Hoje Macau 11 ABR 2016 #3548

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 11 DE ABRIL DE 2016 • ANO XV • Nº 3548 PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau

COLOANE

Em defesa da montanha

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AL QUASE 40 OBRAS FEITAS À REVELIA DO AUTOR DO EDIFÍCIO

PÁGINA 5

DETALHES MAIORES

Desde a sua construção até aos dias de hoje foram 37 as obras de alteração realizadas no edifício da Assembleia Legislativa. Para Mário Duque, criador do projecto, estas intervenções chocam

h A grande mensagem Do verbo amar GUO XI

AMÉLIA VIEIRA

com os princípios do Direito de Autor pois, alega, nunca foi consultado sobre estas obras que, diz, fazem do edifício algo muito diferente daquilo que foi erguido no ano 2000.

TÁXIS

A revolta dos motoristas PÁGINA 8

CASO LISBOA

GRANDE PLANO

´ AGUIA VOA PARA ´ O TITULO CENTRAIS

TIAGO ALCÂNTARA

LIGA DE ELITE

NOVOS CAPÍTULOS PÁGINA 6

ANIMAIS

Crueldade à solta PÁGINA 7

RENOVAÇÃO URBANA

Portas entreabertas PÁGINA 4


2 GRANDE PLANO

OBRAS NA AL

CRIADOR DO EDIFÍCIO FALA DE VIOLAÇÕES DO DIREITO DE AUTOR

SILENCIOS E ˆ NEGLIGENCIAS? ˆ

Em 16 anos de existência o edifício da Assembleia Legislativa foi alvo de 37 obras de modificação sem que o arquitecto autor do projecto tenha tido conhecimento prévio das mesmas, conforme determina o Regime de Direitos de Autor. Há dez anos, a DSSOPT foi acusada pelo tribunal de ter sido negligente num processo referente à primeira obra realizada. Anos depois, a postura do Executivo parece não ter mudado

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EVEREIRO de 2000. A RAEM existe há apenas dois meses e a Assembleia Legislativa (AL) tem uma nova casa junto à Praia Grande, desde Dezembro de 1999, da autoria do arquitecto Mário Duque. O deputado Fong Chi Keong, que fez parte do grupo de membros do hemiciclo que acompanharam a obra desde o início, faz declarações ao jornal Ou Mun onde defende que a sala do plenário parece uma sala de uma discoteca e que são necessárias alterações ao edifício. Mário Duque fica surpreendido com estas declarações e confronta Jaime Carion, à data director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), com o assunto. Só em Abril é que a DSSOPT é “informada verbalmente que se encontrava em fase de elaboração o projecto de alteração do edifício”, tendo chamado o arquitecto e o engenheiro Fernando Botelho para analisarem “a viabilidade do alargamento da entrada principal do edifício”. No Verão desse ano, começou no edifício da AL a primeira obra após a inauguração formal, tendo a Mesa da AL deliberado, em Fevereiro, a adjudicação da obra à Companhia de Construção Vantagem. Fong Chi Keong não era membro da Mesa da AL. Fernando Botelho recusou, em Maio de 2000, fazer parte desse projecto de alteração. O projecto foi assinado pelo arquitecto Omar Yeung, que à

data não estava sequer inscrito na DSSOPT. Quando foi questionado sobre a obra, Mário Duque deparou-se com um projecto já feito que usou dados técnicos por si elaborados. “Este abuso de utilização do desenho do signatário consubstancia-se na reprodução de alguns deles e na alteração de outros, através da supressão de legendas elaboradas [por Mário Duque], substituídas por legendas introduzidas pelo autor das alterações”, lê-se no parecer emitido pelo arquitecto, o qual foi negativo face ao projecto. Apesar disso, a obra acabou por se realizar. Inicia-se aqui um processo que culminou numa sentença proferida em 2006 pelo Tribunal Administrativo (TA). Este entendeu que a DSSOPT “agiu com negligência” por confrontar Mário Duque com um projecto já feito, no âmbito do Regime do Direito de Autor e Direitos Conexos (RDA). O próprio caderno de encargos do concurso público determinava que o autor do projecto teria de ser contactado sempre que fossem feitas obras de modificação. “Entendemos que a DSSOPT não tomou a devida precaução na aprovação do projecto de alteração, permitindo a utilização de um projecto de alteração ou reproduções ilícitas do projecto inicial, violando assim o direito de autor”, lê-se no acórdão. O tribunal referiu ainda que a DSSOPT reuniu “ao mesmo tempo as qualidades de dono da obra e de entidade competente

para aprovação dos projectos de construção”.

DESCONEXÕES

Dez anos depois, os procedimentos parecem manter-se iguais, apesar da sentença do TA. Mário Duque garantiu ao HM que nunca mais foi contactado e não tinha sequer conhecimento do número de obras realizadas até 2008. Mário Duque defende que

AUSÊNCIA DE INSCRIÇÃO

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o acórdão proferido em 2006, o TA considera uma situação normal o facto do arquitecto Omar Yeung ter assinado um projecto sem estar inscrito na DSSOPT. “Trata-se de uma medida ajustada à realidade social de Macau, por ser uma cidade pequena, com pouca população, que não consegue sustentar grande número de arquitectos qualificados e célebres. A medida em causa permite que os arquitectos com fama mundial, mas que não estão inscritos na DSSOPT, possam conceber projectos de construção em Macau, desde que o termo de responsabilidade seja subscrito por um arquitecto inscrito, elevando assim a imagem e o nome da RAEM”, pode ler-se. Neste caso, quem assinou por baixo do projecto foi o arquitecto Allan Kong Lon. De referir que Omar Yeung foi um dos arguidos do caso Ao Man Long, ex-Secretário das Obras Públicas e Transportes, mas acabou absolvido.


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“Com o argumento de que são necessários mais gabinetes e espaços, a biblioteca já não existe, e era um dos espaços mais bonitos da Assembleia” “Com a proliferação de detalhes, é a destruição total. No decurso destas intervenções, já nada bate com nada. Por mais alterações que se façam, a obra é sempre do seu autor, mas está adulterada”

as constantes alterações fazem do edifício da AL algo muito diferente daquele que foi erguido em 2000. “Nunca mais fui consultado, até que um dia resolvi ir ao website da DSSOPT, e, a partir de 2008, descobri uma série de obras de concepção e construção realizadas”, disse. “Com o argumento de que são necessários mais gabinetes e espaços, a biblioteca já não existe, e era um dos espaços mais bonitos da Assembleia. Há pequenas obras realizadas, um vidro aqui, uma porta ali, em que nenhuma bota bate com a perdigota. Com a proliferação de detalhes, é a destruição total. No decurso destas intervenções, já nada bate com nada. Por mais alterações que se façam, a obra é sempre do seu autor, mas está adulterada”, explicou. O HM contactou a DSSOPT no sentido de saber quantas obras foram realizadas entre 2000 e 2008, já que não existem registos em Boletim Oficial (BO). Numa resposta escrita, a DSSOPT confirmou que em oito anos foram realizadas

um total de 30 obras, uma média de quatro por ano, tratando-se de “obras de modificação do edifício e de melhoramento do sistema de ar condicionado, de combate contra incêndios e sistema electromecânico”. A partir de 2008 foram realizadas mais sete obras, tendo a última sido feita em Agosto de 2015. O HM questionou este organismo se o arquitecto Mário Duque foi consultado previamente em todos estes projectos, mas a DSSOPT limitou-se a citar o Regime de Direitos de Autor e Direitos Conexos. “O dono de obra construída ou executada segundo projecto da autoria de outrem é livre de, quer durante a construção ou execução, quer após a sua conclusão, introduzir nela as alterações que desejar, mas deve consultar previamente o autor do projecto, sob pena de indemnização por perdas e danos. Não havendo acordo entre o dono da obra e o autor do projecto, pode este repudiar a paternidade da obra modificada, ficando vedado ao

proprietário invocar para o futuro, em proveito próprio, o nome do autor do projecto inicial”, apontou a DSSOPT. Mário Duque mostrou-se perplexo quando confrontado com este número de intervenções. “Os arquitectos não gostam que mexam nos seus projectos mas admitem que eventualmente tenham de se ajustar. Mas aí as pessoas sentam-se à mesa e analisam as coisas. A questão da lei prever que poderá haver um conflito de interesses entre o dono da obra e o autor do projecto nunca resultou na prática, porque sempre houve confrontação com um projecto já feito”, explicou, em referência ao primeiro e único parecer que enviou à DSSOPT, em 2000. Contactado pelo HM, Jaime Carion apenas referiu que, à data, o arquitecto Mário Duque foi confrontado com o projecto e que todo o processo foi feito dentro da lei. “Houve de facto umas obras de modificação do edifício, mas foi consultado o projectista, segundo o Regime de Direitos de Autor, para

dar um parecer, não me recordo se foi positivo ou negativo. Mas a partir daqui não falo mais. Tudo foi feito de acordo com a lei e o arquitecto foi consultado sobre essa matéria”, disse o ex-director da DSSOPT. Questionado sobre o cumprimento do Regime de Autor nas obras posteriores, Jaime Carion não quis fazer mais comentários por já se encontrar desvinculado da Função Pública desde 2014. O HM procurou ainda obter uma reacção junto do Gabinete do Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, mas até ao fecho desta reportagem não foi possível obter uma resposta. Na qualidade de deputado nomeado pelo Governador Vasco Rocha Vieira, Raimundo do Rosário acompanhou o projecto em causa por um breve período, antes de ter assumido o cargo de chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau, em 2000. Andreia Sofia Silva com F.F.

andreia.silva@hojemacau.com.mo

“Os arquitectos não gostam que mexam nos seus projectos mas admitem que eventualmente tenham de se ajustar. Mas aí as pessoas sentam-se à mesa e analisam as coisas” MÁRIO DUQUE ARQUITECTO

A DSSOPT confirmou que em oito anos [entre 2000 e 2008] foram realizadas um total de 30 obras, uma média de quatro por ano


4 POLÍTICA

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ABERTURA DE REUNIÕES DO CRU EM ESTUDO

Informação online lhos feitos no antigo Conselho de Reordenamento dos Bairros Antigos. Para Wu Keng Kuong, membro do CRU, as reuniões deveriam ser abertas. Também outro membro, o ex-deputado Ung Choi Kun, presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário de Macau, diz que não se importa com a abertura das reuniões, mas “dependendo do conteúdo”. Para Ung Choi Kun, o Governo poderá publicar as informações ne-

“Nem todos os membros dizem tudo em frente às câmaras” CHONG SIO KIN ASSOCIAÇÃO GERAL DO SECTOR IMOBILIÁRIO DE MACAU cessárias posteriormente, algo que merece a concordância de Chong Sio Kin, presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de

Macau e membro do grupo, que diz que “nem todos os membros dizem tudo em frente às câmaras” e falam “mais à vontade em reuniões fechadas”, o que pode contribuir para que se recolha melhor as opiniões.

MAIS PORTAL

Entretanto, em comunicado, Raimundo do Rosário frisou que está a incentivar os serviços da sua tutela a colocar mais informação no portal electrónico de cada ser-

viço, “de modo a que a população possa inteirar-se melhor sobre os trabalhos das autoridades. O Secretário revelou ainda que o portal electrónico do CRU (http://www.cru.gov.mo/) entrou oficialmente em funcionamento e, no futuro, “será publicada informação inerente aos trabalhos concretizados pelo Conselho para conhecimento do público em geral, no sentido de permitir a população perceber melhor as tarefas do Conselho”. Este Conselho tem sido alvo de críticas de activistas e alguns deputados, que dizem que a composição não está equilibrada com os interesses da sociedade, por ter membros do sector imobiliário. Quem faz parte do CRU discorda. F.F./J.F.

GCS

AIMUNDO do Rosário ainda não decidiu se as reuniões do Conselho de Renovação Urbana (CRU) devem abrir as portas aos meios de comunicação. Mas, em comunicado, o Secretário afirma querer partilhar mais informação com a sociedade. A segunda reunião do Conselho aconteceu na semana passada e, apesar de haver membros que concordam com a abertura das reuniões ao público, o Secretário ainda não tomou qualquer decisão. Segundo o Jornal do Cidadão, a reunião da sexta-feira passada apenas permitiu aos média tirar fotografias antes de começar. Raimundo do Rosário explicou, depois da reunião, que foram apresentados regulamentos internos do CRU e os traba-

IMOBILIÁRIAS PEDIDO LICENCIAMENTO MAIS FÁCIL

LEI SOBRE SEGURANÇA OCUPACIONAL NA CALHA

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deputado Chan Meng Kam interpelou o Governo sobre a possibilidade de tornar mais fácil o processo de atribuição de licenças aos agentes imobiliários por parte do Instituto da Habitação (IH). Chan Meng Kam acha que este organismo também deve promover uma simplificação dos serviços públicos para uma maior eficácia. O deputado afirmou que, para obterem a licença, os agentes imobiliários têm de entregar o certificado que comprova a conclusão do ensino secundário, mas

caso este não seja aceite, os candidatos perdem esse certificado. Além disso, o IH pede sempre a apresentação deste documento, mesmo que os candidatos sejam licenciados. Chan Meng Kam diz não compreender porque é que o IH se preocupa mais “com o significado das palavras em vez de se preocupar com as exigências e as ideias” e pede que o IH adopte o mesmo sistema da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, que requere a apresentação do certificado do ensino

secundário ou superior na aprovação destas licenças. O deputado pede ainda que sejam simplificados os processos nos serviços públicos e que sejam eliminadas algumas aprovações que, a seu ver, não são essenciais. T.C.

director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Wong Chi Hong, quer implementar uma lei de segurança e saúde ocupacional”, devido aos frequentes acidentes que têm acontecido em estaleiros de construção. Contudo, o organismo vai avançar primeiro com a parte de “segurança de construção e higiene”. Segundo o Jornal Ou Mun, Wong Chi Hong referiu no sábado passado que foram 112 os casos que violaram o Regime do Cartão de Segurança Ocupa-

cional na Construção Civil, sendo que aconteceram no total oito acidentes fatais. A emissão de um cartão é regulada e tem algumas regras, mas não há mesmo uma lei que obrigue a certas medidas. A DSAL diz que este sector é “de alto risco”, pelo que quer reforçar a legislação, “promovendo e aumentando o nível da segurança ocupacional através de diversas medidas, como a atribuição de subsídios e de prémios”. Além disso, o responsável afirmou que vai fazer legislar “a segurança ocupa-

cional e higiene”, algo que está já a ser discutido pelo Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) e que passa por reforçar o regime de gestão e aumentar as multas. “O montante das multas foi elaborado em 1991 e está muito desactualizado. Estamos a pensar aumentar o montante cinco vezes no máximo. Além de multas, pensamos retirar a licença de chefe de segurança”. Apesar disso, Wong Chi Hong não apresenta qualquer calendário para os trabalhos legislativos terem início. F.F.


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Coloane QUASE SETE MIL ASSINATURAS CONTRA PROJECTO DE LUXO

Nove associações deram um passo em frente face à possível construção de um empreendimento de luxo em Coloane: ontem entregaram uma petição ao Governo e prometem mais acções

HOJE MACAU

“Queremos o nosso verde”

gar ao Governo e esperamos que este não contrarie as opiniões da maioria dos cidadãos de Macau. Esperamos que não destrua a nossa preciosa montanha de Coloane, que é o pulmão da cidade”. Na petição, os grupos apelam à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que suspenda a emissão de licença de obras para o edifício que poderá ter cem metros da altura – algo que ainda não foi feito porque o proprietário do terreno, Sio Tak Hong, ainda não entregou todas as plantas. A publicação do relatório de impacto ambiental e a classificação da histórica casamata – que será demolida - como património são outros pedidos entregues ontem ao Governo. O grupo quer ainda que o Executivo elabore indicadores e

MOÇÃO DE AUDIÇÃO

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s deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San apresentaram uma moção para audição dos responsáveis do Governo à Assembleia Legislativa. Os deputados querem que sejam convocadas as pessoas responsáveis pelo projecto para que sejam apresentados todos os documentos, de forma a esclarecer as dúvidas face ao projecto. “Tanto o Governo como o construtor rejeitaram a publicação do relatório de impacto de avaliação ambiental, o que faz com que o público não saiba se a natureza destruída causada pela construção do projecto pode ser recuperada ou não”, explicaram dos deputados. “É de suspeitar que o Governo aprove o plano de construção antes de aprovar o relatório. Se existirem ilegalidades, é preciso mostrar ao público.”

Pontapé de saída

Assédio sexual Comissão já tem plano para resolução de casos

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C

HAMA-SE “Our Land, Our Plan” e, em conjunto com nove associações locais, conseguiu entregar ontem uma petição com quase sete mil assinaturas ao Governo. O objectivo do projecto? Solicitar que não seja emitida a licença da obra para o projecto que poderá vir a nascer na Estrada do Campo, no Alto de Coloane e pedir que a planta seja apreciada pelo Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Amy Sio, organizadora de “Our Land, Our Plan” afirmou aos meios de comunicação que as assinaturas foram recolhidas na rua e online, durante pouco mais de um mês. Além das assinaturas, o grupo recebeu ainda mensagens de cidadãos de Macau, onde estes dizem que esperam que a promessa de manter o ambiente verde em Coloane seja cumprida. Outros não sabiam da construção do projecto na montanha de Coloane e, quando passaram a saber, lamentaram a situação. Além da petição, o grupo entregou também dois murais “recheados de opiniões” da população. “Fizemos duas paredes de opiniões do povo para entre-

políticas de protecção ambiental mais transparentes para que não permita projectos que afectem a natureza de Coloane.

MONTANHA É NOSSA

Amy Sio, profissional em Engenharia Ambiental, considera que o Alto de Coloane não é “nada apropriado para desenvolver um projecto de luxo”, mesmo que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) tenha aprovado o relatório de impacto ao ambiente, feito pela própria empresa de construção e que é, por isso, privado. “Não estamos contra o desenvolvimento, mas existem tantos terrenos não aproveitados... a montanha pertence a toda a população de Macau. O projecto só deve ser considerado se tiver em conta o interesse público.” O próximo passo do grupo “Our Land, Our Plan” é a manifestação do Dia dos Trabalhadores, organizada pela Associação Juventude Dinâmica - uma das nove associações que se juntou ao grupo. Em cima da mesa está ainda a possibilidade de se organizar uma espécie de “referendo civil” para que os residentes de Macau votem contra ou favor do projecto na montanha. Para Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau e

“Esperamos que [o Governo] não contrarie as opiniões da maioria dos cidadãos de Macau. Esperamos que não destrua a nossa preciosa montanha de Coloane, que é o pulmão da cidade” AMY SIO ORGANIZADORA DE “OUR LAND, OUR PLAN” membro do grupo, o número de assinaturas recolhidas surpreendeu. Chiang disse ontem que espera que não se construa qualquer projecto de grande dimensão até sair um plano urbanístico para toda a ilha de Coloane. “As pessoas podem achar que foram enganadas, porque as coisas (sobre o projecto) foram feitas às escondidas, sem transparência. Isso não é o que nós queremos. Nós queremos espaços verdes para as próximas gerações usufruírem”. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

POLÍTICA

Comissão para a Promoção da Igualdade do Género das Instituições do Ensino Superior de Macau reuniu há dias e do encontro saíram as primeiras directrizes para que as universidades locais lideram com futuros casos de assédio sexual. Segundo um comunicado oficial, já foi elaborado o “processo de trabalho para o tratamento dos casos de assédio sexual”, o qual foi elaborado por Vincent Yang, assistente do reitor da Universidade de São José (USJ). Este processo deverá incluir seis etapas, tais como “participações, instruções, investigações, recursos, sanções e processos concluídos”. A reunião serviu ainda para discutir a primeira minuta do “Enquadramento das políticas sobre a promoção da igualdade de género e a prevenção do assédio sexual” e a sua alteração, explica o mesmo comunicado. Para este ano, estão a ser pensados “vários tipos de formação ou workshops” com especialistas na matéria vindos de outros países, para que estes possam partilhar “as suas experiências no tratamento dos casos de assédio sexual”. O HM tentou chegar à fala com Vincent Yang para saber mais detalhes do processo já criado para lidar com este tipo de casos, mas até ao fecho desta edição o vice-reitor para os assuntos académicos não se mostrou disponível. Em Janeiro do ano passado foi notícia a investigação a alegados três casos de assédio sexual ocorridos na Universidade de Macau. A Associação Novo Macau tem vindo a pedir uma lei própria para criminalizar o acto de assédio sexual, mas o Governo decidiu reforçar a sua criminalização no processo de revisão do Código Penal. A.S.S.


6 SOCIEDADE

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TIAGO ALCÂNTARA

Quem são e onde estão?

HK propõe a Macau criação de base de dados para idosos com demência

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Caso Lisboa MP RECORRE DA SENTENÇA PARA TODOS OS ARGUIDOS

Ainda não acabou

O Caso Lisboa poderá ir parar à Segunda Instância, depois do MP ter recorrido da sentença para todos os arguidos

O

chamado Caso Lisboa pode ainda não ter terminado, depois de todos os arguidos terem sido condenados. O Ministério Público recorreu de todas as sentenças atribuídas aos arguidos, no caso que teve Alan Ho como figura principal. Numa resposta ao HM, o organismo explica que “foi pedido, dentro do prazo legal, o recurso da sentença proferida pelo Tribunal Judicial de Base, sobre todos os arguidos”. O MP tinha até ao final desta semana para apresentar recurso e o caso segue, assim, para a Segunda Instância. Os seis arguidos do Caso Lisboa foram absolvidos do crime de associação criminosa, mas todos foram condenados por exploração de prostituição, numa decisão proferida pelo tribunal a 17 de Março. Todos, contudo, e à excepção de Kelly Wang, saíram em liberdade porque já cumpriram a pena imposta enquanto estavam em prisão preventiva.

O tribunal decidiu dar apenas como parcialmente provada a acusação fundamentada pelo MP, tendo absolvido todos os arguidos da acusação de fundação ou participação em associação criminosa. O colectivo, presidido por Rui Ribeiro, apontou, até, lacunas ao nível da investigação neste âmbito.

SENTENCIADOS

Alan Ho, director-executivo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) e sobrinho de Stanley Ho, foi condenado a um ano e um mês de prisão. Como já

“Foi pedido, dentro do prazo legal, o recurso da sentença proferida pelo Tribunal Judicial de Base, sobre todos os arguidos” MINISTÉRIO PÚBLICO

tinha cumprido 14 meses enquanto em prisão preventiva, saiu em liberdade. O mesmo aconteceu a Peter Lun e Bruce Mak: apanharam cinco meses de cadeia cada um, penas que já cumpriram. Sete meses foi o veredicto dado a Qiao Yan Yan e Pun Cham Un, arguidos que auxiliaram Kelly Wang a angariar prostitutas e a extorquir-lhes dinheiro, ainda que a mando da gerente-geral de RP do hotel. Foram condenados por proxenetismo e exploração de prostituição e punidos com sete meses de cadeia, que já cumpriram. Kelly Wang foi a única arguida que regressou à cadeia. Falta-lhe cumprir um ano e três meses de prisão, a maior pena aplicada no caso. O TJB considerou que Wang aproveitou-se da sua posição para exigir dinheiro a mulheres que se prostituíam. A mulher não viu a sua pena suspensa devido “à dissimulação” com que actuou. Segundo a rádio Macau, Peter Lun e Kelly Wang pediram recurso da sua sentença. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Associação de Alzheimer de Hong Kong propôs ao Governo a criação de uma base de dados para registo de idosos com demência e a formação de pessoal profissional. O HM sabe que não há ainda quaisquer dados sobre as pessoas que poderão sofrer com Alzheimer em Macau e, em 2014, o Instituto de Acção Social (IAS) pediu à Associação um estudo sobre eventuais medidas para apoiar estes doentes. Naquela que foi a primeira sessão plenária da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior deste ano, que decorreu na sexta-feira, foi apresentado o estudo, tendo sido anunciado que a região vizinha propôs ao Governo a criação de uma base de dados para os portadores de demência e um mecanismo de detecção destes doentes quando se perdem. “[O estudo era sobre] o planeamento futuro dos serviços de apoio às pessoas com demência e as políticas a curto, médio e longo-prazo incluem o desenvolvimento do trabalho de discernimento da demência, a introdução do serviço de tele-assistência para as pessoas com demência que se podem perder no caminho, a criação de equipamentos próprios, formação do pessoal profissional, estabelecimento do mecanismo comunitário de

prevenção da perda de orientação e de notificação de casos, criação de uma base de dados sobre a demência, entre outros”, pode ler-se num comunicado. “Houve membros da Comissão que sugeriram ao Governo um reforço das acções de sensibilização no sentido de chamar a atenção da população em geral e dos idosos em particular para a demência e para a prevenção desta patologia”, indica ainda.

OUTROS PLANOS

Na reunião, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, assegurou ainda que há um plano de acção para os serviços de apoio a idosos de 2016 a 2025. O Plano Decenal de Acção para os Serviços de Apoio a Idosos de 2016 a 2025 já tinha sido anunciado, bem como outras medidas, que passam por serviços médicos e assistência social, além de um sistema de registo electrónico de saúde entre os hospitais de Macau, para que os pacientes idosos possam ser mais facilmente acompanhados. A criação de uma Base de Dados para Idosos Isolados e, como já foi anunciado anteriormente pelo HM, o estabelecimento de um plano de hipoteca especial para os idosos estão também em estudo. Até 2036, quase 21% da população terá mais de 65 anos. J.F.

SÃO JANUÁRIO SEGUE CASO DE DOAÇÃO DE FÍGADO

O Centro Hospitalar Conde de São Januário assegura estar a acompanhar “de perto” o apelo de uma família para a doação de fígado a uma criança. Num comunicado, o São Januário explica que tem conhecimento da situação, que tem inundado as redes sociais: a criança necessita de um transplante do fígado “devido à obstrução das vias biliares” e na sexta-feira passada, a 8 de Abril, os pais da criança foram contactados pelo director do hospital, Kouk Cheong U e o chefe de Pediatria, Jorge Sales Marques. “A criança foi transferida pelo São Januário para o Hospital Queen Mary, em Hong Kong, onde foi efectuado tratamento médico e a operação de transplante de fígado. No entanto devido a incompatibilidades, a criança está actualmente em observação. Após avaliação, o São Januário irá agora transferir este caso para o hospital de transplantes de órgãos do interior da China para tratamento médico. O actual estado clínico da criança é considerado estável”, indica a instituição em comunicado.

HOMEM ENCONTRADO MORTO NO JARDIM S. FRANCISCO

O cadáver de um homem de Hong Kong foi encontrado este sábado dentro da fonte do Jardim de São Francisco. De acordo com a rádio Macau, e segundo a Polícia Judiciária, o homem tinha 47 anos e não apresentava sinais de agressão. A PJ vai continuar a investigar o caso e abrirá um inquérito depois da autópsia. O homem foi encontrado de manhã, por transeuntes.


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Animais CÃO ESPANCADO “COM MARTELO”

Crueldade sem lei Sem uma lei que proteja os animais, incidentes continuam a ser reportados sem que a polícia possa fazer algo

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M vídeo que está a circular nas redes sociais mostra o espancamento de um cão com o que testemunhas dizem ter sido um martelo. O caso aconteceu na Taipa, num edifício residencial entre a vila e o estádio de Macau, sem que a polícia tenha interferido. O sucedido teve lugar no passado sábado: um homem com cerca de 60 anos terá batido no cão, do qual é proprietário, “com um martelo, com a parte de tirar os pregos”, como relatou uma testemunha ao HM. O homem agredia o cão na varanda, o que levou a que seis residentes de Macau, adolescentes com “cerca de 12 e 13 anos”, tivessem presenciado e filmado o momento. Posteriormente, e “com os gritos dos miúdos a ameaçar chamar a polícia”, o homem terá retirado o cão da varanda para dentro de casa. Apesar da má qualidade da imagem em vídeo, as testemunhas afirma que se conseguiam ouvir gritos do canídeo, que cessaram momentos depois, o que terá levado a pensar que o cão morreu às mãos do dono.

DE MÃOS ATADAS

Apesar de terem ligado para a polícia – o HM confirmou

PJ APREENDE QUASE DEZ QUILOS DE COCAÍNA

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Polícia Judiciária (PJ) apreendeu quase dez quilos de cocaína na última semana. O caso mais recente, ocorrido a 5 de Abril, levou à detenção de um cidadão colombiano. O homem foi detido no Aeroporto Internacional de Macau, depois de ter viajado num voo de Banguecoque para Macau. Em sete sacos, o colombiano transportava 4.337,14 gramas de cocaína, num valor de mercado de cerca de 13 milhões de patacas. O suspeito admitiu ter sido contratado por uma rede de tráfico de droga internacional e disse que tinha ido ao Brasil da Colômbia para levantar droga, tendo depois viajado com a mercadoria num voo de Dubai para Banguecoque e dali para Macau, sendo que iria sair para outra região vizinha. O homem acabou detido preventivamente. Com a cooperação das regiões vizinhas, a PJ detectou, “em quatro dias”, mais dois casos de narcotráfico e deteve dois outros indivíduos. No dia 30 de Março, uma mulher do Quénia foi apanhada com 92 invólucros que continham 1.322,11 gramas de cocaína, avaliados em quatro milhões de patacas. A mulher admitiu ter recebido 800 dólares americanos de uma organização criminosa. No dia 2 de Abril, foi a vez de um homem malaio ser interceptado com 3.580,52 gramas de cocaína, num valor de cerca de 11 milhões de patacas. Também estes dois cidadãos foram presos preventivamente.

junto da PSP que foi recebida uma chamada sobre o caso -, as forças de segurança disseram “nada poder fazer”, uma vez que não há em Macau uma lei que proteja os animais. A Lei de Protecção dos Animais está ainda em discussão na Assembleia Legislativa e o que existe, actualmente, é um regulamento que multa quem mate cães e gatos “para consumo”. A polícia, oficialmente, não pode interferir no caso, algo que deverá mudar com o novo diploma. Os casos de maus tratos a animais, contudo, mesmo que originem morte, só levam a uma pena máxima de prisão até um ano, algo contestado já por associações de protecções de animais.

As forças de segurança disseram “nada poder fazer”, uma vez que não há em Macau uma lei que proteja os animais Ao que o HM apurou, o homem terá mudado recentemente para aquele prédio e seriam “habituais” os maus tratos ao cão. Um membro da Associação para os Cães de Rua e o Bem-Estar Animal em Macau (MASDAW) foi ao local, mas não conseguiu apurar qualquer informação. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

SIN FONG RECONSTRUÇÃO ESTE VERÃO

Chan Pok Sam, vice-presidente da Associação de Conterrâneos de Kong Mun de Macau, afirmou ontem que o plano de reconstrução de Sin Fong Garden está a andar sem problemas, já que o dinheiro necessário “está pronto”. A obra poderá começar este Verão, sendo que a Associação espera agora a aprovação da planta e da emissão da licença da obra pelo Governo, para que comece a fase de demolição do edifício. Chan Pok Sam disse ainda que o processo está a andar mais rápido do que o previsto e que a obra deverá começar no início do Verão. Recorde-se que esta Associação prometeu financiar 60% da despesa de reconstrução do edifício, que está em risco de ruína desde 2012, o que obrigou à saída de 200 famílias.

SOCIEDADE

IRLANDA EXPORTA GALGOS PARA MACAU

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rês galgos chegaram a Macau a 16 de Março, exportados pela Irlanda para o Canídromo do território. A notícia é avançada pelo jornal Irish Times, que indica que os animais foram exportados “para correr na China (Macau), apesar do Departamento de Agricultura ter bloqueado planos do Irish Greyhound Board de envio de cães” para correr no território. Planos bloqueados devido à preocupação das autoridades com maus tratos a estes cães. “Os três galgos chegaram a Hong Kong a 16 de Março e foram transportados para Macau, para a única pista de corridas legal na China, a Yat Yuen”, pode ler-se no jornal. “De acordo com testemunhas que estão familiarizadas com as marcas nas orelhas destes galgos, os nomes dos cães são os mesmos de animais registados no Irish Greyhound Board.” Estes são, ainda segundo o jornal, os primeiros cães a chegar da Irlanda e podem ser, como diz Albano Martins, presidente da ANIMA, ao jornal “um teste para perceber se a Irlanda” pode fornecer estes animais, depois da Austrália terem parado a emissão de passaportes para exportação destes cães, devido aos maus tratos a que os animais estarão sujeitos.

AGÊNCIAS DE VIAGEM PODEM CANDIDATAR-SE A PRÉMIOS TURÍSTICOS

O Governo abriu o Programa de Avaliação de Serviços Turísticos de Qualidade às agências de viagens licenciadas. A decorrer pelo terceiro ano, além de continuar a ter o sector da restauração como alvo, o programa é aberto “pela primeira vez” as estes estabelecimentos, sendo que as inscrições estarão abertas a partir do dia 18 de Abril até 18 de Maio. A ideia, diz o Executivo em comunicado, visa “incentivar a indústria do turismo a elevar continuamente a qualidade dos serviços”. Para o director dos Serviços de Turismo, Cheng Wai Tong, com a alteração do modelo de turismo a nível mundial, o sector de agências de viagens de Macau depara-se com diferentes desafios e oportunidades”, mas o responsável diz acreditar que “com a inovação e optimização constante dos serviços estas conseguirão agarrar as oportunidades em qualquer momento, fornecer um serviço mais profissional, mais adequado e conveniente aos visitantes e residentes e trazer experiências turísticas com mais qualidade”, de forma a ganhar “boa reputação”. As agências de viagens candidatas serão avaliadas mediante “Cliente Mistério”, “Auditoria ao Sistema de Gestão de Serviços” e “Índice sobre a Satisfação do Turista”. As que cumprirem os critérios recebem um certificado de acreditação de “Empresa de Qualidade”, válida de 2017 a 2018.


8 SOCIEDADE

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MACAU EM PENÚLTIMO LUGAR NO ÍNDICE DE FELICIDADE

Macau ocupa o penúltimo lugar no índice de felicidade entre 60 países ou regiões no sector do turismo, escreveu o jornal Ou Mun. O índice foi efectuado pela Associação dos Serviços de Clientes Mistério de Hong Kong, tendo Macau obtido apenas 53 pontos. Hong Kong ocupa o último lugar com 48 pontos, enquanto que países como a Irlanda, Espanha e Suíça são os que recebem melhores pontuações. Para Ieong Weng Seng, presidente da Associação de Pequenas e Médias Empresas (PME) de Restauração de Macau, o problema da baixa pontuação pode estar na própria mão-de-obra no território. As PME locais, diz, são as que mais sofrem por terem falta de recursos humanos e por serem obrigadas a contratar trabalhadores mais velhos. Isso faz com que a qualidade do serviço prestado seja menor, para além do facto de não existir um padrão para a qualidade dos serviços. O responsável da Associação sugere que haja uma melhoria na formação, não só para os locais mas também para os trabalhadores não residentes.

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A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) confirmou que vai ser implementado em breve um sistema de pagamento electrónico nos parques de estacionamento públicos, bem como nos parquímetros de rua. Em resposta a uma interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang, Lam Hin San, director da DSAT, disse que o sistema de pagamento electrónico será instalado já este ano em oito parques de estacionamento, estando prevista a expansão do sistema em mais 20 parques. Em 2017 todos os parques terão esta forma de pagamento, sendo que passará mesmo a ser uma exigência nos concursos públicos para a gestão dos auto-silos. Lam Hin San referiu ainda que será aceite o pagamento com o Macaupass ou Quickpass e as moedas vão continuar a ser aceites. A DSAT vai realizar um novo concurso público para escolher outra empresa para gerir os parquímetros, já que o contrato com a actual empresa termina este ano.

Táxis PROTESTO CHEGOU AO GABINETE DE LIGAÇÃO

Buzinas ao alto

Meia centena de taxistas protestaram na madrugada de sexta-feira e prometem para hoje mais manifestações. Tudo começou na semana passada, contra o novo regulamento de táxis, e os ânimos foram subindo na sexta-feira depois de um conflito entre um polícia e um motorista. Alguns decidiram mesmo ir até ao Gabinete de Ligação do Governo Central HOJE MACAU

UDO terá começado com uma alegada infracção de um taxista estacionado junto ao Venetian, no Cotai. Depois disso, cerca de 50 taxistas protestaram junto ao Departamento de Trânsito da PSP. Alguns taxistas sentaram-se no chão, até às três da manhã, frente ao Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. O conflito entre um agente de trânsito e um taxista, que foi multado por uma infracção, e as recentes alterações que o Governo quer introduzir no regulamento dos táxis, as quais incluem a introdução de polícias à paisana, retirada de licenças e gravações áudio não obrigatórias, deram o mote para a manifestação. De acordo com um comunicado da PSP, o taxista terá parado num local onde não podia e apanhado passageiros, onde também tal era proibido. Foi abordado por um polícia, mas foi multado por não ter cooperado. Depois disso, o próprio taxista apresentou queixa à PSP e os protestos começaram, estendendo-se até à Avenida Sidónio Pais, frente ao Departamento de Trânsito da PSP, desde as 23h00. Tanto o jornal Ou Mun como a publicação Macau Concelears falam de cerca de cem taxistas envolvidos. Segundo a Macau Concelears, uma parte dos 50 condutores que protestaram, cerca de uma dezena, sentaram-se no chão em frente ao Gabinete de Ligação para discutir a revisão da lei, tendo considerado que as alterações são “injustas”. No local, e de acordo com a TDM, os taxistas terão ignorado sucessivos avisos da polícia para retirar os carros que bloqueavam a rua e começaram a ser multados, o que exaltou os ânimos. Um taxista deitou-se no chão, porque “se sentiu mal”, ao

PARQUES DE ESTACIONAMENTO COM PAGAMENTO ELECTRÓNICO

mesmo tempo que impedia o táxi de ser movido da estrada.

PSP DE OLHO

A publicação Macau Concelears escreve que, a partir de hoje, cerca de 500 táxis deverão circular com menos frequência como forma de protesto. Ontem, a PSP anunciou que haverá hoje uma manifestação com, pelo

menos, cem motoristas, que começa nas Portas do Cerco. A concentração está marcada para as 10h00 e o protesto começa meia hora mais tarde. Os taxistas vão conduzir os veículos desde as Portas do Cerco até ao edifício dos Serviços de Tráfego, na Estrada D. Maria II, perto da CEM. Em comunicado, a PSP “apela ao sector dos táxis e às

pessoas concernentes para o cumprimento da lei e para a cooperação nas acções policiais”. “Continuaremos o combate contra infracções de taxistas, assegurando os direitos e segurança dos cidadãos e visitantes, e defendendo a imagem de Macau como uma cidade de turismo. Além disso, também exortamos a que, todas as pessoas devem exprimir as

suas exigências duma forma racional e pacífica, e devem abster-se de fazer actos que incomodem o público.” No programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, o deputado Ho Ion Sang referiu que o sector deve “manifestar de forma racional os seus pedidos”. Caso contrário, “se estas manifestações influenciarem os residentes,

vão trazer um efeito negativo para o sector”, defendeu. Em relação ao diploma, o deputado considera que ainda há espaço para discussão, frisando que a maior parte das infracções são cometidas pelas chamadas “ovelhas negras”. Ao canal chinês da TDM, o taxista detido disse que esteve seis horas numa esquadra da Taipa a prestar declarações, tendo explicado que recebeu uma infracção atribuída por “polícias sem uniforme”. Segundo um comunicado da PSP, o taxista estaria estacionado em cima da linha amarela sem ter afixado no interior do carro a carteira profissional. “Por suspeitar que o taxista estivesse a praticar infracções, os nossos agentes interceptaram o táxi em frente de uma sinalização luminosa nas imediações do local e procederam a uma investigação ao taxista. No entanto, o taxista não prestou cooperação nas acções dos nossos agentes. Entretanto, os passageiros desceram voluntariamente do táxi e foram-se embora. Depois, o taxista telefonou à Polícia para apresentar uma queixa. Em seguida, o Comissariado Policial da Taipa do CPSP destacou agentes ao local e convidou à comparência da pessoa interveniente na esquadra para ajudar no tratamento e acompanhamento do assunto”, rematou a PSP. Dados fornecidos à Rádio Macau mostram que só no primeiro trimestre os taxistas cometeram 1277 infracções, sendo que 472 casos dizem respeito a recusa de transporte de passageiros, enquanto que 416 referem-se a abusos na cobrança de tarifas. Quanto ao transporte ilegal, incluindo a Uber, foram detectados 93 casos. Andreia Sofia Silva

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Tomás Chio

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9 hoje macau segunda-feira 11.4.2016

SOCIEDADE

Português LÍNGUA VAI CONTINUAR A CRESCER NA CHINA, DIZ ACADÉMICA

Eu falo, tu falas, nós falamos realçou, dando conta de que a Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai “está a desenvolver uma relação muito positiva de cooperação com instituições portuguesas e brasileiras”.

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U Yixing, professora da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, considera que o Português vai continuar a crescer na China e que o leque de motivações se tem alargado, apesar de imperar o factor económico. “Acho que vai crescer ainda mais, porque agora o Governo Central está a promover a divulgação das línguas minoritárias – digamos assim – embora o Português já não o seja assim tanto. Por exemplo, estamos a ver um empenho no sentido de mandar alunos ou de atribuir bolsas de estudo” para quem quer aprender Português, Italiano, Grego ou Holandês, observou, à margem da Conferência Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira, que decorreu na Universidade de Macau (UM). Apesar disso, a professora que recebeu, no ano passado, a insígnia de Comendador da Ordem de Mérito das mãos do embaixador de Portugal na China, em nome do Presidente da República, não constata um aumento muito

O QUE FAZ FALTA

expressivo na Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai. “Em comparação com os anos anteriores não estamos a notar um crescimento muito grande”, mas isso, ressalva, pode também ter uma outra explicação: o controlo do número de estudantes admitidos. O número é menor, “mas de boa qualidade”, realçou a docente da Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai, onde a oferta inclui licenciatura e mestrado, frequentada actualmente, no seu conjunto, por um universo superior a 90 alunos. “Estamos a enfrentar novos desafios com o

aparecimento, a cada dia, de mais instituições de ensino de Língua Portuguesa para os aprendentes chineses. Agora, na China já há mais de 30 instituições que têm o curso de licenciatura em Português ou como [disciplina de] opção”, afirmou. Neste sentido, “o mais importante” passa pela “colaboração entre todos os docentes que ensinam Português na China”, destacou, dizendo que em face de grande número de universidades é preciso controlar a qualidade. “Também queremos desenvolver ainda mais cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa”,

ROBERVAL SILVA APONTA PROBLEMAS NO ENSINO EM ESCOLAS PÚBLICAS

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professor da Universidade de Macau (UM) Roberval Teixeira da Silva mostrou-se insatisfeito com o regime de avaliação de escolas primárias e secundárias públicas: o académico diz que os alunos passam para o ano seguinte, mesmo que tenham negativa a Língua Portuguesa. O professor considera que isto demonstra “falta de valorização da língua”. Actualmente nas escolas públicas que ensinam o Português, as notas positivas começam a partir de 50 pontos. Mas, à excepção do último ano do ensino primário e secundário, os alunos podem avançar ano a ano, mesmo com menos de 50 pontos na disciplina. Para os do departamento chinês, os alunos até podem formar-se mesmo que reprovem na disciplina de Português.

Ao Jornal Ou Mun, o professor considera que a situação é lamentável e não mostra a importância da língua no ensino primário e secundário. Uma vez que as escolas primárias públicas dão cinco aulas de Português por semana, os “alunos têm tempo suficiente para compreender a língua”, diz Roberval Silva, que aponta que as escolas não estão a dividir níveis de ensino de acordo com as capacidades de alunos, sendo que estes aprendem todos juntos. O académico apontou ainda que o ensino do Português na educação básica de Macau é relativamente antigo e insiste sempre em gramática e vocabulário, o que faz com que nas aulas os alunos não utilizem muito a língua. F.F.

Para o vice-director da Faculdade de Espanhol e Português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, Ye Zhiliang, o ensino do Português na China tem “vários desafios”, mas existe um “problema crónico”: a falta de manuais didácticos. “Felizmente, nos últimos anos têm sido produzidos vários, tanto no continente [interior da China] como aqui em Macau. E, às vezes

também podemos aproveitar os manuais produzidos em Portugal e no Brasil. Só que, neste momento, os manuais publicados são mais dirigidos para os níveis mais básicos”, pelo que “para os níveis mais avançados” há ainda “muito a fazer”, observou. Defendeu também ser necessária maior “preparação” do corpo docente, actualmente “muito jovem”. Na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim a oferta também inclui licenciatura e mestrado. Este último conta, porém, no máximo, com três alunos por ano. LUSA/HM

FUNDO DE PROMOÇÃO

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Fundo de promoção ao Português será de 2,5 milhões de patacas, anunciou o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). O orçamento foi revelado pelo coordenador do GAES, Sou Chio Fai, à margem da Conferência Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira, que decorreu na UM. Como o HM já tinha avançado na semana passada, a ideia é apoiar projectos que promovam o Português e vai ser implementado até ao final deste ano. As candidaturas podem ser entregues já este mês. O valor “não é muito grande”, como reconhece Sou Chio Fai, mas tem peso político.

Acordo inédito por Camões Manual “Português Global” do IPM chega à China no Verão

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manual de ensino “Português Global”, publicado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), actualmente com três volumes, vai chegar no próximo Verão ao interior da China graças a um inédito acordo com uma editora de Pequim. O anúncio foi feito pelo coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos André, à margem da Conferência Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira, que decorreu na UM. Ao abrigo do acordo – o primeiro do tipo em que uma editora chinesa vai difundir

manuais de ensino de Português produzidos fora do interior da China –, alcançado no final do ano passado, a Commercial Press vai editar os actuais três volumes da série “Português Global”. Prevê-se que sejam lançados, em Agosto. O manual tem ligeiras variações. “Introduzimos bastante mais Chinês no manual porque lhes pareceu que era necessário. E, portanto, depois de ter feito

essas alterações, o manual penetra muito mais facilmente na China a partir de uma editora de Pequim” do que a partir do IPM, sustentou Carlos André. O coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM revelou ainda os planos que passam por disponibilizar a série do “Português Global” na Internet, através de uma plataforma chinesa. Carlos André afirmou acreditar que o projecto online, embora ainda “em fase embrionária”, seja uma realidade até ao final do ano. Também até lá vai ser lançado, em Macau, o quarto volume do “Português Global”. LUSA/HM


10 DESPORTO

LIGA DE ELITE MONTE CARLO, 0 – BENFICA, 4

CAMPEAO A VISTA ˜

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São onze contra onze e no final ganha o Benfica, parece ser o tom deste campeonato. O Monte Carlo ainda ameaçou e, depois de estar a perder 1-0, teve várias oportunidades de chegar ao empate. A perda do melhor marcador do campeonato, logo aos 23 minutos, não ajudou os amarelos mas o resultado acaba por não ter discussão. Meireles marcou um golo de levantar qualquer estádio

O HENRIQUE NUNES, TREINADOR DO BENFICA

“PENSO QUE O CAMPEONATO ESTÁ DEFINIDO”

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epois de ter andado várias semanas a evitar embandeirar em arco, Henrique Nunes assumiu finalmente que o campeonato pode já estar no saco: “Antes deste jogo sabíamos que era importante ganhar, estávamos perto mas agora, depois deste brilhante jogo, penso que o campeonato está definido”, disse. Em relação ao jogo, o treinador encarnado entende que estiveram perante “uma grande equipa” mas realça que “o Benfica deu uma demonstração de força e de vontade” e, por isso, foi “um vencedor justo”. Em relação ao golo de Meireles, Henrique Nunes não tem dívidas que “foi belíssimo” o que “só veio dar mais brilho à exibição encarnada”, garantiu.

MEIRELES, JOGADOR DO BENFICA

“SÓ VI BALIZA”

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alámos também com Meireles, curiosos para saber como tinha sido armada aquela bomba: “dominei a bola, só vi baliza e correu bem”, disse humildemente o centro campista encarnado. Todavia, não surgiu por acaso porque, confessa, “vejo muitos vídeos para tentar fazer isto e desta saiu”. Em relação à celebração à CR7, Meireles explicou que “tento fazer sempre porque pretendo imitar o meu ídolo. É muito complicado mas de vez em quando dá para fazer uma coisa ou outra”, explicou, não se indo embora sem dar os “parabéns ao Monte Carlo” admitindo que o adversário lhes deu “muito trabalho”.

CLÁUDIO ROBERTO, TREINADOR DO MONTE CARLO

“RESULTADO PESADO DEMAIS”

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pós o jogo, o treinador do Monte Carlo foi logo avisando que “ é preciso ter cuidado para avaliar o jogo”, porque, disse “apesar dos 4-0, o Monte Carlo teve volume de jogo para conseguir um resultado diferente”. De qualquer forma, admite que a sua equipa está noutro patamar pois, garante, “é difícil jogar de igual para igual com uma equipa profissional”. Esse facto “não serve de desculpa”, explica, mas considera que tem de ser realista e capaz avaliar o seu grupo de trabalho. Uma equipa que, diz Cláudio, “tem vindo a crescer com jogadores jovens, alguns da formação”. Em relação à saída prematura de Amarildo, Cláudio Roberto explica que “perder um jogador deste nível, artilheiro do campeonato, faz falta”, mas foi logo adiantando que Neto, o jogador que o substituiu, “chegou agora, está a entrosar-se com a equipa mas precisa de tempo”, explicou.

Benfica sabia que este jogo podia significar o desimpedimento da estrada para o título e começou logo ao ataque com três homens bem destacados na frente como foi o caso de Iuri, Leonel e Lei Kam Hong e, logo aos dois minutos e meio, Leonel já rematava por cima da barra. Sempre a pressionar muito alto, o Benfica nos primeiros cinco minutos de jogo praticamente não deixava o Monte Carlo passar muito além do meio campo mas, aos sete, uma arrancada de Amarildo, que passou por uma série de jogadores do Benfica, mostrava que a equipa amarela não vinha propriamente para ver a caravana passar. Todavia, ao querer fazer tudo sozinho, o nove do Monte Carlo acabaria travado em falta a cerca de 10 metros da meia lua. O livre daí resultante, marcado por Jackson, acabaria por esbarrar na barreira densa que o Benfica tinha montado. Aos 11 minutos mais uma entrada do irrequieto Amarildo pelo lado esquerdo do ataque do Monte Carlo viria a terminar com um remate do próprio já com pouco ângulo e junto ao poste, o que Rui Nibra acabou por defender com facilidade. Aos 15 minutos existe um golo anulado ao Benfica na sequência de um canto marcado por Edgar Teixeira, aparentemente por falta sobre o guarda-redes do Monte Carlo. Cinco minutos depois e chegavam as más notícias para o Monte Carlo: ao tentar recuperar uma bola evitando que ela saísse do terreno de jogo, Amarildo coloca mal o pé e acaba a rebolar-se com dores na pista de tartan. Estava a ser o jogador mais perigoso dos canarinhos. Aos 22 minutos o Benfica marcaria o primeiro. Uma bela jogada de envolvimento, com Iuri a iniciar a jogada, descobrindo Meireles no miolo que avançou sem hesitações para área vindo a servir Leonel que,

sozinho frente ao guarda-redes, não hesitou e atirou a contar. Nesta fase do jogo, o Monte Carlo ainda reagia bem e, aos 26 minutos, um livre resulta numa bola a pingar para a área que viria a obrigar Rui Nibra a sair a punhos para evitar males maiores. Logo no minuto seguinte, Neto que tinha entrado para o lugar de Amarildo rematava forte para uma boa defesa de Nibra. Só dava Monte Carlo nesta fase e pouco depois da meia hora um livre a meio do meio campo, por falta do trinco benfiquista Cuco, resulta num remate violento de Anderson com a bola a passar a rasar o poste da baliza encarnada. Até ao final do primeiro tempo o Monte Carlo continuou a procurar o empate e por pouco não marcava outra vez após uma entrada pelo lado esquerdo: bola para o meio da área onde surgiu a rematar forte Iong Oi Chit mas sem sucesso.

MONTE CARLO AMARELOU

O Monte Carlo entrou assanhado, tal como tinha acabado a primeira parte, e logo a abrir um centro de Neto do lado direito para o miolo da área isolava um colega na área que não marcaria por um triz. O Benfica respondia aos 48 minutos com um remate de Filipe Aguiar na pequena área para uma defesa espectacular do guarda-redes do Monte Carlo, Ho Man Fai. Daí resultou um canto que terminaria com o central encarnado Filipe Duarte, a cabecear por cima da barra junto ao primeiro poste. Dois minutos depois e caberia a vez a Leonel ao falhar outro cabeceamento na área. Agora os ataques do Benfica sucediam-se e o Monte Carlo parecia ter gasto o gás, o que os encarnados iam aproveitando para levar perigo para a área amarela. Foi assim que aos 55 minutos Edgar Teixeira, à entrada da pequena


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DESPORTO

FOTOS TIAGO ALCÂNTARA

RUI VITÓRIA «FALTAM CINCO FINAIS»

O treinador do Benfica considerou justo e importante o triunfo (2-1) em Coimbra, que mantém os encarnados na liderança do campeonato. «Foi uma vitória justa apesar de difícil. A Académica fechou-se muito e não é fácil jogar nos últimos 30 metros com todos os jogadores atrás da linha da bola, pior ainda ficou quando se viram em vantagem. Procurámos marcar do primeiro ao último minuto e acabámos por fazer dois golos e merecer esta vitória. Mais um afinal que passou, faltam cinco. São três pontos importantes e saborosos», disse à Sport TV no final da partida, analisando as dificuldades do Benfica no jogo: Faltou objetividade e mobilidade na zona de decisão. O jogo muitas vezes é assim - é preciso persistência e lutar até à exaustão. Há uma energia positiva que vem de fora e os adeptos ajudaram. Sobre Raúl Jiménez, que entrou para marcar o golo da vitória: «Era preciso libertar Jonas e tínhamos de arriscar. Jiménez é muito agressivo no ataque à bola e ficamos satisfeitos quando um colega vem de fora e ajuda.»

PACQUIAO VENCE BRADLEY NO ÚLTIMO COMBATE

área, falhava mais um cabeceamento, desta vez sozinho frente ao frente ao guarda-redes. A bola saiu à figura de Ho Man Fai. Corria o minuto 60 quando o Monte Carlo voltava a reagir através de uma boa subida de Cheang Cheng que centrava atrasado, servindo bem Chao Wai Ho que viria a consumar mais uma perdida para os homens de amarelo. Aos 63 minutos um mau passe do guarda-redes do Monte Carlo permitia a recuperação do Benfica. A jogada termina com Lionel a rematar ao lado, de baliza aberta, pois o guarda redes do Monte Carlo já estava fora de cena. Aos 65 minutos Neto perde mais uma oportunidade para o Monte Carlos ao não dar o melhor destino a um centro atrasado da esquerda fazendo a bola sair ao lado da baliza encarnada. E como quem não marca arrisca-se a sofrer foi o que aconteceu. Vivia-se o minuto 66 e Nicky Torrão, que tinha acabado de entrar para o lugar de Lionel, dava o melhor seguimento a uma jogada iniciada do lado esquerdo do ataque do Benfica. Um centro de Filipe Aguiar ao segundo

poste permitia o remate forte, quase à queima roupa, de Chan Man para uma excelente defesa de Ho Man Fai, praticamente por reflexo. Mas a bola era impossível de agarrar e sobrou para Nicky que fez o favor de a enviar lá para dentro. Quatro minutos depois e chegava o momento do jogo com um golo fora de série de Meireles.

Depois de recuperar a bola perto do grande círculo, após um mau passe dos jogadores amarelos, Meireles avançou mais uns passos e desferiu um remate portentoso a cerca de 10 metros da entrada da grande área. A bola arqueou e foi entrar próximo do ângulo superior direito da baliza de Ho Man Fai que ainda voou mas não teve qualquer chance. Um golo

digno de figurar na lista dos melhores do ano à volta do mundo. Esfusiante de alegria, Meireles viria a celebrar o feito à Cristiano Ronaldo. Aos 81’ um pontapé de alivio da defesa do Benfica acaba por não ser interceptado pelos homólogos do Monte Carlo que, por esta altura já demonstravam claros sinais de desconcentração e Nicky aproveitava para correr isolado para a baliza fechado a jogada com um remate por baixo das pernas do guarda redes do Monte Carlo que pouco podia fazer naquelas circunstâncias. Estava feito o quarto para o Benfica e o assunto definitivamente encerrado. Com a chuva de golos do Benfica, o Monte Carlo, que já há muito tinha murchado, nunca mais foi visto a ameaçar Rui Nibra. Este resultado mantém o Benfica sete pontos à frente do Sporting, que também goleou este fim de semana impondo-se à Polícia por 6-1, pelo que os encarnados já praticamente podem encomendar as faixas de campeão. Manuel Nunes

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O pugilista Manny Pacquiao venceu Timothy Bradley, naquele que foi o seu combate de despedida, e que decorreu na passada madrugada em Las Vegas. De acordo com o próprio, a sua carreira seguirá como senador nas Filipinas. No combate de ontem, e após os 12 rounds no MGM Grand, os três juízes concordaram em declarar como vitorioso o pugilista filipino, por 116110, tendo derrubado Bradley por duas vezes. Foi a terceira vez que o filipino de 37 anos lutou com Bradley nos últimos quatro anos, chegando à segunda vitória. Pacquiao, coroado campeão dos pesos médios da Organização Mundial de Boxe, pretende concorrer a uma vaga no Senado nas próximas eleições no seu país, sendo já deputado. Alcancou a sua 58.ª vitória, 38 delas por KO, e conta ainda com seis derrotas e dois empates. «Sim, vou retirar-me. Quero ir para casa estar com a minha família e servir o meu povo», disse no final do combate.

RÂGUEBI PORTUGAL SEM TRIUNFOS EM HONG KONG

A selecção portuguesa de râguebi terminou ontem sem triunfos a etapa do circuito mundial de sevens de Hong Kong, ao perder com a Escócia e com o Canadá, nos dois encontros do dia. Depois de três derrotas na fase de grupos, Portugal foi relegado para os quartos de final da Taça Bowl, nos quais perdeu com a Escócia, com o ensaio dos britânicos a surgir na segunda parte. Seguiu-se o Canadá, nas meias-finais da Taça Shield, com os ‘lobos’ a perderem por 19-5, com Pedro Leal a marcar o único ensaio da equipa. Com este resultado, Portugal volta a somar apenas um ponto, o que não lhe permitirá deixar o 16.º lugar do circuito mundial, cuja próxima ronda se disputa em Singapura, a 16 e 17 de abril.


12 EVENTOS

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Literatura “MACAU CONFIDENCIAL” É O NOVO LIVRO DE JOÃO GUEDES

Segredos bem guardados

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HAMA-SE “Macau Confidencial” e é o novo livro do investigador da História de Macau João Guedes. A obra, recentemente publicada, relata episódios guardados a sete chaves durante décadas, como o jantar que desencadeou o Iberismo ou a fundação do Partido Comunista do Vietname. O livro fala “de variadíssimos episódios situados nos finais do século XIX mas principalmente nos inícios do século XX, até à ascensão de Salazar, que foi um período interessantíssimo da história de Macau”, explicou João Guedes à agência Lusa, destacando três momentos: o Iberismo, a coincidência (ou não) da I República em Portugal e na China e a fundação do Partido Comunista do Vietname. O “Iberismo”, ideologia que defende a unificação política de Portugal e Espanha, que teve o seu apogeu na segunda metade do século XIX, como narra João Guedes, é “bem conhecido”. Contudo, talvez poucos saibam que a ideia de união ibérica, dois séculos depois da restauração de Portugal em 1640, teve o seu nascimento, de facto, no Paço Episcopal de Macau. A corrente que pretendia unir as duas coroas teve como impulsionadores Jerónimo José da Mata, bispo da diocese de Macau, Carlos José Caldeira (seu primo), enviado especial do Governo português à China, Sinibaldo de Mas, catalão de origem e ministro plenipotenciário de Espanha na China, o padre canonista J. Foixa e o dominicano

MACAU ANTIGO

Sabia que o Iberismo teve origem em Macau? E que o Partido Comunista do Vietname foi fundado por cá, no Hotel Cantão? São estes segredos e outros que o investigador João Guedes desvenda, no seu mais recente livro

espanhol J. Fernando, que “selaram num jantar”, no Verão de 1850, um pacto “em que se brindou à Ibéria e à ‘conveniência da união pacífica e legal de Portugal e Espanha’”, escreve o também jornalista na sua mais recente obra. “Esses vultos da altura entendiam que Portugal e Espanha deviam unir-se porque estavam em perigo os seus respectivos impérios ultramarinos”, detalha o jornalista e investigador, observando que “este assunto é substancialmente mais tratado e publicado em Espanha do que em Portugal”.

DA TERRA AO MAR

Relacionado com o Iberismo surge outro “episódio raramente contado”: “O mistério do maior desastre naval ultramarino português dos últimos 200 anos”, em 1850. “Na explosão da fragata D. Maria II [enviada para Macau após o assassínio do governador Ferreira do Amaral, em Agosto de 1849], na Taipa, morre quase toda a tripulação constituída por 200 marinheiros. Foi um desastre que resultou de

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O QUE NÃO PODE SER SALVO • Pedro Vieira Um triângulo amoroso que liga França, o Norte rural português, Lisboa e a margem sul. Uma jovem francesa, filha de emigrantes portugueses, que vem viver para a terra a que não pertence; um rapaz que luta para sair do meio devorador em que nasceu; um miúdo burguês, canhestro, com uma família de fachada; e um quarto elemento que completa o elenco de uma tragédia contemporânea de ressonâncias clássicas: história de amor, racismo, ciúme, traição, vingança e inquietação, qual Otelo de Shakespeare e de fancaria na era do rap, do Facebook e do call center. “O Que Não Pode Ser Salvo” é também o retrato dos males sociais e culturais que afligem um país enfraquecido pela crise económica e a falência dos valores.

uma acção das seitas, das tríades, porque estava em Macau como parte de uma força expedicionária – que incluía depois a Corveta Íris e uma outra fragata – com a missão de invadir a região” vizinha em torno da então colónia portuguesa, desvenda João Guedes. “Esse projecto, completamente peregrino, não chegou depois a ser subscrito em Portugal mas tinha defensores no governo português. Mas, com a explosão da fragata, esse plano tolo caiu completamente”, realça. Neste livro de João Guedes “há também a história completamente escondida do movimento anarquista chinês que tem em Macau o seu quartel-general no início do século XX”. “E depois tento esclarecer – mas não esclareço – a coincidência de datas na proclamação das duas repúblicas (1910 em Portugal, 1911 na China). Penso que não é apenas coincidência e dou algumas achegas nesse sentido, mas é preciso ainda estudar mais sobre isso”, continuou João Guedes.

Outro episódio revelado no livro prende-se com a fundação do Partido Comunista do Vietname, no Hotel Cantão, “um segredo que é guardado durante mais de 70 anos”. “O Komintern, a Internacional Comunista desse tempo, está em pleno vigor e Macau é um dos centros de controlo do Komintern – clandestino, claro. E realiza-se aqui o primeiro congresso do Partido Comunista do Vietname, com Ho Chi Minh, que vivia em Macau”, explica. “São estes episódios que eu diria confidenciais porque Macau era uma cidade demasiado pequenina para ter segredos verdadeiros. Creio que muita gente saberia do que se passava, mas o consenso era o de que era melhor não se falar sobre isso”, considera. Também, “nessa altura já da formação do Partido Comunista Salazar já estava no poder, pelo que era melhor não tocar em assuntos incómodos”. “Macau Confidencial” tem por uma base uma série de artigos escritos semanalmente no Jornal Tribuna de Macau ao longo de mais de dois anos, de uma forma esparsa. A obra integra a colecção do Instituto Internacional de Macau (IIM) intitulada “Suma Oriental”, obra de Tomé Pires, o primeiro embaixador designado por Portugal para ser presente ao Imperador da China, e dos primeiros autores que escreveram sobre o Oriente. A colecção pretende dar “modesta continuidade” à “Suma Oriental” iniciada no século XVI. LUSA/HM

Para ver e aprender Documentários em festival na Cinemateca Paixão

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realizador português Pedro Costa vai estar em destaque na primeira edição do Festival Internacional de Documentário de Macau (MOIDF, na sigla em inglês), que arranca a 22 de Abril, na Cinemateca Paixão. O festival prevê a exibição de três filmes de Pedro Costa: “Nada Muda” (29 de Abril), “No Quarto da Vanda” (30 de Abril) e “Cavalo Dinheiro” (1 de Maio). Outros realizadores portugueses vão estar representados na edição inaugural do evento: João Pedro Plácido (“Volta à Terra”) e Laura Gonçalves (“Três Semanas em Dezembro”), cujos filmes vão ser projectados em dois dias (24 e 28 de Abril). Da programação faz também parte “Noite Sem Distância”, do espanhol Lois Patiño, uma curta-metragem filmada em Portugal, com exibições marcadas para os mesmos dias. O festival, que encerra a 1 de Maio, abre com “The Taste of Youth”, do realizador Cheung King-wai, que se estreou recentemente no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong. Com um total de 18 documentários, o festival, organizado pela associação Comuna de Han-Ian, conta, entre outros destaques, com “Táxi”, do cineasta iraniano dissente Jafar Panahi, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim do ano passado, e “The Look Of Silence”, do norte-americano Joshua Oppenheimer, que foi nomeado para melhor documentário, na 88.ª edição dos Óscares, realizada em Fevereiro. Estreado em Portugal com o título “O olhar do silêncio”, em 2014, o documentário de Oppenheimer sucede a “O ato de matar”, que aborda os massacres de opositores do regime, na Indonésia, sobretudo na década de 1960, colocando agora os assassinos frente a frente com sobreviventes e familiares das suas vítimas. LUSA/HM

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HITLER • Giulio Ricchezza Como foi possível que um amargo e inábil estudante de arte, nascido num canto obscuro da Áustria, conquistasse um poder sem precedentes e destruísse a vida de milhões de pessoas? Sem omitir pormenores da vida de Hitler para assim extrair toda a verdade histórica e humana, Giulio Ricchezza arrasta o leitor num vaivém entre a idade madura e a adolescência de Hitler; entre a época em que preside a uma ditadura sanguinária e aquela em que não passa de um obscuro agitador político; entre o desabamento apocalíptico do Terceiro Reich e a lenta desintegração da República de Weimar. O resultado é uma obra magnífica que nos revela as chaves psicológicas que motivaram a tumultuosa existência de Hitler, e ilumina um período que, tanto para a Alemanha como para o resto do mundo, ficará para sempre como o mais funesto da História.


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No contexto das políticas de reformas em curso na Grécia, os processos de privatização também estão em marcha. Foi assim que o Porto do Pireu passou para as mãos chinesas. A Cosco de HK, a vencedora, pretende criar o maior centro de trânsito do sudeste da Europa. Chamam-lhe a “ponte entre a Ásia e a Europa”

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Governo grego assinou na passada sexta-feira o acordo definitivo com a China para a cedência por 36 anos de dois terços da Autoridade Portuária do Pireu (OLP) à empresa estatal Cosco, num acto que decorreu na residência do primeiro-ministro. A agência grega de privatizações (Hraf) precisou que o acordo para a cedência de 67% da sociedade portuária, a maior da Grécia, ao gigante chinês do transporte marítimo ascende a 368,5 milhões de euros. “O acordo foi assinado entre o presidente da Hraf,

A

China pediu aos participantes na cimeira dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, iniciada ontem em Hiroshima, Japão, que não “exagerem” sobre as disputas territoriais que Pequim mantém com os países vizinhos no Mar do Sul da China. Em declarações citadas ontem pelo diário China Daily, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, instou os participantes na reunião dos sete países mais industrializados do mundo a não destacarem esta questão e a adoptarem

CHINA

GRÉCIA CEDE 67% DE PORTO À COSCO ATÉ 2052

O Pireu é teu

outras sociedades tinham no passado manifestado interesse nesta concessão, a dinamarquesa APM e a International Container Terminals Services (ICTS), das Filipinas.

PONTE ÁSIA-EUROPA

Stergios Pitsiorlas, e o director financeiro da Cosco, Feng Jinhua, na presença do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras”, indicou um comunicado da Hraf, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP). A Hraf sublinhou que caso sejam incluídos, entre outros elementos, os investimentos previstos (350 milhões de euros) os rendimentos desta concessão

(410 milhões de euros), o acordo representa um total de 1,5 mil milhões de euros. Em 20 de Janeiro a agência anunciou ter aceite uma oferta melhorada da Cosco (China Ocean Shipping Company), com sede em Hong Kong, no montante de 368,5 milhões de euros, e o único candidato a concurso para esta concessão de exploração do porto do Pireu até 2052. Duas

Alexis Tsipras já recebeu uma mensagem do seu homólogo chinês Li Keqiang, que sublinhou a “importância das relações greco-chinesas e a possibilidade do seu desenvolvimento”

Tento na língua Pequim pede ao G7 para não “exagerar” nas disputas no Mar do Sul uma perspectiva “objectiva e justa”. A crescente actividade militar de Pequim no Mar da China Oriental deverá ser um dos assuntos a abordar na cimeira, assim como a resposta às últimas provocações da Coreia do Norte e a situação da Crimeia, após a anexação pela Rússia. Wang advertiu que a discussão pelos chanceleres

do G7 das disputas sobre a soberania territorial entre a China e as Filipinas, Vietname, Malásia, Taiwan ou Brunei, iria alterar a estabilidade regional, em vez de baixar as tensões. A postura do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, segundo Wang, é a de que as reuniões de grupos como o G7 ou o G20, presidido em 2016 pela

A sociedade chinesa garantia a vantagem de estar presente no Pireu desde 2008, após a aquisição de dois terminais deste porto. O seu objectivo consiste em tornar o Pireu no maior centro de trânsito do sudeste da Europa, e de promover uma “ponte entre a Ásia e a Europa”. Esta assinatura constitui “uma importante etapa do plano de privatização” e respeita “os compromissos da Grécia face aos seus credores”, congratulou-se a Hraf. A assinatura deste acordo foi precedida pela sua aprovação pelo Tribunal de contas grego. Em breve deverá ser ratificado pelo parlamento, com a transacção a ficar concluída até Junho. Alexis Tsipras já recebeu uma mensagem do seu homólogo chinês Li Keqiang, que sublinhou a “importância das relações greco-chinesas e a possibilidade do seu desenvolvimento”, segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro grego. O texto refere ainda que Tsipras aceitou um convite do seu homólogo para visitar Pequim em Junho.

China, devem centrar-se em questões económicas. Juntamente com a Alemanha e Reino Unido, os ministros do Japão, Estados Unidos, Canadá, França e Itália, assim como a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, participam desde ontem na reunião que vai servir de preparação para a cimeira dos líderes a realizar no Japão, no parque natural de Ise-Shima, nos dias 26 e 27 de Maio.

Melhorzinhos, obrigado

Li Keqiang vê “melhorias” económicas no primeiro trimestre

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primeiro-ministro Li Keqiang vê sinais de “melhorias” na economia chinesa no primeiro trimestre, apesar da desaceleração global e da volatilidade dos mercados financeiros, informou sábado a imprensa. Li Keqiang manifestou confiança na segunda economia mundial, a menos de uma semana da publicação, na sexta-feira, dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) relativos ao primeiro trimestre, escreve a agência espanhola Efe, citando declarações publicadas este fim-de-semana nos ‘media’ chineses. “No primeiro trimestre deste ano, os indicadores económicos da China mostraram melhorias”, disse o primeiro-ministro, numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, na sexta-feira. Li reconheceu, no entanto, que os sinais positivos são vulneráveis ao impacto do débil crescimento mundial e instabilidade nos mercados financeiros.

A China espera que o seu PIB cresça este ano entre 6,5 e 7%, segundo as linhas gerais do XIII Plano Quinquenal 2017-2020 apresentadas pelo primeiro-ministro à Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo chinês, em Março.

DINHEIRO PARA A TROPA

No discurso perante a ANP, Li Keqiang confirma também o aumento da despesa com a Defesa em 7,6% em 2016, como já havia anunciado na sexta-feira a porta-voz daAssembleia, FuYing. Este é o menor crescimento do orçamento da Defesa dos últimos seis anos. Em relação ao PIB, a China espera que chegue aos 90 mil milhões de yuan em 2020, ainda inferior ao actual PIB dos Estados Unidos da América (mais de 17 mil milhões de dólares em 2015), a primeira economia mundial. Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo dos últimos 25 anos e aquém dos 7% que tinha estimado.


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ALIPAY PREPARA EXPANSÃO EUROPEIA NO VERÃO

A Europa é já ali

Pirâmide ao chão

Polícia desmonta esquema de 34 mil milhões de euros

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EGUNDO o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, o Grupo de Serviços Financeiros ANT (subsidiária do gigante de comércio electrónico Alibaba) prepara-se para projectar a sua plataforma de pagamentos Alipay no mercado europeu. No dia 6 de Abril, a maior convenção de pagamentos e serviços financeiros do mundo – a Money2020 – terá lugar em Copenhaga. As novidades em torno do Alipay, a maior plataforma de pagamentos e de serviços associados ao quotidiano do mundo, têm sido foco de atenção no seio da imprensa estrangeira. De acordo com as informações que têm circulado sobre o evento, no início no próximo Verão, os turistas chineses poderão fazer uso dos seus cartões Alipay para efectuarem pagamentos no Reino Unido, Alemanha, França e Itália. De acordo com informações avançadas por uma fonte daquele jornal, o Alipay, além de facultar a possibilidade de efectuar pagamentos nesses países, deverá também permitir aos turistas aceder a outros serviços associados à indústria alimentar e de lazer. Esta oferta abrangente permitirá que as funcionalidades do Alipay no estrangeiro se assemelhem

cada vez mais às existentes na China.

ALI VOS LOCALIZAMOS

O Alipay terá a capacidade de determinar a localização das pessoas no território europeu e, a partir daí, fazer recomendações de restaurantes, centros comerciais, actividades promocionais, locais turísticos, entre outros, nas imediações. Os utilizadores poderão, através da plataforma, comentar os vários locais de interesse, para que a comunidade de utilizadores possa ter uma referência adicional na hora de escolher o local a visitar. Para efectuar um pagamento, o responsável pelo estabelecimento terá apenas de fazer scan ao código

No início no próximo Verão, os turistas chineses poderão fazer uso dos seus cartões Alipay para efectuarem pagamentos no Reino Unido, Alemanha, França e Itália

de barras gerado no telemóvel do comprador. Esta novidade não só melhorará a experiência turística dos chineses que se deslocam à Europa, como também facultará ao comércio europeu várias oportunidades para potenciar as suas indústrias comercial e turística.

PAGAMENTOS VIRTUAIS

Nos últimos anos, as tecnologias de pagamento no sector móvel têm assinalado um crescimento impressionante. A Google, a Apple e o Facebook, entre outras outras marcas de renome, têm investido vários recursos para desenvolverem as suas próprias plataformas de pagamentos móveis. O Alipay encontra-se já numa fase de maturação, tendo consumado a transição do paradigma neste sector, servindo como modelo a seguir na convergência de vários serviços de utilidade diária numa só plataforma. Esta será a 5ª vez que a convenção Money2020 será realizada. Esta edição contará com a participação de grupos como o Alipay, Google, Visa, HSBC, Paypal, JPMorgan Chase, entre outros nomes incontornáveis dos sectores tecnológico e financeiro.

polícia de Xangai desmontou um gigantesco esquema em pirâmide que terá arrecadado 34.000 milhões de yuan, em mais um caso que expõe a dimensão dos mecanismos de investimento informais na China. O esquema era gerido pela firma Zhongjin 1824, que lhe dava uma face legal, e cujo presidente executivo, Xu Qin, foi detido pela polícia no aeroporto quando se preparava para deixar o país. Entretanto mais de 20 pessoas estão a ser interrogadas, após terem sido encontradas provas de fraude e recepção de depósitos de forma ilegal, avança o South China Morning Post. O caso veio a público um dia após o Governo de o município de Xangai, a “capital” económica da China, ter apelado à polícia para que fortaleça o controlo sobre os sistemas de financiamento informais. Funcionários da Zhongjin terão alegadamente burlado os seus investidores ao entregar informação falsificada sobre transacções financeiras,

avançou a revista económica Caixin.

NEM TUDO O QUE PARECE É

Fundada em 2012, com um capital registado de 10 milhões de yuan, a Zhongjin 1824 apresentava-se como um fundo de capital privado, com escritórios na concorrida zona do “Bund”, a icónica marginal de Xangai. Através de publicidade na Internet e, inclusive, na televisão estatal, cultivou uma imagem credível, que atestava com taxas de juros mensais de até dois por cento e que, até agora, pagou sempre dentro do prazo. Em Dezembro passado, as autoridades chinesas desmontaram um outro esquema Ponzi gigante, que ludibriou cerca de 900.000 pessoas em mais de 50 mil milhões de yuan. A redução consecutiva das taxas de juro no sistema bancário chinês e a recente volatilidade no mercado bolsista, aliados à incerteza no sector imobiliário, terão atraído cada vez mais investidores chineses para esquemas de angariação ilegal de fundos.

GÉMEOS CASADOS COM GÉMEAS FAZEM OPERAÇÃO PARA SE DISTINGUIREM

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casamento entre dois irmãos e duas irmãs gémeos, no norte da China, tornou-se tão confuso para os casais e familiares que os quatro decidiram submeter-se a uma cirurgia estética para acentuar diferenças, foi ontem noticiado. Os irmãos idênticos Zhao Xin e Zhao Xun, de Yuncheng (província de Shanxi) casaram, em meados de Fevereiro, com as gémeas Yun Fei e Yun Yang, da povoação vizinha, afirmou a agência noticiosa chinesa China News. No casamento, os dois casais tiveram que adoptar medidas especiais para serem reconhecidos e evitar trocas indesejadas. As cerimónias foram um êxito - Zhao Xin casou com Yun Fei e Zhao Xun com Yun Yang, como previsto - mas as semanas seguintes voltaram a ser problemáticas, contou um dos irmãos que, no final de um

jantar entre os quatro, deu a mão à irmã errada. Para evitar confusões e ajudar familiares e vizinhos cada vez mais confusos, os dois casais deslocaram-se na quinta-feira a um hospital de Xangai para acentuar as diferenças com “retoques mínimos” no rosto permanentes, acrescentou a China News. Nas imagens publicadas depois das intervenções continua a ser difícil distinguir as irmãs, que se vestem e penteiam da mesma maneira, mas os quatro estão sorridentes, aparentemente satisfeitos com o resultado.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

GUO XI As montanhas do Noroeste do país são ricas e maciças, não porque o céu e a terra lhes sejam favoráveis mas porque o terreno nessa zona é muito alto. Os rios, vento e as elevações entre colinas e ribanceiras escavando a terra por dentro; o solo é denso e água é profunda. As montanhas compõem-se de montículos agachados que, ondulantes, se estendem para longe muitos quilómetros em linhas contínuas. As colinas fronteiriças são pontiagudas e erguem-se elegantemente nos sítios ermos com seus cimos escarpados, lembramnos o pico Shaoshi1 na montanha Songshan2. Não que outros cumes sejam menos elegantes, mas os cumes como o Shaoshi da montanha Songshan são raros porque nascem do coração da terra e não da superfície. A montanha Songshan é conhecida pelas suas harmoniosas correntes de água; a montanha Huashan pela elegância dos seus cumes; a montanha Hengshan pelas suas belas fendas; a montanha Changshan pelos seus graciosos desfiladeiros, a montanha Taishan pelo seu soberbo pico principal. O Wuyi da Tiantai, o Yantang da Luhuo, o Wuxia da Min e, o Wangwu da Tiantan e o Wutang da Linlu3 são todas montanhas famosas e riquezas do mundo nas quais se encontram os tesouros da terra e do céu. Nas suas cavernas os santos e eremitas encontram a vida de reclusão.

1 - Um dos sete picos da montanha Songshan, na sua floresta encontrase, por exemplo o templo de Shaolin, um dos mais antigos – cerca de mil e quinhentos anos – ligados ao Budismo Chan e às artes marciais. 2 - À letra a «Grande Montanha», é a Montanha do Centro, situa-se no distrito de Dongfeng, na Província de Henan, na margem sul do Huanghe, o rio Amarelo. Estende-se por mais de sessenta quilómetros entre as cidades de Luoyang e Zhengzhou. O seu pico mais elevado situa-se mil e quinhentos metros acima do nível do mar. 3 - A enumeração denota a importância que seria sempre atribuída ao

conhecimento directo das diferenças entre as diversas montanhas. Três exemplos significativos: Jing Hao (primeira metade do século X) inicia o seu relato em «Notas Sobre o Método do Pincel», com um jovem que está na montanha a fazer esboços do local, Huang Gongwang (1269-1354) mudou-se para um eremitério numa montanha de onde partia diariamente para esboçar os vários aspectos da montanha; e já no século XVIII, Shitao nas suas «Notas Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga», enumera uma série de montanhas e picos para demonstrar como são distintas as «rugas» e os relevos nas diversas montanhas (capítulo IX, O Método das Rugas).

«Linquan Gaozhi»

A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes

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DANILO CATELA ANTUNES Profundamente consternado a família de Danilo do Carmo Catela Antunes tem o penoso dever de comunicar que o seu ente querido faleceu no dia 6 de Abril corrente na sua residência aos 53 anos de idade. As cerimónias fúnebres terão lugar no próximo dia 12, Terça-feira pelas 20H00 na Capela Funerária do Centro Diocesano de Macau. Na Quarta-feira, dia 13 pelas 11H00 será rezada uma missa de corpo presente na Capela do Cemitério de São Miguel Arcanjo precedendo as cerimónias do enterramento. A família enlutada agradece penhorada e antecipadamente a todos quantos queiram e possam estar presentes a estes piedosos actos.

Direcção dos Serviços de Identificação AVISO Assunto: Alteração do estado civil e dos dados de contacto Nos termos da lei, por mudança do estado civil, os residentes de Macau devem actualizar essa informação na DSI no prazo de 60 dias. Para além disso, deve ser procedida a actualização de contacto (ex: morada, telefone, etc), sempre que se verifique a alteração dessas informações. Para pormenores, queira visitar o site da DSI: www.dsi.gov.mo ou ligar para a linha de informação: 28370777.


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Amélia Vieira

Do verbo amar H

Á muitos instantes que podem inspirar para sempre as nossas vidas. Instantes como pactos gravados e por nós sentidos como se fossem presentes, dádivas. Quais altas instâncias que nos devolvem o bem que fizéramos e num relâmpago nos beneficia. Os milagres são acasos muito particulares, sem aviso prévio, nem aparente sentido, mas que na génese têm a sua razão de ser. Ao fazerem-se tais constatações somos nós também que definimos as benesses da mensagem gravada em rito. Nem sempre somos merecedores! A vida ardilosa e plena de trabalho asfixia o bom desenvolvimento de uma visão periférica dando como adquiridas as conclusões benignas. Mas nem tanto! Tudo o que está exposto ao grau da gravidade exulta em nós como queda contínua. Daí o caos permanente, a consequência errática, o labor em círculo, a não aquisição de outros “órgãos” que apenas e ainda nos estão prometidos como potências geradoras de coisas outras. Serão então tributos? Janelas mais além? Lampejos, cintilações, assombros? Serão talvez lembranças e recados, antevisões, merecimentos? Talvez isso tudo e um pouco mais. Possivelmente uma aritmética composta de subtis harmonias que se revela plataforma de um entendimento maior e nem sempre mesurável com o dom dos sentidos e da razão. Por que há efectivamente muita coisa que não sabemos de nós mesmos, e muitos de nós, gostaríamos para sempre desconhecer. Sabemonos falíveis, frágeis, ingratos, soberbos, tristes, incompreendidos, machucados, mas nunca sabemos até onde vai o dom de ser. A opacidade criou no Homem grutas de invisíveis recortes, cavernas de obscuridade, lesões da anima, e a alma não é um levante, trazemo-la até merecermos um sopro de incondicional amor que dentro das batalhas funciona como talismã. Se a Terra é cada vez mais igual, já o Homem é cada vez mais diferente. Muitos vivem no substracto da primeira essência como se de taumaturgos e lapas metabólicas de grandes quaternários se tratasse. Têm ardentes fomes, e desejos tamanhos, que não existe universo que os mantenha saciados. Outros, porém, renunciam, como se tivessem escalado o fardo de uma primeira etapa e fossem por umas escadas, tão altas como as de Jacob, que num sopro sonâmbulo, viu agitarem-se os que iam e os que vinham, numa dança imparável de Eternos Retornos. Outros, ainda, desen-

volveram qualidades mediúnicas, outros geométricas, outros fixas, outros móveis. A Terra é regular, ao lado deste filho que não sustém a sua órbita. Uns são areia e magna, outros pedra e diamante, outros doença hereditária, outros, invencíveis. Mas há de facto os encontros. Encontros raiados de magia, de sagrado, que magicar nunca será o mesmo que consagrar (aqui, as palavras querem dizer coisas e não a mera técnica do exercício da escrita) que de tão preciosos, são remetidos e processados para um local, outro local. Há partes que se procuram como derivas de continentes que se encaixam, formas que se buscam, que têm saudades, nunca se sabendo como defini-las. Um puro momento alquímico pode encarnar naquilo que os olhos serão efectivamente os últimos a ver. Sabemos como os amantes se cansam da vida, a vida nunca é amante, a vida é mordaça, é ferida. Um impulso de rotinas, de grandes ciclos cansados, de partes massacrantes, de zonas viciadas, com tantas fantasias de felicidade quantas as desilusões. A nossa mente construiu o espectro da Felicidade, esse cenário invisível por onde ninguém passa e todos se esforçam por parecer habitá-lo, danificando-nos. Talvez seja por isso que no puro amor existe a única realidade possível, aquele acontecimento em que forjamos a nossa consciência humana transfigurada. Não é preciso sonhá-lo. Ele, a haver, manifestar-se-á. Também não parece emplumado nem ataviado de coisas, é fresco como as

sombras- como a frescura das sombrasmelhor dizendo, porque nos é desconhecido e temos de o viver com as túnicas do repouso. Quanto mais elaborada é a mente humana mais amorosa se torna a sua prática, é um tecido alvíssimo composto de um requinte tal, que nenhuma filigrana se lhe iguala. Nos interstícios tem a lucidez da mente e algo de tão perdoável que faz dos amorosos, aqueles grandes seres parados. Quando estamos perto sentimos-lhe o aroma, a dimensão sagrada, o dom maior, a bonança interna como um lago de luz… sentimos algo que milagrosamente nos harmoniza e orienta deixando para trás o entulho das defesas e o massacre dos sentidos. Estamos num campo abençoado! Manter tal situação como rotina exige entrega, exercício constante e ordem. Encontrar alguém nesta viagem ainda é mais bonito… é como a certeza de que fomos contemplados. Dizia Safo: «Vedado é o choro na casa de um poeta, nunca um tal pesar se apartará de nós». Entrar com botas cardadas nestes antros pode provocar catástrofes naturais, desabamentos de terra, chuvas incontroláveis e mudar alguma coisa no equilíbrio das forças naturais. Os muito amados nem sempre são os mais prováveis, mas, talvez os mais protegidos, os mais férteis em produzir reacções, e se de fora vierem agrestes, o fora que são se transformará na insolvência dos seus dias. Aliás, a Fé e o Amor, são a mesma gema de um Ovo duplo. Não se deve dar às sensações e aos sentimentos o epíteto de Amor, seria reduzi-lo a uma escala natural. Ora o Amor não é natural dado o seu carácter absolutamente excepcional. Está fora ainda da regra, não sendo contudo um desregramento. É uma simplicidade que enlouquece. Portugal é um país onde não se sonha, onde o amor é uma caricatura de um gemido fadista, de um passional informe, e onde até a palavra em si se fez tabu. Não sei o que buscam os poetas nem esta literatura descarnada, talvez dizer qualquer coisa que nem eles, nem ninguém entende. É uma vingança apelidar de poetas estes seres, cogumelos, a vingança contra o Poeta. A descrença democrática perante o seu labor, a usura mais ingénua, a indecência mais indecorosa, atacou as suas bases: «Para que serve afinal um poeta em termos de indigência?» já Holderlin perguntava. Eu acho que para nada, mesmo para nada. Mas, há um hiato aberto no tempo: os poetas servem para aper-

feiçoar o Amor, não para o descobrirem, porque o Amor não se desoculta, mas pode ser visitado: “o amor que sinto por ti, é uma chama que ilumina a penumbra do que sou; a mão do Amor corrige a natureza”, Elizabeht Browning, in Sonetos Portugueses. São sonetos na bela forma Camoniana que dedicou àquele que viria a ser seu marido o também poeta Robert Browning. E diria mais: “pois que toda a lira, desde que é tocada por mão de mestre, é boa. E ser amada de um grande coração é ter valor.” Todo o valor do Amor é ser amor, mais nada. E nada o legitima mais que a própria inocência, a sua natureza alada, o seu enlace de matizes, a sua voz que chama e um ouvido atento à sua doce mensagem. Tudo desaparecerá e arrefecerá um dia, menos o amor que num tubo de ensaio irá intacto para o lugar de onde emanou, e aí, todos os nomes dos Amantes serão por fim revelados. Os amantes são as peças de um corpo incompleto, aqueles que liga a deidade aos canais da existência, nem sempre são as certas todas as formas de amor buscadas, mas são para nós as derivas de uma lembrança. Enquanto ele não chegar, a nossa vida também não nasceu. Por muitas vidas erraticamente o iremos buscar, até desvivermos nele toda a eternidade merecida. Porque, afinal, ele é merecimento. Conquista da luz sobre a obscura forma aceite, talvez mesmo o que contemplámos no fundo da nossa eternidade. Para compensar a fome temos a finança, para alargar as vistas os grandes horizontes, para saborear, os repastos, mas para amar não há ninguém. Ninguém que tivéssemos encontrado com esse dom, porque os dons se vão quando deixamos de os contemplar, ou até de acreditar neles. Creio no “cadáver adiado que procria” no equilibrado sentido das funções e essa certeza não me dá nada. As certezas são as coisas mais terríveis que inventamos. São espectros. Ninguém procura a morte, dado que nos está ainda reservada como certeza, ninguém ama a certeza. Certos de tantos efeitos, desfazemos longamente os véus destes teares que nos parecem defesas para tanta insatisfação. Porém, e como diria em pleno massacre da Noite de São Bartolomeu, “haverá um dia em que o Homem será amigo de outro Homem.” Sem dúvida! No tempo do Amor.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

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TROVOADA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Amanhã CONFERÊNCIA SOBRE DIREITOS HUMANOS Universidade de Sao José, 19h00

MIN

20

MAX

24

HUM

85-98%

EURO

9.11

BAHT

1.23

DÊEM-NOS MÚSICA

Sexta-feira PALESTRA SOBRE REALIDADE AUMENTADA Universidade de Sao José, 18h30 Entrada livre

Diariamente EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau

O CARTOON STEPH

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 64

PROBLEMA 65

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

C I N E M A

YUAN

AQUI HÁ GATO

Entrada livre

Cineteatro

0.22

Gostava de ter lugares que nos dessem mais música em Macau. Daquela ao vivo, onde vamos ao final de um dia de trabalho (sim, eu também trabalho, de vez em quando), ou quando estamos cansados de estar em casa. Noutro dia passei em frente à Doca dos Pescadores e imaginei como seria se aquelas ruas artificiais tivessem umas quantas esplanadas. Imaginei uns puffs espalhados no chão, umas almofadas em tapetes, com estantes com livros e uma banda jeitosa a tocar. Ou nas casas-museu da Taipa: artistas de rua, na rua, com instrumentos e vozes de encantar. Queria mais sítios ao ar livre, já que, como gato, adoro estar cá fora. Sei que há quem por aí tenha medo do sol, mas uns guarda-sóis resolvem o problema. Era ver algumas ruas fechadas ao trânsito, com sítios para nos sentarmos cá fora, beber umas coisitas geladas, ler uns livros e aspirar música. Imaginei uma cidade cultural, assim ao estilo do Porto, onde os jardins se enchem de jazz, djs e barraquinhas de comida. Digo Porto porque o Rui Moreira já cá veio e esta cidade nortenha é irmã de Macau, ou não é? Talvez pudéssemos aprender com ela... Pu Yi

“O ARRANCA CORAÇÕES” (BORIS VIAN, 1953)

“O Arranca Corações “ do escritor e músico francês Boris Vian, também autor de “A Espuma dos Dias” ou de “Outono em Pequim”, é mais uma incursão sonhada, poética e quase “cruel” do espaço de cada um, do espaço que tem dentro de si, para si e para os outros. Às vezes, o espaço acaba, de tanto estar cheio e o amor vai-se, de tanto amar. É o mundo que usa o surrealismo com pitadas de humor para um retrato de todos. Um livro pequeno, rápido e cheio. Se calhar, maior fosse, transbordava-nos a nós também, não haveria como o ler. Obrigatório. Hoje Macau

THE HUNTERSMAN: WINTER’S WAR SALA 1

THE HUNTERSMAN: WINTER’S WAR [C]

Filme de: Cedric Nicolas-Troyan Com: Chris Hemsworth, Charlize Theron, Emily Blunt 14.30, 16.30, 21.30

THE HUNTERSMAN: WINTER’S WAR [3D] [C]

Filme de: Cedric Nicolas-Troyan Com: Chris Hemsworth, Charlize Theron, Emily Blunt 19.30 SALA 2

BATMAN V SUPERMAN [C]: DAWN OF JUSTICE

Filme de: Zack Snyder Com: Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne

14.15, 19.00

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 17.00, 21.45 SALA 3

TRIVISA [C]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Frank Hui, Jevons Au, Vicky Wong Com: Lam Ks Tung, Richie Jen, Jordan Chan

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 19.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau segunda-feira 11.4.2016

OPINIÃO

PAULO MENDES in Esquerda.net

OLIVER HIRSCHBIEGEL, THE DOWNFALL

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ONALD Trump, candidato a candidato a Presidente dos Estados Unidos, continua a conquistar cada vez mais apoio popular, algo aparentemente inconcebível num país feito por emigrantes, e que está a abrir o caminho, até à Casa Branca, a alguém que tem na discriminação étnica o seu centro de acção política. Fazer política por via da sua negação foi o paradoxo típico dos regimes fascistas, suportados num populismo que confunde a democracia, e o necessário debate político, com falta de pragmatismo. E Trump seduz o eleitorado com o mito do self made man, mesmo que feito à custa de uns milhões dados pelo seu pai milionário. Mas não importa, o que importa é fazer com que os milhões de emigrantes que entraram na terra das oportunidades em busca do sonho americano, e que agora se sentem defraudados, voltem a sonhar. E a comunidade lusa, nos Estados Unidos, não é excepção. Muitos portugueses, incluindo açorianos e açorianas, deixaram a sua terra à procura de uma vida melhor – uma ambição que também é um direito – mas não é isso (ou não é só isso) que explica a sua vulnerabilidade aos encantos de Trump. Trump é apelativo a qualquer trabalhador, que se vê como branco, pobre (ou outrora remediado), e utiliza essa popularidade para apostar tudo na divisão da sociedade. Fá-lo de uma forma mais grosseira, porque sabe que não tem de ser tão subtil como, por exemplo, a direita portuguesa. Infelizmente, encontramos sinais de que a comunidade luso-americana está vulnerável a este divisionismo. Em 2013, tivemos notícia de que os portugueses nos Estados Unidos ficaram desagradados por terem sido considerados como hispânicos, latinos ou de origem espanhola. É certo que parte dessa indignação dever-se-á ao orgulho nacional ferido, sempre que somos confundidos com os espanhóis, mas suspeito que parte desse incómodo tem a ver com a percepção que a comunidade luso-americana tem da sua própria posição na pirâmide social norte-americana, uma estratificação que Trump bem conhece e aproveita a seu favor. Afinal de contas, apesar de partilhar características étnicas com os hispânicos, de falar uma língua com origem latina, e de ser explorada como, por exemplo, os mexicanos, precisamente quem se encontra na base da pirâmide social norte-americana, alguns luso-americanos, na verdade, preferem distanciar-se do estereótipo do mexicano (malandro, criminoso e branco). Por outras palavras, preferem

Receita Trump

fazer de conta que são brancos, pois só os brancos são trabalhadores, honestos e cultos, muito à semelhança de alguns portugueses que emigraram para França, e que agora votam na Frente Nacional e se orgulham por Marine Le Pen festejar as suas vitórias eleitorais num restaurante português. É claro que nem todos os membros da comunidade luso-americana darão o

“Trump é apelativo a qualquer trabalhador, que se vê como branco, pobre (ou outrora remediado), e utiliza essa popularidade para apostar tudo na divisão da sociedade”

seu apoio a Trump, tal como nem todos os emigrantes portugueses em França apoiam (ou apoiarão) a Frente Nacional ou a sua líder, mas não podemos pensar que, principalmente, a comunidade açoriana nos Estados Unidos está imune ao populismo e à demagogia, não estivessem também lá plantados alguns ingredientes de autêntico separatismo social que fazem parte da receita de Trump.


Quando só formos / a vela alta / e diluída / sem mastro nem / flâmula ardendo, / que âncora ainda / anunciará / na desmemória / outro Oriente?”

José Augusto Seabra

SANDS MAIS DE NOVE MILHÕES DE DÓLARES TERMINAM INVESTIGAÇÃO

ÍNDIA INCÊNDIO EM TEMPLO FAZ CERCA DE CEM MORTOS

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Las Vegas Sands, de Sheldon Adelson, concordou pagar nove milhões de dólares americanos para terminar com a investigação da U.S. Securities and Exchange Commission’s (SEC). A notícia é da Reuters, que indica que a investigação está relacionada com o alegado tráfico de influências junto do Governo, para que a operadora pudesse estabelecer negócios no território, mas também na China. A lei relativa às Práticas de Corrupção no Estrangeiro proíbe as empresas norte-americanas de efectuarem pagamentos a membros de governos estrangeiros, algo que a US Securities acusava a empresa de ter feito. Segundo a agência, a operadora de Adelson aceitou o acordo, que “termina com as acusações de que a operadora violou a lei” anti-corrupção dos EUA, por não ter conseguido demonstrar que documentou a saída de 62 milhões de dólares em “pagamentos feitos ao consultor”, entre 2006 e 2011. Adelson não foi acusado de qualquer ilegalidade e os nove milhões de dólares são, diz a Reuters, dois dias de receitas nos casinos da Sands. A investigação surgiu da queixa de Steve Jacobs, o ex-director-executivo da Sands China, despedido por Adelson por, alega, ter alertado para ilegalidades como esta. J.F.

Poeta com pasta Portugal Novo ministro da Cultura toma posse quinta-feira

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embaixador Luís Filipe Castro Mendes, actual representante de Portugal junto do Conselho da Europa em Estrasburgo, é o novo ministro da Cultura que tomará posse na próxima quinta-feira, dia 14, segundo o ‘site’ da Presidência da República. De acordo com informação avançada na página de internet oficial da Presidência da República, Luís Filipe Castro Mendes toma posse depois da deslocação do Presidente a Estrasburgo nos dias 12 e 13 de Abril Poeta ficcionista português, Luís Filipe Castro Mendes nasceu em 1950, em Idanha-a-Nova, distinguindo-se por uma vasta obra escrita e uma carreira diplomática em postos como Luanda, Paris ou Nova Deli. Licenciado em 1974 em Direito pela Universidade de Lisboa, o novo ministro da Cultura ingressou a partir de 1975 na carreira diplomática, tendo passado sucessivamente por Luanda, Madrid, Paris, Rio de Janeiro, Budapeste e Nova Deli. Foi assessor de Melo Antunes no Ministé-

rio dos Negócios Estrangeiros e, mais tarde, do presidente Ramalho Eanes em 1983. Em 2010, substituiu Manuel Maria Carrilho na UNESCO e em 2012 assumiu funções no Conselho da Europa. Desde muito cedo, entre 1965 e 1967, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil.

A ESTÉTICA E O UNIVERSO

A obra de Luís Filipe de Castro Mendes caracteriza-se por cultivar as formas clássicas e a musicalidade dos versos e enquadra-se numa estética pós-modernista. Revela ainda um universo enigmático onde o fingimento e a sinceridade, o romântico e o clássico, a regra e o jogo o levam a uma das suas obras mais expressivas “O Jogo de Fazer Versos” (1994). É autor de “Correspondência Secreta” (1995), obra fundada sobre a invenção histórico-ficcional e sobre o exercício de paródia, reunindo uma série de textos (monólogos, cartas, poemas) atribuídos a figuras literárias, como Marquesa de Alorna, Filinto Elísio, Cavaleiro de Oliveira, entre outros) na charneira entre o classicismo e o pré-romantismo.

DIABETES ENTRE 2010 A 2014 MORRERAM 350 PESSOAS EM MACAU

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diabetes matou, em quatro anos, 350 pessoas em Macau. Os dados são dos Serviços de Saúde (SS), que dão conta, contudo, que há mais de 21 mil pessoas com a doença no território. A quinta-feira da semana passada marcou o Dia Mundial da Saúde, que este ano foi dedicado à Diabetes. Estatísticas dos SS mostram que a quantidade de pessoas diagnosticada com Diabetes tem aumentado de 2010 até ao ano passado.

segunda-feira 11.4.2016

Os números foram crescendo ao longo dos últimos quatro ano, sendo que os últimos dados – de 2014 – indicam a existência de 21.129 doentes “registados com a doença”. Os dados, que reúnem

números do hospital público e do Kiang Wu, mostram que de 16.310 doentes em 2010, o território passou a ter 19.813 em 2012 e mais de 21 mil em 2014. Da mesma forma, também as mortes têm subido, apesar de terem sido registados altos e baixos ligeiros. Em 2010, 66 pessoas morreram por causa da Diabetes, sendo que o número subiu oito casos no ano seguinte. Em 2012, foram 71 as mortes registadas, antes do número descer em 2013

para 64 casos. Há dois anos, as mortes voltaram a aumentar - 75 mortes foram registadas, não havendo dados sobre o ano passado. A maioria das pessoas com Diabetes tem entre 40 a 64 anos, mas há 20 adolescentes menores de 15 anos que padecem também da doença. A maioria das mortes, contudo, acontece no grupo etário dos 65 anos e mais. J.F.

incêndio que deflagrou ontem num templo indiano, provocado por fogo-de-artifício, causou pelo menos 102 mortos e 280 feridos. Milhares de indianos juntaram-se na madrugada de ontem num templo hindu de Puttingal Deva, na província de Kerala, sul da Índia, para celebrar o festival Vishu, quando o local de lançamento do fogo-de-artifício a ele associado foi alvo de uma explosão. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, considerou que a tragédia é um “choque muito maior do que as palavras”. Residentes na área descreveram ter ouvido uma grande explosão que estilhaçou as janelas das suas casas, a cerca de 100 metros de distância, tendo, depois, saído à procura de sobreviventes entre os escombros. “Esta manhã, quando chegámos, havia corpos e partes de corpos por todo o lado espalhados pelo chão. Nos telhados consegui ver mãos e braços”, disse Anita Prakash, uma residente, à cadeia de televisão CNN-IBN, acrescentando que já tinha levantado alguns receios em relação a espectáculos de fogo-de-artifício anteriores. “Há a confirmação da morte de 102 pessoas e de 280 feridos que estão a ser distribuídos por vários hospitais. Agora, o nosso foco é dar o melhor tratamento e apoio aos feridos”, disse o governador de Kerala, Oommen Chandy.


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