Hoje Macau 10 FEV 2020 # 4462

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

hojemacau

RAQUEL GUIOMAR

LINHAS DE COMBATE www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

Sinais de esperança Os nove pacientes, infectados com o coronavírus, que ainda se encontram sob observação no São Januário, vão ter alta nos próximos dias. Segundo os Serviços de Saúde (SS), os doentes em causa apresentam apenas sinais de uma ‘‘infecção leve’’ e não registam

febre ou dificuldades respiratórias. Apesar destas boas notícias, a que se junta o facto de não se registarem novos casos nos últimos dias, os SS aconselham a que não se baixe a guarda e se mantenham os níveis de prevenção contra o coronavírus em alta. ANABELA CANAS

PÁGINA 4 TIAGO ALCÂNTARA

TIAGO ALCÂNTARA

ENTREVISTA

KIANG WU

FILHOS E ENTEADOS PÁGINA 5

PUB

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 10 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4462

HOTEL FORTUNA

CONFLITO NA DSAL PÁGINA 7

WORLD DREAM

FIM DO PESADELO PÁGINA 10

BATOM PARA SAIR ANABELA CANAS

h

ESPELHO DE LI ZHAODAO PAULO MAIA E CARMO

TU DI GONG JOSÉ SIMÕES MORAIS


2 ENTREVISTA

RAQUEL GUIOMAR INVESTIGADORA DO INSTITUTO NACIONAL RICARDO JORGE

Em traços gerais, como descreve este tipo de coronavírus? Quais as principais diferenças em relação a outro tipo de vírus? Os coronavírus são conhecidos desde os anos 60, estando a sua designação associada à forma que apresentam quando observados por microscopia electrónica, pois apresentam uma forma redonda com projecções na superfície fazendo lembrar uma coroa. É conhecida uma grande diversidade de coronavírus, especialmente no reino animal. Como causa de doença na população humana são conhecidos quatro coronavírus (CoV) que se designam por: CoV NL63 e CoV 229E (Alfacoronvirus) e CoV HKU1 e CoV OC43 (Betacoronavirus). Em 2002 surgiu um novo coronavírus associado à Síndrome Aguda Respiratória Severa (SARS) pertencente aos Betacoronavirus (Subgénero Sarbecovirus) que foi transmitido ao Homem por uma espécie de texugos selvagens, mas também cães e furões vendidos num mercado em Guandong, na China. Em 2012, foi identificado pela primeira vez o coronavírus da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, MERS-CoV (Betcoronavirus, subgénero Marbecovirus), associado a um surto de pneumonias na Arábia Saudita. Os camelos dromedários são importantes reservatórios deste vírus e pensa-se que também os responsáveis pela transmissão do MERS-CoV à espécie humana. Em Dezembro de 2019 a investigação do agente causal de um elevado número de pneumonias em trabalhadores de um mercado de Wuhan, na China, levou à identificação de um novo coronavírus, actualmente designado como 2019-nCoV, que não tinha sido anteriormente identificado como agente causal de doença na população humana. A sequenciação do genoma dos vírus detectados nos primeiros casos confirmados de infecção mostraram que o genoma do 2019-nCoV era em 85 por cento semelhante aos genomas de CoV identificados em morcegos. As investigações que decorrem ainda para o melhor conhecimento da epidemia indicam que a transmissão poderá ter ocorrido no merca-

“Controlo deve ser variado e coordenado entre si”

Coordenadora do Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do departamento de doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Portugal, Raquel Guiomar assegura que todo o sistema que está a ser implementado no combate ao novo coronavírus beneficia de experiências com a SARS e outro tipo de epidemias do num período relativamente curto de tempo e por uma mesma fonte. Pensa-se que este novo coronavírus poderá ter sido transmitido ao Homem por uma ou mais espécies de animais selvagens que era comercializada no mercado. Quais os principais cuidados a ter para quem tem doenças crónicas, crianças e idosos? Que respostas devem ser desenvolvidas consoante os vários tipos de doentes? Até ao momento, a maioria dos casos tem sido confirmada na população adulta acima dos 30 anos, tendo sido reportados escassos casos de infecção em crianças. Esta observação é um assunto ainda em investigação pela comunidade científica. Os

estudos serológicos e as metodologias em desenvolvimento poderão permitem avaliar qual o papel do sistema imunitário relativamente à diferença de casos de infecção nos vários grupos etários e em grupos de maior risco. As medidas de prevenção da doença, na ausência de uma vacina especifica para este novo vírus, passam muito pelas regras de higienização frequente das mãos, etiqueta respiratória e evitar o contacto com casos de infecção pelo novo coronavírus. Considera ser possível produzir tão rapidamente uma vacina que saiba dar resposta a uma possível epidemia, uma vez que o vírus ainda está no início em termos de análise?

A produção de vacinas e a sua aprovação é um processo complexo e que inclui várias etapas até à disponibilização da vacina para a população. O suporte financeiro que está a ser equacionado no contexto da epidemia do 2019-nCoV à comunidade científica, a nível global, decerto contribuirá para que a investigação nas áreas da prevenção e tratamento num

futuro próximo venham contribuir para o controlo da epidemia e a disponibilização da vacina. Que comentários faz em relação à avaliação da Organização Mundial de Saúde sobre esta matéria? Actualmente a OMS está em estreita coordenação com os países que se situam no epicentro da epidemia de

“Todo o sistema implementado beneficia agora de experiências anteriores, nomeadamente na anterior implementação de planos de contingência para a actuação na pandemia de gripe de 2009, mas também em situações de surtos e de emergências como a do SARS e MERS.”

2019-nCoV, nomeadamente com a China e com os países próximos, tendo como principais objectivos o controlo da epidemia e a prestação de cuidados aos doentes. Em Portugal o apoio da OMS tem sido efectuado através da Rede Laboratorial onde está inserido o Laboratório Nacional de Referência para a Gripe e Outros Vírus Respiratórios, global Influenza Surveillance and Response System (GISRS), e a nível estatal. Eliminar o comércio de animais exóticos vivos pode ser a única solução para travar esta epidemia ou devem ser tomadas outras medidas? As medidas para o controlo de epidemias devem ser


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comunicados à Direcção-Geral da Saúde (DGS) e ao Hospital Referência cerca de cinco horas após a receção das amostras biológicas.

várias e coordenadas entre si, não só no tempo como no espaço. A eliminação do contacto próximo com as fontes de infecção, que neste caso se pensa ser uma espécie animal, em coordenação com medidas de isolamento social, de higiene e de controlo de contactos, nomeadamente a movimentação das populações, são medidas que quando implementadas no momento e local adequado contribuirão para o controlo da transmissão do vírus e da epidemia. Quais as principais análises que estão a ser feitas no vosso serviço relativo a este coronavírus? Estão em contacto com as autoridades chinesas, incluindo Macau?

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e outros Vírus Respiratórios (LNRVG) do seu Departamento de Doenças Infecciosas, garante nesta fase o diagnóstico laboratorial de todos os casos suspeitos de infecção pelo novo Coronavírus (2019-nCoV) sob investigação. A detecção laboratorial do 2019-nCoV é feita através da metodologia de amplificação dos ácidos nucleicos,

pela reação de polimerase em cadeia (PCR) em tempo real. O Instituto Ricardo Jorge tem também disponível a metodologia de sequenciação de nova geração, para a realização do estudo do genoma do 2019nCoV (análise filogenética e detecção de mutações). O PCR é constituído por três reacções de amplificação dirigidas a três diferentes regiões do genoma viral, sendo que um caso confirmado apresentará as três reações de PCR positivas. Os resultados laboratoriais são

“O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, (...) garante nesta fase o diagnóstico laboratorial de todos os casos suspeitos de infecção pelo novo Coronavírus sob investigação.”

Que expectativas coloca em relação à evolução da situação em termos de resposta por parte das autoridades médicas e contágio? Em Portugal, para fazer face ao aparecimento de um novo vírus agente de infecção respiratória, está implementado um plano de contingência que envolve diversas entidades com intervenção na área da saúde, das quais destaco o Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Administrações Regionais de Saúde, hospitais de referência, INEM, SNS 24, INFARMED, DGAV, Alto Comissariado para as Migrações, entre outras. Desde o alerta dado pela OMS relativamente ao surto de pneumonias associadas a um novo coronavírus têm sido promovidas reuniões regulares entre todos os parceiros, publicada documentação para profissionais de saúde, mas também para a população e accionados mecanismos de identificação rápida de casos suspeitos com indicação para investigação. O diagnóstico laboratorial permite detectar a infecção pelo novo coronavírus, constituindo informação essencial para o tratamento dos doentes (na fase de contenção em que nos encontramos), constituindo igualmente informação crítica para a implementação de medidas em saúde pública pelos decisores em saúde de forma a evitar a transmissão da infeção pelo 2019-nCoV na população. Todo o sistema implementado beneficia agora de experiências anteriores, nomeadamente na anterior implementação de planos de contingência para a actuação na pandemia de gripe de 2009, mas também em situações de surtos e de emergências como a do SARS e MERS, surtos de Legionella, de hepatite A, de Sarampo e do diagnóstico de casos suspeitos de ébola e de Zika vírus. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Juntar esforços Instituição disponível para ajudar países da CPLP no diagnóstico

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laboratório de referência em Portugal está disponível para ajudar os países da CPLP no diagnóstico de casos suspeitos de coronavírus e já recebeu pedidos de cooperação de Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, disse à Lusa o presidente da instituição. “Estamos sempre disponíveis para ajudar naquilo que são as nossas capacidades e disponibilidades”, afirmou o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), Fernando de Almeida. O INSA e os laboratórios dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão contemplados num protocolo global que envolve os institutos de saúde pública destes estados. Este acordo, explicou Fernando de Almeida, permite a qualquer momento que sejam solicitados apoios de capacitação e colaboração. Foi o que aconteceu na Guiné-Bissau, aquando da ameaça do vírus Ébola e, mais recentemente, em São Tomé e Príncipe, com o caso da celulite necrotizante, recordou. Em relação ao coronavírus, o

INSA já recebeu “pedidos de apoio de colaboração” de Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

MAIS FORMAÇÃO

Este apoio poderá ser dado ao nível da formação dos profissionais para os diagnósticos ou da actualização das metodologias ou na análise, em Portugal, das amostras dos casos suspeitos detectados nesses países. Fernando de Almeida recordou que a embalagem de produtos biológicos pressupõe uma formação específica que foi dada a estes países por elementos do INSA que, por seu lado, está certificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o fazer. E acrescentou que o INSA tem capacidade para obter os resultados das amostras algumas horas após estas darem entrada no instituto. O presidente do INSA sublinha os contactos já recebidos e congratula-se com o facto de estes países estarem preocupados e mostrarem interesse em garantir uma resposta, no caso de esta ser necessária. “Estamos atentos. Estamos todos a preparar-nos a nível global”, adiantou.


4 coronavírus

S

ÃO bons indicadores, mas o caminho até à normalidade ainda parece ser longo de percorrer. Todos os nove pacientes diagnosticados com o novo tipo de coronavírus deverão ter alta no decorrer dos próximos dias, anunciou ontem Chang Tam Fei, coordenador dos Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, por ocasião da conferência de imprensa diária sobre a doença. “Uma paciente já teve alta. Em relação aos outros nove casos confirmados, o estado clínico é bastante estável, a situação é leve e não há nenhuma situação grave. Sinceramente nos próximos dias vamos dar alta hospitalar aos pacientes e, por isso, vão poder sair”, confirmou o responsável. Acrescentando que o estado de “infecção leve” dos pacientes se traduz no facto de já não apresentarem febre, nem revelarem sinais de pneumonia ou dificuldades respiratórias, Chang Tam Fei, referiu que ainda será necessário repetir os testes “para garantir que os resultados são negativos e que a segurança dos cidadãos é assegurada”. “Nos próximos dias vamos anunciando a saída dos pacientes”, rematou. Num tom menos optimista, mas igualmente cauteloso, Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e controlo de Doença alertou para o facto de, apesar de Macau não ter registado qualquer novo caso confirmado de coronavírus nos últimos dias, não é o momento para descurar o nível de vigilância e de cuidado. “Nos últimos dias não tivemos novos casos, mas não fiquem descontraídos porque este novo coronavírus apresenta realmente um elevado nível de transmissibilidade e, por isso, é preciso ficar alerta. Mesmo que por uns dias não tenham existido novos casos, não podemos dizer que vai tudo voltar à normalidade porque, por enquanto, ainda existe um grande surto em todo o mundo. Por isso, esta epidemia poderá não ser tão fácil de ser controlada”, explicou o responsável dos Serviços de Saúde. Confirmando que “a teceira ronda para a aquisição de máscaras vai iniciar-se em breve”, Lam Chong reforçou também que a transmissão por via aérea é o principal modo de contágio do novo tipo de coronavírus. “Verificámos que a principal via de transmissão é pelo ar (...), porque quando nós temos contacto com pessoas cara a cara, o coronavírus pode ser transmitido (…) e, por isso, temos de tomar medidas necessárias para impedir essa transmissão, como por exemplo pedir aos cidadãos para usar máscaras”, sublinhou. Questionado sobre como tem sido a afluência aos serviços de

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EPIDEMIA PACIENTES DEVEM TER ALTA NOS PRÓXIMOS DIAS

Proibido relaxar

Os nove pacientes diagnosticados com o novo tipo de coronavírus em Macau deverão ter alta nos próximos dias, confirmaram ontem os Serviços de Saúde. Apesar de não terem sido registados casos nos últimos dias, as autoridades pedem à população, contudo, que se mantenha alerta

Lam Chong, Serviços de Saúde “Nos últimos dias não tivemos novos casos, mas não fiquem descontraídos porque este novo coronavírus apresenta realmente um elevado nível de transmissibilidade e, por isso, é preciso ficar alerta.”

urgência, Chang Tam Fei indicou ainda que a procura diminuiu, de 400 a 500 casos diários, para os actuais 300, sendo que muitos dos casos dizem respeito à gripe sazonal. Segundo os dados revelados ontem pelos SS, nas últimas 24 horas, foram realizados pouco

mais de 100 testes no Laboratório de Saúde Pública.

ECOS DE MACAU EM WUHAN

Em Hubei, revelou ontem Inês Chan por ocasião da mesma conferência de imprensa, permanecem ainda 91 residentes de Macau, entre

estudantes e idosos, espalhados tanto em zonas mais remotas daquela província, como em Wuhan. “A maior parte (…) espera voltar o mais rapidamente possível a Macau e o Governo, através de diferentes meios, está a tentar ajudar”, referiu a responsável do

MENOS 15 HOTÉIS A

legando falta de clientes, mais 15 hotéis fecharam portas em Macau. O anúncio foi feito ontem por Inês Chan, dos serviços de Turismo, por ocasião da conferência de impressa diária relativa ao coronavírus, e acontece dias depois de ter sido anunciado o encerramento de sete outros hotéis, incluindo de cinco estrelas: Hotel Legend Palace, Rocks Hotel, Hotel Sofitel, The Four Seasons Hotel, Grand Harbour Hotel, St. Regis Macao e o Conrad Macao. Os 15 estabelecimentos em questão são pensões ou hotéis com menos de três estrelas e representam uma oferta total de 364 quartos. Confrontada com o facto de ser impossível fazer reservas para os próximos dias em alguns hotéis de cinco estrelas, Inês Chan confirmou que a situação se deve à actual falta de recursos humanos, não estando os estabelecimentos hoteleiros obrigados a comunicar tal facto ao gabinete de Turismo.

departamento de licenciamento e inspecção da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau. Enquanto estuda ainda possibilidades de retirar estes residentes, tarefa muitíssimo dificultada no dia de hoje, devido ao “encerramento” dos transportes na região como medida de prevenção contra a propagação do coronavirus, o Governo, refere Inês Chan, confirma ainda existirem relatos de falta de bens essenciais vindos de Hubei. “Já estamos em contacto com os residentes de Macau em Hubei. Algumas pessoas têm falta de produtos alimentares, outros de bens essenciais e nós estamos a tentar arranjar a melhor forma para os ajudar e fazer o envio dos bens essenciais para que possam ficar lá mais uns dias. Quanto aos projectos de resgate, por enquanto, ainda não podemos fazer nada devido ao fecho dos transportes”, explicou Inês Chan. Já em Macau, continuam 144 pessoas de Hubei que entraram no território ainda em Dezembro. Os SS referiram ainda que, pelo facto de algumas estarem no território há 14 ou mais dias, já foi ultrapassado o período de incubação da doença e, por isso, deixaram de existir existem motivos de preocupação. “Ilibados” do contágio estarão também os quinze residentes de Macau a bordo do cruzeiro World Dream, ancorado em Hong Kong. “Estes residentes de Macau (…) podem voltar a Macau, pois foram declarados como não infectados pelas autoridades de saúde pública de Hong Kong e, por isso, não vão ficar em quarentena. Mas vamos dar-lhes as informações para acompanharem um pouco, por eles próprios, o seu estado de saúde”, partilhou Lam Chong. Pedro Arede com Lusa info@hojemacau.com.mo


coronavírus 5

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KIANG WU ENFERMEIROS DENUNCIAM FALTA DE MÁSCARAS E PRESSÕES

TIAGO ALCÂNTARA

U

M grupo de enfermeiros do Hospital KiangWu queixa-se da falta de distribuição de máscaras a todos os trabalhadores e ainda dos baixos padrões de protecção dos materiais repartidos na unidade. A revelação foi divulgada na sexta-feira numa carta aberta. A questão das máscaras é uma das mais focadas no documento com oito pontos, devido ao facto de ao pessoal da linha da frente, assim como a médicos e enfermeiros, não terem sido distribuídas máscaras do tipo de cirurgia. Segundo o documento, apenas houve distribuição de máscaras que protegem de alergias e pós, mas incapazes de impedir transmissão de vírus. Por outro lado, o grupo queixa-se de que para quem trabalha no departamento das doenças respiratórias nem sequer houve distribuição de máscaras. “Os trabalhadores do departamento de doenças respiratórias não podem pedir equipamentos de protecção, quando lidam com doentes com tosse e expectoração. Em que condições é que a direcção do Hospital Kiang Wu considera que se deve utilizar máscaras?”, é perguntado. Se, por um lado, aos trabalhadores não são disponibilizadas máscaras com elevado grau de protecção, o mesmo não acontece com as famílias dos pacientes. Segundo o relato constante no documento, toda a família de um paciente definido como “VIP”, que está internado no hospital, recebeu máscaras de cirurgia, ou seja, das que

Luta de classes

Em carta aberta, um grupo de enfermeiros revela que nem todos os trabalhadores têm direito a máscaras e que os equipamentos de protecção não são adequados. Porém, para a família de um paciente “VIP” a direcção distribuiu as máscaras com o padrão mais elevado de segurança, afirmam não estão disponíveis para o pessoal da linha da frente. Outra das questões mencionadas, tem que ver com o isolamento dos trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa que foi confirmada como o

oitavo caso do coronavírus de Wuhan em Macau. Segundo o documento, houve enfermeiros que estiveram em contacto com o infectado e a quem não foram disponibilizados espaços de isolamento. “Além de haver

NÃO AO SECTOR PRIVADO

“C

aso suspeite que está infectado com o coronavírus deve evitar o sector privado por completo, porque este não consegue oferecer um sistema eficaz de isolamento”. É esta a mensagem do grupo de enfermeiros em que se pede para que as pessoas

evitem o Hospital Kiang Wu e vão directamente ao Hospital Conde São Januário. “Quando os pacientes precisam de ser transferidos entre hospitais, há um risco acrescido de infecção para bombeiros, pessoal médico e pacientes que não estão infectados”, é sustentado.

Lei Wai Seng, médico do Governo, atacou os trabalhadores e disse que as opiniões deviam ser “construtivas”

o risco de terem ficado infectados, ainda têm de lidar com a pressão de poder levar o vírus para casa”, é apontado.

DEBAIXO DE FOGO

De acordo com a missiva, haverá mesmo trabalhadores que estiveram em contacto com a pessoa infectada e que depois regressaram ao trabalho junto de outras pessoas, sem que tivesse havido cuidado de isolamento. Por exemplo, um trabalhador terá tido febre alta depois do contacto, mas acabou integrado junto de outros trabalhadores só porque os testes deram negativo à primeira. O grupo de enfermeiros defende que deveria ter havido

NAM KWONG DOAÇÃO DE QUATRO MIL LITROS DE ÁLCOOL DESINFECTANTE

O

Grupo Nam Kwong decidiu doar 3,4 toneladas de álcool desinfectante, ou seja, quatro mil litros, ao Governo para “apoiar os trabalhos de prevenção e combate à epidemia” do coronavírus. A remessa foi ontem entregue ao secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, pelo presidente do conselho de administração do Grupo Nam Kwong, Fu Jianguo. De acordo com um comunicado ontem emitido, esta doação faz com que o Governo fique com mais de dez toneladas de álcool desinfectante,

pelo que “existe actualmente no território uma quantidade suficiente de álcool desinfectante a ser aproveitado como matéria-prima para a fabricação de produtos de desinfecção para a população em prol dos trabalhos de prevenção e combate à epidemia”. Quem também participou nesta operação foi o deputado à Assembleia Legislativa Si Ka Lon, que coordenou o serviço de embalagem de garrafas de desinfectante levado a cabo pela Fábrica de Produtos Farmacêuticos Macau-União, Limitada.

um isolamento de 14 dias. Finalmente, com o objectivo de impedir as travessias da fronteira de não-residentes e alguns residentes, o Governo pediu às empresas que fossem disponibilizados locais para os trabalhadores em Macau. O Kiang Wu terá acedido ao pedido, mas está a obrigar os seus trabalhadores a pagar 380 yuan por noite. O Kiang Wu reagiu durante o dia de ontem e reconheceu a “pressão” a que todos os trabalhadores durante a epidemia foram submetidos e prometeu algumas respostas. Contudo, pediu aos trabalhadores que “não criem rumores”.

Quando questionado sobre estas críticas, na conferência de imprensa de sábado, Lei Wai Seng, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário, atacou os trabalhadores e disse que as opiniões deviam ser “construtivas”. O médico que faz parte do centro de prevenção de doenças da RAEM, sustentou ainda que os enfermeiros não deviam ter vindo a público e que deviam ter falado com a administração do hospital, para evitar que as falhas sejam “aproveitadas” por pessoas com “intenção de causar ambiente negativo”. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

GOVERNO ASSEGURADA EFICÁCIA DE MÁSCARAS CIRÚRGICAS Esta não é a primeira vez que o Grupo Nam Kwong, um dos mais importantes grupos comerciais e empresariais do território, faz donativos ou concede ajudas no âmbito do coronavírus. Isto porque “o Grupo Nam Kwong não só ajudou o Governo na aquisição urgente, nos períodos antes e depois do ano novo lunar, de grande volume de materiais para a prevenção de epidemia (tais como máscaras), mas também desempenhou os trabalhos como transporte e declaração alfandegária para esses materiais”.

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Centro Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus emitiu ontem um comunicado onde garante que as máscaras cirúrgicas são eficazes no combate ao contágio com o novo coronavírus, afastando aquilo que considera ser falsas informações. “Foi divulgado através de uma plataforma electrónica que as máscaras cirúrgicas são inúteis contra a propagação do novo coronavírus, e que só as máscaras com padrões N95 é que são seguras. O novo tipo de coronavírus é transmitido principalmente através de gotículas de saliva e por contacto. Na prática ordinária de cuidados de enfermagem a nível clínico, ou sob condições normais de trabalho e de

vida, o uso correcto de máscaras cirúrgicas gerais é uma medida de protecção eficaz contra a propagação de gotículas de saliva e ao mesmo tempo, garantia do ar fresco suficiente. As máscaras cirúrgicas gerais também podem proteger o público em geral contra a infecção.” Neste sentido, o Centro “apela a todas as pessoas para que não divulguem informações falsas que possam levar o público a entrar em pânico”. “Os residentes devem estar atentos às informações oficiais e não devem acreditar nem replicar ou re-transmitir rumores. Todos devemos combater a epidemia de Macau e rejeitar falsas informações”, aponta a mesma nota.


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10.2.2020 segunda-feira

RÓMULO SANTOS

TAIWAN GARANTIDO APOIO A ESTUDANTES DE MACAU EM QUARENTENA

A

Sulu Sou, deputado “A fim de evitar um surto massivo na comunidade, o Governo deve, de forma decisiva, bloquear a fonte e aplicar medidas mais rigorosas de controlo de entrada.”

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S deputados à Assembleia Legislativa (AL), Sulu Sou e Ng Kuok Cheong querem medidas mais restritivas à entrada de visitantes provenientes do interior da China como forma de combater a propagação da pneumonia que teve o seu epicentro em Wuhan. As solicitações, entregues ao Governo sob a forma de interpelação escrita, surgem numa altura em que o novo tipo de coronavírus já ultrapassou o SARS (Síndrome Respiratório Agudo Severo) em número de vítimas mortais (811) e no seguimento da entrada em vigor de medidas semelhantes em Hong Kong e Taiwan e que obrigam todos visitantes oriundos do continente chinês a fazer quarentena de 14 dias. No caso de Taiwan, os próprios residentes de Macau e Hong Kong têm também de ficar sujeitos ao período de isolamento. “De acordo com vários especialistas epidemiológicos, os próximos seis meses poderão ser um período crítico da epidemia e nas regiões vizinhas foram aplicadas medidas de controlo de entrada (…) como em Hong Kong, para controlar a entrada de residentes do Interior da China, argumenta Sulu Sou. “A fim de evitar um surto massivo na comunidade, o Governo deve, de forma decisiva, bloquear a fonte e aplicar medidas mais rigorosas de controlo de entrada, envidando todos os esforços para minimizar o movimento de pessoas nos postos fronteiriços”, acrescenta. Lembrando que na província de Guangdong foram registados mais de 1100 casos, o deputado pede assim ao Governo para

FRONTEIRAS DEPUTADOS QUEREM MEDIDAS DE CONTROLO MAIS APERTADAS

Muralhas do cerco

Sulu Sou e Ng Kuok Cheong querem maior controlo fronteiriço ou até mesmo proibir a entrada de visitantes provenientes do Interior da China, para evitar a propagação do novo tipo de coronavírus em Macau. Mais medidas para garantir o nível de stocks alimentares e de bens essenciais e o alojamento de trabalhadores não residentes são também exigidas “proibir a entrada temporária de residentes do Interior da China”. Sobre o tema, apesar de não ir tão longe, Ng Kuok Cheong defende também que o Governo deve “reforçar urgentemente a protecção contra a epidemia e aplicar um controlo sanitário geral aos visitantes do Interior da China”.

FIXAR TNR

Já quanto a medidas a tomar para minimizar o fluxo de trabalhadores não residentes (TNR) prove-

nientes do Interior da China, Ng Kuok Cheong pede ao Governo que crie mecanismos de apoio que permitam alojar temporariamente trabalhadores com “necessidades reais” na região e questiona se não será necessário rever a estratégia de desenvolvimento da região. “Quanto à estratégia de desenvolvimento da RAEM, será necessário proceder a uma revisão, incentivando os residentes de Macau a viver em Macau e reduzir o número de

trabalhadores não residentes?”, pergunta o deputado. Já Sulu Sou, recordou que existem casos confirmados em Zhuhai, Hong Kong e Taiwain e que, mesmo no dia seguinte ao encerramento dos casinos, ainda entraram em Macau 31 mil pessoas, das quais 16 mil eram residentes e trabalhadores do continente. O deputado pede assim ao Governo que institua o período de quarentena obrigatória para os trabalhadores oriundos do continente, providencie alojamento e incite as concessionárias a fazer a sua parte. “O Governo poderá fornecer habitação social e solicitar às concessionárias que proporcionem alojamento temporário (…) aos funcionários públicos e trabalhadores das empresas privadas, a fim de reduzir ainda mais as suas necessidades de ida e volta durante a epidemia?”, questiona Sulu Sou. Com o objectivo de evitar a “ocorrência de novos ataques de pânico por parte dos residentes”, relacionado com o abastecimento de produtos alimentares, Sulu Sou questiona ainda o Governo se tem a capacidade necessária para assegurar “o fornecimento de produtos alimentares e materiais essenciais” Por seu turno, Ng Kuok Cheong dirige ainda uma última preocupação na sua interpelação escrita direccionada para o facto de os Serviços de Saúde terem revelado que o vírus pode ser transmitido através de excrementos. “Quais são as medidas do Governo para tratar com urgência os casos de fuga de esgotos não resolvidos de Macau?”, questinou ainda Ng Kuok Cheong. Pedro Arede

info@hojemacau.com.mo

Universidade de Chengchi, em Taiwan, comunicou que pretende prestar medidas de apoio aos estudantes de Macau, no seguimento do período de quarentena a que terão que ficar obrigatoriamente sujeitos após a implementação no território, desde sexta-feira, de uma medida que obriga todos visitantes oriundos do continente chinês, Hong Kong e Macau a fazer quarentena durante 14 dias. De acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES), após o anúncio da medida, foram várias as solicitações dirigidas por estudantes de Macau da Universidade Chengchi ao organismo, referindo que a Universidade teria pedido aos estudantes de Macau que se alojam na Universidade que encontrassem por si próprios, outro alojamento fora da Universidade, para efectuar o isolamento de 14 dias. Tomando conhecimento da situação, a Chefe da Delegação Económica e Cultural de Macau, em Taiwan, Ho Weng Wai comunicou com o reitor da respectiva Universidade, que respondeu que “pretende prestar as medidas de apoio viáveis aos estudantes de Macau, incluindo o apoio para se alojarem nos locais de alojamento das escolas vizinhas”. As medidas específicas serão divulgadas posteriormente pela Universidade.

Ensino Preocupações com nível de carga familiar

As medidas de combate à epidemia da Pneumonia de Wuhan obrigaram as escolas a fechar e os alunos foram aconselhados a estudar em casa. No entanto, a deputada Wong Kit Cheng está preocupada com as famílias em que ambos os pais têm de trabalhar. Segundo a legisladora ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau esta situação aumenta a “pressão” sobre os pais, que mais do que nunca têm de orientar os filhos nos estudos. Por isso, em declarações ao jornal Ou Mun, a deputada elogiou a postura da Direcção de Serviços de Educação e Juventude que elaborou instruções às escolas para que as aulas em casa sejam mais focadas na revisão das matérias já leccionadas ao longo do ano do que focadas na aprendizagem de novos conteúdos.


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PME Pedidos de apoio passam a ser feitos online

TIAGO ALCÂNTARA

segunda-feira 10.2.2020

A Direcção dos Serviços de Economia (DSE) anunciou ontem que o processo de candidatura por parte das Pequenas e Médias Empresas (PME) ao Plano de Apoio a PME passa a ser feito online a partir das 9h00 de hoje. Esta medida surge devido ao impacto que a epidemia do coronavírus tem causado aos pequenos empresários, além de que o processo online parte do facto de o Governo ter decidido encerrar temporariamente o atendimento ao público na Função Pública. De acordo com um comunicado, os empresários interessados nesta medida de apoio podem apresentar, via e-mail, o boletim de candidatura que está disponível no sistema online da DSE. “Face à epidemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, a DSE vai continuar a suspender, temporariamente, a prestação de outros serviços ao público, a fim de evitar a concentração de pessoas para reduzir a eventualidade de propagação de doenças, até novo aviso”, adianta ainda a mesma nota.

Transmac Suspensas mais carreiras

TIAGO ALCÂNTARA

A Transmac anunciou que devido à epidemia do novo coronavírus, os autocarros 5X, 5AX, 25AX e AP1X foram suspensos e que, em várias rotas, o horário de partida dos últimos autocarros passou para as 22h30. Além disso, a Transmac vai prolongar o regime especial de trabalho, cabendo uma vez mais às chefias de cada departamento estabelecer o horário flexível de comparência ao serviço. A medida tem como objectivo dar seguimento aos trabalhos de prevenção da situação epidémica e à manutenção do normal funcionamento da companhia. Numa nota enviada às redacções, a Transmac esclarece ainda que para os trabalhadores não residentes que têm de comparecer ao trabalho “a companhia providenciou-lhes alojamento em Macau, a fim de reduzir o número de passagens nas fronteiras”. Os que estão dispensados de comparecer ao serviço, devem permanecer em casa e evitar sair à rua.

HOTEL FORTUNA DSAL DIZ ESTAR A ACOMPANHAR SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES DESPEDIDOS

Tentar segurar as pontas

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais diz ter promovido o diálogo entre a direcção do Hotel Fortuna e os seus empregados, para que haja uma reorganização do trabalho sem despedimentos. Governo diz ainda estar a acompanhar o alegado despedimento ilegal de 20 funcionários

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ONCERTAR para não despedir. É esta a posição da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) no caso do alegado despedimento ilegal de 20 funcionários do Hotel Fortuna. Sobre este ponto, a DSAL diz ter “entrado em contacto com as partes dos empregadores e dos trabalhadores e dado o acompanhamento”, sendo que “o caso enquadra-se principalmente com a questão de organização dos trabalhos devido à suspensão temporária do funcionamento dos estabelecimentos comerciais”. Em relação aos funcionários que não estarão sujeitos ao despedimento, a DSAL assegura ter promovido um diálogo entre patronato e trabalhadores. “Após a concertação, empregadores e trabalhadores ficaram esclarecidos que, se não existe despedimento,

os empregadores vão assegurar, nos termos da lei, os direitos e interesses laborais destes trabalhadores não residentes (TNR) e entrar em diálogo com os trabalhadores sobre a organização dos trabalhos durante o período em que os estabelecimentos comerciais estão fechados”, lê-se. O jornal Macau Daily Times noticiou na semana passada que a direcção do Hotel Fortuna pediu a 20 TNR para assinarem uma declaração em chinês onde tomavam conhecimento do seu despedimento, fazendo-os acre-

ditar que seriam dispensados de trabalhar apenas durante dois meses. Alguns funcionários já trabalhavam na empresa há 12 anos. Este caso surgiu depois de o Governo ter decretado o encerramento temporário de todos os espaços hoteleiros e nocturnos no território, a fim de travar o surto do coronavírus. Até à data, não há registo de novos casos de infecção.

DOCUMENTOS PERIGOSOS

Os funcionários despedidos, são oriundos do Vietname, Filipinas e

A DSAL diz ter “entrado em contacto com as partes dos empregadores e dos trabalhadores e dado o acompanhamento”, sendo que “o caso enquadrase principalmente com a questão de organização dos trabalhos devido à suspensão temporária do funcionamento dos estabelecimentos comerciais”

Indonésia, e trabalhavam nos espaços Fortuna Night Club e Supreme Sauna, localizados no interior do Hotel Fortuna, no ZAPE. De acordo com a mesma fonte, o Hotel Fortuna terá alegadamente dito aos trabalhadores que estariam dispensados de trabalhar durante dois meses devido ao encerramento anunciado pelo Governo de duas semanas e que para o efeito teriam de assinar uma declaração onde constava essa indicação. Segundo um representante dos trabalhadores da instituição, que pediu para não ser identificado, nove dos funcionários já assinaram a declaração, enquanto outros 20 foram instruídos para fazer o mesmo. Os trabalhadores tentaram de imediato obter ajuda junto da DSAL. No entanto, o atendimento ao público levado a cabo pela DSAL continua encerrado até ao dia 16 devido ao surto do coronavírus.


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37,591 Infectados

6188 Em estado

28942 Casos

crítico

suspeitos

2019novel co

FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia

INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 37231 40 32 29 26 25 18 16 15 14 13 12 10 11

Interior da China Singapura Tailândia Hong Kong Japão Coreia do Sul Taiwan Malásia Austrália Alemanha Vietname EUA Vietname França

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Macau

7 7 3 3 3 3 2 1 1 1 1 1 1 1

Canadá Emiratos Árabes Unidos Itália Filipinas Índia Reino Unido Rússia Nepal Cambodja Bélgica Espanha Finlândia Sri Lanka Suécia

países com casos de nCov países sem casos de nCov

10 MACAU

Infectados

29 HONG KONG

Macau

Infectados

1

HONG KONG

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Morto


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2,920

HOJE NA CHÁVENA

Curados

Mortos

1-99 10-99 100-499 500-999 1000-9999 +10000 Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

nCoV vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

36,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0

20

dias

40

dias

60

dias

Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

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dias

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dias

REGIÃO Hubei Guangdong Zhejiang Henan Hunan Anhui Jiangxi Jiangsu Chongqing Shandong Sichuan Pequim Heilongjiang Xangai Fujian Shaanxi Hebei

INFECTADOS 27100 1131 1075 1033 838 779 740 468 450 444 386 326 307 293 250 208 206

MORTOS 479 0 0 2 0 0 0 2 0 1 1 1 1 2 2 0 0

REGIÃO Guangxi Yunnan Hainan Shanxi Liaoning Guizhou Tianjin Gansu Jilin Mongólia Interior Ningxia Xinjiang Hong Kong Qinghai Taiwan Macau Tibete

INFECTADOS 195 141 130 115 107 99 90 79 78 54 45 45 29 18 18 10 1

MORTOS 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0


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10.2.2020 segunda-feira

REINO UNIDO ANUNCIADO QUARTO CASO DE INFECÇÃO

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S autoridades de saúde do Reino Unido confirmaram ontem o quarto caso de infecção com o novo coronavírus no país, indicando que se trata de um caso de transmissão de pessoa para pessoa. O director-geral da Saúde britânico, Chris Witthy, precisou que o paciente em questão esteve em contacto com outra pessoa infectada identificada no Reino Unido e que a transmissão do vírus aconteceu em França. Os especialistas de saúde britânicos “continuam a trabalhar afincadamente para identificar as pessoas que entraram em contacto com os pacientes dos casos identificados no Reino Unido”, prosseguiu Chris Witthy.

“Identificaram com sucesso este indivíduo e garantiram que ele está a receber o apoio adequado", acrescentou. O paciente em questão foi transportado para o Royal Free Hospital em Londres, um centro especializado que possui “medidas robustas de controlo de infecções para impedir qualquer possível propagação do vírus", concluiu o responsável. França informou no sábado que tinha identificado cinco cidadãos britânicos, quatro adultos e um menor, infectados com o novo coronavírus na região francesa de Alta Sabóia. Ontem de manhã, o segundo e “último” avião fretado por Londres para repatriar cerca de 200 britânicos e outros cidadãos estrangeiros que ainda estavam na província chinesa de Hubei, epicentro do surto do novo coronavírus, aterrou no Reino Unido, na base aérea de Brize Norton, a cerca de 120 quilómetros a oeste da capital britânica.

Taiwan Pompeo pede resistência a pressões O secretário de Estado norteamericano pediu, no sábado, aos governadores dos Estados Unidos que resistam às pressões da China para isolar Taiwan. "Não aprovem acordos individuais com a China que possam prejudicar a política nacional", disse Mike Pompeo, numa reunião da Associação Nacional de Governadores norteamericanos, em Washington. "Sei que nenhum de vós o faria

intencionalmente", acrescentou Pompeo, indicando que a administração federal norteamericana ia intensificar a comunicação com os governadores sob como gerir o 'dossier' chinês. O responsável norte-americano referia-se a uma ameaça dirigida, no ano passado, ao governador do Mississippi, em que a China indicou que ia anular um investimento, na sequência de uma visita a Taiwan.

HONG KONG FIM DA QUARENTENA NO NAVIO CRUZEIRO WORLD DREAM

Levantar a âncora

Os cerca de 3.600 passageiros e tripulação a bordo do navio cruzeiro, atracado em Hong Kong desde o passado dia 5 de Fevereiro, podem finalmente respirar de alívio e regressar a casa porte português, segundo o cônsul geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Na passada quarta-feira, uma equipa das autoridades de saúde de Hong Kong embarcou no World Dream para realizar inspecções médicas a 1.800 passageiros e 1.800 tripulantes após o navio atracar no terminal Kai Tak, em Kowloon, ao qual chegou depois de ter sido recusado pelas autoridades de Taiwan.

SARS ULTRAPASSADA

A

S autoridades de Hong Kong levantaram ontem a quarentena pelo novo coronavírus no navio cruzeiro World Dream, após os testes realizados aos passageiros terem dado negativo. O navio foi colocado em quarentena quando atracou na quarta-feira no porto de Hong Kong depois de oito passageiros chineses terem sido diagnosticados com o novo vírus. O oficial do porto Leung Yiu-hon afirmou ontem que os testes realizados aos mais de 1.800 passageiros foram

concluídos antes do previsto e deram todos negativo. A quarentena do navio, que tem mais de 1.800 passageiros, a maioria de Hong Kong, terminará e todos os que estão a bordo poderão partir, anunciou o oficial citado pela agência AP. Alguns passageiros

que apresentavam sintomas deram negativo, disse Leung Yiu-hon, explicando que não havia necessidade de testar todos os passageiros porque não tinham tido contacto com os oito que estavam infectados. A bordo deste navio estavam sete pessoas com passa-

O oficial do porto Leung Yiu-hon afirmou ontem que os testes realizados aos mais de 1.800 passageiros foram concluídos antes do previsto e deram todos negativo

O número de mortes por coronavírus aumentou ontem para 814, até ao fecho desta edição, superando as mortes por SARS em 20022003, com um total de casos a chegar a 37.198, segundo dados oficiais. O SARS – Síndrome Respiratório Agudo Severo fez 774 mortes no mundo inteiro. Ontem de madrugada as autoridades anunciaram ter registado 89 mortes nas 24 horas anteriores devido ao vírus 2019-nCoV, com epicentro na cidade chinesa de Wuhan, na província central de Hubei. Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infecção confirmados em mais de 20 países.

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OMS Instituição confirma envio de missão internacional à China Anúncio Tendo em consideração a evolução epidémica da pneumonia do novo tipo de coronavírus, de acordo com o Despacho do Chefe do Executivo n.º 12/CE/2020 e as «Orientações sobre a manutenção da prestação de serviços durante as dispensas nos serviços e organismos públicos no período entre 8 a 16 de Fevereiro do corrente ano», emitidas pela Direcção dos Serviços da Administração e Função Pública a 7 de Fevereiro, a sede da Direcção dos Serviços de Finanças e os seus postos de serviços (incluindo a Repartição das Execuções Fiscais) vão suspender todos os serviços prestados ao exterior de 8 a 16 de Fevereiro. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou sábado o envio nos próximos dias de uma missão internacional liderada por aquela organização para a China. O etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus avançou ter sábado recebido uma resposta positiva por parte de Pequim sobre o destacamento da missão. O director-geral da OMS indicou que o líder da equipa vai partir para o território chinês entre hoje e amanhã e que os restantes especialistas

seguirão nos próximos dias. Questionado se membros do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos irão integrar a missão, o responsável da OMS respondeu apenas: “Esperamos que sim”. Tedros Adhanom Ghebreyesus escusou-se avançar o nome do líder da missão ou dos restantes elementos e não forneceu mais detalhes sobre o trabalho que será desenvolvido pelos especialistas em território chinês. “A OMS irá divulgar tudo assim que estivermos prontos”, concluiu.


segunda-feira 10.2.2020

cartografias Anabela Canas

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ANABELA CANAS

A injustiCa avanca hoje a passo firme ´ ´

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Q

UEM sou eu, era o que ela talvez perguntasse. Mas mais tarde já não estava tão certa de que não fosse: o que sou eu. É tarde demais para lhe perguntar no seu já longínquo sono eterno. A minha avó Maria Antónia, de olhos vivos e por momentos perdidos nesse abismo profundo de uma dúvida que poucas vezes a terá feito hesitar. Porque me disse um dia às vezes eu pergunto-me assim quem sou eu. E na ênfase das reticências de quem não espera uma resposta e de quem não tem uma a oferecer, nos remetíamos ao silêncio. Ela na poltrona dela, eu no canto da minha. A medir a dimensão de tamanha questão, por momentos fora de qualquer registo parcial por papéis desempenhados, coisas vividas e feitas, nada por acabar. Excepto isto. Ou nem mesmo isto. Esta permanência até que se foi mas questionada entretanto. Talvez a pensar no nada que poderia advir. E como o futuro pode transtornar retrospectivamente a partir do ainda nem foi. Mas era talvez como se colocasse um espelho em frente do rosto para colorir discretamente a boca de rosa com aqueles batons que lhe duravam anos e só para sair. Talvez reflectisse a imprecisão do espelho. Talvez tomasse o seu lugar. Vendo-se de fora, redonda estanque plena e estranha. Irreconhecível por momentos. Desconhecida. Por momentos. Que ordem de grandeza tem uma questão como essa que tanto afunda e tão discretamente se esvai? O que fica de uma destas questões quando se apresentam ao consciente sem convite a entrar, a ficar por momentos. Não sei mesmo que simplicidade ou precisão teria esta sua pergunta. Na verdade, ao ouvi-la, muitas possibilidades se abriram. Hipóteses em alternativa como cenários enevoados, que se colocariam por detrás daqueles olhos vagos por momentos. Que parâmetros do fazer ou por fazer e de se encontrar ou se perder, a delimitar a pergunta, se terão alinhado. O ser para si, o ser para o olhar dos outros, o ser para quê ou o ser porquê. E em que lugar a vida, simplesmente evidente, se destronou como tal, a pedir mais do isso como explicação como sentido. Em que momento e porquê isso foi questão sem resposta. Porque ela não a teve ou tê-la-ia dito no decorrer daquele longo olhar para longe em que me convidou a olhar. Também. Fiquei até hoje abismada perante a recorrente enormidade, em frase tão curta, de se enumerarem três palavras de distinto eco de um ser. Como imaginar em que diferiam. Esse quem e esse sou eu em distintas tonalidades para aquele simples ser em si que se interrogava e em como essa afirmação dupla e con-

Batom para sair firmada de ser ela, era quase cancelada pela exterioridade de um impreciso quem. Consola-me em parte, pensar que ela sabia ser e sabia ser ela. Só não sabia quem. Esse quem que saiu dela numa interrogação de fora. Fora de casa. Como um batom de sair à rua. Mas entendi, investigando as funções redundantes ou falsamente o sendo de um eu um quem e um sou, numa única e curta frase, que nem quem sabe a fundo de gramática e da Língua pode responder à função desta estranha palavra quem, naquela frase naquele olhar. Como um ser estranho também ele a apresentar-se ao espelho e desconhecido dela.

Quem sou, eu, que ridícula ambição de ser? Quem sou eu para além do que acho em mim? Quem sou eu de nada me revestindo? Quem sou eu, nada? Que nada me acho, e em nada me acho. Quem, afinal. Um mundo de afirmações nesta remota questão sem resposta. E, vendo bem, sem interrogação. Porque lhe faltava o ponto. Que diálogo suspenso. A sua questão sem interrogação, o meu silêncio cheio de coisas. Em espera. Um nada que passou. A encher-me a memória. Coisas. Querida avó, como somos diferentes. No batom. Eu não tenho tantas dúvidas longe do espelho. Somente espelhos. E aquela questão, tão pequena quanto a conseguirmos ouvir, tão irrelevante

Olho para ela. Vidrada de transparência por aquele olhar que me ultrapassa sem tocar. E também agora dos confins da memória. Não sei se a vi mais inteira naquele preciso momento em que me abrangeu, sem querer, nesse seu não saber que incluía o que de mim houvesse nela.

quanto quisermos, é como a entrada numa sala pejada de espelhos. Ficamos confundidos perante as múltiplas possibilidades e rimos. Identificamos o excesso e a aberração. Mas lá bem no meio há o espelho certo e razoável, e nele temos que nos reconhecer. Mas primeiro, reconhecê-lo. Depois, reconhecer quem o segura. Olho para ela. Vidrada de transparência por aquele olhar que me ultrapassa sem tocar. E também agora dos confins da memória. Não sei se a vi mais inteira naquele preciso momento em que me abrangeu, sem querer, nesse seu não saber que incluía o que de mim houvesse nela. E assim me excluía e deixava serenamente pendente de futura resolução. Ou que ela voltasse. E abismada no momento em que a interrogação fez tábua rasa de tudo. De quê, afinal? Talvez o diálogo sobre meandros da mente seja um território de isolamento a duas naquele momento. Uma pedra sobre o abismo que ficamos a contemplar. A tentar alcançar. Um enorme silêncio sem ponte. Sem a pequena ponta por onde desfiar o intrincado novelo, que seria o ponto de interrogação inexistente. Fiquei calada nela. Com os olhos nela. E ela sabe-se lá onde. Mas onde nem os seus nem os meus alcançaram. E mais ainda, agora. Que há tantos anos se foi. Com o seu batom rosa. De sair.


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O Espelho Verde e Azul de Li Zhaodao

Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

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OU, o último rei da dinastia dos Zhou Ocidentais (c. 1050-770 a. C.) foi considerado culpado de ter perdido o seu reino por se ter distraído na busca de um sorriso da sua concubina favorita Baosi. O relato do seu descuido com o bem geral do reino seria repetidamente actualizado para servir de aviso a futuros monarcas, porém, a história repetir-se-ia. De entre as narrativas de reis que descuram os seus afazeres por causa do fascínio por uma mulher, nenhuma provavelmente alcançaria o eco do que se passou entre o imperador dos Tang, Xuanzang (r.713-756) e Yang Yuhuan (719-756), mais conhecida como Yang Guifei, muito por causa do «Poema do Imenso Remorso» de Bai Juyi (772-846). Na pintura, desde cedo se encontram figurações dessa relação. Nos túmulos de Baoshan da dinastia Liao (907-1125), em Jinmen (Hubei) foi descoberta uma curiosa pintura mural que mostra Yang Guifei ensinando um papagaio a cantar os sutras. Mas também em obras privadas de respeitados pintores está a memória desses acontecimentos, como no rolo horizontal de tinta e cor sobre papel (29,5 x 117 cm) que Qian Xuan (1235-1305) pintou e mostra o imperador envergando o distintivo traje vermelho observando Yang Guifei a subir para um cavalo, que se encontra na Freer Gallery of Art em Washington, DC. Que é uma pintura centrada na representação de figuras mas ainda antes, é atribuída a outro famoso pintor uma recordação dos malogrados even-

tos, então numa reconhecida forma de pintura em que aquilo que designamos «paisagem» é o motivo central, e em que ao carácter de admonição se sobrepõe a sedução das cores na figuração de um doloroso amor. Li Zhaodao (675-?) também conhecido como o Pequeno General Li, era filho do famoso pintor Li Sixun (651-716 ou18) e ficaria conhecido pela pintura chamada shanshui qinglu, que usa o verde e o azul, feita com pigmentos de cores obtidos a partir de azurite e malaquite verde, preciosos minerais vindos do Oeste. É essa fama que justifica a atribuição a Li Zhaodao da pintura a tinta e cores sobre seda «Fuga do imperador Minghuang para Shu» (55,9 x 810 cm) que está no Museu do Palácio Nacional em Taipé. Feita já na dinastia Song (960-1279) é uma provável cópia de um modelo que se verá noutros museus, como no Metropolitan de Nova Iorque, de autor desconhecido, e alude ao que sucedeu no final do reino de Xuanzang (Minghuang) quando foi forçado pelos seus generais a retirar-se para o reino de Shu, na actual Província de Sichuan, e a mandar executar a sua favorita Yang Guifei. No centro à esquerda da pintura caprichosamente uma árvore (um salgueiro?) vai-se desenvolvendo à volta do tronco de um pinheiro; em baixo à direita, o cavalo montado pelo imperador diante de uma ponte parece hesitar. Afinal, como escreveu o poeta Li Bai (701-762) esse caminho de Shu era «mais difícil que subir até ao céu».


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

segunda-feira 10.2.2020

Zhang Fu De tornou-se Tu Di Gong José Simões Morais

O

deus da terra, (土地) Tu Di em mandarim e em cantonense Tou Tei, é em Fujian, Guangdong, Hunan, Jiangsu e Jiangxi conhecido através dos tauistas Zhengyi por Fok Tak (福德, Fu De), enquanto nas restantes províncias da China é designado por Tu Di. Para Fok (福, Fu) temos o significado de felicidade e para Tak (德, De), virtude. Informação obtida ao visitar o templo do deus da terra Fok Tak Chi na Avenida do Almirante Sérgio, quando questionamos sobre a diferença entre Tou Tei e Fok Tak a senhora Va, encarregue do templo. Deslocando-se ao edifício do lado, o Centro de Lazer e Recriação dos Anciãos da Associação dos Residentes do Bairro da Praia do Manduco, foi buscar uma folha escrita em chinês que nos passou para as mãos. Traduzida, ficamos a saber quem era a personagem histórica que deu origem à divindade Fu De. Durante a dinastia Zhou do Oeste (1046771 a.n.E.), no segundo ano do reinado do Rei Wu, em 1044 a.n.E. nasceu Zhang Fu De (张福德) no dia 2 da segunda Lua. Aos sete anos conseguia já ler textos antigos, sendo um jovem inteligente e respeitador. No décimo segundo ano do Rei Kang, Fu De com 35 anos de idade era oficial cobrador de taxas e, apesar da sua posição elevada, tratava as pessoas com consideração, fossem elas quem fossem. Viveu durante a governação dos cinco primeiros reis da dinastia Zhou do Oeste (Wu, Cheng, Kang, Zhao e Mu) e no terceiro ano de reinado de Wang Mu, em 973 a.n.E., com a idade de 72 anos passou para o outro mundo. Durante três dias a sua face nada mudou, parecendo estar vivo, surpreendendo as pessoas que dele se foram despedir. Com a sua morte, o lugar de cobrador de impostos foi ocupado por outro oficial, mas Wei Chao era completamento o oposto de Zhang Fu De. Não queria saber das pessoas e apenas pensava em dinheiro, roubando-as e por isso, estas empobreciam rapidamente. Os habitantes, comparando os comportamentos distintos entre os dois, sentiam grandes saudades daquele que, para além de ser oficial responsável por colectar taxas, se mostrara durante toda a sua vida, honesto, compreensivo, caritativo e mais do que tudo, um amigo em quem se podia confiar. Certa vez, um dos habitantes mais pobres resolveu fazer-lhe sacrifícios para prestar homenagem ao querido defunto oficial, suspirando por esses tempos tão diferentes dos que então se viviam e os seus vizinhos começaram a ver a pros-

peridade a entrar-lhe em casa. Por isso, resolveram ergue-lhe um altar e para tal, com três pedras como paredes e uma outra por cima a cobrir, criaram um abrigo onde colocavam incenso e ofereciam sacrifícios àquele que, pelo seu digno comportamento se mostrou durante a vida um Ser Superior. Tratavam-no como a divindade Fu De e estranhanhamente, quem a ele orava rapidamente se tornava rico, as suas plantações desenvolviam-se bem, o gado procriava bastante e a riqueza afluía. As pessoas passaram a acreditar que Zhang Fu De era mesmo um Deus e assim, resolveram construir-lhe um templo, onde colocaram no altar a sua imagem dourada. Aos que lhe ofereciam sacrifícios, passavam pela sua influência a ter uma vida abastada e tal foi correndo de boca em boca, sendo cada vez mais as pessoas que ali iam venerá-lo. Muitas resolveram fazer em casa um nicho em sua honra e dessa maneira o seu culto propagou-se por toda a China, de tal maneira que chegou aos ouvidos do Rei Mu. Este, escutando a história de Fu De, deu-lhe então o título de Tu Di Gong (em cantonense Tou Tei Kong), sendo o significado de gong, ancião. Por isso existem

dois nomes para o deus da terra, Fu De, o nome do oficial e o nome que o Rei Mu lhe deu, Tu Di Gong. Como o panteão tauista só mil anos depois foi criado, pode-se assim perceber ser Tu Di um dos deuses mais antigos existentes na China.

O ESPÍRITO DA TERRA

Tu Di começara em tempos ancestrais por ser uma entidade abstracta, She Ji ( 社稷) o Espírito da terra (solo e grão), um dos mais antigos reverenciados pois conectado com a Agricultura a representar toda a terra arável. Teve referência especial no Livro dos Ritos (Li Ji), um dos Clássicos chineses compilados por Kong Fuzi (Confúcio) quando apenas a Filosofia do Dao era usada para governar o social e explicar o Universo. Passou depois este, como guardião, a estar subdividido pelas cinco direcções, repartidas pelas cinco partes do Império Chinês. Segundo Ana Maria Amaro, “Os espíritos Tou Tei agrupam-se em cinco categorias, ou esferas administrativas: os Tou Tei do oriente, relacionados com a cor verde, os do sul, relacionados com o vermelho, os do oeste, relacionados com o branco, os do norte, relacionados com

o negro e, finalmente, os do centro, relacionados com o amarelo.” O culto do espírito da terra, She (社, Se em cantonense), foi oficializado em 198 a.n.E. pelo Imperador Liu Bang (206195 a.n.E.), fundador da dinastia Han, que decretou dever o povo venerá-lo e fazer-lhe sacrifícios. Com a introdução do Budismo na China no século I a.n,E, e sobretudo após a disseminação das suas divindades na Religião Taoista, criada no século II, passou-se a admitir uma série de cargos e de hierarquias no mundo dos deuses, semelhantes aos terrestres. A Tu Di, espírito protector de cada parcela do território, foi-lhe atribuído o cargo de Celeste Guarda Campestre. Este novo Tu Di, conhecido por Tu Di Lao Ye (土地老爷, Tou Tei Lou Ye), correspondia inteiramente ao anterior, que simbolizava o espírito da própria terra, She (社). A única diferença que, aliás, é costume atribuir-se a cada uma destas divindades, é a extensão da sua área de jurisdição. Enquanto o Espírito da terra, o She Ji (社稷), antigo Patrono do Solo, exerce a sua protecção sobre uma província inteira, ou, pelo menos, sobre uma prefeitura ou sub-prefeitura, as cidades muralhadas têm Cheng Huang (城隍, Seng Vong) como deus protector e por isso conhecido por Deus da Muralha e do Fosso e os Tu Di Lao Ye (土地老 爷) apenas tem a seu cargo uma pequena porção de território, uma aldeia, montanha, gruta ou uma comuna, como refere Ana Maria Amaro. Daí passou Tu Di a ser um deus com função, guardião local de uma pequena área de terra e dos seus habitantes e por isso, também considerado o deus da família. O deus da terra encarnava o espírito de uma pessoa que na zona vivera e após falecer, os habitantes, distinguindo-o pela sua virtude ou poderes sobrenaturais, escolhiam-no para seu protector e do lugar. Apresenta-se em dourados caracteres gravados ou impressos e em estátua, sendo também representado na forma de ancião, por vezes acompanhado pela consorte. Tu Di preside ao bem-estar geral da localidade e cada uma realiza a sua festa particular. Na segunda Lua, refere Luiz Gonzaga Gomes, no dia 2 comemora-se o aniversário dos deuses locais, T’ôu-Têi Tán (土地诞, Tu Di Dan) e no dia 10 faz-se-lhe uma segunda festividade, assim como às Cinco Divindades dos Pontos Cardiais, os Ung-Fóng T’ôu-Sân (五方土 神, Wu Fang Tu Shen). Já a 12, comemora-se Fôk-Tâk T’ôu-Têi-Kông tán (福德 土地公诞, Fu De Tu Di Gong Dan), aniversário da divindade tutelar Fôk-Tâk, o Deus da Riqueza.


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O Japão colocou ontem em órbita um satélite de vigilância que permite monitorizar lançamentos de mísseis a partir da Coreia do Norte, informaram meios de comunicação locais. O foguetão H2A, que colocou em

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8.75

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órbita o satélite, descolou do centro espacial de Tanegashima, no sul do Japão, e a sua missão é captar fotografias da Terra a uma altura de centenas de quilómetros, segundo informou a cadeia de televisão NHK.

YUAN

1.14

VIDA DE CÃO

SILÊNCIO & PERVERSIDADES

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É bom o Silêncio que não nos trespassa, que unicamente sincopa as horas e as frases, mas não a pureza fúnebre de não ser, nada existir, viver de preces e ventos. São singulares as vozes dos ventos, de cada vento, de cada brisa, de cada corrente de ar, ainda que condicionado. Falam-nos, cantam-nos ao ouvido, ouvimo-los, rumorejam ou silvam, são um ritmo, uma melodia, por vezes toda uma canção, uma ária simples, um lieder lírico, obsceno. O canto do vento é uma metamorfose do Silêncio. Mas nós somos feitos para o ruído, para enfrentar multidões, gregarismos cínicos, outros verdadeiros, inevitáveis. Somos compostos de botões e dedos alheios, precisamos deles como da ideia da peste, colada a esta pele, a fazer de matrix. O Silêncio só nos agrada sincopado, não constante ou pesadelo interminável. Somos de ouvidos, de discursos, de músicas, de logos variados e de temas indiferentes. Por ouvir e tanto relata a dependência. Para matar o Silêncio. Nele dorme o monstro a que daria o nome de Pressentimento da Morte. Quando ele acorda, tudo se altera, tudo muda. Há que embalá-lo de volta ao seu sono silencioso e culpado. Carlos Morais José

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DAVID BOWIE | BLACKSTAR

5 1 58 O derradeiro e o 25º 4 registo1 da discografia, “Blackstar” 7 disco 6 de David 5 Bowie, 2 3 3 foi1lançado 5 dois6 7 2 4 dias antes da morte do imortal músico britânico. É provável que já tenha sido recomendado aqui, talvez até por mim, mas hoje surgiu como uma força imparável nos meus headphones. 3 é um5disco2que continua 6 7a ser1doloroso 4 de ouvir, apesar de7musicalmente 6 2irre-3 1 4 5 “Blackstar” preensível. Um registo que, com certeza, irá perdurar como uma brilhante e fúnebre amargura 2de David 1 Bowie. 4 3 5 é7daqueles 6 álbuns que dói de bom. 1 5João Luz4 7 6 3 2 para os fãs “Blackstar” 1 7 6 4 2 5 3 2 3 1 4 5 7 6 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; ; João Santos Filipe; Pedro Arede Colaboradores 5 3 7 Anabela 1 Canas; 4 António 6 Cabrita; 2António de Castro Caeiro;5António 7 3 2 4 6 1 Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda 6 4 3 Cotrim; 7 José 5Torres; Sérgio Fonseca; Valério 6 Romão 4 Colunistas 7 António 1 Conceição 2 5 3 Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Duarte; Rui1 Cascais;2 Rui Filipe Júnior; David Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua www. de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada hojemacau. 4 2 1 Secretária 5 6 3 7 4 2 6 5 3 1 7 com.mo de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo 57

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opinião 15

segunda-feira 10.2.2020

FRANCISCO LOUÇÃ in esquerda.net

Com a pandemia, só faltava a ameaça económica

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O inverno de há dois anos, uma epidemia de gripe particularmente violenta afetou 45 milhões de pessoas nos Estados Unidos, provocou 810 mil hospitalizações e deixou 61 mil mortos no país. O novo vírus detetado em Wuhan, na província chinesa de Hubei, pode ser mais contaminante e portanto mais grave, dado que se supõe que 20% dos casos sejam infeções severas e 2% possam ser mortais. Essas percentagens poderão ser menores, caso haja uma subestimação da população afetada, o que se poderá verificar dentro de semanas. Mas tudo indica que se trate de uma pandemia. A maior operação de quarentena da história da humanidade, fechando uma região com 40 milhões de habitantes, poderá por isso ter sido tardia ou insuficiente para evitar algum contágio noutras regiões e países. Há portanto um grave problema novo de saúde pública (há outros mais antigos, como a malária, 219 milhões de casos em 2017, com 435 mil mortos, e a tuberculose, com mais sete milhões de casos diagnosticados em 2018). Mesmo que uma vacina seja possível dentro de poucos meses, os efeitos serão duros e até podem vir a ser duradouros. Um dos impactos económicos imediatos foi nas Bolsas. Em Xangai, a queda foi de cerca de 8%, a maior desde o susto de 2015. Foi menor noutros mercados mundiais, mas o perigo mantém-se. Não há razão para menos. Os preços de alguns produtos importados pela China estão a cair, antecipando uma menor procura. Várias empresas que estão instaladas na China fecharam provisoriamente as fábricas ou serviços locais (Apple, General Motors, Ikea, Starbucks, Tesla) e as suas ações desvalorizaram-se na Bolsa norte-americana. As suas vendas e os seus lucros vão ser atingidos, resta saber quanto e por quanto tempo. Além desse efeito, para os Estados Unidos o banco Goldman Sachs antecipa uma redução do crescimento em 0,4% neste trimestre pela diminuição das exportações e do turismo. O crescimento do PIB chinês, que terá descido de 6% para 5% no ano que findou (o que reduziu a evolução do PIB mundial de 3,6% em

2018 para 3% em 2019), poderá baixar para 2% neste primeiro trimestre. Já tinha havido impactos grandes quando de outra epidemia, a do vírus SARS, em 2003. O efeito no PIB mundial terá então sido de 0,2%. Mas a economia chinesa é hoje seis vezes maior, pelo que algumas agências fazem cenários de choques que vão de uns perigosos 1,5% a uns alucinantes 6%, o que seria uma grave recessão mundial. Os números podem ser exagerados, todas estas projeções são feitas com hipóteses muito rudimentares, mas antecipam pelo menos o

Algumas agências fazem cenários de choques do coronavírus que vão de uns perigosos 1,5% a uns alucinantes 6%, o que seria uma grave recessão mundial. (...) Estamos num tempo em que toda a gente teme que alguém acenda um fósforo ao lado do barril de pólvora

medo das agências internacionais. Estamos num tempo em que toda a gente teme que alguém acenda um fósforo ao lado do barril de pólvora. A agravar tudo, temos Donald Trump na Casa Branca. O acordo que foi assinado a 15 de janeiro adiava algumas tarifas punitivas contra as exportações chinesas e comprometia esse país a compras suplementares de 200 mil milhões em produtos e serviços dos EUA. Não parece haver dúvida de que o acordo seja cumprido mesmo em condições de redução da dinâmica da economia chinesa, ou até de recessão. O governo chinês tem recursos e reservas para apoiar as suas empresas em importações dessa grandeza. O que está por saber é se Trump aproveitará este contexto para tentar explorar a insatisfação da população chinesa, de Hong Kong a Wuhan, tentando vulnerabilizar o governo de Xi Jinping e lançando novas iniciativas de guerrilha económica. Disso ainda pouco se sabe, mas o governo chinês tem dado sinais evidentes e até ansiosos, demonstrando temer essa nova viragem nas relações sempre conflituosas entre os dois países. Há quem se lembre da história do escorpião, que dificilmente esquece a sua natureza, como a rã descobriu tarde demais.


Agradecidos são aqueles que ainda têm algo a pedir. PALAVRA DO DIA

Pitigrilli

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Contra a taverna Apresentada queixa sobre funcionamento do OTT na Taipa

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Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus recebeu uma queixa, no sábado, de um residente devido ao facto do restaurante e bar Old Taipa Tavern (OTT) estar em funcionamento. Segundo as medidas especiais adoptadas pelo Chefe do Executivo, espaços como cinemas, teatros, salas de máquinas de jogos, cibercafés, karaokes, “bares, night-clubs, discotecas, salas de dança e cabaret”, entre outros, foram obrigados a encerrar as portas. No entanto, o OTT tem estado a funcionar, como aconteceu na noite de sexta-feira e de sábado, o que terá motivado a queixa por parte de um residente. Ao HM, a Direcção de Serviços de Turismo (DST) garantiu que o OTT está a respeitar as ordens do Chefe do Executivo, uma vez que o espaço se encontra registado como restaurante, o que faz com que não esteja abrangido pela determinação.

“O espaço Old Taipa Tavern tem uma licença de restaurante, por isso está autorizado a continuar a operar”, foi esclarecido. “Todavia, a DST apela a todos os restaurantes que cumpram a sua responsabilidade social e que tentem evitar concentrações de pessoas. É feito ainda o apelo para que o público que queira fazer queixas contacte a Linha 24 Horas do Turismo (2833 3000) e a Linha 24 Horas do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus (28700800)”, foi acrescentado. No entanto, a DST esclareceu ainda que a queixa foi reencaminhada para o Corpo de Polícia de Segurança Pública devido ao “ruído”.

“CUMPRIMOS TUDO”

Ao HM, Dan Riley, um dos proprietários do espaço garantiu que o OTT segue as recomendações do Governo no combate à epidemia: “Estamos a seguir todas as recomendações do Chefe do Executivo, que pediu para restringir as

horas do funcionamento e também todos os nossos empregados estão a utilizar máscaras”, defendeu. “Acho que o facto dos nossos trabalhadores estarem no restaurante nem devia ser motivo de queixa, desde que estejam a utilizar máscara o que eles fazem. Estamos a seguir todas as recomendações”, frisou. Segundo o responsável, com o novo horário de funcionamento o espaço tem fechado à 01h00, quando normalmente fechava às 02h00. Ainda ao contrário de queixas ouvidas pelo HM, junto de residentes na zona, Riley negou que haja uma grande concentração de pessoas sem máscara junto ao OTT. “A verdade é que não há muita gente a frequentar o espaço. Ontem, no total talvez tenham estado 40 pessoas aqui? E muitas até deviam estar lá fora a fumar... Não temos tido muita gente aqui e acho que a queixa se deve mais a sermos um espaço bem estabelecido”, considerou.

Óbito UM lamenta morte de reitor-fundador histórico Morreu o Professor Hsueh Shou Sheng, fundador e reitor da Universidade da Àsia Oriental, estabelecimento de ensino que antecedeu à Universidade de Macau (UM). Na nota de pesar divulgda pela UM, é dado destaque ao “ao distinto estudioso e educador que alcançou feitos notáveis” e que chegou a Macau 1980, dando início a um novo capítulo na

J.S.F.

joaof@hojemacau.com.mo

cidade ao nível do Ensino Superior. Além de ter desempenhado o cargo de reitor da Universidade da Àsia Oriental de 1981 a 1986 e de 1987 a 1991, Hsueh Shou Sheng foi ainda Vice-Presidente do Comité de Redacçãoda Lei Básica de Macau e deu contributos importantes para a fundação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

segunda-feira 10.2.2020


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