre porque o ouvinte não quer ouvir a música, mas quer ouvir uma mensagem com a qual possa se identificar para assim reforçar o seu senso de pertencimento; para se sentir pertencendo a um mundo no qual acredita que vive, mas que foi construído por ele próprio, na mais profunda obscuridade do seu ser, e se isso tudo tiver uma roupagem musical, então a música funciona. O brasileiro, de uma forma geral, ouve uma música, mas não a escuta. Olha para uma paisagem, mas não a vê. 40 / Revista Keyboard Brasil
Fala alguma coisa, mas não diz nada. Sorri, quando está sofrendo. Vive, mas já está morto. RKB – Você é um guitarrista. Por que gravou a maior parte das suas músicas no teclado? PF – Foi por uma questão de ocasião. Eu morei na Alemanha por algum tempo e, nesse período, trabalhei como músico de rua tocando guitarra e utilizando playbacks de fundo. Esses playbacks eram criados por mim, com um programa de computador e um sintetizador. Voltei ao Brasil e, ao ouvir novamente aqueles playbacks, percebi que neles haviam ideias musicais preciosas, que deveriam ser difundidas globalmente, para o bem da humanidade. Então, por um ato de compaixão, de amor ao próximo, resolvi editar esses playbacks para que tivessem a forma de uma música, e se tornassem acessíveis a todo tipo de público. RKB – Mas por que divulga composições feitas no teclado, se você é guitarrista? PF – Sou um guitarrista, mas antes de sêlo, sou um músico. Se o meio utilizado me permitiu a consecução do fim almejado, então toda a perfeição se consumou. O instrumento é um mero instrumento, é apenas um canal através do qual a música se revela. A minha formação como instrumentista é, sim, como guitarrista e como um guitarrista virtuoso. Mas, sob o ponto de vista musical, isso é indiferente, pois a minha música não vem do meu virtuosismo técnico. Ela está além disso. RKB – Então a sua técnica musical não é
importante?
‘ ‘
PF – Não, pois se você tem uma técnica limitada e esta não permite que você se expresse musicalmente, você não é um músico. Se você tem uma técnica virtuosística e não consegue se expressar musicalmente, você não é um músico. Porém, se você não tem técnica nenhuma e consegue se expressar musicalmente, então você é um músico. RKB – O que você pretende ao divulgar as suas músicas virtualmente? PF – Eu não pretendo nada. Me ocorreu apenas que eu deveria disponibilizar as minhas músicas de forma que o maior número de pessoas pudessem ouví-las, por que eu as considero como um trabalho de extrema singularidade. RKB – A sua música Howling Winds tem uma sonoridade um tanto quanto macabra. Em que você se baseou para compôla? PF – Eu compus essa música quando estava na Alemanha. Lá, é um lugar muito frio e, na maior parte do ano, o céu é cinzento. Em determinadas épocas, as árvores exibem os seus galhos nus e retorcidos e ficam sem folhas as quais pairam suavemente sobre o chão em um longo manto amarelado. Toda essa atmosfera mórbida me tomou e daí veio a inspiração para compor essa música. Para mim, ela é a que mais reflete o momento vivido na ocasião em que foi composta. RKB – Deixe uma última mensagem para o leitor da Revista Keyboard Brasil. PF – Prezado leitor da Revista Keyboard
A minha forma de compor é intuitiva e, assim, a minha música é apenas percebida e não, construída. – Pedro Frohnknecht
Brasil, não hesite em buscar os seus sonhos. Porém, investigue-os, perceba a real natureza deles, e considere a possibilidade dessa busca ser uma busca vã. Observe que cada sonho criado pela sua mente, não passa de um pensamento minuciosamente construído e impossível de ser alcançado, exatamente por se tratar apenas de um pensamento e, assim, não correspondente à realidade. Reconheça o aspecto ilusório de cada imagem criada pela sua mente pensante, e não se deixe sabotar por esta. Se a sua mente diz para você ser um músico, desconfie dela, pois a natureza da mente é a instabilidade, a incerteza, a inquietação. Se a sua mente diz que você é uma pessoa feliz, desconfie dela pois tudo que teve um início terá um fim. A felicidade tem um fim, a infelicidade tem um fim. Então, o preço da sua felicidade vai ser invariavelmente a sua infelicidade, e esta brotará exatamente a partir do momento em que aquela findar. Não crie nenhuma expectativa, não busque resultados fruitivos, não execute nenhuma ação almejando qualquer ganho para si próprio, pois se você fizer isso, vai obter justamente o contrário e vai se afogar em um oceano de desolação. Contato: pedrofrohnknecht@outlook.com Revista Keyboard Brasil / 41
Agenda Musical
CRAVO & CANTIGAS CONVIDA CRIANÇAS E A D U LT O S PA R A BRINCAR DE RODA EM
BELO HORIZONTE
42 / Revista Keyboard Brasil
PROJETO DIVULGA CANTIGAS DE RODA EM SÉRIE DE APRESENTAÇÕES GRATUITAS. * Por Virtuosi Produções
D
e setembro a novembro, Belo Horizonte será palco do
Projeto Cravo e Cantigas
que levará as antigas cirandas para uma série de apresentações em coretos e teatros da capital. O projeto é uma iniciativa do cravista Antonio Carlos de Magalhães e da Virtuosi Produções, que conta o apoio da Sociedade Artística Mirim de Belo Horizonte (SAMBH) e patrocínio do Hospital Mater Dei através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. As apresentações serão gratuitas e acontecerão nos coretos das Praças da Liberdade no dia 03/09, da Assembleia no dia 10/09 e dia 24/09 na Praça dos Compositores, no bairro Alípio de Melo. O coreto do Parque Ecológico da Pampulha receberá o projeto no dia 09/10. Haverá também uma apresentação especial no Teatro Francisco Nunes no dia 16/10, com venda de ingressos. Toda a renda será revertida para o projeto “Caríunas”. E para fechar a programação, o último espetáculo acontece no Centro Cultural São Geraldo no dia 12/11. A interpretação das canções populares ficará a cargo de um grupo de crianças que integram o “Projeto Cariúnas”, programa da SAMBH que
atende crianças e adolescentes de baixa renda e oferece aprendizado e formação através do ensino de música. Para acompanhá-las, o propositor do projeto, Antonio Carlos de Magalhães que é cravista, pós-graduado em Música Brasileira pela Universidade Estadual de Minas Gerais e atualmente dirige o Programa “Segunda Musical” do Teatro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. De acordo com Antonio Carlos de Magalhães, as cantigas foram introduzidas no Brasil pelos colonizadores portugueses e são patrimônio imaterial. E, apesar de terem animado as brincadeiras de muitas gerações, algumas estão praticamente esquecidas e são desconhecidas da maioria dos pequenos de hoje que se interessam por outros tipos de entretenimento. “Celulares e todos os atrativos tecnológicos tornaram nossa sociedade “virtual”. As crianças hoje não sabem as cantigas de roda. Então, tive o desejo de fazer algo para esse público e resgatar esse patrimônio cultural”, explica. Estudiosos do folclore brasileiro, como o historiador e antropólogo Luís da Câmara Cascudo, em seu livro Dicionário do Folclore Brasileiro, expôs a importância dessas melodias para a Revista Keyboard Brasil / 43
44 / Revista Keyboard Brasil
cultura, uma vez que estas são continuamente modificadas e adaptadas. É um repertório vivo, passado de geração em geração. Com letras simples e de fácil memorização, as cantigas são importantes instrumentos de aprendizado infantil, pois nas brincadei-ras de roda as crianças exercitam o corpo, desenvolvem o raciocínio e o gosto pela música. No espetáculo, estarão cantigas como “Fonte do Itororó”, “Escravos de Jó”, “Ciranda cirandinha” e outras. Durante o evento, além de conhecer as antigas cirandas, as novas gerações
SERVIÇO
também poderão apreciar o cravo, um dos instrumentos mais utilizados na época do Brasil colônia, mas pouco conhecido na atualidade. Magalhães conta que já apresentou um repertório de cantigas e que o público foi bastante receptivo. “Já apresentei cantigas em coretos e a receptividade foi muito boa. O que mais surpreendeu é que agradou tanto crianças, quanto aos adultos, todos participaram da roda. E a expectativa para o projeto é essa: queremos que o público participe ativamente, forme uma grande roda e cante junto com nosso coral de crianças”, exalta.
Parque Ecológico da Pampulha: Data: 09/10/2016 Horário: 11h Local: Coreto Endereço: Av. Otacíli o Negrão de Lima, 71 11 – Pampulha. Informações: (31) 32 77-7439 Ingressos: Entrada Fr anca
Praça da Liberdade: Data: 03/09/2016 Horário: 11h Local: Coreto Endereço: Praça da Lib erdade, s/n . Funcionários. Ingressos: Entrada Fra nca Praça da Assembleia: Data: 10/09/2016 Horário: 11h Local: Coreto Endereço: Praça Carlo s Chagas, S/N - Santo Agostinho. Ingressos: Entrada Fra nca Praça dos Compositores : Data: 24/09/2016 Horário: 11h Local: Coreto Endereço: Rua Gonçalo de Carvalho, 22 – Alípio de Melo. Ingressos: Entrada Fra nca
Teatro Francisco Nu nes: Data: 16/10/2016 Horário: 11h Local:Parque Munici pal Américo Gianne tti Endereço: Av. Afon so Pena, s/n - Cent ro Informações: (31) 32 77-6325 Ingressos: R$20 (intei ra) R$ 10(meia)* *Renda revertida pa ra o projeto Cariúna s Centro Cultural São Geraldo: Data: 12/11/2016 Horário: 11h Endereço: Av. Silva Alvarenga, 548, Sã o Geraldo. Informações: (31) 32 77- 5648 Ingressos: Entrada Fr anca
Patrocínio: Mater De
i - Rede de Saúde
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Revolução Musical
PSYCOTHRONIC BRASILIAN ELECTRONIC MUSIC INCLUSO CD LINK
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Fotos: Divulgação
TOMEI A LIBERDADE E INICIATIVA DE LEVAR AO PÚBLICO NACIONAL O CONHECIMENTO DE ARTISTAS QUE ESTÃO HÁ ANOS TRABALHANDO NA CULTURA DE VANGUARDA, NA MÚSICA ELETRÔNICA E EXPERIMENTAL, UNIDOS AO ROCK, AO KRAUT, AO SPACE E AMBIENT MUSIC. MÚSICOS
QUE
TEM
PESQUISADO
SINTETIZADORES
E A ARTE FEITA PELOS MESTRES DE TEMPOS ANTERIORES. ESCOLHI 8 PROJETOS (INCLUINDO O MEU ALPHA III) CADA UM COM UMA MÚSICA REPRESENTATIVA GERAL DO QUE FAZEM. É UM CD GRATUITO, DEMONSTRATIVO DO QUE A ARTE UNDERGROUND BRASILEIRA VEM PRODUZINDO NA OBSCURIDADE, EM MEIO AO OSTRACISMO E INDIFERENÇA GERAL DE PÚBLICO E GRAVADORAS. MESMO ASSIM, GRANDES PROJETOS, MÚSICA E SONORIDADE ÚNICA PARA OUVIDOS SENSÍVEIS. AQUI SE CRUZAM ESTILOS DA BERLIM SCHOOL, DUSSELDORF, SPACE, KOSMIC, AMBIENT & EXPERIMENTAL ELECTRONIC MUSIC. O INTUITO É QUE O LEITOR OUÇA E AJUDE NOSSA ARTE NACIONAL. POR ISSO, DIVULGUEM, COPIEM, COMPARTILHEM,
DÊEM
DE
PRESENTE...
MAS
DIVULGUEM!!!!!
AGRADEÇO A TODOS AMIGOS QUE CURTEM ESTE TIPO DE SOM E, AOS QUE AINDA NÃO POSSUEM O CONHECIMENTO QUE, A PARTIR DE AGORA POSSAM COMEÇAR A CURTIR! E DEDICO À TODOS ESTES MÚSICOS PESQUISADORES ESTA PEQUENA HOMENAGEM QUE ACABEI FAZENDO POR VONTADE PESSOAL!! HARE!! * Por Amyr Cantusio Jr.
Revista Keyboard Brasil / 47
Astronauta Pinguim Produtor experiente, multinstrumentista autodidata e mago dos teclados, Fabrício Carvalho, conhecido no cenário independente como Astronauta Pinguim é gaúcho e músico autodidata. Aprendeu a tocar violão, bateria, baixo e teclados por conta própria, ao começar a se interessar por rock ainda criança, quando ganhou do pai o disco Revolver, dos Beatles. Possuidor de rara habilidade para a música, Pinguim logo se tornou figura conhecida no rock alternativo gaúcho. Apesar de dominar diversos instrumentos, foi como tecladista e pianista que se destacou, participando de diversos grupos em Porto Alegre (durante muito tempo, tocou na banda de Júpiter Maçã). Logo, passou a atuar como músico de estúdio e produtor, e foi nessa função, aliás, que começou a ganhar projeção e a colecionar admiradores.
Amyr Cantusio Jr Foto: Cáthia Cantusio
Autoridade máxima no campo do rock progressivo e da música eletrônica, eleito melhor tecladista do mundo por três vezes consecutivas e co-fundador do primeiro selo do Rock Progressivo e Música Eletrônica Experimental do Brasil, Amyr Cantusio Jr., colaborador da Revista Keyboard Brasil, liderou o Alpha III com quem lançou diversos álbuns no Brasil e exterior durante os anos 80 e 90, construindo uma carreira de sucesso. Nascido em Campinas, interior de São Paulo, Cantusio Jr. é compositor, multi-instrumentista, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, letrista e desenhista dos logos e capas de seus próprios LPs/CDs (trabalhos estes espalhados por todo o mundo) além de escritor, colunista, teósofo e psicanalista ambiental. 48 / Revista Keyboard Brasil
Paulo Beto Músico, compositor, produtor e desenhista sonoro, aficcionado por sintetizadores analógicos e discos de vinis Paulo Beto é um artista que circula no meio das artes sonoras e visuais com trabalhos que vão dos mais sérios e conceituais até os mais pops e divertidos, tocando ao vivo ou produzindo em estúdio. Sobre a música eletrônica disse, certa vez: “Muito jovem, pedi um Moog de presente de aniversário e ganhei um violão. Logo tive que fazer um longo percurso de aprendizado musical até ter de fato contato com os knobs dos equipamentos eletrônicos. Aprendi violão clássico, Bossa Nova e o Rock. Minha entrada na música eletrônica não foi via dance music, embora eu já trabalhasse como DJ. Nessa época, meus ídolos eram a Laurie Anderson, o Einstüzende Neubauten e o Cabaret Voltaire. Mas amava ouvir coisas como o Cold Cut e o Bomb The Bass também. Tive uma formação híbrida. Descobri que o algo a mais dos meus artistas favoritos vinham da influência dos compositores eruditos e acabei mergulhando nesse universo que, para mim, foi fascinante”.
Gustavo Jobim Gustavo Jobim é tecladista carioca. Tem um extenso currículo na cena experimental. Exintegrante do combo de “nonsense rock” Zumbi do Mato, Gustavo já lançou quatorze discos solo. Inspirado principalmente pela música de vanguarda e pelas experimentações eletrônicas alemãs dos anos 70 (a popular cena “krautrock”), Gustavo utiliza exclusivamente sons eletrônicos criando música instrumental, climática, similar a trilhas sonoras de filmes. O músico colaborou com renomados músicos como Conrad Schnitzler (Cluster, Tangerine Dream), Jean-Hervé Péron (Faust) e Damo Suzuki (Can). Assina produções independentes, da composição à capa dos álbuns, passando pela publicação e edição de sites, ocasionalmente colaborando com selos como Som Interior, Fronha Records, Plataforma Records e Sinewave. Revista Keyboard Brasil / 49
Eloy Fritsch Eloy Fernando Fritsch é compositor de música eletrônica e tecladista de rock progressivo do grupo Apocalypse. Utilizando um grande arsenal de sintetizadores, incluindo o minimoog e o modular Roland System-700 Laboratory, Eloy lançou inúmeros álbuns. Em seu projeto de música eletrônica instrumental, Fritsch compõe new age, space music e progressivo eletrônico com influências de Vangelis, Jean-Michel Jarre, Tomita e Rick Wakeman. A música é melódica, majestosa, épica, formada por texturas orquestrais criadas por sintetizadores, vocoder, vozes, sequências eletrônicas e percussão. Uma música cósmica e de grande elevação espiritual.
Foto: Gabriel Quintão
Arthur Joly
50 / Revista Keyboard Brasil
Músico, produtor, dono do selo Reco-Head e colecionador de instrumentos raros, o paulistano Arthur Joly tem em seu currículo a produção de discos de artistas como Elza Soares e parcerias com o humorista Marcelo Adnet. Porém, é considerado o “professor pardal” dos sintetizadores e vinis. O primeiro equipamento synth de Joly foi do tipo Moog. E, tempos depois, apaixonado pelo negócio e totalmente autodidata, passou a criá-los quando sentiu o desejo de ter seu próprio modular gigante. A parafernália criada é sempre personalizada, variando os sons e a estética da embalagem, e já tem até marca, Reco-Synth. Como se não bastasse a loucura de aprender a fazer sintetizadores sozinho, Joly também vem se tornando referência na prensagem de vinis no Brasil. Mas essa é uma outra história.
Sergio Ferraz Compositor, violinista, tecladista e colaborador da Revista Keyboard Brasil, Sérgio Ferraz é um dos pioneiros no Brasil na arte do violino elétrico e da sua inclusão na música popular e instrumental de vanguarda. O músico ganhou destaque no cenário nacional e internacional, misturando influências da música indiana, do jazz, do rock progressivo, da música brasileira, da música armorial e da eletroacústica de vanguarda. Natural de Garanhuns, Sérgio Ferraz foi influenciado pelo rock de bandas dos anos 70 e do jazz fusion da Mahavishnu Orchestra, bem como o violinista jazz rock Jean Luc Ponty, a música indiana clássica de Ravi Shankar e do flamenco de Paco de Lucia. Inicialmente, a guitarra e violão eram seus instrumentos. Até o momento, possui 6 CDs distribuídos em todo o mundo.
Postuman Tantra Conhecido nacional e internacionalmente no meio underground, Edgar Franco ou Postuman Tantra se autodenomina Ciberpajé. Um artista transmídia, pósdoutor em arte e tecnociência pela UnB, doutor em artes pela USP, mestre em multimeios pela Unicamp e professor do Programa de Doutorado em Arte e Cultura Visual da UFG. Possui obras premiadas nacionalmente nas áreas de arte e tecnologia, performance e histórias em quadrinhos, além de álbuns lançados por gravadoras europeias.
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 51
Filosofia e Música
A VISaO FILOSoFICA DA MÚSICA E A EXTRAORDINÁRIA CAPACIDADE INTELECTUAL GREGA
Hino ao Sol - O artista russo Fiodor Bronikov (1827-1902) pintou esta imagem romantizada dos seguidores de Pitágoras cantando um hino para saudar o nascer do Sol. Para alguns filósofos gregos antigos, música e astronomia eram interligadas. 52 / Revista Keyboard Brasil
A CIVILIZAÇÃO GREGA É CONSIDERADA A MAIS DESENVOLVIDA ARTÍSTICA E CULTURALMENTE DA ANTIGUIDADE. FOI NA GRÉCIA ANTIGA QUE AS PRIMEIRAS OBSERVAÇÕES TEÓRICAS, PRÁTICAS, CIENTÍFICAS E FILOSÓFICAS SOBRE A MÚSICA FORAM REGISTRADAS, O QUE PROPORCIONOU O INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO MUSICAL DO MUNDO OCIDENTAL. A DESCOBERTA DA IMPORTÂNCIA DA MÚSICA PARA A SOCIEDADE E O SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO TAMBÉM SE DEVE AOS GREGOS. SEUS GRANDES PENSADORES SALIENTAVAM QUE A MÚSICA INFLUENCIAVA NO CARÁTER DAQUELE QUE A ESCUTAVA E SENDO ASSIM, MUITO SE REFLETIA SOBRE A SUA FUNÇÃO NO ESTADO. ESSES MESMOS FILÓSOFOS TAMBÉM CONSIDERAVAM O ESTUDO DA MÚSICA FUNDAMENTAL PARA COMPREENDER A NATUREZA DO UNIVERSO. POR ESSE MOTIVO, DESTACAVAM O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO. * Por Heloísa Godoy Fagundes
Revista Keyboard Brasil / 53
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itágoras de Samos (c.570 a.C. – 493 a. C) é considerado o primeiro
filósofo grego a desenvolver uma teoria da música e de sua importância no universo.
A Filosofia sempre buscou entender a música. Já em seus primórdios, na Grécia Antiga, Pitágoras de Samos mostrava seu encantamento com os intervalos musicais e sua relação com as formas puras da Matemática, além de seu efeito sobre a psique humana (o que, mais tarde, também atraiu Aristóteles). Pitágoras teria ficado intrigado com os sons de alturas diferentes que ouvia, emitidos por martelos de tamanhos distintos na oficina de um ferreiro. Fazendo experimentos com um monocórdio – um instrumento de corda – , ele estudou a relação entre a altura de uma nota e o comprimento da corda que a produz. Em seguida, calculou as razões matemáticas entre as notas e teorizou sobre seu efeito na harmonia musical. Mais tarde, Pitágoras foi além, passando das teorias matemáticas da música para a possível relação matemática entre os corpos celestes.
Ao lado: Pitágoras em imagem pintada por Rafael. 54 / Revista Keyboard Brasil
Musica celestial Na cosmologia grega, pensavase que o universo fosse feito de uma série de esferas, com a Terra ao centro. Havia uma esfera para a Lua e outras para o Sol, cada um dos planetas e as estrelas fixas. Pitágoras acreditava
na existência de uma relação matemática entre essas esferas e que tal relação correspondias à harmonia musical. O movimento das esferas geravam o que ele chamou de “música das esferas”. Para ele, esses sons eram imperceptíveis ao ouvido humano, mas revelavam a harmonia fundamental do universo.
Revista Keyboard Brasil / 55
Musica e sociedade A música e a sociedade foram sempre ligadas na Antiguidade grega. Platão (423 – 348 a. C.) e Aristóteles (384 – 322 a. C.), principais filósofos gregos do século IV a.C., se preocuparam mais com o efeito da música sobre a sociedade e o caráter do ouvinte.
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Ritmo e melodia abrem caminho para os lugares íntimos da alma! – Platão, A República, c. 380. a.C.
Platão dedicou grande parte de sua obra A República enunciando sobre o papel da música na manutenção da ordem social. Para ele, o modo como a música era tocada formalmente era essencial para a estabilidade do Estado. Quaisquer inovações musicais seriam “desestabilizadoras das convenções polí-ticas e sociais mais fundamentais”.
Platão criticava a ideia de se avaliar uma música pelo prazer que proporcionava ; para ele, a finalidade da música não era dar “prazer irracional”, mas levar harmonia e ordem à alma. Ademais, considerava que cabia à elite proteger a tradição musical contra “homens de gênio nativo... Ignorantes do que é correto e legítimo”. Dizia que quem era educado para se tornar governante do Estado ideal não devia ouvir música suave ou que induzisse à preguiça, mas sim aquela que encorajava a bravura e o 56 / Revista Keyboard Brasil
Transmissão de ideias anti gas: O p ri m it iv o fi ló so fo cr is tã o Boécio (480 – 525 a.C.) escrev eu D e In st it ui ti on e M us ic a, que dividia a mús ica em três ti pos: a música do un iverso ou cósm ica (musica mund ana), a dos se res humanos (mus ica humana) e a instrumen tal (musi ca instrumentalis ).
antigas: de obras o ã ç a rv e nos na Pres m u ç u lm a s o ic m ê Acad nsadores ia e pe d é M e filósofo idad omo o c , s u e p a rs íl io euro it a li a n o M ta s ti n e c artir do re n a s 1499), a p – 3 3 4 (1 as obras Ficino servaram re p V X stóteles. século latão e Ari P s, ra o g á – 1630), de Pit ler (1571 p e K s e n ronomia Johan ores da ast d a d n fu s numa um do reditava c a , a n r ntal do mode undame f a i n o lada na harm seria reve e u q o usical univers a teoria m iu d n fu e vimentos música los dos mo u lc á c s u com se s. planetário
Aristóteles concordava que a música boa favorecia a moralidade humana e a má a corrompia, mas era mais aberto ao fator da alegria gerada pela música. Defendia que a finalidade dela era “instruir, entreter ou empregar as horas de inércia daqueles que vivem na ociosidade”.
Aristóteles também discutiu o impacto psicológico dos modos musicais, ou escalas, usados pelos gregos, como os modos dórico, frígio e lídio (nomes derivados de regiões da Grécia), e seus efeitos sobre as emoções e o caráter. O filósofo grego Platão (c. 427-348 a.C.) argumentava que “a música deve incentivar a vida corajosa e harmoniosa”. Ele rejeitava a inovação musical que ameaçaria a estabilidade do Estado. Na pintura, Platão e seu jovem discípulo Aristóteles. Revista Keyboard Brasil / 57
As antigas filosofias musicais da Grécia inf luenciaram a música europeia até a Renascença. Aristóxenes, ou Aristoxeno de Tarento (360 — 300 a.C.) foi aluno de Aristóteles. Escreveu Elementos da Harmonia, descrição teórica sistemática da música. Possuía contato mais estreito que seus predecessores com a prática musical e a visão diferente dos intervalos musicais da harmonia e do ritmo. Para Aristóxenes, a única maneira de
aprofundar o conhecimento da música era ouví-la e memorizá-la. Sua compreensão da música se dava pelo ouvido. A última grande contribuição grega à teoria musical foi a de Ptolomeu de Alexandria, importante pensador (90 –168 d.C.). No tratado Harmônica, ele conciliou o estudo de Pitágoras sobre a música, baseado na matemática, com a teoria de Aristóxenes, fundada na experiência musical. Ptolomeu ampliou a “ música das esferas” proposta por Pitágoras, convertendo-a num sistema de conexões
entre harmonia musical, astronomia e astrologia. * Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 58 / Revista Keyboard Brasil
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MICROFONES INICIO A COLUNA DESTE MÊS DESCULPANDO-ME POR MINHA AUSÊNCIA, POR MOTIVOS DE SAÚDE, NA ÚLTIMA EDIÇÃO DA REVISTA. AGRADEÇO A COMPREENSÃO E O APOIO DA HELOÍSA, DE TODA A EQUIPE DA REVISTA KEYBOARD BRASIL E, CLARO, DE TODOS OS QUE ACOMPANHAM A COLUNA. DE VOLTA À ATIVA, É HORA DE FALAR SOBRE MICROFONES! NÃO É SEGREDO PARA NINGUÉM QUE EXISTEM DIFERENTES TIPOS DE MICROFONES, COM PREÇOS QUE VARIAM ENORMEMENTE. MAS, AFINAL QUAL É A DIFERENÇA ENTRE ELES? O QUE PRECISAMOS SABER PARA ESCOLHER OS MICROFONES QUE MELHOR RESULTADO TRARÃO PARA NOSSAS PRODUÇÕES? * Por Murilo Muraah 60 / Revista Keyboard Brasil
U
m microfone é um transdutor, ou seja, é um dispositivo capaz de transformar um tipo de energia em outro. A energia sonora emitida por um instrumento musical, pela voz ou por qualquer outra fonte sonora que queremos captar moverá a membrana do microfone e será transformada em energia elétrica, gerando um sinal análogo à energia sonora que foi captada (daí o nome “analógico” que damos a esse tipo de sinal). Como vimos nas colunas anteriores, quando falei sobre interfaces de áudio, esse sinal analógico geralmente ainda será convertido em sinal digital para ser armazenado e trabalhado em nossos computadores. Os tipos mais comuns de microfones são: – Microfones dinâmicos: funcionam a partir da movimentação de uma bobina (acoplada a uma membrana) em torno de um ímã. Estes microfones costumam ser bastante resistentes e ter baixa sensibilidade. Ou seja, captam menos vazamentos de fontes sonoras que não desejamos captar, o que explica porque são tão utilizados em eventos de música ao vivo. Apesar disso, também são amplamente utilizados em estúdios.
Sennheiser MD 421: um microfone dinâmico cardioide. Muito versátil, pode ser utilizado para captação de guitarras amplificadas, tons, bumbo e vozes.
– Microfones condensadores: funcionam a partir de duas placas eletricamente carregadas (uma fixa e uma membrana) com um isolante entre elas. Estes microfones são capazes de captar sons de forma natural, limpa e com riqueza de detalhes. Podem ser valvulados ou transistorizados e, para ativar seu circuito eletrônico, geralmente precisam de Phantom Power - uma tensão elétrica de 48V emitida pelo pré-amplificador, pela mesa de som ou pela interface de áudio. Costumam ser muito sensíveis, tanto no que diz respeito à sua construção física, sendo mais frágil que os dinâmicos, quanto na alta sensibilidade que oferecem nas captações sonoras. São muito utilizados em estúdios, mas é bastante comum a utilização de microfones condensadores também em eventos de música ao vivo.
AKG C414: um microfone condensador multipadrão polar, é muito utilizado para captar voz, violão, bateria e cordas.
– Microfones de fita: funcionam a partir de uma fita de metal muito fina suspensa entre dois ímãs. Estes microfones geralmente são bidirecionais, fornecem um som natural, “macio”, e costumam ser extremamente frágeis e sensíveis, sendo utilizados principalmente em estúdios. Revista Keyboard Brasil / 61
MXL R77: um microfone de fita acessível, ótimo para captar percussão, metais e vozes.
Além de prestarmos atenção ao tipo de microfone que desejamos utilizar, também é fundamental se atentar ao padrão polar do microfone, que determina como o microfone responde a sons vindos de diferentes direções: – Omnidirecional: capta sons vindos de todas as direções. São ótimas opções quando queremos captar não apenas o som do instrumento que estamos captando, mas também o som da sala.
Representação de um microfone omnidirecional.
– Bidirecional: captação frontal e traseira. Permitem captar um instrumento na frente e outro atrás do microfone, minimizando os vazamentos que vêem das laterais.
62 / Revista Keyboard Brasil
Representação de um microfone bidirecional.
– Cardioide: captação frontal. São microfones direcionais e que, portanto, nos permitem focar no instrumento que está em frente ao microfone, minimizando os vazamentos que vêem de outras direções.
Representação de um microfone cardioide.
Alguns microfones possuem um único padrão polar, outros nos permitem escolher entre diferentes padrões polares. Mas para escolher quais microfones você terá em seu home studio, além do tipo e do padrão polar, ainda é necessário levar outros aspectos em consideração: – Quais são as características sonoras dos instrumentos que pretende captar? Um microfone pode ser excelente para captar sua voz, mas talvez soe terrível ao captar a voz de outra pessoa.
‘ ‘
– Quais são as características sonoras das salas que irá utilizar? Muitas vezes nos indicarão microfones condensadores devido à qualidade sonora que são capazes de oferecer, porém precisamos
‘ ‘
lembrar que são extremamente sensíveis e, em ambientes muito ruidosos ou com problemas acústicos, estes microfones talvez não sejam a melhor opção, pois irão captar mais ruídos e evidenciar outros problemas. – Quanto você terá para investir em microfones? O preço alto nem sempre é um sinal de melhor qualidade para aquilo que precisamos captar. Existem excelentes microfones a preços acessíveis e que cairão como uma luva em nossas produções. O Shure SM57 é um exemplo clássico de microfone versátil, acessível e de boa qualidade. Além disso, às vezes vale mais a pena ter um par de microfones versáteis, que inclusive te permitirão realizar microfonações estéreo, do que um único microfone cuja sonoridade você gosta mais, mas que é muito mais caro. Às vezes a melhor opção para você pode ser exatamente o contrário disso.
Shure SM57: microfone dinâmico cardioide. Versátil e acessível.
Podemos nos planejar e construir nosso home studio por etapas. Murilo Muraah
Como sempre sugiro, é preciso considerar cada situação com cuidado e lembrar que nunca vamos conseguir tudo o que queremos de uma só vez, mas podemos nos planejar e construir nosso home studio por etapas, buscando uma qualidade e uma variedade de equipamentos cada vez maiores. Podemos buscar conhecer diferentes modelos e características de microfones através de informações disponibilizadas por fabricantes e por profissionais de áudio e produção musical, incluindo as curvas de resposta de frequência, os padrões polares, sugestões de utilização, etc. Além disso, podemos ainda buscar lojas, estúdios ou amigos que tenham os microfones que desejamos comprar, para ouvi-los em ação. Boas pesquisas, boas escolhas, boas produções... E até a próxima coluna!
*Murilo Muraah é Bacharel em Comunicação Social pela FAAP e proprietário da Muraah Produções, onde atua como professor de áudio analógico e digital, produtor musical, compositor de trilhas sonoras e músico. É também supervisor dos cinco estúdios de gravação e mixagem das Fábricas de Cultura das zonas norte e sul de São Paulo além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 63
Foto: AndrĂŠ Ramos
Perfil
Durval Oliveira 64 / Revista Keyboard Brasil
TANTA DEDICAÇÃO E TALENTO FIZERAM A MÚSICA FALAR MAIS ALTO PARA DURVAL OLIVEIRA, QUE LARGOU A MEDICINA E A ODONTOLOGIA PARA TORNAR-SE UM TECLADISTA, ARRANJADOR E PRODUTOR MUSICAL RESPEITADO E ADMIRADO. * Por Rafael Sanit
urval Oliveira é tecladista, paralelo aos trabalhos, as faculdades de
D
arranjador e produtor musical.
medicina por 3 anos e odontologia por 3
Natural da cidade de Salvador
semestres, em períodos distintos, é claro.
(Bahia) conheceu a música e passou a
Porém, por questões de tempo/ trabalho/
amá-la ainda muito criança, através da
viagens e custos dos cursos não deu
sua avó Jandira Borges da Cunha
continuidade. Também trabalhou nos
(pianista e concertista) ouvindo-a tocar na
projetos dos CDs do Asa de Águia,
sala de sua casa para toda família. Cursou piano clássico e ingressou no mercado profissional entre os anos de 95/96 tocando com algumas bandas de menor expressão até que em 98 foi convidado pela empresa Perto da Selva produções artísticas onde, ao lado do maestro, tecladista e produtor Yacoce Simões, era responsável pelo estúdio, realizando arranjos e gravações de bandas que faziam parte dessa produtora como a Banda Eva, Araketu, Jammil, Banda Pinel, Parangolé, entre outras. Neste tempo também cursou,
Olodum e Ricardo Chaves. No ano de 2002 foi convidado pelo cantor Xanddy do Harmonia do Samba para ser responsável por seu estúdio e onde, no final de 2004 seria convidado também a ingressar na banda como tecladista. Nestes quase 12 anos de Harmonia do Samba foram 4 DVDs, 9 CDs, programas de TV e uma média de 120 shows por ano. Hoje Durval Oliveira é parceiro e endorsee dos teclados Casio e dos suportes Stay Music.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 65
A vista do meu ponto
POR QUE AS PESSOAS NÃO SE INTERESSAM MAIS POR 66 / Revista Keyboard Brasil
MÚSIC
CA?
O NÚMERO DE PESSOAS INTERESSADAS EM APRENDER MÚSICA VEM REDUZINDO DRASTICAMENTE. SERÁ QUE NÃO É HORA DE REVISAR A METODOLOGIA?
* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
V
ocê reparou? O número de pessoas interessadas em aprender música vem reduzindo drasticamente nos
últimos anos. Interessante, não? Todas as áreas do conhecimento tem um número cada vez maior de pessoas interessadas nela; entretanto, na área musical está acontecendo ao contrário. Vou ser bem sincero com você. Eu tenho uma pista do que está acontecendo. E a resposta é extremamente simples: O formato do aprendizado musical. As pessoas perdem o interesse pelo aprendizado musical pelo simples fato que ele não atrai, não envolve, não permite o gostinho de “quero mais”! Nós, que somos ligados à música, sempre valorizamos a necessidade de se envolver e aprender a tocar um Instrumento Musical. Claro! Nós sabemos que
Música é tudo! Mas, e as pessoas “comuns”? Por que elas não percebem a necessidade de aprender Música? Revista Keyboard Brasil / 67
Durante muito tempo pesquisei um formato para o aprendizado musical. Eu fui a minha própria experiência. Foram muitas as tentativas de aprender música, de conhecer os detalhes que desvendam o mistério desta arte reveladora. Em vão! Tive que desenvolver a musicalidade sozinho. Ou melhor, aproveitando o que as pessoas tinham de melhor e ouvir, ouvir muito. Hoje posso, com tranquilidade, dizer: qualquer pessoa pode tocar um instrumento sem nenhuma complicação, sem desespero. Você precisa tocar um instrumento como um músico profissional? Se o seu objetivo é ser um profissional da música, com certeza. Entretanto, se você quer somente se deleitar e compreender melhor a magia da música, não. O que você precisa é de habilidade musical. O que significa, então, habilidade musical? Habilidade musical significa, além da possibilidade de “tocar de ouvido”, ter destreza na execução das músicas, ter acuidade auditiva suficiente para entendê-la, ter bom senso... Você precisa tocar o instrumento com tranquilidade, sem a necessidade de partituras, de métodos, de anotações. A destreza, a genialidade, a virtuosidade fica dirigida àquelas pessoas que tem o “dom da música”. Veja que interessante: dom da música. Não pense que isto é uma coisa específica dos músicos e artistas. Tem gente que tem dom para fazer negócios. Tem pessoas que são hábeis oradores. Outras tem uma destreza incrível para o 68 / Revista Keyboard Brasil
esporte. Cada um deve descobrir a sua vocação e segui-la. Entretanto, apesar de não ter o porte físico necessário, posso, tranquilamente, jogar basquete nos finais de semana. Apesar de não ter o preparo e o treino suficientemente apurado, posso jogar xadrez de vez em quando. Mesmo que não tenha talento natural para a pintura, posso registrar alguns quadros com as peculiaridades daquilo que gosto de pintar. É assim com a música. Você precisa adentrar no universo musical. Pronto! Só isso! O resto vai depender do virtuosismo, da vocação que poderá, ou não, aflorar em você. Caso não aconteça, caso você perceba que a música não é a sua vocação, nada vai lhe impedir de tocar bem. Com a tecnologia disponível, com a internet, tocar um instrumento é extremamente fácil. Aliás, para tocar um instrumento você precisa somente do ouvido. Isso mesmo: Ouvido! Se você ouve música, se você ouve as pessoas falarem, ouve os ruídos da poluição sonora, você tem ouvido.
Ajustar o seu ouvido ao universo musical é o que a grande maioria das pessoas precisa. Mas isso é simples. Entretanto, não se engane. Você não vai aprender música, mesmo que seja para simples deleite, com a sistemática e a estrutura que estão disponíveis hoje no mercado. Esqueça! A grande maioria dos métodos que tive oportunidade de vislumbrar são extremamente entediantes. Impedem que você se revele, se encante com a Música.
Muita gente investe, ou investiu, uma grande soma de dinheiro no aprendizado musical. Parece como aqueles cursos de inglês que, na grande maioria dos casos, somente servem para o enriquecimento dos proprietários. Não funciona, você não aprende inglês e, o que é pior, você gasta uma grana incrível. Basta! Com a música é exatamente a mesma coisa. Só que a música não tem a mesma repercussão que as escolas de inglês têm! O número de pessoas que se interessam por música diminui a cada ano. Eu, que trabalho com fabricantes de instrumentos musicais, desenvolvendo produtos para o mercado, fico me perguntando: “Se ninguém fizer nada, agora, daqui a alguns dias vamos vender instrumentos musicais para quem?” Pense! Se você já estudou música e não toca nada, me diga: quem errou? Você ou a estrutura de ensino que você escolheu? Tenho 100% de certeza de que a estrutura de ensino que você escolheu era “furada”! Pare de dizer que você não tem talento, que você “é uma porta” e não tem musicalidade! As pessoas desistem porque o sistema é falho. Não envolve! Não encanta! Não permite a revelação de que tanto falamos no texto passado. Portanto, esta é a hora da Reflexão!
Precisamos, urgentemente, revisar a metodologia e a dinâmica do aprendizado musical. Precisamos desenvolver metodologias distintas para aquelas pessoas que querem, simplesmente, se deleitar com a
música, para aquelas que, realmente, querem se tornar profissionais. A mesma estrutura aplicada para a mesma intenção não tem dado certo.
Experiência pessoal Se tivesse optado por aprender música em conservatório ou em determinados estabelecimentos musicais de Curitiba, cidade onde me lancei como músico, não estaria trabalhando com isso. Teria sido Engenheiro, Médico, Administrador, Funcionário do Banco Central. Todas estas profissões, hoje, tenho como Hobby! A Música é a minha Profissão, minha Revelação! Melodia, Harmonia e Ritmo! Olha que impressionante! Muita gente boa, que tem influência no meio musical, sempre confunde esses três elementos. Quando alguém não consegue cantar corretamente sempre tem um “expert” que diz: “Ele não pegou o ritmo da música!” Meu Deus! Nem diferenciar ritmo de melodia as pessoas conseguem? Seria o mesmo que não saber diferenciar uma bola de um taco... Bola é bola... Taco é taco... E olha que muita gente boa, que está envolvida no meio musical, muitas vezes confunde estas duas palavras: melodia e ritmo. “Ele não pegou o ritmo da música!” Ou será que foi o Tom? Talvez o Jerry? Pelo amor de Deus! Chega!
Vamos aprender música com simplicidade, como ela é: simples e Revista Keyboard Brasil / 69
‘
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Se você já estudou música e não toca nada, me diga: quem errou? Você ou a estrutura de ensino que você escolheu? – Luiz Carlos Rigo Uhlik
verdadeira. Depois, mais tarde, quando você se sentir um “expert”, você poderá, tranquilamente, ampliar a habilidade e se
tornar um “virtuose”. Antes disso, vamos para o básico. Música! Avante!
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil.
70 / Revista Keyboard Brasil
Enfoque
RADAMES GNATTALI SUA OBRA PARA QUARTETO REVELA UM GRANDE COMPOSITOR CLÁSSICO TRAZENDO EM SEU NOME O PERSONAGEM DE UMA ÓPERA DE VERDI, RADAMÉS GNATTALI FOI UM MÚSICO QUE TRANSITOU COM ENORME FACILIDADE ENTRE O GÊNERO CLÁSSICO E O POPULAR.
ARRANJADOR
INQUESTIONÁVEL
TOCAVA DIVERSOS INSTRUMENTOS, ALÉM DE SER UM EXCEPCIONAL PIANISTA. DE UNS ANOS PARA CÁ SUAS OBRAS VEM SE TORNANDO CADA VEZ MAIS RECONHECIDAS MUNDIALMENTE.
** Por Maestro Osvaldo Colarusso
72 / Revista Keyboard Brasil
S
ó
recentemente
Radamés Gnattali
(1906-1988) vem
ganhando um grande prestígio como compositor clássico. Um músico que transitou com enorme facilidade entre o gênero clássico e o popular viu sua produção erudita ser vista com desconfiança, chegando mesmo a ser acusado de superficial e vulgar. Um CD lançado recentemente pelo selo Bis na Europa com obras de sua autoria para piano, violão e violoncelo, gravado pela pianista brasileira Débora Halázs, o violonista alemão Franz Halázs e o violoncelista chinês Wen-Sinn Yang, e que ganhou o prêmio Grammy latino de 2015 como melhor lançamento clássico (veja aqui o texto que escrevi a respeito), fez com que a crítica especializada na Europa se perguntasse como um com-
positor desta qualidade permanece ainda praticamente desconhecido. Nesta trilha de reconhecimento surge agora um lançamento que deixará muita gente de queixo caído: a integral de sua obra para quarteto de cordas, magnificamente executada pelo conjunto que leva o n o m e d o c o m p o s i t o r, o Revista Keyboard Brasil / 73
Quarteto Radamés Gnattali. Fazendo um retrospecto na biografia do compositor vemos que por alguns anos ele foi violista de um quarteto de cordas no Rio de Janeiro, o Quarteto Henrique Oswald, e isto, entre outras coisas, explica a razão da soberba escrita para este tipo de conjunto. Gnattali nasceu em Porto Alegre filho de imigrantes italianos completamente apaixonados por música. Prova disso é que o casal escolheu para seus três primeiros filhos nomes de personagens de óperas de Verdi: além de Radamés sua irmã se chamava Aida e um de seus irmãos se chamava Ernani. Com tanta herança cultural o compositor se viu entre dois polos: a música clássica europeia e a música popular brasileira.
Arranjador inquestionável tocava diversos instrumentos (violino, viola, vioRadamés toca Radamés. Obra integral de Radamés Gna ali para quarteto de cordas. Lançamento em comemoração aos 110 anos de nascimento do compositor
74 / Revista Keyboard Brasil
Quarteto Radamés Gna ali: Carla Rincón, primeiro violino. Fernando Thebaldi, viola. Hugo Pilger, violoncelo. Andréia Carizzi, segundo violino. Revista Keyboard Brasil / 75
lão, acordeom) e era um excepcional pianista. Nesta sua produção para quarteto vemos estes dois polos de forma bem clara: a estrutura de seus quartetos reproduz formas e contornos dos quartetos clássicos, mas a rítmica e o impulso melódico são extremamente ligados à música popular brasileira. Entre seus quartetos uma grande surpresa: o quarteto Nº 2 de 1943 é, entre suas obras que conheço, a mais sofisticada e criativa entre suas partituras em termos harmônicos e formais. De rara beleza rivaliza com outra obra absolutamente obrigatória, um quarteto não numerado: “Quatro quadros de Jan Zach”, obra composta em 1946. Jan Zach foi um artista plástico tcheco que, fugindo do nazismo, viveu no Rio de 1940 até 1951. Gnattali transpõe para música seus quadros de maneira livre e pouco usual. Tanto o Quarteto Nº 2 quanto estes “Quatro quadros de Jan Zach” estão, na minha opinião, entre as mais importantes obras para quarteto escritas naquela época, e não falo apenas em termos brasileiros ou sul americanos. São obras compará-
veis aos maiores quartetos do século XX. Além dos quatro quartetos numerados e dos “Quatro quadros de Jan Zach”, existe um “Quarteto popular” de 1940 e uma série de obras curtas, com títulos bem brasileiros como “Chôro”, “Cantilena” e “Seresta”, as primeiras obras que ele escreveu para quarteto de cordas. Enfim uma excelente mostra da versatilidade e ecletismo do autor.
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Engajamento e heroísmo Além da excelência destas composições não posso deixar de destacar a atuação do Quarteto Radamés Gnattali. Este grupo, que se destaca como um dos principais quartetos de cordas da América Latina, tem sido de uma importância fora do comum em termos de divulgação do repertório brasileiro. Entre as gravações que o grupo realizou destaco, além de uma magnífica integral dos quartetos de Villa-Lobos, a maravilhosa integral de obras para quarteto do compositor carioca Ricardo Tacuchiam e um CD chamado “Quatro estações cariocas” que apresenta obras especialmente escritas para o quarteto pelos compositores Paulo Aragão, Jayme Vignoli, Sergio Assad e Maurício Carrilho. Seu engajamento, além de uma indiscutível qualidade técnica, faz deles excelentes advogados na causa da divulgação de um repertório injustamente negligenciado. Apesar destas gravações das obras de Gnattali terem sido feitas entre 2012 e 2013 (ainda com o violista Fernando Thebaldi, que não faz mais parte do grupo), num ato heroico, o quarteto lançou estas gravações apenas neste ano, para comemorar os 110 anos do nascimento do compositor, cobrindo do próprio bolso a maioria dos gastos. Por incrível que pareça um lançamento desta magnitude não teve nenhum tipo de
apoio oficial, fora a cessão do estúdio. Mas não deixaram por menos: além de uma execução magistral o nível técnico da gravação, realizada no estúdio da Rádio MEC do Rio de Janeiro, o mesmo estúdio utilizado durante décadas por Radamés Gnattali, é surpreendente, e a apresentação do álbum de excelente qualidade. A sensação que tenho é de uma enorme reverência a estes fantásticos músicos: Carla Rincón, Andréia Carizzi, Fernando Thebaldi e Hugo Pilger. Afirmo: dois Cds absolutamente obrigatórios para quem se interessa por boa música, por quem se interessa por música brasileira e por quem deseja apoiar um lançamento como esse. No momento o CD só pode ser adquirido no email do site do quarteto: contato@quartetoradames.com.br. Esta
obra e estes músicos merecem nosso completo apoio!!!
* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Revista Keyboard Brasil / 77
Análise
BBC SESSIONS 1969-1971
LED ZEPPELIN APRESENTO AQUI UMA RÁPIDA ANÁLISE DO DISCO DUPLO BBC SESSIONS – UM TRABALHO DESCOMUNAL DA BANDA LED ZEPPELIN. APRECIE SEM MODERAÇÃO! * Por Amyr Cantusio Jr.
L
ondres... um pouco antes da maré de bandas pesadas como o Black Sabbath, Deep Purple e Uriah Heep...
BBC Sessions é um disco duplo com diversas sessões gravadas na Radio BBC. Dentre as sessões contidas nos discos, está uma sessão do programa In Concert gravada entre 1969-1971, antes do lançamento do disco Led Zeppelin IV. Neste programa o Zeppelin tocou as faixas do VOL. IV antes do lançamento oficial do mesmo. O programa In Concert foi apresentado por John Peel. A reação após as performances foi muito boa. Algumas músicas neste disco não entraram em nenhum disco de estúdio da banda, tais como: Girl, I Love She Got Long Black Wavy Hair, Traveling Riverside Blues (fez parte de um box set lançado pela 78 / Revista Keyboard Brasil
banda) e Something Else (tocada ao vivo até o final da turnê de 1970). O lançamento deste álbum do Led Zeppelin foi responsável por uma série de outras bandas que começaram a ter seus álbuns gravados na BBC como Gentle Giant, Camel e várias bandas de rock progressivo e hard da época. Para finalizar, o som é uma “bomba atômica”. A versão de Immigrant Song e Whole Lotta Love são devastadoras. Qualidade de áudio maravilhosa e a performance do grupo estava no auge. Recentemente foi lançado um BOX importado (caro) com esta gravação. Até lá se delicie com um MP3 Remaster ou um Bootleg, já que no Brasil estamos abaixo da linha do horizonte e com o poder aquisitivo arruinado.
Para acessar clique no link acima e baixe o MEGA, um serviço seguro de armazenamento em nuvem com 50 GB de espaço gratuito. Após baixar, a senha é a palavra: muro.
SENHA: muro Disco Um 1. "You Shook Me" - 5:14 2. "I Can't Quit You Baby" - 4:22 3. "Communication Breakdown" - 3:12 4. "Dazed and Confused" - 6:39 5. "Girl I Love She Got Long Black Wavy Hair" - 3:00 6. "What Is and What Should Never Be" - 4:20 7. "Communication Breakdown" - 2:40 8. "Traveling Riverside Blues" - 5:12 9. "Whole Lotta Love" - 6:09 10. "Somethin' Else" - 2:06 11. "Communication Breakdown" - 3:05 12. "I Can't Quit You Baby" - 6:21 13. "You Shook Me" - 10:19 14. "How Many More Times" - 11:51 Disco Dois 1. "Immigrant Song" - 3:20 2. "Heartbreaker" - 5:16 3. "Since I've Been Loving You" - 6:56 4. "Black Dog" - 5:17 5. "Dazed and Confused" - 18:36 6. "Stairway to Heaven" - 8:49 7. "Going to California" - 3:54 8. "That's the Way" - 5:43 9. "Whole Lotta Love" (Medley): "Boogie Chillun'"/"Fixin to Die"/"That's Alright Mama"/"A Mess of Blues" - 13:45 10. "Thank You" - 6:37
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 79
80 / Revista Keyboard Brasil
Av. Jorge Amado, Rua Jaime Simas 26 Imbui Salvador - BA (71) 9-9901-5383
Pioneirismo
A EXTRAORDINÁRIA BANDA
82 / Revista Keyboard Brasil
TOTO
A ENERGIA QUE ATRAVESSA DÉCADAS TEM NOME E ATENDE POR TOTO. FONTE DE MINHAS INSPIRAÇÕES E DE MÚSICOS EXTRAORDINÁRIOS, ENTRE IDAS E VINDAS, A BANDA ANUNCIA MAIS UMA TURNÊ PARA 2016. * Por Hamilton de Oliveira
Revista Keyboard Brasil / 83
E
ra uma segunda-feira de 12 de novembro de 2007 quando pude presenciar pela primeira vez no
Brasil uma das maiores bandas de todos os tempos, a incrível banda Toto na extinta Via Funchal em São Paulo. Foram quase duas horas de pura emoção e satisfação ao ver frente à frente a banda
que seria uma das minhas maiores inspirações. Músicas como “África”, “Rosanna”, “I´ll be Over You” estão entre alguns dos hits dessa banda composta por músicos extraordinários que não ficaram parados no seu tempo. Pelo contrário, ainda hoje continuam gravando, compondo e fazendo shows pelo mundo todo. A banda foi formada em 1977 por seis músicos de estúdio, que anteriormente haviam trabalhado regularmente com Steely Dan, Seals and Crofts, Boz Scaggs, Sonny and Cher e outros. Filho do famoso músico e arranjador Marty Paich, o tecladista David Paich se popularizou após co-produzir e escrever o álbum Silk Degrees de Boz Scaggs. Após tocar em diversas sessões com o baterista Jeff Porcaro, os dois começaram a discutir a possibilidade de formar sua própria banda. Reuniram-se com o baixista David Hungate, já conhecido das turnês com Boz Scaggs. Também convidaram o guitarrista Steve Lukather e o tecladista Steve Porcaro (irmão de Jeff) para incrementar o grupo. Com a adição do cantor Bobby Kimball, o grupo começou a trabalhar em seu primeiro álbum em 1977, após assinar com a Columbia Records. 84 / Revista Keyboard Brasil
A combinação entre rock e a híbrida essência que a banda possuía marcou seu primeiro disco. O álbum alcançou o Top Ten, com mais de dois milhões de cópias vendidas. “Hold the Line” foi o primeiro single da banda. Em seguida, viriam Hydra, em outubro de 1979, vontando em janeiro de 1981 com Turn Back. Toto IV, de abril 1982, com os hits “Africa” e “Rosanna” (sobre a namorada de Lukather, a atris Rosanna Arquette) e “I Won't Hold You Back” novamente levaram o Toto ao Top Ten. No Grammy de 1982, “Rosanna” ganhou como melhor canção do ano, melhor performance vocal e como melhor arranjo instrumental; Toto IV ganhou como álbum do ano e também como melhor produção e melhor gravação. Em 1984, um terceiro irmão de Porcaro, Mike, junta-se ao grupo no baixo, substituindo Hungate. Frederiksen foi substituído por Joseph Williams, em “Fahrenheit”, de 1986. Steve Porcaro sai em 1988, antes do lançamento do sétimo álbum. Em 1990, Jean-Michel Byron substitui Williams nas novas gravações para Past To Present 1977-1990. Em 1992, Jeff Porcaro morre de ataque no coração, tempos depois de gravar o próximo álbum do grupo, Kingdom Of Desire. Por todo este tempo, Toto teve maior aceitação no Japão e Europa do que em sua casa. Para substituir o grande baterista Jeff Porcaro, Simon Phillips, inglês, entra na banda. Tambu, lançado na Europa em 1995, só
Após rumores, em 5 de junho de 2008 Steve Lukather anuncia em seu site pessoal o fim da banda. Em 5 de abril a banda havia se apresentado pela última vez, em Seul.
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Em 2004, a banda começa uma pequena turnê mundial, com aparições esporádicas de David Paich, sendo novamente substituído por Greg quando ausente. Em 2005, Greg foi convidado a se tornar membro oficial do grupo, e David acaba também se despedindo das turnês, continuando como integrante do grupo somente nas gravações e produções da banda. No início de 2006, Toto lança Falling in Between, seu primeiro álbum de inéditas desde 1999. A obra apresenta um trabalho extensivo no teclado de Steve Porcaro, e um dueto com Joseph Williams no
Nesses 31 anos de sua existência, Toto alcançou a marca de trinta milhões de cópias vendidas. Hamilton de Oliveira
Foto: Vivi Arts
Em 2002, em celebração do 25º aniversário, Toto lança Through the Looking Glass, um álbum de tributo às influências musicais da banda, como Bob Marley, Steely Dan, George Harrison e Elton John. Dois compactos foram lançados, “Could You Be Loved”, de Bob Marley, e “While My Guitar Gently Weeps”, dos Beatles. O álbum não foi um sucesso comercial, mas a partir dele havia material para uma turnê comemorativa entre 2002 de 2003. Após os concertos a banda lança um álbum ao vivo e um DVD. A partir de junho de 2003, perto do fim da turnê comemorativa, David Paich deixa os palcos para se dedicar a um familiar enfermo. O tecladista Greg Phillinganes preenche o lugar de Paich no restante da turnê.
primeiro compacto, “Bottom of Your Soul”. O álbum recebe críticas positivas, tanto da mídia quanto dos fãs. Após o lançamento, a banda entra numa grande turnê mundial em 2006, continuando em 2007 para a segunda parte. Em 2007, conta com Leland Sklar substituindo Mike Porcaro nos baixos, devido a problemas de saúde. O álbum duplo Falling in Between Live foi lançado pela Eagle Records para comemorar a turnê.
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apareceu nos EUA em junho de 1996. Em 1999, gravam Mindfields. Bobby Kimball retorna ao grupo após uma ausência de 17 anos.
Revista Keyboard Brasil / 85
Em 26 de fevereiro de 2010 foi anunciado que a banda estava se reunindo para uma breve turnê de verão na Europa para ajudar Mike Porcaro que foi diagnosticado com Esclerose lateral amiotrófica. A formação da banda para estes shows contava com David Paich, Steve Lukather, Steve Porcaro, Simon Phillips, Joseph Williams e o baixista Nathan East como músico convidado. Em 15 de março de 2015 Mike Porcaro morre aos 59 anos, em decorrência de esclerose lateral amiotrófica. A notícia foi confirmada por seu irmão e colega de banda, Steve Porcaro, no Twitter. Toto retorna em 2015 com um álbum que poderia ser definido como uma coletânea das melhores músicas nessas 3 décadas de banda. As gravações em TOTO XIV esbanja musicalidade, arranjos magistrais e melodias que o gênio coletivo de Lukather, Paich, Porcaro, Williams e seus companheiros de banda reunidos trazem ao álbum. Este novo trabalho de estúdio é, sem dúvida, o verdadeiro seguimento a um TOTO IV, o que projetou para o mundo os superstars globais da banda e primeiro álbum de estúdio desde Falling In Between (2006). Vamos torcer para que o Brasil seja incluído nessa nova turnê mundial !! Até breve!
* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 86 / Revista Keyboard Brasil
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