Hoje Macau 11 JAN 2016 #3489

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segunda-feira 11 de janeiro de 2016 • ANO Xv • Nº 3489

Agência Comercial Pico • 28721006

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Director carlos morais josé

hojemacau assembleia

caso alan ho

Lisboa, menina e moca ´

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primeiros testemunhos

Na primeira sessão do julgamento do sobrinho de Stanley Ho, uma antiga prostituta revelou como funcionava o esquema no Hotel Lisboa.

Unidade sindical

Ella Lei, Lam Heong Sang e Kwan Tsui Hang apresentaram na Assembleia Legislativa um projecto de Lei Sindical. Depois de seis chumbos, quando apresentado por Pereira Coutinho, o projecto vai de novo a votos. Página 5

opinião Fraude académica david chan

página 7

Deficientes no trabalho

Capazes e trabalhadores grande plano

direitos dos animais e violência doméstica

Leis para aprovação até Fevereiro Página 4

A grande mensagem Noite ditosa

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hoje macau

Guo xi

h

amélia vieira


grande plano

Deficientes no trabalho

“Capazes, inteligentes e trabalhadores.” É assim que empregadores de portadores de deficiência definem os seus trabalhadores. Mas, entre casos de sucesso, há opiniões que apontam que a sociedade precisa apenas de mão de obra mais barata

T

er trabalho é um direito e faz parte da vida de todas as pessoas. Todas, ou quase, já que para os portadores de deficiência, a coisa pode não ser tão fácil. Em Macau não é fácil ver trabalhadores deficientes nos diversos negócios do território. Mas eles existem e a sua capacidade de trabalho abrange diferentes áreas. O HM foi à descoberta e tentou perceber como é a vida de alguns deles. Oi Lin foi a primeira portadora de deficiência mental ligeira que falou ao HM, quando visitámos a oficina da empresa de doces Cherikoff, na zona do Iao Hon. Ainda que não de forma clara, Oi Lin consegue dizer-nos que tem 43 anos e que começou a trabalhar na oficina desde 2008. “Gosto de trabalhar aqui”, responde. Todos os dias, Oi Ling faz a limpeza, coloca etiquetas nas caixas de produtos, coloca os doces nas estantes. Num trabalho igual ao dos outros trabalhadores, trabalha a tempo inteiro e tem um dia de descanso ao sábado. Nos primeiros dias de trabalho, o assistente social que acompanha Oi Lin precisou de ficar com ela no trabalho, sendo que a jovem trabalhava apenas metade do dia para se habituar às mudanças na sua vida. Peggy Man, gerente administrativa da empresa, admite que, meio ano depois de ter começado a trabalhar, Oi Lin conseguia já lidar com o que tinha de fazer. Agora trabalha independentemente. “Oi Lin consegue também atender as chamadas de clientes e sabe bem as horas de chegada dos clientes [regulares], dividindo os produtos necessários e colocando-os em diferentes sacos para lhes dar”, indicou ao HM, acrescentando que a ajuda é mútua. “Existe uma grande vantagem em recrutar deficientes: é que eles não são preguiçosos. O que dizemos que tem de ser feito, eles fazem e o processo é feito como se fossem um sistema

fotos Hoje Macau

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de computador”, diz, referindo-se ao facto de fazerem tudo como lhes foi indicado. Ainda que, por vezes, Oi Lin se tenha atrasado na chegada ao trabalho, Peggy Man refere que não tem de se incomodar em mandar Oi Lin trabalhar: pelo contrário, às vezes é ela quem diz aos colegas novos para se apressarem nas tarefas. Contudo, Peggy Man explica que o salário de Oi Lin é um terço menor do que o dos outros funcionários, devido às limitações da funcionária. Fong I é outra portadora de deficiência mental ligeira que tem 40 anos. Trabalha no armazém da empresa de cafés Seng Pan há mais de um ano. Estudou até ao segundo ano da escola primária, através do ensino especial. AAssociação de Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais conta-nos que Fong I já trabalhou em vários locais anteriormente, mas não gostou de nada, tendo desistido logo no início. “Trabalhou como funcionária de limpeza numa cantina da escola e foi empregada num snack-bar, mas disse que não gostou e achava o trabalho muito cansativo, pelo que desistiu logo depois”, afirmou Lai Iok Kuan, assistente social que tem acompanhado o caso de Fong I. Na fábrica de cafés, Fong I sente-se bem. Consegue trabalhar de forma estável e os pais, a associação e a empresa testemunham isso. Gary Chio é chefe da jovem, que é a primeira funcionária que a empresa recrutou. No meio ano inicial, Fong I trabalhava apenas quatro horas por dia. Mas foi quando começou a trabalhar a tempo inteiro que o seu esforço se notou mais. “Ela sabe fazer muitas coisas, sabe escrever à máquina a data dos pacotes de cafés, sabe fazer a contagem dos sacos, bem como colocar os pacotes nas caixas. Ela é muito inteligente e tem paciência”, conta-nos. Fong I também sabe fazer café, sendo esta, aliás, uma das

Capazes e trabalhadores, asseguram patrões

“Uma vantagem em recrutar deficientes é que não são preguiçosos” “É importante não os menosprezar. Quando compreendemos a situação deles, eles esforçam-se muito. Nós não devíamos queixar-nos de nada” Peggy Man gerente administrativa da empresa de doces Cherikoff exigências a todos os funcionários da empresa. A conversar directamente com Fong I, conseguimos perceber que a sua expressão oral é boa e que a jovem consegue explicar bem o que faz. “Aprendi a fazer tudo aqui. Aprendi a colocar os cafés e os chás nos pacotes, não é difícil. No início

não sabia escrever à máquina, mas um colega ensinou-me e agora sou eu sempre a fazer isso”.

De mãos dadas

Segundo dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de 2014 ao ano passado, 65 portadores de deficiência conseguiram trabalhos através do organismo. A maioria trabalha na limpeza de hotéis e restaurantes, em obras de construção, são cozinheiros ou assistentes administrativos. Trabalhadores de segurança, entre outros. Para Sandra Liu, directora executiva da Associação de Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais, em muitos casos, os factores de sucesso não são apenas a aceitação do deficiente como trabalhador, mas também o convívio e as relações entre colegas. Se esse for feito num bom ambiente, os deficientes conseguem trabalhar bem. Exemplos disso podem ser as duas jovens com quem falámos acima. Os pais de Oi Lin começaram

a ter dificuldades de deslocação no ano passado, levando a que os colegas lhe dêem ainda mais atenção: ajudam-na a fazer compras e a guardar dinheiro, por exemplo. Oi Lin não foi a única portadora de deficiência que a Cherikoff já teve a trabalhar consigo: já foram recrutados cegos, surdos, portadores de poliomielite. A empresa tem cooperado com as associações de serviços sociais para providenciar estágios a quatro portadores de deficiência por ano, com duração de três a seis meses. Mas Peggy Man acha que a situação de Oi Lin é muito melhor do que a dos outros portadores de deficiência e crê que isso tem a ver com a ajuda dos colegas. “É importante não os menosprezar. Quando compreendemos a situação deles, eles esforçam-se muito. Nós não devíamos queixar-nos de nada.” No início, Peggy Man recusou contratar este tipo de pessoas, mas o dono da empresa onde Peggy desempenha a função de chefia


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“Sociedade não aceita bem os portadores de deficiência” Hetzer Siu diz que aceitação reside na necessidade de mão-de-obra

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o mesmo edifício onde fica a fábrica de cafés onde trabalha Fong I, na Areia Preta, encontrámos Ka Cheong. Mais novo, com apenas 20 anos, o jovem é deficiente mental de nível moderado. É tímido e pouco falador e trabalha na Companhia de Fornecimento de Equipamentos de Restauração Chon Wa desde Julho do Fong I portadores de deficiência ano passado. ajudados pela Associação Ka Cheong acabou o terceiMacau Special Olympics ro ano do ensino a encontrar trabalho especial da Escola Luso-Chinesa Técnico-profissional e conseguiu este trabalho, depois da empresa se inscrever na DSAL para recrutar um portador de deficiência. “Quando abrimos a empresa, falei com o meu marido para recrutar um portador de deficiência, porque temos capacidade para isso. Assim tentámos recrutar o primeiro funcionário com deficiência e chegou-nos Ka Cheong. Ele é muito obediente”, contou Wu Kam Fong, dona da empresa, acrescentando que Ka Cheong é “muito pontual”. Sem grande carga de trabalho, Ka Cheong recebe empresas cooperam 7300 patacas por mês, o que, diz-nos com a Associação Wu Kam Fong, “não faz grande diferença” para com o outros funcionários. Já Hok Chai, também defiOi Lin ciente mental de nível moderado, tem 28 anos e começou a trabalhar no escritório da Companhia de Algo que fez o patronato perceber que Electricidade de Macau (CEM) “é preciso contar com as característiem 2012. cas [especiais da empregada], a sua Formou-se na Escola da Concapacidade e os seus conhecimentos córdia para o Ensino Especial antes de começar a trabalhar”. e participou no plano da CEM Quando a visitámos no local de com a Associação Macau Special trabalho, ela sorriu timidamente. Olympics, que todos os anos leva Agora, Fong I não precisa de recedez portadores de deficiência a ser ber subsídios do Governo. Os pais estagiários. estão felizes com ela e Gary Chio Wendy Vong, gerente do Deacha mesmo provável ela ser eleita partamento de Administração da a melhor funcionária do ano. “Ela CEM explicou que o funcionário ajuda-nos muito, em vez de sermos trata de papeladas, de inserção de nós a ajudá-la ela”, admite. dados no computador e de arquivamento. A avaliação é positiva. Flora Fong flora.fong@hojemacau.com.mo “Consegue concluir os trabalhos sem problema”, diz-nos a sua superior, acrescentando que uma das únicas limitações de Hok Chai

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convenceu-a a fazê-lo. Agora, a mulher agradece ter tido oportunidade de os conhecer. “Apreciamos o que o dono [da empresa], Bobby Leng, nos disse. Não podemos ajudar todos, mas ajudamos um e depois outro, é melhor do que fazer donativos para estas pessoas. Eles conseguem ganhar dinheiro dependendo de trabalho físico, o que é bom para eles também.” A entreajuda pode ser realmente uma das peças-chave para a estabilidade. A assistente social que acompanha o caso de Fong I segreda-nos que, no início, os colegas descobriam a portadora de deficiência a chorar escondida no trabalho, apenas porque não sabia exprimir-se como queria.

é o tempo. “Não podemos dar-lhe muito trabalho ao mesmo tempo.” Para uma melhor coordenação entre os funcionários na empresa tão grande que é a CEM, Wendy Vong explica que são emitidos avisos para encorajar a ajuda aos portadores de deficiência. Além disso, cada portador é acompanhado por um instrutor, a fim de se integrar melhor no ambiente de trabalho. Algo que, como nos diz Hok Chai com algum esforço, ajuda. “No início, preocupava-me em não saber fazer nada e em cometer erros. Fazia perguntas ao meu instrutor quando não sabia algo.” Entre todos os trabalhos, Hok Chai diz-nos que o que gosta mais de fazer é recolher as impressões digitais dos novos funcionários e tirar fotografias para fazer cartões de trabalhadores. A Sociedade de Ngai Chun é uma empresa social de limpeza operada pela Associação Macau Special Olympics desde 2002. Aqui encontrámos Ao Ieong I. Com 26 anos, formou-se na Escola Luso-Chinesa Técnico-profissional e trabalha na sociedade há mais de um ano, depois de ter sido empregada de limpeza do Hotel Venetian. Falando fluentemente, Ao Ieong I conta-nos que, nesta empresa, o trabalho é mais cansativo, mas também mais apreciado pela jovem. Começou, como outros 23 trabalhadores portadores de deficiência na sociedade, por fazer limpeza de carros, de prédios e de lares de idosos. Mas agoraAo Ieong I foi promovida e trabalha mais no escritório: escreve no computador e entrega documentos. Toma notas nas reuniões com os chefes. Na última avaliação que lhe foi feita, Ao Ieong I foi classificada como estando um nível acima de deficiência mental ligeira, avaliação que não lhe permite receber o subsídio de deficiência do Governo.

O outro lado da moeda

Desde há 20 anos que a Associação Macau Special Olympics já ajudou cerca de 200 portadores de deficiência a encontrar trabalho. Destes, 11% sofrem de deficiência mental e estão espalhados por 65 empresas que cooperam com a Associação. Hetzer Siu, director-executivo, afirmou que o caso de Ao Ieong I é um exemplo de promoção de trabalho. A aprendizagem

é algo visto como necessário pelo responsável, que diz que mudar os hábitos dos deficientes – acostumados a ter férias longas e a não trabalharem mais de dez dias – é algo que tem de ser feito. Até para que, “passo a passo”, se habituem ao ambiente de trabalho, que é diferente do da formação. Mas há casos em que nem sempre a vida é feita de sorrisos. Hetzer Siu acha muito importante alterar o modelo tradicional dos serviços sociais para os portadores de deficiência, que é, actualmente, ensinar e dar apoio financeiro. Através das empresas sociais, diz, estes conseguem depender da sua própria capacidade e forças para ganharem dinheiro. O responsável diz que não é difícil os portadores de deficiência encontrarem trabalho. No entanto, diz, quando estão a trabalhar com pessoas ditas normais, sentem pressão por acharem que não conseguem fazer o que os outros conseguem. Além disso, o director-executivo acha que não é verdade que a sociedade “aceita bem estas pessoas”. Aceita-os, diz, apenas com base na necessidade de mão-de-obra. E mão-de-obra mais barata, diz. “Não vejo que a sociedade esteja a aceitar bem os portadores de deficiência. Muitos empregadores querem recrutá-los porque precisam de mão-de-obra e podem pagar menos, bem como conseguem pedir ao Governo trabalhadores não residentes (TNR) mais facilmente”, confessa. Segundo Hetzer Siu, actualmente o Governo tem apenas quatro portadores de deficiência a trabalhar. Como não existe uma carreira especial ou uma forma de inscrição especial para encorajar a empregabilidade destas pessoas, “é muito difícil trabalhar” na Função Pública. “Podemos ver que nem o Governo está muito activo na contratação de deficientes. Como é que as empresas privadas vão fazê-lo?”, remata. F.F.


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AL Leis dos animais e violência doméstica até Fevereiro

É para avançar

As propostas de lei sobre a protecção dos animais e de prevenção da violência doméstica vão ser entregues para aprovação até Fevereiro, diz o Governo. Enquanto a primeira proposta poderá ter sido feita “um bocado a correr”, a da violência doméstica prima pelo contrário: lentidão Tiago alcântara

A

s propostas de lei relativamente à protecção dos animais e à violência doméstica vão ser entregues à Assembleia Legislativa (AL) “no fim deste mês ou no próximo mês”. A garantia é dada pelo Governo que, num comunicado à imprensa, apresenta o ponto de situação dos trabalhos legislativos de leis que têm sido constantemente adiadas. O Executivo não traça qualquer detalhe sobre as leis, referindo apenas que, no caso da Lei de Protecção dos Animais - aprovada na generalidade em Outubro de 2014 - a 1.ª Comissão Permanente, presidida pela deputada Kwan Tsui Hang, teve 17 reuniões com os representantes do Governo. A última aconteceu no final de Julho do ano passado e nada mais se soube do diploma. “Os representantes do Governo tiveram dois encontros com a assessoria da AL para abordar as questões técnicas da proposta, apresentando três versões de alteração, [estando] terminada neste momento já a análise da mesma”, indicou a Administração. Para Albano Martins, presidente da Sociedade de Protecção dos Animais - ANIMA, “tudo foi feito um bocado a correr”, pelo que o responsável não espera grandes mudanças na apresentação da nova proposta de lei. “Não tenho esperança nisso. Espero é que eles possam contemplar algumas sugestões que nós tínhamos mandado à AL e que agora vamos mandar ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, referiu ao HM.

“Os representantes do Governo tiveram dois encontros com a assessoria da AL para abordar as questões técnicas da proposta, [sobre a Lei de Protecção dos Animais] apresentando três versões de alteração, [estando] terminada neste momento já a análise da mesma”

Relativamente à Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica, aprovada na generalidade há um ano e responsabilidade da mesma Comissão, foram consultadas “várias instituições e associações”, tendo decorrido quatro reuniões entre deputados e Governo. Depois de oito encontros com a assessoria da AL, o Governo assegura que já elaborou uma versão preliminar com o consenso que conseguiu alcançar. Não diz, contudo, se isso significa que a violência doméstica vai ser crime público. “A última versão de trabalho já foi entregue à assessoria da AL nos meados do mês passado, terminada neste momento já a sua análise”, referem. A ideia vem concordar com a notícia avançado pelo Jornal Ou Mun da conclusão dos trabalhos legislativos, que começaram em Outubro de 2007, através de um “estudo sobre produção legislativa relativa à violência doméstica”, pelo Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, na altura Chui Sai On, actual Chefe do Executivo. Nesse mesmo ano foi criado um grupo de trabalho com o Instituto Acção Social (IAS) para recolha de opiniões e sugestões, colaborando este com a Comissão Consultiva para os Assuntos das Mulheres. Em 2008 nasce o primeiro anteprojecto da proposta de lei mas só dois anos depois são entregues ao IAS os pareceres das instituições envolvidas. São seis anos de reuniões, recolha de opiniões e pareceres que parecem ter chegado ao fim. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Lionel Leong diz que é urgente aperfeiçoar as leis

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A passo de caracol

Comunicado do Governo

O Caminho da perfeição ionel Leong diz que é tempo de se rever as leis relativas ao Jogo, especialmente no que aos junket diz respeito. Num encontro onde fez questão de dizer que a indústria tem de ter cada vez mais características locais, o Secretário para a Economia e Finanças frisa a necessidade urgente de se reverem as leis relacionadas com a indústria, devido “às novas situações provocadas pelas mudanças na economia local”. Lionel Leong reuniu-se na semana passada com representantes

Recorde-se que algumas mudanças ao longo do processo de análise – como a diminuição de três para um ano de prisão em algumas sanções – levou a muita controvérsia.

da Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau, onde o responsável falou das necessidades de aperfeiçoamento pelas quais a legislação tem de passar. “Torna-se ainda mais premente o aperfeiçoamento dos regimes jurídicos relacionados com a indústria [ do Jogo], o reforço da sua gestão e a realização de uma monitorização da exploração das respectivas actividades de acordo com a lei, no intuito de promover o seu desenvolvimento ordenado e

saudável”, começou por defender o Secretário. Lionel Leong considera ainda que um “desenvolvimento saudável do sector de promotores de jogo”, ou junkets que lideram as salas VIP, poderá ajudar a impulsionar o avanço da indústria. Algo com que também Paulo Chan, ao leme da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ),

concorda. Chan considera que o aperfeiçoamento das leis e regulamentos legais é um dos “primeiros trabalhos que se devem fazer agora” e, ainda que se deva “reconhecer o papel que os promotores de jogo têm assumido em Macau”, estes precisam de elevar a sua imagem, diz o responsável.

Fora de jogo

Lionel Leong quer “colaborar” com os operadores do sector para criar um conjunto de regimes legais que, “além de poder proteger os consumidores e a exploração” do jogo, consiga contribuir “para a sustentabilidade do desenvolvimento da economia em geral”.

O Secretário para a Economia voltou a frisar o “esforço” de se explorarem os elementos não associados ao jogo, até porque, diz, desta forma, Macau poderá tornar-se mais competitivo. “[Temos de] reforçar o desenvolvimento mútuo entre a indústria do jogo e os sectores além do jogo, procurando, através do aumento dos factores não jogo, fomentar o desenvolvimento saudável da indústria do jogo e elevar a sua competitividade a nível internacional”, frisou, citado em comunicado. Leong acrescentou ainda que o objectivo do Governo é “criar uma indústria de jogo repleta de características singulares locais”. J.F.


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Pela primeira vez, outros deputados que não Pereira Coutinho tomaram a iniciativa de apresentar um projecto para legislar o direito ao sindicato. Ella Lei, Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sam tentam fazer passar um diploma “não discriminatório” que já foi chumbado mais de seis vezes

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Assembleia Legislativa (AL) vai votar novamente um projecto de Lei Sindical, este entregue pelos deputados Ella Lei, Lam Heong Sang e Kwan Tsui Hang. O projecto foi admitido pelo hemiciclo, aguardando-se agora a marcação para a votação, naquela que poderá ser a primeira vez que um diploma do género é aprovado. Chumbado seis vezes anteriormente – todas elas quando foi apresentado pelo deputado José Pereira Coutinho -, o projecto de Lei Sindical tem vindo a ser pedido por diversas entidades, nomeadamente por deputados do sector laboral. Contudo, até agora, foi apenas Pereira Coutinho quem deu um passo no sentido de apresentar um rascunho do diploma.

Projecto de Lei Sindical admitido na AL

Será que é desta?

Ella Lei

Depois disso, foi a vez do Governo vir a terreiro assegurar que iria apresentar a Lei Sindical, mas os três deputados não quiseram esperar e acabaram por sugerir a implementação de uma lei que, referem, vem apenas colmatar uma lacuna. “Esta iniciativa legislativa tem por objectivo concretizar o disposto na Lei Básica”, começam por dizer. “Vem dar cumprimento ao que é exigido pela Convenção

Lam Heong Sang

da Organização Internacional de Trabalho e colmatar o vazio legislativo nesta matéria, criando-se a respectiva regulamentação no ordenamento jurídico da RAEM.” Apesar da Lei Básica defender que os trabalhadores da RAEM têm o direito a associar-se sindicalmente e fazer greve, a verdade é que nunca isto foi posto em prática devido à falta de uma lei. Ainda que Macau tenha assinado a Convenção da OIT – que expressa cla-

Kwan Tsui Hang

ramente que as regiões membros têm de assegurar estas condições -, não existe, neste sentido, qualquer protecção para os trabalhadores.

Esforços comuns

Na análise feita ao documento entregue pelos deputados pode ver-se que se inclui no projecto de lei o princípio da não discriminação – podendo isto dizer que os trabalhadores não residentes estão incluídos –, sendo que “todo

“Esta iniciativa legislativa tem por objectivo concretizar o disposto na Lei Básica. (...) Vem dar cumprimento ao que é exigido pela Convenção da Organização Internacional de Trabalho e colmatar o vazio legislativo nesta matéria”

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Ng e Au entram em acção

Proposta da ala democrata para alteração ao CP aceite para votação

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Os deputados da ala pró-democrata apresentaram o projecto de lei o ano passado, por considerarem que a Direcção dos Serviços de Reforma Jurídica de do Direito Internacional (DSJRDI), entidade responsável pela coordenação da revisão da lei penal, “não avançou” com qualquer proposta. Os dois deputados criticam ainda o Governo por “ter perdido muito tempo” para legislar e punir o atentado ao pudor, acusando o Executivo de “ter prometido avançar com auscultações

o trabalhador tem o direito de se organizar ou inscrever” num sindicato a partir dos 16 anos, bem como dele sair se assim o pretender. É ainda sugerida a implementação de critérios específicos para a constituição de associações sindicais – não podendo estas ser políticas ou inteiramente financiadas pelos patrões – e a definição da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) como a entidade competente no registo e fiscalização destas associações. É também à DSAL que compete a aplicação de sanções. O projecto de lei de Ella Lei, Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sang não deixa as punições de lado, propondo multas que vão das cinco mil às 250 mil patacas para diversos casos, que vão desde impedir um trabalhador de se filiar num sindicato a não permitir que haja o exercício da liberdade sindical no local de trabalho. Depois do sexto chumbo da Lei Sindical na AL, o Governo veio dizer que “está aberto” à legislação, mas nunca apresentou qualquer calendário para tal, tendo mesmo o ano passado justificado ao HM que “uma vez que este projecto de lei engloba uma considerável complexidade e abrange aspectos muito amplos, deve existir um amplo consenso da sociedade que possibilite desencadear de forma ordenada o processo legislativo”. O Executivo dizia que iria “continuar a estar atento às opiniões dos diversos sectores da sociedade” e, em 2015, os deputados pediram na AL que fosse o Executivo a apresentar a lei. Mas há mais de uma década que o projecto vem sendo chumbado. Esta é a primeira vez que é apresentado por outros deputados que não Pereira Coutinho ou Jorge Fão, ex-membro do hemiciclo que sugeriu a lei em 2005. Ainda não há data marcada para que o projecto suba a plenário. Joana Freitas

Comunicado de Ella Lei, Lam Heong Sang e Kwan Tsui Hang

hemiciclo liderado por Ho Iat Seng aceitou levar a análise dos deputados as propostas de alteração ao Código Penal apresentadas por Ng Kuok Cheong e Au Kam San. De acordo com o site oficial da Assembleia Legislativa (AL), o projecto de lei dos deputados foi admitido, ainda que o Governo esteja já a apresentar iniciativa de alterar o mesmo Código no mesmo capítulo, referente aos crimes sexuais.

política

públicas” em 2015 – depois de insistência dos deputados – e, até agora, “não ter concretizado nada”. Ng Kuok Cheong e Au Kam San pedem a punição de até dois anos para quem praticar actos de atentado ao pudor – onde se incluem apalpões e beijos – com a pena a agravar-se no caso de vítimas menores, sugerem classificar o assédio sexual como crime semi-público e o agravamento da penalização até ao máximo de dois anos. Na nota que acompanha o projecto de lei, os dois deputados

defendem que a dependência da acusação particular da vítima nos casos de assédio sexual enfraquece a sua protecção. Os dois democratas sugerem ainda e defendem ainda circunstâncias agravantes, como casos em que o acusado e a vítima tenham laços familiares. O Governo está já a iniciar os trabalhos de revisão do CP, tendo apresentado recentemente as sugestões que tem. Contudo, ainda não começou a consulta pública prometida pelo Executivo. O projecto de lei de Au Kam San e Ng Kuok Cheong foi entregue ao hemiciclo em Junho do ano passado. J.F.


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Leong Veng Chai quer mais fiscalização à transformação alimentar

Vítor Sereno continua em macau

Diz-me o que comemos

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deputado Leong Veng Chai alega que há “vários estabelecimentos” de transformação de géneros alimentícios com “condições higiénicas terríveis” e que por isso é preciso apertar o cerco a este tipo de negócios. O deputado quer mais fiscalização. Segundo as definições contidas no documento da legislação sobre Segurança Alimentar – pasta sob tutela do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais –, entende-se por género alimentício “qualquer substância, tratada ou não, destinada à alimentação humana, incluindo as bebidas e os produtos do tipo das pastilhas elásticas, bem como todos os ingredientes utilizados na

à supervisão da sua segurança”, defende. No entanto, o deputado não se fica por aqui. O também ex-funcionário público considera que a legislação não define, exactamente, aquilo que são estabelecimento deste género, pedindo, por isso, esclarecimentos. “Afinal, como é que o Governo define os estabelecimentos de transformação de géneros alimentícios e quantos existem?”, perguntou.

Hoje Macau

Mais fiscalização aos locais onde se transformam alimentos é o que pede o número dois de Pereira Coutinho no hemiciclo, considerando mesmo que a emissão de licenças tem de ser cautelosa

Mau ambiente

produção, preparação e tratamento de géneros alimentícios”. Numa interpelação escrita enviada ao Governo, o número dois de José Pereira Coutinho no hemiciclo pede ao Governo que melhor fiscalize este tipo de estabelecimen-

tos, questionando-se ainda sobre que critérios são avaliados para a emissão de licenças. “O local dos estabelecimentos de transformação de géneros alimentícios é um aspecto vital, pelo que é necessário proceder-se

“O local dos estabelecimentos de transformação de géneros alimentícios é um aspecto vital, pelo que é necessário proceder-se à supervisão da sua segurança”

No documento, Leong Veng Chai quer também que estes locais não estejam tão “junto das residências da população”, argumentando que “vários destes estabelecimentos” se encontram “nos bairros comunitários”. Consequência disso, afirma, são o mau cheiro e a poluição das águas que por aquelas zonas passam. No decurso disso mesmo, Leong Veng Chai pergunta ao Executivo se foram ponderadas estas consequências durante a abertura dos espaços. “Chegou-se a ponderar também os problemas ambientais devido à localização desses estabelecimentos nos bairros comunitários, como, por exemplo, águas poluídas, mau cheiro e segurança contra incêndios, no decurso do processo da transformação?”, questionou o deputado, que quer ainda saber quais os critérios para a emissão de licenças a estes estabelecimentos. Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo

Conselheiros encontram-se com Cônsul

Criado mecanismo de comunicação entre IH e UGAMM

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O

s Conselheiros das Comunidades Portuguesas José Pereira Coutinho e Rita Santos, acompanhados pelos suplentes Gilberto Camacho e Lídia Lourenço, reuniram-se na passada sexta-feira com Vítor Sereno, Cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O encontro serviu para abordar algumas questões relacionadas com a distribuição de tarefas dos conselheiros e estabelecimento de um canal de comunicação entre o Consulado e o gabinete dos mesmos. Os conselheiros aproveitaram para fazer um relato do trabalho que têm feito, tal como a criação de uma secção

de apoio aos jovens portugueses para integração no mercado de trabalho e desenvolvimento dos seus negócios em cooperação entre a China e Portugal. “Entre outras questões, foi abordado o problema da falta de pessoal no Consulado Geral de Portugal, bem como o nível dos salários pagos aos funcionários considerado baixo quando comparado com os salários do pessoal do sector privado em Macau”, indica o Gabinete dos Conselheiros, em comunicado. Por fim, foi ainda decidido que todos os meses vai realizar-se uma reunião entre as duas partes para troca de impressões.

Governo anunciou a criação de um mecanismo de comunicação entre a União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) e os vários departamentos públicos, tais como o Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água e o Instituto de Habitação (IH), organismo coordenador do novo sistema. O objectivo é facilitar a troca de informações entre as partes a “fim de evitar eventual vazio no serviço da administração dos edifícios”. O actual presidente do IH, Arnaldo Santos, reuniu-se com a UGAMM,

na passada quinta-feira, para reforçar os laços de cooperação com os moradores, numa altura em que o salário mínimo para os funcionários da limpeza e segurança entregou em vigor e tem vindo a gerar críticas, devido ao aumento das despesas do condomínio. “Caso a proposta de orçamento não seja aprovada, os proprietários devem pensar em efectuar uma nova deliberação após alteração da proposta de orçamento, ou em realizar um concurso com vista a contratar uma nova empresa de administração, ou efectuarem a administração por eles próprios, ou organizarem uma administração provisória, conforme as suas necessidades”, indicou o IH.

O Secretário de Estado das Comunidades do Governo de Portugal confirma que Vítor Sereno vai continuar a desempenhar as funções de Cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Ao jornal Ponto Final, José Luís Carneiro desmentiu a informação ontem avançada pelo Correio da Manhã, que dava conta do regresso de Vítor Sereno a Portugal por decisão do Governo português. Vítor Sereno confirmou também ao jornal que não vai deixar o território, onde chegou em 2013 para substituir Manuel Cansado de Carvalho.

Zona Norte pede revisão a regulamento de produtos perigosos

O Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Zonas Norte quer que o Governo avance com uma revisão ao Regime Geral da Segurança dos Produtos. Na passada quinta-feira, o Conselho reuniu com os representantes de Bombeiros e da Polícia de Segurança Pública (PSP) para discutir sobre este regulamento. Depois do encontro, os membros do Conselho indicaram que de acordo com o acidente que envolveu produtos perigosos em Tianjin, na China, o Governo deve dar mais atenção à gestão deste tipo de produtos em Macau. “Embora Macau tenha um regulamento em vigor para produtos perigosos, nem todos os tipos de produtos estão contemplados”, apontam, dando como exemplo os químicos. É preciso, concordaram os representantes, rever a lei o quanto antes, para clarificar a responsabilidade dos departamentos, a carga dos produtos, entre outras coisas. Os representantes apelam também à revisão dos Regulamentos de Segurança Contra Incêndios para que se possa conservar e utilizar de forma rigorosa os produtos e, por exemplo, baterias usadas. A nova revisão, defendem, deve ainda permitir que sejam os bombeiros a resolver os problemas de conservação dos produtos, para que se garanta que não haja perigo para os residentes.


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ssociação criminosa e exploração de prostituição. São estes os crimes pelos quais vai acusado Alan Ho, sobrinho do magnata Stanley Ho e ex-director executivo do Hotel Lisboa, juntamente com mais cinco arguidos. A primeira sessão do julgamento começou na passada sexta-feira no Tribunal Judicial de Base (TJB), mas o silêncio imperou na audiência: Alan Ho não falou e apenas dois arguidos aceitaram fazê-lo. Qiao Yan Yan, quarta arguida, acabou por revelar novos dados sobre o funcionamento dos quinto e sexto andares do Hotel Lisboa, onde 120 quartos estavam destinados às prostitutas (conhecidas como YSL – Young Single Ladies) e aos seus clientes. Nesses dois andares funcionava um balcão de check-in “especial”, sendo que seria o próprio Alan Ho quem estava encarregue de decidir quais as meninas que tinham acesso aos quartos. Os arguidos Kelly Wang, vice-gerente do hotel, e Peter Lun, gerente opcional, também tinham essa tarefa. Este balcão serviria para tirar fotocópias dos documentos de identificação das prostitutas, tarefa que chegou a caber a Qiao Yan Yan na semana em que esteve no Hotel Lisboa antes de ser presa. Vinda do norte da China, casada e com 33 anos, Qiao Yan Yan admitiu que também foi prostituta, não só no Hotel Lisboa como em outros hotéis de Macau. “Antes também era uma das raparigas, por isso posso ter a certeza que sim [que o balcão de check-in especial se destinava a elas]”, afirmou.

Julgamento Alan Ho e outros dois “escolhiam” prostitutas para os quartos

Um check-in especial

Na primeira sessão de julgamento do sobrinho de Stanley Ho, a arguida Qiao Yan Yan, antiga prostituta, disse em tribunal que Alan Ho, Peter Lun e Kelly Wang eram os responsáveis por escolher as raparigas que entravam para os quartos do quinto e sexto andar do Hotel Lisboa

Caso L’Arc não afecta SJM, garante Ambrose So

O director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Ambrose So, afirmou que o caso de desvio de quase cem milhões de patacas de uma sla VIP do Casino L’Arc não vai influenciar a operadora de Jogo. Ainda assim, o responsável fala da necessidade de reforçar a supervisão de promotores do sector. Segundo o Jornal Ou Mun, Ambrose So foi questionado, na semana passada, sobre se considera se as instruções do Governo para os promotores de Jogo está a funcionar devidamente. O responsável diz que o caso está relacionado com a questão de supervisão e autorização de direitos aos promotores de Jogo a operar nas salas VIP. Quanto à remuneração de funcionários, apesar da SJM ter prometido atribuir um “subsídio de vida anual”, com valor igual ao salário de dois meses, a todos os funcionários, esta não é, diz, altura de aumentar os salários.

Com multa

Perante o juiz Rui Ribeiro, Qiao Yan Yan apresentou um discurso com algumas incoerências. Primeiro disse ter iniciado funções no balcão do Hotel Lisboa como assistente de Kelly Wang para “aprender” a tratar das burocracias hoteleiras, mas mais tarde acabou por admitir que tinha como tarefa garantir que as prostitutas cumpriam as regras de funcionamento do hotel. Essas regras determinavam que as meninas não podiam reunir-se em grupo, deveriam circular pelos corredores e não podiam procurar clientes, mas sim o contrário. “Tinha sempre um segurança por perto e explicava às meninas o que elas tinham de fazer”, admitiu Qiao Yan Yan, que acabou por revelar que chegou a proibir mulheres de atender clientes nos quartos do Hotel Lisboa por um período de três meses. “Tomei a decisão de cancelar os quartos às meninas e depois informei os meus superiores”, referiu. Também aqui Alan Ho, Peter Lun e Kelly Wang teriam a última palavra a dizer. O juiz não pôde dei-

sociedade

Detectado turista com dengue

xar de apontar o dedo aos diferentes factos apresentados pela arguida. “No início teve uma posição muito angelical, mas depois já sabia aplicar penas de três meses. Uma pessoa que está a aplicar penas sabe um pouco mais do que aquilo que nos explicou”, disse Rui Ribeiro.

“Fui empregada do hotel e se as condutas delas infringiam as regras do hotel eu tinha de intervir. Às vezes ficavam de pé a perturbar outros clientes”, admitiu a ex-prostituta. Bruce Mak, ex-chefe de segurança e também arguido, prestou declarações antes de Qiao Yan Yan e confirmou a existência do balcão

de check-in “especial”, mas disse que sempre achou que as movimentações nos quinto e sexto andares eram legais e do conhecimento público. “Para mim não havia problema nenhum, sempre achei que era uma coisa legal”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Neto Valente queria julgamento à porta fechada

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egundo a Rádio Macau, o advogado de defesa de Alan Ho, Jorge Neto Valente, pediu em tribunal para a sessão do julgamento ser à porta fechada, por forma a proteger a identidade das 96 prostitutas que ainda vão depor como testemunhas, mas Rui Ribeiro recusou. Neto Valente disse ainda na sessão da manhã que o seu cliente nunca esteve envolvido em qualquer associação criminosa para explorar

serviços de prostituição, tendo referido que Alan Ho apenas celebrou contratos de alojamento com mulheres que se dedicavam à prostituição, alegando que o seu cliente nada sabia do que se passava. O advogado referiu ainda que a prostituição não é crime no território, tendo considerado “absurdo” e “hipócrita” a ideia de que a prisão dos seis arguidos acabou com a prostituição em Macau.

Os Serviços de Saúde (SS) confirmaram este fim-de-semana a detecção de um caso de infecção de dengue num turista chinês que entrava em Macau pela fronteira das Portas do Cerco, em Zhuhai. A confirmação veio da Administração de Inspecção e Quarentena para Saída e Entrada pela Fronteira de Zhuhai e o lesado, do sexo masculino, tem 32 anos e reside na China. Este veio ao território e voltou para casa no passado dia 4, tendo sido detectada a doença através do monitor de temperatura instalado naquela fronteira. Os SS vão agora proceder às descontaminação de vários locais onde o risco é elevado.


8 sociedade

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UM abre duas novas turmas de licenciatura em Educação Infantil

A sociedade pede e o IAS dá

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Governo vai abrir duas novas turmas de licenciatura em Educação Infantil na Universidade de Macau (UM) para colmatar a falta de professores com a crescente entrada de crianças no ensino pré-escolar. O Instituto de Acção Social (IAS) prevê que só em 2016 sejam abertas mais de dez mil vagas para crianças. A sua presidente, Vong Yim Mui, adiantou que a ideia de abrir mais duas turmas tem como objectivo formar cerca de cem educadores para responder às exigências da sociedade. “Vão ser abertos mais berçários e o sector educativo pede mais dos professores do ensino pré-escolar, portanto o IAS já pediu o auxílio da UM na abertura de mais duas turmas do curso de educação pré-escolar este ano”, disse a responsável em

“Vão ser abertos mais berçários e o sector educativo pede mais dos professores do ensino pré-escolar, portanto o IAS já pediu o auxílio da UM na abertura de mais duas turmas do curso de educação préescolar este ano”

Gonçalo Lobo Pinheiro

A falta de recursos humanos no ensino préescolar fez com que o Governo pedisse ajuda à UM para formar mais professores. Uma centena estão a caminho

Vong Yim Mui presidente do IAS declarações ao canal chinês da Rádio Macau. Cada turma terá um máximo de 50 alunos. Contas

feitas, serão uma centena as pessoas licenciadas para leccionar nas escolas infantis do território.

“O Governo tem, a seu favor, o facto de alguns residentes da RAEM que se licenciaram em Taiwan

quererem voltar para trabalhar em Macau”, acrescentou.

Novo regime

O IAS avançou ainda que está a debater com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça o estabelecimento de um regime de mediação familiar, indicando que serão formadas mais pessoas para ajudar famílias problemáticas. “Precisamos de ter conhecimentos dos trâmites legais para criar este regime. O nosso trabalho aqui é formar mais mediadores especializados em assuntos familiares e ensiná-los a perceber aquilo que podem oferecer às famílias”, explicou a presidente do IAS, acrescentando que “o regime vai ser lançado este ano” ainda. Vong Yim Miu rematou que o instituto vai tentar concluir a proposta do Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social, estando confiante na entrega do projecto ao Conselho Executivo ainda este ano. Tomás Chio

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Demoliu e manter

Dados quase credíveis

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Património Proprietário de prédio da Rua da Barca discorda de classificação

proprietário de um dos dez edifícios do primeiro grupo proposto para classificação de bens imóveis de Macau não concorda com a classificação do seu prédio e apresentou uma queixa ao Instituto Cultural por “prejuízo de interesses”. O edifício em causa é o número um da Rua da Barca, o mesmo que foi alvo de uma demolição parcial. Segundo o Jornal do Cidadão, numa sessão de consulta pública sobre património que reuniu 60 residentes e representantes das associações, o proprietário, Lao Chau Lam, referiu que metade do edifício já foi demolido pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), em 2013, por engano e agora, que está na corrida para a classificação como património, esse facto não é mencionado pelo IC. O proprietário acha que esta situação é injusta pois o mesmo tem de pagar por aquilo que não fez e quando forem feitas obras o Governo

irá considerá-lo património. O queixoso coloca em causa as intenções do Governo. Ao responder, Guilherme Ung Vai Meng defendeu que o edifício até pode nem ser classificado, estando apenas em processo de avaliação e tudo está ainda a depender da consulta pública, da opinião dos proprietários e das opiniões do Conselho de Património Cultural. Resultados finais, diz, só para o final do ano. O director da Associação de Cultura de Sung San de Macau, Tou Chan Weng, considera que actualmente o edifício já é uma ruína, não fazendo sentido classificá-lo agora como património. Se tivesse que ser deveria ter sido antes daquela parte ter sido demolida. No entanto, para o director da Associação de História de Macau, Chan Chu Weng, o número 1 da Rua da Barca é um símbolo do desenvolvimento de Macau no século 20 e por isso tem valor histórico e vale a pena mantê-lo. Flora Fong

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Cerca de 40% dos estudantes já foi vítima de fraude na internet

m inquérito da responsabilidade da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e da Associação de Pesquisa sobre Juventude de Macau indica que 45% dos estudantes entrevistados acederam a sites de pornografia na internet nos últimos dois anos e 38% deles foram vítimas de fraude na internet. A maioria das vítimas admitiu ter feito denúncia às autoridades policiais no imediato, mas uma parte assume que o prejuízo não foi

de registar e por isso preferiu não fazer nada. Dos 45% de estudantes que admitiu aceder a sites de pornografia nos passados dois anos, 14% admitiu ver todos os dias e 16% duas vezes por semana. Publicado no passado sábado, o inquérito intitulado “opiniões de estudantes de escolas secundárias sobre informações nas redes sociais”, recolheu 997 participações.Asubdirectora da Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau, Kwan Ka U, indicou ainda que 86% dos entrevistados acede

à informação através das redes sociais, em contraste com os 37% que acedem através da televisão ou outros meios de comunicação. Os dados indicam ainda que 93% dos estudantes considera que as informações são credíveis e 73% dos entrevistados têm uma actividade de partilha de textos, vídeos ou fotografias de forma muito regular. Os organizadores do inquérito consideram necessário reforçar a ideia de protecção de privacidade de estudantes. F.F.

Proprietários do Pearl Horizon explicam situação A União de Proprietários do Pearl Horizon vai organizar uma conferência de imprensa para explicar em que pé está o processo judicial contra o Grupo Polytec em relação ao terreno do Pearl Horizon, na quarta-feira. Segundo o Jornal Ou Mun, o grupo já se havia reunido com a empresa construtora no passado dia 6, onde “trocou opiniões” sobre os problemas que

advieram do final do prazo de validade da concessão do terreno. O construtor reiterou que entende a reivindicação da conclusão do edifício de proprietários, vai tentar recuperar tempo para continuar a construir através do Tribunal Administrativo. O Grupo Polytec prometeu explicar aos proprietários quando houver mais desenvolvimentos do processo.


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Táxis DSAT afinal não recebeu propostas para licenças especiais

Ninguém quer ser diferente menos dez” para “pelo menos cinco”, de forma a melhor responder à falta de recursos das empresas que só operam por chamada. Porta-vozes do sector de táxis afirmaram ao jornal chinês que não seria apenas uma empresa na corrida e que é habitual as concessionárias entregarem as propostas em datas perto do fim. Um dos representantes do sector, que não foi identificado no jornal, afirmou que a companhia dos táxis amarelos Vang Iek não vai participar neste concurso. A DSAT decidiu tornar as normas para o concurso público de concessão de licenças especiais de táxis mais brandas porque não havia interesse da parte das empresas. Parte do preço dos táxis para deficientes será suportado pelo Governo, uma vez que este diz haver “pressões no custo de exploração destes táxis”.

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Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ainda não terá recebido qualquer proposta de candidatura para os táxis especiais. Apesar de, em Outubro, o organismo ter dito que quase duas dezenas de pessoas ou empresas já apresentaram a sua proposta de candidatura a uma licença para conduzir um táxi amarelo,

ao jornal Ou Mun a DSAT vem dizer que não recebeu qualquer candidatura até à semana passada. Amanhã é o último dia para a entrega de inscrições, uma data que chega após um prolongamento do concurso, devido a mudanças nos requisitos de candidatura. Uma das alterações ditava mesmo a redução do número obrigatório de táxis para deficientes de “pelo

Pontos de discórdia

Recorde-se que no ano passado, o Governo optou por terminar os serviços da empresa de rádio-táxis Vang Iek, depois de ter considerado que a empresa não conseguia cumprir o contrato. Uma das defesas da empresa era precisamente os “problemas” na operação e “o dinheiro perdido”. A Vang Iek queixava-se ainda de falta de ajuda. “Durante o perío-

Repetimos o erro ou não ? DSSOPT sem saber se vai ter cláusula penal compensatória no metro

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Governo ainda não sabe se vai ou não implementar a cláusula penal compensatória no novo contrato que fizer com a empresa que vai ficar responsável pela construção do parque de materiais e oficina do metro ligeiro. O Executivo afirmou que vai abrir novamente concurso público para a obra, que deveria já estar concluída, mas cuja empresa entrou em conflito com o Governo devido aos atrasos contínuos. A cláusula penal compensatória já foi pedida várias vezes pelos deputados e especialistas. A ideia é que a empresa responsável pela nova obra seja sancionada no caso do não

cumprimento do contrato. No entanto, as Obras Públicas ainda não publicaram o resultado do estudo sobre a possibilidade de se implementar a medida. A construção do Parque de Materiais e da Oficina do metro ligeiro atrasou mais de dois anos e o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, já afirmou que vai cessar o contrato com o construtor e abrir concurso público novamente.

Estudos e avaliações

Um relatório do Comissariado de Auditoria publicado em Janeiro do ano passado sugeria a

introdução desta cláusula penal compensatória nas obras públicas para que os construtores assumam os riscos decorrentes da prorrogação dos prazos. Mas sobre esta questão, o GIT apenas respondeu que o estudo está na fase de avaliação e não há data para o resultado. O GIT frisou que vai escolher com cautela os construtores para a nova obra, “reforçando a execução de penalidade e apelando à os

do [de operação] fizemos o melhor que conseguimos, no entanto, não tivemos o apoio do Governo e por isso o nosso trabalho foi muito difícil. Durante a negociação da renovação do contrato não tivemos uma resposta positiva do Governo”, dizia Cheang Veng Chio, director-executivo da empresa em Novembro do ano passado. A obrigação de ter táxis acessíveis a deficientes e a proibição de cobrar taxas extra para os táxis por chamada eram alguns pontos de discórdia entre Governo e a Vang Iek. Tomás Chio

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Conflitos em autocarros aumentam O

ano de 2015 contou com mais conflitos entre passageiros e condutores de autocarros, tendo havido 27 destes casos, um aumento de 40%. O Conselho Consultivo do Trânsito sugeriu, na semana passada, que sejam adicionados equipamentos de gravação dentro dos veículos para que se possam recolher provas.

construtores que concluam as obras por calendários e com qualidade”. Sem a cláusula penal compensatória, a deputada Ella Lei preocupa-se com a possibilidade da história se repetir. “O Governo vai continuar a fazer muitas obras públicas, tal como a zona A dos novos aterros, é possível continuar a repetir o erro de prorrogação e as empresas de fiscalização não precisam de assumir qualquer responsabilidade”, disse ao mesmo jornal. Já o deputado Mak Soi Kun sugere que seja feito um regime internacional para a obra do Parque de Materiais e Oficina, dando oportunidade para os construtores “com capacidade reais”, ainda que cooperando estas com as empresas locais. Flora Fong

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sociedade Obras param Governador Albano de Oliveira

A partir de amanhã, devido à elevação e montagem das peças pré-fabricadas do viaduto do metro ligeiro, das 10h00 às 16h00, o troço da estrada Governador Albano de Oliveira, entre a Rua de Aveiro e a Rotunda do Estádio, na Taipa, estará fechado ao trânsito rodoviário. Durante o período da obra, os veículos que se pretendam deslocar ao Jockey Clube através da Rotunda de Estádio devem passar pela Avenida de Guimarães para virar para a Rua de Bragança e a Rua de Aveiro. Os veículos que circulem do Edifício Nam San em direcção à Rotunda de Estádio deverão virar para a Rua de Fat San. A respectiva medida tem a duração de cerca de 11 dias.

Sands China lidera mercado do Jogo

A Sands China conseguiu 23,7% do mercado do jogo no mês de Dezembro, seguida pela Galaxy Resorts (23,1%) e pela SJM (20,3%), segundo dados da consultora Sanford Bernstein. Quanto às outras três operadoras, a Melco Crown, de Lawrence Ho, teve 16,2% do mercado em Dezembro, a Wynn Resorts, do norteamericano Steve Wynn, conseguiu 9,1% e a MGM, co-presidida por Pansy Ho, ficou com uma quota de 7,5%, segundo os dados da consultora, publicados pelo portal GGRAsia, especializado em Jogo. Os casinos fecharam 2015 com receitas de 230.840 milhões de patacas, uma queda de 34,3% face a 2014, indicam dados oficiais divulgados a 1 de Janeiro. Só em Dezembro, os casinos encaixaram 18.340 milhões de patacas, menos 21,2% face ao mesmo mês de 2014. Trata-se do segundo ano consecutivo de quebra das receitas dos casinos depois de, em 2014, terem caído 2,6%.


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Cinemateca Paixão disponibiliza espaços

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Cinemateca Paixão entra agora na sua segunda fase de funcionamento experimental, durante o qual vai disponibilizar os seus espaços para aluguer a artistas e profissionais da área do Cinema. Assim, “os membros da indústria cinematográfica, os cineastas e as associações de cinema podem candidatar-se” a este programa. A Cinemateca está junto às Ruínas de S. Paulo, sen-

do igualmente considerada património mundial. O espaço é constituído por três andares com armazenamento de vídeos e filmes, serviço de empréstimo de livros e outras publicações sobre cinema e várias obras. As candidaturas ao programa de cedência de espaço estão abertas desde a passada sexta-feira, estando a bilheteira e a sala de projecção disponíveis para reserva.

“Será organizada sucessivamente uma série de actividades de funcionamento experimental, proporcionando aos interessados em cinema locais e ao público vários seminários e workshops de cinema para introduzir a indústria cinematográfica de forma polifacetada”, assegura o Instituto Cultural (IC) em comunicado. Os detalhes sobre o aluguer dos espaços da cinemateca podem ser consultados na página electrónica do IC.

Bibliotecas áreas especiais de leitura

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s bibliotecas públicas têm uma nova cara desde Dezembro. Através da iniciativa “Livros ao Sol 2015”, os espaços de leituras têm agora cantos dedicados à leitura aquecida, ou seja, locais especialmente desenhados para que os utilizadores possam ler à luz do sol. Esta iniciativa está patente até 15 deste mês e inclui um destaque especial para o programa “Livros Esquecidos”, que coloca em ênfase obras que raramente são lidas ou requisitadas. Foram três as bibliotecas que aderiram ao projecto, incluindo a Sir Robert Ho Tung, perto de S. Lourenço, a Biblioteca Central – no Tap Seac – e a da Taipa, no Parque Central. Todos os cantos de leitura foram desenhados por arquitectos do território. A primeira tem a assinatura de Andre Lui Chak Keong, a segunda do atelier Che Hon e a terceira do profissional português Nuno Soares. “O canto de leitura da Biblioteca Sir Robert Ho Tung foi desenhado pelo arquitecto local Andre Lui Chak Keong, o qual se inspirou nas concentrações festivas de eruditos da antiguidade junto aos rios, caracterizadas por um espírito fluído e despreocupado, usando as janelas para criar um elo entre o espaço de lazer e o jardim exterior e dando forma a um canto de leitura completamen-

te diferente das funcionalidades originais do espaço”, conta o IC em comunicado. A Biblioteca Central tem agora um espaço com uma “iluminação simples para contrastar e fazer sobressair diversas formas de papel”, enquanto a da Taipa está decorada com uma instalação. Os três espaços terão ainda patente uma exposição de fotografia. L.S.M.

Hong kong Anos 90 invadem Wan Chai

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bar The Wanch, situado no número 54 da Jaffe Road em Hong Kong, está a promover uma noite cheia de concertos de reminiscência dos anos 90. São quatro, as bandas que vão tocar músicas dos anos 90. A página de Facebook do bar alerta para a performance de uma série de “secret guilty pleasures”, que vão dos Backstreet Boys aos Deftones. Shatalene, The Peel Colective, After-After-Party e Milk and Cookies foram os grupos seleccionados para tocar no próximo dia 29. O espaço fica em Wan Chai e

está a planear oferecer bebidas gratuitas à pessoa que tiver o melhor fato dos anos 90. Os Shatalene são formados por Shaun Martin e Natalie Belbin, especializando-se em drum & bass. Os Peel Colective começaram a actual em concertos semanais no Peel Frasco. Daí o nome. Já os After-After-Party têm como

vocalista uma banda feminina de punk rock “que só se preocupa com a velocidade a que a música pode ir e as gargalhadas que podem dar com isso”, sendo formada por Yanyan Pang, das bandas Hard Candy e Teenage Riot, Kuro Li da XHARKIE e Jaedyn Yu. Os Milk and Cookies são tidos como “a melhor banda de metalcore de Hong Kong” e prometem trazer, na voz de Sheperd The Weak, uma série de hits dos anos 90. A iniciativa começa por volta das 21h00 e tem entrada gratuita.

Graças sem guião

Comédia Canadiano Russell Peters com espectácul

Russell Peters pode não soar ao ouvido de toda a gente, mas é certamente conhecido pelos EUA e Canadá, onde já venceu vários prémios e esgotou salas. O comediante estará no Studio City em Fevereiro

Um percurso especial

Lisboa Documentário sobre a comunidade macaense na Fundação Oriente

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documentário “Macaenses em Lisboa, ilusão ou realidade”, de Carlos Fraga, que foi ontem exibido na Fundação Oriente, em Lisboa, pretende retratar a vida e o percurso de uma comunidade “muito particular”, disse à Lusa o autor. Carlos Fraga afirmou que um dos objectivos do documentário foi perceber “como são e quem são” os macaense, assim como documentar o processo de integração e explicar os motivos porque vieram viver para Portugal. “Na minha forma de abordar este tipo de temas, faço-o com o máximo rigor e imparcialidade. Somos assessorados por pessoas que conhecem os assuntos e que me dão informação que depois é digerida e gerida. Não é propriamente um documentário antropológico mas tem uma base científica em virtude do envolvimento das pessoas que já estudaram o assunto”, refere Carlos Fraga, que realizou anteriormente um documentário sobre cidadãos chineses residentes em Portugal. Tratando-se de um documentário, Carlos Fraga explica que não emite nenhuma opinião ou juízo deixando aos protagonistas a

função de fornecer a informação para que depois o espectador faça a própria leitura sobre o assunto sem qualquer “influência externa”. Mesmo assim, concluiu que os macaenses “não tiveram grandes problemas” de integração na sociedade portuguesa e que vivem maioritariamente na região de Lisboa. O documentarista refere ainda que se trata de uma comunidade que “não se reúne permanentemente” mas notou que a comida “é muito importante” para os macaenses, sobretudo nos momentos de reunião, quase sempre marcados pelas memórias do passado. “Foi evidente, em várias entrevistas, que os macaenses têm uma grande saudade. Trazem Macau com eles e mesmo os que vivem em Portugal há muito tempo continuam com Macau no pensamento. Alguns deles mantêm a ideia de que ainda vão voltar”, explica o documentarista. Carlos Fraga encontra-se já a realizar um segundo documentário sobre os portugueses que vivem actualmente em Macau: “O outro lado da história”, já começou a ser produzido.


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lo no Studio City

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comediante Russell Peters estará em Macau no próximo dia 26 de Fevereiro para um espectáculo sem igual no Centro de Eventos do Studio City. Os bilhetes começam a ser vendidos hoje. Macau está na lista na mais recente digressão do artista, “Almost Famous World”.Antes disto, em 2012, Peters conquistou o mundo e internacionalizou a sua comédia com a digressão “Notorious World”. O espectáculo vai compreender “novo materiais e nova iluminação”, com a garantia, em primeira mão, de muita interacção com o público. “Gosto de me relacionar com a plateia e uso a interacção para me levar de uma performance para a outra. Alguns artistas sobem ao palco com um guião preparado e não se desviam disso mas esse não é o meu estilo”, começa o autor por dizer. Peters assegura saber o que quer fazer em palco, mas é com a influência e comportamento da audiência que vai fazendo a sua magia. Esta é a primeira visita do comediante ao território. Canadiano, mas de ascendência sul-asiática, o comediante esgotou o Teatro Harlem’s Apollo e a Arena Brooklyn Barclays em 2012, pelo que o Studio City apela à compra antecipada dos bilhetes. A digressão anterior teve 150 mil espectadores só no Canadá. A presente lista de locais de espectáculos passa pela África do Sul, Nova Zelândia, Austrália e outros países. Peters deu início à sua carreira na área do stand-up comedy em 2008, através de financiamento, produção e distribuição por conta própria do seu trabalho, através do lançamento de DVDs, que totalizaram 350 mil vendas só nos EUA. Agora é a Netflix que espalha parte do seu trabalho pelo mundo, com “Notorious” a ser um

exclusivo da cadeia televisiva, com sete horas só suas neste canal. Além disso, Peters encontra-se na lista da Forbes dos 10 Comediantes Melhor Pagos dos EUA desde 2009. Os bilhetes custam entre 680 patacas e 50 mil patacas para uma suite de 24 pessoas.

Escritores unidos pela Língua Portuguesa

Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo

À venda na Livraria Portuguesa Um Encontro • Milan Kundera

Ricardo Pinto e Yao Jing Ming em encontro em Cabo Verde

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ao Jing Ming e Ricardo Pinto são dois dos participantes da sexta edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre em Fevereiro na capital cabo-verdiana. O encontro, promovido pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) em parceria com a câmara municipal da Praia, visa “contribuir para o diálogo e enriquecimento recíproco entre escritores dos diferentes continentes”, adianta a organização em comunicado. No encontro participam escritores de todos os países de Língua Portuguesa e da RAEM. Na sexta edição do encontro, que decorre entre 1 e 3 de Fevereiro, serão analisados os temas “A Literatura e a Diáspora”, “A Literatura e a Insularidade” e a “Poesia e a Música”. José Luís Peixoto (Portugal), Germano de Almeida (Cabo Verde) e Luandino Vieira (Angola) são outros dos convidados, ao lado de Ana Paula Tavares, José Luís), João Paulo Cuenca (Brasil), Abraão Vicente, Germano Almeida e Vera Duarte (Cabo Verde), Odete Semedo (Guiné-Bissau), Luís Patraquim e Paulina Chiziane (Moçambique), João de Melo, José Carlos Vasconcelos, José Fanha,

Miguel Real e Zeca Medeiros (Portugal), Goretti Pina (São Tomé e Príncipe) e Luís Cardoso (Timor-Leste), que são também presenças já confirmadas no encontro.

Prémios e homenagens

O programa, que contará com a presença do Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, inclui uma homenagem ao poeta cabo-verdiano Corsino Fortes, falecido no Verão, pelo também escritor cabo-verdiano Germano de Almeida. Será ainda apresentado o prémio Cabo-Verdiano de Literatura do BCA, em parceria com a Academia Cabo-verdiana de Letras e o Prémio Literário UCCLA “Novos talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa”. No âmbito do encontro estão ainda previstas várias iniciativas paralelas, nomeadamente visitas à Cidade Velha e Tarrafal de Santiago, a inauguração da exposição “Casa dos Estudantes do Império, 19441965. Farol da Liberdade” e a realização de uma feira do livro. O Encontro de Escritores de Língua Portuguesa realiza-se este ano na Praia, depois de as quatro primeiras edições terem decorrido em Natal (Brasil) e a quinta em Luanda (Angola).

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

A mais recente colecção de ensaios de Milan Kundera é uma apaixonada defesa da arte numa era que, segundo o autor, não valoriza a arte e a beleza. Com a cativante mistura de emoções e pensamento presente nos seus romances, Kundera revisita artistas cujas obras permaneceram importantes ao longo da sua vida: reflecte sobre a pintura de Francis Bacon, a música de Leos Janacek, os filmes de Federico Fellini e os romances de Philip Roth, Fiodor Dostoievski e Gabriel García Márquez. Aproveita também para fazer justiça a Anatole France e Curzio Malaparte, que considera serem grandes escritores caídos na obscuridade. Em “Um Encontro” a assinatura de Milan Kundera – os temas da memória e do esquecimento, a vivência do exílio e a defesa da arte modernista – cruza-se com as suas reflexões pessoais e histórias de vida. Elegante e provocador, Kundera segue as pisadas das suas antologias anteriores.

Mizé - Antes Galdéria do que Normale Remediada • Ricardo Adolfo

Nos arredores de Lisboa, Mizé, a boa da vizinhança, tenta conciliar os sonhos de uma vida de estrela com a rotina entre o salão unissexo e o bairro social Esperança. Mas não é fácil. Ela quer mais, muito mais. E está preparada para usar tudo o que tem para o conseguir. Por outro lado, Palha, que largou as saias da mãe para casar com Mizé, só quer manter o pouco que lhe resta - a começar pelo emprego a vender batatas fritas. Numa noite de enganos, Palha descobre aquilo que nunca quis ver. Desesperado, parte em busca da inocência de Mizé e acaba por desenterrar a sua própria mentira.


12 china Inflação de 1,4% em 2015

O Índice de Preços no Consumidor da China (IPC), um dos principais indicadores da inflação, aumentou 1,4% em 2015, muito abaixo da meta de 3% preconizada pelo Governo, anunciou sábado o Gabinete Nacional de Estatísticas do país. Em Dezembro passado, o IPC da segunda economia mundial subiu 1,6% em termos anuais homólogos, face a 1,5% registado no mês anterior. O dado referente ao cômputo de 2015 é claramente inferior ao registado em 2014 (2%) e a 2013 (2,6%).

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Pentágono Acção de Pequim aumenta a tensão no Mar do Sul

Fogo cruzado

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s aterragens recentes de aviões civis chineses sobre um recife disputado no Mar do Sul da China aumentam as tensões e fomentam a instabilidade na região, preveniu quinta-feira o Pentágono. A agência noticiosa oficial chinesa Nova China tinha divulgado recentemente a realização de voos “de ensaio” destinados ao recife designado “Fiery Cross”, situado no arquipélago das Spratleys, que é reivindicado tanto pela China como pelo Vietname. “Condenamos claramente esses voos (…) e estamos preocupados com todas as actividades realizadas pelos chineses nas ilhas do Mar do Sul da China”, disse à comunicação social o porta-voz do Departamento de Defesa, Peter

“Apelamos a uma resolução diplomática destes diferendos no Mar do Sul da China onde, claramente, estes voos não contribuem em nada para encorajar a estabilidade e a compreensão nesta zona do mundo”, insistiu o porta-voz do Pentágono.

Protesto vietnamita

Cook, sugerindo que tinham ocorrido recentemente três voos, baseado na imprensa oficial chinesa. “Toda a acção realizada por um qualquer país para procurar aumentar as tensões a propósito dessas ilhas disputadas, visando a sua militarização ou militarização, só aumenta a instabilidade no Mar do Sul da China”, acrescentou Cook.

pub

Pequim reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, enquanto Filipinas, Vietname, Malásia, Brunei e Taiwan pretendem diferentes zonas destas águas. Para se apoderar das zonas contestadas, a China construiu nos últimos anos ilhas artificiais, que incluem pistas de aterragem com capacidade potencial para receber aviões militares.

O Vietname protestou fortemente no sábado contra a aterragem de um primeiro avião chinês, considerando que era uma violação da sua integridade territorial. A China e o Vietname continuam a opor-se a propósito das Spratleys, tal como nas Paracels, outro arquipélago no Mar do Sul da China, ou ainda sobre direitos de exploração petrolífera e piscícola nas águas destes arquipélagos. A instalação em 2014 de uma plataforma petrolífera

“Toda a acção realizada por um qualquer país para procurar aumentar as tensões a propósito dessas ilhas disputadas, visando a sua militarização ou militarização, só aumenta a instabilidade no Mar do Sul da China” Peter Cook porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano chinesa nas águas disputadas das Paracels provocou no Vietname os mais violentos motins antichineses em décadas, forçando Pequim a repatriar milhares de nacionais.

poluição Pequim anuncia encerramento de 2.500 pequenas empresas

O

s responsáveis da região chinesa de Pequim anunciaram sábado a intenção de encerrar este ano 2.500 pequenas empresas para tentar reduzir a poluição do ar, que obrigou à declaração dos primeiros alertas vermelhos em Dezembro. Foi também fixado o objectivo de reduzir em 500 mil toneladas anuais o consumo de carvão nos seis distritos que circundam a cidade de Pequim. As medidas avançadas apontam ainda para o encerramento de todas as caldeiras alimentadas a carvão na cidade, até 2020, segundo informou a agência oficial chinesa Xinhua. As empresas poluidoras que serão encerradas este ano localizam-se em quatro distritos, um da cidade e três da periferia. A informação divulgada refere que a região de Pequim tem vindo a eliminar progressivamente os grandes focos de contaminação do ar, como as centrais de produção eléctrica alimentadas a carvão, mas, ao mesmo tempo, foram proliferando pequenas fontes de poluição. Este anúncio das autoridades chinesas ocorre quando o Centro Nacional de Controlo Ambiental emitiu um novo aviso de forte contaminação do ar para a região de Pequim-Tianjin-Hebei para terça-feira e quarta-feira. Segundo dados oficiais, em 2015, Pequim registou uma média de 80,6 microgramas de partículas finas PM2,5 (das

mais prejudiciais para a saúde) por metro cúbico, ou seja, 1,3 vezes mais que o limite permitido na China. A Organização Mundial de Saúde, mais exigente, recomenda uma media máxima de emissão de PM2.5 de 25 microgramas.


13 hoje macau segunda-feira 11.1.2016

região

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Anúncio

O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCT para à 1ª vez do ano 2016 (1)

Fins O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

Filipinas Dois mortos e centenas

(2)

Alvos de Patrocínio (i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e centros de investigação e desenvolvimento (I&D); (ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para actividades de I&D científico e tecnológico; (iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos; (iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com actividades de I&D; (v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM.

(3)

Projecto de Apoio Financeiro (i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do conhecimento científico e tecnológico; (ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a competitividade das empresas; (iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial; (iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia; (v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia, considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico; (vi) Pedidos de patentes.

(4)

Valor de Apoio Financeiro (1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00) (2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)

de feridos em festa religiosa

Procissão amaldiçoada

D

uas pessoas morreram e centenas de outras ficaram feridas durante um festival religioso que junta anualmente multidões na capital das Filipinas, Manila, informaram ontem as autoridades. Mais de um milhão de pessoas assistiram à tradicional procissão do Nazareno Negro de Quiapo, uma das maiores celebrações religiosas do mundo, para ver e tentar tocar na imagem, em tamanho real, de Jesus Cristo enquanto é transportada pelas ruas da capital das Filipinas, o país mais fervorosamente católico da Ásia. O padre Douglas Badong, da igreja de Manila onde a estátua se encontra – afirmou que um dos vendedores de rua sofreu um ataque cardíaco fatal. “Por causa da multidão e

1,5

milhão de pessoas participaram na procissão, que se estende por sete quilómetros

do calor o seu corpo não aguentou”, disse à agência AFP. Outro homem, de 27 anos, que alegadamente sofria de problemas hepáticos, morreu depois de ajudar a transportar a estátua, segundo Douglas Badong. A polícia indicou que no auge do festival religioso cerca de 1,5 milhões de pessoas participaram na procissão, que se estende por sete quilómetros. Segundo a secretária-geral da Cruz Vermelha das Filipinas, Gwendolyn Pang, a organização, que tinha montado um hospital de campanha no local, prestou assistência a quase 1.600 pessoas que sofreram ferimentos durante as festividades, dos quais 55 considerados “casos graves”, como fracturas ou acidentes vasculares cerebrais, mais do dobro face ao ano passado.

1.600 pessoas sofreram ferimentos durante as festividades

Muitos encontravam-se já doentes, segundo indicou a mesma responsável à agência AFP. “Eles provavelmente pensaram que se participassem da procissão iriam melhorar”, acrescentou.

Crenças e lendas

Os filipinos católicos acreditam que tocar na imagem ou no manto que a cobre permite a cura de doenças e dá sorte. Segundo a lenda, a cor negra da imagem deve-se a um incêndio no navio que a transportou. Apesar de queimada, os filipinos passaram a venerá-la e desde então atribuem-lhe muitos “milagres”. A imagem encontra-se na Igreja de São João Baptista, onde termina a procissão, realizada anualmente a 9 de Janeiro. As Filipinas estiveram sob domínio de Espanha desde o século XVI até serem cedidas aos Estados Unidos em 1898, na sequência da guerra entre norte-americanos e espanhóis. As Filipinas tornaram-se independentes em 1946, após terem sido ocupadas pelo Japão durante a II Guerra Mundial.

(5)

Data do Pedido Alínea (1) do número anterior Todo o ano Alínea (2) do número anterior A partir do dia 4 até 15 de Janeiro de 2016 (O próximo pedido será realizado no dia 3 ao 17 de Maio de 2016) (6)

Forma do Pedido Devolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

(7)

Condições de Autorizações Por despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o 《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》. O Presidente do C. A. do FDCT, Ma Chi Ngai 2015 / 12 / 31


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hoje macau segunda-feira 11.1.2016

artes, letras e ideias

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Amélia Vieira

Noite Ditosa

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uan de La Cruz escreve talvez a mais bela poesia da língua espanhola, ao começar Janeiro, e perto da Lua-Nova, é essa «Noite Escura» de que nos fala um poema cuja beleza ultrapassa a previsibilidade da sua maravilhosa linguística ou, por isso mesmo, a insufla de monumental qualidade poética. Este é também o verso exegético do noivo, da noiva, bem ao gosto dos cantares de Salomão, uma interpretação amorosa de uma ideia que o outro mantém mas que o supera em utopia e finalidade. E... “Em uma noite escura com ânsias, em amores inflamada, oh ditosa ventura!, Saí sem ser notada, estando minha casa sossegada... nessa noite ditosa, secretamente, que ninguém me via, de nada curiosa, sem outra luz nem guia senão a que no coração ardia... Oh noite, que guiaste, noite amável como a alvorada! Oh, noite que juntaste Amado com amada, amada em seu Amado transformada!” Estamos perante um texto confidencial e amoroso de tocante intimidade, o brilho que sai da escuridão, a casa vazia e tudo aquilo que no coração ardia. O erotismo é uma vontade firme para que o sexo não caía no degrau da casa e se despenhe nessa vertente, onde o Amado o retire da cena de um desejo maior. É uma demanda, uma fonte espiritual que envolve a cenário do poema até este se tornar um clarão de beleza sem par. Juan de la Cruz é influenciado pelos cancioneiros, adaptando muitos dos temas tradicionais pela sua vocação religiosa, como o fez com o conhecido «Cântico Espiritual», mas a sua imensa beleza supera e intriga até hoje o universo literário. Estamos em frente de um poeta, não sabemos por vezes nem o que dizer, nem como o dizer, talvez, e sempre dizer, que nasceu em tal século, este em 1542, Camões nasceu em 1524, talvez fosse um bom século para os seus nascimentos. Afinal, ele insere-se no «Século de Ouro» espanhol. Influenciado também pelo Renascimento Italiano há um ritmo absolutamente envolvente que deve ter provocado a melodia - a lira. Este é um tema que me parece quase hermético pela dimensão até do conceito, mas, renascidos que estamos das coisas mais densas contribuímos agora para iluminar áreas que o vazio fazia de escura forma sem ser de noite escura. Esquecidos andamos destas noites belas e esguias

como Catedrais, assim designou Aquilo Ribeiro a estas noites de Janeiro, em que os gatos lá longe já viam o despertar da alvorada... Esta é a noite das noites, a do início a do imenso cosmos a rodar na zona de acção de uma melhoria de factos que precisamos desenvolver. Nós somos agora quem pode cantar estes poemas de forma vária, dado que

Estamos perante um texto confidencial e amoroso de tocante intimidade, o brilho que sai da escuridão, a casa vazia e tudo aquilo que no coração ardia

não existe um Catolicismo de Estado que nos empunhe um emblema litúrgico. Podemos ir buscá-los ao passado histórico e fazê-los cantar na nossa causa comum. Não sei o que se pode fazer com outras formas, dado que cada um de nós traz a matriz do seu trabalho e da sua lição no todo. Eu creio que há que reabilitar as naturezas e ir sempre à origem para se ser de facto original. Para que haja um « Cântico Espiritual» há que haver o principio da anima, da alma, da vontade que guia, para sermos guiados temos de permanecer em silêncio e ouvir as «vozes». Mas, se não houver espaço e tempo, os nossos assombros permanecerão visuais e o mundo um local de imagens loucas. Há que construir o receptáculo, a Arca, a forma de templo onde ao longo da jornada o coração refresque dos abrasantes momentos da vida... Há que ir ao poema mais vasto, ao

canto e a esta alma, porque quase sempre ficamos como este lindo instante do poema: «Aonde te sumiste Amado, e me deixaste soluçando?» Para onde se foram deuses e vozes, deus e canto? Não seremos certamente as plantas de um vasto Jardim mas convém não expulsar de nós certas correntes, sob pena de ficarmos tão duros que pensamos estar imortais. Infelizmente não, não estamos imortais, toda a vida é para que a cantemos ainda e deixar a severidade aos que ficam no tempo como uma monotonia. Era tanta a certeza deste bem, que o verso era um servidor das cargas humanas que ficavam rígidas dentro de nós e por isso, antes desta altura , um pouco antes, ainda havia «Oblatas» aqueles versos da liturgia cristã para que nos fosse dado o dom das lágrimas. São de uma profunda humanidade! Enfim, chorar, se já não faz parte de nós como medida de defesa emocional, faz parte dos políticos mundiais, que tal como Obama ou Putin nos surpreendem de cara molhada e expressão que até agora nestes homens não conhecíamos. Eu acho tão bom! Tentemos desocultar o porquê da célebre frase de Churchill «Sangue, suor e lágrimas». É sim e afinal um grito pantanoso de Neptuno em que tudo se liquefaz, mas foi um ciclo de águas de “banhos marias” de verdetes e aguadeiros, não tardam os mares outra vez... mas as nossas naturezas secaram de tal forma que talvez até já saibamos navegar por cima dos maremotos, ou resistir debaixo de água. Sempre ficarei com o « Cântico Espiritual»: “buscando meus amores, irei por montes e ribeiras; não colherei as flores, nem temerei as feras, e passarei os fortes e as fronteiras”. Há um Esposo para esta Alma que está na raiz das coisas que buscamos, um ser que nos guia em formas de procelas... esta deidade tão boa! Constelar e vazia vai ser a noite de Juan de la Cruz, aqui não mora já ninguém - em meu peito florido.... que ficou adormecido e eu o afagava e com leque de cedros brisa dava”. Aqui o amor não veio nem o vi em uma noite escura nem a noite era ditosa ....... mas ela ainda me guiava mais pura que a luz do meio dia ......em parte onde ninguém me aparecia. E assim na noite fria e tão ditosa se pode começar o primeiro degrau da difícil e urgente marcha deste Poema.


15 hoje macau segunda-feira 11.1.2016

Dóris Graça Dias

A Redacção A

nunciada como obra de mais de 600 páginas, com uma tiragem de 100 mil exemplares, esta, antes de ser já o era: “As pré-vendas on line do novo romance de Miguel Sousa Tavares, Rio das Flores, registaram mais de mil encomendas durante as primeiras 24 horas, um facto inédito para um autor português. O livro, cujo lançamento está marcado para dia 25 de Outubro, só chega às livrarias no dia 29.” Informava a editora a 19 daquele mês. Fomos pesá-lo numa simples balança de cozinha - fazia-nos falta este elemento informativo: 900 gramas. Suspense, marketing, quantidade, peso... faltava só verificar o que em literatura parece ser perfeitamente secundário: a qualidade. Isso aí, isso aí... já nos parece mais subjectivo. Será? Comecemos pelos pastiches. E que tal uns “vencidos da vida” transpostos para fins de 1920? Não se chamam Carlos nem Ega, mas enfim, ecoa ali Eça que é um mimo. E um cheirinho a faenas, a caça às perdizes - tão do gosto da pessoa do autor (que maldade confundir egos e alter egos, mas há quem se ponha a jeito) -, coisas de homem, muito lido em Hemingway (cá entre nós, que ninguém nos ouve, um Nobel uma bocadito forçado)? Mas enquanto Hemingway nos faz balançar e zangar nos nossos “parti-pris” (mais uns) relativamente a touradas, caçadas, pescarias e coisas afins, com MST ficamos na mesma. Nenhuma simulação de exaltação, nenhuma garra, nenhuma inspiração; o que temos é uma morna descrição de gestos pouco cinematográficos, um descritivo meio jornalístico, longínquo ainda do despachado Hemingway. E por falar em descritivo meio jornalístico, este romance, que nas palavras do próprio autor se deseja histórico, quando entra por esse caminho, regista um tom de Selecções do Reader’s Digest. Por vezes, parece que estamos numa sala de cinema nos anos 60, vendo e ouvindo os registos informativos que a censura nos impingia antes de um qualquer Música no Coração; outras, lembra-nos certos programas televisivos em que vemos imagens em movimento muito queimadas de um qualquer “raid” aéreo da 2ª Guerra Mundial acompanhadas de sínteses vocálicas bem colocadas mas, contudo, sínteses.

Quanto às variantes descritivas de centros históricos, áreas urbanas, edifícios-chave, o tom é de prospecto turístico, onde não falta a curiosidade histórica, a anedota com personalidade internacional, a listagem de um menu, estilo: quando ir, como ir, onde ficar, o que e onde comer. Já agora convém referir que os citados hotéis Negresco e Carlton ficam, respectivamente, em Nice e em Cannes, daí que dizer que o arquitecto francês Joseph Gire, autor da “arquitectura do Copacabana Palace [se inspirara] nas do Negresco e do Carlton, de Nice” (pág. 327) tem qualquer coisa, no mínimo, de precipitado. E inútil, já que quem conhece, conhece; quem não conhece, fica na mesma. Romance, romance... como a palavra anda desgastada. Quanto mun-

do é preciso percorrer, aprender, ter para escrever um romance. Quanta atenção é preciso despender, quanta imaginação converter, quanta distância compreender. Criar personagens não se basta por um acumular de lugares comuns, somando diferenças ilustrativas de tipos; há que não ser anacrónico na linguagem, nas exigências existenciais, nos enquadramentos territoriais. Se se pretende descrever uma mulher, convém olhar bem para elas, sob pena de se ser apenas grosseiro, quando se pretendia ser airoso. Para escrever um romance há que ser um “flâneur” e não um “poseur”. Ou seja: perder-se e não julgar-se, à partida, encontrado. Tudo o que MST disser sobre a sua própria escrita, o seu romance históri-

É exactamente esta inversão de valores que faz de Rio das Flores uma obra menor, tão igual a um qualquer exercício de menino de escola semi-deitado de lado sobre o papel, trincando a língua num esforço de saliva e olhos estrábicos confluindo no bico da caneta

co é gratuito. Que o escreveu a pedido de muitas famílias, que passou três anos muito duros, quase dois a documentar-se e um fechado em casa a escrever, sem viajar: nada disto interessa a um leitor; nada disto interessa à literatura. É exactamente esta inversão de valores que faz de Rio das Flores uma obra menor, tão igual a um qualquer exercício de menino de escola semi-deitado de lado sobre o papel, trincando a língua num esforço de saliva e olhos estrábicos confluindo no bico da caneta. “Bela Redacção!”: diz o professor, relativizando o esforço e a idade do garoto. Mas MST não é um garoto e se quer usar o seu nome, devia exigir mais de si do que a simplicidade de uma obra pretensamente bem engendrada. Em literatura isso não existe. Se pretende fixar história, nada como perder três, seis, doze anos a estudar uma época, para a registar - em 100 páginas; se quer escrever um romance, nada como reflectir sobre o que é a literatura, ler muito, e bem, que é como quem diz: perder-se. E se nunca se conseguir encontrar para escrever, ninguém lho levará a mal!


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hoje macau segunda-feira 11.1.2016

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

guo xi Prefácio de Guo Si (Conclusão) Quando era garoto e usava trancinhas1, eu seguia o meu falecido pai nas suas aventuras por entre nascentes e rochedos. De cada vez que punha o pincel sobre o papel, ele costumava dizer: «Existe um método na pintura de paisagens. Como se atreveria um artista a pintar de maneira descuidada?» Sempre que ouvia uma das suas opiniões, eu escrevia-a imediatamente no meu caderno de apontamentos. Agora, tendo coleccionado centenas delas não as posso deixar cair no esquecimento; e assim as apresento para os amantes das paisagens. Estranhamente, o meu pai que seguia os ensinamentos do Daoísmo na sua juventude, tinha uma inclinação para abandonar o que era velho ao abraçar o novo2, e a viver longe da sociedade convencional. Não havia a tradição da pintura na família, e apenas o seu talento natural o levava a aplicar o seu espírito livre na esfera da arte e viria a tornar-se reconhecido por isso. E no entanto, ele era rico em carácter interior, em boas acções, em devoção aos pais e amigos e em caridade para com todos. Era nisto que ele se notabilizava e se realizava. Estas suas virtudes merecem ser conhecidas pelos seus descendentes.

1- O costume do uso do cabelo em tranças pelas crianças, rapazes e raparigas, pode ser observado nas imagens decorativas populares pinturas e gravuras, nomeadamente das propiciatórias designadas dos «noventa e nove meninos» com origem na dinastia Song e nas cópias posteriores. O cuidado responde à sentença de Confúcio: «Foi-nos dado o nosso corpo, pele e cabelos pelos nossos pais, os quais devemos preservar. Esta ideia é a quintessência do dever filial.» (citado por De Bary, William, em

Sources of Chinese Tradition, Columbia University Press, 1991, pág. 326) 2 - Artificio retórico que valoriza a premissa; pois a aprendizagem do dao mostra que ao venerar o antigo se pode permitir a passagem do novo: «O dao que pode ser expresso já não é um dao» (Laozi, Cap. 1). O que abre o quadro mental que permitirá a Guo Xi dizer: «Deixa a tua mente vaguear no puro e simples. Sê um com o infinito. Permite a todas as coisas seguirem o seu curso.»

«Linquan Gaozhi»

A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes


17 hoje macau segunda-feira 11.1.2016

?

(f)utilidades

tempo períodos de chuva min 15 max 18 hum 80-98% • euro 8.73 baht 0.21 yuan 1.21

O que fazer esta semana Diariamente

aqui há gato

Não sei bem

Exposição Casal Notável – artefactos de Sun Wan, segunda filha de Sun Yat Sen Museu de Macau (até 10/01/2016) Entrada livre Exposição “A Jornada de Um Mestre” Albergue SCM (até 15/01/2016) Entrada livre

Exposição “Aguadas da Cidade Proibida” (até 07/2016) Museu de Arte de Macau (MAM) Entrada a cinco patacas Exposição “Salpicos” de Sofia Bobone (até 10/01/2016) Fundação Oriente, Casa Garden

o cartoon steph de

Sudoku

Entrada livre

Solução do problema 5

problema 6

hoje há filme

Cineteatro

C i n e m a

secret in their eyes Sala 1

The 33 [b]

Filme de: Patricia Riggen Com: Antonia Banderas, Rodrigo Santoro, Juliette Binoche 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 Sala 2

secret in their eyes [c] Filme de:Billy Ray Com: Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman, Julia Roberts 14.30, 16:30, 21.30

Ip Man 3 [c]

Falado em Cantonês legendado em Chinês e ingles

Filme de: Wilson Yip Wai Shun Com: Donnie Yen, Lynn Xiong, Max Zhang 19.30

Não sei bem o que é. Não sei bem o que me invade quando deixo o ar pesado de Macau e o cinzento do cimento para trás. Mas a verdade é que o meu coração palpita, quase deixa de bater, como se o oxigénio poluído que aqui respiro fosse o único a que o meu corpo está habituado. Algo me prende, com unhas e garras – garras mais fortes do que as minhas – ao ambiente inabitável desta Macau. Algo me sussurra “fica”, baixinho ao ouvido. Não sei bem o que é. É algo que vem com o vento, que nasce na água que toca a minha pele, que emerge da comida que ingiro. Não sei bem o que é. Algo me prende ao cheiro do arroz nas panelas a vapor, me faz encostar às paredes e inalar o sabor a incenso. Algo me faz dar um passo atrás, quando a cabeça quer é andar para frente, sair, ir embora. Não sei bem o que é. Alguma coisa me inquieta quando não vejo as luzes vermelhas nas janelas das casas, as que ficam quando todas as luzes se vão e a cidade não dorme. Cada um de nós a sente diferente e eu não sei bem o que é. O que é que me faz querer mais dela, do seu chão sem espaços verdes, das suas ruas estreitas e pútridas. O lixo que se vai acumulando nos largos de prédios já tem para mim um significado diferente. É mais que lixo, mais que sujidade, mais que escuridão. É algo que transforma Macau no que é. Só não sei bem o que é. Pu Yi

“#batequebate” (D’Alva, 2014)

“Estávamos num bar cheio de metaleiros com tatuagens e bandas com pessoal que berra e ele aparece com a banda dele, que soava a Bloc Party em português. Estava vestido de branco da cabeça aos pés e é um preto deste tamanho. Fiquei a pensar que ou ele tinha grandes ‘cojones’ ou havia ali qualquer coisa que não batia bem.” Foi esta a descrição que Ben Monteiro fez de Alex D’Alva Teixeira, numa entrevista ao Público. “Ganhei logo admiração por ele”, continuou. E assim, num projecto que pretendia ser agregador e inclusivo, nasceu D’Alva. Com pouco mais de um ano de existência, o álbum “#batequebate” conquistou até os mais cépticos. Num mix de cultura e talento, Alex e Ben fizeram, e fazem, a diferença. Um trabalho em português que mostra a única coisa que se previa: qualidade. “Homologação” abre a semana. Filipa Araújo

Sala 3

Sherlock: The Abominable Bride [c] Filme de: Douglas Mackinnon Com: Benedict Cumberbatch Martin Freenman 14.30, 16.45, 21.30

The Boy and The beast [B] Falado em Japonês legendado em Chinês e ingles Filme de: Mamoru Hosoda 19.15

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; Aurelio Porfiri; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos; Thomas Lim Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@ hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 opinião

hoje macau segunda-feira 11.1.2016 Pacheco Pereira

in Sábado

A farsa dos debates presidenciais Milos Forman, One Flew Over the Cuckoo’s Nest

assim o debate público fica mais bem servido. É verdade que maus critérios editoriais podem acentuar desigualdades que sejam injustas para a qualidade de alguns candidatos e privilegiar factores como simpatias, proximidades políticas, etc. Ou que se façam na base da força do que está, ou seja, quem já for conhecido fica sempre no pódio porque é… conhecido. Não é preciso ir mais longe para se perceber a perversidade de maus critérios editoriais, interesseiros, pouco cuidadosos e amiguistas, como aconteceu com a promoção despudorada de Marcelo pela TVI, que condiciona os resultados eleitorais de forma muito injusta. Mas, mesmo assim, prefiro correr esse risco a manter esta forma de desprestigiar um processo eleitoral que vive muito de uma abstracção de igualdade, sem qualquer correspondência com a realidade.

S

e há razão mais que urgente para que se institua de uma vez por todas a regra de que os critérios editoriais sejam os únicos a presidir à cobertura das campanhas, é a absurda maratona de debates presidenciais a que se assiste nas televisões, um ataque à dignidade da política e do debate público e, de passagem, ao jornalismo. Se houver um átomo de esclarecimento em qualquer um deles será por excepção, porque na maioria dos casos os debates são inúteis e paupérrimos e mesmo nalguns casos (como se passa com os debates na RTP moderados por José Rodrigues dos Santos), mais um exemplo de parcialidade e proselitismo jornalístico, por quem parece ter muitas saudades do tempo da coligação PSD-PP. Não tem nenhum sentido colocar Marisa Matias a discutir com Sampaio da Nóvoa, nem Paulo Morais com Tino de Rans, nem Edgar Silva com Nóvoa e Marisa, nem a maioria deles com quem quer que seja, como se passa com os candidatos que não ultrapassam uma dimensão folclórica da vida política. Em todos os países e em todas as eleições em democracia há candidatos destes, mas não passa pela cabeça de ninguém que sejam tratados pela comunicação social em pé de igualdade com os candidatos que representam, quer pela sua personalidade, quer pelos seus apoios, quer pelos resultados das sondagens, uma dimensão significativa.

As assinaturas dos candidatos foram mesmo verificadas?

E mesmo quando um candidato pouco conhecido consegue relevo, é obrigação da comunicação social dar-lhe também relevo. Não é ser conhecido ou desconhecido que é o critério, é a importância do que diz e faz e o que significa no contexto político. É muito mais difícil, tendo em conta o conservadorismo da comunicação social, mas não é impossível. É o caso das candidaturas de Henrique Neto, que diz coisa com coisa e que tem obtido apoios de relevo, e mesmo a de Paulo de Morais, que representa uma visão populista, anti -sistémica e antipartidos do ataque à corrupção, que muito mais gente partilha, mesmo que não vote nele. Na situação actual, os debates com sentido são atamancados e apressados, como seja o de Nóvoa com Marcelo, Nóvoa com Maria de Belém, Maria de Belém com Marcelo, Edgar Silva com Marcelo, Paulo de Morais com Marcelo, e Henrique Neto com todos estes. O resto é forçado e inútil e às vezes ridículo. É mau para a democracia, é mau para a instituição Presidência da República, é mau para todos os candidatos e mau para o jornalismo.

O risco de os critérios “editoriais” manipularem a informação também existe

É verdade que critérios editoriais não asseguram qualquer igualdade de tratamento de candidaturas, até porque as candidaturas não são iguais e não é o acesso artificial a este tipo de debates que as torna iguais. Mas representam uma selecção em que é pressuposto entrar o interesse público, em que jornalistas especializados e capazes podem interpretar com algum grau de conformidade com a importância das candidaturas. É um risco entregar condições que devem ser de relativa equidade a critérios que medeiam essa equidade e podem ser muito falíveis, mas mesmo

Duvido. E queria muito ser esclarecido. Por uma razão muito simples: não é fácil recolher as 7.500 assinaturas e ainda é mais difícil validá-las. As assinaturas não chegam, é preciso obter dados sobre a identidade de quem assina e a sua validação numa Junta de Freguesia. É preciso que não haja pessoas a assinar por mais de uma candidatura. Veja-se por exemplo, as recomendações de uma candidatura quanto à recolha de assinaturas: A assinatura deve ser igual à que consta no seu documento de identificação; Deve deixar as datas em branco (só deverão ser colocadas depois de marcada a data das eleições), excepto as datas de validade do seu documento de identificação; Pode encontrar facilmente o seu nº de eleitor no site do Recenseamento, basta inserir o seu número de identificação civil e a sua data de nascimento; Se vier a alterar a sua morada de residência até Janeiro de 2016, os dois documentos preenchidos deixarão de ser válidos. Agradecemos que nos contacte para procedermos à necessária actualização dos seus dados. Nos termos do artigo 13º, nº 1 do Decreto-Lei nº 319-A/76 de 3 de Maio, apenas poderá ser proponente de uma candidatura à Presidência da República. O tempo mais escasso deveria tornar uma candidatura presidencial mais difícil do que fazer um partido político e, se tomarmos à letra o que se passou, não parece. Aparentemente sem qualquer aparelho partidário para recolher as assinaturas, sem infra-estruturas, nem bancas, nem sedes, nem um número muito significativo de apoiantes e voluntários, um conjunto de candidatos completamente desconhecidos ou muito mal conhecidos, ou nalguns casos conhecidos demais, parece que conseguiram sem dificuldades obter as assinaturas necessárias para as suas candidaturas presidenciais. Um deles fez até uma rábula com um monte de papéis num cesto de vindima. Espero bem que tudo tenha sido verificado. É que as coisas não encaixam.

“Não tem nenhum sentido colocar Marisa Matias a discutir com Sampaio da Nóvoa, nem Paulo Morais com Tino de Rans, nem Edgar Silva com Nóvoa e Marisa, nem a maioria deles com quem quer que seja, como se passa com os candidatos que não ultrapassam uma dimensão folclórica da vida política”


19 hoje macau segunda-feira 11.1.2016

opinião

macau visto de hong kong david chan

Richard Brooks, Blackboard Jungle

N

esta coluna, como devem estar lembrados, já tive ocasião de divulgar alguns casos de exames fraudulentos. Hoje, vou partilhar com o leitor mais algumas destas histórias. No passado dia 27 de Outubro, o website “chinapress.com” fez saber que a empresa Goldman Sachs tinha despedido 20 empregados chineses por terem “copiado no exame de contabilidade”. A maior parte trabalhava nas sucursais sediadas em Nova Iorque e Londres. O artigo adiantava ainda que outras 10 pessoas tinham sido afastadas da filial nova-iorquina da empresa JP Morgan Chase & Co. (JP Morgan) por alegada fraude no exame de matemática. O porta-voz da JP Morgan declarou que este tipo de comportamento é inaceitável e que a empresa encara estas situações com grande seriedade. É fácil depreender que estas pessoas não puderam pedir à empresa que lhes pagasse a viagem de regresso à China. É óbvio que fazer “batota” nos exames não é novidade. Mas, de alguma forma, as declarações do porta-voz da JP Morgan não deixam de ser surpreendentes. “A fraude nos exames de admissão à empresa é prática corrente. Mas torna-se notícia quando o examinando é tonto ao ponto de se deixar apanhar.” Se fizermos uma busca rápida sobre esta matéria, podemos encontrar um artigo, datado de 8 de Julho e divulgado pelo website “lx.huanqiu.com”, que nos conta uma situação ocorrida na Índia. No seguimento da notícia, 40 pessoas morreram sem razão aparente. Uma das vítimas era jornalista. Na foto que ilustra o artigo, vemos imensas pessoas a treparem pelas varandas de um edifício. Eram pais dos alunos que estavam a ser examinados no interior. O propósito dos “alpinistas” era passar as respostas aos filhos através das janelas. Mas voltemos à China. O website “edu. qq.com”, publicou uma notícia há cerca de duas semanas, onde relatava que, no dia 26 de Dezembro, alguns candidatos às provas de inglês do “Graduate Student Entrance Examination”, tinham informado o governo sobre uma fuga das respostas dos exames. O departamento da Educação investigou o assunto de imediato. Mas antes de prosseguirmos, é preciso salientar que o Código Penal chinês recebeu uma emenda há cerca de dois meses. A nova versão entrou em vigor a 1 de Novembro de 2015 e estipula que a fraude nos exames é considerada crime. Quem vender as respostas dos exames é condenado a três anos de

Fraude académica

prisão. Mas se a situação for considerada muito grave, a pena pode ir até aos sete anos. E é aqui que se levanta uma questão. Se a venda das soluções dos exames é considerada crime, porque é que ainda se mantém? Penso que o artigo publicado no website “chinesetoday.com”, no último dia de 2015, responde claramente a esta pergunta. Pelo artigo ficamos a saber que, em 2012, tinha havido fuga nos exames de política, matemática, e medicina do “Graduate Student Entrance Examination”. O departamento de Educação investigou o caso e ficou apurado que os responsáveis eram funcionários governamentais. Para além disso, Qi Hang, funcionário do colégio particular “Qi Hang Jiao Yu Ji Tuan ChangSha Fen Xiao” foi também acusado.

No entanto, Qi Hang não parece ter sido muito afectado. Tornou-se até bastante popular entre os alunos. Em alguns materiais promocionais podíamos ler, “Fugas de Qi Hang, podes crer.” Continuando a nossa leitura, ficamos a saber que o colégio também não foi muito incomodado. Antes pelo contrário, passou a informar os estudantes que os seus exames eram dignos de confiança. Do ponto de vista do estudante, mais vale gastar algum dinheiro para comprar as respostas do que trabalhar arduamente. É uma forma simples e eficaz de ter boas notas. Dado que o mercado funciona desta forma, a Lei não parece ser suficiente para travar a compra e venda de perguntas e respostas dos exames.

“Para reduzir a fraude nos exames, a educação deve ter um papel central. Através da educação, as pessoas têm de perceber que estes comportamentos são desonestos. Se as mentalidades não forem alteradas, independentemente das consequências previstas na Lei, a sociedade não evolui”

Para reduzir a fraude nos exames, a educação deve ter um papel central. Através da educação, as pessoas têm de perceber que estes comportamentos são desonestos. Se as mentalidades não forem alteradas, independentemente das consequências previstas na Lei, a sociedade não evolui. É preciso ter presente, que parte das normas legais são medidas para avaliar o comportamento humano. Se o seu comportamento estiver aquém dos requisitos legais, você deverá ser considerado culpado. Mas não podemos concluir que a Lei exclui o crime. Por exemplo, o homicídio é crime. Mas, no entanto, continua a ser praticado. A Lei pode facultar o padrão de comportamento desejável, mas não pode impedir o delito. Para travar a infracção, é necessário sensibilizar as pessoas e chamá-las à razão. A Educação pode ensinar a distinguir o certo do errado, mas leva tempo. Conselheiro Jurídico da Associação de Promoção do Jazz de Macau legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Serves-me o chá com gestos de alquimia /sentado na minha frente, paraste o tempo, / e o teu rosto de súbito revela / que arde em ti a memória de milénios”

Fernanda Dias

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Preços e consumo estão em baixa Consumidores sem confiança

O

preço dos bens de consumo em Macau baixou e os residentes compram agora mais do que no semestre passado. Estes são os mais recentes dados de um inquérito levado a cabo pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), publicado na passada quinta-feira e que se refere aos índices de consumo da população no terceiro e quarto trimestres do ano passado. Os números mostram um aumento de 1,3% no consumo entre Julho e Setembro e Outubro e Dezembro, mas pode revelar-se enganador: é que comparando com os dados de 2014, o consumo no ano passado baixou quase 5,4%. O estudo teve em conta a resposta de mil pessoas questionadas através de entrevista e que têm mais de 18 anos. Este envolveu seis indicadores, incluindo a situação de emprego dos inquiridos, o preço dos bens consumidos, o nível de vida, a aquisição de habitação e a economia local. A pontuação máxima desta investigação é de 200, mas os três meses de Outubro a Dezembro

só somaram, em termos de consumo local interno, 82,6 pontos, algo que é significativo de que “os consumidores não têm confiança suficiente” na economia do território.

Sobe e desce

Os valores da economia local e da situação de emprego aumentaram de um trimestre para o ano, com percentagens de subida na ordem dos 9,8% e 1% respectivamente. O preço dos bens consumidos ficou-se, na estatística dos últimos três meses, nos 71,3 pontos, decrescendo assim 4,5%. Já ao contrário do que se possa pensar, aumentou o número de pessoas a quererem investir no mercado da revenda e da habitação: 2,1% e 3%. A MUST conclui, dizendo que a visão pessimista dos consumidores de Macau está a diminuir, visto que têm agora mais confiança para gastar dinheiro. O mesmo documento sugere que o Governo faça mais pela diversificação económica.

UM Professores de História galardoados

Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

Os professores da Universidade de Macau (UM) Mao Haijian e Li Ping receberam o bronze nas categorias de Monografia e Artigo Académico, respectivamente. Ambos pertencem ao departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e os galardões foram-lhes atribuídos numa das sucursais do Ministério da Educação chinês. A obra de Mao foi publicada em 2011 e trata-se de uma investigação sólida sobre a Reforma dos 200 Dias praticada pela Dinastia Qing. O artigo do professor Li explora o desenvolvimento da identidade do Imperador Amarelo durante a história da China, tendo sido publicado pela Ciências Sociais na China, em 2012. Este ano foram premiadas 908 dos seis mil documentos entregues, dos quais 50 foram primeiros lugares, 251 foram bronze e outros 596 venceram a terceira posição. Este galardão foi criado pelo Ministério da Educação em 1995 e tem o objectivo de premiar os melhores trabalhos de investigação na área da Filosofia e das Ciências Sociais.

segunda-feira 11.1.2016


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