GONÇALO LOBO PINHEIRO
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ºGRANDE
PRÉMIO DE MACAU
SEXTA-FEIRA 8.11.2013
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D
ESTA vez o carnaval dos desportos motorizados chega à cidade uma semana mais cedo. Aquele que é ainda o maior cartaz desportivo da RAEM começa já este Sábado, com a celebração do 60.º aniversário, um evento que, até pelos valores em jogo, se quer memorável e mirífico. A edição 2012 ainda está bem viva na memória daqueles que a seguiram de perto. Em quatro dias vivemos a tragédia do motociclista Luís Carreira, o pódio do Tiago Monteiro na Corrida da Guia e a autoritária vitória de António Félix da Costa na Fórmula 3. Pelo meio, vimos incrédulos o acidente fatal de Philip Yau, o braço de ferro entre os pilotos de Macau e os agentes que comandam o desporto no território por causa dos subsídios destinados ao automobilismo e ainda assistimos incrédulos ao triste espectáculo da “A Portuguesa” que não queria tocar.
O circo chega à cidade
Tal como no Jubileu de Ouro, este ano a festa divide-se em dois fins-de-semana, sendo que o primeiro apenas ocupa as ruas do território no sábado e domingo. Se no segundo fim-de-semana, este sim, com quatro dias de duração como manda a tradição, se concentram as corridas mais simbólicas – Fórmula 3, WTCC e GP Motos – o primeiro não tem metade da graça. A presença do nove vezes campeão do mundo de ralis Sébastian Loeb na Taça Porsche garante a atenção da imprensa internacional, enquanto Couto, Ávila & a malta das corridas de Turismos entretêm as gentes cá do burgo. Muito pouco, a bem da verdade. Fica a ideia que o programa de corridas do próximo fim-de-semana foi vendido a retalho ao Grupo Volkswagen China (uma versão ligeiramente menor do Sports Car Champions Festival de há quinze dias em Xangai) e não houve sequer o cuidado e a imaginação em enquadrar uma corrida sonante que justificasse a existência deste mesmo primeiro fim-de-semana.
Os mais analíticos poderão questionar que sentido faz em ter um programa em que quatro das seis corridas são disputadas com carros iguais. Os entendidos irão perguntar se o passado foi esquecido e onde está a corrida de clássicos, ou o Grande Prémio não tivesse uma respeitável tradição nessa matéria. Já os mais críticos poderão dizer que assim se dá de bandeja mais um argumento às habituais vozes de descontentamento num Macau cada vez mais congestionado e poluído, mas mesmo assim tão condescendente à presença das corridas. Um fim-de-semana de quatro dias de artérias cortadas e zumbidos fora de horas uma vez por ano para aqueles que não são “maluquinhos pelos popós” é razoavelmente aceitável, mas mais do que isso tem que ser ponderado e, acima de tudo, justificável. Felizmente, até para a saúde do próprio Grande Prémio e relacionamento com as suas gentes, que fins-de-semana a dobrar, só de dez em dez anos...