ontemmacau
parte da edição de 31-12-10 do Hoje Macau • não pode ser vendido separadamente
o ano panda 2010 foi lento, simpático e com estilo. Assim, tipo panda. A RAEM estreou um novo Governo, que assumiu outra postura. A duas velocidades: devagar e parado. A Assembleia Legislativa desiludiu. O jogo subiu. Wen Jiabao surpreendeu. Os pandas chegaram e foram a novidade do ano. Mais palavras? Leia no Ontem Macau
II
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sexta-feira 31.12.2010 www.hojemacau.com.mo
Política • Wen, Chui, Tam, Chan, nomes a não perder de vista
Os protagonistas do ano Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
U
m ano, duas LAGs – uma atrasada para 2010 devido à tomada de posse de Fernando Chui Sai On em Dezembro de 2009 -, muitas propostas de lei, muito debate sobre o sufrágio universal, uma visita inesperada do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, um porta-voz do Governo transformado em Super-Homem, a transformação da TDM em empresa totalmente pública, um certo abre e fecha de gabinetes disto e daquilo e uns quantos pedidos de demissão contra Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, não deixaram o ano de 2010 ser morno na área da política. “Auscultar a população” e um “Governo transparente” foram as frases que mais foram pronunciadas durante todo o último ano. O Executivo ouviu, re-ouviu, mas pouco concluiu. A promessa feita em Março de que a reforma política teria o seu lugar no céu não saiu do papel. A questão voltou a aparecer de forma muito subtil no relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2011 e abriu o flanco entre os deputados pró-Pequim e os pró-democracia. Hong Kong deu o passo a frente – e o exemplo – ao conseguir aprovar o sufrágio universal para todos os lugares do Conselho Legislativo (LegCo) em 2020 e para o Chefe do Executivo em 2017. A ala mais conservadora da Assembleia Legislativa (AL) defende que Macau não deve ir atrás da região vizinha só porque sim. “É preciso tomar decisões com cabeça”, defendeu, por exemplo, Angela Leong. Já os democratas acham que está mais do que na hora de se avançar para a democratização do sistema. Houve cartazes, panfletos, malaguetas, cal, sardinhas, lâmpadas e outros acessórios a adornar as longas sessões no hemiciclo. A primeira sessão legislativa ficou aquém do que se esperava. Só na recta final, a poucos dias do quente Verão, aprovaram-se várias leis. Nos restantes meses, a actividade do hemiciclo foi reduzida. Os profissionais de saúde viram
as suas carreiras revistas, o novo Regime da Segurança Social recebeu luz verde (ver mais na página 3), os Orçamentos para 2010 e 2011 passaram sem sobressaltos e houve muita, muita polémica em torno do diploma de apoio judiciários aos funcionários públicos. Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, teve de saltar uma série de barreiras nas provas deste ano. Foi criticada por não mexer uma palha pela reforma política. Depois foi criticada por ter promovido uma espécie de sufrágio universal para a escolha dos nomes dos pandas oferecidos por Hu Jintao, presidente chinês. Calhou-lhe ainda a polémica das sepulturas, em que teve o seu nome envolvido num esquema de tráfico de influências para, alegadamente, obter uma campa perpétua. A acusação, feita por um cidadão anónimo ao Chefe do Executivo, não conheceu desfecho. Houve também tempo para uma chuva de críticas em relação ao diploma do apoio judiciário, cuja versão inicial permitiria a um funcionário público usar o erário público para processar quem quer que fosse caso tivesse sofrido algum dano – moral ou material – no exercício das funções. A secretária foi crucificada e não faltaram gargantas a gritarem pela sua demissão. Antes de fechar o ano, Florinda teve direito a mais uma crítica. Um despacho do Chefe do Executivo sobre as “normas de conduta” dos altos funcionários da Administração não foi bem recebida pelos deputados. José Pereira Coutinho, por exemplo, acusou o Executivo de ter criado um documento cheio de “copia e cola” sem nada de novo. A tão esperada responsabilização – questão levantada desde o caso do ex-secretário das Obras Públicas Ao Man Long – ficou de fora, já que as punições para quem mandar a bola para fora de campo vão ter de ser apitadas por Chui Sai On.
O Prémio Nobel da Paz, Liu Xiabao, também foi tema de discussão na AL. Os deputados democratas – Au Kam San, Chan Wai Chi e Ng Kuok Cheong – propuseram um voto de louvor a Liu Xiaobo na AL. “Criminoso” e “descarado sem vergonha” foram alguns dos epítetos atribuídos ao activista. Em Hong Kong, dias antes, a moção no LegCo também foi chumbada. O braço-direito do Chefe do Executivo, Alexis Tam, recebeu a alcunha de “SuperTam” graças a um acúmulo de funções para além do que se estava habituado por cá – pelo menos oito cargos. O porta-voz e chefe do Gabinete do Executivo passou por altos e baixos durante este ano. Viu-se numa situação complicada devido a um convite a Orieta Lau – a antiga directora das Finanças exonerada do cargo por ter desonrado a Administração – para ser assessora no novo Parque de Medicina Tradicional Chinesa, cujo gabinete preparatório está sobre a alçada de... Tam. Houve ainda o caso da visita a Taiwan, no Verão, que a ilha Formosa não pretendia ver divulgado, muito menos com a relevância que teve nos meios de comunicação locais. A TDM navegou por águas incertas este ano. O Governo designou um grupo de trabalho para avaliar a situação da Teledifusão de Macau liderado pela deputada Kwan Tsui Hang. O relatório, entregue a Chui Sai On em Outubro, teve como tónica “mais acções de fiscalização” e a “nacionalização da empresa”. Um mês mais tarde, o líder do Executivo
concordou com os resultados do estudo e criou mais uma comissão, que durante um ano irá ajudar a TDM no processo de transição. Pelo meio, houve ainda constatações azedas por parte do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), a apontar o dedo especialmente às regalias a Manuel Gonçalves, administrador-delegado da TDM, e o caso de uma jornalista afastada das suas funções. O caso Ava Chan (assim se chama a repórter) fez correr tinta e ganhou o apoio de várias personalidades locais que aproveitaram a história para enaltecer possíveis acções de censura dentro do canal e da rádio. Um dos pontos altos do ano foi, sem dúvida, a passagem fulgurante de Wen Jiabao pelo território, em Novembro, no âmbito do Fórum Macau. O primeiro-ministro chinês encantou, deixou avisos – nomeadamente na valorização esquecida da Língua Portuguesa e no reforço de Macau como plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa – e passeou-se pela cidade a levar milhares atrás de si. Fez tai-chi, ensinou história às crianças, pintou caracteres chineses e furou o esquema de segurança para dar a mão aos seus compatriotas.
retrospectiva do ano 2010
III
Filipa Queiroz
Sociedade • Pandas, macaenses, fumadores, migrantes e desempregados
S
Macau monocromática
filipa.queiroz@hojemacau.com.mo
e o ano social fosse uma tendência, a moda de 2010 teria sido o preto e branco. Do início à recta final de 2010, a RAEM acompanhou toda uma novela com contornos de National Geographic. Na verdade tudo começou ainda a RAEM completava uma década, quando o presidente chinês Hu Jintao anunciou a oferenda de dois pandas gigantes à RAEM. E foi a dois dias da Região Administrativa Especial soprar de novo as velas que Hoi Hoi e Sam Sam fizeram o check-in no território e no seu novo super-pavilhão de 90 milhões de patacas no Parque Seac Pai Van. Para trás ficaram os episódios da escolha dos animais, dos respectivos nomes, enquanto toda a cidade era influenciada, de uma forma ou de outra, pelas duas mascotes. Até os macaenses da diáspora notaram o delírio pelos ursos durante a semana do 4.º Encontro das Comunidades Macaenses, que reuniu 1.500 participantes e meteu a gastronomia macaense e o patuá na ordem do dia. José Manuel Rodrigues, presidente do Conselho das Comunidades Macaenses, disse que foi “o melhor de sempre” e a contar com o entusiasmo dos participantes durante os dez dias de conferências, visitas, passeios e sobretudo repastos, pode bem ser verdade. “Os Encontros funcionam muito pela boca”, diria o presidente da Confraria da Gastronomia Macaense, Luís Machado, e voltou a falar-se da candidatura da comida tipicamente ‘maquista’ a património intangível da UNESCO. Nem branco nem preto, no cinzento ficou a aprovação em Assembleia Legislativa (AL) da proposta de lei de prevenção e controlo
do tabagismo, que proíbe o fumo nos espaços públicos fechados, com a excepção dos casinos, saunas, espaços de massagens e de dança. A proposta foi a resposta que o Governo entendeu fixar às disposições da Convenção da Organização Mundial de Saúde, implementada pela China em 2006, para combater a taxa de fumadores e a juvenilização e feminização do tabagismo. Mas ficou marcada por acesas críticas dos deputados contra as excepções feitas pelo Executivo, acusado de parcialidade. O director dos Serviços de Saúde veio a público explicar a excepção nos casinos como justificável com a proibição de entrada de menores de 18 anos e a oposição das operadoras à proibição do fumo, alegando que a medida iria afectar o negócio. “Só tornando o tabaco ilegal se pode proibir o fumo em todo o lado”, disse Lei Chin Ion. A proposta de lei continua na 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa e os cidadãos parecem esclarecidos: um estudo do e-Research Lab revelou que 62% da população concorda com a proibição de fumar em lugares públicos e 18% acha que o tabaco devia ser erradicado da RAEM. As opiniões também divergiram em relação ao novo Regime de Segurança Social aprovado pelos deputados na generalidade. Boas notícias para os desempregados, más para os migrantes. Os trabalhadores não
residentes são carta fora do baralho e os trabalhadores por conta própria e desempregados acedem ao sistema de protecção. A nova lei entra em vigor amanhã, dia 1, com subsídios de nascimento e casamento de 1000 patacas e com a pensão de velhice fixada nas 1700 patacas. Passam a existir dois regimes: o obrigatório e o facultativo. O obrigatório abrange, automaticamente, todos os residentes permanentes trabalhadores por conta de outrem maiores de 18 anos, e os funcionários públicos inscritos no regime de previdência. O facultativo prevê o pagamento das 45 patacas mensais de contribuição por conta própria, por aqueles que trabalhem em negócios particulares, os funcionários públicos inscritos no regime de aposentação e sobrevivência e todos os residentes, permanentes ou não permanentes, maiores de 18 anos. Em ambos os casos, a contribuição mensal e o subsídio é igual. Em Outubro, soube-se que o Fundo de Segurança Social (FSS) mudou de tutela – passou da pasta da Economia e Finanças para a de Assuntos Sociais e Cultura. O presidente do organismo, Fung Ping Kuen, disse adeus ao cargo em Novembro, abrindo lugar a Ip Peng Kin, que até desempenhava funções de presidente do Instituto de Acção Social (IAS). Entretanto o Fundo de Segurança Social
foi aquecendo os motores, entrou em acção no dia 6 de Dezembro. Até Maio de 2011 centenas de cidadãos de Macau vão receber em casa um documento que permite a inscrição no novo regime. O FSS é vai receber a maior fatia no bolo de despesas do Orçamento para o próximo ano – 161,80%, ou 4.583 milhões de patacas. A Universidade de Macau será o único departamento da Administração Pública a sofrer uma queda: menos 7,31% do que em 2010. E não são os únicos a ficar com os bolsos mais leves. Este ano, e apesar da abundância de cifrões nos cofres públicos, o Governo também decidiu fazer cortes também no plano de comparticipação pecuniária. O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, anunciou em Novembro que os residentes receberiam um cheque de 4000 patacas e os não permanentes de 2400,ao contrário das 6000 e 3600, respectivamente, pagas este ano. Um bombardeamento de críticas foi o que se viu na Assembleia Legislativa, com deputados a questionaram o porquê do corte numa fase em que o Governo respira dinheiro. Os impostos que o Governo cobra ao sector do jogo podem render em 2011, segundo estimativas oficiais, 57.400 mil milhões de patacas aos cofres públicos, valor que representa mais de 70% do montante global do Orçamento para o próximo ano.
IV
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Saúde • Protestos de médicos, novo hospital, centro de metadona e negligência médica
A rebelião dos senhores doutores Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
O
s médicos declararam guerra ao Executivo antes do Verão, quando a proposta de revisão da carreira – adiada há mais de uma década – chegou-lhes às mãos. Aumentos salariais aquém do esperado, exclusão dos trabalhadores com contrato individual de trabalho dos retroactivos e cortes no pagamento da disponibilidade permanente levaram os médicos do Centro Hospitalar Conde de São Januário a rebelarem-se. Foram entregues petições à Assembleia Legislativa a pedir que os deputados chumbassem o novo diploma, muita tinta correu sobre os anseios mal satisfeitos dos profissionais de saúde, mas não houve volta a dar. As seis propostas referentes às carreiras de saúde foram aprovadas com algumas alterações – foi criada uma categoria independente para farmacêuticos e os técnicos de fisioterapia e nutrição subiram de nível. Ainda houve quem ameaçasse ir a tribunal contra o Governo, mas as insatisfações mantiveramse em águas de bacalhau. Também vieram à baila várias denúncias de processos judiciais contra profissionais de saúde do hospital público de Macau. Houve o caso de uma mulher que saiu a defecar pela vagina após o parto ou de outra que deixou o hospital com o útero e o intestino perfurados após a simples retira-
da de um dispositivo intra-uterino. Durante este ano, sete processos contra médicos do São Januário ainda estavam a decorrer. Fonte ligada ao sistema público de saúde afirmou ao Hoje Macau que um caso de negligência por ano já era demasiado. Para ensombrar ainda mais a situação da saúde pública, o Centro de Avaliação de Queixas a Actividades de Prestação de Cuidados de Saúde (ou simplesmente CAQ) não foi capaz de reunir num documento as reclamações de utentes durante os seus oito anos de funcionamento. Os Serviços de Saúde prometeram ao Hoje Macau, em Agosto,
que “em breve” revelariam os números de queixas que tinham avançado para tribunal. No entanto, os dados nunca foram tornados públicos. O novo hospital a ser construído na Taipa ganhou novos contornos este ano. O centro terá 500 camas, estará concluído até 2014 e custará 400 milhões de patacas. Como o povo não pode esperar, o Governo fechou um acordo com o Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) para pôr em funcionamento uma unidade de urgências para a população das Ilhas a cobrar taxas equiparáveis às do São Januário. Mas para funcionar, ainda será necessário encontrar 50 profissionais. Em Outubro, o Executivo anunciou que avançaria para a criação de um centro de metadona a funcionar nas dependências da unidade de saúde da Areia Preta. Os moradores da zona Norte da cidade receberam a notícia com pedras nas mãos e mobilizaram-se em duas manifestações. Por um lado, alega-se que o centro situado em frente a uma escola – Colégio Baptista – é um má referência para as crianças com toxicodependentes a serem tratados a menos de 100 metros do local. Por outro, o preço dos apartamentos de luxo nos arredores pode ver os preços caírem. O povo saiu à rua – no dia 20 de Dezembro juntou-se ao protesto dos pandas dos democratas -, mas o Governo está firme na sua decisão. O centro de metadona vai arrancar já a título experimental.
Meio ambiente • Lixo a passear pelo ar, árvores maltratadas e poluição no auge
Um verde musgo, muito musgo Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
A
s árvores não são bem tratadas, resíduos hospitalares podem ter sido incinerados fora dos limites permitidos, a poluição sobe a pique com cada vez mais carros a circular – até 2020 prevê-se 390 mil veículos de quatro rodas pelas ruas do território –, cinzas do lixo a poluir Coloane e suspeitas de que os plásticos e papéis não são reciclados mancharam qualquer tentativa de transformar Macau numa cidade verde. O Governo insiste em criar uma política de transportes públicos mais eficientes com a conclusão do metro ligeiro, em 2012, e de impor novas regras aos veículos importados para reduzir a emissão de gases
poluentes. As promessas, contudo, são todas para longo prazo. Ainda houve tempo – quatro anos depois graças ao alarido dos média - para se investigar o que se passa pelas bandas de KáHó, onde situam-se a Central de Incineração de Resíduos de Macau (CIRS) e o aterro de cinzas volantes. O verniz estalou quando o canal de notícias em chinês MASTV lançou uma reportagem em que funcionários da CIRS acusavam a operadora de não cumprir regras de segurança e queimar resíduos impróprios de forma indiscriminada. A empresa desmentiu os seus trabalhadores com o apoio da Direcção para os Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), mas não conseguiu livrar-se da acusação de que durante quatro anos esteve a tratar de
forma pouco conveniente as cinzas do que resta do lixo. Os Serviços de Saúde estão já a investigar que consequências o mau manuseamento das cinzas pode ter causado à população vizinha ao aterro e os resultados foram chutados para o ano que amanhã começa. Além de muitos carros nas ruas, as poucas zonas arborizadas da cidade receberam nota negativa. O Comissariado Contra a Corrupção abriu uma investigação para apurar os métodos de tratamento às árvores do território e concluiu que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) não sabe como cuidar delas. Técnicos sem formação, equipamentos desapropriados e remoções aleatórias fizeram parte da panóplia de irregularidades.
retrospectiva do ano 2010
V
Educação • Expansão e diversidade para o ensino na RAEM
Alavanca sustentável Filipa Queiroz
filipa.queiroz@hojemacau.com.mo
A
luz verde acendeu-se em 2009, com a aprovação do projecto pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, em Pequim. A preparação do novo campus da Universidade de Macau (UMAC), que poderá custar cerca de 6 milhões de patacas, prossegue sem sobressaltos. As novas instalações vão permitir a criação de novas unidades académicas nas áreas da Medicina e Farmácia, Informática, e Energia e Ambiente. E até ganharam um vizinho, o projecto do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, a ser explorado através de um consórcio inédito entre Macau e Guangdong. Nos planos do Governo estão ainda um parque industrial criativo, mais exposições, mais turismo e
um parque de formação, como adiantou o porta-voz Alexis Tam. Este ano o Chefe do Executivo garantiu mais investimento na educação, com novas leis e avaliação. A atenção de Chui Sai On virou-se para os quadros qualificados locais com o governante a prometer reforçar o apoio ao ensino superior e o investimento na educação contínua. Na manga, estão a criação de um Fundo do Ensino Superior e a concessão de bolsas de mérito para estudos pós-graduados de forma a satisfazer as necessidades do desenvolvimento sócio-económico do território. Outros três diplomas entraram em fase de produção – Organização e Funcionamento do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, Fundo do Ensino Superior e Sistema de Créditos, e mais parcerias e intercâmbios também entraram na calha. O Instituto Politécnico de Macau (IPM) espera duplicar o número de alunos nos próximos dez anos, para os 5.500, e até avançou com a proposta de se transformar formalmente numa Universidade,
que ainda espera um sinal positivo do Governo. Descendo uns níveis na escala da educação, os adolescentes mostraram também estar a precisar de uma mão. Apesar de o território apresentar as melhores oportunidades no acesso ao ensino a nível mundial, conseguindo o primeiro lugar na equidade na educação, os alunos de Macau não se saíram bem na avaliação da literacia de leitura do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) 2009. O Executivo falou na necessidade que os professores têm de melhorar a relação com os alunos e as técnicas de ensino. Dentro dos limites da RAEM, a Faculdade de Direito da UMAC fez correr muita tinta e, a propósito, ventos de mudança sopraram na Assembleia Legislativa. Em pleno debate das Linhas de Acção Governativa, a secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, disse que era preciso uma nova escola de Direito e Administração voltada para a tradução. Embalados pelo discurso de Wen Jiabao
no Fórum Macau, em Novembro, o uso do português na Justiça, antes considerado culpado pela morosidade dos tribunais, deixou de ser criticado pelos deputados na AL. Melinda Chan foi mais longe. A líder da Aliança Para a Mudança defendeu que o bilinguismo deve ser promovido nas escolas como mais-valia para os jovens e uma forma de poderem alargar horizontes profissionais. Mas para isso é preciso fazer os jovens chineses entenderem as contrapartidas, nomeadamente oportunidades na área do turismo e dos negócios em expansão entre a China e os países de língua oficial portuguesa. O deputado e empresário Chan Meng Kam também resolveu investir na educação e aproveitou a boleia para comprar a Universidade Aberta Internacional da Ásia sem sequer ter alguma vez pisado o campus, mas a confiar na solidez financeira da instituição e na potencial alternativa que possa vir a representar para a comunidade jovem. Por agora os detalhes continuam na gaveta.
Trabalho • Greve, manifestações, desagrado dos casinos com a nova legislação laboral
Eu protesto, tu protestas, nós protestamos Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
S
ubiu 0,1%, caiu 0,1%. Foi assim o ano todo. As taxas de desemprego e subemprego reveladas mês a mês pelos Serviços de Censos e Estatísticas sofreram apenas quedas e subidas ligeiras, o que significava, em média, mais ou menos 300 pessoas. Ainda assim, entrou em vigor em Janeiro a lei dos trabalhadores não residentes, que impôs normas mais duras aos patrões e aos empregados. A partir de então, foram estabelecidas quotas entre trabalhadores residentes e importados, o que significa que contratar estrangeiros passou a estar no fim da lista de prioridades. No lado dos trabalhadores, os que perdem o emprego ou deixam o trabalho que têm porque arranjaram outro melhor devem deixar o território e não pôr cá os pés no período de seis meses. Associações de migrantes elevaram as vozes contra a nova lei por considerarem-na discriminatória, mas a Administração considera que vale tudo para proteger a mão-de-obra e “quem não está satisfeito que se mude”, como frisou o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Shuen Ka Hung.
A DSAL apertou a fiscalização nos estaleiros de obras, especialmente dos novos casinos no Cotai, e apesar de centenas de trabalhos ilegais detectados e das advertências de que os construtores deveriam melhorar as condições de vida dos funcionários, o processo, de forma geral, ficou marcado pela negativa. Houve denúncias de que as operadoras estavam a arranjar esquemas para não contratar trabalhadores legais – considerados mais caros e menos eficientes que os estrangeiros -, e a aprovação de quotas de importados foi conseguida, por exemplo, pelo Galaxy. Mais de 2000 trabalhadores da construção civil chegaram ao Cotai para fazerem cumprir a meta de conclusão do mega casino-resort. O cônsul-geral dos Estados Unidos para Hong Kong e Macau, Stephen Young, aproveitou para mandar um recado ao Executivo e lembrou os mil milhões de dólares que os casinos norte-americanos já investiram em Macau e a quantidade de postos de trabalho gerados. E reivindicou uma “maneira transparente e justa” de lidar com a questão dos importados. “O número de cidadãos norte-americanos em Macau duplicou e está estimado agora em 4000. Claramente, o compromisso dos EUA com Macau não é apenas a curto prazo”, realçou.
Houve ainda um 1.º de Maio nunca antes visto. Milhares de pessoas saíram às ruas para pedir mais direitos laborais e o desfecho de um protesto que saiu dos caris foi mal. A polícia interveio com a força, deteve activistas e uma fotojornalista foi parar ao hospital depois dos agentes terem mirado os seus potentes jactos de água contra toda a gente. Além da manifestação histórica, uma greve dos trabalhadores de limpeza do Venetian também saltou aos olhos no início deste mês, um dia depois de uma mega-rusga nas instalações do casino, que apreendeu mais de uma centena de prostitutas, no maior caso de tráfico humano do território. O salário mínimo continua encalhado – o assunto já andava nas lides ainda antes da transferência de soberania -, mas há promessas de que para o ano que começa amanhã haverá desenvolvimentos. Hong Kong deu o primeiro passo e Macau não quer ficar para trás do vizinho, mas já mencionou, vezes sem fim, que não quer seguir as pisadas dos outros.
VI
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Imagens de Ontem
Fotos que marcaram 2010 GCS, Gonรงalo Lobo Pinheiro, Kahon Chan, Antรณnio Falcรฃo
retrospectiva do ano 2010
VII
VIII ontemmacau
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Casinos e Terras • Lucros exorbitantes, terras dadas e retiradas, polémicas e parque temático
Casino no céu e mão na terra Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
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ogo no início do ano, Macau contabilizava 33 casinos que, juntos, lançavam a previsão de 168 mil milhões de patacas na receita bruta para os 12 meses do ano. Depois de Francis Tam anunciar a imposição de um limite de 5500 mesas de jogo até 2013 e dizer não a novos casinos, de forma a “estabilizar o sector”, que é o suporte económico de Macau, a Sands divulga os resultados positivos com aumentos de 41% no segundo trimestre do ano, e a Melco Crown atinge os 4,5 mil milhões de patacas, mais 166% do que em 2009. Em Maio, a Sociedade de Jogos de Macau fica com o primeiro lugar no ranking dos operadores, seguida pela Sands China, Wynn e Melco. Steve Jacobs é demitido do cargo de director executivo da Sands por atritos com o presidente da companhia, Sheldon Adelson. De acordo com alguns média especializados, a decisão de Adelson já era esperada. A relação entre o director e o presidente da companhia sempre foi complicada e incluía até correcções em público a Jacobs, em conferências de apresentação das receitas que a Sands China poderia conseguir através das actividades extra-jogo. A gota de água foram as declarações de Steve Jacobs sobre uma eventual inauguração de um casino no Japão em 2014 ou
2015. As declarações não deixaram satisfeito o presidente Sheldon Adelson, mas Jacobs, demitido em Julho, interpôs uma acção judicial nos Estados Unidos, acusando o presidente da empresa de alegadas tentativas de tráfico de influências junto do Governo de Macau e alega ainda que a empresa lhe deve milhões de dólares em salários e bónus. A Melco também revela mudanças na gestão e funde as estruturas administrativas da City of Dreams e do Altira. Apesar da suspensão das obras nas parcelas cinco e seis do Cotai, devido à lei da mãode-obra importada, a Sands viu concretizada a concessão dos terrenos para a construção de mais um casino-resort. Já no fim do ano e depois da luta nas parcelas sete e oito, a sorte não foi igual e a Sands viu rejeitada a concessão dos terrenos. Imediatamente depois, quatro das seis empresas na área do entretenimento de Macau evidenciam planos para o mesmo local. Os 110 mil quilómetros quadrados já tinham tido trabalhos preparatórios pela parte da Sands China, que viu investidos 1,3 mil milhões de patacas, perdidas, ao longo de cinco anos. Para tornar a cena mais dramática, as acções da Sands China começaram a ser penalizadas em 1,3% na Bolsa de Valores de Hong Kong. Além destas batalhas, surge Susana Chou que confronta o Governo com a exclusão dos casinos sobre a lei do tabaco. A ex-deputada
viaja pela Internet e no seu blog, sugere a vedação da entrada nos casinos aos residentes de Macau com menos de 21 anos. O ano de 2010 não vem alterar o estatuto de Macau como capital mundial do jogo desde 2006, ano em que ultrapassou as receitas de Las Vegas. O fecho do ano prevê um aumento de 70% em receitas, com as mesas de pano verde a baterem o recorde de 1900 milhões de patacas. Stanley Ho continua a liderar o mercado. Sem casino, mas com parque de diversões, Angela Leong apresenta um projecto para o primeiro grande empreendimento turístico não relacionado com o jogo na zona do Cotai. Praia artificial, unidades hoteleiras e mais um hipódromo para o território são as promessas, caso os planos sejam aprovados pelo Governo. Se assim for, a Macau Parque Temático e Resort prevê investir 10,4 mil milhões de patacas na nova atracção. Projectos de grande envergadura, também para serem feitos nos terrenos de Macau, levaram Pedro Chiang, o empresário de Macau acusado de sete crimes de corrupção e abuso de poder no âmbito do escândalo de corrupção do ex-secretário Ao Man Long a começar a ser julgado à revelia a partir de Fevereiro, por se encontrar em Portugal. O processo continua e as alegações finais estão agendadas para meados de Janeiro. Também para o Edifício The Praia não
fez sol todos os dias. Apesar dos aumentos constantes de ano para ano nos mesmos lotes, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes não concorda que deva ser descontado qualquer valor inflacionado. O responsável do projecto foi ainda criticado por falta de pagamento de dois lotes leiloados no Fai Chi Kei. Os terrenos são a luta constante em Macau e, por isso mesmo, o Governo apresentou a proposta de revisão para a Lei de Terras. Dedicado a reforçar as sanções contra a ocupação ilegal dos terrenos e em ouvir a população, a Administração deixou claras as necessidades a cumprir na gestão de solos. A Lei de Terras é aplicada há 30 anos e tem vindo durante todo esse período a sofrer alterações. Para 2011, não se desiste neste sentido. Os novos aterros e o planeamento urbanístico continuaram a ser ordem do dia na Administração durante o ano. Baseados na auscultação pública, o Governo recebeu mais de mil comentários que mostram que as principais questões recaem sobre os locais dos novos aterros, a protecção ambiental e o desenvolvimento diversificado da indústria. O Executivo compromete-se a construir parques e zonas de lazer, lares e escolas e estabeleceu que estas construções públicas não deveriam ocupar menos de 50% dos novos aterros, ficando as restantes parcelas dedicadas à habitação social.
retrospectiva do ano 2010
IX
HABITAÇÃO • barraca que abana, especulação e habitação social
Era uma vez uma ilha... Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
T
udo aconteceu no fim deste ano. Enquanto os pandas chegavam à sua nova e confortável morada, no Parque de Seac Pai Van, milhares de pessoas foram despejadas das suas barracas. Os tractores realizaram demolições das casas de lata na Ilha Verde com a conivência de agentes da PSP. O Governo fechou os olhos e, uma após a outra, as barracas foram sendo arrancadas e deitadas abaixo, algumas com os pertences das pessoas ainda no interior, enquanto os moradores se encontravam fora a trabalhar. Este cenário dantesco tomou conta da zona da Ilha Verde neste final de ano e deu pano para mangas. Foram semanas de actuações brutais e das operações à margem da lei por parte do promotor, que não olhou a meios para conseguir os seus fins. Casas demolidas, habitantes despojados, pertences abandonados. Tudo assim, como que um acidente natural que por ali tenha passado. Pelo caminho, houve tempo para agressões que levaram a derramamento de sangue. A polícia, que durante as demolições nada fez, acabou por prender dois dos suspeitos acusados de terem agredido um homem, sem apelo nem agravo, com uso de martelos e barras de ferro. Tudo porque o lote na Ilha Verde designado para a construção de um empreendimento habitacional público – inserido no plano para cumprir a promessa do secretário Lau Si Io de construir 19 mil apartamentos até 2012 – tinha dezenas de barracas no caminho. O terreno foi concedido à Companhia de Investimentos Panasonic, mas o promotor recebeu uma oferta para o trocar por um lote alternativo. Outro tema quente que marcou o ano está ligado à especulação imobiliária. O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, frisou por diversas vezes que a direcção da política de promoção do desenvolvimento saudável do mercado imobiliário é clara e o Governo tem uma posição firme e determinada em conter a especulação imobiliária. O Executivo esboçou dez medidas para travar a especulação no mercado imobiliário. No dia 1 de Dezembro, entraram em vigor as restrições do sector bancário sobre o valor dos empréstimos para aquisição de imóveis e, no início do próximo ano, todos os projectos de arquitectura a submeter devem ter a indicação do índice entre área bruta de utilização e a área bruta de construção de todas as fracções autónomas. A promessa de 19 mil fogos de habitação social até 2012 é para cumprir, segundo o Executivo. Uma realidade sempre desacreditada pelos deputados, nomeadamente pelos democratas que, devido às formalidades bu-
rocráticas a população irá levar “uns quantos meses ou anos” a ter um tecto. No entanto, Lao Si Io mostrou-se firme, durante as LAG, que essa construção seja terminada em 2012, mas adiantou que o Executivo tem-se confrontado com algumas dificuldades. “Queremos que as casas económicas comecem o quanto antes. As 19 mil habitações estão em marcha, mas há alguns problemas complexos, como a
ocupação ilegal de terras ou a falta de recursos humanos, que têm atrasado o início das obras”, afirmou Lao Si Io, defendendo o esforço feito pelos profissionais que trabalham na sua tutela. “Esqueci-me de trazer a fotografia que tenho onde dois directores de serviços estão ajoelhados nos estaleiros de obras a trabalhar um dia inteiro porque repentinamente o pessoal não queria trabalhar e tiveram de adoptar de
imediato soluções para resolver o assunto.” Lao Si Io divulgou ainda ser intuito do Governo disponibilizar 100 mil fracções habitacionais a longo prazo e, de acordo com as necessidades da população, construir cerca de 30 mil habitações até 2015 e 60 mil até 2020.
TRANSPORTES • Aviões, complicações. Autocarros, melhores condições
Sem asas nem rodas Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
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o campo dos transportes, houve bastantes movimentações. A aviação em Macau viveu dias atribulados durante 2010. A companhia ‘low-cost’ do território, Viva, acabou encerrada por motivos de falência. Cerca de 160 credores registados da extinta companhia aérea votaram a favor da liquidação da empresa. Antes disso, o Executivo emprestou cerca de 200 milhões de patacas justificando interesse público. Quem o defendeu foi o próprio secretário para a Economia e Finanças, guardião dos dinheiros públicos de Macau. Francis Tam recordou que aquele dinheiro manteve os aviões a voar em benefício da indústria do turismo durante dois anos, pelo que a operação em causa não deve ser comparada pelas pessoas com os empréstimos ordinários dos bancos. Dinheiro de volta aos cofres públicos, nem vê-lo. O processo arrasta-se em tribunal e assim continuará a partir de amanhã. Outra das atribulações relacionou-se com a “batalha” entre os pilotos da Air Macau e a companhia aérea. Uma luta que aparentemente não terá fim tão cedo, a não ser quando, segundo os pilotos, a companhia começar a ceder. Os pilotos acusam a companhia de uma má política de recursos humanos, com falhas no gozo das folgas, com ordenados abaixo do que é praticado e com acusações graves sobre segurança nos aviões da Air Macau. Um dos pilotos, contactado pelo Hoje Macau, afirmou peremptoriamente que se a operadora não começar a ter preocupações “a companhia terá um ‘crash’ mais dia menos dia”. O ano que agora finda também se tornou na alavanca que faltava para o início das obras da rede do Metro Ligeiro de Macau. Depois de muitas polémicas, de avanços e recuos, o fornecimento do sistema e material circulante acabou por ser
adjudicado à Mitsubishi Heavy Industries, Ltd. O deputado José Pereira Coutinho disse durante todo este processo que o concurso para adjudicação do Metro Ligeiro estaria a ser feito de tal forma que a proposta de um dos concorrentes estava “predestinada” a sair vencedora. Ficou a promessa de que o Governo se vai esforçar por acelerar os trabalhos e adiantou algumas das metas para 2011. “No primeiro semestre do próximo ano, vamos iniciar o concurso para as obras do troço entre a Taipa e o Cotai. Vamos recorrer às empresas locais para a sua concepção, excepto quando houver carências”, disse o coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), Lei Chan Tong. Ainda em terra, o Governo de Macau decidiu atribuir um dos cinco serviços públicos de autocarros à TCM fora do concurso público. Em troca, a empresa retirou todas as acções em tribunal contra o Executivo, pondo assim um fim ao impasse burocrático causado pelo longo procedimento judicial. A Reolian, uma “jointventure” franco-macaense que supostamente iria receber as rotas atribuídas à TCM, aceitou a “decisão política” e deixou de lado a “disputa legal” para se concentrar nos seus interesses a longo prazo. A Transmac, por seu lado, “percebeu” a necessidade de minimizar os custos sociais e foi a empresa que menos sofreu com esta polémica. Esta é uma história que remonta a 2009 e se arrastou durante este ano, tudo porque a TCM enviou a sua proposta com quatro minutos de atraso e o Executivo decidiu não aceitá-la. O ano termina com o anúncio do Governo para um investimento de dois mil milhões de patacas numa nova rede de autocarros. A cidade tem de ser preparada de modo a que as populações comecem a utilizar mais os transportes públicos, sob pena de em 2020 o número de veículos particulares aumentar quase o dobro do valor actual e alcançar os 390 mil.
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sexta-feira 31.12.2010 www.hojemacau.com.mo
DESPORTO • Há ouro, Benfica e GP. Pavilhões para o hóquei, não
Uma mão cheia de vitórias internacionais Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
O
ano que agora fecha foi recheado de coisas boas para Macau na área desportiva. A Selecção de Macau de hóquei em patins vence, em Janeiro, o Campeonato Asiático pela sexta vez – quarta consecutiva – e, em Outubro consegue arrecadar o quinto lugar no Mundial B da modalidade que se realizou na Áustria. Apesar dessas conquistas, o estado do hóquei em patins está, segundo dirigentes e atletas, nas ruas da amargura. “Não entendo como é que o Governo não ajuda numa simples reivindicação que é ter um pavilhão e uma pista com condições para a prática da modalidade. Constrói-se mais depressa um casino do que um simples pavilhão”, apontou, ao Hoje Macau, o seleccionador da RAEM, Alberto Lisboa. Quem também merece destaque é a participação de Macau nos Jogos Asiáticos de Cantão. Este ano a comitiva teve alguns contratempos nas inscrições de atletas – alguns foram desqualificados à última hora por não serem residentes de Macau há mais de três anos -, mas no fim das contas a comitiva conseguiu trazer para o território seis medalhas. Houve, finalmente, o tão ansiado ouro conquistado por Jia Rui no wushu. Cai Lian Chan, em também no wushu, conquistou prata, houve bronze para três atletas do karaté – Paula Carion, Kuong Cheong Lei e Pui Si Cheung e para a modalidade de saltos para a água com Choi Sut Ian. Os para-olímpicos, que disputaram os seus Asiáticos logo a seguir, não conseguiram trazer quaisquer medalhas para Macau. O Grande Prémio deste ano não foi tão emocionante como os de outros anos. O WTCC já vinha decidido para o Circuito da Guia – Yvan Muller sagrou-se campeão absoluto na corrida anterior por irregularidades no carro de Andy Priaulx. Ainda assim, Robert Huff (primeira mão) e Norbert Michelisz (segunda mão) destacaram-se para vencer esta prova. Palavra para Tiago Monteiro que conseguiu, em Macau, um terceiro lugar e o dedicou a Afonso, filho do piloto André Couto que morreu em decorrência de uma leucemia em Novembro. A F3 não teve grande surpresa com a anunciada vitória de Edoardo Mortara – fazendo o bis. Uma palavra para o português Félix da Costa que fez a sua estreia em Macau depois de na semana anterior ter feito furor num treino dedicado a rookies que almejam chegar à Fórmula 1. As motas tiveram a habitual luta renhida
entre Michael Rutter e Stuart Easton com a vitória a sorrir ao segundo. Os pilotos de Macau não estiveram bem este ano e André Couto, que depositava grandes esperanças nesta corrida, acabou envolvido num aparatoso acidente com Andy Priaulx durante a primeira mão da corrida de carros de turismo. “A corrida acabou mais cedo, acabou para mim mas acabou também para os outros. E sobre isso não há muito que fazer”, disse André Couto na altura. João Fernandes foi 21.º nas motas.
Quem esteve no território foi o presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira. O acontecimento ficou revestido de muito entusiasmo por parte dos adeptos dos encarnados em terras macaenses. Vieira respondeu prometendo que o Benfica virá brevemente à RAEM, participar em digressão pela Ásia. O mundial de clubes de barcos-dragão realizou-se pela primeira vez em Macau, onde estiveram em disputa 3500 remadores no Lago Nam Van. A RAEM obteve dez me-
dalhas no total. A equipa de barcos-dragão do Hoje Macau também brilhou, ao conquistar uma medalha de ouro na corrida “King of the World Dragon”, em Hong Kong. Outro acontecimento, ou não, foi o Open de Golfe. Não, porque a competição, se efectuava desde 1998, e foi cancelada por falta de patrocínios. Já durante este mês, decorreu, em Coloane, o Grande Prémio de Karting com a vitória do espectacular Marco Ardigo em KF1 e de Mathew Graham em KF3. No futebol amador de Macau, o Ka I ganhou tudo o que havia para ganhar onde competiu. Tempo ainda para polémicas com o Monte Carlo no banco dos réus por causa do diferendo com a Associação de Futebol de Macau. Ganhou no Tribunal de Segunda Instância e perdeu na Última Instância. Resultado: teve de pagar uma multa de 10 mil patacas. Os “portugueses” realizaram uma época interessante. O FC Porto de Macau conseguiu um brilhante segundo lugar no futebol de onze, a Casa do Benfica de Macau subiu à 2.ª Divisão e o Sporting Clube de Macau, além de ter ganho um patrocinador de peso – o MGM -, ascendeu à 3.ª Divisão conjuntamente com a Casa de Portugal. Geofredo Sousa foi eleito o melhor jogador da temporada numa votação patrocinada pela Associação de Futebol de Macau. O Executivo da RAEM, pelo presidente do Instituto do Desporto, Alex Vong, prometeu apostar na profissionalização e na formação de atletas como metas para atingir mais e melhores resultados. O responsável explicou também que está no horizonte o aumento dos subsídios para as modalidades que alcançaram bons resultados nos Jogos Asiáticos de Cantão. “A abertura e perspectiva a médio e longo prazo do Governo permite dizer que o caminho é o da profissionalização. É preciso os atletas terem a noção que não basta o amadorismo para conseguir resultados. Temos que elevar o nível de Macau”, disse. Uma última palavra para a 29.ª Edição da Maratona Internacional de Macau com o queniano Tekeste Nekatibeb a vencer em masculinos e a chinesa Wang Xue Xin a vencer em femininos. Este ano a presença lusa esteve a cargo de Lino Barruncho que acabou por desistir.
retrospectiva do ano 2010
XI
António Falcão
Cultura • As indústrias criativas como bandeira do território
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Macau fala português
antonio@hojemacau.com.mo
epois dos festejos deAno Novo espalhados pela cidade, no campo da cultura o ano arrancou adormecido em Macau. O Executivo de Chui Sai On tinha acabado de entrar em acção e o xadrez da RAEM encontrou-se a meio caminho entre a renovação e a roupa velha. Guilherme Ung Vai Meng já estava anunciado como presidente do Instituto Cultural (IC), substituindo Heidi Ho, que esteve dez anos no cargo sem uma acção merecedora de grande brilho; personalidade, aliás, de quem nunca mais se ouviu falar. Nesse prelúdio ouvia-se de novo o zumbido da Biblioteca Central, com o seu projecto fatalmente estancado devido às irregularidades no concurso público que tinha um projecto demasiado “familiar” para a transparência do domínio público. A embrulhada tinha sido avançado pelo Hoje Macau no ano transacto, que noticiava que os dois primeiros lugares do concurso tinham sido atribuídos a projectos da arquitecta Vong Man Cheng, que trabalhava para a empresa contratada pelo IC para efectuar os estudos preliminares, administrada pelo engenheiro e deputado Chui Sai Peng, primo do novo Chefe do Executivo. Este seria um dos primeiros dossiês a ir parar às mãos de Ung Vai Meng que, entrando em funções no princípio de Março, anularia de vez o concurso, deportando-o para as calendas. “Este é um património muito importante para Macau, por isso queremos introduzir novos elementos no regulamento. Há muitos novos arquitectos a chegar e considero que esta seja uma boa altura para relançar o projecto”, esgrimia o presidente do IC. O arquitecto Carlos Marreiros resumia a coisa assim: “Quando estamos a preparar um Bacalhau à Brás e pomos sal a mais, não podemos adicionar açúcar para contrabalançar. É melhor deitar fora o bacalhau e fazer um novo”. Pelo andar da carruagem, 2012 será a data em que o antigo tribunal, que levantou de novo o burburinho da sua preservação com parte dedicada da sociedade a reivindicar a sua total protecção, será invadido por trabalhadores da construção civil. O arquitecto macaense esteve por sua vez no centro de uma polémica, com a sua Lanterna do Coelhinho gigante, projecto que saiu vencedor no concurso público para a Expo Xangai 2010 e que levou o nome de Macau à maior exposição internacional de sempre, que durou entre Maio e Novembro. Em causa, uma desavença na concepção do projecto com Christiana Ieong, responsável por toda a empreitada, que impediu Carlos Marreiros de seguir o projecto até ao fim. Pelo meio, o arquitecto seria distinguido pela república popular com o Prémio Nacional de Prestígio pelo reconhecimento internacional no domínio da Arquitectura e Design. Semanas depois o problema diluiu-se sem ninguém se lembrar na verdade como tinha surgido. No final 180 milhões de patacas na presença da RAEM em Xangai que englobou ainda a réplica da casa de penhores Tak Seng On, para quase dois milhões de visitantes. Ao longo dos meses o Executivo não deixou de mostrar o seu orgulho pelo acreditado sucesso. O ano de 2010 foi também aquele em que
finalmente a Casa do Mandarim abriu as suas portas e que se festejou o quinto aniversário da integração de Macau no património universal da UNESCO. Não sem alguns edifícios emblemáticos da cidade serem rasurados do mapa do território. Mas a menina dos olhos do Executivo para o ano seria o semblante das Indústrias Culturais e Criativas, que veio ao adro como o objecto de maior dinâmica da RAEM na esperança de diversificar a economia do território, sempre demasiado colada à indústria do jogo. O tema veio ao lume ainda nos últimos anos do legado de Edmund Ho, mas só neste ano se tornou a frente de batalha do Governo. O IC avançou de imediato com a criação de uma nova subdivisão, para aí definir as suas estratégias. Surgia assim o Departamento de Promoção das Indústrias Culturais e Criativas, que levou o IC a embarcar numa política de aprendizagem que conduziu uma equipa de criativos do território por várias feiras internacionais no continente chinês para aí tirar as devidas ilações. Cheong U, o antigo Comissário Contra a Corrupção que nesta governação ocupou o lugar deixado vago por Chui Sai On nos Assuntos Sociais e Cultura, deslocou-se a diversos pontos da região para observar a olho nu toda esta realidade; com especial realce para a grande capital da cultura na Ásia, a cidade de Pequim, e a sua experiência de sucesso centrada no bairro 798. Cheong U envergaria ele próprio o topo do pesado Conselho para as Indústrias Culturais, que escolheria 43 elementos para tentar alinhar as agulhas de todo o sector. O Conselho ganharia vida no último dia de Agosto, com a primeira reunião, na qual ficou definida a aposta na formação e no ensino, numa via a “longo prazo” e a “passo e passo” na construção de uma marca própria que suporte a imagem da RAEM como uma cidade de lazer, turismo e cultura a nível mundial.Apoios estruturais com planos de crédito a projectos nesta área foram apontados com uma das medidas a seguir. O Conselho confirmava também a repescagem da “Casa de Vidro” no Tap Seac, a pequena C-Shop, junto à estátua de Jorge Álvares e o edifício até agora a cargo do Turismo, no sopé das Ruínas de São Paulo, como os primeiros desígnios de todo este engenho. Seria também junto às Ruínas, o grande emblema do território, que abriria a primeira verdadeira experiência privada neste campo, com a loja Macau Creations, que após vários anos de preparação ganhou vida no final de Julho. Aqui se introduziu o mundo da cultura e da criatividade de Macau através de produtos comerciais com base em elementos de arte criada por artistas profissionais. Neste campo, o Albergue da Santa Casa da Misericórdia tornava-se o motor de busca do Bairro de São Lázaro - uma das zonas escolhidas para envergar a camisola da Cultura no futuro. Pelo Albergue passaram várias exposições,
eventos, palestras e apresentações que fizeram as vezes do protocolo; que com a Praça do Tap Seac, deram vida a este ponto da cidade. O ano viu também o papel dos projectos associativos em renovada evidência, mo intuito de destacar o nome de Macau lá fora. A associação Art For All (AFA), também ela com uma pioneira delegação em Pequim, conseguiu levar a bom porto este objectivo, participando em várias feiras de arte na Ásia. Depois de superada a experiência da sua primeira galeria no St. Pauls Corners, e falhada a possibilidade da utilização da galeria da Livraria Portuguesa, que esteve encerrada grande parte do ano, a AFA rumaria de armas e bagagens para o topo da Xavier Pereira, apostando na sua sede para aí, na primeira metade do ano, criar o seu programa de exposições. De seguida vincaria uma parceria com a Fundação Oriente, passando a impulsionar a galeria da Casa Garden, tendo como ponto alto o Salão de Outono que juntou o que de melhor se faz em Macau no campo das artes plásticas.
Este espaço foi também utilizado pela Casa de Portugal, que aí desenvolveu uma série de acções ao longo do ano, de onde se realça mais uma edição da principal mostra anual do fotojornalismo mundial, a World Press Photo.A equipa deAméliaAntónio exerceu em contínuo o seu programa de actividades prosseguindo a sua aposta na realização de cursos ligados às artes, para os seus associados de todas as idades, marcando também as principais datas do calendário festivo de Portugal. A Livraria Portuguesa foi outro dos assuntos a ferver ao longo do ano. Durante o ano fechariam outros projectos livreiros, com o encerramento em definitivo da Livraria Bloom e dos dois pontos de venda da Time, empresa de Hong Kong que abandonou o Venetian a meio do ano. Quase na mesma altura em que o Instituto Português do Oriente (IPOR) anunciava a cessação do contrato com Aloísio da Fonseca, que geria a Livraria Portuguesa há quase oito anos, abrindo uma “manifestação de interesse” a empresas locais. Concurso que só teve lugar no final do ano, com a apresentação da proposta de apenas um candidato. Aguarda-se ainda a possibilidade de grupos editoriais portugueses desembarcarem em Macau, como o Hoje Macau anunciou, referenciando o interesse do grupo LeYa. Um tema a ser desvendado nos primeiros meses de 2011.
Na cidade, a Avenida Coronel Mesquita acendeu as suas luzes durante todo o ano. Por um lado o Armazém do Boi, associação dirigida por Frank Lei, deu azo às fórmulas mais radicais no campo das artes, que levou para o seu estrado diversas manifestações, abrindo o seu leque da fotografia às artes performativas. Um pouco mais à frente, a Associação de Música ao Vivo, foi palco de diversos encontros no campo da música, tendo no seu projecto XL Creation um dos laboratórios para o desenvolvimento das bandas locais. Neste campo, a Solid Sounds dominou o calendário, passando do XL para o Blue Frog, explorando este espaço imiscuído no hotel Venetian com um cardápio regular de concertos, com bandas dos quatro cantos do mundo. Seria, no entanto pelos palcos do grande resort-casino de Sheldon Adelson que passariam alguns dos nomes mais sonantes. A recordar: Peaches, Gary Numan e os UNKLE, tendo como premeio as festas da editora Hed Kandi. Do outro lado da avenida, a City of Dreams abria o seu multi-bilionário “circo do sol” de Frank Dragone com “The House of Dancing Water”. A nível oficial os festivais preencheram o calendário do programa do governo. Festival de Artes na primeira metade do ano e o de música a dar as boas-vindas ao Outono. Mais uma vez o Festival Internacional de Música (FIMM) não enveredou pela excepcionalidade. Mas desta o seu timoneiro, o tenor Warren Mok, privou-nos da sua actuação, retirando um dos hábitos do FIMM que ouviu ano sim, ano sim, a sua voz desde o início do século. Não ficaram, no entanto, de parte as contratações pouco transparentes na programação do evento, que se tornou um festival de repetições. Por outro lado algumas palmas para a versatilidade do Centro Cultural de Macau na sua oferta cultural ao longo do ano. No campo das letras não podemos esquecer a morte do escritor macaense Henrique de Senna Fernandes, que deixou um vazio profundo na literatura local, que assim perdeu o maior dos seus símbolos. Um escritor que escreveu a génese do território como ninguém. Além do tufão que levou o bom augúrio do Festival da Lusofonia deste ano, há ainda a salientar o 400.º aniversário da morte do jesuíta Matteo Ricci, uma das primeiras figuras que trouxe na sua bagagem o genuíno saber universal, que conseguiu desbaratar pela vasta China toda a influência do Ocidente. O Museu de Arte assinalou a data com uma exposição edificativa que contou com o apoio expresso do Governo Central. Governo esse que este ano, por diversas vezes e de vários modos, realçou o apoio à Língua Portuguesa que transplantou para Macau toda a evidência e importância do seu passado face aos seus congéneres regionais, espalhando no ano de 2010 a epidemia do português por vários sectores da sociedade.
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retrospectiva do ano 2010
Citações “Estamos a ajustar o desenvolvimento. Os casinos não são as nossas únicas vantagens. Se olharmos assim, perdemos as outras” Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças *** “Eu disse que gostaria de levar a nossa subsidiária como parceira se formos para o Japão, mas não pedi a Steve Jacobs para fazer prognósticos sobre quando é que aquele mercado será aberto” Sheldon Adelson, presidente da Las Vegas Sands, sobre o despedimento de Jacobs *** “Temos investidores muito interessados no projecto, que representa um futuro promissor para a indústria de turismo de Macau. O banco vai dar-nos o maior apoio e já pedimos mil milhões. Estamos muito confiantes neste projecto” Angela Leong, quarta mulher de Stanley Ho, acerca do projecto do parque temático no Cotai *** “Há uma falha, uma página em branco, no que diz respeito ao turismo de família, não relacionado com o jogo” Chan Chak Mo,deputado *** “Porque não vedar a entrada nos casinos a todos os residentes? Afinal, o jogo não é uma actividade saudável” Susana Chou acerca da lei do tabaco excluída dos casinos *** “Ele [Chui Sai On] nunca será um Barack Obama. Falta-lhe uma pitada de carisma, mais à vontade. Jamais pegaria com ternura uma criança ao colo ou abraçaria um idoso” Larry So, professor do Instituto Politécnico de Macau *** “Quando estamos a preparar um Bacalhau à Brás e pomos sal a mais, não podemos adicionar açúcar para
contrabalançar. É melhor deitar fora o bacalhau e fazer um novo” Carlos Marreiros sobre o enredo da Biblioteca Central *** “Temos que dizer aos jovens do ensino secundário que o português é tão importante como o inglês” Leonel Alves, no debate das políticaspara a Administração e Justiça na Assembleia Legislativa *** “As pessoas podiam dirigir-se ao primeiro-ministro de Portugal durante a administração portuguesa. Porque é que a situação actual é pior do que na era colonial?” Jason Chao, presidente da associação Novo Macau *** “O secretário para a Segurança é fraco. Deixa muito a desejar. O secretário das Obras Públicas também é muito fraco. Florinda Chan é competente e tem feito bom trabalho” Jorge Fão, antigo deputado *** “A maioria dos funcionários que rouba fichas ou comete alguma irregularidade, tem entre 18 e 21 anos. São croupiês inúteis” João Bosco Cheang, presidente da Associação dos Trabalhadores da Indústria do Jogo de Macau *** “A riqueza tem que ser partilhada por todos e também temos de ser solidários com os mais necessitados. Só assim é que a sociedade consegue tornar-se justa, equilibrada e tolerante” Declarações de Wen Jiabao na reunião com personalidades de Macau *** “Não me parece que haja provas suficientes de que a secretária esteja envolvida nalgum caso de abuso de poder ou outra irregularidade. Não é justo exigir a demissão de Florinda Chan” Eilo Yu, professor da Universidade de Macau
Feliz Ano Novo
*** “Eu conheço de ginjeira as pessoas, sei do que são capazes. Sempre vivi cá e conheço muito bem a dra. Florinda Chan. Continuo a manter a minha convicção de que ela teve uma mãozinha nesse assunto (caso de O Clarim).” José Pereira Coutinho, deputado *** “Trinta e três dólares de Hong Kong por hora. Analisando a questão como empregador, preferia antes contratar um trabalhador em part-time. Posso não ter que lhe oferecer segurança social, nem férias ou dias de descanso pagos” Lao Chi Ngai, presidente da Associação de Ciências Económicas *** “As actuais instalações [da Escola Portuguesa] são suficientes para as necessidades de 400 alunos. A transferência é uma decisão política” Sou Chio Fai, director dos Serviços de Educação e Juventude *** “A lusofonia tem as suas raízes em Macau, onde uma comunidade portuguesa permanece com grande dinâmica. E tanto o Governo como a sociedade civil apoiam o intercâmbio” Wu Zhiliang, presidente da Fundação Macau *** “Um brinde pela grandeza e prosperidade da mãe-pátria e pelo futuro brilhante da RAEM”. Desafio lançado por Chui Sai On, no discurso de recepção dos 11 anos da transferência *** “Pereira Coutinho não representa os macaenses porque não é diplomata”. Miguel Senna Fernandes, advogado
O Hoje Macau deseja a todos um excelente ano de 2011 e agradece aos seus leitores os votos de festas felizes.