Hoje Macau - 10 Anos

Page 1

10 ANOS NÃO É MUITO TEMPO Não foi há dez anos que tudo começou. Não. As coisas não vêm do nada e o Hoje Macau teve um “pai” ilustre chamado Macau Hoje, que muitos ainda recordam. E se o filho não é um clone de seu pai, não deixa por isso de ter ganho algo da sua genética, nomeadamente a irreverência, a combatividade e o desassombro. Meira Burguete e João Severino foram os responsáveis por essa fase, cada um à sua maneira, e a eles não posso deixar de aqui prestar a minha homenagem. Depois, exactamente há dez anos, nascia o Hoje Macau. Era um período complicado da vida política e social da cidade. Ainda não tinha ocorrido a liberalização do Jogo, Pequim ainda não tinha estabelecido que a RAEM seria a ponte da China para os países lusófonos. De algum modo, a presença da comunidade portuguesa ainda não estava garantida como hoje acontece. Muitos tinham partido deixando um vazio que se traduzia em receio do futuro. Felizmente que a nossa comunidade teve em Edmund Ho um líder que sempre nos apoiou, quando era difícil e depois quando tudo se tornou mais fácil. O Hoje Macau nasceu com o determinado propósito de defender os interesses da população da RAEM, independentemente de etnias ou culturas. Fomos o primeiro a definirmo-nos como um jornal local em língua portuguesa e não como um jornal português. Fizemos e fazemos da defesa da língua um dos nossos mais importantes cavalos de batalha. Uma das nossas metas foi sempre o dar a conhecer aos nossos leitores uma parte significativa da sociedade que nos rodeia, no sentido de aproximar comunidades e iluminar, na medida do possível, os factos que vão escrevendo a história desta região administrativa especial. O tempo foi passando, Macau mudou e o

nosso jornal também. Ficou mais maduro, embora esteja ainda longe de atingir a maioridade, muito graças a uma plêiade de jornalistas – dos quais tenho de destacar o João Varela e o Carlos Picassinos, ambos extraordinários directores deste jornal – que por aqui passou e que nas nossas páginas foi inscrevendo o seu talento, a sua criatividade, o seu profissionalismo e amizade por esta terra e o seu povo. Tenho de agradecer a todos sem excepção, mesmo aqueles que por alguma razão que a razão conhece, não se deram bem com os ares desta casa. Mesmo esses foram úteis porque nos ensinaram como não queremos ser. No fundo, o que sobra são as notícias, a nossa independência, o nosso conceito de jornalismo que investe também na opinião, na análise e na crítica. Quem nos conhece melhor – talvez melhor que nós próprios – são os nossos leitores, que hoje já não se encontram só em Macau. É para eles que diariamente fazemos o nosso trabalho, mantendo viva a língua portuguesa nesta parte do mundo. Todos sabem que não somos um órgão de comunicação banal e normal. Gostamos muitas vezes da loucura e da desrazão, mas temos para elas um lugar específico e bem identificado. Gostamos de rir. Gostamos do que é sábio e do que é belo. Entendemos que estes dez anos fazem parte de um processo de aprendizagem interminável e deixamos aqui o convite aos nossos leitores para que nos continuem a acompanhar nesta fantástica viagem. Hoje vira-se uma década. Amanhã cá estaremos, ao vosso lado, para humildemente espelhar o mundo que nos rodeia e não cessa nunca de nos fascinar. CARLOS MORAIS JOSÉ













Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.