Hoje Macau 11 FEV 2020 # 4463

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TERÇA-FEIRA 11 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº4463

MOP$10 PUB

RÓMULO SANTOS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

CORONAVÍRUS

CONTAMINADOS SEM SABEREM TIAGO ALCÂNTARA

PÁGINA 4

PARASITE

HONG KONG

RUI FILIPE TORRES

QUARENTENA INTERROMPIDA

h

CULTIVO DE SI PRÓPRIO IV XUNZI

O OUTRO QUE HÁ EM NÓS

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NUNO MIGUEL GUEDES

hojemacau

Cuidado com o lixo O anúncio é do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e surgiu ontem em forma de infografia onde se podia ler que ‘‘Ensinar as empregadas domésticas a não mexer no lixo contribui para combater a epidemia’’. Associações de trabalhadores migrantes reagiram de imediato contra o que consideraram ser uma mensagem de teor racista. Também o presidente do IAM, José Tavares, admitiu que a comunicação não era correcta, por se dirigir apenas a um grupo de pessoas, tendo ordenado que o slogan fosse imediatamente retirado. PÁGINA 5


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11.2.2020 terça-feira

TRADICOES ` A MESA ˜ `

EPIDEMIA OS MITOS E CRENÇAS POR DETRÁS DO CONSUMO DE ANIMAIS SELVAGENS NA CHINA

Um artigo científico publicado pela revista The Lancet explica as origens do consumo de animais selvagens na China e os seus perigos. O estudo, assinado por Jie Li e Jun Li, entre outros autores, defende o fim deste consumo que levaria ao fim do comércio ilegal de animais exóticos. Os autores defendem também que transmissões online de consumo de comida, muito em voga, ajudaram a espalhar o vírus

A

revista científica The Lancet publicou na última sexta-feira um artigo que explica as razões por detrás do consumo de carne e outros derivados de animais selvagens na China, defendendo uma mudança de paradigma nessa prática que vem dos tempos antigos. Recorde-se que o surto do novo coronavírus teve origem no mercado de Wuhan, com as primeiras análises a apontarem para a origem em serpentes ou morcegos à venda no mercado. No entanto, um último estudo divulgado, e levado a cabo por investigadores da Universidade de Agricultura do Sul da China, dá conta que a nova estirpe do coronavírus pode ter tido origem no pangolim, um pequeno mamífero em risco de extinção e um dos animais mais contrabandeados do mundo. Terá sido o pangolim o “possível hospedeiro intermediário” que facilitou a transmissão do vírus, apontou a universidade em comunicado, sem avançar mais detalhes. Um animal que abriga um vírus sem adoecer, mas que pode infectar outras espécies, é designado de “reservatório”. O artigo publicado pela The Lancet, intitulado “Game consumption and the 2019 novel coronavirus”, assinado por Jie Li, da Universidade de Guangzhou e Jun Li, da Universidade de Ningxia, juntamente com mais cinco autores chineses, explica as razões que estão por detrás de uma prática muito comum na sociedade chinesa desde há vários séculos. “Mesmo depois da confirmação oficial da ligação próxima entre os casos severos de pneumonia e o comércio de animais no mercado, este manteve-se aberto até 21 de Janeiro.Aprática do consumo de carne e produtos oriundos de animais selvagens na China data de períodos pré-históricos. Nos tempos modernos, apesar deste tipo de comércio não ser essencial à alimentação, a tradição de comer este tipo de animais persiste”, lê-se no artigo. Os autores denotam que este tipo de prática é mais comum no sudeste do país, “onde as cidades de Guangdong e Wuhan se situam” e onde “este tipo de pratos são considerados iguarias nos menus do dia-a-dia”. O artigo explica que o consumo de animais

Joe Chan, ambientalista “Acredito, sem dúvida,

selvagens pode ter origens filosóficas e muito ligadas às tradições da medicina tradicional chinesa. “Contudo, mesmo que não sejam capazes de compreender a essência desta filosofia, muitos chineses alargam o âmbito da homóloga e simplesmente pensam que consiste nos suplementos que consomem”, alertam os autores.

COMER CÉREBRO E RINS

Com base em crenças antigas, muitas famílias chinesas acreditam que comer órgãos de animais selvagens pode curar ou prevenir doenças. “Por exemplo, acredita-se que os rins e o pénis dos veados ou tigres têm um efeito afrodisíaco, e que o cérebro de peixes ou macacos faz as pessoas mais felizes e positivas. Outra falsa crença é que produtos e carne de animais selvagens têm efeitos terapêuticos.” Os autores denotam que “se acredita que a carne de


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terça-feira 11.2.2020

que a população chinesa aprendeu uma lição preciosa desta vez. A forma como eles consomem animais selvagens está directamente relacionada com a eficiência da conservação das espécies em vias de extinção.”

pangolim chinês ajuda a aliviar o reumatismo, e que o seu sangue ajuda a promover a circulação sanguínea e a remover a obstrução dos meridianos (um conceito da medicina tradicional chinesa), além de que se acredita também que a sua bílis ajuda a eliminar o que se chamar o fogo do fígado e a melhorar a visão.” Neste sentido, os autores do artigo defendem que o comércio de animais vivos deve ser suspenso no país. “A chave para controlar doenças como a SARS, a MERS, Ebola e o novo coronavírus de 2019 é interromper este consumo, com a legislação a ser parte da solução. A última solução passa por mudar a mentalidade das pessoas sobre o que é delicioso, uma tendência, prestígio ou saudável para comer.” “Em resposta ao coronavírus de 2019, o Governo chinês baniu todas as formas de comércio de animais

selvagens, e há esforços espontâneos na internet para explicar os riscos que envolvem o consumo de animais selvagens, juntamente com recomendações contra a compra, venda e consumo de animais selvagens”, acrescentam. Os autores dizem ainda acreditar que “através de uma mudança na ultrapassada e inapropriada tradição de consumir animais selvagens e os seus produtos podemos conservar o habitat natural dos animais selvagens, e

que humanos e outras criaturas podem co-existir em harmonia”.

VÍDEOS ONLINE

O artigo da The Lancet aponta ainda outro factor que pode ter ajudado à propagação do vírus, e que tem a ver com uma das últimas tendências na Internet, sobretudo em países asiáticos. “Comportamentos vistos na Internet podem ter levado a espalhar o novo coronavírus. Em plataformas online

“A chave para controlar doenças como a SARS, a MERS, Ebola e o novo coronavírus de 2019 é interromper este consumo, com a legislação a ser parte da solução. A última solução passa por mudar a mentalidade das pessoas sobre o que é delicioso, uma tendência, prestígio ou saudável para comer.” THE LANCET

de transmissão de vídeos em directo, como o Kuaishou e Douyin, protagonizam-se as chamadas emissões de comida [mukbangs], que envolve comer comida em frente ao seu público. Às vezes, a comida que eles consomem é estranha e perigosa.” Como exemplos, os autores apontam uma transmissão em 2016, onde “uma destas plataformas mostrou alguém a comer sopa feita de morcego”. “Comer outros animais selvagens, tais como o caracol africano, sapo, bambu com carne de rato e polvo é também transmitido. Às vezes os animais são consumidos crus ou mesmo vivos, especialmente os polvos, mesmo com a possibilidade de estarem infectados com vários vírus”, denotam os autores do artigo. Joe Chan, ambientalista de Macau, acredita que, com o surto do coronavírus a gerar mortes na China quase diariamente, vai haver uma

mudança nos comportamentos alimentares. “Acredito, sem dúvida, que a população chinesa aprendeu uma lição preciosa desta vez. A forma como eles consomem animais selvagens está directamente relacionada com a eficiência da conservação das espécies em vias de extinção”, disse ao HM. Além da origem do novo coronavírus poder estar no pangolim, a maioria dos analistas aponta o morcego como fonte primária, uma vez que, de acordo com um estudo recente, os genomas do novo coronavírus são 96 por cento iguais aos que circulam no organismo daquele animal. Já os vírus detectados nos pangolins são 99 por cento idênticos aos encontrados em pacientes humanos, de acordo com uma análise a mais de 1000 amostras de animais selvagens. A hipótese inicial de o intermediário ter sido a cobra foi, entretanto, afastada.

Durante a epidemia da pneumonia atípica, também causada por um coronavírus, e que entre 2002 e 2003 paralisou a China, o intermediário foi a civeta, um pequeno mamífero cuja carne é apreciada na China. Como parte das medidas para conter a recente epidemia, a China anunciou, no final de Janeiro, o encerramento temporário de mercados de animais selvagens, proibindo por tempo indeterminado a criação, transporte ou venda de todas as espécies de animais selvagens. O pangolim é o mamífero mais contrabandeado do mundo, com cerca de um milhão de espécimes capturadas nos últimos 10 anos, nas florestas da Ásia e África. A caça ilegal é estimulada pelo aumento da procura pela sua carne e partes do corpo. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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EPIDEMIA GOVERNO ALERTA PARA “CASOS ESCONDIDOS”

Caça ao oculto

RÓMULO SANTOS

11.2.2020 terça-feira

O número de casos de infecção identificados em pessoas que passaram por Macau no período de incubação subiu para 29. As autoridades apelam às pessoas para que fiquem em casa, de modo a evitar um possível contágio

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PESAR de nos últimos seis dias não ter havido qualquer registo na RAEM de novas ocorrências do coronavírus de Wuhan, o Governo alerta para o risco dos “casos escondidos”, ou seja, de pessoas que estão contaminadas sem saberem. “Há muitos casos de pessoas que entraram em Macau, que apanharam os transportes públicos, estiveram nos lugares turísticos e saíram sem serem identificadas. E estes casos nem tinham estado em Wuhan ou Hubei”, reconheceu Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde. “Isto quer dizer que em Macau há casos escondidos, que ainda não detectámos. Por isso, apelamos às pessoas que evitem concentrar-se e que fiquem em casa. Se saírem, utilizem máscara e lavem as mãos muitas vezes”, apelou. Ontem foi conhecido mais um caso de uma pessoa com ligações à RAEM que desenvolveu sintomas do coronavírus, já depois de ter deixado o território. Trata-se de um homem de 31 anos, confirmado como o sexto caso na Malásia, de onde é natural. O indivíduo trabalha na RAEM, mas, segundo o portal da estação televisiva Channel News Agency, terá passado pelo Interior da China, antes de regressar ao país de origem.

Em relação à empresa em que trabalha, os dados ainda são desconhecidos. “Estamos em contacto com as autoridades de saúde da Malásia e a pedir informações sobre o local de trabalho do indivíduo, assim como o seu itinerário em Macau”, relatou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “Até este momento não recebemos a informação pedida”, admitiu. O homem chegou à Malásia no dia 1 de Fevereiro e começou a desenvolver sintomas a 3 de Fevereiro. Depois das idas ao médico, acabou internado a 7 de Fevereiro, ou seja na passada sexta-feira.

OUTRAS OCORRÊNCIAS

Além do homem da Malásia, as autoridades foram

“Isto quer dizer que em Macau há casos escondidos, que ainda não detectámos. Por isso, apelamos às pessoas que evitem concentrar-se e que fiquem em casa.”

igualmente avisadas para dois casos na Coreia do Sul que estiveram em Macau e apanharam o voo NX826, código que normalmente é utilizado pela Air Macau. As autoridades estão agora a aguardar informação das companhias aéreas envolvidas para entrarem em contacto com os passageiros sentados nas duas filas da frente e de trás junto dos infectados. No total, até ontem havia 29 pessoas infectadas que passaram por Macau, mas cujo vírus só foi descoberto já depois de terem deixado o território. Entre este número, 22 ocorrências foram identificadas em Zhuhai, três em Hong Kong, uma em Taiwan, outra na Malásia e ainda duas na Coreia do Sul. Na conferência de imprensa de ontem, Lei Chin Ion evitou fazer previsões sobre o número de casos escondidos em Macau, e que podem ter sido infectados pelas pessoas que só foram diagnosticadas depois de deixarem a RAEM. “Não temos dados para fazer uma previsão com uma base científica. Se estivéssemos a avançar um número nesta fase era apenas especulação”, reconheceu. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

LEI CHIN ION DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

HOTEL ALTIRA SUSPENDE OPERAÇÕES

PORTAL PARA ALUNOS DE MACAU EM TAIWAN

PERÍODO DE INCUBAÇÃO DO VÍRUS CHEGA A 24 DIAS

Hotel Altira, na Taipa, suspendeu ontem as operações, segundo Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção da Direcção de Serviços de Turismo. Com este encerramento, sobe para 23 o número de hotéis que suspenderam as operações devido à epidemia do coronavírus de Wuhan, entre os quais oito são de grande dimensão e 15 de três ou menos estrelas. No total, as suspensões retiram do mercado cerca de 3.000 quartos.

om as novas medidas de quarentena para os alunos de Macau em Taiwan, muitos ficaram impossibilitados de regressarem à Formosa para prosseguirem os estudos. Como forma de auxiliar estes estudantes, a Direcção dos Serviços de Ensino Superior criou um portal para os alunos se registarem e exporem os problemas encontrados. O Executivo prometeu contactar com as congéneres de Taiwan de forma a encontrar soluções. O número de estudantes de Macau em Taiwan neste ano lectivo não é conhecido, mas no ano 2018/2019 eram cerca de 4.500 alunos.

e acordo com Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde, o período de incubação do coronavírus de Wuhan chega aos 24 dias nos casos mais raros. As declarações foram prestadas ontem à tarde e têm por base um trabalho do médico Zhong Nanshan, conhecido pelo papel que assumiu no combate à epidemia da SARS, em 2003. Este período de 24 dias, entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas, tem ocorrido em casos “muito raros”, mas demonstra uma mutação do vírus. Até agora as autoridades têm assumido que o período máximo de incubação era de 14 dias, período que tem sido utilizado como referência para a quarentena.

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O adeus de um pioneiro

TIAGO ALCÂNTARA

terça-feira 11.2.2020

Malaca Casteleiro, o visionário do português em Macau e na China, morreu com 83 anos

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linguista português e um dos principais promotores do polémico Acordo Ortográfico, o professor João Malaca Casteleiro faleceu na última sexta-feira com 83 anos no Hospital da Cruz Vermelha onde estava internado, noticiou a agência Lusa. Ao HM, Carlos André, ex-director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) destacou o lado visionário de quem cedo percebeu as potencialidades da língua portuguesa em Macau e na China. “O professor Malaca Casteleiro foi o primeiro grande universitário português com muito prestígio a acreditar nas enormes potencialidades do português em Macau e no Interior da China. Começou a visitar a China na década de 80 e desde então manteve-se com uma profunda ligação ao que se fazia na China em relação ao português.” No IPM, Malaca Casteleiro ajudou a produzir o manual “Português Global”, que já conta com quatro volumes e que é editado na China. “Ele foi a alma desse livro, além de ter sido orientador de muita gente em mestrados e doutoramentos. Sempre teve um carinho muito grande em relação ao Oriente. Além disso, foi um grande linguista e nas últimas duas décadas de vida dedicou-se sobretudo à lexicologia”, destacou Carlos André.

UM CHOQUE

Fernanda Gil Costa, ex-directora do departamento de português da Universidade de Macau (UM), disse estar ainda “chocada” com o falecimento de Malaca Casteleiro, tendo destacado “a sua importância para os estudos de Linguística Portuguesa e para a crescente importância do ensino e aprendizagem do português como língua estrangeira”. Malaca Casteleiro “teve sempre intensas ligações a Macau, foi orientador dos doutoramentos dos principais dirigentes do IPM (recentemente aposentados, creio), instituição que sempre acompanhou de perto e a quem prestou continuado apoio científico no ensino e divulgação da língua portuguesa em Macau e na China”. A UM atribuiu, em 2004, o doutoramento honoris causa a Malaca Casteleiro, entregue pelas mãos do então Chefe do Executivo, Edmund Ho. A.S.S.

José Tavares, presidente do IAM “Eu não mandei publicar, não passou por mim. Essa advertência está correcta mas deve dirigir-se a todas as pessoas e não apenas a um grupo de pessoas. Esse slogan revela uma posição em relação às empregadas domésticas que não é correcta”

IAM JOSÉ TAVARES MANDA RETIRAR MENSAGEM DE TEOR XENÓFOBO CONTRA DOMÉSTICAS

No lixo todos mexem

“Ensinar as empregadas domésticas a não mexer no lixo contribui para combater a epidemia” é a mensagem mais recente divulgada pelo Instituto para os Assuntos Municipais para combater mais casos de coronavírus. Representantes de associações de trabalhadores migrantes dizem tratar-se de racismo e discriminação. José Tavares, presidente do IAM, ordenou a suspensão da mensagem de imediato

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E D IE Taberdo, presidente da União Verde dos Trabalhadores Migrantes das Filipinas em Macau, defendeu ao HM que a mais recente mensagem divulgada pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), no âmbito do coronavírus, incita ao racismo contra as empregadas domésticas. A mensagem, inserida numa infografia produzida pelo IAM, e divulgada na plataforma do Gabinete de Comunicação Social (GCS), diz que “Ensinar as empregadas domésticas a não mexer no lixo contribui para combater a epidemia”, e ainda que “mexer no lixo propaga o vírus e é proibido, o infractor será penalizado”. “Não são apenas as empregadas domésticas que mexem no lixo”, disse ao HM. “Muitos chineses apanham coisas do lixo e vendem-nas perto do Cinema Alegria. Vendem roupas usadas, sapatos e muitas outras coisas. Nós, filipinos, chamamos o lugar de ‘lapsapan’, que significa lugar do lixo”, acrescentou.

Para Nedie Taberdo, o Governo de Macau “não está a ser sensível a divulgar este tipo de mensagem, e também não está a ser sensível face às condições de vida das trabalhadoras domésticas”, adiantou. Também Eric Lestari, natural da Indonésia e empregada doméstica em Macau, representante da ONG Overseas Worker Entities, defendeu ao HM que está em causa uma mensagem de teor racista. “Claro que é racismo e discriminação em relação aos trabalhadores migrantes de Macau”, disse ao HM. A infografia foi, entretanto, retirada de circulação por ordem expressa de José Tavares, presidente do IAM, que disse, num primeiro contacto com o HM, não ter conhecimento de que a mensagem estava a ser divulgada. Num segundo contacto, o responsável disse não concordar com o conteúdo. “Eu não mandei publicar, não passou por mim. Essa advertência está correcta, mas deve dirigir-se a todas as pessoas e não apenas a um grupo de

pessoas. Esse slogan revela uma posição em relação às empregadas domésticas que não é correcta, de forma que mandei retirar a mensagem”, disse ao HM. Minutos depois, a infografia já não estava disponível na plataforma do GCS utilizada pelos jornalistas.

PAGAR PARA TRABALHAR

Entretanto, várias associações de trabalhadoras domésticas em Macau denunciaram à Lusa casos de exploração laboral, desde cortes nos salários à obrigação de ficarem em casa dos patrões, desde que foram adoptadas medidas excepcionais devido ao novo coronavírus. Para além da redução nos vencimentos acordados e da obrigatoriedade de permanecer em casa dos patrões em condições pouco dignas, as empregadas domésticas dão conta de um número crescente de outros casos que configuram exploração laboral, depois de o Governo ter encerrado praticamente todos os espaços comerciais, culturais e desportivos e de ter enviado mi-

lhares de trabalhadores e alunos para casa. A presidente da União Verde dos Trabalhadores Migrantes das Filipinas em Macau adiantou que a organização avançou já com inquéritos junto das trabalhadoras (sobretudo filipinas) para detalhar a natureza das queixas. A intenção, esclareceu Nedie Taberdo, é de posteriormente, exercer pressão junto das autoridades de Macau, especialmente junto da Direção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), para protegerem os direitos laborais das trabalhadoras. Já a presidente da União Progressista dos Trabalhadores Domésticos de Macau, Jassy Santos, acrescentou outros ‘atropelos’ aos direitos das empregadas domésticas: despedimentos, horas extraordinárias sem o respectivo pagamento e o facto de não serem disponibilizadas máscaras ou produtos desinfectantes às trabalhadoras, forçadas a ficar em casa dos patrões sem direito a quarto ou mesmo uma cama. Andreia Sofia Silva com Lusa andreia.silva@hojemacau.com.mo


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COMÉRCIO ALEXANDRE MA QUER COOPERAÇÃO ENTRE PATRÕES E EMPREGADOS

Equilibrar a balança TIAGO ALCÂNTARA

O Presidente da Associação Comercial de Macau afirma estar a fazer de tudo para colaborar com o Governo na implementação de medidas de revitalização derivadas do surto do novo tipo de coronavírus. Sobre relações laborais, Alexandre Ma diz ser necessária união entre as partes

vem unir-se, lutar de forma empenhada e trabalhar em conjunto para restaurar a normalidade social o quanto antes”, acrescentou. Recorde-se que na passada semana, depois de ter decretado o encerramento dos casinos de Macau durante quinze dias, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, determinou também o encerramento dos serviços públicos básicos e a diminuição da frequência de transportes públicos, tendo sido aconselhado que a população ficasse em casa. Estabelecimentos comerciais, de entretenimento ou mesmo jardins públicos foram também fechados como medida de prevenção.

AJUDAR COM O POSSÍVEL

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Associação Comercial de Macau não vai poupar esforços na cooperação com o Governo para aplicar medidas de prevenção contra o novo tipo de coronavírus e na aplicação de planos de dinamização económica. Quem o diz é o seu presidente, Alexandre Ma que, em plena “tempestade” social e económica derivada do encerramento de praticamente toda a actividade comercial na região, apela ainda, citado pelo jornal Macau Daily, ao entendimento de empregadores e funcionários para trabalhar em prol de objectivos comuns. Perante a situação de crescimento negativo de Macau, derivado do surto epidémico e a preocupação

levantada por vários grupos da sociedade relativamente ao facto de muitos funcionários poderem vir a ser despedidos ou dispensados nesta fase, Alexandre Ma respondeu que a Associação Comercial de Macau “sempre enfatizou que empregadores e funcionários têm o mesmo destino comum e não interesses opostos”. Citado pelo Macau Daily, Ma apelou assim para que os empregadores façam tudo o que estiver ao seu alcance para promover um desenvolvimento equilibrado entre as partes, assente na evolução mútua. “No caso de haver um problema, empregadores e funcionários devem adoptar formas de comunicar eficazes e racionais, de forma a

encontrar a melhor solução ou abordagem”, referiu Alexandre Ma. “Perante um caso epidémico severo, todos os sectores da sociedade de-

“No caso de haver um problema, empregadores e funcionários devem adoptar formas de comunicar eficazes e racionais, de forma a encontrar a melhor solução ou abordagem.” ALEXANDRE MA PRESIDENTE ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACAU

De forma a responder activamente às necessidades impostas pela crise epidémica, a Associação Comercial de Macau apontou alguns pontos de trabalho mútuo do foro económico que têm recebido respostas positivas por parte do Governo, como medidas de revitalização económica e de apoio às pequenas e médias empresas (PME). Estas prendem-se sobretudo com o alívio de impostos do sector empresarial, tais como impostos sobre rendimentos, imóveis, impostos turísticos e imposto sobre a renda. Recorde-se também que, após já ter sido anunciada a antecipação da implementação do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico para o ano de 2020, o Governo decidiu também isentar, a partir de Fevereiro e durante três meses, os arrendatários de espaços públicos, do pagamento de rendas respeitantes ao aluguer de propriedades destinadas a fins comerciais, como “shopping centres, quiosques para venda de produtos, etc”. Pedro Arede

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Aposta na saúde Sector do jogo angaria mais de 180 milhões para combater o surto

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O todo, seis concessionárias do jogo em Macau, juntamente com outros grupos, doaram um total de 180 milhões de patacas para apoiar os esforços de controlo e de propagação do novo tipo de coronavírus no Interior da China. Segundo a lista do Gabinete de Ligação do Governo Central chinês em Macau, citada pelo Inside Asia Gaming, no topo das doações está o Suncity Group, com uma oferta no valor de 41,5 milhões de patacas. De referir que neste valor estão incluídos 11,5 milhões de patacas oferecidos a título pessoal pelo director Executivo do Suncity Group, Alvin Chau, à sua terra natal, Zhaoqing, na província de Guangdong. As seis concessionárias de jogos fizeram doações semelhantes, com o Galaxy Entertainment Group, MGM China, SJM e Wynn Macau a doar 20 milhões de patacas cada, ao passo que o Sands China doou, além dos 20 milhões destinados ao continente chinês, outros cinco milhões dedicados a apoiar a comunidade de Macau. Já a Melco Resorts fez uma doação no valor de 20,5 milhões de patacas às Cruz Vermelha da província de Hubei. O Grupo Tak Chun anunciou também ter

feito uma doação no valor de 20,5 milhões de patacas para a compra de 100 mil máscaras cirurgicas para a província de Hubei e outras 100 mil para Macau. Já o Meg-Star Group fez uma doação no valor de 10 milhões de patacas para a criação de um fundo especial de apoio dedicado ao novo tipo de coronavírus que tem como objectivo acelerar a implementação de medidas anti-epidémicas na região. O contributo foi articulado com o Gabinete de Ligação do Governo central chinês na RAEM, para "ajudar a província de Hubei a combater a epidemia", de acordo com o comunicado.

IMPACTO IMEDIATO

Após o anúncio do encerramento dos casinos decretados pelo Governo, a consultora Fitch Solutions não tardou em rever em baixa, na passada semana, a previsão para a evolução da economia de Macau, agravando a previsão de recessão de 3,2 por cento, em 2019, para 3,8 por cento este ano, devido ao novo coronavírus. No mesmo dia, a agência de notação financeira Fitch Rating apontou que os casinos de Macau, capital mundial do jogo, podem perder três mil milhões de euros nos próximos seis meses.


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empresa de capitais públicos Macau Renovação Urbana vai ser mesmo a responsável pela construção do “Novo Bairro de Macau”, um empreendimento da Ilha da Montanha, fora da jurisdição da RAEM. A confirmação foi avançada ontem pelo Governo em comunicado, devido à necessidade de se alterar os estatutos da empresa. No próprio comunicado, emitido pelo Conselho Executivo, é reconhecido que esta ambição vai além do intuito para que a empresa foi criada, o que levou a uma alteração das competências. “Com vista a promover a cooperação entre Zhuhai e Macau, o Governo Municipal de Zhuhai disponibilizará terreno na Ilha de Henqin para desenvolver o projecto ‘Novo Bairro de Macau’ e o Governo da RAEM propõe que a Macau Renovação Urbana, S.A. se responsabilize pela respectiva construção”, é explicado. “Tendo em conta que a implementação do referido projecto excede o âmbito do objecto social da Macau Renovação Urbana, S.A., o Governo da RAEM elaborou o projecto de regulamento administrativo intitulado [...] para proceder à alteração do seu objecto social”, é acrescentado. Com esta alteração, o objectivo da empresa passa a permitir “desenvolver projectos fora da RAEM”, o que antes estava excluído. Os projectos fora de Macau têm de ter como objectivo “melhorar a qualidade e o ambiente habitacional dos residentes” e necessitam de ser aprovados em Assembleia Geral da empresa. A alteração surge depois das críticas do deputado Sulu Sou, que tinha alertado para o facto de a empresa estar estatutariamente limitada a exercer a actividade na RAEM. “É fantástico. A empresa é financiada a 100 por cento pelo Governo de Macau e a sua área de actividade só pode ser o desenvolvimento urbano local. Até agora, a renovação dos bairros antigos não registou qualquer melhoria, mas a

Ensino Adiada data do Exame Unificado de Acesso A Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES) emitiu ontem um comunicado onde aponta o adiamento da data da realização do Exame Unificado de Acesso para quatro instituições do ensino superior, como a Universidade de Macau, o Instituto Politécnico de Macau, o Instituto de Formação Turística de Macau e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. “Após uma avaliação cuidadosa, decidiu-se adiar a data da realização do Exame Unificado de Acesso e os respectivos pormenores serão publicados no final de Fevereiro”, lê-se na nota.

RENOVAÇÃO URBANA EMPRESA GARANTE ESTATUTO PARA CONSTRUIR EM HENGQIN

Mudanças de improviso A empresa financiada com capitais públicos vai ser a responsável pelo projecto de construção de 3.600 fracções no Novo Bairro de Macau, na Ilha da Montanha. O projecto ainda não foi apresentado à população

Katchi considera que a RAEM devia integrar Hengqin. “Considero que o Governo de Macau deveria solicitar insistentemente junto do Governo Central a integração plena da ilha da Montanha na RAEM, mesmo que isso pressupusesse uma ligeira alteração da Lei Básica”, defendeu.

PRIORIDADES LOCAIS

empresa já está a envolver-se em negócios em Hengqin”, criticou, nos finais de Dezembro, o democrata.

DENTRO DA LEGALIDADE

Segundo o artigo 104.º da Lei Básica (LB), as receitas financeiras “não são entregues” ao Governo Central. No entanto, tal não impede que seja feitos investimentos no Interior, é o que defende o jurista António Katchi: “Embora isto seja certamente discutível, creio que esta norma [artigo 104.º] não impede a RAEM de realizar despesas no Interior da China, seja directamente, por conta do seu erário público, seja indirectamente, por intermédio de outras entidades, de direito público ou privado, dela dependentes ou por ela financiadas (fundações públicas, sociedades comerciais de capitais públicos, etc.)”, considerou. “O importante, do ponto de vista daquela disposição da LB, é que a RAEM

José Pereira Coutinho deputado “Se começam a focar-se em outras zonas ainda antes de melhorar as ruas de Macau acho que é um aspecto negativo.”

não se prive nem seja privada do poder de dispor das suas receitas, ou seja, ela tem de manter a sua autonomia para, ano a ano, decidir sobre a aplicação das suas receitas. Penso que a mera localização

geográfica dessa aplicação não é determinante”, sustentou. Já no ponto de vista político, e uma vez que este investimento até vai ter como destinatário os residentes de Macau, António

Já o deputado José Pereira Coutinho, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, aponta que a prioridade da Macau Renovação Urbana deveria passar pela RAEM: “Eu acho que a prioridade deve ser em Macau, porque são os bairros estão cada vez mais sujos e velhos. Se a empresa tiver como objectivo principal a actividade em Macau, posso aceitar que haja algum investimento na Ilha da Montanha. Mas só quando houver uma melhoria nas ruas de Macau”, afirmou Coutinho, ao HM. “Se começam a focar-se em outras zonas ainda antes de melhorar as ruas de Macau acho que é um aspecto negativo”, completou. O Novo Bairro de Macau vai ficar na Ilha da Montanha num terrenos com 180.000 metros quadrados, que deverá receber cerca de 3.800 fracções habitacionais. Os pormenores do projecto não são conhecidos, uma vez que ainda não foram apresentados à população, mas a compra e a venda de casas só deverá poder ser feita entre residentes. No terreno em questão, vigora o primeiro sistema, com as respectivas liberdades e restrições, pelo que alguns residentes podem ser discriminados no acesso físico às fracções. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

CINEMATECA PAIXÃO ABERTO CONCURSO PARA PRODUÇÕES LOCAIS

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STÃO abertas as inscrições de produções locais para apresentação no festival “Panorama do Cinema de Macau 2020”. A informação foi divulgada ontem em comunicado pela Cinemateca Paixão, acrescentando que serão aceites todos os géneros, de longas metragens a documentário e animação, desde que as obras tenham sido produzidas não antes de

2018. O festival terá lugar dentro de alguns meses e as inscrições podem ser feitas até 3 de Março. Albert Chu, Director Artístico da Cinemateca, mostra-se confiante acerca do papel que o festival detém na promoção da arte cinematográfica local. “Em anos recentes, todo um conjunto de produções demonstrou vigorosamente a paixão e trabalho incansável da

sua equipa. Em termos de escrita de argumento, realização, actuação e outras capacidades, foram muitos os que atingiram

um nível profissional. Agora no seu quarto ano, o Panorama do Cinema de Macau prossegue o seu papel de liderança na promoção do cinema e cineastas locais”, pode ler-se no comunicado. Já Rita Wong espera que a edição deste ano possa trazer novidades, sobretudo com a experiências coleccionadas além-fronteiras. No ano passado, ‘O Poder do

Cinema Local Independente Local’ mostrou dois tipos de aventuras: as diferentes experiências e exploração de cineastas que continuaram os seus estudos no Reino Unido, Polónia, Austrália, Taiwan e outras regiões; e o aperfeiçoar da capacidade narrativa dos cineastas locais. É absolutamente empolgante assistir à energia que tem lugar durante o festival”.


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40,573 Infectados

6484 Em estado

23589 Casos

crítico

suspeitos

2019novel co

FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia

INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 40195 43 38 32 27 26 18 18 15 14 14 12 11 10

Interior da China Singapura Hong Kong Tailândia Coreia do Sul Japão Taiwan Malásia Austrália Alemanha Vietname EUA França Macau

7

Canadá

7 3 3 3 3 2 2 1 1 1 1 1 1

Emiratos Árabes Unidos Itália Filipinas Índia Reino Unido Rússia Espanha Nepal Cambodja Bélgica Finlândia Sri Lanka Suécia

países com casos de nCov países sem casos de nCov

10 MACAU

Infectados

38 HONG KONG

Macau

Infectados

1

HONG KONG

Hong Kong

Morto


coronavírus 9

terça-feira 11.2.2020

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910

3,549

HOJE NA CHÁVENA

Curados

Mortos

1-99 10-99 100-499 500-999 1000-9999 +10000 Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

nCoV vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

36,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0

20

dias

40

dias

60

dias

Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

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dias

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dias

REGIÃO Hubei Guangdong Zhejiang Henan Hunan Anhui Jiangxi Jiangsu Chongqing Shandong Sichuan Pequim Heilongjiang Xangai Fujian Hebei Shaanxi

INFECTADOS 29631 1159 1092 1073 879 830 771 492 473 466 405 337 331 299 261 218 213

MORTOS 871 1 0 6 1 3 1 0 2 1 1 2 7 1 0 2 0

REGIÃO Guangxi Yunnan Hainan Shanxi Guizhou Liaoning Tianjin Gansu Jilin Mongólia Interior Ningxia Xinjiang Hong Kong Qinghai Taiwan Macau Tibete

INFECTADOS 210 149 138 119 109 108 94 83 80 58 49 49 38 18 18 10 1

MORTOS 1 0 3 0 1 0 1 2 1 0 0 0 1 0 0 0 0


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11.2.2020 terça-feira

INFLAÇÃO REGISTADA MAIOR SUBIDA EM OITO ANOS

O

Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da China, principal indicador da inflação, registou, em Janeiro passado, o maior crescimento homólogo em oito anos, superando a previsão dos analistas. Segundo os dados difundidos ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE), o IPC aumentou 5,4 por cento, nove décimas a mais do que em Dezembro. O índice de preços de produção (IPP), que mede a inflação no atacado, subiu 0,1 por cento, em Janeiro, após ter caído 0,5 por cento, no mês anterior. O aumento dos preços dos alimentos ajudou a impulsionar a maior subida homóloga desde Outubro de 2011, ilustrando o impacto do surto da peste suína, agravado pelo surto do coronavírus, que paralisou o país. O crescimento superou ainda a previsão de um aumento de 4,9 por cento feito por vários economistas. Este aumento deveu-se sobretudo aos preços da carne suína, que subiram

116 por cento, face ao mesmo mês do ano anterior, contribuindo para 2,7 por cento do aumento do IPC. O surto de peste suína resultou no abate de um terço da produção doméstica. Os consumidores chineses comem 55 milhões de toneladas de carne de porco por ano, dois terços do total mundial. Os preços dos vegetais frescos aumentaram também 17,1 por cento, contribuindo para cerca de 0,5 por cento do aumento da inflação. O preço da fruta subiu 5 por cento. Os preços de bens não alimentares aumentaram 1,6 por cento, com destaque para o sector da saúde, mais 2,3 por cento, e ensino, cultura e entretenimento, mais 2,2 por cento. O IPC nas áreas urbanas e rurais registou um crescimento homólogo de 5,1 por cento e 6,3 por cento, respectivamente. Dos 40 sectores industriais contabilizados para a subida do IPP, 17 experimentaram aumentos dos preços, cinco permaneceram no mesmo nível e 18 caíram. PUB

As autoridades de HK não conseguiram localizar estas duas pessoas que deveriam estar a cumprir a quarentena obrigatória, uma medida que entrou em vigor no sábado

HONG KONG POLÍCIA PROCURA DUAS PESSOAS QUE FUGIRAM DA QUARENTENA OBRIGATÓRIA

Em busca do vírus perdido Das nove pessoas que desapareceram dos locais onde deveriam estar a cumprir o período obrigatório de quarentena, sete foram descobertas, mas duas continuam em parte incerta. As autoridades da antiga colónia britânica já anunciaram que irão ser emitidos mandatos de prisão para os infractores

A

polícia de Hong Kong está à procura de duas pessoas que, aparentemente, fugiram da quarentena obrigatória de 14 dias, imposta há dois dias pelo Governo local para impedir a propagação do coronavírus. Numa conferência de imprensa na manhã de ontem, as autoridades de saúde da cidade explicaram que a

polícia iria emitir mandados de prisão para estas duas pessoas. As identidades e nacionalidades não foram divulgadas. As autoridades de Hong Kong não conseguiram localizar estas duas pessoas que deveriam estar a cumprir a quarentena obrigatória, uma medida que entrou em vigor no sábado. A iniciativa procura conter a disseminação do coronavírus e obriga todos

Japão Sobe para 130 número de infectados em cruzeiro O número de infectados pelo coronavírus chinês sob quarentena no porto de Yokohoma, Japão, subiu para cerca de 130, depois dos testes feitos a mais 60 pessoas terem dado positivo, informaram ontem os media nipónicos. O navio chegou há uma semana ao porto de Yokohama, a sudoeste de Tóquio, transportando 3.700 passageiros e tripulantes. As pessoas infectadas já foram levadas para centros médicos de Tóquio e de outras localidades próximas, onde estão a receber tratamento. As

autoridades sanitárias continuam a realizar exames médicos aos passageiros e tripulantes do “Diamond Princess”, que transportava 3.700 pessoas. O navio está sob quarentena desde passada segunda-feira e por um período de duas semanas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu na sexta-feira ao Japão que tomasse todas as medidas necessárias para acompanhar os passageiros da Diamond Princess confinados a bordo, incluindo medidas de apoio psicológico.

os que chegam a Hong Kong da China continental a passarem duas semanas em isolamento nas suas casas, hotéis ou centros de quarentena do Governo. Aqueles que violarem essa nova regra enfrentarão sentenças máximas de seis meses de prisão e multas de 25.000 dólares de Hong Kong. A secretária de Alimentação e Saúde de Hong Kong, Sophia Chan, disse que desde sábado, 1.193 pessoas - quase 90 por cento destes residentes de Hong Kong - receberam ordens para entrar em quarentena. No entanto, entre estas mais de mil pessoas, nove deixaram os locais onde deveriam permanecer: sete foram encontrados, mas os outros dois não foram localizados.

EFICÁCIA CONTESTADA

Esta medida, a mais recente adoptada pelo Governo para combater o coronavírus, recebeu críticas em Hong Kong, onde alguns dizem que será ineficaz devido às dificuldades em manter as pessoas em quarentena sob controlo. Os críticos do Governo local pediram o encerramento completo das fronteiras com a China continental, considerando insuficiente o encerramento temporário de dez dos treze pontos da fronteira. No entanto, o subsecretário de Alimentação e Saúde, Daniel Cheng, disse que a quarentena obrigatória “não é um fracasso” só porque duas pessoas conseguiram evitar a situação. Até ao momento, há um total de 38 casos confirmados de coronavírus em Hong Kong.

Região


terça-feira 11.2.2020

Viver sempre também cansa!

Cidade ecrã Rui Filipe Torres*

Parasite - Money O Vírus Humano

Q

UANDO o Festival de Cannes de 2019, presidido por Alejandro González Iñárritu, entrega a Palma de Ouro ao filme PARASITE, confirma de forma canónica a mestria do olhar cinematográfico sobre a espécie humana do realizador coreano Bong Joon-ho, olhar sem concessão a futuros radiosos nem finais felizes. — Sim, ter conhecimento, entrar no ensino superior, mas primeiro, ganhar dinheiro. É-nos dito, em jeito de frase de epílogo, por Ki-woo, interpretado por Choi Woo-shi, 29 anos, o personagem que ao longo do filme nos conduz neste labiríntico habitar subterrâneo, jardim armadilhado em que o Minotauro é o bezerro de ouro contemporâneo, a moeda e a acumulação de capital. É certo que a motivação para o traçar deste caminho prende-se com a necessidade de capital para libertar o pai do subterrâneo na casa milionária construção de arquitecto, e da experiência da sua vida com cheiro a pobreza entranhado na roupa, do em quotidiano vivido em cave de prédio em bairro periférico. Só comprando a luxuosa mansão, é possível o reencontro com o pai. É provável que a apetência para a acumulação presente no nosso estilo de vida seja ainda a continuação de necessidades arcaicas que se advinham facilmente no tempo distante em que habitávamos em pequenos grupos numa natureza sem mediação por vezes generosa e outras hostil.

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O certo é que não seja por vontade e consentimento humano, nem capitalismo , nem qualquer outro sistema/ modelo de organização da sociedade se torna viável e possível. E hoje, money, money, é grito da multidão ávida do acesso ao prazer, à distinção, ao luxo, antes apenas vislumbrado nos castelos dos senhores, hoje anunciado de meia em meia hora nos canais tv, e mostrado nas montras dos artigos de luxo nas avenidas enfeitadas de colares eléctricos em todas as cidades do mundo. No filme “ Amar ou Morrer”, que o empenho zeloso da burocracia do ICA no ano de 2019 pontapeou para fora do concurso de apoio à produção, o que diz muito sobre como funciona , ou melhor, não funciona , a política pública de apoio ao cinema em Portugal, tema de muito interesse, mas que não é o nosso assunto neste texto, numa cena desse “filme”, diz o Pita, um personagem criado pelo Raúl Brandão: “ Quando a vida era uma passagem e a dor mais negra, maior era o prazer na vida eterna, a coisa andava. Destruíram essa ilusão e agora são milhões os ávidos de gozo.”

Em Parasite, filme com um argumento magnífico e de igual adjectivação na realização, são os milhões dos muitos em escassez e dos alguns com vida sem faltas, o tema da história. Filmado com fina e radical ironia, numa verticalidade do visível e do invisível, materializada na visibilidade dos jardins e dos andares à superfície da

mansão luxuosa, luminosa e modernista e no habitar do bunker subterrâneo da mesma mansão luxuosa. Na vida nas caves dos milhões disponíveis para o mercado de trabalho que permite o sonho do consumo, e que, no esgravatar constante na tentativa de ultrapassar o sufoco e a miséria, não negam a trapaça ou a faca, o sangue, o assassinato do igual, para a subida à mesa sem faltas dos herdeiros da sorte, da saúde, e da boa aventurança da conta bancária sem faltas, dos que habitam as zonas ricas da cidade. O crítico do The New York Times, descreve o filme como “filme extremamente divertido, o tipo de filme inteligente, generoso e esteticamente energizado que elimina as cansadas distinções entre filmes de arte e filmes de pipoca” Facto é que esta produção de 11 milhões de dólares rodada em aproximadamente dois meses e meio, sem estrelas do panteão de Hollywood e em língua coreana, conta já com uma facturação próxima dos 100 milhões de dólares Em Toronto, em San Sebastian, em Sydney, em Munique, em todos os festivais onde esteve, foi premiado. Como sempre, o cinema é um diálogo que faz notar a aproximação, a anulação da distância, geográfica e afetiva. A Despedida é afinal, nesta notável comédia, o lugar do encontro. Para o OSCAR de 2020, dia 9 de Fevereiro, está indicado para as categorias de; Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original, Melhor Montagem, Melhor Direcção de Arte, Melhor Filme Internacional. Não colherá, todas as estatuetas, há outros filmes na corrida com grande mérito, mas algumas, e muito merecidas, e com grande aplauso, serão suas. Este é um dos gigantes da produção cinematográfica estreada em 2019. Não perca. (Nota do editor: O artigo foi escrito antes da cerimónia dos Óscares. O filme sul-coreano viria a conquistar 4 estatuetas:: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original e Melhor Filme Internacional)

* Cineasta, Jornalista. Doutorando em Estudos Artísticos - Estudos Fílmicos e da Imagem - FL -Universidade de Coimbra Mestre em Estudos Culturais Aplicados em Cinema - Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico - ESTC - Instituto Politécnico de Lisboa. Licenciado em Ciências da Comunicação - ISCSP Universidade de Lisboa


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11.2.2020 terça-feira

Elementos de ética, visões do Caminho

Xunzi

O Cultivo de Si Próprio

PARTE IV

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ritual é aquilo que serve para corrigirmos a nossa pessoa. O mestre é aquele que serve para corrigir a nossa prática ritual. Sem ritual, como corrigirás a tua pessoa? Sem mestre, como saberás que praticas correctamente o ritual? Quando o ritual é correcto e tu és correcto, tal significa que a tua disposição é conforme ao ritual. Quando o mestre explica correctamente e também tu explicas correctamente, tal significa que a tua compreensão é exactamente como a compreensão do teu mestre. Se a tua disposição for conforme ao ritual e a tua compreensão como a compreensão do teu mestre, é isso que significa ser sage. Contradizer o ritual é ser desprovido do modelo adequado e contradizer o teu mestre é ser sem mestre. Se não fores conforme ao teu mestre e ao modelo adequado, preferindo usar do teu próprio juízo, tal é como confiar num cego para distinguir cores, ou num surdo para distinguir sons. Tudo o que conseguirás obter será caos e imprudência. Por isso, no estudo, o ritual é o teu modelo adequado e o mestre é alguém que tomas como bitola correcta e com quem aspiras estar em conformidade. As Odes dizem, “Na ignorância, na ausência de compreensão, escolhe seguir os princípios de Shang Di.”1 Isto exprime o que quero dizer. Se fores escrupuloso, honesto, agires com obediência adequada e fores um bom irmão mais novo, podes então ser chamado um jovem bom. Se, para além disso, tiveres

amor pelo estudo, capacidade de aceitação e uma mente arguta, então terás talentos iguais àqueles a quem ninguém é superior, podendo usar [os teus talentos] para te tornares uma pessoa exemplar. Se fores preguiçoso e cobarde, desavergonhado e preocupado só com comida e bebida, então mereces ser chamado um jovem mau. Se, para além disso, fores ferozmente desobediente e perigoso, desrespeitando vilmente teus irmãos mais velhos, então mereces ser chamado de jovem aziago, podendo mesmo chegar à circunstância de te veres aplicada a pena capital. Quando se trata os velhos como os velhos merecem, a nós virão aqueles que se encontram no seu auge. Se não afligires aqueles que já se encontram em profunda aflição, a ti virão os bem-sucedidos. Se trabalhares na obscuridade e praticares a bondade sem expectativa de recompensa, tanto merecedores como desmerecedores te seguirão unanimemente. Quem se reger por estes três tipos de conduta não será punido pelo Céu, ainda que cometa um qualquer erro grave. Na busca de lucro, a pessoa exemplar age com contenção. No evitar de males, age cedo. No evitar da desgraça, age com temor. Na prossecução do Caminho, age corajosamente. Mesmo vivendo em pobreza, as intenções da pessoa exemplar permanecem grandiosas. Mesmo coberta de riqueza e honrarias, a sua postura permanece reverente. Mesmo vivendo em lazer, o seu sangue e qi não são ociosos. Mesmo cansada de labutar, a sua atitude não é desagradável. Quando irada não é excessivamente severa e,

quando feliz, não é excessivamente indulgente. A pessoa exemplar mantém intenções grandiosas mesmo na miséria pois exalta a ren [humanidade; benevolência]. Mantém uma postura reverente mesmo coberta de riqueza e honrarias pois reage com leveza às contingências da fortuna. O seu sangue e qi não se tornam ociosos mesmo no lazer pois se dedica à boa ordem. A sua atitude não é desagradável mesmo cansada de labutar pois lhe agradam as boas relações. Não é nem excessivamente severa quando irada nem excessivamente indulgente quando feliz pois a sua aderência ao modelo adequado suplanta qualquer capricho pessoal. Os Documentos dizem: Não cries novos gostos. Segue a via do rei. Não cries novos desgostos. Atém-te à via do rei. Isto significa que, evitando a parcialidade e recorrendo a yi [propriedade], a pessoa exemplar suplanta os desejos pessoais caprichosos.2

1 - Shàng Di (literalmente, o “Senhor do Alto”, 上帝) era a principal divindade cultuada durante a dinastia Shang. 2 - “Evitando a parcialidade” traduz a noção de gong 公 (lit. “público” ou “fazer público”), uma virtude oposta tanto ao interesse pessoal próprio como ao interesse pessoal alheio.

Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

terça-feira 11.2.2020

Divina Comédia Nuno Miguel Guedes

O outro que há em nós

E

U não sei nem quero saber da vida social de ninguém, amigos. Por vezes nem da minha, que poderia ser descrita de forma geral como a de um monge que entra numa discoteca. Muitos conhecidos, outros que querem conhecer-nos; mas os amigos estão noutro lugar, para onde se foge mal se possa. E aí nos encontramos e recebemos santuário, nessas catedrais familiares e modestas onde podemos partilhar silêncios. Mas divago. Apesar de tudo devemos estar expostos aos outros, numa dose sensata. Cada um terá a sua e longe de mim querer ser exemplar. Afinal de contas o conceito de alteridade – esse que proclama que o ser humano age intersocialmente e na interdependência do outro – não só existe como muitas vezes é inconveniente e inoportuno. Falo por mim, claro. Mas podemos ser apanhados de surpresa, sobretudo quando procuramos refúgio dentro de nós mas no meio dos que estão à nossa volta. Alguns darão por isso; outros não e são esses que no meio da nossa odisseia imaginária, onde desbastamos as selvas das angústias e alegrias esquecendo-nos facilmente do lugar terreno onde nesse momento temos de pertencer – são esses, dizia, que sem medo ou má vontade nos atiram perguntas como esta: “Alguma vez pensaste em ser outra pessoa?”. Sim, eu sei: as minhas companhias tendem a ser bizarras. Mas com sorte até oferecem temas para estas crónicas de forma involuntária. Além de que, neste caso concreto, trata-se de uma boa pergunta. Efectue o leitor amigo esse mesmo exercício e verá que a resposta não é fácil. Pela minha parte, a primeira reacção foi típica: como de certa forma vivo numa biblioteca itinerante o meu cérebro, em vez de tentar responder à pergunta, preferiu fazer uma pesquisa exaustiva a todos os livros e letras de canções que encontrou pelo caminho. E lá veio Borges a falar com Borges no maravilhoso conto O Outro; e lá vieram mil e uma recordações de filmes que abordavam o tema do doppelgänger ou de livros que me são caros, como Dr.Jekkill e Mr.Hyde ou O Retrato de Dorian Gray. Esta petulância intelectual, tão sintomática como verdadeira, impediu-me mais uma vez de dar a resposta mais óbvia: não, nunca desejei ser outra pessoa. Zanguei-me tantas vezes com quem sou que perdi a conta. Deixei de me falar durante semanas. Mas não: nunca desejei ser outro nem perdi tempo com essa possibilidade. Mais: muitas vezes fiquei grato a essa não-possibilidade. Há um provérbio inglês, com origem no século XVI e que sempre me tocou fundo: ao encontrar alguém mais desafortunado,

dizem “There, but for the grace of God, go I”. Eu poderia ser aquele, não fora a graça de Deus. Mesmo os não-crentes compreendem a essência do que se diz

nesta paráfrase bíblica: estamos sempre à mercê de algo maior e devemos percebê-lo, ser humildes, estar gratos e ajudar.

Não, nunca desejei ser outra pessoa. Zanguei-me tantas vezes com quem sou que perdi a conta. Deixei de me falar durante semanas. Mas não: nunca desejei ser outro nem perdi tempo com essa possibilidade. Mais: muitas vezes fiquei grato a essa não-possibilidade

Não sei como se poderá querer ser outro. Mas sei que já fomos outro. Há algum tempo visitei a maravilhosa exposição de fotografia Aos Meus Amores 2.0, de Álvaro Rosendo, onde está retratada com o olhar terno do fotógrafo gente que atravessou várias décadas, desde os anos 80. E por acaso lá me deparei comigo, ali, espetado na parede. Era eu, com os meus sonhos, a força e a estupidez da juventude, o sorriso imaculado dos vinte e poucos anos. Mas era outro, amigos. E juro, juro que prefiro ser eu agora até porque amanhã já serei outro que gostarei de ser.


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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 53

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O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, quer encerrar a maior cadeia de televisão das Filipinas, tendo já feito o pedido ao Supremo Tribunal, através de uma petição para que a licença da ABS-CBN, que expira

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PROBLEMA 54

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HUM

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em Março de 2020, não seja renovada. A rede de televisão está em operação no país há 25 anos. Duterte já ameaçou, há vários meses, fechar a ABS-CBN, onde trabalham mais de 11.000 jornalistas.

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UMA FILME HOJE 4 2 5 7 3 1 6 5 1 7 3 2 6

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Os trabalhos mais recentes de Christopher Nolan fazem com que “O Terceiro Passo” seja muitas vezes esquecido. Contudo, a qualidade do enredo é inegável e muito mais trabalhada do que na trilogia do Cavaleiro Negro. Na película acompanhamos o duelo entre dois rivais do mundo da magia, interpretados por Hugh Jackman e Christian Bale, com um desfecho trágico. Uma obra que foca a rivalidade e a obsessão com a superação do outro. João Santos Filipe

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VIDA DE CÃO

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No ano passado, ou há dois anos, uma menina de quatro anos foi três vezes com gripe ao hospital Kiang Wu. Foi sempre mandada para casa e na última vez ficou internada. Morreu devido a “complicações”. Há uma ou duas semanas, em pleno desenvolvimento da epidemia, uma das vítimas foi uma vez ao hospital público e enviada para casa. Depois, foi mais duas vezes ao Kiang Wu e mandada para casa. Finalmente, apresentou-se no Kiang Wu e pediu para ser internada. O pior confirmou-se e estava infectada. A culpa? Da mulher, pois está claro, que não tinha dito aos médicos que tinha estado num hospital de Zhuhai. Agora, um grupo de trabalhadores sentindo que estavam a jogar roleta russa com as suas vidas apresentou um rol de queixas, inclusive sobre a falta de máscaras adequadas. Como reage o hospital? Garante que está tudo bem e pede que não se lancem “rumores”, apesar de admitir algumas falhas. E do lado do Governo? O normal. O Kiang Wu é sempre um assunto tratado com pinças, para não se chatear quem tem poder. Em última análise a culpa é dos trabalhadores por virem a público porque deviam ter falado internamente, mesmo que já o tivessem feito sem resultados. O histórico de coincidências e “azares” acumula-se. No entanto, eu estou descansado e plenamente confiante, porque no dia em que acontecer algo grave que resulte numa ameaça à saúde pública vamos ouvir os responsáveis a dizer que “nada fazia prever” tal desfecho... João Santos Filipe

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4 O TERCEIRO 1 PASSO | CHRISTOPHER 3 1 5NOLAN6(2006)7 1 4 7 6 2 3 1 7 6 1 5 4 7 6 5 3 2 3 1 4 5 6 2 5 7 3 2 4 2 5 6 4 7 1 2 3 7 4 2 6 5 3

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opinião 15

terça-feira 11.2.2020

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

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Cerrar fileiras

STE é o meu primeiro artigo deste Novo Ano Chinês. Para todos vós vão os meus votos de felicidades e de muita saúde . O surto do novo Coronavírus surgiu há cerca de três meses. Durante este período, vários países adoptaram diversas medidas de prevenção para combater a propagação da epidemia, esperando minimizar os seus efeitos. Macau encerrou as escolas por tempo indeterminado; os funcionários públicos podem trabalhar a partir de casa até dia 16 deste mês. Há poucos dias atrás, os casinos e locais de entretenimento da cidade foram fechados, e a maior parte das carreiras de autocarros acaba às 22.30. Estas medidas destinam-se a impedir a concentração de pessoas e evitar a propagação do vírus. Actualmente, as ruas de Macau à noite estão desertas. A fervilhante vida nocturna desapareceu. Embora esta situação implique importantes prejuízos económicos, o Governo de Macau foi obrigado a tomar estas precauções para que todos nós possamos resistir à adversidade com sucesso.

As próprias pessoas evitam os contactos. Se possível, não vão trabalhar, não mandam as crianças à escola e quase não saem. Claro que a vida tem de continuar, por isso o isolamento não pode ser total, as pessoas isolam-se apenas na medida do possível. Este procedimento é o que cada um de nós pode fazer de melhor para combater a epidemia. Nesta altura, é muito importante que todos nós tenhamos um cuidado especial com a higiene pessoal. Devemos lavar as mãos com frequência, levantarmo-nos e deitarmo-nos cedo para manter o corpo

Todos sabemos que ainda não se descobriu a vacina para neutralizar este vírus. Por enquanto, tudo o que o Governo pode fazer é implementar medidas que evitem a sua propagação. A cada cidadão compete cooperar, evitando o mais possível expor-se a contactos com terceiros e evitando adoecer

saudável. Quem não tiver sintomas de gripe deve evitar os hospitais. O Governo tem de focar os seus recursos no tratamento dos doentes infectados pelo vírus. Ao adoptar estes comportamentos, estamos a ajudar o Governo, a nós próprios e aos outros. Todos sabemos que ainda não se descobriu a vacina para neutralizar este vírus. Por enquanto, tudo o que o Governo pode fazer é implementar medidas que evitem a sua propagação. A cada cidadão compete cooperar, evitando o mais possível expor-se a contactos com terceiros e evitando adoecer. Se todos seguirmos à risca estas instruções, conseguiremos combater com sucesso esta epidemia. Parte importante deste combate é travado pelos profissionais de saúde que se dedicam com entusiasmo a velar pelo bem-estar de todos nós. Há poucos dias soubemos que tinha havido um greve de profissionais de saúde em Hong Kong. A greve foi uma forma de exigir ao Governo de Hong Kong o fecho das fronteiras. Estes profissionais salientaram de forma clara que se o Governo mantivesse as fronteiras abertas, os portadores do vírus entrariam em Hong Kong e o número de infectados iria disparar. Se esta situação se vier a verificar, o sistema de saúde irá colapsar e não vai haver profissionais em número suficiente para acudir aos doentes.

Todos nós sabemos, que o vírus surgiu em Wuhan. Depois disso, espalhou-se a muitas outras cidades da China. Não há dúvida de que o encerramento de fronteiras e o isolamento das zonas mais afectadas, pode reduzir o risco de propagação a outras comunidades. No entanto, com o intercâmbio que existe actualmente entre a China e Hong Kong, intensificado pelo facto de muitos hongkongers residirem em Shenzhen, devido ao elevado custo das casas em Hong Kong, as entradas e saídas são uma realidade do dia a dia. Se o fecho de fronteiras for implementado, como é que estas pessoas podem vir trabalhar? Mas, para além deste motivo, existem muitas outras razões que levam as pessoas a circular diariamente entre a China e Hong Kong. Com as fronteiras fechadas esta circulação deixa de ser possível. E que consequências podem daí advir? Sem falar nos produtos de primeira necessidade que Hong Kong importa da China. Mais uma vez, o fecho das fronteiras vai impedir este transporte. Quem traz estes produtos vai deixar de poder entrar em Hong Kong. Será isto viável? Embora os profissionais de saúde tenham terminado a greve, este assunto merece ser avaliado em profundidade. Devemos interrogarmo-nos porque é que a greve durou cinco dias mesmo havendo todas estas questões a considerar.

Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Um Deus todo misericordioso é um Deus injusto.

COREIA DO SUL PRESIDENTE FELICITA EQUIPA DE “PARASITA”

SMG Chuva forte amanhã e sexta-feira

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem uma nota onde dão conta da possibilidade de ocorrência de aguaceiros fortes no final da semana, mais concretamente nos dias 13 e 14 deste mês. Essas condições meteorológicas devem-se ao facto de “o tempo na foz do Rio das Pérolas poder ser influenciado por uma perturbação atmosférica de alta altitude”. Desta forma, “o tempo na região será instável, podendo ocorrer aguaceiros ocasionais e trovoadas”, sendo que na quinta-feira “podem ocorrer aguaceiros relativamente fortes no território”.

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Kiang Wu Bolos para os funcionários

O Kiang Wu anunciou ontem ter distribuído bolos secos entre os funcionários, como forma de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. De acordo com um comunicado da instituição, os bolos foram doados pelas pastelarias Choi Heong Yuen e Koi Key, como foram de agradecer aos funcionários o esforços e dedicação, nesta altura de epidemia. “O Hospital Kiang Wu distribuiu os bolos como forma de encorajar os funcionários que estão a lutar contra a epidemia e a servir a Região Administrativa Especial de Macau”, pode ler-se no comunicado. A distribuição foi feita depois de na semana passada ter havido uma carta aberta de um grupo de trabalhadores do Kiang Wu a denunciar a falta de condições e protecção dos funcionários da instituição.

Brasil Repatriados de Wuhan iniciam quarentena

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Mais de trinta brasileiros repatriados da cidade chinesa de Wuhan, o epicentro do novo coronavírus, aterraram no domingo numa base aérea do estado brasileiro de Goiás, onde vão passar os próximos 18 dias em quarentena. A operação, batizada Regresso à Pátria Amada Brasil, trouxe desde Wuhan 34 brasileiros para uma base aérea a cerca de 150 quilómetros de Brasília. Estudantes e famílias brasileiras saíram das aeronaves, com máscaras protectoras a cobrir a boca e o nariz. Alguns acenavam com pequenas bandeiras brasileiras para as câmaras. Os repatriados foram depois transferidos para autocarros que os transportaram para hotéis, equipados com Internet, telefones e áreas de lazer. Os onze tripulantes e sete profissionais de saúde que realizaram a viagem de ida e volta a Wuhan também estarão sujeitos a um período de quarentena.

terça-feira 11.2.2020

PALAVRA DO DIA

Edward Young

Das preocupações apontadas pelos diferentes sectores de actividade, o destaque vai para a impossibilidade de operar devido à suspensão temporária

Sentir o pulso à crise

Estudo indica que gestão do fornecimento de máscaras é a medida mais popular

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S impactos das medidas de prevenção contra o coronavírus já começam a ser sentidos de forma mais ou menos positiva pela população. Quase 90 por cento dos cidadãos de Macau consideraram a medida de apoio à compra de máscaras cirúrgicas lançada pelo Governo de Macau, como a mais satisfatória das acções de prevenção contra o novo tipo de coronavírus decretadas pelo Executivo. A conclusão é da Associação de Educação Patriótica da Juventude de Macau, após um estudo realizado entre 30 de Janeiro e 1 de Fevereiro que analisou 194 questionários enviados a empresas de 16 indústrias. Entre as medidas de prevenção que recolheram mais aplausos estão assim, depois da medida de apoio à compra de máscaras cirúrgicas (88,5 por cento), as políticas de imigração que visam os visitantes de Hubei (82 por cento), o cancelamento das celebrações do Ano Novo Lunar (81,14 por cento), medidas de isolamento aplicadas a viajantes de Hubei que ficam em Macau (78,1 por cento) e, por último, o adiamento do regresso às aulas (76,5 por cento).

Já quanto às principais preocupações apontadas pelos diferentes sectores de actividade, o destaque vai para a impossibilidade de operar devido à suspensão temporária, contrariedade referida por 68 por cento dos inquiridos do sector da educação, 60 por cento no sector do turismo e 42 por cento na indústria dos transportes, armazenamento e comunicações. A assinalar preocupações relativas a problemas de liquidez apontaram metade dos inquiridos da indústria hoteleira, transportes, armazenamento e comunicações e do turismo. Por fim, indicando dificuldades no pagamento de salários apontaram a indústria do catering (50 por cento) e a hoteleira (50 por cento). Já metade dos inquiridos da indústria do retalho e por atacado referiram sentir pressão para obter novas encomendas e no pagamento de empréstimos.

LISTA DE DESEJOS

De acordo com o estudo da Associação de Educação Patriótica da Juventude de Macau, as medidas que os sectores industriais mais desejam ver implementados na sequência da prevenção da situação epidémica que tem levado ao agravamento da situação económica,

está, no topo, a redução ou isenção dos impostos para as empresas, seguida de medidas fiscais como a concessão de empréstimos, a redução da factura da prestação de serviços públicos, a implementação de mais medidas de segurança social e de estímulo social e o apoio na área da formação. Elogiando as medidas decretadas pelo Executivo liderado por Ho Iat Seng no combate ao coronavírus e que “fortaleceram a confiança da comunidade internacional de que Macau é uma cidade segura”, a Associação de Educação Patriótica da Juventude de Macau, sugere ainda quais os pontos nos quais o Governo se deve concentrar. Entre os quais a associação presidida por Wong Ka Lon sugere mais medidas de restrição à circulação e reunião, medidas de estabilização da economia através da manutenção da “competitividade como pilar” e do suporte às pequenas e médias empresas, manutenção de uma baixa taxa de desemprego, apoio psicológico para estudantes e alunos no momento em que as aulas forem retomadas, a melhoria de medidas de segurança social e a alteração das leis destinadas aos trabalhadores estrangeiros. P.A.

Presidente sul-coreano Moon Jae-in felicitou ontem toda a equipa de “Parasita”, que ontem ganhou o Óscar para Melhor Filme, e especialmente o realizador Bong Joon-ho por apresentar o que considerou ser “uma história coreana única” “Uno-me a todos os coreanos para felicitar o filme” Parasita”, escreveu ontem Moon Jae-in na rede social Twitter. O Presidente sul-coreano disse estar “orgulhoso do realizador Bong Joon-ho, dos actores e da equipa “depois destes terem ganhado quatro estatuetas (Melhor Argumento Original, Melhor Filme Internacional, Melhor Realizador e Melhor Filme). “’Parasita’ tocou os corações das pessoas de todo o mundo com uma história coreana única”, disse o Presidente sul-coreano. Os quatro Óscares e a Palma de Ouro de Cannes, que o filme ganhou no ano passado, “podem ser atribuídos aos esforços acumulados de cada cineasta coreano nos últimos 100 anos”, disse Moon em referência ao centenário que o cinema coreano celebrou recentemente. O chefe de Estado considerou que o filme “transmite mensagens sociais de maneira inovadora, notável e bem-sucedida” e prometeu apoio institucional aos membros da indústria nacional. O filme “Parasitas”, do realizador sul-coreano Bong Joon Ho, venceu o Óscar de Melhor Filme, na 92.ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, de Hollywood.


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