Hoje Macau 1 ABR 2016 #3543

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

PÁGINA 4

OPINIÕES DE . . . ANDRÉ RITCHIE PAUL CHAN WAI CHI

HELENA DE SENNA FERNANDES

Macau, cidade aberta ENTREVISTA

CENTRO CULTURAL

À FLOR DA PELÍCULA EVENTOS

ÓRGÃOS MUNICIPAIS

As escolhas de Chui PÁGINA 5

h Só vento AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

JOSÉ SIMÕES MORAIS

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

Assembleia contagiada

MOP$10

hojemacau

CENTRO DE DOENÇAS

SEXTA-FEIRA 1 DE ABRIL DE 2016 • ANO XV • Nº 3543


2 ENTREVISTA

HELENA DE SENNA FERNANDES

Proteger a herança, valorizar a história e diversificar os mercados para atrair turistas interessados em sentir a cidade são pontos fundamentais do discurso de Helena Fernandes. A responsável fala ainda da agilização de processos para o licenciamento de hotéis “low budget” e da necessidade de guias turísticos poliglotas, bem como do encerramento de ruas e consultas públicas na calha

“Ruas fechadas podem ser uma vantagem” Como define o seu papel como Directora dos Serviços de Turismo? Tentar gerir o turismo como deve de ser. Atingir o objectivo de transformar Macau num centro mundial de turismo e lazer. Transformar Macau num lugar bom para viver e bom para visitar. Pensa-se que é apenas um papel do turismo mas isso, naturalmente, é uma acção concertada de vários departamentos do Governo. E qual o vosso papel nesse contexto? Desenvolver o turismo para aumentar os rendimentos da população local e simultaneamente a visibilidade de Macau transformando a cidade num local atraente para visitantes de várias partes do mundo e não apenas para chineses. Mas como será isso possível com um serviço de transportes deficiente e com tantas pessoas ligadas à actividade turística que não dominam o Inglês? Temos de trabalhar com os outros departamentos. Temos um diálogo constante com a DSAT (Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego), por exemplo. Tem a ver com a Educação também e com quase todas as áreas de Macau. Por isso, para além de fazer o nosso trabalho de promover Macau e criar mais produtos turísticos para a cidade, este diálogo é importante. Só assim podemos resolver as questões. É um processo gradual. Não pode ser de um dia para o outro. Sim, mas já andamos há quase 20 anos nesse processo e as pessoas continuam a não falar Inglês... Se não houver incentivo as pessoas não aprendem. Mas temos de trazer mais turistas de fora para que os locais percebam que vai existir um mercado potencial para eles e sentirem-se pressionados para aprenderem. Usa muito a palavra “transformar”, o que pressupõe algo de novo em relação ao que existe. De que estamos a falar?

Por um lado temos de aproveitar o que temos, a história e a cultura mas, por outro, precisamos de inventar coisas novas. Não podemos estar sempre a fazer o mesmo. É assim que transformamos.

Se calhar é mesmo a China. Porque tem muitas coisas para as pessoas visitarem. Mas se falarmos nos turistas do norte da China tenho de dizer Japão e Coreia porque estão muito mais perto.

Faz lembrar um parque de diversões, sempre à procura de atracções novas... Estamos sempre a abrir os olhos e a tentar perceber o que a concorrência está a fazer e a produzir coisas diferentes, como o Festival de Luz. Não é original, fomos buscar à Europa, mas achámos que se adapta a Macau.

Quando fala na diversificação dos mercados turísticos quais são os mercados preferenciais? Os mais próximos em primeiro lugar. Nordeste Asiático, Japão e Coreia como os mais importantes. Mas também o SudesteAsiático. Estamos a apostar cada vez mais na Índia e também no Médio Oriente e Rússia. Não quer dizer que estes últimos se transformem de repente em emissores, mas estamos a trabalhá-los, a investir, a preparar-nos. No que respeita aos mercados muçulmanos estamos também a sensibilizar o comércio local para que existam ofertas “halal” nos menus.

Quais são os pontos fracos de Macau? Ou seja, o que a preocupa mais? O baixo número de guias turísticos poliglotas mas sei que algumas agências de viagens estão a importar mão de obra especializada para proverem essa lacuna. Mas Macau parece exclusivamente voltado para o mercado chinês... É o mercado mais fácil para os operadores. Naturalmente, as entidades comerciais programam o seu trabalho em função do que entendem mais fácil. O nosso papel é motivá-los para serem mais abertos. Mais algum mercado? Os tradicionais como a América, a Austrália e a Europa. Quem são os nossos maiores concorrentes? Cada vez há mais. Antigamente o Japão e a Coreia eram mais emissores do que receptores mas hoje recebem muitos turistas. Num futuro próximo a zona ASEAN. Antes apenas Singapura, Malásia e Tailândia. Mas agora temos de levar em consideração o Camboja e o Vietname, que pretendem ter cada vez mais peso no mercado turístico. Temos de estar atentos a todos eles. Mas se tiver de escolher o maior deles todos?

Como se convence um australiano ou um americano a vir a Macau? Que tipo de turistas estamos a falar? No caso dos australianos, ou americanos, o que fazemos são pacotes que englobam para além de Macau, Hong Kong e as zonas mais próximas da China. É assim que podemos atraí-los.

“A nossa promoção hoje em dia não serve para trazer mais turistas mas sim turistas diferentes. Os nossos operadores estão mais virados para os que estão à porta mas a nossa estratégia é ir para além de Guangdong”

GONÇALO LOBO PINHEIRO

DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO

Mas que existe em Macau que lhes possa interessar? A cultura e a história. Não vêm cá por causa de um evento. Como se vence a eterna guerra dos dois dias de permanência? Que fazer para que as pessoas fiquem mais tempo? Depende do mercado. Não é possível com todos. Temos de começar com os que têm mais interesse nisso e depois utilizarmos esse método com outros. Japão e Coreia são os mercados onde estamos a tentar mudar essa tendência. Estamos a trabalhar o que se chama de “silver market” (reformados), pessoas que têm mais tempo, pessoas mais interessadas em cultura. Falou da história. Macau foi considerada durante muitos anos a Monte Carlo do Oriente. Nos últimos anos passou a Las Vegas. Perdeu-se alguma coisa neste processo?


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E que pode fazer a DST para que o IACM comece a licenciá-las? É uma conversa que temos de continuar mas o nosso Secretário tem a ideia de fazer isso, de testar nas Casas Museu da Taipa. Testar? Macau sempre teve esplanadas, mas um dia deixou de ter... Realmente não consigo dizer por quê. Há sempre razões para isso, mas eu não as domino. E a Lei do Fumo? Não fumar numa discoteca faz sentido? Como convencer um turista para divertir-se à noite, pagar bebidas caras e não poder fumar? É um espaço comum. Faz sentido que seja proibido para o bem estar de todos. Acho que estamos bem como está. Falou das Casas Museu da Taipa, em que ponto está o programa AniMarte Macau? Da nossa parte está tudo pronto para introduzirmos animações, tendo em conta, claro, as habitações próximas. Mas como a zona passou há pouco tempo para o Instituto Cultural é natural que eles precisem de algum tempo para se prepararem. Mas vejo com um bom espaço de lazer para se comer, beber e desfrutar.

Há sempre coisas que se perdem. Sei que as pessoas se queixam que a cidade perdeu a sua tranquilidade. Até que ponto a cidade não podia viver por si própria, ser ela a atracção per si, sem precisarmos de estar sempre a inventar coisas novas? O que estamos a ver é que devemos salvaguardar a nossa herança. Pode-se sempre pensar em festivais durante o ano mas temos de proteger a nossa herança, a nossa cultura, que é o coração da nossa cidade. É isso que nos distingue. Apropósito de “coração”, há quem diga que o centro da cidade parece mais um lobby de aeroporto ao ar livre do que o centro de uma cidade histórica. Concorda com um programa de protecção ao comércio tradicional? (risos) Faz sentido. Mas não podemos recusar a entrada de outras marcas. As lojasprecisamdeteroseu“competitive edge”. Se não conseguem competir...

Mas quando as rendas aumentam 300 e 400% é difícil ser competitivo... Há-de haver formas de apoiar o comércio tradicional mas temos de aceitar que Macau é uma cidade aberta. Não podemos fechar as nossas portas.

Quando se fala em promoção turística a noção que fica é que a preocupação é sempre trazer mais turistas.Acha que a cidade aguenta tanta gente? Nem sempre.Anossa promoção hoje em dia não serve para trazer mais turistas mas sim turistas diferentes. Os nossos operadores estão mais virados para os que estão à porta mas a nossa estratégia é ir para além de Guangdong. Pessoas que nunca vieram para Macau, com um poder de compra diferente daqueles que vêm cá habitualmente.

Mesmo que se arrisque a descaracterização da cidade? Há sempre formas de proteger a cidade mas não fechando as portas. Não acho que isso proteja Macau no longo prazo. Ao longo da nossa história fomos sempre uma cidade que recebeu pessoas de diferentes partes do mundo. É daí que vem a nossa cultura e não por sermos fechados.

Mas Macau tem capacidade para acolher tantos visitantes? “Poder de compra diferente” falamos do quê? Não procuramos números mas sim pessoas que pretendam ficar mais tempo. Não é uma questão de dinheiro. São pessoas com menos facilidade de vir a Macau e que por isso terão vontade de ficar mais tempo e visitarem para além das zonas centrais e para além das compras do dia. Actualmente, por dia, vêm muitos “turistas” desses. Não é mau mas temos de diversificar.

Dava jeito que existissem esplanadas nas ruas? As esplanadas são um bom produto, muito procurado sobretudo na Europa. Se pudermos aplicar em Macau claro que pode atrair pessoas e até ajudar a prolongar a estadia.

Alexis Tam afirmou recentemente ser contra a extensão de vistos individuais a mais cidades chinesas. Concorda? Para já não temos uma necessidade imediata, de facto. Neste momento temos 49 cidades, o que já é muita

gente e ainda não estão maximizadas. Temos de trabalhar essas origens, perceber como os podemos atrair, ficar mais tempo e conhecerem Macau melhor. A campanha anti-corrupção em curso na China está directamente implicada na descida do número de turistas? Os segmentos mais afectados devem ser o comércio de luxo e, claro, as excursões de custo zero, um fenómeno que a China também tem vindo a atacar. Neste caso, até acho que a descida é benéfica. Mas os tempos mudam, a boa vida não dura para sempre, e as agências e hotéis estão a trabalhar em conjunto para diversificar os seus mercados.

“Há-de haver formas de apoiar o comércio tradicional mas temos de aceitar que Macau é uma cidade aberta. Não podemos fechar as nossas portas” Pensa-se em turistas de médio e “low budget”? Vir a Macau não é propriamente económico... Um mercado deve ter diferentes escolhas. Não somos nós que investimos nos hotéis mas pretendemos criar condições para que surjam alojamentos de menor custo. Em termos concretos... Para os hotéis que chamamos de alojamento económico temos uma equipa de licenciamento com vista a aconselhar e facilitar o processo de licenciamento. Já há alternativas ao programa “Sentir Macau Passo a Passo”? Queremos continuar com ele para incentivar as pessoas a irem outros lugares e conhecerem melhor a cidade. Estamos a dar incentivos como “caças ao tesouro”. Isso pode ajudar a diversificar a oferta. Não quer dizer que corra bem em todo o lado. Isso não vai perturbar ainda mais os residentes? Focamo-nos apenas em pontos com interesse turístico. Era positivo que existissem ruas fechadas ao trânsito? Isto tem sido falado internamente e poderão vir a existir tentativas em diferentes áreas mas tem de ser coordenado com outros departamentos. Pode ser uma vantagem, sim.

Se dependesse de si que ruas fecharia já? (risos) Têm vindo diferentes grupos de comerciantes ter connosco para debater a ideia como, por exemplo, os da Rua de São Paulo. Outros perguntam-nos porque não fechamos a Almeida Ribeiro. Há várias hipóteses sugeridas. Outra zona onde existe esse interesse é a zona de São Lázaro. Mas precisamos de equilibrar a vida quotidiana dos residentes com o interesse dos comerciantes, o Governo tem de estudar o assunto bem. Fechar a rua porquê? Têm de existir vantagens claras. Que gostava de ver considerado no plano director da cidade? Uma visão global para o turismo, um plano exequível e não apenas um relatório bom para uma conferência de imprensa para depois ser arquivado. Mas têm algumas ideias sobre o assunto? Temos, mas não quero condicionar opiniões porque vai ser feita fazer uma consulta pública em breve. A vossa publicidade pouco varia na mensagem mostrando sempre uma cidade em constante efervescência e, parece-me, virada exclusivamente para um determinado tipo de público. Estão a vender gato por lebre? Acho que este ano mudámos. O lema agora é “Sentir Macau ao seu Estilo” e temos muitos comentários na internet a dizerem que são os melhor filmes promocionais de sempre. Mas também existem os filmes do Instituto Cultural que mostram outras facetas de Macau. A imagem gráfica institucional é tida por alguns especialistas como antiquada e desadequada de uma imagem de qualidade, nomeadamente o logótipo. Como comenta isso? Não sei... não vamos mudar só por que alguém disse. Temos de ter uma razão, um objectivo. Para já o logótipo vai ficar. Como faz o balanço destes seus quatro anos à frente da DST? Muito para aprender. Temos uma boa equipa mas muitos desafios. Precisamos de nos reinventar. Sempre a aprender e sempre a tentar fazer melhor. Se um dia sair do Turismo que espera venha a ser o seu legado? Não sei se deixarei algum... Mas talvez que as pessoas vejam este departamento como sempre vocacionado para tentar fazer o melhor pela indústria e por Macau. Manuel Nunes

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A

“Já não é adequado atribuir [ao São Januário] funções no âmbito das doenças infecto-contagiosas” AU KAM SAN DEPUTADO

Centro de Doenças AL ACEITA NOVO PEDIDO DE DEBATE

GCS

À terceira é de vez Parece que é desta que o Governo vai mesmo à AL debater sobre a localização do novo edifício de doenças-contagiosas: enquanto o pedido de Si Ka Lon e Song Pek Kei que já tinha sido dado a conhecer foi aceite, ontem ficou a saber-se que também Au Kam San e Leong Veng Chai se juntaram à causa. Mais ainda: o próprio Secretário Alexis Tam quer ir ao hemiciclo GCS

Assembleia Legislativa (AL) admitiu ontem o pedido de debate de Si Ka Lon e Song Pek Kei sobre a localização do Edifício das Doenças Infecto-Contagiosas e este não foi o único: no mesmo dia, também dois outros pedidos relacionados com o mesmo assunto foram entregues pelos deputados Au Kam San e Leong Veng Chai. Os documentos elevam para quatro o número de deputados que querem ver representantes do Governo no hemiciclo a responder às questões que têm gerado polémica no seio da sociedade. Centenas de moradores já se mostraram contra a localização do prédio, ao passo que o Governo e as associações de médicos concordam com a escolha. Conforme o HM avançou esta semana, Si Ka Lon e Song Pek Kei apresentaram um pedido de debate para que a AL discuta sobre a localização do novo edifício que vai nascer ao lado do Centro Hospitalar Conde de São Januário. Numa nota justificativa enviada aos meios de comunicação social, os deputados defendiam que “a escolha da localização é fruto de uma polémica muito quente”. Agora, é a vez de Au Kam San dizer que a decisão do Executivo “não é uma medida inteligente”, devido às muitas habitações em redor da zona. Da mesma forma que Si Ka Lon e Song Pek Kei, também o deputado democrata quer o novo edifício ao lado do Complexo de Cuidado de Saúde das Ilhas. “Já não é adequado atribuir [ao São Januário] funções no âmbito das doenças infecto-contagiosas”, diz, enquanto faz as contas à urgência ditada pelo Governo: o edifício só vai estar pronto em 2019 e o Hospital das Ilhas também. Portanto se o Governo tomar a decisão de construi-lo junto ao Hospital, então “ambos podem entrar em funcionamento ao mesmo tempo e não há grandes problemas quanto à duração da construção”. Au Kam San relembra ainda que o Executivo está sempre a referir que o atraso no projecto, que data de 2003, se deve à mudança no limite de altura da construção, mas o deputado também tem solução para tal: se for construído junto ao Hospital das Ilhas essas limitações são me-

ECONOMIA GOVERNO DEFENDE “SISTEMA FINANCEIRO ESPECÍFICO”

Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, revelou à margem de um seminário, esta quarta-feira, que Macau precisa de “desenvolver um sistema financeiro específico”, sendo que está a ser pensada a melhor forma de Macau se transformar numa “plataforma de cálculo do renminbi aos países de Língua Portuguesa”. Segundo o Secretário, “Macau necessita de desempenhar certas capacidades de concorrência, para melhor promover o desenvolvimento do sistema financeiro específico, o qual abrange talentos, medidas e leis”, lê-se no comunicado. O Governo “tem iniciado vários estudos”, estando a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) a estudar sobre como efectuar bem os trabalhos legislativos, com vista a que esta actividade financeira possa ter um espaço saudável de desenvolvimento”.

CHINA NOVA MEDIDA PODE TRAZER MAIS TURISTAS PARA MACAU

nores “e o Governo pode seguir o projecto de 2003”. Também Leong Veng Chai, cujo pedido de debate foi admitido ontem ao final da tarde, diz que a mudança para ao lado do hospital que vai nascer no Cotai é uma “boa solução” e acrescenta outra situação que considera ser um problema: os custos que vão envolver o projecto, que terá de nascer “no lado de uma montanha” e que são “desconhecidos”.

TAM QUER DICUSSÃO

Leong Veng Chai critica o Governo, acusando-o de ter “mostrado impaciência e decidido suspender a discussão”, além de ter “ignorado completamente os residentes”, mas num comunicado Alexis Tam indica que também ele – o próprio Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura

– terá pedido à AL que o tema seja debatido. “[Alexis Tam] ficou satisfeito com o levantamento de uma moção por parte de um deputado para debater a escolha do local do edifício e indicou que, no mês passado, ele próprio apresentou uma sugestão ao presidente da AL para apresentar, juntamente com a equipa médica, o motivo e o an-

damento da construção do edifício de doenças infecto-contagiosas”, indica o Gabinete de Tam, que diz ainda que o responsável quer “que [a discussão] venha a ter lugar assim que possível”. Ainda não há data marcada para a análise e votação dos deputados para que o debate tenha lugar.

APROVAÇÃO DA OMS O

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

novo edifício de Doenças Infecto-Contagiosas recebeu, entretanto, aprovação da Organização Mundial de Saúde (OMS), como indica um comunicado. “Quanto ao grau de segurança, a concepção do projecto do próprio edifício segue, com todo o rigor, os critérios definidos pela OMS e satisfaz os requisitos relativos à garantia de segurança. Um grupo de peritos da área de doenças transmissíveis da OMS esteve em Macau para se inteirar do projecto, tendo concordado com o plano, a localização, a concepção e os diversos equipamentos planeados para o edifício. Também o responsável da OMS virá a Macau”, indica o Gabinete de Alexis Tam.

A partir de hoje um cidadão chinês pode pedir directamente na zona onde vive o passaporte e os vistos de entrada em Macau, Hong Kong e Taiwan. Segundo o jornal Ou Mun, a medida entra hoje em vigor e poderá significar um aumento de turistas na ordem dos quatro milhões, não apenas para Macau mas também para as outras regiões. Antes desta medida, quem queria pedir estes documentos teria que se dirigir a Guangdong, pelo que mais residentes de outras cidades chinesas terão a oportunidade de visitar Macau. Em declarações recentes, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, disse que Macau não poderia receber mais turistas no âmbito da política de vistos individuais. “Cada cidade tem uma determinada capacidade para receber turistas e, caso seja ultrapassado esse limite, tal terá influências negativas a cima dos benefícios a curto prazo. O Governo da RAEM tenciona manter este equilíbrio a longo prazo, não exigindo apenas o aumento do número de turistas”, referiu.


5 POLÍTICA

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Órgãos Municipais GOVERNO TERMINA ESTUDO NO SEGUNDO SEMESTRE

Eleitos pelo Chefe

municipais têm membros eleitos por distrito.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Macau pode vir mesmo a ter órgãos municipais, mas os seus membros vão ser eleitos pelo Chefe do Executivo. É a previsão do Governo, que fez um estudo a ser dado a conhecer na segunda metade do ano. E que vai originar uma consulta pública

DESCUBRA AS DIFERENÇAS

V

AI estar concluído na segunda metade do ano o estudo do Governo sobre a criação de órgãos municipais sem poder político. O anúncio é da Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, que assegurou ainda que vai ser lançada uma consulta pública sobre a questão. “Está a ser feito um estudo por um grupo interdepartamental composto por dirigentes e juristas que incide sobre a estrutura orgânica e a metodologia da escolha dos membros, de forma a cumprirmos a Lei Básica. Este estudo vai estar concluído na segunda metade do ano e, depois, vamos fazer uma proposta preliminar e lançar uma consulta pública, para depois tomarmos uma decisão”, frisou Sónia Chan. No plenário da Assembleia Legislativa (AL) ontem dedicado a responder às perguntas dos deputados, a responsável deu

a entender, contudo, que estes órgãos municipais vão ser compostos por membros nomeados pelo Governo, à semelhança do que acontece com os Conselhos Consultivos. A ideia não agrada a alguns deputados. “A nomeação dos membros tem de ser feita com base nas características das políticas e na experiência, carácter, popularidade e participação social [das pessoas].

RESTRUTURAÇÕES EM CURSO

O

Governo vai “desencadear os trabalhos da segunda fase” da restruturação dos organismos da Função Pública este ano, estando estes concluídos no quarto trimestre do ano, anunciou ontem Sónia Chan. A Secretária para a Administração e Justiça disse ainda que o Governo tem já definido o plano de aperfeiçoamento de dois anos para a apreciação de pedidos de licença ser mais rápida.

P

ARA Sónia Chan há já um regime suficientemente efectivo para lidar com a responsabilização dos funcionários públicos, incluindo dos altos cargos, mas os deputados continuam a não receber respostas face, por exemplo, a quem foi responsabilizado nos casos de excesso de despesas apontados recentemente pelo Comissariado de Auditoria (CA) A questão foi ontem levada ao plenário pela deputada Song Pek Kei, que relembrou os relatórios do CA e do Comissariado contra a Corrupção

“Estamos a tentar defender o regime de estes membros serem designados pelo Governo, mas esses órgãos deveriam ter membros eleitos, em vez de ser feita uma nomeação”

Mas estes têm de dar pareceres sobre matérias culturais, de recreio e de salubridade pública e têm de ser parte da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo”, indicou, sendo logo contestada por Ng Kuok Cheong. “Porque é que não podemos ter membros eleitos por zonas para fiscalizar o trabalho do IACM (Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais), por exemplo? Estamos a tentar defender o regime de estes membros serem designados pelo Governo, mas esses órgãos deveriam ter membros eleitos, em vez de ser feita uma nomeação”, atirou o deputada da bancada democrata, que disse que bastaria seguir o exemplo do “Leal Senado da Administração Portuguesa ou de Hong Kong, onde os órgãos

NG KUOK CHEONG DEPUTADO

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Comprometimento zero Responsabilização de funcionários continua sem resposta

(CCAC), que apontam críticas à forma de adjudicação de serviços ou má execução de leis. A ela juntaram-se Ho Ion Sang, Si Ka Lon, Ng Kuok Cheong, entre outros. “A sua resposta não responde às perguntas, parece-me que não houve efectivação de responsabilidade. O relatório do CA revela problemas, muitos, que envolvem mais de cem milhões de patacas,

mas não houve imputação de responsabilidade”, atirou Ng Kuok Cheong, que acrescentou que “existe um regime de responsabilização, mas não existe ninguém a ser responsabilizado”. Para a Secretária para a Administração e Justiça há sanções e medidas de incentivo para os funcionários que façam mal ou bem o seu trabalho. Sónia Chan assegura

“É desapontante. As exigências da zona norte são diferentes das da Taipa. Como é que se vai saber as opiniões dos moradores? [Estes membros] não conseguem reflectir a opinião pública, porque eles nem moram lá, são nomeados pelo Governo”, juntou-seAu Kam San, parceiro de bancada de Ng Kuok Cheong. Para Sónia Chan, o exemplo de Hong Kong não é um a seguir, uma vez que as Leis Básicas das duas regiões diferem na metodologia de criação destes órgãos municipais. “A equipa de estudo fez uma comparação entre a nossa Lei Básica e a de Hong Kong, que diz que estes órgãos podem ser organizados distritalmente. Mas a Lei Básica da RAEM diz apenas que estes órgãos não podem ter poder político e não menciona a eleição por distrito porque Macau é um território pequeno”, frisou a Secretária, reiterando ainda que a ideia ainda “está em estudo”, mas que Macau tem de satisfazer o que diz na Lei Básica. “Temos de pensar que estes membros devem reflectir a opinião pública, mas também prestar melhores serviços à população. Eles emitem pareceres de carácter consultivo ao Governo.” Ng Kuok Cheong não gostou da ideia de ser o Chefe do Executivo a escolher quem fará parte destes órgãos e deixou mesmo no ar a hipótese de “protestar”, caso isso aconteça. A criação de órgãos municipais foi uma questão levada a plenário por Ng Kuok Cheong, que queria saber o ponto da situação dos estudos e ainda apelar ao Governo que os membros destes órgãos fossem eleitos por sufrágio directo pela população.

que “os relatórios do Comissariado contra a Corrupção e do CA são estudados muito seriamente e merecem ponderação”, mas não adianta nada mais. A Secretária limitou-se a ler respostas em papel

e a repetir essas respostas face a novas investidas dos deputados, que ficaram sem saber, afinal, se alguém foi responsabilizado. Sónia Chan relembrou apenas que vai ser introduzido o sistema de avaliação por uma “terceira entidade” aos funcionários de altos cargos. A formação é a outra arma para que os funcionários consigam eliminar as “insuficiências” face à interpretação das leis. “Parece que está tudo resolvido, mas os relatórios continuam a mostrar problemas”, rematou Ho Ion Sang. J.F.


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GCS

POLÍTICA

Não fazer é fazer bem

Burocracia Académicos consideram difícil simplificação no Governo

O Raimundo do Rosário

Alto de Coloane SECRETÁRIO ASSEGURA CUMPRIMENTO DA LEI

Por aqui tudo legal

R

AIMUNDO do Rosário foi peremptório: “não há nada a encobrir” face à construção do empreendimento de luxo na Estrada do Campo, no Alto de Coloane. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas falava ontem no plenário dedicado a responder às questões dos deputados e assegurou que a lei foi cumprida. “No licenciamento de empreendimentos, seja em Coloane ou em qualquer outro local de Macau, agiremos sempre no estrito cumprimento da lei, respeitando os direitos e garantias nela consagrados”, começou por dizer, acrescentando: “sim, o processo foi todo legal”. Au Kam San foi quem levou a polémica questão ao hemiciclo. Entre muitas das questões, os deputados queriam saber por que razão o Governo deu autorização para que a altura das torres passasse de 80 para cem metros e ainda porque é que não há obrigação

da parte do proprietário do terreno – Sio Chak Wong, membro do Conselho Eleitoral do Chefe do Executivo – em publicar o relatório de impacto ambiental. Os representantes do Governo explicam que a lei não obriga a que isso aconteça e dizem que, quanto à altura, esta foi aprovada antes da entrada em vigor da Lei de Planeamento Urbanístico, estando ainda em vigor. “Já apresentámos opiniões técnicas sobre o relatório e o seu conteúdo está de acordo com as exigências. E demos sugestões para atenuar o im-

pacto”, começou por indicar Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), contestado de imediato por Au Kam San. “Então, se o relatório não pode ser divulgado, podemos pelo menos ter acesso ao parecer da DSPA?”

DISCUSSÃO PLENA

A pergunta ficou sem resposta, mas vários deputados manifestaram-se face ao caso. Uns pedem, por exemplo, que o caso seja aberto à discussão no Conselho do Planeamento Urbanístico – algo que, segundo Rosário, não pode ser

“No licenciamento de empreendimentos, seja em Coloane ou em qualquer outro local de Macau, agiremos sempre no estrito cumprimento da lei, respeitando os direitos e garantias nela consagrados” RAIMUNDO DO ROSÁRIO SECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICAS

feito porque a planta ainda está dentro da data –, outros que seja encontrado um equilíbrio entre a protecção ambiental e os direitos dos proprietários. “Proteger o ambiente não é impedir o desenvolvimento e os direitos não devem ser retirados, mas tem de se pensar no ambiente e no património. Pode haver como solução a permuta de terrenos, não?”, indagou José Chui Sai Peng. Já Mak Soi Kun, deputado que é também empresário do sector imobiliário, diz não perceber o problema da construção e defende o proprietário, comparando a construção com o edifício One Oasis – que fica no Cotai e não na montanha de Coloane. “Todos são iguais perante a lei. Se houve violação da lei como dizem, qual foi?” Raimundo do Rosário voltou ainda a frisar que a obra não tem licença para avançar, uma vez que Sio Tak Wong ainda não entregou todas as plantas.

CHUI SAI ON PROTECÇÃO AMBIENTAL É FUNDAMENTAL Arrancou ontem mais uma edição do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau. No discurso proferido na cerimónia de abertura, Chui Sai On, Chefe do Executivo, considerou que a gestão de resíduos é uma aposta do Governo. “Macau avança com a elaboração do Plano de Resíduos

Sólidos, um importante alicerce na criação de uma cidade verde com baixos níveis de emissão de carbono”, disse, citado num comunicado. Chui Sai On referiu ainda que a “protecção ambiental é um dos pontos fundamentais da acção governativa da RAEM”. Em relação ao Plano de Desenvolvimento Quinquenal,

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Chui Sai On referiu que estão a ser feitos “vários esforços para a construção de uma cidade favorável à habitação, turismo, trabalho, mobilidade e entretenimento, tudo isto através de um desenvolvimento sustentável, visto que “resultados evidentes na protecção ambiental” é um dos nossos principais objectivos”, pode ler-se.

Governo pretende desburocratizar a Função Pública, mas académicos e sociólogos que participaram ontem num debate acreditam que tal política será difícil de atingir. O evento, promovido pela Aliança do Povo de Instituição de Macau, revelou opiniões que defendem que a eficácia administrativa tem vindo a baixar nos últimos anos. Foi ainda defendido que o Governo não soube criar medidas concretas. Sunny Chan, presidente da Associação de Políticas Públicas de Macau, disse não olhar de forma positiva para as medidas que o Executivo já apresentou. “Servir a população e manter o interesse do público devem ser as metas da Função Pública, mas muitos funcionários da linha da frente continuam a não pensar nisso e só estão focados no seu trabalho. Assim transferir poderes tornar-se inútil e não se aumenta a eficácia.” Sunny Chan defendeu a criação de um departamento só para supervisionar os serviços públicos em Macau, à semelhança do Comissariado de Auditoria (CA) ou Comissariado contra a Corrupção (CCAC), por forma a saber se há abusos de poder. Para Wang Zhong, professor da Faculdade de Humanidade e Ciências Sociais da Universidade Cidade de Macau (UCM), disse que Singapura deve servir de exemplo ao nível do recrutamento e expansão da Função Pública. “Em 1985 havia 96 mil funcionários públicos em Singapura. Até 2008 esse número diminuiu para 60 mil. A economia e a sociedade desenvolveram-se, e o número de trabalhos deveria aumentar, mas a verdade é que o Governo precisou de menos trabalhadores. Essa é a verdadeira eficácia”, apontou. Wang Zhong defendeu a criação de uma comissão de avaliação de funcionários públicos, para apreciar as promoções e a atribuição de prémios. O académico acredita que essa comissão deve ser independente, com membros da população que não trabalhem para o Governo.

MENOS EXECUTIVO

O sociólogo Larry So acredita que é difícil mudar o actual sistema porque há uma “cultura da Administração” e a burocracia ainda é algo comum na Função Pública. “Quando se faz mais, erra-se mais. Quando não se faz, não se erra. Quando os funcionários públicos têm poderes, também ficam com mais responsabilidades. Mas estes ou não querem ter esse poder ou não assumem responsabilidades quando algo mau acontece.” Para o antigo professor de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau, os problemas também se mantêm devido à predominância do poder executivo. “Segundo a Lei Básica é o Chefe do Executivo que toma as decisões finais, mesmo que seja necessário auscultar as opiniões da população. Acredito que a simplificação da Função Pública só poder ser implementada se o poder executivo não for tão forte”, rematou. Flora Fong

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Com presença de vários embaixadores, altos funcionários da RAEM e da RPC e muitos outros convidados, abriu ontem no Tap Seac o tão esperado Centro de Exposição de Produtos dos PLP. Mais empenho dos empresários é o que se espera agora

S

ÃO mais de 700 os produtos alimentares de países de Língua Portuguesa desde ontem expostos em Macau e acessíveis para compra através de um portal desenvolvido pelo Governo, que garante a sua entrega na China continental. Os produtos podem ser encomendados por empresas ou por qualquer pessoa individualmente, explicou Glória Batalha Ung, da direcção do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), a entidade responsável pelo espaço. “O número de produtos será continuamente alargado”, assegurou a mesma responsável, que apelou à colaboração dos empresários, notando que existe ainda uma certa “inércia” em fazerem avançar

SOCIEDADE

PLP CENTRO DE EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTARES INAUGURADO ONTEM

Tomai todos, comei e bebei os seus produtos e garantindo que está sempre à procura de mais. No momento, existem sobretudo produtos de Portugal, mas também deAngola, Cabo Verde, Timor-Leste, Guiné-Bissau e Moçambique e de “agências distribuidoras de Macau”, envolvendo um total de 60 empresas, segundo o IPIM. Para Júlio Morais, ex-embaixador de Cabo Verde e actual Presidente do Conselho de Administração da Agência de Turismo e Investimento do país, esta iniciativa “vem na altura certa” pois estão a promover-se na Ásia. O responsável destaca os produtos de pescado, nomeadamente lagosta, atum e conservas, como os principais beneficiados. Benedito Santos Freitas, embaixador de Timor Leste na capital chinesa, considera “uma oportunidade de aprendizagem”, sendo que vê o café e outros produtos agrícolas, destacando os orgânicos, como os mais indicados.

PORTUGAL POUCO DIGITAL

Jorge Torres Pereira, embaixador de Portugal em Pequim, saudou a iniciativa destacando que o comércio electrónico é o “caminho do futuro”. Todavia, confrontado com

a ideia de Teixeira dos Santos esta semana defendida no programa “Números do Dinheiro” da RTP - de que as empresas portuguesas ainda não utilizam o comércio online - o embaixador português concordou e considerou “uma oportunidade para aprendizagem acelerada com imenso potencial”. Torres Pereira disse ainda, relativamente à presença deste tipo de produtos na China, estarmos perante um “futuro risonho” com a evolução da classe média, o que mutará “os padrões de consumo”. Cada produto está associado a códigos QR que remetem para a plataforma de comercialização e informação dos produtores e distribuidores.

CULTURA PAGUEM OS CHINESES

“Acreditem e sejam pacientes” disse o embaixador Torres Pereira relativamente à certificação de produtos portugueses, nomeadamente os de origem suína. Segundo o diplomata, “o processo está a decorrer” e espera vê-lo terminado em breve. Uma opinião partilhada por Glória Batalha que confessou ter sentido isso da parte de Sun Tong, director do Ministério do

Comércio da China: “vi-o a olhar para o presunto e disse-lhe: ‘temos de resolver isto rapidamente’”. A isto, o representante chinês terá respondido afirmativamente.

700 produtos alimentares de países de Língua Portuguesa expostos no Tap Seac

A responsável do IPIM falou ainda do grupo de trabalho que integra membros daquele instituto, da Economia, do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e outros departamentos e que está “a acompanhar o assunto e a tentar resolvê-lo com celeridade”. Menos optimismo para o mercado dos vinhos por parte de Torres Pereira, que considera como principal problema o facto do país ter chegado atrasado ao mercado e, agora, “a concorrência já tem posições muito fortes”. Contudo, o responsável acredita que apelando à sensibilização dos PUB

donos de lojas gourmet e fazedores de opinião, “os vinhos portugueses têm qualidade para vencer”. Inquirido sobre se existe uma falta de presença cultural de Portugal na China, para assim melhor promover os produtos portugueses, Torres Pereira disse que “claramente temos de fazer muito mais” mas reconhece que “a dimensão da China implica grandes recursos que não têm existido”. “Acredito que com a entrada das grandes empresas chinesas em Portugal, no quadro da responsabilidade social corporativa, seja possível arranjar mecenas para a actividade cultural”.

NOVOS ESPAÇOS NA CHINA

A abertura deste espaço insere-se na estratégia definida por Pequim de transformar Macau na plataforma de promoção das relações económicas entre a China e os países de Língua Portuguesa. Nesse sentido, além deste centro de exposição em Macau, o IPIM pretende abrir cinco espaços para mostra de produtos alimentares nesses países na China continental, estando o primeiro já a funcionar desde Janeiro na cidade de Fuzhou (no sul do país). Manuel Nunes (com Lusa) info@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

hoje macau sexta-feira 1.4.2016

CEM LUCROS DE 662 MILHÕES DE PATACAS EM 2015

Aeroporto CAM ESTUDA MECANISMO PARA REGULAR VOOS

Malditas Maldivas

O caso da Mega Maldivas Airlines levou a Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau a estudar a criação de um sistema que regule voos e penalize os atrasos. A Associação Novo Macau exigiu o relatório do acidente ocorrido no ano passado

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Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM) está a estudar a hipótese de criar um novo sistema que melhor regule os voos, sobretudo em caso de atrasos sucessivos como o que foi protagonizado pela Mega Maldivas Airlines no período das férias da Páscoa. A informação foi avançada em conferência de imprensa após a assembleia-geral da CAM. “Depois deste caso estamos a considerar criar um sistema para termos uma melhor regulação das companhias aéreas. Temos recebido alguns relatórios de

companhias aéreas e podemos começar a estudar esta questão. Este sistema pode focar-nos nos atrasos dos voos”, disse a porta-voz, que revelou ainda que a penalização das companhias aéreas pode ser uma realidade.

“Segundo o nosso sistema não podemos considerar esse caso como tendo sido ilegal. O que podemos fazer enquanto aeroporto é coordenar as operações com a companhia aérea e os passageiros caso haja algu-

“Estamos a considerar criar um sistema para termos uma melhor regulação das companhias aéreas. Temos recebido alguns relatórios de companhias aéreas e podemos começar a estudar esta questão” PORTA-VOZ DA SOCIEDADE DO AEROPORTO INTERNACIONAL DE MACAU

ma ocorrência. Em relação a questões de segurança, a Autoridade de Aviação Civil (AACM) tem vindo a responder às diversas solicitações dos media e continuamos à espera do relatório por parte da Mega Maldives Airlines, então temos de aguardar pela reacção da companhia”, acrescentou a porta-voz da CAM.

NOVO MACAU REAGE

No mesmo dia a Associação Novo Macau (ANM) convocou uma conferência de imprensa para pedir que a AACM divulgue o relatório do incidente com a Mega Maldivas Airlines ocorrido

em Maio do ano passado, devido à quebra de um trem de aterragem. A ANM pede que o relatório fique disponível online, sublinhando que, de acordo com a lei da investigação de acidentes e incidentes da aviação civil e da protecção da informação de segurança aérea, os relatórios devem ser publicados um ano depois após o incidente. A ANM suspeita ainda que a AACM vai revelar o conteúdo do relatório depois de renovar a licença de operação da Mega Maldivas Airlines, a qual termina em Maio. “É necessário reparar um avião com três meses? Ou a companhia aérea tem problemas financeiros? Estes dois problemas devem ser tidos em conta pela AACM enquanto organismo regulador. Não há informações públicas e os residentes não sabem se a companhia vai obter de novo a licença”, disse Scott Chiang, presidente da ANM. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

RENOVAÇÃO EM 2017

Jet Star vai voltar a voar para o Vietname a partir de Macau depois da suspensão dos voos em Fevereiro. Segundo a porta-voz, as operações apenas foram alvo de um ajuste. “Nos próximos meses vai começar a operar. Algumas companhias aéreas podem levar a cabo alguns ajustes e as suspensões dos voos nunca têm uma grande duração, apenas por alguns meses. Foi o que aconteceu com a Jet Star, que parou por algum tempo, mas não consideramos um cancelamento.” A Jet Star informou a CAM da suspensão dos voos de Macau para Da Nang entre 22 de Fevereiro e 26 de Março, “por questões de calendarização”, não tendo dado mais justificações.

assembleia-geral serviu para mostrar os resultados obtidos pela CAM no ano passado. A concessionária registou receitas de 1,22 mil milhões de patacas, um aumento de 16,6% face a 2014. Foram registados lucros de 4,39 mil milhões de patacas. Para este ano a CAM estima ter 5,9 milhões de passageiros, número que está perto do limite máximo de capacidade do aeroporto, que é de seis milhões de passageiros. Quanto à extensão do aeroporto, a nova ala norte deverá entrar em funcionamento na segunda metade de 2017, prevendo-se o início das construções no quarto trimestre deste ano. Com esta obra, todo o terminal do aeroporto terá capacidade para acolher entre 7,5 a 7,8 milhões de passageiros. A CAM planeia ainda lançar novos voos este ano, estando para já prevista uma nova rota para Saba, na Indonésia, operada pela Air Asia.

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UM CONSIDERADA UNIVERSIDADE DE TOPO NA CHINA

Um website do interior da China, intitulado “Cuaa.net”, publicou um relatório de avaliação das universidades chinesas, onde se inclui um ranking sobre as universidades de Macau. A Universidade de Macau (UM) surge no topo com uma classificação de cinco estrelas, sendo considerada uma “universidade de investigação” e com uma “maior capacidade de ensino”. Em segundo lugar surge o Instituto Politécnico de Macau (IPM), com quatro estrelas, seguindo-se o Instituto de Formação Turística (IFT) e a Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST), que obtiveram três estrelas. Outras instituições do ensino superior locais não constam no ranking. A Universidade de Pequim e de Tsinghua ocupam os lugares cimeiros no relatório de avaliação. Há 14 anos que este documento é elaborado para servir de orientação a alunos e professores. GONÇALO LOBO PINHEIRO

JET STAR DE REGRESSO

Foi ontem aprovado o relatório anual da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), o qual revela a obtenção de lucros na ordem das 662 milhões de patacas, mais 8,8% face a 2014. Quanto ao consumo de energia, registou-se um aumento de 6,2%. A CEM investiu um total de 958 milhões de patacas em infra-estruturas, sendo que foi um investimento 45% aos lucros anuais. A CEM afirma que pretende “manter as tarifas estáveis” e anuncia que o subsídio para apoiar os clientes residenciais e as PME foi de 155 milhões de patacas.


9 hoje macau sexta-feira 1.4.2016

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S receitas da Administração caíram 21,7% nos primeiros dois meses de 2016, mas as contas públicas continuam a apresentar um saldo positivo de quase mil milhões de euros. De acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, o saldo orçamental atingiu um superavit de 8.557,8 milhões de patacas, menos 46,4% do que o excedente apurado no período homólogo do ano passado. Ainda assim, reflecte uma execução de 246,7% face ao orçamentado para todo o ano de 2016: o saldo orçamental positivo era, no final de Fevereiro, mais do dobro do estimado pelo Governo para os 12 meses de 2016 (3.469 milhões de patacas). A Administração arrecadou receitas totais de 15.935,8 milhões de patacas em Janeiro e Fevereiro, menos 21,7% face aos primeiros dois meses de 2015. Os impostos directos sobre o jogo – 35% sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 13.416,6 milhões de patacas, reflectindo uma redução de 20,9% face a Janeiro e Fevereiro de 2015 e uma taxa de execução de 18,7%. Já as despesas totalizaram 7.378 milhões de patacas (812

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A descer mas positivos Receitas da Administração caem 21,7%

SOCIEDADE

milhões de euros), o que significa uma subida de 67,8%. Em Janeiro e Fevereiro, o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) – cujo valor orçamentado para este ano é de 11.068 milhões de patacas – representou uma despesa de 21,6 milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de execução de 0,2%. A Administração encerrou 2015 com receitas totais de 109.778 milhões de patacas, a primeira queda em, pelo menos, cinco anos, segundo os dados oficiais disponíveis. LUSA/HM

PORTUGUÊS MORRE EM ACIDENTE COM MOTOCICLO

Um homem português de 37 anos morreu na noite de quarta-feira, vítima de um acidente de viação com um motociclo. O anúncio foi feito pela Polícia de Segurança Pública (PSP) à agência Lusa. O residente de Macau tinha de nome Vasco Ferreira. O acidente ocorreu no acesso à Ponte de Sai Van, no sentido Taipa-Macau, por volta das 22h30. O português morreu cerca de uma hora mais tarde no hospital público, como acrescentou a fonte da PSP. As causas do acidente ainda estão a ser apuradas.


10 CCM DÉCIMO FESTIVAL DE CINEMA E VÍDEO ARRANCA A 21 DE ABRIL

EVENTOS

Guestperience em Macau Lançada aplicação para clientes de hotéis

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aplicação Guestperience, uma startup espanhola pensada para proporcionar uma nova experiência aos hóspedes oferecendo um novo canal de vendas e de comunicação e aumentar a RevPAR (Receita por quarto disponível) dos hotéis associou-se à Follow Me Macau para comercializar o serviço no mercado hoteleiro de Macau e Hong Kong. Com esta nova aplicação, os hotéis podem agora interagir com os clientes propondo-lhes serviços para além do jogo na área do entretenimento e do lazer. Esta extensão para o oriente surge após o sucesso no mercado espanhol porque, adianta a empresa, Macau e Hong Kong são caracterizadas por mercados de excelência turística e altas taxas de crescimento anual.

Para a Follow Me Macau, a primeira plataforma on-line a oferecer experiências para os turistas em Macau, Marco Rizzolio, fundador da empresa considera ser “o complemento perfeito” para o serviço que já prestam aos visitantes do território nesta área. Além disso, avança ainda a Guestperience, Macau surge como aposta por ser um dos centros mundiais de turismo, avançando dados da Euromonitor que colocam a RAEM como a sexta cidade mais visitada do mundo, com quase 15 milhões de visitantes em 2014. É desta forma que José Manuel Person, co-fundador da empresa garante que “Macau e Hong Kong são os lugares perfeitos” para o fortalecimento do projecto”.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

MACAU E O MUNDO NO GRANDE ˜ ECRA PARA TODOS, MESMO TODOS

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companham ainda toda a edição workshops, seminários, mostras e projecções e, como o objectivo geral é de aproximação do cinema a todos, o CCM lança ainda outro desafio: “Filme a la Minute” propõe aos interessados a criação de um filme usando como câmara o telefone numa realização com duração máxima de um minuto num período de 24 horas. Estes “tele” realizadores são ainda convidados a publicar as mini-produções na página do Facebook dedicada ao evento, sendo que o filme com mais “gostos” vencerá o desafio. As inscrições para esta rubrica terminam às 18h00 de 20 de Maio.

São 13 filmes internacionais e 26 produções locais aquelas que vão dar vida ao ecrã do Centro Cultural de Macau. Portugueses incluem a lista, num evento que pretende chegar a todo o público

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

O BEBEDOR NOCTURNO, POEMAS MUDADOS PARA PORTUGUÊS • Herberto Helder «Desde os anos 60 que se torna evidente o interesse de Herberto Helder por textos oriundos de determinadas culturas que vieram a sofrer grandes mutações, ou de culturas locais, primitivas e anónimas, e que vieram a ser objecto de colonização. Textos, portanto, onde a tradição está sempre presente e é particularmente preservada, mas também ameaçada. São poemas do Antigo Egipto, da Grécia, poemas Zen, arábico-andaluzes, poesia mexicana do ciclo nauatle, poemas esquimós, indochineses, mas também todo um ciclo de textos sagrados como os Salmos do Velho Testamento ou o Cântico dos Cânticos. Os mais recentes livros mostram o mesmo critério, embora o alarguem substancialmente: os textos vêm-nos da Índia, da Austrália, de África e das Américas. A maioria são textos maias e astecas e textos da tradição oral dos diferentes índios da América do Norte, Central e do Sul, como os Navajos e Comanches ou, no Brasil, os Caxinauás e os Guaranis. […] O interesse de Herberto Helder por estas tradições primitivas, não europeias, advém da maneira peculiar como também ele olha o mundo, nele se insere e convive com a linguagem. - Maria Etelvina Santos

SER JORNALISTA EM PORTUGAL • José Rebelo Ser jornalista em Portugal – perfis sociológicos resulta de um trabalho de investigação de cerca de cinco anos, realizada sob a égide da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e de um protocolo com o Sindicato de Jornalistas. Para além das entrevistas, “autênticas histórias de vida”, o estudo compara dados dos últimos 20 anos sobre a profissão.


11 hoje macau sexta-feira 1.4.2016

EVENTOS

MUNDO DE SHAKESPEARE NO CCM

O grande auditório do Centro Cultural de Macau vai ser mais uma vez palco de clássicos com a apresentação de dois concertos temáticos, a 9 e 29 de Abril, pela Orquestra de Macau. No ano em que se comemoram os 400 anos de Shakespeare, o primeiro espectáculo - sob a direcção do maestro Principal da Orquestra Sinfónica do Ballet Nacional da China, Zhang Yi, em associação com o pianista russo Alexei Vicodin – vai incluir a interpretação de obras de Sergei Rachmaninoff e Tchaikovsky. A 29, o destaque vai para a interpretação do concerto para violino n. 2 de Sergei Prokofiev, pela solista japonesa Savaka Shoji. Constam ainda do programa obras de Berlioz e Schumann. Ambos os espectáculos têm início às 20h00 e o preço dos bilhetes é de cem a 200 patacas.

ESTÓNIA E JAPÃO DÃO MÚSICA NO LMA

Operation Arctic

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KAM PEK TECHNO, HOUSE E MINIMAL ESTE SÁBADO

RRANCA a 21 de Abril e vai até 5 de Junho a 10.ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo (FICV), evento de carácter anual que acontece no Centro Cultural de Macau (CCM) e traz uma selecção de projectos locais e produções internacionais. São obras provindas de mais de uma dezena de países as que se vão juntar em Macau, paralelas a um conjunto de actividades promotoras da cultura cinematográfica. Abrem as hostes a projecção de 13 filmes internacionais, que abarcam um leque que vai dos “mestres conceituados” aos “realizadores emergentes e aos destaques de festivais de cinema de autor”. Para abrir o apetite, a organização adianta que farão parte desta rubrica a exibição de “Mamã, trabalho realizado pelo jovem talento Xavier Dolan, galardoado pelo Festival de Cannes, “De Longe”, uma produção venezuelana vencedora do Leão de Ouro para Melhor Filme no Festival de Veneza em 2015, “Coração Canino”, o mais recente trabalho de Laurie Anderson que lida com a temática do amor, da paz e da perda e o inspirador documentário “Meru”, que conta uma “história triunfante” “Jacky no reino das Mulheres”, uma comédia com Charlotte Gainsbourg no principal papel que

aborda as questões de género numa perspectiva inversa, e “Festa de Despedida” e “A Façanha” são outras das películas, que trazem os temas da sobrevivência e da morte ao CCM. Mas, o evento pretende abraçar um público de todas as idades, pelo que as famílias e os mais pequenos têm a si dedicados “A Múmia do Príncipe” e “Operação Árctico”.

Boat People

MADE IN MACAU

Do programa fazem parte obras dos “Macau Indies” que, segundo a organização, “foca as suas lentes em perspectivas mais familiares” em que as estrelas são as produções independentes locais. A presente edição vai contar com um total de 26 trabalhos

Abrem as hostes a projecção de 13 filmes internacionais, que abarcam um leque que vai dos “mestres conceituados” aos “realizadores emergentes e aos destaques de festivais de cinema de autor”

ÁBADO, 2 de Abril, é tempo de voltar para trás. Está aí a “Festa da Música de Fim de Semana – Voltar no Tempo”, que tem lugar no Teatro D. Pedro V, pelas 16h00. Apresentado pela Orquestra de Macau, com o apoio do Instituto Cultural, o espectáculo conta ainda com a participação

de diversos agrupamentos que convidam a uma viagem no tempo pelo panorama musical do Estados Unidos quando corriam os anos 70 e 80. Para este concerto foram compostos novos arranjos para cordas de temas como “Yesterday”, “Can’t Take My Eyes off You” e “Love

Sábado, pelas 23h00 é hora de pôr o pé em modo “Cymatics”, no Kam Pek, com o DJ Helium, residente local. Numa noite organizada pela HITECH+TRIBE, a entrada na festa é livre e começa às 23h00. Helio aka Helium, que nos anos 90 foi para Coimbra onde encontrou inspiração na então cena florescente de música de dança europeia, situa as suas raízes em diferentes formas de techno e house music. Tendo passado por várias casas e cidades em Portugal, regressou a Macau onde se tornou DJ residente no Monkey Bar, de onde, pelo seu “profissionalismo e dedicação”, lhe foram abertas as portas do “Bellini Lounge”, “Portofino”, “The View” e, mais tarde, do “PlayBoy Club Macau” no Sands. Da paixão surgiu também a produção de música, sendo os seus sets descritos como “hipnóticos”. O de sábado vai ter a duração de quatro horas. PUB

Leno

distribuídos entre curtas-metragens, animação e documentário. Nesta secção integram os nomes dos portugueses Filipa Queiroz (com “Boat People”), António Caetano Faria (com “Eric – Caminhar no Escuro”) e Catarina Cortesão Terra (com Macau – Tempo do Bambu). “As crónicas de Wu Li”, de James Jacinto, e “Uma Década de Blademark”, de Emily Chan e que retrata o percurso da banda com o mesmo nome, são outras das atracções. Os bilhetes já estão disponíveis e contam com vários preços e descontos.

TEATRO D. PEDRO V MELODIAS AMERICANAS DOS ANOS 70 E 80

S

Domingo, 3 de Abril, das 17h00 às 24h00 o espaço Live Music Association (LMA) convida todos a acabar o dia ao som de Slin, da Estónia, numa iniciativa da Ecstatic Bass Macao, que neste seu terceiro aniversário promete animar com as “batidas” de fora e de dentro. O espectáculo conta ainda com a presença dos músicos locais Achun, Burnie, BudBall, Dj Zuju, Faye, Rolec, N1D, Noise 808 e S.F sob os comandos do Mestre de Cerimónias Mc Moodpack. A entrada será de cem patacas. Já terça, 5 de Abril é altura de acertar agulhas para sons independentes das terras do Sol Nascente com a nipónica HeatMister. Este espectáculo conta ainda com convidados locais como Eva Tana e Chai Kefu e tem início às 21h00.

Me Tender” que, segundo a organização, combinam a “delicadeza e a beleza da música clássica com sons pop modernos,” de modo a proporcionar ao público toda uma nova experiência. O pátio exterior do Teatro não foi descurado e será também palco de uma feira de “retro” com

a presença de bancas de lojas locais. A entrada custa entre cem e 120 patacas, estando os bilhetes à venda na bilheteira online de Macau. Já a feira de antiguidades conta com entrada livre.


12 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 1.4.2016

ANÚNCIO 【N.º 24/2016】

ANÚNCIO 【N.º 25/2016】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os promitente-comprador de habitação económica abaixo indicado, nos os termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro:

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os promitente-comprador de habitação económica abaixo indicado, nos os termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome

N.º do Boletim de candidatura

Nome

N.º do Boletim de candidatura

LEI WAI IENG

82201310951

NG HIN

81201305943

YEUNG KAM YIN

82201335576

IM CHI KUAN

81201306261

SIO UT MEI

82201336764

LAI WAI FONG

81201307686

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos necessários dentro do prazo fixado, os adquirentes seleccionados serão excluídos do concurso, de acordo com os termos da alínea 2) do n.o1 do artigo 28.º Lei n.o 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.o 11/2015. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, devem apresentar, por escrito, as suas contestações e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentarem as contestações no prazo fixado, considerando as desistências do respectivo direito e não aceitação das contestações entregues fora do prazo fixado. No caso de dúvidas, poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Chiang, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 217), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 30 de Março de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos

EDITAL Edital n.º : 32/E-BC/2016 Processo n.º : 182/BC/2014/F Assunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Locais :Rua do Chunambeiro n.º 12, Edf. Yang Ming Seaview, fracção 1.º andar A (CRP: A1), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber por este meio ao(s) dono(s) da obra e ao(s) proprietário(s), cujas identidades se desconhecem, das obras existentes no local acima indicado, o seguinte: 1. O agente de fiscalização desta DSSOPT constatou no local acima identificado a realização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte: Obra 1.1

1.2

Construção de um compartimento não autorizado composto por cobertura em betão, paredes em alvenaria de tijolo, gradeamento de vidro e gradeamento metálico no pódio em frente da janela e varanda da fracção. Construção de um compartimento não autorizado com cobertura em betão, paredes em alvenaria de tijolo e gradeamento metálico junto à janela e varanda da fracção do pátio na parede exterior do edifício.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício. Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2. As janelas e varandas são consideradas como ponto de penetração para realização operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terão necessariamente de serem determinadas pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3.

Nos termos do n.º 7 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.

4.

Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.

5.

Os processos podem ser consultados durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).

Aos 11 de Março de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos necessários dentro do prazo fixado, os adquirentes seleccionados serão excluídos do concurso, de acordo com os termos da alínea 2) do n.o1 do artigo 28.º Lei n.o 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.o 11/2015. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, devem apresentar, por escrito, as suas contestações e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentarem as contestações no prazo fixado, considerando as desistências do respectivo direito e não aceitação das contestações entregues fora do prazo fixado. No caso de dúvidas, poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Chiang, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 217), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 30 de Março de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos


13 CHINA

hoje macau sexta-feira 1.4.2016

GRUPO FOSUN QUER “PROCURAR E DESENVOLVER” ‘STARTUPS’

Altos voos

Queda do preço do petróleo aumenta lucros de companhias aéreas

O

S lucros das três maiores companhias aéreas estatais da China registaram um aumento exponencial em 2015 devido ao crescente número de passageiros transportados, extensão das rotas internacionais e, sobretudo, a queda do preço do petróleo. A Air China, com sede em Pequim e cotada nas bolsas de Xangai e de Hong Kong, anunciou um aumento de 83,35% dos lucros em 2015, face ao ano anterior, para 7.053 milhões de yuan. Os custos operacionais do grupo recuaram 4,25% para 94.505 milhões de yuan, sobretudo devido à queda de 30,39% no preço dos combustíveis, para 24,042 milhões de yuan. No conjunto, a empresa transportou no ano passado 89,82 milhões de passageiros, mais 8,2% do que em 2014, e 1,66 milhões de toneladas de carga e pacotes de correio, uma subida de 7,18%. A China Southern, a segunda maior companhia aérea do país, com sede em Cantão (sul), e cotada nas bolsas de Xangai, Hong Kong e Nova Iorque, registou um aumento dos lucros, em 2015, de 110,2%, face ao ano anterior, para 3.736 milhões de yuan. Apesar dos custos terem aumentado ligeira-

mente, a empresa gastou menos 30,35% com combustíveis - 26.274 milhões de yuan (3.582 milhões de euros). No conjunto, aquela companhia aérea transportou 109,42 milhões de passageiros, em 2015, mais 8,43% do que em 2014. Os passageiros internacionais aumentaram 27,9% para 11,72 milhões. Já a China Eastern, com sede em Xangai, anunciou um aumento dos lucros de 33,05% para 4.537 milhões de yuan.

MENOS CUSTOS

Também os custos operacionais recuaram, em 2015, para 86.619 milhões de yuan, uma queda de 1,37%, face a 2014, enquanto os custos com combustíveis desceram 32,8%, para 20.312 milhões de yuan. A empresa, que inclui nas suas contas as operações da filial Shanghai Airlines, transportou 93,77 milhões de passageiros, em 2015, um aumento de 11,89% em termos homólogos, sobretudo devido à subida de 27,11% dos passageiros internacionais, para 12,26 milhões. Pelas contas de Pequim, 120 milhões de chineses viajaram para fora da China Continental, em 2015, num aumento de 19,5% face ao ano anterior.

Em busca de ‘Unicórnios’

O

grupo chinês Fosun, que em Portugal detém a seguradora Fidelidade, quer “procurar e desenvolver ‘Unicórnios’”, anunciou ontem, recorrendo ao termo que classifica as ‘startups’ que atingem uma valorização superior a mil milhões de dólares. “O Fosun acredita que, para além das empresas da Internet, pode ser criado um conjunto de negócios ‘unicórnio’ nos sectores das finanças, saúde, entretenimento, inovação e indústrias transformadoras”.

“O Fosun acredita que, para além das empresas da Internet, pode ser criado um conjunto de negócios ‘unicórnio’ nos sectores das finanças, saúde, entretenimento, inovação e indústrias transformadoras” Entre os “unicórnios” mais conhecidos a nível mundial destaca-se o Facebook, Uber, Dropbox, Airbnb ou Snapchat. “O Fosun eventualmente tornar-se-á num ‘Unicórnio’ gigante com imenso poder”, escreveu aos investidores o presidente do grupo, Guo Guangchang, conhecido como “o Warren Buffet da China”.

INTERESSE CRESCENTE

No relatório anual daquele consórcio, enviado à agência Lusa em Pequim, o termo “unicórnio” surge por 19 vezes, ilustrando o crescente

interesse do grupo em empresas ‘startups’. No ano passado, a Fidelidade e o Fosun anunciaram a criação de um programa de aceleração de ‘startups’, o Protechting, cujos projectos finalistas serão premiados com um ‘roadshow’ na China, em meados de Junho, segundo confirmou ontem fonte do Fosun à Lusa. Em 2015, o grupo registou um aumento de 17,3% dos lucros, para 8.040 milhões de yuan. Na área seguradora, assumida como “um motor decisivo para o futuro crescimento” do grupo, a par do investimento, os lucros somaram 2.100 milhões de yuan, um aumento de 88,4% em relação a 2014. O mesmo documento detalha que, em 2015, o Fosun aumentou a sua

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participação na Fidelidade para 84,986% e que, em Dezembro passado, injectou 500 milhões de euros em capital suplementar no seu negócio no ramo dos seguros em Portugal, que inclui ainda 80% da Multicare e Fidelidade Assistência. Com participações em companhias de seguros na China continental, Estados Unidos e Hong Kong, o Fosun investe igualmente

nos sectores da saúde, imobiliário, turismo e indústria farmacêutica. No fim de 2015, os seus activos no domínio dos seguros excediam 180.600 milhões de yuan, representando quase metade (44,6%) do total do grupo. Fundado em Xangai, no início da década de 1990, o Fosun é considerado um dos mais lucrativos consórcios privados chineses.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

Umberto Eco escreveu: “Apenas nós, os monges da época, conhecemos a verdade, mas dizê-la, às vezes significa acabar na fogueira”. Homenagem a quem há pouco tempo nos deixou e pelo tributo deste incansável erudito trabalhador a des-cobrir-nos as imagens mentais que trazemos do momento que é a Vida.

H

OJE, 1 de Abril, dia dos enganos há três comemorações que gostaria de referir. Duas delas são sobre o aparecimento em Macau de dois jornais na primeira metade dos anos setenta do século XIX e a terceira, o início da ligação aérea da TAP com Macau. Esta última nos enviará para outros voos, em reflexão e fazendo o transporte entre Civilizações, nesse dual estar só um terceiro vector lhe dará a verticalidade. É como acrescentar à nossa actual memória visual, do observar-se de cima, (conceito de superioridade), a espalmada área horizontal de quem por esses olhos aceita por inferior idade tal Visão única. Criada apenas na base da estatutária autoridade, onde o que conta no estar é o individual Ser, feito no que tem pelo material, sendo o Outro, o que não pretendemos conhecer em (/para) nós. São esses erros de quem usa a Verdade pela sua perspectiva e nela subconscientemente se projecta, a crer-se assim a pensar (pela própria cabeça) a imagem (que traz) da Natureza. Aqui esses enganos, celebrados hoje neste artigo de 1 de Abril. Parece ser um engano a data de 1 de Abril de 1873 que Luís Gonzaga Gomes refere para o aparecimento do jornal O Imparcial. Registo actualmente sem prova física pois, segundo Daniel Pires, que há poucos dias lançou em Macau o Dicionário Cronológico, “nas bibliotecas e arquivos portugueses e macaenses não é conhecido qualquer exemplar deste semanário”. E por aí continuando: “O Jornal da Noite de 18 de Junho de 1873 desvenda o nome dos redactores de O Imparcial: António Alexandrino de Melo, barão do Cerdal (1837-1885), Vicente de Paulo Salatwichy Pitter (1813-1882), Francisco António da Silva e António Joaquim Bastos Júnior (1848-1912), que, de acordo com o Pe. Manuel Teixeira,

Só vento assegurava igualmente a edição”. Para a data de início da publicação refere ser 5 de Abril de 1873, o que não corresponde à indicada por Luís Gonzaga Gomes e por isso, neste dia, onde ninguém leva a mal os enganos, estas linhas dedicadas a um semanário que cessou a sua publicação três meses mais tarde e que fora fundado por Francisco António da Silva e financiado por Nicolas Tanco Armero, informações do jornal Independente, dadas à actualidade por Daniel Pires. Sem pertencer a esta data, mas para ligar historicamente com o Jornal de Macau, este sim iniciado a 1 de Abril e da mesma facção política de o Imparcial, surgiu a 28 de Maio de 1873 pela segunda vez, O Independente, cujo director era o advogado José da Silva, que segundo Daniel Pires “editara e participara na apurada experiência do Ta-ssi-yang-kuo. (...) Desde a génese de O Independente, José da Silva, seu editor, revelou frontalidade e coragem, trazendo à colação irregularidades cometidas por uma facção dominante, capitaneada por Bernardino de Sena Fernandes, que tinha o beneplácito do governador e do juiz principal, João Ferreira Pinto”. O Independente saíra pela primeira vez em 1867 (Daniel Pires refere a data de 15 de Setembro de 1868) e em 8 de Julho de 1869 interrompera em Macau a publicação, por ordem do juiz que processou José da Silva e ordenou a supressão do jornal, tendo este rumado a Hong Kong, onde o continuou a publicar. De salientar ser de um outro estar essa luta, que não traz paralelo com a que hoje se trava pois, crendo-nos pelo pensamento de um universalismo internacional, mas usando os direitos individuais, apenas enfeudados estamos num jogo de multinacionais. Já para o início da publicação do Jornal de Macau, parece ser de comum acordo a data de 1 de Abril de 1875. O semanário “político, literário e noticioso” Jornal de Macau não durou um ano pois deixou de ser publicado a 8 de Março de 1876. Segundo Daniel Pires, apenas existe um número deste jornal, que “foi redigido inicialmente por Manuel Luís Rosa Pereira” e que o Independente, jornal opositor ao Jornal de Macau, refere serem os mesmos que

colaboravam no Imparcial, “havendo desta vez alistados nesta cruzada especuladora mais alguns tartufos, além de dois militares, recentemente chegados a esta colónia, mas estes não militam na secção impolítica: botam apenas notícias, charadas e fados” (...) e “dizem por aí que é subsidiado pelo Sr. Bernardino de Sena Fernandes”. Para fechar este ciclo, ligado aos jornais, o director de O Independente, José da Silva tinha “vinte e mais processos pendentes em juízo”. As vestes com outras personagens! E dizem que

o Tempo existe! Engano, pois é apenas um método, para em ciclos tomar-se consciência. Que Tempo.

OS OLHOS E SUA PROJECÇÃO

Sonhos de um voo, que o Estar abarca, chegaram num momento com espelhos à História da Imagem. Visão que se tinha perdido há milénios do seu Todo. Para esta história foram os olhos que dominaram a realidade e é deles que fala, vistos por si mesmos. Olhos nos olhos, na ousadia do olhar constroem o mundo de onde chega ou parte a imagem.


15 hoje macau sexta-feira 1.4.2016

José Simões morais

Texto e foto

Observam-se ao olhar integrados no cérebro; estão na cabeça. Pelos limites se englobam e vêm-se olhando o corpo. Fascinadamente distanciados pela visão, ascenderam sobre os outros sentidos. Envolvência das sombras com que os olhos se turvam e não relatando, porque só para si olham, um dia apercebem que o inanimado tem capacidades de voar. É o vento a fugir-lhes! Quando o corpo pergunta à cabeça o que os olhos lhe dizem, estes, por serem quem faz os padrões da História, evitam contar para dentro o que fora não vêem. Mas há temor quando o corpo lhes pergunta o que tinha sido aquilo. Não existe imagem. Só vento.

A TERCEIRA COMEMORAÇÃO

No dia 1 de Abril de 1996 foi inaugurada a ligação aérea entre Lisboa e Macau dos voos da TAP- Air Portugal, que terminaram no dia 31 de Outubro de

1998, com 536 voos efectuados, cerca de 120 mil passageiros transportados e 4650 toneladas de carga nos dois anos e meio de operações, no qual resultou um prejuízo de 200 milhões de patacas. Números frios, sem serem analisados à luz dos acontecimentos e da História, o que ficará para mais tarde. Se no início, os voos faziam escala em Bruxelas e Bancoque, já para os finais paravam também em Istambul. Invocam estas três cidades, a par de muitas outras como Bagdad, Madrid, Paris, Estocolmo e países como a Líbia, Síria, Afeganistão e de tantos outros locais onde explodem bombas (sempre condenável), a emoção de uma profunda tristeza e pesar perante o estado de extremos a que chegou o mundo. O explosivo estar em competição, no qual todos estamos investidos, leva a sermos vítimas da nossa própria violência com que enquadramos o Outro. Observando-o, ele só existe no que

“Quando o corpo pergunta à cabeça o que os olhos lhe dizem, estes, por serem quem faz os padrões da História, evitam contar para dentro o que fora não vêem. Mas há temor quando o corpo lhes pergunta o que tinha sido aquilo. Não existe imagem. Só vento” dele entendemos. Assim são também estas palavras escritas, que significam apenas o que delas compreendemos e não, a ideia de quem as redigiu. Sente-se que se encerrou um ciclo, onde a Europa, fruto de um colonialismo de quatro séculos, se auto recria como a Civilização Universal, pois considera-se o Centro do mundo. Mas como o globo terrestre é redondo, esse centro afinal não passa de uma imagem mental cultivada pelo ignorar, o que para além de si existe. E em 2015 na Europa, o caos ganha consciência popular num mundo fechado e reduzido a um ponto de interseção (∩), criado pelo nosso subconsciente, resumindo-se ao individual Ser, pelo que Eu tenho de material. E só querendo saber o que não nos contradiz, reduzimos ao ponto esse Espaço de entendimento.

Assim fazemos a nossa vida, sem querer saber o que viemos ao Mundo fazer. Com as realidades padronizadas na propaganda e publicidade e fruto de uma educação cuja racionalidade lógica proveniente de mentais imagens trabalhadas há dois mil e quinhentos anos, nos dão a razão Absoluta. Com esse padrão, o Ser Humano é superior ao Animal e assim transpondo-nos para além do Reino Animal, somos pertença de um Reino Superior, o do Ser Humano, que apenas há sessenta mil anos tomava consciência da sua existência. Consciência que traduz um momento tão curto quanto a felicidade que trazemos dessa realidade de Paraíso, ou longo, na guerra entre os eles, pois, como refere Teixeira de Pascoais, o “futuro é a aurora do passado”. Deixando esse momento de Paraíso, pois a terra era pequena para tanta gente, partindo como nómada, sedentariza-se ao descobrir novos locais convenientes mas, quando as condições de sobrevivência começam a tornar-se aí também difíceis, de novo um grupo tem de partir. Assim de lugar em lugar, entrando em mundos cada vez mais hostis e locais inóspitos, encontramos a Terra toda habitada por seres vivos. Na intestinal luta de sobrevivência, primeiro contra os selvagens animais que reclamam os locais onde desde sempre os seus ancestrais viveram e já com o uso de utensílios como armas, os matamos para a nossa alimentação aliar a carne com os colhidos frutos, raízes e cereais selvagens, que começam a rarear. De uma táctica, para a caça de animais de pequeno porte, até à estratégia usada para conseguir abater os gigantes mamíferos se foi prolongando a instrução do reconhecer a Natureza. Devido a uma carestia de alimentos e um aumento das populações, em dedução realiza-se há dez mil anos a Revolução Agrícola, em terrenos cuja água o propicia. Esse novo método de produzir alimentos, que no início e devido a terem uma menor qualidade nutricional provocou a morte a muita gente, levou ao aparecimento da sedentarização permanente, com a domesticação de animais. Assim a origem de dois diferentes estares: o de sedentário e o de nómada, a viver pelas estepes no pastoreio dos rebanhos. Dividia-se o Céu entre os que pelo Calendário Solar viviam, presos aos ritmos ligados à Agricultura e os que sem tecto fixo usavam a Abóbada Celeste, com os cinco planetas e a Lua, tal como o Sol, para regular o estar. Fica o Universo com outra Unidade, que não a feita só nos doze meses, nos vinte e quatro termos chineses, com que se compõe o 1 feito

no 6, onde a trindade é dual e individualmente só feita pelo conceito de ilha. Conjugando pelo espelho no 5, englobamos pela reflexão e o que em cima (Céu) se encontra, é o que se passa na Terra e daí uma nova Unidade se des-cobre, sendo o conjunto maior que as partes. Pensamento Continental, que encobre o Uno de todos os números no 1.

O QUE FICA DE FORA, APENAS NA INTERSEÇÃO

Se a sociedade foi progredindo nas duas diferentes vias, os sedentários e os nómadas, cada um radicalizou-se na visão que tem de si e do outro. Uns fecharam-se em si mesmos (no Eu) e pelos direitos individuais promovem uma cultura aberta, mas apenas ao que não contradiz essas Verdades e tal como S. Tomé está o ver para crer, só pela matéria em pensamento concreto as aceitam; - já sem a Gramática necessária para atingir o pensamento infinito e abstracto, que combina a matéria com o Todo e como energia, está para além dela, forma. É um Espaço e logo há, em retenção da fonte, quem condensando a energia em ligações iónicas, dela se apropria e reconhecendo-a só pela material idade, racionaliza na lógica científica de laboratório e retirando-a da unidade infinita, isolando, procura as causas para chegar ao efeito pretendido. É nessa ideia ainda hoje dada pela Instrução e Educação, ligando-nos pelos mundos físico (e com pouca química), dos desejos e de um pensamento concreto, para criar ilusórias imagens teatrais de cinema, com heróis e ídolos, que no fim são comuns mortais caídos em desgraça e no 4 quarto montam o filme sem conseguir enxergar o que a nível etéreo está, como reflexo dessa materialidade até aos 9 mundos que fazem o Universo. Nessa qualidade, a nossa sedentarização domesticou o animal e o que dele temos ainda como herança. E se antes havia Ginasium, onde se debatia em filosóficas questões a Existência, agora apenas resta a militarista e científica educação espartana, cujo modelo é já o da máquina e não só para o Desporto. Nesse modelo de competição, ciclo do Trato iniciado há cinco mil anos, o Deus Superior cujo Absoluto não vem da Autoridade Natural, mas da Estatutária de um pensamento racional, lógico, dedutivo, dá como resultado o de um animal que se deixou cair na rede e sem intuição, chega pela entropia agora ao fim. Sem regras, senão as leis que agrilhoam o Ser Vivo, vive perdido no caos.


16 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau sexta-feira 1.4.2016

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

ABERTURA DO ESPECTÁCULO BROADWAY Macau Studio City

Amanhã

?

NUBLADO

MIN

19

MAX

25

HUM

75-99%

EURO

9.09

BAHT

Diariamente

EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau

O CARTOON STEPH

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 59

PROBLEMA 60

UM FILME HOJE C I N E M A

SUDOKU

DE

HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau

Cineteatro

1.23

QUANTO CUSTA?

PALESTRA SOBRE CINEMA ASIÁTICO, AMERICANO E EUROPEU DA CREATIVE MACAU Centro Cultural de Macau, 10h00 às 17h00 Entrada livre

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau

YUAN

AQUI HÁ GATO

DEBATE SOBRE BIOESTATÍSTICA Instituto de Estudos Europeus, 13h30 Entrada livre

EXPOSIÇÃO “COLOUR EXCHANGE” (ATÉ 10/04) Casa Garden

0.22

Nasci há uns seis anos em Macau, anos que, como sabem, pesam nesta vida de gato. Apesar de ter quem trate de mim, a verdade é que gosto de dar umas voltas e comer fora ou ir às compras. Algo que me apetece cada vez menos. “Quanto custa? (Gei xin?)” é uma das perguntas que mais tenho feito e as respostas assustam cada vez mais: se não é o preço das rendas, é o da comida. A sério que cobram 98 patacas por uma sanduíche? Ou 168 por uma massa com camarões? Ou 45 por um wan tan min? Já não basta cairmos que nem patinhos nas tretas dos sumos detox – este pessoal põe um kiwi, meia laranja e um terço de cenoura numa garrafa e chama-lhe ‘detox juice’ e nós pagamos 80 patacas por aquilo – e ainda temos de levar também com preços tão altos em coisas que vão contrariar todo esse detox? Ir às compras é igual: escolhe-se uma pizza congelada, um pacote de leite e carne picada e, pimba, manda para cá 350 patacas. Ouvi uma música recentemente, bem antiga, que dizia assim “mãe, sobe a semanada”. Eu tenho de pedir o mesmo aqui aos meus donos, que isto assim não dá. Macau está caro e é para os que Pu Yi podem. Miau...

“ZOOTOPIA” (BYRON HOWARD, 2016)

A coelha Judy Hopps é uma agente da polícia e vive numa cidade animal. Quando a raposa Nick Wilde é acusada de um crime que não cometeu, os dois passam a odiar-se. Mas quando ambos se tornam alvos de uma conspiração, juntam-se para descobrir os verdadeiros inimigos e os dois tornam-se os melhores amigos. Um filme de animação de aventura e comédia, onde se mostram temas sociais como o preconceito, discriminação e estereótipos na sociedade humana. Flora Fong

KUNG FU PANDA 3 SALA 1

BATMAN V SUPERMAN [C]: DAWN OF JUSTICE

Filme de: Zack Snyder Com: Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne 14.30, 18.30, 21.15 SALA 2

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 14.15, 16.05, 21.45

ZOOTOPIA [A][3D]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 17.55 SALA 3

EDDIE THE EAGLE [B] Filme de: Dexter Fletcher Com: Taron egerton, Hugh Jackman 14.15, 16.05, 17.55, 21.30

KUNG FU PANDA 3 [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Alessandro Carloni, Jennifer Yuh 19.45

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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OPINIÃO

sorrindo sempre

ANDRÉ RITCHIE

*** Fallen Angels, de Wong Kar-wai (1995) é indubitavelmente o meu filme preferido desse célebre realizador. Muitas são as interpretações possíveis para essa obra-prima. Para mim foi sempre uma crítica à forma como a tecnologia se intromete na interacção do dia-a-dia entre humanos e à tendência para a despessoalização, sobretudo nas grandes cidades – nesse caso, Hong Kong. E, no meio de tudo, chega-se à conclusão que afinal quem melhor consegue entrar em comunicação com os outros é um mudo. Mas o que verdadeiramente me seduz nesse filme é a forma como Wong Kar-wai retrata Hong Kong – não há aqui um único plano do famosíssimo skyline da cidade, nem tampouco qualquer outro landmark dessa metrópole internacional. O que há é um leque de espaços que não são lugares singularmente conhecidos, mas que, não obstante, definem incontestavelmente a imagem e identidade de Hong Kong para quem a conhece bem: os corredores de uma estação de MTR; um McDonald’s qualquer no seio da cidade com os seus néons; uma tasca chinesa; os elevadores e a caixa de escadas de um bloco de habitação económica; o interior de um cross-harbour tunnel. Talvez daí o meu fascínio pelo espaço que não é lugar. *** O não-lugar é esse espaço supostamente sem identidade própria, de passagem, que serve uma função e ao qual não foi sequer dada especial atenção a nível de desenho, não tem grandes aspirações nem dignidade nesse sentido, mas que a cidade, sendo um

KAR-WAI WONG, FALLEN ANGELS

A

cidade é composta por elementos ordinários e elementos de excepção. Para o turista, o elemento de excepção é muitas vezes o que define a imagem da cidade que está a visitar. Em Paris, por exemplo, poderá ser a Torre Eiffel ou os Campos Elísios. No entanto, não é certamente essa a imagem que o parisiense tem como identificadora da sua cidade. Poderá até vir a ser algo completamente oposto e distante: grafittis; hip-hop, breakdance e parkour; habitação social nos subúrbios; metro com pneus de borracha. Porque, verdadeiramente, o que define a identidade da cidade é o ordinário – e não a excepção.

O não-lugar

organismo complexo formado pelos mais diversos equipamentos urbanos, precisa de ter para o seu bom funcionamento. Nomeadamente: A caixa de escadas de acesso ao pódio que cheira a mofo por causa da humidade. O corredor que liga o edifício de escritórios à traseira da cozinha do restaurante onde o cozinheiro corta a carne com o patrão todas as manhãs. A paragem de autocarros com o painel publicitário retro iluminado. A casa de banho pública com o aviso para puxarmos o autoclismo no fim da coisa. O guichet de pagamento do parque de estacionamento onde trabalha o velho que veste o pui-sam branco (*) e tem um leque de rota. (**) A bomba de gasolina e o cantinho para encher pneus. A passagem pedonal subterrânea que cheira a chichi. Esses espaços não aparecem nos guias turísticos. No entanto o nosso dia-a-dia é muitas vezes vivido apenas nesses espaços, nesses não-lugares. No nosso Macau em particular, o centro histórico e outros espaços de excepção há muito que deixaram de ser nossos. O Largo do Senado – um lugar – passou praticamente para uso exclusivo dos turistas. O comércio é apenas para eles – quem tem fome que coma ouro, perfumes ou cosméticos. Não tenho qualquer problema com isso – e não estou a ser cínico. Na verdade, estou-me

“O ordinário e o vulgar que se repete nas cidades tem para mim muito mais valor que a excepção”

até borrifando um pouco para isso porque (1) felizmente ou infelizmente, parece ser um fenómeno comum em todas as cidades que vivem do turismo e (2) conforme acima referido, tenho um fascínio particular pelo não-lugar das cidades. Portanto, os monumentos que vão para as urtigas. Porque o não-lugar é o que define a nossa identidade. O ordinário e o vulgar que se repete nas cidades tem para mim muito mais valor que a excepção. Em Macau gosto da pastilha das paredes exteriores, dos aquários com néon verde à porta dos restaurantes, do aparelho de ar-condicionado clandestinamente instalado, da placa onde se lê “indicação do piso parado ao nível dos pisos”, do portão metálico castanho escuro que não condiz com nada do que está à volta e onde a velhinha pendura os cabides com cuecas e deixa secar a esfregona ao fim da tarde. Porque é isso que caracteriza a minha cidade. O Farol da Guia, as Ruínas de São Paulo e essas coisas todas – sim, são peças bonitas de excepção e muito me orgulho de as ter na minha cidade. Mas deixo-as para os turistas e as suas selfies. A minha cidade não é, por isso, a cidade do lugar, mas sim a do não-lugar.

SORRINDO SEMPRE

Já o disse várias vezes aqui: gosto genuinamente de Hong Kong. Mas, entre outros, há uma coisa que me aborrece profundamente em Hong Kong: aquele típico indivíduo bem comportadinho, que foi sempre bom aluno (ou se calhar até não, não sei, enfim, mas nunca teve uma única negativa porque não fez nada na sua adolescência senão estudar e, como tal, nunca bebeu, fumou nem namorou), cursou sei lá o quê, mas algo a ver com números, talvez estatística, tem um trabalho estável e é, em geral, um tipo competente. E habituado a seguir regras, a cumpri-las todas,

todinhas, sempre, porque é assim que deve ser, é assim que está correcto. E qualquer coisa que não esteja de acordo as regras, ou conforme sempre se fez em estrita concordância com os procedimentos previamente estipulados por escrito, ai meu Deus, pânico, situação gravíssima, ai ai ai… Por outras palavras, aquele tipo quadrado e estupidamente boring. Hong Kong está cheio dessas pessoas, essas flores de estufa, esses calhaus, esses anti-criativos, esses ignóbeis. Tenho um nome muito bom para essas pessoas, mas não vou aqui escrever por ser inadequado. Isto tudo a propósito do meu fim-de-semana em Hong Kong. Passei um sábado no Ocean Park com os meus filhos e o que para mim foi sempre um amusement park – e de alta qualidade, diga-se – onde supostamente se vai para se divertir sem complexos, para have fun de uma forma relaxada… O que encontrei pela frente foi regras, e regras, e mais regras. Em todo o lado. O expoente máximo foi atingido quando um funcionário entrou em discussão com o meu filho – de 5 anos – a propósito de um jogo de barraquinha em que atiramos saquetas de areia contra cubos de madeira com o objectivo de as derrubar. Porque, segundo as REGRAS, só se pode atirar uma saqueta de cada vez. Mas o meu filho, espertinho, decidiu atirar duas – e derrubou os cubos. Foi imediatamente confrontado pelo funcionário de uma forma estupidamente autoritária e bruta: “Sorry, that’s not allowed! One at a time, it’s written here! No prize for you!” É assim: não parti a cara ao homem porque não faço essas coisas diante do meu filho. Mas desejo o pior a esse homem. A sério. E que arda eternamente no inferno com as suas regras.

(*) 背心 : camisola interior sem mangas, muito popular localmente (**) Palavra em patuá derivada do Rotan, em Malaio, referente ao material vulgarmente conhecido por Rattan.


18 OPINIÃO

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um grito no deserto

ROB LETTERMAN, GOOSEBUMPS

Livro interdito

N

A altura em que este artigo for publicado o Congresso Nacional Popular e a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês terão terminado as suas cimeiras. No meu próximo artigo darei a minha opinião sobre o assunto. Para começar, vamos falar sobre a interdição de um livro. Enquanto decorriam estas duas cimeiras, fui a uma livraria em Zhuhai. Um dos livros que comprei intitula-se “Abandonar o Regime Imperial” com o sub-título “Uma Retrospectiva da Dinastia Qing até à República”. A investigação deste período, desde a antiga Dinastia Qing até aos alvores da República, está actualmente em voga e publicam-se muitos livros sobre a matéria. O propósito deste livro, à semelhança dos que foram publicados para assinalar o 100º aniversário da Revolução Xinhai, o 200º aniversário da primeira Guerra Sino-Japonesa e o 70º aniversário da Guerra de Resistência do Povo Chinês, é comemorativo e introspectivo. Depois de ter regressado a Macau, fiquei a saber, através de um jornal de Hong Kong, que o livro tinha sido interditado e a

sua venda nas livrarias tinha sido proibida. Mal podia acreditar que o livro tinha sido banido e interroguei-me se os média de Hong Kong não teriam lançado este boato. Para descobrir a verdade voltei a algumas livrarias de Zhuhai, onde tinha estado há três dias atrás. O livro já não estava nos escaparates. Mas porque é que teria sido banido? “Abandonar o Regime Imperial” é na verdade uma compilação de artigos publicados pelo autor em diversas revistas e jornais chineses, ao longo de sete anos. O conteúdo do livro não releva qualquer assunto secreto, nem de alguma forma polémico, já que todos os artigos eram conhecidos. Conta a história da China desde a Revolução de Xinhai até à

“Foi interditado um livro que não deveria ter sido. Os que falam sobre democracia podem acabar por ser apenas populistas. Os motivos que se escondem por trás de tudo isto podem ser muito mais interessantes do que nos faz crer a versão oficial”

vitória na Guerra Sino-Japonesa, sem referir a Guerra Civil Chinesa (entre o Partido Comunista Chinês e o Partido Nacionalista). O conteúdo do livro não fere de forma alguma qualquer sensibilidade. Além disso, qualquer livro que seja publicado na China, tem de ser previamente submetido à aprovação do Gabinete para Administração da Imprensa e da Edição. E como o livro é distribuído por todo o País através das Livrarias Xinhua, nunca deveria ter sido classificado como “publicação interdita”. Então qual será a verdadeira razão por trás de tudo isto? Por vezes a política assemelha-se a uma lufada de ar que não conseguimos agarrar. Se tivermos de avançar um motivo para esta interdição, poderia alvitrar que as situações descritas podem ser encaradas como uma sátira a situações actuais, por exemplo, referir a antiga Dinastia Qing para representar os nossos dias e referir Hong Xiuquan (líder chinês da Rebelião Taiping contra a Dinastia Qing) para representar Mao Tsé Tung. Mas mais uma vez não parece razão plausível para banir um livro constituído por uma compilação de artigos já anteriormente publicados. As minhas dúvidas acabaram por se esclarecer quando li uma publicação online, uma análise política sobre a luta política no seio do Partido Comunista Chinês. A interdição do livro poderia ser, eventualmente, uma forma de descrédito através de meios políticos. A interdição não é sustentável, mas a intenção é criar terror. A minha especulação pode ser apenas hipotética. Mas num contexto de luta pelo poder tudo é possível. Por vezes é difícil distinguir entre o verdadeiro e o falso, só o tempo pode apurar a verdade dos factos. Dentro de ano e meio, terão lugar as eleições para a Assembleia Legislativa de Macau. Recentemente os candidatos potenciais iniciaram algumas acções, numa tentativa de obter as atenções do público, as suas palavras e actos destinam-se a colocá-los sob as luzes da ribalta. Existem candidatos que afirmam lutar pela democracia, outros empunham a bandeira da democracia, mas não estão focados no bem-estar social, sim em serem populistas. Em poucas palavras, apresentam diversas propostas para questões como a conservação das montanhas de Coloane, a construção do Edifício de Doenças Transmissíveis, a preservação, ou demolição, da fachada do Hotel Estoril, ou sobre a questão das crianças macaenses que vivem na China e o seu regresso às famílias. Para as pessoas que não estão familiarizadas com estas questões, por vezes é difícil distinguir os que estão verdadeiramente empenhados em encontrar soluções para estes problemas daqueles que só pretendem publicidade e ganhar votos. Foi interditado um livro que não deveria ter sido. Os que falam sobre democracia podem acabar por ser apenas populistas. Os motivos que se escondem por trás de tudo isto podem ser muito mais interessantes do que nos faz crer a versão oficial. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático

PAUL CHAN WAI CHI


19 hoje macau sexta-feira 1.4.2016

PERFIL

HERON SOU, VIAJANTE

“A viagem dura até que a conta esteja a zero”

H

ERON Sou é um jovem de Macau e está a caminho de uma viagem à volta do mundo. Inicialmente, o plano passava apenas por viajar para os países da América do Sul e da América Central, como México, Cuba, Brasil, Argentina e Chile. Demorou três meses na sua viagem para a América, porque não comprou um bilhete de avião para regressar a Macau. Mas a curiosidade não o deixou desistir: Heron Sou decidiu continuar o seu caminho. “Acho que a minha viagem ainda não se parecia com uma viagem à volta do mundo e não queria acabar de viajar”, conta-nos. Sou assegura-nos que “a viagem dura até “aparecerem zeros no saldo da conta”. Até porque o objectivo, confessa, é que os destinos vão cada vez aumentando mais. A viagem começou porque Heron Sou não encontra nada de especial que o prenda a Macau. Este é um território, para o jovem, muito cheio e aborrecido, uma cidade pobre “que só tem dinheiro e mais nada”. Sendo de cá, Heron sente-se feliz por Macau ter transportes públicos que o levem a todo o lado e diversidade para consumos de qualquer apetite. Mas não há natureza. Não há mar transparente, nem montanhas, nem gelo.

O jovem é “um produto complemente feito em Macau”: desde o ensino infantil ao mestrado, fez todo o percurso no território. Foi atleta de Squash e representou Macau em jogos internacionais no estrangeiro. Fez um intercâmbio na Noruega, enquanto tirava a licenciatura, e foi essa experiência que lhe deu uma nova visão: o mundo é tão grande e as coisas não correm sempre ao sabor do vento de Macau. Nem ao seu estilo.

DO PLANO À PRÁTICA

Apesar de nos repetir que Macau é aborrecido para quem é jovem, Heron Sou relembra que, quando tinha tempo livre, sempre foi um “jovem normal como os outros”: ia ao cinema, praticava desporto ou namorava, mas a falta de coisas para fazer por cá fazia-o, às vezes, optar por ficar em casa. “Quando era criança, gostava muito de ver coisas com extraterrestres e civilizações antigas na televisão e isso também foi uma das razões principais que me atraíram para ir à América”, diz-nos. Em Setembro do ano passado, o jovem finalizou o mestrado em Educação Física e Estudo do Desporto na Universidade de Macau (UM), onde trabalhava também como

funcionário. Trabalhou na UM quatro anos, onde lidou com vários tipos de emprego desde a limpeza, à administração, segurança... sentia-se desafiado. Mas isso era algo que não o completava e Heron Sou queria algo mais na sua vida. “Era um atleta de Squash, sou treinador e tenho uma licença de árbitro para esta modalidade, mas sentia-me como um estudante da escola primária quando olhava para o mundo. Precisava muito de sair daqui.” O orçamento para a viagem era de dez mil dólares americanos, mas Heron também não queria visitar os países “como um vagabundo”: foi aos restaurantes para experimentar a gastronomia e ficou acomodado em hotéis. Mas agora que o plano mudou, o orçamento é uma coisa que já não tem valor para ele. Os familiares não discordaram da viagem. Heron Sou falou aos pais sobre o plano, apresentou-lhe a ideia de mudar de emprego e de fazer uma viagem bem longe da família. Os amigos apoiaram-no e deram até sugestões para ter cuidado com a vida... e com a carteira. Para o seu futuro, ainda não tem ideia do que quer fazer. “A maioria dos pessoas não imagina o que quer. Não sabia o que gosto

de fazer. Pensei que podia encontrar o meu interesse durante a viagem, mas a realidade é que o mundo é cruel, precisamos do dinheiro para sobreviver, cada coisa que precisamos temos de a pagar. É horrível, não é?” Heron começou a viagem sozinho, mas conheceu muitos amigos novos durante a viagem: foi o caso de um casal de Hong Kong que conheceu na Bolívia, um alemão no México e alguns amigos da Noruega que até o acompanharam em parte da viagem. E as memórias ficam. A bem ou a mal. “Faço diários e vou preparar um álbum de fotografias que tirei durante as viagens. Isso é fixe”, disse ao HM. O próximo destino já está marcado: Heron Sou vai para o Egipto, porque queria comparar as pirâmides egípcias às mexicanas. Neste momento, o jovem está a descansar em Espanha. É que a viagem ainda agora começou e Heron também quer visitar o Pólo Sul, depois de ter ido ao Árctico. Tomás Chio

Info@hojemacau.com.mo


“ O Gabinete para o Desenvolvimento de Infraestruturas (GDI) está a analisar a criação de um novo programa para a extracção de areias no âmbito dos trabalhos de execução do aterro da Zona A. Num comunicado, o GDI afirma que tem vindo a comunicar com o Governo de Guangdong no sentido “de encontrar um novo programa no que respeita à nova fonte exclusiva de fornecimento de areia no lado sul de execução das obras para o aterro da Zona A”. Tal plano, contudo, “implicará uma maior dificuldade na extracção de areias pois determinará a utilização de equipamentos e técnica mais avançadas”. Para já, o GDI já deu instruções ao empreiteiro para “acompanhar o novo programa e organizar barcos suficientes e adequados que permitam a extracção de areias na nova fonte”. Entretanto já foram transportados cerca de cinco milhões de metros cúbicos de areia para o aterro da Zona A, o que aumentou o volume de preenchimento de 50 para 95%, “facto que teve um impacto positivo e muito significativo na obra”, aponta o GDI.

CANDIDATURAS PARA CRECHES ARRANCAM HOJE

O primeiro período de candidaturas e admissão para as creches subsidiadas pelo Governo arranca hoje e prolongase até 31 de Maio. A segunda fase começa no dia 1 de Maio e estende-se até 20 de Agosto. O Instituto de Acção Social (IAS) prevê que cerca de 80% das creches subsidiadas vão admitir crianças “principalmente” no primeiro período, sendo que as listas de admissão devem ser publicadas até dia 20 de Maio e só depois se fazem as matrículas. Das 33 creches subsidiadas, 28 utilizam o sistema de inscrição online.

sexta-feira 1.4.2016

Benjamim Videira Pires

ÍNDIA PELO MENOS 15 MORTOS E 70 FERIDOS EM DESABAMENTO

GCS

ZONA A GDI PLANEIA NOVO PROGRAMA DE EXTRACÇÃO DE AREIA

Num banco de pedra, / em frente ao quartel, / gravou um romance / o cabo Manuel. / São só duas letras / - duas iniciais - / e a data incompleta / - cinco numerais. / Teve talvez carta, / sem termos humanos, / naquele 1 de Abril, /dia dos enganos.”

P

GP TAÇA DA CORRIDA CHINESA QUER VOLTAR

Amado circuito

O

HM sabe que os organizadores da Taça da Corrida Chinesa gostariam de regressar pelo terceiro ano consecutivo ao Circuito da Guia, o que depende das autoridades do território. Estes têm ainda ambições de fazer parte da primeira corrida de automobilismo nas ruas de Hong Kong em Outubro, um cenário que ainda será mais difícil. Isto, porque a organização da Fórmula E obriga à utilização de viaturas eléctricas nas corridas de suporte dos seus eventos. O calendário para a temporada de 2016 ainda não foi apresentado pela Shanghai Lisheng Racing Co, a empresa promotora do campeonato, mas a ideia dos mentores deste projecto nascido em 2014 passa novamente por um mini-campeonato

de quatro eventos com os Senova D70, ou “Shenbao” D70, como é conhecido na China continental - um carro que tem como base o Saab 9-5 e que é preparado para competição em Cantão. O conceito do troféu chinês é simples: cada federação automóvel da “Grande China” - Macau, Hong Kong, República Popular da China e Taipé Chinês - tem a sua equipa e nomeia os seus pilotos. Além dos participantes indigitados pelas quatro federações, os únicos que pontuam para o campeonato, o ano passado a organização colocou à disposição meia dúzia de viaturas para quem as quisesse alugar.

ROTA DAS RODAS

O calendário deverá ter uma ronda em Julho, no Taipé Chinês,

outra em Agosto, no Circuito Internacional de Guangdong, aquela que é a “casa do automobilismo” da federação de Hong Kong, uma prova em Setembro, no circuito de Fórmula 1 de Xangai, e por fim, a confirmar, o Grande Prémio de Macau. Quando tudo estiver definido em termos de calendarização e prémios a atribuir será realizada a tradicional conferência de apresentação à imprensa em Pequim. Michael Ho, Hélder Assunção e Ip Un Hou representaram a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) em 2015, tendo o primeiro vencido a prova do programa do 62ª Grande Prémio de Macau. Sérgio Fonseca

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COUTO CONTINUA A PREPARAR NOVA ÉPOCA

A

ndré Couto completou no passado fim-de-semana mais dois dias oficiais de testes do campeonato japonês Super GT. Para o piloto português e campeão em título da classe GT300, estes dois dias em Fuji foram de real importância para o Team Gainer desenvolver novos pneus para a temporada de 2016 em colaboração com a Dunlop. Couto menosprezou os tempos obtidos pelo Nissan GT-R GT3 que ostenta o número zero, explicando nas redes sociais que o trabalho da equipa se focou em encontrar um bom compromisso para longas distâncias, dada a natureza de “endurance” da competição nipónica. No computo geral, Couto, que foi constantemente mais rápido um segundo por volta que o seu novo companheiro de equipa, Ryuichiro Tomita, considerou o trabalho satisfatório. A temporada do campeonato Super GT arranca no próximo dia 9 de Abril, no circuito de Okayama.

ELO menos 15 pessoas morreram ontem e 70 ficaram feridas quando um viaduto em construção ruiu em Calcutá, no leste da Índia, informou ontem um responsável da autoridade de gestão de catástrofes indiana. “As operações de socorro prosseguem e várias pessoas continuam sob os destroços”, disse Anurag Gupta à agência noticiosa France Presse (AFP). Citadas pela EFE, as fontes adiantaram estimar que cerca de cem pessoas teriam ficado soterradas, acrescentando que estão em curso as operações de resgate. Centenas de pessoas estavam no local do acidente, uma zona muito concorrida no norte de Calcutá, a colaborar com as autoridades de resgate. Os desabamentos são frequentes na Índia, situações provocadas pelo estado precário das infra-estruturas e pela falta de manutenção, factores alimentados pela corrupção e práticas ilegais, como a fraca qualidade dos materiais, que dominam o sector da construção. Em Setembro de 2015, dois trabalhadores foram resgatados com vida após permanecerem nove dias num túnel que ruiu a 47 metros de profundidade no estado indiano de Himachil Pradesh, no norte. Os desabamentos mais comuns ocorrem, porém, em prédios, como o que em Agosto do ano passado causou a morte a 11 pessoas, esmagadas por um muro em construção em Haryana (noroeste).


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