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La puissance et la fécondité de la forêt tropicale ne tient pas tant à la taille de ses troncs à l'épaisseur de ses frondaisons à la vigueur de ses arbres qu'à celles de ses parasites équivalents de lierre ou liane ou plus encore de clématites qui les couvrent qui les brouillent leur font un suaire les déguisent en fantômes végétaux évoquent une flore antédiluvienne disparue agitent leurs feuilles dans le vent comme des mouchoirs cherchant vainement à abolir la distance au moment du départ qui nous saluent de leur quai où nous avons à peine accosté de leur navire ignorant notre port nous abandonnant sur notre île
Tout est question de proportions la forêt colossale qui tapisse les pentes du morne avant qu'on n'arrive dessus paraissait mousse couvrant un monticule or la route serpente si bien qu'au détour d'un lacet le monticule s'est fait falaise et qu'au lieu de lichen une jungle a poussé en un clin d'œil le temps d'amorcer un dernier virage et la forêt est si dense que même en rentrant le ventre et les épaules elle ne se laisse pas pénétrer giron de géante vierge et qui entend le rester
O potência e a fecundidade da floresta tropical não provêm tanto do tamanho dos troncos da espessura das copas do vigor das árvores mas antes dos seus parasitas equivalentes da hera ou liana ou mais ainda das clematites que as cobrem que as enriçam as envolvem em mortalha as disfarçam de fantasmas vegetais evocam uma flora antediluviana desaparecida agitam as folhas no vento como lenços que tentam em vão abolir a distância no momento da partida e nos saúdam do seu cais onde mal atracámos do seu navio ignorando o nosso porto abandonando-nos na nossa ilha
Tudo é uma questão de proporções a floresta colossal que forra as encostas do morro antes que dela nos abeiremos parecia musgo cobrindo um montículo ora a estrada serpenteia tanto que à saída de uma curva apertada o montículo virou falésia e em lugar de um líquen cresceu uma selva num abrir e fechar de olhos no ápice em que abordámos a derradeira espira e a floresta é tão densa que mesmo encolhendo a barriga e os ombros ela não se deixa penetrar regaço de gigante virgem e que entende assim permanecer
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Sur les crêtes retombant à larges plis sur les pentes du morne on a tendu des draps de verdure des rideaux de végétation avec dais de palmes et cordons de lianes feuilles d'émeraudes trop grosses pour être des vraies triomphe du vert borgnol de vie
Il n'y a pas de fumée sans feu les nuages s'échappent des chaudières de l'enfer dernière invention du diable papin toujours à la pointe du progrès pour nous brouiller avec le soleil et faire du bleu du ciel un souvenir un regret
Por cima dos cumes caindo em largas pregas sobre as vertentes do morro foram desfraldados lençóis de verdura cortinas de vegetação com dosséis de palmas e cordões de lianas folhas de esmeraldas demasiado grandes para serem verdadeiras o triunfo do verde reposteiro enfunado de vida
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4 Tapis flottant îles volantes îles sous le vent du rêve îles soulevant leur poids de plumes oiseaux verts cernés de bleu Tapete flutuante ilhas voadoras ilhas sob o vento leve do sonho ilhas luva levantando em peso as suas penas aves verdes debruadas de azul
Não há fumo sem fogo as nuvens manam das caldeiras do inferno última invenção do diabo papin sempre na ponta do progresso para nos virar contra o sol e para fazer do azul do céu uma lembrança um pesar
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Orchestre des îles: les grenouilles rivalisent avec les oiseaux dans la gamme des aigus le vent est basse continue et la pluie a charge des percussions tout un gamelan de xylophones de la feuille à la canne de la branche au bambou du roulement au trille cette pluie qui jette ses baguettes comme pour pêcher au lancer de loin alors que le ciel est uniformément azur que le soleil brille car la pluie règle aussi les lumières tout en arcs en ciel fins de déluge
L'exotisme canne à sucre ananas et palmeraies voire le sable des plages a été entièrement importé après les esclaves madras cotonnades couleurs criardes et le métissage distingué au seizième de sang près
Orquestra das ilhas: as rãs rivalizam com as aves na gama dos agudos o vento demora-se nos graves e a chuva tem a seu cargo as percussões todo um gamelan de xilofones da folha à cana do ramo ao bambu do rufar ao ao vocalizo esta chuva que lança as suas batutas como que para pescar à linha na lonjura embora o céu se mostre uniformemente azul e o sol brilhe pois a chuva regula também o jogo de luzes tão-só arco-íris na teia do céu fins de dilúvio
Vraiment local et originel seulement le volcan enfoui sous la végétation mais ne dormant jamais que d'un œil O exotismo cana de açúcar ananases e palmeiras ou mesmo a areia das praias foi inteiramente importado após os escravos tecidos madras de algodão cores berrantes e a mestiçagem distinguida até aos dezasseis avos de sangue Verdadeiramente local e original só o vulcão atolado na vegetação dormindo só de um olho no entanto
8 Que tous les lieux se vaillent ne signifie pas qu'ils se ressemblent Que je répugne au tourisme ne signifie pas que je n'apprécie pas le dépaysement que je ne suis pas sensible à la différence au contraire!
Que todos os lugares valham o mesmo não significa que sejam parecidos Que o turismo me repugne não significa que eu não aprecie o estranhamento que não seja sensível à diferença ao contrário!
Mais je ne vois pas l'autre monde comme une terre à conquérir (le campement du touriste vaut celui du soldat) un comptoir une villégiature
Mas não vejo o outro mundo como uma terra a conquistar (o acampamento do turista vale bem o do soldado) uma feitoria uma vilegiatura
Le voyage ne vaut que pour le départ le lâcher des repères les habitudes désamarrées L'ailleurs doit être reconnu: il m'a fallu aller sur place pour découvrir l'Inde en moi
A viagem só vale pela partida o largar as referências os hábitos desatracados O alhures tem de ser reconhecido: tive de viajar até lá para descobrir a Índia em mim
L'exotisme est partout où l'on se sent étranger Il ne faut pas s'en habiller mais en être habité
O exotismo está por toda a parte onde nos sentimos estrangeiros Não se deve vesti-lo mas deixar-se investir
1 Dançarão diagonais na noite mais habitada. Do silêncio só nos resta o gemido de uma roda e o brilho do farolim de uma imensa bicicleta em sono a contra-relógio. O tempo é mais nosso e escasso.
2 Nunca mais nada será como dantes. Eis-nos enfim de visita ao lugar que não havia onde as árvores se abraçam até à nossa asfixia.
3 O paraíso cheirava a notícia não entregue em sítio que não constava no rol do verbo distante. À sua porta, um anjo amanha o peixe nervoso com dedos de noite seca a cada estrela uma greta. O paraíso cheirava à noite de abrir as veias vivida ou dormida a meias.
4 Ele anda por aí, o minotauro mais magro do que outrora parecia arrastando como fardo o labirinto e o segredo duma antiga corpulência por vielas sem sol de cidades sem instinto. Ele anda por aí e o que nasce de animal não se conforma e o que é forma de animal já não se anima.
5 Só a derrota é límpida ora à luz de outra vitória ora vencida à socapa. Só a derrota nos é leve e breve terra o seu relato.
6 Artista é quem já sujou as mãos em óleos, pigmentos, trapos, no avesso da paleta ou apenas em contratos, notas de banco, recibos, abraços a inimigos. Conforme o cheiro do lixo onde se mexe e remexe mãos e tripas se revelam e até o coração denuncia o seu artista. Conforme o metal sonante que as obras do tal artista vão ajudar a lavar se conhece um pouco mais do truque nada na manga e tudo à vista.
7 Em vez de se alimentarem com as migalhas e os restos da festa da criação, juntaram nicas e sobras até formarem um bolo e sentirem muita fome do remoto e do distante. Mas nada que se parecesse com o prazer do apetite e a gula de ser migalha.
8 Tu disseste andar nadar disse eu. Quase nada nos separava que não caminhasse connosco. E há muito que voávamos sem que o céu nos soubesse a céu. 9
Fitando o incêndio verde saberás quais as perguntas que merecem ter resposta. E são todas todas elas lava mudando de casa. E todas são elas todas a nossa cara lavada.
10 Sermos instantâneos como celeiros ardendo e no entanto durarmos para além do permitido para além do conhecido. Sermos livros deixados abertos em página lida porque se achava preciso voltar a lê-la e a ler-nos. Na encosta sermos a pronto a pique. Sermos afinadores de silêncio.
11 A tua próxima carícia: aguarela debaixo de chuva torrencial.