Hoje Macau 1 JUN 2016 #3583

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

QUARTA-FEIRA 1 DE JUNHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3583

IC

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

PATRIMÓNIO

As razões do tempo EVENTOS

IMPOSTOS

Mudanças à vista PÁGINA 4

OPINIÃO

Os bichos FERNANDO ELOY

CEMITÉRIOS

PÁGINA 5

h

Ressonância entre géneros Estética urbana WANG CHONG

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JULIE O’YANG

hojemacau LEI BÁSICA DIPLOMAS CONTRADIZEM MINI-CONSTITUIÇÃO

A CULPA E DO SISTEMA ´

Deputados e advogados estão de acordo: vários são os diplomas vigentes em Macau que entram em choque com o estipulado na Lei Básica. Lei de Terras, Ensino Superior

ou Violência Doméstica são exemplos que, para alguns, se assemelham a um fenómeno de inconstitucionalidade. Mudar as regras do jogo é fundamental, dizem.

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GRANDE PLANO

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2 GRANDE PLANO

Há leis que violam a Lei Básica. A Lei de Terras e a futura Lei de Ensino Superior são alguns exemplos dados por advogados. É preciso mudar o sistema e antes da aprovação das leis verificar se estas estão a cumprir a mini-constituição de Macau, dizem

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Á leis que violam a Lei Básica, a base jurídica de Macau? “Sim, isto acontece”, começa por afirmar o deputado José Pereira Coutinho, quando questionado sobre a possibilidade. O artigo 25 da Lei Básica que diz que “os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social”. E é precisamente este artigo que mais violações sofre. “Esse artigo está constantemente a ser violado”, defende Pereira Coutinho. “A Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica – aprovada na especialidade no passado dia 20 do presente mês – é um exemplo disso, excluindo

LEI BÁSICA ALGUMA DA LEGISLAÇÃO VIGENTE VIOLA MINI-CONSTITUIÇÃO DE MACAU

A REGRA `

casais do mesmo sexo. Aqui é violado o princípio da igualdade de tratamento”, exemplifica. Para a advogada Manuela António este exemplo levanta algumas dúvidas, sendo passível de diversas interpretações. “Acho que é discutível (...) acho que é possível defender que não [viola], mas também acho possível defender que sim [viola]”, afirma. A razão é simples. “Durante dezenas e dezenas de anos, tínhamos o princípio consagrado também

“A alteração à Lei de Terras, a lei vigente, viola de forma clara a Lei Básica” MANUELA ANTÓNIO ADVOGADA

na nossa lei [portuguesa], e na Europa em geral, da igualdade entre os sexos e não era admitido casamentos homossexuais. Também tínhamos este princípio, que está na Lei Básica. É um princípio do Direito dos países ocidentais portanto, dos Estados Unidos, da Europa em geral. Como se sabe, em grande parte destes países ainda não são aceites os casamentos entre pessoas do mesmo sexo”, argumenta. É preciso entender, frisa, que não é uma violação do princípio da igualdade, por que este é baseado “no respeito pelas diferenças”. “Acho que a igualdade não é tratar toda a gente por igual, é sim, tratar igual o que é igual”, sublinhou. Pessoalmente, e apesar de admitir que se possa fazer outra interpretação, Manuela António afasta a possibilidade de violação da Lei Básica nesta lei. Mas alerta:

o mesmo não acontece quando se fala da Lei de Terras.

“A Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica (...) é um exemplo disso, excluindo casais do mesmo sexo. Aqui é violado o princípio da igualdade de tratamento”

AOS OLHOS DE TODOS

PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

“A alteração à Lei de Terras, a lei vigente, viola de forma clara a Lei Básica”, diz a advogada. Mas, mais do que isso, é a interpretação errada que se está a fazer da lei em causa. “Acho que há confisco. A Lei Básica diz que se vai proteger e respeitar a propriedade privada (artigo 6º) e isso não está a acontecer. A interpretação que se está a fazer, ou alguns artigos da lei em causa, é uma violação à Lei Básica”, aponta a advogada. Manuela António vai ainda mais longe afirmando que “alguns comportamentos da Direcção de Obras Públicas relativamente a certos aproveitamentos de terrenos e certas áreas são violações à Lei Básica”. A advogada explica ainda que é tão óbvia esta violação que

até o Gabinete do Governo Central da RAEM se mostrou contra esta alteração mais recente à Lei de Terras. “(...) Porque não aceita que se tenha feito uma lei que tenha violado a Lei Básica”, acusa.

ENCOSTAR À PAREDE

Um outro exemplo é a existência da norma na Lei de Terras que diz que não é possível, neste momento, - ao contrário do que acontecia há 40 anos – que se construa num terreno em que “parte propriedade perfeita e outra parte é terreno arrendado”, isto implica a uniformização do regime jurídicos, isto é, ou “passa tudo a concessão ou a propriedade perfeita”.


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O que acontece é que numa propriedade perfeita, em que o dono do terreno quer construir um prédio, o território vem dizer que há uma parte que tem que ser concedida ao Governo para, por exemplo, arruamentos, e para que não haja uma parte de propriedade perfeita e outra concessão, então o Governo “transforma o terreno todo numa concessão”. “Isto é, o proprietário é espoliado do seu terreno todo e vai ficar apenas a arrendatário. Esta é a uma interpretação que se faz a esta lei. Isto é um espólio”, acusa. “É um acordo forçado, porque caso o proprietário não queira, não lhe dão autorização para construir. Há diversas entidades a trabalhar para violar a Lei Básica e a fazer construções que não são aquelas que estão nem no espírito, nem na [própria] Lei Básica. No fundo estão a existir expropriações disfarçadas sem compensação”, frisou.

TODOS IGUAIS

Aprovada na generalidade e concluída a análise na especialidade, a Lei para o Ensino Superior será outro regulamento a violar a Lei Básica. Em termos simples: determina esta lei que sejam realizados estágios para os alunos, sejam eles residentes da RAEM ou não. Questionado sobre a possível remuneração, o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) explica que os estagiários podem ser remunerados, mas só os residentes, nunca os não residente para “não violar” a Lei Laboral. Segundo a Lei Básica, contudo, no artigo 43º, “as pessoas que não sejam residentes de Macau, mas se encontrem na RAEM, gozam, em conformidade com a lei, dos direitos e liberdades dos residentes de Macau”, previstos nos capítulo III, sobre os Direitos e deveres fundamentais dos residentes, onde está também incluído o artigo 25º. “Sim, aqui pode ser encontrada uma ilegalidade”, começa por explicar Óscar Madureira, advogado. Acontece que a ausência da remuneração é discriminatória. “[Nesses] alunos, a única coisa que os distingue é uma formalidade jurídica, que é o facto de serem residentes ou não de Macau, mas isto não deveria ser suficiente para excluir uns de serem remunerados, ou para privilegiarem uns em detrimento de outros”, explica ao HM. No fundo, os estagiários estão a ser avaliados para cumprir os requisitos para as respectivas licenciaturas, mas não são tratados

“[Nesses] alunos, a única coisa que os distingue é uma formalidade jurídica, que é o facto de serem residentes ou não de Macau, mas isto não deveria ser suficiente para excluir uns de serem remunerados” ÓSCAR MADUREIRA ADVOGADO da mesma forma. “Parece que há uma violação do princípio de igualdade”, frisa.

OSCILAÇÕES ILEGAIS

Pereira Coutinho avançou com outro exemplo de violação da Lei Básica: a imposição de impostos aos trabalhadores da Função Pública. “Isto viola a Lei Básica no artigo 98º, que diz que os salários e os rendimentos nunca podem ser inferiores à data do estabelecimento da RAEM”, acusa. “Portanto se à data dos estabelecimento da RAEM eu tiver dez mil patacas e sobre

esse valor forem retirados 200 patacas de imposto profissional, o valor de salário será menor. Houve quem se tivesse manifestado, acusando a violação da Lei Básica, neste artigo”, acrescentou. O deputado diz que, aquando da implementação do Regime de Providência, em 2007, surgiram muitas “situações onde se põe em dúvida a constitucionalidade”. Por exemplo, “os magistrados conseguiram manter as suas pensões de aposentação. Isto é, se o magistrados e funcionários da Função Pública recebiam pelo mesmo sistema de regime de pensões, porque é que para uns deu-se um sistema menos protector e para outros se manteve o regime? Isto volta a violar o artigo 25º da Lei Básica”, frisa. Questionado sobre o uso de jurisprudência, Pereira Coutinho diz que tudo é “esquisito em Macau”. “Nunca nenhum juiz solicitou a interpretação da constitucionalidade das normas na aplicação de casos concretos. Sobre isto acho que o Governo devia intervir, reformando a Lei de Bases da Organização Judiciária,

aumentando o número de juízes e permitindo o recurso aos titulares dos principais cargos”, apontou.

SOLUÇÕES À PORTA

Para Miguel de Senna Fernandes, advogado, a solução para estes possíveis erros passa por se declarar a lei que viola a mini-Constituição como ilegal. “Estamos perante um fenómeno muito semelhante à inconstitucionalidade. No fundo a Lei Básica é a Constituição. Portanto terá que haver um impulso processual de forma a que a lei seja anulada, revogada”, explicou. Para Manuela António a forma “mais simples de resolver é não

“Estamos perante um fenómeno muito semelhante à inconstitucionalidade” MIGUEL DE SENNA FERNANDES ADVOGADO

fazer leis que violem a Lei Básica”, sendo que é Pequim, diz, que tem competência para resolver as possíveis violações. Pereira Coutinho diz que é um “assunto que precisa de ser estudado com muito cuidado”, admitindo necessárias mudanças. Há falta de um Tribunal Constitucional, poderá ser, diz, implementado um sistema de fiscalização sucessiva das leis aprovadas pela Assembleia Legislativa (AL), antes da promulgação do Chefe do Executivo e da sua publicação em Boletim Oficial. “Fica muito mau para Macau que, depois da aprovação do Chefe do Executivo, se venha a detectar que existem normas que violam a Lei Básica. É preciso arranjar um sistema para verificar esses possíveis erros no período entre a aprovação da AL e antes do promulgação do Chui Sai On”, sugeriu. José pereira Coutinho diz-se cansado de avisar, nos últimos dois anos, os deputados das Comissões Permanentes da AL para esta questão. “Ninguém que saber, porque muitos deles não têm formação jurídica, não sabem da importância da constitucionalidade das leis de acordo com a Lei Básica e é por isso que acham que não é importante”, rematou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 1.6.2016

GCS

Ser independente Ella Lei teme represálias na Função Pública

A

Finanças SECRETÁRIO PROMETE REVER SISTEMA DE IMPOSTOS

Tudo a pente fino

Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, admitiu ontem no hemiciclo que vai avaliar o actual sistema de impostos, tendo prometido mudanças na cobrança do imposto de selo sobre imóveis

O

S deputados pediram ontem ao Governo para introduzir alterações no actual sistema de impostos. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, prometeu fazer uma revisão. “Vamos fazer um estudo para avaliar a questão e fazer uma análise com outros tipos de impostos. Aquando da revisão do imposto de selo vamos uniformizar o sistema de pagamento para que seja feito anualmente e não de acordo com o prazo afixado [consoante o contrato de arrendamento]”, apontou o Secretário, na Assembleia Legislativa (AL), depois de já ter sido posta essa questão na Comissão que analisa a Lei das Rendas. “Vamos avaliar os custos administrativos e a operacionalidade do imposto de selo aquando da sua revisão. Em relação ao tema

pretendemos fazer um estudo aprofundado face à taxa de contribuição predial urbana. Tudo para que haja uma situação saudável da base tributária de Macau”, acrescentou Lionel Leong. Na sua resposta, o Secretário confirmou que em 2011 o Regulamento da Contribuição Predial Urbana levou a uma redução das taxas colectáveis dos prédios não arrendados de 10% para 6%, enquanto que o imposto sobre prédios arrendados passou de 16% para 10%. O deputado Si Ka Lon havia proposto uma redução dos montantes.

ALGUMAS MELHORAS

Quanto à declaração voluntária de arrendamento por parte dos proprietários, o Secretário considerou que a situação melhorou. “Nos últimos três anos o número de indivíduos que tomaram a ini-

ciativa de apresentar a participação de arrendamento da Contribuição Predial cresceu 26,5%, significando isto que a consciência do cumprimento da lei por parte dos contribuintes deve ter aumentado.” José Pereira Coutinho afirmou tratar-se de uma boa oportunidade para fazer a revisão dos impostos de Macau. “As formalidades administrativas e as taxas podem constituir uma certa inconveniência e não conseguem incentivar os contribuintes a prestar a respectiva contribuição. O Governo chegou a comprometer-se no sentido de modernizar o mecanismo de tributação de Macau e disse que ia apresentar uma proposta de lei àAL (…) O Secretário dispõe de uma calendarização para esse trabalho e vai elevar o grau de transparência em relação aos impostos?”, questionou o deputado.

A “IMPORTÂNCIA” DOS POLÍCIAS PORTUGUESES

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

O deputado Leong Veng Chai alertou o Governo sobre casos em que os “agentes policiais que têm o Português como língua materna sentem que os seus superiores hierárquicos não reconhecem o seu trabalho, afectando a moral de alguns deles”. O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirmou “dar muita importância ao pessoal que fala Português”, mas não quis comentar, por não saber de “casos concretos”.

deputada indirecta Ella Lei teme que os funcionários públicos sejam alvo de represálias aquando da apresentação de uma queixa no próprio departamento onde trabalham. Mas o Governo voltou a garantir uma comissão independente. “O Governo referiu que já lançou o processo de consulta e que vai ser criado um mecanismo de queixas, mas os funcionários públicos não pensam dessa forma. Se for exigido aos funcionários apresentar queixa directamente nos seus serviços é como dizerem para eles não apresentarem queixas. Não me parece uma situação viável. Deve criar-se um mecanismo para que os funcionários públicos não sejam alvo de represálias, porque podem estar envolvidos assuntos que dizem directamente respeito ao queixoso, ou podem estar envolvidas situações de injustiça para com os trabalhadores”, defendeu a deputada. José Pereira Coutinho considerou que a situação das queixas apresentadas está “num impasse”. “A moral é baixa no seio da Função Pública. Muitos serviços públicos estão a explorar os funcionários e as queixas apresentadas estão num impasse”, disse.

MEDIAÇÃO A CAMINHO

Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), voltou

a referir a criação de uma comissão independente para tratar as queixas apresentadas. Como o HM já tinha avançado, o mecanismo de tratamento de queixas dos funcionários públicos chega na segunda metade deste ano. Foi precisamente numa resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei que Kou Peng Kuan adiantou a segunda metade deste ano como a data prevista para a implementação deste mecanismo com essa tal comissão independente. “Para os funcionários que se mostrarem preocupados com o seu trabalho teremos de definir métodos para tratar as suas queixas e a comissão terá de ter uma postura neutra para tratar essas opiniões. Vamos avaliar se as queixas têm a ver com os superiores hierárquicos e depois vamos ver como pode ser resolvido o conflito”, disse ontem. O Governo efectuou consultas junto dos serviços públicos, trabalhadores da Função Pública e respectivas associações para apresentar o conteúdo da proposta de lei sobre o mecanismo. Esta é uma lei prometida há mais de três anos e tem vindo a ser pedida por deputados e funcionários, uma vez que actualmente, em caso de queixas, os trabalhadores da Função Pública têm de recorrer aos seus superiores, o que nem sempre é vantajoso, nomeadamente se os conflitos se derem entre eles. A.S.S. (com J.F.)

ACORDO DE COMÉRCIO DE SERVIÇOS EM VIGOR

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NTRA hoje em vigor o Acordo sobre Comércio de Serviços no âmbito do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau (CEPA). Com a implementação deste acordo são liberalizados na China 153 sectores de serviços de Macau, constituindo-se este como o primeiro acordo de comércio livre que liberaliza de forma generalizada a área do comércio de serviços para todo o interior da China, adianta um comunicado do Governo. Esta liberalização representa 95,6% dos 160 sectores de serviços classificados segundo os critérios da Organização Mundial do Comércio e introduz novas cláusulas, tidas como mais favoráveis, onde se inclui

expressamente que os acordos de comércio livre assinados entre o interior da China e outros países/regiões serão estendidos a Macau. Em articulação com a entrada em vigor, o Centro de Informações sobre o CEPA da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) irá melhorar as suas funções de serviços, sendo que a sua denominação será alterada, também a partir de hoje, para Centro de Informação sobre Cooperação Regional. Ao mesmo tempo, com o objectivo de servir melhor a população, o website será actualizado no sentido de acrescentar informações relativas a esta cooperação incluindo as informações sobre a Cooperação Guandong-Macau e a Zona Piloto de Comércio Livre da China.


5 AL IACM ADMITE REVER REGRAS DE GESTÃO DOS CEMITÉRIOS

Malditas sepulturas

POLÍTICA

TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau quarta-feira 1.6.2016

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais vai rever a lei de 2003 referente à gestão dos cemitérios. Pereira Coutinho pede o reconhecimento automático de sepulturas concedidas há mais de um século

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Governo quer melhorar a gestão dos cemitérios e vai rever a actual legislação, em vigor desde 2003. A garantia foi dada pelo responsável do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), ontem no segundo dia de plenário da Assembleia Legislativa (AL) dedicado às respostas aos deputados. “O IACM está a elaborar diferentes textos para optimizar a gestão dos cemitérios, porque isso consta no último relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC)”, apontou o vice-presidente do organismo, Lei Wai Nong. O deputado José Pereira Coutinho, que no debate falou da existência de “razões estruturais que estão a constituir obstáculos”, explicou ao HM que a nova lei deve fazer o reconhecimento automático de sepulturas que foram concedidas a herdeiros há várias décadas. “Há sepulturas perpétuas que foram concedidas há mais de um

século e que permitem que as ossadas de herdeiros e familiares sejam aí colocadas. Desde a implementação deste regulamento que o IACM deixou de reconhecer a posse dessas sepulturas por parte dos familiares. Como é que se pode exigir a essas pessoas comprovativos com mais de um

“O IACM está a elaborar diferentes textos para optimizar a gestão dos cemitérios, porque isso consta no último relatório do Comissariado contra a Corrupção” LEI WAI NONG VICE-PRESIDENTE DO IACM

século? Se calhar naquela altura os procedimentos eram diferentes. Isto tem de ser resolvido. No nosso gabinete de atendimento [aos cidadãos] temos vários casos, porque a solução é pôr em tribunal. Isso significa que o regulamento administrativo não está a dar resposta a esses casos”, referiu o deputado. “É preciso um reconhecimento automático dessas sepulturas. Se os actuais herdeiros conseguirem provar que essas pessoas são os seus antepassados, esse regulamento tem de permitir isso”, adiantou.

RESPOSTA AO CCAC

Para além de rever a legislação sobre a gestão de cemitérios, o IACM promete continuar a reagir às conclusões do mais recente relatório do CCAC, que fala da aplicação de leis obsoletas. “O CCAC alertou para a necessidade de alterar regulamentos municipais e o IACM está atento. Temos dado início a diferentes trabalhos e há seis regulamentos

aos quais estamos a dar a devida atenção. Vamos produzir novos regulamentos para dar resposta às opiniões do CCAC e essas alterações visam oferecer aos cidadãos um mercado mais liberalizado”, apontou o vice-presidente do instituto. Os deputados mostraram-se preocupados com a falta de

fiscalização após a liberalização verificada nos mercados, depois da permissão de venda de produtos frescos fora desses locais. Os responsáveis do IACM garantiram que têm cerca de 90 fiscais para resolver eventuais problemas de segurança alimentar. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

“Não estamos a subestimar”

FUNDO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO VEM A MACAU

V

M

Governo afasta criação de cotas para emprego de deficientes

ONG Yin Mui, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), garantiu ontem na Assembleia Legislativa (AL) que o Governo não pondera a criação de cotas para facilitar o acesso dos portadores de deficiência ao emprego na Função Pública. “Essa é uma questão complexa que precisa ser abordada com outros serviços. Segundo dados disponíveis em relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Banco Mundial, quanto à fixação de cotas para o emprego, é referido que essas medidas não tiveram resultados satisfatórios. A Organização Mundial do Trabalho (OMT) também fez um estudo e concluiu que a fixação de medidas obrigatórias não trouxe resultados satisfatórios e essa medida foi eliminada”, disse Vong Yin Mui.

apoiá-los, as grandes empresas estão receptivas aos deficientes e contratam, considerando que o desempenho [deles] é bom e conseguem assegurar muito bem o seu trabalho. Centenas de deficientes estão a trabalhar bem”, acrescentou Vong Yin Mui.

A CONTA-GOTAS Uma interpelação da deputada Chan Hong chamava a atenção para o facto de apenas 73 portadores de deficiência trabalharem naAdministração, o que representa apenas 0,2% do total de funcionários. “Parece que estamos a subestimar [o trabalho dos deficientes], mas não é o caso”, disse a presidente do IAS. “Temos de ter medidas para tratar de forma igual os deficientes. Hoje em dia em Macau a situação de emprego [destas pessoas] não é má, temos muitas medidas para

Vários deputados alertaram para o facto dos deficientes perderem os seus apoios assim que obtêm um emprego, mas Vong Yin Mui garantiu que o IAS reduz o subsídio gradualmente. “Foi dito que os deficientes, quando obtêm um emprego, perdem o seu subsídio, mas nós só cortamos os montantes consoante a sua capacidade. Não vamos cortar de imediato a pensão ou o subsídio, vamos reduzir pouco a pouco para que consigam sobreviver à custa do seu próprio esforço”, rematou. A.S.S.

ACAU vai receber uma delegação do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China – Países de Língua Portuguesa. A novidade foi avançada ontem por Chang Hexi, Secretário-Geral do Secretariado Permanente do Fórum Macau, durante a cerimónia de abertura de um colóquio de Gestão de Administração Pública para os Países de Língua Portuguesa. “Sobre esse assunto temos de ter em consideração [o facto do mesmo] ser gerido por uma equipa de gestão. Será criada uma delegação do Fundo de Cooperação”, confirmou, sem avançar qualquer data para o efeito. “Ainda não tenho informações concretas, porque é da responsabilidade da equipa de gestão”, frisou. Questionado sobre a promoção do Fundo, Chang Hexi

confirmou haver necessidade de maiores esforços. “Atribuímos muita atenção à promoção do Fundo (...) acho que devemos esforçarmo-nos mais, temos feito muitos trabalho de promoção, mas há margem de melhoria”, afirmou ainda. Com apenas dois projectos aprovados, um em Angola, outro em Moçambique, o Fundo acolhe mais de mil milhões doláres norte-americanos, geridos por uma equipa em Pequim. Questionado sobre novos projectos, o Secretário-Geral diz não existirem, ainda, informações actualizadas. Chang Hexi avançou ainda que a Conferência Ministerial do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa irá acontecer entre o final de Outubro e o início de Novembro. F.A. (com A.S.S)


6 PUBLICIDADE

hoje macau quarta-feira 1.6.2016

Anúncio Concurso Público « Aquisição de Barreiras Metálicas de Protecção e os Respectivos Acessórios Sobressalentes para o 63.º Grande Prémio de Macau » Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho do Ex.mo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 17 de Maio de 2016, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a «Aquisição de Barreiras Metálicas de Protecção e os Respectivos Acessórios Sobressalentes para o 63.° Grande Prémio de Macau». O prazo para o fornecimento de bens é conforme o estipulado no Anexo IV – Lista de quantidades e do preço unitário do índice geral do processo de concurso. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados podem dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau, no horário de expediente, das 9,00 às 13,00 e das 14,30 às 17,30 horas, para consulta do processo do concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento da importância de $500.00 (quinhentas) patacas. Pode ainda ser feita a transferência gratuita de ficheiros pela internet na área de download da página electrónica: www.sport.gov.mo. Os interessados devem comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para a apresentação das propostas para tomarem conhecimento sobre eventuais esclarecimentos adicionais. A sessão de esclarecimento terá lugar no dia 3 de Junho de 2016, sexta-feira, pelas 10,00 horas, na sala de reuniões do Edifício do Grande Prémio sito na Avenida da Amizade n.o 207, em Macau. Em caso de encerramento deste Instituto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a sessão de esclarecimento acima mencionada será adiada para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12,00 horas do dia 20 de Junho de 2016, segunda-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora limites para a apresentação das propostas acima mencionadas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $20 000,00 (vinte mil) patacas. Caso o concorrente opte pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na RAEM e à ordem do Fundo do Desporto ou deve ser efectuado um depósito em numerário ou em cheque (emitido a favor do Fundo do Desporto) na mesma quantia, a entregar na Divisão Financeira e Patrimonial sita na sede do Instituto do Desporto. O acto público de abertura das propostas terá lugar no dia 21 de Junho de 2016, terça-feira, pelas 9,30 horas, no Auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, ou em caso de adiamento do prazo para a apresentação das propostas por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora para o acto público de abertura das propostas acima mencionados serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura.

Anúncio Concurso Público « Empreitada da Obra n.º 1 – Instalação de Infraestruturas e Barreiras Metálicas para o 63.º Grande Prémio de Macau » 1.

Entidade que preside ao concurso: Instituto do Desporto.

2.

Modalidade de concurso: concurso público.

3.

Local de execução da obra: Circuito da Guia.

4.

Objecto da empreitada: Montagem de barreiras metálicas incluindo trabalhos de construção metálica e civil (fundações, transições e pinturas), construção e montagem de portões, execução e colocação de conjuntos de segurança por cabos e redes de protecção e providenciar a respectiva manutenção de todo o sistema montado.

5.

Prazo máximo de execução: seguir as datas limites constantes no caderno de encargos.

6.

Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de 90 dias, a contar da data do acto público do concurso.

7.

Tipo de empreitada: a empreitada é por preço global (os itens “se necessários” são retribuídos por série de preços através da medição das quantidades executadas).

8.

Caução provisória: $ 380 000,00 (trezentas e oitenta mil) patacas, a prestar mediante depósito em numerário ou em cheque (emitido a favor do Fundo do Desporto), garantia bancária ou seguro caução (emitida a favor do Fundo do Desporto) aprovado nos termos legais.

9.

Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, em reforço da caução definitiva a prestar).

10.

Preço base: não há.

11.

Condições de admissão: serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição. Neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12.

Sessão de esclarecimento: a sessão de esclarecimento terá lugar no dia 7 de Junho de 2016, terça-feira, pelas 10,00 horas, na sala de reuniões do Edifício do Grande Prémio de Macau, sito na Avenida da Amizade n.º 207, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a sessão de esclarecimento será adiada para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13.

Local, dia e hora limite para a apresentação das propostas: Local: Instituto do Desporto, sito na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues n.º 818, em Macau.

Instituto do Desporto, 1 de Junho de 2016. O Presidente, Pun Weng Kun

Dia e hora limite: dia 27 de Junho de 2016, segunda-feira, até às 12,00 horas. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a apresentação das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

ANÚNCIO

14.

【N.º 37/2016】

Local, dia e hora do acto público de abertura das propostas: Local: Instituto do Desporto, sito na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues n.º 818, em Macau. Dia e hora: dia 28 de Junho de 2016, terça-feira, pelas 9,30 horas.

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o promitente-comprador de habitação económica abaixo indicado, nos os termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome

N.º do Boletim de candidatura

CHEONG MAN WAI

82201303492

Por causa do representante do agregado familiar acima mencionado não apresentar os documentos necessários dentro do prazo fixado, a adquirente seleccionado será excluído do concurso, de acordo com os termos da alínea 2) do n.o1 do artigo 28.º Lei n.o 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.o 11/2015. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentar a contestação no prazo fixado, considerando a desistência do respectivo direito e não aceitação da contestação entregue fora do prazo fixado. No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Choi, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 218), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 30 de Maio de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos

Em caso de adiamento da data limite para a apresentação das propostas de acordo com o mencionado no ponto 13 ou em caso de encerramento do Instituto do Desporto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes legais devem estar presentes no acto público de abertura das propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, de 8 de Novembro, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 15.

Local, dia e hora para exame do processo e obtenção da respectiva cópia: Local: Instituto do Desporto, sito na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues n.º 818, em Macau. Hora: horário de expediente (das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas). Na Divisão Financeira e Patrimonial do Instituto do Desporto, poderão obter cópia do processo do concurso mediante o pagamento de $ 1 000,00 (mil patacas).

16.

Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço total da obra: 80% - Prazo de execução da obra: 5% - Plano de trabalhos: 10% - Experiência em obras semelhantes: 5%

17.

Junção de esclarecimentos: Os concorrentes devem comparecer no Instituto do Desporto, sito na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues n.º 818, em Macau, até à data limite para a apresentação das propostas, para tomarem conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Instituto do Desporto, 1 de Junho de 2016. O Presidente, Pun Weng Kun


7 hoje macau quarta-feira 1.6.2016

SOCIEDADE

Excursões em declínio

DSEC indica mais hóspedes, mas menos noites de estadia

V

IPIM ABRE CANDIDATURAS DE APOIO AO COMÉRCIO ONLINE

Vender por aí

O IPIM vai dar até 20 mil patacas às empresas de Macau que queiram colocar os seus produtos à venda em plataformas online. As candidaturas decorrem até ao final do ano

O

Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) abre na próxima semana o Plano de Incentivo para a Promoção do Comércio Electrónico. Destinado a empresas locais ou com metade do capital de Macau, a iniciativa visa dar a conhecer os produtos da RAEM ao mesmo tempo que incentiva este tipo de comércio. A ideia é encorajar a utilização da Internet como ferramenta promotora da venda de produtos locais e a entrada em novos mercados, como anunciou ontem o IPIM em conferência de imprensa. Após o plano de 2009 que tinha como base a divulgação em plataformas “Business to Bussiness” (B2B), é agora a vez de avançar com a promoção em plataformas que chegam directamente aos consumidores, as “Business to Consumer” (B2C).

Na próxima segunda-feira, 6 de Junho, abrem as candidaturas ao apoio especialmente concebido para ajudar as pequenas e médias empresas (PME). É também neste dia que as empresas podem conhecer quais as plataformas já acreditadas pelo IPIM onde os produtos podem ser postos à venda. Plataformas estas semelhantes, por exemplo, ao Ali Baba.

À ESPERA DA CENTENA

O IPIM promete dar até 20 mil patacas a cada empresa, incentivos que incluem apoio para “despesas técnicas anuais e despesas ligadas à publicidade e promoção”. O limite é de 70% do total da despesa

e cada empresa poderá beneficiar do apoio apenas uma vez por ano fiscal. Para serem elegíveis ao apoio financeiro as empresas têm que estar registadas na Direcção dos Serviços de Finanças, ter pelo menos 50% das quotas detidas por residentes de Macau e ter actividade comercial nas áreas de produção e/ ou comércio de produtos. Para já, o subsídio está apenas numa fase experimental – que decorre a partir de 6 de Junho e até 31 de Dezembro -, sendo que o IPIM pretende cativar o interesse de pelo menos cem entidades, tendo disponibilizado uma verba total de dois milhões patacas.

O IPIM promete dar até 20 mil patacas a cada empresa, incentivos que incluem apoio para “despesas técnicas anuais e despesas ligadas à publicidade e promoção”

No entanto, Glória Batalha Hung adianta que, caso o interesse no projecto seja superior ao estimado e as empresas cumpram os requisitos, o montante “poderá ser aumentado”. Por outro lado, se as candidaturas forem muito inferiores ao número previsto, a presidente-substituta do IPIM adianta que pode ser sinal de que “alguma coisa não esteja a correr bem e que o próprio projecto necessitará de ser revisto.” Já António Lei, Director do Centro de Apoio Empresarial do IPIM, refere que o tempo de espera da aprovação não excederá os 30 dias não esquecendo que, se por agora as plataformas acreditadas pelo IPIM são essencialmente chinesas, incluindo de Macau, a instituição está também aberta a propostas de creditação de outras origens de modo a internacionalizar cada vez mais o comércio local. Hoje Macau

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IAJAR em excursão decresceu no passado mês de Abril por comparação com o período homólogo de 2015. Os dados são válidos para os turistas que visitam o território e para os residentes, quando estes se tornam turistas. Segundo resultados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), durante o mês de Abril de 2016 visitaram Macau 575 mil indivíduos em excursões, o que implica uma descida de 31,7%, em termos anuais, mas um aumento de 2,2% em termos mensais. A China continua a liderar o grupo dos excursionistas tendo feito deslocar a Macau 451 mil indivíduos, ao passo que a República da Coreia e Taiwan seguem em segundo lugar com 29 mil visitantes cada. Num apanhado do primeiro terço do ano, os visitantes chegados a Macau em excursões foram menos 34% em termos anuais, atravessando ainda assim a fronteira 2.275.000 excursionistas. Na versão residente em modo de turista, os dados indicam que apenas 89 mil residentes viajaram para o exterior com recurso a agências de viagens, o que representa diminuições de 21,6% e 16,9%, por comparação, respectivamente, com Março de 2015 e de 2016 (meses em que ocorreram os feriados da Páscoa). Quanto às excursões, apenas 34 mil residentes optaram por essa solução, o que implica uma redução de 27,6%, em termos

anuais. A República da Coreia subiu 138,8% nas preferências dos residentes de Macau, ao passo que outros destinos tradicionais como a China continental e Taiwan, desceram 36,4% e 37,6%, respectivamente.

MAIS HOTÉIS, OCUPAÇÃO ESTÁVEL

No fim de Abril de 2016 existiam no território 106 hotéis e pensões em actividade, ou seja, mais sete do que no ano passado pela mesma altura. Todos juntos significam 32 mil quartos de hóspedes, mais 3800 (+13,6%), do que no ano passado. Realça-se que os hotéis de 5 estrelas disponibilizaram 20 mil quartos e os de 4 estrelas 7700, representando 63,6% e 24,0% do total, respectivamente. No que respeita à ocupação, a média, na ordem dos 79%, caiu 0,7% em termos anuais mas aumentou 2,5%, em termos mensais. Em Abril deste ano, os hotéis e pensões de Macau albergaram 917 mil indivíduos, mais 11,5% em termos anuais. Mais gente da China, com 610 mil visitantes, o que representa um aumento de 16,7% em termos anuais, e menos de Hong Kong a descer 8,2%, com apenas 115 mil visitantes. O período médio de permanência dos hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros situou-se em 1,3 noites, menos 0,1 noites em relação a Abril de 2015. Manuel Nunes

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COMÉRCIO EXTERNO DE MERCADORIAS DESCE 20%

O

valor do comércio externo de mercadorias caiu 19,8% até Abril, face ao período homólogo do ano passado, atingindo 26,24 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros quatro meses, Macau exportou bens avaliados em 3,45 mil milhões de patacas – menos 5,6% –, enquanto as importações ascenderam a 22,78 mil milhões de patacas – menos 21,6%. Por conseguinte, o défice da balança comercial agravou-se, atingindo 19,33 mil milhões de patacas. Em termos de destino, aumentou o valor das exportações para a China (565 milhões de patacas, mais 7,1% em termos anuais), enquanto o de

Hong Kong diminuiu (2,08 mil milhões de patacas, menos 9,5%). Significativas quebras foram registadas também nos valores exportados de mercadorias para a União Europeia (58 milhões de patacas) e para os Estados Unidos (49 milhões de patacas), os quais caíram, respectivamente, 29,5 e 27,6% em termos anuais. Já do lado das importações, foram verificadas diminuições no valor dos bens oriundos da China (8,23 mil milhões de patacas) e da União Europeia (5,42 mil milhões de patacas), respectivamente, de 24,6 e 19,9%. O comércio externo desceu 4,5% em 2015 para 99,87 mil milhões de patacas, face ao ano anterior, a primeira diminuição desde 2009.


8 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 1.6.2016

HOJE MACAU

MAIS TRÊS IGREJAS EM RISCO DE QUEDA

O

Instituto Cultural (IC) vai pedir sugestões ao Conselho do Património sobre a prestação de apoio a proprietários de edifícios que têm valor histórico no Pátio do Espinho, mas não se vai avançar para já com qualquer projecto de planeamento. É o que diz Guilherme Ung Vai Meng, director do Instituto, numa

Pátio do Espinho VALOR DE PRÉDIOS EM ANÁLISE

A passo de caracol resposta à deputada Chan Hong, onde descarta decisões para o novo Conselho para a Renovação Urbana. PUB

HM • 2ª VEZ • 1-6-16

ANÚNCIO Habilitação (Apenso)

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o Instituto Cultural (IC) criou um grupo de trabalho, depois da queda de parte do telhado na Igreja de Santo Agostinho, e já foram realizadas análises a alguns monumentos que não foram classificados. O IC explicou que neste momento existem quatro igrejas em risco de danos ou queda em caso, por exemplo, de tufão. São elas a Igreja de São José, a Igreja de Santo António, a Capela de Nossa Senhora da Penha e ainda o espaço Armazém do Boi. O Governo indicou que vai começar, de imediato, com os trabalhos de verificação e inspecção a estes edifícios.

nº CV1-14-0059-CAO-B

1º Juízo Cível

REQUERENTE: 1. WONG KIN HONG, casado com Leung Yuet Ching Joanne, no regime da separação de bens, de nacionalidade chinesa, residente em Hong Kong, Flat F 19/F, Blk 3, Laguna Verde, Hunghom, KLN; e 2. CHING WAI TING, casado com Yuen, Kwok Hing, no regime da separação de bens, de nacionalidade chinesa, residente em Hong Kong, FT C6 10/F, Tower C, Elizabeth Hse, 254 Gloucester Road, Causeway Bay. REQUERIDOS: (1) Sucessores incertos do LEONG IOK K´EONG; (2) LEE CHING WAI, portador do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua Eduardo Marques n.º 40; (3) LEE CHUNG WAI, portador do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua Eduardo Marques n.º 40; (4) CHEUNG MING MING, portador do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua Eduardo Marques n.º 40; (5) YIP TZE CHUN, com última residência conhecida em Macau, na Rua Entre-Cam pos, n.ºs 34-34A, ora ausente em parte incerta; (6) WONG HIU MAN, com última residência conhecida em Macau, na Rua Entre -Campos, n.ºs 34-34A, ora ausente em parte incerta; (7) LEE LAIN WAI, com última residência conhecida em Macau, na Rua Entre-Cam pos, n.ºs 34-34A, ora ausente em parte incerta. *** FAZ-SE SABER que pelo 1º Juízo do Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., correm éditos de TRINTA DIAS contados a partir da 2ª e última publicação deste anúncio, citando 1º requerido Sucessores incertos do LEONG IOK K´EONG, 5º requerido YIP TZE CHUN, 6º requerido WONG HIU MAN e 7º requerido LEE LAIN WAI, supra identificados, para no prazo de DEZ DIAS, findo o dos éditos, deduzir oposição à presente habilitação, nos termos dos artigos 301.º e 302.º do Código de Processo Civil, com advertência de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo requerente, e ainda que é obrigatória a constituição de advogado (nos termos do artigo 74.º do C.P.C.), caso contestem, tudo como melhor consta do requerimento inicial, cujos duplicados se encontram nesta Secretaria à sua disposição. Mais fica citado de que deve fornecer a identificação e o endereço de contacto de outros herdeiros, caso se tenha. * R.A.E.M, aos 13 de Abril de 2016

“Relativamente aos edifícios em mau estado de conservação, é o seu proprietário ou utilizador que deve ter a responsabilidade de manutenção dos mesmos. Para alguns edifícios com valor cultural, cuja propriedade é clara, o IC decidirá de acordo com a Lei de Salvaguarda do Património e depois de consultar o CPC, prestar ou não apoio aos mesmos.” O caso do Pátio do Espinho arrasta-se há décadas. O local, perto das Ruínas de São Paulo e bem no meio do Centro Histórico de Macau, está repleto de barracas de tijolo ou vidro, com telhados velhos e, como admite o próprio IC, “em condições precárias e alguns em muito mau estado de conservação”. As contas do organismo indicam que 10% das casas está “totalmente arruinada e em terreno baldio”. Em Fevereiro, Ung Vai Meng lembrava que foi iniciado há cerca de quatro anos um plano de preservação para o local “que não foi posto de parte”, mas que só terá novos desenvolvimentos quando se resolverem as questões de propriedade. Agora, o presidente do IC indica que o novo grupo que substitui o Conselho de Reordenamento dos Bairros Antigos é que poderá ficar encarregue da situação. “Dado que se estabeleceu recentemente o Conselho para a Renovação

“Dado que se estabeleceu recentemente o Conselho para a Renovação Urbana, não se irá iniciar, neste momento, nenhum estudo ou discussão relativo a qualquer projecto de planeamento” UNG VAI MENG PRESIDENTE DO INSTITUTO CULTURAL

REPARAÇÕES NAS ANTIGAS MURALHAS DEMORA SEIS MESES

Urbana, não se irá iniciar, neste momento, nenhum estudo ou discussão relativo a qualquer projecto de planeamento.”

IDOS DE MARÇO

A deputada Chan Hong exigia ao Governo que avançasse com o plano de renovação do Pátio de Espinho, devido a preocupações com condições higiénicas. Conforme apurou o HM numa reportagem feita em Março, a decisão de renovar o espaço não passa só pelo IC – as tentativas já motivaram encontros entre Governo e proprietários, o primeiro há 19 anos. Agora, na resposta a Chan Hong, parece não haver mais avanços. “A propriedade dos mais de 200 edifícios é complexa”, diz Ung Vai Meng, e a DSSOPT tem implementado “medidas provisórias” para tornar o espaço mais agradável. O IC faz também pesquisas. “Registamos a distribuição dos edifícios e seu estado de conservação, recolhendo informações envolventes, como as paredes de taipa com um certo valor, espaços ao ar livre, o tecido [do Pátio], o antigo poço e informações sobre a cultura do Deus da Terra”, entre outros elementos. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

O Instituto Cultural indicou ontem que a reparação do troço das Antigas Muralhas vai demorar pelos menos seis meses e a reparação vai começar depois do Ministério Público finalizar o processo jurídico implementado depois do espaço ter sido vandalizado com graffiti. No programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, Ip Kin Hong, da Divisão de Salvaguarda do Património Cultural do IC, referiu que o organismo bloqueou o troço para que não continue a ser vandalizado, mas diz que é difícil arranjar o mural, pelo que vai levar algum tempo. “Como o caso está no Ministério Público, o trabalho de reparação vai começar logo que o processo termine” disse Ip Kin Hong, sublinhando que a reparação demora pelos menos seis meses. O troço foi feito com materiais como argila, areia, terra, palha de arroz, pedras e conchas e foi distinguido como património em 2005.


9 hoje macau quarta-feira 1.6.2016

Infiltrações DSAJ COM PLANOS PARA ACELERAR PROCESSOS EM TRIBUNAL

Sem meter água

A

ver estes problemas o mais rápido possível. As alterações contemplam, no entanto, casos em que os prejuízos ascendam apenas às 50 mil patacas.

ATÉ QUANDO?

Mak Soi Kun questionou o Governo sobre como é que pretende resolver as constantes infiltrações em edifícios, além dos estudos técnicos e da revisão de simplificação das formalidades que já tinha sido anunciada. Já mais que uma vez que o deputado apresentou esta problemática, tendo referido por exemplo que, desde 2009, foram registados 11.960 casos de infiltrações. Até ao ano passado, mais de 3500 ainda continuavam pendentes. Mak Soi Kun referia também que o caso iria piorar devido ao envelhecimento contínuo dos prédios e falava de um caso em particular de um residente que entrou pela via judicial para que lhe fosse pago o montante dos prejuízos causados pela infiltração de água e que ficou seis anos à espera de resolução,

mesmo tendo sido descoberta a casa de onde vinha a água e o proprietário da fracção. O deputado questionou quando será concluída a revisão, mas o representante da DSAJ indicou apenas que o grupo do Conselho Consultivo

da Reforma Jurídica está a acompanhar a situação e que espera ter algumas orientações sobre a revisão “este ano”, depois do Governo recolher as sugestões do sector.

TRÊS RESPONSÁVEIS DE IMOBILIÁRIA DETIDOS POR FRAUDE

T

RÊS homens de uma agência imobiliária foram detidos por angariação ilegal de fundos e fraude, num montante que ascende aos 33 milhões de dólares de Hong Kong. A Polícia Judiciária (PJ) recebeu um total de 24 denúncias, que “depositaram” capitais em forma de investimento na agência entre as 500 mil e os 16 milhões de patacas desde 2014. Segundo fonte envolvida no processo, a imobiliária é a Bulidings Agency, a agência pertencente à empresa Macau Group,

que fechou repentinamente no dia 14 de Maio, deixando cerca de 60 empregados sem salários e comissões, num valor de mais de 500 mil patacas. Vinte destes 60 empregados denunciaram o caso à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) na última semana e indicaram que os proprietários estavam com problemas financeiros desde Janeiro. Os investimentos na agência foram feitos com a ideia das vítimas poderem obter interesses mensais entre 1,5% e 2,2%,

Os perigos do ganha-pão

Mais de sete mil acidentes de trabalho em 2015 e 1500 durante este ano

A DSAJ quer acabar com as longas esperas por uma decisão face aos problemas de infiltração de água em edifícios e já tem planos para simplificar os processos em tribunal em casos que não passem as 50 mil patacas em prejuízos Direcção dos Serviços de Administração e Justiça (DSAJ) planeia simplificar o processo sumário de forma a que o tribunal possa tratar casos de infiltrações cujos prejuízos ascendam até às 50 mil patacas de forma mais rápida. O anúncio foi feito por Chan Ka Ian, do Departamento de Produção Legislativa da DSAJ, que respondia assim a uma interpelação oral de Mak Soi Kun. Citado pelo Jornal do Cidadão, o responsável da DSAJ voltou a referir que o Governo está a rever o Código de Processo Civil para simplificar os procedimentos que permitam a entrada de fiscais do Instituto de Habitação nas fracções de onde vem a água. A DSAJ tinha também falado em rever os processos sumários e o organismo diz agora que tem como objectivo que o tribunal possa julgar de forma mais célere os casos de infiltrações de água em edifícios, a fim de resol-

SOCIEDADE

sendo que a agência pagaria por cheque. Mas, desde Janeiro que os queixosos não conseguiram levantar o dinheiro em troca do depósito do cheque, porque os cheques estariam carecas. A PJ deteve dois accionistas da agência, de apelido Lam e Ip, e deteve um director, Lao. Os homens terão passado 48 cheques sem cobertura às vítimas, sendo que Lao passou 38 destes cheques, com valores que ascenderam ao 1,5 milhão. A PJ continua a investigar o caso. T.C. (revisto por J.F.)

Tomás Chio (com Joana Freitas) Info@hojemacau.com.mo

U

M total de 1672 pessoas sofreram acidentes de trabalho em Macau no primeiro trimestre do ano, sendo que quatro morreram e 1653 sofreram uma incapacidade temporária, segundo dados oficiais ontem revelados. De acordo com Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), entre as vítimas de acidentes registadas entre Janeiro e Março, 196 puderam voltar ao trabalho no mesmo dia do acidente. Os serviços estão ainda a investigar 15 casos. As quedas, choques com objectos, entalamentos e esforços excessivos estiveram na origem da maior parte (1326) dos acidentes. Mãos (532), tronco (285) e pés (269) foram as partes do corpo mais atingidas. A maioria das vítimas (848) é do sexo feminino e do escalão etário dos 25 aos 44 anos (857). Um total de 1977 trabalhava em “serviços colectivos, sociais e pessoais”, enquanto 1546 pertenciam ao ramo do “alojamento, restaurantes e similares” e 1491 à construção. A DSAL divulgou também os dados relativos a todo o ano de 2015: no total 7517 pessoas sofreu acidentes, 25 morreram e 23 ficaram o permanentemente incapacitadas. Segundo a DSAL, em 2015, 22,7% dos casos, os acidentes deveram-se a “entalamento num ou entre objectos”, em 20,6% a “queda de pessoas” e em 18,4% devido a “esforços excessivos ou movimentos falsos”. As partes do corpo mais atingidas foram as mãos (30,6%), os pés (19,7%) e o tronco (17%). Em 2015, a DSAL aplicou multas a 34 pessoas, no valor total de 196 mil patacas por violações às normas de segurança e saúde ocupacional que causaram 36 vítimas. Ao mesmo tempo, 215 pessoas foram obrigadas a pagar 800 mil patacas de compensação a 648 trabalhadores.

TELECOMUNICAÇÕES GOVERNO DIZ EXISTIREM TARIFAS RAZOÁVEIS

A

Direcção para os Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) diz que Macau tem tarifas razoáveis. A resposta é de Tam Van Iu, directora substituta da DSRT, a uma interpelação do deputado Si Ka Lon. “(...) Na sequência do impulso do Governo registou-se nos últimos anos uma certa redução de percentagem da tarifa dos serviços de telecomunicações, permitindo, de acordo com o mecanismo de competitividade no mercado, que as tarifas sejam mais razoáveis”, pode ler-se

na resposta. Opinião contrária tem a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública da Assembleia Legislativa (AL) que definiu o tema dos serviços de telecomunicações como prioritária na sua agenda de trabalhos. Por unanimidade os deputados da Comissão consideram não existir um bom serviço em Macau, acusando ainda as operadoras de práticas de altos preços e, ainda, de monopólio a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM).


10 EVENTOS

DIA DO PATRIMÓNIO

AH MAI

“Trás-os-Montes, Terra Mágica”

Graça Morais abre comemorações do Dia de Portugal

O

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas começa já hoje a comemorar-se na RAEM, com a abertura da exposição “Trás-os-Montes, Terra Mágica”, da artista portuguesa Graça Morais. Com abertura marcada para as 18h30 na sala Ho Yin do Clube Militar, a mostra traz obras que, segundo a organização e citando Miguel Torga, exprimem a ligação íntima à terra e aos seus costumes, a esse espaço pedregoso, “parado e mudo”, onde “apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto”. Nas cerca de 35 obras que fazem parte da exposição “há um motivo quase constante que emana da pintura de Graça Morais.” Sem ser sempre declarada, está aqui a memória da terra que a viu nascer e onde passou a infância. A organização adianta ainda que “parece haver em cada uma das suas obras uma reminiscência, um traço, uma sombra que revivem e reflectem esse ‘reino maravilhoso’ - como Miguel Torga, ele próprio um nativo das terras de além-Marão, lhe chamou um dia.” É a experiência dessa infância mágica e a recordação de hábitos

e gestos cujas raízes se prendem num passado longínquo que a organização e a artista pretendem partilhar com o público.

NOME DE REFERÊNCIA

Graça Morais, transmontana, vive e trabalha agora por entre a terra onde nasceu e Lisboa. Da sua carreira, e após terminada a formação em Pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto e de uma passagem por Paris, contam também trabalhos nas áreas da cenografia e da escrita. A sua vida e obra já foram também objecto de documentários como “As Escolhidas” (1997) de Margarida Gil ou “Na Cabeça de uma Mulher está a História de uma Aldeia” de Joana Morais. Ilustrou e colaborou com poetas e escritores, como José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís ou Miguel Torga e em 2008 foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea de Bragança com o seu nome sendo que as exposições destinadas à sua obra são frequentemente renovadas. Graça Morais está hoje representada em diversas colecções públicas e privadas. A exposição estará patente ao público até 12 de Junho e tem entrada livre.

USJ DESIGN DE FINALISTAS EM EXPOSIÇÃO

Os estudantes finalistas do curso de Design da Universidade de S. José vão ter os seus trabalhos apresentados de 3 a 18 de Junho, na Ponte 9, Creative Platform. Numa organização do Departamento de Arquitectura e Design da Faculdade de Indústrias Criativas da instituição, a exposição conta com trabalhos relativos ao ano lectivo de 2014/2015 tendo como mote a preocupação acerca da cultura e história locais. Os trabalhos abordaram áreas como o design gráfico, interactivo, de interiores ou de produto numa iniciativa que pretende mostrar os talentos que são “feitos” na RAEM.

JOVENS MÚSICOS MOSTRAM DOTES

O Teatro D. Pedro V e o campus principal do Instituto Cultural vão ser os palcos do 34.º Concurso para Jovens Músicos entre 27 de Julho e 5 de Agosto, sendo que o primeiro acolhe ainda o concurso para os Prémios Especiais a dia 2 de Agosto. Foram recebidas nesta edição cerca de 600 candidaturas sendo que organização adianta que algumas das categorias serão canceladas na medida em que os candidatos não atingiram os níveis mínimos. A lista do horário da competição e a lista do júri está disponível a partir do dia 17 de Junho na página electrónica do Concurso para Jovens Músicos de Macau.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O LUTO DE ELIAS GRO • João Tordo

Numa pequena ilha perdida no Atlântico, um homem procura a solidão e o esquecimento, mas acaba por encontrar muito mais. “O Luto de Elias Gro” é o romance mais atmosférico e intimista de João Tordo, um mergulho na alma humana, no que ela tem de mais obscuro e luminoso.

O ENIGMA DE SAGRES • Jorge M. Fazenda

Da música às exposições, sem descurar a caligrafia e arte chinesas, são diversas as actividades organizadas pelo Instituto Cultural para assinalar a 11ª edição do Dia do Património Cultural da China na RAEM

O

Dia do Património Cultural da China, assinalado a 11 de Junho, tem este ano como tema “Deixe que o Património Cultural faça parte da vida moderna”, numa iniciativa com o intuito de incentivar residentes e turistas a visitar o Centro Histórico de Macau. Na agenda está a realização de uma série de actividades a decorrer em locais históricos, museus e bibliotecas - exposições, palestras e visitas

gratuitas são algumas delas, de modo a aproximar o público do património. Entra as exposições, a organização destaca “Memórias do Tempo - Macau e a Lusofonia Afro-Asiática em Postais Fotográficos” e a exposição temática “Exposição da Colecção de Livros de Pedro Nolasco da Silva”. A primeira decorre entre 10 de Junho e 4 de Dezembro no Arquivo de Macau, onde são exibidos um conjunto de postais ilustrados seleccionados do acervo documental/iconográfi-

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

Vencedor do concurso literário Book.it Sagres, 1940 Eduardo retirou-se da marinha. Vive agora em Sagres, é lá que refaz a vida, como guardião do farol. A Europa está em guerra, mas Portugal insiste em ser neutral. E, naquele canto do mundo, nada parece importunar a sua paz… Até ao dia em que, mesmo à frente dos seus olhos, ao largo do Forte de Beliche, vê a torre negra de um submarino. E, pintada no metal, inequívoca, a cruz suástica dos nazis. Na Marinha todos tentam abafar o caso. Mas Eduardo é tão teimoso como desconfiado. Suspeita que talvez Salazar esteja a fazer um jogo duplo, e a trair a aliança histórica com os ingleses. E decide investigar, mesmo correndo o risco de pôr em perigo a mulher que ama…


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O CULTURAL DA CHINA COMEMORADO EM MACAU

HISTORIA AIS PERTO ´

co do organismo. Os trabalhos ilustram “uma perspectiva mais ampla dos aspectos urbano-arquitectónicos, etnográficos, históricos, naturais e socioeconómicos de países como Angola, Cabo Verde, ex-estados da Índia Portuguesa, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste, entre outros países da Lusofonia Afro-Asiática tendo em conta a sua relação com Macau”.

JUNTO AOS LIVROS

Já a Biblioteca Pública de Macau organiza a mostra temática “Exposição da Colecção de Livros de Pedro Nolasco da Silva”, entre 10 e 18 de Junho, das 13h00 horas às 19h00 horas, na biblioteca do edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). A acompanhar o evento decorrerá uma palestra e uma visita sob o mote da exposição, numa iniciativa levada a cabo por Lee Shuk Yee e onde consta a apresentação dos livros deste “importante funcionário de Macau do séc. XIX, bem como o seu espírito de promoção das culturas chinesa e portuguesa”,

adianta a organização. O evento tem lugar a 11 de Junho pelas 15h00, sendo de entrada livre, mas sujeita a reserva de lugares. A arte e caligrafia chinesas também ocupam lugar nas festividades com o convite dirigido pela Academia Jao Tsung-I, numa iniciativa de 8 a 12 de Junho que tenciona proporcionar aos participantes uma oportunidade para apreciarem as obras de Jao.

OUTROS TONS

A música está presente com a apresentação do concerto

HONG KONG INTEGRA DIGRESSÃO DE BIRDY

“Rapsódia Chinesa - Obras de Peng Xiuwen” pela Orquestra Chinesa de Macau e dirigido pelo “conceituado” maestro Bian Zushan, a 18 de Junho às 20h00 no teatro D. Pedro V sendo que os bilhetes já se encontram à venda. Ainda nos dias 11 e 12 o Farol da Guia tem outra luz, sendo que abre especialmente ao público entre as 10h00 e as 17h00, enquanto que o Museu de Macau, nas mesmas datas, tem entrada gratuita.

O Kitec Music Zone na vizinha Hong Kong vai receber em modo de estreia a britânica Birdy. O evento está marcado para 26 de Julho e faz parte dos concertos promovidos pela YourMum. Birdy começou a dar nas vistas aos 14 anos com uma versão de “Skinny Love”, de Bon Iver, e estreou-se com álbum próprio homónimo em 2011 que atingiu o top de tabelas em diversos países. O seu último LP, “Beautiful Lies”, saiu este Março e contou com a colaboração na produção de artistas como Adele, Arctic Monkeys,Florence and the Machine ou London Grammar. Com 20 anos, Birdy já conta com temas escritos para filmes como “The Fault In Our Stars” ou “The Hunger Games” e tem agora para um número limitado de concertos na Ásia. Os bilhetes já estão à venda e custam 420 dólares de Hong Kong.

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EVENTOS

HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Alfafa Nome botânico: Medicago sativa L. Família: Fabaceae (Leguminosae). Nomes populares: ALFAFA; FENODE-BORGONHA; LUZERNA; MELGA; MELGA-DOS-PRADOS. Oriunda da Europa, Norte de África e Ásia, a Alfalfa encontra-se em prados e terrenos incultos, sendo também cultivada como forragem em regiões de clima temperado. Pode alcançar um metro de altura nos seus caules erectos e lisos, dos quais nascem folhas trifoliadas; as flores, de cor azul-violácea ou amarela, agrupam-se em inflorescências ao longo do caule (racimo) e os frutos são pequenas vagens enroladas em forma de caracol. Precioso alimento para os animais desde os tempos mais remotos, esta erva é também valiosa para os humanos pelo seu valor nutritivo e terapêutico. O seu nome comum, Alfafa, procede do árabe, al-fac-facah, e significa o pai de todas as comidas. Terá sido cultivada pela primeira vez na Pérsia e introduzida na Grécia cerca de 490 a.C., quando os persas tentaram conquistar Atenas e a levaram como forragem para o gado e cavalos do exército. Além de integrar as medicinas tradicional chinesa e ayurvédica, é igualmente usada na fitoterapia europeia. São usadas as partes aéreas, de preferência da planta fresca. Composição AAlfalfa apresenta uma grande riqueza e complexidade na sua composição fitoquímica, com nutrientes de boa qualidade e de fácil absorção, distinguindo-se assim da maioria das plantas. Sais minerais (cálcio, cobre, ferro, fósforo, magnésio, manganês, potássio, selénio, silício, zinco), vitaminas (A, B1, B2, B3, B5, B6, biotina, ácido fólico, B12, C, D, E, K, U e betacaroteno), ácidos orgânicos, proteínas fornecendo aminoácidos essenciais, enzimas, hidratos de carbono, lípidos, fosfolípidos, fibras e clorofila. Contém ainda isoflavonas, fitosteróis, saponinas triterpénicas, derivados cumarínicos, aminas diversas, taninos, glicósidos cianogenéticos e vestígios de alcalóides. Acção terapêutica Muito nutritiva, a Alfalfa tem acção vitamínica e remineralizante sendo tradicionalmente usada nas anemias por deficiências vitamínicas ou minerais, trombocitopénia, consolidação de fracturas, raquitismo e osteoporose. Além disso, estimula o apetite e o aumento de peso, tonifica o estômago e favorece a digestão, tendo efeitos tónicos e re-

constituintes; falta de apetite, anorexia nervosa, astenia, debilidade geral, estados carenciais ou de desnutrição, incapacidade em ganhar peso, períodos de convalescença e emagrecimento, são outras das suas indicações. É ainda empregue na úlcera gastroduodenal, digestões difíceis e flatulência, pela riqueza em enzimas digestivas e, na obstipação, pelo teor de fibra. Após diagnóstico prévio, pode ser administrada nas hemorragias em geral, que auxilia a deter pelo conteúdo em vitamina K. Esta erva é ainda utilizada em caso de unhas frágeis, cabelos fracos e quebradiços e para evitar a queda do cabelo no pós-parto. Outras propriedades A Alfalfa reduz os níveis sanguíneos de glicose, colesterol e triglicéridos, sendo empregue na diabetes, hiperlipidemias e arteriosclerose. Nas perturbações menstruais regulariza o fluxo e o ciclo, favorecendo a menstruação quando em atraso e atenuando as dores associadas e, nas lactantes, aumenta a produção de leite materno. Mais recentemente, começou a ser utilizada na menopausa pela sua actividade estrogénica; a combinação de fitoestrogénios com cálcio e magnésio contribui para a prevenção da osteoporose. Diurética, depurativa e antiartrítica, esta erva pode igualmente ser empregue nos distúrbios da micção, edemas, retenção de líquidos, sintomas artríticos e reumatismo. Como tomar Uso interno: • Infusão das partes aéreas: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia. • Suco da planta fresca: tomar um copo diariamente, pela manhã. Em xarope e cápsulas, em simples ou fórmulas, para as úlceras gastroduodenais, hiperlipidemias e equilíbrio hormonal da mulher. • AAlfalfa é também usada como fonte de clorofila, vitaminas e minerais em suplementos alimentares. • As sementes germinadas podem ser ingeridas cruas, em saladas, ou cozinhadas, em substituição dos Espinafres. Precauções Contra-indicada em caso de lúpus eritematoso sistémico. Pelo seu efeito estrogénico não deve ser administrada durante a gravidez e lactação. Respeitar as posologias. As sementes germinadas devem ser ingeridas com moderação. Pode interagir com a medicação estrogénica, hemostática e anticoagulante. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


12 CHINA

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FUNDAÇÃO WALK FREE LANÇA “ÍNDICE GLOBAL DE ESCRAVATURA 2016”

Escravos do século XXI Parece coisa de romance mas a escravatura continua bem viva no mundo. Segundo a Fundação Walk Free são quase 46 milhões de pessoas em todo o mundo e a tendência tem sido para aumentar. A lista é liderada pela Coreia do Norte, Uzbequistão, Camboja e Índia. Mas a China também aparece no Top 11

S

ÃO pelo menos 45,8 milhões as pessoas sujeitas a uma qualquer forma de escravatura em todo o mundo, estima-se no Índice Global de Escravatura 2016, elaborado pela Fundação Walk Free, com sede na Austrália. Segundo o resumo do índice da fundação, criada em 2012 pelo casal filantropo australiano Andrew e Nicola Forrest, e pela filha de ambos, Grace, o total de casos estimados aumentou significativamente desde 2012, quando as projecções indicavam que existiam cerca de 35 milhões e pessoas sujeitas à escravatura. No resumo, que não avança os números de cada país, é indicado que a Coreia do Norte, Uzbequistão, Camboja e Índia são os Estados com maior índice de prevalência de “escravatura moderna”, em cujo “top 11” se incluem também a China, Paquistão, Bangladesh, Rússia, Nigéria, República Democrática do Congo (RDCongo) e Indonésia. “Muitos destes países produzem com o mais baixo

justiça criminal e de coordenação. Obriga também a aplicar medidas para viabilizar a melhoria de comportamentos e dos sistemas e instituições sociais, bem como garantias de que as grandes empresas e governos evitem comprar mercadorias de países que contam com qualquer forma de escravatura moderna.

POBREZA NÃO EXPLICA

custo bens de consumo para abastecer os mercados da Europa Ocidental, Japão, América do Norte e Austrália”, lê-se no documento, que salienta, porém, que vários países ocidentais já começaram a legislar para combater o abuso em indústrias chave, entre eles Portugal.

PORTUGAL PIONEIRO EM LEGISLAÇÃO

Além do Reino Unido, pioneiro na legislação de

combate à “escravatura moderna”, e de Portugal, estão também na primeira linha a Holanda, Estados Unidos, Suécia, Austrália, Croácia, Espanha, Bélgica e Noruega. A nova legislação, que criou critérios mais precisos na definição e nas políticas de combate a quaisquer formas de escravatura moderna, obriga os governos a identificar os sobreviventes e criar mecanismos de PUB

Anúncio Por ter saído inexacto o conteúdo do Objectivo do Anúncio do Concurso Público n.º 10/CP/DSF-DGP/2016, da Direcção dos Serviços de Finanças, publicado no presente jornal, de 18 de Maio de 2016, rectifica-se: Onde se lê: Prestação dos serviços da administração das partes comuns do condomínio e do estacionamento do Edifício Long Cheng Dever ler-se: Prestação dos serviços de segurança das partes comuns do condomínio e do estacionamento do Edifício Long Cheng O Director dos Serviços Iong Kong Leong

Do lado oposto, segundo o índice, os países que menos fazem para alterar a lei estão a Coreia do Norte, Irão, Eritreia, Guiné Equatorial, Hong Kong, República Centro-Africana, Papua Nova Guiné, Guiné-Conacri, RDCongo e Sudão do Sul. No índice da Fundação Walk Free refere-se, por outro lado, que, mesmo quando o país tem um Produto Interno Bruto (PIB) elevado, casos de Hong Kong, Qatar, Singapura, Kuwait, Japão e Coreia do Sul, a riqueza adquirida não significa que haja um combate efectivo ao fenómeno, pelo que lhes recomenda maior empenhamento na luta. No extremo oposto, o índice realça que países como Brasil, Filipinas, Geórgia, Jamaica e Albânia estão a efectuar “grandes esforços” para combater o fenómeno, apesar de terem recursos relativamente menores dos que os países ricos. Como regiões e países em que são estimadas menor prevalência de qualquer forma de escravatura moderna, explica-se no índice, figuram a Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, casos em que é crescente o combate ao fenómeno.

Fé em Duterte Xi Jinping espera que relações com as Filipinas normalizem

O

Presidente chinês, Xi Jinping, disse esperar que as relações entre a China e as Filipinas “regressem à normalidade”, após um período de tensões alimentado pela disputa da soberania de várias ilhas no Mar do Sul da China. O desejo de Xi foi manifestado numa mensagem enviada ao seu homólogo filipino, Rodrigo Duterte, a felicitá-lo pela eleição, segundo um comunicado difundido pelo ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Na mesma nota, o líder chinês sublinha que os dois países têm uma história de “profunda amizade” e que um “desenvolvimento saudável” das relações bilaterais “serve os interesses comuns de ambos os países e povos”. “Espero que ambas as partes possam trabalhar afincadamente para que as relações retomem um

desenvolvimento saudável e normal”, sublinha Xi. A disputa pela soberania de várias partes do Mar do Sul da China tem conduzido a um aumento de tensões entre a China e Filipinas e outros países do sudeste asiático. Nos últimos meses, Pequim construiu ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em recifes disputados pelos países vizinhos. Em 2014, as Filipinas apresentaram queixa no Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia, mas Pequim disse já que não reconhece a mediação de terceiras partes. Pouco após ser eleito no início deste mês, Duterte conversou com o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, sobre a possibilidade de manter relações bilaterais com a China para solucionar as disputas territoriais no Mar do Sul da China.

HK NOVA TAXA DE TRÂNSITO EM CHEK LAP KOK

Passageiros que saiam ou transitem pelo Aeroporto Internacional de Hong Kong vão passar a pagar um taxa que pode ir até aos HK$180. A culpa é da expansão de Chek Lap Kok. A partir do próximo mês de Agosto, os viajantes que se atrevam a por o pé no aeroporto de Hong Kong vão pagar uma taxa destinada a financiar a construção da terceira pista, uma medida que coincide com o inicio dos trabalhos de aterro, disse, na segunda-feira, a autoridade aeroportuária. A pista deverá ser concluída em 2023. Assim, os passageiros que partem em primeira classe ou executiva em voos de longo curso vão pagar HK$180. Os que viajam em primeira classe ou classe executiva em voos de curta distância, ou em voos de longo curso em classe económica, vão pagar HK$160. Os passageiros de classe económica em voos de curta distância pagarão HK$90 e os que apenas fizerem trânsito não se safam com menos de HK$70.


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A

PESAR de Hong Kong estar constantemente preocupada com a concorrência, receosa de perder margem de manobra para o continente e rivais da região, a cidade vizinha recuperou o título de economia mais competitiva do mundo, segundo o IMD, o Centro de Competitividade Mundial. De acordo com informação avançada pela cadeia norte-americana CNBC, a sondagem anual de 61 jurisdições em todo o mundo empurrou Hong Kong um lugar para cima em 2016, argumentando-se que a cidade “encorajou a inovação através de um sistema de impostos baixos e simples e não impôs restrições aos fluxos de capital.” Num outro relatório sobre a competitividade divulgado na segunda-feira pelo ‘think tank’ top de Pequim, a Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS), Hong Kong não passa do segundo lugar, perdendo para Shenzhen pelo segundo ano consecutivo. O estudo do IMD entrevistou mais de 5.400 executivos sobre quatro factores principais - desempenho económico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infra-estrutura – enquanto que o estudo da ACCS focou-se na inovação, entre outros factores.

Diz-me espelho meu... Hong Kong é de novo a economia mais competitiva do mundo

a sua capacidade de enfrentar os desafios regionais. Bris disse ainda que Hong Kong também foi avaliada como um entreposto para o investimento directo estrangeiro no continente, “a mais nova superpotência económica do mundo”, permitindo que os negócios lá possam a aceder aos mercados de globais de capital.

“CIDADE ABENÇOADA”

Hong Kong já ocupou este primeiro lugar do ranking IMD, mas em 2012, perdendo depois nos três anos seguintes para os Estados Unidos. Singapura, que ficou em quarto lugar na mesma pesquisa,

foi o único outro concorrente asiático no top 10 este ano. O Professor Arturo Bris, director do IMD, referiu que o esforço da cidade para criar um ambiente ideal para negócios foi crucial para

Em contraste, os EUA “já não eram capazes de manter o domínio”, caíram para terceiro na pesquisa deste ano, atrás da Suíça. Apesar da perspectiva económica sombria da cidade, Hong Kong foi ajudada a achegar ao topo por via das más condições em outras economias, disseram os analistas. “Hong Kong está OK ... relativamente a muitos outros lugares no mundo que estão a enfrentar problemas muito mais profundos,” disse o professor associado de finanças da Universidade Baptista de Hong Kong, Billy Mak Sui-choi. Muitas das principais regiões e países asiáticos, incluindo Taiwan,

CHINA

Malásia e Indonésia, apresentaram quedas significativas dos lugares que ocupavam em 2015. Esse “arrastar para o fundo” ficou a dever-se aos preços mais baixos dos bens, um dólar forte e a deterioração dos balanços tanto nos sectores privados como nos públicos, avisa a IMD. “Hong Kong é uma pequena economia aberta, o que lhe permite enfrentar ventos económicos contrários de uma forma mais flexível,” disse o professor universitário chinês Stephen Wong Yuen-shan. Wong disse ainda que a cidade conseguiu subir ao topo apesar de o governo não ter feito o suficiente para alimentar a indústria de tecnologia e proteger os direitos dos trabalhadores. “É a prova que Hong Kong é uma cidade abençoada”, disse. Todavia, recorde-se, no último relatório anual sobre a competitividade urbana da China, a cidade foi novamente ofuscada pelo crescimento da vizinha Shenzhen. O relatório ACCS diz que as indústrias inovadoras estão em boom nas cidades de Shenzhen e Xangai, o que colocou alguma pressão nas indústrias mais avançadas de Hong Kong.

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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO PARA “REORDENAMENTO DO TALUDE T-127 NA ESTRADA DE LOU LIM IEOK NA TAIPA” 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

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Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Modalidade de concurso: Concurso Público. Local de execução da obra: Estrada de Lou Lim Ieok na Taipa. Objecto da Empreitada: Embelezamento e Estabilização de Taludes. Prazo máximo de execução: 240 dias de trabalho ( duzentos e quarenta dias de trabalho) (Para efeitos da contagem do prazo de execução das obras da presente empreitada, somente os domingos e os feriados estipulados na Ordem Executiva n.º60/2000 não serão considerados como dias de trabalho.). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. Caução provisória: $160 000,00 (cento e sessenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço Base: não há. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição , neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau; Dia e hora limite: dia 23 de Junho de 2016 (quinta-feira), até às 12:00 horas. Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Local, dia e hora do acto público do concurso : Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º andar, Macau; Dia e hora: dia 24 de 06 de 2016 (sexta -feira), pelas 9:30 horas. Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Línguas a utilizar na redacção da proposta: Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada para língua oficial, e aquela tradução deverá ser válida para todos os efeitos. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo: Local: Departamento de Infra-Estruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau; Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas) Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $140,00 (cento e quarenta patacas). Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço da obra 60%; - Prazo de execução: 3% - Plano de trabalhos 10%; - Experiência e qualidade em obras 15%; - Integridade e honestidade 12%. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infra-Estruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau, a partir de 10 de Junho de 2016 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Macau, aos 25 de Maio de 2016.

O Director dos Serviços Li Canfeng

ANÚNCIO Faz-se saber que, por despacho do Ex.mo. Senhor Secretário para a Economia e Finanças, 12 de Maio de 2016, foi determinada a abertura de concurso para a prestação de serviços de segurança nos equipamentos e nas instalações da Direcção dos Serviços de Finanças. O respectivo programa do concurso e o caderno de encargos encontram-se disponíveis para efeitos de consulta durante o horário de expediente no 14º andar do Edifício Finanças, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, em Macau, a partir da data de publicação deste anúncio no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau e também disponíveis gratuitamente, a partir da mesma data, na homepage desta Direcção de Serviços (http://www.dsf.gov.mo). Os interessados poderão participar na inspecção dos locais conforme a data e hora referidas nas propostas. As propostas devem ser entregues até às 12,00 horas do dia 06 de Julho de 2016, na Divisão Administrativa e Financeira desta Direcção dos Serviços, sita no 14º andar do Edifício Finanças. É obrigatória a prestação de uma caução provisória a favor da RAEM, no valor de MOP$162.000,00 (cento e seiscentas e duas mil patacas), a qual garantirá o exacto e pontual cumprimento das obrigações que assumem com a prestação da proposta. A caução provisória poderá ser feita por depósito bancário, para o que se deve solicitar a respectiva guia de depósito na Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços de Finanças, ou mediante garantia bancária. O acto público do concurso realizar-se-á no dia 07 de Julho de 2016, pelas 10h00, no Auditório da Cave do Edifício Finanças, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, em Macau. Em caso de encerramento destes serviços por causa de tempestade ou de outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas ou a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão transferidos para o primeiro dia útil seguinte.

Macau, aos 25 de Maio de 2016 O Director dos Serviços, Iong Kong Leong


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Mil outonos e dez mil verões serão marcados sem excepção por tempestades.

Da ressonância entre os géneros – 3

D

E forma análoga, podemos interpretar a tempestade que se abateu sobre o rei Cheng da dinastia Zhou, tal como nos é relatado no capítulo “A caixa de ferro” [do Clássico dos Documentos): “No outono, quando ainda não tinham sido colhidas as espigas maduras, o Céu descarregou chuva e relâmpagos acompanhados de um vento que lançou por terra as espigas e arrancou grandes árvores, deixando o povo em pavor”. Nesse momento, o duque de Zhou tinha acabado de falecer. Os letrados explicaram a tempestade como manifestação da cólera celeste perante as hesitações do rei Cheng, que não sabia como sepultar o duque: deveria ser enterrado segundo os ritos reservados ao Filho do Céu? Mas o duque era apenas um dos súbditos... Deveria, nesse caso, ser enterrado segundo os ritos devidos a um súbdito? No entanto, a sua contribuição para a dinastia tinha sido a de um rei. Cheio de cólera com tanta indecisão, o Céu teria feito rebentar a tempestade afim de tornar manifestos por esse prodígio os altos méritos daquele sábio. Os defensores dos textos em escrita antiga oferecem uma outra explicação. Na morte do rei Wu, o duque de Zhou exerceu a regência. Seus irmãos, Gian Shu e Cai Shu espalharam rumores e o rei Cheng alimentou suspeitas a respeito do duque, que teve de fugir para o país de Chu. O Céu teria feito rebentar a tempestade afim de desenganar o rei. * * * A trovoada e chuva fora do comum são por uns interpretadas como resultado das hesitações do rei quanto ao funeral, e por outros como consequência da sua fé nas calúnias. É difícil decidir entre as duas opiniões. De momento, atentemos na interpretação segundo a qual os prodígios teriam sido causados pelas hesitações do rei quanto ao funeral.

Durante o verão e o outono, os fluidos yang estão no seu apogeu e as trovoadas e chuvas são muito frequentes; quanto às espigas e árvores arrancadas, foram simplesmente o resultado de uma borrasca violenta. Durante uma dessas tempestades, o rei Cheng leu o texto da oração deixada pelo duque de Zhou na caixa metálica; percebendo então o mérito do duque, o rei pôs-se a chorar, de oração na mão e culpando-se severamente, ao cabo do que reparou, por coincidência, que o vento tinha mudado de direcção. Os especialistas do Clássico dos Documentos interpretaram a tempestade como uma manifestação da cólera celeste, a favor do duque de Zhou. Contudo, mil outonos e dez mil verões serão marcados sem excepção por tempestades. Deveremos ver nelas manifestações da cólera celeste? Tal significaria que o Céu estaria encolerizado ano após ano... Durante o primeiro mês do verão, os fluidos yang começam a propagar-se, ouvindo-se os primeiros trovões. A meio do verão e no outono, esses fluidos atingem o apogeu, ao ponto dos relâmpago poderem fender as árvores. Se as tempestades do meio do verão e do outono são sinal de uma terrível cólera celeste, devemos interpretar as tempestades menos violentas do início do verão como um simples descontentamento do Céu? Se a trovoada corresponde a uma grande cólera celeste a chuva é, por seu lado, considerada uma bênção. Se o Céu estivesse irado por causa do duque de Zhou, deveria ter manifestado a sua cólera só pela trovoada, sem a fazer acompanhar de chuva. Ou essa chuva, que acompanhou a trovoada, terá significado que o Céu estava, ao mesmo tempo, satisfeito e furioso? [A propósito de Confúcio lemos]: “Quando o Mestre chorava, não cantava nesse mesmo dia”. E, segundo o Ritual dos Zhou,: “Nos dias zi mao [NT: dois dos doze Ramos Terrestres, zi correspondendo ao signo do Rato e mao correspondendo ao signo do Coelho] os reis Zhou só consumiam cereais e sopas de legumes”. A ideia é a de que não podemos simultaneamente afligir-nos e regozijar. Como poderíamos, ao mesmo tempo, estar contentes e coléricos? Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 1.6.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

Estética urbana pós-socialista ou o Tibete invisível se embrenham na natureza, perseguindo as suas presas, assistimos às tremendas dificuldades que os esperam, já que têm de enfrentar, não só, inimigos bem armados, como também as inclementes forças da natureza. Com o deslumbrante cenário do Planalto Tibetano como pano de fundo, Kekexili conta a história dos tibetanos que enfrentam a morte e a fome para salvar as hordas de antílopes das armas de caçadores impiedosos. Filmado in loco, Kekexili, é uma mistura do fatalismo dos Westerns com a realidade fulgurante de um documentário. Se imagina o Tibete como um local pacífico, repleto de monges piedosos em oração, este filme vai fazê-lo mudar de ideias. O filme é uma junção de detalhes poéticos, tensão de cortar à faca e heroísmo muy macho, à la Hemingway. Veja o trailer de Kekexili em: bit. ly/1U4NYOB Antes de terminar, queremos, contudo, pôr o dedo na ferida. Porque é que o Tibete é tão importante para o Regime chinês? Ocorrem-nos três motivos óbvios: 1 - Já o detém. Abrir mão do Tibete seria dar o dito por não dito e representaria um enorme embaraço. A China quer manter o status quo. 2 - O Tibete é rico em recursos naturais. Para além da riqueza em minérios, a maior parte da água potável que abastece esta zona da Ásia brota do Planalto Tibetano. O controlo da água dos rios é essencial para a agricultura chinesa. 3 - O Tibete é uma zona rica em espiritualidade. Muitos chineses (jovens) anseiam por uma âncora espiritual e encontram-na no Budismo tibetano e nas suas crenças exóticas. O espiritualismo tibetano é um contraponto ao Cristianismo e ao Islamismo que alastram na China, numa onda de popularidade crescente.

你知道多少?

N

ÃO é frequente vermos um filme que nos revele um universo intimista e que, simultaneamente, nos proporcione emoções fortes num contexto de transformação social. Kekexili ( 可可西里, Patrulha da Montanha) é a excepção. A partir dos anos 90, a geração de lideres chineses que sucedeu a Mao Tsé-Tung iniciou uma série de reformas com vista a desenvolver a economia e que conduziram a uma explosão dos mercados. Este crescimento acelerado da economia trouxe profundas alterações sociais; o consumismo, o individualismo, e o planeamento urbano modificaram as funções e as faces das metrópoles. Estes factores promoveram uma migração massiva de jovens criativos, de todas as áreas, para as grandes cidades. Procuravam inserir-se nos circuitos intelectuais e de oportunidades profissionais. Ao contrário de Mao, que promovia o conceito de “o campo rodeado de cidades”, e que conduziu o Partido comunista à vitória, a China de hoje vive nas “cidades rodeadas pelo campo”. O sentimento crescente de urgência, intimo e pessoal, é um elemento determinante para compreender a China enquanto zona pivot do mundo actual. Kekexili, realizado por Lu Chuan, é um exercício sobre a estética urbana (no artigo da semana passada falei sobre “Nanjing! Nanjing!”, um filme épico passado na II Guerra, do mesmo realizador). E é por isso que uma história poderosa, onde ressalta a extravagância da natureza humana, é ao mesmo tempo uma história intima. Curiosamente, esta narrativa profundamente pessoal acaba por nos revelar o espírito do Tibete com maior clareza do que - atrevo-me a dizer - o Budismo. Kekexili é um filme inspirado numa história verdadeira em torno da caça ilegal de antílopes tibetanos na região de Kekexili, a maior reserva natural da China. O início do filme é desde logo chocante. Vemos um membro das patrulhas da montanha a ser executado pelos caçadores ilegais. Mas o protago-

Tibete contemporâneo: as fotografias de casamentos são um ritual na China actual. As fotos do enlace deste casal tibetano tornaram-se recentemente virais nos media chineses; reflectem os valores da sua geração. O Tibete é admirado pelos chineses urbanos pela sua qualidade espiritual.

nista da história é Ga Yu, um jornalista de Pequim que se desloca à região para fazer uma reportagem sobre os voluntários que lá trabalham. Nesta pesquisa é acompanhado por Ritai, o chefe da

patrulha. Certo dia, Ritai convida-o a acompanhar a equipa numa emboscada aos caçadores de antílopes, após terem sido informados que eles se encontravam nas proximidades. À medida que

Em 1279, Kublai Khan destronou a Dinastia Sulista Song. O Tibete tornou-se parte integrante do Império Mongol, também conhecido como, Dinastia Yuan, seguindo a histórica “linhagem” chinesa. A Dinastia Yuan conquistou a China e tornou-se orgulhosamente parte da história oficial chinesa. Penso que, para além do cenário do poder político, esta questão mexe com os sentimentos humanos mais primitivos e involuntários, como respirar.


16 DESPORTO

hoje macau quarta-feira 1.6.2016

ZHUHAI RECEBEU A PRIMEIRA RONDA DE QUALIFICAÇÃO PARA OS PILOTOS DO TERRITÓRIO

Era uma vez três...

VITÓRIAS REPARTIDAS

Poucos apostariam à partida num pódio constituído por Chao Chong In (Mini Cooper S), Ip Tak Meng (Ford Fiesta) e Leong Chi Kin (Mini Cooper).

O experiente Ricardo Carvalho realçou que mais importante do que começar a pensar em outros objectivos, a Selecção Nacional terá obrigatoriamente de conseguir passar a primeira fase do Europeu. «O primeiro jogo vale o que vale. É importante começar bem, mas se isso não acontecer temos outros jogos. É obrigatório passar a primeira fase e se começarmos bem esse objectivo será mais fácil de realizar», afirmou Ricardo Carvalho. O defesa considera que é positivo a mescla de jogadores experientes com mais jovens. «Não gosto de comparações, mas quando cheguei, em 2003, era novo e também encontrei jogadores muitos experientes como, por exemplo, Jorge Costa, Fernando Couto e Jorge Andrade. Espero que para os jovens jogadores ter atletas experientes seja importante. Nós queremos a ajudar na sua integração e que façam um bom Europeu. É verdade que Renato fez um bom ano no Benfica, mas, acima de tudo, ele é útil e é bom ter a mistura de jogadores jovens e experientes.»

AAMC

O

Circuito Internacional de Zhuhai recebeu a primeira ronda de qualificação para o 63º Grande Prémio de Macau destinada aos pilotos do território. A primeira das duas jornadas duplas do Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS) trouxe algumas surpresas, com o mau tempo que se fez sentir no sábado passado a trocar as voltas a muitos favoritos. Chao Chong In e Filipe Clemente Souza venceram no “prato principal”, a categoria AAMC Challenge, e Ng Kin Veng foi o único a subir ao lugar mais alto do pódio na categoria Macau Road Sport Challenge. O segundo “Festival de Corridas de Macau”, organizado pela Associação Geral – Automóvel de Macau – China (AAMC), está agendado para o fim-de-semana de 24 e 25 de Junho, novamente no circuito permanente da cidade chinesa adjacente à RAEM, mas o apuramento está praticamente selado para todos aqueles que participaram no evento do pretérito fim-de-semana.

Contudo, no sábado, as condições meteorológicas adversas ditaram este resultado final de todo inesperado. Célio Alves Dias ((Mini Cooper S) foi o quarto, terminando com Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze) logo atrás de si. Rui Valente (Mini Cooper S) foi buscar um precioso oitavo lugar, enquanto Eurico de Jesus foi 11º. Souza foi um modesto 17º, mas o campeão em título foi obrigado a abrandar devido à falta de visibilidade dentro do seu Cruze. Hélder Rosa (Peugeot RCZ) foi 18º classificado e o último a terminar na mesma volta do carro vencedor. Álvaro Mourato (Peugeot RCZ) não terminou devido a

uma saída de pista quando seguia na disputa por um lugar o top-10. No domingo, dia dos segundos treinos de qualificação e corridas, o São Pedro restabeleceu a normalidade climatérica e com isso os resultados voltaram ao habitual. Souza venceu, mantendo viva a chama da luta pela reconquista do título, seguido de Alves Dias e Badaraco. Contudo, Badaraco, que tinha sido o mais rápido na qualificação dominical, foi penalizado em 30 segundos por alegada falsa partida, descendo para o 18º lugar na classificação final. Com a penalização de “Nóni”, Patrick Chan (Peugeot RCZ) foi promovido ao pódio. Depois

de uma qualificação pouco brilhante, Mourato fez uma corrida de recuperação, do 16º lugar até ao sétimo! De Jesus foi o 12º classificado e Valente terminou o fim-de-semana com um décimo quinto lugar. Rosa foi o 19º numa categoria onde se apresentaram todos os 26 pré-inscritos.

VENG É SENHOR NA ROADSPORT

Ng Kin Veng (Mitsubishi Evo9) venceu as duas corridas do fim-de-semana com um certo à-vontade, sendo acompanhado na subida ao pódio nas duas ocasiões por Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) e, no último degrau do pódio, por Lei Kit Meng (Nissan GTR-34), no

SELECÇÃO «OBRIGATÓRIO PASSAR A PRIMEIRA FASE», DIZ RICARDO CARVALHO

sábado, e Wong Ka Hong (Mitsubishi Evo10), no domingo. Com problemas mecânicos na sua viatura, o favorito e o campeão em título, Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9), saiu desta primeira jornada a zeros, não tendo completado qualquer das corridas de 12 voltas. O único nome português na categoria, Luciano Castilho Lameiras, em Mitsubishi Evo9, foi o 10º classificado na corrida disputada em piso molhado no sábado, enquanto no domingo ficou de fora com problemas no motor de arranque. Sérgio Fonseca

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CERVI «ESCOLHER O BENFICA FOI A DECISÃO CERTA»

Contratado pelo Benfica em Setembro, Franco Cervi conta os dias para chegar a Lisboa. Em entrevista à A BOLA, o extremo argentino, de 22 anos, falou sobre o novo passo na carreira. «Primeiro surgiu o interesse do Sporting, depois o do Benfica, e fiz a minha escolha. Não estou nada arrependido, bem pelo contrário, tomei a decisão certa e vou para um clube lindo. Estou ansioso por chegar e por começar a trabalhar», afirmou Cervi, garantindo que pretende retribuir a confiança dada pelo Benfica. O jogador confessou que tem estado atento à realidade do clube da Luz, tendo ficado impressionado com as comemorações pela conquista do campeonato. «Vi milhares de adeptos numa praça gigante de Lisboa onde também estavam os jogadores. É algo muito lindo de ver e deve ser ainda mais lindo de viver!»

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 309/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 310/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora WANG HONG, portadora do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da RPC n.° W60750XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 38.1/DI-AI/2014 levantado pela DST a 23.03.2014, e por despacho da signatária de 25.05.2016, exarado no Relatório n.° 362/DI/2016, de 17.05.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avendia do Infante D. Henrique n.° 29, Edf. Va Iong, 22.° andar B, Macau.---------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor YANG JIANG, portador do passaporte da RPC n.° E21184XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 38.2/DI-AI/2014 levantado pela DST a 23.03.2014, e por despacho da signatária de 25.05.2016, exarado no Relatório n.° 363/DI/2016, de 17.05.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avendia do Infante D. Henrique n.° 29, Edf. Va Iong, 22.° andar B, Macau.---------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, q uerendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 25 de Maio de 2016.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 25 de Maio de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


17 hoje macau quarta-feira 1.6.2016

chá (muito) verde

Os bichos

CHARLIE CHAPLIN, HIS NEW JOB

FERNANDO ELOY | 义來

P

OR mais que espante não me espanto que o Secretário Raimundo do Rosário tenha dito não ter condições para fiscalizar obras, que estas têm vindo a piorar ou que tenha metido Fong Chi Keong e Au Kam San na ordem apelando à necessidade de cumprir a lei a um e pedindo propostas ao outro. Espanto é a raridade desta clareza vinda de um membro do governo. Espanto é não entender como Macau continua a balancear-se entre a psicose da conquista do mundo e as gangrenas internas. A fase de improviso insustentável, da falta de visão global têm de acabar, para o bem de todos. Até dos néscios. Por outro lado, ao não ter pejo em mostrar como o rei vai nu, Raimundo do Rosário dá um golpe fresco de sanidade a todos aos que há muito estavam certos disso, convictos de não terem caído no buraco da Alice. Rosário queixou-se da falta de mão-de-obra especializada na fiscalização das obras públicas e confessou não se admirar se acontecessem acidentes. Muitos de nós também não. A seguir atirou no forte no estado de laxismo em que estão as vistorias de edifícios, apesar de obrigatórias por lei. Espanta? Só o facto de o dizer, claro. Mas não se ficou por aqui e ainda lembrou Fong Chi Keong da necessidade de cumprir a lei, quando o assunto era Lei das Terras, e

deixou Au Kam San à procura de palavras quando lhe pediu uma proposta concreta. Falavam de táxis, penso. Ou seja, Raimundo do Rosário vestiu a roupa de trazer por casa e atirou-se às teias de aranha do sótão. Ou seja, gerir uma proto candidata a destino mundial com mentalidade de terra pequena é um espartilho incomportável. Apontar o que está mal e, pelo menos tentar corrigir é apenas sinal de progresso. Macau tem de incorporar isso, mais cedo melhor do que mais tarde. Esta mesma semana, também soubemos que os Serviços da Protecção Ambiental (DSPA), por acaso também sob a alçada de Raimundo do Rosário, assumem candidamente não encomendarem estudos de impacto ambiental há anos fiando-se nos comprados pelos interessados nas obras. Esta, ao subverter todos os princípios do que deve ser um estudo de impacto ambiental, é tão absurda que quase não dá para acreditar, especialmente ao ser proclamado como sendo a coisa mais normal. Corrupção? Alguma, talvez, mas parece-me mais falta de compreensão, de capacidade de entender coisas. Mas tem vantagens a declaração da DSPA, tal como a de contribuir para a descrição literária de uma qualquer República das Bananas e por provar, para além de qualquer dúvida razoável, que a realidade é sempre mais espantosa do que a ficção. Mesmo a realidade de Macau. Ou especialmente a realidade de Macau. Tudo isto também não deixa dúvidas (existissem elas) que a maioria dos cancros desta sociedade macaína estão ligados ao “real estado”, esse regime alternativo, essa região administrativa demasiado especial, e ao estado mental dos que berram sem

“Apontar o que está mal e, pelo menos tentar corrigir é apenas sinal de progresso” propostas, dos que ainda instam em resolver tudo nos corredores... ‘à Macau’. A melhor imagem que alguma vez descobri para ilustrar o que aconteceu à terra com a liberalização do jogo e a entrada de outros “jogadores” na dança, é a de quando viramos um penedo num zona escondida da floresta. Daqueles no mesmo sítio há anos. Se já virou um sabe que a primeira imagem é a de uma série de criaturas estranhas que disparam numa correria à procura de novo abrigo. A única dificuldade que tenho com esta alegoria é a velocidade com que os bichos fogem. É muito superior.

MÚSICA DA SEMANA

“Unwashed And Somewhat Slightly Dazed” David Bowie (1969) !I’m the Cream Of the Great Utopia Dream And you’re the gleam In the depths of your banker’s spleen I’m a phallus in pigtails And there’s blood on my nose And my tissue is rotting Where the rats chew my bones And my eye sockets empty See nothing but pain I keep having this brainstorm About twelve times a day So now, you could spend the morning walking with me, quite amazed As I’m Unwashed and Somewhat Slightly Dazed”

OPINIÃO


18 (F)UTILIDADES TEMPO

POUCO

hoje macau quarta-feira 1.6.2016

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

PEÇA “PEGA-MONSTROS” Consulado-Geral de Portugal, 17h30 FILME “UM CAFÉ NO FIM DO MUNDO” (FICVM) Centro Cultural, 19h30

MIN

27

MAX

32

HUM

70-90%

EURO

8.92

BAHT

FILME “MERU” (FICVM) Centro Cultural, 19h30

Sexta-feira

FILME “JACKY NO REINO DAS MULHERES” (FICVM) Centro Cultural, 21h30

O CARTOON STEPH

Domingo

FILME “A MÚMIA DO PRÍNCIPE” (FICVM) Centro Cultural, 16h30 FILME “DEUS BRANCO” (FICVM) Centro Cultural, 19h30

Diariamente

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 97

EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08) EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 19/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06) EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DE ARQUITECTURA DA USJ Creative Macau (até 18/06) EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “REMINESCENT – PORTUGAL MACAU” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

Cineteatro

X-MEN: APOCALYPSE [C] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 14.30, 16.40, 21.50

X-MEN: APOCALYPSE [C][3D] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 19.15

MONEY MONSTER [C] Filme de: Jodie Foster

UM FILME HOJE

Uma das especialidades típicas da terra nem é o minchi, são os nomes pomposos. Vejam lá este: “Plano do Desenvolvimento Articulado da Zona Leste de Macau”. Gosto especialmente do “articulado”. Não percebo é como se articula. Explicando. Ontem, nas minha chafurda diária pelos jornais, enquanto meditava na necessidade mais premente - se informar-me, se outra - dei com um mini-artigo onde se explicava que o Governo vai pagar 16,6 milhões de patacas por serviços no âmbito desse Plano. Vão para uns “partners” de Hong Kong, lia-se ainda. O objectivo, garante o Governo, é organizar a Zona A dos Novos Aterros. Não consigo entender. Escapa-se-me por completo a razão pela qual se continuam a gastar milhões em remendos quando analistas internacionais, menos internacionais, urbanistas, vários especialistas mais ou menos entendidos e até gatos de redacção como eu, já perceberam que Macau precisa é de um plano global que finalmente explique para onde vai a cidade e, de uma vez por todas, clarifique que terrenos são de quem e para o quê. Mas esse vai ficando na gaveta dos projectos utópicos. Não interessa organizar pois é no caos que vegetam os poderes invisíveis do “real estado” da terra. Articulam-se meandros, apaga-se a cidade histórica e mandam-se mais uns milhões para Hong Kong como se nos últimos anos não tivesse ido quantidade suficiente para financiar várias gerações. “Fssss!...” Vou fazer um “Plano do Desenvolvimento Articulado da Zona Leste da Redacção” para ver se também me caem uns milhões no regaço. (Aqueles computadores... hmm... talvez uma zona verde junto à janela...). Desculpem-me mas tenho de me concentrar na articulação. Até amanhã!. Pu Yi

“O RAPAZ DO PIJAMA ÀS RISCAS” (MARK HERMAN, 2008)

Um filme marcante baseado no livro de John Boyne com o mesmo nome. Apresenta ao telespectador uma nova abordagem à temática do Holocausto, representada imensas vezes no cinema. Com um muro de arame farpado pelo meio, dois rapazes tornam-se amigos. Um é filho de um oficial das SS, enquanto que outro é um menino judeu. O final do filme, inesperado, é um murro no estômago. Andreia Sofia Silva

C I N E M A

SALA 1

SALA 2

PROBLEMA 98

SUDOKU

DE

FILME “FESTA DE DESPEDIDA” (FICVM) Centro Cultural, 21h30

EXPOSIÇÃO “ARTS FLY” Broadway Macau (até 28/06)

1.21

PLANOS SEM ARTICULAÇÃO

Amanhã

FILME “OPERAÇÃO ÁRTICO” (FICVM) Centro Cultural, 16h30

YUAN

AQUI HÁ GATO

“VISÃO INDEFINIDA + DIGITAL: EXPOSIÇÃO DE PINTURA A TINTA DE LEUNG KUI TING”, Galeria de Exposições Temporárias do IACM, 18h00

Sábado

0.22

Com: George Clooney, Julia Roberts, Jack O’connell 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3

TERRA FORMARS [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Takashi Miike Com: Hideaki Itô, Tomohisa Yamashita, Shun Oguri 14.30, 16.30, 21.30

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan 18.45

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quarta-feira 1.6.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

“1930 DREAM CORNER”, ESPAÇO PARTILHADO JOE CHAN, RESPONSÁVEL

“Um canto para promover uma forma de vida” volta. O pagamento das despesas, contudo, está dependente de algumas actividades. “Realizamos mensalmente alguns eventos, iniciativas ou festas que têm temáticas relacionadas com a protecção ambiental, os organizadores das actividades doam pela utilização do lugar e alguns turistas que passam a noite aqui também doam. Às vezes vendemos comida ou produtos alimentares para obtermos dinheiro e conseguimos cobrir cerca de 60% das despesas. O resto pago eu do meu dinheiro”, explica-nos Joe Chan. Contar com o Governo para “fornecer” um local onde o “1930 Dream Corner” pudesse funcionar é algo que Joe Chan apelida de difícil, para já. Até porque a ideia é demasiado nova para Macau e muitas pessoas não entendem o que está a ser criado.

HOJE MACAU

E se Macau tivesse um lugar onde todos pudessem descansar, partilhar ideias, dormir ou tocar guitarra? E se esse lugar fosse aberto àqueles que acreditam na necessidade de proteger o ambiente e de fazer novas amizades? Agora Macau já tem um espaço assim. É o “1930 Dream Corner”

F

ICA na Travessa do Penedo, ao lado do Templo de Na Tcha na Calçada das Verdades e do Colégio Mateus Ricci. Foi criado por Joe Chan, líder da União Macau Green Student, e chama-se “1930 Dream Corner”. Mas o que é este novo espaço no meio da cidade? A ideia de Joe Chan, como o próprio explica ao HM, é fácil de entender: criar um espaço onde o conceito de consumo partilhado dá o mote para diversas experiências. Aqui, as pessoas podem compartilhar recursos ao mesmo tempo que diminuem a produção de resíduos e consumos desnecessários, em prol do ambiente. Joe Chan quer que todos sejam bem-vindos: os idosos podem passar pelo “Dream Corner” para partilhar as suas experiências e histórias com os mais novos, de forma a “passar memórias e culturas”. Os residentes podem lá descansar. E os turistas têm até um espaço onde ficar durante a noite. Mesmo que não seja uma hospedaria. “Isto não é um café, nem uma pensão. É um canto para promover uma outra forma de vida, uma forma de proteção ambiental que envolve a partilha de recursos, onde os jovens se podem encontrar, trabalhar e até tocar guitarra neste espaço”, explica o responsável ao HM. Joe Chan indica ainda que este espaço serve também como ponto de descanso, ou como hospitalidade temporária para os turistas que cá chegam. Joe Chan quer que turistas e residentes possam conhecer outra forma de vida no território além dos casinos através do “1930 Dream Corner”, ao mesmo tempo que se promove a protecção ambiental. Por isso mesmo, reciclar e reutilizar é algo “muito importante” neste espaço, onde várias mobílias e peças de decoração

“O conceito de consumo em colaboração é muito importante, porque é uma maneira de proteger o ambiente”

foram encontradas em depósitos de lixo fechados, depois de abandonados pelos cidadãos. “O conceito de consumo em colaboração é muito importante , porque é uma maneira de proteger o ambiente. Podemos utilizar os recursos juntos, não precisamos de continuar a produzir mais enquanto não se trata a pressão actual no que concerne ao lixo”, diz o responsável. Joe Chan explica que a ideia de abrir este espaço partiu de um professor de Ciência do secundário, que decidiu ir viajar pelo mundo porque queria conhecer as histórias dos outros e ver as paisagens dos países estrangeiros. Nessa viagem, encontrou alguns espaços semelhantes ao “Dream Corner”, especialmente alguns com cozinha pública, algo que admirou e que depois tentou tornar real em Macau. Joe Chan explica que a localização do espaço é um pouco escondida, mas nem isso impede o valor alto da renda, por ser perto de uma zona turística. Ainda assim, o responsável considera-se um sortudo por ter conseguido encontrar o local e arrendá-lo, dado que as sete mil patacas que paga ainda são mais baratas do que as lojas à

“Neste momento, o que quero é que o espaço tenha sucesso, até porque não está finalizado, e depois, se o Governo nutrir alguma admiração pelo local e pensar em dar-nos um espaço, seria um grande favor.” Sobre o futuro do “Dream Corner”, Joe Chan espera poder continuar a convidar residentes que nasceram em décadas diferentes para apresentar as suas histórias de vida, partilhar as suas experiências com os jovens e mostrar como Macau tem muitas coisas com “muito valor” para proteger, como a relação entre as pessoas, as lojas e produtos tradicionais, cada vez mais a fechar e a perderem-se. O espaço ainda não tem condições para recrutar trabalhadores, mas Chan e outros membros do espaço conseguem conciliar um horário de trabalho, que não permite, contudo, que o local tenha um horário regular de abertura e fecho. “Vimos cá quando temos tempo livre e estou a tentar encontrar uma pessoa que tenha interesse em administrar o espaço, mas é muito difícil, os jovens são muito ocupados”, lamenta. O líder da União Macau Green Student diz, contudo, que ganhou já muito com este espaço - várias amizades, intercâmbio de ideias com diferentes pessoas e a expansão da “crença na protecção ambiental”. Tomás Chio (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo


O nosso abraço era tão esquecido de tudo, / Tão perfeito, / Tão Completo, / Que nem sequer se lembrava de nós”

José Maria Rodrigues

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Jogo do monopólio

Accionista da TAP entra na Virgin Australia

O

grupo chinês HNA, empresa matriz da companhia aérea Hainan Airlines e alegados futuros accionistas da TAP, vai comprar uma participação de 13% da transportadora aérea australiana Virgin Australia, anunciou ontem a empresa. Liderada pelo milionário chinês Chen Feng, a empresa, vai pagar 115 milhões de dólares para entrar na Virgin Australia, lê-se num comunicado divulgado. O anúncio surge uma semana após a Atlantic Gateway ter confirmado que a HNA poderá vir a ficar com uma participação indirecta de 20% do capital da TAP. Segundo o consórcio que tem 45% do capital da transportadora aérea portuguesa, a HNA vai adquirir 13% do capital da Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway). Ao mesmo tempo vai entrar no capital da Atlantic Gateway com uma participação na ordem dos sete por cento. Entretanto, a Beijing Capital Airlines, que pertence à HNA, pediu na semana passada autorização à Administração de Aviação Civil da China para lançar o primeiro voo directo entre o país asiático e Portugal. “Agrada-nos o seu modelo de negócio, porque não só

inclui a exploração dos voos, mas também grandes investimentos nas áreas do turismo e hospitalidade”, disse à agência Lusa o secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, durante uma visita à China.

CABAZ CHEIO

Em Abril passado, a HNA anunciou a compra da cadeia hoteleira norte-americana Carlson Hotels, que detém 1.400 hotéis em 115 países e regiões e uma participação de 51,3% no Rezidor Hotel Group, que tem sede em Bruxelas. Em Fevereiro, pagou 6.000 milhões de dólares pela Ingram Micro, distribuidora norte-americana de tecnologia. Segunda maior economia do planeta, a China é também o maior emissor mundial de turistas. No conjunto, cerca de 120 milhões de chineses viajaram para fora da China continental em 2015, num aumento de 19,5% em relação ao ano anterior. A Virgin Australia, segunda principal companhia aérea australiana, referiu, em comunicado, que a entrada da HNA na empresa visa aumentar o acesso ao “mercado turístico chinês em rápido crescimento” e que as duas companhias estão a considerar abrir voos directos entre Austrália e a China.

quarta-feira 1.6.2016


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