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HELOISA LOUREIRO ESCUDEIRO

RIOS URBANOS NO BRASIL: A QUESTÃO AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO

Entrega final de monografia apresentada à diretoria do curso de graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para obtenção do título de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Professora Mestre Marília Aldegheri do Val.

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Agradecimentos

À minha família, em especial aos meus pais, Marcos e Marli Escudeiro, e ao meu irmão, Rodolfo Escudeiro, por sua compreensão em meus momentos de ausência e por proporcionarem a oportunidade de formar-me arquiteta urbanista.

A Ricardo Dall’Olio, presente até mesmo nas visitas de meus estudos de caso, por seu carinho e atenção.

Aos meus verdadeiros amigos que souberam entender a importância deste trabalho em minha vida, com apoio e admiração.

Aos professores que fizeram parte de minha formação profissional e acadêmica ao longo desses cinco anos; em especial a Cristiane Gallinaro, Joan Villà, Mario Durão, Ricardo Medrano, Sami Bussab, Vera Cristina Osse e Volia Regina Costa Kato.

À professora e orientadora Marília Aldegheri do Val, pelo apoio e encorajamento durante a pesquisa e conclusão do trabalho, inclusive nos momentos mais frágeis.

O rio é assim uma estrutura viva, e portanto mutante. É principalmente uma estrutura fluida, que pela sua própria natureza se expande e se retrai, no seu próprio ritmo e tempo próprios. Ocupa tanto um leito menor quanto um leito maior, em função do volume sazonal de suas águas. Ao fluir, seu percurso vai riscando linhas na paisagem, como um pincel de água desenhando meandros, arcos e curvas, O rio traz o sentido de uma maleabilidade primordial no desenho da paisagem.

Este texto é resultado do Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, desenvolvido ao longo do ano de 2012. Os principais eixos de estudo são relacionados às questões ambientais (em especial colocando a importância das águas) e à educação, a qual se acredita ser fundamental para o entendimento global do ambiente.

É notável a relação estabelecida entre o homem e a água desde os primórdios das civilizações humanas, embora hoje essa relação esteja fragilizada, conforme discursado mais adiante. Há uma relação que vai além da dependência humana desse bem; engloba aspectos históricos, econômicos e sociais.

No primeiro capítulo, “Rios”, o ciclo dos leitos de água foi estudado, relacionando-os ao crescimento das cidades, com a importância destes para o desenvolvimento de civilizações como Mesopotâmia e Egito. Inicia-se uma abordagem das cidades brasileiras, de maneira especial, retratando, no segundo capítulo, a formação e evolução de São Paulo, “Evolução urbana de São Paulo e os rios”.

A capital paulista foi escolhida para um estudo mais denso devido a suas relações conflituosas, até os dias de hoje, com suas águas, em especial com seus rios. A cidade que iniciou sua formação em um planalto entre cursos de água (Anhangabaú e Tamanduateí), encontra-se atualmente em um impasse devido às constantes inundações e poluição desses. São citadas algumas propostas atuais para a reversão da situação existente em São Paulo, a fim de tê-las como referências para os problemas existentes no sítio de projeto.

gógicas escolhidas para fundamentar o objeto de projeto e também questões direcionadas à educação ambiental – na qual há o ensino inclusive acerca dos rios. Considerando o objeto de projeto um equipamento voltado ao ensino ambiental, o entendimento dos princípios deste para sua correta aplicação é fundamental. A educação é estudada partindo do princípio que esta poderá fornecer meios de ensinar a população para solucionar os problemas relacionados às águas e ao ambiente como um todo.

Dessa forma, o capítulo seguinte, “Estudos de caso”, expõe projetos realizados no Brasil e em outros países que evoquem a revitalização de rios e/ou estejam vinculados com a educação. Além desses projetos, foram estudados para a realização do objeto proposto programas curriculares de alunos brasileiros do ensino fundamental – público alvo do projeto.

Realizando a conexão entre os elementos estudados nesta pesquisa, o objeto proposto é explorado no capítulo seguinte, “O objeto”, trazendo questões relacionadas ao território em que se insere o sítio escolhido, no município de Santo André (estado de São Paulo) e relacionadas ao uso e programa do edifício – um parque escola. São expostos também os desenhos de projeto e os produtos desenvolvidos ao longo das atividades deste último ano.

Pretende-se com esse projeto trazer a relevância do estudo do meio ambiente para a formação de cidadãos competentes e preocupados com o meio urbano em que vivem; a fim de que estes auxiliem no desenvolvimento das cidades e nas melhorias dos problemas enfrentados atualmente, em especial os ambientais.

Partindo-se para o eixo da educação, são abordadas no terceiro capítulo, “A educação e o ensino do meio ambiente”, as teorias peda-

Rios, por definição, são cursos de água que possuem sua nascente (montante), seu leito e sua foz (jusante). De maneira geral os rios correm em direção a outro rio maior ou podem desembocar diretamente no oceano. Podem existir diferentes tamanhos de rios, justamente por isso, existe uma variedade bastante grande de termos (rio, ribeirão, córrego, canal), todavia a definição permanece muito parecida em todos os casos.

2.1. O rio e seu ciclo

A importância dos rios atinge diversos pontos em um meio ambiente. O meio aquático já é por si só um complexo conjunto biológico com propriedades vegetais, animais, químicas e físicas bastante específicas. Os rios também fazem parte do ciclo hidrológico (da água), essencial para a preservação da vida em escala global, mais estudado adiante.

Eugene Odum1 (1913-2002) vai além ao falar da definição de um meio aquático, sugerindo que todo e qualquer ser é um meio aquático: “Uma vez que a água é, simultaneamente, tanto uma substância essencial como a mais abundante do protoplasma2, poderá afirmar-se que toda a vida é ‘aquática’.”. Entretanto, para o presente trabalho, serão consideradas as definições de ambiente aquático que envolvem a água em meio externo, ou seja, os ambientes de água parada ou lênticos (lagos, lagoas, charcos e pântanos) e os de água corrente ou léticos (nascentes, ribeirões e rios).

1 Eugene Odum (1913-2002) foi um biólogo norte americano que se especializou nos estudos referentes à ecologia e aos ecossistemas. Sua obra é relevante para este trabalho considerando-se suas pesquisas direcionadas para as questões da água no ambiente e para um entendimento global do que se entende por ecologia.

2 Protoplasma é (ainda segundo Odum), a parte viva de uma célula –cresce, divide-se e muda ao longo do desenvolvimento dos seres.

Ainda que as porções terrestres e de água marinha sejam muito maiores do que as de água doce, a relevância e o papel destas últimas são de muita valia para os seres vivos. (ODUM, 1959)

A água e, consequentemente, um rio é de grande importância para o controle térmico de um ambiente – isso devido às baixas trocas de calor realizadas por esse material. Essa propriedade é válida não somente para o meio externo, mas também para o meio aquático propriamente dito, onde vivem seres em geral suscetíveis às mudanças bruscas de temperatura.

Outra característica da água é a transparência – necessária para a manutenção da fotossíntese dos vegetais, que, além disso, são responsáveis pela geração do oxigênio consumido sob a superfície aquática. Ainda em relação aos gases, deve-se sempre tentar manter a corrente de um rio – fundamental para o processo de aeração dos gases vitais, sais e para a locomoção de alguns pequenos organismos aquáticos.

Não é necessário prolongar-se muito ao afirmar que nos locais mais secos ao redor do mundo, a vida é escassa e, quando existe, prolonga-se com dificuldades. Sem a água (que já é fundamental por si só), há dificuldades em se conseguir alimento tanto de ordem vegetal quanto animal.

O ciclo hidrológico consiste basicamente no ciclo da água em seus diferentes estados físicos – sólido (gelo), aquoso e gasoso (vapor).

Quanto mais escuro, potencial em água possui o país. (Disponível em: Olhar Geográfico, FONSECA, Fernanda P. et al.. São Paulo: IBEP, 2006, p. 88). renovável. (Montagem realizada pela aluna).

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