QUINTA-FEIRA 1 DE DEZEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3708
WONG SIO CHAK
Siga em frente PÁGINA 4
JANE CAMENS
Desafios da escrita EVENTOS
VHILS
MACAU COM MURAL PÁGINA 7
AMM | PETIÇÃO
CONTRA AS MORDAÇAS
h PÁGINA 5
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GRANDE PLANO
EVENTOS
ANTÓNIO CABRITA
MARINA AGUIAR
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Secretário para a Segurança visto como potencial candidato a Chefe do Executivo. Elogios vindos da AL parecem indicar isso mesmo.
METRO LIGEIRO
SOFIA MOTA
Vai a jogo?
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MOP$10 AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
TIAGO ALCÂNTARA
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
2 GRANDE PLANO
ANÁLISE WONG SIO CHAK É VISTO COMO POTENCIAL CANDIDATO A CHEFE DO EXECUTIVO
Antes de todos era Lionel Leong, depois juntou-se Alexis Tam. O homem do momento, deste momento, chama-se Wong Sio Chak e é o Secretário para a Segurança. O que aconteceu esta semana na Assembleia Legislativa não deixa margem para dúvidas: foi dado um sinal. Resta saber se vem de Pequim ou se vai para Pequim
um momento raro no modo de fazer política local, sobretudo se atendermos à natureza de uma tutela que, ao longo de 15 anos, pouco ou nada deu que falar. Nas duas tardes de debate das Linhas de Acção Governativa para 2017 da área da Segurança, multiplicaram-se os elogios a Wong Sio Chak. O secretário responsável pela pasta ouviu de tudo, do melhor que há: foi-lhe elogiada a competência e até o seu rasgo para a diplomacia mereceu uma menção. Contra factos, não há argumentos: Wong Sio Chak agrada a certos sectores do território. Na Assembleia Legislativa, o apoio foi manifestado por deputados ligados ao Chefe do Executivo, mas também por alguns eleitos por sufrágio directo. São sobretudo tribunos com ligações a comunidades da China Continental. Há várias questões que se colocam, a começar por que razão caiu o governante, com dois anos de experiência no Executivo, na graça de alguns políticos e de algum povo. Depois, o que significam estes aplausos? A resposta para a última questão parece óbvia: há quem queira sinalizar Pequim de que Wong Sio Chak é uma opção para quando, em 2019, Chui Sai On deixar vazia a cadeira de Chefe do Executivo.
O TERCEIRO HOM É EM TERRA DE CEGOS
Para o analista Larry So, falta a Wong Sio Chak experiência governativa, um problema que poderá ser difícil de resolver nos dois anos e meio que falta até à altura de se perfilarem os candidatos às próximas eleições para o Chefe do Executivo. “Está ainda ‘verde’ para assumir o cargo”, defende, admitindo, no entanto, que o modo como o secretário para a Segurança comunica transmite conforto com o poder que tem nas mãos. Não são só os deputados que se manifestaram esta semana que têm elogiado Wong. Também os
“Pode ser o momento para testar as águas para algumas pessoas que apoiam o secretário.” EILO YU POLITÓLOGO
media chineses se têm encarregado de contribuir para a folha de louvores, contextualiza o professor do Instituto Politécnico de Macau. “A população em geral está a gostar do trabalho que tem vindo a fazer”, refere. Quando se olha para o grupo dos cinco secretários, “é visto como sendo persistente, muito directo e cumpridor da lei”. Na análise à postura de Wong Sio Chak, Larry So faz ainda referência ao facto de saber divulgar o trabalho das forças de segurança, “com respostas directas aos deputados”. Mas o analista encontra-lhe características menos favoráveis para uma eventual candidatura a Chefe do Executivo: “Tem falhas no modo como gera a empatia que um responsável político de topo deve causar”. Há outras arestas que Wong Sio Chak, se quiser mesmo suceder a Chui Sai On, terá de limar. Eilo Yu, politólogo da Universidade de Macau, não tem dúvidas: depois de, no passado, se ter falado de Lionel Leong e de Alexis Tam para o cargo de Chefe do Executivo, é óbvio que agora há um novo nome na ribalta: Wong Sio Chak. “Parece existir a vontade de mudar o foco das atenções para outro secretário”, afirma. O comportamento dos vários deputados que elogiaram o governante vem confirmar a teoria.
VENTOS DO NORTE
O nome de Lionel Leong para Chefe do Executivo começou a ser veiculado muito antes ainda de ter chegado ao Palácio. Empresário
na altura ligado à indústria têxtil, ganhou protagonismo político quando, há coisa de 10 anos, foi o vencedor surpresa das eleições locais para a Assembleia Popular Nacional. Durante muito tempo, argumentou ser demasiado novo e inexperiente para chegar ao Governo – quanto mais a Chefe do Executivo. Mas o tempo foi passando e o outrora empresário é um político com um decisivo caderno de encargos nas mãos: a revisão intercalar do sector do jogo. Noutras contas, Lionel Leong é quatro anos mais velho do que Wong Sio Chak. Já Alexis Tam passou a ser candidato a candidato a partir do momento em que ganhou visibilidade como braço direito do Chefe do Executivo, na qualidade de chefe de gabinete de Chui Sai On. A ascensão a secretário para os Assuntos Sociais e Cultura – herdando as tarefas que o líder do Governo um dia teve – foi um indicador da progressão na carreira política, não obstante a complexidade do trabalho. As críticas a que foi sujeito, vindas dos mais variados sectores sobre os mais diversos projectos que foi apresentando, dão pano para mangas no exercício de especulação do poder real que neste momento terá. “No caso de Macau, é interessante observar que as pessoas tendem a pensar no próximo Chefe do Executivo como sendo alguém que faz já parte do Governo. Aconteceu com Chui Sai On, que era o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, e parece ser isso que vai acontecer”, assinala Eilo Yu.
“As condicionantes estão a mudar consoante os ventos que sopram do Norte.” PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
Mas houve uma mudança recente de clima em Pequim que, diz o politólogo, se justifica com a situação – caótica – da política em Hong Kong. “Julgo que Pequim quer ajustar a política em relação às duas regiões administrativas especiais”, diz. Pereira Coutinho faz uma leitura semelhante: “As condicionantes estão a mudar consoante os ventos que sopram do Norte. Neste momento, não há dúvidas que o combate à corrupção e o tráfico de influências têm sido uma temática muito desenvolvida no interior do Continente e que está a alargar-se para fora”. O deputado entende que “estes ventos do Norte se sentem com mais intensidade e mais na pele em Hong Kong e em Macau”. “É nesse sentido que as coisas se vão desenvolvendo”, afirma, justificando assim os aplausos que Wong Sio Chak recebeu no hemiciclo. Eilo Yu avisa que, neste momento, “não se pode utilizar a experiência do passado para perceber a política de Pequim, especialmente em relação às eleições para o Chefe do Executivo”. Porque “o clima está a mudar, há pessoas que começam a falar na necessidade de alguém que traga algo de novo a Macau, que não venha das duas áreas representadas por Lionel Leong e Alexis Tam”.
SOB O SIGNO DOS QUATRO?
Pereira Coutinho diz que este jogo já não se faz a dois, mas também não terá só três intervenientes. “Penso que há da parte dos quatro secretários uma apetência e uma esperança de virem a desempenhar este cargo [de Chefe do Executivo] a médio ou a longo prazo”, afirma. Cinco fora quatro, sobra um – Raimundo do Rosário, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, que avisou no início da partida que faria um mandato e deixaria o Governo. Nunca Macau teve tantos putativos candidatos: além de Lionel Leong, Alexis Tam e Wong Sio Chak, há ainda Sónia Chan, a mulher que
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saltou dos Dados Pessoais para o Governo e que terá boas relações com Pequim. É isso que Pequim quer para Macau, porque é isso que quer também para Hong Kong, onde tudo é mais difícil: um Chefe do Executivo que se dê bem com o poder central. “C.Y. Leung [o líder do Governo de Hong Kong] não é uma pessoa muito popular em Hong Kong, mas tem boas ligações a Pequim”, anota Eilo Yu. Voltamos quase ao início. Sobre a postura de alguns colegas, Pereira Coutinho não deixa de admitir surpresa, por entender que a Assembleia Legislativa deveria servir para “equilibrar os pratos da balança” do sistema. E não tem dúvidas de que se tratou de um manifesto apoio a um possível candidato. Do campus na Ilha da Montanha, Eilo Yu lê os aplausos a Wong Sio Chak sem fazer uma afirmação definitiva: “Talvez haja pessoas que queiram mostrar que Wong Sio Chak é uma opção, que pode ser candidato em 2019”. E não é cedo para se fazer o aquecimento para uma corrida que ainda vem longe? O politólogo diz que não. “Pode ser o momento para testar as águas para algumas pessoas que apoiam o secretário. Não me parece que seja muito cedo. Mas isto significa que temos mais um potencial candidato.” A política tem os seus tempos. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
“Muito rígido, muito determinado, olha para as coisas do sítio onde está e nunca tenta pôr-se na pele dos outros.”
A PELE DOS OUTROS
N
ATURAL da província de Guangdong, Wong Sio Chak é doutorado em Direito pela Universidade de Pequim. Começou a carreira em Macau na Polícia Judiciária (PJ), estudou para juiz, foi magistrado do Ministério Público e director da PJ, cargo que ocupava antes de chegar ao Governo. Aquando da nomeação para a segunda equipa de Chui Sai On, foi apontado como sendo um homem mais próximo do primeiro sistema do que do segundo. “Será mais próximo da ideologia de Pequim”, arrisca Eilo Yu, voltando a fazer referência ao que está a acontecer em Hong Kong e à preocupação que existe, neste momento, na capital. Larry So concorda que, até certo ponto, Wong Sio Chak é um homem mais ao estilo continental. “Tem a sua agenda e é o tipo de pessoa que segue a sua agenda. Não é o tipo de pessoa que fica à espera da reacção da população e, em função disso, faz mudanças ou altera os planos todos”, observa. “Tem uma personalidade muito forte.” O facto de ser um governante com posições claras agrada junto de certos sectores. Mas o analista do Politécnico alerta para o que se diz noutros meios, nas redes sociais: Wong é “muito rígido, muito determinado, olha para as coisas do sítio onde está e nunca tenta pôr-se na pele dos outros”. Para Larry So, há um dado que é certo: o secretário para a Segurança gostaria de reforçar a equipa que lidera não só para cumprir as metas que definiu, mas também porque “está a tentar colocar-se numa posição em que tenha muita força”. Pereira Coutinho acredita que, se quiser, Wong Sio Chak “poderá vir a ser mais flexível, mais moderado”. O deputado dá um exemplo recente, do debate desta semana: “Quando Cheang Chi Keong levantou a questão da parada das forças policiais, relativamente a algumas ordens de comando que se mantêm em português, deu uma resposta bastante ponderada e estabilizadora”. O secretário afirmou que as ordens de comando “são algumas heranças da cultura ocidental – não usou o termo ‘portuguesa’ – mas não tenho dúvidas que poderá ser mais experiente à medida que os anos forem passando”.
4 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 1.12.2016
A Aliança do Povo de Instituição de Macau, ligada aos deputados Chan Meng Kam, Si Ka Lon e Song Pek Kei, organizou ontem um debate sobre o metro ligeiro. A maioria dos participantes defendeu que as experiências no traçado da Taipa devem servir de lição para o projecto na península
V O
S Governos de Macau e Shenzen assinaram novos memorandos de cooperação nas áreas do empreendedorismo juvenil, leitura e turismo. Segundo um comunicado oficial, pretende-se, no âmbito do “Acordo-Quadro da Cooperação Estratégica na Promoção Conjunta do Empreendedorismo e Incubação para os Jovens de Qianhai em Shenzhen e Macau”, “promover o desenvolvimento da cooperação de inovação de empreendedorismo dos jovens de Macau, Qinhai e Shenzen”. Para atingir esse objectivo, pretende-se “reforçar o mecanismo de trocas de informações periódicas e criar um ambiente de empreendedorismo, com mais incentivos para os jovens”. Ao nível da leitura, foi assinado um memorando com vista à “cooperação da generalização da leitura” entre o Instituto Cultural (IC) e a Administração para a Cultura, Desporto e Turismo do Município de Shenzhen. O IC colaborou ainda na assinatura de um memorando de entendimento na área do turismo, para que tanto
Para a frente é o caminho Song Pek Kei. Inserido na secção “Citizen Talk”, o debate pretendeu responder à questão “Para onde vai o metro ligeiro?”, sendo que a maioria defendeu que já não é possível voltar atrás: resta fazer o traçado na península, aprendendo com as experiências obtidas na construção do trajecto na Taipa. Os participantes afirmaram que não pensam no abandono do projecto, uma vez que, defendem, o território já não consegue suportar mais veículos nas estradas. Quanto à implementação do trajecto na península, alguns participantes defenderam a adopção de sugestões de profissionais, tendo sido sugerido que o Governo deve basear a sua decisão na vontade dos residentes. “Diariamente cerca de 600 mil pessoas apanham autocarros e pessoalmente considero que isso é um milagre. Se continuarmos com o argumento do abandono do projecto em Macau só vamos cair num ciclo vicioso – como é difícil apanhar um autocarro, mais pessoas vão comprar carros
e as vias vão tornar-se mais caóticas”, apontou Kou Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsito. Pensado pela primeira vez em 2002, o metro ligeiro tem sido alvo de um intenso debate nos últimos anos. No mês passado, três deputados, Kou Hoi In, Cheang Chi Keong e Chui Sai Cheong, defenderam na Assembleia Legislativa (AL) que o metro ligeiro poderia ser substituído, na península, por um monocarril. Tudo isso para evitar mais um “período negro de trânsito”, algo que tem vindo a acontecer na Taipa à medida que o segmento do metro ligeiro é construído.
APRENDER COM A TAIPA
Kou Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, lembrou que o orçamento para o projecto já aumentou três vezes só até ao final de 2012, dos iniciais quatro mil milhões de patacas para 14 mil milhões. Apesar das derrapagens e dos atrasos, Kou Kun Pang referiu que defende a construção do metro ligeiro na
“Após a gradual conclusão das obras na Taipa o planeamento do trânsito já é muito bom. Não fechem essa experiência na gaveta.” KOU KUN PANG MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DO TRÂNSITO península, tendo como base as experiências obtidas na Taipa. “Não se esqueçam do sofrimento dos residentes da Taipa e aprendam com essas experiências preciosas. Podemos notar que após a gradual conclusão das obras na Taipa o planeamento do trânsito já é muito bom. Não fechem essa experiência na gaveta”, adiantou Kou Kun Pang. E lembrou que, segundo vários estudos, o trânsito
já se tornou o assunto que mais gera preocupação junto dos cidadãos, a seguir à habitação. Wong Ian Man, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, defendeu que se deve começar já a pensar no futuro. “Em Taiwan também houve imensos problemas durante a construção do sistema do metro, sobretudo quanto ao percurso. Um dos responsáveis disse-me que é comum a construção do percurso gerar polémicas, tendo-me explicado que os problemas desaparecem com o tempo. Enquanto isso, devemos pensar na gestão do metro ligeiro e na sua operação”, explicou. Wong Ian Man pediu ainda ao Governo mais transparência no processo de gestão, defendendo uma gestão privada em vez de pública, com base nos exemplos de Hong Kong e Taiwan.
GCS
ÁRIOS membros de conselhos consultivos participaram ontem num debate sobre o metro ligeiro, cuja organização esteve a cargo da Aliança do Povo de Instituição de Macau, associação ligada aos deputados Chan Meng Kam, Si Ka Lon e
Metro ligeiro DEBATE CONCLUI QUE TRAÇADO NA PENÍNSULA É PARA MANTER
Vêm aí mais memorandos Novas áreas de cooperação entre Macau e Shenzhen
Macau como Shenzen sejam “destinos turísticos regionais de produtos de marca de impacto a nível internacional”. Os acordos foram assinados no âmbito da visita de uma delegação do Governo do Município de
Shenzen para a realização da Reunião de Cooperação Macau-Shenzen. No seu discurso, divulgado através de um comunicado oficial, Chui Sai On, Chefe do Executivo, lembrou que os últimos anos de cooperação
com a cidade chinesa têm corrido bem. “De acordo com o consenso alcançado na última reunião, ao longo do ano trabalhámos de forma pragmática nos domínios da economia, finanças, cultura e qualidade
de vida da população, envidando todos os esforços na concretização dos benefícios mútuos, tendo as relações de cooperação entre Macau e Shenzhen conhecido novos progressos.” O Chefe do Executivo aproveitou ainda para destacar a estabilidade financeira do território. “Ao longo deste ano, o Governo da RAEM e os diversos sec-
Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo
tores sociais trabalharam activamente para responder ao ajustamento profundo da economia, e esta continua saudável e ordenada. As finanças públicas mantêm-se estáveis e saudáveis, a taxa de desemprego regista um nível relativamente baixo, e a sociedade continua pacífica e tranquila. Recentemente, as receitas do sector do jogo e dos outros sectores não associados ao jogo, e até mesmo o PIB, têm registado uma tendência de estabilidade, o que reforça a nossa confiança para enfrentar desafios.” Chui Sai On falou também da “nova conjuntura e novos desafios” de Shenzen. Para o Chefe do Executivo, a cidade chinesa “tem vindo a promover a reforma, procurando o seu desenvolvimento, elevar a qualidade e melhorar a rentabilidade. Perante um contexto de austeridade, em que a recuperação da economia mundial continua lenta e a economia do país apresenta uma pressão descendente, Shenzhen tem vindo a envidar todos os esforços para promover o crescimento económico”, concluiu. A.S.S.
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O
aditamento feito pelo Governo à proposta de lei eleitoral, que visa uma pré-análise aos candidatos às eleições, levou ontem a Associação Novo Macau (ANM) a entregar uma petição na Assembleia Legislativa (AL) que exige aos deputados que recusem esta proposta feita pelo Governo. Na semana passada, foi anunciada a obrigatoriedade de uma declaração de fidelidade à RAEM e à Lei Básica por parte dos candidatos a deputados. O aditamento surgiu na sequência da interpretação que o Comité Permanente da Assembleia Popu-
Lei eleitoral ANM QUER QUE DEPUTADOS RECUSEM PRÉ-ANÁLISE AOS CANDIDATOS
Novas mordaças? lar Nacional (APN) da China fez recentemente sobre Hong Kong e que impediu dois deputados independentistas de assumir o cargo. Para Jason Chao, vice-presidente da ANM, a eleição dos deputados pela via directa poderá ficar comprometida. “O facto de existir um mecanismo de análise aos candidatos vai fazer com que a eleição directa para a AL se torne numa eleição falsa. Se esse mecanismo ficar incluído na futura lei eleitoral, isso irá permitir ao Governo analisar e desqualificar candidatos com base nas suas crenças políticas”, disse ao HM. O vice-presidente da ANM alertou para o facto de a lei não determinar critérios para a desqualificação dos candidatos às eleições. “Se um fax, por exemplo, provar que determinado candidato não respeita a Lei Básica ou o Governo Central, essa pessoa pode ser desqualificada e simplesmente não pode concorrer às eleições. Se alguém, por exemplo, não cantar o hino nacional, ou se for convidado para as celebrações do dia nacional da RPC e não aparecer todas as vezes, pode-se considerar que essa pessoa não está a respeitar o país e não tem elegibilidade. Não há
NOVO MACAU
A Associação Novo Macau entregou ontem uma petição na Assembleia Legislativa a exigir que os deputados recusem a análise prévia aos candidatos, medida proposta pelo Governo. Jason Chao diz que a eleição directa livre vai ficar comprometida
POLÍTICA
critérios claros para essa análise e para uma possível desqualificação. A lei só faz referência à existência de provas, mas não é claro como é que o Governo vai fazer esse juízo”, explicou ainda Jason Chao. Esta semana, a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, levantou a ponta do véu quanto a esta nova medida. “Se alguém teve opiniões pró-independência anteriores, a Comissão
para os Assuntos Eleitorais vai avaliar e perguntar se [o candidato] tem vontade de renunciar a essas ideias.”
SEM CONFIANÇA
Apesar da petição, o vice-presidente da ANM admitiu existir pouca confiança na recusa do hemiciclo quanto ao aditamento feito pelo Governo. “Pedimos que os deputados recusem a adoptar estas
Oportunidade para mais democracia
alterações, mas não temos muita confiança, porque até Ng Kuok Cheong concordou com essa medida do Governo. Ele não acredita que esta seja uma grande questão.” Em declarações à Rádio Macau, o deputado Ng Kuok Cheong fez um discurso optimista quanto a este caso, apesar de ter dito que a medida do Governo é “completamente desnecessária” e “contraproducente”. “Não estou preocupado. É muito óbvio que o Governo de Macau só quer mostrar lealdade ao Governo Central. É um pequeno gesto para mostrar que fazem o trabalho de casa. Não me parece que a realidade social de Macau venha a criar uma força política que, realmente, queira desafiar a Lei Básica. Mas, se esta cláusula é incluída de uma maneira tão forte na lei, então, é provável que alguém use isto para fazer um jogo político negativo contra o sistema político. Podem, intencionalmente, violar a declaração para fabricar um acontecimento”, defendeu o deputado. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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Au Kam San pede sufrágio universal para os órgãos municipais
O
deputado Au Kam San defendeu ontem o sufrágio universal na eleição das assembleias dos órgãos municipais sem poder político. Para o deputado pró-democrata, a nomeação dos membros dos conselhos consultivos pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, não é suficiente para garantir a representatividade da população. Au Kam San considera que “existem, em Macau, várias organizações consultivas que, teoricamente, conseguem recolher as opiniões dos residentes mas que, na prática, não são eficientes”. Para o deputado, o facto de os membros serem nomeados por Chui Sai On faz com que apenas representem a opinião de algumas partes. As declarações foram deixadas no programa Macau Talk, num debate acerca do
estabelecimento dos órgãos municipais e da reorganização dos conselhos consultivos em queAu Kam San, antigo membro da Assembleia Municipal de Macau, sugeriu que todos os membros fossem eleitos e, para o efeito, o território dividido em zonas eleitorais. O membro do Conselho Consultivo para a Reforma da Administração Pública, Paul Pun, defendeu, no mesmo programa, que os “membros
consultivos podem ser eleitos através de qualquer método”. Para Paul Pun, os órgãos municipais sem poder político, além de servirem para resolver os problemas relacionados com a vida da população, também devem proporcionar uma plataforma para actividades de relevo. “Notei que houve pouca participação nos plenários ordinários, abertos ao público, do Instituto para os
Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mesmo sendo reuniões de muita importância”, referiu. O também secretário-geral da Cáritas de Macau sugeriu que “os futuros órgãos municipais alarguem os plenários ordinários do IACM, permitindo que as interpelações dos cidadãos se tornem políticas do Governo”. Lam U Tou, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Zona Central, concorda com a introdução de um sistema de eleições mas sublinhou que “o essencial é que o Governo, relativamente aos conselhos consultivos, dê atenção a estes organismos e estabeleça mecanismos uniformes para auscultar as opiniões”. Por outro lado, não deixou de sugerir que o Executivo nomeie pessoas com opiniões diversas.
Aviso Aceitam-se inscrições para o exame de admissão, de 2017, realizado em Macau, dos candidatos aos cursos de pós-graduação das instituições do ensino superior do Interior da China Estão abertas as inscrições para o exame de admissão, de 2017, realizado em Macau, dos candidatos aos cursos de pós-graduação das instituições do ensino superior do Interior da China. O Exame é organizado pelo Ministério da Educação da República Popular da China e coordenado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior. Data e forma de inscrições: Pré-inscrição on-line: Datas: De 1 a 15 de Dezembro de 2016. Confirmação da inscrição: Datas: De 28 de Dezembro de 2016 a 10 de Janeiro de 2017. De terça-feira a sábado, das 11:00 às 20:00, sem interrupção para hora de almoço; descanso aos domingos, segundas-feiras e feriados públicos. Local: Centro dos Estudantes do Ensino Superior (Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 68-B, Edifício Va Cheong, r/c B, Macau), do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior. Exames: Datas: 8 e 9 de Abril de 2017 (sábado e domingo) Local: Escola Secundária Pui Ching de Macau (Avenida Horta e Costa, n.º 7) Consulta: Os interessados podem inscrever-se, através da página electrónica (http:// www.gaes.gov.mo/admission/nd) do GAES. Para mais esclarecimentos, ligue, por favor, para os telefones (853) 83969219, (853) 83969246 e (853) 28563033.
Macau, 1 de Dezembro de 2016. O Coordenador Sou Chio Fai
6 SOCIEDADE
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DSSOPT TERRENO DA CEM SERÁ TAMBÉM DESTINADO A SERVIÇOS PÚBLICOS
Casas e escritórios
O terreno onde ainda está localizada a central térmica da CEM será destinado, além de habitação pública, à construção de um novo centro de serviços públicos. A garantia foi dada ao deputado Si Ka Lon
O
Governo está a planear construir mais um centro de serviços públicos na zona da Areia Preta, ao lado de um futuro complexo de habitação pública. A garantia foi dada por Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), ao deputado Si Ka Lon. “A RAEM reservou uma parte do terreno destinado à construção de habitação pública situado na Avenida Venceslau de Morais, onde se encontrava a central térmica, para a construção de um novo centro de serviços.
Segundo o planeamento, a dimensão prevista para este centro será semelhante ao actual, e após a sua entrada em funcionamento serão ajustados os serviços a prestar, tendo em conta as necessidades, em prol de um melhor serviço de ‘One Stop Service’, de forma a prestar ao público um serviço mais célere e conveniente”, refere a resposta à interpelação escrita do deputado. Actualmente o terreno está destinado à Companhia de Electricidade de Macau (CEM), sendo que a concessionária tem vindo a planear a saída gradual do local. Segundo a resposta
de Li Canfeng, há ainda planos para a construção de mais serviços administrativos em edifícios públicos, sem pagamento de rendas a privados. “Os dois terrenos ultimamente revertidos para o Governo serão, conforme o projecto, aproveitados para a construção de instalações multifuncionais do Governo”, disse o responsável máximo pela DSSOPT. Quanto ao actual centro de serviços na Areia Preta, para onde irá mudar-se, já no próximo ano, o 1º Cartório Notarial (após a saída das instalações da Santa Casa da Misericórdia), irá disponibilizar um total de 300 tipos PUB
de serviços, prestados por 25 serviços públicos. Na interpelação escrita ao Governo, datada de Setembro, o deputado Si Ka Lon questionava as medidas que a DSSOPT estaria a adoptar após a publicação de mais um relatório esmagador do Comissariado de Auditoria sobre os milhões gastos em rendas com edifícios privados. Dados citados por Si Ka Lon mostram que, em dez anos, no período compreendido entre 2004 e 2014, foram gastos 5,030 mil milhões de patacas em rendas, sendo que 68 serviços públicos nunca estiveram albergados em edifícios do Governo.
SEM DATAS
Si Ka Lon questionou ainda os atrasos quanto à construção do campus destinado aos tribunais nos novos aterros. Actualmente está apenas a ser construído um edifício provisório junto ao lago Sai Van, que vai albergar o Tribunal Judicial de Base. Li Canfeng apenas referiu que a construção do referido campus terá prioridade
Há ainda planos para a construção de mais serviços administrativos em edifícios públicos, sem pagamento de rendas a privados aquando da elaboração do Plano Director. “Uma vez concluída a elaboração do projecto da planta de condições urbanísticas da zona administrativa e jurídica,
a mesma será enviada ao Conselho do Planeamento Urbanístico para a emissão de parecer”, concluiu. Andreia Sofia Silva
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CRIMINALIDADE NÚMERO DE ROUBOS MANTEVE-SE ESTÁVEL
D
ADOS da Polícia Judiciária (PJ) mostram que o número de roubos tem vindo a manter-se estável em relação ao ano passado. Nos primeiros dez meses deste ano registaram-se 46 casos de roubo, número semelhante a 2015. Segundo um comunicado da PJ, a maior incidência dos roubos ocorreu nos novos terrenos da Areia Preta, com 13 por cento dos casos, seguindo-se o Bairro San Kio, com 11 por cento. “Houve uma grande redução de casos nos Bairro Praia do Manduco e central da Taipa, com redução de 13 por cento 12,8 por cento respectivamente”, acrescentou a PJ. Chau Wai Kuong, director da PJ, referiu que “a ocorrência dos casos de furto em residência resulta normalmente da insuficiência da consciência e das medidas preventivas por parte da população”. Prevê-se, por
isso, que a PJ continue a “cooperar com as empresas de gestão predial e as comissões de administração de condomínios”. “O trabalho de policiamento comunitário da PJ pode ser desenvolvido com um bom ritmo em resultado da coordenação e apoio prestados pelas associações de moradores e pelos moradores. Com a boa experiência da cooperação entre polícia e cidadãos durante longos anos, poder-se-á manter uma situação estável da segurança da sociedade”, adiantaram os responsáveis, no âmbito de uma conferência de apresentação da página no Facebook intitulada “Aulas da PJ”, além de ter sido realizado um encontro sobre segurança comunitária com os participantes do projecto “Amigos da Prevenção Criminal na Área da Habitação”.
7 SOCIEDADE
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MOTORISTAS ASSOCIAÇÃO PLANEIA PROTESTO CONTRA TNR
A Associação Geral dos Empregados do Ramo do Transporte de Macau anunciou ontem que pretende fazer um protesto no próximo dia 16 em reacção à recente ideia do Governo de “não parar o estudo sobre a introdução de motoristas não residentes”. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os responsáveis da associação estão também descontentes com o facto de alguns deputados da Assembleia Legislativa se mostrarem favoráveis quanto à introdução de mão-de-obra importada para este trabalho.
CONSUMO MACAU TEM “AVENIDA” DE DESCONTOS
Está aberta a partir de hoje a “Avenida Azul”. O projecto que abrange a Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, a zona das Ruínas de São Paulo e a Rua das Estalagens vai, durante um mês, proporcionar descontos aos clientes que efectuarem o pagamento das suas compras com o Alipay ou o Macaupass, nas 188 lojas que participam na actividade. Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia, (DSE) garantiu ontem, segundo o canal chinês da Rádio Macau, que este é um projecto pioneiro que visa a criação de uma área comercial com pagamento electrónico. Após a conclusão do período desta iniciativa, Tai Kin Ip garantiu que irá ser feita uma avaliação a ter em conta em projectos futuros.
Consulado OBRA DE VHILS EM MACAU COM AJUDA DA CASA DE PORTUGAL
A arte chega ao jardim Depois da presença em Hong Kong, Alexandre Farto, o artista que cria obras de arte nas paredes, traz pela primeira vez um mural para Macau. A obra será inaugurada na próxima sexta-feira nos jardins do Consulado-geral de Portugal
O
artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugura no próximo dia 9 o seu primeiro trabalho em Macau, um mural nos jardins do Consulado-geral de Portugal no território. O mural resulta de uma parceria entre o consulado e a Casa de Portugal. “É uma parceria pensada em conjunto para dar a oportunidade a que o território ficasse com uma obra de um artista de renome mundial”, disse à Agência Lusa a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, sublinhando que a entidade que dirige tem entre as suas missões a divulgação da cultura portuguesa e que o mural de Vhils poderá ser apreciado pela comunidade local e pelos milhões de turistas que todos os anos visitam a cidade. Também o cônsul Vítor Sereno destacou que o trabalho de Vhils é “reconhecido mundialmente” e considerou que é um
exemplo de que “há um Portugal moderno, competitivo, parceiro estratégico para bons investimentos”. “Com uma obra de grande valor e simbolismo, damos assim também, em paralelo, um singelo contributo para a ‘diversificação’ [económica] pedida pelos Governos central e desta região administrativa especial, criando um elemento adicional de atractividade artística para Macau”, acrescentou. Segundo o cônsul, o mural “dá corpo a uma
ideia que se começou a desenhar há cerca de ano e meio” no ateliê de Vhils em Hong Kong. Além de esta ser a primeira obra do artista em Macau, “é também a primeira numa representação diplomática portuguesa”.
GRAFFITI NA ADOLESCÊNCIA
Alexandre Farto nasceu em Lisboa, em 1987, e terminou os seus estudos de Arte em 2008, em Londres. Vhils cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes
e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos. Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo. Em 2014, inaugurou a primeira grande exposição em Portugal, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/ Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses. Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para a qual criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence” e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. Em 2015, o trabalho de Vhils chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional
(EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.
Vítor Sereno destacou que o trabalho de Vhils é “reconhecido mundialmente” e considerou que é um exemplo de que “há um Portugal moderno.” No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4). Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa. Este ano, recebeu o prémio personalidade do ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.
JORNALISMO CATARINA DOMINGUES VENCE PRÉMIO MACAU - REPORTAGEM
C
ATARINA Domingues, jornalista portuguesa residente em Macau, foi a vencedora da edição de 2016 do Prémio Macau – Reportagem, atribuído pela Fundação Oriente. Este ano, a concurso apresentaram-se oito jornalistas, com um total de 10 trabalhos. Catarina Domingues foi premiada com uma reportagem intitulada “Amamentar”, emitida na TDM a 16 de Janeiro último. Em nota à imprensa, explica-se que o júri entendeu ser este o melhor trabalho devido à
“pertinência, actualidade e interesse do tema, à adequação da peça jornalística ao meio de comunicação utilizado e à qualidade global da reportagem”. O júri é constituído pela coordenadora da Delegação da Fundação Oriente em Macau, Ana Paula Cleto, e por mais quatro pessoas: a professora catedrática Fernanda Gil Costa, o director do Centro Científico e Pedagógico da Língua Portuguesa, Carlos Ascenso André, a delegada da Agência Lusa
em Macau, Margarida Pinto, e o director do Macau Post Daily, Harald Bruning. Catarina Domingues nasceu em 1980, em Lisboa, e completou o ensino secundário no Liceu de Macau, regressando a Portugal em 1998 para prosseguir os estudos universitários. Frequentou o curso de Comunicação Social no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, terminando a licenciatura na Universidade de Erlangen-Nürnberg, naAlemanha, país onde fez ainda um mestrado em Comunicação.
Passou por vários órgãos de comunicação social em Macau. Foi jornalista na TDM antes de partir para Pequim, onde frequentou um curso intensivo de Mandarim e trabalhou na Rádio Internacional da China. Trabalha actualmente como jornalista freelancer no território, colaborando em permanência com a Revista Macau. O Prémio Macau – Reportagem tem um valor pecuniário de 50 mil patacas.
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9 EVENTOS
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TRADUZIR E CRIAR Jane Camens MACAU PODE VIR A ACOLHER ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESCRITORES E TRADUTORES
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ACAU pode vir a acolher o encontro anual promovido pela Asia Pacific Writers & Translators Inc (APWT). A iniciativa, que tem como objectivo promover o contacto entre profissionais do meio literário, nomeadamente escritores e tradutores da região asiática, vê o território como especialmente atractivo para o efeito. O desejo foi manifestado por Jane Camens, directora da entidade, que vê na possível realização da iniciativa em Macau uma forma de ter presentes mais autores portugueses, ao mesmo tempo que considera que é um lugar especial no que respeita às competências da tradução.
Para Jane Camens, Macau é um lugar isolado no que respeita à internacionalização literária. O facto não se deve à falta de autores ou de tradutores, mas porque as obras dos escritores locais, na sua maioria, não estão traduzidas. “Em Macau vejo muito poucos trabalhos a serem traduzidos para inglês, quer escritos em língua portuguesa, quer em língua chinesa”. A falta de acesso a trabalhos em inglês faz com que se sinta “bloqueada”. “Parece que Macau é um mundo privado e essa também é uma das características que me fascina aqui.” Mas é também em Macau que Jane Camens vê a profissão do tradutor como uma das mais bem desenvolvidas. A autora e ex-residente do território considera que, dada esta característica de “excelência na tradução”, a cidade reúne condições para receber o encontro internacional da associação que dirige. “Estivemos aqui e conversámos com representantes da Universidade de Macau acerca da possibilidade de organizar o encontro no território. Pode ser uma oportunidade de trazer mais escritores portugueses e, francamente, penso que, aqui, existem profissionais com capacidades de tradução incríveis”, explica ao HM. A coexistência de duas línguas e as consequências profissionais que isso traz podem ter benefícios para aprendizagem da própria APWT: “Penso que, a esse nível, também podemos aprender muito do que é feito aqui em Macau ao nível da tradução”.
A TRADUÇÃO NÃO É PREGUIÇOSA
O trabalho de tradutor não é o de um transcritor numa outra língua. Jane Camens salvaguarda que esta não é
um tradutor que transpôs e recriou aquela obra para que pudesse ser lida por outras pessoas, noutras línguas”, explica. Para Sanaz Fotouhi, “quando um livro é traduzido, é transformado numa outra obra e é por isso que agora os grandes prémios literários consideram a tradução”.
SOFIA MOTA
A escritora australiana Jane Camens esteve em Macau numa sessão na Livraria Portuguesa que assinalou o final do encontro anual da associação que dirige. Ao HM falou dos desafios da escrita e da tradução, e do desejo de que a iniciativa venha a acontecer no território
DA CHINA PARA A CHINA
a sua área mas, enquanto autora, vê o tema da tradução profundamente debatido nos encontros que organiza e fala do seu passado. “Tive uma experiência com profissionais que traduziram textos meus para espanhol e o conselho dado por um poeta italiano presente foi de que os tradutores não se devem sentir obrigados a ficar presos ao texto. Também são criadores e o texto final é de alguma forma deles, pelo que é necessário que se sintam livres para trabalhar isso mesmo”, ilustra Jane Camens. No entanto, a missão não é simples, especialmente no que respeita a traduções literárias. A função exige um trabalho árduo
“Em Macau vejo muito poucos trabalhos a serem traduzidos para inglês, quer escritos em língua portuguesa, quer em língua chinesa.”
Sofia Mota
JANE CAMENS ESCRITORA
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA GLÓRIA • Vasco Pulido Valente
e merecedor de mais reconhecimento. Jane Camens refere que “a escolha e o leque de vocabulário são os elementos mais importantes quando se fala de tradução literária. Um tradutor não pode ser preguiçoso no seu trabalho nem com as palavras que utiliza e a correspondência entre palavras tem de ser muito clara”. Já Sanaz Fotouhi, assistente executiva da APWT, diz ao HM que um dos maiores desafios enfrentados pelos tradutores, até há pouco tempo, foi a falta de reconhecimento. “Muitas vezes as pessoas, ao lerem um trabalho traduzido, fazem-no como se estivessem a ler o original e não têm noção de que existe
Um fresco notável da segunda metade do nosso século XIX. Através de uma personagem histórica menor (Vieira de Castro), Pulido Valente retrata todos os aspectos da elite oitocentista: o caos circense da Universidade de Coimbra, os bastidores da política da monarquia constitucional, o marialvismo dos jovens e velhos bacharéis de Lisboa. Haverá quem diga que Glória não é uma biografia, mas sim um romance. Sobre isso, há que dizer uma coisa: os grandes historiadores são escritores. Um grande livro de História não passa à condição de romance só porque é muito bom. Vasco Pulido Valente é tão escritor como Lobo Antunes ou Saramago. E a biografia não é um género inferior ao romance.
No final do encontro anual que teve lugar em Cantão, Janes Camens não podia estar mais satisfeita. “Este encontro foi surpreendentemente gratificante. Teve a presença de muitos escritores internacionais e foi um sucesso tremendo. Tivemos participações da Islândia, de Itália e mesmo de Portugal. Mas o que mais surpreendeu foi a adesão de escritores chineses”, referiu ao HM. Relativamente à presença de literatura feita na China Continental e dos seus autores nas iniciativas promovidas pela APWT, a participação ainda não é muita, mas já se começa a fazer sentir. A iniciativa de Cantão “proporcionou um espaço para que os autores chineses comunicassem com outros de outras origens porque achamos que isso não acontece com frequência”, apontou Jane Camens. A autora considera ainda que não existem muitas plataformas internacionais de encontro de autores do Continente porque “já existe um mercado interno massivo na China e, por isso, os autores podem tender a dizer que não precisam de sair do país. No entanto, qualquer escritor gosta de ser lido o mais alargadamente possível”. sofiamota.hojemacau@gmail.com
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
ARTE PORTUGUESA - HISTÓRIA ESSENCIAL • Paulo Pereira
Da pré-história aos nossos dias, o essencial de mais de dois mil anos de História da Arte em Portugal. Nesta obra procura-se o que é essencial. Não porque exista a pretensão de penetrar na essência da arte, ou de procurar qualquer invariante absolutamente portuguesa - porque até é provável que não exista - mas sim porque o que aqui se encontra resulta de um trabalho de actualização de conhecimentos essenciais, incontornáveis, fundamentais: é esse o sentido do título. O permanente diálogo entre as diversas épocas e as diversas geografias da Europa e do Mundo, o peso umas vezes inerte de tradições de “longa duração”, outras vezes dinâmico e leve de vanguardas súbitas e torrenciais, é o pano de fundo de um percurso pela arte produzida em (e para) Portugal.
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Notificação n.º 38/DLA/SAL/2016 Considerando que não se revela possível notificar o interessado, por ofício ou telefone, nos termos do artigo 103.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, conjugado com os n.os 2 e 3 do artigo 2.º do Despacho do Chefe do Executivo n.º 268/2003, alterado pelos Despachos do Chefe do Executivo n.º 267/2004 e n.º 109/2005, notifico, pela presente, nos termos do artigo 10.º, n.os 1 e 3 do artigo 58.º, n.º 2 do artigo 72.º, n.os 1 e 2 do artigo 93.º e n.os 1 e 2 do artigo 94.º do “Código do Procedimento Administrativo”, o titular da licença e eventuais interessados do seguinte estabelecimento: N.º Nome do estabelecimento 1 ESTABELECIMENTO DE COMIDAS CHIU KEI
Endereço Rua Nova, n.º 19, r/c, Macau
Titular da licença NG, KAI UN
N.º da licença administrativa: 124/1996
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(Estabelecimento de comidas e bebidas) ESTABELECIMENTO DE Rua Nova, n.º COMIDAS CHIU KEI 19, r/c, Macau
NG, KAI UN
N.º da licença administrativa: 13/1988 (Esplanada) Quanto ao estabelecimento, indicado no n.º 1, exarei despacho em 23 de Março do corrente ano, no sentido de os interessados deverem entregar os respectivos documentos em falta para renovação no prazo de 15 dias, contado a partir do dia seguinte ao da data de publicação da presente notificação, sob pena da instauração do processo de extinção do pedido da renovação da licença a desenvolver pelo IACM, nos termos do artigo 103.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M. No que diz respeito ao estabelecimento, indicado no n.º 2, de acordo com os n.os 2 e 3 do artigo 2.º do Despacho do Chefe do Executivo n.º 268/2003, alterado pelos Despachos do Chefe do Executivo n.º 267/2004 e n.º 109/2005, autorizei, por despacho, exarado em 23 de Março do corrente ano, o desenvolvimento do processo administrativo que declare a invalidação da respectiva licença administrativa. Os interessados, no prazo de 15 dias, contado a partir do dia seguinte ao da data de publicação da presente notificação, têm o direito de apresentar audiência escrita relativa ao estabelecimento, por não terem pedido a renovação da licença ao IACM, de acordo da lei, entre Janeiro e Fevereiro de 2015, nem corrigido a respectiva situação dentro de 90 dias, sem prejuízo da aplicação do n.º 3 do artigo 94.º do mesmo Código. Caso os interessados não apresentem, sem qualquer justificação, a audiência escrita dentro do prazo determinado, serão considerados como não havendo efectuado qualquer declaração sobre os factos citados. Os interessados podem, dentro do horário de expediente, deslocar-se à Divisão de Licenciamento Administrativo, sita na Avenida da Praia Grande, n.os 762-804, Edifício China Plaza, 2.º andar, Centro de Serviços do IACM, zona F, para entregar a audiência escrita e consultar o respectivo processo administrativo. Aos 8 de Novembro de 2016. O Vice-Presidente do Conselho da Administração Lei Wai Nong WWW. IACM.GOV.MO
ANÚNCIO 【N.º 105/2016】 Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar a adquirente seleccionada da lista com a ordenação dos candidatos abaixa mencionada:
Nome WONG HOI CHING
N.º do Boletim de candidatura 82201332458
Tendo em conta que, após a apreciação substancial, preenche os requisitos de candidatura à compra da fracção, nos termos do artigo 27.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.º 11/2015, a adquirente seleccionada acima mencionada deve dirigir pessoalmente à recepção no lado curto do Instituto de Habitação (IH), sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau (junto da Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte), no dia 29 de 12 de 2016, às 9 H 30, para escolher uma fracção, de entre as fracções disponíveis, devendo apresentar os originais dos documentos de identificação da Região Administrativa Especial de Macau de todos os elementos do agregado familiar indicado no boletim de candidatura. Deverá comparecer 30 minutos antes da hora da escolha da fracção acima indicada para tomar conhecimento sobre a situação das fracções disponíveis e tratamento das formalidades. Visto que o número de elementos do agregado familiar constante no boletim de candidatura é composto por 2 pessoas, de acordo com o disposto no Anexo II da lei acima mencionada, de entre as fracções disponíveis, poderá escolher as tipologias T2 ou T1, caso as fracções de tipologia de T2 estejam esgotadas, poderá apenas escolher as fracções de tipologia T1. O procedimento para a conclusão da escolha da fracção tem uma duração de 30 minutos, a contar da hora da escolha da fracção acima indicada [IH continua o trabalho de escolha das fracções pelos candidatos do período seguinte (caso existam) 15 minutos a contar da hora da escolha da fracção acima indicada]. Caso não consiga proceder à escolha da fracção e concluir o procedimento em 30 minutos, IH irá suspender o procedimento de escolha da fracção. Caso aconteça a suspensão do procedimento de escolha da fracção acima referida, a adquirente seleccionada acima mencionada deverá, no mesmo dia durante a hora de expediente, escolher a fracção e concluir todo o procedimento de escolha da fracção. De acordo com os termos do n.º 1 do artigo 27.º e da alínea 4) do n.º 1 do artigo 28.º da lei acima mencionada, caso a adquirente seleccionada não compareça na escolha das fracções, na data e horas fixadas, sem motivo justificado, ou, comparecendo, não escolha qualquer fracção disponível, a adquirente seleccionada será excluída do concurso. No momento da escolha da fracção, IH deve verificar, de novo, os dados do agregado familiar e, caso os respectivos dados se tenham alterado e tal afecte os requisitos para a aquisição de fracções ou a ordem nos grupos prioritários, IH irá suspender, de imediato, o procedimento de escolha da fracção. (Para mais informações, por favor, consulte a《Escolha de fracção de habitação económica – Observações para compradores》). De modo a permitir um melhor conhecimento das informações sobre as fracções de habitação económica em venda, a adquirente seleccionada pode dirigir-se à delegação do IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, para obter o anúncio de abertura do concurso geral para aquisição de habitação económica, o catálogo com a descrição das fracções para venda, a tabela de preços das fracções disponíveis e informação relativa à《Escolha de fracções de habitação económica – Observações para compradores》. Em caso de dúvidas, pode dirigir-se ao IH, durante as horas de expediente, ou ligar para o telefone n.º 2859 4875. Para mais informações sobre as situações das fracções disponíveis e sobre as informações do IH, pode consultar a página electrónica do IH (http://www.ihm.gov.mo). Instituto de Habitação, aos 29 de Novembro de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos
11 CHINA
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Cheios de energia
Banco chinês financia construção de barragem em Angola
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Sixtus Leung e Yau Wai-ching
Hong Kong INDEPENDENTISTAS PERDEM RECURSO
Fora de cena
O
S dois deputados independentistas de Hong Kong que, de acordo com a interpretação de Pequim e uma decisão do tribunal, foram impedidos de assumir o cargo, perderam ontem o recurso judicial que apresentaram. Segundo a emissora pública de Hong Kong RTHK, o tribunal de recurso da região concordou com a decisão anterior, divulgada no dia 15, de que Sixtus Leung e Yau Wai-ching falharam a prestar juramento como deputados durante a cerimónia de tomada de posse, em que pronunciaram “China” de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. O tribunal disse que “não pode haver uma explicação inocente para o que disseram e fizeram” durante a cerimónia.
O tribunal rejeitou também o argumento dos advogados dos deputados de que não deveria interferir nos assuntos da legislatura devido ao princípio da separação de poderes. O órgão judicial disse que ambos foram automaticamente desqualificados como deputados porque nunca completaram os seus juramentos e acrescentou que “não há qualquer dúvida” sobre a
O tribunal disse que “não pode haver uma explicação inocente para o que disseram e fizeram” durante a cerimónia [de tomada de posse]
questão de serem autorizados a repetir os juramentos, em termos legais.
A SENHORA QUE SE SEGUE
O departamento de Justiça de Hong Kong informou também esta semana que vai iniciar procedimentos contra a professora Lau Siu-lai, igualmente eleita deputada em Setembro, mas não deu informações sobre a fundamentação dessa argumentação. O juramento de Lau foi rejeitado durante a cerimónia de tomada de posse, quando leu o texto muito devagar, deixando longos silêncios entre cada palavra. No entanto, Lau pôde repetir o juramento e assumir o cargo. A 12 de Outubro, à semelhança dos outros deputados, os independentistas Baggio Leung e Yau Wai-ching, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, prestaram juramento, mas, devido à forma como o fizeram, este foi considerado inválido. No dia 07 de Novembro o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China, antecipando-se à decisão judicial que estava a ser aguardada, considerou que os dois deputados pró-independência não podiam repetir o juramento do cargo e tomar posse.
Banco Comercial e Industrial da China vai financiar o Estado angolano com 4,5 mil milhões de dólares para a construção da barragem de Caculo Cabaça, que será a de maior potência do país. O contrato para este financiamento foi assinado na terça-feira, em Pequim, pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, e a administração do banco estatal chinês, um dos maiores do mundo, conforme confirmou o próprio governante angolano. No âmbito deste projecto está igualmente aprovada uma cobertura de risco da Sinosure, para “assegurar o pagamento total da empreitada”. Em Maio deste ano, questionado pela Lusa, o ministro da Energia e Águas de Angola garantiu que a construção da nova barragem de Caculo Cabaça, na bacia do médio Kwanza, a de maior potência eléctrica no país, arranca “em breve” e vai permitir exportar electricidade angolana. João Baptista Borges destacou tratar-se de um “grande projecto” nacional para Angola atingir a meta de 9.000 megawatts (MW) de capacidade instalada em todo o país até 2025.
VALOR ACRESCENTADO
Só esta barragem, que o Governo angolano contratou há um ano ao
consórcio chinês CGGC (China Gezhouba Group Corporation) & Niara Holding, por 4.532 milhões de dólares, vai permitir produzir 2.171 MW de energia eléctrica. “É extremamente importante na perspectiva do desenvolvimento industrial do país e também de integração regional. Não nos podemos esquecer que estamos numa região em que o nosso país é um dos que de mais recursos energéticos primários dispõe, sobretudo a água”, sublinhou João Baptista Borges. Em concreto, o ministro angolano admitiu que a barragem, e a interligação da rede nacional em curso, permitirá exportar electricidade produzida no rio Kwanza para países como a Namíbia ou África do Sul. De acordo com informação do consórcio chinês a que a Lusa teve acesso, depois de iniciada, a obra da barragem de Caculo Cabaça, no norte do país, deverá estar concluída em 80 meses, prevendo a empreitada a edificação de túneis, trabalhos de construção civil, fornecimento, instalação e testes de equipamentos electromecânicos A barragem de Caculo Cabaça foi identificada pelo Governo como uma das obras estruturantes nesta área e incluída no Programa de Investimento Público (PIP).
SETE MINEIROS MORTOS E 22 PRESOS EM DUAS MINAS Sete mineiros morreram e outros 22 estão presos em duas explorações de carvão na China por causa de acidentes, informaram ontem as autoridades locais. Um dos acidentes foi numa mina na zona rural da província de Jiangxi (sudeste da China), que se inundou no dia 23. Neste caso, foram resgatados 14 mineiros com vida e outros sete desapareceram, tendo sido dados como mortos após uma semana de retirada de água e de operações de busca. No outro caso, 22 mineiros ficaram presos na terça-feira à noite dentro da mina devido a um deslizamento de terras, na província de Heilongjiang, no noroeste da China.As operações de resgate estão em curso. Os acidentes em minas de carvão na China são frequentes. No ano passado morreram 171 pessoas em 45 minas, segundo dados oficiais.
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diários de próspero
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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António Cabrita
Como tornarmo-nos bestas CAPÍTULO 1
22/11/2016 Já nem os animais são o que são. Aliás nunca foram o que pareciam: as sereias, por exemplo, pelo menos as originais, as gregas, nunca tiveram rabo de pescada. São mais harpias, com toscos troncos de ave e garras. Nunca consegui contar a verdade às minhas filhas. Em Moçambique, em 2010, uma cabra passou a ser mulher. Na Beira, um camponês encontrou dois matulões a violar-lhe a cabra. Levou-os à polícia, na ponta da espingarda. Aí perguntaram-lhe, Que quer o senhor como compensação? E ele, sisudo, respondeu, Quero que me dêem o lobolo (o dote). A coisa seguiu para tribunal, onde foi objecto de uma encarniçada discussão sobre se seria legítimo conceder-se um lobolo a uma cabra. Estrebucharam as associações ligadas à questão do género, mas o que se pode fazer: é cultura! Houve outro caso espantoso em 2012, mais para o norte. Um régulo (o chefe da aldeia), falecido há pouco tempo, reencarnou num hipopótamo. Foi um sururu. O hipopótamo passou a ser agraciado com o petisco favorito do régulo: picapau ( um prego trinchado) e uma garrafinha de vinho carrascão. Parece que o bichano levantava uma orelha quando o chamavam pelo nome do régulo. Era encantador. A um tal ponto que o governador da província lhe fez uma visita e um tributo: levou-lhe umas caixas de vinho de boa cepa portuguesa e cem quilos de carne já cortada, para um ano de mantimentos. Respeito é respeito. As crianças descalças da aldeia aplaudiram e o professor, que lhes dá aulas sob uma árvore e sem carteiras, fez uma quadra alusiva. É o que se chama desenvolvimento humano. Eu escrevi no Savana: «(...) literalmente acredito em tudo. Que a alminha do régulo transborde para o quadrúpede é-me pacifico. Mas o facto de acreditar em tudo, e esta é a diferença, não quer dizer que dê o mesmo valor a tudo. Uma coisa ser plausível não quer dizer que seja necessária. This is the question. E acredito piamente que o facto do régulo ter encarnado no hipopótamo constitui uma demonstração de vanidade total dos poderes sobrenaturais do régulo. Na cadeia evolutiva dos seres,
A mãe do dumbo
para citar Pascal, estando o homem encravado entre a besta e o anjo (para dar o nome de uma figura ao espírito), qual a vantagem de voltar em hipopótamo? É um retrocesso. Pode até ser verdade mas é absolutamente improdutivo. Vejam lá o extremo poder que alguém exibe voltando em hipopótamo! Não seria preferível voltar como físico nuclear, o maior da região e arredores? Voltar em hipopótamo parece-me o mais disparatado dispêndio de energias. Ainda por cima pervertendo a natureza sã do hipopótamo, tornando-o alcoólico.» Os filósofos falam disto – desta convivência entre o animal e o homem e o que deles há em nós e vice-versa. Derrida dedicou um livro ao assunto. O italiano Agamben não lhe quis ficar
atrás. E já antes o Deleuze falava do devir-animal. (Não sei o que os filósofos escreveriam sobre este assombro, ainda maior: em 2007, a STV – o segundo canal de televisão em Moçambique - fez uma reportagem sobre a mulher que supostamente teria dado `a luz um bule e três chávenas de chá. Durante essa semana, nas aulas da universidade, tive que debater as dúvidas dos alunos sobre se tal seria possível, porque na verdade a metade deles queria crer nessa possibilidade. A mim o que me espantava era a falta de ambição da parturiente. Se se pode ser mãe de um serviço inteiro da Vista Alegre, por quê ficar por um bule e três chávenas? E parecia-me até um óptimo princípio para uma economia no casamento, as nubentes primeiro
paririam o recheio da casa, mobílias, candelabros, carpetes, panelas e tachos, depois a própria casa, e só depois casariam. Mas voltemos aos animais.) Uma prova de que o devir-animal não funciona univocamente, mas sim para os dois lados, encontrei-a em Cabora Bassa, onde encontrei a fotografia que ilustra esta crónica. Ela demonstra que a Natureza via o Disney e que adora o Dumbo. Se me tivessem contado não acreditava, mas parece que Deus brinca mesmo connosco, às paródias. Paródia e das boas foi o que aconteceu a semana passada, no sul da Líbia. Transcrevo: “Um incidente envolvendo um macaco foi a causa inicial de um confronto tribal de 4 dias, que deixou pelo menos 16 mortes e 54 pessoas feridas na Líbia, informou no domingo um funcionário da área de saúde local. De acordo com os moradores e relatos locais de Sabha, no sul do país, o surto de violência começou de modo inusitado, depois de um macaco, pertence a um comerciante da tribo Gaddadfa atacar um grupo de garotas estudantes que passavam pelo local. O macaco teria puxado o véu islâmico de uma das garotas, fazendo com que os integrantes da tribo Awlad Suleiman matassem, em retaliação, três homens da tribo Gaddadfa, além do macaco – de acordo com um morador local que falou com a Reuters. “Houve um aumento da violência no segundo e no terceiro dias, com uso de tanques, morteiros, e outras armas pesadas”, disse o morador à Reuters, pelo telefone, falando na condição de anonimato por temer pela sua própria integridade física. Na região de Sabha, uma espécie de ponto de entrada de emigrantes e de armas contrabandeadas no sul da Líbia, geralmente negligenciadas pelo Governo Central, os abusos de grupos de milícias e a deterioração nas condições de vida têm sido especialmente alarmantes. Gaddadfa e Awla Suleimand representam as maiores e mais poderosas facções armadas da região...etc., etc” Pobre do véu, era o único inocente nesta história. Porque a rapariga, tenho a certeza, quando se viu sem véu, nua, gozou!
14 (F)UTILIDADES TEMPO
POUCO
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO – MACAU E A LUSOFONIA” Arquivo de Macau (Até 4/12)
MIN
14
MAX
22
HUM
55-85%
•
EURO
8.51
BAHT
EXPOSIÇÃO “BELIEVE IN ART” IFT Café (Até 5/12) EXPOSIÇÃO “UM AMANHÃ MELHOR” Edifício do Antigo Tribunal (Até 7/12) EXPOSIÇÃO CONJUNTA DE PINTURA DE WANG LAN E GU YUE
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “TRINTA E TRÊS ANOS NA RÁDIO – DO LOCUTOR LEONG SONG FONG Academia Jao Tsung-I (até 02/2017)
PROBLEMA 132
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 131
C I N E M A
UM LIVRO HOJE
SUDOKU
DE
Museu de Arte de Macau (até 01/2017)
Cineteatro
1.16
BEM-VINDO VHILS
Armazém do Boi (Até 4/12)
ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA
YUAN
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “URBAN HIKES”
Fundação Rui Cunha (Até 8/12)
0.22
Parece que depois de Hong Kong, Macau se lembrou que o artista Alexandre Farto, também conhecido por Vhils, poderia fazer o que melhor faz cá na terra. Estou satisfeito, até porque quando ouvi dizer do trabalho na região vizinha me questionei porque não teria vindo aqui ao lado. Além de adornar este espaço de mistura cultural com o bom gosto e arte que lhe são característicos, Vhils é uma referência. Não é uma Joana Vasconcelos e ainda bem. Também mais vale tarde que nunca. Vai ser bom escapar-me nos próximos dias para ir ver o homem trabalhar. Não é todos os dias que podemos ter um cheirinho do processo das coisas que fazem da cidade em que vivemos um espaço mais bonito. Gato que sou, é-me mais fácil apreciar algumas coisas. Espero que esta seja uma delas. Pu Yi
ANSEL ADAMS | AUTOBIOGRAPHY
Músico, professor e fotógrafo. Ansel Adams era um mestre da paisagem a preto e branco e pai de um sistema métrico para a luz que conferia às suas imagens um carácter único. Este é o livro que descobre o homem por detrás da câmara. Para os amantes e curiosos, um livro a espreitar. Sofia Mota
THE LIGHT BETWEEN OCEANS SALA 1
CRAYON SHINCHAN MOVIE 2016 [B] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Wataru Takahashi 14.15, 18.00, 21.45
YOUR NAME [B] FALADO EM CANTONENSE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Makoto Shinkai 16.00, 19.45 SALA 2
FANTASTIC BEASTS & WHERE TO FIND THEM [B] Filme de: David Yates Com: Katherine Waterston,
Dan Fogler, Alison Sudol, Ezra Miller 14.15, 16.45, 19.15, 21.45 SALA 3
THE LIGHT BETWEEN OCEANS [B] Filme de: Derek Cianfrance Com: Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz 14.30, 16.45, 19.15
SHUT IN [C] Filme de: Farren Blackburn Com: Charlie Heaton, Naomi Watts, Jacob Tremblay 21.30
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15 hoje macau quinta-feira 1.12.2016
bairro do oriente
LEOCARDO
SEINFELD, THE SOUP NAZI
O que é um “Nazi”?
S
EMPRE que oiço dizer que fulano “é um autêntico nazi”, vem-me à cabeça um episódio da série “sitcom” norte-americana “Seinfeld”, que os fãs mais atentos devem recordar com toda a certeza: “The Soup Nazi”. Este “nazi” era um sopeiro de Nova Iorque que exigia dos seus clientes o cumprimento de uma série de preceitos, e quem não anuísse a esta espécie de ritual ou levantasse a voz para discordar, “ficava sem sopa”. A sopa era aparentemente bastante boa, o que dava ao “Soup Nazi” a confiança necessária para continuar a ser um...bem, um nazi, portanto. Não consta que o indivíduo fosse de linhagem germânica, apesar de ser um imigrante, e dava mais a entender que era originário dos Balcãs, mas a este ponto há que distinguir um partidário do Partido Nazi da Alemanha dos anos 30, ou “Nazi”, de alguém cujos ideais e a interpretação de certos conceitos coincidem, mas que não é nativo dessa confraria – um nazi. Assim, com “n” minúsculo. E há por aí nazis que são piores qualquer Nazi. Aqui há algum tempo, um certo tipo de direita que eu designaria por “delirante e confusionista” resolveu pegar neste
conceito e tentar “baralhar e voltar a dar”. Para o efeito recorreu àquilo que tanto em política como noutra coisa qualquer é conhecido por “lógica da batata”: Se era o Partido Nacional Socialista, era socialista, e então todos os Socialistas são nazis, e a extrema-direita é afinal extrema-esquerda. Assim mesmo, e digam lá se não é “espectacular”? Pena que se confiou demasiado no estudo de mercado feito em crianças com 3 e menos anos, que pareceram achar a ideia “engraçada”. Há quem até a chamar aos outros “nazis” seja um autêntico nazi! Anti-semitismo. Santinho. Aqui está outro conceito que alguns nazis gostam de usar para chamar todo o mundo de Nazi. Se formos tentar explicar à esmagadora maioria da população local o que é “anti-semitismo”, ou as causas do Holocausto, e porque é tão importante não esquecer esse lamentável episódio da História, tratar-se-á de um acto tão producente
“Há muitos nazis de todos os tipos, cores, credos e origens, e conseguem ser quase todos muito, mas muito piores que um Nazi. Daqueles que já vêm com suástica e tudo, sabem?”
como explicar a origem das touradas, ou o peso cultural e económico da pesca à baleia na Noruega. Não é que não valha a pena de todo, mas a população de Macau é respeitadora das minorias e estrangeiros q.b. para precisar de treino em como lidar com uma certa minoria, porque isto e aquilo lhes aconteceu em determinado período da História, “guess what: this is China, we know”. Convém também referir o factor “peanuts”, pois a referida minoria estará representada em Macau com um número de indivíduos entre o “zero” e a “meia dúzia de apátridas, ressabiados ou invejosos que decidiram passar para o lado dos grandalhões”. Daí que se pode – e deve-se, tal como se recomenda – dizer que “fulano ou fulana tal são uns nazis”, sem querer necessariamente incluir aqueles detalhes referidos nos dois parágrafos anteriores. E o que é então um nazi, afinal? Pode-se dizer que é alguém que gosta de fronteiras fechadas e muros erguidos, pois só assim poderá praticar o seu “bullying” de nazi: rodeado unicamente dos seus “amiguinhos” nazis. É também alguém que culpa os mais desamparados, indefesos ou em risco pela sua própria inépcia. Pode ser ainda alguém que se tenha “desviado” para esses caminhos ínvios pelo atalho da religião, ou outra lavagem cerebral qualquer. Em suma, há muitos nazis de todos os tipos, cores, credos e origens, e conseguem ser quase todos muito, mas muito piores que um Nazi. Daqueles que já vêm com suástica e tudo, sabem?
OPINIÃO
Quem por atalhos andou de estrada lisa não sabe e não quer saber
quinta-feira 1.12.2016
Atlântido
ECONOMIA FILIPE VI DEFENDE TRABALHO CONJUNTO O rei Filipe VI de Espanha lembrou ontem no parlamento português a crise económica que afectou gravemente os cidadãos dos dois países, defendendo que, retomada a «senda do crescimento», devem trabalhar para «consolidar a recuperação». «Nos últimos anos, tanto Espanha como Portugal sofreram uma crise económica que afectou gravemente os nossos cidadãos. Hoje, as nossas economias retomaram a senda do crescimento e continuar a trabalhar no aprofundamento da relação económica bilateral é a melhor maneira de consolidar a recuperação, a criação de emprego e a sustentabilidade do modelo social que partilhamos», defendeu Filipe VI. O chefe de Estado espanhol discursava na Assembleia da República numa sessão solene de boas-vindas por ocasião da visita de Estado de três dias a Portugal que ontem terminou em Lisboa.
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O
Papa Francisco recordou no Vaticano a celebração do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala anualmente a 1 de Dezembro, por iniciativa das Nações Unidas, recordando as populações mais pobres atingidas pela doença. “Milhões de pessoas convivem com esta doença e só 50% tem acesso a terapias que salvam vidas. Convido-vos a rezar por elas e pelos seus entes queridos e a promover a solidariedade para que também os mais pobres possam beneficiar de diagnóstico e tratamentos adequados”, disse, no
Um salva vidas
Papa pede tratamento acessível para pobres com VIH
final da audiência pública semanal que decorreu esta quarta-feira, na sala Paulo VI. Francisco deixou ainda um apelo para que “todos adoptem
A ONU espera atingir uma eliminação da epidemia em 2030
comportamentos responsáveis para prevenir ainda mais a difusão desta doença”. A ONU espera atingir uma eliminação da epidemia em 2030, tendo ainda três objectivos até 2020: que 90% das pessoas que vivem com VIH sejam diagnosticadas; atingir 90% dos diagnosticados em tratamento; que 90% dos que estão em tratamento atinjam carga viral indetectável.
O Papa falou ainda da conferência internacional sobre a protecção do património em zonas de conflito, que se realizará nos dias 2 e 3 de Dezembro em Abu Dhabi. “Trata-se de um tema que, infelizmente, é actual. Na convicção de que a tutela das riquezas culturais constitui uma dimensão essencial da defesa do ser humano, faço votos de que este evento marque um nova etapa no processo de aplicação dos Direitos Humanos”, referiu Francisco. A iniciativa é promovida pelos Governos de França e Emirados Árabes Unidos, com a colaboração da UNESCO.