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Editorial
by Hermínio
PRn 2022
Durante o corrente ano assinalamos meio século de participação, de forma ininterrupta, em operações no exterior do território nacional. Esta participação, no âmbito das operações de paz, da cooperação no domínio da defesa (CDD) e das operações de estabilização, aliada ao conjunto de exercícios conjuntos e combinados, nos quais temos vindo a fazer parte, dá-nos uma maturidade operacional que temos sabido incorporar e utilizar nas múltiplas atividades que temos desenvolvido. Não podíamos deixar de dar relevância a esta marca temporal e decidimos, por isso, chamar este assunto a tema de capa da nossa revista “Ponto de
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Reunião”, homenageando assim as centenas de Oficiais,
Sargentos e Praças que, servindo no CIOE/CTOE, estiveram, desta forma e um pouco por todo o mundo, a servir Portugal e os portugueses.
Mas a Unidade tem no seu emprego operacional externo apenas a sua parte mais emblemática. Ao longo do último ano desenvolvemos uma enorme panóplia de atividades, de que aqui fazemos um breve resumo, e que são o testemunho de que o CTOE é uma Unidade de referência nas Forças Armadas pela excelência da formação e do treino, pela prontidão, ousadia, flexibilidade, discrição e competência dos seus militares no seu desempenho operacional e pela humanidade demonstrada no apoio à proteção e bem-estar da população.
A “Ponto de Reunião” é, no entanto, muito mais que uma forma de preservar atividades para memória futura. Ela é um elemento fundamental para agregar a comunidade de militares qualificados com a especialidade “Operações Especiais” – “a comunidade Ranger”, tocando, de forma inclusiva aqueles que, ao longo de mais de 60 anos, têm servido a Unidade, desenvolvendo esta cultura organizacional única.
A nossa publicação anual, através da abordagem de temas de reconhecido interesse e atualidade, é também um excelente veículo para incrementar a inclusividade, ligando uma comunidade mais vasta, abrindo caminhos à partilha do conhecimento e reforçando a ligação à comunidade civil. A todos, militares e trabalhadores civis do CTOE e entidades e individualidades externas ao mesmo, que de forma pronta e entusiástica colaboraram para que, mais uma vez, a nossa revista nos orgulhe, o nosso reconhecido agradecimento.
A participação em operações reflete uma capacidade operacional moderna e credível, assente na Força de Operações Especiais. Esta constitui-se, cada vez mais, o centro de gravidade do CTOE e referência para a implementação, manutenção e emprego dos diversos requisitos de uma capacidade única das Forças Armadas, que, de forma metódica, resiliente e com o apoio das diversas estruturas do Exército, tem vindo a ser desenvolvida, modernizada e consolidada. Neste processo, o CTOE continua a trilhar os caminhos do futuro, apoiado numa visão clara e numa estratégia de desenvolvimento abrangente e integrada. O plano diretor para as infraestruturas está a ser desenvolvido, o reequipamento da FOE está praticamente concluído, a formação e o treino seguem caminhos coordenados,
António José Oliveira, Cor Inf
Comandante do CTOE
potenciando as sinergias de um sistema integrado e as estruturas de pessoal e material estão a ser coordenadas com o acervo doutrinário desenvolvido.
Paralelamente, uma atenção especial tem sido dada a dois outros vetores, fundamentais para a sustentação da capacidade. O vetor da segurança, incluindo as vertentes security e safety, tocando todas as áreas da Unidade, desde a segurança física, à segurança e higiene no trabalho, passando pela segurança na formação e no treino, tem merecido uma atenção e esforço permanente. Uma atenção especial tem sido dada ao vetor da cultura organizacional, em que a ligação à Associação de Operações Especiais, a consolidação da simbologia e cerimoniais próprios da Especialidade e a partilha usando as novas tecnologias, são atividades emblemáticas. Ainda neste âmbito, a reformulação do espaço museológico visitável, que seja representativo da riqueza histórica da Unidade, nos seus quase 200 anos, inclusivo em termos geracionais e disponível para uma comunidade duriense que sempre nos acolheu, nos apoiou e nos faz sentir como uma parte integrante dela própria, é uma iniciativa em fase de implementação e que tem merecido manifestações de carinho e apoio por parte de todos.
Os desenvolvimentos estratégicos em curso confirmam a importância das forças de Operações Especiais, qualificando-as como uma das capacidades mais relevantes pela flexibilidade e opções de resposta que garantem aos decisores e pelo elevado retorno estratégico que advém do emprego de pequenos grupos, facilmente projetáveis, de sustentação ligeira e simples, mas com enorme potencial, enquanto multiplicador de força. Talvez nunca como hoje foi tão pertinente afirmar “que os muitos por ser poucos nam temamos”!
Em comunidade, assumindo-nos uma Unidade moderna, atrativa, credível, eficiente e inclusiva. Saibamos estar à altura do desafio!