Prenúncio de morte Os anos passam e a degradação na zona com a mais alta densidade populacional de Macau não pára de crescer. A renovação faz-se a conta-gotas e alguns dos edifícios antigos correm o risco de ruir.
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ZONA NORTE URGENTE RENOVAR
DSPA
Caminhos da energia PÁGINA 7
CONSTRUÇÃO
A queda de um Regime PÁGINA 4
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hojemacau
MOP$10
TERÇA-FEIRA 10 DE MAIO DE 2016 • ANO XV • Nº 3568
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
HOJE MACAU
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
OPINIÃO Direitos humanos Das relações
SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA
TÂNIA DOS SANTOS
NOVO MACAU
Manter a pressão PÁGINA 5
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Filmes recentes BOI LUXO
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GRANDE PLANO
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KAIFONG EDIFÍCIOS ANTIGOS NO IAO HON SÃO UMA “BOMBA”
O
chefe da Comissão de Assuntos Comunitários da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), Chan Ka Leong, realizou uma visita aos bairros do Antigo Hipódromo Areia Preta e Iao Hon, juntamente com a Associação de Confraternização dos Moradores do Bairro. Segundo o jornal Ou Mun, as associações apelam ao Governo que resolva os “potenciais perigos” existentes e que implemente um calendário para a renovação urbana. As associações visitaram vários edifícios antigos no bairro do Iao Hon, tendo verificado que a maioria dos prédios tem problemas graves como a queda de cimento e degradação da estrutura interna. O jornal refere que em Abril houve incidentes que causaram feridos na rua. Os Kaifong realizaram ainda uma visita a uma casa de um morador com 90 anos. O residente, de apelido Ho, disse que há muitos ratos no edifício, que mordem os moradores e as roupas. Ho referiu que o ambiente é “mau” com frequentes infiltrações de água e o bloqueio das canalizações. Chan Ka Leong criticou o facto de muitos edifícios antigos terem falta de reparação e manutenção, o que causa vários perigos e insegurança. O responsável diz que os estes prédios são como “bombas” para a comunidade e não devem merecer a ignorância do Executivo. Chan Ka Leong defende ainda que o Governo deve reforçar a fiscalização dos edifícios e que leve a cabo reparações, mesmo que não seja possível contactar os proprietários. F.F.
ZONA NORTE RESIDENTES PEDEM REABILITAÇÃO URGENTE
DEGRADACAO AO METRO ´
GRANDE PLANO
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Chui Sai On deixou uma promessa no recente Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM: reabilitação urbana, que vai ser feita até 2020, com prioridade para a zona norte. Quatro residentes contam como é viver numa área com a mais alta densidade populacional do território, onde os edifícios estão degradados e onde há muito pouco para fazer
A
zona norte já não é o que era e, ao mesmo tempo, continua a ser o que sempre foi, com a agravante de que os anos têm passado por ela. Apesar dos novos condomínios que têm surgido na Areia Preta com piscina, jardins, ginásio e parques de estacionamento, a verdade é que ao lado continuam a existir velhos prédios onde vivem famílias com baixos rendimentos. Há até novos projectos culturais a nascer em muitos edifícios industriais vazios e foi criado, há um ano, o Centro de Design de Macau numa antiga fábrica da Areia Preta. Mas nos bairros da Ilha Verde, Iao Hon e Toi San persistem problemas sociais e as velhas áreas habitacionais. Hoi, Iong, Cheong Kai e Samantha são de diferentes gerações, mas todos vivem e trabalham na área de Toi San, bem perto das Portas do Cerco. Os mais velhos já não se imaginam a sair dali, apesar de viverem em casas degradadas. Os mais jovens ambicionam sair para outras áreas de Macau quando deixarem a casa dos pais. Ao meio-dia, Hoi está sentado com o seu amigo Cheong num jar-
dim na zona de Toi San e assume: “estou habituado a viver aqui”. “Uma vez tentei ir viver para a Taipa, mas é muito caro”, contou ao HM. Hoi pode ser considerado um idoso com sorte: mora num prédio com elevador, o que lhe permite sair de casa com mais facilidade. Nem todos os vizinhos podem dizer o mesmo, já que o espaço habitacional de Toi San continua a ser marcado por prédios degradados de cinco andares construídos nos anos 70. Quando questionamos Hoi sobre aquilo que o Governo deve fazer para reabilitar a zona norte, este pede novos edifícios
“A renovação dos prédios já devia ter sido feita porque agora pode ser mais caro. Se não for feito agora há risco dos edifícios caírem” HOI RESIDENTE
que consigam manter o sentido de comunidade. “Aqui há muitos edifícios de cinco andares, então se for construído um edifício maior todos podem ficar juntos e isso será melhor para os moradores. Quando construírem aqui espero que façam isso em vez de construírem de novo prédios mais baixos. A renovação dos prédios já devia ter sido feita porque agora pode ser mais caro. Se não for feito agora há risco dos edifícios caírem”, defendeu.
“É urgente renovar isto porque há muitos ratos a subir pelas escadas” IONG VENDEDORA DE INCENSO
UMA ZONA SUJA
Iong vende incenso no mercado de rua ali perto e duvida que Chui Sai On consiga cumprir a promessa que deixou no seu Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM. “Não gosto de viver aqui, porque é tudo muito sujo. Há pessoas a mais a viver aqui. Edmund Ho não conseguiu mudar esta zona e Chui Sai On já vai no segundo mandato e ainda não fez nada. Até eu morrer não sei se consigo ver uma mudança nesta zona”, contou a mulher que faz dos incensos o seu negócio. O que faz mais falta numa zona marcada por anos de des-
leixo e ausência de manutenção dos edifícios e espaços públicos? “É preciso mais jardins, há poucos edifícios novos aqui, estes têm mais de 40 anos. É urgente renovar isto porque há muitos ratos a subir pelas escadas e isso afecta muito as pessoas que vivem aqui.” Umas bancas mais à frente está Cheong Kai, que vende peixe seco.
3 hoje macau terça-feira 10.5.2016 www.hojemacau.com.mo HOJE MACAU
“O trabalho de comunidade é muito importante” Plano Director com “zonas verdes e de lazer”
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“Estou a pensar mudar para outra zona, por causa da qualidade de vida. Mais longe do que isso, estou a pensar mudar-me para Macau mas não para tão longe. Penso que os meus vizinhos não gostam muito de viver nestas zonas, na maioria são famílias pobres e penso que gostariam de sair daqui e gostariam de aumentar os seus salários. Não podem mudar, não têm dinheiro para isso”, assegura. O que pode então o Executivo fazer para modificar a zona? “Há muito lixo nestas ruas e há muitos edifícios velhos. O Governo poderia reconstruir ou recuperar. Depois há a questão da segurança,
“O Governo (...) deveria definir a zona norte em várias áreas e dar apoio para a reconstrução dos prédios antigos” SAMANTHA RESIDENTE
“Quero mais habitação pública aqui, mesmo nestes prédios o preço é de dois milhões por fracção” CHEONG KAI VENDEDORA DE PEIXE SECO porque a zona norte é muito perto da fronteira com a China e vemos que há muitos turistas a entrar aqui todos os dias. Preocupo-me com as questões da segurança, porque muitas vezes oiço que há aqui tráfico de droga e casos de roubo”, referiu Samantha. “O Governo poderia fazer um novo planeamento e reconstruir muitas das áreas. Deveria definir a zona norte em várias áreas e dar apoio para a reconstrução dos prédios antigos”, rematou a jovem.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
Há dez anos que tem o seu negócio em Toi San, mas vive na Areia Preta. “Trabalho aqui há dez anos e assisti às mudanças nesta zona, porque antes havia muito tráfico de droga aqui e prostituição também. Agora está melhor, está mais calmo.” Para ela, a reabilitação da zona norte deve passar pela reconstrução de novos edifícios, de preferência de habitação pública. “Quero mais habitação pública aqui, mesmo nestes prédios o preço é de dois milhões por fracção, o preço é muito alto e os jovens não conseguem comprar casa. A reabilitação deve passar pela construção de habitação pública”, referiu Cheong Kai. O seu filho está na lista de espera para obter uma fracção económica. Ainda assim, a vendedora faz elogios ao Chefe do Executivo. “Acho que Chui Sai On está a fazer um trabalho melhor e está mais preocupado com os residentes, comparando com o anterior mandato.” Samantha é uma jovem que está prestes a licenciar-se em Turismo pelo Instituto de Formação Turística (IFT) e mora com os pais num apartamento em Toi San. Também ela gostaria de sair dali um dia.
OUCOS conhecerão a zona norte e os seus problemas melhor do que Paul Pun, secretário-geral da Cáritas. É nesta área que vivem as famílias com baixos rendimentos e com problemas sociais, sendo que muitas delas recorrem aos serviços da organização. Contactado pelo HM, Paul Pun alerta para a necessidade de reabilitação que continue a unir as pessoas. “O Governo poderia criar mais instalações recreativas. Em segundo lugar há que melhorar as condições de espaço e do ambiente, há que haver uma preparação psicológica para essa mudança, porque se essas pessoas tiverem de mudar para outras casas têm de saber para onde vão mudar. Aqui o trabalho de comunidade é muito importante para estas pessoas”, assegurou. Paul Pun alerta ainda para o perigo que é viver em muitas das casas, como aquelas que existem em Toi San. “Os prédios de cinco andares estão deteriorados e em muitas áreas é inseguro viver. Penso que dentro de cinco anos aquelas casas vão ficar ainda piores, porque foram construídas nos anos 70. Se o Governo quer mudar esse ambiente precisa de construir um novo ambiente habitacional. Muitas dessas pessoas gostariam de viver noutras zonas, mas também há quem queira ficar. Aí temos de lhes dar mais opções na mesma zona, para que possam ficar na mesma área.” O secretário-geral da Cáritas, que já foi candidato a um lugar de deputado para a Assembleia Legislativa pela via directa, alerta para as mudanças do tecido sócio-económico que têm vindo a ocorrer nos últimos anos. “Na zona norte vivem, na sua maioria, as famílias mais pobres.
Andreia Sofia Silva (com Flora Fong) andreia.silva@hojemacau.com.mo
Paul Pun
Mas hoje em dia as coisas estão diferentes, porque os ricos e os pobres já vivem na mesma área. Os mais ricos vivem em prédios com todo o tipo de infra-estruturas, têm piscinas, jardins. Há grandes diferenças entre esses grandes prédios e o resto da sociedade. Tem de haver um trabalho de comunidade para os que são mais ricos e para os que não são tão ricos. Claro que o Governo tem de dar prioridade aos que não têm tão boas condições económicas e criar espaços recreativos, sítios para fazerem as suas compras, mais mercados, com bons serviços. Na zona norte devia haver mais jardins, os jardins não são grandes o suficiente. No novo planeamento não podemos pôr simplesmente grandes edifícios, temos de reservar espaço para parques e jardins”, acrescentou Paul Pun.
FALTA O PLANO
A arquitecta Maria José de Freitas assume “conhecer bem a zona norte da cidade”, os seus “constrangimentos” e a falta de espaços verdes e zonas onde as pessoas possam viver. “O que vejo e assisti nos últimos anos foi um incremento da parte de construção. Quando ouvi falar dos aterros da Zona A parecia que essa área iria complementar a falta de espaços verdes que deveriam ser proporcionados à população em alternativa aos constrangimentos do dia-a-dia. Encontramos vários pontos onde o Governo poderia dinamizar esses casos”, apontou ao HM. Contudo, Maria José de Freitas lança o alerta: sem um Plano Director será difícil fazer um planeamento integrado na zona norte. Aquando da apresentação do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM, o Executivo admitiu que antes de 2020 esse Plano Director poderá estar feito. “Falta articular uma vontade para que essas zonas verdes existam. Só um Plano Director é que pode articular tudo da melhor forma, ele não existe. Então vão-se fazendo coisas avulsas e a população continua a ficar carente de espaços verdes”, apontou a arquitecta. A.S.S.
4 POLÍTICA
hoje macau terça-feira 10.5.2016
Regime de Construção REVISÃO DE TEXTOS NA “ÍNTEGRA” VOLTA A ATRASAR REVISÃO
Mais de 30 anos, duas consultas públicas e dois anos depois do prazo inicial para entrar em processo legislativo, o Regime Jurídico de Construção Urbana continua sem data para entrega à AL. A DSSOPT diz estar a rever os textos na íntegra novamente devido a “complicações”. Sabe-se que a lei vai “estabelecer prazos mínimos de garantia da qualidade das obras”, mas não são especificados quais
O
GOVERNO está a rever totalmente os textos do Regime Jurídico da Construção Urbana e as Normas da Natureza Administrativa do mesmo Regime, mas continua sem data para apresentar os diplomas à Assembleia Legislativa (AL). Numa resposta à deputada Kwan Tsui Hang, o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) fala de complicações e não especifica se o prazo para a qualidade das obras vai ser mais longo que cinco anos – uma das razões que motivou a revisão. “Dada a complexidade do conteúdo e a amplitude da proposta de lei do Regime Jurídico da Construção Urbana e do projecto das Normas de Natureza Administrativa [desse] Regime, com o objectivo de aperfeiçoar os respectivos textos, a [DSSOPT] está a verificá-los novamente na íntegra e a proceder às devidas
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a Comissão para a Construção do Centro de Turismo e Lazer, presidida por Chui Sai On, Chefe do Executivo, que vai ficar com a responsabilidade de coordenar e acompanhar a execução do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. O anúncio foi feito por Lei Ngan Leng, assessora do Gabinete do Chefe do Executivo, que explicou, em comunicado, que serão criados “grupos de trabalho especializados que irão efectuar o acompanhamento e a materialização do plano”, sendo que ainda vão ser auscultadas as opiniões “dos peritos e académicos”, bem como “a ponderação da fiscalização e avaliação por parte da população”.
TIAGO ALCÂNTARA
Caído aos pedaços
alterações”, começa por explicar Li Canfeng. O director do organismo diz ainda que só depois deste trabalho os documentos revistos vão ser enviados à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça, “para se proceder aos trabalhos de análise jurídica”.
PARA QUANDO?
HISTORIAL LONGO
O Regime foi aprovado há mais de 30 anos, como relembra Kwan Tsui Hang na interpelação entregue ao Governo, onde refere ainda que o diploma “já não se coaduna com as necessidades do desenvolvimento social”. Em 2009 e 2010, o Executivo lançou duas consultas públicas sobre o Regime, constantemente admitindo a necessidade de revisão deste. Em 2014, e depois de muita insistência dos deputados, o director substituto da DSSOPT, na altura Shin Chung Hong, avançava que na primeira metade de 2015 deveria arrancar o processo legislativo.
Um dos principais problemas com a desactualização do Regime prende-se com o facto de os construtores terem de dar apenas uma garantia de cinco anos para as
fundações e estruturas principais dos edifícios. O Governo ainda sugeriu o aumento deste prazo, tendo depois decidido por mantê-lo por dez anos, naquilo que foi “uma
Controlar e fiscalizar
Comissão de Turismo e Lazer assume coordenação de Plano Quinquenal
No passado domingo, o Gabinete de Estudos das Políticas, responsável pelos trabalhos da recolha de opiniões relativamente
decisão que nunca foi justificada junto do público”, como referiu Kwan Tsui Hang. A deputada dá como exemplos situações não só em edifícios privados, mas também na habitação pública, como a queda de azulejos, enferrujamento das canalizações e fendas nas paredes. E quer saber se vão ser incluídos prazos de garantia obrigatórios maiores que o actualmente estipulado e se os proprietários serão obrigados a reparar eventuais construções sem qualidade. Li Canfeng é vago na resposta. “O acabamento das paredes exteriores e as paredes não estruturais não são consideradas estruturas principais. A proposta de lei irá estabelecer os prazos mínimos de garantia da qualidade das obras, mas as questões de pormenor devem constar nos contratos de adjudicação de obras e de compra e venda de fracções”, explica o director. Li Canfeng diz ainda que dentro deste prazo de garantia o construtor assume a responsabilidade de prestar o serviço de manutenção, mesmo que o dono da obra seja substituído.
ao Plano Quinquenal, reuniu com a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, a Associação Geral das Mulheres de Macau, a Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau e a Federação da Indústria e Comércio das diversas zonas do território. Durante a sessão de recolha de opiniões alguns representantes “traduziram o desejo de ver o Governo estudar a criação do mecanismo de fiscalização do Plano Quinquenal e de revisão da sua execução”. Para os representantes é preciso criar
indicadores de execução mais “meticulosos” e criar uma calendarização dos trabalhos. Foi ainda apontada a necessidade de elaborar legislação contra o monopólio e que proteja os direitos e interesses dos consumidores.
OUTROS APERFEIÇOAMENTOS
As atenções foram também focadas no apoio e promoção do desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME), para equilibrar o desenvolvimento das actividades extra-jogo por parte
A entrega dos regimes revistos ao hemiciclo continua sem data, com o director da DSSOPT a dizer que vai “submeter com a maior brevidade possível” a proposta de lei à apreciação do Conselho Executivo. Só depois deste passo é que o documento poderá dar entrada na AL. “Vamos envidar esforços para submetê-los imediatamente à discussão” do hemiciclo, promete Li Canfeng. Já Kwan Tsui Hang relembra que a sessão legislativa vai terminar em breve sem que este diploma tenha chegado às mãos dos deputados. Joana Freitas
joana.freitas@hojemacau.com.mo
das concessionárias e o espaço de sobrevivência destas empresas. Num comunicado à imprensa, o Governo explica ainda que as associações apresentaram sugestões relativamente ao aperfeiçoamento das políticas dos recursos humanos e à consolidação do mecanismo de regresso dos quadros qualificados do exterior, dando prioridade à formação dos quadros qualificados das indústrias emergentes. Reforçar o controlo de veículos, aperfeiçoar as políticas de gestão de transportes e a promoção de formas de deslocação amigas do ambiente foram ainda pontos discutidos na sessão. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
5 POLÍTICA
hoje macau terça-feira 10.5.2016
Segunda volta
Novo Macau sai à rua no próximo domingo com mais duas associações
“O
ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DE JINAN DEFENDEM DOAÇÃO
Prós e contras
De um lado apoia-se a doação de cem milhões de renminbi. Do outro, três associações falam de uma concessão de dinheiro feita por “debaixo da mesa”
A
Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan convocou uma conferência de imprensa este domingo para defender a atribuição de cem milhões de renminbi pela Fundação Macau (FM). Numa declaração publicada nos jornais de língua chinesa, a Associação, juntamente com mais seis associações de estudantes de outras faculdades e de áreas como Medicina, Gestão, Comunicação e Jornalismo, defende a doação feita para a construção de residências de estudantes. “A Universidade de Jinan pediu à FM um subsídio de mais de cem milhões de patacas, sendo atribuídas 50 milhões em dois anos. Todo o processo corresponde aos regulamentos normais. Sendo nós uma associação de antigos alunos, apoiamos completamente que o Governo da RAEM ajude a formar talentos e conceitos na carreira de educação”, lê-se na declaração. As associações comprometem-se a criar um grupo especializado para fiscalizar a aplicação do dinheiro, prometendo comunicar com a universidade. As entidades
também esperam que estas medidas beneficiem os estudantes de Macau. A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan é presidida por Ma Iao Hang, também ele membro do Conselho de Curadores da FM, responsável pela aprovação de subsídios superiores a 500 mil patacas. Ma Iao Hang é também subdirector do Conselho Geral da Universidade de Jinan, desempenhado os papéis de quem pede o subsídio, aprova e recebe. Chui Sai On, Chefe do Execu-
“Sendo nós uma associação de antigos alunos, apoiamos completamente que o Governo da RAEM ajude a formar talentos e conceitos na carreira de educação”
tivo, também é vice-presidente deste Conselho Geral e preside ao Conselho de Curadores da FM. A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Jinan é também contemplada com apoios financeiros da FM.
CARTA ENTREGUE
Com argumentos contrários, três associações entregaram ontem uma carta na sede do Governo. Cloee Chao, directora da Associação Love Macau, suspeita que a atribuição do subsídio foi feita “por debaixo da mesa”, apelando ao Governo para cumprir as promessas de uma governação transparente e que faça um bom uso dos cofres públicos. A Associação Mútua de Armação de Ferro de Macau e a Associação de Activismo para a Democracia, liderada pelo activista Lee Kin Yun, entregaram cartas à FM, que apelam a uma explicação sobre os critérios de atribuição de subsídio para universidades fora de Macau, pedindo ainda a retirada do apoio financeiro. Flora Fong (revisto por A.S.S.)
flora.fong@hojemacau.com.mo
que sei é que se não fizermos pressão o Governo não faz nada.” São estas as palavras de ordem de Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), que justificam a decisão de sair à rua em protesto já no próximo domingo. A manifestação acontece depois de uma petição online, lançada na sexta-feira à noite, que apela à saída do Chefe do Executivo depois da doação de cem milhões de yuan pela Fundação Macau (FM) à Universidade de Jinan. O Chefe do Executivo faz parte da vice-presidência da universidade e do Conselho de Curadores da FM e a falta de uma resposta à petição parece não ser suficiente para os pró-democratas. Para os membros da Associação não existiu por parte do Governo, mesmo depois das reacções da FM e do Gabinete do Porta-Voz do Governo, uma “resposta construtiva”. Por isso, no próximo domingo, pelas 15h00, decorrerá o protesto com início no Tap Seac que levará os manifestantes até à área junto à Assembleia Legislativa (AL). “Precisamos de tomar mais acções para mostrar ao Governo que as pessoas de Macau preocupam-se de forma real com a questão da corrupção dos dirigentes dos altos cargos”, apontou o presidente da Associa-
ção, mostrando-se insatisfeito com as justificações dadas pelo Executivo. As expectativas são altas. Scott Chiang espera que, tal como aconteceu, em 2014, durante a manifestação contra o Regime de Garantias para os Titulares dos Altos Cargos, a população de Macau reaja e adira com a mesma intensidade. “Conto com milhares de pessoas [na rua]”, admitiu ao HM.
TODOS JUNTOS
Ao que o HM apurou, mais duas associações se juntaram à Novo Macau, a Love Macau, de Cloe Chao, e a Iniciativa para o Desenvolvimento Comunitário, de Ng Kuok Cheong. A petição, que terminou pela meia-noite de ontem, acusava o Chefe do Executivo de “fraca integridade” e de “alegado envolvimento em corrupção”, estando em causa uma situação de claro “conflito de interesses”. Algo negado pelo próprio Governo, que argumenta que Chui Sai On foi “convidado para desempenhar as funções de vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan, não recebendo qualquer remuneração ou interesses, pelo que não existe tráfico de influências”. A petição já contava com mais de duas mil assinaturas. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
ALEXIS TAM “APOIA” DONATIVOS
O
Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse ontem à margem da reunião para o Conselho do Desenvolvimento Turístico que “apoia” a doação de cem milhões de reminbi feita pela Fundação Macau (FM) à Universidade de Jinan, na China. “A Universidade de Jinan tem ajudado muito à formação de quadros de Macau e nos últimos 30 ou 40 anos formou cerca de 20 mil pessoas. Há muitos anos Macau não tinha nenhuma universidade. Também sabemos que o Governo da RAEM tem investido muito no ensino superior incluindo instituições do ensino superior públicas e privadas. Para construir um laboratório ou uma faculdade de medicina custa muito mais do que cem milhões. O valor [atribuído] é razoável e temos de
agradecer à universidade. Para nós, cem milhões a serem investidos no ensino superior não é um montante elevado”, apontou. O Secretário negou também que esteja em causa um conflito de interesses, algo de que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, está a ser acusado pela Associação Novo Macau. “Não tem nada a ver com conflito de interesses, mas não me compete explicar. A FM já disse que o procedimento de doação é legal. Este ano a Universidade de Jinan celebra 110 anos de existência e o montante não é assim tão elevado. Pelo que percebi a associação dos alunos de Jinan e a FM já têm um mecanismo para fiscalizar este montante e temos que pensar que isso é legal e correcto”, rematou o Secretário. A.S.S.
6 SOCIEDADE
hoje macau terça-feira 10.5.2016
COLOANE REUTILIZAÇÃO DE ESTALEIRO SEM CALENDÁRIO
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Instituto Cultural (IC) garantiu novamente que o planeamento de reutilização dos estaleiros em Coloane não irá envolver elementos comerciais, mas para já, mesmo depois do Governo já ter comprado alguns prédios na zona, não existe um calendário para o planeamento. O director do IC, Guilherme Ung Vai Meng, explicou ao canal chinês da TDM que tendo os estaleiros tanta tradição na construção naval o plano para o espaço terá como
base a vontade de mostrar a história do sector no passado. Sobre a calendarização do trabalho, Ung Vai Meng explicou que o IC ainda não o elaborou visto a questão da segurança ser prioritária. Só depois, indicou, quando a segurança estiver garantida é que o Governo vai avançar com a calendarização dos trabalhos. “Estou muito ansioso em relação ao calendário, mas a verdade é que temos de considerar como prioridade a segurança. Dividimos o plano
À porta fechada
O Governo apresentou ontem o futuro Plano de Desenvolvimento de Turismo, mas o empresário David Chow terá criticado algumas medidas ao nível das infra-estruturas e recursos humanos ele e prometi que o Governo vai trabalhar de forma mais activa”, disse Alexis Tam, que garantiu contactos com a tutela da Economia e Finanças. “O que podemos fazer na minha área é criar um bom ambiente turístico em Macau. Temos de criar mais produtos turísticos”, frisou o Secretário. Helena de Senna Fernandes explicou que David Chow “não mostrou desagrado em relação ao plano mas apenas sobre alguns TIAGO ALCÂNTARA
O
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura garantiu que o terreno onde está localizada a central da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), na Areia Preta, poderá servir também para um projecto na área das indústrias culturais e criativas, além de habitação pública. “Temos que pensar no desenvolvimento global da sociedade. Vamos considerar esta possibilidade. Os serviços precisam de tempo para estudar, trata-se de uma política social importante e temos de considerar várias coisas.” Para já o actual edifício da central será demolido para dar lugar a edifícios de habitação pública.
em duas fases, uma primeira é a manutenção e reparação para os prédios e depois a reutilização do espaço”, explicou. O Governo já esclareceu, pela voz da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), que não tem como obrigação a compra de todas as propriedades do espaço. Até ao momento dos 14 estaleiros em Lai Chi Vun, o Governo comprou três prédios, um estaleiro e duas casas de madeira. T.C./F.F.
Turismo DAVID CHOW CRITICA PLANO DE DESENVOLVIMENTO
Conselho para o Desenvolvimento Turístico reuniu ontem pela primeira vez este ano e o encontro serviu, sobretudo, para a apresentação do futuro Plano de Desenvolvimento do Turismo, o qual será ultimado esta semana. O processo de consulta pública terá início no próximo dia 23. O empresário David Chow, membro do Conselho, terá mostrado desagrado com algumas medidas apresentadas pelo Executivo num encontro à porta fechada. Cá fora David Chow não prestou declarações e recusou fazer comentários ao HM, mas tanto o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, como Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), comentaram as críticas apresentadas. “Posso admitir que um membro não ficou satisfeito com o nosso trabalho sobretudo em relação à promoção de algumas infra-estruturas no sector do turismo, achando que não estamos a responder às necessidades”, disse Alexis Tam. As críticas de David Chow, director-executivo da Macau Legend Development, proprietária da Doca dos Pescadores e Macau Landmark, incidiram também na área dos recursos humanos. “O sector turístico precisa de muita mão-de-obra e já falei com
AREIA PRETA TERRENO DA CEM PARTILHADO COM CULTURA
tópicos, em termos de recursos humanos e a colaboração (em termos de turistas) entre Macau e Zhongshan”.
NÚMEROS RAZOÁVEIS
Helena de Senna Fernandes eAlexis Tam mostraram-se satisfeitos com o número de turistas verificado no primeiro trimestre. “Fizemos um balanço dos primeiros três meses do ano e até finais de Março conseguimos ter o mesmo número de
turistas com um ligeiro aumento de 0,6%, mas também temos resultados positivos em termos do número de hóspedes nos hotéis e pessoas que ficaram em Macau para além de um dia. O interior da China sofreu um decréscimo nos primeiros três meses mas houve um resultado positivo com países internacionais”, disse a directora da DST. “Realizamos uma reunião há pouco tempo e já falei com o sector do turismo, e ouvindo as suas vozes parece-me que a situação não está assim tão má como imaginávamos”, referiu Alexis Tam. “Posso admitir que desde Janeiro a Março registou-se uma ligeira quebra no número de turistas, mas vamos ter ainda este ano mais trabalhos e acções promocionais e acredito que vamos atrair mais turistas para Macau. Temos muitos recursos a nível turístico”, rematou. O encontro também serviu para falar do evento dedicado ao Wushu que será realizado em Macau em Agosto deste ano. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
PREVISÃO DE MAIS PEDIDOS DE AJUDA
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presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Vong Yim Mui, acredita que o número de pedidos de ajuda a vítimas de violência doméstica vai aumentar de forma gradual, quando a proposta de Lei de Combate e Prevenção da Violência Doméstica entrar em vigor. Ao jornal do Cidadão, a presidente explicou que no ano passado foram registados 80 casos de violência doméstica. AAssembleia Legislativa (AL) vai votar na especialidade a proposta da lei no próximo dia 20. Vong Yim Mui afirmou que espera que a proposta seja aprovada, permitindo que a lei entre em vigor 120 dias depois, ou seja em Setembro ou Outubro. Relativamente ao processo de formação dos agentes policiais, capacitados para tratar dos casos da violência doméstica, a responsável afirmou que o IAS já está totalmente preparado, adiantando que já foi criado um mecanismo de cooperação entre seis serviços públicos. Sobre o assunto, o vice-presidente do IAS, Au Chi Keong, disse que a formação irá continuar em Junho e Agosto, para que mais agentes compreendam os casos de violência doméstica e a própria lei. Desde Janeiro existem 20 novos casos de pedidos de ajuda, sendo que em mãos o IAS tem cerca de 121 casos. No entanto, Vong Yim Mui considera que o número “não mostra toda a situação da violência doméstica em Macau”. Com a aprovação da lei, as instituições públicas e os serviços sociais terão a obrigação de avisar o IAS de todos os casos, algo que vem mostrar uma situação mais real. F.F.(revisto por F.A.)
7 hoje macau terça-feira 10.5.2016
Montanha de lixo
Biogás ESPECIALISTAS DESCRENTES NA PRODUÇÃO DE ENERGIA
Fazer sem pensar
Hello Kitty Land substituído por dois metros de resíduos
O
terreno que vai receber o parque temático Hello Kitty Land está cheio de lixo. Isso mesmo confirmou a Direcção dos Serviços da Protecção Ambiental (DSPA) ao jornal Ou Mun, indicando que nestes momento existe uma colina de dois metros de altura e dez de comprimento de resíduos. O organismo diz que já pediu ao responsável do lote para resolver o assunto, limpando o espaço, mas a verdade é que a situação se mantém. O terreno, situado na zona do Cotai, perto da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, começou a ser pouso de lixo no final do ano passado. Inicialmente o monte de entulho estava coberto por uma cobertura de plástico negro, mas com as chuvas essa protecção ficou danificada, estando agora a descoberto, correndo o risco de cair e ter ainda um maior impacto sobre o ambiente. O terreno é de Angela Leong e a DSPA diz que não recebeu qualquer queixa sobre o caso, ainda que tenha enviado funcionários para investigar e acompanhar a situação. A direcção indicou que já foi pedido à proprietária para limpar o espaço de forma a cumprir as instruções de controlo de poluição. Há cinco anos na calha, ainda não há qualquer resposta do Governo face à aprovação do projecto da Hello Kitty no Cotai, como disse no ano passado Angela Leong. O terreno é um dos que pertence à lista dos 16 terrenos não aproveitados mas que não integram o âmbito da declaração de caducidade.
O Governo quer avançar com produção de energia com recurso a resíduos alimentares, mas necessita de um terreno. Especialistas não acreditam no plano
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Tomás Chio (revisto por F.F./J.F.)
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FUNCIONÁRIO PÚBLICO REFORMADO SUSPEITO DE ABUSAR DA FILHA
O canal chinês da Rádio Macau noticiou ontem que um funcionário público já reformado, de 63 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) sendo suspeito de abusar sexualmente da sua filha de quatro anos. O crime terá sido cometido cinco vezes. A mãe da vítima revelou este caso no passado dia 5. A criança deveria ter sido levada a casa pela empregada do centro de explicações onde se encontrava, mas o seu pai acabou por ficar com a filha no mesmo dia até às 21h00. Mais tarde a mãe acabaria por questionar a filha, que confessou que o pai a tinha violado nas escadas do prédio onde residem. O suspeito negou todas as acusações.
AYMOND Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), revelou numa entrevista ao jornal All About Macau que o organismo vai analisar a possibilidade de produzir energia biogás recorrendo aos resíduos alimentares garantindo que para atingir esse objectivo vai ser necessário um terreno com cerca de 20 mil metros quadrados. Raymond Tam confirmou que, no final do ano passado, a DSPA recebeu o relatório referente ao estudo dos resíduos alimentares, o qual foi elaborado por uma empresa de consultadoria em 2014. O relatório sugere ao Governo o uso dos resíduos alimentares para a produção de energia biogás, sendo essa viabilidade elevada. O documento também refere
SOCIEDADE
tares na central de incineração também não está a usar a tecnologia de biogás, duvidando que a ideia tenha sido apresentada “apenas porque o novo director lidera os trabalhos”. Ho Wai Tim disse considerar a mudança “demasiado flexível”, defendendo que a energia a biogás irá trazer maus cheiros e afectar a população. Chang Kam Pui, director da Associação de Protecção Ambiental e Gestão de Macau, explicou que cada país tem diferentes modelos tecnológicos para produzir energia a biogás, pedindo ao Governo para analisar a tecnologia mais adequada para o território. O responsável considera que a disponibilidade de um terreno de 20 mil metros quadrados vai depender do planeamento dos novos aterros. Contudo, Chang Kam Pui não está optimista quanto a esta questão, já que a falta de areias tem levado a atrasos na zona A. Flora Fong (revisto por A.S.S.) flora.fong@hojemacau.com.mo
que esse projecto pode ajudar a diminuir a pressão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau. Responsáveis de associações ambientais disseram ao HM que não consideram a ideia científica por não existirem terrenos suficientes nem a tecnologia apropriada para esse projecto. Ho Wai Tim, director da Associação de Ecologia de Macau, apontou que a medida pode não agradar aos residentes. “Não se optou pela produção de energia a biogás no passado porque o Governo não quis ocupar recursos preciosos como os terrenos, já que estes estão destinados à habitação pública. Se for preciso um terreno de 20 mil metros quadrados não temos
PARQUÍMETROS GERAM 300 QUEIXAS POR DIA
A Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT) confirmou que os parquímetros públicos de Macau não funcionaram normalmente ontem devido à insuficiência do fornecimento de electricidade e ao facto das caixas de moedas estarem cheias. Os parquímetros passaram a ser geridos pela Sociedade de Administração de Parques Foieng há mais de uma semana, sendo que a empresa afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que todos os dias recebe 300 a 400 queixas ou consultas sobre o mau funcionamento dos parquímetros.
escolha, só poderá ser um terreno para resíduos”, apontou. Ho Wai Tim afirmou que, nos últimos cinco anos, a DSPA tem promovido o uso de equipamentos de tratamento de resíduos alimentares em escolas, hotéis e mercados, onde os resíduos são tratados nos sítios onde são produzidos. O director da Associação de Ecologia de Macau prefere que se adoptem outras medidas. “Será que só é viável porque é a empresa de consultadoria que diz? A DSPA considera isso mesmo viável? Penso que a ideia do director não é científica nem prática”, acusou.
DAS CONSEQUÊNCIAS
Ho Wai Tim disse que a máquina de destruição de resíduos alimen-
RAIMOND TAM DESPREOCUPADO COM AUMENTO DE RESÍDUOS
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a mesma entrevista ao jornal All About Macau, o director da DSPA disse que não se preocupa com o problema da saturação na Central de Incineração de Resíduos Sólidos, considerando que o volume de resíduos poderá diminuir pelo facto da economia estar numa fase de abrandamento. A DSPA está, contudo, a estudar o aumento da capacidade da central, para que o volume máximo de tratamento chegue às duas mil toneladas.
WYNN GANHA DIREITO A USAR O LOGÓTIPO “SW”
A Wynn Resorts ganhou em tribunal o direito a utilizar o logótipo “SW”, destinada ao fornecimento de alimentos e bebidas, numa acção contra a Galaxy. O Tribunal de Segunda Instância considerou que “um consumidor médio não iria associar logo o sinal ‘SW’ à parte integrante da marca registada a favor da recorrente ‘StarWorld’.” “Na verdade, verifica-se neste caso a falta de causa ou fundamento especial para suportar esta associação, já que ‘SW’ pode ser abreviatura de imensas palavras. Como tal, não existe o risco de associação entre a marca a registar e a marca registada a favor da recorrente, pelo que também não se verificam as situações de recusa do pedido de registo de marca previstas na lei”, defendeu o Tribunal. O caso remonta a Setembro de 2013, quando a Wynn registou junto dos Serviços de Economia a marca referente ao uso do logótipo SW. A Galaxy colocou a Wynn em tribunal, “invocando a falta de capacidade distintiva da marca a registar”, algo que iria induzir “o consumidor em risco de confusão com a marca registada a favor de Galaxy”.
8 Música MICHAEL DEWOLFE AKA 5IVESTAR EM VISITA AO TERRITÓRIO
EVENTOS
MACAU CINCO ESTR Michael DeWolfe é o cirurgião, 5ivestar o artista. A viver em Chicago, esteve em Macau porque ficou com “a sensação que é uma terra de oportunidades na música, no cinema ou na moda”. A possibilidade de entrar num filme feito na RAEM foi outra das razões que o trouxeram até nós mas também espera desenvolver laços com os artistas locais
A
visita foi curta mas o suficiente para deslumbrar este norte-americano que é cirurgião plástico durante o dia e artista pop no tempo que lhe resta. De Macau, para já, leva os prazeres da gastronomia e as vistas do património graças a uma visita guiada proporcionada pela Direcção dos Serviços de Turismo.
“Apaixonei-me por Macau. Vejo a cidade como um lugar ainda numa fase de tremendo crescimento na área do entretenimento”, diz o artista, que assegura ao HM que “tem muita satisfação nas duas coisas” que faz na vida. “Não conseguiria viver sem ambas, acho que perderia o equilíbrio. A medicina traz-me o processo científico, técnico, mecânico e a música
permite-me criar coisas a partir do nada”. Para já, Michael DeWolfe ainda não tem resultados concretos da visita mas espera voltar em Outubro para participar num filme a ser feito no território e agora em fase de pré-produção. Espera também desenvolver laços artísticos localmente. “Quero trazer a minha música para Macau e colaborar com músicos locais, desenvolver sinergias e iniciar um processo criativo”.
COMBINAR TUDO
Combinar estilos é a sua grande paixão dando o exemplo de “Cola”, um dos seus últimos temas. “Nunca tinha visto um tema dos anos 50 arranjado como um tema pop e quis experimentar”. Já pronto para lançar está também outro tema do mesmo período onde recria o lendário “Great Balls of Fire” de Jerry Lee Lewis. No futuro espera combinar jazz com hip hop. “Gosto do ambiente de espectáculo de variedades que o jazz aporta”, diz. A música chinesa dos anos 40 ou 60 também pode ser uma possibilidade apesar de ainda não se sentir suficientemente familiarizado com os temas. Nasceu na Califórnia, cresceu na Flórida e foi para Chicago para ser médico mas o ambiente da cidade inspirou ainda mais a sua veia artística. “Chicago é um cenário super urbano”, explica, “cheio de música e arte e isso alimentou muito a minha criatividade”.
ESTRELAS A DESAPARECER
Falámos de influências e Michael confessa que Prince era
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA AS DUAS ÁGUAS DO MAR • Francisco José Viegas
Duas mortes ocorrem simultaneamente em lugares junto ao mar - uma em São Miguel, nos Açores; outra em Finisterra, num promontório do litoral galego. O que a princípio parece ser um conjunto de coincidências infelizes acaba por ser um enredo que uma investigação policial sui generis desmonta como uma história de vingança e ressentimento. Sobre este romance, que na época confirmou Francisco José Viegas como uma das vozes mais originais da moderna ficção portuguesa, escreveu o diário francês Le Monde: «A sua meteorologia atormentada transforma-se numa metáfora do destino humano.»
um dos seus favoritos. “O seu estilo e individualidade sempre me cativaram”, explica. Mas porque o seu som bebe muito no hip hop, Outkast surge como uma das suas principais influências. A maior dificuldade surgiu quando pretendemos saber com quem gostaria um dia de trabalhar. Depois de uma longa pausa, acabou por dizer
que “estão todos a morrer (risos)... dos vivos alguém interessante seria o Pharrel porque está sempre a quebrar barreiras”. Aí falámos da ideia que corre de já não existirem estrelas rock. Será apenas mercantilismo, hoje? Michael acha que “existe o perigo de as perder se deixarmos a indústria tomar conta de tudo e de-
cidir o que as massas ouvem, pois o desenvolvimento dos artistas desaparece e ficamos apenas com receitas rápidas de sucesso para repetir ad aeternum”. A esperança reside no mundo da distribuição pois, explica, “os artistas têm mais facilidade de publicarem e distribuírem conteúdos”. Para já, 5ivestar faz a música que lhe apetece. “Tive
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SE EU FOSSE… NACIONALIDADES • Francisco José Viegas
Ilustrações de Rui Penedo Se Eu Fosse... Nacionalidades faz-nos descobrir a vida que o Lio teria se fosse Japonês, Brasileiro, Norueguês ou Italiano. Ilustrado a quatro cores, oferece às crianças, a partir dos 5 anos, a oportunidade de conhecer a realidade gastronómica, linguística e patrimonial de diferentes países. Humorada, lúdica e didáctica, é uma obra para ser lida com os pais e descobrir, em cada país, aquele pormenor, contribuindo para a construção da memória referencial das crianças relativamente às diferentes nacionalidades do mundo.
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muita gente a tentar manipular a minha música mas continuo a fazer o que quero. O que sair, saiu. Umas vezes acústico, outras pop. Se sinto que um ‘beat’ mexe comigo vou por aí”, explica.
ESTADO DE EMERGÊNCIA
Michael define-se, acima de tudo, como um escritor. Já escreveu livros, começando pela poesia, fez ‘spoken word’ e passou a MC. Foi assim que um dia surgiu o patrocínio da Nike. “Eles perceberam que a poesia em ‘spoken word’ tinha muito impacto junto da juventude de Chicago e patrocinaram-me para me apresentar nas escolas. Não me marcaram uma agenda de temas, diz-nos, enquanto continuou a falar do que o celebrizou em Chicago: “a
“Quero trazer a minha música para Macau e colaborar com músicos locais, desenvolver sinergias e iniciar um processo criativo” desigualdade, a brutalidade policial, o sistema educativo”, apesar de abordar outros temas como as relações amorosas ou textos para inspirar. Entrávamos na mundo da política e quisemos saber a sua visão do que se passa no seu país. “A política americana
Da sua prática como médico para a música, o que passa é, diz, a ética de trabalho. “Muita gente pensa que ser artista é fácil, natural, mas todos sabem que em medicina é preciso esforçarmo-nos muito”. Michael confessa aplicar a dedicação que a profissão de médico lhe exige à música também, pois “o divertimento só acontece quando vamos para palco. O resto é muito trabalho, muita dedicação”, garante. Queríamos saber um pouco mais desse seu outro lado na mesa de operações e Michael confessa que o que mais o satisfaz, o que mais o espanta é “tirar um bocado de tecido de uma parte do corpo para aplicar noutra. Quando o tiras, desligas o suprimento de sangue e o tecido está morto. Mas depois voltas a ligá-lo noutra zona e ele volta à vida. Acho isso fabuloso”. Fala-nos ainda que a cirurgia plástica não é apenas fazer pessoas bonitas mas salvar situações graves. “Faço muita reconstrução de seios, ou de maxilares perdidos por causa do cancro. Neste caso, tiro um bocado de osso de uma perna, religo-o na boca, ele volta à vida e a pessoa recupera a cara. Dá-me um grande prazer, a sensação que fiz algo de fenomenal”. Um sentimento semelhante ao que deseja para o seu lado de músico: “ter milhões de pessoas a volta do mundo a ouvirem a minha música e a gostarem dela é o que pretendo. Quero criar um impacto”. Manuel Nunes
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UNIVERSAL MUSIC
O FASCÍNIO DE RECONSTRUIR CORPOS
HARALD HOFFMANN
está em estado de emergência”, diz. “Temos candidatos muito maus e não me consigo rever em nenhum”, confessa. Acha Bernie Sanders transformador mas não acredita que os americanos estejam preparados para tanta mudança apesar de reconhecer o impacto que o candidato tem vindo a exercer junto das camadas mais jovens. “São políticas nunca aplicadas VS coisas que as pessoas conhecem” explica para comparar o senador com Hillary Clinton. “O problema”, diz, “é estarmos a vir ladeira abaixo quando comparamos com Obama. Ele é inteligente, carismático e dominou a cena. Nenhum destes candidatos chega sequer perto”, afirma.
CHRIS LEE/PHILADELPHIA ORCHESTRA
RELAS
EVENTOS
hoje macau terça-feira 10.5.2016
VENETIAN ORQUESTRA DE FILADÉLFIA CONVIDA CHINA E JAPÃO
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Orquestra de Filadélfia regressa a Macau para dois concertos especiais, a 28 e 29 de Maio, no Venetian Theatre, pelas 19h45. Liderada por Yannick Nézet-Séguin, esta será a quinta apresentação da orquestra no território e contará, segundo a organização, com a participação do conceituado pianista chinês Lang Lang, na primeira noite de espectáculo sendo que a segunda contará com o violinista nipo-americano Ryu Goto.
Lang Lang já conta com uma “relação especial” com a Orquestra de Filadélfia, tendo estudado nos Estados Unidos e participado com esta formação logo em início de carreira. Neste espectáculo irá ser interpretado o “Primeiro Concerto de Piano de Rachmaninoff”. O concerto nº 1 de Prokofiev e a peça “Toru Takemitsu’s Nostalghia – In Memory of Andrei Tarkovsky” são as interpretações que Ryu Goto levará a cabo neste concerto que também integra “The Philadelphia
Orchestra’s 2016 China Residency and Tour of Asia”. O evento passará também por Osaka, Tóquio e Kawasaki. A orquestra, de modo a continuar a promover as relações de diplomacia e intercâmbio com Macau, vai ainda desenvolver actividades paralelas dedicadas à comunidade. Estão assim agendadas para 28 de Maio uma “master class” e uma performance pop up nas Casas Museu da Taipa. Os bilhetes já se encontram à venda e vão das 180 patacas às 880 patacas.
MGM BAILARINAS, BANHOS E CAVALOS DE DEGAS
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NAUGUROU ontem, no Art Space do MGM Macau a exposição “Figuras em Movimento” composta pela colecção de 74 esculturas de Edgar Degas numa mostra pioneira no continente asiático. Uma co-produção da “Alliance Française”, do MGM e da M.T. Abraham Foundation, a iniciativa insere-se no objectivo mais vasto que tem sido mote do investimento artístico da empresa para tornar Macau num ponto de passagem de arte internacional. Pansy Ho, co-presidente e directora executiva da operadora, na cerimónia de abertura, adianta ainda que este é mais um momento importante no que concerne à diversificação das atracção da região de forma a promover um turismo também cultural.
Pansy Ho, sublinha ainda o papel da empresa que preside na divulgação da arte vinda do Ocidente para divulgação na RAEM, nomeadamente junto de um público mais jovem, destacando o trabalho que tem sido feito com escolas locais de modo a trazer os alunos às suas exposições. Já Eric Berti, Cônsul Geral de França em Macau e Hong Kong, salienta a importância do evento, nomeadamente no que se refere à mostra dos trabalhos em escultura do autor, sendo esta uma oportunidade de dar a conhecer mais pormenorizadamente o trabalho do autor para além das suas obras no desenho e pintura. Amir Kabiri, presidente da fundação detentora da colecção, reitera a importância do evento e outros análogos, no estreitar de relações entre a França e a China.
“REMINISCÊNCIAS” NA DARE TO DREAM
“R
EMINISCENT - Portugal Macau” é o tema da exposição de pintura de Célia Rosário e Marco Szeto, que tem início a 22 de Maio, na Galeria Dare to Dream. Célia Rosário, nascida em Macau, é formada em
Belas Artes pela University of the Arts em Londres, tendo depois ido para Portugal. A sua colecção de pinturas em acrílico é baseada na vida da comunidade local de Macau, reminiscente da sua infância e adolescência. Segundo a organização, é uma “abordagem modesta, reforçada pela sua própria forma característica de amplificação resultante de um ângulo de observação sensível, cativando imagens vívidas e estruturas versáteis e ainda ordenadas” num estilo que oscila entre o realismo e o expressionismo. Por seu lado, Marco Szeto capta as imagens fugazes das
atracções e sons de cidades e aldeias de Portugal pelas quais passou recentemente. Ao mesmo tempo, compara e contrasta as diferenças e afinidades entre Portugal e Macau, enquadrando aquilo a que a organização chama de “algumas jóias de esboços dos cantos ainda serenos e graciosos de Macau”. Para tal, Marco Szeto recorre a técnicas como o óleo, aguarela, tinta chinesa, pastel e colagem. A iniciativa conta com a apresentação de mais de 40 obras dos artistas e estará patente até 22 de Julho, com entrada livre.
10 CHINA
hoje macau terça-feira 10.5.2016
IMOBILIÁRIAS REGULADAS
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S autoridades chinesas estão a elaborar medidas para fortalecer os regulamentos das agências imobiliárias, que se tornaram uma das principais fontes de reclamações de clientes devido a informações enganosas. O Ministério da Habitação e do Desenvolvimento Urbano e Rural está a trabalhar com outros departamentos para regular os anúncios de imóveis das agências e reforçar a gestão dos corretores, informou na sexta-feira Lu Kehua, vice-ministro, em conferência de imprensa. O ministério também prometeu melhorar os sistemas de informação de crédito no sector e intensificar a supervisão sobre as práticas das agências imobiliárias. A falsificação de anúncios de imóveis e a cobrança de taxas irregulares estão entre as queixas mais comuns feitas pelos clientes. De acordo com uma pesquisa de 2014, 43,8% dos 30 mil entrevistados em Pequim informaram que haviam lidado com “comportamento impróprio” por parte de agentes imobiliários no arrendamento de apartamentos. Numa inspecção no mês passado, os reguladores de Xanghai decidiram multar seis agências com valores entre 130 mil e 200 mil yuans, incluindo os líderes do sector, a Lianjia e a 5i5j, por publicidade enganosa.
Assembleia da OMS TAIWAN VAI MAS REJEITA SER ‘PARTE DA CHINA’
Pela vossa saúde
DIRIGENTES AOS QUADRADINHOS
A OMS vai realizar a sua assembleia anual e convidou Taiwan como parte da China. O novo governo rejeita em absoluto a ideia mas vai estar presente para “assegurar a contribuição para a comunidade internacional e a prevenção de doenças”. Pequim fala do consenso de 1992, Tsai Ing-wen torce o nariz
T
AIWAN vai marcar presença na Assembleia Mundial de Saúde (AMS), mas sem aceitar que a ilha seja parte da China como refere o convite, afirmou no domingo um porta-voz do futuro governo do independentista Partido Democrata Progressista (PDP). O nomeado ministro da Saúde e Bem-Estar, Lin Tsou-yen, vai participar na assembleia anual da Organização Mundial de Saúde (OMS), que se realiza de 23 a 28 de Maio em Genebra, assinalou Tung Chen-yuan, designado porta-voz do Governo que toma posse no próximo dia 20. Taiwan vai participar como observador e com o nome “Taipé chinesa” para “assegurar a sua contínua contribuição para a comunidade internacional e
a prevenção de doenças”, disse Tung Chen-yuan. Contudo, a participação de Taiwan não implica qualquer acordo com o princípio de “uma China” ou com a resolução 2758 das Nações Unidas, de 25 de Outubro de 1971, através da qual a China tomou o assento de Taiwan na ONU, afirmou Tung.
UMA CHINA, OUTRA OBSERVA
O convite da OMS a Taiwan deste ano menciona pela primeira vez a resolução 2758 e o
princípio de “uma China”, mas o novo governo considera que a participação da ilha na assembleia não tem qualquer relação com esses pontos, sustentou o mesmo responsável. “A participação de Taiwan na OMS não deve ser restringida por motivos políticos”, sentenciou. As declarações de Tung alinham-se com as do porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan na China, Ma Xiaoguang, que atribuem a presença
Taiwan vai participar como observador e com o nome “Taipé chinesa” para “assegurar a sua contínua contribuição para a comunidade internacional e a prevenção de doenças” TUNG CHEN-YUAN PORTA-VOZ DO GOVERNO
de Taiwan como observador na AMS desde 2009 a um “regime especial” sob a base política do “Consenso de 1992”. Ao abrigo do “Consenso de 1992”, as duas partes reconhecem a existência de apenas uma China, mas cada lado faz a sua própria interpretação desse princípio. A Presidente eleita de Taiwan, Tsai Ing-wen, que toma posse no próximo dia 20, não aceita esse consenso e a inclusão de “uma China” no convite da OMS à Formosa é considerada como mais uma forma de pressão da China. Pequim lançou inúmeras advertências ao futuro governo taiwanês, alertando que a não-aceitação do “Consenso de 1992” supõe o rompimento da base política da actual relação entre a China e Taiwan, com consequências negativas.
O Partido Comunista Chinês (PCC) lançou recentemente um guia ilustrado que explica o processo de selecção e indicação de quadros para os postos de liderança do país. As 20 páginas da publicação, disponível no sítio do Departamento Internacional do Comité Central do PCC, ilustram a “composição dos quadros dirigentes”, “selecção e indicação dos quadros”, “processo de supervisão”, “avaliação”, “métodos flexíveis de selecção e indicação de quadros” e “características da selecção e indicação de quadros do Partido e oficiais dirigentes”. O guia é a versão actualizada e simplificada do “Regulamento de Selecção e Indicação dos Dirigentes do Governo e do Partido”. Existe tradução para inglês, que “leva em conta a aceitação dos leitores estrangeiros e foi revisto por especialistas nativos em língua inglesa, ” explicou o editor da publicação. A versão digital manual pode ser encontrada aqui: http://bit.ly/lidereschn
HONG KONG CORRETORES EM ALTA
O número de corretores da bolsa em Hong Kong atingiu o mais elevado nível em 20 anos, noticiou ontem o South China Morning Post. Segundo o jornal, o número de corretores que negoceiam activamente no mercado bolsista de Hong Kong subiu para 604 no final de Março. O anterior recorde, atingido há duas décadas, era de 596, segundo dados da entidade reguladora, a “Securities and Futures Comission”. Contudo, o valor não é o mais elevado de sempre, já que a antiga colónia britânica chegou a contar com mais de 900 corretores nos anos 80. Comparando com os 428 de 2006, o número de corretoras aumentou 41% na última década e 22% face ao ano passado, com 111 novas firmas a entrarem no mercado, das quais 99 apenas no primeiro trimestre de 2016. Apesar de no final de Março terem totalizado 604, o “top 100” engloba 94,6% de todas as transacções, ainda segundo o South China Morning Post.
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Wuhan SIMPÓSIO SOBRE DESENVOLVIMENTO E DIREITOS HUMANOS
Caminhos definidos
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OI realizado no sábado, na Universidade de Wuhan, um simpósio sobre a nova ideia de desenvolvimento e a protecção de direitos humanos na China para comemorar o 30º aniversário da Declaração das Nações Unidas sobre o Direito de Desenvolvimento. Mais de 60 especialistas e académicos de universidades e institutos de pesquisa no país participaram do seminário organizado pela Sociedade Chinesa de Pesquisas de Direitos Humanos (CSHRS, em inglês). Os participantes disseram que a sobrevivência e o desenvolvimento são os direitos humanos básicos e a China tem feito progressos notáveis na implementação e realização do direito de desenvolvimento, em particular nas últimas três décadas após a nação ter iniciado a política de reforma e abertura. Luo Haocai, presidente da CSHRS, disse que o governo chinês tem dado prioridade aos direitos de
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aplicação de transporte privado Didi Dache, a versão chinesa do Uber, suspendeu 8.000 motoristas que usam a sua plataforma, em Shenzhen, sul da China, depois de uma passageira ter sido assassinada por um condutor. A medida abarca todos os motoristas que alegadamente infringiram as regras da empresa, uma das ‘start-ups’ mais bem-sucedidas da China nesta década, segundo detalhou a televisão estatal CCTV. Em Março, uma inspecção da polícia de Shenzhen descobriu que 1.661 motoristas que trabalham com cinco aplicações de transporte privado - incluindo Didi Dache e Uber - tinham registo criminal.
sobrevivência e desenvolvimento e os padrões material e cultural de vida do povo têm sido melhorados de forma abrangente, para além dos vários direitos que têm sido garantidos.
PASSOS EM FRENTE
Os novos conceitos de desenvolvimento -- inovação, coordenação, ecologia, abertura e compartilhamento, ajudarão a realizar melhor os direitos de sobrevivência e desenvolvimento no período do 13º Plano Quinquenal (2016-2020), disse Luo. Cui Yuying, vice-director do Departamento de Comunicação do Conselho do Estado, disse que a China é um protector activo e promotor importante da Declaração da ONU sobre o Direito de Desenvolvimento. Li Long, professor da Universidade de Wuhan, disse que a China tem feito progresso na protecção dos direitos humanos nas áreas tanto política quanto social. Li Erping, professor da Universidade de Kunming de Ciência e Tecnologia, disse que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” será uma grande contribuição para o direito de desenvolvimento do mundo, pois a China forma uma comunidade de destino comum e compartilha o desenvolvimento com os países relacionados.
Assassino ao volante
Suspensos 8.000 motoristas após homicídio de passageira
Já 1.425 cometeram crimes relacionados com o consumo ou tráfico de droga, segundo detalhou a mesma fonte, citada pela agência oficial chinesa Xinhua.
CHINA
As referidas aplicações, que trabalham sobretudo com proprietários de carros particulares, têm sido alvo de crescente controlo por parte das autoridades chinesas, indicou a CCTV.
REFORMAS NA FORJA
Após mais de um ano de atritos entre os táxis convencionais e os motoristas daquelas aplicações, o Governo chinês anunciou que prepara reformas legais, visando “profissionalizar” os serviços móveis.
O novo enquadramento jurídico deve entrar em vigor em meados deste mês, informou a imprensa estatal. Na semana passada, uma mulher de 24 anos foi assaltada e morta por um motorista registado no Didi Dache. O homem, que entretanto foi detido pela polícia, utilizou a sua carta de condução e bilhete de identidade para se registar na plataforma, mas utilizava uma matrícula falsa no automóvel. Na mesma semana, os jornais chineses disseram que quatro adolescentes chinesas reportaram um motorista do Didi Dache à polícia por se masturbar enquanto conduzia.
PINTEM QUE NÓS DEIXAMOS
Dez artistas da China, Alemanha e Japão estilizaram a semana passada um comboio em Cantão como parte de uma série de actividades culturais realizadas por uma empresa ferroviária local. As actividades organizadas pela Guangzhou Street Car Co. Ltd visam popularizar as artes e a cultura entre os habitantes locais e criar um espaço aberto para os residentes apreciarem a cultura e a arte sob diversas formas. O comboio grafitado pelos artistas deverá tornar-se uma obra de arte em movimento na cidade.
MORTE DESLIZANTE
As autoridades da província de Fujian confirmaram ontem a morte de oito pessoas devido a um deslizamento de terras que enterrou o local onde está a ser construída uma central hidroeléctrica. O desastre, ocorrido no domingo, e que as primeiras investigações associam às chuvas torrenciais que atingem a região, deixou ainda 33 pessoas desaparecidas, segundo a imprensa oficial. De acordo com a televisão estatal CCTV, mais de 600 pessoas participam nas operações de resgate na localidade de Sanming, tendo retirado, até ao momento, 13 trabalhadores com vida de entre os escombros. O deslizamento foi provocado pela queda de quase 100.000 metros cúbicos de lama e rochas, que se desprenderam de montanhas adjacentes ao local das obras. Várias províncias do sul da China sofrem, desde a semana passada, fortes tempestades, que levaram ao cancelamento de voos, cortes da circulação ferroviária e interrupções no fornecimento de electricidade.
Região FILIPINAS VIOLÊNCIA ASSOCIADA ÀS ELEIÇÕES PROVOCA PELO MENOS 10 MORTOS
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ELO menos dez pessoas foram mortas e três ficaram feridas em 22 casos de violência ocorridos ontem nas Filipinas, relacionados com as eleições gerais que decorreram ao longo do dia, segundo o último balanço das fontes militares. Os incidentes registaram-se entre a meia-noite e as 14:00 de acordo com o porta-voz das Forças
Armadas das Filipinas, general Restituto Padilla, citado pela agência espanhola Efe. Sete pessoas foram mortas a tiro e uma outra ficou ferida na cidade de Rosario, a sul da capital filipina, Manila, na sequência de uma emboscada a uma coluna de viaturas, pouco antes da abertura das urnas para as eleições gerais no país, indicou o
inspetor-chefe Jonathan del Rosario, citado pela agência AFP. Homens armados abriram fogo contra um jipe e dois motociclos antes do amanhecer, de acordo com a fonte policial. Desconhece-se o motivo do ataque. O incidente teve lugar na província de Cavite, que foi identificada pelas autoridades eleitorais
como uma “zona de preocupação”, devido às fortes rivalidades políticas, indicou del Rosario, porta-voz de uma ‘task force’ especial, incumbida de monitorizar a violência eleitoral. Esta equipa havia até agora 15 mortes em incidentes relacionados com as eleições desde o início do ano.
Mais de 54 milhões de filipinos foram chamados às urnas ontem para eleger o Presidente, senadores, governadores provinciais, autarcas e outras autoridades locais. O novo chefe de Estado irá substituir Benigno Aquino (20102016) para um único mandato de seis anos e a cerimónia de posse terá lugar no dia 30 de Junho.
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ARTES, LETRAS E IDEIAS
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ENHO dedicado parte do último ano, ao contrário do que acontecera antes, à visionação de filmes contemporâneos. A colheita não tem sido boa. Com a excepção de filmes cujo aspecto visual é extraordinário, como Shirley, Hard to be a God ou The Forbidden Room, cujo interesse pouco mais vai para lá do peculiaridade do aspecto, o resto tem-se resumido a filmes interessantes por um ou outro aspecto mas que rapidamente caem no esquecimento. Da América do Norte não lembro um filme recente que mereça menção. Do Japão, da Coreia ou da China há bastante tempo que também não vejo nada de excepcional. Da Tailândia permanece apenas Apichatpong Weerasethakul, cuja última instalação ainda não vi. Da Europa os sinais são contraditórios. Registo com agrado, de Lars Von Trier, Nymphomaniac I e II, o último filme de Polanski, envolvente, sedutor e teatral, Venus in Fur, Filme Socialisme, de Godard, ou, um pouco mais antigo, Vous n’avez encore rien vu, de Resnais, no sentido em que se erguem (e é isto que é muito raro) como filmes de referência futura, filmes que contêm matéria para uso futuro em comparações ou tentativas de entender ou criar um quadro modelar. Le Quattro Volte, de Michelangelo Frammartino, 2010, também pode ser uma boa ajuda. Filmes giros tenho visto alguns, como Tangerine, Bande de Filles, Ida, Victoria, Love, The Lobster, Mr. Turner, Locke, Timbuktu, Catch me Daddy ou L’Enlèvement de Michel
luz de inverno
Boi Luxo
A propósito de alguns filmes recentes
Houellebecq, mas fica uma impressão de embrutecimento. Fica a impressão de que há muitos filmes interessantes mas poucos filmes que interessem verdadeiramente e que se torna desgastante ver muitos filmes que pouco mais sejam que giros. Sou levado a pensar, mais com surpresa que com irritação, que as pessoas (os espectadores) deixaram de ser exigentes e se acomodaram confortavelmente à opalescência do Cinema Giro, como se acomodaram ao latte e ao croissant e mostram algum sobressalto quando alguém vem agitar o seu mundo certo e seguro. Talvez por estas razões os filmes de Fassbinder têm sido aqui tantas vezes objecto de admiração, a prova perfeita de que um filme pode ser exigente – porque exige muito do espectador – e ao mesmo tempo popular e viável comercialmente. Do Irão ou da Turquia continuam a chegar filmes bons e densos mas repetitivos nas temáticas e na estética. Autores que não conheço mas que têm provocado uma curiosidade que tem sido difícil de saciar são os filipinos Lav Diaz e Kidlat Tahimik. O recente cinema romeno é um filão que não tenho conseguido explorar igualmente por falta de acesso aos filmes. Alguns documentários de Errol Morris ou John Gianvito não são suficientes para entrar em grandes entusiasmos. O contrário poderá ser dito dos dois filmes em jeito de documentário de Joshua Oppenheimer sobre as atrocidades cometidas sobre os comunistas na Indonésia na década de 60. Ao contrário de
muitos, prefiro o absurdismo um pouco desarticulado do primeiro deles. O único filme relativamente recente que se institui, com pompa e brilho, como um filme de referência, é Japón, de Carlos Reygadas (mas é de 2002). Nele pode falar-se de um universo, um que tem um valor exemplar, no desenho cru e agressivo das personagens e das intenções que exibe e da aridez violenta da paisagem. Em Japón o céu junta-se à terra para nos explicar as nossas insuficiências e a nossa pequenez e para nos expulsar do paraíso da inércia. Lembre-se que este vosso escritor não é crítico de cinema (o que o iliba de muitas obrigações) nem tem acesso a muitos filmes que se lançam pelo mundo fora. Mas dos exemplos que tem visionado não retira motivo para muitas alegrias. É suficiente para escolher uma dedicação exclusiva ao documentário ou ao cinema avant-garde ou, mais sensatamente, a uma arte a sério como a música. Vi com um carinho que raramente dispenso ao cinema brasileiro, Girimunho, 2011, de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr. (faz lembrar Clarice Lispector, muito) e O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho, 2012. Nunca me decidirei, creio, a divulgar um dos meus filmes mudos preferidos, Limite, 1931, de Mário Peixoto, preferindo continuar agarrado a um medo (que se estende a outros filmes preferidos) de não lhe fazer a justiça que merece. Este medo estende-se a outros filmes mudos e pode revelar também uma incapacidade para escrever sobre algo tão puro (e, ironicamente, avançado) como o cinema mudo, na sua vertente avant-garde
de filmes de Man Ray, Walter Ruttmann ou Hans Richter (um fotógrafo e dois pintores) ou em exemplos mais acessíveis como Ménilmontant, de Dimitri Kirsanoff, A Paixão de Jeanne d’Arc ou Vampyr, de Dreyer, The Wind, de Sjöstrom ou Schatten, Eine Nächtliche Halluzination, de Arthur Robison (lembro, com brutalidade, que este sim, já foi alvo de atenção). Não tenho encontrado grande eco junto a outras pessoas para a ideia de que hoje em dia, graças ao digital e à qualidade de equipamento de filmagem e montagem relativamente barato e de fácil transporte, há relações de semelhança com a época do cinema mudo. Divago. Deve agora o leitor preparar-se para aceitar sem indignação uma ideia digna de uma séria Acção Patriótica. Do mais interessante que tenho visto são alguns filmes portugueses e registo com agrado a internacionalização de nomes como João Pedro Rodrigues, Gabriel Abrantes, Pedro Costa e Miguel Gomes (que eu ainda não percebi, desde Tabu, um dos melhores filmes que vi nos últimos anos, se ele anda ou não a gozar connosco, um dos maiores elogios que lhe posso fazer). Uma vez que Pedro Costa parece ter, com Cavalo Dinheiro, esgotado o filão que tem vindo a explorar, não havendo nele a sincera invenção e sentido de cerimónia dos filmes anteriores mas uma estilização esperada que bastará a um filme apenas, a expectativa sobre o que fará a seguir é enorme. Por que não um musical? Sobre Miguel Gomes e sobre o longo e necessário As Mil e uma Noites falar-se-á em breve.
13 hoje macau terça-feira 10.5.2016
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MACAU INDIES II (FICVM) Centro Cultural de Macau, 19h30 “A Solitária” de Cobi Lou “Leno” de Leong Kin e Cobi Lou “História de Meio Século de Roupas” de Leslie Ho “As Crónicas de Wu Li” de James Jacinto Bilhetes a 60 patacas
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06) EXPOSIÇÃO “AS DIMENSÕES DO SONHO E ARTE” Fundação Rui Cunha (até 12/05) SOLUÇÃO DO PROBLEMA 84
PROBLEMA 85
UM FILME HOJE
SALA 1
C I N E M A
CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [B] Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 14.30, 18.30, 21.15
THE HIMALAYAS
FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Lee Seok-hoon Com: Hwang Jung-Min, Jung Woo 14.00, 21.45
1.23
Em Macau as consultas públicas deixaram de ser uma novidade. Quiçá por descargo de consciência, o Governo achou que teria de ouvir a população para tudo, até para rever leis que, fora da comunidade jurídica, serão de difícil compreensão para o residente comum. Mas a RAEM está a atingir uma nova fase no modelo das consultas. Esqueçam as sessões, os documentos, os emails e os números de telefone e depois as conferências de imprensa para anunciar os resultados da referida consulta. Desta vez o famoso pato que está junto ao Museu de Ciência também dá opiniões. Quase que eu, gato Pu Yi, poderei começar a participar também. Um vídeo recente de promoção ao Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM, com o nome “Visão Geral do Plano – Governo íntegro”, disponível no website do gabinete do Chefe do Executivo, coloca o famoso pato a falar com um dinossauro sobre o assunto. Depois surgem dois jovens apresentadores ao lado do pato. Nunca o autor dessa obra de arte pensou que a sua criação iria servir de pano de fundo a...políticas! Nós, os que vivemos na RAEM, residentes, não residentes, animais e até os que têm BIR mas vivem na China e no estrangeiro, queremos todos ter opinião. Mas se calhar é melhor começar a analisar se um “quack quack” pode ser útil às políticas do Executivo... Pu Yi
“MR. NOBODY” (JACO VAN DORMAEL, 2009)
E se fosse o único mortal na terra? O último dos últimos, o que espera a morte um dia, o que guarda memórias que mais ninguém conhece? Nemo Nobody tem 118 anos e um dia, em criança, fez uma escolha que mudou a sua vida: numa estação de comboios teve que decidir seguir um caminho com o pai ou com a mãe. O que escolheria? E se a escolha fosse diferente, a sua vida seria diferente? Um filme genialmente bem feito, que nos dá diferentes perspectivas do mundo, consoante as diferentes escolhas que fazemos. Joana Freitas
CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [3D] [B]
Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 16.15, 19.00 SALA 2
SALA 2
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05)
Cineteatro
YUAN
ATÉ OS PATOS TÊM OPINIÃO
Amanhã
EXPOSIÇÃO “LA VIE EN MACAU”, DE ANTONIO LEONG Albergue SCM (até 12/06)
0.22 AQUI HÁ GATO
VISUALIZAÇÃO DE FILMES DO MACAU INDIES I (FICVM) Centro Cultural de Macau, 19h30 “Um peso nas costas “ de Sam Kin Hang “Orpheus” de Hugo Cheong “Boat People” de Filipa Queiroz “Eric – Caminhar no Escuro de António Caetano Faria Bilhetes a 60 patacas
Diariamente
(F)UTILIDADES
BOOK OF LOVE [C]
FALADO EM MANDARIM E CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Xue Xiaolu Com: Tang Wei, Wu Xiubo 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
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14 OPINIÃO
hoje macau terça-feira 10.5.2016
sexanálise
GEORGE CUKOR, THE PHILADELPHIA STORY
Relacionamentos
TÂNIA DOS SANTOS
H
Á solteiros, apaixonados, namorados fechados e abertos, amigos coloridos, casados e parceiros. Há definições e redefinições sociais, pessoais e históricas. Pressões judaico-cristãs, crenças milenares e forças biológicas. Há uma panóplia de relacionamentos e de como eles se criam e desenvolvem. Há narrativas de todos os tipos com os mais distintos desfechos, acompanhadas de alegria, tristeza ou frustração. Há conversas de café e de cerveja que abrem ou fecham os olhos, esclarecem e enaltecem as coisinhas mundanas que muito têm de profundidade (relacional). Não há um relacionamento igual ao outro, muito menos sexo. Se há espaço de contestação pela solteirice que chateia alguns e que conforta outros, há espaço para definir novas relações e os novos tipos de relacionamento. Começa-se pelo sexo que depois desenvolve-se num sentido de intimidade único, ou ao contrário, começa-se pelo companheirismo de ir a jantares e ao cinema que quando as borboletas estiverem prontas a explodir, fazem-nas explodir na cama. Não
há um caminho real para chegarmos a uma relação. Há honestidade, que nunca foi muito bem praticada, nem com os outros, nem connosco próprios. ‘O que é que realmente queremos?’Ninguém o sabe ainda. Se o amor cega, o sexo turva a visão. Queremos aquele conforto do sexo ou a atenção romântica sem saber muito bem o que é que isso implica, ou exige. Deixamo-nos levar por moldes cinematográficos sem grande sentido crítico (ou outros moldes quaisquer) e esperamos coisas que podem nem fazer sentido. O desafio das relações inter-pessoais são a consequência de uma forma de desenvolvimento egoísta, individualista. Os gostos, as manias, os desejos, as crenças, as frustrações de cada um encontram-se com as dos outros. Ainda mais se mostra com a pessoa com quem nos deitamos numa cama, sem roupa, sem protecção, vulneráveis e simples. Mostramo-nos na beleza e podridão e esperamos que o vínculo se formalize, que se torne real, exactamente como o imaginamos. Os corpos dançam da
“Se o amor cega, o sexo turva a visão. Queremos aquele conforto do sexo ou a atenção romântica sem saber muito bem o que é que isso implica, ou exige”
mesma forma que a nossa imaginação cria e o nosso coração acredita. Se aceitamos a diversidade, em vez de uma história de amor prototípica, sabemos que podemos escolher entre outras opções. Há um certo nível de liberdade para concretizar alguns dos nossos desejos. Por exemplo, investe-se num relacionamento com o número de participantes que quisermos. O poliamor, o nome oficial, é praticado com toda a dedicação possível por aqueles que querem ter um manancial de pessoas com quem lidar, satisfazer e amar. Há quem ainda esteja no extremo oposto, com um parceiro, e que não acredita no sexo, nem o sente. São os novos relacionamentos assexuados que têm ganho adeptos. Espalha-se amor (e sexo se se desejar) por quem queremos espalhar, mas depois falta o relacionamento. O dia-a-dia que se torna aborrecido mas que se reinventa quando os envolvidos trabalham para isso. São níveis de intimidade distintos à medida que se caminha para à frente no relacionamento. Simplesmente assumir que a definição garante o desenvolvimento é errado. Nesta situação de maior vulnerabilidade (i.e. em relacionamento) luta-se contra o hiato de um dualismo que Descartes previu. A lógica racional e a loucura emocional explicam-se e discutem bastante pelo que acham que deveriam ser e aquilo que estão a sentir. Afinal, quem não tem medo de relacionamentos?
15 hoje macau terça-feira 10.5.2016
OPINIÃO
SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA
“L´avocat n´oubliera pas, qu’homme du judiciaire ou du juridique, il incarne un contre-pouvoir dans la société civilisé et libérale à laquelle il appartient. Investi à l´intérieur de cette société, d´un prophétisme propre qui lui a été confie par la tradition et l´histoire, il lui appartient de dénoncer les mauvais fonctionnements de la justice et de la société” Jacques Hamelin et André Damien, Les Règles de la Profession d´Avocat, Dalloz, 1989
O
crime é em si de uma natureza hedionda. A protecção das vítimas é fundamental, mas nada, rigorosamente nada justifica a forma miserável como os direitos humanos foram uma vez mais espezinhados. Estou perfeitamente tranquilo e seguro no que hoje aqui registo porque não conheço o visado, nunca o vi, nem sequer ao longe, e não sou advogado que no exercício da profissão frequente tribunais criminais ou pratique o direito penal. Mas é evidente que como homem, cidadão e também advogado não podia ficar indiferente ao triste espectáculo a que se assistiu na semana finda em Macau. Nada autorizava o que aconteceu, muito menos da forma ostensiva e repetida como aconteceu. Quando uma polícia de investigação apresenta os seus detidos à comunicação social, algemados e de capuz na cabeça já não é bonito. Quando esses mesmos detidos são nessas condições identificados pela sua nacionalidade, fazendo-se a distinção entre “cidadãos do continente”, “filipinos”, “residentes de Macau” ou “não residentes” já era igualmente mau. Mas quando, numa cidade como Macau, com uma comunidade portuguesa minúscula se apresenta um cidadão nessas condições e se diz que é português, de apelido tal, com X anos e com Y filhos menores com indicação das idades respectivas, é sinal que foram definitivamente ultrapassados todos os limites do admissível e se transformaram os direitos humanos na RAEM num verdadeiro saco de boxe. Quando uma polícia ou uma comunicação social permite que assim se actue, sem que fosse imediatamente ouvida na sociedade, uma voz que fosse, uma voz vinda da Faculdade de Direito de Macau, do seio da magistratura ou sequer dos advogados de Macau, está-se a ser objectivamente conivente com uma conduta que nos coloca ao nível dos mais atrasados e subdesenvolvidos países e regiões do mundo, ao lado daqueles que consideram os direitos humanos um campo privilegiado para a prática dos
MARTIN SCORSESE, RAGING BUL
Direitos Humanos : Um saco de boxe sem protecção
“Os direitos humanos não podem continuar a ser tratados em Macau como se fossem um saco de boxe onde são diariamente desferidos golpes, uns a seguir aos outros, sem que alguém diga basta” maiores crimes contra a civilização, contra o Estado de direito e contra as sociedades democráticas. O que na semana finda se deixou que acontecesse, feito pelas autoridades de Macau e por alguma da sua comunicação social, fosse propositadamente para atingir aquele cidadão, fosse para atingir a comunidade portuguesa ou por simples incompetência ou desatenção, é absolutamente intolerável numa sociedade civilizada. Porque ao identificar-se publicamente um detido a quem são imputados crimes de uma violência extrema, eventualmente cometidos sobre menores, dizendo-se sem qualquer pudor o seu apelido, a idade e o número de filhos, sexo destes e respectivas idades, está-se a passar uma sentença de morte cívica a um cidadão que ainda nem sequer foi acusado e cuja detenção ainda não fora validada por um juiz. As consequências, tanto quanto me foi transmitido por terceiros, também foram imediatas, traduzindo-se no despedimento laboral do visado. E como se isso não bastasse expuseram-se as crianças, que em vez de terem sido protegidas, como se impunha que tivesse acontecido, em especial porque se já estavam traumatizadas mais traumatizadas ficarão
quando os colegas, que nisso a escola é terrível, começar a apontá-los a dedo como sendo as vítimas de um celerado, espezinhando-se os seus direitos à reserva e à protecção do Estado de direito. A forma como este tipo de situações tem vindo a ser tratada degrada-se de dia para dia. Alguns dos maus hábitos anteriores a 1999, designadamente, no que concerne à forma como se lidou com o crime organizado no tempo do último, e de má memória, governador português agravaram-se. Aquilo a que hoje assistimos é a um desmoronar com estrondo do edifício jurídico e judiciário que aqui havia sido construído. Recordo neste momento o artigo 10.º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que creio ainda estar em vigor na RAEM, o qual determina que “[t]odos os indivíduos privados da sua liberdade devem ser tratados com humanidade e com respeito da dignidade inerente à pessoa humana”. Podia também mencionar o artigo 17.º (protecção contra intervenções arbitrárias ou ilegais e contra os atentados ilegais à honra e à reputação), 26.° (proibição das diversas formas de discriminação e protecção contra aquelas que existam) ou os artigos 1.º, 7.º ou 11.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de Dezembro de 1948. Muitos mais poderiam ser citados. Aquilo que aconteceu torna-se ainda mais grave porque os crimes em causa são de grande impacto social, criando-se uma situação de alarme que podia e deveria ter sido evitada. Numa região como Macau, numa cidade pequena, cujas fronteiras são altamente vigiadas pelas forças de segurança e de onde é quase impossível um cidadão português sair sem dar nas vistas, teria sido mais do que suficiente e razoável, sabendo-se que se tratava de uma pessoa integrada na comunidade, a trabalhar numa empresa conhecida, ter avisado os postos fronteiriços para a eventualidade de se prevenir a sua
saída e ter convocado o visado para ir prestar declarações, se necessário montando um esquema qualquer de vigilância para prevenir eventuais tentativas de fuga e só se o notificado não comparecesse ir então busca-lo a casa e levá-lo sob custódia policial. Compreendo que esta forma de actuação, não menos eficaz mas seguramente bem menos espectacular, coaduna-se mal com o espectáculo mediático em que as polícias parecem apostadas, o que é feito com a conivência de gente responsável da sociedade civil e o silêncio de quem devia estar na primeira linha da defesa dos direitos humanos em Macau. Como advogado, membro da Ordem dos Advogados (Portugal) e da Associação dos Advogados de Macau, e conhecedor como sou dos estatutos que regem a minha profissão e, em especial, dos meus códigos deontológicos, na linha do republicanismo cívico aristotélico, não podia ficar calado. A minha cidadania e a profissão que abracei para poder lutar contra as injustiças desta vida e poder melhor servir os meus semelhantes não podiam ficar indiferentes ao que se passou. Não sou, não vivo, nem quero viver numa sociedade de símios, a quem a sorte dos outros é jogada à indiferença e ao arbítrio de quem tem a obrigação de proteger os seus cidadãos. Os direitos humanos não são um empecilho à vida, nem à realização da justiça. Os direitos humanos e a sua intransigente defesa, em quaisquer circunstâncias, são algo que se impõe a qualquer ser humano e a qualquer cidadão de mediana consciência. E a sua defesa e protecção são um dever indelével dos advogados e de todos os juristas sem excepção. Os direitos humanos não podem continuar a ser tratados em Macau como se fossem um saco de boxe onde são diariamente desferidos golpes, uns a seguir aos outros, sem que alguém diga basta. Espero que aqueles a quem está cometida a espinhosa tarefa de julgar e de lidar directamente com os crimes em causa tenham consciência do que se está a passar. Seria triste, muito triste, que a decisão que um dia venha a ser tomada seja, ainda que remotamente, influenciada pelo que acontece neste momento. A magistratura da RAEM tem o dever de pôr termo a este espectáculo indecoroso que está recorrentemente a acontecer em matéria de protecção e respeito pela dignidade humana e de qualquer cidadão. E ela é a última garantia de cumprimento da lei e de protecção dos direitos humanos que os cidadãos têm. Instrumentos jurídicos não faltam. Oxalá que o bom senso também não comece a faltar porque nesse dia estaremos todos desgraçados e a caminho de um inevitável e penoso regresso à Idade Média.
“
Mãe, porque deixaste de me vestir / de branco / o sorriso e os inconcisos / daqueles domingos / de missa e tantos santinhos / que eu trazia no bolso / a semana toda?” Carlos Marreiros
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ACORDO PARA COORDENAR AVIAÇÃO NO DELTA
A Autoridade de Aviação Civil de Macau assinou ontem um acordo sobre o reforço da cooperação na gestão do tráfego aéreo na Região do Delta do Rio das Pérolas com as suas congéneres da China continental e de Hong Kong. O acordo, intitulado “Planeamento e Implementação da Gestão do Tráfego Aéreo na Região do Delta do Rio das Pérolas” foi formulado com o objectivo de estabelecer progressivamente uma estrutura racional do espaço aéreo, com instalações que são garantidas como suficientes. A cerimónia, realizada em Hong Kong, reuniu as três partes que concordaram ainda em passar a realizar reuniões regulares e estreitarem os vasos comunicantes para a coordenação do tráfego aéreo na região. Da reunião saiu ainda que uma delegação da Administração da Aviação Civil da China, liderada pelo seu administrador adjunto, Wang Zhiqing, irá visitar Macau entre os dias 12 e 14 de Maio, para um encontro com o Chefe do Executivo.
Exposição com plano
G2E com foco em e-sports e diversificação extra-jogo
A
Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), exposição e conferência de entretenimento da Ásia, vai celebrar o seu 10º Aniversário de 17 a 19 de Maio de 2016 em Macau, no Venetian. Esta edição apresenta um alinhamento renovado de eventos com especial enfoque nas oportunidades de networking e aprendizagem, sendo que o plano quinquenal de Macau, nomeadamente a “promoção da a diversificação económica” e o estabelecimento de uma “Plataforma da Regional Cooperação” vão definir os procedimentos da conferência. Assim, a promoção e desenvolvimento do sector “extra-jogo” é um dos destaques, levando em linha de conta o objectivo do Governo de elevar os 6,6% actuais de receitas dos operadores para além jogo para os 9%. Deste modo, para atender à necessidade do Governo e estar a par do que a organização define como “um ambiente em rápida mudança na Ásia”, a exposição vai incorporar mais elementos “não-jogo” este ano, onde se incluem temas como Resorts Integrados (RI) e retalho. Neste capítulo, as conferências vão tentar esclarecer como o retalho tem vindo a trabalhar a par do jogo e da transformação do novos RI.
JOGO ONLINE
Os e-sports também farão parte do menu numa conferência apre-
sentada por Borislav Borisov, COO da Ultraplay, onde se irão explorar tópicos relacionados com este fenómeno em crescendo e até que ponto as apostas poderão possibilitar retornos assinaláveis para os operadores da região. A Zona iGaming vai mesmo ser ampliada para mais do dobro do espaço, em relação à edição do ano passado, do qual 65% será preenchido por novas empresas. Além disso, a cimeira de jogo on-line, que se realizará no último dia do evento, apresentará ideias para a exploração deste tipo de jogo. Também Aaron Fischer, responsável do Departamento de Pesquisa sobre Consumo e Jogo da CLSA, um grupo de corretagem e investimento, dará uma palestra onde irá debater o panorama do jogo na Ásia. As conferências contarão ainda com a presença do Director da Inspecção de Jogos, Paulo Chan, que fará o discurso de abertura sob o tema “Transformações em Condições Mutantes”. O programa inclui também a primeira edição dos Asian Gaming Awards, um evento destinado a reconhecer operadores, reguladores, fornecedores e prestadores de serviços e as suas contribuições para a indústria. Manuel Nunes
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