TIAGO ALCÂNTARA
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
QUINTA-FEIRA 11 DE FEVEREIRO DE 2016 • ANO XV • Nº 3509
TAIWAN
Castelo de latas
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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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CENTRAIS
hojemacau
A-MA
Fogo no templo PÁGINA 7
HONG KONG “SCHOLARISM” ASSOCIADO A CONFRONTOS EM MONG KOK
Debaixo do vulcão Hong Kong voltou a viver esta semana uma noite de violência como não se via desde os protestos do Occupy Central. Os confrontos entre a polícia e manifestantes foram despoletados pela contestação
à expulsão de vendedores ambulantes, mas a detenção de um elemento do movimento estudantil indicia motivos políticos e há quem diga que as tensões acumuladas poderão voltar a explodir.
ÓRGÃOS MUNICIPAIS
Directos ao poder PÁGINA 4
h
Sobriedade e nobreza MANUEL AFONSO COSTA
A fé no monstro AMÉLIA VIEIRA
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GRANDE PLANO
2 GRANDE PLANO
Começou por ser uma operação policial contra vendedores ambulantes de comida, mas acabou em violentos confrontos entre a população e a polícia, aos quais nem os jornalistas escaparam. A revolta ocorrida na zona de Mong Kok começa a ter contornos políticos, com a prisão de um membro do “Scholarism”
HONG KONG
REVOLTA EM MONG KOK ASSOCIADA A MOVIMENTO “SCHOLARISM”
A FERRO E FOGO VENDEDORES AFASTAM-SE DO CONFLITO
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egundo a reportagem do South China Morning Post, os vendedores ambulantes continuaram a vender comida apesar do gás pimenta que se fazia sentir nas ruas. E frisaram que nunca quiseram causar violência. “Não concordo (com a revolta). Nós vendedores não queremos causar distúrbios, só queremos fazer negócio. Os meus filhos disseram-me para não vender hoje, mas se não vender perco entre 7 a 8 mil dólares de Hong Kong”, disse a vendedora Chan ao diário de língua inglesa. “Os vendedores não querem causar distúrbios e apenas estão a fazer negócio. Penso que as coisas pioraram quando os jovens não gostaram da forma como os vendedores estavam a ser pressionados. Perderam um pouco a cabeça”, disse o vendedor Chan Kong-chiu. A acção policial ocorreu porque os vendedores estariam a vender comida sem licença em Mong Kok, algo que costuma ser tolerado pelas autoridades nos primeiros quatro dias da Semana Dourada. O Governo de Hong Kong não licencia vendedores ambulantes desde a década de 70, por considerar que perturbam a ordem das ruas e causam problemas de higiene.
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“Podem existir elementos políticos por detrás do movimento. Não compreendo totalmente toda a situação, mas penso que a política será um dos motivos por detrás do que aconteceu” SCOTT CHIANG PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU
“Mais acontecimentos deste género podem ocorrer, este tipo de descontentamento pode voltar a aparecer junto da sociedade. Se Hong Kong consegue suportar isso? Sim, mas terão de pagar um preço” LARRY SO ACADÉMICO
“Estamos profundamente indignados com o facto da polícia prender de forma indiscriminada um estudante, algo que significa um ataque aos direitos da pessoa e à sua liberdade de expressão. Até este momento o advogado não conseguiu contactar Derek de nenhuma forma” COMUNICADO DO MOVIMENTO “SCHOLARISM” SOBRE A DETENÇÃO DE DEREK LAM SHUN-IN
N
A noite de terça para quarta-feira viveram-se momentos de terror nas ruas da zona de Mong Kok, em Hong Kong, num violento protesto como não se via desde 2014, ano em que o movimento Occupy Central ocupou o distrito financeiro da região vizinha. Os desacatos começaram com uma operação policial contra vendedores ambulantes, mas depressa grupos de pessoas manifestaram-se de forma violenta, cujos actos culminaram em 90 polícias feridos e dezenas de pessoas detidas, número que poderá aumentar, segundo o Executivo da região vizinha. A operação da polícia desencadeou protestos entre os comerciantes e frequentadores da zona de Kowloon que, segundo a polícia, acabaram por lançar pedras, contentores e garrafas às forças de segurança. A polícia respondeu com gás pimenta e disparos de aviso. O subcomandante da polícia de Hong Kong Crusade Yau Siu-kei disse ao jornal South China Morning Post que é provável que o protesto contra a polícia estivesse preparado e organizado porque, assegurou, os manifestantes tinham carros para transportar escudos, capacetes e luvas, entre outros objectos. A polícia já deteve mais de 60 pessoas, acusadas de ataque às forças de segurança, resistência à detenção, alteração da ordem pública e de obstaculizarem o trabalho policial. Os desacatos na rua duraram mais de dez horas, sendo que ontem a policia de Hong Kong ainda patrulhava o local.
“SCHOLARISM” ENVOLVIDO
Ontem os confrontos em Mong Kok começaram a estar associados ao movimento “Scholarism”, já que, segundo o jornal South China Morning Post, Derek Lam Shun-in foi preso. Derek Lam Shun-in pertenceu ao movimento Occupy Central e é membro do Scholarism, tendo sido apanhado pela polícia no Aeroporto Internacional de Hong Kong na manhã de ontem, acusado de ter incitado a rixa. Derek Lam Shun-in estaria a viajar para Taiwan para se juntar à família, sendo que os familiares terão regressado a Hong Kong assim que souberam da sua detenção. Um comunicado publicado pelo “Scholarism” já veio negar esta acusação, dizendo que Derek Lam Shun-in estava em Mong Kok apenas para comprar comida aos vendedores ambulantes. “Ele deixou Mong Kok às 2h15 horas da manhã de terça-feira e não ata-
cou nenhum política ou fez algo violento”, aponta o comunicado, que fala de uma detenção feita sem autorização judicial. “Estamos profundamente indignados com o facto da polícia prender de forma indiscriminada um estudante, algo que significa um ataque aos direitos da pessoa e à sua liberdade de expressão. Até este momento o advogado não conseguiu contactar Derek de nenhuma forma. Pedimos à polícia que dê declarações sobre a situação do Derek e que autorize a sua libertação imediatamente. Nós, sem medo, vamos usar toda a nossa força para lutar nesta batalha ao lado do nosso membro Derek Lam”, lê-se no comunicado divulgado no Facebook.
90 polícias feridos
Ao HM, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), acredita que podem existir ligações não directas ao “Scholarism” ou Occupy Central. “Podem existir elementos políticos por detrás do movimento. Não compreendo totalmente toda a situação, mas penso que a política será um dos motivos por detrás do que aconteceu”, disse Scott Chiang, que falou da possibilidade de “um número de pessoas terem recusado utilizar os canais normais para expressar a sua insatisfação e tomaram acções para mostrar ao Governo a sua posição política”. “Podem ter tomado mais acções pró-activas ou diria violentas... em chinês chamamos de “locais” pró-activos, este tipo de pessoas convenceram-se que o pacifismo já não lhes serve desde o Occupy Central, e perceberam que talvez o facto de terem sido pacíficos fez com que o movimento tenha falhado. Penso que um grupo de pessoas se convenceu que deviam ser mais violentos ao lidar com o Governo, por isso vimos mais jovens a aderir à revolta, pareciam bem preparados. Não diria que já estavam organizados, mas sabiam
60
pessoas detidas, acusadas de ataque às forças de segurança
o que estavam a fazer”, disse o presidente da ANM ao HM. O South China Morning Post avançou ainda que depois da prisão de Derek Lam foi preso outro homem na zona de Sham Shui Po, sendo que a polícia terá descoberto cinco walkie-talkies em casa do suspeito. Para além do “Scholarism”, o grupo “Hong Kong Indigenous” estará envolvido no caso, já que o seu líder, Edward Leung Tin-kei, referiu na sua página do Facebook ter sido preso acusado de estar ligado aos acontecimentos de Mong Kok. Edward Leung escreveu ainda que a polícia terá forçado a entrada em casa de outros alegados suspeitos, o que terá resultado na prisão de mais 20 pessoas.
CY LEUNG REJEITA VIOLÊNCIA
Entretanto, o Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, já veio condenar os actos de violência, falando dos carros da polícia e de privados que ficaram danificados, para além dos agentes das forças de segurança que foram alancados com diversos objectos mesmo depois de já estarem caídos no chão e feridos. “Penso que as pessoas poderão ver por si próprias nas imagens da televisão a seriedade da situação. O Governo condena com firmeza estes actos violentos”, afirmou. Para Scott Chiang, CY Leung vai utilizar este episódio para garantir uma reeleição ao cargo de Chefe do Executivo, em 2017. “CY Leung usou este incidente para ter mais apoio, para que possa ter uma reeleição assegurada” defendeu o presidente da ANM. Para o académico Larry So, o que aconteceu em Mong Kok não foi apenas por uma questão política. “Não se pode falar de um movimento puramente ideológico, diria que não foi um movimento político quando se transformou numa revolta, sem nenhuma ideia ou objectivo político por detrás disso. Numa primeira fase parecia planeado e organizado, mas não havia uma extensão. Uma mob deste género é irracional é um movimento colectivo”, defendeu. Para o futuro, Larry So acredita que “mais acontecimentos deste género podem ocorrer, este tipo de descontentamento pode voltar a aparecer junto da sociedade. Se Hong Kong consegue suportar isso? Sim, mas terão de pagar um preço”, rematou. Scott Chiang acredita que “a situação se vai tornar mais polarizada”, frisou. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
4 POLÍTICA
hoje macau quinta-feira 11.2.2016
PEDIDA CRIAÇÃO DE ÓRGÃOS MUNICIPAIS ANTES DE ELEIÇÕES
O que faz falta
O GOVERNO LOCALIZAÇÃO DO CENTRO DE INFECÇÃO É ADEQUADA
C
HUI Sai On, Chefe do Executivo da RAEM, defendeu, numa cerimónia do Ano Novo Lunar, em Tai Seac, que a localização do Centro de doenças infecciosas é adequada, sugerindo aos residentes que não se sintam preocupados relativamente a esta questão. “De acordo do caso de SARS na Ásia, em 2003, os residentes preocuparam-se muito com as doenças infecciosas, e depois da aprovação da Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de doenças transmissíveis, em 2004, é definido que Macau precisa de um ambiente saudável, isso envolve as instalações e a formação dos profissionais para lidar, prevenir e controlar as doenças infecciosas”, segundo o Jornal Ou Mun. Chui Sai On defendeu que “a sugestão da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a experiência demonstram que a localização ao lado do hospital, para o Centro, é a mais adequada. A possibilidade do Centro ficar naquele local aumenta as instalações contra este tipo de doenças, evita o vazamento de doenças e separa os doentes por tipo, isto previne vidas”. Chui avançou ainda que o Governo irá preparar com mais rigor os trabalhos de prevenção e instalações de materiais como a filtração de ar, portanto, os residentes não precisam de se preocupar sobre isso. T.C.
ANO DO MACACO CHUI SAI ON QUER ENFRENTAR “PRESSÃO” ECONÓMICA
Na sua habitual mensagem de Ano Novo Chinês, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu que o “inicio do ano simboliza a renovação”, sendo que o Executivo vai “trabalhar em conjunto com os cidadãos, reunindo sabedorias, para enfrentar a pressão trazida pela desaceleração da economia, manter a estabilidade financeira, dar prioridade aos projectos relacionados com a vida e o bem-estar da população, e consolidar a harmonia e a estabilidade sociais, abrindo assim um novo cenário para o desenvolvimento de Macau”. Para o novo ano, Chui Sai On pretende construir “uma cidade com condições ideais de vida, que permita aos idosos viver com tranquilidade, aos jovens ter oportunidades de desenvolvimento dos seus talentos e um crescimento feliz às crianças, que seja um lugar ideal para viver e trabalhar com alegria”, rematou.
deputado Ng Kuok Cheong quer saber quais os avanços do plano do Governo sobre a criação de órgãos municipais sem poder político. Numa interpelação oral, o deputado defendeu que os membros desses órgãos devem ser eleitos pelos residentes de Macau, de forma directa. O deputado apontou que na resposta da Direcção dos Serviços para a Administração e Função Pública (SAFP), a outra interpelação escrita em Outubro do ano passado, foi declarado que o Governo já tinha criado um grupo especializado, composto por líderes de vários organismos públicos e especialistas jurídicos. A SAFP afirmou que os membros do grupo concordaram na necessidade da criação de órgãos municipais sem poder político, conforme a exigência da Lei Básica, avançando com um estudo preliminar sobre a forma da composição destes órgãos municipais, bem como as suas funções e direitos. No entanto, o deputado Ng Kuok Cheong acha pouco satisfatório que não haja nenhum resultado do estudo. “Até ao momento, qual é o resultado do estudo sobre a forma de criação de membros de órgãos municipais, as funções e os direitos? O Governo concorda que os membros sejam eleitos directamente pelos residentes de Macau?”, questionou. O pró-democrata exemplificou que no passado o Governo criou muitos conselhos consultivos, bem como instruções de consultas de políticas. No entanto, para Ng Kuok Cheong, o resultado “não satisfez as previsões”, considerando que teve que ver com a natureza dos membros, ou seja, estes foram nomeados e não eleitos. “Se os membros forem eleitos pelos cidadãos, não dependem das relações com os governantes, assim, as suas opiniões podem ser mais fortes, com capacidade de até melhorar os trabalhos”, apontou.
EXEMPLOS DE LÁ
Ng Kuok Cheong exemplificou ainda que sob o mesmo sistema
TIAGO ALCÂNTARA
Ng Kuok Cheong quer que o Governo crie órgãos municipais sem poder político já este ano. Mas mais que isso, o deputado pede que os membros destes órgãos sejam eleitos de forma directa pelos residentes
“Um País, Dois Sistemas”, em Hong Kong são criadas assembleias distritais que contam com a participação de deputados totalmente eleitos. O deputado considera que o Governo de Macau deve acompanhar a tendência e criar órgãos municipais cujos membros são eleitos por residentes de Macau, com objectivo de melhorar os trabalhos municipais e recolher opiniões dos cidadãos de forma eficaz. “O Governo deve começar a consulta pública sobre esta ideia no início da segunda metade deste ano, tentando concretizar a criação de órgãos municipais sem poder político dentro deste mandato
do Chefe do Executivo, antes de 2019”, rematou. A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan referiu, em Novembro do ano passado, que o Governo prevê que os órgãos municipais sem poder político possam ser criados em 2017. Ieong Wan Chong, académico do Instituto Politécnico de Macau (IPM) apresentou a sugestão de criar esses órgãos municipais através de uma reorganização do conselho consultivo do IACM. Até ao momento, o Governo ainda não publicou detalhes sobre a forma de criação. Flora Fong
Flora.fong@hojemacau.com.mo
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40%
POLÍTICA
DSPA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS ATRASADA
Quatro longos anos
de águas residuais entra diariamente no mar sem qualquer tratamento
Já passaram quatro anos desde o concurso público para o aumento da capacidade da estação de tratamento de águas residuais. Desde 2011 a única coisa feita até agora é o design. Quem o confirma é a DSPA justificando o atraso com burocracias
A ESTRATÉGIAS PARA RESÍDUOS ELECTRÓNICOS
O
Governo está a planear a apresentação de nova tipologia de habitação, algo que para o deputado Ho Ion Sang é preocupante, visto as actuais estratégias de distribuição de habitação pública não serem claras. Esta medida pode piorar a diferenciação de cada classe, apontou. O Governo justifica a ideia da nova tipologia para ajudar os cidadãos de Macau que não são qualificados e que não tenham capacidade para comprar fracções privadas. Segundo o Jornal do Cidadão, Ho Ion Sang apontou que a possibilidade de falha deste plano é grande, justificando que o território tem poucos terrenos e os residentes já apresentam muitas queixas sobre o assunto. O deputado acredita que a nova tipologia poderá entrar em conflito com os recursos que Macau dispõe para habitação, para além de estar a diferenciar as diversas classes da sociedade. “O Governo tem uma má gestão de utilização de terrenos, não existem terrenos suficientes para resolver o problema da habitação dos residentes de Macau. O Governo deve ser responsável e elaborar uma
porque a quantidade ultrapassou a capacidade de suporte de 144 mil metros cúbicos. Agora, todos os dias, mais de 40% de águas residuais entra no mar sem qualquer tratamento. O Governo realizou um concurso público internacional para a expansão da Estação do Tratamento de Águas Residuais em 2011, esperando com isso aumentar a capacidade de tratamento até aos 184 mil metros cúbicos. Ao Jornal Ou Mun, a DSPA explicou que o plano de expansão foi
prorrogado depois de um candidato ter sido rejeitado do concurso público. Na altura, o candidato ainda recorreu até ao Tribunal de Última Instância (TUI) e venceu, sendo que a DSPA foi obrigada a iniciar novamente os processos de avaliação. Agora a empresa operadora é Consortium Cesl Asia-Indaqua-Tong Fang.
DETALHES DE PAPEL
O plano está, actualmente, na fase de design detalhado, mas a DSPA explica ainda que foram descobertos limites na
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Segundo o mesmo jornal, Vong Hoi Ieong, director da Direcção dos Serviços da Protecção Ambiental (DSPA) revelou que será concluído este ano o estudo sobre as estratégias de tratamento de resíduos electrónicos a longo prazo. O estudo permite analisar a situação do território e apresenta algumas sugestões. Vong Hoi Ieong considera que Macau não tem condições suficientes para tratar dos lixo electrónico por falta de terrenos. Mas a DSPA está a pensar em cooperar com as fábricas de tratamento de baterias do Japão, Coreia do Sul entre outras regiões, para reutilizar as baterias recarregáveis. O director espera também que os consumidores pensem mais antes de comprar equipamentos electrónicos.
Direcção dos Serviços da Protecção Ambiental (DSPA) afirmou que o plano da expansão da Estação do Tratamento de Águas Residuais na península de Macau está apenas na fase de design, depois de quatro anos passados desde a abertura do concurso público. O organismo garantiu que está a resolver o atraso com a operadora. O tratamento de águas residuais desta estação está sobrecarregado desde 2009,
estrutura dos edifícios, na sua capacidade de carga, bem como outros factores. Depois disto a obra não foi avançada como estava previsto. Apesar de tudo, a DSPA frisou que está a negociar com a empresa operadora, para tentar procurar uma resolução viável e tentar diminuir o tempo necessário para a obra da expansão da Estação de Tratamento de Águas Residuais na península de Macau. No entanto, ainda não há data da conclusão. Flora Fong
Flora.fong@hojemacau.com.mo
SUBSÍDIOS ALEXIS TAM VAI PUBLICAR LISTA DE ASSOCIAÇÕES
I
Recursos em causa
Habitação pública Ho Ion Sang preocupado com conflito de terrenos
proporção de habitação pública e de edifícios privados, outra de habitação económica e social, esclarecendo as políticas de habitação e a oferta de fracções públicas”, argumentou.
DOS LIMITES
Para Leong Kuai Peng, membro do Conselho para os As-
suntos de Habitação Pública o Governo deve considerar a criação de habitação a preços limitados, nos terrenos não aproveitados e que agora foram recuperados, apesar do Governo já ter dito que não o iria fazer. Leong Kuai Peng disse ainda que a habitação pública
não é “medicamento” para o problema de habitação, é apenas uma medida de conveniência. O membro considera viável que o Governo promova junto dos construtores a construção de casas a preços limitados. Flora Fong
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P Peng Kin, chefe de gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, confirmou que o Executivo vai rever a lista das associações que recebem subsídios públicos. Segundo o Jornal do Cidadão, a partir deste ano vai começar a ser publicada uma lista das associações que recebem subsídios e os valores que são atribuídos, para além das publicações que já são feitas no Boletim Oficial (BO). Para este ano a tutela dos Assuntos Sociais e Cultura terá, de entre as cinco secretarias, o orçamento mais elevado, no total de 189 milhões de patacas. Ip Peng Kin garantiu que há associações que muitas vezes recebem subsídios de vários organismos do Governo, mas, da parte do gabinete de Alexis Tam, apenas são subsidiadas associações que abrangem várias áreas. “Analisámos se vale a pena apoiar as actividades antes de atribuir os subsídios, e questionámos outras direcções de serviços se já atribuíram subsídios, para não haver repetições”, explicou o chefe de gabinete, acrescentando que as associações vão ter de entregar relatórios e recibos que comprovem a realização das actividades realizadas. Ip Peng Kin confirmou que, além da publicação da lista, o Governo vai reorganizar as associações pelas direcções cujas áreas são correspondentes. F.F.
6 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 11.2.2016
Ainda não é altura para festejar. O aviso vem de Helena de Senna Fernandes que afirma não ser um ano de muito “optimismo” para o cenário económico global. Mas há boas notícias: o Festival de Luzes veio para ficar
N
O primeiro dia do novo ano chinês, a directora dos Serviços de Turismo de Macau foi cautelosa acerca do ambiente geral de recuperação, afirmando que Ano do Macaco “não é ainda” tempo para optimismo. “O Ano do Macaco não é ainda um ano em que podemos ser muito optimistas”, afirmou Helena de Senna Fernandes. “Ainda estamos a verificar que o cenário económico global
Turismo DIRECTORA AFASTA OPTIMISMO DE ANO DO MACACO
Alertas e cautelas não está muito estável”, disse, referindo-se à queda, desde 2014, das receitas dos casinos, principal motor da economia e do turismo em Macau. O número de turistas desceu 2,57% em 2015, a primeira queda desde 2009. Para a directora dos Serviços de Turismo, “na melhor das expectativas”, será possível “atingir um ligeiro aumento, na ordem de 1%”, no número de visitantes em 2016. “Mas não temos muitas expectativas porque este ano ainda não vai ser fácil”, sublinhou. Em Fevereiro de 2015, também à margem das celebrações do ano lunar, o Executivo anunciou a intenção de negociar com o Governo Central a imposição de um limite ao número de turistas da China em Macau. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, chegou mesmo a deslocar-se a Pequim para discutir o assunto, mas desde então nenhuma medida foi anunciada. Confirmando que tais negociações tiveram lugar, e contaram com o apoio de diferentes instituições
“O Ano do Macaco não é ainda um ano em que podemos ser muito optimistas” HELENA DE SENNA FERNANDES DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO DE MACAU
MACAU NO JAPÃO
da China continental, Helena de Senna Fernandes disse apenas que o Governo de Macau se vai concentrar na “melhor distribuição [dos turistas] durante diferentes épocas do ano” e numa mudança de estratégia no que toca às campanhas de promoção na China, o principal mercado de origem dos turistas. “Dentro da China estamos a fazer uma mudança em termos da nossa maneira de atrair turistas, estamos a ir além de Guangdong”, indicou, referindo-se à província vizinha de Macau, de onde chega a maioria dos visitantes. “A sua estadia continua a ser um bocadinho curta”, lamentou. Por esse motivo, os Serviços de Turismo querem “ir além de Guangdong para atrair turistas de longa distância, turistas que têm menos oportunidades de visitar Macau, que não conhecem bem Macau”, sendo por isso possível atrai-los “a ficar mais tempo e despender mais”. Macau recebeu no ano passado mais de 30,7 milhões de visitantes, dois quais 20,4 milhões eram
oriundos da China interior. Menos de metade do total de visitantes (46,6%) pernoitaram na cidade em 2014 e aqueles que o fizeram permaneceram em média 2,1 dias em Macau.
LUZ É PARA MANTER
Helena de Senna Fernandes indicou ainda que o Festival de Luzes irá continuar no presente ano. A directora afirmou que vários comerciantes pediram para que o Governo realizasse de novo, em 2016, o festival, justificando que não aproveitaram as mais valias do mesmo no ano passado. Senna Fernandes garantiu que o mesmo será realizado. Neste momento está a decorrer um Festival de Luzes, perto da Casa de Portugal, para o dia dos namorados. “Desta vez não foi feito um concurso porque não houve tempo, mas para a próxima edição o Governo vai lançar o concurso para as empresas interessadas possam concorrer”, explicou, indicando que todos os anos será subordinado a um tema diferente, portanto não existirá a possibilidade de repetição das mesmas decorações. “A direcção vai continuar a investir. Neste momento já foram investidos cerca de cinco milhões de patacas para a promoção deste festival. Isto é para continuar. Vamos continuar a apostar na promoção”, reforçou. F.A/Lusa
Outros caminhos
Macau Pass Nova plataforma de pagamento em Março
O
director-geral da Macau Pass, Zhang Zhihua, indicou que a empresa vai divulgar a nova plataforma de pagamento na internet já neste trimestre. O responsável espera que mais restaurantes e estabelecimentos sejam envolvidos na lista de locais onde se pode pagar via Macau Pass. Zhang Zhihua sublinhou que neste momento cerca de 80% dos supermercados e lojas de conveniências já instalaram as máquinas da Macau Pass. O objectivo da empresa é que todas as lojas e supermercados tenham uma máquina de Macau Pass. O director indicou que só no último ano foram instaladas cerca de 3600 máquinas de pagamento. “Os engenheiros da empresa estão a estudar como combinar a Macau Pass com os cartões de membros ou VIPdas Pequenas e Médias Empresas (PME), a fim de que um cartão tenha várias utilizações sendo mais conveniente para os residentes. ” disse.
• Chama-se Sapporo, é uma cidade japonesa e durante a realização do Festival de Gelo é possível ver uma réplica das Ruínas de São Paulo, em gelo, envoltas por algumas instalações de luz. Esta é uma das formas, explicou Helena de Senna Fernandes, de promover Macau lá fora.
MAIS PLATAFORMAS
O responsável apontou ainda que “a plataforma de compra na internet de Macau Pass já está a ser preparada,
apontando dez meses para a duração do estudo. “O projecto da plataforma também já foi aprovado pela Autoridade Monetária de Macau e a empresa esta mais completa com outros tipos de produtos. A novidade é que a plataforma estará activa no final do Março”, garantiu. Zhang Zhihua deu como exemplo o Macaumarket, um site de compras de Macau, onde poderá ser utilizado o Macau Pass. A empresa irá cooperar com os bancos locais ligando o Macau Pass aos cartões de bancos. O responsável indicou que “o e-dinheiro ainda tem um grande espaço no mercado de Macau” e, por isso, a Macau Pass vai dedicar-se a este sector com, por exemplo, venda as bilhetes e produtos de Macau. Esta é uma boa ajuda, diz, para as empresas de Macau conseguirem desenvolver os seus negócios. Tomás Chio
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7 hoje macau quinta-feira 11.2.2016
L
EI e Manuela, duas funcionárias públicas de Macau, não falham uma ida aos casinos no Ano Novo Chinês, a única altura do ano em que ali podem entrar e tentar a sorte, cumprindo a tradição chinesa. Apesar de estar longe de se interessar pelo Jogo, Lei, de trinta e poucos anos, recebe sempre com entusiasmo a autorização da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) que lhe permite – a ela e demais funcionários públicos –, ir três dias por ano ao casino. A autorização para entrar e jogar nos casinos é válida, este ano, entre as 20h de 7 de Fevereiro (véspera do primeiro dia do Ano Novo Chinês), passado domingo, e a meia noite de hoje, podendo ir até às duas da manhã se os funcionários públicos já se encontrarem numa sala de jogo dos mais de 35 casinos de Macau. Por norma, Lei vai ao casino em grupos de oito a dez pessoas. Para as apostas dos três dias, reserva mil dólares de Hong Kong. “É uma tradição chinesa. Se conseguires ganhar o dinheiro da sorte (‘lucky money’) é um bom sinal. Talvez [signifique que] vais ganhar mais no novo ano ou [que] vais conseguir algum benefício extra”, afirmou. Para evitar uma eventual exposição à tentação de suborno ou corrupção, os funcionários dos Serviços Públicos de Macau estão proibidos de entrar nos espaços de jogo, excepto durante o Ano Novo Chinês. A proibição já vem do tempo em que o magnata Stanley Ho era o único com licença para operar casinos no território, observou o antigo académico do Instituto Politécnico de Macau Larry So, em declarações à Lusa. O académico recua até à China imperial para explicar o quão enraizada está a tradição chinesa de jogar durante o Ano Novo Chinês, em que “as pessoas são encorajadas a jogar diferentes jogos, incluindo no casino”.
A CÉU ABERTO
“Nas áreas rurais, as pessoas jogam todo o tipo de jogos e estes podem
B
ATIAM as cinco e meia da madrugada quando Macau acordou com o sirene dos bombeiros. Uma parte de um pavilhão do Templo de A-Ma, local que acolheu nos últimos dias milhares de pessoas nas tradições do Ano Novo Chinês, ardeu devido, apontam as autoridades, a um curto-circuito. Sem feridos, indica o canal chinês de Rádio Macau, ainda não há dados da dimensão dos estragos.
Jogo LICENÇA DE TRÊS DIAS PARA FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
O fruto proibido
São apenas três dias por ano em que funcionários públicos estão autorizados a entrar nos casinos. Há quem não queira perder a oportunidade de tentar a sua sorte e conseguir ganhar o “lucky money” garantindo a boa sorte para o resto do ano
ser a dinheiro”, sublinha. Por outro lado, lembra que no período do Ano Novo Chinês, “em especial nos primeiros dias”, até a Cidade Proibida, em Pequim, está aberta ao público. “Em essência, estamos a falar de que não deveria haver nada proi-
bido à população; de que durante o Ano Novo Chinês estamos abertos a tudo”, acrescentou. Mas a interdição aplicada aos funcionários públicos do território durante o resto do ano não significa que não possam jogar: “Não podem jogar no casino, mas podem
“É uma tradição chinesa. Se conseguires ganhar o dinheiro da sorte (‘lucky money’) é um bom sinal. Talvez [signifique que] vais ganhar mais no novo ano ou [que] vais conseguir algum benefício extra” LEI FUNCIONÁRIA PÚBLICA
continuar a jogar Mahjong e outros jogos, e se forem [viajar para fora de Macau, por exemplo] à Coreia do Sul, podem ir aos casinos”, explicou. Para Lei, é normal que os funcionários públicos ganhem um interesse especial por este limitado período em que podem apostar nos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo. Mas na sua opinião, os quadros da Administração não entram em desespero por ficarem mais de 360 dias sem poderem ir ao casino ou terem de os contornar sempre que vão aos restaurantes ou lojas dos centros comerciais dos grandes complexos onde estão instalados.
O telhado está em chamas Incêndio Pavilhão de Templo de A-Ma danificado por fogo
Em visita ao espaço,Alexis Tam, Secretário para osAssuntos Sociais e Cultura, considera que o “Templo de A-Ma é um património de Macau muito importante” e é “lamentável” que algo como isto tenha acontecido. “O Governo de Macau vai ajudar na reparação do que foi danificado. A Administração está preocupada e atenta à
protecção do seu património”, defendeu, indicando que o Instituto Cultural (IC) já tinha alertado, no final do Janeiro, para o cuidado necessário relativamente à queima de incensos.
INSPECÇÃO RECENTE
Também em visita, o presidente do IC, Guilherme Ung
Vai Meng, explicou à rádio Macau, que a última inspecção ao espaço foi feita no final de Janeiro. “No dia 28, o Instituto Cultural e o Corpo de Bombeiros realizaram uma acção de prevenção de incêndios em todos os templos. O Templo de A-Ma foi o primeiro em que fizemos a inspecção. Na sequência
SOCIEDADE
“Hoje em dia temos mais meios para jogar. Há o ‘poker’, as apostas nos cavalos e no futebol”, disse. Segundo o Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, caso sejam apanhados no interior de um casino fora do período autorizado durante as festividades do Ano Novo Chinês, os funcionários públicos são penalizados de “acordo com uma decisão do seu respectivo departamento”, segundo a DICJ. Manuela Sousa Aguiar, funcionária pública há cerca de 25 anos, diz que passa bem sem pôr os pés nos casinos. “Não tenho familiares próximos que gostassem de jogar, por isso, não tenho essa grande ansiedade”, afirmou. Ainda assim, não desperdiça a oportunidade de, nesta altura do ano, entrar num casino, nem que seja para “não ser saloia e poder explicar [como funcionam] aos amigos estrangeiros” que visitam Macau. Além disso, também já foi a casinos quando viajou para o estrangeiro e ficou surpreendida com as diferenças. “Em Auckland [Nova Zelândia] eles têm mais ‘slot machines’ do que mesas de jogo com ‘croupiers’ e as apostas não são muito elevadas nas salas comuns”. Tradutora ao serviço da Administração Pública, diz que estas idas aos grandes espaços de entretenimento também a ajudam a aprofundar conhecimentos sobre a indústria de jogo, não raras vezes tema de trabalho nas interpretações simultâneas que tem de fazer. Neste Ano Novo Chinês, Manuela já decidiu o que fazer: quer ir ao Studio City, o mais recente casino da cidade, inaugurado no final de Outubro. Planeia apostar até mil dólares de Hong Kong: “Se ganhar levo a família a um restaurante de luxo”.
da investigação preliminar do Corpo de Bombeiros, não é muito provável que o fogo esteja relacionado com a queima de incenso e velas. Temos de esperar pelo relatório oficial para saber a verdadeira causa do incêndio. Como estamos a falar de património mundial da UNESCO, lamentamos muito. Vamos informar a Administração Nacional do Património Cultural da China e fazer um relatório para ser enviado”, afirmou,
Fátima Valente Agência Lusa
indicando que um relatório sobre o incidente será entregue à Administração Nacional do Património Cultural da China. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
8 SOCIEDADE
hoje macau quinta-feira 11.2.2016
Jogo CARLOS MONJARDINO FALA DE TENDÊNCIAS PARA CONTROLAR
“Tem havido pressão da China” Numa entrevista concedida ao jornal português Público, o presidente da Fundação Oriente diz que hoje “a tendência é para controlar” o sector do Jogo e que Macau é um caso perdido para Portugal “há muito tempo”
O
presidente da Fundação Oriente (FO), Carlos Monjardino, disse numa entrevista ao jornal Público que a China tem vindo a tentar controlar o sector do Jogo por forma a reduzir o número de ilegalidades cometidas. “Em Macau tem havido mais condescendência, mas hoje a tendência é para controlar, tem havido pressão da China que já se notou, pois as receitas do jogo baixaram. Havia quem ganhasse dinheiro ilícito na China e depois vinha a Macau limpar o dinheiro, e isto deixou de se fazer porque essas pessoas foram identificadas em Macau e devidamente repatriadas. Isto baixou brutalmente, em especial as ordens nas chamadas mesas VIP. Mas Macau rapidamente se adaptou convertendo-se para o pequeno e médio jogador sem aqueles problemas. Hoje há cada vez mais gente a jogar, mas com apostas mais baixas. É uma tradição chinesa, que vai ter a competição dos russos que estão a apostar no negócio”, disse ao diário de língua portuguesa. Referindo que o futuro papel da FO passa sobretudo pela acção cultural, Carlos Monjardino defendeu que Macau é um caso perdido para Portugal “há muito tempo”. “Não há hoje em dia, e falo da Fundação, condições para actuarmos na vida de Macau, sobretudo social, mas também cultural. Na parte cultural levamos a componente portuguesa e trazemos a chinesa. Mas ao nível social, que é um sector particularmente sensível, Macau não necessita de nós e tem aliás mais meios para o fazer”, apontou. “A Fundação é que tem um papel menos importante na com-
os residentes não permanentes. Mesmo assim, recebo 400 euros (4800 patacas) por ano. As autoridades de Macau levam este apoio a sério”, frisou.
A TRANSPARÊNCIA
ponente social, porque foi assumido pelo governo de Macau. E percebe-se: está mais próximo da população”, defendeu Monjardino,
dando o exemplo do Programa de Comparticipação Pecuniária. “Há episódios caricatos: sou residente não permanente de Macau
“Havia quem ganhasse dinheiro ilícito na China e depois vinha a Macau limpar o dinheiro, e isto deixou de se fazer porque essas pessoas foram identificadas em Macau e devidamente repatriadas. Isto baixou brutalmente, em especial as ordens nas chamadas mesas VIP. Mas Macau rapidamente se adaptou convertendo-se para o pequeno e médio jogador”
METRO LIGEIRO ESTAÇÕES DA TAIPA CONCLUÍDAS ESTE ANO
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chefe do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), Ho Cheong Kei, disse ao canal chinês da Rádio Macau que a construção dos viadutos e estações do segmento do Metro Ligeiro na Taipa deverá ficar concluída ainda este ano. Também para 2016 deverá ser aberto o concurso público para a construção da estação na zona da Barra.
e, nessa condição, tenho direito a receber um cheque todos os anos, como, aliás, toda a população. Os residentes recebem mais do que
Em relação a esta estação, Ho Cheong Kei explicou que o contrato com a antiga empresa construtora já foi cessado e que o terreno já foi recuperado pelo Governo. O responsável disse ainda que a estação vai ser subterrânea e irá estabelecer a ligação com muitas outras linhas do Metro Ligeiro. O facto de estar situada junto à ponte de Sai Van faz com que seja uma obra “complicada”, disse Ho Cheong Lei, que
espera que a influência do projecto junto do dia-a-dia da população vá diminuindo. O responsável do GIT não avançou nenhuma data para a entrada em funcionamento do Metro Ligeiro, uma obra que tem sofrido constantes atrasos. Mesmo com o acelerar do projecto na Taipa, o Governo estima que esse segmento possa entrar em funcionamento em 2019. F.F.
Monjardino, que nas últimas presidenciais foi membro da comissão política do candidato Sampaio da Nóvoa, falou ainda sobre o facto de não ter sido candidato à presidência da República em 2006 e apontou que o seu percurso em Macau poderia ter contribuído de forma negativa para a campanha. “Haveria sempre quem falasse no assunto. Mas o meu (percurso), ao contrário de outras figuras que por lá passaram, foi relativamente transparente. Embora, tenha percebido rapidamente que ia ter problemas em Portugal, pois fui relativamente duro em opor-me aos favores aos partidos políticos portugueses. Tomei decisões bastante duras relativamente a quem andou por lá e os partidos não me perdoaram”, disse. Sobre a Escola Portuguesa de Macau (EPM), que já não é apoiada directamente pela FO, Monjardino lembrou que a escola “é muito válida em termos de promoção da língua portuguesa e pedagógicos, mas em termos de gestão financeira é complicado”. Sobre o seu futuro à frente da FO, Carlos Monjardino apenas disse que “não é insubstituível”. “Tenho vindo a delegar poder em gente muito capaz e chego à conclusão, com prazer, que não sou insubstituível. Tenho a noção que hoje não tenho as mesmas capacidades de antes”, rematou. A.S.S.
KAIFONG QUER REFORÇAR CONHECIMENTO SOBRE ALZHEIMER
A União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong) espera que o exame de Alzheimer possa fazer parte dos serviços de cuidado de saúde de idosos, permitindo fazer uma contagem do número de doentes diagnosticados para que recebam tratamento em tempo adequado. Segundo o Jornal do Cidadão, Leong Kuai Peng, chefe do centro dos serviços gerais para idosos da Kaifong referiu que foi feito um inquérito cujo resultado mostra que entre 506 idosos que vivem sozinhos, 40% não tem conhecimento, ou o têm insuficiente, sobre o Alzheimer. A chefe considera que a promoção e prevenção desta doença na comunidade é muito importante, podendo diminuir a pressão na saúde e permitindo aos familiares aprender como cuidar de idosos com Alzheimer. Leong Kuai Peng considera também que os assistentes sociais e trabalhadores de serviços devem também aumentar o conhecimento sobre a doença.
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STÁ lançada a primeira pedra do projecto turístico integrado do Ilhéu de Santa Maria e Gamboa, empreendimento da Macau Legend Development, do empresário local David Chow. Em Cabo Verde, a comitiva fez-se acompanhar não só por membros do Governo cabo-verdiano mas também de Macau, tendo David Chow destacado a importância do seu investimento para o fomento das relações com o mundo lusófono. “Julgo ser justo realçar que é louvável o facto de uma empresa de Macau poder aproveitar-se do seu papel e, servindo de plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa, poder desenvolver as suas actividades no estrangeiro”, disse o empresário, que referiu ainda a estratégia da China de “Uma Faixa, Uma Rota”. “Esta iniciativa acaba por confirmar a tão importante posição de Macau como uma das cidades que fazem parte da Rota da Seda Marítima, e que poderá, eventualmente, apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) de Macau a concretizarem o seu desenvolvimento e cooperação no estrangeiro”, realçou. Com uma licença de jogo exclusiva por um período de dez anos, a Macau Legend Development investiu cerca de 2,15 milhões de dólares de Hong Kong num projecto que terá casino, restauração, hotéis e outras áreas de entretenimento, estando prevista a sua conclusão daqui a três anos. Para David Chow, “o presente projecto tem condições para uma maior expansão, daí que estamos a contar com o necessário e permanente apoio por parte do Governo cabo-verdiano”. O empresário, que em Macau detém os espaços Landmark e Doca dos Pescadores, referiu que o projecto nas ilhas de Santa Maria e Gamboa “servirá de exemplo de que as gentes de Macau sabem utilizar as vantagens e a experiência adquirida para promover as suas actividades no exterior, concretizando-se, assim, a tão almejada política de internacionalização”.
SUBIR DE NÍVEL
Citado pela agência Lusa, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, garantiu que o turismo no país vai ser um sector em grande desenvolvi-
SOCIEDADE
Cabo Verde DAVID CHOW FRISA IMPORTÂNCIA DE PROJECTO TURÍSTICO
Mais perto de Macau
Já arrancaram as obras do empreendimento turístico que David Chow vai construir em Cabo Verde. No seu discurso, o empresário frisou o facto de uma empresa de Macau estar a fomentar as relações com o mundo lusófono
mento. “Este é um projecto que vai permitir que o nosso turismo atinja outros patamares. Com outros hotéis em que estão em
construção teremos condições de gerar milhares de postos de trabalho nos próximos anos, alavancar mais o desenvolvi-
mento do turismo e conseguir o desenvolvimento de outros sectores como os agro-negócios e a economia marítima”, sustentou.
Assuntos delicados
Linha de Assédio sexual Poucos pedidos reflectem sexo como tabu
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linha aberta – de 24 horas – para as vítimas de assédio sexual, criada pelo Gabinete do Coordenador dos Serviços Sociais, Sheng Kung Hui, disponível desde 2014, recebeu até ao momento menos de dez casos. Número este que, para o coordenador, é reflexo de uma Macau que não consegue oferecer um ambiente que permita suportar os pedidos de ajuda. Esta não é a única razão, pois para Ip Kam Po, chefe do Centro de Serviços para Saúde de Famílias e Aconselhamento de Jogo, em de-
clarações ao canal chinês da Rádio Macau, o tema sexo é ainda “tabu”, e por isso a sociedade não se sente segura para pedir ajudar nestes casos. Segundo os dados publicados pelo Gabinete do Coordenador dos Serviços Sociais, referentes a 2014 e 2015, a taxa de consultas e pedidos de ajuda de vítimas de assédio sexual foi muito baixa. Feitas as contas, explicou ao responsável foram tratados menos de dez casos relativos a assédio sexual “É sempre difícil para as vítimas falar e pedir ajuda a outros. Uma
parte da vítimas conta o seu caso depois de algum tempo, em que já sofreram muito. A outra parte tenta esconder. Há ainda os casos de pessoas com problemas mentais e emocionais e isto pode fazer com que a comunicação interpessoal seja afectada”, explicou Ip Kam Po.
ATENÇÃO REFORÇADA
Embora o número de pedidos de ajuda seja baixo, segundo os dados do Gabinete do Secretário para a Segurança, foram denunciados 29 casos de violação e assédio sexual infantil, entre Janeiro a Setembro
Referindo que neste momento o país recebe anualmente cerca de 600 mil turistas, José Maria Neves disse que os vários empreendimentos turísticos em construção vão fazer com que o país chegue a um a dois milhões de turistas nos próximos anos. “Este projecto é mais uma pedra fundamental para a construção e transformação de Cabo Verde”, referiu José Maria Neves. Em Agosto do ano passado, cerca de 40 elementos do movimento cabo-verdiano “Korrenti di Activista” acamparam no ilhéu de Santa Maria em protesto contra a construção do completo, considerando que irá servir sobretudo para trazer ao país “lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual”. Na semana passada, o ex-bastonário da Ordem dos Arquitectos (OAC) cabo-verdianos, Cipriano Fernandes, pediu, através de uma petição, a intervenção da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender o projecto, por considerar que não respeita todos os requisitos legais e que o mesmo deveria ser aberto ao escrutínio público. A.S.S./HM
de 2015. O chefe do centro reforçar a atenção que deve ser dada ao assunto, apelando a que as vítimas peçam ajuda sempre que sentirem alguma ameaça. Para Chan Wai Leong, chefe do Centro de Serviços Gerais de Jovens da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), seria aconselhável acrescentar o ensino sexual na educação regular nas escolas primárias, permitindo que os estudantes entendam que podem conversar sobre o tema do sexo tanto com pais como com professores, deixando de ser tabu. Para o mesmo responsável só desmistificando o assunto é que se poder criar uma atmosfera social adequada. Flora Fong
Flora.fong@hojemacau.com.mo
10 TAIWAN
SISMO
PELO MENOS 42 MORTOS. MAIS DE CEM DESAPARECIDOS
FOTOS TIAGO ALCÂNTARA
TERRA ABALADA
A terr está s com r Na ci de 6,4 de 20
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sismo de sábado no sul de Taiwan matou pelo menos 42 pessoas e 107 continuam desaparecidas, segundo o balanço mais recente das autoridades da ilha. As equipas de resgate continuam no terreno e estavam desde terça-feira a recorrer a maquinaria pesada para mover os escombros de um dos edifícios que ruíram na cidade de Tainan, depois de terem sido detectados sinais de vida no local, informou o Serviço de Emergências de Taiwan. “Em Taipe, num caso similar, salvámos pessoas vivas cinco dias depois do terramoto”, sublinhou terça-feira a presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, para defender a manutenção das equipas de resgate no terreno.
Na segunda-feira, foram retiradas dos escombros cinco pessoas com vida, entre elas, uma menina de oito anos e um bebé de seis meses, encontrado nos braços do pai morto. O sismo de sábado teve uma magnitude de 6,4 na escala de Richter.
ZONA DE RISCO
Taiwan está próxima de duas placas tectónicas e é atingida com regularidade por abalos sísmicos. Em Junho de 2013, um abalo com magnitude 6,3 atingiu o centro da ilha e provocou quatro mortes e deslizes de terra generalizados. Em Setembro de 1999 um abalo de magnitude 7,6 provocou cerca de 2.400 mortos. As equipas de socorro continuavam a detectar sinais de vida
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ra voltou a tremer na antiga Formosa. A ilha situada junto de duas placas tectónicas e sofre regularidade o impacto de abalos sísmicos. idade de Tainan, a mais afectada pelo sismo 4 na escala de Richter, um prédio com cerca 00 apartamentos ruiu completamente
MENINA DE OITO ANOS RETIRADA DOS ESCOMBROS
As equipas de socorro de Taiwan retiraram segunda-feira uma menina de oito anos dos escombros de um complexo de apartamentos, em Tainan, cidade do sul do país atingida por um sismo de magnitude 6,4 no sábado. As equipas de socorro tinham conseguido libertar dois outros sobreviventes, numa corrida contra o tempo para tentar encontrar mais de 100 residentes presos nas ruínas. O fornecimento de electricidade à maioria das 173 mil casas que ficaram sem energia já foi restabelecido, assim como algumas ligações ferroviárias.
DETIDO CONSTRUTOR DE EDIFÍCIO
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S autoridades de Taiwan detiveram o construtor de um arranha-céus que ruiu no sismo de sábado matando pelo menos 40 pessoas, depois de indícios de que foram usadas latas e espuma para encher partes da estrutura de betão. Mais de 100 pessoas continuavam desaparecidas, presumivelmente presas nos escombros do edifício de apartamentos com 16 andares da cidade de Tainan, a mais afectada pelo sismo de magnitude 6,4. O Ministério Público de Tainan deteve esta terça-feira Lin Ming-
de pelo menos 15 pessoas, mas o facto de na segunda-feira apenas terem sido resgatados cinco sobreviventes e de terça-feira terem sido encontradas mortas pessoas que há de 24 horas tinham dado sinais de vida reduz a esperança de conseguir retirar vivas muitas mais vítimas. A maquinaria pesada visa facilitar a abertura de vias entre os escombros, uma vez que com os meios habituais são precisas 10 a 11 horas para que as equipas de socorro consigam avançar um metro. O edifício Weiguang Jinlong, o único da cidade a ruir completamente durante o tremor de terra, tinha cerca de 200 apartamentos. Pelo menos 210 pessoas foram retiradas dos escombros com vida. Lusa
“Em Taipe, num caso similar, salvámos pessoas vivas cinco dias depois do terramoto” MA YING-JEOU PRESIDENTE DE TAIWAN
-Hui, acusado de negligência, e os sócios Chang Kui-Na e Cheng Chin-Kui. Nos escombros, de onde foram retiradas 40 das 42 vítimas mortais do sismo contabilizadas até ontem, foram encontradas latas vazias e espuma de poliestireno em pilares que deveriam ter sido enchidos com betão. Os três executivos da empresa de construção Weiguan criaram uma nova empresa depois de declararem falência em 1994, após a conclusão do edifício em causa, segundo a Procuradoria de Tainan.
12 CHINA
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Zika PRIMEIRO CASO NUM HOMEM DE JIANGXI
Da Venezuela com ardor
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S autoridades sanitárias chinesas confirmaram o primeiro caso de infecção com o vírus Zika no país, num homem de 34 anos que esteve na Venezuela e regressou à China a 5 de Fevereiro, noticiou ontem a imprensa oficial. O infectado está hospitalizado e em quarentena, mas encontra-se já em recuperação, segundo as autoridades. O homem, natural da província de Jiangxi, no sudeste da China, teve sintomas de febre, tonturas e dores de cabeça a 28 de Janeiro, quando ainda estava na Venezuela, e regressou à terra natal a 5 de Fevereiro, depois de ter feito escala em Hong Kong. O risco de difusão do vírus é “extremamente baixo” devido às temperaturas frias desta altura do ano na região, asseguraram as autoridades de Saúde chinesas. Transmitido pela picada de mosquitos do género ‘Aedes’, as autoridades sanitárias suspeitam que o Zika seja a causa de numerosos casos de deformações congénitas em bebés cujas mães foram contaminadas durante a gravidez.
O risco de difusão do vírus é “extremamente baixo” devido às temperaturas frias desta altura do ano na região, asseguraram as autoridades de Saúde chinesas
O Brasil é actualmente o país mais atingido no mundo pela epidemia de Zika, com 1,5 milhões de doentes, seguindo-se a Colômbia (22.600 casos).
EMERGÊNCIA MUNDIAL
A 1 de Fevereiro, a Organização Mundial de Saúde considerou que o recente aumento de casos de microcefalia e de desordens neurológicas em bebés na América Latina constitui uma emergência de saúde pública de alcance internacional e que existe uma forte suspeita de que o aumento daqueles casos seja causado pelo vírus Zika. A microcefalia é um distúrbio de desenvolvimento fetal que resulta num perímetro do crânio infantil abaixo do normal, com consequências no desenvolvimento do bebé. O vírus Zika também é suspeito de causar a síndrome neurológica de Guillain-Barré, que pode causar uma paralisia definitiva. Os sintomas e sinais clínicos da infecção pelo vírus, transmitida (de forma comprovada) aos seres humanos por picada de mosquitos infectados (na América Latina através do ‘Aedes aegypti’, também vector de transmissão do vírus do Dengue, da febre Chikungunya e da Febre Amarela), são muito parecidos com os da gripe, provocando febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares. Geralmente, os sintomas começam a desaparecer quatro ou cinco dias depois. O período normal de incubação varia entre três a 12 dias.
PUB HM • 2ª VEZ • 11-2-16
PEQUIM TORCE O NARIZ AO SATÉLITE NORTE-COREANO
ANÚNCIO PROCESSO: Execução Ordinária
CV3-14-0128-CEO
3º Juízo Cível
EXEQUENTE: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar.-----------------------------------------------------------EXECUTADOS: LEI CHEK SANG E CHU SOU LENG, ambos ausentes em parte incerta, e com último domicílio conhecido em Macau, na Alameda da Tranquilidade, nº 228, Edifício Jardim Hoi Keng, Bloco 1, 15º andar A.---------------*** FAZ-SE SABER que, nos autos acima indicados, são citados os credores desconhecidos dos executados, acima identificados, para no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de VINTE DIAS, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real, e que é o seguinte:-----------------------------------------------------------------------------------------IMÓVEL PENHORADO Denominação: Fracção autónoma designada por “A15” do 15º andar “A”. Situação: nºs 5 a 87 da Avenida Norte do Hipódromo; nºs 200 a 234 da Alameda da Tranquilidade; nºs 71 a 115 da Praceta da Serenidade; e, nºs 7 a 65 da Rua da Tranquilidade, Macau. Fim: Para habitação. Número de matriz: 071800. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 22075, a fls. 103verso, do livro B124. Número da inscrição em nome do executado Lei Chek Sang: nº34553G. *** Macau, 02 de Fevereiro de 2016 ***
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porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, afirmou que a Coreia do Norte deveria ter o direito de utilizar o espaço universal com fim pacíficos, o qual, no entanto, foi inibido pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Todavia, “a China lamenta que a Coreia do Norte tenha lançado o satélite com tecnologia de míssil balístico, independentemente da oposição da comunidade internacional,” disse a responsável chinesa afirmando que a “a China aguarda que todos os lados se mantenham calmos e ajam com prudência, para evitar a adopção de medidas que venham a fazer escalar a tensão na Península Coreana.” Hua acrescentou ainda que “a estabilidade e a paz duradouras na Península devem ser obtidas por via do diálogo e das negociações” apelando ainda para a retoma das conversações para evitar o agravamento da situação. Recorde-se que, segundo o ministério de defesa nacional da Coreia do Sul, foi lançado um satélite às 9h30 do dia 7 do corrente e que a Televisão Central daquele país viria a anunciar como bem sucedido algumas horas mais tarde. O satélite foi baptizado de Kwangmyŏngsŏng-4, ou seja, “Estrela Brilhante”.
GOVERNO OFERECE VACINAS A ANGOLA CONTRA FEBRE-AMARELA
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governo chinês vai conceder uma ajuda de 500 mil dólares a Angola para a compra de vacinas contra febre-amarela, com vista a combater o surto que assola o país, anunciou esta terça-feira a Embaixada da China em Luanda. A oferta surge em resposta a um pedido das autoridades angolanas para enfrentar a doença que já fez várias vítimas mortais, explicou em comunicado a Embaixada chinesa. Na semana passada foram notificados em Luanda 38 casos suspeitos de febre-amarela, com dez óbitos. Viana continua a ser o epicentro do surto. A investigação da doença teve início no dia 30 de Dezembro de 2015 e as autoridades sanitárias do país lançaram, na semana pas-
sada, este município de província de Luanda, uma campanha de combate à doença com acções de sensibilização das populações para o reforço das medidas de prevenção, como tapar os recipientes de água, colocar óleo queimado nos charcos e proteger-se contra a picada de mosquitos. A febre-amarela é uma doença hemorrágica viral de elevada mortalidade, transmitida, tal como o dengue, pela picada do mosquito Aedes Aegypti infectado e constitui um problema de saúde pública. As manifestações da doença são variadas, daí a dificuldade em reconhecer precocemente a doença, e vão desde o indivíduo sem sintomas até à disfunção orgânica generalizada. A fase inicial da doença é caracterizada por sintoma gripal, com febre alta, icterícia, cefaleia, dores musculares, falta de apetite e náuseas com vómitos. Em cerca de 15 por cento dos casos há evolução para uma fase tóxica, de elevada mortalidade, caracterizada por disfunção multi-orgânica (sobretudo fígado e rins) provocando hemorragias. Em Angola, os últimos surtos ocorreram em 1971 e 1988.
13 CHINA
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BOLSA DE CHICAGO COMPRADA POR GRUPO CHINÊS DE CHONGQING
O caminho faz-se caminhando
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Bolsa de Chicago (CHX) anunciou esta semana ter sido adquirida por um grupo de investidores liderados pelo Chongqing Casin Enterprise Group (Grupo Casin). A operação foi aprovada unanimemente pela direcção daquela instituição financeira apesar de ainda estar sujeita a ser confirmada pelo sistema regulador. A aquisição definitiva espera-se que seja consumada na segunda metade deste ano. Os termos da transacção não foram divulgados mas o presidente e director executivo da CHX, John Kerin, disse que “depois de uma análise aprofundada de várias alternativas estratégicas, acreditamos que esta aquisição será a melhor solução para os nossos clientes, accionistas e para a comunidade comercial no seu todo.” Kerian adiantou ainda que “com a entrada destes novos investidores teremos recursos adicionais para ir atrás de novas oportunidades de negócios como
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M informação veiculada pelo Diário do Povo, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, que participou em Londres na quarta conferência sobre doação solidária à Síria, declarou à imprensa “que a China não irá estar ausente dos grandes assuntos de interesse da comunidade internacional.” Wang, que ajustou a sua agenda de visita a África para comparecer nesta
o lançamento do nosso produto de leilão on-demand, CHX|snap, na Primavera de 2016. Shengju Lu, o líder do Grupo Casin sediado em Chongqing, considera “uma honra sermos parceiros da CHX” adiantando ainda que “revimos os planos da CHX para aumentarem a sua quota de mercado através de novas iniciativas de crescimento e damos-lhes todo o apoio.” O
empresário chinês esclarece ainda que “em conjunto temos uma oportunidade única de desenvolver os mercados financeiros na China a longo prazo e de proporcionar e de introduzir empresas chinesas em crescimento aos investidores norte-americanos.” O grupo chinês pretende preservar a base de operações da actual plataforma comercial da CHX que consideram ter demonstrado
“Em conjunto temos uma oportunidade única de desenvolver os mercados financeiros na China a longo prazo e de proporcionar e de introduzir empresas chinesas em crescimento aos investidores norte-americanos” SHENGJU LU LÍDER DO GRUPO CASIN
Mudança de paradigma Pequim mostra nova atitude em assuntos internacionais
conferência fez notar que a China é solidária para com a situação a que os refugiados sírios têm sido submetidos durante os últimos anos dizendo que, “até ao momento, a China já doou nove lotes de assistência humanitária à Síria” e prometeu que o gigante asiático está pronto a oferecer mais
assistência alimentar para os refugiados sírios. Wang frisou ainda que a ajuda externa só pode aliviar dificuldades temporárias e que a solução fundamental para a crise na Síria consiste na manutenção de um clima de paz duradoura afirmando que “é do interesse da China que seja atingida uma solu-
ção política para a questão da Síria”. Na ocasião
TODOS PARA A MESA
Wang salientou também que a China apelou ao governo e à oposição daquele país do Médio Oriente para voltarem à mesa de negociações, elevando os interesses do povo sírio, promovendo um processo in-
estar na vanguarda, ser veloz e administrar um sistema fiável. Na sequência da aquisição, John Kerin manterá a posição como presidente e director executivo e aguarda que os restantes membros da direcção também continuem nos seus lugares.
PARTES ENVOLVIDAS
A Bolsa de Chicago foi fundada em 1882 e é uma das plataformas financeiras de serviço completo mais antigas nos Estados unidos orgulhando-se de oferecer uma tecnologia robusta e de elevada performance. O Grupo Casin é uma entidade privada fundada em 1997 com sede em Chongqing, especializada no sector imobiliário, na protecção ambiental, em infra-estruturas municipais e construção. Tem actualmente 821 funcionários e, para além da China continental, distribui as suas operações em lugares como Hong Kong, Sidney e agora nos Estados Unidos da América.
condicional de concretização da paz que contemple o acesso à assistência humanitária e o cessar-fogo. É ainda opinião do governante chinês que “as potências envolvidas na questão Síria devem formar uma força unida, dando prioridade à paz regional e internacional, a fim de criar um ambiente favorável às negociações de paz.” No final, mencionou ainda que Pequim recebeu recentemente as delegações
do governo e da oposição da Síria, onde teve a oportunidade de desempenhar um papel construtivo declarando que “a negociação precisa de atravessar um processo gradual, onde será certamente necessário superar vários obstáculos” garantindo que a China “ na qualidade de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e de amigo da Síria, vai continuar a desempenhar o seu papel para resolver a crise do país.”
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EXTRACTO DE AVISO Faz-se público que, de harmonia com os despachos do Secretário para a Segurança, de 6 de Novembro de 2015 e de 27 de Janeiro de 2016, se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, com destino à frequência do curso de formação e estágio, para a admissão de 32 candidatos do sexo masculino e 22 candidatos do sexo feminino considerados aptos e melhores classificados. Após a conclusão do curso, os candidatos com aproveitamento preencherão, segundo a ordenação classificativa, os 54 lugares vagos (32 candidatos do sexo masculino e 22 candidatos do sexo feminino) de guarda, 1.º escalão, do quadro de pessoal da carreira do Corpo de Guardas Prisionais da Direcção dos Serviços Correccionais. (Concurso n.º: 2016/I01/PQ/CGP-G) O aviso de abertura do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de
Macau n.º 6 , II Série, de 11 de Fevereiro de 2016, com o prazo de inscrição entre 12 de Fevereiro e 02 de Março do corrente ano. Os interessados podem consultar o referido aviso, dentro das horas de expediente, no Centro de Atendimento e Informação do Direcção dos Serviços Correccionais (endereço: Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar “A”, Macau) ou no Website desta Direcção dos Serviços Correccionais: www.dsc.gov.mo. Para qualquer esclarecimento, é favor contactar, durante as horas de expediente, através do tel. n.º 88961218 ou 88961293, com os trabalhadores da Divisão de Recursos Humanos. O Director da DSC Lee Kam Cheong 02 / 02 / 2016
DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES Anúncio
Faz-se saber que em relação ao concurso público para a execução de OBRA DE “REMODELAÇÃO DO ARMAZÉM EXTERIOR AO ARQUIVO HISTÓRICO DE MACAU”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n° 3, II Série, de 20 de Janeiro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2° do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n°33, 17° andar, Macau. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 3 de Fevereiro de 2016. O Director dos Serviços, Li Canfeng
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Fichas de leitura
Manuel Afonso Costa
Sobriedade e nobreza
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romance a Sibila inaugura ao mesmo tempo um percurso literário, um estilo e um tipo de literatura de ficção entre nós. O romance decorre no ambiente rural do norte de Portugal em finais do século dezanove e tem por décor uma propriedade e uma família. A propriedade é uma quinta há mais de dois séculos aforada à Coroa e a família é uma das muitas famílias de lavradores de Entre Douro e Minho, “uma espécie de aristocracia ab imo” como ironiza a autora através da fala de Bernardo Sanches. Provavelmente o cenário não andará longe das imediações de Amarante. Quem conhece o norte de Portugal sabe que o Entre Douro e Minho interior confina com O Minho e com Trás-os-Montes, quer dizer confina geograficamente mas também no plano da cultura e das tradições e sobretudo no plano dos modos de vida, até porque Trás-os-Montes e o Minho só se distinguem com nitidez se tomarmos como referência concelhos distantes, pois os concelhos limítrofes das duas Províncias apresentam mais sinais de semelhança do que de contraste. Mas regressemos ao diálogo que ocorre entre Germa (Germana) e o seu primo Bernardo, embora o que importa aqui é o facto de que o diálogo ao transformar-se em monólogo, uma vez que Germa passa a ignorar a presença do primo, serve para convocar pela primeira vez o nome de Quina, ou seja da Sibila, a personagem em torno da qual iremos assistir ao levantamento da Vessada, depois que durante a sua infância e sob os auspícios de seu pai Francisco Teixeira assistimos ao seu desmoronamento, tanto físico, como económico, como sobretudo moral.
Bessa Luis, Agustina, A Sibila, Guimarães Editores, Lisboa, 1954 Descritores: Literatura Portuguesa, Romance, Ruralismo, 285 p.:19 cm. Cota: C-7-4-84 (IPOR)
A narradora da história é Germa, filha de Abel, um dos irmãos de Quina e que com verosimilhança se aparenta, pela biografia, a Agustina Bessa Luís. Este romance é, muito provavelmente, o mais autobiográfico da autora. Quina foi uma adolescente buliçosa e iletrada, que desde sempre se ligou à quinta através do trabalho. Enjeitada pela mãe, Maria, procurava no trabalho do campo e no esforço constante uma compensação. Contrastava com os seus irmãos que conquanto muito mimados o que pretendiam era abandonar o meio
AGUSTINA BESSA-LUÍS, nasceu em Vila Meã no concelho de Amarante a 15 de Outubro de 1922. Estudou no Porto e em Coimbra e fixar-se-ia definitivamente no Porto no ano de 1950. Agustina Bessa-Luís estreou-se como romancista em 1948, ao publicar a novela Mundo Fechado, mas só com a publicação do romance A Sibila em 1954 é que se afirmou, ainda jovem no panorama da literatura portuguesa. A Sibila representa também a inauguração e afirmação do seu estilo, memorialístico, histórico e realisticamente fragmentado e lacunar. Desempenhou algumas funções sociais e política relacionadas com a literatura e a cultura das quais destaco a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e a participação como membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Vários dos seus filmes foram ca (Fanny Owen), 1981 e Vale Abraão. Do conjunto impressionante das suas obras refiro A Sibila (romance) de 1954, O Susto (romance) de 1958, A Brusca (contos) de 1971, Fanny Owen (romance histórico) de 1979, Um Bicho da Terra (romance histórico, biografia de Uriel da Costa) de 1984, Prazer e Glória (romance) de 1988, Vale Abraão (romance) de 1991, O Princípio da Incerteza: I — Jóia de Família (romance) de 2001, O Princípio da Incerteza: II — A Alma dos Ricos (romance) de 2002, O Princípio da Incerteza: III — Os Espaços em Branco (romance) de 2003 e A ronda da noite (romance) de 2006.
rural, o que significava na prática romper com a casa e com a tradição familiar. Na trama profética do romance são determinantes dois episódios: o fogo que arrasta a Vessada para a sua ruína e a doença de Quina que quase a vitima. O primeiro assinala o fim de um ciclo marcado por uma decadência que se anunciava já há muito, ao mesmo tempo que assinala também, e anuncia, mas apenas como possibilidade, um ciclo de regeneração. O segundo, o episódio da doença, articula-se com o primeiro pois desde há algum tempo sentimos que a obreira da regeneração só pode ser Quina. Se ela morresse a Vessada estaria inapelavelmente condenada, na medida em que não se vislumbra em mais ninguém a capacidade regeneradora necessária. Mas Quina não só não morre como se assiste, no quadro da sua recuperação, à revelação de qualidades, sibilinas de facto, com as quais Quina levará por diante o enorme trabalho de superação que irá transfigurar um destino que se julgava traçado. No âmbito de todas os dotes de Quina a autora fará evidência dos que irão conferir à personagem uma capacidade de domínio e poder sobre os demais e sobre as dificuldades. Para mim, o aspecto estilístico mais interessante do romance pren-
de-se com o facto de que nos encontramos sempre longe, quer de um panegírico, quer de uma diatribe condenatória. Percebe-se que a narradora possui uma língua viperina, mas nunca é gratuitamente que exercita as suas críticas truculentas e sobretudo fulminantes, porque inesperadas. Algumas personagens são melhores que outras mas são todas aceitáveis e condenáveis ao mesmo tempo. Por outro lado, Agustina Bessa Luís consegue integrar elementos económicos e sociais sem contudo pretender submetê-los a uma análise sociológica comprometida, sem fazer demasiados juízos de valor ideológicos ou políticos; como se a autora se limitasse através de um memorialismo histórico e etnográfico a dar a conhecer a realidade e as suas contradições, numa perspectiva sobretudo documental sem denúncias ou críticas enformadas por qualquer tipo de moralismo ou pretensiosismo científico. Eu saliento o elemento etnográfico, pois o culto do detalhe e o descritivismo dispersivo fazem sobretudo apelo dos sentidos e não de uma faculdade analítica. Ora a análise ideológica e política à maneira do neorrealismo por exemplo é sempre moralista e muitas vezes mesmo retórica e lamecha. Nesse sentido a Sibila é um texto de grande sobriedade e nobreza, sem excessos retóricos ou eflúvios sentimentais. É verdade que através de uma longa analepse Germana traz o passado ao presente, mas não me parece que seja para o condenar nem para o elogiar; parece-me que é essencialmente para que a realidade de um tempo seja mostrada, ainda que as formas de rememoração contenham sempre quer se queira quer não alguma nostalgia agarrada a elas. Contudo não se sente nunca mágoa pelo que se perdeu, nem também satisfação. Há grandeza e miséria em todas as épocas e as personagens no interior de uma época histórica elas próprias nunca simbolizam unilateralmente e de modo maniqueísta o bem umas e o mal, outras. Quina ou seja a Sibila, não foge à regra. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.
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Amélia Vieira
E
NQUANTO andamos entre escolhos e danças, terras e mares, culturas e ideias, paraísos e bonanças, a Terra tem sessenta e dois homens que acumulam mais riqueza que metade da Humanidade. É de facto exemplificativo do que é, e para que serve uma tal Sociedade Humana: ode aos Vencedores, ode aos Ogres, aos que arrebatam tudo aquilo que algures nos ensinaram ser devido a todos. É mais que provável que toda a moral esteja errada e toda a base que permitiu vir até aqui não tenha vencido a primeira condição. Pensando bem, é melhor poucos e bons, melhor rico que pobre, melhor ter que parecer e reduzir o número de eleitos porque os gáudios são de chumbo e os frutos pesados. Face àquilo que conhecemos de tal espécie não se encontram motivos de deslumbre, nem uma razão explícita que nos faça amar-nos mais uns aos outros do que a qualquer outra coisa, até podemos acertar tal disfunção pelo Livro do Apocalipse: – se alguém aumentar alguma coisa, Deus lhe aumentará os flagelos, bem como se alguém retirar palavras deste livro profético, Deus lhe retirará a parte que tem na árvore da Vida – não vou mais tirar daqui o que quer que seja, na certeza porém que o aumento dos flagelos, mais a minha parte retirada mesmo agora da Árvore da Vida, contribuam para fazer o Universo mais harmónico. Olhado assim, o mundo remete-nos para os Contos de Fadas e os seus Ogres e até, psicanaliticamente, imagine-se a forma que esta tem nestes estudos, afirma isto: – sinto muito, mas os pobres são maus – aquando do menino da Floresta cujos pais o abandonam e ele espalhando migalhas de pão perde o rasto porque os pássaros o comem, o que faz dos desgraçados pessoas duplamente punidas. É certo que dos felizes não reza a história, muito menos dos muitos pobres, então o que é preciso para se ser o sexagésimo terceiro? Um bom argumento para analisarmos e tentar, como com os Jogos da Santa Casa... Fixemo-nos nestas sessenta e duas deidades que armazenam o Festim de que é feito o Mundo com seus batalhões de matéria viva prestes a tudo devorar: Que comerão eles? Que presas? Como amam? (depois de Cardeal, já não se acredita em Deus) Terão contactos com extraterrestres? Há mecanismos cuja complexidade nos remete para o Velho Urizen, aquele
WILLIAM BLAKE, NEBUCHADNEZZAR
A dez quilómetros da Via Láctea
deus tão bem descrito por William Blake, afastado do mundo indiviso e que acabará por ver consumado o perpétuo isolamento do seu estado, dessa unidade original que fora a plenitude divina, pois que a matéria é já algo distante das origens o que faz da riqueza, vista por este prisma, um grau de distúrbio máximo que tende a colapsar nos seus próprios limites de sustentabilidade. Ouvimos isto tudo que nos dizem como informação, e nesta transmissão, se pode aferir da imensa irracionalidade vivente. Nem a Rússia Czarista, pré-bolchevique, criou tais fossos, nem mesmo as antigas sociedades feudais, o assalariado de hoje está em proporção no mesmo grau de pobreza. «Para sermos felizes vivamos escondidos», sem dúvida, é um adágio. Para comanda há que ter perspectiva, olhar tudo como que à distância de um Campeonato de Jogos Florais, uma excessiva intimidade impede o lúdico, arma secreta para a angariação do sucesso e toda a ideia precisa de espaço para fazer de um grupo um resultado pretendido. Creio que já não
ando longe de ver nascer o homem cibernético feito à imagem e semelhança do Homem porque nós, os que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, parecemos não ter resultado. É por estas evidências que não se pode levar a sério, nem ter esperança na Economia enquanto emblema social de recurso a tudo. Se ela fosse uma actividade inteligente, ou quanto muito, organizativa, estávamos em outras estatísticas com resultados bem diferentes. É neste monstro, no entanto, que a Humanidade deposita toda a sua fé ou aquilo que dela restou, a sua inquietação, e faz dos seus dias realidades menores. Neste século, já quase nos aproximamos da leitura visionária do real, por isso falei de Urizen, do uno para o múltiplo, do indiviso ao fragmentário, do sincrético ao analítico, da eternidade ao tempo, pois este rosto voraz, inicialmente infanticida, coloca um tampão de pedra e diz: – Agora sou eu o deus para toda a eternidade! – Este demiurgo vazio e raivoso selou pela
É por estas evidências que não se pode levar a sério, nem ter esperança na Economia enquanto emblema social de recurso a tudo. Se ela fosse uma actividade inteligente, ou quanto muito, organizativa, estávamos em outras estatísticas com resultados bem diferentes. É neste monstro, no entanto, que a Humanidade deposita toda a sua fé ou aquilo que dela restou, a sua inquietação, e faz dos seus dias realidades menores
impertinência a Terra, para nela formar o tempo e ser o Deus inexpugnável. É um mito cosmogónico. Ele vai isolar o que o Uno tinha unido numa mundividência romântica, ele isola e reina. Assim estamos hoje, agora, aqui, neste inabalável princípio sem que possamos ter a brecha de saída do circuito É um Laboratório de fazedores de espectros, que reproduz uma causa assustadora. “... e ele viu a Fêmea e condoeu-se; estreitou-a; ela chorava, esquiva; entregue a um prazer cruel, perverso, ela escapava ao abraço que teimava persegui-la. tremeu a Eternidade, ao contemplar o Homem a procriar a sua imagem. Na sua própria carne dividida. “ A Civilização, ela, a Fêmea, está como que paralisada no fim do tempo cósmico, é o que quer dizer este número. Por vezes, os números das Bestas não são aqueles esperados, ao fazerem-nos olhar para um ponto esquecemos contar as várias perspectivas. O que poderá vir desta escalada ainda não sabemos, até porque se lhe acrescentarmos o dobro, teremos então cento e vinte e quatro homens mais ricos do que toda a população mundial. Sabemos que a lei da voragem subjaz a todo o elemento vivo, e, que a fragilidade do ter, só mesmo comparado ao efémero do viver, que mau grado a expectativa de tantos, somos menos melhorados do que supúnhamos, mas, que um grande momento, talvez mudança, tão necessária quanto urgente na equação da Terra se terá de demonstrar. Sabemos bem dentro de nós que passámos uma meta e não sabemos designá-la dado que é fluida... mas ela vive em nós como um barco naufragado. Queria poder pensar que tudo isto é roda e fim e começo... não sei, creio que nada vai ficar como prevíramos e que se tivermos ainda tempo há que avançar muito mais do que era esperado de seres tão rudimentares. Esta nem notícia é, em última instância é uma constatação um aviso, um alarme, que soa como uma evidência, um clamor de guerra. Admitir tal realidade é uma prova irrevogável de que tudo falhou. Só que estamos a dez quilómetros da Via Láctea e, a menos que não saibamos voar, só aqui ficamos se não houver da nossa parte vontade para que nos transplantem para um outro lado, onde se volte a repor uma certa harmonia, e cuja gravidade nos vote ao esquecimento desta época, deste ainda permanecer.
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MACAU INTERNATIONAL CONFERENCE CONFERÊNCIA SOBRE HARDWARE DE COMPUTADORES E INDÚSTRIA DE SOFTWARE Sheraton Macau Hotel, 09:30 400 patacas BUGSHOW AO VIVO Hard Rock Café, 21:45H – 00:45H Entrada livre
O CARTOON STEPH
SUDOKU
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Domingo EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA COM CHONG HOI E SIMPÓSIO COM FRANK LEI Macau Design Centre, 14:30 Entrada livre
Diariamente EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO “MANUEL CARGALEIRO” (ATÉ 3/03) Casa Garden Entrada livre HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas
Cineteatro
C I N E M A
THE GOOD DINOSAUR SALA 1
ALVIN AND THE CHIPMUNKS: ROAD CHIP [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Walt Becker 14.00, 17.30, 19.30
MERMAID
FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi Jelly Lin 14.45, 21.30, 23.30 SALA 2
FROM VEGAS TO MACAU III [B] FALADO EM CANTONÊS
LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Andrew Lau, Wong Jing Com: Chow Yun Fat, Andy Lau, Nick Cheung, Jacky Cheung 14.30, 16.30, 19.30, 21.30, 23.30
1.22
NINGUÉM ESTÁ SEMPRE CERTO
Sexta-Feira
MDMA APRESENTA “TASTE OF LOVE” CELEBRAÇÃO DO DIA DE SÃO VALENTIM CÓDIGO DE INDUMENTÁRIA: VERMELHO, 22:00 – 05:00 200 patacas
YUAN
AQUI HÁ GATO
“LONGRUN” GRUPO DE TEATRO HUI KOK KUN Edifício do Antigo Tribunal, 20:00H 150 PATACAS, BILHETES À VENDA NA KONG SENG Até 19 de Fevereiro
Sábado
0.22
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 25
PROBLEMA 26
UM LIVRO HOJE
Na sociedade actual, parece que todos gostam de julgar os outros. Vemos uma acção negativa do outro, dizemos que ele é mal educado, que faz sempre aquilo, que tem problemas mentais. Quando vemos bons desempenhos, dizemos que o outro age com boa fé, é simpático, bem educado, ou que tem bons hábitos. Eu não gosto muito de julgar os outros, porque também não gosto que os outros me julguem. Às vezes faço coisas boas, outras vezes faço asneiras, tal e qual como todos os outros. Se neste momento estou a fazer algo de bom não significa que na próxima vez o faça também. Isto também se aplica aos manifestantes de Hong Kong. Se foram correctos quando se manifestaram no Occupy Central para lutar pelo sufrágio universal, não significa que, a qualquer momento, possam fazer um motim por motivos aparentemente menores – proteger os vendedores de bolinhas de peixe na rua, acto proibido pelo Governo. Não é justo lançar a violência sobre si e sobre os outros. Não posso julgar se a acção da polícia foi completamente correcta, e também não sei se os manifestantes acham que agiram correctamente. Por mim, só acho que esta atitude não deveria existir porque é um sinal de arrogância. A expressão de opiniões é absolutamente necessária, mas deve existir de forma equilibrada e sempre sem esquecer o respeito pelos outros. Pu Yi
“LEGION OF THE DAMNED” - SVEN HASSEL
Para quem gosta de visitar o “outro lado” e pretende saber mais sobre a II Guerra Mundial, os livros de Sven Hassel proporcionam um olhar único sobre o lado alemão. Nascido dinamarquês sob o nome de Sven Pedersen alistou-se em 1937 no exército alemão para escapar à miséria decorrente da Grande Depressão porque, segundo ele, a Alemanha ficava mais perto do que a Inglaterra. Um percurso tenebroso que ele relata numa escrita crua e despudorada onde a camaradagem entre os homens do pelotão é muito mais importante do que qualquer fidelidade ao regime. Este livro, publicado originalmente em 1953, cobre um período cronológico alargado que vai da sua prisão como desertor num campo de concentração até ser despachado para um pelotão correccional na frente russa. Uma leitura apaixonante, mas lancinante, onde personagens como Porta ou Miudinho ficarão para sempre na sua imaginação. Mais uma colecção da qual não se recomenda um mas sim todos os livros. Manuel Nunes
SALA 3
THE GOOD DINOSAUR [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Peter Sohn 14.30,16.30, 19.15
THE MONKEY KING 2 [B]
FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Pou-Soi Cheang Com: Li Gong, Aaron Kwok, Shaofeng Feng 21.15, 23.30
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17 hoje macau quinta-feira 11.2.2016
OPINIÃO
bairro do oriente
N
Eles não percebem nada disto…
ÃO sou ninguém para falar de Democracia. Ponto. E digo isto como forma de garantir uma certa imunidade aos anticorpos do chorrilho de disparates que vou dizer a seguir. Disparates para alguns, pois se calhar há quem concorde em número e em grau, ou só num destes dois, não sei, incomodava-me se toda a gente concordasse, mais do que se nem vivalma me desse razão – ou um bocadinho dela, vá lá. E isto no fundo é exactamente do que se trata a tal “Democracia”: uns dizem os disparates que bem lhes apetece, alguns concordam, a maioria discorda, e se há algo que me deixa seguro de que a maior parte vai achar que eu devia era ir dormir “porque o meu mal é sono”, é porque as coisas são assim mesmo, como em quase tudo: não há cabecinha que não produza a sua própria sentença sobre tudo e mais alguma coisa. É por isso que a “Democracia” é uma coisa complicada, afinal. A forma como as coisas deviam ser ou funcionar é aquela que EU acho mais indicada, e a que ME dá mais jeito, ou que ME traz mais vantagens. A “Democracia” é aquilo que EU quero que seja. Na minha casa, onde eu mando, ou noutro lugar onde eu vier eventualmente a mandar, “democracia” é aquilo que eu quiser. Discordam? Ainda bem. Em Macau não existe “Democracia”, claro, uma vez que se trata de uma RAE da RPC (nesta fase do campeonato toda a gente devia saber o que estes acrónimos querem dizer). Nós, portugueses que aqui residimos, convivemos bem com este “vácuo democrático”, e isto apesar de sermos – pelo menos a maioria – oriundos de uma Democracia, essa conquistada “na raça”, vai já para lá de 40 anos. Quem aqui chegou antes de 1999 sabe que antes também não tínhamos uma Democracia propriamente dita. Éramos aquilo que oficialmente se designou de “Território Chinês Sob Administração Portuguesa”, onde concomitantemente se repetiam as mesmas juras de amor: “elevado grau de autonomia”, ou “Macau governado pelas suas gentes”. Tretas, pá. A Catalunha tem um “elevado grau de autonomia” a que Macau não chega sequer aos calcanhares e nem assim estão satisfeitos. As coisas são o que são, e o que vigora na prática é um suave e ameno “come e cala-te”. Com anestesia. Valha-nos isso. Por enquanto. Nesta “não-Democracia” que é Macau, nós Portugueses seguimos cantando e rindo, e vamos tratando da nossa vidinha. Óptimo, que bom para nós. Isto não nos impede de opinar sobre o que seria se aqui funcionasse um entreposto da Democracia, e é do lado do “mero observador” que analisamos o comportamento daqueles que vão pele-
JOSEPH L. MANKIEWICZ, CLEOPATRA
LEOCARDO
jando pela “Democracia”, e de um modo geral a análise que se faz é negativa. Sim, adivinharam, vem aí a dose de paternalismo da ordem: estes gajos não percebem nada de Democracia. Nós sim, percebemos bué. Transbordamos de Democracia por tudo o que é poro e outros orifícios cuja liberdade de expressão me permitiriam especificar,
mas o mais básico decoro (e bom gosto) me impedem – vêem como eu “edromino” esta cena da Democracia e tudo? Ah, pois. Um bom exemplo de como a Democracia na versão local não funciona nesta não-Democracia que é Macau é a notícia recente que dá conta da saída de um dos “históricos” da Associação que se determina
Um bom exemplo de como a Democracia na versão local não funciona nesta não-Democracia que é Macau é a notícia recente que dá conta da saída de um dos “históricos” da Associação que se determina ser a representante da tal “Democracia”, e tudo porque “não concorda com o rumo que a nova geração de dirigentes está a dar à associação”
ser a representante da tal “Democracia”, e tudo porque “não concorda com o rumo que a nova geração de dirigentes está a dar à associação”. Isto é grave. Quer dizer, deve ser, para alguém. Para nós, que sabemos o que é uma Democracia às direitas é indiferente, ou até dá jeito, uma vez que, repito, “estes gajos não percebem nada de Democracia”. Ainda iam arruinar o banquete, com aquela receita marada de “Democracia” que para ali desencantaram – se é que se pode chamar àquilo “Democracia”, sinceramente. Se percebessem da missa metade, marcavam um congresso, e de um lado ficavam osAu-Kam-Samistas, do outro os Jason-Chaoistas, e numa terceira alternativa (só para chatear, e para aparecer, claro) os Scott-Chiangistas. Depois de muita conversa fiada, lá emergia o novo líder, os outros aplaudiam este exemplo de “Democracia on the making”, e ficava tudo na mesma. Esperem lá, na mesma não. Estes novos dirigentes são o quê? Ah, muito “radicais”, dizem. E ainda “adoptam um discurso xenófobo”, dizem também. De facto, dá medo só de olhar para eles, e imaginem que foram ao ponto de defender que os Trabalhadores não-residentes têm...ora essa, estou a fazer confusão. Quem disse isso foi a outra, uma das representantes dasAssociações da contra-Democracia. Isto de viver numa não-Democracia consegue ser mais complicado que uma Democracia propriamente dita. Deixem lá. Entretanto esta terça-feira em Hong Kong tivemos a polícia a carregar em cidadãos, tendo efectuado mais de 50 detenções e deixado uma centena de manifestantes com a carola rachada. Em Hong Kong, onde ainda não há muito tempo tivemos uma espécie de “proto-revolução” que ficou baptizada com o nome de “Guarda-chuva”. Que giro. Esta incluiu ainda uma greve de fome (ou tentativa de greve de fome, enfim), falou-se de “desobediência civil”, e tudo mais que consta do guia “Democracias: faça você mesmo”. Mas que não se entusiasmem aqueles que aguardam por uma “Democracia” aqui ao lado, para que possam lucrar do eventual (e mais que certo) caos que daí adviria. Estes tumultos deveram-se à exaltação de alguns comerciantes que vendiam (ilegalmente, ao que parece) bolas de peixe na rua, e a quem a polícia ordenou que levantassem o estaminé. Ui, para esta gente pior que mexer com a “Democracia” é irem-lhes ao bolso. Isso é que não pode ser mesmo nada. Reitero o que disse no início deste texto: não sou ninguém para falar de Democracia, nem me sentei à volta da fogueira para saber o que custou a liberdade, como na canção do outro. E não sou grande adepto de bolas de peixe, para ser sincero. Pode-se mesmo dizer que por estas bandas a Democracia é como as bolas de peixe: às vezes o sabor pode ser demasiado adstringente para a maioria dos gostos, e quase sempre “há molho”. Ah é verdade, completamente fora de contexto, queria desejar a todos um feliz ano do Macaco. E a isto chama-se acabar em grande estilo. Macaco, com que então. Kung Hei Fat Choi!
18 OPINIÃO
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“Two-thirds of our planet is covered with water (much of it seawater), yet the portion of the world population living in water-stressed conditions is set to rise from slightly more than half today to two-thirds in the 2020s. These conditions will be worse in some regions than others, with the United Nations projecting that 47 percent of the global population is likely to be living in areas reeling under “high” water stress by the end of the next decade. Water shortages already are bringing the battle between water conservation and economic development into sharp relief. Water scarcity, by promising to engender greater political and social upheaval, poses an existential threat to the Arab world, where water already seems a more valuable resource than oil or gas in several states.” Water, Peace, and War: Confronting the Global Water Crisis Brahma Chellaney
ZACK SNYDER, WATCHMEN
A preocupação pelos riscos globais
O
“Fórum Económico Mundial ou Fórum de Davos” é uma fundação constituída em 1971, por Klaus Schwab, com sede em Genebra, que se reúne anualmente em Davos, com a presença dos líderes económicos, políticos e dos meios de comunicação social mundiais, representando o poder e as elites que dirigem e controlam o mundo. O Fórum de Davos reuniu-se, entre 20 e 23 de Janeiro de 2016, e publica há uma década um “Relatório sobre Riscos Globais” muito importante, não apenas porque reflecte o pensamento e as intenções dessas elites, mas pelo que se pode extrair. O “Relatório sobre Riscos Globais de 2016” foi publicado a 14 de Janeiro de 2016, e é dirigido às classes dirigentes económicas e políticas, como preparação e adaptação aos riscos nele previstos. O relatório destaca as formas pelas quais os riscos globais podiam evoluir e interactuar na próxima década. A importância reside na visão de liderança e de manutenção da situação actual, e no que está escrito acerca da humanidade, bem como do meio ambiente que a rodeia. O ano de 2016 é um claro marco de ruptura, quando comparado com os resultados dos relatórios anteriores, dado que os riscos para os quais o relatório tem estado a alertar durante a última década, estão a começar a apresentar novas formas de se manifestarem, em situações inesperadas e a afectar as pessoas, instituições e economias. É de prever que o aquecimento global faça aumentar a temperatura do planeta, em um grau centígrado, relativamente à média da era pré-industrial, que sessenta milhões de pessoas foram deslocadas dos seus locais de residência e que os crimes cibernéticos custam à economia
mundial cerca de quatrocentos e cinquenta mil milhões de dólares. Os temas geopolíticos continuam pelo segundo ano consecutivo, a ocupar um lugar elevado nas preocupações do estudo de “Percepção de Riscos Globais”. O relatório aprofunda o cenário internacional da segurança, analisando os seus principais elementos, e em concreto, estuda como poderia ser afectada pela “Quarta Revolução Industrial”, que cria riscos derivados da incapacidade de se entender os desafios que produz, e como a transição afectará os países, economias e pessoas num momento de desaceleração económica, assim como, as alterações climáticas. Os três cenários desenvolvidos apresentam novas formas de construir a resiliência às ameaças à segurança pela colaboração público-privada. O relatório analisa como os riscos e tendências globais emergentes, como as alterações climáticas, o aumento da ciber-
dependência e as desigualdades económicas estão a afectar algumas sociedades, que se encontram sob pressão, destacando três grupos denominados de riscos contextualizados. A construção da resiliência leva a adquirir a capacidade de analisar riscos globais a partir da visão de actores específicos, considerando a importância dos riscos globais para a comunidade empresarial a nível regional e nacional. O termo resiliência é um conceito da ciência ecológica, aplicado aos sistemas ecológicos humanos, e não deve ser erradamente usado com fins ideológicos, como tem sido usual. O elemento principal para a construção da resiliência é a estabilidade das sociedades. A sondagem da “Percepção de Riscos Globais” que está subjacente à feitura do relatório, teve a colaboração de setecentos e cinquenta especialistas, pertencentes ao mundo dos negócios, universidades, sociedade civil, sector público e de diversas áreas
de trabalho, geográficas e grupos etários. A sondagem consiste num amplo conjunto de vinte e nove riscos globais, classificados como sociais, tecnológicos, económicos, ambientais e geopolíticos num horizonte de dez anos, sendo classificados cada um segundo a probabilidade da sua ocorrência e impacto. Os riscos foram classificados segundo uma escala de 1 a 7, (muito pouco e muito) em dois parâmetros, como são a gravidade (os seus efeitos adversos globais) e a probabilidade de que se tornem reais no período de uma década. A sondagem é bastante significativa, pois a humanidade prevê que viveremos uma década de submissão a um conjunto de enormes problemas, existindo uma alta probabilidade de que se produzam todos em simultâneo, ou pelo menos alguns. O relatório, face a essa informação, aconselha os líderes mundiais que te-
19 hoje macau quinta-feira 11.2.2016
OPINIÃO perspectivas
JORGE RODRIGUES SIMÃO
nham em consideração esses riscos nos seus negócios e governança, e criem mecanismos de preparação, mitigação e adaptação, sobretudo de resiliência, tal como constou do “Relatório de Riscos Globais de 2015”. O “Relatório de Riscos Globais de 2016” emprega numa tabela de termos, usando várias vezes palavras como biosfera, planeta, democracia, justiça, vida, limites, igualdade, desigualdade,
sustentabilidade, crescimento económico e resiliência, revelando a sua extrema importância para os riscos globais. É de crer que a tabela de termos reflecte, apesar dos resultados da sua sondagem, que não se querem evitar os riscos, mas ser-lhes resilientes, ou seja, manter o poder. O relatório reflecte, também, que as pessoas estão muito mais preocupadas com o que se está a viver, e o que irá acontecer a esta
As alterações climáticas foram outro dos riscos referidos pelos inquiridos. O relatório assinala que é a primeira vez que este risco se apresenta como o mais perigoso de todos, onde se incluem a acção de armas de destruição massiva, que se encontravam continuamente no topo e passaram para lugar secundário
civilização. Aos poderosos líderes mundiais falta-lhes a mais elementar empatia, o que os torna indivíduos muito perigosos, e esse resultado pode ser retirado do seu conteúdo, sem grandes exercícios de imaginação. O relatório revela as preocupações dos principais líderes de cento e quarenta economias de todo o mundo. O desemprego estrutural e os preços da energia por aumento ou diminuição estão no topo da lista. A sondagem pediu aos inquiridos do sector privado, que identificassem os riscos que criam maior preocupação, quando pretenderem fazer negócios nos próximos dez anos. As respostas representativas das economias referidas, revelam padrões de preocupação a nível nacional e regional, que podem ser de grande utilidade no momento de pensar e decidir, quais os melhores tipos de iniciativas que podem beneficiar o sector privado, na construção da capacidade de recuperação perante os riscos globais.
Os riscos económicos, desemprego, subemprego à escala mundial, conjuntamente com os choques no preço da energia são mencionados como os principais riscos, bem como, existe uma grande preocupação com o clima de negócios em setenta economias. O fracasso dos governos, crises fiscais nas principais economias, borbulhas de activos financeiros, crimes cibernéticos e uma profunda instabilidade social, são outros dos motivos de inquietação. Os riscos económicos predominam nas respostas, quanto às perguntas sobre a Europa, incluindo as crises fiscais, desemprego, borbulhas de activos financeiros e preços da energia, sendo esta última, a preocupação do Canadá, enquanto os empresários nos Estados Unidos estão mais preocupados com os riscos relacionados com os ataques cibernéticos. Os inquiridos da Rússia e Ásia Central mostram preocupação pelas crises fiscais e desemprego, bem como a incontrolável inflação e os conflitos interestaduais. Os riscos ambientais derivados de fenómenos meteorológicos extremos e a falta de mitigação e adaptação às alterações climáticas, seguido de grandes desastres naturais, preocupam os grandes empresários na Ásia Oriental e Pacífico, conjuntamente com os preços da energia e as borbulhas de activos financeiros. Os conflitos interestaduais com consequências regionais, também são um problema para os empresários do Norte de África. As preocupações no Sul da Ásia incluem igualmente, os preços da energia, conjuntamente com a crise fiscal, desemprego e fracasso da governança nacional, sendo a principal preocupação da América do Sul e Caraíbas que vêm com desconfiança o futuro dos preços da energia e o nível de desemprego. As principiais preocupações do sector empresarial na África Subsaariana incluem o preço de energia, o fracasso da planificação urbana e a melhoria das infra-estruturas. As alterações climáticas foram outro dos riscos referidos pelos inquiridos. O relatório assinala que é a primeira vez que este risco se apresenta como o mais perigoso de todos, onde se incluem a acção de armas de destruição massiva, que se encontravam continuamente no topo e passaram para lugar secundário. O terceiro risco global mais importante é a crise da água que pode ser agravado pelas alterações climáticas, fazendo referência à acessibilidade do mundo a fontes de água potável. Este risco está associado por sua vez às vagas migratórias que representam um grande risco para as economias da Europa. Há a necessidade de uma melhor gestão da água, como resposta às alterações climáticas e políticas que resolvam de forma adequada os problemas a uma população em crescimento e ao desenvolvimento económico, bem como uma abordagem da crise global de refugiados.
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E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, / Cauta, detém. / Só modulada trila / A flauta flébil... / Quem há-de remi-la? / Quem sabe a dor que sem razão deplora? / Só, incessante, um som de flauta chora...”
COREIA DO NORTE PYONGYANG TERÁ EXECUTADO CHEFE DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO
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Coreia do Norte executou ontem do Estado Maior do Exército, Ri Yong Gil, relatou ontem a agência de notícias sul-coreana Yonhap, o que, se for verdade, seria a mais recente de uma série de execuções, expurgos e desaparecimentos ocorridos no governo do seu jovem líder, Kim Jong-un. A notícia veio à tona num momento de elevação da tensão em reacção à isolada Coreia do Norte, que lançou um foguete de longo alcance no domingo, cerca de um mês depois de causar repúdio global pela realização do seu quarto teste nuclear. Uma fonte familiarizada com assuntos norte-coreanos também disse
à Reuters que Ri foi executado. A fonte não quis ser identificada, dada a delicadeza do tema. Ri, que era o chefe do Estado Maior do Exército do Povo Coreano, foi morto este mês por corrupção e conspiração, reportaram a Yonhap e outros meios de comunicação sul-coreanos. A Yonhap também não revelou as suas fontes. O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul recusou-se a comentar, e não foi possível verificar o relato de forma independente. O país comunista raramente emite comunicados públicos relacionados com execuções e expurgos de responsáveis de alto escalão.
FERNANDO MENDES «JOGO VAI SER UMA VERDADEIRA PROVA AO BENFICA»
O ex-futebolista Fernando Mendes, que foi campeão por Benfica e FC Porto, considera que o clássico da 22.ª jornada da Liga NOS será “uma prova ao bom momento” dos ‘encarnados’ e o “tudo ou nada” para os dragões. Em declarações à agência Lusa, o antigo lateral esquerdo apontou o emblema da Luz, actual líder do campeonato em igualdade pontual com o Sporting, como favorito à vitória, embora os clássicos sejam sempre “jogos difíceis e imprevisíveis”. “Pelo momento actual que o Benfica atravessa e pelo momento menos bom do FC Porto, acho que o Benfica tem todas as condições para vencer, apesar de não ser fácil”, afirmou Fernando Mendes. Para o ex-internacional português, a formação comandada por Rui Vitória, que frente ao FC Porto pode somar o nono triunfo consecutivo na Liga NOS, tem demonstrado “qualidade, com muitos golos”, embora não tenha tido “adversários à altura”. “Não me parece que, nesta fase, o Benfica tivesse tido um rival que realmente tivesse posto à prova o actual momento da equipa. Acho que frente ao FC Porto, vai ser uma verdadeira prova ao Benfica e às suas actuais capacidades”, referiu o antigo jogador, de 49 anos.
quinta-feira 11.2.2016
Camilo Pessanha
EUA TRUMP E SANDERS VENCEM EM NEW HAMPSHIRE
Bernie esmagador
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ONALD Trump e Bernie Sanders são os vencedores das eleições primárias do New Hampshire para a presidência dos Estados Unidos. Com 92% dos votos apurados, Trump, que perdera para Ted Cruz a competição entre republicanos no Iowa, liderava a votação, com 35,1%, seguido por John Kasich, com 15,9%. Cruz tinha apenas 11,5% dos votos. Marco Rubio, que ficara em terceiro lugar no Iowa e era visto como um dos favoritos, acabou em quinto lugar (com 10,6%), atrás de Jeb Bush, que conseguiu 11,1%. Entre os democratas, Bernie Sanders esmagou Hillary Clinton com 60% contra apenas 38,4% da antiga primeira-dama. A antiga secretária de Estado de Barack Obama reconheceu a derrota, num estado em que venceu em 2008 quando o concorrente era o actual presidente, Barack Obama – e já começaram a surgir indicações de que poderá haver mudanças na sua equipa de campanha. Bernie Sanders ganhou vantagem sobre Clinton junto dos eleitores mais jovens e daqueles que se consideram “moderadamente liberais”, de acordo com um estudo da Edison Research, e também terá conquistado ligeiramente mais eleitores do sexo feminino. Hillary terá superado Sanders na faixa etária de idade superior a 65 anos. Num discurso de vitória emocionado, durante o qual falou dos pais, que já morreram, dos irmãos e da restante família, Trump prometeu: “Nós vamos fazer a América grande novamente”. Já Bernie Sanders, que se classifica como um “socialista democrático”, deixou um recado: “Esta noite, enviámos uma mensagem que vai ecoar de Wall Street a Washington, do Maine à Califórnia”.
PORTA ABERTA
Os analistas consideram que as vitórias obtidas por Trump e Sanders, dois candidatos classificados como “fora do
“Esta noite, enviámos uma mensagem que vai ecoar de Wall Street a Washington, do Maine à Califórnia” BERNIE SANDERS CANDIDATO DEMOCRATA sistema”, como um sinal do cansaço dos eleitores com os políticos profissionais. Acreditam que os resultados no estado de New Hampshire deixam a porta aberta para uma luta acesa, em ambos os partidos, até à nomeação.
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Hillary Clinton, que no Iowa tinha alcançado uma vitória magra sobre Sanders, prometeu levar a campanha a todo o país. “Vamos lutar por todos os votos em todos os estados”, declarou. “As pessoas têm todo o direito de
estar zangadas. Mas também têm fome. Têm fome de soluções”, acrescentou perante os seus apoiantes. Meio milhão de eleitores terão participado nas primárias do estado de New Hampshire, que tem uma população de 1,327 milhões de habitantes e é o nono estado menos populoso dos Estados Unidos. Em competição pelos eleitores estiveram 58 candidatos, nove dos quais no campo republicano. As próximas primárias realizam-se no Nevada, a 20 de Fevereiro, no mesmo dia em que os candidatos republicanos competem na Carolina do Sul. Neste estado, a votação para a escolha do candidato do Partido Democrata decorre a 27 de Fevereiro. A eleição geral está marcada para 8 de Novembro.