DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
SEGUNDA-FEIRA 10 DE ABRIL DE 2017 • ANO XVI • Nº 3790
ALEX BRANDON
hojemacau PEARL HORIZON CHUI SAI ON OUVE DEPUTADOS
O Chefe do Executivo recebeu este sábado onze deputados com soluções na agenda para o caso do Pearl Horizon. Chui Sai On ouviu, trocou opiniões e promete ter
em consideração as sugestões apresentadas quando chegar a hora de tomar uma decisão. Mas para já prefere esperar pela decisão do tribunal.
EMBATE DE CHEFES GRANDE PLANO
CONSELHO EXECUTIVO
Sempre a aprender PÁGINA 4
OPINIÃO
Neo-cons RUI FLORES
PÁGINA 7
EGIPTO
SANGUE NA IGREJA ÚLTIMA
GCS
ASSEMBLEIA
Do fisco aos serviços PÁGINA 5
ANABELA CANAS
Uma luz artificial EVENTOS
Pinturas notáveis
ZHANG YANYUAN
Da natureza da discórdia
VALÉRIO ROMÃO
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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Sala de espera
ENCONTRO
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O encontro entre os líderes das duas maiores economias mundiais tinha inúmeros assuntos quentes para discutir. No entanto, foi marcado pelo ataque a uma base aérea síria, em plena cimeira. Uma jogada ousada que ameaça ser repetida na Coreia do Norte, depois de Trump ter enviado um porta-aviões e navios de guerra para a península coreana O presidente norte-americano enviou ontem para as águas da península coreana um porta-aviões e uma frota de navios de guerra de forma a dar resposta à que considera ser a maior ameaça na região
ANÁLISE CIMEIRA ENTRE TRUMP E XI JINPING MARCADA POR ATAQUE A BASE SÍRIA
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RA esperado um encontro protocolar, que pusesse água na fervura no plano geopolítico e foi isso que transpareceu cá para fora. Poses amistosas e um discurso padronizado sem grande conteúdo. Porém, antes do jantar do primeiro dia de cimeira, Donald Trump deu luz verde para o bombardeamento de uma base aérea síria, reforçando a aura de imprevisibilidade do recém eleito Presidente e a força da posição americana no xadrez geopolítico global. A muito antecipada reunião vinha sendo vista como uma oportunidade para o Presidente chinês demonstrar força, maturidade diplomática e reforçar o seu lugar como um poderoso líder mundial. Depois de terem sido lançados 59 mísseis Tomahawk sobre Shayrat, os pratos da balança penderam para o lado de Washington, sem que Pequim tivesse reagido oficialmente. No entanto, o assunto passou ao lado dos discursos no fim das conversações. Dois dias depois da reunião, Donald Trump enviou para as águas da península coreana um porta-aviões e uma frota de navios de guerra. Porém, no rescaldo da cimeira, os assuntos bélicos não foram tocados. “Fizemos tremendos progressos na relação com a China.” Esta foi a forma como o Presidente norte-americano caracterizou a cimeira de dois dias com Xi Jinping. Em contrapartida, de acordo com um comunicado no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros chineses, Xi Jinping terá dito a Trump que “existem mil razões para melhorar as relações entre a China e os Estados Unidos e nenhuma razão para as estragar”. Este tom conciliatório, assim como as fotos de circunstância que rodearam o encontro na Florida, parece estar a milhas de distância do discurso inflamatório que prometia incendiar o plano internacional durante a corrida à Casa Branca. Trump, repetidas vezes, apelidou os chineses de serem os “campeões de manipulação cambial” e de violarem os Estados Unidos em matéria de comércio externo. Além disso, estendeu a mão ao poder político de Taiwan, quebrando uma tradição diplomática com décadas, criticou a militarização do Mar do Sul da China, assim como a falta de pulso forte a lidar com o regime da Coreia de Norte.
BOMBAS À SOBREMESA
Donald Trump, durante a campanha, apelidou inúmeras vezes a política externa norte-americana de previsível, logo votada ao insu-
PRIMEIRO AP
GRANDE PLANO
cesso. Apesar do ataque às forças de Bashar al-Assad poder representar um desastre a todos os níveis, a imprevisibilidade da nova política externa norte-americana será um problema difícil de deslindar para Xi Jinping. Principalmente, depois das repetidas ameaças de acção militar para travar o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano. Esta posição de Washington é uma mudança de paradigma em termos de política externa. Tradicionalmente, a imprevisibilidade é uma arma usada pelos países mais fracos, que tem sido afastada das grandes potências desde a Guerra Fria. Outro aspecto a reter foi o timming do ataque, tendo em conta que o líder chinês se aproximava mais da posição de Moscovo do que de
O tom conciliatório, assim como as fotos de circunstância que rodearam o encontro na Florida, parece estar a milhas de distância do discurso inflamatório que prometia incendiar o plano internacional durante a corrida à Casa Branca
Washington na questão síria. É de salientar que Pequim tem rejeitado, consecutivamente, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra o regime sírio. “O primeiro ataque norte-americano às forças de Assad deram credibilidade e poder negocial a Trump”, avançou ao The Guardian Paul Haenle, conselheiro das administrações Bush e Obama. A questão aqui é o que fazer com Kim Jong-un. A China compra 90 por cento das exportações norte-coreanas, um factor que não agrada a Washington. Porém, Pequim tem usado esse ascendente comercial como um tampão que pretende prevenir uma vaga de refugiados norte-coreanos para o seu território e uma destabilização ainda maior de Pyongyang.
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CAPITULO ´
Nesse sentido, o Secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, lembrou que ambas as nações acordaram em refrear as ambições nucleares de Kim Jogn-un. Apesar de confirmar que “não houve nenhum pacote de medidas acordadas”, Tillerson adiantou que Washington pode agir sozinho, se a China se sentir constrangida a fazê-lo. Do outro lado do tabuleiro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, diz que é necessário livrar a península coreana de material nuclear. Mas acrescentou ainda, à agência Xinhua, que se deve evitar intervenção militar contra Pyongyang. Estas eram as posições até domingo, quando o presidente norte-americano enviou para as
Apesar do ataque às forças de Bashar al-Assad poder representar um desastre a todos os níveis, a imprevisibilidade da nova política externa norte-americana será um problema difícil de deslindar para Xi Jinping
águas da península coreana um porta-aviões e uma frota de navios de guerra de forma a dar resposta à que considera ser a maior ameaça na região.
Nacional. Estas manobras parecem aproximar mais a administração Trump de uma posição mais tradicional republicana na abordagem ao comércio internacional. Daí podem advir boas notícias para Xi Jinping. Numa altura em que Trump atravessa uma impopularidade histórica em termos estatísticos, terá de mostrar algo ao eleitoral operário, em particular do “Rust Belt” que lhe deu a eleição em bandeja enferrujada. Como tal, não é de estranhar que o líder chinês faça algumas concessões comerciais a Washington. Entre as ofertas discutidas estará o aumento de importação de gás natural líquido americano, produtos agrícolas e automóveis por parte de Pequim. Algo que não representará uma grande concessão por parte de Xi Jinping, enquanto Trump pode puxar dos galões perante o eleitorado norte-americano como exímio homem de negócios. O líder chinês regressa a Pequim com a questão de Taiwan enterrada e algo para mostrar internamente no próximo Congresso do Partido Comunista Chinês de Outubro. No entanto, complexas questões comerciais não se resolvem em dois dias. “Normalmente, estas discussões, em especial entre os Estados Unidos da América e a China, desenrolam-se ao longo de múltiplos anos”, comentou o Secretário do Comércio norte-americano Wilbur Ross no final da cimeira. Nesse sentido, vão ser encetadas conversações multilaterais ao longo de 100 dias. Ross acrescentou que “é uma meta temporal ambiciosa, mas que representa uma enorme mudança nas relações entre a China e os Estados Unidos”. Para a administração Trump o grande objectivo será reduzir o superavit chinês na balança comercial. Em declarações à agência Xinhua, Xi Jinping afirmou que “usará os novos canais de comunicação e cooperação estabelecidos para atingir objectivos concretos”. O Presidente chinês afirmou ainda que ficou a promessa de uma visita de Estado de Trump à China.
GUERRA COMERCIAL
QUESTÕES TERRITORIAIS
Durante a campanha Trump prometeu ser implacável com Pequim em termos comerciais. Sob o lema de trazer os empregos de volta a solo norte-americano, fez promessas de rotular, oficialmente, a China como manipuladores cambiais. No entanto, esta retórica parece ter acalmado para um tom mais reconciliador. Um dos indícios disso mesmo é a perda de força nos últimos tempos da ala mais isolacionista da Casa Branca, como o prova o afastamento de Stephen Bannon do Conselho de Segurança
Taiwan parece ser um assunto arrumado nas relações sino-americanas, o que representa um bónus para Xi Jinping, depois de Trump voltar atrás e defender que não se opõe à política “Uma Só China”. Antes da cimeira e da demonstração de força da nova administração norte-americana, as mudanças de opinião de Trump em relação à Formosa tornaram-no num “tigre de papel” aos olhos de algumas facções das elites políticas chinesas. Uma questão que poderá ser mais difícil de contornar é a “ale-
gada” militarização do Mar do Sul da China e os territórios em disputa com o Brunei, Filipinas, Malásia, Vietname e Taiwan, ou seja, uma autêntica embrulhada diplomática. Apesar de Pequim ter afastado a hipótese de fortificar as ilhas artificiais construídas nas concorridas águas territoriais, imagens de satélite mostraram sistemas antimísseis e baterias de armamento anti-aéreo. Bonnie Glaser, directora do Projecto China Power, do Centro de Estratégia e Estudos Internacionais em Washington, considera que “a relutância de Barack Obama em agir em termos bélicos encorajou a China estabelecer-se militarmente nos territórios disputados”.
Bonnie Glaser, directora do Projecto China Power, do Centro de Estratégia e Estudos Internacionais em Washington, considera que “a relutância de Barack Obama em agir em termos bélicos encorajou a China estabelecer-se militarmente nos territórios disputados” A analista do think-thank norte-americano considera que esta posição de relativa liberdade por parte de Pequim pode mudar com a administração Trump. Esta é uma das muitas questões que ficaram por resolver, algo que não é de estranhar numa reunião introdutória. As relações bilaterais entre as duas maiores potenciais económicas vão prosseguir, enquanto ambos os líderes enfrentam importantes desafios internos. Apesar da dureza de algumas palavras, as relações entre a China e os Estados Unidos parecem ter estabilizado. Vejamos se nenhuma tempestade de tweets lança pelos ares o trabalho diplomático conseguido, ou se não há intervenção militar na península coreana. Para já, em termos de geopolítica, a incerteza parece ser a única constante. João Luz
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4 POLÍTICA
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Aperfeiçoamento contínuo NOVA FASE DO PROGRAMA ATÉ 2019
Venham mais cursos
HABITAÇÃO PÚBLICA É PRECISO PENSAR EM TODOS
A terceira fase do programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo já foi anunciada, e vai durar até 2019. O montante de apoio para os cursos mantém-se nas seis mil patacas, estando previsto um gasto de 700 milhões com este projecto
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STÁ aí a terceira fase do programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo, que permite a todos os que são portadores do Bilhete de Identidade de Residente frequentarem cursos de formação nas mais variadas áreas, promovidos por associações locais ou universidades. Será ainda subsidiada a realização de exames de credenciação realizados fora de Macau que possuam “reconhecimento internacional”, tal como o IELTS e TOEFL, a título de exemplo. O regulamento administrativo que legisla esta fase do projecto foi apresentado pelo Conselho Executivo e prevê a permanência do programa até ao ano de 2019. O subsídio para a frequência dos cursos continua a ser de seis mil patacas, sendo que o Governo planeia gastar um total de 700 milhões de patacas. As candidaturas para a organização de cursos por parte das entidades interessadas terminam em Setembro. Da parte do Executivo, os objectivos principais desta edição passam pela “elevação das qualidades e competências individuais [dos residentes]”, o acompanhamento do “desenvolvimento diversificado da economia e das indústrias”, bem como levar à “criação de uma sociedade de aprendizagem”. Na terceira fase deste programa, o Governo quis simplificar o processo de candidatura dos residentes. Caso um aluno esteja a frequentar cursos em instituições do ensino superior de Macau ou a fazer exames de credenciação em universidades estrangeiras, apenas terá de apresentar o comprovativo de pagamento das despesas efectuadas. Questionado sobre a possível falta de verificação de frequência do curso por parte dos subsidiados, o responsável da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) explicou que a simplificação do processo, com menos documentos, apenas visa torná-lo “mais atractivo”. “Estaremos mais atentos para avaliar caso a caso. Se houver reincidência
[de ilegalidades] estaremos atentos”, apontou.
POUCOS CRIMES
Na conferência do Conselho Executivo foram ainda apresentados os dados estatísticos desde o arranque do programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo. As acções de fiscalização resultaram na detecção de 2957 irregularidades. Apenas 11 casos foram alvo de investigação criminal, sendo que, na maioria dos casos (2466), foram feitas “recomendações orais” às instituições que realizam os cursos. Só 12 processos foram instaurados.
O subsídio para a frequência dos cursos continua a ser de seis mil patacas, sendo que o Governo planeia gastar um total de 700 milhões de patacas
DISTRIBUIÇÃO DE GASES COMBUSTÍVEIS COM NOVAS REGRAS
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Conselho Executivo concluiu também a análise do regulamento administrativo relativo às redes de distribuição de gases combustíveis em baixa pressão. Estas regras visam responder ao melhoramento futuro da distribuição do gás natural, bem como à evolução das tecnologias e novas regras de segurança da distribuição de combustíveis. As medidas devem ser aplicadas nos gasodutos de transporte e em todas as redes de distribuição de gases combustíveis. O objectivo é “reforçar a segurança do transporte de gases combustíveis e das redes de conduta de distribuição”, para que o novo regulamento esteja de acordo com a restante legislação já em vigor.
Quanto às formas de fiscalização, o método mais utilizado foi a realização de exames aleatórios (mais de 67 mil). A verificação de documentos surge em segundo lugar, bem como a vistoria “in loco” e visitas aos locais. Entre 2014 e 2016, o plano foi utilizado sobretudo por pessoas com idades compreendidas entre os 25 e os 39 anos, ou seja, 41,8 por cento. Os beneficiados com este programa com mais de 60 anos representam apenas 9,1 por cento dos subsídios. Quem pede apoio para frequentar os cursos gasta, por norma, todo o dinheiro atribuído: 32,9 por cento dos utilizadores gasta na totalidade as seis mil patacas, sendo que 20,4 por cento despende entre cinco a seis mil. Apenas 5,7 por cento gasta menos de mil patacas nos cursos que frequenta. A DSEJ dá hoje mais explicações sobre o programa. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
U Kam San questiona o Executivo acerca da proporção de fracções destinadas à habitação social. O deputado considera que para se ter a noção das necessidades reais, é fundamental que seja aberto um processo de candidaturas o mais cedo possível. Em interpelação escrita o deputado à Assembleia legislativa, recorda o Governo que o último concurso data de 2013 lamentando a ineficácia da situação. O tribuno quer saber para quando está agendado novo concurso aberto à população que, diz o deputado, irá fornecer dados mais actuais acerca da necessidade de habitação social no território. Por outro lado, Au Kam San tem dúvidas quanto à proporcionalidade de fracções que correspondem a T1, T2 e T3, uma vez que as candidaturas só são aceites após a divulgação do projecto. Para o deputado esta é uma forma de ter em conta as necessidades dos funcionários públicos sendo que a população geral é descurada. Au Kam San defende assim que o Executivo deveria ter candidaturas abertas a cada três anos de modo a saber as necessidades reais dos residentes. V.N. com S.M.M.
CONSTRUÇÃO A TERRA A QUEM A HABITA
C
OM o avançar da discussão do plano para a zona dos novos aterros, Ng Kuok Cheong interpela o Governo à tomada de decisões quando à implementação da política “terra de Macau destinada a residentes de Macau”. O deputado exige que sejam deliberadas as condições de aquisição e venda de terrenos, assim como as leis relativas a aplicar à zona dos novos aterros. Em interpelação, Ng Kuok Cheong questiona o Executivo se entre as mais de 50 mil fracções residenciais da zona, 28 mil serão destinadas a habitação pública. O deputado gostaria de ver esta questão respondida antes da concessão e do desenvolvimento dos terrenos. O deputado interroga ainda se as restantes fracções serão destinadas ao uso de habitação temporária, apartamentos para idosos e dormitórios para funcionários públicos. Ng Kuok Cheong apelou também ao Executivo para que este avance com medidas rigorosas que limitem a transacção de fracções residenciais. Como tal, o deputado quer saber se o Governo vai permitir a aquisição de apenas uma fracção na zona dos novos aterros para residentes permanentes de Macau que não sejam já proprietários de mais de uma casa. V.N. com J.L.
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ÃO está fácil apagar o fogo no rescaldo do relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre os métodos utilizados pelo Instituto Cultural (IC) na contratação de trabalhadores. No plenário convocado para esta terça-feira, vão ser apreciadas duas propostas de debate, ambas em torno da mesma questão: a aquisição de serviços enquanto forma disfarçada para o recrutamento de trabalhadores. Mak Soi Kun assina um dos pedidos; Leong Veng Chai é o autor do outro. Na fundamentação do pedido de debate, o colega de bancada de José Pereira Coutinho começa por constatar que, nos últimos 17 anos, os serviços públicos “têm vindo, frequentemente, a recrutar trabalhadores através de contratos de tarefa e aquisição de serviços”.
O
deputado José Pereira Coutinho não gostou de ver Macau fora do relatório de 2016 da Transparency International, a organização não-governamental que avalia, anualmente, a percepção da integridade ao nível global. Por entender que a ausência é um mau sinal, pretende saber se o Executivo dispõe de planos para apresentar dados à ONG em questão, para que, no futuro, a RAEM possa ser avaliada, “com vista a internacionalizar-se e a divulgar a integridade do Governo” local. A pergunta é deixada numa interpelação escrita.
Aquisição de serviços ASSEMBLEIA LEGISLATIVA APRECIA PROPOSTA DE DEBATE
Onde está Sónia Chan? No entanto, observa, as tarefas destas pessoas não diferem das dos funcionários públicos. “Têm horários fixos, cumprem ordens superiores e finalizam os trabalhos que lhes forem distribuídos, obtendo o respectivo salário em causa ou até um valor superior.” Recordando que a questão não é nova – já vários deputados tinha feito alertas no mesmo sentido –, Leong Veng Chai lamenta que os serviços públicos em causa tenham “continuado a actuar à sua maneira”. É então que entra em cena o CCAC. O relatório do comissariado em relação ao Instituto Cultural veio demonstrar que houve uma “violação constante das leis de contratação”. O tribuno recorda
dados da investigação: em 2014, um sexto dos trabalhadores do IC tinha sido recrutado ao abrigo de contratos de aquisição de serviços.
UM ICEBERGUE MAIOR
Para o deputado, o caso do IC é “apenas a ponta do icebergue”. Leong Veng Chai dá outro exemplo do que considera errado, olhando para a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). “Também celebrou contratos de aquisição de serviços como fez o IC, a fim de recrutar um grande número de trabalhadores”, acusa. “Estes métodos irregulares de contratação levam a população de Macau a duvidar da imparcialidade no processo de recrutamento da Função Pública, e isso não só
diminui a credibilidade do Governo, como também causa efeitos negativos gravosos.” Posto isto, entende que a AL deve debater o assunto, para que se possam “estipular leis mais claras e exigir responsabilidades pela prática dessas irregularidades”. Leong Veng Chai considera, desde já, que há uma tutela que deve ser chamada à colação: o gabinete de Sónia Chan, por ser “a entidade responsável pela definição das políticas na área da Administração e Justiça”. Quanto a Mak Soi Kun, recorre também ao exemplo do IC, defendendo de igual modo uma alteração legislativa: o deputado quer ver alterado o decreto-lei de 1984 relativo ao regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços.
GCS
É a pergunta que Leong Veng Chai quer ver discutida num plenário sobre o modo como se contratam funcionários públicos. O deputado entende que compete à tutela da Administração e Justiça garantir a legalidade no recrutamento de trabalhadores. O assunto vai ser abordado amanhã
FISCO VAI A VOTOS
A
Assembleia Legislativa de Macau vota também amanhã, na generalidade, uma proposta de lei que vem alargar a troca de informações fiscais, para se alinhar com um padrão acordado pelos membros do G20 e da UE. O novo regime prevê, além da actual troca de informações fiscais a pedido, trocas automáticas e espontâneas. A norma internacional obriga a que o sistema passe a funcionar em 2018, pelo que o diploma aponta que a recolha de informações comece a ser feita a partir de 1 de Julho. A proposta de lei prevê que as informações fiscais que possam revelar “segredos de Estado ou da RAEM” e que possam “comprometer a segurança do Estado ou da RAEM”, não poderão ser transmitidas à outra parte, ainda que haja um pedido para que isso aconteça. Não podem também ser passíveis de transmissão as informações fiscais referentes aos “segredos ou processos comerciais, industriais e profissionais”, bem como dados relacionados com “comunicações confidenciais entre advogados, solicitadores ou outros representantes legais, e os respectivos clientes”, ao nível de processos judiciais em curso. Antes, os deputados vão também apreciar e votar, na especialidade, uma proposta de lei para extinguir o Gabinete Coordenador de Segurança e integrar nos Serviços de Polícia Unitários uma nova atribuição de protecção civil.
• LEONG VENG CHAI “Estes métodos irregulares de contratação levam a população de Macau a duvidar da imparcialidade no processo de recrutamento da Função Pública.”
Pouco internacional e nada transparente Pereira Coutinho quer Macau nos relatórios sobre corrupção
Pereira Coutinho começa a missiva com alguma ironia. “Dezassete anos após o retorno de Macau, todos conseguem ver o nível de integridade do Governo da RAEM”, escreve, recordando o processo protagonizado pelo ex-secretário Ao Man Long e “um recente caso que se descobriu”. Em seguida, o deputado faz uma contextualização da importância da Transparency International, organização com 70 agências
dispersas por diferentes países e regiões, com forte presença na Ásia. Os estudos sobre a percepção da corrupção são feitos desde 1995, “com vista a combater, em conjunto com os governos, o problema da corrupção”. Em 2016, a Transparency International estudou 176 países e regiões, sendo que Macau não consta da lista porque “não apresentou dados”. Pereira Coutinho aproveita para recordar que, em 2010, Singapura
ocupava o primeiro posto da tabela do índice de integridade da ONG, e lembra também que, de 2001 a 2011, Macau enviou funcionários públicos para “aprenderem” com a experiência da cidade-Estado. “Contudo, nada mais se soube sobre este assunto e os trabalhadores da Função Pública não percebem porquê”, diz.
PENSÕES E CASAS
Além de perguntar ao Governo se pretende facultar
dados à Transparency International para estudos futuros – vincando que o plano quinquenal de Macau define a promoção da região como cidade internacional –, o deputado critica o modo como os funcionários públicos têm sido tratados nos últimos anos. Para o também presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, a falta de condições tem uma relação directa com os riscos
da corrupção. Coutinho lembra que os funcionários da Administração viram-se privados do regime de aposentação, substituído pelo de previdência, e enfrentam dificuldades com a habitação. “O Governo também não tem construído casas para disponibilizar aos funcionários públicos, levando a que estes perdessem a confiança no Executivo.” O deputado pergunta, uma vez mais, se vão ser implementadas “medidas eficazes com vista a recuperar o moral” dos trabalhadores da Administração Pública. I.C.
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Eleições BE QUER TORNAR RECENSEAMENTO OBRIGATÓRIO
O Bloco e os cadernos O Bloco de Esquerda entregou na Assembleia da República um projecto de alteração à lei portuguesa do recenseamento eleitoral. As mudanças visam a obrigatoriedade do recenseamento para todos os portugueses residentes no estrangeiro
O
problema parece ser comum em todos os territórios estrangeiros onde residem portugueses, e não apenas em Macau. Com a lei a permitir o recenseamento eleitoral voluntário, registam-se elevadas taxas de abstenção nas eleições presidenciais ou legislativas. Para combater este fenómeno, o partido político português Bloco de Esquerda (BE) entregou na Assembleia da República (AR) um projecto de alteração da legislação em vigor, intitulado “Recenseamento eleitoral de cidadãos portugueses residentes no estrangeiro”. Aideia é tornar obrigatório o recenseamento eleitoral dos portugueses que saíram do seu país. As alterações propostas pelo BE visam que “os eleitores residentes no estrangeiro fiquem inscritos nos locais de funcionamento da entidade
recenseadora correspondente à residência indicada no título de residência emitido pela entidade competente do país onde se encontram”. Além disso, “os cidadãos portugueses maiores de 17 anos, residentes no estrangeiro, são automaticamente inscritos junto das comissões recenseadoras do distrito consular”. Na prática, os portugueses que residem no estrangeiro passam a estar abrangidos pelo mesmo sistema que já vigora em Portugal, onde o recenseamento é automático desde a
entrada em vigor do cartão de cidadão, que veio substituir o antigo bilhete de identidade. Para o BE, a chegada de um novo documento veio facilitar a mudança. “Tempos houve em que se compreenderia que o recenseamento eleitoral dos portugueses residentes no estrangeiro fosse voluntário. O défice de registo de todos os residentes no estrangeiro e em todos os continentes limitava a disponibilidade de recenseamento à iniciativa do eleitor.” Contudo, “com a introdução do cartão de cidadão,
“Com a introdução do cartão de cidadão (...) tornou-se possível e fiável promover a inscrição obrigatória e automática de todos os cidadãos.” BLOCO DE ESQUERDA
a sua conexão com o sistema de recenseamento eleitoral e a eficácia do sistema informático, tornou-se possível e fiável promover a inscrição obrigatória e automática de todos os cidadãos e cidadãs residentes no território nacional ou no estrangeiro”, defende o BE. Para o partido, está sobretudo em causa a necessidade de garantir que todos os eleitores ficam em pé de igualdade em termos de participação cívica. “Esta iniciativa legislativa pode criar uma nova esperança na consolidação da democracia e na coesão nacional.”
O PROBLEMA DA ABSTENÇÃO
Em Macau, o Consulado-geral de Portugal tomou medidas para atrair mais portugueses às urnas. Em 2015, o cônsul Vítor Sereno criou um balcão especial para o recenseamento eleitoral, de
modo a atrair mais pessoas. A luta contra a abstenção sempre foi o principal objectivo desta medida. “Gostava que o número de cidadãos portugueses aqui registados, que são à volta de 160 mil, tivesse reflexo no número de eleitores. Tenho neste momento cerca de 11 mil [recenseados] e nas últimas eleições votaram menos de mil. Há um desinteresse claro pelos actos eleitorais”, apontava na altura. Para o BE, nem com este tipo de esforços é possível levar mais cidadãos portugueses a votar. “Não se ignora que
mesmo nos eleitores que se recenseiam voluntariamente se regista uma altíssima abstenção. Contudo, a valorização de toda a participação inicia-se na obrigatoriedade de inscrição em caderno eleitoral próprio. Mesmo que a rede consular conseguisse promover inscrições em muitos países, isso nunca equivaleria a uma inscrição obrigatória proporcionada pela plataforma electrónica associada ao cartão de cidadão”, defendeu o partido no seu projecto de lei. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.m
PETIÇÃO MAIS PERTO DE SER DISCUTIDA NA AR
A
Assembleia da República já concluiu o relatório sobre a petição lançada pela plataforma “Também somos portugueses”, que visa a simplificação das leis eleitorais para os portugueses que vivem no estrangeiro. Segundo um comunicado, a aprovação do relatório por parte da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da AR vai permitir a discussão da petição no plenário. O relatório é o resultado de vários pareceres emitidos. A Comissão Nacional de Eleições considerou que “nada há que obste à adopção de medida legislativa no sentido de acolher possibilidade de os cidadãos nacionais residentes no estrangeiro serem automaticamente recenseados”. Sobre
o voto electrónico, a mesma comissão considerou que “a conversão do actual processo de votação (por via postal) em votação electrónica com recurso à Internet não parece introduzir nem mais, nem novos elementos problemáticos, com excepção dos inerentes à segurança da informação”, lê-se no comunicado. A Universidade do Minho já desenvolveu um sistema de voto electrónico, utilizado apenas para actos eleitorais no seio da instituição de ensino superior. O Ministério da Administração Interna, Negócios Estrangeiros e Modernização Administrativa “declarou que o Governo está a estudar o recenseamento automático e o voto online”, esclarecem os autores da petição em comunicado.
7 hoje macau segunda-feira 10.4.2017
O
S deputados apresentaram soluções, o Governo trocou com eles opiniões “de forma honesta e aberta”, mas não há, para já, uma decisão concreta sobre o terreno onde deveria ter sido erguido o edifício habitacional Pearl Horizon. PUB
À espera da hora H
Governo vai ter em conta propostas dos deputados sobre Pearl Horizon
Após um total de 19 deputados da Assembleia Legislativa (AL) terem assinado uma carta com propostas que não passam pela revisão da Lei de Terras, o Chefe do Executivo reuniu com 11 deles este sábado, juntamente com Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, e Liu Dexue, director dos Serviços para os Assuntos de Justiça. Esteve também presente o vice-presidente da AL, Lam Heong Sang, bem como o porta-voz do grupo de assinantes, Ng Kuok Cheong. Segundo um comunicado oficial, o Governo vai continuar à espera da decisão do tribunal, mas terá em conta as sugestões apresentadas. “A direcção a seguir, das várias propostas apresentadas pelos deputados, foi pensada e estudada de forma aprofundada. Alguns problemas e pontos de vista manifestados pelos deputados vão inspirar, de alguma forma, o Governo numa resolução futura”, disse Chui Sai On. Contudo, o Chefe do Executivo afirmou que as propostas “não só abrangem muita complexidade
GCS
O Chefe do Executivo reuniu este sábado com 11 dos 19 deputados que assinaram a carta com novas propostas para resolver o problema do edifício Pearl Horizon. O governo garante que vai ter essas ideias em linha de conta na hora de tomar uma decisão, mas afirma esperar pela decisão do tribunal
como também há várias dificuldades que vão surgindo, [bem como] a existência de limitações legais”. Já Sónia Chan referiu que existe “uma forte complexidade e várias dificuldades”, sendo que “as autoridades continuam empenhadas na procura de resoluções viáveis”. Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, também presente no encontro, referiu que “as autoridades têm analisado os articulados
por forma a permitir uma solução viável”. Ainda assim, “muitas das propostas deparam-se com diferentes graus de dificuldades e problemas”, sendo que muitas delas, aquando da sua implementação, poderão conter “limitações legais”.
AGIR ANTES DO TRIBUNAL
Em declarações ao HM, o deputado Ng Kuok Cheong explicou que os signatários da carta esperam que o Governo possa agir antes da deci-
SOCIEDADE
são do tribunal sobre a concessão do terreno à Polytec. “Neste momento o Governo está a considerar as nossas propostas. Depois deste encontro ficou mais claro que o Governo está consciente da necessidade de resolver este problema de acordo com a Lei de Terras. Mas está apenas à espera da decisão do tribunal, e por isso esperamos que possa mudar algo antes disso.” Ng Kuok Cheong adiantou ainda que uma das propostas apresentada este sábado passa pela criação de um concurso público, por forma a concluir o edifício, cuja construção já foi suspensa. “Pedimos para que haja uma actuação de acordo com o que está na Lei de Terras, e que possa ser feito um novo concurso público. Seria uma situação em que o Governo ficaria com o direito de manter o mesmo edifício e o projecto que já está em desenvolvimento. [Esse concurso público] teria ainda condições específicas para os novos promotores finalizarem o edifício e o acordo já feito com os investidores”, rematou Ng Kuok Cheong. Andreia Sofia Silva
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TIAGO ALCÂNTARA
Turismo ASSOCIAÇÕES PEDEM MELHORIA NOS AUTOCARROS E NOVA PONTE
Rodas para que te quero
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EALIZOU-SE este fim-de-semana um fórum onde se discutiram os desafios que o sector do turismo enfrenta, em particular quando os visitantes atravessam as pontes vindos da península. Loi Pou Ieng, directora da Associação de Moradores da Taipa, referiu que “muitos turistas optam por usar o autocarro para passearem até à Taipa”. Nesse sentido, a representante considera que os trajectos desses transportes públicos podem ser melhorados. Segundo apurou o Jornal do Cidadão, a directora associativa sugeriu que alguns pontos de interesse turístico da península de Macau e da Taipa podiam estar ligados pela mesma linha de autocarro. Loi Pou Ieng deu como exemplo as carreiras MT4 e a 26 que se poderiam passar pela Torre de Macau até às Portas do Cerco. A representante dos moradores considera também que seria benéfico para os visitantes que as paragens tivessem informações sobre os monumentos, ou pontos de interesse turístico, de forma a melhor esclarecer quem visita Macau.
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AIS de 2.200 pessoas foram multadas, em Macau, nos primeiros três meses do ano, por fumarem em locais proibidos, informaram sexta-feira, os Serviços de Saúde. Nesse período de três meses, foram efectuadas 81.476 inspecções a diversos estabelecimentos, nas quais foram sinalizadas 2.220 violações à Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, quatro das quais relativas a ilegalidades nos rótulos dos produtos de tabaco, indicam os Serviços de Saúde em comunicado. A maioria dos infractores era do sexo masculino, num total de cerca de 93 por cento e residente de Macau. Mais de um terço, 40,2, por cento eram turistas e 6,2 por cento trabalhadores não-residentes.
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A bem do turismo e da fluidez de trânsito, a Associação de Moradores da Taipa e a delegação das ilhas dos Kaifong, pedem um maior eficácia na forma como os autocarros funcionam e a construção de pontes entre a Taipa e Macau
Cheong Iok Man, responsável dela Delegação das Ilhas dos Kaifong, sugere que o Executivo comece a planear a construção de uma quinta ponte
Outro dos aspectos focados no fórum foi a questão do fluxo de trânsito nas pontes que ligam a Taipa à península. Para Cheong Iok Man, responsável pela Delegação das Ilhas dos Kaifong, a situação do tráfego rodoviário na Ponte da Amizade é severamente prejudi-
cada pelos autocarros de turismo, levantando a necessidade de resolver este problema com novas ligações.
NOVA PONTE
Com os trabalhos que o Governo tem planeados para o aterro da Zona A, é possível que a
construção da quarta ponte seja atrasada. Como tal, Cheong Iok Man sugere que o Executivo comece a planear uma quinta ponte, de acordo com informação veiculada pelo Jornal do Cidadão. Na óptica do responsável dos Kaifong, esta passagem poderia ser construída ao lado da Ponte Governador Nobre de Carvalho, tendo quatro vias de circulação em dois sentidos, de forma a libertar o trânsito das outras pontes. Cheong Iok Man considera que devem começar a ser ouvidos os vários sectores da sociedade no sentido de avançar para um calendário concreto de construção de uma nova ligação entre a Taipa e a península de Macau. Foi também sugerido que sejam realizados trabalhos de manutenção nas pontes antigas, que se preste atenção à situações do estacionamento de camionetas turísticas na zona antiga da cidade, assim como a melhoria das paragens de autocarro e postos de informações turísticas.
Os malefícios do tabaco Mais de duas mil pessoas multadas até Março
De acordo com os Serviços de Saúde, oito em cada dez infractores pagou a multa e em 58 casos foi necessário o apoio das forças de segurança. Em termos de locais, nos parques/jardins e zonas de lazer foram detectados 416 casos, seguindo-se as paragens de autocarros ou táxis com 279 casos e lojas e centros comerciais em que foram registado 234. Nos casinos, onde foram efectuadas, a par com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, 167 inspecções nos primeiros três meses do ano, foram multadas 166 pessoas, na sua maioria turistas.
Desde a entrada em vigor da Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo, a 1 de Janeiro de 2012, foram multadas 40.170 pessoas, como resultado de mais de 1,3 milhões de inspecções, de acordo com os Serviços de Saúde.
A POUCO E POUCO
ALei da Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser aplicada de forma gradual, começando por visar a generalidade dos espaços públicos e prevendo disposições diferentes ou períodos transitórios para outros casos. A 1 de Janeiro de 2015 entrou em vigor a proibição
total de fumar em bares, salas de dança, estabelecimentos de saunas e de massagens. Os casinos passaram a ser abrangidos dois anos antes, a 1 de Janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, dado que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50 por cento do total da área destinada ao público. Em Outubro de 2014, “as zonas para fumadores” foram substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente,
MAIS PASSAGEIROS NOS TRANSPORTES PÚBLICOS
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E acordo com informação veiculada pelo Jornal do Cidadão, até agora 2017 teve mais passageiros a usarem os autocarros que circulam pelo território. Desde o início do ano, até ao dia 4 de Abril, usaram os transportes públicos colectivos mais de 53 milhões de utentes. Este número representa uma média de 560 mil passageiros diariamente. Comparando com o período homólogo do ano passado, o número de passageiros subiu 8 por cento. No registo de pessoas que usaram os autocarros da cidade destaca-se o dia 3 de Abril, que bateu os recordes obtidos nos anos transactos, com 656 mil passageiros a subirem a bordo dos transportes da cidade. De acordo com o Jornal do Cidadão a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego encontra-se em diálogo com as três companhias de autocarros de forma a melhorar a qualidade dos serviços prestados aos utentes. Essas medidas englobam ajustamento de percursos, alargamento do horário dos serviços, a frequência dos autocarros e o uso de veículos novos com maior dimensão. Entretanto, é referido que as carreiras número 3, 3A, 26, 26A e MT4 já estão em circulação reforçada, tendo sido aumentada a frequência dos autocarros, por forma a reduzir o tempo de espera dos passageiros.
passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas VIP. Actualmente, permanece em análise em sede de
comissão na Assembleia Legislativa a proposta de lei, cuja versão inicial, aprovada na generalidade, proibia totalmente o fumo nos casinos, após um longo debate centrado no impacto sobre as receitas da indústria do jogo. Em Fevereiro, os Serviços de Saúde anunciaram a intenção de apresentar uma nova versão que permite que se continue a fumar nos casinos, o que representa um recuo na política de tolerância zero do Governo. Essa proposta dos Serviços de Serviços de Saúde surgiu dois dias depois de as seis operadoras de jogo terem sugerido a manutenção de salas de fumo, argumentando que tal tinha o apoio da maioria dos trabalhadores dos casinos.
9 Ontem foi o dia aberto da Universidade de Macau. Ao início da tarde realizou-se a cerimónia de abertura e o átrio em frente da biblioteca encheu-se de bandeiras de todo o mundo. São os estudantes internacionais que escolheram Macau para um programa de intercâmbio
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EVE ontem lugar o dia aberto da Universidade de Macau. Por entre algumas centenas de estudantes, famílias e futuros alunos eram as bandeiras internacionais que tinham voz. A segurá-las estavam alguns dos alunos que escolheram Macau para um programa de intercâmbio. A opção pelo território parece ter sido uma escolha pensada. Por um lado a proximidade da China, país que para o ocidente ainda parece distante e que, desta forma, poderia estar mais perto. O ensino no território não apresenta as mesmas vantagens e desvantagens para quem cá vem. Isabela da Silva vem de Brasília e está na UM por um semestre. É aluna de Psicologia e escolheu participar no programa de intercâmbio da universidade local por ter “interesse pela Ásia”. O ensino difere em muito daquilo a que está habituada e vê como vantagem essencial o facto de a sua área estar muito direccionada para a investigação. “Daqui vou levar o treino na pesquisa o que não acontece no meu país”. Por outro lado, todas as semanas há trabalhos individuais acerca da cultura oriental. O resultado: “um conhecimento mais profundo e abrangente do mundo”. A estudar Inglês está a sueca Izabella Tirbal. Macau foi- lhe sugerida e não hesitou em aceitar.
SOCIEDADE
GONÇALO LOBO PINHEIRO
hoje macau segunda-feira 10.4.2017
UM DIA ABERTO COM ESTUDANTES DE FORA A DAR BOAS VINDAS
Uma boa surpresa Do ensino leva também a diferença e a oportunidade em alargar o conhecimento que isso lhe traz. “Os alunos são muito calados e de onde venho somos muito participativos”, conta. No entanto, este é um dado que marca a diferença cultural e que ao mesmo tempo a aproxima dos colegas. “Acho que foi um choque estar naquela turma porque não me calo”, diz, satisfeita. De Macau leva uma mala cheia de ferramentas que podem ser válidas enquanto professora. Com a disciplina de literatura que, considera, “uma bênção”, tem acesso a obras que versam sobre a história da Ásia e da sua relação com a América. “Os temas culturais são uma constante e nós não temos essa área, não do ponto de vista oriental. Tem sido uma forma de me fazer pensar como poderei
utilizar a literatura para pensar a sociedade”, refere.
POUCO COLECTIVO
Se para uns, os trabalhos individuais são uma mais-valia, para outros, nem tanto. “A maior diferença é o sistema de ensino ser muito individual e não preparar para a vida real”, aponta o aluno
“A maior diferença é o sistema de ensino ser muito individual e não preparar para a vida real” VINCENT AGUILAR ESTUDANTE CANADIANO
de engenharia mecânica que vem de Montreal, no Canadá, Vincent Aguilar. “Temos na maioria do tempo trabalhos pessoais que temos de executar sozinhos. Estava habituado a trabalhar com outras pessoas e a pensarmos em conjunto. No, entanto o nível de exigência acho que é muito bom e o mesmo se aplica aos professores”, diz. De Macau, sublinha satisfeito, leva a experiência de “uma cultura tão diferente como a chinesa e a oportunidade de viajar por alguns países na região que, de outra forma, não seria possível”. O francês Pierre Itey concorda com o colega de vida estudantil. Aluno do último ano do curso de administração e negócios escolheu o território porque queria uma aproximação à cultura asiática. “Normalmente quando temos a oportunidade de fazer programas
“Tem sido uma forma de me fazer pensar como poderei utilizar a literatura para pensar a sociedade” IZABELLA TIRBAL ESTUDANTE SUECA de intercâmbio, as pessoas optam, na minha área, pelos Estados Unidos ou por países em que conhecem já a cultura”, comenta. Mas Macau é especial: “aqui temos a cultura asiática e a portuguesa o que traz ao território uma influência ocidental particular”. No entanto, no que respeita ao ensino, a distância para com a vida real também é sentida. Habituado a ter aulas com profissionais que partilhavam a experiência, Pierre ainda estranha a aula unilateral, o silêncio do ensino asiático e a teoria sem paralelismo com a prática. No regresso, não tem dúvidas, leva “amizades e boas memórias”. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
10 EVENTOS
Exposição ANABELA CANAS MOSTRA SÉRIE DE DESENHOS FEITOS PARA MACAU
PALAVRAS ILUMIN São dois anos de ilustrações de Anabela Canas que têm a sua exibição marcada para a próxima quarta-feira, na Galeria da Livraria Portuguesa. A acompanhar o evento está o lançamento do álbum que acompanha as imagens com pequenos trechos dos textos que escreveu para a secção do HM, “De tudo e de nada” VENDANANALIVRARIA LIVRARIAPORTUGUESA PORTUGUESA À ÀVENDA
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LUMINAÇÃOArtificial” é a exposição de Anabela Canas que vai ser inaugurada esta quarta-feira na Galeria da Livraria Portuguesa. A mostra reúne um conjunto de desenhos que ainda estão a ser
seleccionados. “É um conjunto impreciso”, afirma a artista, e sai de uma escolha entre os 78 trabalhos que produziu para a rubrica do HM, “De tudo e de nada”. “Gostaria de os expor todos porque todos fazem sentido, mas há um limite de visibili-
dade, de elegância e de clareza na galeria que tem de ser respeitado e vou tentar encontrar um limite razoável, sendo que o critério é sempre a escolha dos trabalhos que, considero, mais conseguidos”, conta. Porém, não se trata de uma exposição de meros desenhos,
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
ATÉ QUE CONSIGAS VOAR • José Gameiro
A FAMÍLIA PORTUGUESA NO SÉCULO XXI • Vários autores
Um livro pessoal e profundo, em que o psiquiatra é tão humano como os pacientes; em que todos somos muito parecidos no sofrimento e na esperança. Quando as pessoas chegam ao consultório de um psiquiatra, já esgotaram todas as suas alternativas. Sentem-se perdidas, vazias ou profundamente tristes. Neste livro, José Gameiro, psiquiatra há 40 anos, dá-nos a oportunidade de sermos os seus olhos e os seus ouvidos. Em Até que consigas voar, encontramos relatos intimistas sobre o luto, os medos, a conjugalidade e todo um conjunto de feridas que não se vêem. Mostra-nos que podemos voltar a encontrar um rumo, mesmo quando enfrentamos o pior dos desgostos.
Abordando problemáticas tão diversas como o divórcio, as novas formas de casamento e de família, a adopção, o acolhimento e a mediação familiar, a delinquência, a violência ou a doença no seio da família, entre muitas outras realidades, cerca de trinta especialistas da família dão-nos, pela primeira vez em Portugal, em textos rigorosos e científicos, o seu parecer sobre os (des)conhecidos e muito distintos universos familiares. A Família Portuguesa no Século XXI é um livro fundamental para olhar com rigor a sociedade portuguesa dos nossos dias.
11 hoje macau segunda-feira 10.4.2017
EVENTOS
ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL HOJE NA CHÁVENA
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NADAS são antes, ilustrações “por estarem ligados a um texto e terem um fim específico.” “São feitos de propósito e podem acrescentar mais às palavras ou dar origem a outros sentidos”, diz. Por outro lado, a exposição só poderia acontecer no território. A explicação é simples: “foram feitos para Macau”.
IMAGENS LEGENDADAS
A mostra acompanha o primeiro livro da artista que é, de acordo com Anabela Canas, “um álbum” e não um catálogo da exposição porque tem fragmentos das crónicas. “São excertos muito curtos mas que tinham de existir pela ligação existente e que
podem fugir para diferentes sentidos”. Anabela Canas queria, nesta estreia, um objecto bonito capaz de guardar as
A escolha de Macau para a estreia das palavras publicadas em livro representa “um dilema enorme depois de 15 anos de ausência para arrumar bem as nostalgias”
imagens pelas quais, diz, “tem um grande carinho”. “Gosto dos meus desenhos e quando estão feitos olho para eles de um ponto de vista exterior, como se não fosse eu, e quando gosto sinto mesmo muito carinho”, contou. Por isso queria que fossem guardados como merecem. “Não queria que ficassem enterrados”. A escolha de Macau para a estreia das palavras publicadas em livro representa “um dilema enorme depois de 15 anos de ausência para arrumar bem as nostalgias”. Macau é agora uma segunda terra que faz com que o que está a acontecer “ainda faça mais sentido”. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
M dia, por um daqueles puros e aleatórios acasos, encontrei-me com um aspecto ligado à antiga arte de iluminar, que me encantou. Monges copistas, na sua tarefa de horas perdidas, horas e horas, dias e anos “num trabalho que não tinha pressa de chegar ao fim”, outros, ou os mesmos, a tecer iluminuras preciosas, a ouro ou prata, a negro e a cores, e que de caminho, talvez os primeiros, anotavam nas margens dos manuscritos os seus desabafos nocturnos e humanos. E por temor ao esquecimento, de seres porque sem nome, em que ficariam caídos pelos caminhos longos e infindáveis da posteridade, o costume melancólico de deixar uma impressão condoída no final. Uma assinatura, um desabafo que enaltece a nobreza do trabalho, do esforço, um anseio de que lhes rezasse pela saúde e pela alma, alguém. Imaginá-los ao lado, em noites húmidas a entrar nos ossos e a sair de um sono mal entrado, tocadas a aragens arrefecidas pelas pedras. Agrestes. A fazer dançar chamas a iluminar o cansaço.Aensombrar. E sempre, quase a apagar uma vela grossa mas consumida e suada em grossas lágrimas de cera como gotas alongadas da luz produzida com esforço. A rodeá-los a escuridão povoada de sombras enormes e inquietas, nas velhas abadias medievais, quando as tarefas insaráveis lhes curvavam as costas em dor e tolhiam os dedos. O desenho de uma escrita trabalhosa, vingada em lamentos nas margens do texto. Desabafos esquecidos ao apagamento, ou deixados porque sim. A distinguir o fim antes da madrugada, ou o início no fim da noite. Porque as horas se alongam e a tarefa não tem fim. Porque a tinta está demasiado fina. Porque já mereciam um copo de vinho espesso a aquecer a alma e ou pés. Invento. E assim me podia fantasiar, por vezes, com eles e pela noite fora a tentar laboriosamente vencer o tempo e o sono, e iluminar um texto que só a meio se me começava a desvendar, e só então e não mais, e porque noutros momentos o sentia fechar sobre si, ou a desviar sentidos a meio ou à procura de um reforço a apontar para outros lugares do texto entre linhas. Entre as linhas, como nas margens e como eles, que aí colocavam glosas a desvendar um latim longínquo do falado. Entre as linhas ou nas margens se caminhou para o futuro dicionário de sentidos. A ficar pelos tempos no imaginário da língua, a insinuação sobre as palavras ocultas agora, entre as linhas visíveis e o discurso não dito. A ler nas entrelinhas. E de uma só vez, me surge uma amálgama de três formas objectivas de ocupar aquelas páginas, em que tudo o que menos se esperava seria a da pequena subjectividade de formiga laboriosa a ganhar um espaço clandestino e que ficou esquecido por entre as páginas. Esquecido de apagar ou, perversamente a imiscuir-se na nobreza suposta do manuscrito, a sua pequena significância tornada existente, real e ancorada no texto. Texto que não era deles mas sim ditado, copiado, como a ficção literária não é do autor mas de uma existência própria alheia. Imiscuída também ela de desabafos nas linhas, nas margens brancas de silêncio, ou nas entrelinhas.
E tal como a iluminura fugia ao texto nas suas figurações icónicas, antropomórficas ou zoomórficas, motivos florais ou entrançados… tudo para trazer a luz da folha de ouro e prata e só assim a verdadeira luz sem outros sentidos, às escuras páginas de letras apertadas e negras, a poupar o espaço e a fugir para o cimo da página para se desviarem do terreno chão oposto. Terreno demasiado terreno. Uma luz real a iluminar o texto numa fuga ao sentido. As dores do humano nas margens do saber… Luz real, se real é o reflexo. E também eu com a luz ao lado mas de sombras quietas na parede. Vigilantes e meio adormecidas, mesmo as mais ferozes. Roubar tempo ao tempo. Ilustrar. Tornar nobre e iluminar. De ilustris, em latim, o que é claro iluminado. Ou a raiz indo-europeia lux, de onde vem a luz da lucidez, e a dar lugar ao latim, de novo, em luminis, lucubrare, iluminar, elucubrar. Saborosas palavras de luz. Sempre a luz. E, nas iluminuras medievais, uma luz que se ficava pelo brilho denso da folha de ouro, ou da prata, e das cores fortes dos óxidos. Acompanhar o texto ou produzir significados livres. Sem ambições a aprofundar sentidos. Às vezes só o de humor. De revolta. De monge sem outro lugar para desentorpecer a voz. Nada mais nobre – para quê ilustrar --– ou subtil e ambíguo – como iluminar – do que as palavras. Não mais, nem menos do que uma imagem. Mas há o acrescentar, o tornar ainda mais divergente aquilo que por palavras e só, já o é. Aquilo que numa imagem o é por inerência também. Há, pois um diálogo de titãs entre umas e outras. Em que a cada uma das subjectividades se acrescenta a das outras, desmultiplicando sentidos ou ilusoriamente clarificando. Iluminando. Mas por vezes de uma luz enganosa. Acrescentar uma leitura/ luz diferente, ou simplesmente aumentar as camadas de leitura do texto com a imagem. E vice-versa. E fez-se uma luz artificial, na fuga irreprimível das linhas insubmissas, ao texto. Estas dos desenhos. Talvez falsas iluminações a fingir a incidência de uma luz polarizada a rir dos sentidos únicos e últimos. Em fuga, sempre. Alumiar noutros sentidos é o desafio do desenho a fugir ao texto, a produzir zonas de sombra, às vezes. O fabuloso desafio do Jornal Hoje Macau, pela voz do seu director Carlos Morais José. Escrever um texto para um dia da semana – faz dois anos. Setenta e oito dias de hoje, sem carta de marear. E o desafio meu. Iluminar todas as semanas as palavras esquivas e, claro, a negro de fumo. Às vezes, depois, as cores a querem chegar. É o que fica neste livro, e pedaços soltos dessa escrita, aqui, já a ilustrar com as suas sombras e sentidos, o desenho. Agora. O sentido contrário. Sem nunca fugir à luz artificial. Do candeeiro ao lado. Já pelo fim da noite ou na frescura da madrugada. Que lança afinal também ela sombras fluidas. Zonas onde a luz não chega. Falsos brilhos e reflexos enganadores. Talvez. Enormes possibilidades e incomensuráveis impossibilidades que se fundam numa mesma incerteza. De desenhar um sentido. Uma certeza, uma luz, uma escuridão. É isso. Iluminar. Artificialmente. Anabela Canas
12 CHINA
hoje macau segunda-feira 10.4.2017
ECONOMIA RESERVAS CAMBIAIS SUBIRAM EM MARÇO
A
PM SÃO-TOMENSE DE VISITA ENTRE 11 E 17 DESTE MÊS
O novo parceiro
O
primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, efectua de 11 a 17 deste mês uma visita de trabalho à República Popular da China, naquela que é a primeira visita de Estado após o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. “Durante essa visita iremos assinar uma série de acordos, um acordo mãe de cooperação geral com a China e depois acordos particulares para projectos específicos em sectores específicos”, disse o primeiro-ministro, que só regressa a casa no dia 22 de Abril. Patrice Trovoada deixou sábado o país com destino a Portugal, de onde partirá para Pequim esta segunda-feira, chefiando uma delegação que integra os ministros dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Urbino Botelho, e
das Finanças, Comércio e Economia Azul, Américo Ramos. Patrice Trovoada reconhece que “há uma grande expectativa” na cooperação com este novo parceiro, depois de São Tomé e Príncipe ter cortado relações com Taiwan. “É verdade que existe uma grande expectativa, mas eu quero voltar a frisar uma questão é que nós somos um país
extremamente dependente do exterior e não temos o controlo daquilo que não está no nosso controlo, que é exactamente o exterior”, disse o primeiro-ministro antes de deixar o país. “Eu digo isso para que as pessoas procurem sempre ter essa atitude de que é melhor contar primeiro connosco próprios, é preciso termos uma gestão extremamente
“Esta visita à China marcará um passo importante, um passo histórico nas nossas relações bilaterais, mas um passo também importante no que diz respeito ao desenvolvimento económico de São Tomé e Príncipe sobretudo no domínio que toca às infra-estruturas.” PATRICE TROVOADA PRIMEIRO-MINISTRO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
prudente e cautelosa do país”, acrescentou.
S reservas cambiais da China, as maiores do mundo, subiram em Março, pelo segundo mês consecutivo, com um aumento de 3.960 milhões de dólares para 3,01 biliões de dólares, segundo dados oficiais sexta-feira publicados. Trata-se do primeiro aumento em dois meses consecutivos, desde Abril de 2016, após em Fevereiro as reservas chinesas terem aumentado 6.900 milhões de dólares. No entanto, face ao mesmo trimestre do ano anterior, as reservas caíram 1.400 milhões. O abrandamento da economia chinesa e a queda do valor da moeda chinesa, o yuan, resultaram nos últimos dois anos numa fuga de capitais privados recorde. Pequim aprovou, entretanto, várias medidas para travar a saída de capitais do país, nomeadamente um
maior controlo sobre os investimentos chineses além-fronteiras e as transferências para o exterior. Nos últimos meses, as melhorias dos principais índices económicos da China ajudaram também a reduzir a pressão sobre os depositantes chineses para transferir dinheiro para fora do país. O governador do Banco do Povo Chinês (banco central), Zhou Xiaochuan, afirmou que a acumulação excessiva de divisas estrangeiras não era uma “política sólida” e que a redução foi “normal”. As reservas chinesas atingiram o montante recorde de 3,99 biliões de dólares, em 2014, e, desde então, perderam quase um bilião. Segundo os analistas, o banco central gastou parte daquele dinheiro na compra de yuan nos mercados interbancários, visando travar a desvalorização da moeda.
BOA VONTADE
No entanto, Patrice Trovoada destacou “a vontade política” do parceiro chinês em cooperar com o seu país. “Ajudar-nos, sobretudo, no domínio das infra-estruturas, mas fundamentalmente ajudar-nos a sermos cada vez mais auto-suficientes e termos cada vez mais controlo do nosso desenvolvimento”, explicou. “Esta visita à China marcará um passo importante, um passo histórico nas nossas relações bilaterais, mas um passo também importante no que diz respeito ao desenvolvimento económico de São Tomé e Príncipe sobretudo no domínio que toca às infra-estruturas”, acrescentou. No final do ano passado, São Tomé e Príncipe cortou relações com Taiwan (República da China) e restabeleceu os laços diplomáticos com a Républica Popular da China. Na sua política diplomática, os chineses exigem que os seus parceiros diplomáticos reconheçam somente a Républica Popular da China.
PEQUIM CONDENA ATAQUE EM ESTOCOLMO A China condenou no sábado o violento ataque sucedido em Estocolmo, a capital da Suécia, que deixou pelo menos quatro mortos e vários feridos. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, expressou este sábado a solidariedade do governo e do povo da China para com os feridos e familiares das vítimas. Um camião atropelou pedestres que passavam por uma conhecida rua comercial antes de chocar contra uma loja no centro da capital sueca. De acordo com a porta-voz, o Presidente de China, Xi Jinping, o primeiro-ministro Li Keqiang e o chanceler Wang Yi enviaram mensagens de condolências à parte sueca. A porta-voz indicou que o país apoiará a Suécia na salvaguarda da estabilidade e na segurança dos dois Estados e do mundo, em geral. Assegurou ainda que a embaixada chinesa em Estocolmo activou um mecanismo de resposta de emergência, imediatamente depois do ataque e emitiu um alerta de segurança.
13 hoje macau segunda-feira 10.4.2017
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M jovem muçulmano foi agredido até à morte, à frente da namorada hindu, por hindus da sua aldeia que não aceitavam a relação, anunciou sexta-feira a polícia, num novo episódio de violência contra minorias na Índia. Mohammad Shalik, de 20 anos, foi atacado por dezenas de pessoas depois de ter transportado de ‘scooter’ a sua namorada para perto da residência desta, no distrito de Gumla, no Estado de Jharkhand, no leste do país. A multidão prendeu o jovem a um poste e agrediu-o com paus e cintos, na noite de quarta-feira, durante várias horas, até este falecer dos ferimentos, especificou a polícia. “Estamos a investigar se a multidão foi arrastada pela família” da jovem, afirmou o chefe da polícia de Gumla, Chandan Kumar Jha, à agência noticiosa AFP, avançando que três pessoas tinham sido detidas e outros eram procurados por assassínio, que a polícia está a tratar como um crime com motivos religiosos. O jovem casal encontrava-se há cerca de um ano e já tinha sido ameaçado, acrescentou.
A sangue frio
Morto muçulmano que namorava com rapariga hindu
designadamente nas zonas rurais. O tema tem sido instrumentalizado pelos nacionalistas, desde logo pelos extremistas hindus, que agitaram o espectro da “’jihad’ (guerra santa) do amor”, que consistiria na utilização pela comunidade muçulmana dos seus jovens para seduzir raparigas hindus, após
o que fugiriam com elas para as converter ao islamismo. O Bharatiya Janata Party (BJP), partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi, no poder desde há três anos, fez da protecção das jovens mulheres hindus um tema de campanha durante as eleições regionais de
TABU QUE VEM DE LONGE
As relações amorosas inter-religiosas continuam a ser tabu na Índia, PUB
AVISO Renovação da licença de estabelecimentos de sauna e/ou massagem e de estabelecimentos do tipo de “health club” ou de “karaoke” Chama-se a atenção dos titulares das licenças dos estabelecimentos referenciados em epígrafe de que a renovação da licença deve ser requerida nesta Direcção dos Serviços antes do termo do seu prazo de validade e que a licença caduca quando não houver renovação antes do termo da validade. Após a caducidade da licença, caso o interessado queira continuar o exercício da actividade, deve requerer o novo licenciamento. As informações das formalidades e das taxas estão disponíveis na página electrónica da Indústria Turística de Macau desta Direcção de Serviços: http://industry.macaotourism.gov.mo/license/. Para esclarecimento, poderá ser contactada a Divisão de Licenciamento por via telefónica: 2831-5566, por fax: 2833-0518 ou por correio electrónico: dl@macaotourism.gov.mo. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes
AVISO Renovação da licença da agência de viagens e atenção para a garantia bancária e o seguro da responsabilidade civil profissional 1.
Faz-se público que a renovação da licença da agência de viagens deve ser requerida até 30 dias antes do termo do seu prazo de validade e que a renovação da licença, quando requerida fora do prazo, está sujeita a uma taxa adicional, nos termos do estipulado no Decreto-Lei n.º 48/98/M, de 3 de Novembro, com a nova redacção dada pelo Regulamento Administrativo n.º 42/2004. As informações das formalidades e das taxas estão disponíveis na página electrónica da Indústria Turística de Macau desta Direcção de Serviços: http://industry.macaotourism.gov.mo/ license/. 2. Nos termos do mesmo diploma, as agências devem ainda apresentar anualmente na Direcção dos Serviços de Turismo os documentos comprovativos de estarem em vigor a caução e o seguro; e o não cumprimento determina o encerramento temporário imediato da agência. 3. Chama-se a atenção dos titulares da licença da agência de viagens de que a licença bem como a caução e o seguro devem estar válida e em vigor e que a renovação da licença bem como a actualização da caução e do seguro devem ser realizadas no prazo legalmente estipulado. A par disso, devem dar cumprimento à disposição respeitante à obrigatoriedade da presença do director técnico na agência durante o seu funcionamento. Para esclarecimento, poderá ser contactada a Divisão de Licenciamento por via telefónica: 2831-5566, por fax: 2833-0518 ou por correio electrónico: dl@macaotourism.gov.mo. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes
Março último no Uttar Pradesh, o Estado mais povoado da Índia. Este ataque anti-muçulmano de quarta-feira ocorreu menos de uma semana depois do assassínio de um muçulmano, de 55 anos, verificado no Estado do Rajasthan, no oeste do país, quando transportava vacas, animal considerado sagrado pelos hindus. No Paquistão vizinho, um membro da minoria ahmadie, um ramo do Islão considerado herético e perseguido desde há longa data no país, foi abatido também
REGIÃO
A multidão prendeu o jovem a um poste e agrediu-o com paus e cintos, durante várias horas, até este falecer dos ferimentos na sexta-feira por desconhecidos, que se deslocavam em moto, em Lahore, a segunda cidade do país. Ashfaq Ahmad, um veterinário de 68 anos, estava ao volante da sua viatura com a família quando dois atiradores o bloquearam e dispararam, matando-o instantaneamente, anunciou a polícia local à AFP. Esta acrescentou que estava a investigar o motivo do assassínio, denunciado como crime com motivo religioso por um porta-voz da comunidade ahmadia. Este foi o segundo assassínio de um membro da comunidade ahmadia em oito dias no Paquistão, país também regularmente ensanguentado por violências inter-confessionais, designadamente contra as minorias xiitas e ahmadias.
h ZHANG ARTES, LETRAS E IDEIAS
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YANYUAN «Lidai Ming Hua Ji»
Relação das Pinturas Notáveis Através da História
Todas as coisas verdadeiramente belas foram feitas desta maneira, em harmonia com a obra da Natureza e fixadas antes de segurar no pincel1. E não apenas pinturas; assim trabalhava o cozinheiro, que sabia como evitar a pedra de amolar2 e o pedreiro de Ying, que sabia como usar a enxó3. Imitar as sobrancelhas franzidas de Xi Shi para conquistar um coração é um trabalho inútil4 e quem talhar a carne em vez de cortar com habilidade, vai ferir as mãos. Se as ideias de um homem forem confusas, ele tornar-se-á escravo de condições exteriores. Quem conseguirá pintar um círculo com a mão esquerda e um quadrado com a direita? Quem o fizer com o auxílio de uma régua e um medidor de distâncias produzirá uma pintura morta, enquanto aquele que a fizer através da concentração do seu espírito criará uma verdadeira pintura.
1 - Da tradição erudita dos «provérbios» chineses, Fan Weixin recolhe a expressão «bambus no peito» que ilustra esta concepção daoísta, e teria sido escrita pelo poeta Su Shi (ou Su Dongpo, 1037-1101): «Ao desenhar um bambu, o pintor deve ter no peito uma imagem viva de bambu», tal como o poeta Yu Ke de quem os amigos diziam: «Ao pintar um bambu, Yu Ke já tem um bambu no peito». (In Cem Provérbios Chineses, Recolha e comentários de Fan Weixian, Instituto Cultural de Macau, Macau, 1997, p.44.) 2 - O cozinheiro do príncipe de Hui explicou-lhe que conservava a sua faca há dezanove anos mas ela mantinha-se tão afiada como se acabasse de ser amolada: «Um bom cozinheiro troca de faca uma vez por ano, porque corta, enquanto um cozinheiro medíocre troca-a uma vez por mês, porque despedaça.» Ele porém, não
precisava de trocar porque trabalhava de acordo com o Dao ou as leis da natureza. (Zhuangzi, capítulo Três) 3 - De acordo com o Zhuangzi, havia um homem em Ying que tinha o nariz coberto com uma cicatriz dura mas não mais espessa que uma asa de mosca, foi levado a um pedreiro hábil que a cortou sem magoar o nariz. 4 - A famosa beldade Xi Shi, uma das Quatro Belezas da China antiga, nascida em 506 a. C. que teria vivido no fim do período das Primaveras e Outonos (770475 a. C.) em Xiaoshan, capital do estado de Yue, cuja beleza foi cantada por poetas como Li Bai ou Su Dongpo, arqueava as sobrancelhas. Como conta o Zhuangzi, uma mulher feia tendo visto isto imitou-a, inutilmente, já que todos fugiram dela porque ela não percebeu de onde vinha a beleza das sobrancelhas arqueadas.
Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
15 hoje macau segunda-feira 10.4.2017
o ofício dos ossos
Valério Romão
Da natureza da discórdia H
A conversa arrefeceu um pouco depois de percebermos o engano. Continuámos a falar de cinema, sem nunca regressarmos ao assunto que causara aquele desconforto de sabermos habitar mundos inteiramente distintos. Passado algum tempo, um amigo do Rui chegou e partiram ambos, noite fora, cada um com uma cerveja pendurada pelos dedos como as crianças fazem com os baldes que usam na praia para edificar castelos. Eu regressei ao grupo de amigos onde estava e contei-lhes o que se tinha passado e falámos de como o nosso património de experiências, quando desfraldado, pode condicioNICOLAS-ANDRÉ MONSIAU, O DEBATE DE SÓCRATES E ASPÁSIA
Á duas semanas estava no Cais do Sodré a beber uma cerveja com amigos quando um homem, imiscuindo-se no grupo, me interpela acerca do assunto que discutíamos: o presidente Trump e a sua capacidade aparentemente inesgotável de fazer inimigos da esquerda à direita. O homem discordava da interpretação que dávamos a esse facto: para ele, a antipatia do sistema e de algumas elites tendencialmente conservadoras demonstrava que o recém-empossado Presidente dos Estados Unidos da América estava, de facto, a fazer a(s) coisa(s) certa(s) e a “drenar o pântano” em Washington, imagem que o próprio Trump usou como metáfora para um dos objectivos do seu mandato presidencial. Discordámos e discordámos até concordarmos em discordar. Quando duas pessoas têm posições tão distintas acerca da interpretação a dar ao mesmo fenómeno, não é pela quantidade de argumentos e exemplos que uma delas vai convencer a outra. E a coisa vai ficando simultaneamente mais pobre em ideias e mais entrincheirada nas posições que cada um ocupa à medida que se vão acrescentando cervejas à conversa. Passámos da política para o cinema, área na qual, felizmente, encontrámos mais pontos de concordância que de conflito. A certa altura, o homem – vamos chamar-lhe Rui, por conveniência – perguntou-me onde dormia. Pedi-lhe para repetir, pois o sentido não era de todo claro. “Onde dormes”, repetiu, “aqui nalguma rua do Cais Sodré?”. “Moro mais acima”, respondi, “perto da Rua do Poço dos Negros”. “Ah, tens uma casa, que bom”. E só aí percebi o que o Rui queria formular com aquela pergunta: ele achava que eu, como ele, vivia na rua, e estava curioso por saber onde. Laborávamos num duplo equívoco: eu convencido de que ele tinha uma vida semelhante à minha, no que concerne os rudimentos básicos da mesma, e o Rui convencido de que eu, tal como ele, não tinha uma casa onde regressar à noite.
Discordámos e discordámos até concordarmos em discordar. Quando duas pessoas têm posições tão distintas acerca da interpretação a dar ao mesmo fenómeno, não é pela quantidade de argumentos e exemplos que uma delas vai convencer a outra
nar de forma decisiva uma conversa sem necessitar de ser parte dela. Algumas coisas funcionam como letreiros que aproximam ou afastam diferentes pessoas de diferentes grupos que, por vezes, se sobrepõem e se mesclam na construção do que chamamos, rudimentarmente, identidade social. De certo modo, a minha percepção – ainda que muito limitada – da sua experiência de vida, dava outra luz à discordância que espoletou a nossa conversa subsequente. Para alguém como eu, com casa e uma existência relativamente estruturada, a chegada de Trump ao poder corresponde a uma forte possibilidade de destabilização da vida como a conhecemos. E a vida como a conhecemos, mesmo que não corresponda ao “melhor dos mundos”, de Leibniz, não parece ser tão insuficiente que mereça ser trocada por outra a que pode corresponder pouca ou nenhuma melhoria. Para alguém como o Rui, que vive de certo modo outra vida, nas margens mais ou menos confusas da sociedade, Trump pode representar um possibilidade de mudança efectiva. E mesmo que seja uma possibilidade remota, o Rui tem – aparentemente – muito menos a perder com a mudança do que eu. E o Rui, estando ao lado do sistema que é incapaz de lhe prover um tecto, sente que Trump, também ele de algum modo estranho ao sistema, o representa, politicamente, muito mais do que um político de carreira. A possibilidade de fazer um reset ao nosso modo de vida e esta empatia por alguém fora do sistema faz com que Trump tenha muito mais apelo para o Rui do que para mim. Se o Rui pudesse, teria votado Trump. Não porque acredite em Trump ou confie nele, mas porque a vitória de Trump corresponde à derrota do sistema. E mesmo que a derrota do sistema não corresponda a uma vitória do Rui, o Rui acha que se tem de começar por algum lado, e que a aposta vale a pena. Eu não tenho como o contrariar nisto. Afinal, sou parte interessada. Ainda tenho algo a perder.
16 DESPORTO
hoje macau segunda-feira 10.4.2017
LIGA PORTUGUESA FC PORTO E SPORTING NÃO VACILAM
O
FC Porto venceu no sábado o Belenenses por 3-0, na 28.ª jornada da I Liga de Futebol portuguesa, enquanto Bas Dost fez novo ‘hat trick’ na goleada por 4-0 do Sporting ao Boavista. Golos de Danilo, na primeira parte, e de Soares e Brahimi, na segunda, marcaram o regresso dos ‘dragões’ aos triunfos, depois dos dois empates sucessivos, frente a Vitória
de Setúbal (casa) e Benfica (fora). O emblema portuense soma agora 67 pontos. Os nortenhos dominaram a formação de Belém, que pouco arriscou nesta partida e não vence há quatro jornadas consecutivas, seguindo ‘confortável’ na 12.ª posição. Com André Silva de regresso ao ‘onze’ e Boly no lugar de Marcano, devido ao capitão dos ‘azuis e brancos’ estar castigado.
Em Alvalade, o Sporting goleou o Boavista por 4-0, com três golos de Bas Dost e outro de Alan Ruiz. O holandês é o ‘artilheiro’ da I Liga, com 27 golos em 25 jogos, e já igualou Lionel Messi, do Barcelona, na luta pela Bota de Ouro europeia. Depois da vitória, os ‘leões’seguem no terceiro posto com 60 pontos. A formação de Jorge Jesus alcançou a quarta
vitória seguida e somou o oitavo jogo sem perder, o que não acontece desde 04 de Fevereiro, na derrota em casa do FC Porto (2-1). O Boavista mantém os mesmos 34 pontos, mas caiu para o 11.º lugar da tabela, depois de um jogo no qual o poderio dos homens da casa não deu hipóteses aos comandados de Miguel Leal.
No primeiro jogo do dia, Paços de Ferreira e Arouca empataram a uma bola, com Ricardo Valente a adiantar os pacenses, aos seis minutos, e André Santos a restabelecer a igualdade, que durou até final, aos 65. O empate mantém as duas equipas com os mesmos pontos, agora com 28, embora nenhuma das formações tenha dado o passo decisivo rumo à manutenção.
MÍCHEL DEU «UMA MÃO» AO REAL MADRID
Míchel, actual treinador do Málaga e antigo futebolista do Real Madrid, não escondeu o regozijo com a vitória (2-0) na recepção ao Barcelona, desfecho que permitiu à equipa `merengue´ aumentar a vantagem na liderança da Liga espanhola. «O Barcelona não perde a Liga por sair derrotado de Málaga, nem o Real Madrid a ganha por termos vencido este jogo. Será campeão aquele que for mais regular e, neste momento, o mais regular é o Real Madrid, de longe», avaliou o técnico de 54 anos. «Sempre disse que o Real Madrid não precisava de uma mão, porque vai ser campeão, mas um malaguista adepto do Real deu-lhes uma mão», admitiu Míchel.
Fórmula 1 HAMILTON IMPÕE-SE NA CHINA E LIDERA A PAR COM VETTEL
Rivalidade está para durar
A
esperada rivalidade entre Lewis Hamilton e Sebastian Vettel na temporada 2017 da Fórmula 1 teve ontem o segundo episódio, com o britânico da Mercedes a vencer o Grande Prémio da China, duas semanas após a vitória do alemão da Ferrari na Austrália. Após a segunda prova do Campeonato do Mundo, disputada em Xangai, o equilíbrio é quase perfeito: Hamilton e Vettel partilham a liderança, ambos com 43 pontos, e a Mercedes comanda a classificação de construtores com apenas um ponto de vantagem sobre a marca italiana. Campeão do mundo em 2008, 2014 e 2015, Hamilton partiu da ‘pole position’ e dominou a corrida
do princípio ao fim, para somar a 54.ª vitória da sua carreira, após completar as 56 voltas (305,066 km) em 1:37.36,158 horas. “Vai a ser um dos (campeonatos) mais renhidos, senão o mais renhido que eu já disputei. Houve voltas em era difícil manter o ritmo e fazer tempos melhores do que Vettel. Tenho muita vontade de ver como se desenrola esta luta”, afir-
mou Hamilton, de 32 anos, que fez ainda a volta mais rápida, depois de ter batido o recorde da pista no sábado - suplantou o registo de Michael Schumacher que durava desde 2004.
DE TRÁS PARA A FRENTE
Desta vez remetido ao segundo lugar, Vettel cortou meta 6,25 segundos atrás do inglês, enquanto Max
Após a segunda prova do Campeonato do Mundo, disputada em Xangai, o equilíbrio é quase perfeito: Hamilton e Vettel partilham a liderança, ambos com 43 pontos
Verstappen (Red Bull) completou o pódio, depois de ter largado da 16.ª posição, devido a um problema de motor na qualificação. Na primeira volta, o holandês recuperou nove lugares e juntou-se aos da frente. De seguida, ultrapassou sucessivamente os finlandeses Kimi Raikkonen (Ferrari), que terminou em quinto, e Valtteri Bottas (Mercedes), sexto, e ainda o seu companheiro de equipa, o australiano Daniel Ricciardo, quarto no final. A luta entre os dois Red Bull, que para já parecem incapazes de competir com Mercedes e Ferrari, prolongou-se até à última volta e traduziu-se numa diferença inferior a um segundo.
Vettel, quádruplo campeão do mundo (2010 a 2013), também produziu um dos melhores momentos da corrida, ao ultrapassar Raikkonen, Ricciardo e Verstappen entre as voltas 20 e 28, depois de uma prematura ida às ‘boxes’ aproveitando a presença do ‘safety car’ em pista. “Penso que tivemos azar. Tinha a sensação de que éramos mais rápidos. Não pudemos prová-lo desta vez, mas vamos conseguir para a próxima”, comentou Vettel via rádio ainda no habitáculo do Ferrari. O 14.º Grande Prémio da China ficou ainda marcado pelos problemas dos McLaren-Honda do espanhol Fernando Alonso e do belga Stoffel Vandoorne, que acabaram por abandonar a corrida, o primeiro com falhas na transmissão e o segundo com um problema de combustível. A terceira prova do Mundial, o Grande Prémio do Bahrain, disputa-se a 16 de Abril.
17 hoje macau segunda-feira 10.4.2017
TEMPO
?
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Quarta-feira
EXPOSIÇÃO “ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL” DE ANABELA CANAS 18h30 | Galeria da Livraria Portuguesa
Diariamente
MIN
23
MAX
27
HUM
80-98%
•
EURO
8.47
BAHT
EXPOSIÇÃO “MAORGANIC WORKS BY ALAN IEON, TKH, JACK WONG, RUSTY FOX” Armazém do Boi | Até 22/4 EXPOSIÇÃO “ANSCHLAG BERLIM DESENHO DE CARTAZES DE BERLIM” Galeria Tap Seac
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO” FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)
PROBLEMA 15
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 14
UM DISCO HOJE C I N E M A
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1 Até 23/4
Cineteatro
YUAN
1.15
XADREZ REAL
EXPOSIÇÃO “AFTERWARDS WORKS BY LEE SUET-YING” Armazém do Boi | Até 22/4
INSTALAÇÃO “SEARCHING FOR SPIRITUAL HOME II” DE YEN-HUA LEE Armazém do Boi | Até 7/5
0.23
AQUI HÁ GATO
EXPOSIÇÃO “OVERLOOK THE MACAU CITY” DE CAI GUO JIE Art Garden | Até 23/4
EXPOSIÇÃO “MARIONETAS ASIÁTICAS VOZES DA TERRA” Casa Garden | Até 15/4
(F)UTILIDADES
Não gosto de sobressaltos, quero uma realidade espectável que não me desperte do torpor felino, que não me fira os ouvidos mais que sensíveis. Quero paz ou uma guerra aniquiladora mas silenciosa, que tudo despedace em mutismo, que rebente mas me deixe descansado. Movimentam-se porta-aviões, navios de guerra, compensações bélicas para impotências a todos os níveis, num xadrez onde todos somos peões dispensáveis. Os reis raramente capitulam, ou quando o fazem são revezados por outros déspotas sedentos de sacrifício, de mão no botão, de dedo no gatilho. Morremos todos um bocado, todos os dias, até todos sermos trucidados por máquinas de guerra com fome insaciável, todos fardos de palha para os maxilares da deflagração. Os pobres serão os primeiros a perecer, como é tradição nestas coisas dos conflitos, os invisíveis que ninguém recordará, enquanto se preparam estátuas aos sanguinários vencedores. O canhão pede essa carne, que se quer bem passada na brasa da batalha, nos escombros da civilização, tombados como destroços feitos de vida que se quer extinta. Que se movam as peças do xadrez mortal no mais sepulcral dos silêncios. Deixem-me dormir, imóvel e seguro. Desde que seja em silêncio eu não me importo. Pu Yi
THE WALL | PINK FLOYD
Não é novo mas é intemporal. O “The Wall” dos Pink Floyd fala de muros que permanecem e que aqui ou acolá na história aparecem mais fortes que nunca. Não é só um conjunto de longos e bons temas, é também um recado e uma revolta que não deve ser esquecida. Foi lançado em 1979, já os Pink Floyd tinham, com Roger Waters, carreira assegurada e merece ter um espaço na estante, não vá a realidade pedir uma dose de sensatez e boa música. Sofia Margarida Mota
BYE BYE MAN SALA 1
A SILENT VOICE:THE MOVIE [B] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Fime de: Naoko Yamada 14.15, 19.15
SWORD ART ONLINE THE MOVIE: ORDINAL SCALE [B] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Tomohiko Ito 16.45, 21.45
GHOST IN THE SHELL [3D][B] Filme de: Rupert Sanders Com: Scarlett Johansson, Takeshi Kitano 19.30 SALA 3
BYE BYE MAN [C] Filme de: Stacy Title Com: Douglas Smith, Doug Jones, Carrie-Anne Moss 14.00, 15.45, 17.30, 21.45
SALA 2
IN THIS CORNER OF THE WORLD [B]
Filme de: Rupert Sanders Com: Scarlett Johansson, Takeshi Kitano 14.30, 16.30, 21.30
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Sunao Katabuchi 19.15
GHOST IN THE SHELL [B]
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18 PUBLICIDADE
hoje macau segunda-feira 10.4.2017
AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1.
Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 «Lei de Terras», de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - Estrada Nordeste da Taipa, n.ºs 292 a 384A e Largo da Baía, n.ºs 31 a 93, na Ilha da Taipa, (Edifício Pearl On The Lough) - Estrada do Governador Albano de Oliveira, n.ºs 528 a 950, Rua de Viseu, nºs 1A a 1D e Estrada Lou Lim Ieok, n.ºs 68 a 448, na Ilha da Taipa, (Edifício Star River. Windsor Arch); - Estrada Lou Lim Ieok, n.ºs 1085, na Ilha da Taipa; - Largo dos Bombeiros, n.º 3, na Ilha da Taipa;
2.
3.
AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
- Avenida Olímpica, n.ºs 522 a 608 e Rua Fernão Mendes Pinto, n.ºs 613 a 681, na Ilha da Taipa, (Edificio Va Nam San Chun); - Estrada de Cheoc Van,n.º 13, na Ilha de Coloane. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.
1.
Localização dos terrenos:
2.
Aos, 21 de Fevereiro de 2017. O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.
3.
-
Largo dos Bombeiros, n.ºs 1 a 9, na Ilha da Taipa.
Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 20 de Março de 2017.
AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1.
Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 «Lei de Terras», de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - Rua de Malaca, n.ºs 46 a 186, Travessa da Amizade, n.ºs 16 a 90, Rua do Terminal Marítimo, n.ºs 55 a 121F e Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.ºs 1142K a 1142X, em Macau (Edifício Centro Internacional de Macau); - Avenida Marginal do Lam Mau, n.ºs 465 a 583, Avenida Marginal do Patane, n.ºs 623 a 655, Rua Sul do Patane, n.ºs 87 a 187 e Praça das Orquídeas, n.ºs 2 a 180, em Macau, (Edifício Van Sion Son Chun); - Rua da Gruta, n.ºs 37 a 83 e Travessa do Patane, n.ºs 3 a 7B, em
-
2.
3.
Macau, (Edifício Jardim Camões); Rua do Almirante Sérgio, n.ºs 2 a 16, Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, n.ºs 1 a 11 e Travessa do Lido, n.ºs 2 a 10, em Macau, (Edifício Tung Yick); - Avenida do Coronel Mesquita, n.ºs 87 a 97, em Macau, (Edifício Lido). Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 21 de Fevereiro de 2017. O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
CONVOCATÓRIA A fim de reunir em sessão ordinária, é convocada a Assembleia Geral do Centro de Comércio Mundial Macau, S.A., para o dia 25 de Abril de 2017, pelas 12:00 horas, a realizar no Edifício World Trade Center, na Avenida da Amizade, N.º 918, 16º andar, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. 2. 3.
Apreciar o relatório de 2016 e o programa de actividades de 2017 do Conselho da Administração e votar o balanço e as contas e parecer do Conselho Fiscal, relativos ao exercício de 2016; Eleição dos membros do Conselho Fiscal; Deliberar sobre outros assuntos de interesse social.
Macau, aos 10 de Abril de 2017. Presidente da Assembleia Geral Liu Chak Wan
19 hoje macau segunda-feira 10.4.2017
OPINIÃO
dissonâncias
O
O regresso dos neo-cons
ataque norte-americano à base aérea de Shayrat na Síria, como retaliação a um alegado ataque químico que terá morto um número indeterminado de civis, é um sinal de que a política externa norte-americana, ao contrário do que havia prometido o candidato presidencial Donald Trump, vai ser interventiva. Mais do que imprevisível, a Presidência Trump está a tornar o mundo um local mais perigoso. Após parecer que, afinal, Bashar Al-Assad seria tolerado pelo novo inquilino da Casa Branca, Donald Trump faz uma reviravolta e deixa claro que o governo sírio pisou o risco ao recorrer alegadamente a armamento químico. Ora, sem verificação independente sobre o que verdadeiramente terá ocorrido na passada terça-feira em Khan Sheikhoun, território sírio controlado por rebeldes, em que um alegado ataque químico terá provocado a morte a dezenas de civis – alguns relatos falam em 89 vítimas, incluindo 33 crianças e 18 mulheres –, as diferentes partes do conflito foram construído a sua própria narrativa. Afinal, a guerra faz-se também pela forma como se comunica. E cada qual aproveitou o ataque para reforçar a sua posição contra o outro. Se, por um lado, Trump justificou o ataque levado a cabo pelas forças norte-americanas como uma medida retaliatória justa, o governo sírio diz que não recorreu a armamento químico contra a sua própria população, que se tratou apenas da libertação de um produto químico armazenado pelos rebeldes, após um ataque aéreo específico a um arsenal rebelde. Por outro lado, se a Rússia – principal aliado de Assad – apareceu ao lado do governo sírio, validando a construção da realidade apresentada por Damasco, já o Reino Unido apontou o dedo a Moscovo, acusando-o de ser também responsável pela morte de civis. Acto contínuo, Boris Johnson cancelou a visita à Rússia. A narrativa construída passou – naturalmente, sublinhe-se – pelo “uso” do chamado mainstream media. A CNN, por exemplo, não deixou de salientar que a maior parte dos líderes europeus e mesmo “caseiros” apoiavam a decisão unilateral norte-americana. A cereja no topo do bolo era o apoio declarado de Hillary Clinton. A Russia Today (RT) procurou contra-atacar recorrendo a Ron Paul, antigo candidato presidencial norte-americano, que sublinhou que o realismo dos neo-conservadores está de volta a Washington. O momento da resposta também tem de fazer parte da análise. Ao proceder ao bombardeamento da base aérea de Shayrat,
GUY RITCHIE, THE REVOLVER
RUI FLORES
ruiflores.hojemacau@gmail.com
nos arredores de Homs, quando estava a decorrer a cimeira com Xi Jinping, Donald Trump não quis deixar grande espaço para imaginação sobre o que pode fazer com a Coreia do Norte. Aliás, caso analistas mais distraídos não tenham percebido o alcance da nova política externa norte-americana, neste fim-de-semana, a marinha norte-americana fez avançar vários navios de guerra, incluindo o porta-aviões Carl Vinson, para a península coreana. O que é facto é que o Conselho de Segurança das Nações Unidas está bloqueado no que à guerra na Síria diz respeito. Apelar a uma reforma do órgão da ONU responsável pela paz e segurança no mundo não parece que vá contribuir para um termo imediato do
conflito sírio. Não é possível imaginar-se que num futuro próximo China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia aceitem que outros possam bloquear decisões do Conselho de Segurança. É difícil imaginar, por exemplo, que a China, embora mantenha uma relação estreita com a Índia no âmbito dos BRICS, aceite um dia que Nova Deli venha a fazer parte do grupo dos P5. As dúvidas sobre o conteúdo dessa reforma são imensas. Por exemplo, perguntar-se-ia, além do Brasil, que outro país deveria aceder ao estatuto de todo-poderoso no Conselho de Segurança? A África do Sul, outros dos BRICS, ou a Nigéria, país que há muito é um dos grandes contribuintes para o departamento de manutenção de paz da ONU?
Com o envolvimento russo na Síria, forçar a saída de Assad poderá ter consequências muito mais vastas do que apenas contribuir para uma possível solução para um conflito no Médio Oriente
Aos olhos daqueles que vêem que, após mais de seis anos de conflito, a ONU não conseguiu chegar a um consenso para a paz na Síria, a decisão de atacar agora o regime de Assad poderia – tendo em conta o número de vítimas civis – ser uma acção justificada. Mas com o envolvimento russo na Síria, forçar a saída de Assad poderá ter consequências muito mais vastas do que apenas contribuir para uma possível solução para um conflito no Médio Oriente. Por tudo isto, na reunião de urgência do Conselho de Segurança da passada sexta-feira, o representante permanente da Bolívia lembrou a ida àquele mesmo órgão, em 2003, de Colin Powell, apelando ao apoio dos outros 14 estados-membros para a intervenção no Iraque e apresentando “provas” que depois se revelaram falsas. Por tudo isso, e com os neo-cons a dominarem a agenda, fica a dúvida sobre a efectiva intenção de Trump. Ao fim de três meses no poder, longe estão já as declarações de não envolvimento americano nos conflitos do mundo.
A economia americana tem de crescer. Mais químico, menos químico, não importa. Atlântido
BRASIL TEMER AGRADECE “SOLUÇÃO” DA CHINA SOBRE CARNE
SEUL DIZ QUE SANÇÕES DA UE SÃO RESPOSTA FIRME A PYONGYANG
O Governo da Coreia do Sul considera que as novas sanções da União Europeia impostas à Coreia do Norte são uma advertência “firme” em resposta aos recorrentes testes balísticos do regime, disse sexta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Valorizamos [as sanções] como uma advertência firme da UE adoptada em resposta às recorrentes provocações da Coreia da Norte”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros numa nota divulgada pela agência sul-coreana Yonhap e citada pela agência de notícias espanhola Efe. A União Europeia impôs na quinta-feira novas sanções ao regime de Pyongyang que proíbem o investimento em sectores como as indústrias convencionais de armamento, metalurgia e o sector aeroespacial. O regime nortecoreano lançou na quarta-feira um novo míssil balístico de médio alcance, dias antes da cimeira entre os Presidentes dos Estados Unidos e da China, em que o programa de armamento da Coreia do Norte foi um dos temas centrais.
TAÇA DAVIS PEDRO SOUSA FECHA ELIMINATÓRIA COM VITÓRIA
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Pedro Sousa fez ontem o 4-1 para Portugal frente à Ucrânia, ao vencer o jovem Illia Biloborodko, por 6-0 e 6-1, no último encontro da segunda eliminatória do Grupo 1 da zona euro-africana da Taça Davis em ténis. Com o ‘play-off’ do Grupo Mundial já garantido, o ‘capitão’ Nuno Marques deu uma oportunidade ao jogador da casa e o 209.º jogador mundial fez as delícias das bancadas do Club Internacional de Foot-Ball (Lisboa), o seu clube de sempre, impondo-se ao estreante ucraniano, de apenas 15 anos, em 42 minutos. O encontro, de sentido único, serviu só para cumprir calendário, uma vez que ao início da tarde João Sousa já tinha garantido o apuramento de Portugal para o ‘play-off’ do Grupo Mundial, ao derrotar Artem Smirnov, por 7-6 (73), 7-6 (7-2) e 6-2.
segunda-feira 10.4.2017
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Domingo sangrento Marcelo Rebelo de Sousa condena “bárbaros ataques” em igrejas no Egipto
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Presidente da República português enviou uma mensagem de condolências ao Presidente da República Árabe do Egipto, Al-Sisi, no qual condena os “bárbaros ataques” registados ontem em duas igrejas, que causaram mais de 30 mortos, e foram já reivindicados pelo Estado Islâmico. “Condeno veementemente estes bárbaros ataques bem como todas as manifestações de intolerância religiosa”, refere a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, divulgada no site da Presidência da República na Internet e enviada ao homólogo egípcio a partir de Cabo Verde, onde o chefe de Estado português se encontra em visita de Estado. “Neste momento difícil, quero transmitir a Vossa Excelência, em meu nome e em nome do povo português, toda a solidariedade para com o povo egípcio e, de modo particular, com as famílias das vítimas a quem dirigimos, através de Vossa Excelência, os sentimentos do nosso sentido pesar”, acrescenta o Presidente da República.
DA BARBÁRIE
Pelo menos 33 pessoas morreram ontem e outras 77 ficaram feridas
em dois atentados contra igrejas cristãs em Tanta e Alexandria, no norte do Egipto, referem fontes ligadas à segurança e ao Ministério da Saúde. O Governo português também já condenou os ataques. “Em meu nome e do governo português, condeno aqui os ataques no Egipto e expresso o nosso profundo pesar pelas vítimas”, escreveu António Costa na sua conta no Twitter. Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu também que “o Governo Português condena firmemente os atentados que ontem causaram a morte a mais de 20 pessoas e feriram pelo menos
Pelo menos 33 pessoas morreram ontem e outras 77 ficaram feridas em dois atentados contra igrejas cristãs em Tanta e Alexandria, no norte do Egipto
70 que se encontravam reunidas para celebrar o Domingo de Ramos nas igrejas coptas de Mar Gigis, em Tanta, e de São Marcos, em Alexandria, no Egipto”. Uma bomba explodiu ontem numa igreja copta em Alexandria, deixando pelo menos seis mortos e 33 feridos, incidente que ocorreu horas depois de uma primeira explosão também numa igreja copta na cidade de Tanta, quando os fiéis celebravam o Domingo de Ramos, num ataque, que deixou 26 mortos e quase 40 pessoas feridas. O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os dois atentados. As equipas do Estado Islâmico realizaram ataques contra duas igrejas em Tanta e em Alexandria”, indicou a agência de propaganda do EI, numa comunicação divulgada em redes sociais e citada por agências internacionais de notícias este domingo. Os cristãos coptas são cerca de 10% da população do Egipto e são frequentemente alvo de ataques por parte dos extremistas islâmicos.
Presidente do Brasil, Michel Temer, agradeceu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, pela “solução efectiva” dos problemas de importação da carne do Brasil pelo país asiático, divulgou sábado num comunicado a Presidência brasileira. “O Presidente Michel Temer reforçou o interesse de juntar esforços dos dois lados para o maior aprofundamento da cooperação bilateral e agradeceu à parte chinesa a solução efectiva do tema da exportação dos produtos de carne brasileira à China”, lê-se na nota, sublinhando que os dois presidentes trocaram “mensagens verbais”. A China suspendeu a importação da carne brasileira após o início da ‘Operação Carne Fraca’, da Polícia Federal (PF) brasileira, a 17 de Março, que envolveu empresas que vendiam carne estragada. Alguns dias depois, e após negociações com o Governo brasileiro, a China reabriu o mercado com restrições apenas para as carnes de empresas sob investigação. O comunicado da Presidência brasileira refere ainda que “os dois chefes de Estado reiteraram a alta importância que ambos atribuem à parceria estratégica global sino-brasileira”. “O Presidente Michel Temer manifestou grande satisfação em participar da cimeira do BRIC [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, África do Sul e China] e realizar visita de Estado à China”, indicou a nota. De acordo com o comunicado, “o Presidente Xi Jinping reiterou as boas-vindas ao Presidente Michel Temer pela sua visita de Estado à China por ocasião da cimeira do BRIC e fez votos de que a cooperação económica/comercial sino-brasileira se desenvolva de forma contínua e saudável, para maior benefício dos dois povos”. A cimeira do grupo ocorrerá na cidade chinesa de Xiamen, em Setembro.