MIFF 2018 #1

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DE 8 A 14 DE DEZEMBRO

MIFF ESTE SUPLEMENTO É PARTE INTEGRANTE DO HOJE MACAU DE 7 DE DEZEMBRO DE 2018 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

O F I M D O I M P É R I O


MIFF “Hotel Império” não é um filme sobre uma Macau real, mas sim o resultado da percepção do realizador, Ivo Ferreira, acerca da cidade onde vive há mais de 20 anos. Esta é premissa deixada pelo cineasta ao HM acerca da película que está entre os dez filmes recomendados pela 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. “Hotel Império” é apresentado dia 11 de Dezembro, às 21h30 na Torre de Macau

HOTEL IMPÉRIO FILME DE IVO FERREIRA APRESENTADO NA TORRE DE MACAU D

A cidade im por todos, é antes um território que aparece como resultado de uma interpretação imaginária que o realizador foi construindo. “É uma visão, uma espécie de ideia possível de Macau. Eu não sei o que é Macau, não sei quem são as pessoas. Tenho apenas ideias sobre isso”, aponta. Em “Hotel Império”, a cidade é “uma espécie de colecção destas ideias que tenho desde os 18 anos, altura em que cheguei cá pela primeira vez”, refere. Duas décadas a viver em Macau permitiram a Ivo Ferreira assistir às transformações do território, e como tal, o filme apresenta também “a forma como o olhar foi mudando ao longo dos anos. É um mundo inventado, uma Macau fora do tempo ancorada em ideias dos anos 90 e em ideias de futuro”.

IDENTIFICAÇÕES DE LADO

DEPOIS DA estreia mundial no Festival de Cinema de Pingyao, em Outubro, e de ter sido apontado como um filme “excepcional que dá uma visão única de Macau” pelo director artístico do Festival Internacional de Cinema de Macau, Mike Goodridge, “Hotel Império” de Ivo Ferreira está em destaque no programa da 3ª edição do maior evento local dedicado à sétima arte

a decorrer a partir de amanhã, até dia 14, e que tem projecção marcada para a próxima terça-feira, na Torre de Macau, pelas 21h30. O filme é uma produção portuguesa e chinesa que traz ao grande ecrã “a cidade e as relações que nela se estabelecem”, começa por dizer Ivo Ferreira ao HM. Mas não se trata de uma Macau comum e capaz de ser identificada

O objectivo do realizador em “Hotel Império” não é uma aproximação do real até porque as pessoas que vivem em Macau não vão, na sua grande parte, identificar-se com o que poderão ver, considera. O que Ivo Ferreira pretende é que o público se “entretenha, em vez de ir à procura dos pontos de contacto com a realidade, ou que tente procurar uma pureza dessa Macau que cada um pensa que conhece”, aponta. De acordo com o realizador português, o cinema não é para ser feito como retrato da verdade, “e mal do cinema se fosse”, até porque “para esse efeito existem géneros muito específicos como o documentário ou determinadas ficções”, aponta. “ ‘Hotel Império’ retrata uma Macau que se desenha muito na possibilidade ou da impossibilidade das personagens que habitam aquele espaço e das suas relações”, sublinha Ivo Ferreira.

PALCO DE POUCO CINEMA

Imaginado ou real, o território é um espaço apelativo para fazer cinema. “Tem uma atmosfera muito especial

e apesar e tudo há uma espécie de fragrância a melancolia que será, talvez, uma coisa deixada pelos portugueses e que às vezes parece contaminar os espaços”, diz o realizador. No entanto, não é fácil fazer filmes por cá, e talvez por isso as películas que têm o território como pano de fundo ainda sejam poucas. “A quantidade de vezes que Macau aparece em filmes é irrisória se compararmos com outras cidades como Hong Kong, com Lisboa ou com Pequim”, sendo que esta ausência da sétima arte “não é por acaso, com certeza”, aponta. As dificuldades em produzir cinema no território sentem-se em vários aspectos, e reflectem que Macau é “uma cidade pouco habituada a ser filmada”, o que se vê “nas questões ligadas a autorizações de filmagens com as questões que têm que ver com o próprio tráfego da cidade, por exemplo”, lamenta o realizador. Mas as circunstâncias podem mudar e o Festival Internacional de Cinema, que teve início em 2016, pode representar uma alavanca nesse sentido. “Aliás, Macau começa a ser falada por causa do festival a já está no mapa da sétima arte. Trata-se de um marco importantíssimo para a imagem do território no exterior e para os realizadores locais”, sublinha. Por outro lado, a promoção do cinema feito localmente “é uma forma de dar uma imagem da cidade que vai para além do jogo e dos casinos. Uma imagem que esteja mais ligada à identidade do lugar e que passa pela cultura”, acrescenta Ivo Ferreira. Não menos importante é o contributo que este tipo de eventos pode trazer para a formação dos próprios residentes, sendo que “contribui para a sua formação intelectual e estabelece um maior contacto com o que se passa no resto do mundo e até dentro do próprio território”, remata. Sofia Margarida Mota

Sofia.mota@hojemacau.com.mo


DIA 11

“[Macau] Tem uma atmosfera muito especial e apesar de tudo há uma espécie de fragrância a melancolia que será, talvez, uma coisa deixada pelos portugueses e que às vezes parece contaminar os espaços.”

maginária

sexta-feira 7.12.2018

IVO FERREIRA REALIZADOR

PROGRAMA 8 DE DEZEMBRO LORO 14:00 - Cinemateca Paixão

SCHOOL'S OUT 15:00 – Pequeno auditório do CCM THE SISTERS BROTHERS 19:00 – Torre de Macau THE GUILTY 19:00 - Cinemateca Paixão GREEN BOOK 20:30 - Centro Cultural de Macau SINK OR SWIM 21:00 - Pequeno auditório do CCM TUMBBAD 21:15 - Cinemateca Paixão DIAMANTINO 21:45 - Torre de Macau

9 DE DEZEMBRO AN AUTUMN AFTERNOON 15:00 - Cinemateca Paixão

OLD BOYS 15:00 - Centro Cultural de Macau BUYBUST 15:00 - Torre de Macau CLEAN UP 16:00 - Pequeno auditório do CCM

Filme à lupa

“Hotel Império” conta a história de Maria, interpretada por Margarida Vila-Nova, uma mulher que sempre viveu no Hotel Império, em Macau. O Hotel está decréptio e o seu pai, o dono, já não tem capacidade para gerir o espaço. Maria canta fado num Casino onde o jogo e a prostituição andam de mãos dadas, mas o dinheiro é pouco. Entretanto, Chu interpretado pelo taiwanês de ascendência britânica Rhydian Vaughan, filho da coproprietária do hotel, regressa ao território

depois de uma ausência de 20 anos e mostra uma obsessão misteriosa por Maria. Há um ano, Vila-Nova descreveu ao C7nema a sua personagem, categorizando-a como uma “uma sobrevivente”. “É filha de um português, uma personagem que fica amarrada ao seu passado, às suas memórias, à sua história, às suas raízes. É alguém que nasceu num ambiente muito particular, na pensão do pai, onde o jogo e a prostituição foram uma realidade

que a acompanharam. Mas também se torna incapaz de romper com o passado e de procurar o seu sonho e a sua verdadeira identidade. É uma personagem profundamente triste. É uma sobrevivente no sentido que o Hotel está penhorado e a sua grande luta é mantê-lo de pé, e todos aqueles que vivem dentro do Hotel e que a viram crescer. Não os deixar para trás. E a vida vai-lhe pregando partidas e surpresas que a vão transformando”, referiu a actriz.

THE FAVOURITE 18:00 - Centro Cultural de Macau BABY 18:30 - Torre de Macau THE GOOD GIRLS 19:00 - Pequeno auditório do CCM THE PLUTO MOMENT 19:00 - Cinemateca Paixão MANDY 21:00 - Torre de Macau NOBODY NOSE 21:00 - Centro Cultural de Macau U-JULY 22 21:30 - Cinemateca Paixão

10 DE DEZEMBRO

ÁGA 18:45 - Pequeno auditório do CCM COBAIN 19:00 - Cinemateca Paixão FLY BY NIGHT 19:00 - Torre de Macau LOST, FOUND 19:30 - Centro Cultural de Macau SCARBOROUGH 21:00 - Pequeno auditório do CCM CLOSE ENEMIES 21:30 - Cinemateca Paixão CAUGHT IN THE WEB 21:45 - Torre de Macau


MIFF

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Os 1

Em primeiro lugar, o destaque vai para “GREEN BOOK”, o filme de abertura do evento, que é apresentado já amanhã, às 20h30 no Centro Cultural de Macau. Realizado por Peter Farrelly e protagonizado por Viggo Mortensen, Mahershala Ali e Linda Cardellini “Green Book” traz ao ecrã a história de Frank Vallelonga conhecido por “Tony Lip” e do pianista de renome internacional Don Shirley. Quando Tony Lip (Viggo Mortensen), um segurança ítalo-americano, é contratado como motorista do Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), para uma digressão pelo sul dos Estados Unidos, os dois servem-se de um guia para encontrar os locais que acolhem em segurança afro-americanos. Com o decorrer da viagem e confrontados com vários perigos e ameaças, apesar de oriundos de mundos diferentes, Lip e Shirley acabam por se aliar para superar as adversidades.

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Em segundo lugar a organização destaca o filme de encerramento, a última produção do realizador chinês Zhang Yimou, “SHADOW”. Depois de ter passado por Veneza, Toronto e Londres, e de ter sido galardoado com o “Golden Horse” para a melhor realização, o drama

sexta-feira 7.12.2018

imprescindíveis Começa amanhã a 3ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau que vai decorrer até ao próximo dia 14. A organização seleccionou 10 filmes a não perder, distribuídos por entre as várias categorias da programação

histórico do também realizador de “To Live”, aparece como um “must see”. Protagonizado por Deng Chao e Sun Li, o filme é uma reinterpretação do argumento original de Zhu Sujin, de “Three Kingdoms”. Deng Chao interpreta os papéis de Ziyu e Jingzhou. O primeiro é um heróico comandante, enquanto o segundo a sua “sombra” que aparece em tempos de guerra. A sombra gradualmente quer tomar o lugar do comandante e conseguir a sua liberdade, mas apaixona-se pela sua esposa, Xiao’ai interpretada por Sun Li.

apaixonado que vive pacificamente numa cabana. Tudo parece correr bem até que o líder de um culto sádico, Jeremiah Sand, se apaixona por Mandy acabando ordenar o seu rapto. Quando a tenta seduzir é rejeitado e assassina Bloom. Com a perda do amor de uma vida, Red é catapultado para uma viagem fantasmagórica numa caça ao assassino e aos membros do culto que dirige. Mandy é exibido sábado, às 21h na Torre de Macau.

co da Coreia que prevê uma crise financeira nacional mas que não é levado a sério nas suas suspeitas. Protagonizado por Hye-soo, Yoo Ah-in, “Default” vai ser exibido no domingo, às 21h45 no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau.

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Em terceiro lugar o festival destaca o filme do português Ivo Ferreira “HOTEL IMPÉRIO”. (ver centrais).

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O quinto lugar entre os filmes a não perder vai para o filme britânico “IN FABRIC” de Peter Strickland a ser exibido dia 11, às 21h15 na Cinemateca Paixão. A película traz a história de uma empregada bancária de meia idade que vê a sua vida transformada depois de comprar um vestido vermelho. Mas a peça de roupa parece estar amaldiçoada. O elenco de “In Fabric” conta com Gwendoline Christie, Marianne Jean-Baptiste, Hayley Squires e Leo Bill.

Um dos filmes que está a causar furor no panorama cinematográfico internacional e que é a oitava recomendação do festival é a co-produção dos Estados Unidos e do México, “ROMA” de Alfonso Cuaron. Roma é o nome do bairro dos patrões de uma empregada doméstica, na Cidade do México, que acaba por se tornar a responsável pelas quatro crianças daquela família quando o pai parte em viaja por tempo indeterminado. “Roma” é apresentado a 10 de Dezembro na Torre de Macau às 15h e conta, nos principais papéis, com Abhimanyu Dassani e Radhika Madan.

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Segue-se “WHITE BLOOD”, o filme argentino que também integra a secção de competição e traz o drama de Martina e Manuel, dois traficantes de droga entre a Bolívia e aArgentina. Manuel morre, vítima de overdose provocada pelas cápsulas ingeridas e Martina só pode recorrer ao pai que nunca conheceu para a ajudar. “White Blood” tem projecção marcada pera o dia 11 às 21h45 no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Macau.

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Já a película de terror protagonizada por Nicholas Cage é a quarta grande recomendação da 3ª edição do maior evento dedicado ao cinema no território. Além de Cage, “MANDY”, realizado por Panos Cosmatos, conta ainda nos principais papéis com Andrea Riseborough e Linus Roache. Nas montanhas do noroeste americano, nos anos de 1980, Red Miller (Nicolas Cage) e Mandy Bloom (Andrea Riseborough) são um casal

ameaça para a própria vida. O filme pode ser visto a 11 de Dezembro, às 10h no PequenoAuditório do Centro Cultural de Macau.

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Da Coreia do Sul vem o sexto destaque, com “DEFAULT”. O filme de Choi Kook-hee conta a história da saga do gerente do Ban-

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Na oitava posição está o filme em competição “THE MAN WHO FEELS NO PAIN” de Vasan Bala . A película indiana conta a história de um jovem que sofre de uma doença rara que o impossibilita de sentir qualquer dor, o que representa uma

A finalizar os filmes “a não perder” da 3º edição do Festival Internacional de Cinema está o já clássico “ONCE UPON A TIME IN AMERICA”. O filme de 1984 conta com a realização de Sergio Leone, e no elenco com Robert De Niro, James Woods e Elizabeth McGovern. “Once Upon A Time in America” é uma história de máfias, de uma América que vive a Lei Seca e de dois amigos “do crime” que se reencontram. O filme é exibido a 10 de Dezembro, às 14h30 na Cinemateca Paixão.


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