Especial GP 2011

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

17.11.2011

Quem tem medo do Circuito da Guia? Sérgio Fonseca

info@hojemacau.com.mo

Aí está mais um Grande Prémio de Macau, o ex-líbris desportivo desta terra que corrói de inveja outras paragens e que chega com ronco às televisões de todo o mundo. Mais uma vez a RAEM vai colocar-se orgulhosamente de bicos de pés e provar ao mundo a sua capacidade em organizar eventos desportivos de grande envergadura e projecção internacional. Não é por acaso que todos pilotos que visitam a prova por uma vez na sua carreira, querem regressar. A simpatia das gentes da terra e o entusiasmo contagiante do evento não tem igual. Se nada de muito grave acontecer, e esse risco está infelizmente forçosamente sempre presente, o sucesso está garantido em antecipação. As setes diferentes corridas do programa de festas prometem

muito espectáculo, infinda incerteza e entretenimento a rodes para aqueles que quiserem vibrar ao vivo nas bancadas do espectacular Circuito da Guia ou, para os mais comodistas, que prefiram a cobertura da TDM, este ano em sinal digital 16:9. O que não faltarão é motivos para espreitar o carnaval do paddock mais populado do mundo e a Comissão do Grande Prémio, mais uma vez, não se poupou a esforços para arquitectar actividades paralelas que ajudam a integrar todos aqueles cujos desportos motorizados passam completamente ao lado. Mas se a maçã resplendece por fora, por dentro apodrece. Novembro é o único mês do ano em que o território olha de soslaio para os desportos motorizados. Só nesta altura os heróis locais tocam timidamente na ferida e apontam o dedo sem convicção aos erros sucessivos por demais evidentes. Para quem acompanha de perto o despor-

to, não será difícil de perceber que o seu desenvolvimento estagnou há muito, com os agentes desportivos de Macau a não conseguirem engrenar a próxima mudança mesmo contando com o bênção financeira governamental. Pior só mesmo quando depois do “ponto-morto” se segue uma “marcha-atrás”. Já não bastava as “performances” de alguns pilotos de Macau serem motivo de chacota nos meios especializados, eis que uma “ordem para abrandar” saída por decreto a pouco mais de quinze dias do grande evento, nos leva a acreditar que há razões que a razão desconhece. Segundo o ponto 2.b) da regulamentação da “Atribuição de subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior em 2012”, será, entre muitas coisas, necessário a qualquer piloto da RAEM “Ter terminado e obtido classificação oficial nas corridas do Grande Prémio de Macau (GPM) real-

izado no ano de 2011” para se candidatar ao apoio público para a época 2012. Caso não consiga terminar o Grande Prémio, seja porque razão for, pode assim dizer adeus ao patrocínio do Governo de Macau para a próxima temporada. Sabendo do peso que têm os subsídios do governamentais numa modalidade tão dependente de patrocínios num território em que os patrocinadores se contam pelos dedos de uma mão, esta nova imposição é um sério travão aos poucos pilotos da casa que não abdicam de tentar impressionar em frente ao seu público. Enquanto os duzentos e tal pilotos internacionais que este ano participam no Grande Prémio de Macau estão cá para competir e para dar o seu melhor, as cinco dezenas de pilotos da casa terão que pensar duas vezes antes de fazer o mesmo, isto, na maioria dos casos, se é que para o ano quiserem estar aqui outra vez...


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