Hoje Macau 1 DEZ 2020 #4682

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CAMINHOS DA REABILITAÇÃO

ROMÚLOS SANTOS

GRANDE PLANO

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TOXICODEPENDÊNCIA

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MOP$10

TERÇA-FEIRA 1 DE DEZEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4662

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

DOCUMENTÁRIO

BURLAS ONLINE

A VOZ DOS REFUGIADOS

SEMPRE A CRESCER PÁGINA 6

ENTREVISTA

hojemacau ANOS

A forca ´ da lei Em dia de responder aos deputados sobre as Linhas de Acção Governativa para a Segurança, Wong Sio Chak não deixou margem para dúvidas. Negociações sobre segurança nacional estão excluídas e é dever de todos zelar pela protecção do país. O secretário revelou ainda que forças anti-Governo, de Hong Kong e Taiwan, visitaram Macau e não fechou a porta à criação de um comissariado dedicado à segurança.

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PÁGINAS 4 A 6

AOS MORTOS ANABELA CANAS

A CAMINHO DE NADA PAULO JOSÉ MIRANDA

INVULGAR MICHEL REIS


2 grande plano

1.12.2020 terça-feira

A SEGUNDA REINSERÇÃO SOCIAL

ARTM VAI ABRIR CAFÉ E GALERIA DE ARTE NA ANTIGA LEPROSARIA


grande plano 3

terça-feira 1.12.2020

A VIDA A

Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) vai abrir um café e uma galeria de arte em duas das antigas casas da leprosaria de Ká-Hó. O objectivo é apoiar a reinserção social de quem passa pela ARTM, ficando a gestão dos espaços a cargo de pessoas que estão ou estiveram em tratamento. A abertura oficial dos espaços está marcada para o dia 19 de Dezembro. “Tem muito a ver com o desenvolvimento das capacidades das pessoas, de as ajudar a ter formação. Muitas estão na última fase do tratamento, vão passar por aqui para aprender diversos tipos de trabalho em relação à restauração. É nossa intenção que depois tenham uma reinserção mais fácil”, explicou ontem o presidente da ARTM. Augusto Nogueira observou que a “reinserção social é uma fase que normalmente nunca é bem trabalhada, tem menos apoio do que a fase de tratamento e prevenção”. Ainda assim, o responsável referiu que desde que a ARTM mudou de local todas as pessoas que completaram o tratamento saíram já com trabalho. A associação dá apoio na procura de um emprego e aconselhamento. Agaleria de arte vai ser usada para exposições e venda de artesanato, acessórios, pinturas, livros, e outros produtos. A ideia é co-organizar exposições com entidades locais de serviço social e organizações criativas e culturais, e vender produtos feitos por quem está recuperação. No caso dos bens feitos por utentes da ARTM, o lucro é divido: uma parte destina-se à associação, para cobrir os custos de operação e o resto é para quem os faz. “Para aumentar a actividade da zona da Vila de Nossa Senhora, iremos também oferecer oportunidades de treino vocacional e estágio para antigos toxicodependentes operarem a cafeteria, restaurantes e espaços de arte”, indica uma nota da associação. Cheang Io Tat, chefe do Departamento de Prevenção e Tra-

“Para aumentar a actividade da zona da Vila de Nossa Senhora, iremos também oferecer oportunidades de treino vocacional e estágio para antigos toxicodependentes operarem a cafeteria, restaurantes e espaços de arte.” ARTM

tamento da Dependência do Jogo e da Droga do Instituto de Acção Social (IAS), espera que depois da maturação do programa as vagas de estágio sejam promovidas noutros serviços associativos, incentivando antigos toxicodependentes a reintegrar-se na sociedade. “A operação funciona como forma de apoio ao emprego”, descreveu. Recorde-se que a Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó, composta pela antiga leprosaria, a igreja e outras construções, faz parte do grupo de imóveis que estão em consulta pública para serem classificados pelo seu interesse cultural. O Instituto Cultural começou a restaurar parte das antigas residências em 2013 e propõe agora que seja qualificado como edifício de interesse arquitectónico.

FALSA SEGURANÇA

O contexto da pandemia teve impacto no uso de drogas. “Houve uma redução enorme de consu-

Duas casas antigas da leprosaria de Ká-Hó vão abrigar um novo projecto da ARTM. O objectivo é dar formação e contribuir para a reinserção social de toxicodependentes em tratamento na associação. Augusto Nogueira explicou ontem que, no contexto da pandemia, o consumo de algumas drogas diminuiu, mas alertou que também não houve reabilitação

midores a injectar heroína, porque deixou de haver no mercado, e a que havia era muito cara. Mas as pessoas acabavam por injectar outro tipo de drogas”, descreveu Augusto Nogueira. Uma das substâncias de substituição para quem injectava heroína acabou por ser o Dormicum, um fármaco da família das benzodiazepinas. De acordo com o presidente da ARTM, também houve uma redução ao nível do “ice”, mas com as aberturas fronteiriças o tráfico regressou ao território. Nesse sentido, Augusto Nogueira deixou um alerta: apesar do intervalo no consumo de drogas devido ao confinamento e restrições fronteiriças, isso não é sinónimo de reabilitação e da abstinência. “As pessoas tiveram uma paragem porque não havia, mas a reabilitação não existiu. Portanto, assim que puderem, muitos vão começar a consumir, e outros optaram por drogas mais disponíveis”, declarou. O centro de tratamento da ARTM manteve o número de admissões, colaborando com o IAS

“De facto, os ex-toxicodependentes às vezes são alvo de preconceito dos residentes.” CHEANG IO TAT CHEFE DO DEPARTAMENTO DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DO JOGO E DA DROGA

sobre as regras de saúde e comunicando com as famílias, porque as visitas foram interrompidas. De momento, existem 30 pessoas em tratamento.

ATITUDE POSITIVA

“De facto, os ex-toxicodependentes às vezes são alvo de preconceito dos residentes”, reconheceu Cheang Io Tat. O responsável indicou aos jornalistas que estão a ser feitos trabalhos educativos desde a infância, na esperança de que os residentes conheçam os problemas associados ao consumo de droga e para que “possam conviver com toxicodependentes com uma atitude positiva”. Cheang Io Tat explicou que o IAS coopera com diversos serviços através da Comissão de Luta contra a Droga e que quer intervir mais cedo, sobretudo no acompanhamento de pessoas que têm registo criminal. Este ano foi lançado um novo programa em cooperação com os serviços policiais, de forma a intervir através de associações não governamentais junto de quem tem maior risco, como os jovens ligados a crimes relacionados com drogas. O objectivo é que depois de acompanhamento e aconselhamento de assistentes sociais os jovens não voltem a reincidir no comportamento criminal. Segundo os dados do Sistema do Registo Central dos Toxicodependentes de Macau, na primeira metade do ano o número de toxicodependentes diminuiu. “No entanto, olhando para os pedidos de ajuda na primeira metade do

“Houve uma redução enorme de consumidores a injectar heroína, porque deixou de haver no mercado, e a que havia era muito cara. Mas as pessoas acabavam por injectar outro tipo de drogas.” AUGUSTO NOGUEIRA PRESIDENTE DA ARTM

ano, recebemos um total de 412 pedidos, não foi uma redução significativa em comparação ao mesmo período do ano passado”, disse o chefe de departamento. Os dados deste sistema são baseados no número de consumidores que procuram ajuda e dos que são detidos pelas autoridades, ou seja, o sistema que contabiliza o número de toxicodependentes em Macau conta pessoas que seguramente não consomem drogas. Salomé Fernandes e N.W.

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CRIMINALIDADE REGISTADOS 19 CASOS DE CONSUMO DE DROGA EM NOVE MESES

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NTRE Janeiro e Setembro deste ano registou-se uma redução de cerca de 58,7 por cento dos crimes de consumo de drogas, em comparação ao mesmo período de 2019. De acordo com as estatísticas do Balanço da Criminalidade, foram registados nos primeiros nove meses do ano 19 casos. Já o

tráfico e venda de drogas desceu de 94 para 53 casos, o que representa uma redução de 43,6 por cento. Entre Janeiro e Setembro registaram-se no geral 859 delitos de crimes não classificados, uma redução de apenas 0,3 por cento face ao período homólogo do ano passado. Em crimes de delinquência juvenil,

ou seja, que envolvem menores de 16 anos, registou-se apenas um caso de tráfico e venda de estupefacientes, e nenhum de consumo. Recorde-se que a legislação da RAEM aumentou as sanções para estes crimes em 2016. Actualmente, o consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias

psicotrópicas é punido com pena de prisão de três meses a um ano, ou com pena de multa de 60 a 240 dias. Já a pena para tráfico de drogas vai de cinco a 15 anos de prisão. No cômputo geral de 2019, registaram-se 119 crimes de tráfico e venda de drogas, para além de 59 de consumo.


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Mais vale prevenir SEGURANÇA NACIONAL “NÃO HÁ MARGEM PARA NEGOCIAÇÃO”, WONG SIO CHAK

RÓMULO SANTOS

1.12.2020 terça-feira

O secretário para a Segurança afirmou que zelar pela segurança nacional “é uma obrigação de todos os cidadãos chineses” e revelou estar ao corrente de casos em que movimentos políticos anti-governo de Hong Kong e Taiwan vieram a Macau. Em resposta a Au Kam San, Wong Sio Chak afirmou tratar-se de uma “imposição do Governo Central” que não pode ser negociada. A criação de um comissariado dedicado à matéria é uma possibilidade PUB HM • 1ª VEZ • 1-12-20

公告 ANÚNCIO 簡易執行裁判案 第 PC1-14-0671-COP-A 號 輕微民事案件法庭 Execução Sumária de Sentença n.º Juízo de Pequenas Causas Cíveis Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, Nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executado: ZHANG SHENGLU, com última residência conhecida em Macau, na Beco da Alegria no 61 Chong Fok Fa Un Liking Court Nice Court 11-D, ora ausente em parte incerta. * FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real e que são os seguintes: Bens penhorados Verba n.º 1 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2016 Saldo: MOP$4.200,00 (Quatro Mil, Duzentas Patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 2 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2017 Saldo: MOP$9.000,00 (nove mil patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 3 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2018 Saldo: MOP$9.000,00 (nove mil patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 4 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2020 Saldo: MOP$10.000,00 (Dez Mil Patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. RAEM, 03 de Novembro de 2020. *

O

secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirmou ontem não haver “margem para negociação” relativamente ao tema da segurança nacional, por se tratar de uma imposição do Governo Central. A tomada de posição surgiu em resposta à intervenção de vários deputados que pediram a palavra para abordar o tema da segurança nacional durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Segurança. “Este é um assunto que não admite negociação. É um assunto nacional, que em termos de regulamentação tem de ser tratado por imposição do Governo Central. Como temos esse dever constitucional e de

cidadania, não há margem para negociação”, afirmou o secretário para a Segurança, após Au Kam San ter acusado Wong Sio Chak de não “actuar com proporcionalidade” sobre a utilização da Lei Básica e da lei de segurança interna para definir quem são as “personas non gratas” que estão impedidas de entrar em Macau. Mesmo admitindo que Hong Kong e Macau gozam de situações políticas diferentes, horas antes, Wong Sio Chak já tinha considerado que a defesa da segurança nacional não deve ser descurada por nenhum residente de Macau e que “mais vale prevenir do que remediar”. “Cada cidadão chinês tem a obrigação de zelar pela segurança nacional (…) e o maior problema é negar isto. Temos de ver o risco que corremos em

termos de segurança interna, especialmente tendo em atenção o que aconteceu em Hong Kong e com partidos a virem a Macau para promover acções contra o Estado. Temos de prevenir antes de remediar”, afirmou o secretário. Isto, depois de Sulu Sou ter apontado que Macau e Hong Kong são duas sociedades diferentes a nível político, cuja implementação do diploma, que nunca foi aplicado em Macau, não poder ser executada de forma “seca”. Na mesma intervenção, o secretário para a Segurança admitiu a existência de diferenças, mas insistiu que a nível de segurança nacional “há-que haver uniformidade”, pois essa obrigação está expressa no artigo 23 da Lei Básica. “O combate pode ter meios completamente dife-

“Olhos no Céu” Mais de 5900 casos resolvidos desde 2016 O secretário para a Segurança revelou ontem que, entre Setembro de 2016 e Agosto de 2020, foram resolvidos 5.933 casos com recurso ao sistema de videovigilância “Olhos no Céu”. Em resposta a uma intervenção de Pang Chuan, Wong Sio Chak disse ainda que, desde o início da implementação do plano, foram instaladas 1620 câmaras. Durante a apresentação das

LAG da sua tutela, o secretário traçou ainda como metas em termos de policiamento inteligente, a revisão do sistema “Olhos no céu” e o início dos estudos para a instalação da 5.ª e 6.ª fases do sistema, pensadas, para já, para as zonas da ilha artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, do Posto Fronteiriço Qingmao e das novas zonas de desenvolvimento de Pang Chuan.

rentes e, por exemplo, em Hong Kong há crimes que ainda não estão regulamentados. Isso não quer dizer que deixem de fazer sentido quando não se aplicam. Temos de prevenir que a segurança do estado seja prejudicada, pois se tentarmos implementar medidas para remediar, pode ser tarde”, acrescentou. Sobre “interferências externas”, Wong Sio Chak revelou que estão identificados partidos anti-Governo de Hong Kong e Taiwan que querem influenciar a política de Macau. “Temos tido interferências externas que querem influenciar o nosso Governo


LAG • segurança 5

terça-feira 1.12.2020

DELINQUÊNCIA JUVENIL ANGELA LEONG PROPÕE CRIMINALIZAR A PARTIR DOS 12 ANOS

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NGELALeong propôs ontem a redução de 16 para 12 anos da idade a partir da qual os menores podem ser imputados criminalmente. A deputada atribuiu a necessidade de alterar a lei com o aumento da utilização da internet, facto que tem levado a uma “generalização da delinquência juvenil”. Além disso, a deputada lembrou ainda que no Interior da China os menores respondem criminalmente por crimes graves a partir dos 12 anos. Na resposta, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirmou que uma alteração dessa natureza precisa de recolher consenso e que o essencial é apostar na educação, para que os jovens possam voltar a integrar a sociedade. “Trata-se de uma mudança política de relevância e não é só a nossa tutela que

pode decidir, é preciso fazer uma avaliação e também há que obter o consenso da sociedade. Temos adoptado uma posição de abertura, mas a deliquência juvenil não tem muito destaque, pelo que não parece necessário reduzir até aos 12 anos. O essencial é a educação e o ensino. Temos de curar as pessoas para voltar à sociedade”, apontou o secretário durante o debate das LAG da sua tutela. P.A.

PUB HM • 1ª VEZ • 1-12-20

e a nossa política. Porque é que tantos partidos anti-Governo ou de Taiwan vieram a Macau? Temos esses casos todos registados e sabemos com quem essas pessoas contactaram em Macau”, apontou o secretário.

JOGAR NA ANTECIPAÇÃO

Outros deputados como Si Ka Lon, Chui Sai Peng, Lam Lon Wai, Song Pek Kei e Iao Teng Pio frisaram a importância de aprofundar o regime de segurança do estado através do reforço da formação de talentos e da difusão dos conhecimentos da população sobre a segurança do estado.

Na sua intervenção, Song Pek Kei frisou que, apesar de o Governo cumprir “com rigor” a Lei Básica, isso não quer dizer que Macau esteja em segurança devido aos “muitos desafios provenientes da internet” e ao facto de o caso de Hong Kong mostrar que “os países ocidentais recorrem

“Se tentarmos implementar medidas para remediar, pode ser tarde.” WONG SIO CHAK SECRETÁRIO

a plataformas online para incitar ou atacar a segurança do Estado”. Na resposta, Wong Sio Chak admitiu a hipótese de criar um comissariado dedicado à segurança nacional. “Não temos essa intenção mas, se calhar, no futuro, vamos estudar a criação dessa instituição”, apontou o secretário. Por seu turno, Iao Teng Pio defendeu a utilização de escutas telefónicas para provar a existência de situações que colocam em risco a segurança nacional do território. “Há muitas acções que não são visíveis (…) e assim podemos adoptar medidas para contra-atacar as nossas

Duplas matrículas Prática ainda em estudo mas quotas excluídas O Governo continua a analisar a criação de duplas matrículas de circulação entre Macau e o Interior da China. Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, disse ontem no hemiciclo que não haverá quotas de circulação de veículos, mas sim um “limite máximo”. “Quanto à possibilidade

de os veículos poderem circular no Interior da China, da nossa parte estamos a estudar essa questão com a entidade congénere do Interior da China. Espero que depois de um consenso possamos divulgar algo para a população. Apenas podemos prestar apoio, porque quem está

a fazer [a medida] é o Governo do Interior da China, sobretudo para as licenças de passagem transfronteiriça. Estamos numa fase de preparação. Não vamos ter quotas mas sim um limite máximo. Temos de fazer a avaliação da pressão no posto fronteiriço”, explicou.

contra partes que têm essa intenção de colocar em perigo a segurança nacional”, afirmou o deputado. No início da sessão de ontem, durante a apresentação das LAG da sua tutela, Wong Sio Chak apontou que a área da segurança irá seguir o lema “Sinergias de Avanço, Mudanças e Inovação” anunciadas pelo Chefe do Executivo e que será ”mais proactiva na antevisão e na tomada de decisão”, cooperando activamente com o Governo na promoção do estabelecimentos do sistema de segurança nacional. Pedro Arede e Andreia Sofia Silva pedro.arede.hojemacau@gmail.com

公告 ANÚNCIO 簡易執行裁判案 第 PC1-16-0490-COP-A 號 輕微民事案件法庭 Execução Sumária de Sentença n.º Juízo de Pequenas Causas Cíveis Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, Nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executado: LAM IAT MENG, com residência em Macau, 得勝馬路8-10號江都 花園3樓C座. * Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real e que são os seguintes: Bens penhorados Verba n.º 1 Dinheiro Saldo: HKD$133,49 (Cento e Trinta e Três Dólares de Hong Kong e Quarenta e Nove Avos), que se encontra depositado actualmente no Banco da China (Macau Sucursal), à ordem dos presentes autos. Verba n.º 2 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2017 Saldo: MOP$9.000,00 (nove mil patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 3 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2018 Saldo: MOP$9.000,00 (nove mil patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 4 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2019 Saldo: MOP$10.000,00 (Dez Mil Patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 5 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2020 Saldo: MOP$10.000,00 (Dez Mil Patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. RAEM, 16 de Outubro de 2020. *


6 LAG • segurança

1.12.2020 terça-feira

EPM NOVO ESTATUTO DOS GUARDAS PRISIONAIS EM 2021

BURLAS ONLINE TRAVADAS TRANSFERÊNCIAS DE NOVE MILHÕES DE PATACAS

Meu rico salva-vidas São cada vez mais comuns os casos de burla online que envolvem milhões. Prova disso é o facto de as autoridades policiais terem travado a transferência de nove milhões de patacas no âmbito de 27 casos de burlas. Wong Sio Chak diz que é necessário reforçar medidas de prevenção

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S autoridades policiais conseguiram travar a transferência de um total de nove milhões de patacas por parte de residentes no âmbito de 27 casos de burlas online. Os números foram avançados ontem por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, no âmbito do debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a sua tutela. O congelamento das transferências bancárias foi feito graças a uma parceria existente entre a Polícia Judiciária e o Departamento de Segurança da província de Guangdong destinado a casos deste género. “Nos primeiros nove meses a Polícia Judiciária (PJ) investigou 302 casos de burla

Notificação da decisão final relativa à demolição de prédio em estado de ruína Edital n.º: 5/E-AR/2020 Processo n.º: 117/AR/2018/F Local: Prédio situado na Rua da Colina n.º 10, Rua de Horta e Costa n.º 6, Macau. Lau Koc Kun, Subdirector substituto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 11, II série, de 11 de Março de 2020, faz saber que ficam notificados os proprietários Yeong Chin Sio, Chang Wai Heng, Chang Chong Heng, Chang Heng Chong, Chang Heng Cheong, Ieong Josephine ou Josephine Ieong, Chang Heng Pang e os inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão constante do processo a decorrer nesta Direcção de Serviços, o prédio acima indicado encontra-se em estado de ruína, constituindo perigo para a segurança pública. Deste modo, nos termos do n.º 1 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, ficam os interessados notificados da decisão final relativa à sua demolição. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 2 do Despacho n.º 11/SOTDIR/2016, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 21, II Série, de 25 de Maio de 2016, Lai Weng Leong, ex-Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT homologou o Auto de Vistoria acima indicado através de despacho de 23 de Outubro de 2018. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por carta registada com aviso de recepção de 30 de Outubro de 2018 e por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 27 de Agosto de 2020, a audiência prévia dos interessados, no entanto, não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a sua demolição. Nos termos do n.º 1 do artigo 54.º do RGCU e por despacho do signatário de 25 de Novembro de 2020 , ordena aos interessados que procedam, no prazo de 30 dias a contar a partir da data da publicação do presente edital, à demolição do prédio acima indicado, bem como à limpeza e vedação do terreno com muro adequado. Para o efeito, de acordo com as disposições do RGCU, os interessados deverão apresentar nestes Serviços o projecto da obra de demolição, no prazo de 10 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. O impresso do respectivo pedido está disponível na página electrónica da DSSOPT. Findo o prazo acima referido, caso os interessados não tenham dado cumprimento à respectiva ordem, esta Direcção de Serviços em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores, nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 56.º do mesmo decreto-lei, ficando ainda os interessados sujeitos à multa prevista nos artigos 66.º e 67.º do RGCU. Na falta de pagamento voluntário da despesa, nos termos do n.º 3 do artigo 56.º do RGCU proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelos n.os 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 184/2019, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2019, da decisão constante do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do mesmo. RAEM, 25 de Novembro de 2020 Pela Directora dos Serviços O Subdirector, subst.º Lau Koc Kun

online, sendo que 34 são casos tradicionais, 50 envolvem nudez em conversas de chat e 20 envolvem troca de dinheiro. Temos 64 novos casos. O burlão dá benefícios e depois pede vários milhões [em troca]. Este tipo de casos tem registado um aumento e só no sábado passado registaram-se três casos”, disse o secretário. Wong Sio Chak prometeu ainda “reforçar os trabalhos” de prevenção. “Anteontem pedi à PJ para divulgar mais informações para reforçar a consciência [da população]”, frisou. Si Ka Lon foi um dos deputados que interveio sobre esta matéria. “Houve um aumento de casos online, especialmente burlas. Mais de 70 por cento dos casos não são de índole sexual, mas estão relacionados com investimentos falsos. Com a proliferação da Internet o Governo tem de prestar atenção e há que aumentar o diálogo com as regiões vizinhas.”

MAIS DE 40 CASAMENTOS FALSOS

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EDITAL

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“O burlão dá benefícios e depois pede vários milhões [em troca]. Este tipo de casos tem registado um aumento e só no sábado passado registaram-se três casos.”

O secretário adiantou ainda que nos primeiros nove meses do ano houve 41 casos de casamento falso, tendo sido interceptadas mais de 90 pessoas. Wong Sio Chak disse que a data para a entrega da proposta de lei para a revisão do regime jurídico do controlo de migração e das autorizações de permanência e residência se mantém. Ou seja, o diploma deverá chegar à AL no próximo ano. “O combate ao casamento falso será como o combate ao crime organizado e a pena será agravada. Nesta nova proposta de lei serão introduzidas novas medidas para o trabalho ilegal para punir os agentes”, explicou.

ONG Sio Chak garantiu que no próximo ano o novo estatuto do pessoal do Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) poderá chegar à Assembleia Legislativa. “Vamos acelerar o ritmo de trabalho do estatuto do pessoal para ver se conseguimos apresentar esta proposta de lei no próximo ano. Queremos melhorar as regalias de trabalho e passar de 17 para 10 níveis [na carreira]. Queremos ter um maior cuidado com o desenvolvimento da carreira profissional.” O secretário falou das dificuldades do recrutamento de guardas prisionais. “Trata-se de um velho problema. Desde 2010 até hoje mais de 142 aposentados foram transferidos para outros serviços. Organizamos, desde 2010, dez concursos públicos para recrutar novo pessoal, mas só metade dos candidatos foram recrutados”, disse. O secretário adiantou ainda informações sobre os custos que a Direcção dos Serviços Correccionais tem tido nos últimos meses. “Em 2019 e 2020, somando as despesas com o pessoal, manutenção de serviços e instalações, gastou-se 395 mil patacas com cada recluso. Em Hong Kong esse valor é de 389 mil dólares de Hong Kong. Em Macau os nossos reclusos têm uma vida melhor porque não precisam de trabalhar, ao contrário da China e de Hong Kong. Eles querem trabalhar, mas não temos condições para isso.”

Andreia Sofia Silva e Pedro Arede info@hojemacau.com.mo

WONG SIO CHAK SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA

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O debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Segurança, o secretário da tutela, Wong Sio Chak, não fechou a porta à possibilidade de vir a criminalizar a prostituição. “Quando alguém se prostituir na via pública é considerado um acto ilícito sujeito a uma multa de cinco mil patacas, e essa multa é aplicada pela Polícia de Segurança Pública (PSP). Se houver um consenso pretendemos criminalizar a prática da prostituição. Temos uma atitude de abertura, e se for atingin-

Sexo com limites Governo abre portas à criminalização da prostituição mas precisa de consenso

do o consenso podemos concordar”, disse. O secretário respondia a uma intervenção da deputada Wong Kit Cheng, que falou do facto de serem cada vez mais comuns os panfletos que publicitam serviços sexuais. “Na zona do NAPE esses panfletos já são afixados na parede, e esta é uma situação que a nossa população não quer ver. Será que podem ser instaladas câ-

maras de videovigilância para ver quem fixa esses materiais?”, questionou. Wong Sio Chak disse que “essa não é uma medida que possa ser aplicada facilmente”, uma vez que “o sistema olhos no céu tem uma finalidade própria”.

ABUSO A SUBIR

Vários deputados abordaram ainda o facto de os abusos sexuais de menores terem aumentado nos

últimos tempos. “Nos primeiros três trimestres deste ano houve 18 casos de abuso sexual de menores, mais 11 do que no ano passado, e também casos de pornografia infantil. A divulgação desse material aumentou 87 por cento. Quais os planos que vão ser implementados?”, perguntou a deputada Ella Lei. Também a deputada Wong Kit Cheng pediu a criação de uma base de dados de pessoas que tenham cometido este tipo de crimes, para uma melhor fiscalização por parte de escolas e centros educativos na hora de

contratar funcionários ou docentes. No entanto, o secretário assegurou que já existem mecanismos a funcionar. “O essencial é a prevenção e a sensibilização, e, através de plataformas digitais vamos continuar a divulgar os conteúdos e a reforçar a consciência dos menores, bem como de associações juvenis.” Wong Sio Chak frisou que a Polícia Judiciária “dedica-se a este tipo de criminalidade”, existindo “um procedimento já estabelecido para a investigação e tratamento desse tipo de crimes”, concluiu. A.S.S. / P.A.


sociedade 7

terça-feira 1.12.2020

ECONOMIA PAGAMENTOS ELECTRÓNICOS AUMENTAM 52 VEZES DESDE 2018

Ano Novo Chinês Melinda Chan diz que data será importante para recuperação

Melinda Chan, directora-executiva da Macau Legend Development, acredita que a recuperação da economia de Macau vai depender muito do desempenho do turismo no período do Ano Novo Chinês em 2021. Relativamente ao período de Natal que se avizinha, a empresária não espera um grande aumento do número de turistas, tendo adiantado que os hotéis da Macau Legend têm tido uma taxa de ocupação entre os 40 e 50 por cento. Segundo o jornal Ou Mun, a ex-deputada defende que a situação pandémica poderá estabilizar apenas a 1 de Maio do próximo ano, altura em que a economia local terá mais possibilidades de recuperação. Melinda Chan lembrou que o turismo na China já recuperou, mas que esta ainda não é a fase ideal para lançar bolhas de viagem. Desta forma, a empresária sugere que o Governo aposte na atracção de turistas da província de Guangdong.

Ensino Especial Turmas vão ter entre seis e 15 alunos

O número de alunos de ensino especial em turmas pequenas vai variar entre seis e 15 estudantes. A informação consta de um regulamento administrativo, publicado ontem no Boletim Oficial, assinado por Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. O regulamento, que entra em vigor a 1 de Setembro de 2021, estabelece que, para casos ligeiros, as turmas pequenas de ensino especial devem ter entre 11 e 15 alunos. Quando as necessidades são de grau moderado, as turmas compreendem entre oito e 10 alunos. Para as turmas constituídas por alunos com necessidades consideradas graves, o número varia entre seis e oito. Este ano lectivo o número de vagas em turmas pequenas de ensino especial foi de 233. O Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica é a entidade competente para aferir os graus de gravidade, através de avaliações feitas por especialistas em aconselhamento e docentes do ensino especial. Os técnicos, após avaliação, decidem o tipo de turmas que cada estudante deve frequentar.

O fim das carteiras Desde 2018, o volume de transacções através de pagamento electrónico aumentou 52 vezes, segundo a Autoridade Monetária de Macau. Hoje em dia, existem mais de uma dezena de aplicações móveis, lançadas por instituições financeiras de Macau, que permitem transacções através de Código QR

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Á muito que o fim estava anunciado. O dinheiro físico, moedas e notas, pode ter os dias contados. Em apenas dois anos, o volume de pagamentos electrónicos aumentou 52 vezes, segundo avançou Henrietta Lau, vogal do Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), em declarações à TDM - Rádio Macau. A responsável entende que estamos perante uma mudança de paradigma, uma vez que este método para pagar por bens e serviços passou a ser o preferido em Macau.

“Nos primeiros dez meses do ano registámos um volume de transacções na ordem dos 4.700 milhões de patacas – quase quatro vezes mais do que no ano passado. É um grande aumento, mas se compararmos com 2018, o volume de transacções aumentou 52 vezes”, disse Henrietta Lau, no programa Fórum Macau, da TDM – Rádio Macau. A responsável apontou que à medida que a tecnologia avança também os hábitos de consumo se adaptam, obrigando os comerciantes a seguir a tendência. No final de Outubro, cerca de 67 mil estabelecimentos comerciais de Macau

aceitavam pagamentos electrónicos, para serem usados pelas mais de 10 aplicações móveis lançadas por instituições financeiras locais.

IMPRESSÃO DIGITAL

Quanto à necessidade de garantir a segurança dos pagamentos por aplicações móveis, Henrietta Lau afirmou que as instituições financeiras têm de avaliar operações e apresentar relatórios anuais à AMCM, ou quando fizerem alterações operacionais profundas. Em termos de segurança, a responsável recorda que os sistemas de pagamento electrónico têm

diversas formas de autentificação, assim como limites máximos de transacção. Por exemplo, para se aceder ao MPay o usurário pode estabelecer a necessidade de impressão digital, além de um código para carregar a “carteira” ou efectuar transacções mais avultadas. Além disso, sempre que um pagamento electrónico falhar, a instituição financeira é obrigada a reportar a falha e para o caso de os problemas se repetirem existem protocolos para ser accionados. A responsável da AMCM revelou ainda que o Governo está a trabalhar com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego para lançar, no primeiro trimestre de 2021, uma máquina que aceite o pagamento por código QR nos autocarros por outras aplicações, além do MPay, mais usado por pessoas que residem em Macau.

A AMCM está a trabalhar com a DSAT para lançar, no primeiro trimestre de 2021, uma máquina que aceite o pagamento por código QR nos autocarros por outras aplicações, além do MPay Lau adiantou ainda que o pagamento de tarifa de autocarro é mais complicado tecnologicamente do que pagar uma conta de restaurante, porque os transportes podem implicar pagamentos diferenciados. Por exemplo, estudantes e idosos têm descontos, assim como passageiros que tenham feito transferência de outro autocarro público. João Luz

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AMBIENTE CAIXAS DE ESFEROVITE PROIBIDAS A PARTIR DE JANEIRO

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importação e trânsito de utensílios de mesa descartáveis de esferovite passa a ser proibida a partir de 1 de Janeiro, altura em que entra em vigor o despacho do Chefe do Executivo que estabelece a restrição, publicado ontem no Boletim Oficial. A proibição inclui caixas para comida, tigelas, copos

e pratos. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou a medida como forma para “promover as medidas de restrições ao uso de plástico e melhorar a qualidade ambiental de Macau”, depois de um período de análise da “situação real de Macau e as experiências de outras regiões”.

A medida já havia sido avançada pelo Governo em Julho. Também em Setembro, a DSPA deixou a ideia de que a proibição era algo que estava a ser estudado, com a data de implementação ponderada para o início de 2021, tal como se vai verificar. Nessa altura, a informação foi revelada após uma reunião

com activistas ambientais e a Associação Novo Macau. Importa realçar que este tipo de materiais não é reciclável em Macau, o que significa que vão parar ao lixo comum. O relatório ambiental de 2019 indicou que o território registou 550.249 toneladas resíduos sólidos urbanos, o que representou

um aumento de 5,3 por cento em relação a 2018. No ano passado, a quantidade 'per capita' diária de resíduos sólidos urbanos descartados foi de 2,24 quilogramas, mais 3,2 por cento do que em 2018, num território com cerca de 650 mil habitantes, e que recebeu, em 2019, cerca de 40 milhões de visitantes.


8 ENTREVISTA

TOMÁS BARÃO DA CUNHA

PEDRO SANTOS

REALIZADOR DO DOCUMENTÁRIO “EGEU”

PRODUTOR

“Um postal da realidade” “Egeu”, realizado por Tomás Barão da Cunha e produzido por Pedro Santos, é exibido amanhã, dia 2, no Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau. O documentário, filmado em várias zonas da Grécia, relata parte da crise dos refugiados na Europa através das narrativas de dois paquistaneses e de um cidadão do Afeganistão Como surgiu a possibilidade de fazerem este documentário? Pedro Santos (PS) - Estive na Grécia entre 2016 e 2018. Num primeiro momento participava num projecto de media e direitos humanos. Na segunda fase, trabalhava no serviço jesuíta de apoio aos refugiados em Atenas, com migrantes e requerentes de asilo. Dávamos apoio a toda uma comunidade, trabalhávamos num centro de abrigo para estas pessoas, e tínhamos uma série de serviços de apoio e actividades educacionais. O Tomás tinha acabado de chegar à Grécia para o mesmo projecto e desde o início, quando estávamos a trabalhar no serviço de apoio aos refugiados, que havia o desejo de escrever algum postal sobre a espera daquelas pessoas que estão numa situação de desespero. Queríamos tentar ilustrar um postal da realidade destas pessoas, da forma mais digna e completa possível. Conversei com o Tomás, já conhecia alguma coisa do trabalho dele, e andámos uns dias a gravar entrevistas. Procurámos vários perfis e seleccionámos apenas três pessoas. Duas do Paquistão e uma do Afeganistão. Porquê essas três histórias e não outras? Tomás Barão da Cunha (TBC) - A ideia, quando se monta um filme,

especialmente um documentário, é a complexidade de agarrar um espectador num determinado tempo do filme. O facto de seleccionarmos essas três histórias não se deveu ao facto de as outras serem menos interessantes, mas achámos que essas três englobavam a dinâmica desta viagem e da espera que queremos contar. Estas três pessoas eram abrangentes do ponto de vista das histórias que contavam. Mas as outras histórias ainda estão na gaveta e estamos à procura de uma melhor forma para as contar. PS - Também tem um bocado a ver com a fase que as pessoas atravessavam, pois tínhamos algumas histórias em que as pessoas não estavam assim tão estabilizadas do ponto de vista da narrativa. Num trabalho como este há sempre a abordagem do enquadramento da pessoa que conta a história, e o ponto de vista de trabalho pessoal. Trabalhava todos os dias com estas pessoas e conhecia-as muito bem, e não nos interessava a perspectiva estética e afastada da realidade. Havia um envolvimento. Procurávamos contar histórias que pudessem ser não eternas mas o mais actuais possível. Temos uma história de uma mulher do Irão e foi super interessante gravar com ela, mas havia ali uma série de

processos que ela tinha de viver para superar algumas das questões e para a história se consolidar do ponto de vista do storytelling. Também houve aqui este balanço entre a estética e o storytelling.

O Tomás disse que há histórias ainda por explorar, então este documentário não fica por aqui. TBC - É complexo, porque há histórias que são complicadas de pôr em prática em termos fílmicos. Neste momento, temos duas ou três histórias em suspenso, vamos falando sobre elas, mas ainda não encontramos uma forma de as pôr cá fora, talvez por causa da actualidade das mesmas. É um tópico sobre o qual ainda estamos a trabalhar, mas a que certamente que vamos voltar um dia, quando isto acalmar um pouco ao nível da pandemia, para voltarmos a ouvir mais histórias e continuar este trabalho de dar voz a quem não a tem. A crise dos refugiados parece ter saído da agenda mediática. O vosso documentário é uma chamada de atenção? PS - O “Egeu” nunca foi só um exercício estético e tivemos sempre uma ideia de intervenção ou de, pelo menos, despertar a discussão à volta do assunto. A premissa foi sempre o ser um postal sobre a espera e um postal que deve ser debatido, para trazer este assunto para a agenda mediática. Quando lançamos o filme tivemos a aventura quase megalómana de fazer um roadshow que pudesse associar o filme a um debate. Estávamos em fase de eleições europeias e era esta a ligação. A partir do filme, quisemos debater a ideia de Europa, que a partir do caso grego, falha em imensas circunstâncias. De cada vez que o filme é exibido pretendemos que se converse sobre o assunto. TBC - A ideia, quando fizemos o filme, foi “isto é maior que nós”, até porque eu, que vinha da escola de cinema, estava muito habituado à ficção e aos pequenos projectos. Embarcar num projecto que é maior que qualquer um de nós e dar voz

a estas pessoas, apresentar estas histórias para toda a gente as ver e ouvir, acho que foi uma aposta ganha. Estávamos muito reticentes quanto à forma como íamos distribui-lo, e depois surgiu esta hipótese de produzir pelos nossos meios e fazer estes debates. É triste que um filme que tem dois anos continue a ser actual. Continua a não haver uma solução para a crise dos refugiados. TBC - Sim, é muito triste, mas cá estaremos para continuar a dar voz a estas histórias na linha da frente.

Quais os desafios por que passaram na produção deste documentário? TBC - Foi uma rodagem longa. Tivemos uma semana em Atenas a filmar os relatos, em Março de 2018, voltámos a Atenas em Novembro desse ano para finalizar as filmagens que faltavam. Filmámos entre Atenas e Salónica, no norte da Grécia. A questão foi sempre como iríamos ilustrar a espera. E pensámos nessa viagem, na chegada de barco a terra, até à prisão do quarto na noite de Atenas. Não queríamos fazer o normal “talking-head”, quisemos ter uma abordagem e estética diferentes, e pegámos nessa narrativa das histórias e demos uma estética da viagem sem fim destas pessoas, e, já na Grécia, a continuação desta viagem. As condições de espera dessas pessoas são más, presumo. Como é o sentimento de quem espera? PS - O sentimento é desesperante, aqui o significado de desespero ganha muita força. É mesmo a ausência de esperança. Grande parte das pessoas traz expectativas muito altas, e é impensável o que encontram pela frente. No caso das ilhas, em Lesbos, o campo de Moria ardeu e está a ser construído um segundo campo, mas


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“Embarcar num projecto que é maior que qualquer um de nós e dar voz a estas pessoas, apresentar estas histórias para toda a gente as ver e ouvir, acho que foi uma aposta ganha.”

“Queremos que mais pessoas questionem o que está a acontecer e que isso se possa concretizar em algum tipo de acções.”

TOMÁS BARÃO DA CUNHA

PEDRO SANTOS

o primeiro estava pensado para três mil pessoas e chegaram a viver lá mais de 20 mil. A maior parte das pessoas sabe que tem de viver nestes campos entre três a quatro anos e isso é dito na entrevista quando chegam, o que é muito frustrante. Isto não mudou com o facto de o campo de Moria ter ardido, as condições continuam a ser altamente precárias. No caso de Atenas [a situação dos refugiados] torna-se mais aguda porque o processo já avançou e já terão uma inclusão no continente europeu.

Muitas delas até podem viver numa casa, ter os filhos na escola, embora haja milhares de pessoas a viver nas ruas de Atenas, mas o horizonte de esperança não existe, pois não há inclusão nenhuma. Limitam-se a esperar e a existir porque não existe capacidade de estas pessoas serem incluídas. Qual o significado de estar em Macau com o vosso filme? Vai ajudar a abrir horizontes para uma realidade europeia e ocidental?

TBC - Sem dúvida. Ter um filme num festival tão longe de casa num lugar como Macau é um privilégio e para estas histórias é uma nova vida que lhes damos. É sempre um prazer mostrar mais uma vez este filme, porque continua actual e mantém a consciência para o espectador do que está a acontecer na Grécia. Os media parece que se esqueceram um bocadinho da crise dos refugiados e é sempre bom haver projectos em cinema que continuem a apostar no real da situação lá. Sabemos que

muitas vezes não se mostra tudo em televisão. PS - O mundo dificilmente tem noção disto, mas a fronteira que mais mata pessoas todos os anos é entre a Europa e África, no mar Mediterrâneo. Para nós o “Egeu” chegar a Macau e lá alguém dizer “mas o que é que se passa nesta geografia?”, é essencial. Queremos que mais pessoas questionem o que está a acontecer e que isso se possa concretizar em algum tipo de acções. TBC - Já tínhamos fechado um pouco o ciclo dos festivais, estivemos o

ano de 2019 a exibi-lo, mas surgiu esta oportunidade. Recentemente ganhamos um prémio da Caritas portuguesa, num projecto sobre a migração, e o “Egeu” está a ter uma nova vida neste final de 2020. Para nós é sempre óptimo ver que as pessoas continuam a querer perceber o que se está a passar na Grécia e na Europa. É triste por ser actual, mas é bom as pessoas continuarem a mostrar interesse. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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SHENZHEN AI APELA AO RESPEITO PELOS DIREITOS DE DETIDOS QUE INCLUEM LUSO-CHINÊS

No reino das privações

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Amnistia Internacional (AI) apelou ontem a que os direitos dos doze jovens de Hong Kong, incluindo um luso-chinês, detidos na China, sejam respeitados, e lembrou que estes correm “risco iminente de tortura”. “A situação destes 12 jovens é extremamente preocupante. Nos últimos 100 dias, eles foram submetidos a algumas das tácticas mais comuns do manual da polícia chinesa”, apontou a organização de defesa dos Direitos Humanos. O grupo, que inclui o estudante universitário Tsz Lun Kok, detentor de passaporte português e chinês, tinha iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam

desistissem dos casos. “Tudo isto efectivamente equivale a privar os detidos do direito à representação legal. Indivíduos privados de representação legal frequentemente não têm acesso a informações sobre os seus direitos legais, tornando-os mais vulneráveis a procedimentos legais injustos”, apontou a organização.

SEGURANÇA NACIONAL

foi interceptada, em 23 de Agosto, pela guarda costeira chinesa. Os 12, a maioria ligados aos protestos anti-

-governamentais do ano passado, em Hong Kong, estão detidos há quase dois meses em Shenzhen PUB

N.° 55 /20 Notificação Edital (Solicitação de comparência do empregador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.° 1 do artigo 6.° do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.° e o n.° 2 do artigo 72.° do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo DecretoLei n.° 57/99/M, fica o empregador Leong Wai Kuong notificado para no prazo de 15 (quinze) dias a contar do dia seguinte ao da publicação da presente notificação edital, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho (DIT) da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sito na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221 a 279, Edifício Advance Plaza, 1.° andar, a fim de prestar declarações relativas ao processo n.° 1855/2020, que foi instaurado devido à queixa apresentada nestes Serviços, pelo trabalhador Chek Iok Lam, em19 de Outubro de 2020, relativa à matéria de salário. A Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho Substituta, Lei Sio Peng 25 de Novembro de 2020

por “travessia ilegal” das águas continentais. Dois detidos são ainda suspeitos de organizar a passagem ilegal da fronteira. A Amnistia Internacional lembrou que os jovens “foram privados dos seus direitos básicos a um julgamento justo, incluindo a hipótese de escolher os seus próprios advogados”. “As suas famílias tiveram repetidamente o acesso negado e pelo menos seis advogados foram ameaçados pelas autoridades chinesas para que desistissem dos casos”,

lê-se no comunicado da organização. AAmnistia Internacional documentou anteriormente vários casos em que indivíduos detidos na China continental, muitos deles defensores dos direitos humanos, foram privados do direito de consultar os advogados que eles ou as suas famílias escolheram. Em alguns casos, as autoridades nomearam advogados para os detidos sem o consentimento das famílias. Em outros casos, as autoridades ameaçaram advogados para que

O jovem de nacionalidade portuguesa tinha já sido detido em 18 em Novembro em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior. O grupo inclui ainda o activista pró-democracia Andy Li, de 29 anos, anteriormente detido na região ao abrigo da nova lei de segurança nacional, aprovada pelo regime chinês, no final de Junho. A lei de segurança nacional imposta por Pequim à região semiautónoma de Hong Kong pune actividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua, e levou vários activistas pró-democracia a refugiarem-se no Reino Unido e Taiwan.

MANUFACTURA ACTIVIDADE ACELEROU EM NOVEMBRO

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actividade manufactureira da China acelerou em Novembro, consolidando a recuperação após o país ter controlado a pandemia da covid-19, numa altura em que Estados Unidos e a Europa impõem novas restrições sobre os seus negócios. O índice de gestores de compras realizado pelo Gabinete Nacional de Estatísticas da China atingiu os 52,1 pontos, em Novembro, ultrapassando a marca dos 51,4 pontos, atingida em Outubro passado. Uma leitura acima dos 50 pontos indica crescimento da actividade do sector, enquanto uma leitura abaixo indica contracção.

Os negócios regressaram à normalidade desde que o Partido Comunista Chinês declarou vitória

sobre a doença, em Março passado. “O ritmo de crescimento económico acelerou, em Novembro, devido a uma ampla melhoria nos serviços e no sector manufactureiro”, disse Julian Evans-Pritchard, da consultora Capital Economics, num relatório. Os exportadores chineses beneficiaram da reabertura relativamente precoce da sua economia e da procura mundial por máscaras e outro equipamento médico. Estes estão ainda a conquistar maior participação de mercado a concorrentes estrangeiros que continuam a enfrentar restrições devido ao coronavírus.


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envelheco com a nómada solidão das aves ´

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Max Bruch (1838-1920)

Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis

CONCERTO PARA VIOLINO ORQUESTRA Nº 2 EM RÉ MENOR, OP. 44

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URPREENDENTEMENTE, apesar da sua prolífica produção para o violino, Max Bruch não era de forma alguma um violinista com grandes dotes, o que é difícil de acreditar quando ouvimos o seu glorioso e sempre popular Concerto para Violino e Orquestra no 1. O seu segundo Concerto para Violino ficará sempre na sua sombra. Não obstante, o Concerto, estreado no já desaparecido Crystal Palace em Londres, em Novembro de 1877, com o violinista e compositor espanhol Pablo de Sarasate, a quem foi dedicado, como solista, é poderoso, expansivo e profundamente recompensador. Sarasate, que também estreou o primeiro Concerto para Violino de Bruch, foi também claramente a fonte de inspiração desta obra. Considerando o número - e a qualidade - dos padrinhos-fadas que compareceram ao seu nascimento, o Concerto para Violino e Orquestra nº 2 em Ré menor, Op 44, de Max Bruch, deveria ter começado a sua “vida” da melhor maneira possível. Durante algum tempo, pareceu estar a segurar-se nas salas de concerto europeias, mas, como aconteceu com muitas das obras de Bruch, o seu ímpeto vacilou e, em seguida, praticamente morreu. A morte do seu principal defensor, Pablo de Sarasate, em 1908, selou o seu destino e tornou-se o reduto de alguns defensores determinados da obra, incluindo mais recentemente os famosos violinistas Jascha Heifetz e Itzhak Perlman. Dependendo fortemente das habilidades musicais, sabedoria composicional e influência de Joseph Joachim, Bruch tinha, no final da década de 1870, um novo herói violinístico, Pablo de Sarasate. O virtuoso espanhol deixou gravações suficientes para que pudéssemos ouvir que personalidade envolvente possuía, expressa por meio de uma técnica de execução leve, arejada e deslumbrante - a própria antítese do semblante sério de Joachim. Após dirigir as apresentações de Sarasate do seu primeiro Concerto para Violino em Frankfurt e em Wiesbaden em 2 e 8 de Fevereiro de 1877, numa carta ao seu editor Simrock, Bruch descreveu o seu solista como “um violinista extraordinário e um homem encantador”, acrescentando: “Vou escrever algo para ele - isso é bastante certo.” Três semanas depois, escrevia a Simrock: “... as

PABLO DE SARASATE

O invulgar concerto

ideias principais já estão delineadas - produtos da inspiração que a sua [de Sarasate] execução indescritivelmente perfeita do primeiro concerto despertou em mim.” No início de Maio, o novo trabalho estava ‘virtualmente concluído’. Em meados de Outubro de 1877, Bruch fez a sua primeira visita a Inglaterra, viajando com Sarasate, que tocou o Primeiro Concerto sob a sua batuta no Crys-

tal Palace. No dia 4 de Novembro, os dois homens estavam de volta ao Crystal Palace para a estreia do Segundo Concerto, tocado a partir de manuscritos. O crítico do Sunday Times foi duro: “Herr Max Bruch, o compositor, é um daqueles homens que não podem contentar-se em seguir um exemplo - seja ele bom, mau ou indiferente – e o seu novo concerto mostra como ele despreza completamente os câ-

Em meados de Outubro de 1877, Bruch fez a sua primeira visita a Inglaterra, viajando com Sarasate, que tocou o Primeiro Concerto sob a sua batuta no Crystal Palace. No dia 4 de Novembro, os dois homens estavam de volta ao Crystal Palace para a estreia do Segundo Concerto, tocado a partir de manuscritos

nones da ‘forma’. A interpretação da obra pelo violinista espanhol foi inteligente e bem sustentada do início ao fim, mas isso não nos leva a ter uma opinião elevada sobre a composição.” Bruch fez revisões, como fez novamente depois dele e Sarasate fazerem a estreia em Berlim em Janeiro de 1878. Aconselhou-se com o violinista Robert Heckmann e, como tantas vezes antes, com Joachim, com quem se encontrou em Barmen e em Koblenz em Fevereiro. Disse a Simrock que o mestre húngaro tocou o concerto prima vista, “como o Diabo”, e que Joachim o achou mais fácil do que o primeiro concerto, enquanto Sarasate, a quem foi dedicado, pensava o contrário. O musicólogo e historiador alemão Wilhelm Altmann revelou que Sarasate, que tinha uma imaginação fértil, havia dado a Bruch um cenário para o concerto, retratando o rescaldo de uma batalha nas Guerras Carlistas espanholas. Aparentemente, o primeiro andamento, um invulgar lento e dramático Adagio ma non troppo que abre de forma sombria e ameaçadora, representa um campo de batalha repleto de soldados mortos e moribundos. Uma jovem move-se no meio dessa carnificina, em busca do homem que ama, e uma marcha fúnebre acompanha uma procissão fúnebre. O andamento é na forma-sonata com dois temas principais, o primeiro bastante fluido, e o segundo mais dramático. Brahms foi contundente sobre a ideia de começar um concerto com um Adagio, embora mais tarde tenha modificado a sua opinião. O andamento central é um recitativo dramático no qual a orquestra comenta, quase como um coro, as frases do violino. Bruch talvez estivesse a pensar no tipo de cena operática que Louis Spohr empregou no seu concerto “Gesangsszene”. O Recitativo termina com uma passagem evocativa de trompa e conduz directamente ao finale, marcado Allegro molto, novamente na forma-sonata e aparentemente retratando uma acção de cavalaria: começa dando continuidade ao clima expectante do Recitativo, com batidas de tambor de cascos de cavalos e ritmos marciais, bem como alguma música mais maleável ​​e muitas passagens virtuosas para violino nas quais Sarasate se notabilizou. SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Max Bruch: Violin Concerto no. 2 in D minor, Op. 44 Ingolf Turban, violin, Bamberger Symphoniker, Lior Shambadal – Claves, 1993


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Cartografias Anabela Canas

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ANABELA CANAS

ADA se nega. Como disse algures Mário de Sá Carneiro: “a um morto nada se recusa”. E nisso confiou Santa-Rita, ao deixar expresso o desejo profundo de que todo o seu trabalho fosse queimado depois da morte prematura que o apagou ainda antes dos trinta. E foi o que o irmão fez, entregando às chamas o trabalho de atelier. O possível. Para isso servem os irmãos. Para isso e, muitas vezes, para o que é contrário a isso. Santa-Rita Pintor. Como apelido. Como a revelar a pertença a uma família, de coisas feitas e por fazer. Se por uma vez pudéssemos espreitar o interior do espírito de uma pessoa. Se alguma vez pudéssemos acreditar conhecer alguém por dentro. Esse mistério profundo que são as pessoas, querendo ou não, assume-o Santa-Rita Pintor. Fez Historia também nisso, porque há vestígios e memória. Teria ele desejado, se fosse possível, estender as chamas também a esse lado incontrolável que fica? Talvez tenha sido o único e o maior com ou sem obra feita ou deixada – “futurista e tudo”. Porque levou o ímpeto de destruição do passado, preconizado pelos italianos, à sua expressão máxima

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Aos mortos e na esfera privada, apagando-se e simultaneamente o seu passado, a sua passagem. O seu trabalho. Como se nada valesse ou como se a ninguém competisse retê-lo. Ou então, como se cada parte de trabalho feito, à semelhança de uma célula cerebral, com falta de irrigação, morresse. Não podendo sobreviver ao cérebro que a produziu e entendeu como ninguém. Abre-se uma gaveta. Repleta de objectos familiares ou estranhos ou até mesmo insólitos. Mas eles têm uma ordem ou desordem particular e guardam um segredo de intencionalidade. Nunca poderemos entender o todo como adição simples de todas as partes. Mas uma gaveta é o retrato do interior da cabeça de uma pessoa. A casa, um retrato de corpo inteiro. Porque as pessoas vivem na casa como no interior da sua cabeça. E o trabalho é ainda um retrato, mas elaborado para ir um pouco mais longe e se revelar um pouco mais. E esconder. Nas malhas tecidas do discurso. Quando alguém parte deixando para trás as suas coisas, não é o mistério por vezes já conhecido no seu trabalho que detém os olhares e mãos estranhas em interrogação ou

descoberta. É o interior de gavetas e de armários fechados sobre um mundo objectual que por vezes nunca viu luz do dia. Nunca foi tocado nem orquestrado senão pelo corpo de cujo interior revelam parte, fazem parte ou reproduzem em parte. Um corpo de sentido. E, como de qualquer corpo, é precisa uma enorme proximidade para se conhecer e entender.

Como podemos mover do lugar um caderno, um lápis manuseado, uma página marcada ou um pedaço de papel, que nem o vento deveria retirar da sua sombra levianamente? Como fazer com as coisas dos que partem

Um rio pode fluir e um dia desaparecer na areia surgindo eventualmente mais à frente. É a imagem escolhida por Pessoa, em carta a Santa-Rita, relativamente ao desaparecimento da revista Orpheu. Mas as pessoas não são assim. Elas voltam, sim, voltando-nos à memória. Mas serão sempre a possibilidade de não o serem, mas sim sósias, essas aparições virtuais e sabe-se la quão parecidas com quem desapareceu ou com quem inventámos. Chave. Apropriamo-nos dela. Tenho dado por mim tantas vezes, nestes últimos anos, a pensar como as pessoas entram e saem da vida dos mortos. Devassam, porque tem que ser, o lixo, a intimidade, objectos e memórias e coisas frágeis que só por acaso têm uma aparência física e a possibilidade de serem tangíveis apropriáveis e possuídas, mesmo quando na sua essência são afinal conhecidas e partilhadas pela memória. Que se transformam em coisas úteis ou inúteis sem fuga possível e com um novo certificado de posse e não de habitação. Como podem os objectos de quem parte, ser tocados e arredados daquele centímetro exacto à beira daquele nó da madeira, daquele grão de pó que se fez fronteira entre o último gesto e o repouso para depois das mãos que partiram. Um fragmento de vida, preso naquela particularidade das coisas no espaço e iguais a um outro momento. Mas somente até conhecerem outro gesto. Como podemos mover do lugar um caderno, um lápis manuseado, uma página marcada ou um pedaço de papel, que nem o vento deveria retirar da sua sombra levianamente? Como fazer com as coisas dos que partem. Como viver com a possibilidade de, dos objectos, desaparecer esse último gesto e essa última respiração ou enfado ou impaciência ou meditação. Como deixar partir os vestígios sólidos de uma invisível impressão digital. Como deixar que outras se substituam a essas. Como permitir que alguém invada todos os pequenos meandros de um pensamento, de uma distracção, de uma dúvida? Presos ao que de matérico é o limite do possível, a reter a ausência antes que se torne dissipação e se torne ausência de ausência. Há que fechar a mão sobre a chave, pelo tempo que for necessário. As estações levarão consigo camadas de nitidez, algumas, e de sentir. Mas antes e sem se saber, é melhor esconder a chave. Senti-la na mão a ganhar a temperatura. Que o metal não tem. Mas a mão. Porque as coisas dos mortos, não têm fuga possível. Nem eles. A menos que tenham um irmão, um amor, que ame nas coisas o que delas entenda. No mínimo, que elas são o interior da cabeça de alguém. Que podemos nunca entender na totalidade, mas que é preciso amar. As coisas, como as pessoas a quem pertenceram.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

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uma asa no Além Paulo José Miranda

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OM Trambley, escritor canadiano, nascido em 1940 em Ontario e recentemente falecido por Covid-19 – que ainda privou com Saul Bellow, embora fosse vinte e cinco anos mais novo –, quando publicou a sua obra prima «Uma Montanha de Nada», em 1987, disse numa entrevista que escrever não era uma tarefa como as do político, do médico, do economista ou do sapateiro, mas uma modalidade de desequilíbrio, uma disfunção orgânica como a bi-polaridade ou a esquizofrenia. «Refiro-me à escrita que transforma, que rasga os sentidos que damos por certo que temos da vida como se rasga um início de carta mal escrita. Ninguém escreve “A Metamorfose” num estado perfeito de saúde ou a gostar muito da sua vida ou da vida humana em geral. Na melhor das hipóteses, escreve em estado de estupefacção com a vida humana.» Em «Uma Montanha de Nada» Tom Trambley escreve a história sem história de Andrew Parker, através de um narrador que não sabemos se é ou não o próprio Andrew, se o narrador está a inventar Andrew à medida que escreve o livro ou se é alguém por quem tem ressentimentos. «Uma Montanha de Nada» começa assim: «Andrew subia a montanha, com a mochila carregada, os calções largos, as botas-tanque e um boné verde escuro. E subia a montanha sem perguntar uma vez sequer por que estava a fazer aquela caminhada. Nem por um momento se lembrou de perguntar: “Para que estou eu aqui a gastar um fim-de-semana a subir uma montanha com um pequeno grupo de estranhos?” Ou “É isto verdadeiramente importante para mim, para a minha vida?” Nunca perguntou nada. Mas de algum modo devia pensar que lhe fazia bem gastar um fim-de-semana a subir uma montanha com um pequeno grupo de estranhos, a caminho de um topo que não lhe ensinaria nada, não lhe revelaria nada, a não ser, talvez, dizer que fez uma coisa que a maioria das pessoas não faz. Mas o que mais há no mundo são coisas que a maioria das pessoas não faz. Cada um de nós não pode fazer todas as coisas estúpidas e desnecessárias à vida que existem para fazer no mundo. A pergunta “porque devo deixar a minha casa, a minha cidade, para gastar um fim-de-semana a subir o raio de uma montanha?” nunca foi feita e ali estava ele, debaixo do sol de Agosto, ligeiramente desidratado, apesar da garrafa de água, a carregar às costas uma mochila cheia de coisas que não existem na montanha, mas necessárias à sobrevivência de uma pessoa e por isso as transporta consigo. Andrew assumiu correr uma situação de relativo perigo para a sua vida, pelo menos de acréscimo de desconforto é, por não saber o que fazer com ela.» Trambley coloca-nos de imediato a conhecer o seu herói como alguém de

A caminho de nada quem não devemos gostar e com a sensação de que narrador não gosta do seu herói, de Andrew Parker. E, neste sentido, faz do seu livro uma espécie de noticiário a que estamos a assistir, dando notícias de pequenos actos trágicos ou ignóbeis. Andrew, contudo, não é má pessoa, é apenas como todos nós, não sabe o que anda a fazer na vida e por isso mesmo faz as coisas mais disparatada que se possa imaginar, como subir uma montanha com um grupo de pessoas num fim de semana. Mas poderia ser, e o livro mostra outras situações igualmente disparatadas, como inscrever-se em cursos de arte ou em aulas yoga ou até a tentativa frustrada de ter um gato, de modo a saber quem é ou a sentir-se bem consigo próprio. A meio do romance lê-se: «Andrew, a vida reduz-se a um dia. Infelizmente, tu não sabes o que é um dia. De sol a sol, é uma parte de ti que perdes e não tem volta.» O narrador não relata apenas a vida de Andrew, ou a critica, como tantas vezes parece, dirige-se também a ele, como

Nunca sabemos quem somos, a despeito de termos de viver como se soubéssemos alguma coisa acerca disso. Um livro que nos prende tanto pela situação existencial relatada quanto pelo modo eficaz em que é narrado

se lhe falasse directamente. Um dos momentos mais hilariantes do livro é quando Amanda, uma colega do curso de «História da Arte Para Quem Nada Sabe de Arte» seduz Andrew e, perante o evidente, encanto deste pela colega, o narrador escreve: «Não, Andrew, não faças isso! Mesmo em prejuízo da minha narrativa, não faças isso. Que pode essa mulher fazer por ti, pela tua vida? como pode essa mulher libertar-te do alheamento acerca de ti em que vives? Diz-me, por favor, e eu faço com que vás para a cama com ela... O teu silêncio disse tudo, Andrew. Vou levar-te a casa, para pores a lasanha no micro-ondas e uma cassete no leitor de vídeo. Não é melhor do que ires para a cama com Amanda, mas a solidão pode um dia acordar-te e um erro a dois jamais.» Trambley, o narrador, conduz a sua personagem ao longo do livro com desprezo, mas ao mesmo tempo como se esperasse que isso mudasse, como se um dia acontecesse um milagre. No fundo, como muitos de nós nas suas próprias vidas, esperando um dia em que tudo mude, mas sem que se faça nada para que alguma coisa que seja mude. Leia-se: «Andrew, talvez um dia consiga deixar de te ver como uma esposa que aguarda que o marido se torne num príncipe que nunca foi ou uma mãe espere que o filho deixe a droga e consiga aquele emprego sonhado, mas por enquanto não acredito que vás algum dia mudar. Não é da tua natureza tornare-te alguém. A despeito disso não consigo apenas virar-te as costas e deixar de te falar como se faz a um canalha, apesar de não seres um canalha. Pelo contrário, tu és uma pessoa decente, que não sabe nada de nada e inocentemente procura por si onde precisamente não se pode encontrar. Porque o ginásio, a yoga, o curso de história da arte, as caminhadas, tudo isto é tu a

afastares-te de ti. E também não penses que preciso de ti para escrever este livro. Vejo em ti aquilo que sou e detesto-te por isso, embora escrevê-lo, por alguma desconhecida razão, me apazigue. Se não te posso mudar, nem mudar-me a mim, maltrato-te. Tu representas o que de pior há na humanidade, porque me lembras exactamente quem sou.» O narrador odeia a sua personagem como um amante aquela que deixou de o desejar. Um dos momentos, talvez o mais eficaz, que nos coloca a hipótese de o narrador e Andrew Parker serem uma e a mesma pessoa acontece nesta passagem: «Na verdade, Andrew, tu e eu somos a mesma pessoa e tu sabes bem disso.» Evidentemente, pode tratar-se de um efeito retórico, em que alguém se reconhece como sendo igual ou semelhante a outro, mas ao longo do livro são dadas pequenas pistas, que fazem com que esta passagem se encaixe como a peça que faltava neste puzzle literário. Uma dessas pistas é a passagem de onde retiro o título para este meu texto: «Mas não te preocupes, Andrew. Na verdade, estamos todos a caminho de nada. Nós não somos diferentes dos outros. Nem eu sou diferente de ti, se é que não somos a mesma pessoa. Como podemos saber que não somos outro?» Seja como for, Tom Trambley nunca deixa cair a ambiguidade e isso é um dos trunfos do livro. Nunca sabemos bem qual a relação que existe entre o narrador e o seu herói. Nunca sabemos quem é o narrador a não ser através do modo como descreve e critica o seu herói. Nós também nunca sabemos quem somos, a despeito de termos de viver como se soubéssemos alguma coisa acerca disso. Um livro que nos prende tanto pela situação existencial relatada quanto pelo modo eficaz em que é narrado.


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O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu ontem o seu primeiro ‘briefing’ classificado com a Administração de Donald Trump. A 25 deste mês, o conselheiro da equipa de transição Jen Psaki disse

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que o Presidente eleito receberá o primeiro ‘briefing’ presidencial diário, a reunião regular sobre as informações mais confidenciais oferecidas aos principais funcionários do Governo dos EUA. A conselheira de

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transição Kate Bedingfield disse que a equipa de Biden iniciará ‘briefings’ com o Governo de Trump sobre a distribuição de vacinas, testes e cadeia de fornecimento de equipamentos de protecção individual.

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PROBLEMA 13

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 12

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Cineteatro

C I N E M A FIND YOUR VOICE [B]

SALA 1

FIND YOUR VOICE [B]

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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 14.30

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 17.00

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THE MOVIE DEMON SLAYER: KIMETSU NO YAIBA MUGEN TRAIN [C]

SALA 3

THE CALLING OF A BUS DRIVER [B]

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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Patrick Kong Com: Ivana Wong, Phillip,Keung, Edmond Leung, Jacky Cai 14.30, 16.45, 19.15

SALA 2

FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Liao Ming-yi Com: Austin Lin, Nikki Hsich 14.30, 19.30, 21.30

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 21.30

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UM DISCO HOJE

THELONIOUS MONK | LIVE IN PARIS 1964 | THELONIOUS MONK

A altura perfeita, a banda certa na cidade apropriada. Este concerto é uma demonstração de perfeição em quase duas horas de concerto. Com Charlie Rouse no saxofone tenor, Edward “Butch” Warren no baixo e Bem Riley na bateria, o piano de Monk desliza por 11 faixas, onde não faltam os clássicos “Blue Monk”, “Straight No Chaser” e “Well, You Needn’t”. Uma pérola dos mestres do bop que nasceram desse grande canteiro plantado por Charlie Parker e Dizzy Gillespie. João Luz

3 5 9 2 8 3 2 3 6 4 7 Propriedade 5 Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo5 M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; 4 2 8 Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David Chan; 8 JoãoRomão;JorgeRodriguesSimão;OlavoRasquinho;PaulChanWaiChi;PaulaBicho;TâniadosSantos GrafismoPauloBorges,RómuloSantosAgênciasLusa;XinhuaFotografiaHoje www. Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare hojemacau. com.mo 7 3 MoradaCalçadadeSantoAgostinho,n.º19,CentroComercialNamYue,6.ºandarA,Macau Telefone28752401Fax28752405e-mailinfo@hojemacau.com.moSítiowww.hojemacau.com.mo 9 2 3 6


opinião 15

terça-feira 1.12.2020

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

A

semana passada referimos que o Hongkong and Shanghai Banking Corporation, o Standard Chartered Bank e o DBS Bank tinham colocado grande parte dos seus empregados em tele-trabalho. O Twitter, a Microsoft, o Facebook e o Google tomaram medidas semelhantes. Este modelo de trabalho permite a criação de horários flexíveis. O trabalho deixa de ser feito em grupo e passa a ser individual e o trabalhador tem como única companhia o computador. O tele-trabalho traz benefícios aos empregados. Por exemplo, a semana passada falámos da 9GAG. No começo, esta empresa estava instalada num pequeno escritório e ambicionava mudar-se para um espaço maior. Efectivamente acabaram por alugar um escritório com 7.000 metros quadrados, do qual abdicaram após a pandemia, na medida em que os funcionários passaram a trabalhar a partir de casa para garantir a sua segurança​ . Nesta modalidade, o trabalhador poupa dinheiro em transportes, em almoços e desfruta de maior liberdade. Tem mais flexibilidade de horários. Para quem tem família, torna-se mais agradável porque pode dispôr de mais tempo para estar em casa. Desta forma, o trabalhador considera o tele-trabalho uma modalidade vantajosa, pois ganha tempo de lazer e tem menos pressão laboral. Com o tele-trabalho, as pessoas deixam de estar inseridas no colectivo e passam a funcionar individualmente, tendo como único companheiro de tarefas o computador. O pré-requisito para este modelo, é a capacidade para lidar com situações informáticas mais complexas. Sem essa capacidade, as pessoas não podem trabalhar sozinhas a partir de casa. Por exemplo, para tornar o tele-trabalho viável, as empresas tiveram de armazenar uma grande quantidade de dados na cloud. Para quem não souber usar a cloud, o tele-trabalho passa a ser um problema. Da mesma forma, quem não estiver à vontade com as novas tecnologias, como os programas de vídeo, para poder comunicar com a empresa, este modelo não funciona. Os problemas técnicos de cada função são outro elemento que tem de ser considerado. Se um novo trabalhador não dominar ainda muito bem todos os aspectos das tarefas que desempenha, o seu superior precisa de muito tempo para o ensinar. Este treino através do computador é ainda muito mais difícil. A única solução para este problema é um sistema de formação regular dos seus

Tele-trabalho II

empregados. Sem recursos internos, o tele-trabalho não é viável.

E SERÁ ESTE MODELO APLICÁVEL A MACAU?

O Twitter, a Microsoft, o Facebook o Google são empresas de redes sociais. Por regra, os seus empregados trabalham de forma independente e são responsáveis por diferentes áreas. Como não é necessário fazer coordenação de tarefas, é mais fácil para estes funcionários trabalhar a partir de casa. Em Macau o sector económico depende principalmente da indústria do jogo, da indústria hoteleira, do comércio e do catering. Os trabalhadores destas áreas têm contacto directo com o público, pelo que é impossível colocá-los em tele-trabalho. Em Macau só será possível adoptar este modelo no sector dos serviços. Em geral as pessoas estão habituadas ao trabalho no escritório, que

já se tornou parte das suas vidas, e não é fácil alterar este conceito. As chefias gostam de vigiar os subordinados para garantir que estão a trabalhar como deve de ser. No escritório é problemático chegar atrasado, sair mais cedo, faltar ao trabalho por alegada doença, ou não ter a secretária arrumada. Se não houver uma

É inegável que o tele-trabalho traz algumas vantagens, quer às empresas quer aos funcionários, mas a natureza de cada função tem de ser cuidadosamente analisada, porque nem todas se adaptam a este novo modelo

alteração de hábitos e de mentalidades, vai haver resistência à implementação do tele-trabalho em Macau. É inegável que o tele-trabalho traz algumas vantagens, quer às empresas quer aos funcionários, mas a natureza de cada função tem de ser cuidadosamente analisada, porque nem todas se adaptam a este novo modelo. As empresas e os empregados devem compreender que o tele-trabalho traz inevitavelmente consigo novos problemas. A semana passada, referimos que algumas pessoas que estavam a trabalhar em casa se aproveitaram dos horários flexíveis para irem passear em grupo, quando deveriam estar a trabalhar, tendo colocado em causa a eficácia deste modelo. Estas são precisamente as questões sobre as quais as empresas, que estão a considerar implementar o tele-trabalho, devem reflectir.

Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Pensar sem aprender torna-nos caprichosos, e aprender sem pensar é um desastre. PALAVRA DO DIA

Acidente Estudante envolvido em incidente com motociclo

RÓMULO SANTOS

Confúcio

PJ Alegada fraude leva a assalto em casa de banho de casino

Ontem de manhã, ao atravessar uma estrada perto do Terminal de Carga do Aeroporto, um aluno da Escola Internacional de Macau envolveu-se num acidente com uma moto, segundo o canal chinês da Rádio Macau. O caso aconteceu às oito da manhã. Segundo o artigo, o aluno atravessou em frente a um autocarro que estava parado do lado esquerdo, e a mota que vinha na via da direita não conseguiu travar a tempo, dando-se a colisão. Tanto o condutor da moto, como o aluno, foram enviados para o hospital. No caminho, o condutor ficou mais fraco e precisou de ser assistido. Já o aluno encontra-se estável.

T

DSEC Ocupação hoteleira aumentou em Outubro

Excluindo os hotéis e pensões usados para observação médica, a taxa de ocupação média de quartos de hóspedes em Outubro foi de 40 por cento, revelam dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Apesar de representar uma descida de 48,3 pontos percentuais em termos anuais, significa um crescimento de 22,9 pontos percentuais em comparação a Setembro. No mês de Outubro, os hotéis e pensões hospedaram 438 mil indivíduos. A subida do número de hóspedes do Interior da China atingiu os 168 por cento face a Setembro de 2020. Já os hóspedes locais aumentaram mais de 13 por cento, em termos anuais, para 57 mil. No total dos primeiros dez meses do ano, a taxa de ocupação foi de cerca de 25 por cento, menos 66 pontos percentuais relativamente ao mesmo período de 2019. No mês passado não houve visitantes em excursões vindos do exterior. Dos 6.900 residentes de Macau que recorreram a agências de viagens para sair do território, 96,5 por cento deslocou-se ao Interior da China.

Obras Defendido mecanismo de recompensa e punição

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O presidente da Associação de Engenheiros de Macau acredita que a criação de um sistema de recompensa e punição nas obras de estrada pode reduzir as disputas legais, noticiou o jornal Cidadão. Eddie Joe Wu defendeu que o sector de engenharia deve aceitar que haja um prémio se a obra de pavimentação terminar mais cedo, e uma multa no caso de atrasos, por considerar que este tipo de obras é mais simples. Recentemente, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, disse que está a analisar a aplicação de uma punição às empresas que não acabem as obras no prazo ou em caso de incumprimento da qualidade. O mesmo responsável apontou que este mecanismo já existe nas obras de grande dimensão. Eddie Joe Wu sugeriu ainda que o Governo permita obras à noite para diminuir o impacto no trânsito, explicando que devido à lei do ruído se requer que as obras de escavação sejam feitas durante o dia.

terça-feira 1.12.2020

O pior dos cenários Alvis Lo Iek Long admite possibilidade de infecções de Covid-19 importadas

M

ACAU está há quase 160 dias sem registo de infecção de covid-19, mas as autoridades admitem que isso pode mudar, tendo em conta o aumento de pessoas a entrar no território. Ontem, o médico Alvis Lo Iek Long alertou para essa hipótese, uma vez que na última semana começaram a fazer a quarentena obrigatória 685 pessoas, 190 das quais tinham entrado no domingo. “Recentemente, houve um aumento de pessoas a voltar para Macau. Por dia, regressam entre 50 a 100 pessoas, e, ontem, quase 200 pessoas voltaram. Por isso, não afastamos a hipótese de haver casos importados da doença durante a quarentena”, afirmou Alvis Lo Iek Long. A coordenadora do Centro de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, Leong Iek Hou, apontou o início das férias escolares no exterior como explicação para o aumento de pessoas que regressam a Macau. A responsável revelou que parte das 190 pessoas que en-

traram no domingo no território fizeram-no via Taiwan oriundas da Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, mas também de Taiwan e Hong Kong. Se vier de zonas consideradas de perigo, quem chega continua sujeito a quarentena. Ainda assim, Alvis Lo Iek Long assegura que as autoridades

“Recentemente, houve um aumento de pessoas a voltar para Macau. Por dia, regressam entre 50 a 100 pessoas, e, ontem, quase 200 pessoas voltaram. Por isso, não afastamos a hipótese de haver casos importados da doença durante a quarentena.” ALVIS LO IEK LONG

estão preparadas “para o pior cenário que possa surgir”, e para garantir a segurança.

À MEIA-DÚZIA

A partir de hoje podem entrar em Macau estrangeiros, desde que tenham estado, pelo menos, 14 dias no Interior da China, por motivos como excepcionais como a reunião familiar. Até ontem, tinha sido autorizada a entrada de seis pessoas, nestas circunstâncias. Quanto à possibilidade de negociar com a China a facilitação de obtenção de visto, para poder cumprir os 14 dias no território chinês antes de entrar em Macau, Alvis Lo Iek Long evitou o tema e limitou-se a referir que cada país tem as suas medidas de prevenção e controlo. Leong Iek Hou revelou que até ontem, o centro de coordenação tinha recebido 84 pedidos, referentes a 102 pessoas, para entrar em Macau por esta via. João Luz

info@hojemacau.com

RÊS pessoas assaltaram um homem depois de terem sido, alegadamente, defraudadas em 50 mil dólares de Hong Kong num esquema de câmbio de dinheiro. Segundo informações da Polícia Judiciária (PJ), o caso aconteceu este sábado, quando a vítima, de apelido Zhao, cidadão chinês com 39 anos, disse às autoridades ter sido assaltado no interior da casa de banho de um casino. Zhao disse não conhecer os autores do assalto, que culminou na perda de um relógio, telemóvel, cartão de identificação, cartões bancários e algum dinheiro. A PJ adiantou ainda que os assaltantes despiram a vítima e forçaram-no a partilhar os códigos dos cartões bancários. Dois dos suspeitos, de apelido Hu e Sheng, também cidadãos chineses, foram interceptados com a ajuda das câmaras de videovigilância do casino, que ajudaram ainda à detenção de um terceiro suspeito, de apelido Yuen, também cidadão chinês. Segundo a PJ, “todos eles admitiram ter cometido sequestro e assalto tendo, no entanto, acusado a vítima de os defraudar em 50 mil dólares de Hong Kong num esquema de câmbio de dinheiro”. Zhao terá recusado dar o dinheiro aos três suspeitos. A PJ descobriu posteriormente que Zhao tentou defraudar os suspeitos, tendo, por isso, sido agredido por outros três envolvidos no caso. A PJ vai continuar a investigar o caso como fraude e não assalto, estando em busca das três pessoas que agrediram Zhao. A PJ continua também em busca do rasto do dinheiro envolvido. Além da alegada fraude e assalto, a PJ descobriu ainda 11 pessoas, com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos, no quarto de hotel de Yuen. Estas pessoas foram levadas para a esquadra para “o acompanhamento” do caso e “deportação”.


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