Hoje Macau 10 NOV 2016 #3693

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QUINTA-FEIRA 10 DE NOVEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3693

MOP$10 AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

PEREIRA COUTINHO

As linhas da ira PÁGINA 5

NOTÁRIOS

Revisões ao Código SOFIA MOTA

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PÁGINA 4

PAKEONG SEQUEIRA

EUA | DONALD TRUMP ELEITO PRESIDENTE

O triunfo dos tortos EVENTOS

GRANDE PLANO

FORTES MUDANÇAS EVENTOS

HONG KONG

A SAGA CONTINUA PÁGINA 12

h Espiões ANTÓNIO CABRITA

Ignorância JOSÉ DRUMMOND


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ESTADOS UNIDOS DONALD TRUMP É O NOVO PRESIDENTE ELEITO

GRANDE PLANO

O GRANDE ERRO

LUSA

As sondagens davam a vitória a Hillary Clinton, os jornais estiveram ao lado dela, o resto do mundo também – ou quase. Mas os norteamericanos foram às urnas e votaram diferente: escolheram um homem que, até há bem pouco tempo, nem sequer se imaginava que pudesse chegar a candidato. Agora, é o Presidente eleito. Donald Trump é sinónimo de que em política tudo pode acontecer

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ITO anos depois de terem escolhido o primeiro Presidente negro da história do país, os Estados Unidos elegeram ontem um candidato que fez uma campanha dirigida, sobretudo, aos homens brancos – deixando de fora os de outras cores e as mulheres, brancas ou não. A vitória de Donald Trump surpreendeu meio mundo, e o outro meio mundo talvez, que a confiança depositada nas sondagens era muita. Apesar de uma recuperação de terreno na última semana e meia, o republicano estava atrás da candidata democrata. Ontem, quando chegou a hora de contar os votos, foi Hillary Clinton que perdeu. “Eu sei que nós, cidadãos americanos, estamos descontentes com o actual sistema, mas jamais poderia imaginar uma maioria desta dimensão incapaz de se sentir incomodada com a óbvia falta de qualificação e com a ausência de princípios morais de Donald Trump”, reage Linda Switzer, a

viver há nove anos em Macau. “Estou profundamente triste e zangada com a ignorância”, acrescenta a vice-presidente de uma das operadoras de jogo do território. Ardyth Comper, residente de Macau há oito anos, mostra-se menos surpreendida, apesar de partilhar o estado de choque. “Não posso dizer que estivesse à espera, mas também não fui propriamente apanhada de surpresa. Podia ser para qualquer um dos lados”, diz, justificando com o facto de Hillary Clinton não ser uma “candidata arrebatadora”. Compter, que veio para Macau trabalhar para uma empresa especialista em software de casinos, confessa estar “envergonhada” com o sentido de voto do seu país. “Não sou fã de Clinton, mas sinceramente acho que o Donald Trump é um ser humano aterrorizador. Não é o exemplo que eu quero para os rapazes americanos. Ele enfatiza o medo e o ódio, não a oportunidade e o desenvolvimento”, considera. Para a americana,

os dois candidatos eram maus, mas venceu claramente o pior: “É uma pessoa terrível”. Ashley Sutherland-Winch, especialista em marketing, também não estava à espera do desfecho de ontem. “A minha única esperança é que o Presidente eleito seja capaz de respeitar os direitos da

“Jamais poderia imaginar uma maioria desta dimensão incapaz de se sentir incomodada com a óbvia falta de qualificação e com a ausência de princípios morais de Donald Trump.” LINDA SWITZER RESIDENTE DE MACAU

comunidade LGTB, [a decisão do Supremo Tribunal sobre o aborto] Roe v Wade, e mantenha as relações entre a China e os Estados Unidos”, desabafa. “Estou muito preocupada com o que isto significa para o nosso futuro.”

MENTIR PARA AS SONDAGENS

Para Rui Flores, especialista em relações internacionais, os resultados da eleição “são uma surpresa, naturalmente”. Uma surpresa maior quando se tem em conta o que as sondagens nos foram dizendo e uma lição para a ciência política. “As sondagens não se dão bem com o populismo. Foi agora sim, nos Estados Unidos, foi assim em Junho, foi em Maio na Áustria. Sempre que o populismo se mexe, sempre que candidatos populistas estão quase a ganhar eleições, as sondagens não o demonstram”, diz. E porquê? “As pessoas têm alguma vergonha em dizer que vão votar no deputado populista, porque o media mainstream faz, de facto, campanha pelo outro candidato.”


RESULTADOS* • HILLARY CLINTON

228 votos eleitorais | 59408297 votos

• DONALD TRUMP

Na lógica de comunicação que hoje temos, “o candidato populista fica fora, não recebe o apoio do media mainstream, e como a narrativa construída é a de que há um candidato que é muito pior do que os outros – é um candidato que não tem formação, que não tem capacidade, que não tem experiência –, as pessoas não têm coragem, têm vergonha de dizer que vão votar nesse candidato”. Na hora de votar, sem ninguém a ver, votam em quem querem, sem pruridos. “Não me parece que o problema seja a capacidade técnica dos institutos de sondagens, mas sim a incapacidade que têm de avaliar a dimensão da popularidade dos candidatos populistas”, vinca Flores. O analista dá um exemplo: ontem de manhã, o New York Times tinha como previsão inicial a vitória de Hillary Clinton com 322 votos eleitorais. O jornal enganou-se redondamente. “Isto é também uma derrota para o media mainstream. No caso dos Estados Unidos, em que há a tradição de os jornais apoiarem um dos candidatos, há um dado significativo nestas eleições: a eleição de Trump foi apoiada por um jornal nos Estados Unidos, um jornal do Texas. Todos os outros apoiavam Hillary Clinton, apoiavam terceiros candidatos e houve até alguns jornais que disseram ‘não votem em Trump’.” Feitas as contas aos votos, “há aqui um desfasamento total entre os media mainstream e o que a população quer”. Rui Flores alerta para uma outra questão que esta análise suscita: saber-se quem é que controla os jornais. “Vimos curiosamente Julian Assange, praticamente na véspera das eleições, a dar uma entrevista à Russia Today em que afirma que a política norte-americana, nomeadamente Hillary Clinton, é de certa forma controlada pela grande banca internacional, pela finança internacional. Essas entidades provavelmente conseguem ter algum poder para irem construindo uma narrativa em que o apoio a um candidato é melhor para o sistema do que o apoio a outro candidato.”

OS DOIS PAÍSES

Ardyth Comper olha para os resultados eleitorais e diz, sem hesitar, que demonstram que “as pessoas votaram com as emoções”. “Não havia nada em Hillary Clinton que fizesse os eleitores dizerem ‘Sim! Queremos votar nela!’, como aconteceu com Obama há oito anos”, aponta a norte-americana. “Parece-me que este voto demonstra que as pessoas estão fartas”, analisa Rui Flores. Estão fartas do sistema, “estão fartas desta questão de haver duas ou três

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*até ao fecho da edição

hoje macau quinta-feira 10.11.2016 www.hojemacau.com.mo

276 votos eleitorais | 59221749 votos

“Não sou fã de Clinton, mas sinceramente acho que o Donald Trump é um ser humano aterrorizador. Não é o exemplo que eu quero para os rapazes americanos. Ele enfatiza o medo e o ódio, não a oportunidade e o desenvolvimento.” ARDYTH COMPER RESIDENTE DE MACAU famílias nos Estados Unidos que vão sucedendo no poder – estou a pensar nos Kennedy, nos Bush, nos Clinton. Este voto parece-me um grito contra isso”. Para o especialista em relações internacionais, a vitória de Trump permite ainda outra leitura: “Parece-me que há claramente uma divisão nos Estados Unidos entre o mundo rural e o mundo urbano”. A eleição deste Presidente demonstra que “é um país dividido ao meio, entre uma América mais tradicional, mais agrária, mais rural, e uma América mais progressista, mais moderna, mais cosmopolita – são dois mundos completamente à parte”. Ana Borges, antiga residente de Macau a viver no Kansas, é mais incisiva: a vitória do repu-

blicano, um facto que a deixou profundamente desagradada, demonstra que os Estados Unidos não são aquilo que parecem. “Os norte-americanos consideram-se a maior nação do mundo mas, em termos sociais, estão ao nível do terceiro mundo”, atira. E agora? Agora há medos, vários. Linda Switzer entende que “a vitória de Donald Trump tem ramificações a longo prazo para o país por muitas razões, mas sobretudo no que diz respeito aos assentos que vão ficar vagos no Supremo Tribunal”. A norte-americana acredita que “os fundamentos religiosos vão fazer regredir o direito de escolha das mulheres e os direitos da comunidade LGTB”. Em suma: “É um dia muito triste para os nossos filhos e os nossos netos”. Noutro plano, Switzer destaca o impacto imediato nos mercados financeiros de todo o mundo – as bolsas europeias abriram ontem em queda, as asiáticas fecharam a perder. “As relações internacionais com a China e com a Rússia vão ser ainda mais ténues. São tempos assustadores.” Ardyth Comper mostra-se ligeiramente mais optimista, até porque “Donald Trump é o tipo de rico viciado em Wall Street”. “É do interesse dele que tudo continue como está para poder continuar a fazer dinheiro.” Mas há aspectos em que os Estados Unidos deverão mudar: “Vai ofender muita gente, provavelmente, ao estilo de Duterte, mas não acredito que vá fazer grandes ondas”. A americana destaca que a máquina governamental é enorme. “Sim, o Presidente é a pessoa mais poderosa, mas é apenas uma pessoa.” Os republicanos conquistaram também ontem o controlo do Sena-

do norte-americano, depois de já terem assegurado a Câmara dos Representantes. “São todos do mesmo partido de Trump, mas vão alinhar no mesmo discurso? É difícil dizer”, continua Comper. “Quando se olha para áreas como o Pentágono e a Defesa, há muitas coisas que estão de tal modo enraizadas que é difícil alterá-las de um dia para o outro”, acrescenta. Ardyth Comper partilha, no entanto, do receio de Linda Switzer em relação à justiça e ao modo como vai ser constituído o Supremo Tribunal. Como emigrante, Ana Borges não teme alterações sociais no modo como vive, mas acredita que em breve começará a caça aos ilegais, sendo que “será mais difícil para quem quiser emigrar para os Estados Unidos”.

CAIXA DE SURPRESAS

“A única certeza que fica destas eleições é que vivemos num mundo cada vez mais imprevisível”, nota Rui Flores. A imprevisibilidade é a nova tendência: “As surpresas eleitorais vão continuar a acontecer, o fenómeno do populismo está a aumentar no mundo. A imprevisibilidade política vai ser a grande questão para o futuro e as bolsas de valores a caírem um pouco por todo o mundo demonstram isso”. A eleição de ontem foi, de algum modo, a abertura de uma caixa de surpresas. E “as surpresas vão suceder-se, sobretudo com a implementação de possíveis políticas trumpianas”. Resta agora saber se o vencedor vai avançar com as promessas que tantos eleitores moveram. “Vai o muro ser construído, a separar a América do México? Quem vai pagar? Como é que vai pagar? Os muçulmanos

vão poder deixar de entrar nos Estados Unidos? Como? O que é que vai acontecer aos que lá estão? O Estado Islâmico vai ser derrotado, como prometeu Donald Trump? Como? Com tropas no terreno? Os Estados Unidos vão sair da Europa?”, lança o analista. Num futuro difícil de imaginar, os Estados Unidos deverão regressar “ao isolacionismo, que é uma escola que tem história nos país”. Numa perspectiva mais abrangente, há que observar como vai ser o relacionamento com Moscovo, alerta Rui Flores. “É a questão essencial de tudo isto. Donald Trump diz que é preciso dialogar com a Rússia – vamos ver como é que ele vai tentar levar a bom porto essa lógica do relacionamento mais próximo com a Rússia”, afirma, recordando que muitos julgam que se trata de uma ameaça para os Estados Unidos.

“A única certeza que fica destas eleições é que vivemos num mundo cada vez mais imprevisível.” RUI FLORES ANALISTA E a China? A China dizia ontem, através de um editorial do Global Times, que Trump serve melhor a Pequim do que a adversária derrotada. Já depois de eleito o 45o Presidente norte-americano, a diplomacia chinesa declarou que acredita que poderá trabalhar com os Estados Unidos no sentido de manter um “desenvolvimento estável e equilibrado” das relações bilaterais e uma gestão “responsável” dos desacordos. Na campanha eleitoral, recorda Rui Flores, Donald Trump “foi dizendo que era preciso aumentar a presença militar norte-americana no mar do Sul da China, que é preciso investigar e punir a China por práticas comerciais desleais, que quer designar a China como um manipulador da divisa e que quer garantir que os Estados Unidos conseguem travar os ataques cibernéticos oriundos do gigante asiático”. São estas as grandes políticas de Donald Trump para o relacionamento sino-americano. Se vai mudar de ideias e perceber que são um erro, um grande erro, só o futuro o dirá. Isabel Castro

isabel.castro@hojemacau.com.mo


4 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

Notários GOVERNO PODERÁ MEXER NO CÓDIGO DO NOTARIADO

GCS

POLÍTICA

Testamentos eternos Há limitações que impedem os notários privados de tratar de certos processos, o que faz com que sejam obrigados a recorrer aos notários públicos. A morosidade do funcionamento leva a bloqueios em muitos casos, que o Governo admite resolver através de uma alteração ao Código que regula a profissão

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GCS

hoje votada na Assembleia Legislativa (AL) a alteração ao regime dos notários privados, mas o Governo admite vir a estudar mais mudanças legislativas que possam contornar as actuais “limitações de competências dos notários privados para realizarem certos actos”. A ideia surge no parecer assinado pela comissão da AL responsável pela análise do diploma na especialidade. “O Código do Notariado obriga a que estes actos tenham de ser praticados por notários públicos, para evitar eventuais conflitos de interesses que possa existir nos notários privados, que exercem também uma actividade remunerada como advogados. Têm-se verificado alguns casos de morosidade no recurso aos notários públicos, que nem sempre conseguem dar resposta em tempo útil às solicitações do público, o que pode ser particularmente problemático no caso do testamento, ou revogação de testamento, quando o interessado já tenha uma idade avançada.” O parecer indica que o Executivo “esclareceu que esta questão

poderá eventualmente ser considerada numa futura intervenção legislativa”, sendo que a revisão que vai hoje a votos “não pretende introduzir nenhuma alteração ao Código do Notariado. É uma matéria complexa, que terá de ser alvo de mais estudos”.

LICENÇAS POR DEFINIR

O parecer da comissão presidida pela deputada Kwan Tsui Hang revela ainda que não existe, por enquanto, um número certo de licenças a atribuir na realização do primeiro curso após a implementação do novo estatuto dos notários. “O proponente [Governo] informou que não seria possível apresentar um número concreto de licenças a atribuir na sequência de cada concurso, nomeadamente no primeiro curso que venha a ser aberto, por tal ser uma questão ainda em ponderação.” Apesar disso, prevê-se que 150 advogados inscritos na Associação dos Advogados de Macau possam frequentar os cursos, por terem mais de cinco anos de carreira. A nova lei prevê que, para serem notários privados, os causídicos devem revelar “valores

éticos e deontológicos acima de qualquer suspeita”, não podendo estar suspensos preventivamente ou terem sido alvo de condenações em “processo disciplinar pelo Conselho Superior de Advocacia em penas disciplinares gravosas”. Além de admitir a falta de recursos humanos que impedem a abertura de mais cartórios notariais, o Governo garante que, em todos estes anos, desde a transferência de soberania, os notários privados não geraram problemas. “O proponente (Governo) informou a comissão que não há muitas reclamações do público sobre a actividade dos notários privados e que o funcionamento dos notários privados é considerado adequado e correspondendo às necessidades notariais actualmente sentidas em Macau. Em geral não tem havido questões disciplinares, conflitos de interesses ou outros problemas de funcionamento dos notários privados com advogados que careçam de uma intervenção legislativa neste momento”, conclui o documento.

Falar lá fora

Alexis Tam aposta no conhecimento linguístico com novas medidas

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Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

plano para o reforço da aprendizagem de línguas estrangeiras é lançado já no próximo ano. A garantia foi dada ontem pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, em entrevista ao jornal Ou Mun. Alexis Tam adianta que a concretização da medida será feita através da concessão de bolsas de estudo a alunos já graduados para que possam aperfeiçoar conhecimentos e alargar os seus requisitos linguísticos no estrangeiro. O governante recorda que, quando assumiu o cargo, procedeu de imediato ao aumento do investimento nos recursos que visam o ensino do português de modo a promover e desenvolver o ensino da língua. Sendo um dos idiomas oficiais do território, faz parte da estratégia de cons-

Têm-se verificado alguns casos de morosidade no recurso aos notários públicos, que nem sempre conseguem dar resposta em tempo útil às solicitações

trução de Macau enquanto “um centro e uma plataforma”. O plano que vai entrar em vigor no próximo ano visa, essencialmente, o reforço das competências em línguas estrangeiras através da promoção das deslocações ao exterior, de modo a aprofundar e solidificar conhecimentos. Alexis Tam fez ainda um balanço do ensino de português no território. O Secretário salienta que é intenção da tutela a implementação do ensino do português nas escolas públicas locais. Além disso, está nos planos do governante o incentivo ao ensino da língua também nos estabelecimentos privados. Paralelamente, o Secretário refere que é intenção do Executivo promover a língua junto dos funcionários públicos, proceder ao desenvolvimento da formação bilingue no ensino superior e à publicação de manuais de português. Na mira está ainda a promoção de Macau enquanto centro de tradução através do desenvolvimento do projecto de tradução automática em chinês, português e inglês. “A partir do próximo ano, os alunos licenciados podem pedir bolsas de estudo para ir

para outros países também, como os Estados Unidos da América, Canadá, Inglaterra e Austrália de modo a reforçar o inglês, ou irem para os países da língua portuguesa como Portugal e o Brasil para aperfeiçoar o seu português”. Outra opção apontada pelo Secretário é a possibilidade de ir para “instituições educativas excelentes no Interior da China de modo a consolidar o mandarim,” disse.

OUTROS CURSOS NA MANGA

Além do ensino linguístico, Alexis Tam afirmou a intenção de alargar a possibilidade de estudos no estrangeiro a outras áreas de conhecimento. “Além do curso de Direito e Gestão, pode-se também incluir especializações como a Medicina ou Construção Civil,” referiu, salientando a vontade, por parte do Governo, de que cada vez mais residentes locais possam ir para Portugal para aprofundar os seus estudos. Angela Ka (revisto por SM) info@hojemacau.com.mo


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“Um jogo de nepotismo”

POLÍTICA

ANTÓNIO FALCÃO

hoje macau quinta-feira 10.11.2016

Pedida intervenção do CCAC em Mong-Há

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d e p u t a d o José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde defende a intervenção do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) no processo referente à construção de habitação pública e pavilhão na zona de Mong-Há. “Tendo em conta os grandes interesses do público envolvidos neste caso, o Governo deve mandar intervir o CCAC para efeitos de investigação em relação à suspensão, o processo de realização de um novo concurso público e o valor envolvido. Vai fazê-lo?”, questiona. Recentemente, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, recusou divulgar os valores envolvidos porque os jornalistas “insistem em dizer que a compensação é indemnização, quando não é”. “O respectivo projecto envolve centenas de milhões de patacas do erário público e tem uma relação íntima com a vida dos residentes. Contudo, o Governo só apresentou algumas palavras vagas ao público e não revelou nada sobre o respectivo caso. Porquê?”, disse ainda o deputado, que fala de uma situação que resulta em “três prejuízos”. “Primeiro, Macau é uma cidade com poucos terrenos, mas com muita gente a viver, portanto a oferta insuficiente de habitação é compreensível. Mas o respectivo projecto foi suspenso há quatro anos, deixando nesse período o terreno por aproveitar. Assim sendo, quando os residentes que estão a suportar um preço elevado das casas tomarem conhecimento disto, é natural que tenham muitas queixas para apresentar. Em segundo lugar, as obras estão atrasadas quatro anos, o que resulta num aumento do custo de construção e num grande montante de indemnização. Em terceiro, os serviços em causa recusaram revelar qualquer conteúdo sobre este caso, parecendo que há um jogo de bastidores e uma espécie de nepotismo”, rematou. A.S.S.

AL PROJECTO DE LEI DE PEREIRA COUTINHO NÃO PODERÁ SER VOTADO HOJE

Trocas e baldrocas

O projecto de lei do deputado José Pereira Coutinho não poderá ser hoje votado na generalidade por este não se encontrar em Macau. O deputado garante estar “incrédulo” com o agendamento do diploma nesta altura, pois já tinha informado Ho Iat Seng da sua ausência do território

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OSÉ Pereira Coutinho deveria estar hoje na Assembleia Legislativa (AL) para apresentar e ver votado na generalidade o seu projecto de lei que visa a protecção da ilha de Coloane, mas não está. Ainda assim, o presidente da AL, Ho Iat Seng, agendou o debate sobre o diploma de Coutinho, que nem poderá ser apresentado pelo número dois do deputado, Leong Veng Chai, pois este não é co-autor do articulado. Em declarações ao HM, José Pereira Coutinho garante ser a primeira vez que tal acontece no hemiciclo e mostra-se “incrédulo” com o tratamento dado por Ho Iat Seng. “O presidente da AL não teve a mínima gentileza em comunicar comigo antes de agendar o projecto, depois de estar quase meio ano à espera. Se calhar não gostou do facto de eu ter dito publicamente que ele tem pretensões de ser o próximo Chefe do Executivo.” Coutinho garantiu que já tinha informado por escrito Ho Iat Seng quanto à sua ausência do território, estando neste momento em Lisboa a participar no congresso sindical dos países lusófonos em representação da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), à qual preside. O deputado disse ainda que só estará de regresso ao território no dia 13 deste mês. “Da mesma forma que Ho Iat Seng comunica com o Governo para a apresentação na generalidade das propostas de lei, deveria ter comunicado comigo antes de agendar o meu projecto. Sinto-me discriminado na

forma como ele, na qualidade de presidente da AL, se relaciona com os membros do Governo e comigo”, acrescentou Coutinho, que alertou para o facto de o seu diploma se relacionar com a lei de terras em vigor. O HM tentou obter explicações junto de Ho Iat Seng, mas até ao fecho da edição não foi possível ter um comentário.

LEI SINDICAL NA AGENDA

O debate de hoje será destinado à votação de outras propostas de lei, nomeadamente a revisão das leis de combate ao branqueamento de capitais e terrorismo. Os diplomas, em vigor há dez anos, vão agora sofrer alterações que prevêem a inclusão de mais crimes, incluindo a compra e venda de votos em actos eleitorais e recenseamento eleitoral. De frisar que o procurador da RAEM, Ip Son Sang, disse na abertura do ano judiciário que é difícil

“O presidente da AL não teve a mínima gentileza em comunicar comigo antes de agendar o projecto, depois de estar quase meio ano à espera.” PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

às autoridades encontrar provas do crime de branqueamento de capitais, existindo uma alta taxa de arquivamento dos processos. Outro projecto de lei importante na agenda é a lei sindical, apresentado pelos deputados que representam a Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM): Kwan Tsui Hang, Ella Lei e o vice-presidente da AL, Lam Heong Sang. Com um total de 40 artigos, o actual projecto de lei sindical deverá manter as mesmas características em relação aos diplomas já apresentados e chumbados. Este “mantém os princípios gerais que são fundamentais, sendo que sofreu pequenas alterações ao nível de alguns detalhes”, disse Kwan Tsui Hang recentemente ao HM. A última vez que este diploma foi votado foi em Janeiro, tendo sido na altura chumbado por 18 deputados. A maioria dos membros do hemiciclo considera que este não é o momento oportuno para legislar sobre a matéria, dado o mau momento que as receitas do sector do jogo atravessam, apesar da ligeira subida nos últimos meses. O dia de hoje será ainda dedicado a votar na especialidade o novo estatuto dos notários privados, aprovado em 1999, cuja revisão prevê mais regras para a formação dos notários e o acesso a essa área. Caso seja hoje aprovada, a nova lei determina que um advogado terá de ter mais de cinco anos de profissão para ser notário privado. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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hoje macau quinta-feira 10.11.2016

E X T R A C TO D E AV I S O Faz-se público que, de harmonia com o despacho do Secretário para a Segurança, de 06 de Julho de 2016, se acha aberto o concurso comum abaixo indicado, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento: l Em regime de contrato administrativo de provimento, de um lugar de assistente técnico administrativo de 1.ª classe, 2.º escalão (oficina de reparação de automóveis – área de bate-chapa), da carreira de assistente técnico administrativo da Direcção dos Serviços Correccionais (Concurso n.º 2016/I03/AP/ATA). O aviso do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 43, II Série, de 26 de Outubro de 2016, com o prazo de inscrição entre 27 de Outubro e 15 de Novembro de 2016. Os interessados podem consultar o referido aviso, dentro das horas de expediente, no Centro de Atendimento e Informação da Direcção dos Serviços Correccionais (endereço: Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar “A”, Macau) ou no Website da Direcção dos Serviços Correccionais: www. dsc.gov.mo. Para qualquer esclarecimento, é favor entrar em contacto, nas horas de expediente, através do tel. n.ºs 8896 1293 ou 8896 1218, com os trabalhadores da Divisão de Recursos Humanos. A Directora da DSC, substª Loi Kam Wan 18/10/2016

Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 48/P/16 para a «Prestação de Serviços de Vigilância ao Centro Hospitalar Conde de S. Januário», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 42, II Série, de 19 de Outubro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 5.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau (Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo), e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 3 de Novembro de 2016. O Director dos Serviços Lei Chin Ion


7 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

SOCIEDADE

GCS

Supervisão accionada Macau reage à quebra das principais bolsas de valores

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CPCS PATRÕES BATERAM COM A PORTA. LIONEL LEONG REUNIU COM REPRESENTANTE

Ponto de ordem à mesa

O Secretário para a Economia e Finanças reuniu com um dos representantes do patronato que recentemente abandonou, em protesto, uma reunião do Conselho Permanente de Concertação Social. Kou Hoi In, deputado e membro do organismo, também esteve presente

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S contribuições para o Fundo de Segurança Social (FSS) aumentaram para as 90 patacas por decisão do Chefe do Executivo e Chui Yuk Lam, representante do patronato, não ficou satisfeito, tendo esta semana deixado a meio uma reunião do Conselho Permanente da Concertação Social (CPCS). Wang Sai Meng, que também representa a área patronal, teve a mesma atitude em protesto. Segundo um comunicado oficial, o incidente levou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, a reunir com Chui Yuk Lam e Kou Hoi In, deputado e também

membro do CPCS. O encontro serviu para analisar “a forma a adoptar para o desenvolvimento contínuo do papel de plataforma do CPCS”. “Ambas as partes concordaram com a necessidade de valorizar e aproveitar melhor as funções de comunicação e de negociação do CPCS para, partindo dos interesses sociais globais, reduzir o fosso entre as partes laborais e patronais, construindo, com base no entendimento mútuo e na ajuda e complementaridade recíproca, uma relação de trabalho harmoniosa”, pode ler-se. Lionel Leong garantiu que o Executivo vai “reforçar o intercâmbio e as consultas entre os trabalhadores,

empregadores e serviços públicos envolvidos”. Aquando da sua saída abrupta da reunião do CPCS, realizada esta terça-feira, Chui Yuk Lam acusou o Governo de não respeitar o papel do conselho, por ter decidido o aumento sem alegadamente informar os seus membros. Há vários anos que o CPCS discutia o aumento dos valores das contribuições para o FSS sem nunca se chegar a um consenso.

O Secretário para a Economia e Finanças referiu que “quaisquer políticas implementadas por parte do Governo têm sempre por base os interesses globais da sociedade, levando também em plena consideração as opiniões e aspirações das partes patronais e laborais”. Kou Hoi In e Chui Yuk Lam “reiteraram a posição defendida pela parte patronal e respectivas opiniões emitidas em relação à

Lionel Leong garantiu que o Executivo vai “reforçar o intercâmbio e as consultas entre os trabalhadores, empregadores e serviços públicos envolvidos.”

percentagem da contribuição entre trabalhadores e patrões no âmbito do FSS”. Estes defenderam ser necessária “uma valorização das funções do CPCS como plataforma de negociação assente em entendimento mútuo para construir uma relação laboral harmoniosa”. Lionel Leong lembrou a manutenção das baixas taxas de desemprego, apesar da quebra das receitas do jogo, defendendo que o panorama de pleno emprego se deve “ao fruto dos esforços despendidos por todos os sectores sociais, incluindo os da parte patronal que persistem em prosseguir o princípio de dar privilégios aos interesses globais”. A.S.S.

Autoridade Monetária e Cambial (AMCM) emitiu ontem um comunicado após a queda abrupta das principais bolsas de valores de todo o mundo, após a declaração de Donald Trump como o Presidente eleito dos Estados Unidos (ver páginas 2 e 3). Segundo um comunicado oficial, a AMCM afirma que o Governo “tem prestado sempre grande atenção à evolução económica e financeira global, bem como ao mercado monetário e financeiro de Macau, como resposta ao possível surgimento de significativas flutuações nos mercados”. Após as notícias das quebras e desvalorizações de moeda, a AMCM “desencadeou os mecanismos de supervisão e de resposta ao incidente, de modo a reforçar a comunicação e a coordenação com as instituições financeiras locais”, tendo tomado de forma atempada “providências, caso a situação o justifique, para manter a estabilidade económica e financeira de Macau”. AAMCM afirma que a RAEM tem “liquidez bastante para fazer face a este incidente súbito”, com uma situação financeira “estável”. “Face à sólida capacidade financeira das finanças públicas, à situação estável dos pagamentos externos, ao sistema de indexação cambial fiável e ao sistema financeiro estável, o Governo e o sistema financeiro local dispõem de capacidade suficiente para fazer face às flutuações dos mercados financeiros.”


8 SOCIEDADE

hoje macau quinta-feira 10.11.2016

TNR OPERÁRIOS E ELLA LEI VOLTAM A FAZER QUEIXA À DSAL

Vira o disco, toca o mesmo

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O encontro realizado ontem com Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Ella Lei e a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) queixaram-se do regime de saída dos trabalhadores não residentes (TNR). A deputada critica as deficiências do actual regime e pede ao Governo que preste mais atenção às dificuldades de emprego encontradas pelos residentes no sector da construção. Para Ella Lei, em causa está o número excessivo de TNR que leva à precariedade de condições de trabalho no sector para os residentes. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Ella Lei referiu que existe neste momento um número excessivo de TNR no sector o que faz com que os salários dos residentes tenham diminuído. Consequentemente, os trabalhadores locais acabam por suspender as suas funções na medida em que não estão satisfeitos com os salários propostos pelas entidades empregadoras.

VAGAS ILUSÓRIAS

“As autoridades devem prestar atenção ao facto de as vagas de emprego serem uma ilusão”, refere a deputada, que considera que a DSAL é incapaz de ter um conhecimento concreto acerca do número de TNR que estão associados aos trabalhos de construção civil. É esta “ausência

de conhecimento” que faz com que seja impossível reduzir o número de trabalhadores conforme o progresso das obras em grande escala. De modo a acompanhar a situação, a deputada solicitou ao Governo mais rigor no que respeita ao regime de saída destes trabalhadores.

HOJE MACAU

As dificuldades enfrentadas pelo sector da construção no emprego são atribuídas ao número excessivo de trabalhadores não residentes. A ideia foi deixada pelos Operários e pela deputada Ella Lei numa reunião com os Assuntos Laborais

Ella Lei diz que o número excessivo de não residentes na construção civil faz com que os salários dos residentes tenham diminuído Antes da reunião com a FAOM e com Ella Lei, Wong Chi Hong admitiu, ao canal chinês da Rádio Macau, que a inauguração sucessiva de casinos em grande escala que tem vindo a ocorrer fez com que tivessem sido registados pela DSAL vários pedidos de recolocação por parte dos funcionários que ficaram sem emprego. Dos pedidos registados, o organismo garante que já foram encaminhados para novos trabalhos cerca de 50 por cento. Os trabalhadores locais da área de construção civil organizaram este ano vários protestos em reacção ao facto de terem sido substituídos por trabalhadores não residentes.

SÃO JANUÁRIO ALEXIS TAM LOUVA TRABALHADORES

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secretário para os Assuntos Sociais e Cultura louvou, em despacho publicado ontem em Boletim Oficial, todos os trabalhadores do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). O gesto é justificado com os resultados alcançados no processo de acreditação recentemente realizado à entidade hospitalar pelo Australian Council on Healthcare Standards, que “constituem um reconhecimento do trabalho desenvolvido por todos os profissionais de saúde e trabalhadores”. No despacho, lê-se que “merecem especial destaque a avaliação conseguida na prestação de informação ao público, participação dos utentes nos cuidados de saúde, prevenção de queda de utentes e gestão de vigilância”. Alexis Tam defende que “é ainda relevante que aqueles resultados tenham sido superiores à anterior acreditação, o que dignifica não apenas o próprio hospital, como o sistema público de saúde”. O despacho refere ainda que “a melhoria da prestação dos cuidados médicos é um processo gradual, constante e exigente que envolve centenas de profissionais de saúde que diariamente se empenham na prestação de cuidados de saúde à população de Macau”. “A avaliação por entidades independentes, como a do Australian Council on Healthcare Standards, contribui para a credibilização, prestígio e confiança no sistema de saúde pelo que entendo, face aos resultados alcançados, manifestar público louvor a todos os trabalhadores do Centro Hospitalar Conde de São Januário”, escreve o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

FUNÇÃO PÚBLICA NOVO EDIFÍCIO PERMITE POUPANÇA MENSAL DE 2,8 MILHÕES

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Governo pretende construir um edifício multifuncional na zona do Pac On que vai servir como armazém para os serviços públicos. Numa resposta à interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang,

a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) garante que o novo projecto vai permitir uma poupança mensal de 2,8 milhões de patacas. A DSF adiantou ainda que o novo edifício terá cerca de 25 mil metros quadrados

de área de armazenamento, a qual não será suficiente. Prevê-se, por isso, que após a conclusão da obra seja necessário o Governo continuar a arrendar mais espaços para servirem de armazenamento.

Na sua interpelação, Kwan Tsui Hang citou informações da DSF sobre o arrendamento de 115 armazéns por parte de organismos e serviços públicos, com ou sem autonomia administrativa. As rendas mensais atin-

gem cerca de seis milhões de patacas, referiu a deputada, número que levou o Governo a optar pela construção de armazéns e edifícios. Um relatório recente do Comissariado da Auditoria alertava para as excessivas rendas

pagas pelo Executivo e para a ausência de um plano global de construção de edifícios para a Administração. A.K.(revisto por A.S.S.)


9 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

O grupo Macau Legend anunciou receitas de 377,6 milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, mais 1,9 por cento face ao período homólogo do ano passado

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M comunicado enviado às redacções, o grupo que opera dois casinos em Macau sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) detalha que as receitas de jogo aumentaram 12 por cento para 257,1 milhões de dólares de Hong Kong, ao passo que as não-jogo diminuíram 14,5 por cento, em termos anuais homólogos, atingindo 120,4 milhões de dólares de Hong Kong. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 75,5 milhões de dólares de Hong Kong, mais 1,2 por cento em relação mesmo período de 2015. Na mesma nota, a empresa de David Chow informa que o seu PUB

Com mais sorte ao jogo

1,9% Receitas do grupo Macau Legend subiram no terceiro trimestre do ano

novo hotel, o Legend Palace, deve estar concluído no final do ano, devendo as operações do novo casino iniciar-se no princípio de 2017. “Parece haver alguma estabilidade em termos gerais do ambiente de negócios em Macau. Enquanto o perfil dos visitantes de Macau está claramente a mudar, nós permanecemos cautelosamente optimistas

relativamente ao resto do ano e aguardamos por ver 2017”, afirma o co-presidente e CEO do grupo Macau Legend. “Dada a actual situação em Macau, vamos aproveitar esta oportunidade para continuar a visar o ‘mix’ de produtos certo, e continuar a olhar para o crescimento do nosso negócio internacionalmente, no Laos, em

Cabo Verde e em Portugal”, assinala David Chow.

AQUI E LÁ FORA

No comunicado, o empresário refere que o projecto turístico em Cabo Verde, considerado o maior em curso no país, deve ficar pronto em 2019 e recorda que assinou, em Julho, um memorando de entendi-

SOCIEDADE

mento com a Câmara de Setúbal também relativo a um projecto de turismo, lazer e entretenimento. Além disso, a 1 de Setembro, o grupo Macau Legend adquiriu a gestão e operação de um casino-resort no Laos, o Savan Vegas Hotel and Entertainment Complex, que tem 90 mesas de jogo, 466 slots e 472 quartos de hotel.

“O nosso desempenho global melhorou no terceiro trimestre. Estamos encorajados pelo New Legend, pelas operações VIP geridas por nós.” MACAU LEGEND “O nosso desempenho global melhorou no terceiro trimestre de 2016 quando comparado com o trimestre anterior. Estamos encorajados pelo New Legend, pelas operações VIP [segmento de grandes apostadores] geridas por nós, que continuaram a registar um crescimento positivo, que deve compensar as dificuldades com que se deparam as mesas de VIP terceirizadas”, indica o mesmo comunicado.


10 EVENTOS

FORTES PAKEONG SEQUEIRA ARTISTA

Aos 13 anos foi para Hong Kong para ser gangster. A vida mudou-lhe o rumo e Fortes Pakeong Sequeira é um dos artistas locais de renome. Multifacetado, inaugura no próximo fimde-semana a exposição “Return to Nature” e organiza a segunda edição do festival alternativo “Blademark” “Return to nature” apresenta uma nova abordagem sua. O que é que o público pode esperar desta exposição? Não espero que as pessoas venham ver esta exposição para dizerem que gostam muito deste meu novo estilo. Espero, acima de tudo, conseguir partilhar aquilo que realmente tenho sentido e que me acompanhou na concepção dos trabalhos que vão estar expostos. Está a falar de alguma altura ou circunstância em particular? Sim. O último ano tem sido um momento muito especial e preenchido por muitas questões. Na essência, andava duvidoso acerca do que realmente queria enquanto artista. Ao mesmo tempo que me ia questionando, ia trabalhando e, no resultado, gostava que as pessoas, ao observarem, pudessem também, perante elas, perguntarem-se o que é que realmente as faz viver e para o que é que vivem.

Ao longo do processo, encontrou algumas respostas? Acho que, com o processo criativo destas obras, encontrei algumas respostas ao que me incomodava. Este ano foi um ano de transição para mim, em que me senti perdido. Na base da “aflição” estava a decisão que tinha tomado de me tornar independente dentro do que fazia. Isso assustou-me e, de repente, senti-me perdido. De repente questionei-me se era realmente um artista e o que é que conseguia fazer. Mas dei por mim a conseguir fazer as coisas e, mais que tudo, senti que tinha quem apoiasse o meu trabalho. Por outro lado, foi bom fazer alguma coisa que nunca tinha feito antes e, ao mesmo tempo, senti que estava a aprender muito. Acabou por ser muito gratificante até porque não faço as coisas só para mim, mas sim para partilhar com os outros. O trabalho criativo é um acto de partilha. Quando resolvemos ser independentes e os outros não nos dão o valor que possamos ter, é muito triste. As pessoas pensam que és um vagabundo. Com este trajecto aprendi também a ver quem é que estava comigo. Foi bom não estar sozinho e sentir o apoio de vários lados. Esta exposição é o produto de tudo isso e desse caminho num processo em que resolvi mudar tudo na minha vida. Mais que assustador, foi um processo engraçado, mas conturbado. O festival que se realiza no próximo fim-de-semana vai já na segunda edição. Como apareceu e porquê a repetição? No ano passado, o festival foi criado pela banda de que faço parte e que tem o mesmo nome – Blademark. Fazíamos dez anos de existência e resolvemos comemorar com uma festa que se transformou num festival. A adesão foi surpreendentemente boa e só nos demos conta quando nos apercebemos do número de pessoas que tinham participado e dos comentários que faziam. O resultado foi surpresa e satisfação por um festival dedicado à componente mais alternativa, do rock, e mesmo do metal ter tanta adesão em Macau. Penso que é fundamental o convívio entre diferentes tipos de culturas urbanas e com o evento, associadas à música, juntaram-se pessoas que trabalhavam em várias áreas, ligadas essencialmente, às industrias criativas. Esta sinergia acabou por fazer com que o evento se tornasse maior e mais dinâmico. Agora, mais independente e enquanto artista, como é sobreviver em Macau nesta área?

SOFIA MOTA

“O trabalho criativo é um act

Não é nada fácil. O facto de se pintar ou desenhar não garante que os trabalhos sejam vendidos. No processo temos de comprar os materiais que utilizamos e acabamos por estar a gastar sem nunca ter garantias. No entanto, este ano e com tanta mudança, decidi apostar noutras áreas ligadas à criação artística e a marcas associadas. Por exemplo, comecei a dedicar-me mais à ilustração e à

BLADEMARK PARA TODOS OS GOSTOS

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ealiza-se no próximo fim-de-semana a segunda edição do Blademark. O festival que vai ocupar o Albergue promete dar oportunidade ao contexto alternativo de se mostrar, tanto na música, como pelos objectos espalhados e à venda pelas tendas que o integram. O objectivo é criar um espaço dinâmico em que caibam todos, afirmou a organização ao HM. Das 15h às 20h, o pátio do Albergue vai acolher em palco os Lansin, Kylamary, Ferdinand Choi, Experience, Catalyser, Zenith e, claro, a banda que lhe dá nome e corpo, os Blademark. A assinalar o evento, e além das bancas de vestuário, artesanato, produtos de design ou comes e bebes, esta segunda edição conta com a projecção do filme “A primeira década dos Blademark”. A entrada é livre.


11 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

to de partilha”

professora da altura recomendou que eu seguisse alguma coisa ligada à carreira artística. No entanto, aos 13 anos desisti de estudar e optei por uma carreira de gangster em Hong Kong. Mas o que é que aconteceu? Na realidade desisti de tudo e escolhi não ser uma pessoa, naquele momento. Vivi cinco anos em Hong Kong.Acabei por ficar detido no posto da polícia durante um mês, estava quase com 18 anos.Aminha mãe foi-me buscar e fui a vários julgamentos.Acabei por ser solto, regressei a Macau e voltei para a escola. Aos 18 anos? Sim. Todos os meus colegas de turma eram mais novos do que eu cinco anos. Não foi fácil adaptar-me, mas não tinha outra hipótese e estava ciente de que não podia dedicar-me mais à preguiça. Já tinha perdido demasiado tempo. Acho que tive mais uma oportunidade para viver. Acabei por tirar Design Gráfico no Instituto Politécnico de Macau, área em que trabalhei vários anos e com a qual viajei pelo mundo. Depois as coisas foram acontecendo. Acabei por ser convidado a expor e em 2009 a participar a “Art Beijing”. Foi um momento muito importante porque foi a primeira vez que saí de Macau para mostrar o meu trabalho enquanto artista. Como pintava ao vivo durante o evento, as pessoas interessaram-se por mim e pelo que estava a fazer. A partir daí comecei a andar entre Macau e China Continental, e quando dei por mim estava a passar por Tóquio, Nova Iorque ou Portugal para mostrar a minha técnica. Fui vendendo alguns dos meus trabalhos de modo a sobreviver.

“Esta exposição é o produto de um processo em que resolvi mudar tudo na minha vida. Mais que assustador, foi um processo engraçado, mas conturbado.”

concepção de objectos com os desenhos que vou fazendo. Para mim é também um novo desafio um novo interesse. Estou também a apostar em roupa, por exemplo. Paralelemente, criei uma marca pessoal à qual se associam outros projectos, como por exemplo a Blademark, que também é uma marca, ou a Denim Works em que participo com outro sócio. Vamos formando uma rede em que

juntamos objectos e criatividade, e a coisa funciona. A sua história e sucesso não são comuns.... Talvez não. Lembro-me que sempre pintei desde pequeno, era uma coisa natural. Recordo-me de uma amiga da minha mãe referir que “tinha jeito para aquilo”. Por volta dos oito anos ganhei um prémio internacional e a minha

EVENTOS

Que conselho deixaria aos jovens artistas de Macau? Que acreditem. Se gostam do que fazem, se isso for onde se encontram realmente, têm de confiar e trabalhar. No fim, o que é bom na vida é o que se ama, porque o dinheiro, na realidade, não consegue comprar o que nos preenche. Que expectativas tem para esta segunda edição do Blademark? A única coisa que espero é que as pessoas gostem de lá estar. O festival vai ter sete bandas a dar concertos e muitas actividades e mostras de trabalhos criativos associados à marca e não só. São todos bem-vindos. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

CINEASTA FRANCÊS RAOUL COUTARD MORRE AOS 92 ANOS Raoul Coutard, cineasta que trabalhou com realizadores como Jean-Luc Godard e François Truffaut durante o movimento artístico francês ‘Nouvelle Vague’, morreu aos 92 anos, disse a sua família à AFP. Nascido em Paris a 16 de Setembro de 1924, Coutard filmou algumas das obras de referência do século XX como “À bout de souffle” (1960), “Le Mépris” (1963), “Pierrot le Fou” (1965), “Jules et Jim” (1962) e “Z” em conjunto com o realizador grego Costa-Gavras. Coutard foi sargento da infantaria durante a Guerra da Indochina e comandante da secção do Laos antes de ser tornar fotógrafo do exército e mais tarde, ainda no sudeste asiático, fotógrafo para as revistas Paris Match e Life.

MICHELIN VOLTA A DISTINGUIR GOLDEN PEACOCK O restaurante Golden Peacock volta a conquistar uma estrela Michelin pela quarta vez consecutiva. O estabelecimento especializado em comida indiana foi reconhecido pelo Guia Michelin Hong Kong e Macau 2017 como “um excelente restaurante na sua categoria”, anuncia a entidade em comunicado aos meios de comunicação social. O chef que está a frente da cozinha do Golden Peacock, Justin Paul, manifestou também o seu entusiasmo pelo prestigiado prémio. “Esforçamo-nos muito para oferecer a melhor cozinha regional indiana e manter o menu autêntico”, explica na mesma nota. O Golden Peacock faz ainda parte dos “Melhores Restaurantes 2016” da revista Tatler de Hong Kong e é um candidato aos Prémios Presidenciais Hurun para “Melhor Comida e Bebida”.


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 10.11.2016

Hong Kong PLENÁRIO VOLTA A SER INTERROMPIDO

Caos em dose dupla

EX-VICE-MINISTRO CONDENADO POR CORRUPÇÃO

Zhang Lijun, ex-vice-ministro da Protecção Ambiental, foi condenado esta quarta-feira em Pequim a quatro anos de prisão por aceitar subornos de cerca de 2,43 milhões de yuans. Zhang terá também de pagar uma multa de 500 mil yuans. De acordo com o Segundo Tribunal Intermediário Popular de Pequim, todos os ganhos ilegais e lucros relacionados devem ser confiscados pelo Estado. Entre 1998 e 2013, Zhang aproveitou o cargo para providenciar lucros a terceiros na distribuição de produtos, aprovação de projectos, promoção profissional e emprego.

EXPLOSÃO EM FÁBRICA FAZ DOIS MORTOS

Duas mortes e três pessoas feridas foram confirmadas na explosão ocorrida na terça-feira numa fábrica na Província de Anhui, leste da China. Até às 10h de quarta-feira, cinco pessoas haviam sido resgatadas, enquanto dez ainda estavam desaparecidas. A explosão ocorreu às 5h15 da tarde de terça-feira na fábrica localizada em um parque industrial da vila de Tangshu, no distrito de Shucheng. A polícia criou um cordão de segurança ao redor da fábrica, enquanto as ambulâncias continuavam a chegar ao local. Os bombeiros ainda combatem o fogo e uma investigação sobre as causas do acidente está em curso.

INFLAÇÃO CRESCEU 2,1% EM OUTUBRO

O Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, um dos principais indicadores da inflação, subiu 2,1% em Outubro, face ao mesmo mês do ano anterior, anunciou hoje o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês. A inflação no país asiático continua assim a acelerar, depois de em Setembro ter aumentado 1,9% e em Agosto 1,3%. O limite fixado pelo Governo chinês para o aumento da inflação é 3%. No mesmo período, o Índice de Preços ao Produtor, principal indicador da inflação no sector grossista, subiu 1,2%, em termos anuais homólogos. PUB

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plenário do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento) de Hong Kong foi suspenso duas vezes ontem de manhã devido a conflitos no hemiciclo, com deputados pró-democracia a tentarem impedir um colega de ser expulso da sala. Segundo a emissora pública RTHK, o deputado do partido Democrata Ted Hui recebeu ordem de saída depois de criticar o presidente do LegCo, Andrew Leung, por não permitir discussão sobre a interpretação de Pequim à Lei Básica de Hong Kong, que concluiu que dois deputados pró-independência da região, recém-eleitos, não podem repetir o seu juramento e, portanto, ficam impedidos de ocupar os assentos que conquistaram nas urnas. Leung começou por dar um aviso a Hui e pediu-lhe para se cingir à agenda da reunião, alerta que o democrata ignorou. Hui foi então ordenado a sair da sala, levando vários deputados da oposição a correr para o seu lugar para tentar impedir os seguranças de o tirarem do hemiciclo. Os deputados pró-democracia acusaram os seus rivais de tentarem sabotar todo o plenário.

MAIS DO MESMO

A reunião foi então suspensa por uma segunda vez pouco depois de ter recomeçado, com deputados pró-democracia a entoarem ‘slogans’ exigindo que Leung saia da presidência do LegCo. Os últimos três plenários do LegCo foram suspensos devido a episódios de caos, com um parlamento cada vez mais dividido devido ao caso dos juramentos dos novos deputados favoráveis à independência de Hong Kong. Na segunda-feira, o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China

considerou que dois deputados pró-independência de Hong Kong não podem repetir o juramento do cargo e tomar posse no LegCo. A 12 de Outubro, à semelhança dos outros deputados, Baggio Leung e Yau Wai-ching, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, prestaram juramento, mas pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

Os deputados pró-democracia acusaram os seus rivais de tentarem sabotar todo o plenário

Os juramentos não foram aceites e o presidente do LegCo decidiu dar a oportunidade aos deputados de os repetirem, no entanto, o chefe do executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal. O veredicto judicial ainda não é conhecido.

PEQUIM EM ACÇÃO

Entretanto, o Comité Permanente da APN decidiu avançar com uma interpretação da Lei Básica de Hong Kong (uma miniconstituição da região), que comunicou na segunda-feira. Um juramento que não respeite a lei de Hong Kong “deve ser considerado inválido e não pode ser repetido”, disse o Comité Permanente ANP, constitucionalmente definido como o “supremo órgão do poder de Estado” da China, numa rara interpretação da

Lei Básica da ex-colónia britânica. O chefe do Governo de Hong Kong disse que vai “implementar plenamente” a interpretação de Pequim e impedir a entrada no parlamento dos dois deputados. CY Leung também sublinhou que Hong Kong é uma “inalienável parte do país” e que “as pessoas de Hong Kong têm o dever de defender a unidade nacional, integridade territorial e segurança, assim como a dignidade e interesses do povo chinês”. Esta é a quinta vez desde 1997, quando Hong Kong foi entregue pelos britânicos à China, que Pequim interpreta a Lei Básica da região. O anúncio da intervenção de Pequim neste caso gerou uma manifestação com milhares de pessoas no domingo na antiga colónia britânica.


13 CHINA

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Tudo sobre rodas

ministro dos Transportes de Angola, Augusto Tomás, esclareceu que a compra de “cerca de 1.000 autocarros” será feita à China e abrigo de uma linha de crédito concedida pelo Governo chinês. De acordo com o governante, em declarações reproduzidas esta terça-feira pela comunicação social local, os autocarros começam a chegar a Angola a partir do final do ano, para servir as 18 províncias do país. Essas entregas deverão estar concluídas “durante o primeiro semestre de 2017”, explicou. Em paralelo, disse ainda, serão adquiridas à China, pelo Estado angolano, viaturas pesadas para transporte de carga.

MILHÕES A ENTRAR

O financiamento chinês a Angola ronda já os 15 mil milhões de dólares, desde 2004, apoio que o Governo angolano pretende ver reforçado para a execução dos seus programas de desenvolvimento.

Pequim vende mil autocarros a Angola

A posição foi expressa segunda-feira, em Luanda, pelo ministro e chefe da Casa Civil da Presidência da República, Manuel da Cruz Neto, na abertura do Fórum de Investimento Angola-China, em que participam

autocarros para transporte escolar para reduzir o absentismo dos alunos, num investimento público de quase 710 milhões de euros. A informação constava de três diferentes despachos assinados pelo Presidente

mais de 450 empresários chineses. A Lusa noticiou a 20 de Setembro que o Governo angolano vai comprar, através do Ministério dos Transportes, para vários fins, quase 4.500 viaturas, inclusive

angolano, José Eduardo dos Santos, com data de 15 de Setembro, autorizando os respectivos contratos para aquisição das viaturas, ligeiras e pesadas, que globalmente ascendem ao equivalente a 783 milhões de dólares. O primeiro desses contratos prevê a compra à empresa ASPERBRAS de 1.500 autocarros para transporte escolar, por 383,5 milhões de dólares. A medida visa “implantar o conceito de transporte escolar com prioridade para os estudantes e reduzir os índices de absentismo nas escolas”, lê-se no respectivo despacho. O segundo autoriza a compra à Amer-Com Corporation de 1.272 viaturas para “ampliar a oferta de serviços de transportes de passageiros e de mercadorias e apoiar a actividade produtiva”, num negócio de 191,5 milhões de dólares. Por último, o terceiro despacho autoriza igualmente o Ministério dos Transportes a comprar também à Amer-Com Corporation 1.700 viaturas, por 208,3 milhões de dólares, “para concluir o plano de

O financiamento chinês a Angola ronda já os 15 mil milhões de dólares, desde 2004, apoio que o Governo angolano pretende ver reforçado para a execução dos seus programas de desenvolvimento reposição e distribuição dos meios que foram destruídos pela acção da guerra e que se encontravam ao serviço do Estado”. Esta última compra visa, nomeadamente, apoiar a actividade agrícola, piscatória, pecuária, desenvolvimento rural, actividade produtiva e o comércio local, ao nível dos municípios e comunas do país.

PUB HM • 2ª VEZ • 10-11-16

HM • 1ª VEZ • 10-11-16

ANÚNCIO 勒遷案 第 Proc. Despejo n.º

CV3-16-0008-CPE

ANÚNCIO 號

第三民事法庭

3.º Juízo Cível

Execução Ordinária

CV3-14-0143-CEO

3º Juízo Cível

Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO.--------------------------------------------------Réu: PORFÍRIO ANTÓNIO VASQUES DE AZEVEDO TEIXEIRA, com a última residência em Macau, na Rua de Pedro Coutinho, n.º 53, edf. Residencial Coutinho, 14º andar B, ora em parte incerta.----------

EXEQUENTE: Banco Industrial e Comercial da China (Macau) S.A. (中國工商銀行( 澳門)股份有限公司), com sede em Macau na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. EXECUTADO: CHAN I TAK (陳以德), masculino, residente em Macau na Estrada Nova de Hac Sá, nº 181-E, Complexo Hellene Garden – Wealthy Villa Lot 6, Tower V (Hibiscus Court) 6º andar J.

--- FAZ-SE SABER que pelo Tribunal, juízo e processo acima referidos, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da data da 2ª e última publicação do presente anúncio, citando o Réu, acima identificado, para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, contestar, querendo, a petição inicial dos autos acima indicados, apresentada pelo Autor, na qual pede que deverá a presente acção ser julgada procedente por provada e em consequência o Réu condenado a entregar voluntariamente a fracção à R.A.E.M., bem como ser condenado ao pagamento de todas as rendas vencidas, no montante total de MOP$60,879.00 bem como de todos demais rendas vincendas até trânsito em julgado da presente acção, acrescendo de juros de mora e taxa legal vencido e vencendo sobre o capital em divida, conforme tudo melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra na secretaria à sua disposição.------------------ O citando fica advertido de que ao contestar pode deduzir em reconvenção o seu direito a benfeitorias ou a uma indemnização, e ainda que é obrigatória a constituição de advogado nos termos dos artºs.932º e 74º do Código de Processo Civil, e a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo Autor, caso a mesma permaneça na situação de revelia absoluta.-------------------------------------------------------------------------------------Macau, aos 14 de Outubro de 2016.

*** FAZ-SE SABER QUE, por esta Secção, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, notificando os comproprietários: --- LEE BO TIN: com última residência conhecida em Hong Kong New Territories, Flat “A”, 17/F, Shatin First City; --- LAFFERTY PATRICK GERARD: com última residência conhecida no Nº 3, 2/F, Ka Choi Lane, Nim Wah Village, Gold Coast, New Territories, Hong Kong; --- KAN KAM PO: com última residência conhecida em South Hong Kong, Pokfu lam, Chi Fu Landmark, Apartment 505, Hong Kong; --- ZHAO JUN: com última residência conhecida em Sai Seng Koi, I Lei Kao, Chio Ieong AM, 12-3-402, Pequim, China; --- TAO ZHENSHUI: com última residência conhecida em Chio Ieong Koi, Cheong Kong Pak Lou Nº 2, Chun Fat Fa Un, Sou Un, nº 130, Pequim China; --- LIU FENGYUN: com última residência conhecida em Chio Ieong Koi, Cheong Kong Pak Lou Nº 2, Chun Fat Fa Un, Sou Un, n.º 130, Pequim, China; --- 沈建東, com última residência conhecida em Hap Fei Lou, 64 Long, Nº 4, Apar tamento 105, Xangai, China; --- LU DE MEI: com última residência conhecida em Hap Fei Lou, 64 Long, Nº 4, Apartamento 105, Xangai, China; --- SZE LEE AH: com última residência conhecida em澳門松山海邊馬路海景花 園海景閣10樓G單位; --- NG LAI U: com última residência conhecida em澳門松山海邊馬路海景花園 海景閣10樓G單位; --- WU JINGYANG: com última residência conhecida em 澳門新口岸羅馬街恆基 花園第2座12樓J座; --- WONG LAI I: com última residência conhecida na Avenida dos Jardins do Oceano – Jardins do Oceano, Edf. “Plum Court” – 21.º andar “C”, Taipa, Macau; --- KIM KHANH THI BUI: com última residência conhecida na Est. Nova de Hac -Sa, n.º 181-A, Hellene Garden – 4.º andar A, Coloane, Macau; --- CHAO XUEJIN: com última residência conhecida na Estrada Nova de Hac-Sa, n.º 181-A, Hellene Garden – 5.º andar “A”, Coloane, Macau; --- THOMAS JOSEPH GALLAGHER: com última residência conhecida na Estra da Nova de Hac-Sa, n.º 181-A, Hellene, Garden – Lote VI, 3.º andar “E” Coloane, Macau; --- IOK FEI PEI: com última residência conhecida em澳門擺華巷1號地下B座; --- KONG MENG SAM ou ELIZA KONG MING SIN: com última residência co nhecida na Rua de Seng Tou, n.º 537, 36.º andar H, Taipa, Macau; --- 王德玉: com última residência conhecida na Estrada Nova de Hac-Sa, n.º 181-A, Hellene, Garden – Lote VI, 9.º andar B, Coloane, Macau;

--- SHEN XIAOLING: com última residência conhecida na Rua de Fat San, n.º 35, Edf. Lok Chon Ieng Hin – Bloco 1, 15.º andar M, Taipa, Macau; --- CHEN MENGJIE: com última residência conhecida na Rua de Fat San, n.º 35, Edf. Lok Chon Ieng Hin – Bloco 1, 15.º andar “M”, Taipa, Macau; --- SIEW PIK YUK: com última residência conhecida na Av. de Horta e Costa, Edifício Kou Si Tak Garden – Bloco 1, 1.º andar “A”, Macau; --- CHUNG CHIN MING: com última residência conhecida na Travessa dos Currais, nºs 5 a 57, Edf. “Industrial Cidade Nova”, R/C “T”, Macau; --- LEONG WENG SAM: com última residência conhecida na Travessa dos Currais, nºs 5 a 57, Edf. “Industrial Cidade Nova”, R/C “T”, Macau; --- XIA YUPING: com última residência conhecida em 澳門路環新黑沙馬路181-D 號海 蘭花園 5 樓 H 座; *** De que foi ordenada a penhora do direito abaixo descrito e para no prazo de DEZ DIAS, decorrido que seja os dos éditos, fazerem as declarações que entenderem quanto ao direito penhorado ao executado e ao modo de o tornar efectivo sendo advertidos de que se faltarem à verdade incorrerão na responsabilidade de litigante de má fé: DIREITO Denominação: 1/136 e 2/136 avos da fracção autónoma “A1”. Fim: Para estacionamento. Situação: Estrada Nova de Hac-Sa nºs 181-A a 291 e Avenida de Luís de Camões nºs 190-J a 190-S. Número de matriz: 50638. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 22632, a fls. 145 do livro B71K. Número de inscrição na Conservatória do Registo Predial registado a favor do executado: 213972G e 225617G. *** Penhora que se destina o pagamento da quantia exequenda no montante de MOP$12.239.414,71 (Doze Milhões, Duzentas e Trinta e Nove Mil, Quatrocentas e Catorze Patacas e Setenta e Um Avos), acrescida dos juros legais e demais custas. RAEM, 1 de Novembro de 2016


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

A

NTES de mais esta reflexão de Luc Ferry denota uma inesperada coragem na cultura contemporânea para enfrentar as formas de ecologismo radical que na maior parte das vezes estão associadas a críticas não menos radicais da Modernidade. A partir de uma definição muito clara e equilibrada dos seus pressupostos ideológicos, que mergulham em última instância nas fontes do humanismo iluminista e nas ideias de pacto social, ou seja em Rousseau, Kant e Fichte, entre outros autores, Luc Ferry enfrenta alguns dos mitos da cultura contemporânea. O radicalismo ecologista e as críticas mais ferozes à modernidade, mesmo quando não o confessam, evidenciam um estranho sentimento de nostalgia pelas formas de cultura pré modernas, quer dizer pelo sagrado, pelo comunitário, pelo holismo. O humanismo e o individualismo modernos são os inimigos deste saudosismo pré moderno. Uma das tendências dos epígonos da soi disant pós-modernidade ecologista consiste em atribuir ao mundo animal e ao mundo vegetal uma dignidade equivalente à dignidade do homem. E essa deriva vai ao ponto de conferir aos animais e plantas um estatuto jurídico equivalente. Ora se os animais e as plantas podem ser sujeitos e objectos do Direito, como chegam a preconizar alguns radicais, e isso em nome de um hipotético direito biocêntrico, será que poderão, também, ser processados e punidos por decisão judicial? Claro que sim. E não é de agora. Luc Ferry oferece-nos o inventário de uma panóplia de casos em que os animais foram levados a tribunal no passado, em nome do facto de serem, tal como os humanos, criaturas de Deus. Como o autor salienta com ironia “tentando fazer uso da máscara pós-moderna, essa visão mística do mundo animal e botânico já é antiga e passou por vários ciclos, desde as sacralidades mais antigas”. Ora veja-se a título de exemplo: “Em 1587, os habitantes de um vilarejo francês iniciam junto a um juizado episcopal um processo contra uma colónia de gorgulhos que estava atacando

fichas de leitura

Manuel Afonso Costa

Ecologia das luzes Ferry, Jean Luc, A Nova Ordem Ecológica, a Árvore, o Animal e o Homem, Edições Asa, Porto, 1993. Descritores: Ecologia, Iluminismo, Kant, Rousseau, Fichte, Humanismo, Imanência, Transcendência, 207 p.: 22 cm, ISBN: 97241-1297-7. Cota: 574(384999.1)

os vinhedos. Os camponeses solicitam ao «reverendo senhor e vigário geral de Maurienne» que se digne a prescrever as medidas convenientes para aplacar a cólera divina e a proceder dentro das regras, «por intermédio da excomunhão ou qualquer outra censura apropriada» para alcançar a expulsão definitiva dos insectos. (…) Algumas décadas antes, um processo semelhante havia terminado com a vitória dos insectos, defendidos por um advogado escolhido para eles pelo juizado episcopal. «Este último, usando como argumento o fato de os animais, criados por Deus, possuírem os mesmos direitos que os homens de se alimentarem de vegetais, recusara-se a excomungar os besouros, limitando-se a prescrever rezas públicas aos infelizes habitantes, intimados a se arrependerem sinceramente de seus pecados e a invocar a misericórdia divina», ... e o pagamento imediato do dízimo, é claro” (Luc Ferry) O autor mostra de modo muito sagaz e culto que sob a capa de crítica ou mesmo condenação da modernidade, o que os novos ideólogos pretendem é o regresso a um tempo anterior, quando havia desigualdades, hierarquias, descriminações e quando sobretudo ainda não tinha triunfado este reino dos direitos humanos e das liberdades, do contrato social que estipula igualdade de dignidade e de estatuto perante a lei. E sublinhe-se que é de uma lei universal que estamos a falar. Sabe-se em contrapartida que as metáforas naturalistas e eventualmente orgânicas exprimem sempre posições anti-modernas. E Luc Ferry leva-nos a ver o contexto intelectual em que a Alemanha nazi

LUC FERRY nasceu a 1 de Janeiro de 1951 em Colombes no departamento de Hauts-de-Seine, em França, é professor de filosofia política na Sorbonne e foi Ministro da Educação Nacional, de 2002 a 2004, sob o governo de Jean-Pierre Raffarin. Com um último volume publicado em colaboração com Alain Renaut, Luc Ferry publicou entre 1984 e 1985, Filosofia Política, em 3 volumes; a que se seguiu ainda em 1985, O Pensamento 68. Ensaio Sobre o Anti Humanismo Contemporâneo, em colaboração com Alain Renaut; ainda em colaboração com Alain Renaut publicou em 1988 Heidegger e os Modernos. Em 1990, publicou a solo a obra Homo Aestheticus. A Invenção do Gosto na Idade da Democracia. Ainda a solo A Nova Ordem Ecológica que analisamos aqui foi publicada em 1992. Depois de um intervalo maior o autor publicou em 1996 O Homem Deus ou o Sentido da Vida. E em 1998 publicou A Sabedoria dos Modernos, agora em colaboração com André Comte-Sponville. Continua a publicar e o último livro data de 2016 e intitula-se Sept Façons d’Être Heureux.

preparou as primeiras leis sobre a protecção dos animais (1933) e da natureza em geral (1935). É sempre muito elucidativo o modo como o autor articula as reivindicações de um “contrato natural” com sentimentos claramente anti-modernos senão mesmo anti-democráticos simplesmente. A modernidade, a democracia, assim como o contrato social que delas decorre é como se sabe constitutivamente artificial. É esta artificialidade, assim como a secularização que ela exige, que incomoda os saudosistas da pré modernidade, seja ela qual for. Mais alguns exemplos ilustrativos: “Primeiramente, com base na petição apresentada pelos habitantes que sofrem os danos, averigua-se os prejuízos que tais animais causaram ou estão em vias de causar e, com a informação obtida, juiz eclesiástico nomeia um curador para os animais, que se apresentará em juízo por procuração e deduzirá todas as suas razões, e os defenderá contra os habitantes que qureiam fazê-los deixar o lugar onde estão; e consideradas e vistas as razões de uma e de outra parte, o juiz lavra a sentença”. (…) “Houve até mesmo em Marselha uma excomunhão de golfinhos que obstruíam o porto e o tornavam impraticável”. (…) “Na ocasião do processo dos escaravelhos de Coire, o juiz, constatando por sua vez que sua citação para comparecimento continuava sem efeito, considerou que não devia tratar com rigor os animais, dadas sua pouca idade e a exiguidade de seus corpos”. (…) “No processo das sanguessugas de Berna, o bispo, temendo que elas tentassem escapar da corte, mandou capturar

alguns exemplares para que fossem postos fisicamente na presença do tribunal. Feito isso, ordenou que se advertissem as ditas sanguessugas, tanto as que estarão presentes quanto as ausentes, de que devem abandonar os locais que temerariamente invadiram e se retirar para onde sejam incapazes de prejudicar, concedendo-lhes para tanto três breves prazos de um dia cada (...) e estabelecendo a cláusula de que passado esse prazo elas incorrerão na maldição de Deus e de sua corte celeste. E para testemunhar a seriedade da notificação, as sanguessugas designadas pela corte foram executadas imediatamente depois de ouvirem a reprimenda!” (Luc Ferry) Alguns ecologistas contemporâneos não andam muito longe por vezes de posições aparentadas sobretudo quando a sua ideologia é reforçada por um anti-humanismo primário. De facto é intrigante o fundamentalismo de pessoas que se batem por um direito das árvores, e das montanhas, quando muitas vezes se mostram insensíveis aos direitos humanos em particular o direito à liberdade de inovação e progresso. Em vez de um “contrato social” alguns radicais apelam hoje a um “contrato natural”. A obra de Luc Ferry compreende as aspirações razoáveis dos movimentos ecologistas conquanto estes não ponham em causa a democracia, a liberdade e o progresso científico e tecnológico. Na maior parte dos casos é a aversão ao progresso e a nostalgia pelas sociedade holistas e pré-modernas que animam o integrismo ecologista. Em momento algum Luc Ferry se mostra insensível relativamente tanto ao mundo animal como à natureza em geral e a sua posição de base é de crítica insofismável relativamente ao antropocentrismo cartesiano com a concomitante redução mecânica da vida animal, mostrando-se pelo contrário favorável, sem ambiguidades, ao reconhecimento do animal como ser sensível na linha de resto de Maupertuis e Condillac. Pertinente é a todos os títulos a análise da diferença profunda entre uma ecologia romântica e uma ecologia das luzes. Claro que Luc Ferry toma partido pelas luzes vislumbrando aí a fonte da resistência contemporânea humanista, contratualista e democrática ao retorno da barbárie, que na história muitas vezes aparece com roupagens, na aparência, progressistas.

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


15 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

diários de próspero

António Cabrita

De Dylan aos golpes da espionagem H

OJE é a cerimónia de entrega do Prémio Nobel de Literatura. A nomeação de Bob Dylan, indubitavelmente um grande artista, como Nobel não me provoca alergia mas não me alegra. Explico-me: como professor preocupa-me muito o baixo quociente de atenção de que se mostram capazes os alunos. Entre outros factores, identifico a «síndrome pop», o facto do grosso dos jovens crescer condicionado pelo formato da canção pop, que dura três minutos. São fisgados por um tipo de atenção breve e, como na comunicação oral, sustentada em refrões. Na educação clássica e na formação musical não se apurava apenas a educação do gosto e do ouvido, os alunos afeiçoavam-se a uma intensificação da concentração e dos seus vários níveis de escuta. Uma das razões porque o público da pop não ouve Mahler, prende-se - mais do que à complexidade estrutural das sinfonias do músico vienense -, com a sua duração, que excede as pautas de atenção em que foi adestrado. Depois de décadas só a ouvir canções de três minutos, o que equivale a uma corrida de cem metros no atletismo, uma peça musical de uma hora corresponderá a uma maratona. Acresça-se que a este carácter redutor, a cultura pop institucionalizou a diversão: o mais das vezes uma escapatória para a preguiça intelectual. Premiar um ícone da cultura de massas é um sinal de cedência a este regime balizado por dois limites: a ideia de diversão como único combustível das intensidades sensoriais (esquecendo que a aventura intelectual também oferece diversão e até felicidade); a ideia de que o que é difícil e exige mais atenção deve ser reconvertido para se tornar mensurável e acessível. Esta atribuição também parte do equívoco de considerar-se que a literatura carece de público e de que há que achá-lo onde o público está. Ora, este raciocínio enferma do mesmo erro que cometia a velhinha que, à noite, perdera uma moeda no princípio da rua mas a procurava adiante, debaixo do halo de luz do candeeiro público. Se as pessoas hoje lêem menos Proust ou Joyce não é porque esses livros não con-

tenham ingredientes que possam interessar os jovens de hoje, mas porque o mundo se trivializou e a atenção se tornou uma habilidade só para especialistas.

1/11/2016

Sinopse para uma comédia, escrita na minha aula de Guionismo, onde desenvolvemos um breve apontamento de Billy Wilder, infelizmente nunca elaborado: Ano, 2020. Instalou-se no mundo uma Nova Guerra Fria que separa Povos Com Zika de Povos Sem Zika. Num congresso de cientistas da saúde africanos, realizado em Kingshasa, destaca-se o trabalho de Ónus, um académico moçambicano - um homem íntegro e que só tem por fraqueza gostar de uma pinguinha. É a ele que os observadores americanos, enviados por Hillary, escolhem para ser o

inconsciente portador da fórmula secreta de uma “bomba” cujo poder curativo mudará a face do continente, que será posteriormente resgatada por agentes sul-africanos (- os americanos não se arriscam a passar-lhes directamente a fórmula para não serem acusados de favoritismo na ONU). Para tal, convidam-no para uma festa, embriagam-no, raptam-no e depois tatuam-lhe no pénis a fórmula. Que só pode ser lida em erecção. O cientista acorda azamboado e de ressaca no hotel, a uma hora do seu embarque de regresso, e, com a pressa, não dá por nada. Chega a casa, em Maputo, desfaz as malas e toma um duche, antegozando a noite maravilhosa que terá com Bárbara, a sua mulher. É aí que dá conta: tem algo tatuado no sexo. Ónus entra em pânico: não há desculpas que justifiquem aquela inscrição (que não consegue ler) e a sua estranha

amnésia. Ainda por cima, acontecer-lhe a ele, fidelíssimo à mulher! À noite, a culpa inibe-lhe a erecção. Como acontece pela primeira vez, entre eles, a mulher graceja e adormecem após uma boa galhofa. Ou antes, ela. Ele não, está à rasca. E ao longo da semana repete-se a nega. A esposa começa a desconfiar que ele tem outra. E o sentimento de culpa dele adensa-se. Os outros países africanos começam a enviar-lhe mulheres cientistas de grande aparato físico, para o atraírem a uma cilada sexual. A lasca zimbaweniana – uma enóloga embriaga-o ao falar-lhe sobre uma enzima que dá às uvas o tamanho de melões, sem o conseguir levar para o quarto. A enviada etíope atrai-o ao quarto sob promessa de lhe mostrar um besouro em cuja carapaça a natureza desenhou o Rato Mickey. Mas um copo a mais de Mateus Rosé fá-lo sucumbir no sono, no sofá, antes dela regressar da casa-de-banho, nua e em oferenda. A África do Sul envia uma Mata-Hari capaz de derreter um iceberg quando expõe o mamilo esquerdo, o menos abrasivo. A ingenuidade de Ónus é mais uma vez enrolada pelo parlapié duma colega cientista e sobe ao quarto dela, num intuito académico. Martini puxa Martini, e eis Ónus enfiado na cama dela, atarantado mas nu. Contudo, como é homem de uma obstinada fidelidade, a erecção não tem lugar. A sul-africana – uma cientista de renome - não está com meias medidas e tira da mala um x-acto para decepar o membro murcho. Debruça-se sobre a cama, o olhar amortecido de Ónus nem se apercebe do brilho da lâmina... É então que Bárbara, que o seguia sorrateira há uma semana, abre a porta num pontapé. Com dois golpes de Karaté despacha a espia boer e amarra-a ao cadeirão. Ónus, a quem a entrada de rompante da mulher pusera sóbrio, observa deliciado a limpeza com que a sua mulher o salva – sim, é sua, a mais felina das mulheres! E o entusiasmo proporciona-lhe a maior erecção da sua vida. Ónus e Bárbara, lêem então, contristados, a fórmula que ele exibe, tatuada no pénis: Abstinência!


16

h

hoje macau quinta-feira 10.11.2016

José Drummond

A recompensa da ignorância N

ÃO! Nada disto faz sentido! Não faz sentido que continuemos à espera que as coisas se resolvam com medidas políticas ou que exista justiça quando existe tanta gente tão fácil de manipular. Não faz sentido acreditar que alguma vez as coisas vão mudar e que não vão ser sempre os mesmos a ser privilegiados. Não faz sentido acreditar num qualquer qualquer estado de graça onde teremos todos os mesmos direitos e onde ninguém irá sair prejudicado. Não, isso não existe. Não faz sentido pensar que o real valor de cada um será alguma vez reconhecido em vez de serem reconhecidos os amigos ou os oriundos de famílias influentes ou de grupos de poder dominantes. Nada disto faz sentido porque é assim que o mundo é. Não! Nada disto faz sentido! O estado de graça não existe. O que existe é um continuado exercício do mal no qual se prejudicam muito rapidamente as minorias. O que existe é apenas um tenebroso recolhimento onde permanecemos sem respirar e onde nos fechamos em concha. Onde deixamos de dizer, pensar, ser. O que existe é sermos constantemente empurrados para não falar, não exprimir opinião, não ter vida porque qualquer uma dessa coisas nos prejudica e mesmo assim iremos sempre acabar a mendigar para comer. O que existe é que vão sempre ser os mesmos a ocupar os lugares mais favorecidos, não porque tenham mais qualificações ou mais qualidade para o fazer mas sim porque é assim que o mundo é. Não! Nada disto faz sentido! É vergar e obedecer. Não questionar a autoridade. A ignorância é recompensada. O venerar falsos ídolos é recompensado. E qualquer luz disfarçada que possamos querer acreditar, neste ou naquele comentário político, não é mais que uma luz falsa, não é mais que uma ilusão. Toda e qualquer luz em que queiramos acreditar será imediatamente usurpada do seu brilho, da sua esperança, pelas elites, pelos demagogos, pelos oportunistas. Toda e qualquer luz será retirada de um e dada a outro que por mérito próprio nenhum a absorverá apenas porque se chama assim ou assado ou tem este ou aquele amigo ou obedece e se porta bem. Não faz sentido acreditar em mérito ou mesmo lutar, trabalhar, fazer melhor, porque tudo isso de nada vale e a tudo isso se renuncia em favor de pessoas menos qualificadas mas com maior poder de intrujar.

Não! Nada disto faz sentido! Não faz sentido acreditar nos direitos humanos, na igualdade das mulheres, no respeito racial. Não! É mesmo uma ilusão! Não faz sentido dedicar toda uma vida a um lugar que nunca reconhece o real valor do trabalho que se faz. Não faz sentido ficar nesse lugar quando fora dele se é reconhecido e acariciado. Não faz sentido que se tenha que renunciar a uma melhor qualidade de vida apenas por amor a esse lugar. Não! Nada disto faz sentido e não vale a pena chorar porque é assim que o mundo é. Não! Não! Não! Se esse lugar é tão burro que continua a dar tudo a uns e nada a outros o melhor é tomar coragem e tomar a decisão correcta e, como numa separação amorosa, pedir o divórcio. Se esse lugar não reconhece, não dá o devido valor, então é tempo de partir. Se esse lugar não merece quem mais trabalha para a sua evolução, ou para o desenvolvimento de uma área da sua sociedade, então é tempo de o abandonar. Se esse lugar não está interessado em evolução e não está interessado em ser melhor, e se está apenas interessado em proteger os mesmos que sempre protegeu, então não há nada mais para fazer que abdicar da esperança, partir, manter a sanidade mental, porque nesse lugar não importa nada. Nesse lugar o que importa é como é que cada um se chama, assim ou assado, ou se tem este ou aquele amigo, ou se pertence a este ou aquele grupo de poder e é assim que o mundo é. E isto é verdade tanto aqui, deste lado, como aí, do vosso lado, amigos americanos. Sim! Não faz sentido! Mas era esperado ou pelo menos eu esperava. Assim o previ há 18 meses atrás. Simplesmente

óbvio para mim que Baudrillard e a híper realidade se reviam do fenómeno Trump e na teoria do reality TV, e que o asno iria ganhar sobre qualquer outro e é por isso que ainda faz menos sentido. Um predador sexual, mentiroso, aldrabão, racista, misógino, apoiado pelo KKK derruba com qualquer ideia da América como ideia de infinito sucesso individual e de liberdades colectivas. Um homem que nem a universidade terminou, que passou a vida toda a viver à conta do dinheiro do pai, que apresentou bancarrota inúmeras vezes, que tem inúmeros crimes fiscais, empréstimos dúbios, negociatas ilegais, que tem uma acusação de violação a uma menor e mais um número enorme de outras alegações de crimes sexuais e de racismo, chega a presidente e destrói com qualquer possível ideia de equilíbrio e de um futuro melhor e com qualquer ideia de esperança de balanço político e justiça social. É assim. Não faz sentido mas é assim que o mundo é. Não faz sentido mas a América, que cai vulgarmente no mais grosso nacionalismo, expressou-se em massa de modo naïf pelo candidato que lhe vai retirar direitos. E não irá chocar se a economia voltar a um estado de recessão. É absolutamente fantástico como as pessoas são tão facilmente atraiçoadas por uma questão de empatia. O homem que vai destruir com tudo o que foi conseguido durante as últimas três décadas em direitos sociais e nos últimos oito anos em direitos de saúde e melhorias financeiras ganha, porque na burrice dos americanos, gera mais empatia com a sua malcriadez e porque se resolveu considerar que a sua oponente era a candidata do establishment.

Não faz sentido ser-se tão burro. Trump quer dizer establishment seus burros. Ou o que é que acham que um gajo com hotéis e casinos é? Os vossos direitos estão agora em perigo seus tontos, e isto é tanto verdade que basta apenas saber ler as suas declarações. A América que cai sempre na usurpação do nome do continente como se não houvessem outros países, que confunde continuadamente Estados Unidos com América. Sim essa mesma América que se considera a líder do free world e o país mais importante do mundo e etc. e tal entregou o seu destino a um wannabe déspota que apresentou como política a fabricação de caminhos ínvios que apenas o beneficiam a ele próprio e aos que continuadamente praticam a mesma arte da intrujice onde tudo vai ser “great, you’ll see, so great, the best.” De repente até parece que estamos numa qualquer continuação do “They Live” do John Carpenter e onde apenas alguns têm o poder de ver os extraterrestres que estão no poder a dominar-nos. Sim, não faz sentido que o candidato que acha que a China esteve bem no modo como limpou Tiananmen da revolta estudantil, que idolatra Saddam Hussein, Putin, Kim Jong Un e que acha que os países europeus têm que pagar para serem defendidos militarmente tenha ganho embora que também isto seja uma mentira porque ele vai é aumentar a posição militar no mundo ou não fosse ele republicano. Sim não faz sentido que tenha sido a mesma pessoa que vai destruir com todos os acordos comerciais e que ao fazê-lo irá entregar o mundo de mão beijada à China. Boa sorte na vossa falência minha querida América. Tenho pena que tenhas escolhido o suicídio. A China, neste momento, estará secretamente a celebrar o facto de se ir tornar no país mais rico do mundo muito mais cedo do que o esperado. A Rússia por seu lado celebra ter eleito o seu primeiro presidente dos Estados Unidos. Muitos parabéns a todos. E muito obrigado América, acabas de fazer com que todos as outras pessoas do mundo se sintam imensamente espertas. Quanto a mim estou oficialmente do lado da resistência e estou ao dispor se alguma cidadã americana se quiser corresponder comigo com vista a casamento. Tenho passaporte europeu, residência permanente de Macau, visto de longa duração na China e sou carinhoso, bom companheiro, não sou um bad hombre e até acho interessante se a senhora for um pouquinho nasty.


17 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

DESPORTO

BENFICA RAFA VOLTA A SER OPÇÃO

Rafa, o reforço português mais caro da história do Benfica, contratado ao SC Braga por 16,4 milhões de euros, recomeçou esta quarta-feira a trabalhar no relvado, sem qualquer limitação física. Precisamente dois meses depois de se ter lesionado em Arouca – lesão muscular na coxa direita -, a 9 de Setembro, o avançado de 23 anos volta estar disponível para Rui Vitória, conforme pode ler na edição desta quarta-feira de A BOLA. O jogo da Taça de Portugal com o Marítimo, no dia 19 deste mês, no Estádio da Luz, poderá assinalar o regresso de Rafa à competição.

FONTE DIZ QUE É OBRIGATÓRIO VENCER A LETÓNIA

O defesa José Fonte afirmou ontem que Portugal está obrigado a vencer no domingo a Letónia, na qualificação para o Mundial2018 de futebol, e confessou que se sente «abençoado» pela carreira que tem tido na selecção nacional. «Sou uma pessoa abençoada. Agradeço tudo aquilo que atingi até aqui e não dou nada de garantido. Trabalhei muito para atingir este nível e sei que para me manter tenho que trabalhar ainda mais», afirmou José Fonte, acrescentado que estará sempre «disponível» e que nunca irá renunciar à possibilidade de vestir a camisola das ‘quinas’. «Acredito que ainda posso jogar mais alguns anos», adiantou o jogador de 32 anos. O central do Southampton falava em conferência de imprensa minutos antes de mais um treino de Portugal na Cidade do Futebol, em Oeiras, de preparação para o embate com a Letónia, do Grupo B da fase de apuramento para o próximo Campeonato do Mundo, que vai decorrer na Rússia.

REVALIDAR O TÍTULO É AINDA MATEMATICAMENTE POSSÍVEL

Recta final para Couto

A

temporada desportiva no Japão do piloto local André Couto chega ao fim este fim-de-semana na Twin Ring Motegi; um circuito que pertence ao construtor automóvel Honda. Couto e o japonês Ryuichiro Tomita ocupam o sétimo lugar no campeonato, com 32 pontos, menos 22 que os líderes do campeonato, o duo nipónico Takeshi Tsuchiya/Takamitsu Matsui (Toyota 86 MC). Para o piloto da RAEM revalidar o título na classe GT300 é um objectivo extremamente complicado, até porque o Nissan GT-R Nismo GT3 do Team Gainer carregará este fim-de-semana 32 kg adicionais de lastro, apesar da última prova do ano atribuir pontos a

dobrar, pois serão realizadas duas corridas, uma no sábado e outra no domingo. Contudo, tal possibilidade remota está pendente vários cenários pouco prováveis que envolveriam os principais candidatos às vitórias e por sua vez, os carros que habitualmente são mais rápidos em pista. “Matematicamente ainda é possível eu ser campeão, mas é muito, muito difícil”, reconheceu Couto ao HM que afirmou que vai dar “o meu melhor, como faço em todas as corridas e tentar encerrar a temporada com um bom resultado”. Nesta mesma pista, o ano passado, na altura já com o título da categoria GT300 no bolso, Couto levou o Nissan GT-R Nismo GT3 cinzento ao sexto lugar. Como o

próprio piloto português do território admite, este ano o Nissan tem sido prejudicado pelo “Balanço de Performance”, a fórmula técnica artificial usada pelo organizador do campeonato para equiparar o andamento em pista de viaturas tão diferentes da classe GT300 como o Nissan nº0, o Ferrari 488 GT3 ou o Toyota Prius que carrega um sistema híbrido, entre outros. O Team Gainer teve um arranque de época discreto, mas foi evoluindo com a desenrolar da temporada, tendo mesmo lutado pela vitória na última prova, realizada na Tailândia. Couto acredita que este resultado “dá confiança à equipa” à partida para o derradeiro desafio da temporada 2016 que contará com vinte e nove concorrentes na classe GT300.

A última prova do Super GT é uma jornada dupla; um formato invulgar para o campeonato. Isto, porque o circuito Autopolis, localizado na Prefeitura de Ōita, deveria receber a próxima corrida do Super GT nos dias 21 e 22 de Maio, mas devido ao tremor de terra que assolou aquela zona do Japão o circuito ficou inoperável. Por motivos de calendarização, a organização do campeonato Super GT optou por executar esta jornada dupla em Motegi, em vez de criar um evento de substituição.

TESTE EM ITÁLIA

Antes de partir para o Japão, Couto viajou até ao norte de Itália para ter um primeiro contacto com o Lamborghini Húracan GT3, a viatura que conduzirá na Taça do Mundo

FIA GT do 63º Grande Prémio de Macau. Como o Lamborghini da FFF Racing Team by ACM que Couto conduzirá no Grande Prémio está a caminho da RAEM, Couto teve um dia de preparação no circuito de Adria com o carro de testes da Lamborghini Squadra Corse. “Gostei do carro. Achei-o bastante bom no que respeita ao estilo de condução. Pareceu-me um carro ágil”, explicou Couto ao HM. O piloto luso de Macau, que o ano passado tripulou um McLaren, irá este ano com o italiano Mirko Bortolotti representar o construtor italiano na taça mundial, onde a Automobili Lamborghini terá pela frente três rivais de peso: Audi, Mercedes-Benz e Porsche. Sérgio Fonseca

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ÁLCOOL PROIBIDO NAS RUAS NO MUNDIAL DO QATAR

O consumo de bebidas alcoólicas será interdito nas ruas e espaços públicos do Qatar durante o Mundial de futebol de 2022, informou ontem o comité organizador do torneio, que se opõe também ao consumo nos estádios. “Não haverá consumo de álcool nas ruas, nos parques e nos espaços públicos, é definitivo”, afirmou Hassan Al-Thawadi, secretário-geral do comité organizador, numa entrevista ao jornal Al-Sharq. “Somos contra a venda de álcool nos estádios e nas imediações”, acrescentou. Este último ponto pode causar problemas com a FIFA, que tem entre os seus principais patrocinadores o fabricante de cerveja norte-americano Budweiser. No Mundial de 2014, o organismo obteve do Brasil a suspensão temporária da lei que proíbe as bebidas alcoólicas nos recintos desportivos. No Mundial do Qatar não será proibido beber álcool, mas só vai ser possível nos locais indicados, disse Al-Thawadi, sem dar mais detalhes. No Qatar, país muçulmano, o álcool não é interdito, mas beber em público constitui uma infração à lei e transportar bebidas alcoólicas para o Qatar é igualmente proibido.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

C H U VA

hoje macau quinta-feira 10.11.2016

O QUE FAZER ESTA SEMANA Sábado

“BLADEMARK FESTIVAL 2016” Albergue - 15h00 - 20h00

Domingo

?

FRACA

MIN

16

MAX

18

HUM

80-98%

EURO

8.82

BAHT

VAFA - SALÃO DE OUTONO Casa Garden EXPOSIÇÃO “SE EU ESTIVESSE EM SÃO FRANCISCO/MACAU” Fundação Rui Cunha EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11)

O CARTOON STEPH

PROBLEMA 118

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 117

C I N E M A

TROLLS SALA 1

SALA 3

Filme de: Scott Derrickson Com: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams 14.30, 16.45, 21.30

FALADO EM CANTONENSE Filme de: Mike Mitchell, Walt Dohrn 14.15, 16.00, 19.30

DOCTOR STRANGE [B]

DOCTOR STRANGE [B] [3D] Filme de: Scott Derrickson Com: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams 19.15 SALA 2

INFERNO [B] Filme de: Ron Howard Com: Tom Hanks, Felicity Jones, Irrfan Khan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

TROLLS [A]

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)

Cineteatro

1.18

NÃO É GRIPE, É MEDO

Diariamente

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

YUAN

AQUI HÁ GATO

“BLADEMARK FESTIVAL 2016” Albergue - 15h00 - 20h00

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

0.22

Desde ontem que estou com os pêlos arrepiados. Pensei que estivesse a chocar uma gripe dada a recente mudança de temperatura. Mas não me parece. Ao olhar à minha volta, estes humanos que me rodeiam, arrepiados não estão, mas não escondem um receio estranho que, apesar de ter origem lá do outro lado do Pacífico, parece afectar todos. Ontem o mundo mudou e ainda não se sabe como, nem em que termos. Mas ontem o mundo mudou. As eleições que levaram à presidência americana um certo fulano de nome Trump não representam a vitória de um nome que, descobri agora, é a razão do meu eriçar de pêlos. Levam à presidência o representante de um eleitorado, de uma população maior, que se revelou humanamente tão menor. Não é gripe, é medo, este arrepiar que sinto na pele e vejo nas expressões alheias. É uma espécie de apatia, daquela que precede a rejeição de uma realidade, ainda desconhecida. Não é gripe e só espero que não seja muito pior que isso. Ontem fez-se alguma história no mundo, mas reza a mesma que muitas vezes não é pelo melhor. Pu Yi

HIMITSU (SEGREDO) | KEIGO HIGASHINO

Heisuke Sugita, um homem humilde de 39 anos, aprecia os pequenos prazeres da vida. Fica devastado quando a mulher e a filha sofrem um acidente de autocarro. Naoko Sugita, a esposa, morre, mas quando a filha acorda, Heisuke descobre que a mente da mulher está dentro dela. Incapazes de explicar o que poderá ter acontecido, decidem que o assunto é um segredo e Naoko vive como Monami a partir de então. O livro ganhou o 52º Prémio dos Escritores Misteriosos do Japão e foi adaptado ao cinema em 1999. Angela Ka

TROLLS [A] [3D] FALADO EM CANTONENSE Filme de: Mike Mitchell, Walt Dohrn 17.45

JACK REACHER: NEVER GO BACK [C] Filme de: Edward Zwick Com: Tom Cruise, Cobie Smulders, Danika Yarosh, Austin Hebert 21.30

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19 hoje macau quinta-feira 10.11.2016

OPINIÃO

bairro do oriente

O

Da desonestidade intelectual

assunto da ordem do dia na região é sem dúvida a decisão de Pequim em não aceitar a nomeação de dois deputados da ala pró-democrata do LEGCO de Hong Kong - tema incontornável, e que no fundo nos diz respeito a nós aqui deste lado também, em Macau. Os dois deputados em causa, Baggio Leung e Yau Wai Chin, foram eleitos pelo novo partido “Youngspirations”, também conhecido por “localista”, uma força que surgiu do movimento “Occupy Central”, e que pretende mais do que o actual “elevado grau de autonomia” que a R.P. China concede às RAE de Macau e Hong Kong. Sem mais rodeios, o que esta nova força pretende é uma auto-determinação, idêntica àquela de que usufrui a cidade-estado de Singapura, por exemplo. Os dois deputados eleitos pelo círculo dos New Territories (NT), o mesmo que elegeu para vários mandatos Emily Lau Wai-hing, actual presidente do Partido Democrático de HK. Pode-se portanto afirmar que esta é um distrito eleitoral com uma forte implantação democrática. Na altura de tomar posse no LEGCO, os jovens deputados eleitos recusaram-se a prestar juramento conforme o texto oficial, optando por satirizar o mesmo, recorrendo ainda a expressões insultuosas para com o Governo Central e a própria RPC, desfraldando uma bandeira onde se lia “Independência para Hong Kong”. O juramento ficou sem efeito, e Pequim recorreu a uma interpretação da Lei Básica, nomeadamente do artigo 104, que se refere à “solenidade e sinceridade” do juramento, que deve ser ainda pronunciado “correctamente e na íntegra”. Uma leitura mais superficial desta sequência de eventos pode dar a entender que Pequim se socorreu de uma “tecnicalidade” para impedir a nomeação dos dois jovens localistas, mas se o regime tem defeitos – e tem, bastantes – um deles não é o de “andar a dormir na forma”. Já eram assaz conhecidas as suas posições, foi-lhes enviado um “aviso” quando foram eleitos em Setembro último, mas nunca, em circunstância alguma, Pequim obstou à candidatura dos localistas, ou tomou quaisquer medidas para impedir que fossem eleitos. Não consta ainda que tivessem sido obrigados ou coagidos a deturpar o texto do juramento, foi-lhes dada uma segunda oportunidade de o fazer nesse mesmo dia, e nos 30 segundos que dura a leitura daquela meia dúzia de linhas, não está inclusa qualquer concessão da alma ao Diabo. É o mesmo juramento que todos os deputa-

dos fazem e sempre fizeram – incluindo o célebre “long-hair” – quando tomam posse naquele órgão legislativo DA R.P. China. Penso que os Baggio e Yau tinham consciência de que estavam a concorrer para um órgão que para todos os efeitos é DA R.P. China. Posso estar enganado nesse particular, não sei. Não conheço assim tanta gente em Hong Kong para saber o que pensa a opinião pública em geral deste caso, nem sigo de perto o que se faz aqui a lado em matéria de política. Aqui em Macau a reacção que colhi da generalidade foi de que se trata basicamente de um “no-show”. Não se trata de política, de activismo, ou sequer de um acto de protesto digno desse nome – foi desnecessário, contra-producente e inexplicável. Mesmo a ala moderada que agora apoia os dois deputados e se manifesta contra a decisão de Pequim dá mais ênfase ao efeito do que à causa. Não me recordo de ter visto alguém a dizer o que pensa da atitude dos dois jovens, e cada vez que o tema vem à baila, “chuta-se para canto”, e fala-se da “intromissão de Pequim”, que APROVEITOU...o que lhe foi entregue de bandeja, em suma. A este ponto falemos de democracia, e aqui o que eu gostava mesmo de saber era o que sentem os pouco mais de 80 mil eleitores que mandataram os deputados localistas, e se o seu comportamento vai de encontro às suas expectativas. Gostava de saber ainda se a generalidade da população de Hong Kong se revê neste “fulgor independentista” da facção localista, ou se aqui por “democracia” se entende a imposição da vontade de uma minoria, porque é “o único caminho viável” – será mesmo? Como conclusão gostaria de deixar um ponto bem assente: a reprovação da atitude dos dois jovens não implica que se concorde com a decisão de Pequim, ou que se “ache bem”. Associar as duas coisas é mais do que fazer uma interpretação extensiva e abusiva da leitura dos factos: é desonestidade intelectual, pura e simplesmente. Se de político este caso começou por ter muito pouco, só para depois vir a transbordar, de respeito pela inteligência alheia nunca chegou a ter nada.

JOSEPH L. MANKIEWICZ, ROUBEN MAMOULIAN, DARRYL F. ZANUCK, CLEOPATRA

LEOCARDO

“A reprovação da atitude dos dois jovens não implica que se concorde com a decisão de Pequim, ou que se “ache bem”. Associar as duas coisas é mais do que fazer uma interpretação extensiva e abusiva da leitura dos factos: é desonestidade intelectual, pura e simplesmente”

PS: Donald Trump venceu as eleições norte-americanas, um facto que pode ser mais do que apenas uma “curiosidade bizarra” para o resto do mundo, e aqui os principais efeitos vão-se fazer sentir de imediato nos mercados. Mau para quem nada nessas águas, portanto. Quanto ao resto, como não sou religioso não alinho em previsões apocalípticas, mas não posso deixar de pensar que tudo isto culminou com uma grande bofetada de luva branca no “establishment”. Adaptando um velho provérbio português à situação: quem mandou os democratas acharem que “para Trump, uma Clinton basta”?


EUA: do mal o menos.

quinta-feira 10.11.2016 Atlântido

CE PREVÊ MAIS CRESCIMENTO ECONÓMICO EM 2016

Sede da Caixa Geral de Depósitos em Lisboa

CGD ADMINISTRADORES NOTIFICADOS A ENTREGAREM DECLARAÇÕES DE RENDIMENTOS

Comer pela mesma medida

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Tribunal Constitucional notificou ontem os membros da administração da Caixa Geral de Depósitos para que entreguem as declarações de rendimentos, disse à Lusa fonte oficial do Palácio Ratton. Questionado pela Lusa sobre qual o entendimento do TC perante a falta das declarações de património e rendimento dos administradores da CGD, fonte oficial respondeu que os serviços do Tribunal iniciaram ontem os procedimentos administrativos para notificar os interessados e aguardam resposta. Assim, de acordo com a lei que regula o controlo da riqueza dos titulares de cargos políticos, lei 4/83, os administradores notificados têm 30 dias para entregar junto do TC as respectivas declarações de património e rendimentos. Os titulares de cargos políticos e de altos cargos públicos, nos quais se incluem os gestores públicos, estão obrigados a entregar no Tribunal Constitucional, no prazo de 60 dias, as declarações de rendimentos, património e cargos sociais à data de início e de cessação de funções, que devem reflectir a evolução patrimonial durante o mandato a que respeita.

A nova equipa de gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), liderada por António Domingues, entrou em funções a 31 de Agosto. Cabe ao Tribunal Constitucional receber as declarações e notificar os faltosos para que as entreguem ou completem mas a competência para fiscalizar os processos é do Ministério Público que compara a situação patrimonial dos titulares de cargos políticos ou de altos cargos públicos no início e no termo de funções. Depois de verificado o incumprimento, o TC notifica os faltosos, que têm mais 30 dias para entregar as declarações. Segundo a mesma lei, quando há “incumprimento culposo”, o Ministério Público promove a aplicação, pelos tribunais competentes, das sanções previstas na lei: perda do mandato, demissão ou destituição judicial.

As declarações devem conter os rendimentos brutos e a descrição do património imobiliário, como quotas ou partes sociais do capital de sociedades civis ou comerciais, de direitos sobre barcos, aeronaves ou automóveis, bem como de carteiras de títulos, contas bancárias a prazo e aplicações financeiras desde que superiores a 50 salários mínimos. Dívidas ao Estado, a instituições bancárias ou a quaisquer empresas, e os cargos sociais que tenham exercido nos dois anos anteriores à declaração também devem constar na declaração.

NINGUÉM ESCAPA

Além do Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, deputados e membros do governo, estão obrigados a entregar as declarações de rendimentos

De acordo com a lei que regula o controlo da riqueza dos titulares de cargos políticos, lei 4/83, os administradores notificados têm 30 dias para entregar junto do TC as respectivas declarações de património e rendimentos

os membros do Tribunal Constitucional, os representantes da República nas Regiões Autónomas, os membros do governo das Regiões, os deputados ao Parlamento Europeu, governador e vice-governador civil, os membros dos órgãos constitucionais, presidente e vereadores camarários. Os membros dos órgãos permanentes de direcção nacional dos partidos políticos com funções executivas e os candidatos a Presidente da República também têm que entregar declarações de rendimentos, tal como os gestores públicos ou de empresas participadas pelo Estado. Nas últimas semanas, todos os partidos defenderam que os administradores da Caixa deveriam entregar as declarações de rendimento e património no TC, tal como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos. Quer o chefe de Estado quer o governante sublinharam que o decreto do Governo que, em Junho, retirou os administradores da Caixa da jurisdição do Estatuto do Gestor Público não altera a lei de 1983 que obriga à entrega de declarações.

A Comissão Europeia previu, esta quartafeira, um crescimento de 1,7% da economia da zona euro em 2016 e de 1,5% em 2017, revendo em alta e em baixa respectivamente as estimativas avançadas em Maio. Assim, a Comissão Europeia estima agora um crescimento de 1,5% da economia da zona euro e de 1,6% na União Europeia (UE) em 2017, revendo em baixa as estimativas avançadas em Maio, de 1,8% e 1,9%, respectivamente. Segundo as previsões económicas do Outono, divulgadas esta quarta-feira, “o crescimento económico na Europa deverá continuar a um ritmo moderado”, esperando-se este ano que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro cresça 1,7% este ano, 1,5% em 2017 e 1,7% em 2018. As previsões da primavera apontavam para 1,6% este ano e 1,8% em 2017. O crescimento do PIB no conjunto da UE deverá seguir uma trajectória semelhante e deverá situar-se em 1,8% neste ano, 1,6% em 2017 e 1,8% em 2018 (previsões da Primavera: 1,8% este ano e 1,9% em 2017).

BONO LANÇA CAMPANHA PARA NET CHEGAR A 350 MILHÕES DE POBRES O vocalista dos U2, Bono Vox, lançou terça-feira uma campanha, através da sua associação sem fins lucrativos ONE, para que 350 milhões de mulheres e crianças que vivem nos países mais pobres do mundo possam ter internet em 2020. O anúncio foi feito através de uma mensagem enviada para todos os participantes da Web Summit que está a decorrer esta semana em Lisboa e que, este ano, não irá contar com a presença do cantor irlandês. «Eu não posso estar aí, mas os meus colegas da ONE estão para lançar a campanha para que o sector público e privado trabalhe junto para garantir que 350 milhões de mulheres e crianças dos países mais pobres do mundo estejam conectados à internet em 2020», lê-se na carta divulgada terça-feira.

FLORIDA APROVA MARIJUANA EM TRATAMENTOS MÉDICOS

Os eleitores na Florida (EUA) aprovaram na terça-feira em referendo o uso da marijuana para fins medicinais no estado, com mais de 60% dos votos necessários, segundo dados oficiais. A alteração autoriza o uso da marijuana em doentes de sida, cancro, epilepsia e outras situações médicas e obteve 71,2% dos votos (mais de 6,4 milhões), informaram as autoridades eleitorais na Florida. Os defensores da alteração, como Rob Hunt, presidente da empresa Teewinot Life Sciences, que trabalha na bio-síntese de cannabis, qualificaram o resultado como «altamente importante», porque vai beneficiar aqueles que «procuram um tratamento paliativo, que é um grande segmento da população envelhecida no estado».


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