GRANDE BAÍA
Guangzhou
Tecnologia. Acordo com Israel abre porta do futuro.
Zhuhai
Zona de Desenvolvimento sobe ao 17.º lugar do ranking
Shenzhen
Soulfato. São portugueses e querem ser referência no imobiliário
Huizhou
Produção industrial acima de um bilião de yuans
TANGERINAS E CHENPI
Frutos de ouro Esta fruta, pequena e singela, é uma das grandes riquezas da área da Grande Baía. Fomos saber como e porquê
Jiangmen
Covid. Cidade envolveu-se numa campanha de ajuda a Hong Kong
Zhongshan
Médicos. Crocina trata miocardite
Zhaoqing
Turismo. Conheça a pérola verde de Guangdong.
Foshan
PARTE INTEGRANTE DO HOJE MACAU Nº 4968. NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
Investimento. Aposta séria em Zona de Alta Tecnologia
JORGE NETO VALENTE “Vamos conseguir criar um centro financeiro de nicho”
Dongguan
Melhorias nas zonas costeiras, escolas e centros de tecnologias, tudo em 2022
GRANDE BAÍA
2 ACTUAL
MARÇO 2022
Uma fusão esperada.
FOSHAN UM PALCO DE EXCELÊNCIA Teatro de Ópera Cantonense terminado este ano
hojemacau.com
JÁ AÍ ESTÁ
SENDO A primeira semana de tecnologia e cultura da moda, o evento de sete dias contou com debates e troca de ideias entre representantes governamentais, líderes da indústria da moda, representantes de empresas e artistas sobre tópicos como “ digitalização e moda dão qualidade à vida”, “a moda da tecnologia e a transformação tecnológica da moda” e “a transformação digital das marcas de moda”. “A moda digital já aqui está”, disse Zheng Yannong do Centro de Investigação do Desenvolvimento do Conselho de Estado e o antigo secretário-geral do Instituto de Desenvolvimento Mundial, acrescentando que a indústria deveria incorporar a tecnologia digital na vida quotidiana, centrando-se em torno das necessidades individuais ao mesmo tempo que lidera as tendências sociais. “Especialmente na era pósCOVID-19, novas indústrias e novos modelos de negócio continuam a emergir. A aplicação da digitalização constitui a base do desenvolvimento da inovação na era da globalização 4.0”, disse Zheng. Zheng foi mais longe ao discutir como a digitalização está
no cerne do desenvolvimento de alta qualidade, uma ideia destacada na China em rápida mudança dos dias de hoje. Com o mecanismo de mercado a funcionar e a inovação tecnológica a facilitar o desenvolvimento da indústria de serviços, o desenvolvimento de alta qualidade poderia ser impulsionado enquanto a transformação digital impulsiona a modernização da indústria tradicional. Convidados de todo o mundo exibiram a moda na era digital e descodificaram a forma como as tecnologias digitais estão a moldar a indústria da moda. Palavras-chave da tecnologia, tais como metaverse, surgiram durante as discussões. “O futuro já está aqui, a tecnologia dará uma nova vida à moda”, disse Wang Feng, presidente da Hejun Consulting, sediada em Pequim. Mike Zheng, da WGSN China, mostrou algumas das tecnologias mais avançadas na indústria da moda actual. Vão desde a estampagem 3D, material inteligente, têxtil biológico, cor digital, moda verde até ao vestuário metaverso e tecnológico, e mostram as tendências inovadoras desta era digital. No
SHENZHEN GRANDE BAÍA ACOLHE A PRIMEIRA SEMANA DE TECNOLOGIA E CULTURA DA MODA futuro, a tecnologia e a moda integrar-se-ão e tornar-se-ão tanto práticas como humanas, disse Zheng. Fazendo eco dos pontos focados nas discussões foi um desfile de moda que concluiu o primeiro dia da semana cultural. Apresentando os trabalhos de um dos melhores designers de moda da China, Peng Jing, o desfile foi uma fusão perfeita de tecnologia e design de moda. Tomando como tema “raios”, os trabalhos de Peng foram literalmente constituídos pela luz ela utilizou tecidos luminosos e contornou a roupa com luz. Designers do Instituto de Tecnologia de Moda de Pequim e do ESMOD Guan-
gzhou também apresentaram os seus desenhos com alta saturação, cores contrastantes, tecidos de alta tecnologia, e silhueta de estilo futuro. O desfile deu ao público um vislumbre do futuro da moda e constitui um debate sobre moda e tecnologia. A semana cultural assistiu também à criação do Centro de Inovação de Alta Tecnologia da Moda de Guangdong-Hong Kong-Macao Greater Bay Area, uma plataforma para fomentar novas experiências de como a tecnologia e a moda se podem misturar e desenvolver e para incubar o futuro da moda. A semana cultural é apoiada pelo Conselho para a Promoção da Cooperação Guangdong-Hong Kong-Macau, Conselho de Desenvolvimento Comercial de Hong Kong, Federação Internacional da Moda de Macau, e China International Small and Medium Enterprises Fair Bureau, e é acolhida pela Associação de Promoção da Cultura do Traje de Guangdong e pelo Comité de Marcas de Moda do Conselho para a Promoção da Cooperação Guangdong-Hong Kong-Macau.
O dia 28 de Dezembro marcou uma data importante para Teatro de Ópera Cantonense de Foshan. Representantes dos proprietários do projecto e dos construtores assistiram à cerimónia que marcou o final de uma parte importante dos trabalhos. O projecto teve início em Dezembro de 2019. Após dois anos de construção, entra agora na fase de decoração e mobiliário, que se espera estar concluída no final de 2022. O Teatro de Ópera Cantonense de Foshan, com 35.000 metros quadrados, combinou importantes elementos culturais cantonenses. Como um novo marco da cultura da Ópera cantonense, o teatro tem ligado heranças culturais tangíveis e intangíveis para criar funções modernas com elementos culturais tradicionais. O teatro será construído como um centro cultural na área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O espaço será utilizado para acolher espectáculos de ópera, difusão da cultura da ópera, educação, intercâmbio artístico e inovação, que o construirá como um papel de liderança no património cultural de Lingnan.
2022 MARÇO
GRANDE BAÍA
ACTUAL 3
Ilhas Salomão De Jiangmen com amor
Pegadas de um tempo perdido Os paleontólogos chineses anunciaram a descoberta de um lote de pegadas de dinossauros na província de Guangdong, no sul da China. As pegadas fósseis foram encontradas acidentalmente por um estudante do ensino secundário perto de um estaleiro de construção no condado de Huaiji, cidade de Zhaoqing, Guangdong, em Julho de 2021. Uma equipa de investigação liderada pela Universidade de Geociências da China veio posteriormente a Huaiji para estudar as pegadas expostas e os seus estratos rochosos e registou a situação através de veículos aéreos não tripulados. Descobriram um total de sete pegadas de terópodes, incluindo duas pegadas isoladas e uma pista bem preservada, de acordo com um estudo publicado na revista Historical Biology. O período Cretáceo, que começou há 137 milhões de anos e terminou há 65 milhões de anos, foi a última vez que os dinossauros governaram o planeta. Os fósseis desse período oferecem provas significativas para o estudo da sua evolução, condições de vida e extinção.
dizendo que está ansioso pela chegada dos veículos. Siapu reiterou o firme apoio da Câmara Municipal de Honiara às decisões do Governo das Ilhas Salomão de defender o princípio de uma só China e estabelecer relações diplomáticas com a China. “Neste momento desafiante da luta contra a COVID-19, Honiara está verdadeiramente grata pelos fornecimentos médicos e materiais de subsistência doados pela cidade de Jiangmen durante mais de um ano, que deram importantes contribuições não só a Honiara, mas também ao país como um todo”, disse o Presidente da Câmara Siapu.
Em resposta, o embaixador Li afirmou que desde o estabelecimento dos laços diplomáticos entre os dois países, as relações entre a China e as Ilhas Salomão tornaram tangíveis e frutuosas realizações em muitas áreas, particularmente a prevenção e controlo da COVID-19, infra-estruturas e meios de subsistência. “A China atribui grande prioridade à cooperação sub-nacional entre províncias e cidades dos dois países. Muitos membros da comunidade chinesa em Honiara vieram da cidade de Jiangmen da província de Guangdong”, disse o embaixador Li.
TECNOLOGIA VERDE PARA O FUTURO OS ORADORES de um seminário sobre Desenvolvimento Sustentável de Baixo Carbono, realizado à margem do Fórum de Desenvolvimento da Grande Baía expressaram "a sua confiança num futuro mais verde para a área da Grande Baía". Fu Zhengping, reitor associado do Instituto de Estudos de Desenvolvimento de Guangdong, Hong Kong e Macau na Universidade Sun Yat-sen, disse que a vantagem da área da baía reside na sua tecnologia avançada, que pode ajudar no desenvolvimento verde. "Por exemplo, a tecnologia de armazenamento de energia pode impulsionar o desenvolvimento de novas energias e reduzir as emissões de carbono. Além disso, muitas empresas líderes em tecnologia digital na área podem ajudar
hojemacau.com
A CIDADE de Jiangmen vai doar três camiões de lixo à Câmara Municipal de Honiara, foi anunciado no início deste mês. O embaixador da China nas Ilhas Salomão, Li Ming, encontrou-se com o presidente da Câmara Eddie Siapu garantindo que Jiangmen forneceria três camiões de lixo a Honiara para ajudar a enfrentar o crescente desafio de eliminação do lixo. “Esta doação demonstra boa vontade e amizade do governo e do povo da cidade de Jiangmen para com o governo e o povo de Honiara”. O presidente Siapu e a sua equipa agradeceram a doação dos camiões
com a transição verde", disse ele. Zhong Yan, representante chefe do escritório de Guangzhou da Fundação Fok Ying Tung, disse que, como construtores e operadores de comunidades urbanas, as empresas devem assumir a responsabilidade de melhorar a conservação de energia. "As cidades são um foco principal da conservação de energia e da redução das emissões. Os padrões ecológicos e de baixo carbono precisam de ser estabelecidos mais elevados quando se trata de planeamento e concepção urbana", afirmou. Liang Mingyi, director do Centro de Investigação Ecológica e Ambiental Urbana do Instituto de Ciência Ambiental do Sul da China, apontou os desafios que a área enfrenta. "O aumento da população exerce pressão sobre o desenvolvimento económico, que por sua vez exige mais em termos de protecção ambiental". Precisamos de lidar adequadamente com a relação entre desenvolvimento industrial e protecção", afirmou.
GRANDE BAÍA
MARÇO 2022
hojemacau.com
4 REPORTAGEM
Frutos de ouro Esta fruta, pequena e singela, é uma das grandes riquezas da área da Grande Baía. Fomos saber como e porquê
QUEM VISITA o Sul da China – seja Macau, Hong Kong ou toda a província de Guangdong –por altura do Ano Novo Chinês forçosamente repara na quantidade de tangerinas que, um pouco por todo o lado, enfeitam lojas, entradas de prédios e mesmo as casas das pessoas. Pequenas árvores em vasos, ramos desgarrados ou simplesmente o fruto empilhado em pratos de cerâmica ou metal estão por todo o lado, emprestando tons novos às cidades. “Por quê?”, perguntar-se-á o turista menos conhecedor dos costumes chineses. Que razão leva os
chineses a enfeitar os espaços com este pequeno fruto de cor brilhante e alaranjada? A verdade é que a utilidade das tangerinas não se esgota, longe disso, nesses enfeites comemorativos da chegada da Primavera. Pelo contrário, actualmente, só na comarca de Xinhui, na província de Guangdong, muito perto de Jiangmen, uma das nove cidades que constituem a área conhecida como Grande Baía, as tangerinas são responsáveis por um rendimento anual superior a 100 milhões de yuans e cerca de 60 mil postos de trabalho.
O uso das tangerinas estende-se da culinária à medicina, passando pelo chá e bebidas espirituosas.
O uso das tangerinas estende-se da culinária à medicina, passando pelo chá e bebidas espirituosas. Mas, além da polpa, o seu principal segredo reside na casca, cujas aplicações, depois de seca, são consideradas em toda a China um verdadeiro tesouro nacional, tendo a técnica de produção sido considerada, em 2020, como parte do património intangível nacional. Contudo, já desde Outubro de 2006, que as tangerinas de Xinhui e a sua casca seca se haviam tornado produtos sob a indicação geográfica protegida. Casca seca, em chinês, diz-
-se chenpi (陳皮). Ora chen significa envelhecer/envelhecida, e pi quer dizer casca. No entanto, a fama das tangerinas de Xinhui e da sua casca seca remonta à dinastia Han de Leste (25-220). Portanto, já há dois mil anos que o fruto e a chenpi desta região de Guangdong são apreciados e utilizados por toda a China, devido ao facto de exalarem uma fragância particularmente forte e agradável. De tal modo assim era que a própria imperatriz-regente Cixi, em finais do século XIX, as aceitava como tributo vindo desta província do Sul do país. A chenpi é, pois, desde esses tempos remotos, utilizada na culinária e, sobretudo, na medicina, devido às suas múltiplas propriedades profilácticas e curativas. Assim, durante séculos a região de Xinhui tem plantado tangerinas e produzido artesanalmente chenpi, um produto que muita riqueza e fama trouxe sempre a esta área. Contudo, nas últimas décadas, acontecimentos fundamentais ocorreram e levaram a alterações importantes na sua produção e distribuição.
Como fazer chenpi e os seus tipos
O
processo de fabrico do chenpi é uma arte milenar. Ao todo, são necessários 20 quilos de tangerinas frescas para fazer 1 quilo de chenpi. Quando as tangerineiras frutificam, alguns dos frutos da árvore são colhidos enquanto ainda estão verdes. Isto permite que os restantes frutos recebam mais nutrientes. Os frutos são parcialmente colhidos à medida que adquirem uma cor alaranjada. Finalmente, permite-se que os melhores frutos amadureçam até atingirem uma cor avermelhada, sinal de que que receberam mais nutrientes. Nada é desperdiçado pois os frutos verdes e cor-de-laranja são utilizados para fazer chenpi de grau inferior, enquanto os frutos avermelhados destinam-se a chenpi vermelho, considerado superior. Assim, existem três tipos de chenpi, de acordo com as diferentes fases de maturação: verde, laranja e vermelho. A pele do fruto é cortada e removida numa casca de uma só peça, como uma flor de 3
pétalas. A pele da tangerina tem cerca de 1mm de espessura nesta fase. Depois é seca ao sol durante 5 - 6 dias. As cascas secas ao sol são embaladas em recipientes herméticos, mantidas num local fresco e seco e trazidas para o sol uma só vez por ano. Mesmo o chenpi de grau mais baixo requer pelo menos três anos de armazenamento e exposição ao sol. Quanto mais antigas forem as cascas, melhor, pelo que acontece existirem cascas com mais de 50 anos Os chenpi com 3 anos de idade ainda têm uma fragrância cítrica. Com 10 anos de idade adquirem uma fragrância de madeira envelhecida. A partir dos 30 anos de idade exalam uma fragrância medicinal. Somente o chenpi vermelho melhora com uma idade superior a 10 anos; o chenpi verde e laranja não. A pele do chenpi vermelho é dura, muito fina, tornando-se mais fina com a idade. Quanto mais tempo se mantém o chenpi vermelho, mais perfumado se torna.
Mudam-se os tempos... Ora, como se sabe, desde os anos 80 anos do século passado, que a China entrou num processo de reformas económicas e sociais que alterou substancialmente o país, impulsionando de modo dramático o seu desenvolvimento e modernização. Na linha da
Da medicina tradicional à contemporânea
S
EGUNDO uma publicação do académico e médico Mei Quanxi, sobre a aplicação e estudo de chenpi, a casca seca da tangerina contém dezenas de tipos de óleos essenciais e flavonoides, variando com tempo de seca ao sol. Estes produtos desempenham funções positivas no sistema cardiovascular, favorecem a imunidade e são antioxidantes, entre outras propriedades. Uma caraterística da chenpi de Xinhui é que possui mais tipos destes óleos e flavonoides. Desde dinastia Han que existem registos sobre o uso da chenpi na medicina. Na dinastia Ming, Li Shizhen, um médico famoso, escreveu no seu Compêndio de Matéria Médica que “a chenpi é adequada para os órgãos internos e trata todas as doenças”. “A pandemia do covid-19 tornou a chenpi de Xinhui ainda mais conhecida, porque três prescrições da medicina chinesa tradi-
cional, publicadas pela Comissão Nacional de Saúde da China para tratar o COVID-19, incluem a chenpi. O epidemiologista Zhong Nanshan (um famoso médico chinês, que chefiou a Associação Médica da China de 2005 a 2009, e que teve um papel importante no combate à SARS) também se referiu à chenpi de Xinhui,” disse Ou Baiyu, director-geral da Jiangmem Palace Internacional Food. A empresa Xin Bao Tong Chen Pi também entrou na área médica com os produtos de chenpi, produzindo bebidas enzimáticas e pílulas na área da medicina tradicional chinesa. A ideia das bebidas enzimáticas surgiu pelo facto que a polpa da tangerina não ser consumida. Em 2017, foi inaugurado o parque biotecnológico da empresa, com um valor total de 3,8 milhões de yuans, possuindo máquinas que descascam a pol-
pa, extraem sumo e o fermentam. Segundo a apresentação, as bebidas enzimáticas de chenpi podem aliviar os nervos e apoiar o peristaltismo do estômago. Mas, ainda que a chenpi tenha resultados medicinais tradicionalmente reconhecidos, o presidente da associação, Chen Baizhong, defende que é preciso que a chenpi corresponda às exigências contemporâneas. “Passaram cinco anos até que a Farmacopeia da República Popular da China, aprovasse a Guang Chenpi (chenpi de Xinhui), na lista de normas médicas. Tal só aconteceu em Dezembro de 2020. Esse procedimento decorreu desde 2007. Durante 13 anos, estudámos a chenpi de Xinhui e foram publicados mais de 20 estudos para apresentar à Comissão da Farmacopeia as suas funções. Finalmente entrou na lista da Farmacopeia da República Popular da China”.
REPORTAGEM 5
frente destas mudanças esteve sempre a província de Guangdong e, logo, tal movimento em frente não podia deixar de se fazer sentir num dos seus produtos mais prestigiados, a chenpi. Impulsionada pelo próprio governo de Xinhui, a produção de chenpi também acompanhou os tempos, entrando decisivamente num momento de modernização e expansão comercial. Segundo Wu Gurong, chefe da Aldeia de Chenpi de Xinhui, tudo começou em 2003, quando o governo local resolveu investir no desenvolvimento industrial, com o objectivo de reduzir a pobreza e revitalizar as zonas rurais. “Até então, as indústrias não podiam ser mercado e transformar os produtos agrícolas. Nós fomos a excepção”, explicou, ao mesmo tempo que defende que tal não podia ter acontecido se não tivessem existido os apoios políticos necessários. Em 2013, foram investidos mais de 100 milhões de yuans na fundação desta Aldeia da Chenpi, que veio a transformar-se num gigantesco complexo de produção, comercialização e divulgação do produto. Wu Gurong, que até então se dedicava a negócios de importação-exportação, resolveu então entrar de corpo e alma neste projecto. Contudo, nem tudo foram rosas. “Nós não tínhamos experiência e esse foi o principal problema. Não sabíamos como desenvolver o nosso negócio. Então, visitámos diversos lugares
hojemacau.com
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
GRANDE BAÍA
6 REPORTAGEM
MARÇO 2022
Favorita no prato
A
chenpi é utilizada na cozinha asiática há centenas de anos. As cascas de tangerina seca têm uma fragrância e sabor agridoce que há muito apaixona o paladar dos asiáticos. A sua fragrância subtil é, sobretudo, utilizada para realçar as refeições.
hojemacau.com
Para um artigo alimentar tão comum na cozinha asiática, seria de esperar que tivesse um sabor doce. No entanto, a chenpi tem um sabor distintamente amargo. Contudo, se fervidas, as cascas dissolvem-se, largando uma fragrância doce no prato. Por exemplo, a adição de chenpi à sopa de pato deixará a fragrância mesmo no interior do animal. Também se pode combiná-la com outras frutas desfeitas para dar um sabor agridoce único e distinto. A chenpi pode ser adicionada à comida como pó, em molho de salada, ou usada como marinada, além de também poder ser utilizada na água quando se coze arroz ou quinoa. A chenpi, porque ajuda a digestão, é presença comum em sobremesas. O Festival da Chenpi é uma mostra de várias cozeduras tradicionais com casca de tangerina seca. Aí são preparados pratos como o camarão chenpi e o pato guisado chenpi, entre muitos outros. A chenpi é ainda utilizado no estilo cantonês de peixe cozido ao vapor, guisados, sopas, etc., onde confere uma assinatura de sabor e aroma doce ao prato. O mesmo sabor e aroma estão presentes sopa de feijão vermelho ao estilo cantonês e outras sobremesas quando a chenpi é usada. O chenpi é também utilizado em pratos pós-natais para apoiar a recuperação da mãe lactante.
para obter essa experiência. Fomos ao Japão, a Taiwan e aos EUA. Finalmente, decidimo-nos pela plantação, fabrico, armazenagem e pesquisa, além do desenvolvimento do turismo cultural. Na nossa opinião, todos estes laços são inseparáveis”. Além de decidir sobre como deveria proceder ao desenvolvimento do projecto, Wu Guorong conta que ainda assim subsistiam problemas como a existência de capital suficiente, uniformização e negociações com os agricultores. Desde 2011 que o governo local organiza, bienalmente em Xinhui, um Festival Cultural de Chenpi, no qual a Associação das Indústrias de Chenpi assume um papel funda-
mental. “Além da cerimónia da abertura, realizamos sempre uma conferência de imprensa e o lançamento de novos produtos durante o festival”, disse Cen Weibin, o presidente da associação. Criada em 2002, a associação tem como objectivo consolidar a produção, servir os sócios, divulgar a cultura de chenpi e incentivar o seu desenvolvimento industrial. Actualmente, o organismo conta com 326 sócios, que trabalham na cadeia industrial de chenpi. Para além disso, na área financeira, Cen Weibin afirma que, em 2019, a associação cooperou com o Banco Comercial Rural de Jiangmen, no sentido de proporcionar empréstimos destinados aos agri-
O uso das tangerinas estende-se da culinária à medicina, passando pelo chá e bebidas espirituosas.
cultores. Estes podem conseguir empréstimos na banca, através da hipoteca da sua futura produção. Um ramo em Macau Em 2018, a empresa Xin Bao Tong Chen Pi, de Jiangmen, uma das mais importantes na comercialização dos produtos relacionados com a chenpi, estendeu os seus negócios a Macau, fundando aqui uma sucursal. Chen Baizhong, o presidente da empresa, explicou a razão que o levou a dar esse passo: “Uma importante fatia da população de Macau tem origem em Jiangmen, incluindo Xinhui, senão mesmo a maioria. Todos os anos,
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
REPORTAGEM 7
A fruta do Ano Novo Chinês
A
sucursal em Macau ao invés de o fazer em Hong Kong”. Do passado para o futuro
VAI UM CHAZINHO DE TANGERINA? Entre outros produtos, tal como bolo lunar, bolachas e o baijiu (vinho chinês), a chenpi é muito utilizada como aditivo em chás, para melhorar o sabor e exercer as suas funções terapêuticas. A chenpi pode combinar com seis tipos de chá, mas o seu melhor desempenho é, segundo os especialistas, quando misturada com Pu-erh. "No entanto, descobrimos que o efeito da casca de tangerina com chá preto ou com chá branco é também muito bom”, revela Zhong Lijuan, da empresa Xin Bao Tong Chen Pi. Quem visita Xinhui encontra uma enorme quantidade de marcas de chás, embalados em fascinantes caixas, que utilizam a chenpi. O que se torna difícil é saber qual escolher.
estes conterrâneos voltam cá para prestarem homenagem aos antepassados, sobretudo durante o Festival Qingming (no qual se presta homenagem aos familiares falecidos). Eles compram sempre chenpi e, frequentemente, pediam-me para estabelecer uma loja em Macau, na medida em que assim seria muito mais convenientes para os que gostavam de comprar e consumir chenpi”. Ele assim fez. E não está arrependido. “Outro dos meus objectivos é usar Macau como plataforma para apresentar a chenpi de Xinhui, porque Macau tem um papel importante no mercado internacional”. Chen Baizhong adianta que já criou muitos
meios de venda na área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, mas sublinha que a nossa cidade ainda tem um papel de destaque quando se pretende atingir mercados estrangeiros. “A posição de Macau ajuda-nos afazer com que os nossos produtos sejam divulgados em todo o mundo. É diferente das outras cidades da Grande Baía, cujo mercado é a China continental. Macau é uma cidade turística mundial e multicultural, por isso queremos divulgar a cultura gastronómica da chenpi de Xinhui usando Macau como plataforma” explicou Chen Baizhong. E remata: “Temos confiança em Macau. Por isso, a empresa deu prioridade à fundação da
A chenpi tornou-se assim num bom exemplo de como um produto tradicional pode ser reaproveitado, através de novos procedimentos, nomeadamente da modernização de processos industriais e novos de métodos de marketing. Para elevar o valor da chenpi, Ou Baiyu, director-geral da Jiangmem Palace Internacional Food, aposta no fabrico para o desenvolvimento a longo prazo. “A chenpi de Xinhui tinha poucas utilizações no passado, principalmente na medicina ou em sopas. Se os produtos agrícolas não forem industrializados, o seu valor dificilmente será aumentado,” explicou. E, de facto, nos últimos anos assistiu-se a uma importante modernização dos processos industriais de tratamento da produção e tratamento da chenpi, o que veio possibilitar maior qualidade no produto final e uma extensa lista de utilizações posteriores. Por outro lado, o aumento do consumo também tem satisfeito os produtores agrícolas que assim têm possibilidade de escoar as suas colheitas. Ou Baiyu congratula-se, sobretudo, pelos resultados obtidos este ano. “O vo-
Quando se trata de ditados populares chineses do Ano Novo como gat coeng jyu ji (吉祥如意, "Auspicioso, tudo acontece de acordo com a vontade de cada um "), daai gat daai lei (大吉大利, "Muito auspicioso e suave"), ou gat sing gou ziu (吉星高照, "A estrela auspiciosa que brilha no alto"), as pessoas por vezes substituem o primeiro caractere por um que representa uma tangerina. Ilustrações de tangerinas podem até substituir o primeiro caractere nas folhas fai chun (揮春), que são decorações coladas nas portas durante o período do Ano Novo chinês. É também tradicional, entre as gerações mais velhas, dar tangerinas às crianças e levá-las quando visitam casas de familiares e amigos.
lume de negócios do primeiro trimestre já alcançou o volume de negócios de todo o ano passado. Desde a pandemia que a população se foca mais na saúde e na manutenção da boa forma física. Então, a chenpi corresponde a estes desejos. Sobretudo, a população que dispõe de uma melhor qualidade da vida, procura sempre os melhores produtos”, justificou.
Em Xinhui, o valor da chenpi também depende da sua idade. O processo de seca da casca ao sol leva pelo menos três anos. Um ditado popular afirma que “um tael de chenpi é igual a um tael de ouro e chenpi de cem anos é melhor que milhares de taéis de ouro”. A tangerina e a sua chenpi representam assim um dos “valores dourados” da Grande Baía e de toda a China.
Este nome "tangerina"...
A
S tangerinas têm a sua origem na China, tendo sido levadas para a Europa pela mão dos portugueses, no século XVI, depois de se terem estabelecido em Macau. Na altura, o melhor local para o seu desenvolvimento era uma colónia portuguesa no norte de África, a cidade de Tânger. Daí que estes frutos também conhecidos por laranjas mandarinas, por terem vindo da China, muito apreciadas na corte real lusitana, terem sido baptizadas de tangerinas, como referência à cidade marroquina onde eram produzidas. Quando a princesa Catarina de Bragança casou com o rei de Inglaterra, em 1662, levou este consigo este fruto, bem como o chá chinês que passou a ser uma bebida de referência nas ilhas britânicas.
hojemacau.com
O marcarem o início de um novo ano lunar, famílias e comerciantes de Macau e, em geral, do Sul da China, compram vasos de tangerinas para decoração e para dar sorte. Mas por que razão estes citrinos nos protegem da má sorte e nos proporcionam abundância ao longo do ano que entra? Será talvez pelo facto de serem brilhantes, quase douradas, sinais de alegria e de riqueza. De facto, as tangerinas têm glândulas oleosas que dão à sua pele fina uma camada brilhante que as fazem parecer especialmente glamorosas. Também o facto de serem numerosas nos ramos poderia indiciar um símbolo de prosperidade. Mas as coisas não se ficam por aqui. Estas tangerinas há muito que são um fruto extremamente apreciado. Na corte imperial, era até oferecido como homenagem aos visitantes. Durante a dinastia Han chegou mesmo a existir uma espécie de ministro das tangerinas, para as escolher e apresentar à realeza. Mas, como acontece muitas vezes na cultura chinesa, também estamos perante um jogo de palavras. Em cantonês, tangerina diz-se gat zi (桔子). Ora a pronúncia de gat (桔) é a mesma que gat (吉, "bons auspícios"). Logo, além da sua aparência e história real, as tangerinas trazem consigo a conotação de trazer boa sorte.
GRANDE BAÍA
8 ZHUHAI
MARÇO 2022
Jiuzhou Blue Seajet adquire 40 por cento da Jinwan Aulong
A
ALTA TECNOLOGIA Centro de Zhuhai sobe dois lugares nos ranking nacional
hojemacau.com
Para a frente é o caminho
A Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia de Zhuhai subiu ao 17.º lugar do ranking, entre as 157 avaliadas pelo Centro Nacional de Desenvolvimento da Indústria de Alta Tecnologia A ZONA Nacional de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia de Zhuhai subiu ao 17.º lugar do ranking das das Zonas Nacionais Hi-Tech, de acordo com o ranking de 2021 do desenvolvimento tecnológico nacional. O ranking é elaborado pelo Centro de Desenvolvimento da Indústria de Alta Tecnologia da Tocha, um instituto estatal criado em 1988, com o objectivo de promover o desenvolvimento das tecnologias de ponta no Interior. A designação “tocha” está relacionado com o logótipo do instituto que remete para um tocha, que ilumina o caminho do desenvolvimento.
A avaliação anual incidiu em 157 zonas nacionais de alta tecnologia em termos de capacidade de inovação, actividade empresarial, optimização estrutural, cadeias de valor industrial, desenvolvimento verde, abertura e inovação, bem como competitividade global. A zona de Zhuhai alcançou o 15.º lugar em termos da capacidade de inovação e actividade empreendedora; 20.º em optimização estrutural e cadeias de
valor industrial; 27.º em desenvolvimento verde e abertura e inovação, e 15.º em qualidade global e inovação sustentável. Ainda no ano passado, e numa altura em que a contabilidade ainda não está totalmente fechada, prevê-se que as receitas operacionais na Zona de Alta Tecnologia de Zhuhai aumentem 8 por cento em relação ao ano anterior para 345 mil milhões de yuan, enquanto o PIB do seu parque
A zona de Zhuhai alcançou o 15.º lugar em termos da capacidade de inovação e actividade empreendedora
principal em Tangjiawan deve aumentar 9,7 por cento para 30,62 mil milhões de yuan. Mais valor acrescentado As boas notícias, segundo os dados oficiais, estendem-se ao valor acrescentado, que subiu 20,9 por cento para 12,1 mil milhões de yuan, enquanto que o seu investimento em activos fixos subiu 10,5 por cento para 27,6 mil milhões de yuan. Além disso, o rácio da despesa local em I&D no PIB da zona deverá atingir 8 por cento. Em relação ao ano passado, a zona emitiu 4.016 patentes, um aumento de 15,5 por cento. Ao mesmo tempo, o número de patentes de invenção válidas cresceu 25,4 por cento para 3.671. A zona acolheu 103 empresas de alta tecnologia em 2021, aumentando o número total para 1.136, o que representa 55 por cento do total da Zhuhai. O número total de instituições provinciais de I&D cresceu para 17, com quatro recém-chegadas. Após serem conhecidos os resultados, as autoridades de Zhuhai destacaram os fundos especiais criados por empresas como a Huawei, JaFron Biomedical e o Instituto de Zhuhai de Tecnologia Avançada. Estes fundos serviram para a impulsionar o desenvolvimento local e resultaram em 200 milhões de yuan, só na primeira fase.
Jiuzhou Blue Seajet, uma subsidiária da empresa estatal Jiuzhou Holdings Group, chegou a acordo para comprar 40 por cento do capital da empresa Jinwan Aulong Shipbuilding. O acordo foi assinado a 28 de Fevereiro e tem como objectivo aproveitar as sinergias entre o serviço de transporte de passageiros e a vertente da construção naval. Os montantes do negócio não foram divulgados. Segundo um comunicado das autoridades locais, as duas empresas têm vindo a cooperar há vários anos, com a Aulong a ter sido a responsável pela construção de nove navios de luxo da Jiuzhou Blue Seajet.
Esta empresa tem como principal actividade o transporte marítimo e conta com a “maior frota de barcos de alta velocidade para o transporte de passageiros” da China. Com mais de 100 navios, incluindo mini cruzeiros e iates, a Jiuzhou Blue Seajetm assegura várias ligações marítimas de ferry entre Zhuhai, Shenzhen, Macau, e Hong Kong. Nos últimos anos, o âmbito dos negócios foi ainda alargado a Changsha da província de Hunan, Sanya de Hainan, e Taizhou de Zhejiang. Por sua vez, a Aulong Shipbuilding é uma subsidiária da Jianglong Shipbuilding com sede em Zhuhai. É uma empresa cotada e uma das primeiras das mais avançadas no segmento da construção naval. Líder no sector, a Aulong também promoveu aposta na venda de embarcações ao longo da Iniciativa Uma Faixa Uma Rota, assim como junto de outros países.
AEROPORTO COM NOVA ÁREA DE ESTACIONAMENTO A Zona 3 de Estacionamento do Aeroporto de Zhuhai passou a fase de inspecção e vai disponibilizar um espaço para mais 10 pontes de acesso às aeronaves. O anuncio foi feito no início deste mês, pelas autoridades locais. A construção da zona de estacionamento começou a 1 de Junho de 2020 e foi concluída
em 14 de Dezembro de 2021. As instalações cobrem 13.686 m2 em pavimento reconstruído, uma nova pista de táxi de 17.000 m2, uma linha limite de 1.906 m2, bem como as correspondentes luzes de navegação, equipamentos de combate a incêndios, segurança, e instalações de monitorização. A área
de 200.000 metros quadrados foi convertida em zona estacionamento, quando anteriormente fazia parte da zona exterior do Zhuhai Airshow Center. A transformação implicou um investimento de 50 milhões de yuan. O Aeroporto de Zhuhai tem agora 23 pontes de acesso a aeronaves, em três zonas distintas de estacionamento.
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
SHENZHEN 9
Presença do grupo Soulfato na cidade das startups
Imobiliário e companhia
SAÍRAM DA capital chinesa, Pequim, para uma das cidades mais promissoras do sul da China e uma das integrantes do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O grupo Soulfato, liderado por Nuno Batista, e com uma larga experiência na área da consultoria de investimentos e imobiliário, tem escritórios em Shenzhen, Macau e Portugal, e é um dos exemplos das oportunidades que a Grande Baía pode trazer. “Queremos promover e estimular investimento chinês em Portugal e queremos trazer as empresas e pessoas a expandirem-se no mercado chinês. Uma das razões pelas quais mudámos de Pequim para Shenzhen foi porque esta cidade é a grande cidade de startups da China onde existem muitas
políticas locais e onde o Governo promove muito a incubação de projectos.” Neste sentido, o empresário considera que “fazia sentido” deixar Pequim e apostar no trabalho “com a comunidade
“A Grande Baía pode educar as empresas e empresários sobre como podem implementar um projecto na China”
de startups”. Em Shenzhen o grupo Soulfato opera um centro de negócios e um espaço de co-working. “Fazemos serviços de contabilidade, aconselhamento legal, incorporação de empresas e todo o planeamento estratégico de um projecto para o mercado asiático”, adiantou. Nuno Batista não tem dúvidas de que a Grande Baía é “um projecto de extrema importância” e uma zona do país onde, neste momento, “tem mais recursos económicos e oportunidades”. Além disso, a Grande Baía ajudou também à criação de plataformas comerciais e de contactos empresariais, como é o caso da constituição de asso-
ciações ou câmaras de comércio entre Portugal e a China. Uma questão de uniformização Nuno Batista defende que, neste momento, a Grande Baía e as autoridades das nove cidades que a compõem aceleraram o processo de desburocratização para quem faz negócios. “Já existem bastantes processos que estão mais uniformizados e abertos dentro das cidades da Grande Baía, como os códigos das empresas ou os sistemas aduaneiros para a importação e exportação. A China tem feito essa dinamização de forma
bastante rápida e cada vez mais vai ser assim.” Questionado sobre a capacidade económica de empresas portuguesas de investir nesta zona, Nuno Batista acredita que esse ponto não é o mais importante, mas sim “perceber como se pode entrar no mercado chinês de forma eficiente”. “A Grande Baía pode educar as empresas e empresários sobre como podem implementar um projecto na China, porque é completamente diferente do ponto de vista das marcas e de comunicação, do contacto com o cliente. É um mercado grande, de nove cidades”, concluiu. Andreia Sofia Silva
Por um Centro de Ciência e Educação
W
ANG Wenyin, membro do Conselho Consultivo Política do Povo Chinês por Cantão e presidente do conselho do Amer International Group, propôs a construção de um Centro Internacional de Ciência e Educação em Xili, em Shenzhen. Segundo Wang, o local tem todas as características para se afirmar como um centro de ciência e inovação no contexto da Grande Baía. Actualmente, a cidade educativa de Xili, no Distrito de Nanshan, alberga o Laboratório Pengcheng, o Instituto de Tecnologia Avan-
çada de Shenzhen, que pertence à Academia Chinesa de Ciência, a Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, e a Universidade de Shenzhen. Porém, o responsável reconheceu alguns desafios, como a falta de oferta na área de algumas tecnologias nucleares, e a definição de metas pouco ambiciosas ao nível das áreas científica e tecnológica, pelo que pediu uma mudança de mentalidades. Neste sentido, Wang sugeriu que, sob a liderança do Ministério da Ciência e Tecno-
logia, os governos provinciais e municipais aproveitem todo o potencial do Laboratório Pengcheng, ao mesmo tempo que construem mais laboratórios-chave e integrem os recursos na investigação de novas tecnologias. O conselheiro político propôs também que o Governo Central lidere o projecto da cidade da educação, de forma a que seja possível responder às necessidades do desenvolvimento nacional em áreas como a biomedicina, inteligência artificial, veículos inteligentes e circuitos integrados.
hojemacau.com
É na cidade de Shenzhen que o grupo Soulfato escolheu posicionar-se para dar uma resposta a empresas e investidores portugueses e chineses, na área do imobiliário, mas não só. Nuno Batista, que tem uma experiência de 15 anos na China, assegura que a Grande Baía é, neste momento, um projecto que pode educar empresários portugueses em prol de um acesso mais eficiente ao mercado chinês
hojemacau.com
10 ENTREVISTA
GRANDE BAÍA
MARÇO 2022
Apesar de haver arestas por limar, Jorge Neto Valente considera que a Grande Baía tem o mercado e a mão-de-obra que Macau precisa. Aos empresários que têm medo da concorrência do outro lado da fronteira lembra que há espaço para todos sobreviverem e que Hengqin, onde explora um restaurante Portugália, é um bom ponto de partida para entrar no mercado chinês. Macaenses e portugueses serão essenciais para “ligar as empresas chinesas aos países de língua portuguesa”, considera Em que fase está o desenvolvimento do projecto da Grande Baía? A Grande Baía é um projecto em curso e é sempre bom recordar que estas baías mundiais são sempre um processo evolutivo em que apenas o local está definido. O Silicon Valley, por exemplo, também está a evoluir consoante os tempos. Creio que a Grande Baía aqui de Cantão, se fosse uma pessoa, estaria na pré-adolescência e teria mais ou menos 12 anos. Acredito que o Governo já definiu as funções, mas resta agora à parte empresarial desenvolver todo o ambiente económico e social para esta Baía se assumir como uma das grandes baías a nível mundial. O que é preciso para que o projecto da Grande Baía se concretize na sua plenitude? Julgo que os Governos locais e o Governo Central podem intervir até certo ponto, mas depois terão que ser os residentes e a mão-de-obra que é importada, a definir aquilo que vai ser a Grande Baía, no futuro. Por exemplo, Macau sempre foi um pólo do jogo e lazer mas vimos que, nos úl-
timos dois anos, houve uma grande queda do sector e a diversificação é agora incutida às empresas e às pessoas por uma questão de sobrevivência. O Governo sempre apelou à diversificação, mas até haver uma crise as pessoas estavam muito cómodas e não tinham vontade de diversificar para uma coisa que lhes iria dar, provavelmente, um retorno mais pequeno e implicar um esforço maior, a juntar a um elevado grau de incerteza. Com a actual crise, as pessoas são forçadas a diversificar. Agora, para onde vamos diversificar? Sabemos que Macau é um mercado muito pequeno, onde não há mão-de-obra suficiente nem qualificada em grandes quantidades. Por isso, precisamos de olhar para o lado e aquilo que está mais perto de nós é a Grande Baía. A Grande Baía tem o mercado que precisamos, pois estamos a falar de quase 100 milhões de habitantes, a juntar a todos aqueles que vêm de fora. É uma área que tem nove cidades e duas regiões com estruturas muito bem definidas, com Hong Kong a ser o pólo financeiro e Shenzhen a estar ligada à alta tecnologia. Temos também Macau que agora, além
do lazer, é definida como centro turístico e plataforma de ligação entre os países de língua portuguesa e a China. Cada cidade tem as suas funções mais ou menos definidas pelo Governo, mas isso não quer dizer que as pessoas não possam inovar e inventar outras. Mas, pelo menos, já temos as directivas feitas e quem está em Macau pode muito facilmente entrar na Grande Baía e fazer carreira ou abrir a sua empresa, não havendo os problemas que há em Macau. A Grande Baía ainda tem uma grande vantagem ao nível da mão-de-obra, pois toda a China pode ir para lá
“Creio que a Grande Baía (…) se fosse uma pessoa, estaria na pré-adolescência e teria mais ou menos 12 anos”
trabalhar e há recursos humanos qualificados desde que os consigamos atrair. Por último, temos Hong Kong e Macau como janelas para os estrangeiros que querem vir para a Grande Baía. Ou seja, há muita coisa aqui que pode ser feita e há muitas oportunidades. Claro que vai haver muita concorrência, o que constitui um risco muito grande, mas também sabemos que, especialmente as pessoas de Macau, não estão preparadas para a grande concorrência que existe, porque sempre estivemos num ambiente mais protegido. Entrando na Grande Baía essas facilidades ficam automaticamente niveladas para todos. Mesmo que o Governo de Macau ou o Governo local ofereçam incentivos para os residentes, a concorrência é tão grande que os incentivos servem só para ajudar. Para sobreviver é mesmo preciso ser-se melhor que os outros. Existe muito receio por parte dos empresários de Macau de apostar na Grande Baía por causa da concorrência? Alguém realista sabe que a concorrência é muito feroz na China. Até em Hong Kong
JORGE NETO VALENTE, EMPRESÁRIO
“Temos de saber jogar com as nossas vantagens” é muito mais feroz do que em Macau. Nós, os empresários de Macau, sabemos que crescemos num ambiente muito protegido e que tínhamos muitas facilidades. Indo para o Interior da China não existe essa protecção. Por um lado, é o medo que todos têm de entrar na China, mas, por outro, digo sempre que não se deve pensar só na concorrência porque o mercado é tão grande que há espaço para todos sobreviverem, melhor ou pior. O retorno pode ser tão grande que pode valer a pena entrar na Grande Baía, mesmo falhando. Pode partilhar a sua experiência em termos de negócios desenvolvidos na Grande Baía? Um bom exemplo é o Restaurante Portugália que abrimos em Hengqin. Estávamos com receio que a comida portuguesa não fosse bem aceite na China, até porque se trata de um franchise sem adaptações ao gosto local. Por isso, queríamos estar perto para ser um meio termo. Na altura, ainda não sabíamos que o Governo ia anunciar o projecto de cooperação aprofundada em Hengqin, mas já achávamos
que basta dar um pequeno passo, dado que a Portugália já existe em Macau. O que conseguimos foi, aos poucos, arranjar fornecedores de cerveja portuguesa, bacalhau, etc. que não existiam. Foi uma coisa que fizemos para habituar a nossa equipa e a marca ao resto da China. Depois há outros projectos que fiz, não de restauração, e que passaram por estabelecer cooperações com empresas chinesas para possibilitar a sua ida para países de língua portuguesa.
“Tudo o que implica assuntos relacionados com Macau e Zhuhai e questões transfronteiriças, demora sempre semanas”
que esse seria o primeiro ponto para se fazer a adaptação [para entrar no mercado chinês]. Era mais fácil Portugal suportar-nos e mais fácil para nós podermos fazer as mudanças necessárias, antes de expandirmos para outros locais. Até agora, a experiência tem decorrido dentro das nossas expectativas, pois já sabíamos que íamos enfrentar problemas, mas estamos a conseguir resolvê-los. Às vezes estamos a falar de coisas pequenas, ao nível dos costumes. Por exemplo, como é que as pessoas se querem sentar ou como devemos servir as refeições. Não estamos a adaptar a comida em si, mas sim pequenas coisas que não mudam o carácter do restaurante nem a qualidade da comida.
De que tipo de cooperações estamos a falar? Eles veem que Macau é uma boa janela e vêm para cá arranjar parceiros. Estas cooperações podem ir da simples venda de produtos, que é uma coisa bastante fácil, até projectos de levantamento de necessidades para construir um porto ou participar em concursos públicos desses países. É um leque bastante abrangente. Temos tido sorte porque a pandemia trouxe muito mais empresas chinesas que querem, através de Macau, projectar-se para os países de língua portuguesa. Isto, porque [devido à pandemia] existem hoje muitos constrangimentos à livre movimentação de pessoas e é quase impossível ir para os países de língua portuguesa. Por isso, o que acontece é que eles preferem ter alguém de Macau que contacte o país em questão na língua nativa e com conhecimento de causa, do que estarem, por exemplo, a ligar para o Brasil a perguntar por determinado projecto. É por isso que eles agora vêm muito a Macau procurar parceiros. Existe também outra agravante para a zona vizinha que é o facto de muitas empresas estatais de grande dimensão, que antes iam para Hong Kong por ser um centro financeiro, mesmo para iniciar negócios com países de língua portuguesa, terem arranjado uma alternativa que passa por Macau. Até porque, actualmente, para se ir a Hong Kong é preciso fazer quarentena. Por isso, é que nós temos tido mais pedidos de informação e parcerias. Paralelamente, a pensar no futuro, eles querem, como houve uma grande instabilidade política em Hong Kong, ter duas alternativas em vez de apenas uma.
Por quê começar por Hengqin? Entrar no mercado chinês era uma experiência pela qual nunca tinha passado e eu próprio tive medo de entrar. Se fosse em Guangzhou, por exemplo, não saberia tão bem como proceder, nem tinha tanto suporte da Portugália a partir de Portugal, porque eles não iriam conseguir chegar lá tão facilmente. Hengqin é mais fácil, por-
Após a pandemia as cooperações vão continuar a passar por Macau? Penso que depois da pandemia e da abertura das fronteiras entre Hong Kong e a China, muitas destas empresas e investidores que querem ir para novos mercados, vão ficar em Macau. Nós sabemos que a Plataforma de Macau está definida há quase 20 anos, mas a verdade é que
ENTREVISTA 11
continuamos a ter problemas pequenos e muita coisa parece que é feita como se fosse a primeira vez. Abrir uma conta bancária para certos fins demora um mês, enquanto que em Hong Kong demora apenas um dia. Ainda assim, tem havido uma evolução boa e são estes custos de tempo e de mão de obra que as empresas metem sempre nos seus cálculos. Se eu sei que abrir uma conta em Hong Kong demora um dia e em Macau demora um mês, escolho ir para Hong Kong. Outro problema é abrir a empresa, já que o processo é mais moroso quando há sócios do Interior da china. Há várias etapas sobre as quais, quem está habituado ao mercado internacional, pergunta sempre porque é que em Macau tudo demora tanto tempo. Nós respondemos que estamos ainda a começar e que as coisas vão melhorar. Acredito que vamos conseguir diminuir uma grande parte desse tempo, mas se calhar nunca vai ser igual a Hong Kong. Quais os principais constrangimentos que ainda existem para que um empresário que queira investir na Grande Baía? Na Grande Baía ainda existem muitos problemas. Quando abri o restaurante em Hengqin, as coisas que eram puramente tratadas no Interior da China, foram muito rápidas. Mas tudo o que implica assuntos relacionados com Macau e Zhuhai e questões transfronteiriças, demora sempre semanas. Por exemplo, transferências bancárias pré-aprovadas, podem levar 15 dias até serem concluídas. São assuntos que vão ter que ser afinados e polidos à medida que as coisas forem evoluindo. Quando chegarmos à integração total e virmos que é fácil fazer transferências de Macau para Hengqin ou Jiangmen, aí sabemos que já atingimos a maturidade.
“A pandemia trouxe muito mais empresas chinesas que querem, através de Macau, projectar-se para os países de língua portuguesa” Neste momento já é mais fácil fazer uma transferência entre Macau e Hengin do que para outro local no Interior da China? É mais ou menos igual. Nem Hengquin está mais integrado com Macau nesse aspecto, nem as regiões do Interior da China estão mais integradas com Hengqin. Ainda estamos numa fase preliminar. Depois existe outro problema. Se virmos bem, porque é que os Governos locais dão mais incentivos numa primeira fase? Porque sabem que existem custos extra relacionados com o facto de estar tudo a ser feito pela primeira vez. Acho que os incentivos, não servem só para atrair as pessoas, mas também para cobrir esses custos e limar (Continua na página seguinte)
hojemacau.com
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
12 ENTREVISTA
GRANDE BAÍA
hojemacau.com
essas arestas. Os incentivos claro que cobrem esses custos e, às vezes, até são mais, mas [a burocracia] é chata. Qual a real importância da criação da zona de cooperação aprofundada em Hengqin para limar essas arestas? Creio que Hengqin é uma experiência, diria, inédita, pelo menos na China. Podemos pensar um pouco no facto de existirem na Europa regiões como Andorra, Gibraltar ou o Mónaco. Hainão, na China, também é um caso interessante, definido para ser um centro internacional para convenções e negócios, onde vai haver uma livre circulação de pessoas, divisas e produtos. A diferença é que Hainão é uma ilha e é, por isso, muito mais fácil de controlar tudo o que entra e sai. Por seu turno, Hengqin é ligada por pontes. Vimos que a circulação de veículos já é possível, pois é muito fácil e depende apenas da colocação de câmaras. Mas depois é muito difícil concretizar a livre circulação de produtos, divisas e pessoas, não sendo uma ilha. O problema disto é que se dissermos que há livre circulação de produtos de Macau para Hengqin e do resto da China para Hengqin, a Ilha da Montanha vai ser um centro de contrabando. Isto, porque em vez de vermos pessoas que levam uma garrafa de vinho nas Portas do Cerco, vamos ver camiões TIR a levar contentores de um lado para o outro. Daí que ainda não conseguem abrir, para já, a livre circulação de produtos. Se houver mesmo uma livre circulação, como é que vamos evitar [o contrabando], sem ter que fechar Hengqin para o resto do país. Em relação às pessoas é a mesma coisa. Como é que vamos deixar qualquer pessoa de Macau entrar em Hengqin sem passar por nenhuma fronteira física, se depois essa pessoa pode ir de Hengqin para o resto da China. Aí entra o problema da entrada ilegal de pessoas. No entanto, é preciso dizer que o Governo Central fez muita coisa para definir este espaço. O tempo que demora a ir de uma cidade da Grande Baía para outra foi reduzido para uma hora. Foram construídas auto-estradas e linhas ferroviárias de alta velocidade. Tudo isso está feito, são as infraestruturas mas, lá está, essa é a parte governamental. Só porque há um comboio para eu ir para o nada, não quer dizer que haja pessoas com vontade de apanhar esse comboio. Agora é preciso introduzir a parte social, ou seja fazer as pessoas irem para lá trabalhar, consumir, fazer negócios e gastar dinheiro e ter as empresas disponíveis para fazer isso tudo. Nós como residentes de Macau e os outros do lado de lá da Grande Baía, o que temos de fazer é aproveitar estas infraestruturas e directivas dos Governos e usar tudo o que nos foi diponibilizado para fazer a nossa parte. O negócio da Portugália em Hengqin está a ser uma aposta ganha? Depende dos dias. Mal haja um caso de covid-19 em Zhuhai que provoque a alteração das medidas nas fronteiras, como foi o caso em que o prazo dos testes de ácido nucleico passou a ser de 48 horas,
“Só porque há um comboio para eu ir para o nada, não quer dizer que haja pessoas com vontade de apanhar esse comboio. Agora é preciso introduzir a parte social” o negócio desceu 80 por cento. Por causa da pandemia, há muita incerteza e isso dificulta o nosso planeamento, mesmo ao nível dos recursos humanos. Mas, lá está, temos de sobreviver e seguir em frente. A nossa aposta está também ligada ao facto de haver um cinema ao lado do restaurante e antes da pandemia, todos os cinemas da China estavam cheios. Agora, com a pandemia, acho que o cinema vai falir antes de tudo o resto, pois não há ninguém que lá vá. Além disso, muitas pessoas passaram a ver filmes em casa. Quando se mudam os hábitos, depois pode ser difícil voltar atrás. Para de áreas-chave, o Governo deve definir claramente o caminho e o contributo que os empresários de Macau podem dar em Hengqin para que realmente iniciarem lá os seus negócios? Para além de estarmos num contexto bastante complicado, acho que depende daquilo que consideramos ser o patamar ideal, ao nível da intervenção do Governo. Por exemplo, no sector financeiro, que é uma parte que acarreta muitos regulamentos, seria bom definir melhor o que vai ser feito em termos de legislação para os empresários saberem o que devem fazer e não entrar em conflito directo com Hong Kong, Singapura, Shenzhen e Xangai, que são centros financeiros com bastante peso. Se fizermos exactamente igual a Hong Kong faz, Macau perde. Nem vale a pena começar, porque está acabado à partida. Mas se fizermos coisas diferentes, vamos conseguir criar aqui um centro financeiro de nicho. Por outro lado, considero que o Governo não deve ser tão detalhado noutros aspectos. Se estivermos a falar de tecnologia, por
exemplo, o Executivo não deve dizer exactamente o que as empresas devem fazer porque o Governo não é quem sabe mais de tecnologia nem faz negócio. Se formos a ver, caso fossem apenas os Governos a ditar o caminho, o Facebook, o Google e a Tencent não existiam, porque todos eles foram projectos de alto risco, que ninguém sabia como materializar e que acabaram por ter sucesso. Mas, claro, para que houvesse uma Tencent, houve 10.000 outras empresas que faliram. Portanto, em certos campos, o Governo deve dar o ambiente e as directivas, como, por exemplo, dizer "gostaria de ter um parque tecnológico" e fornecer o espaço para as empresas inovarem. Mas, talvez deva parar aí e ouvir o que é que os inovadores precisam. A dada altura, o Governo definiu que o caminho a seguir seria o sector do jogo. Será que os empresários ainda estão à espera que que exista um novo sector prioritário? De certa forma sim, mas a diversificação de que o Governo fala não é recente. Já se fala nisto há, pelos menos, 15 anos. De quem é a culpa? É de nós próprios. Nós é que não diversificámos, pois o Governo bem tentou. A Grande Baía pode ser, de facto, a “bóia de salvação” para os jovens de Macau cada vez mais qualificados e que estão a assistir a uma profunda mudança no paradigma do jogo? Penso que sim. Importa dizer que, mesmo com o antigo panorama do sector do jogo, não seria propriamente ideal dizer a um residente de Macau recém-licenciado para ir para trabalhar como croupier, pois aí não é possível fazer carreira. Claro que a fase em que estamos vai doer, mas vai forçar as pessoas a pensar melhor. Ganhar 15 mil patacas a dar cartas aos 20 anos é bom, mas receber o mesmo salário aos 50 anos e não ter uma carreira não. A Grande Baía vem dar exactamente o mercado de trabalho que essas pessoas precisam. Estamos a
“Se fizermos coisas diferentes, vamos conseguir criar aqui um centro financeiro de nicho”
MARÇO 2022
falar, não só num mercado de trabalho grande em quantidade, mas também em diversidade. As pessoas passam a ter todos os ramos à sua disposição e podem escolher se querem ser engenheiros numa fábrica, trabalhar em electrónica ou a produzir brinquedos, por exemplo. Mesmo que a competitividade seja muito grande, continuamos a ter as nossas vantagens, já que Macau tem facilidades em entrar nos mercados dos países de língua portuguesa. Desse ponto de vista estamos em vantagem em relação aos outros. Temos de saber jogar com as nossas vantagens e com o que temos. Além disso, também o conhecimento sobre a lei portuguesa é uma vantagem para ir para outros mercados. Que cidades da Grande Baía têm maior potencial de futuro? Cada cidade tem as suas vantagens e isso serve de referência para quem é de determinado ramo de negócio. Ou seja, o que quero dizer é que os empresários não podem querer ‘vender gelados a pinguins’ e ir para uma cidade fora do seu espectro de actuação. Por tabela, o meu interesse em Zhuhai está também relacionado com um projecto proposto pelo governo local de fazer um espaço cultural e de restauração baseado em Macau. É um projecto que o Governo de Zhuhai está a estudar e que considero ter muita probabilidade de seguir em frente. Por um lado, pode-se estranhar as razões para fazer isto, estando tão perto de Macau. No entanto, é uma boa solução porque, por vezes, é difícil os turistas virem a Macau e aquilo nunca vai ser exactamente igual. De certa forma, poderá servir de aperitivo para a promoção de Macau aqui mesmo à porta. Qual o papel que a comunidade macaense pode ter no desenvolvimento de Macau na Grande Baía? Diria que não só a comunidade macaense, mas também os portugueses têm um papel importante a desempenhar na construção da plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa. Dentro da plataforma, é preciso pensar que há muito por fazer além de vender latas de atum e vinho. Existe todo um leque de coisas a fazer e muito por explorar. Desde há dois anos para cá, vi muitos projectos que incluem, por exemplo, empresas chinesas que querem fazer o tratamento de lixo em Angola ou no Brasil, comprar minério, fazer barragens e pontes etc. Essas empresas chinesas dizem que, apesar de terem os projectos, não têm as pessoas necessárias. Quando sugerimos Macau, eles revelam desconhecimento. Acho que se essas empresas vierem para Macau e pegarem nas pessoas que precisam, não haverá macaenses e portugueses suficientes. Há uma carência de pontes para ligar as empresas chinesas aos países de língua portuguesa. Outras vezes eles querem pessoas para iniciar a conversação e esse deve ser o nosso papel, porque depois de um projecto arrancar e estar definido eles podem usar os seus próprios trabalhadores. Pedro Arede
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
JIANGMEN 13
CALB vai construir fábrica de baterias
COVID-19 Jiangmen arregimenta esforços para ajudar Hong Kong a lidar com surto
Mobilização na Baía Depois da mais recente vaga de covid-19 que afectou Hong Kong, a cidade de Jiangmen envolveu-se numa campanha para recolher material e donativos A CIDADE de Jiangmen mobilizou-se para promover várias acções de recolha de donativos de material de combate à covid-19. Depois do número de casos ter começado a subir em Hong Kong, em Fevereiro, a cidade do Interior mobilizou-se com organização da Frente Unida do Comité Municipal Local. No decorrer da campanha, que durou alguns dias, foram
recolhidos comprimidos da marca Liahuan Qingwen, que as autoridades do Interior dizem minimizar os sintomas da covid-19, testes PCR, testes rápidos e máscaras. Também a empresa Jiangmen Yinxing Robot Co. fez o donativo de robots que servem para desinfectar o material individual e os quartos onde estiveram pessoas infectadas. Segundo os dados oficiais, até 19 de Fevereiro, a campanha levou à recolha de material avaliado em quase 4 milhões de yuan. “Num momento crítico para Hong Kong face ao avançar da epidemia, a Câmara do Comércio de Jiangmen e as empresas locais juntaram-se e tomaram acções concretas para ajudar Hong Kong”, pode ler-se num comunicado oficial. “Estamos ansiosos para ver Hong Kong alcançar uma vitória madrugadora sobre a pandemia e podermos assistir aos desbotar das flores da primavera”, foi acrescentado. Por sua vez, a Associação de Mulheres Empresárias de Xinhui também participou no esforço e conseguiu amealhar cerca de 380 mil yuan em ma-
“Esperamos que Hong Kong possa ultrapassar o novo surto tão depressa quanto possível, e que a vida das pessoas possa regressar à normalidade” YU JIANGYING, ASSOCIAÇÃO DE MULHERES EMPRESÁRIAS DE XINHUI
terial de resposta à pandemia. “Com este gesto estamos a dar o nosso pequeno compatriota para ajudar os compatriotas de Hong Kong a enfrentarem as dificuldades”, afirmou Yu Jiangying, representante da Associação de Mulheres Empresárias de Xinhui. “Espe-
ramos que Hong Kong possa ultrapassar o novo surto tão depressa quanto possível, e que a vida das pessoas possa regressar à normalidade”, acrescentou. Ligações a Macau A campanha organizada pela Frente Unida do Comité Municipal de Zhuhai estendeu-se à RAEM, através das ligações à Associação de Jiangmen. Segundo Ian Soi Kun, presidente da associação local ligada à cidade, as pessoas de Jiangmen, Hong Kong e Macau fazem todas partes da mesma família e a situação na RAEHK “atingiu Macau e de Jiangmen no coração”. No apoio a Hong Kong através de Jiangmen, a associação com sede de Macau contou com o apoio da Associação da Amizade Ultramarina de Jiangmen-Wuyi. Esta última associação contou com a ajuda dos seus membros presentes em Hong Kong para compreender melhor as dificuldades, o material de protecção em falta e permitir direccionar os materiais recolhidos para o auxílio comum.
construtora chinesa de baterias CALB (China Lithium Battery Technology) assinou dois contratos com as cidades Guangzhou e Jiangmen para instalar duas fábricas de baterias, que terão uma capacidade anual de produção de 50 GWh. Apesar dos detalhes ainda serem escassos, uma vez que o segredo é a alma do negócio, o portal electrive.com apontou que um dos potenciais clientes para as unidades fabris é a construtora de carros Xpeg, que também tem a sede na província de Cantão. A fábrica de Guangzhou será construída em duas fases. Mas, a CALB não forneceu detalhes sobre o plano nem o calendários para a primeira fase. Quanto à unidade de Jiangmen os pormenores são menos conhecidos. A CALB possui actualmente sete unidades de produção em Changzhou, Luoyang, Xiamen, Chengdu, Wuhan, Hefei e Heilongjiang com uma capacidade de produção de 200 GWh no final deste ano. Há alguns meses, a CALB anunciou a expansão de sua capacidade de produção para inicialmente 300 GWh até 2025 e posteriormente aumentou essa meta para 500 GWh até 2025 e 1.000 GWh até 2030. A CALB também está a planear uma fábrica na Europa. A CALB é uma empresa estatal chinesa especializada na produção de baterias de lítio que servem para alimentar vários aparelhos electrónicos de telecomunicação, assim como baterias de carros. A empresa foi fundada em 2007.
TURISMO CRESCE 6,18 POR CENTO NO ANO NOVO LUNAR
O período de celebração do Ano Novo Lunar atraiu cerca de 1,8 milhões de turistas à cidade de Jianmeng, no que foi um aumento anual de 6,18 por cento, de acordo com a estatística oficial. As receitas do turismo foram de 1,1 mil milhões de yuans, no que foi considerado um crescimento de 5,02 por cento face ao Ano Lunar de 2021. O turismo termal, costeiro, rural, e nocturno foram os mais populares e as principais atracções da cidade receberam 451.000 turistas, um surgimento de 6,82 por cento. Durante as celebrações, as entidades locais organizaram vários eventos, como ópera cantonesa, festivais de música, visitas a atracções durante a noites, entre outras.
hojemacau.com
A
GRANDE BAÍA
14 HUIZHOU
MARÇO 2022
NEGÓCIOS MAIS DE 147 MIL NOVAS EMPRESAS REGISTADAS EM 2021 Ao longo de 2021, foram registadas 147.986 novas empresas em Huizhou, um aumento de cerca de 15 por cento em comparação com o ano anterior.
Seguindo desde 2012 uma política virada para a redução dos custos operacionais necessários para a abertura de novas empresas, no final de 2021, Huizhou
albergava já mais de 784 mil empresas. Para além da redução dos custos de abertura, a reforma levada a cabo nos últimos 10 anos introduziu ainda, serviços
Produção industrial superou um bilião de yuan em 2021
hojemacau.com
Uma imparável produção
one-stop, a possibilidade de tratar de processos administartivos em vários departamentos do Governo e ainda um serviço de assistência e registo online.
O Governo Municipal de Huizhou anunciou que a região ultrapassou a marca de um bilião de yuan no ano passado em termos de valor de produção industrial. Ao longo de 2022 serão realizados 193 projectos-chave ao nível da construção, num volume de investimentos de 606 mil milhões de yuan DEPOIS DE anunciarem um PIB anual de 500 mil milhões de yuan em 2021, as autoridades de Huizhou revelaram que, só em termos de valor de produção industrial, a região superou a marca de um bilião de yuan no ano passado, fazendo assim de Huizhou a quinta cidade de Guangdong a alcançar esse feito. A região está agora atrás Guangzhou, Shenzhen, Foshan e Dongguan. De acordo com um relatório citado pelo Governo Municipal de Huizhou, o total alcançado no ano passado, representa um aumento de 26 por cento (978,59 mil milhões de yuan) em relação a 2020. Segundo consta detalhado nas estatísticas do Departamento Industrial e Tecnológico de Huizhou, o investimento industrial na cidade foi de 98.305 mil milhões de yuan, representando um crescimento de mais de 50 por cento em relação ao ano anterior, colocando Huizhou no primeiro lugar nesta cifra, no Delta do Rio das Pérolas e no segundo lugar a nível provincial. “Estes impressionantes dados estatísticos são provas conclusivas de que Huizhou se tornou uma importante cidade de ligação dentro da área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, pode ler-se numa nota oficial do Governo local. Segundo as autoridades, Huizhou entrou numa fase em que a sua estrutura industrial é já “muito optimizada”, com pólos modernos, não só virados para a tecnologia de ponta, mas também para a petroquímica. Inclusivamente, a chamada “Zona Petroquímica da Baía de Daya” foi já reconhecida durante três anos consecutivos, como o parque petroquímico mais importante, entre os 30 maiores da China, tendo alcançado um valor de produção industrial de 185,89 mil milhões de yuan, um aumento de 38,3 por cento em termos anuais. No total, existem em Huizhou 26 empresas de escala nacional do ramo da petroquímica e 323 de escala provincial. Em termos tecnológicos, existem em Huizhou um total de 2.050 empresas dedi-
cadas à alta tecnologia e 1.862 pequenas e médias empresas tecnológicas sediadas na cidade. Investir para crescer De acordo com o Governo local, sem nunca tirar a vista do desenvolvimento da região da Grande Baía, ao longo de 2022 serão realizados 193 projectos-chave ao nível da construção, num volume total de investimentos na ordem dos 606 mil milhões de yuan. Além disso, de frisar que mais de metade destes projectos (114) são destinados ao sector industrial.
“Estes impressionantes dados estatísticos são provas conclusivas de que Huizhou se tornou uma importante cidade de ligação dentro da área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” GOVERNO MUNICIPAL DE HUIZHOU
“É certo que, ao concentrar-se no desenvolvimento da sua economia real, aderir aos conceitos de desenvolvimento de projectos e clusters industriais, Huizhou acabará por se tornar num novo pólo de crescimento na margem oriental do Rio das Pérolas e numa região importante para o desenvolvimento de alta qualidade da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e uma cidade chinesa de primeira categoria e mais feliz”, sublinha o Governo Municipal de Huizhou.
PEQUIM 2022
Empresa de Huizhou produziu mais de 50 mil equipamentos
A
Huizhou Honstar produziu mais de 50.000 fatos de esqui e outros equipamentos destinados aos atletas e oficiais que participaram nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022. Segundo uma nota publicada no portal do Governo Municipal de Hui-
zhou que cita o presidente da Honstar, Lin Qiulin, foram fabricados, ao todo, oito conjuntos entre fatos de esqui, uniformes para a cerimónia de entrega de medalhas e equipamento usado por treinadores, árbitros, voluntários e outros colaboradores.
Segundo Lin Qiulin todas as peças de equipamento foram pensadas para corresponder a “elevados padrões de qualidade”, sendo, nomeadamente à prova do frio e do vento a menos de 30 graus celsius e compostas por material fototérmico, capaz de produzir
calor quando em contacto com a pele. Além disso, o equipamento foi submetido ao controlo de qualidade por 47 vezes. “As costuras estão totalmente alinhadas com os respectivos padrões alusivos à montanha presentes em cada peça. É
um trabalho que exige um elevado nível de uniformização (…) e em que cada peça requer uma enorme quantidade de trabalho manual”, disse. Para alcançar a meta de produzir 50 mil unidades em três meses, a empresa começou a “acelerar” processos e a
arranjar soluções para ultrapassar a falta de matéria prima e de recursos humanos. “Foi uma enorme honra poder fazer a nossa parte pela nossa nação e pelos Jogos Olímpicos de Pequim 2022. Temos razões para estar orgulhosos”, sublinhou Lin Qiulin.
GRANDE BAÍA
A APENAS 145 quilómetros de distância de Macau, onde o noroeste da província de Guangdong termina e começa Guangxi, fica Zhaoqing, uma das cidades menos prósperas financeiramente das nove da Grande Baía, mas rica em recursos naturais e história. O centro da cidade é dominado por uma das principais atracções. No fim da Praça Paifang fica o Lago da Estrela, rodeado pelos Sete Penhascos da Estrela, cenário digno de filme que ganhou o “apelido” de pequena Guilin e que é um chamariz de visitantes. Os Sete Penhascos da Estrela não são o único trunfo de eco-turismo da cidade, uma indústria prioritária em termos de acção governativa. A inclusão de Zhaoqing no âmbito da Grande Baía colocou a sua rica história e atracções naturais no centro das atenções, apesar de estar classificada como a mais pobre em termos económicos entre as outras cidades homólogas. Cerca de 70 por cento da sua área de cerca de 15.000 quilómetros quadrados são cobertos por florestas, lagos e rios, o que os torna um íman para milhões de visitantes anualmente. Para aproveitar os recursos naturais que tem em abundância, Zhaoqing fez do eco-turismo uma das cinco chamadas áreas prioritárias no âmbito do seu plano quinquenal de desenvolvimento que vai de 2016 a 2020. Porém, a sua riqueza cultural conta um pouco da história do sul da China. A cidade, que recebeu o seu nome actual durante a dinastia Song (960-1279), conta entre os seus mais ilustres residentes vultos da história chinesa, incluindo o lendário Juiz Bao e o padre jesuíta italiano Matteo Ricci. Não surpreendentemente, tornaram-se uns dos mais proeminentes argumentos para atrair turistas locais e estrangeiros. As receitas do turismo cresceram 5,1% em 2019 para 5 mil milhões de dólares, de acordo com dados oficiais. O Governo planeia construir mais hotéis e instalações turísticas nos próximos cinco anos para estimular a indústria, que representa na actualidade mais de 40 por cento da economia local. O objectivo das autoridades é receber 60 milhões de visitantes em 2025, contra 45,3 milhões antes da pandemia. Olhemos para os pontos turísticos de maior relevo de Zhaoqin, a começar pelos Sete Penhascos da Estrela, classificado como o principal destino da cidade pelo TripAdvisor. O complexo de cavernas calcárias ganhou o nome devido às semelhanças com as estrelas da constelação Ursa Maior. Reza a lenda que os pilares de pedra calcária representam estrelas que caíram do céu. Os sete penhascos devem a sua sobrevivência a dois militares de topo. O Marechal Ye Jianying, chefe da província de Guangdong em 1950, protegeu o património natural de empresários que tencionavam convertê-lo numa pedreira e local de mineração. Ye, que voltou a Zhaoqing várias vezes para visitar os penhascos várias, mesmo depois de ter sido transferido para Pequim, escreveu um poema para expressar o seu afecto pela área pitoresca, cuja beleza se diz ser rival do Lago Ocidental de Hangzhou, na província de Zhejiang, e de Guilin, na região autónoma de Guangxi. Tesouros do trópico Outro motivo para visitar Zhaoqing é a Montanha Dinghu e o seu lago, que se situa a cerca de 18 km a leste da cidade, uma das cadeias montanhosas mais apreciadas na província de Guangdong. Também conhecida como "a jóia verde do Trópico de Câncer", Dinghu é cenário ideal para uns passeios na natureza, com uma flora vasta, quedas de água, pássaros e flores. Tem sido uma atracção turística muito popular desde os tempos antigos e é considerada um local sagrado para budistas. Uma visita completa ao local requer tipicamente entre cinco a seis horas. Porém, se as vistas e o ar puro da montanha se tornarem irresistíveis, é possível pernoitar perto, com um quarto de hotel a rondar 300 yuan por noite.
ZHAOQING 15
Aposta no turismo aproveita património natural e histórico
A pérola verde No meio de uma estratégica política de industrialização, Zhaoqing também aposta no turismo. A cidade que fica no noroeste da província de Guangdong está rodeada por áreas de reserva natural e paisagens de cortar a respiração. Além disso, Zhaoqing concentra um património histórico riquíssimo, foi a primeira residência no Interior da China de Matteo Ricci
hojemacau.com
2022 MARÇO
A paisagem do Desfiladeiro Panlong é outro dos incontornáveis pontos de destaque do sector do turismo de Zhaoqing, localizado no noroeste do condado de Deqing. A área tem um longo desfiladeiro e mais de 100 quedas de água. A revista de turismo Chinese National Geography classificou o Desfiladeiro Panlong como "o lugar mais bonito da província de Guangdong" em 2005. Os visitantes podem fazer rafting ou desfrutar das fontes termais. Histórias da cidade Matteo Ricci, o jesuíta italiano que chegou a Macau no final do século XVI é uma figura de topo na introdução de cultura, ciência e religião ocidental na China e o primeiro estrangeiro a entrar na Cidade Proibida, em Pequim. Um ano depois de se fixar em Macau, Ricci escolhe Zhaoqing para estabelecer residência no Interior e por viveu durante seis anos, até ser expulso da cidade. Por lá estudou chinês e desenhou o primeiro mapa do mundo em chinês. Uma das obras que deixou na cidade foi Xianhuasi, que significa "templo flor de fada", a primeira igreja católica na China. A estrutura foi, no entanto, destruída ao longo dos anos, com apenas uma placa no local para identificar o seu significado histórico. O legado de Matteo Ricci pode ser revisitado em museus e igrejas de Zhaoqing. Um dos vestígios arquitectónicos do passado de que os ha-
bitantes da cidade mais se orgulham é a Antiga Muralha e a Torre de Liqiaolou. Com 2.800 metros de comprimento, a Antiga Muralha foi construída na dinastia Song em 1113, e é, de longe, o monumento mais antigo da cidade. O imperador Huizong renomeou a cidade de Duanzhou para Zhaoqing em 1118, que significa "o início de bons auspícios" em chinês. Para simbolizar a nova era, o imperador também mandou construir a Torre de Liqiaolou como entrada da cidade. Outro nome indissociável do legado histórico da cidade é o Juiz Bao (999-1062), outro residente honorário de Zhaoqing. Em sua honra foi construído o Templo Bao Gong, um magistrado que se tornou uma lenda pela coragem em julgar ricos e poderosos e por ser um lutador contra a corrupção e os escândalos em chefias. Os seus 25 anos de serviço civil durante a dinastia Song incluíram três anos em Zhaoqing, e a sua extrema honestidade e rectidão como líder político e juiz foi imortalizada em muitos livros, documentários, séries de televisão e filmes. Foi construído um templo em sua honra em tempos ancestrais, mas a estrutura acabou por sucumbir. Em 2000, o Governo local construiu um novo templo com um museu. Para honrar a memória do juiz, todos os anos é celebrado, no mês de Fevereiro, o Festival de Bao Gong, um evento com uma larga variedade de espectáculos, incluindo danças do leão e apresentações de Kung Fu.
16 FOSHAN
GRANDE BAÍA
Inovação é palavra de ordem em zona de desenvolvimento tecnológico
hojemacau.com
O futuro é aqui Depois de um período de consulta pública sobre o projecto governamental de captação de investimento, as autoridades de Foshan já têm traçados os objectivos para este ano para expandir a Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan. Captação de talentos e aposta na inovação são as linhas orientadoras FOSHAN, uma das cidades integrantes do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, tem apostado os seus recursos no fomento da Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan (Foshan National Hi-tech Development Zone). Depois de um período de consulta pública iniciado em Julho do ano passado a propósito do plano governamental de captação de investimentos, as autoridades estão apostadas na abertura, este ano, de duas áreas inovadoras integrantes desta zona, os parques industriais para a inovação de talentos e desenvolvimento industrial (Foshan-China Talent Innovation Lighthouse Industrial Park e Dobei Zhanxin Industrial Park). Segundo o jornal China Daily, o objectivo destas zonas é “reforçar a oferta de serviços em áreas como a tecnologia, talentos e recursos”, bem como melhorar “o nível de inovação e desenvolvimento da competividade”. A Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan é hoje tida como uma das áreas piloto escolhidas pelas autoridades chinesas para o desenvolvimento da inovação empresarial. Esta localização disponibiliza apoio e consultoria a 82 empresas que são tidas
MARÇO 2022
Cooperação acordada para Zona Económica do Aeroporto
O
como as mais inovadoras do tecido empresarial chinês. No ano passado esta zona destinada ao desenvolvimento empresarial e industrial introduziu 128 talentos de alta qualidade, sendo que 80 por cento detém posições de topo. Em prol da captação de pequenas e médias empresas para esta zona, as autoridades têm lançado diversos programas de investimento industrial e outros produtos financeiros que possam ser atractivos para quem ali deseja investir. Só no ano passado esta zona representou um valor de 502.41 mil milhões de yuan, com um crescimento anual de 13,32 por cento, segundo o China Daily. Indústrias de topo Além destas apostas, a Zona Nacional de Desenvolvimento Industrial e de Alta Tecnologia de Foshan pretende reforçar os seus serviços online e organização de feiras de negócios para ajudar as empresas a
“conectarem-se com mercados importantes em vários níveis”. Segundo o portal Foshan International, o plano de investimentos proposto pelas autoridades locais visa “atingir um desenvolvimento sustentável e de elevada qualidade”, existindo um compromisso para criar “um sistema de incentivos bem desenvolvido para atrair projectos de topo”. Desta forma, as políticas a implementar deverão focar-se “nas indústrias líderes a nível regional” que apresentam “menos custos em matéria de recursos”, com boas perspectivas de futuro e que possam trazer benefícios para a zona. Além dos sectores financeiro e de alta tecnologia, pretende-se desenvolver áreas como a biomedicina, saúde, indústria de serviços, electrónica e outras indústrias emergentes, como é o caso de veículos ecológicos ou robótica. O projecto em causa prevê financiamentos que podem ir até aos 30 milhões de yuan, consoante a natureza do projecto. A.S.S.
S distritos de Shunde e Gaoming estabeleceram um acordo para a construção da fase 1 da infra-estrutura da Zona Económica do Aeroporto de Foshan. A zona está localizada no sudeste do Aeroporto Internacional da Delta do Rio das Pérolas, um novo hub de transportes aéreos, cuja construção começou este ano, e que terá uma área de 160 quilómetros quadrados. O aeroporto, também conhecido como o Novo Aeroporto de Guangzhou, é um dos novos trunfos económicos da província e uma mais-valia para as indústrias do turismo e da cultura, serviços, alta tecnologia e empresas ecológicas. O investimento para a construção do aeroporto está estimado em 51,8 mil milhões de yuan, com as autoridades a indicar que a estrutura irá corresponder aos mais elevados padrões internacionais de transporte aéreo civil. As autoridades preveem que o aeroporto seja usado por 30 milhões de passageiros até 2035 e ultrapasse os 60 milhões de passageiros até 2050, tornando-se o terceiro maior aeroporto depois do Aeroporto de Guangzhou Baiyun e o Aeroporto Bao'na em Shenzhen. As autoridades da cidade garantem que, quando construída, a Zona Económica do Aeroporto de Foshan, seguirá "regras ecológicas, eficiência, harmonia e baixo carbono". Aí serão construídos parques industriais, áreas funcionais, uma zona industrial de aeronáutica e um cluster dedicado ao transporte aéreo.
DISTRIBUIDOS 5 MILHÕES DE YUAN
A cidade de Foshan vai distribuir até 17 de Março 5 milhões de yuan através de vales de consumo electrónico que visam “promover a recuperação económica” na Primavera. A notícia foi avançada pelas autoridades através de um comunicado no portal Foshan International. Com base nos gastos dos consumidores as autoridades distribuem cupões através do wechat que pode ser de 10 yuan, 30 yuan, 50 yuan ou 100 yuan. No entanto, os vales têm de ser utilizados no prazo de 10 dias. A boa notícia é que depois de descarregados podem ser utilizados em modo offline em alguns locais como hotéis, agências de viagem e visitas a lugares de interesse turístico.
GRANDE BAÍA
DONGGUAN 17
INVESTIMENTO Planos para obras de 42 mil milhões de yuan
Para todos os gostos Melhorias nas zonas costeiras, construção de escolas e ainda conclusão de centros de tecnologias com algumas das principais empresas chinesa. Dongguan aposta em força no ano de 2022 A CIDADE de Dongguan apresentou o Plano da Grandes Obras de 2022, que prevê um investimento de 42 mil milhões de yuan a ser realizado ao longo de vários anos. A principal aposta, de acordo com as informações oficiais, é a Nova Zona da Baía de Binhaiwan, que se
espera que se torne num pólo mundial industrial e de tecnologia de ponta. Na área prevê que ser o futuro do desenvolvimento de Dongguan ficam 19 dos projectos apresentados, que implicam um investimento de 3,84 mil milhões de yuan. Entre estes, há a expecta-
tiva que em 11 projectos as obras fiquem concluídas no decorrer do ano e que possam começar a servir a população tão depressa quanto possível. Entre os onze projectos constam três que visam as zonas costeiras, como o plano de melhoria da zona abrangente de Sachong, junto ao rio Huangchong, a renovação do passeio costeiro entre Longchong e Miaochong e ainda a melhoria da paisagem de Miaochong e das zonas circundantes. Ao nível da intervenção nas vias de Dongguan vai haver obras na Avenida Dongwan, na Secção da Baía de Jiaochai, na Ponte da Baía de Binhai, a extensão para Sul da Avenida Humen, melhorias na Rotunda
DELEGAÇÃO DE HAINAN VISITOU DONGGUAN
Entre 18 e 19 de Fevereiro, o Departamento de Comércio de Hainan visitou Dongguan para pesquisa, com vista a concretizar o plano geral para a construção do Porto de Livre Comércio de Hainan. De acordo com o Departamento de Comércio de Dongguan, durante a reunião, as duas parets deixaram desejos que a delegação de Hainan possa participar na 13ª feira da indústria transformadora, lançando as bases para uma maior cooperação. Por outro lado, Dongguan sublinhou à parte de Hainan a disponibilidade para aumentar a cooperação e permitir que a cidade seja utilizada para divulgar o planeamento da construção do Porto de Livre Comércio de Hainan.
Interior (Secção Oeste), na Avenida Binhaiwan, entre outras. Educação e Tecnologia Às obras de renovação junta-se uma grande aposta na educação. Ao longo deste ano, as autoridades apostam no início das obras de construção da Escola de Línguas Estrangeiras, o que implica
um orçamento total de 930 milhões yuan. As obras para o que se espera que seja uma escola com qualidade internacional começam em Junho deste ano, mas a entrada em funcionamento só deve acontecer no espaço de dois anos, em Setembro de 2024. Ainda no sector da educação, vai começar a construção da primei-
Ao nível da Tecnologia há igualmente várias obras a serem concluídas no que se espera que seja um investimento de 2,38 mil milhões de yuan
ra fase do campus da Universidade da Grande Baía, que vai ser erigido na Ilha de Weiyuan. A construção da instituição foi divulgada como uma entidade ao nível da Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, e tem um custo de 1,67 mil milhões de yuan e uma área total de 169 mil metros quadrados. A obra inclui edifícios de ensino, laboratórios, edifícios administrativos, dormitórios, e edifícios de investigação. Ao nível da Tecnologia há igualmente várias obras a serem concluídas no que se espera que seja um investimento de 2,38 mil milhões de yuan. As obras envolvem o Centro de Fabrico Inteligente da OPPO, Sede do Terminal Vivo Smart, a primeira fase do Centro de Tecnologia Little Genius Smart, o Projecto da Indústria Fotoeléctrica da Ovation, e ainda outros cinco projectos em construção no Parque Científico de Zhengzhong.
PROMOTOR DE GRAFENO FINANCIADO EM MILHÕES
Em Fevereiro, a empresa Morion Nanotech, em Dongguan, obteve duas linhas de financiamento, num montante que ultrapassou 100 milhões renminbis e vão ser destinados ao uso de grafeno na produção de baterias. Segundo o jornal de Dongguan, os investidores têm perspectivas muito positivas para os produtos de grafeno no futuro, dado que os automóveis inteligentes, novas energias, semicondutores e tecnologia informática são sectores que precisam de baterias. A empresa Morion Nanotech foi fundada em 2015, pelo médico Cai Jinming, dedica à produção de grafeno e materiais para semicondutores. Em 2020, a empresa ganhou um contrato com a Xiaomi, para o material ser usado nos telemóveis da gigante chinesa. O modelo MIX4 foi divulgado em 2021 e o grafeno é um dos componentes essencial ao nível da matéria da energia térmica.
hojemacau.com
2022 MARÇO
GRANDE BAÍA
18 ZHONGSHAN
MARÇO 2022
REGISTO DE PATENTES EM CRESCIMENTO
CARDIOLOGIA Hospital estuda efeitos de tratamento com açafrão
Estudar, produzir, exportar
hojemacau.com
Médicos do Hospital de Zhongshan vão começar estudos para estudar como a crocina, um extracto de açafrão, pode ajudar no tratamento da miocardite, uma doença cardíaca auto-imune. O objectivo é exportar para a Grande Baía no futuro ESPECIALISTAS médicos do Hospital Zhongshan anunciaram que vão colaborar com uma empresa farmacêutica para iniciar ensaios clínicos sobre os efeitos da crocina, um extracto de açafrão, na miocardite, uma doença cardíaca auto-imune. A informação foi avançada pelo Shine, portal noticioso do Interior. Segundo a informação do portal, uma equipa de cardio-oncologia do hospital descobriu que a crocina, que é utilizada para melhorar o fornecimento de oxigénio aos doentes com miocardite, também funciona na miocardite auto-imune causada pela terapia de tratamento do cancro.
“A miocardite auto-imune é uma doença de risco”, afirmou ao portal Shine o médio Ge Junbo, um dos principais cardiologistas de Zhongshan. A taxa de mortalidade dos doentes em estado grave é de 50 por cento. “Muitos doentes com cancro enfrentam o dilema do impacto da terapia de tratamento oncológico no seu coração”, explicou Ge. “Muitos doentes com cancro não são mortos pelo cancro, mas sim pelo seu coração”, justificou. Nos últimos anos, Zhongshan tem virado as atenções para os problemas cardíacos e foi aberta uma nova unidade de cardiologia para
pacientes que sofrem de problemas cardíacos como resultado do tratamento oncológico. O objectivo de uma eventual investigação bem-sucedida poderá também distribuir um medicamento e tratamento e contribuir para a Grande Baía. Equilíbrio nos tratamentos Nesta unidade, os médicos tentam procurar um equilíbrio entre o tratamento do cancro, reduzindo e controlando ao mesmo tempo os efeitos cardiovasculares adversos. O Hospital Zhongshan abriu a primeira clínica cardio-oncológica multidisciplinar na China Oriental em 2018 e lançou a primeira clínica externa especial de cardio-oncologia no ano passado para servir pacientes com cancro e doenças cardiovasculares. Para aumentar a sensibilização do público para a cardio-oncologia e a protecção do coração durante o tratamento do cancro, a equipa de Ge publicou livros, mini-movies científicos e palestras para educar os pacientes e as suas famílias através de uma linguagem sim-
“Muitos doentes com cancro enfrentam o dilema do impacto da terapia de tratamento oncológico no seu coração” GE JUNBO, CARDIOLOGISTA NO HOSPITAL DE ZHONGSHAN
ples e das próprias histórias dos pacientes. O Departamento de Cardiologia do Hospital de Zhongshan faz investigação em parceria com Universidade de Fudan e é um dos mais activos a nível da pesquisa académica. O primeiro departamento deste hospital foi estabelecido em 1948 pelo legendário professor e cardiologista Tao Shouqi.
Jianglong Shipbuilding aposta em nova fábrica
A
empresa Jianlong Shipbuilding, com sede em Zhongshan, está actualmente a trabalhar para construir uma fábrica com 30.000 metros quadrados. O objectivo é transformar a unidade fabril numa base de produção para navios, embarcações de alta velocidade, mini-navios de cruzeiro e ferries de passageiros na área da Grande
Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau. O projecto foi apresentado por Yan Zhiqing, presidente da Jianglong Shipbuilding Co Ltd, durante uma conferencia de imprensa que decorreu nos subúrbios de Zhonghsan, em Shenwan. Na apresentação do projecto, o presidente da empresa afirmou que o desenvolvimento da Jianglong
Shipbuilding é inseparável do apoio do governo local e dos esforços para criar
um bom ambiente empresarial. “Os subsídios económicos de Shenwan para a sede
da empresa e os subsídios económicos dos governos provinciais e municipais à inovação tecnológica ajudaram-nos especialmente”, afirmou Yan Zhiqing, segundo o portal do Governo Municipal de Zhongshan. Por parte das autoridades locais, foi traçada a meta de trabalhar para um centro de alta qualidade que se possa afirmar na Grande
Baía: “É necessário que o governo e as empresas trabalhem em conjunto para construir clusters industriais de alta qualidade”, disse Lin Weiqiang, secretário do Comité da Cidade de Shenwan do Partido Comunista Chinês, acrescentando que as empresas desempenharão sempre um papel de liderança no desenvolvimento económico de alta qualidade.
A indústria de tecnologia de ponta de Zhongshan assinalou um crescimento no registo de patentes. Segundo os dados revelado em Fevereiro, no ano passado havia mais 2.300 empresas de alta tecnologia de Zhongshan a operar na cidade, que registaram mais de 9.600 patentes de invenções na área das tecnologias de ponta. Estas empresas foram ainda responsáveis pela assinatura de vários contratos, com receitas de 1,94 mil milhões de yuan. Em Zhongshan são produzidos vários produtos para consumo interno e exportarção, incluindo frigoríficos, fornos, microondas, iluminação decorativa, impressoras, vestuário e ainda produtos de beleza.
CORTES DE JUROS PARA HABITAÇÃO
Zhongshan foi uma das 90 cidades que reduziram as taxas de juros para a habitação. A alteração aconteceu no início de Fevereiro e a notícia foi avançada pela Reuters. O objectivo é impulsionar o mercado habitacional. Em Zhongshan os juros foram cortados em 30 pontos base, adiantou o Instituto de Pesquisa Beike, que tem sede em Pequim. “Esta mudança de política não significa que o Governo tenha desistido do objectivo de longo prazo de que as casas são para viver e não para especular”, afirmou Zhiwei Zhang, economista chefe do instituto. “Um vez que o crescimento estabilize, na segunda metade do ano, e os encontros importados do Governo cheguem ao fim, a prioridade vai focar-se novamente nos objectivos de longo prazo”, acrescentou. Nos últimos tempos o mercado habitacional conheceu uma crise de liquidez e várias falências de construtoras.
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
GUANGZHOU 19
TECNOLOGIA Guangzhou e Israel estabelecem cooperação
Na via da frente A Conferência Anual de Investimento de Guangzhou serviu de mote para uma discussão com Israel para aprofundar a cooperação em matérias de alta tecnologia
Ligação ao Mediterrâneo
taforma para mostrar as conquistas da cidade em termos de abertura e cooperação internacional”. O evento é organizado consecutivamente há 7 anos. Este ano, as sessões presenciais decorrem nos dias 29 e 30 de Março e a lista de participação inclui de cerca de 2.000
líderes empresariais, empreendedores e peritos de 38 países e regiões distribuídos por fóruns online e presenciais. À margem da conferência, realiza-se pela primeira vez o Global Unicorn CEO Forum. Apesar da conferência propriamente dita apenas
arrancar no final do mês, o evento já mexe com várias iniciativas a decorrer, incluindo 9 sessões paralelas um pouco por todo o mundo, desde o fim de Fevereiro até ao arranque o evento, nomeadamente Silicon Valley, Tóquio, Macau, Singapura,
Hong Kong Enviado carregamento de vegetais e ovos
U
M carregamento de alimentos, incluindo vegetais e ovos frescos, foi enviado hoje de Guangzhou para Hong Kong, para ajudar a região administrativa especial a contornar as dificuldades impostas pela pandemia. Assistidos por funcionários aduaneiros no distrito de Conghua em Guangzhou, 8.265 quilos de vegetais doados por uma empresa da capital de província, foram rapida-
mente desalfandegados e enviados. "As alfândegas locais simplificaram os procedimentos de desalfandegamento, as-
segurando uma viagem rápida para Hong Kong", disse Lin Yuhao, gerente da empresa, Guangdong Cypress Jade Agricultural
Group Co. A empresa, que é um projecto que opera no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-
-Macau, tem várias quintas destinadas a fornecer Hong Kong, assi como na província de Jiangxi e na região autónoma de Ningxia Hui. Na terça-feira da semana passada, foram enviados para Hong Kong a partir do porto de carga de Lianhuashan, no distrito de Panyu, em Guangzhou 7.350 quilos de ovos frescos, um tipo de produto que requer o envio atempado para que a qualidade seja garantida.
Durante a sessão de Israel, empresários e académicos elogiaram as oportunidades de mercado proporcionadas pela cadeia industrial de Guangzhou, panorama ideal para o aprofundamento da cooperação que faça uso das capacidades de Guangzhou e dos recursos inovadores e tecnologias de ponta das empresas israelitas. O antigo ministro da Indústria, Comércio e Trabalho de Israel, Yehoshua Jacob Gleitman, enalteceu o nível de entendimento atingindo em termos de colaboração ao nível de formação, tecnologia, capital e serviços. Mais concretamente, o governante israelita destacou a criação de uma incubadora e um fundo de investimento para a indústria da biologia. Estas estruturas estão em operação na Guangzhou International Bio Island. De acordo com o director do Gabinete de Comércio Municipal de Guangzhou, o valor total das importações e exportações de Guangzhou e de Israel em 2021 foi de 752 milhões de dólares americanos, um aumento de 55,08 por cento em relação ao ano passado. Ao longo do ano passado, estabeleceram-se em Guangzhou 13 novas empresas de investimento israelitas em Guangzhou e desde Janeiro de 2022, Israel investiu em 74 empresas da cidade chinesa.
NOVA LINHA ENCURTA DISTÂNCIA COM FOSHAN
A nova linha de comboio que vai encurtar a distância entre Guangzhou e Foshan para menos de 20 minutos vai ficar concluída ao longo deste ano, de acordo com a informação das autoridades locais. A linha vai fazer a ligação entre a estação Sul de Guangzhou e a estação Oeste de Foshan. O linha ferroviária circular interurbana Guangzhou e Foshan tem cerca de 35 quilómetros de comprimento e é composta por 6 estações: Foshan Oeste, Estação Zhangcha, Shunde Norte, Beijiao Oeste, Chencun e ainda Estação Panyu, que anteriormente era conhecida como a Estação Ferroviária Sul de Guangzhou. A viagem entre os dois destinos vai ser feita a uma velocidade média de 200km/h, excluindo os tempos de paragem.
hojemacau.com
A 8ª CONFERÊNCIA Anual de Investimento de Guangzhou e o 1º Global Unicorn CEO Forum deram início à sua primeira sessão paralela em Tel Aviv, Israel, no final de Fevereiro. Representantes de topo de empresas de alta tecnologia e biomedicina, peritos, académicos e membros de governos partciparam na sessão inaugural e partilharam pontos de sobre as melhores formas como impulsar a cooperação de alta tecnologia entre Guangzhou e Israel. O governo da capital da província de Guangdong destaca a Conferência Anual de Investimento de Guangzhou como “uma importante pla-
Tel Aviv, Sminsk, Tashkent, Berlim e Heidelberg.
GRANDE BAÍA
2022 MARÇO
Miguel Rodrigues, presidente da Associação Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal -Grande Baía
CRIADA EM 2019, a Associação Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal -Grande Baía aposta na aproximação cultural como ponto de partida para a realização de negócios nas nove cidades que compõem este projecto político e económico. O seu presidente, Miguel Rodrigues, destaca o “pragmatismo” que há na divisão de áreas e objectivos económicos, mas alerta para a necessidade de mais informação sobre a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau A pandemia trocou as voltas a Miguel Rodrigues, presidente da Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía, e aos seus membros. Fundada em 2019, esta entidade pretendia desenvolver iniciativas culturais que pudessem dar a conhecer a China do ponto de vista socioeconómico e político aos empresários portugueses com interesse em investir nas nove cidades que fazem parte da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Apesar da suspensão de alguns projectos, o balanço feito por este responsável é positivo. “Do ponto de vista dos contactos entre nós e algumas entidaPUB.
des, em Macau e na China, foi muito profícuo neste período”, contou. A associação estreitou laços com outras associações e câmaras de comércio e não pretende parar por aqui. “No futuro pretendemos assumirmo-nos como um elemento facilitador de investimento e a possibilidade de podermos apoiar as empresas que se querem internacionalizar para a Grande Baía, e vice-versa. Desde o início da associação que temos como grande objectivo o estreitar de relações não apenas empresariais, mas culturais, e queríamos através da realização de iniciativas mais culturais, ou numa lógica de think-tank, poder estreitar relações que levassem ao intercâmbio empresarial.” Uma das iniciativas previstas passa pela organização, na cidade do Porto, em Portugal, de um ciclo de cinema macaense. “Temos esta lógica de que a cultura nos aproxima e permite que nos conheçamos melhor uns aos outros”, adiantou Miguel Rodrigues. Depois de uma aposta na cultura, a associação quer seguir “para um segundo nível de acção”, com a realização de
acções empresariais, tal como a organização de comitivas em feiras de negócios e comércio. “Desde o início que sempre tivemos uma postura de não concorrer com ninguém, mas sim de acrescentar algo e colaborar com este movimento associativo, que é muito rico nas relações entre Portugal e a China”, frisou. Um projecto “pragmático” Para Miguel Rodrigues, há ainda muito a explorar nas nove cidades que compõem o projecto da Grande Baía. Alertando para uma “necessidade de uma maior informação em relação ao projecto”, este responsável pretende, com a associação que dirige, “desenvolver algum tipo de material informativo que possa ser disponibilizado online para auxiliar contactos” do ponto de vista empresarial. Este denota que na Grande Baía existe um “enorme pragmatismo” na forma como as autoridades chinesas elaboraram um projecto que representa cerca de 12 por cento do Produto Interno Bruto chinês. “Estando a Grande Baía dividida por sectores económicos, pois cada região tem o seu objectivo económico e político, existem enormes opor-
tunidades. Os empresários devem olhar para a zona da Grande Baía segundo a sua área de interesse e esse pragmatismo deve ser aproveitado para que o empresário não vá com um projecto que não se enquadre no objectivo dessa região”, acrescentou. Miguel Rodrigues dá o exemplo da cidade de Shenzhen, que é um hub tecnológico por excelência há vários anos, embora Macau também se posicione “como uma zona de intercâmbio com os países de língua portuguesa”. “Olhando para o tecido empresarial português tem sido feita uma aposta, e também por parte das autoridades, ao nível das novas tecnologias e energias renováveis.” Depois de um evento que serviu não apenas de lançamento da associação, mas também para assinar os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, a associação tem realizado diversas iniciativas, online e não só. A última decorreu a 23 de Fevereiro e consistiu numa conferência intitulada “Presença empresarial Portuguesa na Grande Baía: Perspectivas de Empreendedores e Investidores”, que teve o apoio da Fundação Rui Cunha. Em Macau a associação é representada por Tiago Pereira.
hojemacau.com
“Há um enorme pragmatismo” na Grande Baía