Hoje Macau 10 NOVEMBRO 2022 #5128

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A confusão instalou-se ontem na fronteira de Macau. Face às quebras no sis tema do código de saúde, a acumulação de pessoas que queriam entrar na RAEM levou as autoridades a imporem medidas de controlo de multidões, e a apelar aos cidadãos que se comportassem “de maneira ordeira”. As causas das falhas estão ainda por explicar.

do caos LEI DA SEGURANÇA MOTIVOS DE ALERTA www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10QUINTA-FEIRA 10 DE NOVEMBRO DE 2022 • ANO XXI • Nº5130 PÁGINAS 6-7 DOCLISBOA - EXTENSÃO MARATONA DE CINEMA CASAS-MUSEU UMA MESA PORTUGUESA COP 27 UM MUNDO POR CUMPRIR EVENTOS PÁGINA 5 GRANDE PLANO
Fronteira
DO “MAPA DE ZHENG HE” PARA AS ILHAS CHAGOS E NANHAI Roderich Ptak PUB. MAYKE TOSCANO MATO GROSSO STATE COMMUNICATION DEPARTMENT VIA GETTY IMAGES FILE

Promessas, mentiras e vida

A China reafirmou ontem o compromisso na luta contra as alterações climáticas.

Mas há quem não esteja a cumprir, quer as metas, quer as promessas feitas aos países em vias de desenvolvimento, sobretudo no toca à protecção das florestas tropicais, parte fundamental da descarbonização do planeta

“Adeterminação da China em participar activamente no go verno do clima mun dial não vai recuar nem muito menos mudar”, declarou o enviado chinês, Xie Zhenhua, após a cimeira de lí deres, realizada na 27.ª Conferência das Partes (COP27) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), que decorre em Sharm el-Sheikh. O aumento da tensão entre EUA e China, os dois primeiros poluidores mundiais, criou receios quanto à dinâmica da luta contra o aquecimento global. Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tinha-lhes apelado a que assumissem a sua “responsabilidade particular”.

Xie referiu ainda as acções da China contra o aquecimento global, evocando a baixa contínua dos preços dos painéis solares, o seu lugar de primeiro construtor de veículos eléctricos ou a baixa de metade, desde 2005, da intensidade das emissões relacionadas com o produto interno bruto.

Promessas por cumprir

Mas Xie Zhenhua foi mais longe.

“Os países desenvolvidos devem cumprir a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares em financiamento climático o mais rapidamente possível e desenhar um roteiro para duplicar o fundo de adaptação”.

“Face aos graves desafios colocados pelos frequentes acon

tecimentos climáticos extremos que têm causado grandes perdas em todos os continentes e pela emergência de crises energéticas e alimentares este ano, o mul tilateralismo, a solidariedade e a cooperação continuam a ser a única saída para a situação difícil, disse Xie.

Para ele, o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas e o mecanismo das contribuições determinadas a nível nacional continuam a ser a “esco lha inevitável” para ultrapassar os desafios climáticos.

Como o Acordo de Paris entrou na fase de plena implementação, “a COP27 tem a importante missão de manter o consenso sobre os prin cípios da UNFCCC e promover

países desenvolvidos devem cumprir a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares em financiamento climático o mais rapidamente possível e desenhar um roteiro para duplicar o fundo de adaptação”.

acções pragmáticas por todas as partes”, disse o enviado chinês.

Notando que a China tem vindo a combater activamente as altera ções climáticas com acções per sistentes e pragmáticas, Xie disse que, após 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, “a determinação do país em seguir o caminho do desenvolvimento verde foi ainda mais reforçada”. “A firme determinação e posição da China em implementar os objec tivos de atingir o pico do carbono e de conseguir a neutralização do carbono, e de participar activamen te na governação climática global nunca mudará”, prometeu Xie.

O enviado chinês manifestou a esperança de que a COP27 se concentre na implementação das promessas, ao mesmo tempo que exorta os países desenvolvidos a assumirem a liderança no exer cício de esforços mais eficazes para reduzir as emissões de modo a alcançar a neutralização de car bono significativamente antes do prazo previsto, e alcançar resulta dos substanciais nas questões de adaptação e financiamento.

Florestas em risco

No pavilhão da Papua Nova Gui né, um enorme cartaz na parede dizia: “Precisamos de 100 mil milhões [de dólares americanos] anualmente para salvar as nossas florestas tropicais”. Kevin Conrad, director executivo da Coligação das Nações com Floresta Tropical, também director do pavilhão, disse que o slogan visa “escarnecer do fracasso dos países desenvolvidos em entregar os 100 mil milhões de dólares em financiamento cli

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COP27 CHINA REAFIRMA COMPROMISSO NA LUTA CONTRA AS CLIMÁTICASALTERAÇÕES
“Os
XIE ISLAM SAFWAT/BLOOMBERG

mático prometidos aos países em desenvolvimento em 2009”.

“Em 2022, ainda não entre garam”, disse Conrad. “O que estamos a tentar dizer é que 100 mil milhões de dólares não são suficientes apenas para proteger as florestas tropicais”. Precisamos de mais do que isso”.

Conrad enfatizou a importância de proteger as florestas tropicais na batalha global contra o aquecimen to global iminente. “Se perdermos as florestas tropicais, mesmo que paremos todas as emissões de carbono, continuamos a perder (a batalha climática)”, disse ele. “A China para nós é um bom exemplo dos tipos de investimento que pre cisam de ser feitos. A China está a mostrar esperança ao mundo”,

disse Conrad, salientando a uti lidade da China para a Coligação das Nações com Floresta Tropical, com o envio de peritos para a ajudar a proteger as florestas tropicais.

A China espera que “os países desenvolvidos cumpram a sua pro messa de fornecer 100 mil milhões de dólares o mais rapidamente possível e desenhem um roteiro para duplicar o financiamento da adaptação a fim de reforçar a confiança mútua e a acção conjunta entre o Norte e o Sul”, disse Xie.

Xie disse, para concluir, que “estamos dispostos a trabalhar com todas as partes para aderir ao multilateralismo, construir um sistema de governação climática global justo e razoável com uma cooperação vantajosa para todos,

Conrad enfatizou a importância de proteger as florestas tropicais na batalha global contra o aquecimento global iminente. “Se perdermos as florestas tropicais, mesmo que paremos todas as emissões de carbono, continuamos a perder (a batalha climática)”

e dar um maior contributo para en frentar os desafios colocados pelas alterações climáticas globais”.

MNE traça quadro geral

Também o Conselheiro de Estado Chinês e Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi afirmou que “China continuará a participar na cooperação internacional sobre alterações climáticas e dará con tribuições positivas para o sucesso da 27ª sessão da Conferência das Partes (COP27) da Convenção -Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UN FCCC)”, quando se reuniu através de uma ligação vídeo com Csaba Korosi, presidente da 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU).

Wang disse que a China iria prestar apoio e ajuda aos países em desenvolvimento dentro das suas maiores capacidades e dar contribuições positivas para o sucesso da COP27 que começou no domingo no Egipto.

Como a China detém a presi dência da 15ª reunião da Conferên cia das Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica, conhecida como COP15, que tem início a 7 de Dezembro, Wang disse que a China iria trabalhar com as partes para organizar bem a segunda parte da COP15 e dela fazer um sucesso.

O MNE chinês disse ainda que “a modernização chinesa procura a harmonia entre o homem e a natureza, e que a China continua empenhada em seguir um caminho verde, de baixo carbono e sustentável. A China está também pronta a reforçar o inter câmbio e a cooperação em matéria de recursos hídricos com outros países através da implementação da Inicia tiva de Desenvolvimento Global”.

Além disso, Wang disse que “to maremos uma parte mais activa na re forma e desenvolvimento do sistema de governação global, praticaremos o conceito de governação global de consulta alargada, contribuição conjunta e benefícios partilhados, aderiremos ao verdadeiro multilate ralismo, e aprofundaremos continua mente a cooperação com a ONU, e daremos maiores contribuições para a resposta da comunidade intern nacional com a ONU no seu núcleo, a ordem internacional baseada no direito internacional, e as normas básicas das relações internacionais baseadas nos objectivos e princípios da Carta da ONU”.

Face à corrente adversa da anti -globalização, a China defende a ade são à direcção certa da globalização económica, opõe-se à “construção de barreiras” e à “dissociação e quebra de cadeias”, salientou Wang. “A Chi na está empenhada na construção de uma economia mundial aberta, e na promoção de um desenvolvimento global comum”, adiantou.

“Face ao conflito da teoria das civilizações e da política de poder, a China apela à promoção dos valores comuns de toda a humanidade, respeitando a diver sidade das civilizações mundiais, e transcendendo as barreiras civi lizacionais através do intercâmbio entre civilizações, e transcendendo os conflitos civilizacionais através da aprendizagem mútua”.

Por seu lado, Korosi expressou a expectativa de reforçar a cooperação com a China para fazer da COP27 um sucesso e ajudar os países vulne ráveis a enfrentar os desafios no que diz respeito à utilização e gestão da água, além de reforçar a sua vonta de de apoiar os esforços da China e de promover a segunda vaga de reuniões da COP15 para a obtenção de resultados positivos.

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Activos Públicos Sónia Chan reconduzida no Gabinete de Supervisão

O mandato de Sónia Chan como coordenadora do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos da Região Administrativa Especial de Macau foi renovado por mais um ano, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. No extrato do despacho apresentado, o Chefe do Executivo considerou que Sónia Chan tem “experiência e competência profissionais adequadas para o exercício das suas funções”. O novo man dato começa a 20 de Dezembro de 2022. Antes de desempenhar esta função, Sónia Chan foi secretária para a Administração e Justiça, no último Governo de Fernando Chui Sai On entre 2014 e 2019.

IH Comissão

de Arnaldo

Santos renovada por um ano

A comissão de serviços de Arnaldo Ernesto dos Santos, como presidente do Instituto de Habitação, foi renovada por um período de um ano, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. A decisão foi tomada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e entra em vigor no próximo ano. Antes de assumir a actual posição, em 2016, Arnaldo Santos era coordenador do Gabinete de Desenvolvimento do Sector Energético. Quando assumiu as actuais funções substituiu Iong Kam Wa.

COVID-19 RON LAM CRITICA RELATÓRIO SOBRE SURTO DE 18 DE JUNHO

Não aprender com erros

Ron Lam teme que as autoridades não tenham aprendido nada com o surto detectado a 18 de Junho. A propósito da publicação do relatório final sobre a resposta ao surto, o deputado argumenta que não se compreende porque as autoridades não avançaram mais cedo para o confinamento da população

OGoverno de Macau res pondeu tarde e a más horas aos primeiros casos positivos encon trados na comunidade, no início do surto que foi detectado no dia 18 de Junho, ou pelo menos assim o entende o deputado Ron Lam.

A opinião consta de um artigo assinado pelo legislador no jornal O Cidadão, em reac ção à divulgação do “Relatório final sobre a resposta à situação epidémica” sobre o surto que pa ralisou Macau durante o Verão.

Apesar de referir que o docu mento agrega um vasto leque de informações e contém declara ções que reflectem factualmente o que se passou, Ron Lam indica que o relatório não menciona pontos em que as autoridades podem melhorar a sua actuação na resposta a possíveis surtos.

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Faz-se saber que no concurso público n.o 19/P/22 para a execução da “Concepção e Execução de Obras de Remodelação da Sala de Radiofluoroscopia (sistema de radiofluo roscopia com tubo de raios X por cima da mesa do paciente) do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como fornecimento e instalação de equipamentos”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 40, II Série, de 6 de Outubro de 2022, foram prestados esclareci mentos, nos termos do artigo 2.º do progra ma do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo.

Os referidos esclarecimentos encontram -se disponíveis para consulta durante o horá rio de expediente na Divisão de Aprovisiona mento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau.

Serviços de Saúde, aos 28 de Outubro de 2022

O Director dos Serviços de Saúde, Lo Iek Long

Além disso, o deputado acres centa que o relatório não explica os timings da intervenção das autoridades sanitárias, nomeada mente o “atraso na implementação do ‘estado relativamente estático’, declarado 20 dias depois de des cobertos casos na comunidade”. Ou seja, Ron Lam considera que o Governo deveria ter ordenado o confinamento parcial da popula ção de Macau logo após a escalada do número de infectados.

O deputado frisou que não procura responsabilizações,

Exemplo de cima

O deputado, eleito pela pri meira vez nas últimas eleições legislativas directas, traça ainda uma diferença entre a 1.ª e a 2 ª versão do “Plano de Resposta de Emergência para a Situação Epidémica da covid-19 em Grande Escala”, referindo

que o primeiro documento foi concebido antes de se verificar o primeiro grande surto em Macau.

Ron Lam frisou não procurar responsabilizações, nem estar a apontar o dedo a departamentos envolvidos na resposta ao surto, mas “se o Governo não encarar as dificuldades com que se deparou, pode voltar a repetir os erros” nem aponta o dedo a departa mentos envolvidos na resposta ao surto, mas “se o Governo não encarar as dificuldades com que se deparou, pode voltar a repetir os erros”.

Além disso, o Governo não seguiu as instruções estabeleci das no plano e a segunda versão já reflecte “as experiências dolorosas” no surto descoberto a meio de Junho. Outro ponto meritório do segundo, na óptica de Ron Lam, é ter sido elaborado em consonância com o plano do Grupo Geral do Mecanismo Conjunto de Prevenção e Con trole do Conselho de Estado.

Como tal, o legislador de fende que os planos de resposta a emergências geradas pela co vid-19 devem ser actualizados segundo as medidas imple mentadas pelas autoridades do Interior da China.

Em relação às despesas conta bilizadas na resposta ao surto de 18 de Junho, cujo valor ascendeu a mais de mil milhões de patacas, Ron Lam referiu que o avultado custo monetário é incomparável às perdas económicas decorren tes das infecções na comunidade.

Nunu Wu com J.L.

AREIA PRETA DEPUTADA ELLA LEI ELOGIA CONCLUSÃO DE VIADUTO

Adeputada

Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), elo giou o Governo devido à conclusão antes prazo do viaduto que faz a ligação entre a Avenida da Ponte da Amizade, na Areia Preta, e a Zona A dos Novos Aterros. Os elogios foram feitos em comunicado, depois de uma deslocação ao local, por parte da deputada. Segundo Ella Lei, o trabalho desenvolvido na Areia Preta merece todo o reconhecimento, não só porque mostra que as obras pú blicas podem ficar concluídas antes

do previsto, mas também porque vai resolver um problema grave de trânsito criado pela abertura da Ponte Hong Kong-Macau. Zhuhai.

Antes da pandemia, e das sérias restrições de circulação impostas pelo Governo, a Rotunda da Avenida da Amizade apresentava grandes conges tionamentos, principalmente nas horas de ponta. Ella Lei afirmou igualmente acreditar que com o final das obras, os residentes podem voltar a circu lar naquelas estradas sem grandes entraves, depois de anos com obras e desvios diários.

4 política www.hojemacau.com.mo 10.11.2022 quinta-feira
RÓMULO SANTOS PUB.

Pão e vinho sobre a mesa

AMOS montar um restaurante português, cafés e mais esplana das naquela zona. Arranjar alguns [artistas] portugueses para tocarem. Vai ser interessante”, afirmou Alexis Tam no dia 9 de Novembro de 2015, citado pelo HM há exactamente sete anos. A intenção do à altura secretário para os Assuntos Sociais e Cultura era dinamizar as Casas-Museu da Taipa.

Sete anos depois, a intenção de Alexis Tam é materializada num despacho assinado pela presidente do Instituto Cultural, Leong Wai Man, que abre o concurso público para a adjudicação da Casa de Recepções, no coração da zona que recebe anualmente o Festival da Lusofonia, em frente ao auditório onde é montado o palco principal do evento.

A intenção do Governo é abrir um “res taurante que promova a cultura portuguesa com características próprias de Macau e que possua elementos do património cultural in tangível de Macau, através de fornecimento de alimentos e bebidas gourmet macaenses”.

O IC pretende a abertura de um espaço que se conjugue “com o ambiente envolven te das Casas da Taipa e que seja utilizado também para vendas, exposições, activida des experimentais, workshops.”

Plano de pormenor

Em relação aos detalhes do “negócio”, o con curso público estabelece que a adjudicação será feita através de um contrato de arrenda mento com a duração de quatro anos, sendo que a renda base ainda não está definida.

Os interessados têm até ao dia 30 de Dezembro para entregar as propostas e pagar uma caução provisória no valor de 20.000 patacas “mediante depósito em numerário ou através de garantia bancária legal a favor do Instituto Cultural”, assim como uma caução definitiva no valor de 40.000 patacas.

Quanto aos critérios de avaliação das propostas, o despacho estipula que a ren da vale 40 por cento, o plano de negócio terá um peso de 35 por cento, projecto de planeamento do interior 10 por cento e a experiência do concorrente 15 por cento.

AMCM EMPRÉSTIMOS PARA

Os requisitos do concurso público estabe lecem ainda que os “concorrentes devem estar inscritos na Direcção dos Serviços de Finanças e na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis da RAEM”. No caso de o concorrente ser um “empresário em nome individual, deve ser residente na RAEM, e no caso de sociedades comerciais, o respectivo capital social deve ser detido numa percenta

HABITAÇÃO

gem superior a 50 por cento por residentes da RAEM”. O IC afasta a admissão de consórcios ao concurso público em questão.

O Governo vai organizar uma visita ao local para potenciais interessados no concurso na próxima terça-feira, dia 15 de Novembro. Para participar, é preciso fazer inscrição no Instituto Cultural até ao final do horário de expediente do dia anterior à visita. João Luz

SUBIRAM 15% EM SETEMBRO

BNU Lucros caem 32,6% no terceiro trimestre

O Banco Nacional Ultramarino registou lucros de 228,1 milhões de patacas no terceiro trimestre de 2022, menos 32,6 por cento do que o registado no mesmo período do ano passado. Os resultados, publicados ontem em Boletim Oficial, representam uma queda de 110,4 milhões de patacas nos lucros do banco. Durante o período em análise, a instituição bancária revelou uma subida do volume de negócios, com um crescimento do crédito de 2,2 por cento face ao trimestre anterior.

A instituição bancária dá conta ainda de um rácio de solvabilidade de 22 por cento, quase três vezes mais do que requisito mínimo de 8 por cento.

Contrabando Revogados 33 bluecards desde Janeiro

Desde o início do ano que o Corpo de Polícia de Segurança Pública revogou 33 autorizações de trabalho em Macau, o chamado bluecard, devido à participação em actividades de contrabando entre o território e o Interior. A informação foi revelada ontem por Vong Vai Hong, segundo-comandante do Corpo de Polícia de Segurança Pública, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, que acrescentou que os visados foram igualmente expulsos e ficaram proibidos de entrar no território. Por sua vez, Lei Iok Fai, adjunto do director-geral dos Serviços de Alfândega, apontou que há cada vez mais residentes locais a praticarem comércio paralelo, o que acredita poder ser explicado com o estado da economia, em quebra com a covid-19. Lei Iok Fai também indicou que entre Janeiro a Outubro, os SA apreenderam em mercadorias 160 milhões patacas nos postos fronteiriços e 98 milhões patacas nas inspecções nos edifícios industriais relacionados com as redes de contrabando. Porém, Lei prometeu que os esforços vão continuar, e que os contrabandistas não vão ter vida fácil, devido à cooperação com o Interior.

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Plano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2019

1. O prazo limite para a apresentação do pedido de atribuição do Plano de compar ticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2019 é fixado em 30 de Dezembro do corrente ano.

AAutoridade

Monetária de Macau (AMCM) revelou ontem que em Setembro foram aprovados pelos bancos de Macau mais 15,4 por cento de novos empréstimos hipotecários para habitação em relação ao mês an terior, atingindo um valor de 1,92 mil milhões de patacas. Entre os novos empréstimos aprovados, 99,4 por cento diziam respeito a residentes, segmento que cresceu 17 por cento em relação a Agosto, para um total de 1,91 mil milhões de patacas. Já a componente não

-residente voltou a baixar, com uma quebra de 64,9 por cento, para um valor de 11,6 milhões de patacas.

Entre Julho e Setembro, o número médio mensal dos novos empréstimos à habitação atingiu 1,5 mil milhões de patacas, valor

que representou um aumento de 13,7 por cento face ao período anterior (Junho a Agosto).

AAMCM revela também que o número de empréstimos para habitação aprovados em Setembro em que a garantia é assegurada por edifícios em construção caiu 84 por cento em relação ao período homólogo de 2021.

Quanto aos novos emprésti mos comerciais para actividades imobiliárias aprovados em Se tembro, a AMCM dá conta de um decréscimo de 8,4 por cento

face a Agosto, para um total de 1,87 mil milhões de patacas. Neste capítulo, os empréstimos contraídos por residentes caíram 15,4 por cento.

O rácio de dívidas não pagas por empréstimos para a habitação atingiu em Setembro 0,48 por cento, o que significa um aumen to de 0,01 por cento em relação a Agosto ou 0,23 por cento em relação ao período homólogo de 2021. O rácio de dívidas não pagas para empréstimos comer ciais foi de 0,8 por cento. J.L.

2. Os indivíduos que satisfaçam os requisi tos de atribuição, mas não tenham ainda formulado o pedido, devem dirigir-se até ao termo do prazo supracitado ao Centro de Serviços do Instituto para os Assun tos Municipais, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 762-804, Edifício “China Plaza”, 2.º andar, Centro de Serviços da RAEM, sito na Rua Nova da Areia Preta, n.º 52, ou Centro de Serviços da RAEM das Ilhas, sito na Rua de Coimbra, n.º 225, 3º andar, Taipa, para efeitos de tratamento das respectivas formalidades.

3. Por último, solicita-se que os cheques ain da não sacados sejam apresentados, com a maior brevidade, junto de qualquer ins tituição bancária de Macau.

Macau, aos 28 de Outubro de 2022.

política 5www.hojemacau.com.moquinta-feira 10.11.2022
DA
IC CASA-MUSEU
TAIPA COM RESTAURANTES E CULTURA PORTUGUESA
O Instituto Cultural abriu um concurso público de ad judicação da Casa de Recepções, uma das Casas-Museu da Taipa, para um restaurante que promova a cultura portuguesa e produtos “gourmet macaenses”. O despacho assinado pela presidente do IC materializa uma velha promessa de Alexis Tam
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A intenção é abrir um “restaurante que promova a cultura portuguesa com características próprias de Macau e que possua elementos do património cultural intangível de Macau, através de fornecimento de alimentos e bebidas gourmet macaenses”

Balbúrdia na fronteira

Apesar de ser obrigatória para entrar em serviços públicos e privados, a aplicação do Código de Saúde esteve inutilizável durante alguns períodos do dia de ontem. Os problemas levaram à implementação de medidas de controlo de multidões nas fronteiras

Osistema do Código de Saúde, que re gista o itinerário e eventuais sintomas de covid-19 dos cidadãos, esteve ontem em baixo e com pro blemas durante o período entre as 07h30 e as 10h30 e novamente à tarde, por volta

das 15h. A falha foi reco nhecida pelas autoridades, que ao final do dia de ontem ainda estavam a analisar o sucedido.

As primeiras avarias registadas ontem surgiram por volta das 07h30, numa altura em que várias pessoas atravessam a fronteira para

entrarem em Macau, onde trabalham e estudam, apesar de viverem no outro lado da fronteira. No entanto, na noite terça-feira já tinham sido registados problemas semelhantes por algumas pessoas, que, além da ma nhã, voltaram a ser sentidos na tarde de ontem.

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Pelo menos 30 alunos da Escola Choi Nong Chi Tai encontraram dificuldades para atravessar a fronteira, onde ficaram retidos por mais de uma hora, de acor do com Vong Kuok Ieng, director daquele estabeleci mento de ensino. Ao jornal Ou Mun, Vong explicou que a passagem dos alunos sofreu um atraso superior a uma hora, o que deixou as crianças nervosas.

Devido às falhas mati nais, quem tentasse intro duzir as suas informações e gerar o código de saúde era impedido e recebia as mensa gens “Erro: Não foi Possível Carregar o Código de Saúde. Tente outra vez (8220)” e “502 Bad Gateway”.

Face aos problemas do Código de Saúde e à poten cial acumulação de pessoas na fronteira da Portas do Cerco, pelas 08h30, o Cor po de Polícia de Segurança Pública fez um apelo à po

pulação para que evitasse atravessar a fronteira, a não ser em caso de necessidade.

Ao mesmo tempo, o CPSP implementou medidas de controlo de multidões e ape lou a residentes e turistas que obedecessem às instruções nas fronteiras, e se comportassem de “maneira ordeira”. Foi igualmente pedido às pessoas para que verificassem online a situação das fronteiras, escolherem aquelas com menores aglomerações, e que preenchessem a declaração de saúde em papel.

Em investigação

Face ao problema, às 11h38 o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus emitiu uma nota de imprensa a reconhecer o problema. Segundo o orga nismo, “por volta das 07h35 de quarta-feira” o código de saú de “sofreu uma falha técnica repentina” e “não funcionou normalmente”.

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CÓDIGO DE SAÚDE ESTEVE EM BAIXO E DIFICULTOU ENTRADAS
COVID-19
“O sistema retomou o seu funcionamento normal após a reparação. O motivo que provocou esta falha está a ser investigado.”
CONTINGÊNCIA
GCS GCS

A aplicação, sem a qual os cidadãos enfrentam inúmeras dificuldades para viver, uma vez que ficam impedidos de entrar em vários espaços, incluindo serviços públicos, só foi restaurada depois da intervenção dos técnicos informáticos. “O sistema re tomou o seu funcionamento normal após a reparação. O motivo que provocou esta falha está a ser investigado”, foi explicado.

No mesmo comunicado, foi ainda apresentado um pedi do de desculpas. “O Centro de Coordenação de Contingência pede desculpas ao público por qualquer inconveniente causado devido à falha do sistema do código de saúde de Macau”, pode ler-se.

Portas do Cerco Escadas rolantes levaram três anos a ser substituídas

A Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau anunciou ontem a terminou a terceira fase da substituição das escadas rolantes das Portas do Cerco, uma obra que começou a ser feita faseadamente em 2019.

As autoridades indicaram que as escadas rolantes “entraram em funcionamento há vários anos no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco” e que vinham denotando “envelhecimento em parte dos seus componentes”.

Todos os equipamentos ficaram prontos para operar e vão reto mar amanhã o funcionamento.

Covid-19

Registado

um caso importado

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou que na terça-feira foi registado um caso importado de covid-19, prove niente de Taiwan. De acordo com a informação divulgada, trata-se de uma mulher com 62 anos, residente, que negou alguma vez ter sido infectada, antes de se deslocar para Macau. O caso foi classificado como caso importa do de infecção assintomática de covid-19 e a mulher foi levada para isolamento médico. Até ao final de terça-feira, tinham sido registados 2.612 casos de co vid-19 em Macau, entre os quais 795 casos são classificados como “confirmados” e 1.817 de “infecção assintomática”.

Veio para ficar

LEONG Sun Iok exigiu ontem às autoridades que expliquem clara mente os problemas do Código de Saúde que criaram “grandes inconve nientes” à população. Ape sar das críticas, o deputado defendeu que o Código de

Saúde deve continuar a ser utilizado no fim da pande mia, como “plataforma de saúde pública”.

A posição do legislador ligado à Federação das As sociações dos Operários de Macau (FAOM) foi tomada horas depois de muitas

pessoas terem encontrado problemas na fronteira, devido à impossibilidade de obterem o código de saúde.

Na perspectiva de Leong, desde o surgimento da covid-19 que “o código de saúde” se tornou “uma ferramenta obrigatória”

para todos os cidadãos e turistas que querem visitar Macau. Contudo, o deputa do indicou que as “repetidas falhas do código de saúde” têm “criado muitos inconve nientes, especialmente para as pessoas que precisam de entrar e sair dos espaços pú blicos”. O legislador culpa o Governo pelas dificuldades que as pessoas enfrentaram para chegar ao trabalho, à es cola, ou a consultas médicas, sem qualquer necessidade.

Também muito grave para Leong Sun Iok ,é o facto de os problemas com o Código de Saúde afecta rem a imagem de Macau como destino turístico e os possíveis futuros pla nos para a utilização desta aplicação, mesmo depois da pandemia.

Em relação a este as pecto, Leong defende a possibilidade de o Código de Saúde não ser mais abandonado em Macau, e passar a ser utilizado como uma “plataforma de gestão de saúde”.

Pelo menos 30 alunos da Escola Choi Nong Chi Tai encontraram dificuldades para atravessar a fronteira, onde ficaram retidos por mais de uma hora

Por sua vez, a Polícia Judiciária, à semelhança do Centro de Cibersegurança, afirmou que até ontem não tinha recebido qualquer denúncia de ataques ciber néticos contra a aplicação móvel do código de saúde.

Cantão Mais 3.200 casos positivos

As autoridades de Saúde da Província de Cantão anun ciaram ontem mais 3.200 infecções novas por covid-19, de acordo com a informação publicada no jornal Ou Mun. En tre os novos casos, 2.600 estão concentrados em Guangzhou, o que levou a que no Distrito de Liwan fossem impostas “medi das rigorosas” de controlo de circulação de pessoas, que se vão prolongar até ao próximo do domingo. Os restantes casos foram detectados em outros locais como Shenzhen e Maoming. A nível nacional, as autoridades de saúde da China anunciaram ontem mais 8.100 novos casos de covid-19, entre os quais 1.294 foram consi derados casos confirmados e 6.882 casos assintomáticos.

Obrigados ao impossível Actualmente, é quase im possível entrar nos serviços público sem código de saúde, apesar de o Governo não ter oferecido qualquer telemóvel aos residentes, para que estes possam ter sempre consigo o código. No melhor cenário, em que aos cidadãos não é exigido o impossível, uma pessoa sem telemóvel pode preencher o código de saúde num tablet à entrada dos serviços públicos. Contu do, o procedimento pode durar mais de 20 minutos, uma vez que as pessoas são obrigadas a preencher em cada aparelho diferente todo o tipo de informações, como o itinerário dos últi mos 14 dias, o número do BIR, data de nascimento, morada, entre outros.

Há meses, a legisladora Wong Kit Cheng, ligada à Associação das Mulheres de Macau, afirmou na Assembleia Legislativa que a exigência do código de saúde tem contribuído para o aumento do número de suicídios entre os mais velhos. J.S.F.

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O CPSP implementou medida de controlo de multidões e apelou a residentes e turistas que se comportassem de “maneira ordeira”
RÓMULO SANTOS

Do “Mapa de Zheng He”

I Em 1422, seiscentos anos atrás, Zheng He 鄭和, o famoso almi rante do início do período Ming, regressou da sua sexta viagem à China. Sabemos muito pouco sobre esta viagem, mas algumas das embarcações sob o seu co mando chegaram a lugares muito distantes na Índia e na Península Arábica. Entre as fontes que dão testemunho das actividades de Zheng He existe um mapa anóni mo, agora normalmente chamado Zheng He hanghai tu 鄭和航海圖.

O mapa sobreviveu em dois tex tos posteriores da dinastia Ming e vários estudiosos têm feito uma extensa pesquisa sobre o mesmo. Existe dissidência relativamente à questão de quando e em que circunstâncias foi desenhado. Contudo, a maioria dos estudio sos acredita que a sua versão ori ginal foi feita no início do século XV. Além disso, algumas das suas partes poderiam basear-se em fontes não chinesas.

O mapa é um documen to importante. Há duas razões principais para isso: Primeiro, é a peça mais antiga existente, a nível mundial, que mostra o sis tema da Rota da Seda Marítima. Isto inclui o principal corredor de navegação desde Nanjing, via Hainan e a costa do Vietname moderno até à secção sul da pe nínsula malaia e o mundo insular próximo dessa área. A partir daí, o corredor continua para oeste, para Melaka, Sri Lanka, Sul da

Índia e Ilhas Maldivas. Diferen tes rotas levam da Índia do Sul e das Maldivas à Península Arábi ca e à África Oriental. Para além destes segmentos principais, o mapa também regista várias rotas subsidiárias, como por exemplo, uma rota perto do lado ocidental de Kalimantan até Java, ou uma rota de navegação através do Es treito de Sunda e ao longo do lado ocidental de Sumatra. A segunda razão para considerar o “mapa Zheng He” como um importante documento cartográfico relacio na-se com uma questão técnica. Todas as rotas estão representa das sob a forma de linhas ponti lhadas. Na verdade, este parece ser o mapa mais antigo existente, que define os corredores de nave gação da Ásia de tal forma. Como todos sabemos, os percursos de navegação são produtos mentais. Ao contrário das linhas de comu nicação continentais - tais como

As ilhas no Mar da China Meridional aparecem na secção central do mapa. Assim, simbolicamente, formam a zona fronteiriça meridional da China

PUB. Figura 1- Guangdong, Hainan e as Ilhas Nanhai no mapa de Zheng He

He” para

as

ilhas Chagos e Nanhai: Uma nota comparativa

ruas e caminhos-de-ferro - elas não existem como tal. Claramen te, desenhar vias marítimas num mapa implica um processo men tal de “abstracção”, o que, por sua vez, pressupõe o preenchi mento de várias condições: por exemplo, os marinheiros devem estar familiarizados com uma rota. Devem considerar essa “en tidade invisível” como uma “ave nida” segura e regular. Dito de outra forma, uma rota deve ser previsível, o risco de se deparar com uma catástrofe deve ser mi nimizado. Sem o cumprimento destas condições, uma potencial linha de comunicação através do mar não pode tornar-se um cor redor regular para o intercâmbio comercial e cultural.

Dadas estas características, o mapa de Zheng He é um docu mento muito importante. Grafica mente, confirma o que sabemos através de textos escritos, nomea damente que o chamado sistema da Rota da Seda Marítima era um conjunto de linhas de comunica ção seguras e previsíveis pelos padrões do seu tempo - uma his tória que tinha começado muito antes. Uma história marcada pelo comércio e intercâmbio pacífico, e não por guerras e atrocidades imprevisíveis.

II

É claro que há muito mais a di zer. Primeiro, perto de algumas das linhas pontilhadas no mapa,

encontramos instruções náuticas. Estas instruções dizem aos leito res, qual a direcção que um navio teve de seguir para chegar ao seu destino. O sistema de direcções é baseado na tradicional bússola de navegação da China. Em vá rios casos, o mapa também indica a duração média de uma viagem de A a B. Além disso, ocasional mente, representa obstáculos pe rigosos perto ou no caminho, por exemplo recifes e outras zonas pouco profundas.

O mapa não é desenhado à escala. Muito provavelmente, a sua versão original era um lon go pergaminho horizontal. Para ser incluído em livros impressos, teve de ser segmentado em ima gens separadas. Todas as inter pretações do mapa se baseiam nas imagens disponíveis. A dis posição sequencial destas ima gens é tal que os utilizadores são guiados desde o extremo direito do mapa até ao extremo oposto. No extremo direito vê-se Nanjing, a capital imperial no início dos tempos Ming, e o ponto de parti da das expedições de Zheng He. A partir daí, os navios de Zheng He seguem o curso de navegação pontilhado, que conduz através do rio Yangzi até à área da Xan gai moderna e das ilhas Zhou shan 舟山群島. Depois navega ram ao longo da costa chinesa em direcção a Fujian, Guangdong e Hainan. Assim, durante a viagem de saída, a massa terrestre conti nental apareceria sempre para a

direita, ou seja, a estibordo. Por outras palavras, os marinheiros a bordo de um navio olhariam do mar para a terra e utilizariam marcos continentais - para além de ilhas próximas, rochedos e recifes - como pontos de orienta ção. Muitas destas marcas apare cem no mapa. Mais genericamen te, o mapa é desenhado a partir da perspectiva do marinheiro, ou seja, a partir da visão daque les que se deslocaram ao longo da linha pontilhada. Isto explica porque é que o cenário do Zheng He hanghai tu não segue uma das técnicas “convencionais” de pro jecção a que estamos habituados.

A sua segmentação interna é outro ponto que se pode consi derar. Cerca de metade do mapa mostra a costa da China, a outra metade trata do Sudeste Asiático e do Oceano Índico. O centro de Guangdong, com o estuário do Rio das Pérolas e Hainan, estão

no meio do mapa (ver ilustração 1). Nessa altura, Macau ainda não tinha nascido, mas o mapa mostra claramente o velho Xian gshan 香山 sob a forma de uma ilha (o que era realmente naque les dias remotos). Mostra tam bém as «Nove Ilhas”, um grupo de mini-ilhéus no lado leste da moderna Zhuhai. Este conjunto de nove ilhas foi então chamado Jiu xing 九星, literalmente “Nove Estrelas”. Pode-se associar esse nome a conceitos cosmológicos e outros. Contudo, outra caracterís tica é mais importante: a alguma distância do continente e da costa de Hainan - esta última ostenta o antigo nome Qiongzhou 瓊州encontramos várias ilhas “perifé ricas» e uma grande área cheia de pontos. Estes locais representam as muitas ilhas e recifes no Mar do Sul da China, dos quais o Ar quipélago Paracel (Xisha qundao 西沙群島) era particularmente conhecido dos capitães e pilotos que navegavam ao longo da Rota Marítima da Seda.

Como acabou de ser mencio nado: As ilhas no Mar da China Meridional aparecem na secção central do mapa. Assim, simbo licamente, formam a zona fron teiriça meridional da China, algo reminiscente da Grande Muralha perto da franja norte da China. De facto, fontes anteriores também aludem à importante posição geo gráfica destas ilhas e do Mar do Sul da China (Nanhai 南海) como tal. Além disso, muitos textos,

desde muito cedo, referem-se ao coral vermelho, amêijoas gigan tes (Tridacna), e outros produtos marinhos. Alguns destes produtos foram recolhidos por pescadores de Hainan, que navegavam regu larmente para as regiões insulares do Nanhai. Os estudiosos chine ses analisaram todos os porme nores e apresentam frequente mente as fontes relevantes por ordem cronológica. Sem dúvida, a parte central do Zheng He han ghai tu é um documento chave numa longa sequência de obras que sublinha a importância das ilhas Nanhai para o passado ma rítimo da China.

III

De Hainan e do Nanhai podemos agora prosseguir para o Oceano Índico. Um segmento do mapa mostra as Maldivas e as áreas adjacentes (ver ilustração 2). O olho destreinado vai achar este segmento altamente confuso. No entanto, quando o viramos para a direita, por cerca de 90 graus, pode ser decifrado mais facilmen te. A massa terrestre no fundo (ou se virada, para oeste) mostra a costa da África Oriental; o pe queno objecto em forma de torre com as personagens Malindi 麻 林地marca um local familiar no Quénia moderno. A maior ilha da ilustração 2 representa o Sri Lanka. A massa terrestre rectan gular a norte dela mostra a Índia. As pequenas ilhas no meio das

VIA do MEIO 10.11.2022quinta-feira 9 Continua na página seguinte
O governo de Pequim utiliza, logicamente, as ricas provas históricas para sublinhar os seus pontos de vista - pontos de vista que se baseiam na investigação académica
Figura 2 - Sri Lanka, as Maldivas e outras ilhas no mapa de Zheng He

muitas linhas de navegação re presentam os arquipélagos das Laccadivas e Maldivas, que se estendem de norte a sul ao lon go da costa ocidental indiana. Embora estas identificações não coloquem problemas, surge uma questão delicada: O que signifi cam as ilhas a sul do Sri Lanka e das Maldivas? Apenas uma de las tem um nome: Silongliu 巳龍 溜 (o primeiro caracter também poderia ser ji 己 ou yi 已). Assim, como esperado, existem diferen tes interpretações. Uma opção muito plausível é que alguns destes locais marcam as Ilhas Chagos no meio do Oceano Ín dico, outras ilhas podem apontar para as Comores, Seychelles, ou mesmo para a Reunião e Mau rícias, ou Agaléga, Tromelin, os cardumes de Saint Brandon, etc.

Aqui, vamos principalmente olhar para o grupo de Chagos. Nos dias de Zheng He, estes atóis de coral eram desabitados, mas aproveitando ventos e cor rentes favoráveis, os marinheiros que passavam pelo Oceano Índi co num curso este-oeste próximo do equador, podiam alcançá -los com bastante facilidade. Há provas de que os Maldivianos também os conheciam, mas ra ramente lá iam. Mais importante para nós, o mapa de Zheng He parece sugerir que os marinhei ros chineses estavam familia rizados com partes do Oceano Índico central, incluindo alguns dos seus aglomerados de ilhas.

Por que é que isso é relevan te? Ao contrário do que alguns estudiosos do mundo anglófono continuam a dizer-nos, a maio ria dos especialistas da história marítima argumentaram que as viagens de Zheng He foram con duzidas pacificamente, de acor do com as suposições expressas acima, na parte I. É verdade que alguns dos primeiros navios Ming transportavam soldados, mas es tas tropas só se tornaram activas, quando foi necessário defender a frota contra inimigos. De fac to, as expedições de Zheng He não serviram ambições militares - serviram interesses comerciais, intercâmbio cultural e diplomacia pacífica. Durante a maior parte do tempo, o comércio ao longo da Rota Marítima da Seda e dos seus muitos ramos subsidiários foi conduzido de forma harmonio sa, presumivelmente guiado pela tolerância e compreensão mútua. A Early Ming China, pelo que pa rece, prosseguiu esta política. Dar e receber, dentro de um sistema refinado das chamadas relações de tributo (chaogong maoyi 朝貢 貿易), não implicava uma explo ração rigorosa, nem a implemen tação de controlos impiedosos.

Claramente, Zheng não esta va no mar para anexar terras es trangeiras com poder militar. A

apreensão de terrenos distantes e a pilhagem brutal de recursos alienígenas são fenómenos de tempos muito posteriores. Aqui pode-se pensar especialmen te nos holandeses, britânicos e americanos.

Isto leva-nos de volta ao Oceano Índico. A China não empreendeu esforços para ins talar colónias permanentes nas ilhas tropicais ou nas zonas costeiras em torno deste vas to espaço marítimo. As Ilhas Chagos permaneceram um pa raíso natural intocado. Cem anos depois, depois de Zheng He, quando os portugueses as avistaram, elas ainda estavam desabitadas. Os portugueses respeitavam o seu estatuto e até hoje, uma ilha do grupo de Chagos tem um nome “ibérico”: Diego Garcia. A origem deste nome é algo confusa; no entan to, isto é irrelevante para nós. Muito mais tarde, os franceses tomaram posse do arquipélago e trouxeram escravos e outros para os colonizar. Ao longo do tempo, estes migrantes desen volveram a sua própria cultura e língua locais. Além disso, os Chagossianos, como as pes soas lhes chamariam, estavam em contacto regular com as Ilhas Maurícias e outras ilhas próximas. Isto conduz a outro

capítulo da história, como vere mos mais adiante. IV

Após as guerras napoleónicas, a Grã-Bretanha tomou posse de muitas colónias francesas, incluindo as Ilhas Chagos. Esta mudança prefigurou um triste desenvolvimento: mais de cento e cinquenta anos depois, quan do a “Guerra Fria” se estendeu gradualmente a partes de África e da Ásia, Londres e Washington fizeram planos para estabelecer uma importante base militar em Diego Garcia, a maior ilha do arquipélago de Chagos. A sua posição geográfica na parte cen tral do Oceano Índico parecia ser um local ideal para possíveis intervenções em toda a região. Eventualmente, estas ideias to maram forma. A Grã-Bretanha permitiu aos Estados Unidos construir uma grande base so bre Diego Garcia. Os militares queriam permanecer sem serem observados e sem serem pertur bados; consequentemente, os nativos Chagossianos tiveram de abandonar as suas casas. Mui tos deles foram deportados con tra a sua vontade para as Ilhas Maurícias e outros locais. Outros problemas surgiram do facto de as Maurícias, que se tinham tor

nado independentes até então, terem reclamado para si as Ilhas Chagos e outros locais próximos. Isto e o terrível destino dos Cha gossianos exilados implicou uma série de negociações complica das, que envolveram repetida mente tribunais e organizações internacionais, mas o campo anglo-americano não quis ceder. Em termos simples: os militares gozavam de prioridade. De facto, os Estados Unidos utilizaram o aeroporto de Diego Garcia para os seus bombardeiros durante várias guerras, especialmente contra os seus inimigos no Ira que e no Afeganistão. Até agora, o porto e outras instalações da ilha servem para controlar o trá fego aéreo e marítimo através de uma grande região. Existem ru mores sobre outras utilizações, mas é melhor deixarmos isso de lado.

Aqui podemos regressar ao Mar do Sul da China. Tanto o antigo governo do Guomindang como a República Popular da China sempre assinalaram que as ilhas de coral e os recifes nesse mar deveriam pertencer à China. Como foi mencionado, os estudiosos chineses produzi ram muitas provas de que estes locais eram conhecidos desde tempos muito remotos. Deze nas de registos, especialmente textos de navegação simples (os chamados genglu bu 更路 簿), servem de prova. A maioria deles foram escritos no período Qing e no início do período re publicano, mas baseiam-se em conhecimentos orais que re montam a tempos muito mais antigos. No seu conjunto, estas fontes e as muitas referências às ilhas nos primeiros mapas e textos sugerem que os pescado res, especialmente de Hainan, navegariam regularmente para as ilhas Xisha e ainda mais a sul, para a área de Nansha 南沙 群島. Para além disso, existem provas arqueológicas de todas estas actividades.

Pelo contrário, parece não haver referências às muitas ilhas Nanhai nos registos filipi nos e malaios dos tempos pré -coloniais. E há muito pouco em fontes textuais associadas ao Vietname (ou antes Annam e Champa nos velhos tempos). Em termos simples, durante longos séculos, as primeiras referências às ilhas do Mar do Sul da China aparecem em obras chinesas. Fi nalmente, não havia nelas popu lação “nativa”, que os chineses teriam forçado a abandonar.

Assim, o governo de Pequim utiliza, logicamente, as ricas provas históricas para sublinhar os seus pontos de vista - pontos de vista que se baseiam na in vestigação académica. Para dar peso às suas reivindicações his

tóricas e para tornar a área se gura contra possíveis intrusos, Pequim colocou instalações mi litares em alguns dos atóis em frente à sua porta. Como todos sabemos, Washington opõe-se veementemente a isto e acusa Pequim de agir contra as regras e acordos internacionais. Além disso, os americanos instaram os países adjacentes a mani festarem-se e a empreenderem acções contra a China. Isto faz lembrar uma ferramenta política simples: divide et impera, ou fen er zhi zhi 分而治之. Claramente, os tempos relaxados da era de Zheng He acabaram. V

O que é que se pode dizer em conclusão? Muito obviamente, a situação actual é paradoxal. Wa shington insiste nos direitos hu manos e na democracia, mas o caso de Chagos - tal como tantos outros cenários - revela uma his tória diferente. Paradoxalmente também, o governo dos EUA não parece opor-se à presença de Taiwan nas Ilhas Pratas 東沙 群島, que é um dos arquipélagos do Mar do Sul da China. Além disso, o mundo de Chagos está a uma grande distância da Grã -Bretanha e dos Estados Uni dos, as Ilhas Nanhai situam-se em frente ao continente chinês. Como reagiria Washington se a China dissesse aos americanos que devem abandonar a cintu ra da ilha perto de Los Angeles? Finalmente, as forças navais chi nesas no Nanhai têm uma fun ção protectora; as instalações em Diego Garcia servem as necessi dades imperiais de uma super potência gananciosa.

Muito obviamente, a cons tante provocação no Mar do Sul da China põe em perigo a ideia de troca pacífica ao longo da antiga Rota da Seda Marítima e dos seus muitos ramos. O “mo delo” Zheng He é um sonho de um passado distante. Quando os portugueses se mudaram para a península de Macau, o Mar do Sul da China ainda era um ce nário calmo e pacífico. Mesmo a presença da Espanha em Luzon não alterou essa situação. Hoje estamos perante uma etapa com pletamente diferente. De certa forma, a nova constelação exi be os lados obscuros de velhas ideias como “destino manifesto”, “América primeiro”, e “excepcio nalismo americano”. Além disso, uma tal posição serve muitos ob jectivos. Os meios de comunica ção social chamam regularmen te a atenção para isto, enquanto poucas pessoas ouviram falar da tragédia de Chagos, e apenas os “especialistas informados” nota rão o que se passa noutras par tes oceânicas do globo.

VIA do MEIO 10 10.11.2022quinta-feira
Estátua do Almirante Zheng He, no Templo Sam Po, Semarang, Indonésia

Um ano desafortunado

INFLAÇÃO DESACELERAÇÃO EM OUTUBRO

Opresidente do grupo Fo sun, Guo Guangchang, que detém várias empre sas em Portugal, caiu 35 lugares na lista dos mais ricos da China, para a 126.ª posição, no pior ano para os mul timilionários do país desde 1998.

A fortuna pessoal de Guo, 55 anos, fixou-se, em 2022, no equivalente a cerca de 5,5 mil milhões de euros, de acordo com a lista elaborada pela Hurun Re port Inc, unidade de investigação sediada em Xangai e considerada a Forbes chinesa.

A Fosun, que soma uma dívi da equivalente a cerca de 38 mil milhões de euros, desfez-se já de milhares de milhões de euros em activos este ano, à medida que enfrenta crescentes dificuldades de financiamento nos mercados chinês e internacional.

As acções da Fosun Internatio nal Limited, a principal unidade do grupo cotada na Bolsa de Va lores de Hong Kong, afundaram mais de 40 por cento, nos últimos 12 meses.

A Fosun realizou, nos últimos dez anos, uma série de aquisições além-fronteiras, adquirindo em Portugal a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30 por cento no banco Millennium BCP e mais de 5 por cento da RENRedes Energéticas Nacionais.

Segundo a lista da Hurun, di fundida ontem, o número de multi milionários na China registou, em 2022, a maior queda em 24 anos, reflectindo o impacto da política de ‘zero casos’ de covid-19 e a crise no sector imobiliário.

De acordo com este ‘ranking’, 1.305 pessoas na China têm agora

uma fortuna estimada em pelo menos 5 mil milhões de yuans, uma queda de 11 por cento, em relação ao ano passado.

A fortuna acumulada dos multimilionários chineses é equi valente a cerca de 3,5 biliões de euros, uma queda homóloga de 18 por cento, o que representa tam bém a maior descida homóloga dos últimos 24 anos.

O preço a pagar

A China é um dos últimos países do mundo a manter rigorosas

medidas de prevenção epidémica. Os repetidos bloqueios de bairros, distritos e cidades inteiras impli cam uma interrupção das cadeias de produção e abastecimento e do comércio, travando a actividade económica.

Os multimilionários chineses também sofreram no mercado de acções, face a uma campanha regulatória lançada por Pequim no sector da tecnologia, as incertezas ligadas à guerra na Ucrânia e a subida das taxas de juro pela Re serva Federal dos Estados Unidos.

Segundo a lista da Hurun, difundida ontem, o número de multimilionários na China registou, em 2022, a maior queda em 24 anos, reflectindo o impacto da política de ‘zero casos’ de covid-19 e a crise no sector imobiliário

A fortuna pessoal de Yang Huiyan, que dirige o grupo imo biliário Country Garden Holding, registou a maior perda, no valor equi valente a 15,7 mil milhões de euros.

O chinês mais rico continua a ser Zhong Shanshan, fundador da empresa de água engarrafada Nongfu Spring, que viu a sua fortuna aumentar em 17 por cento, para 65 mil milhões de euros.

Quase 300 chineses que, no ano passado, estavam nesta lista, deixaram de estar. A maioria per tence ao sector imobiliário, que enfrenta uma crise de liquidez.

O Fundo Monetário Inter nacional (FMI) prevê que a economia chinesa cresça 3,2 por cento, este ano, o que seria o ritmo mais fraco das últimas quatro décadas, excluindo 2020, o ano em que a pandemia da covid-19 começou.

FORÇAS ARMADAS XI EXORTA MILITARES A “ESTAREM SEMPRE PREPARADOS’’

OPresidente chinês, Xi Jinping, exortou on tem os militares do país a es tarem “sempre preparados para a guerra”, apontando que a China “enfrenta uma situação de segurança cada vez mais instável e incerta”.

“A tarefa da luta militar é árdua e pesada”, disse

Xi durante uma visita ao centro de comando de operações conjuntas da Comissão Militar Central (CMC), o órgão que con trola as Forças Armadas chinesas, citado pela tele visão estatal CCTV.

Xi, como presidente da CMC, pediu a todos os

militares que dediquem a sua energia ao desenvol vimento da “capacidade de combate”, visando es tarem prontos para “lutar e vencer uma guerra”.

O líder chinês acres centou que a segurança nacional da China enfrenta “mais instabilidade e

incerteza”, pelo que o Exército deve “reforçar o treino militar e a pre paração para a guerra”, num contexto marcado por tensões crescentes no Estreito de Taiwan.

No discurso de abertura do 20º Congresso do PCC, Xi condenou as “activida

des separatistas que procu ram a ‘independência de Taiwan’” e as “provocações grosseiras do exterior”.

“Almejamos a reunifi cação pacífica, mas nunca prometeremos desistir do uso da força como opção”, disse. “A reunificação vai ser alcançada”, garantiu.

Oíndice

de preços no consumi dor (IPC), o principal indica dor de inflação da China, aumentou 2,1 por cento em termos anuais em Outubro, abaixo do valor de 2,8 por cento registado em Setembro, foi ontem anunciado.

Depois de ter atingido em Se tembro o valor mais alto em mais de dois anos, o índice afastou-se do objectivo oficial de 3 por cento, fixado em Março pelas autoridades chinesas para o ano em curso, de acordo com os dados oficiais pu blicados pelo Gabinete Nacional de Estatística chinês.

Dong Lijuan, estatístico do Gabinete, atribuiu a desaceleração à queda na procura entre os consumi dores, depois do período de feriados do Dia da China, a 1 de Outubro.

No mês passado, a inflação foi sustentada sobretudo pelo aumento do preço dos produtos alimentares, em particular o da carne de porco, que subiu 51,8 por cento nos últi mos 12 meses.

O preço da carne mais consu mida na China subiu 9,4 por cento entre Setembro e Outubro, apesar de uma intervenção no mercado das autoridades para travar o aumento.

Asituação obrigou as autoridades chinesas a libertar cinco vezes parte da reserva de carne de porco, desde o início de Setembro, para moderar o aumento do preço deste alimento.

O índice de preços no produtor (IPP), que mede os preços industriais, caiu 1,3 por cento em Outubro, em termos anuais, depois de ter aumen tado 0,9 por cento em Setembro.

COMAC Primeiras encomendas de avião de longo curso

Uma fabricante estatal chinesa de aviões comerciais, criada para competir com as construtoras ocidentais Boeing e Airbus, anunciou ontem ter recebido já pedidos de encomenda de 300 C919, o seu primeiro avião de longo curso. Os pedidos foram anunciados durante a Exposição Internacional de Aviação e Indústria Aeroespacial de Zhuhai. A fabricante The Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC) também anunciou 30 pedidos para o modelo ARJ21, para voos de curta distância. O C919, que visa competir com o 737, da norte-americana Boeing, e o A320, da europeia Airbus, pode transportar entre 158 e 168 passageiros e tem entre 4.075 e 5.555 quilómetros de autonomia, segundo a COMAC. O avião fez o seu primeiro voo em Maio de 2017. Segundo a imprensa chinesa, os aviões podem começar a ser utilizados no primeiro trimestre de 2023.

MULTIMILIONÁRIOS PRESIDENTE DA FOSUN DESCE 35 LUGARES NO RANKING
Com uma fortuna agora avaliada em cerca de 5,5 mil milhões de euros, Guo Guangchang, patrão de várias empresas em Portugal, teve um ano desastroso, à semelhança de muitos dos seus “colegas” multimilionários
china 11quinta-feira 10.11.2022 www.hojemacau.com.mo

Cinco dias, dez filmes

Está aí a Extensão a Macau do festival DocLisboa, com a exibição de dez filmes entre os dias 15 e 19 de Novembro no auditório Dr. Stanley Ho, do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. “Meia-Luz”, de Maria Patrão, é a película de abertura do evento e a obra que arrebatou o prémio de “Melhor Filme Português” no Festival Internacional de Cinema Doclisboa

NA próxima semana, entre 15 e 19 de Novembro, regressa a Extensão a Macau do XIX Festival Internacional de Cinema DocLisboa, o evento que foi ganhando paulatinamente visibilidade no panorama do fil me documental. Este ano, serão exibidas 10 obras de realizadores portugueses e estrangeiros da selecção do DocLisboa e duas produções de realizadores locais no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

A sessão inaugural da mostra, que contará com a presença de alguns realizadores dos filmes do dia, está marcada para 15 de Novembro, cabendo as honras de abertura ao filme “Meia-Luz”, de Maria Patrão, que conquistou o pré mio “Melhor Filme Português” no Festival Internacional de Cinema Doclisboa. No mesmo dia serão exibidos os filmes “Empty Sky”, realizado por Chian Kun Ieong, vencedor do Prémio do Público no Festival Internacional de Curtas de Macau, e “Unsettled”, de Ho Cheok Pan, vencedor do prémio Melhor Filme Local também no

Festival Internacional de Curtas de Macau.

O filme de estreia, “Meia-Luz”, é inspirado nas imagens que a au tora, Maria Patrão, descobriu no primeiro filme de António Reis. O resultado é uma reflexão sobre o cinema, através de imagens, sons, silêncios e a luz.

O dia de estreia espelha bem a maratona de cinema que se espera para a próxima semana, se bem que todas as obras apresentadas no pri meiro dia de Extensão a Macau do DocLisboa são curtas-metragens.

Às 21h do dia 15 de Novem bro, é ainda exibido “O Resto”, do jovem cineasta brasileiro Pe

O dia de estreia espelha bem a maratona de cinema que se espera para a próxima semana, se bem que todas as obras apresentadas no primeiro dia de Extensão a Macau do DocLisboa são curtas-metragens

dro Gonçalves Ribeiro, que está radicado em Portugal. “O Resto” conta a estória macabra de Iolanda Bambirra, que foi declarada morta por engano e que vive uma exis tência fantasmagórica entre a vida e a morte. O filme tem como pano de fundo Belo Horizonte, a metró pole no centro do Estado de Minas Gerais, um dos mais abastados do Brasil, mas que ainda assim é uma cidade em ruínas, onde o tempo perde fluidez.

A fechar o primeiro dia de cinema no auditório Dr. Stanley Ho, é exibido “O Alto do Mártir”, da portuguesa Carolina Costa. Mantendo a toada temática, este filme conta a história de um velho casal que viu o seu bairro inteiro transformar-se num cemitério.

De Alcindo a Eunice

No segundo dia do evento, marcado para a próxima quinta-feira, é exibido apenas um filme: “Alcindo”, de Mi guel Dores. A sessão começa às 19h.

O documentário recorda a trá gica morte de Alcindo Monteiro, um português de origem cabo -verdiano brutalmente assassinado em 1995 por skinheads.

A tragédia aconteceu a 10 de Junho de 1995, quando “para ce lebrar o Dia da Raça e a vitória na Taça de Portugal do Sporting, um grupo de etno-nacionalistas portu gueses sai às ruas do Bairro Alto, em Lisboa, para espancar pessoas negras. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal”, descreve a organização.

Num artigo de opinião escrito no podcast de jornalismo Fumaça, o cineasta e antropólogo Miguel Dores explicou o processo como nasceu o documentário “Alcindo”.

“Aos 14 anos, levado pelo meu irmão pela primeira vez ao Bairro Alto com um grupo de amigos mais velhos, foi-me contada a história de Alcindo Monteiro, in loco, com o dedo indicador apontado às esquinas onde não deveria passar sozinho, para o caso de estarem por lá grupos nacionalistas”, indicou Miguel Dores.

Na sexta-feira, 18 de Novem bro, são exibidos três filmes. Às 19h, o ecrã do auditório Dr. Stanley Ho projecta “Fora da Bouça”, de Mário Veloso, seguido de “Paz” de José Oliveira e Marta Ramos.

O “prato principal” do dia é servido por último, com a exibição de “Eunice ou Carta a Uma Jovem Actriz”, de Tiago Durão. A obra revi sita a vida de Eunice Muñoz através das memórias privadas da sua casa.

A organização da mostra de documentários indica que a obra revela “o lado íntimo da actriz, que aqui não representa nenhum papel que não seja o de ser quem é ao lado de quem ama”.

Fim de festa

A culminar a Extensão a Macau do DocLisboa, são exibidos no

12 eventos 10.11.2022 quinta-feirawww.hojemacau.com.mo DOCLISBOA EXTENSÃO A MACAU EM EXIBIÇÃO ENTRE 15 E 19 DE NOVEMBRO

último dia do evento dos filmes “Meio Ano-Luz”, do brasileiro Leonardo Mouramateus, “Disto pia” de Tiago Afonso e “Arqui tectura em Português - Diálogos Emergentes”, filme que conta com a organização do Conselho Internacional de Arquitectos de Língua Portuguesa e coordenação de Rui Leão.

O evento é uma iniciativa do Ins tituto Português do Oriente (IPOR), com o apoio do Instituto Cultural.

Numa nota divulgada à imprensa, o director do IPOR, Joaquim Ramos, destaca a impor tância da realização de eventos como a mostra documental, em

particular num momento como este. “O ano de 2022 assinala mais um ano de pandemia cujas limitações teimam em não nos deixar – isto apesar do desen volvimento de vacinas, das

novas abordagens profiláticas e terapêuticas conhecidas e de uma cada vez maior normalização da vida, reconhecidamente aceite a nível internacional”, contextua liza o responsável.

“No contexto de apatia expectante em que, forçosamente, estamos plantados, a cultura e as artes são balões de oxigénio que vão permitindo uma respiração um pouco menos forçada, um pouco menos angustiante. É neste panorama –que emerge a edição 2022 do DocLisboa - extensão a Macau.”

KAISERSLAUTERN CULTURA LUSA EM

DESTAQUE

Joaquim Ramos prossegue realçando o papel da cultura neste panorama.

“No contexto de apatia expec tante em que, forçosamente, estamos plantados, a cultura e as artes são balões de oxigénio que vão per mitindo uma respiração um pouco menos forçada, um pouco menos angustiante. É neste panorama – e também com esta intencionalidade de serviço à comunidade – que emerge a edição 2022 do DocLisboa - extensão a Macau”. As sessões têm entrada livre. João Luz

Ainiciativa

“Novembro – Mês da Cultura portuguesa em Kaiserslautern” leva à cidade alemã da Renânia-Palatinado filmes, exposições, palestras e concertos que pretendem dar a conhecer mais sobre o contributo da comunidade portuguesa.

A ideia do festival, inteira mente dedicado à divulgação da cultura portuguesa, surgiu em Outubro do ano passado, fruto de uma conversa entre Christoph Dammann, actual secretário Municipal de Cultura de Kaiserslautern, e antigo director artístico do Teatro São Carlos, em Lisboa, e o cônsul-geral de Portugal em Estugarda, Leandro Amado.

“Manifestei-lhe o desejo de realizar um festival de cultura portuguesa durante todo um mês (...) Passados três meses daquela conversa, a Câmara Municipal de Kaiserslautern, através da ‘bürgermesterin’ [presidente], Beate Kimmel, transmitiu -me a abertura camarária para acolher e apoiar este projecto”, congratulou-se Leandro Amado.

“O programa inclui diversas manifestações artísticas, como as artes plásticas, a poesia, a música clássica, o folclore e o fado, que é o género musical português por excelência”, des tacou Amado, em declarações à agência Lusa.

A iniciativa incluiu também uma palestra dedicada à impor tância da língua portuguesa e do seu ensino na Alemanha, e a inauguração da exposição “O impacto económico da língua portuguesa”.

“O objectivo é sensibilizar as autoridades estaduais para a necessidade de incluírem o português no selecto grupo das segundas e terceiras línguas es trangeiras ensinadas no sistema curricular (integrado) dos liceus da Renânia-Palatinado. O por tuguês é uma língua mundial e merece ser reconhecida como tal, para benefício, em primeiro lugar, daqueles que a estudam”, realçou o cônsul-geral. De acordo com a Agência de Estatística Oficial alemã (Destatis), nos cinco esta dos federados que fazem parte da jurisdição do consulado-geral de Portugal em Estugarda (Bavie ra, Bade-Vurtemberga, Hesse, Renânia-Palatinado e Sarre) residem 66.500 portugueses.

A iniciativa começa esta sexta-feira, 11 de novembro, com a inauguração da exposição da pintora portuguesa Maria Cunha, que ficará patente até 30 de Novembro.

eventos 13quinta-feira 10.11.2022 www.hojemacau.com.mo

Um dos filmes mais inquietantes que vi e porta de entrada para a lente crua e íntima de John Cassavettes. A partir daqui, “Minnie and Moskowitz”, “The Killing of a Chinese Bookie” e tudo o que tivesse Bem Gazzara e Gena Rowlands, foi consumido de um trago. “A Woman Under the Influence” navega à bolina da espiral descendente da personagem brilhantemente interpretada por Gena Rowlands. O amparo do álcool é a quebra psíquica faz rebentar uma guerra doméstica, com todos os que a rodeiam, incluindo o marido (Peter Falk). Tal como a personagem de Rowlands, o filme parece sair do controlo da narrativa, da vontade do espectador, casualmente em direcção ao caos doméstico. João Luz

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Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo www.hojemacau.com.mo UM FILME HOJE A WOMAN UNDER THE INFLUENCE | JOHN CASSAVETES
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada
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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Sunny Chan Com: Dayo Wong, Stephy Tang, Louis Cheung Kai Chung, Ivana Wong 14.30, 19.15 BLACK ADAM [C] Um filme de: Jaume Collet-Serra Com: Dwayne Johnson, Pierce Brosnam, Aldis Hodge 16.45, 21.30

A NATURALIDADE DO SEXO

SEXUS EM Latim refere-se ao “estado de ser macho ou fêmea”. Estas categorias são, supostamente, características observáveis de um organismo ou de um grupo. Esta di ferenciação não reflecte qualquer qualidade subjectiva relacionada com a identidade de género, mas uma descrição fenotípica que tem o seu quê de complexidade. As hipóteses anatómicas disponíveis a quem vem a este mundo sob a forma humana são bastante limitadas comparadas com a diversidade e fluidez com que se constitui a identidade de uma pessoa. Não obstante, discute-se o espectro intersexo para dar conta que nem sempre, fenotipicamente falando, o binarismo do sexo se aplica. Nos Estados Unidos, um bebé em cada 100, nasce com uma anatomia sexual que não é tipicamente masculina ou feminina. E isso assusta a comunidade médica ao ponto de se apressarem a alterar a sua genitália ou forçarem tratamentos hormonais para encai xarem numa ou noutra. Para um corpo que não “encaixa” na categorização clássica, o corpo é alterado, evitado a ou ignorado em

detrimento de uma suposta forma “natural” - quando claramente não o é.

Nestas coisas do sexo é comum analisar o mundo animal como um barómetro do que é natural. No mundo animal damos conta do sexo – do macho, da fêmea e de outras formas intermédias – e da ca pacidade maravilhosa de mudar o sexo, como por exemplo, nos anfíbios. Também damos conta da diversidade estonteante na escolha de parceiros sexuais, nos rituais de corte e acasalamento, nos papeis e fun ções sociais, nas formas comportamentais de como se relacionam com os pares da sua espécie. Nem a forma biológica ou a função reprodutiva, exclusivamente, de terminam a sexualidade de um organismo de forma rígida. Até poderemos refletir se o movimento LGBTQIA+ não será uma amostra pálida da riqueza e diversidade que podemos encontrar no mundo vivo com que partilhamos este planeta. De forma crescente, reconhecemos as mui tas formas de identidade, amor, sexo e de relacionamentos que se materializam

Claramente que o que é natural só é passível de ser descoberto em pleno sentido de liberdade, esse que nos é negado em detrimento

naturalmente entre as pessoas. Também a vida animal se espraia numa panóplia de configurações e tipologias sexuais que são complexas – e muito naturais.

Porque é que ainda existem tantos que moralmente implicam com a identidade de género, com a escolha de parceiros sexuais, com a diversidade de práticas e comportamentos sexuais? Porque é que se torna tão ameaçador reconhecer que existem diferenças agigantadas entre a forma com que uns e outros constroem a sua identida de e vivem a sexualidade? Como é que as pessoas ainda se defendem com crenças do que se considera natural ou não? Claramen te que o que é natural só é passível de ser descoberto em pleno sentido de liberdade, esse que nos é negado em detrimento de categorias, expectativas e práticas que nos formatam. Serão estas questões realmente relevantes para dividir, afastar e polarizar as pessoas? Para quando a naturalidade do amor e da compreensão para as pessoas se expressarem exactamente como são? Para quando a naturalidade do sexo?

vozes 15quinta-feira 10.11.2022 www.hojemacau.com.mo
sexanálise Tânia dos Santos
de categorias, expectativas e práticas que nos formatam

A marcar presença

OChefe do Executivo esteve reunido na terça-feira com o vice-presidente da Cruz Vermelha da China, Wang Ke, e destacou que com “a atenção e apoio” do Governo, a Cruz Vermelha do Interior e de Macau foram “alcançados grandes avanços em todas as vertentes”. O elogio foi deixado através de um co municado publicado pelo Gabinete de Comunicação Social.

“O Chefe do Executivo lembrou que com a atenção e apoio do governo da Região Administrativa Es pecial de Macau, a coopera ção entre a Cruz Vermelha da China e a Cruz Vermelha de Macau tem alcançado grandes avanços em todas as vertentes”, pode ler-se

na mensagem, sobre o conteúdo do encontro.

De acordo com a missi va, Ho referiu também que

“a Cruz Vermelha de Macau cumpre as suas funções de acordo com o seu estatuto, realizando acções de resgate

de emergência, formação para jovens e assistência humanitária” e que presta atenção “aos assuntos rela cionados com o Interior da China, participado, activa mente, em acções de assis tência durante catástrofes e situações vulneráveis”.

de Ho Iat Seng, “foi reco nhecido pela população de Macau”.

Cooperação e reconhecimento

Coloane Trilho à beira-mar fechado

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou ontem a “suspensão temporária da circulação num troço de cerca de oito metros do Trilho à Beira-Mar de Long Chao Kok, em Coloane, permanecendo aberta a restante extensão do trilho”. Dado o troço danificado se situar próximo do mar, o IAM optou pelo encerramento parcial, para garantir a segurança, deixando de ser possível passar entre Cheoc Van e Hac Sá. A suspensão tem porária deve-se ao início de obras de restauro para reparar “várias partes da cerca de protecção de pedra do trilho que se encontram danificadas”. O IAM estima que as obras estejam concluídas em Dezembro.

GP Descartado circuito fechado

COMUNICADO EM VIRTUDE DA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU (RAEM), REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, TER TIDO DUAS SEMA NAS DE INCERTEZA RELATIVAMENTE A POSSIBILIDADE DE CIRCU LAÇÃO COMUNITÁRIA DE NOVOS CASOS DA COVID-19, BEM COMO A NECESSÁRIA PRUDÊNCIA QUE A SITUAÇÃO REQUER; O CONSULADO GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NA RAEM LEVA AO CONHECIMENTO DE TODA A COMUNIDADE ANGOLANA RESI DENTE EM MACAU QUE ESTÃO CANCELADAS AS ACTIVIDADES COMEMORATIVAS ALUSIVAS AO DIA 11 DE NOVEMBRO, DATA DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA. POR SE TRATAR DE UM EVENTO HISTÓRICO QUE HONRA TODO O POVO ANGOLANO E OS DEFENSORES DOS DIREITOS DE AUTODETER MINAÇÃO DOS POVOS, O CÔNSUL-GERAL DE ANGOLA NA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU APROVEITA A OCASIÃO PARA FELICITAR TODOS OS ANGOLANOS RESIDENTES EM MACAU.

MACAU, 09 DE NOVEMBRO DE 2022

“O Chefe do Executivo lembrou que com a atenção e apoio do governo da Região Administrativa Especial de Macau, a cooperação entre a Cruz Vermelha da China e a Cruz Vermelha de Macau tem alcançado grandes avanços em todas as vertentes.” GCS

Face à cooperação com o Interior, o Chefe do Exe cutivo sublinhou que a Cruz Vermelha local prestou apoio “de forma atempada, às regiões atingidas pelas catástrofes e às suas popu lações, enviando também equipas ou pessoal de res gate que apoiam no trabalho de socorro e de reconstrução nas zonas atingidas”. Este trabalho, na perspectiva

Por seu turno, durante o encontro o vice-presidente da Cruz Vermelha da China, Wang Ke, fez uma breve apresentação da história e da situação da Cruz Ver melha da China. Segundo Wang Ke, a Cruz Vermelha da China “tem cumprido as suas funções de acordo com o seu estatuto, focando-se em “três resgates” (resgate de emergência, assistência médica de emergência e assistência humanitária) e “três doações” (doação de sangue, doação de células estaminais e doação de ór gãos humanos)”

Além disso, o responsá vel do Interior destacou que a Cruz Vermelha “nas acções de cooperação humanitária internacional e outras acti vidades” tem “obtido o reco nhecimento internacional”.

Na reunião esteve tam bém presente o presidente do Conselho Central da Cruz Vermelha de Macau, Eddie Wong, o secretário-geral da Cruz Vermelha da China, Li Lidong, os vice-presidente do Conselho Central da Cruz Vermelha de Macau, Chiang Sao Meng e Chou Kuok Hei.

João Santos Filipe

O coordenador da Comissão Or ganizadora do Grande Prémio de Macau, Pun Weng Kun, afastou o cenário de ser implementado um circuito fechado para os pilotos. As declarações do também pre sidente do Instituto do Desporto foram prestadas ontem, durante uma conferência de imprensa sobre os condicionamentos de trânsito. Sobre o evento que vai ser realizado entre 17 e 20 de Novembro, Pun Weng Kun afirmou que os preparativos estão “a correr bem” e que são esperados 150 pilotos, vindos do Interior, Hong Kong, Estados Unidos e Europa. Para poderem participar na prova de Macau, os pilotos vindos de todos os destinos, que não o Interior, já precisam de estar a cumprir a quarentena exigida.

Taipa Mais de 450 contra a construção de edifícios

O Conselho do Planeamento Urbanístico recebeu 462 opiniões contra a aprovação de plantas que vão permitir a construção de um prédio habitacional e três comerciais no espaço que ia ser dedicado ao Parque Temporário de Pneus. A planta esteve ontem a ser analisada no conselho, com o aumento da densidade habitacional na Taipa, e especialmente no terreno, junto à Avenida Kwang Tong, a ser uma das principais preocupações dos cidadãos que partilharam as suas opiniões. Contudo, Mak Tat Io, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) explicou que a densidade populacional naquela zona está muito abaixo da regista da em outras zonas da Península de Macau pelo que a ocupação dos solos está longe de poder ser considerada excessiva.

quinta-feira 10.11.2022 “Se
OshoPALAVRA DO DIA
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não tiver a capacidade de dizer não, o seu sim não significa nada.”
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Consulado Geral da República de Angola Região Administrativa Especial de Macau República Popular da China COMEMORAÇÃO DO DIA 11 DE NOVEMBRO, DATA DA INDEPENDÊNCIA DA REPÚBLICA DE ANGOLA
GOVERNO RECLAMA CRÉDITOS
DE COOPERAÇÃO COM CRUZ VERMELHA DA CHINA
GCS

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