Hoje Macau 1 SET 2016 #3648

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUINTA-FEIRA 1 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3648

MOP$10

CPU

De olhos na Biblioteca PÁGINA 9

OPINIÃO Arroz LEOCARDO

hojemacau CA GOVERNO COM GASTOS ASTRONÓMICOS EM ARRENDAMENTO

Sim, senhorio

CONCURSO

FOGO NO CÉU

aponta para gastos de cinco mil milhões nos últimos 11 anos em arrendamentos e remodelações, responsabilizando a DSSOPT por falta de planeamento.

PÁGINA 7

EVENTOS

LEI DO RUÍDO

Pouco barulho! PÁGINA 5

h

Agonia e nostalgia MANUEL AFONSO COSTA

Longe de casa AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

JOSÉ DRUMMOND

MADRE TERESA

MISSÃO E SOFRIMENTO GRANDE PLANO

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O Comissariado deAuditoria apresentou mais um relatório arrasador. Desta vez estão em causa as despesas do Executivo com espaços privados para serviços públicos. O documento


2 GRANDE PLANO

Falecida há 20 anos, a Madre Teresa de Calcutá será canonizada pela Igreja Católica no próximo domingo, dia 4. Peter Stilwell, seu tradutor numa viagem em Portugal, e o Padre Luís Sequeira, amigo próximo, recordam o trabalho em prol dos mais pobres entre os pobres “Estou convencidíssimo que, se estou vivo, é por obra e graça da Madre Teresa” “Tenho de agradecer a experiência que me deu como sacerdote, de ajudar as pessoas. Ajudei também um pouco com os retiros que dei. Isso não posso esquecer” PADRE LUÍS SEQUEIRA

MADRE TERESA DE CALCUTÁ FIGURAS DE MACAU RECORDAM FIGURA ANTES DA

EMBALAR ´ A MISERIA

“E

STOUconvencidíssimo que, se estou vivo, é por obra e graça da Madre Teresa.” A confissão cai, assim, com profunda convicção do Padre Luís Sequeira. Amigo pessoal da Madre Teresa de Calcutá, Luís Sequeira, director do colégio Mateus Ricci, afirma que a sua cura de um grave Acidente Vascular Cerebral (AVC) se deve à figura da Madre Teresa. “Tive um AVC fortíssimo, que ninguém esperava que ficasse vivo, nem os médicos. Na minha angústia, rezei e gritei à Madre Teresa que fizesse algo por mim. Gritei: ‘eu, amigo pessoal, com trabalho pelo mundo fora, gritei: e eu, não tenho nada?’” As preces terão sido ouvidas e hoje o padre Luís Sequeira diz-se um homem curado, sem grandes mazelas na fala ou no pensamento. Como ele, outras pessoas pelo mundo dizem-se curadas pela Madre Teresa de Calcutá, que será canonizada no próximo dia 4 de Setembro, quase 20 anos após a sua morte, em 1997. Tendo estado em Macau três vezes para visitar a obra das Irmãs Missionárias da Caridade, na Ilha Verde, a Madre Teresa de Calcutá manteve sempre uma relação próxima com o padre Luís Sequeira, que dirigiu várias obras das Irmãs Missionárias em todo o mundo, como em Calcutá, na Índia. “Era uma senhora dedicada a Deus e a relação com Deus era algo a que ela dava uma importância especial na sua vida. Só nessa linha se pode entender o dom que ela teve para ser chamada a fundar uma congregação com um carisma

muito especial. Tenho de agradecer a experiência que me deu como sacerdote, de ajudar as pessoas. Ajudei também um pouco com os retiros que dei. Isso não posso esquecer”, contou Luís Sequeira ao HM. Madre Teresa de Calcutá, lembrada pelo padre jesuíta como uma “pessoa com uma extrema delicadeza e sensibilidade à dor e dificuldade dos outros”, não o ajudou apenas na doença, mas em vida. “Como director de um colégio, tive em Macau uma situação pública muito violenta de difamação e calúnia, durante três anos. A Madre Teresa acompanhou e deu apoio, ligou-me de Calcutá e de Banguecoque, para ver como eu estava e disse-me sempre: ‘não ponha o seu irmão no tribunal’, acreditando que Deus viria no momento certo. Três anos depois foi declarada a minha inocência”, recorda Luís Sequeira.

O ANJO FALECIDO

Também Peter Stilwell, reitor da Universidade de São José (USJ), privou de perto com Madre Teresa de Calcutá quando ainda era um jovem padre e estudava em Roma. Mais tarde, foi o seu tradutor aquando de uma viagem oficial a Portugal, quando Madre Teresa foi conhecer a obra das Irmãs Missionárias da Caridade. “O que me marcou nesta viagem que a Madre Teresa fez a Portugal foi a ida a Fátima, com três irmãs. Ela ia conversando connosco: eu era um jovem padre e ela ia-me pedindo opiniões e conselhos, com a simplicidade de quem pergunta algo a uma pessoa. Isso sensibilizou-me muito, porque não tinha muita ex-

“Era uma pessoa disciplinada, com uma missão muito clara, a de servir os mais pobres dos pobres, com indicações que não deviam ter nenhum tipo de conforto ou bem estar que fosse superior às pessoas que serviam” “A adoração que as pessoas têm por ela e à obra dela vai continuar, independentemente de ser canonizada” PETER STILWELL REITOR DA USJ

periência e ela já estava com uma idade bastante avançada.Ao mesmo tempo ia distribuindo a fruta e dando às irmãs, como se fosse uma avó”, contou Peter Stilwell ao HM. O reitor da USJ recorda o “ar cansado” de Madre Teresa, que estava com uma agenda preenchida mas que, ainda assim, “estava disponível para falar com as pessoas”. A sua apresentação era muito simples e falava sobre Deus, con-

ta, e “sobre a necessidade de nos amarmos, de ‘nos amarmos até doer’”. E dava alguns exemplos de casos de pessoas que ela tinha ajudado, frisa ainda reitor, que recorda casos especiais de pobres que ela ajudou. “Lembro-me de um caso que me tocou bastante. Ela contava que numa dessas primeiras viagens ou caminhadas pelas ruas de Calcutá encontrou um


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CANONIZAÇÃO

Contestações à futura santa Investigações dão perspectiva negativa sobre Madre Teresa

F

OI próxima de chefes de Estado e amiga pessoal da princesa Diana, sendo que serão poucos aqueles que não reconhecem a pequena figura vestida de branco. Nascida na Albânia, Madre Teresa de Calcutá abandonou a vida confortável que tinha como professora de um colégio de classe média em Calcutá para apoiar os que viviam na rua de forma miserável, mas a sua obra foi contestada por muitos. Duda Martins, editor de internacional da revista brasileira Veja, recorda isso mesmo, num artigo publicado em Março deste ano. Madre Teresa de Calcutá manteria os doentes terminais nos centros com parcas condições de higiene e o mínimo dos mínimos de equipamentos. “O que Madre Teresa de Calcutá não tinha de santa?” é a interrogação que faz o artigo, que faz referência à “negligência com doentes terminais, sadismo, conversões disfarçadas e amizades tenebrosas”, as quais “sujam o manto da freira que será canonizada”.

OUTROS OLHOS

Geneviéve Chenard, investigadora da Universidade de Montreal, no Canadá, possui um extenso trabalho sobre a obra da Madre Teresa de Calcutá e afirmou, num artigo de 2013 da revista “Isto é”, que “nem todos vêem Madre Teresa e a sua história com bons olhos”. Geneviéve analisou um total de 287 documentos que mostram que a congregação recebia milhões de dólares em doações mas que esse dinheiro só servia para expandir os centros de tratamento, mas não para melhorar as suas condições. Doenças terhomem moribundo, na sarjeta, e [levaram-no] para um abrigo que lhes tinha sido cedido por um templo hindu. Ela trabalhava com pessoas de qualquer religião. Esse senhor, dias depois, estava prestes a morrer e no momento da sua morte vira-se para a Madre Teresa e diz: ‘eu vivi como um cão, mas morro como um anjo’. Isso para ela tinha sido um dos pontos marcantes da sua com-

preensão de dar um pouco de humanidade à vida das pessoas.”

UMA PESSOA DISCIPLINADA

Peter Stilwell referiu ainda um episódio que mostra como a Madre Teresa geria a sua própria congregação. “Numa das assembleias em que servi de tradutor ela disse que precisava de uma casa para albergar as irmãs. Perguntou quanto custava, disseram um valor e ela disse: ‘agora

irei a Fátima e daqui a uma semana espero que me apresente uma nova proposta por metade do preço’. Isso mostra que não era uma pessoa menos perspicaz na questão dos dinheiros e explica um pouco o sucesso da sua congregação”, afirmou o reitor da USJ. “Era uma pessoa disciplinada, com uma missão muito clara, a de servir os mais pobres dos pobres, com indicações que não deviam ter nenhum tipo de conforto ou bem estar

que fosse superior às pessoas que serviam”, disse ainda Peter Stilwell, que defende que a canonização da Madre Teresa não vai fazer com que a sua obra seja ainda mais conhecida, por ser algo que ainda não foi apagado da memória das pessoas. “Não vejo que seja uma grande questão, a devoção à Madre Teresa vem desde a vida dela e quando morreu deixou a sua marca. A adoração que as pessoas têm por

Geneviéve Chenard

minais seriam tratadas de forma superficial, sem medicamentos apropriados, sendo que as seringas eram usadas em vários doentes, lavadas apenas com água da torneira. Os doentes dormiam em colchões e nem sempre tinham direito a visitas médicas. Madre Teresa de Calcutá terá ainda aceite dinheiro oriundo de fontes duvidosas, nomeadamente Jean-Claude Duvalier, ditador do Haiti, ou James Keating, investidor norte-americano na área do investimento imobiliário. “O mais curioso é que, mesmo com tanto dinheiro, as condições dos doentes nas sedes era terrível”, disse académica à “Isto é”. Segundo Geneviéve Chenard, tal facto pode ser explicado com o facto da Madre Teresa de Calcutá considerar que o sofrimento aproximava as pessoas de Deus. “Talvez esse descaso fosse parte da ética da religiosa, que via o sofrimento dos outros como algo que os aproximava de Cristo”, disse a investigadora à revista brasileira. “O mundo ganha com esse sentimento”, terá dito Madre Teresa de Calcutá várias vezes. A.S.S. ela e à obra dela vai continuar, independentemente de ser canonizada. Pelo menos nesta fase, em que ainda há uma memória viva da Madre Teresa”, concluiu. O HM tentou chegar à fala com as Irmãs Missionárias da Caridade em Macau, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

hoje macau quinta-feira 1.9.2016

LEI DE TERRAS GABRIEL TONG “JÁ FEZ O QUE TINHA A FAZER”

O

deputado nomeado Gabriel Tong afirma que “não vai fazer mais do que já foi feito” no que respeita ao projecto de reinterpretação da Lei de Terras, que foi recentemente recusado pelo hemiciclo. As afirmações são feitas ao HM em reacção ao anúncio por parte do presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, de que vão ser ouvidas as mais de 40 horas

de gravações das reuniões na análise na especialidade a que o diploma esteve sujeito. Questionado se iria continuar com o projecto de reinterpretação que apresentou ao Executivo, o deputado responde que “não é preciso fazer mais nada” porque já fez o que lhe era devido. “A minha acção já foi tomada há algum tempo e, neste momento, acho que cabe à autoridades sabe-

rem o que querem para salvaguardar os interesses (...) públicos”, remata. O projecto de Gabriel Tong foi apresentado nesta sessão legislativa que agora finda e foi alvo de críticas por parte da população e do hemiciclo. O deputado salvaguardava que o que pretende não é a revisão da Lei de Terras, mas sim uma reinterpretação do diploma, tendo em conta os prazos de concessão de terrenos.

FUNDO DE CIÊNCIAS MANTÉM PRESIDENTE

A sugestão foi rejeitada mas, no balanço anual do período legislativo, Ho Iat Seng admite que as mais de 40 horas de gravação das reuniões em análise da especialidade vão ser ouvidas novamente. Ainda assim, caberia ao deputado pedir ao Chefe do Executivo a admissão do projecto ou retirá-lo, para resolver o impasse. Mas Tong não admite fazer nem um, nem outro. S.M.

Ma Chi Ngai vê o seu mandato renovado como presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), a tempo parcial. A informação foi dada em Boletim Oficial e adianta ainda que Philip Xavier e Paula Ling se mantêm no organismo nas funções de presidente do Conselho Fiscal e membro do Conselho Fiscal, respectivamente. Já Tang Sai Kit é nomeado como representante da Direcção dos Serviços de Finanças do Fundo. Os despachos emitidos pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, entram hoje em vigor.

Uber AU KAM SAN E NG KUOK CHEONG PODEM APRESENTAR PROJECTO DE LEI

LEI QUE PROTEGE ANIMAIS ENTRA HOJE EM VIGOR

Ainda há esperança?

Au Kam San e Ng Kuok Cheong vão recolher opiniões no protesto de domingo, por forma a apresentarem um projecto que regulamente este tipo de serviços no território

U

MA lei que legalize os serviços como os prestados pela Uber pode ser uma realidade. É esse o objectivo de Au Kam San e Ng Kuok Cheong, que admitem poder vir a apresentar um projecto de lei. A ideia pode tornar-se real com a ajuda do protesto “Apoiar a Uber”, agendado para o próximo domingo. Os deputados pretendem proceder à recolha de opiniões dos residentes de forma a que venha a ser realizada “um projecto que integre este tipo de serviços de transporte”, afirmou Au Kam San, ontem em conferência de imprensa. Os deputados reconhecem que, apesar da existência de obstáculos jurídicos no que respeita à operação da Uber em Macau e da “zona legal cinzenta” em que habita a operação da empresa, é necessário que o Governo parta para uma “contribuição positiva ao bem estar dos residentes”. É assim necessário, defendem, “que o Executivo dê azo a iniciativas que desobstruam as dificuldades jurídicas e capazes de ajustar o regime, a fim de assegurar uma gestão padronizada deste tipo de serviços”, afirma Au Kam San.

É PRECISO INOVAR

A manifestação de domingo acontece após a operadora anunciar que iria deixar a RAEM por não ser sustentável o pagamento das multas a que tem sido sujeito e dada a inviabilidade anunciada da sua legalização.

“Este é um protesto que deseja promover o desejo de todos os residentes e turistas em beneficiar de um melhor serviço de táxis e apoiar, ao mesmo tempo, a

necessidade de um pensamento inovador em Macau”, explicou o deputado Au Kam San, também vice-presidente da Assembleia Geral da Associação Iniciativa de

Desenvolvimento Comunitário. O deputado aponta ainda para a necessidade de implementar uma “nova energia no sector ao invés do conformismo convencional”. Em causa estão também as dificuldades “sentidas por todos” em apanhar um táxi em Macau. A situação é ilustrada com os acontecimentos que englobam a recusa em aceitar clientes, negociações de preços com os passageiros e mesmo a exigência de mais dinheiro do que o apontado no contador. Para Au Kam San, na base deste tipo de situações está a insuficiência de táxis no território.

PARA A FRENTE

“Se não se registar um progresso tecnológico e a introdução de novos produtos neste sector, os utentes permanecem limitados aos modelos de sempre” AU KAM SAN DEPUTADO

“Se não se registar um progresso tecnológico e a introdução de novos produtos neste sector, os utentes permanecem limitados aos modelos de sempre, não havendo qualquer avanço ou opção”, defende Au Kam San, que acrescenta que é esta ideia que o Executivo deve tentar perceber: “se estas representam uma mais valia social e uma resolução de problemas já existentes”, explica. A Uber organizou uma petição que já conta com a assinatura de mais de 16 mil pessoas e a Associação Love Macau entrega hoje uma outra recolha de assinaturas ao Governo, na qual reuniu cerca de 20 mil nomes. Para a manifestação de domingo, Au Kam San espera a presença de cerca de 600 pessoas. O protesto tem lugar às 15h00 na Praça do Tap Seac. Angela Ka (revisto por SM) info@hojemacau.com.mo

A

Lei de Protecção dos Animais, que pune a crueldade com prisão até um ano, entra em vigor hoje. O território contabilizou, ao longo da última década, mais de 300 casos de abandono por ano. Prometida há mais de dez anos, a lei pune a crueldade com prisão até um ano, fixando também multas de até cem mil patacas e definindo que o abandono passa a ser proibido. Segundo dados publicados pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na última década, foram 3711 os casos de abandono de animais de estimação: ou seja, uma média anual de 371. Só nos primeiros sete meses do ano foram contabilizados 116 casos (99 relativos a cães e 17 a gatos), enquanto 2015 fechou com 238 abandonos. O ano recorde foi 2007, segundo os dados oficiais, ano em que foram sinalizados 591 casos. Ao abrigo da nova lei, o abandono é punido com multa de 20 mil a cem mil patacas. Apesar do elevado número de casos, desde 2010, segundo o IACM, apenas dez infractores, três dos quais este ano, foram multados ao abrigo do Regulamento Geral dos Espaços Públicos que sanciona o abandono com multas mais brandas do que as previstas agora na nova lei. Em contrapartida, entre janeiro e julho, aumentou o número de adopções, o qual superou o de abates.


5 hoje macau quinta-feira 1.9.2016

Lei do Ruído DIPLOMA VAI SER REVISTO E ALTERAM-SE LIMITES DO BARULHO

Mais silêncio para Macau? A DSPA vai rever “oportunamente” a Lei do Ruído, dois anos depois desta estar em vigor. Uma das alterações deverá prender-se com a alteração ao limite do barulho, mas também à forma de execução da lei e o âmbito de aplicação

O

Governo vai mexer na Lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental, em vigor há mais de dois anos. É o que garante o Executivo numa resposta ao deputado

O

Leong Veng Chai e ao HM, ainda que não adiante datas. Desde Fevereiro de 2014 em vigor, a lei tem gerado controvérsia por alguns deputados acreditarem que não protege os cidadãos como deveria, uma vez que per-

Comandante dos Serviços de Polícia Unitários vai liderar a Comissão Coordenadora do Regime de Congelamento de Bens, uma entidade que “integra vários altos quadros da Administração”. O anúncio foi ontem feito em Boletim Oficial, num despacho assinado pelo Chefe do Executivo, onde se indica que a Comissão entra em funções hoje. Além de Ma Io Kun, que coordena então o grupo, integram a Comissão Chan Tsz King, procurador-adjunto do Ministério Público, Liu Dexue, director dos Serviços dos Assuntos de Justiça, Chau Wai Kuong, director da Polícia Judiciária e Ng Kuok Heng, adjunto do director-geral dos Ser-

mite que as obras comecem cedo demais. Leong Veng Chai, por exemplo, incidia ainda sobre outras questões, como a produção dolosa de ruído, mesmo dentro de horários permitidos, mas cuja intenção é precisamente prejudicar o vizinho. Sobre isto, a DSPA nada adianta e, questionada pelo HM sobre se a revisão iria ter em conta a redução dos horários das obras, o organismo também nada diz, referindo contudo que vai haver alterações no limite do ruído, entre outras questões.

A BEM DO POVO

“A DSPA irá continuar a proceder aos trabalhos de

(A ideia é) “melhor responder às exigências da sociedade, garantindo a melhoria da qualidade do ambiente e protegendo a saúde da população” DSPA

Terroristas no frio Comandante do SPU à frente da Comissão de Congelamento de Bens

viços de Alfândega. Mas a Comissão vai ter ainda representantes do sector financeiro, como Anselmo Teng, presidente do Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau, e Deborah Ng, coordenadora do Gabinete de Informação Financeira. A Comissão foi criada devido à aprovação pelo hemiciclo do novo Regime de Execução e Congelamento de Bens, que entrou em vigor na terça-feira. Esperado há quase dez anos, este diploma que segue

resoluções da ONU para combate ao terrorismo e proliferação de armas de destruição maciça. A lei tem como objectivo “o cumprimento das obrigações internacionais” e “enfrentar” a avaliação agendada para este ano do Grupo Ásia-Pacífico contra o Branqueamento de Capitais (APG, na sigla em inglês).

NAS MÃOS DO CHEFE

Os fundos em questão poderão ser valores em numerário, cheque, contas bancárias, imóveis,

revisão e de execução da lei, ouvindo e analisando as opiniões da sociedade e apresentando sugestões para melhorar a lei existente em conformidade com o consenso social, incluindo o âmbito de aplicação da lei, os respectivos valores-limite de ruído e as formas de execução”, começa por indicar ao HM. A ideia é “melhor responder às exigências da sociedade, garantindo a melhoria da qualidade do ambiente e protegendo a saúde da população”, algo que já tinha sido referido ao número dois de José Pereira Coutinho na Assembleia Legislativa. “O Governo

créditos e acções, entre outros bens. O congelamento vai impedir qualquer movimento, alteração ou transferência desses bens e pode ser aplicado a quem quer que esteja na RAEM ou em transportes com matrícula registada no território, às pessoas residentes da RAEM estejam elas onde estiverem, a transferências feitas para, de ou através de Macau e aos bens que estiverem no território. É ao Chefe do Executivo que cabe a decisão de congelar os bens, sendo este, contudo, ajudado por esta Comissão, escolhida pelo líder do Governo. J.F.

POLÍTICA vai efectuar a revisão e optimização oportunas do conteúdo jurídico [da lei], tendo em conta o desenvolvimento social e a mudança de ambiente. [Vamos fazer] análise e investigação científica e [ter em conta] as reclamações da sociedade.” Desde que a Lei do Ruído entrou em vigor, o Governo recebeu mais de 11 mil queixas por ruído, sendo que só 173 levaram à abertura de processos e apenas 70 originaram multas, segundo dados do Jornal Tribuna de Macau. O número de queixas relacionadas com as obras, equipamentos de climatização e ventilação do ar estavam no topo da tabela, antes das queixas sobre barulhos da “actividade quotidiana”. Com a lei, o ruído pode ser punido com uma multa máxima de 200 mil patacas. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

CHENG FONG MENG PASSA A DIRIGIR SERVIÇOS CORRECCIONAIS

Foi ontem publicado em Boletim Oficial o despacho que determina a nomeação de Cheng Fong Meng como director dos Serviços Correccionais. Cheng Fong Meng é licenciado em Direito, curso em língua chinesa, pela Universidade de Macau, tendo começado a trabalhar na Administração em 1993, como investigador estagiário na directoria da Polícia Judiciária. Em 2013 foilhe concedida a menção de mérito excepcional, sendo que, em 2010 e 2012, foram-lhe concedidos pelo Executivo “louvores individuais”. Era, actualmente, director da Escola da Polícia Judiciária.


6 PUBLICIDADE

hoje macau quinta-feira 1.9.2016

ANÚNCIO 【N.º 67/2016】

ANÚNCIO 【N.º 69/2016】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome

N.º do boletim de candidatura

SIN CHON HOU

31201300424

Após as verificações deste Instituto, notamos que o representante do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionado é proprietário de fracção autónoma na Região Administrativa Especial de Macau, desde o termo do prazo para entrega do boletim de candidatura até à data de assinatura do contrato de arrendamento com este Instituto, pelo que, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos das alíneas 2) do n.º 4 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009(Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social). Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 6 de Junho de 2016, a solicitar ao interessado acima mencionado para apresentar por escrito a sua interpretação pelo facto acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não o fez. Nos termos dos artigo 5.º e alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, e em conformidade com o despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 2012/DHP/DHS/2016, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH. Caso queira contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, pode reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou pode apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 30 de Agosto de 2016.

Nome

N.º do boletim de candidatura

U HOU SAM 31201300230 Após as verificações deste Instituto, notamos que o total do rendimento mensal do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionado ultrapassa o valor constante da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 473/2015, pelo que, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos da tabela I do n.º 1 do Despacho do Chefe do Executivo n.º 179/2012, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 473/2015, alínea 3 do artigo 2.º e n.º 1 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009 (Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social). Este Instituto informou-o por meio de ofício, com o n.o 1605310051/ DHS, datada de 2 de Junho de 2016, a solicitar ao interessado acima mencionado para apresentar por escrito a sua interpretação pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção do referido ofício, entretanto não o fez dentro do prazo indicado. Nos termos dos artigo 5.º e alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, com as alterações introduzidas pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, e em conformidade com o despacho do signatário, exarado na Proposta n.º 1871/DHP/DHS/2016, a respectiva candidatura foi excluída da lista geral de espera por IH. Caso queira contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, pode reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou pode apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999.

Instituto de Habitação, aos 30 de Agosto de 2016.

O Presidente,

O Presidente,

Arnaldo Santos

Arnaldo Santos


7 hoje macau quinta-feira 1.9.2016

Em 11 anos triplicaram os gastos com arrendamentos e remodelação de instalações privadas que albergam serviços públicos. O Comissariado de Auditoria estima que foram gastos cinco mil milhões e acusa a DSSOPT de falta de planeamento

É

mais um relatório feroz na forma como critica o actual panorama de arrendamento de espaços para serviços públicos, que se prolonga há mais de dez anos. Um documento ontem divulgado pelo Comissariado de Auditoria (CA) mostra que, em 11 anos (2004-2014), foram gastos cerca de cinco mil milhões de patacas não só em arrendamentos, como em remodelações dos espaços arrendados a privados. Só nos anos de 2009, 2011 e 2012 gastaram-se, por ano, 150 milhões de patacas. De realçar que, em

SOCIEDADE

Auditoria GOVERNO GASTOU CINCO MIL MILHÕES COM INSTALAÇÕES PRIVADAS

Nas mãos dos senhorios 2004, a Administração gastou 140 milhões com arrendamentos, valor que triplicou em 2014, para 580 milhões. Segundo o CA, mais de 60% dos serviços da Função Pública estão instalados em instalações privadas, os quais têm um carácter permanente, mas que estão obrigados a mudanças constantes. “A não renovação do arrendamento por parte do proprietário leva a que haja instabilidade no funcionamento dos serviços públicos, porque vão ter de procurar novas instalações e realizar obras de remodelação. As ofertas existentes no mercado não são, na sua maioria, compatíveis com as necessidades dos serviços públicos”, explica o CA. A culpa é apontada à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que falhou no planeamento de um edifício para albergar os serviços públicos. “A DSSOPT nunca fez um plano global dos edifícios para serviços públicos, nem fez, por iniciativa própria, o levantamento dos dados e análise sobre os edifícios necessários para a instalação dos serviços públicos. Os resultados da Auditoria revelam que a DSSOPT não assegurou o cumprimento das suas atribuições e competências no âmbito do planeamento global

CAMPUS DA JUSTIÇA ELABORADO “SEM RIGOR”

da construção de edifícios para a instalação de serviços públicos”, pode ler-se. O CA é muito claro quanto ao futuro: “se a DSSOPT não resolver o problema das instalações dos serviços públicos a aplicação das políticas definidas pelo Governo fica comprometida”.

RESPOSTAS CONTRADITÓRIAS

O

relatório do CA faz ainda duras críticas à forma como foi elaborado o projecto de construção do edifício dos tribunais, o qual está a ser construído ao lado do quartel de bombeiros, em Sai Van. “Na zona destinada à instalação dos órgãos políticos e judiciais o planeamento e a respectiva construção não foram elaborados de forma rigorosa. A DSSOPT disse que para dar continuidade à zona destinada aos órgãos políticos e judiciais tem de concluir o planeamento dos novos aterros urbanos, e que após a sua conclusão é necessário elaborar o plano de pormenor, os projectos e os trabalhos de execução das obras. Conclui-se que a sua edificação vai demorar mais alguns anos, não tendo sido atingidos os objectivos para a sua construção, nem concretizado, com eficácia, o objectivo definido nas Linhas de Acção Governativa.” Na sua resposta, a DSSOPT não apresenta datas para a conclusão do projecto.

Face aos vários pedidos apresentados pelos organismos públicos para a construção de um edifício, a DSSOPT sempre respondeu que não havia terrenos suficientes para a elaboração de um projecto. Contudo, o relatório do CA contesta as várias respostas dadas pelo organismo liderado actualmente por Li Cafeng. “A DSSOPT disse que, devido à escassez de solos no território

“Os resultados da Auditoria revelam que a DSSOPT não assegurou o cumprimento das suas atribuições e competências no âmbito do planeamento global da construção de edifícios para a instalação de serviços públicos”

não é possível disponibilizar os terrenos existentes, pelo que não se encontra definido um plano de construção dos edifícios públicos. No entanto, no texto de consulta da terceira fase de auscultação pública dos novos aterros urbanos, é omisso o plano de construção de edifícios para serviços públicos, prevendo apenas o plano de construção para órgãos políticos e judiciais e para os serviços das forças de segurança”, aponta o relatório. “A DSSOPT não dispõe de estudos científicos que permitam determinar com rigor a necessidade de construção de edifícios para serviços públicos, por isso, quer os anteriores planos ou o plano dos novos aterros urbanos ou o plano director da lei do planeamento urbanístico podem conter inexactidões, conduzindo à não obtenção de resultados eficazes para resolver a falta de instalações”, defende ainda o CA. Na sua resposta, a DSSOPT garantiu estar a dar atenção a esta questão. “Esta direcção planeia utilizar dois terrenos recuperados para construir edifícios polivalentes para uso dos serviços do Governo.” Não é dada, contudo, uma data para a conclusão do Plano Director do território. “Os departamentos competentes estão a realizar um estudo relativo à estratégia de desenvolvimento urbano e depois elaborar-se-á o Plano Director. Têm-se promovido os trabalhos preparatórios do Plano Director de Macau, recolhendo-se e analisando-se durante a sua elaboração dados das necessidades dos diversos serviços públicos”, é referido. Tal como o HM avançou o mês passado, o Governo gastou mais de 700 milhões de patacas em rendas de privados em 2015. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

RELATÓRIO DO COMISSARIADO DE AUDITORIA

AUSÊNCIA DE UM PLANO É “CAUSA” DE OBRAS CONSTANTES

A

Aliança do Povo de Instituição diz que é a falta de um planeamento urbanístico a causadora de tantas obras nas vias públicas. Chan Tak Seng, presidente da Associação organizadora e Chan Kuai Son,

vice-secretário geral da Associação dos Engenheiros, apontaram que a causa original será “a falta de um planeamento urbanístico geral”, num fórum realizado pela Aliança. Mok Soi Tou, chefe da Divisão de

Coordenação da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) disse que as obras nas vias também pressionam o organismo, mas com o rápido desenvolvimento da cidade as infra-estruturas

subterrâneas não conseguem acompanhar a evolução. Chan Tak Seng frisou que a culpa não é da DSAT, mas é do Governo. “Ao longo dos anos, nunca ousou assumir a responsabilidade e a

obrigação de elaboração de um planeamento geral da cidade porque envolve a deslocação da população, tráfego, turismo e economia, que por sua vez envolvem uma maior mudança no diploma.”


8 PUBLICIDADE

hoje macau quinta-feira 1.9.2016

Aviso

Anúncio O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCT para à 3ª vez do ano 2016 (1)

Fins O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

(2) Alvos de Patrocínio (i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e centros de investigação e desenvolvimento (I&D); (ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para actividades de I&D científico e tecnológico; (iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos; (iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com actividades de I&D; (v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM. (3) Projecto de Apoio Financeiro (i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do conhecimento científico e tecnológico; (ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a competitividade das empresas; (iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial; (iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia; (v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia, considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico; (vi) Pedidos de patentes. (4)

Valor de Apoio Financeiro (1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00) (2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)

(5)

Data do Pedido Alínea (1) do número anterior Todo o ano Alínea (2) do número anterior A partir do dia 1 até 14 de Setembro de 2016 (O próximo pedido será realizado no dia 3 ao 16 de Janeiro de 2017)

(6)

Forma do Pedido Devolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

(7)

Condições de Autorizações Por despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o 《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》. O Presidente do C. A. do FDCT Ma Chi Ngai 2016 / 8 / 31

Avisam-se todos os interessados que estão abertos os concursos comuns, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento dos seguintes lugares, da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, de acordo com as condições referidas no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.° 35, II Série, de 31 de Agosto de 2016, e cujo prazo de apresentação das candidaturas termina no dia 20 de Setembro: - - - - - -

Dois lugares de técnico de 1.ª classe, 1.º escalão, na área de sociologia (contrato administrativo de provimento) Dois lugares de técnico de 1.ª classe, 1.º escalão, na área de engenharia civil (contrato administrativo de provimento) Um lugar de técnico de 1.ª classe, 1.º escalão, na área de gestão de instalações (contrato administrativo de provimento) Um lugar de técnico de 1.ª classe, 1.º escalão, na área de design gráfico (contrato administrativo de provimento) Um lugar de técnico de 1.ª classe, 1.º escalão, na área de ciências da educação (contrato administrativo de provimento) Dois lugares de letrado de 1.ª classe, 1.º escalão, de língua chinesa (um lugar vago no quadro e um lugar de contrato administrativo de provimento) Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, aos 23 de Agosto de 2016.

A Directora, Leong Lai


9 hoje macau quinta-feira 1.9.2016

SOCIEDADE

CPU BIBLIOTECA E EMPRESA DE PEDRO CHIANG EM DISCUSSÃO

Construções ao alto A nova Biblioteca Central, edifícios no Parque da Concórdia, nos Lagos Nam Van e no Pac On e tantos outros vão ser alvo de análise em mais uma reunião do CPU, que acontece segunda-feira

O

Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) vai discutir o projecto da nova Biblioteca Central. Isso mesmo refere a lista de projectos que vão estar em discussão na segunda-feira, naquela que será a 9ª reunião plenária do CPU. Ao todo, são 28 os projectos de plantas de condições urbanísticas em discussão, entre os quais se incluem ainda a construção de edifícios nos Nam Van, que pertenciam a uma empresa de Pedro Chiang e Miguel Wu Ka I. Dos documentos que acompanham o projecto da nova biblioteca, fica a saber-se que o edifício não pode ultrapassar o limite máximo de 53 metros de altura e de 26 metros na parte que fica virada para a Avenida da Praia Grande. Fica numa zona que tem de respeitar a Lei de Salvaguarda do Património e na do “plano da Praia Grande”. O projecto para dois lotes do C6 e C7 dos Nam Van, em frente ao edifício da Assembleia Legislativa e onde a empresa concessionária quer construir torres de habitação, é

outros dos pontos a analisar. O terreno de 4669 metros quadrados foi adjudicado por arrendamento sem concurso público à Companhia de Construção e Investimento Predial Legstrong, da qual eram administradores os empresários Miguel Wu Ka I e Pedro Chiang, condenados por corrupção no escândalo do ex-Secretário Ao Man Long. Foi este responsável, agora preso por 29 anos e meio, quem concedeu o lote: a empresa comprou nos anos 1990 a Casa do Mandarim. Como este imóvel não podia ser deitado abaixo, por ser classificado, o Governo aceitou trocar um terreno pela casa. As torres a ser construídas no local não poderão ter mais de 34,5 metros.

MAIS AGENDA

A construção de armazéns e escritório no lote A da Estrada do Pac On, perto do edifício Pearl On The Lough, é outro dos pontos em cima da mesa. Pertencente à Centro Carga Sino-Macau, o lote de mais de 5500 metros quadrados foi concedido por arrendamento

sem concurso público à empresa gerida pelo empresário e vice-presidente da Câmara de Comércio de Macau Lei Loi Tak, já nos anos 1990. O espaço serviria para o “armazenamento e paletização” de mercadorias chegadas por via aérea, de acordo com o Boletim Oficial analisado pelo HM. Também a construção de um “hotel e parque de estacionamento público” no actual edifício do Casino Fortuna, na Praça D. Afonso Henriques, Rua de Cantão e Rua de Foshan está em discussão no CPU. O local situa-se nas imediações do Farol da Guia, pelo que o Conselho prevê um máximo de altura de 18,2 metros. Ao HM não foi possível apurar se esta construção será um acréscimo ao actual hotel no local. A concessão feita por arrendamento “não tem contrato”, pelo que não é possível investigar o Boletim Oficial. Um dos outros projectos em discussão é o referente à construção de unidades industriais no Parque Industrial da Concórdia.

Concedido por arrendamento sem concurso público em 2002, o lote de nove mil metros quadrados de terreno foi adjudicado à Sociedade do Parque, quando ainda Paulina Alves dos Santos era administradora. O projecto está sujeito a um relatório do impacto ambiental. As instalações do Governo junto aos lagos Nam Van, nos lotes C15 e C16, são também foco da reunião, sendo que os edifícios não poderão ultrapassar os 44 metros de altura.

Ninguém se entende

H

exemplo da zona norte em que a densidade populacional e número de leitores são muito elevados e apenas têm ao seu dispor a biblioteca de Mong Há e algumas salas de leitura. Por outro lado, frisa, há lugares que utilizam as bibliotecas itinerantes que o Instituto Cultural (IC) promove.

TEM MUITO TRÂNSITO

“O antigo tribunal situa-se na zona mais comercial de Macau e enfrenta graves problemas associados ao trânsito. A instalação de uma biblioteca destas dimensões só vai piorar o problema”, afirma ainda.

Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

ABERTO CONCURSO PARA CENTRO DE SAÚDE DA ILHA VERDE

Denúncia de falhas no planeamento urbano

Á falhas de coordenação entre o planeamento urbanístico e as infra-estruturas públicas. É o que diz Manuel Wu Iok Pui Ferreira. O membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) afirma, em declarações ao Jornal do Cidadão, que existem falhas nesta área e prova disso é o novo plano para a Biblioteca Central que vai ocupar o edifício do antigo tribunal. Para Manuel Wu Iok Pui Ferreira, “os lugares que deverão ter uma [biblioteca], não têm, mas os que não devem ter, têm”. De modo a ilustrar a situação, o membro do CPU avança com o

Seguem-se diversas construções na Rua das Lorchas, instalações para os Serviços de Alfândega e uma carreira de tiro para as Forças de Segurança, bem como o projecto de uma moradia em frente à praia de Cheock Van, onde já se encontrava uma vivenda num terreno do Estado. Ainda em discussão estão também as infra-estruturas de apoio ao Centro de Ciência de Macau, no terreno junto à infra-estrutura.

A questão dos arrendamentos a privados e com montantes elevados para abarcar os escritórios do Ministério Público e do Tribunal Judicial de Base também é levantada, com o membro do CPU a dizer que seria mais adequado usar o velho edifício que já foi espaço da justiça

para estas instalações, na medida em que retornaria à sua “função original”. Dez anos depois de já se ter revelado contra a proposta da nova Biblioteca Central, Wu Iok Pui Ferreira mantém a posição. Angela Ka (revisto por SM) info@hojemacau.com.mo

Está dado o primeiro passo para a construção do novo Centro de Saúde da Ilha Verde. O Governo abriu ontem o concurso público para a remodelação do espaço onde vai abrir a nova infraestrutura, prometida desde 2011, altura em que Alexis Tam, na altura porta-voz do Governo, anunciou o novo Centro de Saúde aquando da construção de habitação pública na zona. O Centro de Saúde ficará no Edifício Cheng I, na Avenida do Conselheiro Borja, e terá de estar pronto em menos de um ano (300 dias). Não há preço base para as obras e as propostas têm de ser entregues até dia 12 de Outubro. Nos requisitos para a aceitação do melhor candidato avaliamse o preço e o programa de trabalhos, bem como a experiência.


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Fogo de Artifício CONCURSO REGRESSA COM DEZ EQUIPA

EVENTOS

Jovens pioneiros na berlinda Exposição conjunta de recém-licenciados em Arte arranca em Setembro

É

a primeira vez que jovens licenciados fazem um exposição conjunta de Arte. A “Y Show”, organizada pela Chiu Yeng Culture, arranca a 29 de Setembro e estende-se a 2 de Outubro, juntando recém-licenciados de várias instituições de ensino superior de Macau na área das artes, que vão ter os seus trabalhos expostos no Hotel Regency. A iniciativa surge da necessidade de incutir um espírito criativo e empreendedor nos mais novos, que a organização considera que é colmatada através da partilha de experiências com artistas locais e internacionais. Estes são convidados para expor e para participarem nos vários seminários que irão decorrer durante os cinco dias do evento.

ELEVAR MACAU

Para 30 de Setembro está marcado uma sessão de partilha com diversas personalidades do mundo das artes. Do Japão vem Katsumi Asaba, director de Arte e fundador de um estúdio de Design em 1975. É membro do Comité do Tokyo Art Directors Club e presidente da Associação de Designers Gráficos de Tóquio, tendo recebido diversos prémios no sector. Jianping He, da Alemanha, nasceu na China mas é em Berlim que trabalha, em Design, indústria pelo qual já recebeu inúmeros prémios. Seguem-se Fons Hickmann Matthias, também designer gráfico, escritor e professor de desenho na Universidade das Artes de Berlim.

De Macau, são Mann Lao e Sabrina Ho as convidadas. A primeira é directora-criativa do Chiii Design. Trabalhou em diversas agências de publicidade como a Worldwide em Xangai e a Leo Burnett e foi convidada para trabalhar noutros países para marcas comerciais e projectos culturais. Voltando a Macau em 2011, tornou-se professora de Design de marca no Instituto Politécnico de Macau e, em 2012, criou a Chiii. Co-organiza esta actividade. Já Sabrina Ho é directora da entidade organizadora e membro do Conselho das Indústrias Culturais. Em 2015 foi tida como uma das cem pessoas mais influentes do mercado chinês de arte do mundo. Além desta sessão, que acontece das 11h30 às 12h30, há ainda outros seminários que incidem sobre o

futuro desenvolvimento do Design ( 14h30), a nova geração de designers (16h00) e o futuro da área em Macau, este marcado para o dia 1 de Outubro às 11h30. Marcado para dia 2 está ainda o seminário sobre o impacto do Design na sociedade. Arranca às 14h30. “O objectivo desta exposição também passa pela partilha de informação e conhecimento entre as instituições de ensino local e as do estrangeiro para elevar Macau a um centro para a nova geração de artes e cultura na Ásia”, refere a mesma fonte. “Não adianta trabalhar na criação de novos designs se estes não são aceites. O que torna uma marca rentável e funcional é ser produtiva e aceite pelo público e pelos mercados. É nisso que se devem concentrar”, refere ainda.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA NÃO TE MEXAS • Margaret Mazzantini

A PINTAR ´ O CEU DE MACAU O Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau começa este fim-desemana e estende-se até Outubro. Dez equipas de todo mundo prometem impressionar e, de novo, Portugal marca presença

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OMEÇA já este fim-de-semana o Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau (CIFAM). A partir de sábado e nos dias 10, 15 e 24 de Setembro e 1 de Outubro, a zona ribeirinha em frente à Torre de Macau é o palco escolhido para as dez equipas internacionais pintarem o céu de cores e efeitos pirotécnicos, ao som de música. A organização cabe novamente à Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Helena de Senna Fernandes, directora do organismo, realça que “todos os anos vêm actuar neste espectáculo algumas das melhores empresas do ramo”. Nesta que é a 28º edição há duas estreias: o Canadá e a Roménia. “Muitos visitantes

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Escrito na primeira pessoa, “Não te Mexas” é um pungente monólogo de um homem, um cirurgião, falando com a sua filha de quinze anos. Depois de um acidente de mota, ela é levada para o mesmo hospital onde o pai trabalha. Agora, numa sala adjacente ao bloco operatório, ele espera enquanto um amigo a opera ao cérebro. Enquanto espera, petrificado pelo terror e pela dor, ele começa um diálogo interior com a filha, revelando o seu segredo mais íntimo. Há muitos anos, o cirurgião violou uma mulher, uma imigrante miserável que vivia numa das zonas mais degradadas da cidade. A partir deste episódio, desenvolve-se a mais estranha das histórias de amor, porque ele apaixona-se perdidamente por esta mulher pobre, nada atraente, sem educação, e passa a viver a sua “vida verdadeira” com ela. Até que um trágico acontecimento vem mudar tudo.

PORNO • Irvine Welsh

Sick Boy, protagonista desta narrativa construída a várias vozes (em cada capítulo uma das personagens narra na primeira pessoa), procura a todo o custo reinventar-se como empresário de sucesso do novo milénio, e alcançar finalmente a glória que parece fugir-lhe. O objectivo: conquistar um lugar de peso na indústria da pornografia.


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AS INTERNACIONAIS

hoje macau quinta-feira 1.9.2016

EVENTOS

Artes marciais e acrobacias “The Legendary Swordsman” celebra implantação da República

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ARA comemorar o 67º aniversário de Implantação da República Popular da China vai estrear no Fórum Macau o espectáculo “The Legendary Swordsman”, interpretado pela Companhia de Teatro de Artes Acrobáticas de Guangzhou. Estão disponíveis três sessões, sendo uma no dia 30 de Setembro e as outras duas no dia 1 de Outubro. A performance é um espectáculo acrobático adaptado da obra do escritor Jin Yong e encenado por Shen Chen. “The Legendary Swordsman” inclui artes acrobáticas, mas caracteriza-se sobretudo pela fusão deste género com a dança, o teatro e actuações tradicionais de diversos locais da província de Guangdong, “deixando transparecer o profundo espírito de justiça das cavalheirescas artes marciais chinesas”, de acordo com nota do Instituto Cultural, uma das entidades envolvidas na organização.

E

PUB

vêm de propósito para assistir ao espectáculo”, concluiu.

EQUIPAS “EXTRAORDINÁRIAS”

Todas as empresas presentes no evento são antigas na indústria da pirotecnia e contam com um passado de prémios e participações. Do Canadá, vem a “Feu d’artifice Orion”, criada em 1999 e que conseguiu, em 2015, ser a primeira classificada no Concurso Internacional de Fogo de Artifício Blackpool, no Reino Unido. A companhia pirotécnica da Roménia, “Pyro-Technic Transilvania Ltd”, criada em 1998, produz anualmente mais de 250 espectáculos pirotécnicos. As restantes oito equipas já participaram no CIFAM em anos anteriores. O “Macedos Pirotecnia, Lda” vem de Portugal e participou quatro vezes, tendo sido vencedor

FESTA DOS BRINQUEDOS

no 12.° CIFAM. Organizou o maior espectáculo pirotécnico do mundo, registado nos Recordes Mundiais do Guinness, na passagem do ano em 2006, na Ilha da Madeira, tendo mantido o recorde até 2012. A companhia do Reino Unido, a “Pyro 2000 Ltd”, foi segunda classificada no 12.° CIFAM. É considerada uma das maiores companhias piro-musicais britânicas. A representar a Suíça vem a “SUGYP SA”, criada em 1967 e terceira classificada no 25.° CIFAM. Organiza anualmente mais de 250 espectáculos pirotécnicos. A Marutamaya Ogatsu Fireworks Co, Ltd. participou no 5.° e no 19.° CIFAM, tendo obtido o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente. Vem do Japão. A “Hunan Jingtai Fireworks Co., Inc”, oriunda da província

A Toys “R” Us está de parabéns e festeja dez anos este mês, com algumas iniciativas como forma de agradecer aos clientes. O “100% Cash Back Day” é uma delas e vai decorrer durante o mês de Setembro. Os clientes devem guardar os cupões das compras que fizerem entre os dias 1 e 30 de Setembro e, no dia 8 de Outubro, a loja anuncia quais os dias que foram sujeitos à devolução total do valor gasto. Os clientes que fizeram compras nos dias escolhidos receberão a totalidade do valor da sua compra.

de Hunan, a terra-natal do fogo de artifício do interior da China, conta com mais de 30 anos e foi vencedora do CIFAM em 2014.

PROGRAMA

São dois espectáculos por cada dia, sendo que o primeiro acontece às 21h00 e o segundo sempre às 21h40. A abrir está a equipa da Tailândia e a de Portugal. O tema é “Fantasia Pirotécnica”. No dia 10 as equipas são da Inglaterra e da Suíça e o tema é “Tributo a Bond”. Dia 15 é a vez do Japão e da Coreia do Sul com “Harmonia Lunar de Outuno”. A encerrar o mês de Setembro estão a Itália e o Canadá, com o tema “Estrelas Distantes”, sendo que a Roménia e a China encerram o festival, no dia 1 de Outubro. O tema é “Celebração do Céu”.

A peça tem cinco personagens principais: Linghu Chong, Ren Yingying, Yue Buqun, Oriente Invencível e Ren Woxing e é uma narrativa onde o bem e o mal ocupam lugar central e se erguem a par de acrobacias com elevado grau de dificuldade, onde se inclui uma vara de metal não estática e “todo o tipo de cambalhotas em cima de varas de bambu fixas e móveis, oferecendo ao público um espectáculo

inédito e uma experiência estética da China”. A par, há ainda um enredo que “retrata vividamente o mundo das artes marciais, o espírito heróico dos protagonistas e o fascínio da cultura das acrobacias”. Os bilhetes já se encontram à venda na Bilheteira Online de Macau e custam 200 patacas. A venda de bilhetes é limitada a quatro por pessoa e os lugares não são marcados.


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 1.9.2016

Economia BANCOS ALERTAM PARA AUMENTO DE CRÉDITO MAL PARADO

Carteiras a esvaziar

Empresa americana comprada por milionário chinês

Cada vez mais os chineses têm dificuldade em saldar as suas dívidas. Quem o diz são os gigantes bancários do país que alertam para o aumento do crédito mal parado

U

M empresário da China decidiu pagar 2,33 mil milhões de dólares pela produtora de alumínio norte-americana Aleris Corporation. A Zhongwang USA, uma firma de investimentos controlada por Liu Zhongtian, anunciou em comunicado que vai pagar 1,11 mil milhões de dólares pela Aleris, que tem sede na cidade norte-americana de Cleveland, e pagar as dívidas da empresa, avaliadas em 1,22 mil milhões. Liu é o fundador e presidente da Zhongwang China, que está cotada na bolsa de Hong Kong, e é a segunda maior fabricante do mundo de produtos industriais de extrusão de alumínio. O seu património líquido está avaliado em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista norte-americana Forbes.”Esta aquisição é uma expansão internacional que visa estabelecer uma base de negócios complementares”, afirma o comunicado.

O

S quatro maiores bancos estatais chineses anunciaram um aumento do crédito mal parado, no primeiro semestre do ano, numa altura em que a economia chinesa cresce ao menor ritmo do último quarto de século. Em comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, o ICBC, o maior banco do mundo em capitalização em bolsa e por depósitos, revelou que a taxa de incumprimento entre os devedores em Junho, subiu para 1,55%, acima do valor registado no mesmo mês do ano passado, de 1,50%. A mesma nota detalha que, no primeiro semestre, os lucros do banco subiram 0,8%, em termos homólogos.

INJECÇÃO DE CAPITAL

Os três outros gigantes estatais anunciaram também um aumento no crédito mal parado, à medida que Pequim recorre a crédito barato visando impulsionar o crescimento económico. O Banco da China, o mais utilizado para troca de divisas estrangeiras, disse na terça-feira que a quantidade de crédito malpara-

GIGANTE NA AMÉRICA do subiu para 1,47%, no final de Junho, acima do valor de 1,43% registado em Dezembro 2015. Na semana passada, o China Construction Bank, o segundo maior credor do país, anunciou um aumento da taxa de incumprimento de 0,05%, para 1,63%, enquanto o Agricultural Bank of China fixou aquela cifra em 2,40%, ligeiramente acima do registado no ano passado.

No final do ano passado, o endividamento da China atingiu os 168,48 biliões de yuan o equivalente a 249% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas da Academia de Ciências Sociais da China. A mesma fonte diz ainda que o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo

No final do ano passado, o endividamento da China atingiu os 168,48 biliões de yuan o equivalente a 249% do Produto Interno Bruto

CANADÁ QUER ADERIR AO NOVO BANCO ASIÁTICO

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Alumínio ao preço do ouro

Canadá vai solicitar a adesão ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), do qual Portugal é membro fundador. Os Estados Unidos opõem-se à primeira instituição financeira internacional proposta pela China, mas o ministro das finanças do Canadá, Bill Morneau, comentou que “o Canadá está sempre à procura de formas de gerar esperança e oportunidades para a nossa classe média, assim como para as pessoas de todo o mundo”, acrescentando que ser membro do BAII é uma oportunidade para isso mesmo”. Proposto pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, aquela entidade é vista como uma reacção de Pequim ao que considera o domínio norte-americano

e europeu em instituições globais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Entre as grandes economias do planeta, apenas EUA e Japão não fazem parte do BAII. Vários países aderiram à instituição financeira, entre os quais 14 da União Europeia. A instituição tem sede em Pequim e a China é o accionista maioritário, com 29,78% do capital. O Brasil é o nono maior accionista, com uma quota de 3.181 milhões de dólares e o único membro em todo o continente americano. O anúncio surge à margem da primeira visita oficial do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, à China, para impulsionar os laços económicos entre os dois países e melhorar as relações bilaterais.

as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais. Em Junho passado, um funcionário da Comissão Reguladora do Sistema Bancário da China revelou que nos últimos três anos, os bancos do país amortizaram mais de 300.000 milhões de dólares em crédito mal parado, mais de três vezes o valor do resgate económico acordado em 2011 entre o Governo português e a “troika”. A economia chinesa cresceu 6,9%, em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.

ASSASSINO TORNA-SE MONGE

Em 2000 um homem foi acusado de ter morto três pessoas, mas desapareceu. Foi agora encontrado num mosteiro budista onde adoptou uma nova identidade. Rapou o cabelo e autoproclamou-se monge no templo Longxing no condado de Fengyang. Zhang, assim se chama o fugitivo, tornou-se membro do órgão de consulta político local mas a sua identidade foi revelada quando pediu um passaporte e as suas impressões digitais fizeram correspondência com as do suspeito, desaparecido há 16 anos. Foi detido pela polícia no mosteiro, de acordo com imprensa local.

A Aleria tem 13 unidades de produção espalhadas pelos Estados Unidos da América, Europa e China, e é fornecedora de importantes construtoras, como a Airbus, Boeing e Bombardier. Desde o início do ano, as empresas chinesas já anunciaram mais de 3,9 mil milhões de dólares em aquisições fora do país, nos sectores indústria farmacêutica, biotecnologia e saúde, dez vezes o valor total gasto em 2012, segundo a Bloomberg. O governo chinês tem encorajado as empresas do país a investir além fronteiras como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica. No início do mês, o grupo de investimento chinês Fosun propôs comprar 16,7% do capital do Banco português BCP, por um preço que deverá rondar os 236 milhões de euros, e que poderá reforçar posteriormente a sua participação “para entre 20% a 30%”. Só em Portugal, aquele grupo detém já a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais).

Liu Zhongtian


13 hoje macau quinta-feira 1.9.2016

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M dos maiores altos-fornos do noroeste da China, utilizado na produção de ferro, foi ontem demolido, numa altura em que a segunda maior economia mundial tenta eliminar o excesso de capacidade de produção no sector secundário. Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, 200 trabalhadores iniciaram a demolição do alto-forno número 2 do Baogang Group, uma estrutura com meio século de existência e 1.800 metros cúbicos de dimensão. A sua capacidade de produção anual está fixada em 1,33 milhões de toneladas de ferro No conjunto, a estrutura do forno, oleodutos e outras partes da construção pesam 10 mil toneladas, segundo técnicos responsáveis pela demolição, citados pela Xinhua. É o maior forno a ser demolido na China, desde que Pequim anunciou um plano designado “reforma do lado da oferta”, que visa PUB

CHINA

Corta na produção Demolido um dos maiores altos-fornos do noroeste do país

reduzir o excesso de capacidade na indústria pesada, refere a agência. No ano passado, o maior grupo especiali-

zado em exploração de carvão, no noroeste da China, anunciou que vai eliminar 100.000 postos de trabalho até 2018, para

“tentar minimizar os prejuízos”, num dos maiores despedimentos em massa registados no país nos últimos anos. De acordo com o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China, só nas indústrias do carvão e do aço, a China deverá extinguir 1,8 milhão de empregos. Depois de três décadas a crescer em média quase 10% ao ano, a China cresceu 6,9%, no ano passado, o ritmo mais lento do último quarto de século, enquanto o rápido processo de urbanização regista sinais de abrandamento. Pequim quer transformar o sector dos serviços e o consumo interno nos novos motores de crescimento económico.

SÓCIA DA UBER FECHA ACORDOS COM 50 EMPRESAS DE TÁXIS

O

aplicativo de transporte chinês Didi Chuxing, que este mês adquiriu as operações da Uber na China, assinou ontem acordos de cooperação com 50 companhias locais de táxis, prevendo ampliar as suas operações conjuntas. Os acordos prevêem que o Didi Chuxing disponibilize às empresas os pedidos dos utilizadores do seu aplicativo móvel e a informação recolhida pela sua unidade de ‘big data’(processamento em massa de dados dos clientes), para melhorarem a sua eficiência. As 50 empresas que se aliaram ao Didi Chuxing, uma firma na qual a Apple

investiu 1.000 milhões de dólares em Maio passado, operam numa dezena de cidades chinesas, entre as quais Pequim e Xangai. Com este modelo, a empresa chinesa inclui no seu aplicativo os serviços de 1,8 milhões de taxistas, em 380 cidades, e de condutores privados, em 400. A firma, que tem uma quota de quase 90% do mercado chinês, recebendo por dia cerca de 16 milhões de pedidos, garante que melhorou o sistema para solicitar um táxi, permitindo saber a distância entre os clientes e os condutores, estado do trânsito, e a oferta e procura.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Um cântico agónico e a nostalgia do tempo que passa

GIUSEPPE TOMASI DI LAMPEDUSA, aristocrata siciliano, veio ao mundo a 23 de Dezembro de 1896 em Palermo, e partiu deste mundo no dia 23 de Julho de 1957. A última cidade onde foi visto foi em Roma, na cidade eterna. Entre as suas obras conta-se o romance Il gattopardo (O Leopardo) sobre a decadência da aristocracia siciliana durante o Risorgimento. Em boa verdade à parte isso escreveu pequenos ensaios e uma recolha de textos em prosa, sem grande significado. Esta é verdadeiramente a sua obra. Autor de um só livro, apetece dizer, com propriedade. Deste célebre romance ficou a não menos célebre expressão, infinitamente citada e glosada: Algo deve mudar para que tudo continue na mesma, sugerida pelo príncipe de Falconeri, Tancredi, seu

sobrinho. Impõem-se duas informações. Em primeiro lugar a ideia de que o leopardo fez parte da fauna selvagem de Itália e foi progressivamente dizimado, até à sua completa extinção, o que faz do título da obra uma parábola da decadência da classe social de que faz parte o protagonista, Fabrizio Corbera, Príncipe de Salinas. A monarquia e os aristocratas eram partes de uma raça em extinção. A outra informação prende-se com a adaptação da obra ao cinema levada a cabo por Luchino Visconti, com a designação homónima de O Leopardo, e que projectou ainda mais o romance, talvez para um patamar, que apesar da excelência do texto, o romance não mereça. Em 1959, foi-lhe atribuído o Prémio Strega e, em 1963, como já

disse, o romance foi imortalizado no cinema por Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale nos principais papéis. Giuseppe Tomasi di Lampedusa, duque de Palma e príncipe de Lampedusa, dedicou-se à escrita apenas nos últimos anos da sua vida, no tranquilo isolamento da sua propriedade, sem contacto com o meio literário. O Leopardo, a sua obra-prima, foi o único romance que escreveu. Inicialmente recusado por duas grandes casas editoriais italianas, viria a ser publicado um ano e meio após a morte de Lampedusa, tendo um sucesso imediato junto do público e da crítica, que o considerou uma das maiores obras literárias do século XX. Traduzido em todas as línguas, O Leopardo é já um clássico incontornável da literatura.


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fichas de leitura

O movimento de descida das elites termina no cemitério dos aristocratas. Vilfredo Pareto

P

ODE-SE gostar de um texto, no caso concreto, um texto de ficção por muitos motivos. Eu, em particular, valorizo todas as possibilidades lúdicas ou intelectuais de uma narrativa, a saber a arquitectura, o estilo, a capacidade efabulatória do narrador ou dos narradores, a composição dos personagens, o poder narrativo dos diálogos, a capacidade que um autor pode ter para organizar a intriga e os desenvolvimentos temáticos da história através do dinamismo próprio das múltiplas relações dialógicas dos personagens e finalmente, last but not least os ingredientes formais e puramente estéticos concentrados na palavra e na frase. Não há romances aos quais possamos conceder o estatuto de excelência em todos estes domínios simultaneamente. Há contudo romances que se aproximam deste estatuto e que digamos assim podem ser classificados com distinção em mais de 75 por cento dos itens considerados. Quando isso acontece estamos na presença de uma obra prima e portanto de uma obra de génio. O Leopardo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa conta-se entre o reduzido número de obras que alcançaram esse estatuto. Como se costuma dizer em gíria, falha apenas o pleno por um pequeníssimo pormenor. Mas acontece que por vezes o que parece apenas um pormenor, revela-se, com o tempo e através de um aprofundamento cada vez mais complexo um pormaior, se me faço entender. Momentaneamente, mudando de assunto, deixando a questão do pormenor lá mais para o fim, vou escrever sobre este romance como se ainda estivesse no final do século passado, quando depois de o ter lido pela primeira vez, exultava de entusiasmo e me faltavam os adjectivos encomiosos, laudatórios e apologéticos para descrever o que pensava dele. Para que melhor me compreendam devo dizer que romances assim não são o privilégio de nenhuma tradição em especial, de nenhuma época, de nenhuma literatura nacional particular e também não de nenhum estilo ou mesmo dimensão. Se é verdade que para exemplificar o que disse relativamente à dimensão me apetece imediatamente citar o Guerra e Paz ou a Ana Karenina, de Tolstoi, por motivos óbvios, a verdade é que não é menos justa a referência a um romance moderno de dimensão média como a Conversa na Catedral de Mário Vargas Llosa ou ainda a referência a um texto de dimensão muito reduzida e de uma modernidade

Lampedusa, Giuseppe Tomasi di, O Leopardo, Editorial Presença Lisboa,1995 Descritores: Literatura italiana, Aristocracia, Decadência, Unificação de Itália, Garibaldi, Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo 210 p.:23 cm, ISBN: 972-23-1876-4 Cota: 821.131.1-31 Lam

fulgurante como é o Pedro Páramo de Juan Rulfo, fundador em larga medida do Realismo Mágico sul americano e na mesma medida precursor de obras primas como os Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez, Heróis e Túmulos de Ernesto Sábato, Todos os Fogos o Fogo de Cortázar, O Paraíso de Lezama Lima, e francamente muitos outros, que se os citasse a todos seria fastidioso. O que pretendo portanto é que não há e nunca haverá uma forma para as obras primas e que não será nunca por aí que lá mais à frente procederei a uma pequena revisão deste Leopardo, que porém e aviso não será minimamente suficiente para o retirar da minha galeria das obras literárias da minha vida. Voltando aos grandes paradigmas literários, para mim as figuras patriarcais da tradição que referi, a do realismo mágico, serão sempre Jorge Luís Borges e Rulfo, a que já me referi, contudo, Borges eu coloco-o à margem não porque não tenha tido influência, mas porque a sua obra tal como a de Fernando Pessoa constitui toda uma galáxia literária. Mais do que autores eles são, isto é foram, oficiantes litúrgicos do fenómeno literário e cria-

dores de uma mitologia complexa e são, nesse sentido, inclassificáveis. De dimensão maior ou menor, estes autores e estas obras possuem todos os ingredientes que referi acima e em alguns casos nem precisaram de ser essencialmente romancistas. E agora para que melhor me percebam ainda, atrevo-me a citar alguns grandes romances que não possuem todos os atributos de excelência a que me referi, percebendo-se bem porquê, para quem os leu, claro: Desde logo o Ulisses de James Joyce a que manifestamente falta virtuosismo poético. De uma maneira geral, as grandes obras do chamado fluxo de consciência às quais falta o fulgor dialógico de muitos romances, salvo talvez O Som e a Fúria, embora possam sobrar outros atributos: a capacidade descritiva, os verdadeiros frescos vivos dos lugares e das situações tanto as presentes como as rememoradas, como é o caso, em particular, das novelas de Virgínia Woolf, mas sobretudo a novela Mrs Dalloway ou a novela Até ao Farol. As gigantescas sinfonias que constituem A Morte de Virgílio e Um Homem Sem Qualidades de, respectivamente, Herman Brock e Robert Musil, são exem-

Manuel Afonso Costa

plos de fantásticos monumentos literários que porém não atingem o patamar da excelência em todos os itens considerados, embora se excedam noutros, em compensação. A Morte de Virgílio é pobre em estruturas dialógicas, O Homem sem Qualidades não se transcende no poder de efabulação. Ambos se concretizam sobretudo na composição social, mental e intelectual de uma época, o que não é pouco, mas não possuem o charme ficcional e efabulatório das obras primas do género e o melhor exemplo será talvez A Montanha Mágica de Thomas Mann. Se, então, a perfeição não existe, e trata-se de uma opinião subjectiva e muito pessoal, um exercício intelectual interessante, simétrico do discurso elegíaco e laudatório, seria para cada obra verificar não os motivos da sua grandeza e da genialidade do autor, mas os defeitos que impedem que atinja a perfeição absoluta. Vou por isso deter-me agora um pouco nos eventuais defeitos de O Leopardo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, se é que os tem e eu penso que de facto tem. Devo proceder a uma declaração prévia: a minha formação no domínio da História, sendo este romance histórico em larga medida, assim como as minhas convicções ideológicas no plano sociológico em estreita conexão com a natureza e dinâmica dessas transformações sociais, acrescentada à minha concepção do conceito de época história com as suas variáveis complexas; torna-me particularmente sensível a alguns aspectos idiossincráticos na caracterização das personagens a que o autor não consegue fugir e eu também não. São escrúpulos e preconceitos que se aceitam no autor, mas por maioria de razão já não na análise crítica que naturalmente possui uma distanciação maior e uma perspectiva mais global. Devo deixar já muito claro que as minhas análises se situam hoje muito longe da vulgata marxista da Luta de Classes e que procuro combinar alguns elementos de ordem marxiana, mínima, com a predominância das perspectivas braudelianas e em particular de um historiador que me marcou muito no plano teórico e que foi Paul Veyne, mas atrevo-me a não deixar de lado o grande teórico dos Testamentos e das Ordens como foi o católico, nem marxista, nem fiel aos Annalles, Roland Mousnier, por exemplo, que eu ainda hoje levo muito a sério. Tudo isto, entre muitos outros, como é natural. (continua) *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


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a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 25. O ESTRIPADOR

“M

EU Amor. Estou tão confusa. Não sei se a minha última carta chegou até ti. Sinto-me como um deserto ressequido. Olha para mim com este homem e vajo que nunca houve amor. Hoje voltou a deixar-me aqui presa no quarto. Enquanto procurava algo com que pudesse abrir a porta encontrei uma foto dele quando era jovem com esta outra mulher. É impressionante o quanto ela se parece comigo. Nas costas da foto estas palavras: “Para sempre tua baobei, Xiaolian”. E uma data: 1 de Setembro de 2016. Porque continua ele a guardar esta foto passado tanto tempo? Ele sempre me disse que nunca tinha tido ninguém na vida dele. Nenhuma relação séria. “Para sempre tua” parece-me suficientemente sério não achas? Será possível que este homem tenha alguma vez sido bom? Tenha tido bondade dentro dele? Ele não existe aqui, comigo. Não existe. É uma carne que não existe . é uma alma que não existe mas esta foto que encontrei hoje mostra-o feliz. Com um sorriso e uma aura que nunca vi nele. Será que ele alguma vez foi feliz? Que terá acontecido? Não seria tão bom que ele tivesse sido feliz com ela? Esta tal Xiaolian. Nao sei. Talvez os nossos destinos se tivessem cruzado mais cedo. Talvez. Ou talvez não. Talvez seja este o nosso destino. Tu aí, meu querido Chaoxiong, e eu aqui presa num quarto no meio do Japão. Sinto que começo a dar de mim. A não entender os meus processos mentais. Mas não te preocupes. Esta minha descoberta e eu estar a falar-te sobre ela não tem nada a ver com ciúmes. Não tenho ciúmes por ele. Odeio-o.

Sinto que depois de passar uma certa idade a vida torna-se num processo de perda contínua. As coisas realmente importantes começam a desaparecer. Escapam-se. E as coisas que ocupam o seu lugar são imitações inúteis. Estou sem força física. A esperança. O que é a esperança? O que é a fé? O que são os sonhos? Os ideais? As convicções? O que significam quando já ase perdeu tudo? De que vale o amor? De que vale o amor se não pode ser cumprido? As pessoas que amamos a desaparecer uma após outra. Uns de forma anunciada e outras sem aviso. Simplesmente a desaparecer. E uma vez que as pessoas desaparecem nunca mais voltam. E tentamos encontrar substitutos. Será que é isso que eu sou para ele? Uma substitua da Xiaolian?

Imagina. Apenas flocos de neve solitários a marcar o começo de um inverno que não acaba. Ao fundo existe um templo. Oiço o badalar dos sinos. Oiço

os monges. Todas as manhãs oiço os monges e as suas orações. Oiço os seus passos quando caminham à volta nos seus trajectos de meditação. Sinto estes sons em crescendo. A cada manhã tornam-se mais fortes. Mais profundos. E sinto as reverberações remanescentes. Sinto o fluxo do tempo. E após os sinos do templo do norte aparecem os sinos do templo do sul. Tantos templos e ninguém sabe que eu estou aqui presa. E os quimonos que comprei especialmente para tu mos despires. Será que alguma vez os vais ver? Desculpame se estou emocionada. Se me sinto perdida. Gostava de estar contigo. De não me estar a atormentar com esta dor de não saber o que vai realmente acontecer. De não me atormentar por esta tristeza. Por este arrependimento de não ter ido ter contigo e fugir em vez de me ter deixado levar por um sentimento qualquer de que tinha que lhe dizer que estava tudo acabado. Olha agora como eu estou. De que me valeu ter tentado fazer a coisa certa? Os sinos ecoam no meu coração. Mas por quanto tempo? Odeio este mundo. Odeio esta angústia. Esta inquietação de hoje e tu sempre tão longe de mim. Gostava de ouvir a tua voz. Os teus sussurros quando me dizes que me amas. Por que será que me dói tanto ter descoberto que existiu outra mulher que ele nunca me disse. Que se calhar ainda existe. Ou que pelo menos existe dentro do coração dele. Porque razão guardaria ele a foto se ela não estivesse ainda presente no seu coração? Nunca deveria ter confiado nele. Deveria ter acabado com tudo mais cedo. E mais

cedo valorizar o meu tempo contigo meu amor. E este vácuo dentro de mim que não é indolor. Porque existe maldade? Infortúnio? Sofrimento? Destino? Será este o nosso destino? Será este o meu destino? E este vazio. Este nada. Este nada de nada. Esta manhã esteve uma névoa espessa. Muito acima da neblina, nuvens brancas banhadas em uma luz brilhante que parecia irradiar-se da terra. A luz do sol, com raios oblíquos, conseguiu fazer descobrir a montanha em frente. Uma montanha coberta de pinheiros. Mais perto da janela uma moita de bambu com folhas amareladas. O nascer do sol foi roxo. Incomum. Uma suavidade no roxo cheio de graduações subtis. E a neblina ficou rosa por momentos. Isto poderia ser o lugar perfeito para nós. Eu poderia pintar. E até poderia pintar em papel de arroz. E arrastar os pinceis por entre carmins e por entre curvas na distância de nós. Porque estão as pessoas todas trocadas umas com as outras?


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TEMPO

?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje FILME “SANEAMENTO BÁSICO” (FESTIVAL LATINO MAPEAL) Universidade de Macau, 19h00

MIN

26

MAX

30

HUM

80-98%

EURO

8.90

BAHT

INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU (ATÉ 30/10) IACM, 18h00 FILME “UNA MIRADA AL MAR” (FESTIVAL LATINO MAPEAL) Universidade de Macau, 19h00

O CARTOON STEPH

Diariamente EXPOSIÇÃO “THE RENAISSANCE OF PEN AND INK - CALLIGRAPHY AND LETTERING ART DE AQUINO DA SILVA Armazém do Boi (até 18/09) EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

Cineteatro

C I N E M A

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 70

PROBLEMA 71

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

1.2

MILHÕES AO CUBO

Amanhã

CONCERTO DIDÁCTICO DE BARROCO E CLÁSSICO Fundação Rui Cunha, 16h00

YUAN

AQUI HÁ GATO

PEÇA “HAMLET” COM TIGER LILLIES Centro Cultural de Macau, 20h00 Bilhetes entre as cem e as 250 patacas

Sábado

0.23

Acordei confuso. Não sou das matemáticas, nunca aprendi números e por aqui quem me rodeia é mais ligado às letras. Mas, não sei qual é o fenómeno por entre agendas para aqui e para acolá, que a malta entra redacção a dentro a falar de milhões. São 900 para aqui, quatro mil para acolá, 14 para não sei o quê ou dois ou três, mas tudo em milhões como se de trocos se tratasse. Ora pois bem, patacas à parte - e tirando lugares onde a moeda é realmente baixa falar de quantias com muitos zeros normalmente envolve muito dinheiro. Aqui pelo burgo parece que voam de um lado para o outro e sempre com destino incerto, por um lado, ou nunca muito certos em si, por outro. Não há orçamentos fixos para nada, mas todos são de milhões. Não há datas para findar nada, mas todas envolvem investimentos de milhões. Não há projectos, nem certos, nem incertos e tudo está envolvido em estudos que devem ser dos bons, pelo tempo que demoram e pelos milhões que custam. Tanta repetição nos gastos e mal gastos por cá! E depois o que é que acontece? Ainda há quem diga que se vivem tempos de austeridade, mas devem ser para aqueles que, também sem perceber nada de matemática, têm efectivamente que contar trocados para pagar rendas ou fazer vida por cá e para quem milhares já é muito. Pu Yi

“ADEUS, ÁFRICA- A HISTÓRIA DO SOLDADO ESQUECIDO” (JOÃO CÉU E SILVA)

A história fala de Afonso, um soldado que combateu na guerra colonial e que, no dia em que as tropas portuguesas abandonam o território, ficou esquecido. Durante 11 anos, Afonso vive escondido numa mina até ao dia em que é encontrado, enviado para Portugal e aí começa a ser seguido por um psiquiatra. O que aconteceu a Afonso durante os anos em que combateu? E o que se passou nos anos que esteve escondido? O romance com uma francesa que encantou Salazar, um encontro com Che Guevara e uma história de ódio entre dois irmãos são apenas um breve resumo de uma narrativa que fala sobre uma realidade que continua a ser tabu. Hoje Macau

TRAIN TO BUSAN SALA 1

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

NERVE [C]

Filme de: Henry Joost, Ariel Schulman Com: Emma Roberts, Dave Franco, Emily Meade, Miles Heizer 14.30, 18.00, 19.30, 21.30

CHIBI MARUKO CHAN - A BOYFROM ITALY [B]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Jun Takagi 16.45 SALA 3

THE LETTERS [A]

Filme de: William Riead Com: Juliet Stevenson, Max Von Sydow, Rutger Hauer 14.30, 19.15

SHIN GODZILLA [B]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Hideaki Anno Com: Yutaka Takenouchi, Hiroki Hasegawa, Satomi Ishihara 14.30, 16.45, 21.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 40/P/16

Faz-se saber que no concurso público n.o 38/P/16 para o «Fornecimento e Instalação de Um Sistema Automático de Aviamento de Medicamentos aos Serviços de Saúde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 32, II Série, de 10 de Agosto de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www. ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 25 de Agosto de 2016. O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 12 de Agosto de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Prestação dos serviços da reparação e manutenção das Unidades Resfriadoras de Líquidos «Chiller» e das Unidades de Bomba de Calor de Fonte da Água dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 31 de Agosto de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes do presente concurso devem estar presentes no Departamento de Instalações e Equipamentos (junto ao Centro de Apoio a Doentes) do Centro Hospitalar Conde de São Januário, no dia 5 de Setembro

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS

Faz-se saber que, nos termos do n.º 4 do artigo 58.º, do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos, aprovado pela Lei n.º 21/78/M, de 9 de Setembro, com a nova redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 37/84/M, de 28 de Abril, que durante o mês de Setembro próximo, estará aberto o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau destes Serviços para a cobrança do referido imposto. Mais se faz saber que, tratando-se de colecta superior a $3.000,00 (três mil patacas), a mesma pode ser paga em duas prestações vencíveis em Setembro e Novembro, de harmonia com o disposto no artigo 57.º do mencionado Regulamento, com a nova redacção que lhe foi dada pela Lei n.º 4/90/M, de 4 de Junho.

Aos 2 de Agosto de 2016 O Director dos Serviços Iong Kong Leong

Serviços de Saúde, aos 25 de Agosto de 2016 O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip

FALECIMENTO CECÍLIA CHUNG LEÃO

EDITAL COBRANÇA DO IMPOSTO COMPLEMENTAR DE RENDIMENTOS RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2015

de 2016, às 10,00 horas, para efeitos de visita às instalações a que se destina à prestação de serviços objecto deste concurso. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 6 de Outubro de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 7 de Outubro de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP151.200,00 (cento e cinquenta e uma mil e duzentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

A família de Cecília Chung Leão tem o penoso dever de informar que esta sua ente querida faleceu no dia 26 de Agosto no Centro Hospitalar Conde de São Januário após uma prolongada e dolorosa enfermidade. Deixa o marido João Baptista Manuel Leão, duas filhas, dois genros e três netos. Mais se comunica que o velório terá lugar na Capela Funerária Diocesana de Macau no dia 4 de Setembro (Domingo), das 16:00 às 22:00 horas, devendo ser celebrada uma missa de corpo presente pelas 20:00 horas do mesmo dia. No dia seguinte, 5 de Setembro (2.ª feira) será também rezada uma missa, pelas 11:00 horas, na mesma Capela Diocesana e o seu sepultamento realizar-se-á, pelas 12:00 horas, no Cemitério de São Miguel Arcanjo. A família enlutada agradece penhorada e antecipadamente a todos que queiram estar presentes nesses piedosos actos.

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.º 41/P/16 “OBRA DE REMODELAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DO CENTRO DE SAÚDE DO BAIRRO DA ILHA VERDE” 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16.

Entidade que põe a obra a concurso: Serviços de Saúde. Modalidade de concurso: Concurso Público. Local de execução da obra: Edifício Cheng I, Avenida do Conselheiro Borja. Objecto da Empreitada: Obra de remodelação das instalações do Centro de Saúde do Bairro da Ilha Verde. Prazo máximo de execução: 300 (trezentos) dias. Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de 90 (noventa) dias, a contar da data do Acto Público do Concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. Tipo de empreitada: A empreitada é por Série de Preços. Caução provisória: MOP 2 221 000,00 (dois milhões, duzentas e vinte e uma mil patacas), a prestar mediante depósito em numerário, garantia bancária ou seguro-caução nos termos legais. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). Preço Base: Não há. Condições de admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição ou renovação. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Expediente Geral dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário; Dia e hora limite: Dia 12 de Outubro de 2016 (Quarta-feira), até às 17:45 horas. Em caso de encerramento dos Serviços Públicos da Região Administrativa Especial de Macau, em virtude de tempestade ou motivo de força maior, a data e a hora estabelecidas para a entrega de propostas, serão adiadas para o primeiro dia útil seguinte, à mesma hora. Local, dia e hora do acto público: Local: “Sala Multifuncional” do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau; Dia e hora: Dia 13 de Outubro de 2016 (Quinta-feira), pelas 10:00 horas. Em caso de encerramento dos Serviços Públicos da Região Administrativa Especial de Macau, em virtude de tempestade ou motivo de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas do concurso público, serão adiadas para a mesma hora do dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do DecretoLei n.º 74/99/M, de 8 de Novembro, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Visita às instalações: Os concorrentes deverão comparecer no Edifício Cheng I, Avenida do Conselheiro Borja, no dia 5 de Setembro de 2016 (Segunda-feira), às 15:00 horas, para visita ao local da obra a que se destina o objecto deste concurso. Local, hora e preço para consulta do processo e obtenção da cópia: Local: Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar. Hora: Horário de expediente (das 9:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas). Preço: MOP 5 135,00 (cinco mil, cento e trinta e cinco patacas), local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: A B C D E F

17.

Preço razoável Programa de execução da obra Programa de trabalhos Prazo de execução da obra Experiência em execução das obras Integridade e honestidade

50% 15% 5% 5% 20% 5%

Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, a partir de 31 de Agosto de 2016 (Quarta-feira) até à data limite para a entrega das propostas, a fim de tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Serviços de Saúde, aos 25 de Agosto de 2016

O Director dos Serviços, Substituto Cheang Seng Ip


19 hoje macau quinta-feira 1.9.2016

OPINIÃO

bairro do oriente LEOCARDO

U

MA das coisas que nos salta à vista assim que arredamos os pés de Macau é a quantidade de coisas que não encontramos nos supermercados e mercearias do território. Sim, é verdade que basta ir aqui ao lado a Hong Kong para constatar que os supermercados de lá têm muito mais variedade de produtos, mas é quando vamos mais longe e por mais tempo que nos apercebemos da dimensão do “problema” – pelo menos para mim é um problema, mas já lá vamos. Uma mercearia de esquina na Alemanha ou na Itália, por exemplo, tem nas prateleiras produtos alimentares que aqui seriam catalogados de “gourmet”, e o seu preço seria inflacionado dez vezes. Pode ser que haja quem defenda que os gostos deste lado “são diferentes”, e não vou discordar, de todo. Enquanto noutros lugares as pessoas não se importam de investir nos prazeres da vida, comer num bom restaurante ou ter uma dispensa cheia e variada, em Macau “dá-se valor ao dinheiro”. Não por sensatez, mas mais por falta de alternativas, infelizmente. Quando abordo este tema, gosto sempre de recordar um episódio que se passou comigo há uns anos, quando comprei um gelado de uma marca conhecida numa mercearia aqui perto de casa. Quando perguntei quanto era, a senhora pediu 15 patacas, e enquanto eu tirava o dinheiro do bolso, é para meu espanto que a ouço desabafar“...esse dinheiro dava para comprar duas caixas de arroz”. E eu estava a dar-lhe negócio, convém recordar. Isto passou-se há anos, e apesar de já não custar apenas sete ou oito patacas, uma caixa de arroz continua a ser o que era: uma caixa de esferovite com arroz branco acompanhado de uma quantidade diminuta de carne, peixe ou vegetais, a escolher de umas travessas de alumínio colocadas à porta dos estabelecimentos da especialidade ao final da manhã e depois da tarde. Há quem compre uma caixa de arroz ao almoço, coma apenas metade, e “guarde o resto para o jantar”. Assim como estas que vendem as caixas de arroz, há ainda as lojas de “sopa de fitas”, e quanto a estas não há que enganar, pois há praticamente uma em cada esquina. Pode-se mesmo dizer que é a única aposta em termos de investimento na restauração em Macau em que não se corre o risco de ter a loja completamente às moscas: a qualquer hora do dia há alguém que quer uma “sopa de fitas”. E como escolher? Os entendidos na matéria podem atender a factores como a antiguidade do estabelecimento e um ou outro particular em termos de ementa, mas basicamente são todos a mesma coisa, e leva vantagem aquele que for “mais barato”. Pode servir a melhor “sopa de fitas” do mundo, mas que não se atreva a cobrar 50 patacas por uma tigela de massas (a não ser que seja algum estabelecimento procurado por clientela de fora, normalmente de Hong Kong, e nesse caso pode cobrar aquilo que quiser). Tudo isto não quer dizer necessariamente que em Macau as pessoas tenham mau gosto, ou não gostem de comer bem. O que acontece é uma espécie de “ditadura das prioridades”, e para os chineses em

MICHAEL LANDON E VICTOR FRENCH, A CASA NA PRADARIA

Caixa de arroz & sopa de fitas

“Não é porque não gostem ou porque não queiram que os residentes de Macau se abstêm de aproveitar os pequenos prazeres que a vida lhes proporciona, mas sim porque se tornaram escravos de um esquema pérfido, mais negro que a face mais negra do capitalismo” geral o que está em primeiro lugar é “ter uma casa”, ou seja, habitação própria. No passado era menos complicado comprar uma fracção, mas com a especulação imobiliária empolada por uma interpretação muito singular do conceito de “mercado livre”, tornou-se praticamente impossível a um casal da classe média adquirir uma moradia decente, e mesmo este conceito de “decente” passa muitas vezes por uma caixa de fósforos inflacionada num bloco de 30 andares com oito moradias em cada um deles, e onde vivem literalmente milhares de pessoas. A estes está reservada uma longa dieta de caixas de arroz e de sopas de fitas. Quem já tinha habitação própria e entretanto adquiriu mais uma ou duas, entrou no jogo, que é como quem diz, recuperou o investimento com lucros avultados, ou tornou-se cúmplice do desregrado mercado do arrendamento de imóveis, onde qualquer desculpa serve para se aumentar a mensalidade. Outros investiram nos “lao fa”, os tais imóveis que ainda antes de existirem são vendidos e revendidos várias vezes. A recente bronca envolvendo o edifício Pearl Horizon seria revoltante em qualquer parte do mundo, mas sabendo o que se sabe, como é que os investidores ludibriados daquele empreendimento convencem seja quem for de que se arriscam a ficar a viver na rua se

não for encontrada uma solução? Estas “casas” que tantas vezes se compram e vendem sem que alguma vez tenham entrado nelas estão depletas de humanidade. Não foi ali que conceberam os filhos, ou onde os viram crescer, nem lhes dão qualquer outro valor que não seja o do mercado. E no fim ainda pedem ao Governo que interfira, quando antes queriam tudo menos a sua interferência. Não é porque não gostem ou porque não queiram que os residentes de Macau se abstêm de aproveitar os pequenos prazeres que a vida lhes proporciona, mas sim porque se tornaram escravos de um esquema pérfido, mais negro que a face mais negra do capitalismo. Não é o pragmatismo que os leva a calcular as despesas em caixas de arroz e sopas de fitas, que assim se tornam numa denominação local não-oficial, mas que no entanto consegue ser tão corrente como a própria pataca. E há ainda os que têm e querem mais, que fazem das caixas e das sopas o seu combustível, que avidamente aproveitam promoções de descontos de dez patacas do McDonald’s, passando para fora de Macau a imagem de que no território existe fome endémica, e tudo apenas porque de barriga vazia não se fazem negócios. A esses espera-lhes um dia uma caixa maior, e tudo o que têm para enchê-la é arroz.


“ MORREU ACTRIZ ANNA PAULA

A

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actriz Anna Paula, de 87 anos, cuja carreira passou sobretudo pela televisão, em telenovelas como «Vila Faia» e em filmes como «O Costa d`África», morreu ontem de manhã na Casa do Artista, em Lisboa, indicou a instituição à agência Lusa. De acordo com a Casa do Artista, o corpo da actriz seguirá para a Basílica da Estrela, em Lisboa. Anna Paula, nome artístico de Maria Zulmira Pereira Lemos Zeiger, nasceu a 26 de Maio de 1929, em Braga, foi actriz, professora de teatro e dramaturga. Com uma carreira premiada, iniciada nos anos 1940, teve participações na televisão, no cinema, na rádio, em dobragens e no teatro, tendo trabalhado, nomeadamente, na Companhia de Teatro Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro, no Teatro Estúdio Lisboa, no Teatro da Graça, onde ganhou o Prémio da Crítica para melhor actriz, em 1985, e no Teatro Experimental do Porto. A partir de 1981 integrou o elenco fixo do Teatro Experimental de Cascais e, nessa altura, entrou na série televisiva “Retalhos da vida de um médico”. Foi professora de interpretação da Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, e também participou nas telenovelas “Cinzas”, “Na Paz dos Anjos”, “Os Lobos”, “Nunca Digas Adeus”, “Baía das Mulheres”, e “Ninguém como tu”. No cinema, estreou-se em “Sol e Toiros” (1949), do realizador José Buchs, que relata a história de amor entre um toureiro e uma costureira que queria ser actriz de teatro. Neste filme participaram as fadistas Amália Rodrigues e Fernanda Baptista. Pelo seu trabalho, Anna Paula foi condecorada pela Câmara Municipal de Cascais em 1994.

ave de aventura, / por (a)ventura te deste / ao mundo, / um voo quase solitário por entre / brumas e luzeiros. / o temporal das naus afundadas / voltou e Camões triste / a oriente foi náufrago de regressos adiados, /sei / que estavas só na tormenta, / mas / salvou-se o poema” Jorge Arrimar

Direitos Humanos HRW APELA AO G20 PARA PRESSIONAR A CHINA

A voz dos oprimidos

O

S líderes dos países membros do G20, que se reunirão na próxima semana na China, devem apelar ao Governo chinês para que acabe com a repressão “implacável” sobre activistas chineses, defendeu a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW). Numa carta dirigida aos líderes das maiores economias do mundo, a organização de defesa dos Direitos Humanos apela ainda para o protesto contra as restrições impostas por Pequim à participação de grupos da sociedade civil na Cimeira do G20. “O desprezo da China por activistas é evidente na repressão levada a cabo no seu território e nas restrições impostas durante a Cimeira do G20”, afirma em comunicado divulgado ontem Sophie Richardson, directora para a China da Human Rights Watch. “É importante que os líderes do G20 chamem a atenção, publicamente e em privado, para as práticas abusivas da China, ou então que partilhem da culpa pelo vergonhoso tratamento dado aos activistas durante a Cimeira”, acrescentou.

CONTROLO APERTADO

A organização aponta os esforços chineses para reprimir a sociedade civil, incluindo sobre manifestantes anti-corrupção ou activistas pelos direitos dos trabalhadores, recorrendo a ameaças e perseguição, ou a leis restritivas, como a nova directriz que limita a actuação das organizações não-governamentais. Durante a liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas. A carta foi enviada para a Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Japão, México, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos da América. “Se o G20 quer seriamente ouvir grupos da sociedade civil, os seus líderes devem então visitar as prisões chinesas, e não as salas

quinta-feira 1.9.2016

“É importante que os líderes do G20 chamem a atenção, publicamente e em privado, para as práticas abusivas da China, ou então que partilhem da culpa pelo vergonhoso tratamento dado aos activistas durante a Cimeira”

ECONOMIA CONTRAI EM MAIS DE 7%

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economia registou uma contracção de 7,1% em termos reais no segundo trimestre de 2016, em relação ao mesmo período do ano anterior, arrastada pela queda do sector do jogo, segundo dados oficiais ontem divulgados. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 7,1%, em termos reais, uma contracção menor que a registada no primeiro trimestre, de 13,3% em termos anuais. Esta “melhoria” deve-se “principalmente ao abrandamento da tendência decrescente das exportações de serviços e do investimento”. A procura externa “continuou fraca”, registando-se, entre Abril e Junho, descidas de 24,7% nas exportações de bens, de 12% nos serviços de jogo e de 7,4% noutros serviços turísticos. A procura interna “continuou a abrandar”, verificando-se decréscimos de 2,2%, de 15,2% e de 16,2%, respectivamente, na despesa de consumo privado, no investimento e nas importações de bens. A despesa de consumo final do Governo foi o único principal componente da despesa que registou um crescimento positivo – aumentou 4,5% em relação ao segundo trimestre de 2015. Apesar da queda do PIB, as remunerações dos empregados e as aquisições líquidas de bens e serviços ascenderam 3% e 7,3% respectivamente. O investimento do sector público aumentou 41,7%, com subidas de 40% em construção e 59,5% em equipamento. O PIB alcançou 83,8 milhões de patacas no segundo trimestre do ano. Entre Abril e Junho, o deflactor implícito do PIB, que mede a inflação global, ascendeu 0,1% em termos anuais.

SOPHIE RICHARDSON DIRECTORA PARA A CHINA DA HUMAN RIGHTS WATCH de conferências de Hangzhou”, apontou Richardson. “Permitir que a China receba este evento e permanecer em silêncio sobre os abusos irá enviar ao Governo chinês - e às pessoas na China - uma mensagem completamente errada”, apontou.

Ao contrário dos governos e da opinião pública dos países mais ricos, que tendem a enfatizar a importância da liberdade política individual, as autoridades chinesas defendem “o direito ao desenvolvimento” como “o mais importante dos direitos humanos”.

PINTO LIVRO MUDA DE SÍTIO

A Pinto Livro, que tinha encerramento marcado para 30 de Setembro, afinal vai mudar de sítio. O comunicado é feito pela livraria na sua página do Facebook e está previsto que continue na zona velha da cidade.


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