Santinho
Macau está a atravessar um pico gripal e as autoridades de saúde estimam que os casos vão continuar a aumentar, principalmente entre os mais novos. O uso prolongado de máscara, e a consequente quebra de imunidade, é uma das razões apontadas. Para dar resposta à afluência de pacientes, o Hospital São Januário reforçou o pessoal das urgências.
RUI MARTINS NEGA QUE DOCENTES SEJAM DESENCORAJADOS A FALAR COM JORNALISTAS
Caminho feito passo a passo
disse à Lusa o vice-reitor da instituição, referindo que, apesar das “condições difíceis”, as inscrições de fora aumentaram. Rui Martins destacou ainda a excelência da investigação científica ao nível da electrónica e medicina tradicional chinesa
“Apandemia nunca interrompeu a admissão de alunos internacionais, só que eles tiveram de o fazer em condições difíceis, através da plataforma ‘zoom’ e aulas ‘online’, porque nós demos sempre aulas ‘online’ até Dezembro”, referiu o vice-reitor para os Assuntos Globais da Universidade de Macau (UM), Rui Martins.
“Houve alunos de licenciatura que estiveram três anos fora e que só agora estão a regressar ao campus para o primeiro ano [presencial]”, continuou o responsável. “Com alguns alunos de mestrado as
coisas foram um pouco suspensas, só agora estão a regressar para fazer a tese”.
Apesar disso, Rui Martins, responsável “pela área dos alunos internacionais”, admitiu que houve “um pequeno aumento” das inscrições do exterior: “um pouco menos do que 30 por cento”.
“A previsão que eu tinha era multiplicar o número de alunos de cento e pico por cinco, para 500, e isso não conseguimos - se não houvesse pandemia quase de certeza conseguíamos este anomas aumentámos para perto de 200 e esses alunos internacionais ficaram fora [de Macau durante a pandemia]”, explicou.
Além destes estudantes internacionais, que completam integralmente os estudos académicos na UM, a instituição de ensino superior recebe ainda alunos de intercâmbio - “à volta de 200 alunos” antes do aparecimento da covid-19. “E tínhamos um número igual de alunos nossos que iam fazer esse intercâmbio na Europa, Estados Unidos, etc, e isso com a pandemia foi a zero”, lembrou.
Martins, um dos cinco vice-reitores da UM, admitiu que durante a crise sanitária, “a capacidade que se instalou” em termos de oferta de aulas e conferências à distância, “foi importante” para que houvesse progressão académica.
A UM tinha, no primeiro semestre deste ano lectivo, 7.515 alunos em licenciaturas, 59 em pós-graduações, 3.368 a fazer mestrados e 1.836 doutorandos, num total de 12.778 alunos inscritos, de acordo com o ‘site’ da instituição. Um ligeiro aumento - quase 5 por cento - em relação ao ano anterior (12.208).
Cerca de 80 alunos são provenientes de Países de Língua Portuguesa (PLP), sendo que “talvez cerca de 80 por cento” frequentam estudos na área do Direito, notou o vice-reitor. “Nós aqui somos apoiados pela Fundação Macau, aumentámos o número de bolsas que demos a alunos internacionais, que também cobre o número de alunos africanos [dos PLP] e, portanto, espero que esse número venha a aumentar”.
Nos planos da universidade para os próximos três anos, avan-
Questionado se a Universidade de Macau desencoraja docentes a falarem à comunicação social, Rui Martins respondeu negativamente. “O que pode haver é a questão da autocensura, mas a universidade não tem muito a ver com isso”, afirmou
çou ainda o vice-reitor, está um crescimento do volume de inscritos para entre “15 e 17 mil”, com a aposta a ser direccionada para cursos pós-graduados.
A UM avançou esta semana que vai lançar, no próximo ano lectivo, seis novos mestrados, em Inteligência Artificial, Robótica e Sistemas Autónomos, Ambiente Costeiro e Segurança, Materiais Inovadores, Gestão Médica e ainda Filosofia.
Através dos novos programas, lê-se num comunicado, a instituição quer “formar mais profissionais de alta qualidade para apoiar o desenvolvimento das indústrias emergentes e ajudar Macau na transformação económica”.
“Os alunos de pós-graduação vêm essencialmente da China”, declarou Rui Martins, considerando que a UM atrai “cada vez mais alunos de topo”. “Há cerca de dez, 20 anos, os alunos da China que se candidatavam aqui à universidade eram alunos medianos. (….) Agora compete com a [universidade de Pequim] Tsinghua, agora são alunos de muito alto nível que se candidatam, essencialmente para mestrado, mas também para doutoramento”, disse.
Falta de coragem
Sobre a oferta de língua portuguesa, o investimento passa por “manter os programas”, com o responsável a considerar a possibilidade de “recrutar mais professores” na área da Literatura. “Em tempos tivemos essa área, mas alguns professores
A pandemia obrigou “bastantes alunos internacionais” da Universidade de Macau a anos de percurso académico à distância,FOTOS GONÇALO LOBO PINHEIRO LUSA
foram embora e podemos tentar desenvolver mais essa área”, disse.
Rui Martins lembrou ainda “um plano de contingência”, delineado para o período após a transferência do exercício da soberania de Macau para a China, em 1999, “para o caso de o programa de Direito em português acabar por falta de alunos”.
“Estávamos com essa perspectiva, porque o número de alunos estava a cair, houve uma altura de crise, mas depois foi criado aqui o Fórum [para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP], em 2013, e então essa área manteve-se”, reforçou.
Rui Martins, que falava à agência Lusa numa entrevista alargada, foi ainda questionado se a Universidade de Macau desencoraja os docentes a falarem à comunicação social. O responsável respondeu negativamente. “O que pode haver é a questão, como é muito referido, da autocensura, mas a universidade não tem muito a ver com isso”, afirmou.
A Lusa tem tido cada vez mais dificuldade em contactar académicos para analisar assuntos da actualidade, com docentes a explicarem que são desencorajados de falar com os ‘media’.
Liderança electrónica
A Universidade de Macau (UM), que viu 15 trabalhos de investigação serem aceites em Fevereiro numa conferência internacional de electrónica em São Francisco, nos EUA, é “líder mundial nesta
área”, disse à Lusa o vice-reitor Rui Martins.
“Nós este ano, em termos electrónicos fomos líderes mundiais nessa área, em segundo lugar veio a universidade [de Pequim]
Tsinghua com 13 ‘papers’”, notou o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM.
Os artigos científicos da instituição de ensino superior da região administrativa especial abordaram temas como a conversão de dados, comunicações ‘wireless’ ou conversão de energia.
A 70.ª edição da ‘International Solid State Circuits Conference (ISSCC)’ [Conferência Internacional de Circuitos em Estado Sólido] distinguiu ainda Rui Martins como principal colaborador entre 1954 e 2023. “Ninguém acredita, mas somos líderes mundiais nessa área”, apontou o académico, director do instituto de Microelectrónica e di-
rector fundador do Laboratório de Referência do Estado em Circuitos Integrados em Muito Larga Escala Analógicos e Mistos, ambos da Universidade de Macau.
Em entrevista, o responsável disse que a pesquisa da Universidade de Macau na área da ciência dispõe este ano de um orçamento interno de 100 milhões de patacas, recebendo ainda 440 milhões de entidades externas, como o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), através do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), e entidades do Interior da China.
“Em termos de financiamento de investigação científica e comparado com outras universidades, acho que é um bom investimento”, afirmou o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM.
Rui Martins sublinhou avanços da instituição no estudo do “cancro da mama e do cólon, que são aqueles mais frequentes em Macau”. Realçou ainda o desenvolvimento, durante a pandemia, de “dois ventiladores sofisticados e avançados em termos de electrónica”, que foram doados a duas universidades em África, uma em Maputo [Moçambique] e outra no Lubango [Angola]”.
No que diz respeito a parcerias na área da investigação científica, o responsável admitiu que há “poucos projectos” com Portugal e que o baixo investimento noutros países influencia potenciais parcerias com Macau.
farmacêutica está muito avançada e esses produtos chineses estão agora a aparecer e a ser comercializados e, portanto, vão levar algum tempo a afirmarem-se”, disse em entrevista à Lusa o vice-reitor para os Assuntos Globais.
O responsável admitiu que os “produtos naturais” utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC) “poderão levar mais tempo a ser efectivos do que os produtos químicos”, o que pode contribuir para a dificuldade de consolidação do sector.
Além disso, referiu, outro dos obstáculos é o desconhecimento geral da prática: “No ocidente, o que eles consideram medicina chinesa é acupuntura”.
“Tenho notado”, reagiu. E acrescentou: “Em Portugal, onde há projectos financiados em Ciência e Tecnologia, bem financiados, são essencialmente pela União Europeia e alguns projectos também pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), mas programas para a cooperação com Macau especificamente, os valores são muito baixos”. Para desenvolver essa colaboração, “esses valores têm de aumentar”.
Rui Martins lembrou que, em 2017, foi assinado entre a FCT e a FDCTM um memorando de entendimento com o objectivo de incentivar a cooperação entre as instituições de investigação das duas regiões. “Durante a pandemia esteve um bocado parado”, disse o responsável, sublinhando que decorrem negociações para uma nova edição.
“O fundo que se colocou aí, se não me engano, foi de 300 mil euros”, disse Martins, admitindo que é um valor “muito baixo, para não dizer insignificante” e que “não permite desenvolver projectos de elevada envergadura”. “Espero que agora no programa seja aumentado esse montante”, acrescentou.
Com tranquilidade
Rui Martins considera que a internacionalização da Medicina
Tradicional Chinesa, uma das apostas do estabelecimento de ensino, “vai levar algum tempo”, pela dificuldade em competir com a indústria farmacêutica. “A indústria
O Ministério da Ciência e Tecnologia chinês aprovou, em 2011, a criação do Laboratório de referência do Estado para investigação de qualidade em medicina chinesa, coordenado em conjunto pela UM e pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, com a “ideia de internacionalizar a medicina chinesa”, explicou o responsável. “O que se está a fazer é um bocado inovador, mas eu creio que ainda vai levar algum tempo, porque os investimentos aqui são grandes nessa área, mas os investimentos na industria farmacêutica normal são brutais”, referiu.
“Há cerca de dez, 20 anos, os alunos da China que se candidatavam aqui à universidade eram alunos medianos. (….) Agora a UM compete com a Tsinghua, são alunos de muito alto nível que se candidatam para mestrado e doutoramento.”
A MTC é uma das apostas para Macau com vista a diversificar a economia do território, profundamente dependente das receitas do jogo. Além do laboratório de Estado, são vários os projectos pensados para dar forma a esta aspiração, nomeadamente a criação, em 2011, do Parque científico e industrial de medicina tradicional chinesa para a cooperação entre Guangdong–Macau, estabelecido em Hengqin.
Macau, frisou Rui Martins, “é um dos sítios mais avançados no mundo” no que diz respeito à investigação na área da MTC.
“A indústria farmacêutica está muito avançada e esses produtos chineses estão agora a aparecer e a ser comercializados e, portanto, vão levar algum tempo a afirmarem-se.”
RUI MARTINS VICE-REITOR DA UM PARA OS ASSUNTOS GLOBAIS
Portugal Mais vagas em universidades para alunos no estrangeiro
O Governo português anunciou o aumento de vagas para filhos de emigrantes que pretendem estudar nas universidades portuguesas, medida que se prevê beneficiar os estudantes da Escola Portuguesa de Macau. A partir do concurso nacional de acesso ao ensino superior deste ano, o contingente prioritário para familiares de emigrantes e para luso-descendentes passa a incluir 3,5 por cento das vagas disponibilizadas na segunda fase do concurso. Até agora, o contingente prioritário envolvia apenas sete por cento das vagas existentes na primeira fase do concurso. Este ano está previsto que a primeira fase do concurso decorra entre 24 e 31 de Julho. A segunda fase está marcada para o período entre 28 de Agosto e 5 de Setembro.
Maternidade Wong Kit Cheng quer licença alargada
A deputada Wong Kit Cheng defende que a licença de maternidade deve ser estendida além dos 70 dias actuais praticados no sector privado. Numa opinião partilhada ontem com os órgãos de comunicação social, a legisladora ligada à Associação das Mulheres considerou que a medida actual está “obviamente atrasada” face à prática das regiões vizinhas. Por isso, defendeu que o Governo tem de começar a trabalhar o mais depressa possível para alcançar um consenso na sociedade e aumentar a licença. A deputada traçou 2025 como o ano em que o sector privado devia ser obrigado a conceder licenças de maternidade de 90 dias, como acontece no sector público. Com estas alterações, Wong Kit Cheng acredita que o território poderia inverter a tendência da redução da natalidade.
DST Oferta de bilhetes estendida a Taiwan
Desde o início do mês e até ao final de Junho, os turistas que visitarem Macau provenientes de Taiwan ou do estrangeiro têm direito a um bilhete grátis de regresso, pago pela RAEM. O objectivo passa por aumentar a internacionalização do mercado. O programa “Macao Treat” era até agora aplicado apenas a quem viesse de Hong Kong, mas foi estendido a Taiwan e ao estrangeiro, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Segundo dados oficiais, entre 13 de Janeiro e 31 de Março, foram oferecidos 145.657 bilhetes grátis, dos quais 100 mil foram bilhetes de barco e mais de 45 mil bilhetes de autocarro. No primeiro trimestre deste ano, o território recebeu 4,96 milhões de visitantes, dos quais cerca de 1,51 milhões visitantes de Hong Kong, quase 10 vezes mais em comparação com o período homólogo do ano passado, quando ainda era exigida quarentena de 14 dias a quem viesse da RAEHK.
Trabalho DSEC admitiu ter deixado de publicar dados
A Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) admitiu ter deixado de divulgar dados sobre a idade dos trabalhadores da indústria do jogo em casino e de outros sectores por considerar que existe falta de interesse. A revelação foi feita na resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Chan U, que questionou o facto de a DSEC ter alterado a forma de divulgação de vários dados estatísticos sobre emprego durante o período da covid-19. Segundo a DSEC, a elaboração e divulgação dos dados depende do interesse manifestado pelas pessoas, através das consultas feitas junto destes Serviços. Foi isso que aconteceu, explicou a DSEC, com o indicador da mediana, que apenas terá sido alvo de 0,1 por cento de todas as solicitações de dados. Sobre esta forma de trabalhar as estatísticas locais, a DSEC considerou que cumpre “os padrões gerais” e que fornece dados após pedidos específicos.
TURISMO ELLA LEI ALERTA PARA IMPACTO NEGATIVO DE PRÁTICAS ILEGAIS
De qualidade duvidosa
A recuperação do turismo ameaça trazer consigo episódios de outros tempos, como as excursões de baixo custo com compras forçadas. A deputada pede que se tomem medidas para salvaguardar a imagem do território
çar a supervisão e a implementação das leis, e discutir com o sector sobre as melhores formas de evitar este tipo de práticas, que devem ser combatidas logo na fonte, inclusive em cooperação com as regiões vizinhas”, apontou Ella Lei. “É necessário proteger o turismo contra este tipo de comportamento ilegal ou irregular”, destacou.
Pedido generalizado
A posição da deputada está em sintonia com a tomada pela Associação de Indústria Turística de Macau que condenou o incidente em que uma excursão foi obrigada a permanecer numa joalharia, numa táctica ilegal de compras forçadas, alertando para o impacto no turismo local.
Andy Wu indicou que existem suspeitas de que algumas excursões estão a ser utilizadas para o contrabando
Em declarações ao jornal Ou Mun, Andy Wu, presidente da associação, reconheceu que a recuperação do turismo levou ao aumento de ilegalidades.
Além do caso dos turistas forçados a ficarem duas horas trancados numa loja, Wu indicou que existem suspeitas de que algumas excursões estão a ser utilizadas para o contrabando de bens entre o Interior e Macau.
ELLA Lei pede ao Governo que tome medidas para proteger o turismo, de forma a evitar práticas como as excursões com compras forçadas ou a existência guias turísticos ilegais. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita, divulgada ontem, depois de na semana passada (ver página 6) um grupo de
excursionistas ter sido forçado a ficar duas horas numa loja.
“Devido às promoções com preços demasiado baratos, algumas excursões com custo muito baixo apresentam problemas com os custos das refeições, transportes, organização dos roteiros ou compras forçadas”, relatou Ella Lei. “Todas estas práticas afectam negativamente a imagem de Macau como uma
cidade de turismo, prejudicam os turistas e até a vida diária dos residentes”, considerou. Para combater o fenómeno, a deputada sugere que o Executivo entre em contacto com os agentes do sector e coordene com as regiões do Interior, onde as excursões são organizadas.
“As autoridades devem acompanhar de forma séria as queixas. Também devem refor-
O presidente da associação apelou às autoridades para combaterem activamente estas ilegalidades, porque apesar da maior parte da indústria actuar legalmente, este tipo de casos podem manchar o nome de todos.
Andy Wu frisou ainda que os agentes de turismo estão disponíveis para colaborar com as autoridades, para garantir o cumprimento da lei e que os turistas ficam com boa imagem do território. João Santos Filipe
JÁ são conhecidos alguns detalhes da agenda oficial que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, vai cumprir durante a viagem a Portugal, que decorre na próxima semana, entre 16 e 24 de Abril. Segundo o semanário Plataforma, que teve acesso ao documento da viagem de Ho Iat Seng e da comitiva de 50 empresários, serão organizadas visitas a empresas lusas, do ramo farmacêutico e alimentar, bem como acções de promoção do turismo de Macau em Portugal. A viagem faz-se com o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau e decorre na capital portuguesa e no Porto.
A delegação chega dia 17, reunindo-se com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e com associações empresariais sino-portuguesas, incluindo a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empre-
Pelos caminhos de Portugal
Comitiva liderada por Ho Iat Seng irá visitar farmacêuticas e Grupo Delta
No dia seguinte, a comitiva desloca-se a Campo Maior e à fábrica da Delta Cafés.
Promoção do turismo
sas (CCPC-PME). No dia 18 está marcada uma visitar à Quinta da Marmeleira, em Alenquer, uma quinta de produção de vinho de Wu Zhiwei, empresário de Macau. Nesse dia, Ho Iat Seng irá visitar o grupo privado Luz Saúde, onde o grupo chinês Fosun é accionista
maioritário através da seguradora Fidelidade. Também no dia 18 está programada uma passagem pelo Grupo Sovena, empresa agro-indústrial e um jantar com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa e a Associação de Jovens Empresários Portugal-China.
Na tarde de 19 de Abril a delegação estará presente na cerimónia de abertura de uma acção de promoção turística organizada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), na Praça do Comércio, em Lisboa. A iniciativa inclui um espectáculo de luz e imagem sobre Macau nas fachadas da Praça do Comércio, intitulado “Sentir Macau Sem Limites - Promoção de Macau em Lisboa”, com quatro apresentações por noite, entre 15 e 22 de Abril.
O objectivo, segundo a DST, é “atrair visitantes portugueses e europeus a Macau, como parte dos esforços para expandir ainda mais os mercados de visitantes internacionais e promover a recuperação do turismo e da economia”.
Será ainda feita uma “visita de familiarização a projectos turísticos em Portugal” com uma delegação de operadores turísticos de Macau. Também no dia 19 de Abril a DST participa na Sessão de Promoção Económica, Comercial e Turística em Lisboa, organizada pelo IPIM, que servirá para “apresentar as vantagens do turismo de Macau às autoridades de turismo” para que “empresários das duas partes comuniquem e
negoceiem”, a fim de alargar “as oportunidades de negócios da cooperação turística entre Macau e Portugal”. No dia 21 de Abril decorre em Lisboa uma conferência de imprensa promovida pelo Global Tourism Economy Forum e Organização Mundial do Turismo (OMT) onde será anunciada a “elevação da qualidade da cooperação” entre as duas entidades, sendo assinado “um memorando de cooperação entre a OMT e o Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global, entidade organizadora do Global Tourism Economy Forum”.
Além das visitas à farmacêutica Hovione e Fundação Champalimaud, agendadas para o dia 20, conta-se ainda com a presença da delegação na sede da Nautical Portugal, um projecto de economia marítima em Cascais.
No dia seguinte a comitiva parte para o Porto, visitando a farmacêutica BIAL, a Quinta da Boeira e a Corticeira Amorim. A partida de Portugal faz-se a partir do Porto no dia 23, com chegada a Macau prevista no dia 24. Andreia
Sofia SilvaNa tarde de 19 de Abril a delegação estará presente na cerimónia de abertura de uma acção de promoção turística organizada pela DST, na Praça do Comércio, em Lisboa
EXCURSÕES TURISTAS TRANCADOS DURANTE DUAS HORAS EM JOALHARIA
O passeio dos tristes
Após a divulgação do caso num portal do Interior, a agência de viagens negou qualquer ilegalidade
Aeroporto nacional
Apesar da falta de ligações com o exterior, número de passageiros aumentou
Ofluxo de passageiros no Aeroporto Internacional de Macau (AIM) aumentou para quase o triplo no primeiro trimestre do ano, anunciou na semana passada a CAM - Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau.
“O Aeroporto Internacional de Macau registou mais de 750 mil passageiros no primeiro trimestre de 2023, o que representa uma subida anual de 1,7 vezes”, referiu a empresa, em comunicado.
UM grupo de excursionistas do Interior ficou trancado durante duas horas numa joalharia em Macau, sem poder sair e contra a vontade de muitos dos turistas. A notícia foi revelada no sábado, pelo portal Jiupai, que pertence ao grupo do Diário Changjian, com sede em Hubei, no Interior da China. Segundo o relato apresentado, os visitantes pagaram 2.880 renminbis por uma excursão que incluía paragens em Hong Kong, Macau, Guangzhou, Shenzhen e Zhuhai. No entanto, quando chegaram à RAEM foram levados para uma loja de venda de ouro, onde ficaram trancados, sem possibilidades de sair. A situação causou grande desagrado, até pela falta de condições do espaço.
“Disseram-nos que não éramos obrigados a comprar nada, mas que também não podíamos sair. Só que a loja era muito pequena e não nos deixaram sair”, afirmou a turista com o apelido Bian, ao portal Jiupai. “Também o guia só nos levou a esta loja de jóias, e não a outras, onde também devíamos ir. A situação fez com que algumas pessoas mais velhas ficassem muito ansiosas e zangadas com toda a situação”, acrescentou.
Bian revelou igualmente que comprou dois colares na loja, no valor de 3 mil renminbis. Porém, nem depois das compras teve autorização para sair do estabelecimento.
A empresa terá igualmente clarificado que levou os turistas a mais locais no território, com a visita a, pelo menos, mais uma loja. Além disso, argumentou que com a venda da excursão era apresentado um contrato, onde constava que seriam passadas duas horas dentro de uma loja. A excursionista de apelido Bian admitiu não ter visto esta informação explicada de forma clara na altura de assinatura do contrato.
Defender a imagem
O portal Jiupai contactou a agência de viagens responsável pela excursão, cuja identidade não foi revelada, que se defendeu ao afirmar que apenas cumpriu o contrato assinado pelos excursionistas. “Também temos de dar hipótese aos vendedores de fazerem negócio”, foi justificado.
CPSP Macau recebeu ontem mais de 65 mil visitantes
Dados provisórios do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) mostram que, até às 17h de ontem, Macau recebeu um total de 65.291 visitantes, 27.713 dos quais entraram no território através
da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. O segundo posto fronteiriço que registava mais afluência era o das Portas do Cerco, com 19.505 pessoas, enquanto 5.806 pessoas optaram pelo Terminal Marítimo
Após a divulgação do caso no Interior da China, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Conselho de Consumidores (CC) admitiram ter instaurado um processo de averiguação sobre o
da Taipa. No total, entraram e saíram até às 17h de ontem de Macau 304.992 pessoas. No domingo de Páscoa o território recebeu mais de 85 mil turistas, também segundo dados do CPSP.
a DST e o CC deslocaram-se de imediato aos locais de venda envolvidos para se inteirarem da situação e procederem a inspecções. A DST e o CC estão a acompanhar de perto a situação e vão tomar medidas para proteger os direitos e interesses dos visitantes”, foi escrito. “Ao mesmo tempo, manter-se-á uma comunicação estreita com a indústria turística, a fim de assegurar a realização ordenada das actividades de compras das excursões e criar um ambiente saudável para o turismo”, foi acrescentado.
Além disso, foi ainda destacado que “os serviços interdepartamentais continuam a inspeccionar os locais onde as agências de viagens organizam compras para
No que diz respeito ao número de voos, o aeroporto observou um aumento de 57 por cento, com mais de 6.900 ligações realizadas nos primeiros três meses do ano. A média diária de passageiros e de voos totalizou dez mil e 100, respectivamente.
“A retoma total das autorizações para voar em Macau impulsionou directamente o aumento de passageiros”, sublinhou a sociedade, numa altura em que a oferta de voos para o estrangeiro continua muito baixa, face ao período pré-pandemia.
Retoma lenta
“As companhias aéreas estão a retomar gradualmente as operações de voo e a aumentar o número de voos”, frisou a CAM, sublinhando que “no segundo trimestre”, o aeroporto vai “empenhar-se no desenvolvimento de novos destinos”. Actualmente, Macau apenas apresenta opções consistentes para quem pretenda voar para o Interior da China, apesar do objectivo de internacionalizar as fontes de turistas.
Em Abril, vão ser retomadas ligações aéreas que estiveram suspensas durante a pandemia da covid-19, nomeadamente para Osaka, no Japão, e Cebu e Clark, nas Filipinas, “com um total de 14 rotas internacionais no início do Verão”.
Com o aumento do volume de rotas e voos, o aeroporto de Macau espera “fornecer fontes mais diversificadas de turistas” e “promover a recuperação económica e o desenvolvimento do turismo em Macau”.
A CAM referiu ainda que vai “activamente explorar potenciais rotas ‘charter’ de médio e longo prazo e concentrar-se em coordenar com a política do Governo” para “fortalecer o desenvolvimento de rotas internacionais”.
e afirmou ter apenas cumprido o contrato. Os Serviços de Turismo estão a averiguar o que dizem ser “rumores”
“Disseram-nos que não éramos obrigados a comprar nada, mas que não podíamos sair.” BIAN TURISTA
TRÂNSITO DSAT PROMETE MELHORAR ACESSOS À PONTE HKZM
A passo de caracol
Na passada quarta-feira o acesso à ilha artificial da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau tornou-se num calvário de trânsito, apesar da garantia da DSAT de que os acessos tinham sido melhorados. As autoridades realçam ainda que está prevista a construção na zona A de um acesso pedonal ao norte da península
a intensificar-se a partir das 10h, tendo-se prolongado desde a fronteira da ponte até à zona A dos novos aterros e zona da Pérola Oriental, situada na Areia Preta.
O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) emitiu mesmo uma nota a sugerir outros pontos de deslocação além da ponte, tendo sido sugerido aos condutores de veículos com dupla matrícula para “considerar a utilização de outros portos”.
Mais acessos
Ainda na resposta à interpelação de Ron Lam U Tou pode ler-se que está a ser pensado um projecto para facilitar o acesso dos futuros moradores da zona A à parte norte da península.
“Foi proposta a construção, na zona centro-sul da zona A, uma passagem superior pedonal para a ilha artificial, proporcionando uma ligação integrada com a rede do sistema de mobilidade assente em ligações rápidas, de modo a interligar terrenos, as vias públicas e os espaços abertos de diferentes áreas da zona A.”
Desta forma, acrescenta Lei Veng Hong, “permite-se garantir uma melhor acessibilidade às imediações da zona norte da península de Macau, da Areia Preta e Reservatório, formando um modelo pedonal altamente acessível e que favorece a intermodalidade”.
Não foi avançado qualquer calendário para esta infra-estrutura, pois “os projectos de construção serão estudados e implementados tendo em conta a elaboração dos planos de pormenor e os pareceres dos serviços”. Foi explicado que a Direcção dos Serviços de Solos e Construção adiantou que o plano de pormenor para a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG) - Este 2 foi concebido para “proporcionar modos de deslocação altamente eficientes, de modo a criar um sistema de transportes diversificado e centrado no Metro Ligeiro”. Desta forma, a rede rodoviária é estruturada em duas faixas de rodagem transversais e duas faixas de viárias longitudinais, com interligações”, apontou. Andreia Sofia Silva
Divórcio litigioso n.º FM1-22-0080-CDL Juízo de Família e de Menores
ADirecção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) promete, em resposta a interpelação de Ron Lam U Tou, melhorar os acessos à ilha artificial que faz a ligação à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (Ponte HKZM), tendo em conta a ocorrências de muitos congestionamentos de trânsito. A resposta, assinada a 16 de Março por Lei Veng Hong, director substituto, dá conta que a DSAT “tem vindo a auxiliar o escoamento do trânsito nas horas de ponta
através do ajustamento da distribuição de tempo das sinalizações luminosas e da adopção de medidas de orientação de trânsito no local por parte dos serviços responsáveis”.
Assim, “foi alterado o troço na estrada circular fronteiriça de Hong Kong-
-Zhuhai-Macau junto da entrada da ilha artificial da Ponte HKZM para duas faixas de rodagem, com o aumento de uma faixa de rodagem que entrou em funcionamento no dia 18 de Fevereiro, a fim de optimizar a organização da circulação neste cruzamento”.
Está ainda em curso “a construção das fundações por estacas na empreitada de construção da via de acesso (A2), tendo sido iniciados os trabalhos de concepção das vias de acesso (A3) e ao acesso AB, sendo que os trabalhos de construção serão iniciados de forma ordenada”. Ainda assim, as alterações parecem não ter surtido muito efeito, uma vez que na última semana, a propósito do feriado de Cheng Ming (Dia de Finados), vieram a Macau cerca de 28 mil pessoas só pela ponte. O trânsito começou
CPSP Infracções de taxistas aumentam 60 por cento
Desde o início do ano até 14 Março foram registadas 106 infracções cometidas por taxistas no território, de acordo informação fornecida pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública fornecida ao
canal chinês da Rádio Macau. Este valor representa um aumento de 60 por cento face ao mesmo período do ano passado. Mais de metade das queixas foram feitas por residentes e relacionam-se
com a recusa de transporte, cobranças excessivas, desrespeito pela ordem de chegada nas paragens, realização de percursos excessivamente longos e negociação de preços.
AUTORA: ANA CATARINA DE FIGUEIREDO ANTUNES FÉLIX PONTES NOORDZIJ, casada, de nacionalidade portuguesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente de Macau, residente em Macau, na Avenida de Luís de Camões, Hellene Garden, Lote 1, Bloco 3, Camelia Court, 5.º andar F, Coloane.
RÉU: GERRIT JURIANUS NOORDZIJ, casado, de nacionalidade holandesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente de Macau, com última morada conhecida em Macau, na Avenida de Luís de Camões, Hellene Garden, Lote 1, Bloco 3, Camelia Court, 5.º andar F, Coloane, ora ausente em parte incerta.
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FAZ-SE SABER que pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu acima identificado, para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, contestar, querendo, a Acção de Divórcio Litigioso, com a advertência de que a intervenção do citando nos autos implica a constituição de advogado – art.º 74º do Código Processo Civil e a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pela Autora.
O pedido formulado nos presentes autos resumidamente consiste em declarar-se dissolvido o casamento entre a Autora e o Réu, tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra na Secretaria do Juízo de Família e de Menores à disposição do citando.
RAEM, 30 de Março de 2023
A DSAT “tem vindo a auxiliar o escoamento do trânsito nas horas de ponta através do ajustamento da distribuição de tempo das sinalizações luminosas e orientação de trânsito no local”
Habitação Índice de preços com subida ligeira
Entre Dezembro de 2022 e Fevereiro de 2023 o índice global de preços da habitação foi de 245,7, tendo crescido 0,2%, em comparação com o período entre Novembro de 2022 e Janeiro de 2023. O índice
de preços de habitações da Península de Macau (244,1) e o índice da Taipa e Coloane (252,1) aumentaram 0,1% e 0,7%, respectivamente, de acordo com os Serviços de Estatística e Censos. O índice de preços de
GRIPE CASOS CONTINUAM A AUMENTAR, URGÊNCIAS DO SÃO JANUÁRIO REFORÇADAS
Em tempos de pingo
Macau está a atravessar um pico de gripe e não se espera uma quebra tão depressa, disse o director clínico do Centro Hospitalar Conde de São Januário. O elevado número de casos explica-se, em parte, com o uso prolongado de máscara e consequente quebra na imunidade
Oserviço de urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) tem enfrentado este mês um aumento do número de doentes com sintomas de gripe. Segundo Lei Wai Seng, director clínico do hospital, citado pelo canal chinês da Rádio Macau, o território está a atravessar o pico de casos de gripe e a tendência é de crescimento.
Desta forma, e para dar resposta ao aumento de pacientes, o CHCSJ alocou mais recursos humanos para as urgências. Só este domingo as urgências do hospital público receberam mais de 900 pessoas, tendo o número de casos de gripe registado uma ligeira quebra antes dos feriados da Páscoa. Nos dias da semana foram atendidas diariamente uma média de 600 pessoas, com o dia de maior afluência a chegar aos 1.050 doentes atendidos.
Trata-se, segundo Lei Wai Seng, de casos de gripe registados, maioritariamente, em crianças, havendo também mais adultos jovens com sintomas. Nota-se
IC Três propostas para explorar café do Centro Cultural
habitações construídas (263,8) ascendeu 0,4%, em relação ao período anterior. Também o índice da Península de Macau (254,0) e o índice da Taipa e Coloane (303,0) subiram 0,3 por cento e 0,7%, respectivamente.
O Instituto Cultural (IC) recebeu três propostas para a exploração do Café do Centro Cultural de Macau, de acordo com a informação divulgada online. As propostas foram apresentadas pelas empresas
Oficina de Hambúrguer N8, com uma renda mensal de 22 mil patacas, Cheong Chi Fong, renda de 36,9 mil patacas, e ainda pela The Hideout Coffees, com um valor de 35 mil patacas por mês. A renda mínima para
a participação no concurso era de 20 mil patacas. O contrato de arrendamento, quando adjudicado, tem uma duração de 36 meses. Nos primeiros seis meses os arrendatários gozam de isenção de renda.
ainda o aumento de casos de idosos internados com infecções, pneumonia ou agravamento de doenças crónicas. Um dos casos recentemente divulgado é o de um idoso de 75 anos, internado com gripe A, que, segundo uma nota de imprensa de quinta-feira, necessita ainda de estar ligado a um ventilador.
A culpa da máscara
Lei Wai Seng frisou ontem que o elevado número de casos se deve, em parte, ao uso prolongado de máscara nos últimos meses devido à pandemia, que contribuiu para a descido da imunidade, tornando o surto de gripe este ano mais forte. O director clínico sugeriu o uso de máscara em locais públicos, ou mesmo em casa, por parte de quem apresenta sintomas de gripe, a fim de evitar a propagação do vírus.
Relativamente aos casos de gripe
A, já foram contabilizados pelas autoridades 110.
De frisar que na última edição do programa radiofónico Fórum
Macau, transmitido na semana passada, Leong Iek Hou, chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis do
Só no domingo, as urgências do hospital público receberam mais de 900 pessoas, tendo o número de casos de gripe descido ligeiramente antes dos feriados da Páscoa
Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde (SS), deu uma explicação para o aumento do número de casos de gripe nas escolas. A responsável dos SSM disse que a ocorrência de mais casos deve-se, em parte, ao uso prolongado de máscara no contexto da pandemia da covid-19, que terá baixado a imunidade dos mais novos.
“Muitos especialistas já falaram sobre esse problema. Particularmente para as crianças, tinham menos oportunidades de contactar com os vírus no ambiente, incluindo o da gripe. Isso faz que
a sua imunidade possa ser mais baixa agora em relação à influenza, provocando mais infecções neste surto”.
Na última quinta-feira, os SS detectaram mais um caso colectivo de gripe numa turma da Escola Oficial Zheng Guanying, que atingiu sete alunos, cinco meninos e duas meninas, com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos. Os sintomas, tal como febre e tosse, começaram a manifestar-se dois dias antes, tendo alguns alunos sido submetidos a tratamento médico. Não houve casos graves ou de internamento. Andreia Sofia Silva
CCCM RELAÇÃO ENTRE PORTUGAL E MACAU CELEBRADA COM EXPOSIÇÃO
Testemunhos de amor
UMA garrafa de porcelana com cinco séculos e a última bandeira hasteada na transferência da administração de Macau são alguns dos objectos que contam a relação entre Portugal e a Macau no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa.
Estas são apenas duas das cerca de 4.000 peças patentes no espaço museológico do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e que pretendem “dar uma ideia de 5.000 anos de história e arte chinesa, que vai desde o período neolítico até ao início do século XX”, como explicou o director do museu, Rui Dantas.
Neste espaço, adiantou à Lusa, os visitantes podem perceber “como Macau foi criado e as relações que se estabeleceram entre a Europa e a Ásia, a partir de Macau”.
O acervo conta com exemplares das primeiras cerâmicas neolíticas, até terracotas funerárias, bronzes, cerâmica song, objectos para o fumo do ópio, pinturas, pratas e leques, entre outros.
Um dos objectos em destaque é uma garrafa decorada que foi encomendada, em 1522, por Jorge Álvares, um mercador abastado de Freixo Espada à Cinta que teve como sócio Fernão Mendes Pinto e foi um dos pioneiros portugueses no negócio da porcelana.
A obra assinala o início do comércio da porcelana, sendo uma das primeiras peças de encomenda no arranque de um vasto percurso de trocas comerciais, explicou o director do Museu de Macau.
Buda de Pun Yu Shu
Outra peça em destaque é um Buda assinado pelo artista cerâmico Pun Yu Shu, discípulo do célebre mestre da cerâmica de Shek Wan, e que foi encomendada pelo coleccionador Silva Mendes, o primeiro europeu a coleccionar peças de qualidade com as características da cerâmica de Shek Wan.
O espaço conta com um apontamento sobre a transferência (da administração do território de Portugal para a China), tendo exposta a última bandeira a ser arreada nas cerimónias oficiais da transferência da administração de Macau, em 1999.
Foi precisamente esse o ano em que o CCCM foi criado, com o objectivo de “promover o conhecimento das relações entre a Europa e a Ásia”, propósitos que se mantêm, com uma forte componente na formação, segundo a presidente do Centro, Cármen Mendes.
Nesta área, destacou o curso de Cultura e Língua Chinesa, recordando que o centro foi “a primeira instituição a leccionar este curso em Portugal”.
Segundo Cármen Mendes, este é um centro “vivo”, com a passagem de muitos investigadores, doutorandos, bolseiros e pessoas interessadas nas relações entre Portugal e a Ásia, e outras que simplesmente não resistem a ofertas de formação como, por exemplo, sobre o patuá ou o guzheng (instrumento de música tradicional chinesa), administradas neste espaço.
“Temos cada vez mais visitantes, não só na nossa biblioteca - que é a melhor biblioteca com obras sobre a Ásia em Portugal, que reúne investigadores e outros interessados na Ásia -, o nosso museu e os cursos de formação que vamos leccionando para especialistas, académicos e também a sociedade civil e o público em geral”, indicou à Lusa.
Ao nível da investigação, sublinhou, “o centro tem tido um papel pioneiro na ligação de todos
os académicos que trabalham sobre a Ásia em Portugal, alguns portugueses no estrangeiro e alguns estrangeiros com fortes ligações à academia portuguesa”.
Incentivo à investigação
Cármen Mendes destacou ainda as Conferências da Primavera, que reúne cerca de 180 oradores e a atribuição de bolsas de doutoramento anuais, financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que tutela o Centro,
a estudantes de doutoramento que fazem investigação sobre a Ásia.
O CCCM conta com 25 bolseiros de doutoramento, voluntários que neste espaço conseguem uma grande proximidade com a Ásia. “Temos aqui pessoas das mais diversas áreas disciplinares – da arte, religião, língua, cultura, também história e economia, mas há algo que as une: A paixão pela Ásia”, afirmou
Cármen Mendes mostra-se entusiasmada com a criação de uma incubadora científica e académica, que “vai permitir investigadores, empresários e até artistas terem esta ligação a Macau, através da Universidade de São José, a Universidade Católica de Macau”.
Em relação à biblioteca, a chefe da divisão de Informação e Documentação do CCCM, Helena Dias Coelho, apresenta-a como primeiramente “vocacionada para o estudo das relações entre Portugal e Macau” e, mais tarde, alargado a toda a Ásia.
“Somos, sobretudo, procurados por estudantes de estudos asiáticos, investigadores, muito por jovens estudantes de ensino superior, doutorandos e a nossa documentação responde a este tipo de procura”, disse à Lusa.
“O centro tem tido um papel pioneiro na ligação de todos os académicos que trabalham sobre a Ásia em Portugal.”
CÁRMEN MENDES PRESIDENTE DO CCCMNessa biblioteca, as obras mais procuradas são as gerais da história da Ásia, mas também os espólios, nomeadamente do monsenhor Manuel Teixeira, um historiador que viveu em Macau, onde publicou mais de uma centena de livros e centenas de artigos na imprensa.
Foi o próprio que doou o seu espólio ao CCCM, estando o mesmo devidamente tratado e consultável, repartido entre livros, fotografias, textos e pequenas notas.
Nos arquivos da biblioteca está ainda uma colecção de microfilmes constituída por cerca de 7.000 microfilmes, com mais de 50.000 documentos essenciais para o estudo de Macau e das suas instituições, entre o início do século XVII e meados do século XX.
Fundação Oriente Carlos Monjardino em Macau
O presidente da Fundação
Oriente, Carlos Monjardino, está em Macau, e tem encontros agendados com o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao
Ieong. A informação foi avançada pela TDM-Rádio, a quem Carlos Monjardino tinha adiantado em Março os detalhes sobre a visita.
Durante a estadia no território, o presidente da Fundação
Oriente vai ainda encontrar-se com o cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, e manter reuniões de trabalho com a nova delegada da Fundação Oriente, Catarina Cottinelli.
O Centro Científico e Cultural de Macau organiza uma exposição que apresenta um vislumbre de cinco milénios de história e arte da China. A mostra tem como objectivo realçar a importância da RAEM nas relações entre Ásia e Europa
As grandes conquistas científico-tecnológicas
Cláudia(Continuação
do número anterior)
5. Tecnologia industrial
Os chineses cedo desenvolveram tecnologias industriais em múltiplas frentes. Descobriram as qualidades da laca e começaram a aplicá-la como material de protecção e decoração. A história da utilização de laca na China remonta a 4.000 anos. Foi a partir de lá que o trabalho em laca se foi espalhando pelos demais territórios asiáticos. A laca em bruto é retirada na China através de cortes feitos na casca da árvore Toxicodendron vernicifluum. Quando está seca, a laca é resistente à água, reforçando e preservando as superfícies sobre as quais é aplicada. Também se pode tornar na principal substância de que os objectos são feitos.
Os chineses descobriram o papel cerca de 140 a.C., mas não o utilizaram logo para escrever. Servia para embalar e para recauchutar peças de vestuário. Foi no séc. I d.C. que adquiriu a nova função de registar a escrita. Além da escrita, o papel foi utilizado para inúmeros fins, por exemplo, para a pintura e para fabricar foguetes. A China também se tornou no primeiro local do mundo a ter papel higiénico, pois de acordo com registos históricos já era usado no séc. VI d.C. No final do séc. XIV, registou-se que se tinham fabricado 720 000 folhas de papel higiénico grandes para a corte imperial. O papel higiénico chegou ao Ocidente só no séc. XIX e só no início do séc. XX ganhou popularidade.
Os chineses inventaram o guarda-chuva/guarda-sol no séc. IV d.C. que era feito de um papel grosso e oleoso com origem na casca de amoreira. O do imperador da época era amarelo e vermelho e os dos restantes mortais eram azuis.
Em 618 d.C. inaugurou-se a publicação de um jornal da corte, com várias dezenas de exemplares. No alvor do séc. IX, algo já semelhante às notas bancárias se encontrava a circular pela China. Eram análogas a notas de crédito ou notas de câmbio emitidas de forma privada. Por exemplo, um comerciante que depositasse o seu dinheiro na capital recebia um “certificado de câmbio” em papel que podia trocar depois noutras cidades por moedas de metal. Em 900 d. C., no Sichuan, o dinheiro em notas de papel como meio de troca já estava em vigor. A primeira impressão de dinheiro em papel na Europa ocorreu na Suécia em 1661.
Além de inventarem o papel, os chineses inventaram a imprensa e os tipos
móveis, que eram feitos em madeira ou em cerâmica. O primeiro texto completo impresso, através da impressão em bloco, foi o Sutra do Diamante datado de 868 d.C. que foi encontrado em Dunhuang por um monge em 1900. Consistia em sete grandes folhas coladas para formar um pergaminho, uma delas com uma imagem em xilogravura. Os tipos móveis foram inventados menos de 200 anos depois. Em 1107 d.C., os chineses deram novo passo em frente e inventaram a impressão multicor através da introdução de seis cores, com a finalidade principal de tornar mais difícil falsificar o dinheiro em papel. E, em 1155, deram à estampa o primeiro mapa impresso do mundo, um mapa da China ocidental. As técnicas de impressão foram desenvolvidas por Wang Zhen em 1313, quando conseguiu ter à disposição mais de 60 000 caracteres chineses feitos de madeira que utilizou para imprimir o seu Tratado de Agricultura (農書 Nongshu).
No ano de 751 d. C., em Samarcanda, na Ásia central, os árabes aprenderam os segredos do fabrico de papel através de chineses. No séc. XI, os árabes revelaram esses segredos à Europa. Na Europa, a invenção da impressão com tipos móveis por Gutenberg que teve lugar em 1450 aconteceu de maneira independente, mas a impressão com
blocos, essencial para a impressão com tipos móveis, foi provavelmente conhecida por difusão a partir da China.
O carrinho de mão, que só cerca do séc. XIII começou a ser utilizado na Europa, era corrente na China pelo menos desde o séc. I a.C. Desempenhavam papéis importantes em assuntos militares, como o fornecimento de homens ou de provisões, dado poderem carregar tanto uns como outros para uma batalha. Também formavam com eles barreiras protectoras e móveis contra cargas de cavalaria. Em alguns acrescentavam velas e esses podiam deslocar-se a alta velocidade na terra e no gelo.
Algo muito semelhante ao paquímetro deslizante já era utilizado para medições na China no séc. I d.C.. Só lhe faltava a peça giratória. Parece ter sido inventado muito tempo depois na Europa por Leonardo da Vinci.
Uma das maiores invenções das China foi a porcelana, fabricada pela primeira vez por volta de 600 d.C. A cerâmica chinesa tornou-se, de longe, na mais avançada do mundo. Considera-se que o fabrico de porcelana atingiu o auge na dinastia Song (960-1279). No Ocidente, o termo porcelana refere-se a cerâmica branca cozida a alta temperatura (cerca de 1300º) em condições oxidantes ou redutoras e de corpos translúcidos. As porcelanas do norte da China recorriam predominantemente à argila rica em caulino (gaoling) e à oxidação. No sul, era a pedra de porcelana (baidunzi ou ‘petuntse’), rica em
feldspato, o material principal e a redução era o processo mais comum. Os inventores da roda de fiar também foram os chineses. É muito provável que a roda de fiar e outras máquinas relacionadas com têxteis fossem introduzidas na Europa a partir da China através dos mercadores italianos que lá se deslocaram na dinastia Yuan (1279–1368). A primeira referência a uma roda de fiar na Europa data de 1280 d.C. Não esqueçamos que a seda, uma das fibras mais antigas, teve origem na China entre 4.000 a 3.000 a.C. Os chineses descobriram que o bicho-da-seda produz as fibras mais longas da natureza, com cerca de novecentos metros de comprimento e perceberam que era superior ao pêlo animal e às fibras vegetais. Em 53 a. C., os romanos que guerreavam contra soldados inimigos da Pártia viram seda pela primeira vez nos seus estandartes. Durante largos séculos, entre muitos outros bens, a seda foi transportada para o Ocidente por mercadores através da chamada Rota da Seda.
6. Matemática e Medicina
Na área da matemática, deve-se aos chineses o sistema decimal que criaram no séc. XIV a. C. e que se espalhou pelo mundo. Parece ter atingido a Europa apenas no séc. VIII d.C., através dos árabes de Al-Andaluz. Além do sistema decimal, os chineses lidavam também com fracções decimais pelo menos desde o séc. V a. C., com os avanços do matemático e astrónomo Liu Xin. O conhecimento
científico-tecnológicas dos chineses
Ribeiro
acerca das fracções decimais viajou da China para Samarcanda no séc. XIV ou XV d. C., tendo atingido a Europa apenas em 1530. Antes de 300 a.C., os chineses já tinham desenvolvido os primeiros quadrados mágicos. Trata-se de matrizes de números escolhidos de tal modo que se obtém o mesmo valor através da soma das linhas, colunas e diagonais. No séc. II a.C., já lidavam com número negativos, algo cuja existência foi muito difícil de aceitar na Europa, onde só em meados do séc. XVI começaram a ser adoptados, embora tivessem surgido em 275 d.C. numa obra do matemático grego Diofanto de Alexandria. Este descreveu-os, todavia, como sendo absurdos enquanto solução de uma equação.
Quando o ano 50 d.C. se aproximava, veio a lume a colectânea de Liu Hui Jiuzhang suanshu (“Nove Capítulos da Arte Matemática”), que registava a matemática conhecida pelos chineses em nove capítulos que expunham 246 problemas, métodos de medição, razão e proporção, construções, métodos para solução de equações e sistemas de equações e aplicações do teorema de Pitágoras. Antes da época de Pitágoras, já esse teorema era conhecido pelos babilónios, pelos egípcios e pelos chineses. O Zhoubi Suanjing (周髀算 经, O Clássico da Aritmética do Gnómon dos Zhou), uma compilação do séc. I a. C. sobre o conhecimento matemático e astronómico da dinastia Zhou (1046–256 a.C.), apresenta a primeira prova conhecida desse teorema.
Como já se referiu, em finais do séc. I ou no início do séc. II d.C., Zhang Heng propôs para π a raiz quadrada de 10 (cerca de 3 1623). Em 263 d.C., Liu Hui recorreu a polígonos de até 3072 lados para calcular o valor de π como 3 14159. No mesmo ano, forneceu uma prova do teorema de Pitágoras e calculou o volume de uma esfera, de cilindros e de sólidos semelhantes, através de algo análogo ao conceito de limite.
Em 635 d.C., o valor de π foi calculado como 3 1415927 (usando decimais) na história oficial da dinastia Sui. Na Europa de 1600 d.C., o matemático holandês Adriaan Anthonisz e o seu filho calculavam π ainda como 3 1415929.
Uma grande contribuição chinesa para a matemática foi a extracção de raízes quadradas e raízes cúbicas segundo um processo semelhante ao de W. G. Horner, de 1819, que era praticado pelo menos desde o séc. I a. C. No séc. III d.C., os chineses descreviam figuras geométricas através de equações algébricas.
Recorriam regularmente à álgebra para auxílio na geometria. Os procedimentos chineses foram passados aos árabes no séc. IX d. C. e Leonardo Fibonacci parece ter sido o primeiro a utilizá-los na Europa em 1220 d. C. A data do primeiro registo conhecido que descreve o chamado triângulo de Pascal (Blaise Pascal, 1623-1662) é 1303 d. C. e foi publicado pelo grande matemático chinês Zhu Shijie, embora não seja claro se foi fruto de uma transmissão a partir dos árabes para os chineses ou vice-versa. Em 800 d. C., os matemáticos chineses usavam o método das diferenças finitas para resolver equações, um processo iterativo que fornece soluções aproximadas da solução real. E, no séc. XIII, praticavam equações numéricas de grau superior a três, contando vários séculos de avanço em relação ao Ocidente. Em 1593, surgiu na China a primeira descrição de um ábaco chinês moderno. Todavia, a primeira referência impressa à “aritmética com bolas”, a forma primitiva do ábaco, aparece num texto chinês de 700 d.C.. E esse mesmo texto implica que o ábaco remonta ao séc. II d.C.
Quanto à área da medicina, sabe-se que a acupuntura era amplamente utilizada como terapia na China há mais de dois mil anos. Embora a cirurgia seja talvez a forma mais antiga de medicina, na China preferia-se a acupuntura à cirurgia invasiva.
A antiga filosofia natural chinesa elaborou teorias de um refinamento extremo para a época acerca da matéria e dos seres vivos, levando os chineses a acreditar desde sempre que o sangue circula por todo o corpo. Na Europa, essa ideia surgiu apenas no séc. XVI e a sua absorção foi lenta. Os chineses também sabiam que a pulsação derivava dos batimentos do coração, tendo identificado vinte e oito tipos de pulsação diferentes. Além disso, estavam cientes dos ritmos circadianos, algo de muito recente na medicina ocidental. Eram ainda bri-
lhantes na endocrinologia. No séc. VII, já estavam a usar a hormona da tiróide para tratar o bócio, que sabiam distinguir de um tumor. O tratamento do bócio com iodo atingiu a Europa a partir da China no séc. XII. Entre 1025 e 1833 d. C., os chineses conheciam pelo menos dez métodos para obter hormonas sexuais e pituitárias através da urina. A produção dessas hormonas era feita em grande escala sob a forma de medicamentos a que chamavam ‘mineral do outono’. A descoberta de que a urina continha tais hormonas só foi feita na Europa em 1927.
No séc. VII d.C., o médico chinês Zhen Chuan, tonou-se na primeira pessoa a notar os sintomas de diabetes mellitus, incluindo sede e urina adocicada. Avançou com explicações e dietas para essa condição que não distam muito das soluções actuais. Um dos contributos para a medicina dentária profilática foi a invenção, em 1498 d.C. (é possível que tenha ocorrido antes, na dinastia Tang, 619 e 907 d.C.), da escova de dentes de cerdas, semelhantes às que hoje se utilizam. As cerdas eram feitas de pêlos grossos de suínos. O cabo era feito de osso ou bambu e as cerdas eram inseridas em pequenos orifícios numa extremidade. Estas escovas de dentes de pelo de porco foram exportadas para a Europa ao longo do séc. XVII, mas os europeus preferiram a crina de cavalo, por ser mais macia.
(Continua no próximo número)
Bibliografia
• Bunch, Bryan e Hellemans, Alexander (2004) The History of Science and Technology New York: Houghton Mifflin Company
• Colectivo, Chine. Les Inventions qui ont changé le monde. Les Cahiers de Science et Vie, n. 113, Oct-Déc. 2009
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• Ross, Frank Xavier (1982) Oracle Bones, Stars, and Wheelbarrows. Ancient Chinese Science and Technology, Boston: Houghton Mifflin Company
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“Ilustração de
ensinar à humanidade como preparar medicamentos. Retirada do Buyi Lei Gong paozhi bianlan (補遺雷公炮制便覽, Suplemento do guia de Lei Gong para a preparação de medicamentos), publicado em 1591. Domínio público.
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• Temple, Robert (2007) The Genius of China, London: Andre Deutsch Ltd
NAVIO
Em todo o lado, ao mesmo
Depois da visita da líder de Taiwan aos EUA, que motivou uma forte reacção chinesa, e de uma delegação do Congresso visitar Taipé, um navio de guerra americano passeia-se pelo Estreito. Pequim declarou esta presença como sendo “ilegal”
AMarinha norte-americana anunciou ontem que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China, com Pequim, em manobras militares em torno de Taiwan, a denunciar “a intrusão” do contratorpedeiro. “Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legais do mar”, disse a Marinha dos Estados Unidos, numa declaração, acrescentando que o USS Milius tinha passado perto das ilhas Spra-
tly. O navio passou a menos de 12 milhas náuticas (22 quilómetros) do recife Mischief, reivindicado pela China.
“O contratorpedeiro lança-mísseis USS Milius entrou ilegalmente nas águas adjacentes ao recife Mei-
COREIA DO NORTE XI QUER REFORÇAR LAÇOS
OPresidente chinês, Xi Jinping, transmitiu ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, o seu desejo de reforçar a “orientação estratégica” dos laços bilaterais, noticiaram ontem os meios de comunicação estatais. Xi Jinping enviou esta mensagem através de uma carta em resposta às anteriores felicitações de Kim Jong-un, pela sua recente reeleição como presidente da China, segundo a agência estatal norte-coreana KCNA.
O líder chinês “atribui grande importância às relações entre os dois partidos e os dois países, e manifestou o seu desejo de acelerar o desenvolvimento da causa socialista de ambos os países e de promover a paz regional, a
estabilidade, o desenvolvimento e a prosperidade, através de um reforço da orientação estratégica das relações bilaterais”, de acordo com a KCNA.
A mensagem do líder chinês foi transmitida pelo novo embaixador de Pequim na Coreia do Norte, Wang Yajun, que apresentou as suas credenciais esta semana. Wang Yajun tornou-se o primeiro diplomata a assumir o cargo naquele país isolado, desde que o regime impôs um rigoroso encerramento da fronteira em março de 2020 devido à pandemia. Especialistas acreditam que Pyongyang permitiu a entrada de Wang Yajun em situação excepcional, por Pequim ser o seu principal parceiro comercial e estratégico.
ji [nome oficial chinês para o recife Mischief] nas ilhas Nansha [nome chinês das Spratly] da China, sem a autorização do Governo chinês”, declarou o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês Tian Junli. A força
aérea chinesa “seguiu e vigiou o navio de guerra”, acrescentou em comunicado.
A passagem deste navio de guerra norte-americano numa zona contestada ocorreu quando a China realiza pelo terceiro dia
consecutivo exercícios militares em redor de Taiwan, em protesto contra uma visita aos EUA da líder da ilha, Tsai Ing-wen.
A China disse ontem que mobilizou caças com “munição real” e o porta-aviões Shandong para
DE GUERRA DOS ESTADOS UNIDOS NO MAR DO SUL DA CHINA, PEQUIM DENUNCIA “INTRUSÃO”
executarem “ataques simulados” a alvos em Taiwan, após ter cercado o território com dezenas de aviões e navios de guerra. “Vários grupos de caças H-6K com munição real realizaram vários ataques simulados em alvos importantes na ilha de Taiwan”, informou o Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, especificando que o Shandong também “participou nos exercícios”.
O exército chinês enviou dezenas de caças e 11 navios de guerra para próximo de Taiwan, na sequência do encontro entre a líder da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy, informou o Ministério da Defesa de Taiwan.
Os militares chineses anunciaram anteriormente “patrulhas de prontidão de combate” para um período de três dias, num aviso a Taiwan. A decisão de enviar aviões e navios de guerra para próximo do território surgiu após o encontro entre Tsai e McCarthy, na Califórnia. Este fim de semana, Tsai reuniu com uma delegação do Congresso dos EUA, depois de voltar a Taipé.
A China respondeu ao encontro entre Tsai e McCarthy com o aumento da actividade militar e a proibição de viagens e sanções contra entidades e pessoas associados à viagem de Tsai aos EUA.
Entre domingo e segunda-feira, 70 aviões cruzaram a linha
tempomediana do estreito de Taiwan, uma fronteira não oficial, de acordo com o comunicado do Ministério da Defesa de Taiwan. Entre os aviões que cruzaram o espaço aéreo constam oito caças J-16, quatro caças J-1, oito caças Su-30 e aviões de reconhecimento. Isto ocorreu depois de, entre sexta-feira e sábado, oito navios de guerra e 71 aviões chineses terem sido detetados perto de Taiwan, de acordo com o Ministério de Defesa da ilha.
O Ministério disse, em comunicado, que está a abordar a situação de uma perspectiva de “não escalar conflitos e não causar disputas”.
Taiwan disse estar a monitorizar os movimentos chineses através dos sistemas de mísseis em terra e navios da Marinha.
Além das patrulhas de prontidão de combate, o Exército de Libertação Popular da China vai realizar exercícios com fogo real na baía de Luoyuan, na província de Fujian, que fica no leste da China e defronte a Taiwan, anunciou a Autoridade Marítima local no fim de semana.
Nos últimos anos, as incursões de jactos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a ex-presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA Nancy Pelosi ter visitado a ilha, em agosto passado, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, incluindo lançamento de mísseis e uso de fogo real.
A bala eleitoral
Washington afirma que China pode conquistar Taiwan sem um só tiro
OS Estados Unidos advertiram ontem de que a China poderá conquistar Taiwan “sem um só tiro”, se o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês, PNC), vencer as eleições presidenciais taiwanesas de 13 de janeiro de 2024.
“Aqui há um debate político com dois partidos diferentes: um partido quer falar com a China [o Kuomintang] e o partido da [actual] Presidente, Tsai Ing-Wen [o Partido Progressista Democrático, PPD], não quer ser parte da China”, afirmou o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Michael McCaul, numa entrevista à estação televisiva NBC, em resposta a uma pergunta sobre se a população de Taiwan quer um confronto militar.
Gargalhada geral
“Penso que as próximas eleições, em Janeiro, vão ser de enorme importância, porque creio que, como o ex-presidente Ma [Ying
NOVE ANOS DE PRISÃO POR SEQUESTRAR E MALTRATAR MULHER
Ohomem, cuja mulher foi encontrada acorrentada pelo pescoço, no ano passado, na China, num caso que causou indignação no país, foi condenado a nove anos de prisão, anunciou o tribunal. As imagens desta mãe em grande sofrimento, acorrentada num celeiro, na província de Jiangsu, leste da China, causaram forte comoção na China, em janeiro de 2022, após o caso ter sido divulgado ‘online’. O casal tem oito filhos.
O marido, Dong Zhimin, foi detido, junto com
várias outras pessoas, acusadas de tráfico de seres humanos. Ele foi condenado a seis anos e seis meses de prisão por “maus-tratos” e a mais três anos por sequestro, anunciou o Tribuwnal Popular Intermédio da cidade de Xuzhou.
“Foi condenado a apenas nove anos de prisão após ter destruído a vida de outra pessoa”, afirmou um utilizador na rede social Weibo, em sintonia com muitos outros comentários. “Está longe de ser suficiente, mas prova que a Internet
é útil. Sem toda esta atenção, o caso teria sido silenciado”, disse outro internauta, referindo-se à indignação nas redes sociais.
Cinco pessoas julgadas no caso também foram condenadas a penas entre oito e 13 anos de prisão. De acordo com as autoridades, a mulher foi raptada da sua terra natal em Yunnan, no sudoeste da China, a cerca de dois mil quilómetros de onde foi descoberta. Foi então vendida por várias vezes, incluindo uma vez em 1998, por 5.000 yuan.
Heou, do Kuomintang] está neste momento na China, a China vai tentar influenciar essas eleições e conquistar a ilha sem disparar um só tiro”, sustentou McCaul, classificando o partido Kuomintang como pró-Pequim, o que provocou uma gargalhada geral entre especialistas e comentadores.
O congressista republicano participa num périplo por Taiwan, Coreia do Sul e Japão, iniciado após o encontro entre o presidente da Câmara de Representantes, o também republicano Kevin McCarthy, e a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-Wen, no Estado norte-americano da Califórnia, que tem sido alvo de protestos por parte de Pequim.
Armas e mais armas
O próprio McCaul se reuniu hoje com Tsai e sublinhou que “o que aconteceu em Hong Kong e a invasão russa da Ucrânia”, “abriram os olhos” à população de Taiwan que, por isso, está “muito nervosa”. O congressista norte-
-americano sublinhou, assim, que a capacidade militar de Taiwan “não está ao nível a que precisa de estar” para responder a uma possível invasão chinesa.
“Não está ao nível a que precisam que esteja. Se vamos ter uma paz por dissuasão, necessitamos que as armas cheguem a Taiwan”, explicou McCaul, referindo-se ao fornecimento de armamento norte-americano acordado entre ambas as partes em dezembro.
O Kuomintang tem defendido uma aproximação à China, embora rejeite ser favorável a Pequim: o partido frisou que existe a necessidade de “tentar reduzir a tensão no estreito [de Taiwan] para promover os interesses da população e que as partes possam iniciar uma nova era de forma amigável”. Trata-se do mesmo partido (o Kuomintang) que controlava o Governo chinês liderado por Chiang Kai-Shek e que foi derrotado na revolução maoista que culminou com a tomada do poder em 1949.
Tesla vai abrir nova fábrica em Xangai
A Tesla, fabricante norte-americana de carros, vai abrir uma nova fábrica em Xangai, na China, com uma capacidade inicial para produzir 10.000 baterias Megapack por ano, avançou a agência chinesa Xinhua. Este será segunda fábrica da Tesla em Xangai, onde já abriu um espaço em 2019. A fábrica deverá começar a produzir no segundo trimestre de 2024 e tem uma capacidade
inicial de 10.000 baterias Megapack por ano, que conseguem armazenar mais de três megawatts-hora de energia. A notícia surge pouco após o fundador da Tesla, Elon Musk, ter anunciado aos investidores o novo plano de expansão da marca. Em março, Musk já tinha confirmado a construção de uma fábrica no México, destinada à montagem de veículos.
Executado homem que atropelou multidão
Um homem foi na sexta-feira executado pela justiça chinesa, após condenação à morte, por ter conduzido deliberadamente um carro contra um grupo de pessoas, em maio de 2021, causando cinco mortos e oito feridos. O Tribunal Popular Intermédio da cidade de Dalian, no nordeste da China, havia condenado a pena de morte o homem, sob a acusação de “pôr em perigo a segurança pública”. O condenado, Liu Dong, atropelou pedestres que atravessavam a rua Wuhui, em Dalian, na passadeira, “porque não conseguiu lidar com o falhanço de um investimento”, informou o tribunal em 2021. O tribunal revelou que quatro pessoas morreram no local, enquanto outra acabou por não resistir aos ferimentos e morreu no hospital. Oito outras pessoas ficaram feridas. Após o atropelamento, Liu foi contra uma carrinha, abandonou o veículo e deixou o local.
VISITA MACRON RECEBIDO COM TODAS
AS HONRAS, URSULA
VON DER LEYEN EM TOM MUITO MENOR
O belo e a monstra
Uma visita, duas atitudes. Emmanuel Macron trouxe consigo a presidente da Comissão Europeia, que Pequim praticamente ignorou, enquanto proporcionava ao presidente francês uma visita cheia de sucessos e com grande cobertura mediática. No fim, Macron distanciou-se das posições americanas face a Pequim e considerou que a Europa deve alcançar “autonomia estratégica” e tornar-se no “terceiro pólo”
Opresidente francês Emmanuel Macron recebeu o tratamento completo de tapete vermelho a semana passada em Pequim: foi-lhe oferecido um banquete estatal, foi saudado por desfiles militares, tiros de canhões na Praça Tiananmen e, quando o seu avião aterrou, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China deu-lhe pessoalmente as boas-vindas. Já quando a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen chegou à China foi recebida pelo ministro da Ecologia, na saída regular de passageiros no aeroporto de Pequim.
Durante os dias da visista, a agenda de Macron esteve sempre a transbordar, já a de Ursula von der Leyen foi minimal. Enquanto Macron assistia a um banquete de estado na quinta-feira à noite com o Presidente chinês Xi Jinping, von der Leyen dava uma conferência de
imprensa na sede da própria delegação da UE. Enquanto os meios de comunicação social chineses relatavam a relação sino-francesa com notas positivas, demonizavam von der Leyen como um “fantoche americano”.
A estratégia chinesa começou na quinta-feira, quando Xi desceu os degraus do Grande Salão do Povo para saudar o presidente francês com sorrisos e um aperto de mão.
Abaixo de uma linha de bandeiras vermelhas, os dois líderes trocaram saudações com uma reunião que incluiu alguns dos conselheiros de Macron. Quem não estava presente era von der Leyen. Ela juntar-se-ia mais tarde às reuniões, subindo sozinha as escadas do Grande Salão.
Convite falhado
A decisão de Macron de convidar von der Leyen para a viagem pretendia ser uma demonstração da unidade europeia. Mas o resultado
foi tudo menos isso. Embora os funcionários da Comissão antes da viagem tivessem salientado que von der Leyen seguiria um calendário diferente do presidente francês - e não participaria na sua visita de estado - o resultado foi desarticulado.
Os meios de comunicação estatais chineses fizeram as suas opções. Na página inicial da agência Xinhua, grande parte do foco centrou-se inteiramente em torno de Macron e dos laços da China com a França, deixando a UE como um assunto quase invisível. Noutros meios de comunicação social, von der Leyen foi vilipendiada - um tema que se acelerou desde que o chefe da UE proferiu na semana passada um discurso relativamente agressivo sobre a China.
“A viagem de Macron tem a expectativa de que a China dará um impulso à França ... mas ao trazer von der Leyen, parece que falta um pouco de sinceridade a Macron”,
lê-se num artigo publicado por uma plataforma de comunicação social afiliada ao Ministério da Defesa. E continua: “Von der Leyen, uma conhecida personalidade pró-EUA, vende a Europa para lucrar com os EUA, que não se poupa a esforços para empurrar a Europa a confrontar a Rússia. Conseguiu chegar à China apenas por se ter agarrado a Macron”.
Vários comentadores com enormes seguidores nas plataformas de comunicação social chinesas dizem que a visita de von der Leyen foi realizada “com má fé”. “O seu objectivo está longe de ser simples”, de acordo com um comentador com um relato com um quarto de milhão de seguidores. “Os americanos podem tê-la encarregado de vigiar Macron”.
Mas não foram apenas os comentadores chineses que apreenderam a discórdia projectada pelas comunicações desencontradas da viagem.
As diferenças políticas de Macron e von der Leyen quando se trata da China - Macron, um líder ansioso por trabalhar com Pequim; von der Leyen, com uma perspectiva mais aguerrida - surgiu durante a visita.
A necessária distância Horas depois de ter aterrado na China na quarta-feira, já o presidente francês se distanciava do discurso principal de von der Leyen na semana passada. Questionado sobre o assunto durante uma reunião com a imprensa, Macron recusou-se a comentar o discurso e, em vez disso, disse que a UE “tem uma estratégia que foi definida no Conselho Europeu; esta estratégia é clara e definida, e é essa que é a nossa referência”, retirando assim peso à Comissão Europeia e à sua presidente.
Enquanto funcionários franceses sublinharam que Macron não estava interessado em levantar a questão de Taiwan com os seus anfitriões,
von der Leyen discutiu o estatuto da ilha com Xi. “Ninguém deveria alterar unilateralmente o status quo pela força nesta região”, disse ela. “O uso da força para alterar o status quo é inaceitável e é importante que as tensões que possam ocorrer sejam resolvidas através do diálogo”.
Ucrânia sem nuclear, obrigado
Depois das conversações entre os presidentes, China e a França asseguraram apoiar “todos os esforços para restaurar a paz” na Ucrânia, ressalvando a sua oposição face a ataques armados contra centrais nucleares. A posição foi expressa num comunicado conjunto, citado pela agência Xinhua.
Os dois países defenderam ainda a procura por “soluções construtivas, tendo por base o direito internacional, para os desafios e ameaças ao nível da segurança e estabilidade global”. Para Pequim e Paris, as disputas devem ser assim resolvidas “pacificamente e através do diálogo”.
Na reunião com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, Macron disse saber que tem o apoio da China para “fazer a Rússia ver a razão e trazer todas as partes para a mesa de negociação”. O Presidente francês assinalou ainda que a “agressão da Rússia pôs fim a décadas de paz na Europa”, acrescentando estar confiante de que Pequim irá ajudá-lo a estabelecer as negociações tendo em vista “uma paz duradoura que respeite as fronteiras internacionalmente reconhecidas e evite” a escalada do conflito.
Por sua vez, Xi Jinping afirmou que, em conjunto com França, exorta a comunidade internacional a evitar actos que agravem a crise. Os dois países vão ainda aprofundar o entendimento sobre as questões de segurança e fortalecer o diálogo entre as várias potências.
Desde que o Presidente chinês se encontrou com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para apresentar as suas propostas de paz, Macron é o segundo líder europeu a viajar para a China, depois do espanhol Pedro Sánchez.
Autonomia estratégica
Mas o grande resultado político da viagem de Macron a Pequim talvez possa ser resumido na recomendação do Presidente francês, Emmanuel Macron, segundo a qual a Europa deve estabelecer a sua própria “estratégia de autonomia” fora do padrão estabelecido pelos Estados Unidos e China, para evitar ser arrastada pelas tensões entre as duas potências.
“O pior que pode acontecer é que os europeus acreditem que têm que se tornar seguidores e adaptar-se ao ritmo americano e às reações exageradas da China”, disse o chefe de Estado francês em entrevista ao jornal Les Echoes, publicada no regresso da sua visita à China. Macron fez essa consideração à luz
das actuais tensões entre Estados Unidos, China e Taiwan, neste momento palco de um exercício militar chinês sobre um bloqueio à ilha, em retaliação à visita da líder da ilha, Tsai Ing Wen, aos Estados Unidos.
“Por que devemos ir no ritmo escolhido por outros? Em algum momento, devemos perguntar-nos quais são os nossos próprios interesses”, afirmou. O Presidente francês explicou que a Europa pode acabar como uma “pinça” entre os Estados Unidos e a China se esse conflito se agravar. “À medida que o conflito entre este duopólio se acelera, não teremos tempo nem meios para financiar a nossa autonomia estratégica e ficaremos vassalos”, alertou.
Em vez disso, Macron defende a transformação da Europa num “terceiro polo” internacional, embora tenha advertido que a sua construção levará um tempo que talvez não haja.
“A autonomia estratégica deve ser a luta da Europa. Não queremos depender dos outros em questões críticas, porque no dia em que ficarmos sem margem de manobra em questões como energia, defesa, redes sociais ou inteligência artificial, o dia em que ficarmos sem a estrutura necessária sobre essas questões, ficaremos fora do ritmo da história”, concluiu.
Na sexta-feira à tarde, Xi Jinping encontrou-se com Emmanuel Macron no Songyuan de Guangzhou, onde manteve uma reunião informal com o líder francês. Xi disse que nos últimos dois dias, os dois lados tiveram “intercâmbios aprofundados e de alta qualidade em Pequim e Guangzhou, que aumentaram a compreensão e a confiança mútua, e clarificaram a direcção para a futura cooperação entre a China e a França a nível bilateral e internacional”.
“Estou satisfeito por partilharmos muitas opiniões comuns ou semelhantes sobre as relações China-França, China-UE, bem como muitas questões internacionais e regionais, reflectindo o elevado nível e a natureza estratégica das relações China-França”, disse Xi, observando que está disposto a continuar a manter a comunicação estratégica e a fazer avançar a parceria estratégica abrangente China-França para um nível mais elevado.
Macron disse que a visita foi muito bem sucedida e produziu resultados frutuosos, que ajudarão a fazer avançar as relações França-China para um maior progresso. O líder francês disse estar disposto a manter uma comunicação estratégica estreita com Xi, e congratula-se com a visita de Xi a França em 2024.
Os dois lados também divulgaram uma declaração conjunta na sexta-feira, prometendo reforçar os diálogos políticos e aumentar a confiança mútua política, promover conjuntamente a segurança e estabilidade globais, fazer avançar as trocas económicas e reiniciar os intercâmbios entre as pessoas e enfrentar conjuntamente os desafios globais.
“A recepção de alto nível a Macron durante a sua visita mostrou a nossa cortesia diplomática e que os nossos actos correspondem às nossas palavras”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China. “A China valoriza a tradição de independência da França e o seu importante papel no avanço do mundo multipolar, e esse respeito foi sublinhado pela hospitalidade que recebeu na China”, disse Cui.
“A visita não só resultou em negócios frutuosos nos domínios dos transportes, energia, agricultura, cultura e ciência, como também forneceu orientação para a futura direcção das relações China-França e China-UE, uma vez que os líderes de ambos os lados procuraram uma forma mais razoável de coexistir na era pós-pandémica e no meio da crise da Ucrânia, apesar das diferenças e competições”, afirmaram os especialistas.
A cooperação continua a ser prioritária
“É muito raro ver altos funcionários da UE a visitar a China no prazo de um mês (seguem-se Joseph Borrel, comissário para os Negócios Estrangeiros da UE e a MNE alemã), o que também mostrou que a Europa tem uma forte vontade de salvaguardar e desenvolver as suas relações com a
China, embora haja algumas vozes diferentes dentro do bloco”, disse Cui, observando que é importante estabilizar as relações através dessas interacções de alto nível e redefinir alguns princípios de cooperação, transformando esses consensos em prática este ano.
Durante a reunião de sexta-feira, Xi delineou o esforço de modernização da China e deu as boas-vindas ao lado francês para participar activamente na Feira de Cantão, na China International Import Expo e na Feira Internacional de Comércio de Serviços da China para explorar melhor o mercado chinês.
“Embora haja cooperação e concorrência, existem diferenças essenciais entre as relações China-UE e China-EUA. A China e os EUA procuram a cooperação em rivalidade, mas a China e a UE precisam de lidar adequadamente com a sua concorrência em cooperação. A visita de Macron e von der Leyen enviou um sinal de que apesar do aumento da concorrência e das diferenças, a cooperação continua a ser a prioridade”, disse Wang Shuo, professor na Escola de Relações Internacionais da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim. “Ambos os lados esperam construir um ambiente externo relativamente favorável, que é a principal razão para se chegar ao consenso e ao acordo”, disse Wang.
“As relações China-UE haviam sido prejudicadas pelo conflito Rússia-Ucrânia e pela questão de Taiwan, mas agora descartamos alguns mal-entendidos e dissipamos algumas preocupações durante as reuniões com os líderes europeus”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade Renmin da China.
AIRBUS VENDE 50 HELICÓPTEROS DE TRANSPORTE
AAirbus Helicopters anunciou que assinou contrato com a empresa chinesa de aluguer GDAT para venda de 50 exemplares do seu novo helicóptero multimissão H160. Concluído a meio de uma visita de Estado do Presidente francês Emmanuel Macron à China, este contrato, cujo valor não foi divulgado, é o maior desde o lançamento deste dispositivo em 2015 no mercado civil, onde conta com 100 exemplares até agora vendidos.
A aeronave será usada para transportar pessoal para plataformas de petróleo e gás e parques eólicos ‘offshore’, bem como para serviços médicos de emergência e outras missões de serviço público, informou a Airbus Helicopters em comunicado.
“O H160 foi concebido desde o início como um helicóptero multimissão e por isso adequa-se bem aos múltiplos segmentos que as empresas de aluguer oferecem”, disse o líder da Airbus Helicopters, Bruno Even, citado em comunicado. Já o presidente da GDAT, Peter Jiang, disse que “vê um grande potencial para o H160 na China, especialmente no sector de energia”. Esta empresa
com sede em Xangai opera, actualmente, 26 helicópteros Airbus.
O H160 é um helicóptero bimotor capaz de transportar 12 pessoas, além de dois pilotos, ao longo de quase 880 quilómetros. Com pás curvas para reduzir o ruído, tem um ‘cockpit’ simplificado e garante, diz a empresa, “maior segurança de voo por graças a procedimentos que libertam o piloto de certas funções”.
O dispositivo recebeu certificação europeia em meados de 2020, mas ainda deve obter a do regulador americano, o FAA. Está em desenvolvimento ma versão militar, o H160M. O exército francês já encomendou 169 exemplares. Esses helicópteros, batizados de “Cheetah”, substituirão cinco tipos de aeronaves em serviço.
O mercado global representa 10 mil milhões de euros, segundo o Ministério das Forças Armadas. A Airbus Helicopters, que reivindica 52% de participação de mercado nos mercados civil e parapúblico, entregou 344 helicópteros em 2022 e registou 362 pedidos líquidos (374 excluindo cancelamentos).
“O pior que pode acontecer é que os europeus acreditem que têm que se tornar seguidores e adaptar-se ao ritmo americano e às reacções exageradas da China.”
EMMANUEL MACRON
É a cultura, génios da lâmpada!
Avista de Macron teve também uma forte componente cultural. Em Cantão, o presidente francês provou chá de Lingnan e assistiu a um espectáculo musical, no qual foi utilizado um guqin com 1267 anos. As trocas culturais foram um dos aspectos mais importantes da visita, já a pensar no ano seguinte que marca o 60º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e a França.
“Qual era o nome da música?”, perguntou o presidente francês depois de ouvir uma peça musical guqin chamada “Gao Shan Liu Shui” (High Mountains and Flowing Water) durante uma reunião com Xi Jinping, na sexta-feira.
Feito da madeira de uma árvore guarda-sol chinesa (firminiana simplex), o guqin utilizado na actuação é um tesouro nacional da China. O instrumento chama-se Jiuxiao Huanpei (Pendente de Jade do Supremo Céu), e foi feito durante a dinastia Tang (618-907), com um valor estimado de 400 milhões de yuan (58,22 milhões de dólares). Na parte de trás do guqin está gravada uma caligrafia de Su Shi, um dos maiores literatos chineses da dinastia Song (960-1279).
Xue Liyang, uma perita em instrumentos musicais, disse que o guqin é a “encarnação da antiga filosofia chinesa”, que está entrelaçada com os “valores chineses de elegância, verdade, benevolência e beleza”. “A actuação deu a pessoas de diferentes origens culturais um sabor da estética ideológica da China antiga”, observou Xue.
“Altas Montanhas e Águas Correntes” tem um forte significado simbólico na cultura chinesa, uma vez que a melodia está intimamente ligada à história do guqinista Bo Ya e do lenhador Zhong Ziqi. Representa a “compreensão tácita e apreciação mútua entre duas pessoas na arte”, disse Xiao Shuming, um investigador cultural, ao Global Times.
De acordo com a história, Bo Ya estava a tocar música quando foi ouvido por um lenhador que passava. Enquanto Bo Ya tocava uma peça para capturar a grandiosidade das altas montanhas, o lenhador comentou “Tão alto como o Monte Tai!” Bo Ya tocou então uma música no espírito da água corrente e Zhong exclamou: “Quão vastos são os rios e oceanos!” Bo Ya percebeu então que tinha conhecido alguém que o compreendia verdadeiramente. Diz-se que quando Zhong faleceu, Bo Ya
partiu o seu instrumento, uma vez que sabia que nunca ninguém iria compreender a sua música como o seu amigo tinha entendido.
A própria melodia foi dividida em duas partes, “High Mountains” e “Flowing Water”, após a dinastia Tang. Embora o presidente francês só tenha conseguido ouvir “Flowing Water” durante a actuação, isto mostra que “a China vê a França como um amigo com objectivos mútuos”, observou Xiao.
A Macron foram também oferecidos dois tipos de chá Oolong e chá preto chinês durante a sua visita a Guangzhou. O sociólogo Chu Xin disse que os produtos culturais locais têm sido vistos há muito tempo como um meio “suave mas eficaz” de “estratégia diplomática” utilizada para aproximar os países.
“As emoções e memórias dos seres humanos estão intimamente relacionadas com os seus gostos. Tais gostos locais mostram a imagem cultural autêntica e especial de um país”, observou Chu.
Em 2019, Macron ofereceu à China uma garrafa de vinho Romanee Conti 1978 como presente para assinalar o aniversário do início da reforma da China e da sua abertura em 1978. “A China e a França são dois países que
respeitam o desenvolvimento das humanidades e ambos somos bons a usar ‘empréstimos líricos’ para transmitir as esperanças nos nossos corações”, observou Xiao.
O presidente francês também visitou a Universidade Sun Yat-sen em Cantão. Utilizando o cantonês local para cumprimentar estudantes, Macron acolheu uma sessão universitária para revelar as suas esperanças no intercâmbio China-França em campos como as humanidades, ciência e tecnologia.
A ligação entre a Universidade chinesa de Yat-sen e a França foi estabelecida na década de 1920.
Apoiado por pioneiros como Sun Yat-sen, o Institut Franco-Chinois de Lyon foi a única instituição de ensino superior da China estabelecida no estrangeiro. Funcionou de 1921 a 1950. Devido a esta ligação histórica, a universidade chinesa tornou-se a mais antiga no Sul da China a estabelecer a língua francesa como licenciatura. Realizou também programas de investigação em colaboração com mais de 30 universidades francesas. Macron disse esperar que mais jovens estudantes chineses aprendam francês e que os jovens franceses partilhem a mesma paixão pela civilização, cultura e língua chinesas.
Acompanhado por figuras francesas como o director Jean-Jacques Annaud e Catherine Pégard, a presidente do Palácio de Versalhes, Macron encorajou um “diálogo intercultural de artes” mais forte entre a China e a França na cerimónia, afirmando que os dois países caminharão “de mãos dadas” para continuar diversas colaborações culturais em vários campos, tais como museus, arte e cinema para assinalar a “ocasião significativa” do 60º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e a França em 2024.
Para agradecer à China o seu caloroso acolhimento, o presidente francês apresentou como presentes duas fotografias de Marc Riboud, o pioneiro das artes francesas, que foi o primeiro fotógrafo ocidental a documentar a República Popular da China durante a década de 1950.
“Historicamente, a civilização chinesa forneceu sabedoria asiática à Europa, especialmente durante o Iluminismo francês no século XVIII. A Revolução Francesa e a cultura francesa também tiveram um profundo impacto no processo de modernização da China”, disse Wang Xuebin, professor na Escola do Partido do Comité Central do CPC.
SUDOKU
UM FILME HOJE
O desencadeamento de um golpe militar na Coreia do Norte, com a tentativa de homicídio do líder do regime, coloca a península à beira de uma guerra nuclear. No meio da confusão, o espião norte-coreano Eom Chul-woo, interpretado pelo actor Jung Woo-sung, foge para o sul da península com o líder do regime, que se encontra inconsciente. É a partir da Coreia do Sul que Eom se vai ter de aliar com o agente inimigo Kwak Chul-woo, interpretado por Kwan Do-won, de forma a restaurante a normalidade na Coreia do Norte e evitar uma guerra nuclear. João
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TRUMP ACUSADO DE CRIMES DE FALSIFICAÇÃO
NA SEMANA passada a comunicação social anunciou que o ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi acusado de falsificação de documentos relacionados com a sua actividade empresarial, aquando da campanha para as presidenciais de 2016, ocultando informação que não lhe era favorável e comprometendo a integridade das eleições. Trump negou todas as 34 acusações e foi libertado sob fiança. O processo será retomado no início do próximo mês de Dezembro. Esta é a primeira vez que um ex-Presidente dos Estados Unidos é acusado da prática de crimes.
O procurador de Manhattan, Alvin Bragg, escreveu uma acusação de 13 páginas descrevendo três incidentes. O primeiro refere-se a uma “empresa de média americana” que tem uma relação próxima com Trump. O ex-Presidente terá pagado a um porteiro do Trump Building 30.000 US dólares para que não vendesse aos jornais uma história sobre um filho que alegadamente teria tido fora do casamento. Mais tarde, veio a provar-se que a história era falsa.
Os outros dois incidentes referem-se a alegados pagamentos de 150.000 e 130.000 dólares que Trump terá feito, respectivamente, a Karen McDougall, uma modelo da Playboy, e a Stormy Daniels, actriz de fimes pornográficos. Daniels, conhecida como “Storm Woman”, afirma que o ex-advogado de Trump, Michael Cohen, lhe pagou 130.000 dólares para que não divulgasse a sua relação com Trump, através de uma empresa fantasma em 2016. Trump negou o pagamento desta quantia e também o relacionamento sexual com Daniels.
A acusação alega que em 2017, Trump passou cheques a Cohen do seu fundo fiduciário e da sua conta bancária para pagar “honorários de jurista”, mas Cohen afirma que se tratou de um reembolso do dinheiro que terá adiantado para “silenciar testemunhas”. Como não houve o pagamento de uma taxa de contratação inicial, estas verbas não podem ser consideradas como liquidação de serviços jurídicos.
Segundo a legislação de Nova Iorque, não é ilegal pagar para silenciar testemunhas, mas se o dinheiro for dado a um advogado, fazendo-o passar pelo pagamento de serviços jurídicos, pode violar a “Lei Federal de Financiamento de Campanhas” e, neste caso, o arguido também fica sob suspeita de ter cometido o crime de “falsificação de documentação comercial”.
Especialistas americanos em jurisprudência assinalam que, em Nova Iorque, falsificar documentação comercial é uma contravenção, mas se puder ser provado que
o objectivo da falsificação é encobrir outros crimes, a contravenção pode tornar-se crime ficando o réu sujeito a uma pena que pode ir até quatro anos de prisão.
“Trinta e quatro acusações de falsas alegações para encobrir outros crimes são crime no Estado de Nova Iorque e, seja o réu quem for, não podemos e não vamos normalizar essas infracções graves”, afirmou Bragg.
A acusação também apresentou postagens anteriores de Trump nas redes sociais em que ele ameaça a cidade de Nova Iorque e os procuradores e critica o juiz Juan Merchan alegando que o odeia. O advogado de Trump respondeu que ele tem direito à liberdade de expressão, enfatizando que a postagem não é ameaçadora.
Do lado de fora do tribunal, reuniu-se um grande número de manifestantes pró e anti Trump e a polícia rompeu os bloqueios para separar os dois grupos.
Trump deixou bem claro que se vai candidatar às eleições presidenciais de 2024. Do ponto de vista legal, a candidatura nestas circunstâncias levanta várias questões que merecem ser analisadas.
Em primeiro lugar, a lei americana estipula claramente que pagamentos para silenciar testemunhas que pudessem divulgar informação prejudicial a Trump durante a campanha não são ilegais, mas podem violar a “Lei Federal de Financiamento de Campanhas” dos EUA”. O objectivo desta lei é manter a equidade da eleição. Toda a informação sobre os candidatos, que inclui os factos positivos e os negativos, deve estar acessível ao público antes da votação para que possa eleger quem considerada mais qualificado para vir a ser Presidente. Os Estados Unidos têm muita experiência em eleições presidenciais, e a legislação que as regula está amadurecida.
Em segundo lugar, se puder ser provado que Trump pagou 130.000 dólares a Daniels para a silenciar, através de Cohen e de uma empresa fantasma, Cohen pode estar envolvido com Trump na violação da Lei Federal de Financiamento de Campanhas, e ser considerado seu cúmplice. Portanto, Cohen também pode ter infringido a ética profissional enquanto advogado e vir a ser ouvido pela Law Society. Se for condenado, a sua licença pode ser revogada.
Em terceiro lugar, segundo a acusação, não houve lugar entre Tump e Cohen ao paga-
mento “inicial de contratação de jurista” pelo que não pode haver pagamento de “serviços jurídicos”. Se os registos demonstrarem que estes pagamentos foram feitos por serviços jurídicos, a acusação não será sustentada. Portanto, Trump é suspeito de ter cometido o crime de “falsificação de documentos comerciais”. Se o arguido for condenado, o tribunal tem maior probabilidade de admitir que os 130.000 dólares entregues a Cohen se destinavam a reembolsar o pagamento feito pelo silêncio de Daniels. Se assim for, Trump pode ser acusado de infracção da “Lei Federal de Financiamento de Campanhas.”
Em quarto lugar, durante a audiência, um grande número de pessoas reuniu-se no exterior, uns para apoiar Trump, outros para o combater. Isto equivale a exercer uma enorme pressão sobre o tribunal. Além disso, no post, Trump questionava os motivos do procurador para o acusar e escreveu que o juiz o odiava, o que representa outra forma de pressão que pode afectar a justiça. A lei deve ser suficientemente imparcial, e nem o Ministério Público nem os tribunais podem ser sujeitos a interferências externas, quando estão a instruir e a julgar um caso. Bragg deixou tudo bem claro, “seja quem for que esteja em causa, não podemos normalizar os crimes”. O Ministério Público não pode retirar a acusação porque o réu tem um estatuto proeminente ou porque está a ser pressionado, e essa condição é indispensável ao exercício do estado de direito.
Uma vez que não conseguimos ver as provas apresentadas pela acusação ao tribunal, nem ouvimos a defesa de Trump, tudo o que até aqui foi dito não passa de especulação, e não podemos afirmar que Trump tenha cometido um crime, nem que o comportamento de Cohen tenha sido problemático, só porque houve uma enorme cobertura deste caso pela imprensa. Mas uma coisa é certa, nem a acusação nem o tribunal querem adiar o processo até 2024, porque se for eleito nas próximas eleições, Trump passará a gozar de imunidade e o caso pode ficar suspenso, algo que a Justiça não quer que venha a acontecer. A Constituição dos EUA não exige que o Presidente não tenha antecedentes criminais. Portanto, embora Trump possa ser condenado, mantem o direito de se candidatar à Presidência. A acusação de Trump mostra que nos Estados Unidos, ninguém pode estar acima da lei e isso é uma manifestação concreta do estado de direito. Como é que o povo americano encara os pagamentos para silenciar testemunhas, as mentiras, os casos extra-conjugais e as transacções imorais? As respostas vão ser dadas nas eleições presidenciais de 2024.
“A Constituição dos EUA não exige que o Presidente não tenha antecedentes criminais. Portanto, embora Trump possa ser condenado, mantem o direito de se candidatar à Presidência.”
DALAI LAMA PEDIDO DE DESCULPAS POR BEIJO NA BOCA DE CRIANÇA
Olíder espiritual tibetano, Dalai Lama, pediu ontem desculpas por causa de um vídeo em que aparece a beijar uma criança na boca, que se tornou viral nas redes sociais e provocou severas críticas.
Num comunicado divulgado na sua página de Internet, o líder religioso de 87 anos lamentou o incidente e pediu “desculpa ao menino e à sua família, bem como aos seus muitos amigos em todo o mundo, pela dor que as suas palavras podem ter causado”. O incidente ocorreu durante uma reunião pública em Fevereiro, no templo Tsuglakhang em Dharamsala, onde mora o líder exilado.
No vídeo, o Dalai Lama estava a responder a perguntas das pessoas presentes na cerimónia, quando o menino pediu para o abraçar. O Dalai Lama convidou o menino a subir à plataforma onde estava sentado, mostrando-lhe a bochecha, levando a criança a beijá-lo antes de o abraçar.
Nessa altura, o Dalai Lama pediu ao menino para o beijar na boca e mostrou a língua. No vídeo, é possível ouvi-lo dizer à criança, “chupa-me a língua”, enquanto o menino também mostrava a própria língua e se inclinava na direcção do Dalai Lama, provocando risos na plateia.
As imagens de vídeo tornaram-se virais nas redes sociais, provocando severas críticas contra o comportamento do líder religioso. “Sua Santidade costuma provocar as pessoas que conhece, de maneira inocente e brincalhona, mesmo em público e perante as câmaras”, diz o comunicado do Dalai Lama.
Sem ressurreição
GNR regista 14 mortos nas estradas em quatro dias da operação Páscoa
Aoperação Páscoa 2023 da GNR registou entre quinta-feira e domingo um total de 14 mortos em mais de 800 acidentes nas estradas, segundo dados provisórios. De acordo com a informação disponível no ‘site’ da GNR, até às 24h (de Lisboa) de domingo registaram-se 802 acidentes, que provocaram 14 mortos, 27 feridos graves e 267 feridos leves.
Em comunicado, a GNR adianta ainda que, durante o período de fiscalização e patrulhamento intensivo da Operação Páscoa 2023 entre 6 e 9 de Abril, fiscalizou 25.204 condutores, dos quais, 362 conduziam com excesso de álcool. Destes, 227 foram detidos por conduzirem com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 g/l. Foram ainda detidas 85 pessoas por conduzirem sem habilitação legal, acrescenta.
Das 4.565 contraordenações rodoviárias detectadas, a GNR destaca 2.679 por excesso de velocidade, 384 por falta de inspecção periódica obrigatória, 123 por anomalias nos sistemas de iluminação e sinalização, 130 por uso indevido do telemóvel durante a condução, 239 por falta ou incorrecta utilização do cinto de segurança e/ou cadeirinhas para crianças e 157 por falta de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
Se beber, não conduza
A Operação Páscoa 2023 da GNR, que arrancou na quinta-
Ensino Ho Iat Seng reuniu com membro da Academia de Ciências
O Chefe do Executivo encontrou-se ontem com o membro da Academia Chinesa de Ciências e presidente honorário do Instituto de Inteligência Artificial da Universidade Tsinghua, Zhang Bo. Em cima da mesa estiveram assuntos como o desenvolvimento da indústria de inteligência artificial em Macau, com Ho Iat Seng a referir que “a inteligência artificial será o principal caminho das futuras indústrias emergentes”. O líder do Governo local deu como exemplos do papel de base no crescimento da tecnologia de inteligência artificial trabalhos da Universidade de Macau, Universidade Politécnico de Macau e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, onde foram desenvolvidos projectos académicos relacionados com autocarros autónomos, platafomas de tradução e sistemas de segurança. Ho Iat Seng sublinhou ainda a necessidade de Macau conseguir atrair mais quadros qualificados do Interior da China e do exterior para apoiar o seu desenvolvimento do sector na RAEM.
Berlusconi Médicos estão “cautelosamente optimistas”
362 conduziam com excesso de álcool. Destes, 227 foram detidos por conduzirem com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 g/l. Foram ainda detidas 85 pessoas por conduzirem sem habilitação legal -feira, vai estender-se até ao fim do dia de hoje.
Esta operação visa a segurança e a protecção das pessoas, pelo que vai além da fiscalização rodoviária, sendo o esforço da GNR também orientado para os locais de festividades e suas imediações,
assim como zonas residenciais e comerciais, dando especial atenção às “vias de circulação rodoviárias mais críticas”.
A GNR aconselha a uma condução atenta, cautelosa e defensiva dos condutores, para que o período festivo seja passado em segurança.
BIELORRÚSSIA LUKASHENKO CONFIA NA PROTECÇÃO DE MOSCOVO
OPresidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, afirmou ontem contar com o compromisso do homólogo russo, Vladimir Putin, de, no caso de ocorrer uma agressão ocidental à Bielorrússia, a Rússia defender o país vizinho “como se fosse o seu próprio território”. “Nas conversas [com Putin] ficou definido que, em caso de agressão contra a Bielorrússia, a Federação Russa defenderá a Bielorrússia como se fosse o seu próprio território. Este é o tipo
de garantia de segurança de que precisamos”, disse Lukashenko, citado pela agência noticiosa estatal bielorrussa Belta.
Lukashenko deslocou-se na semana passada a Moscovo para um encontro com Putin e também para participar da reunião do conselho supremo da União Estatal, uma aliança que integra os dois países.
Liderada por Alexander Lukashenko desde 1994, a Bielorrússia, país vizinho da União Europeia (UE), está ligada a Moscovo por um tratado
que criou a União Estatal. O tratado, que actualizou um acordo de 1997, foi assinado por Putin e Lukashenko em 8 de Dezembro de 1999.
Na reunião da semana passada, os dois líderes abordaram principalmente questões de segurança no contexto da guerra na Ucrânia, desencadeada por uma ofensiva militar russa iniciada em 24 de Fevereiro de 2022.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, deslocou-se ontem a Minsk para continuar as
conversações sobre a segurança territorial da Bielorrússia.
Segundo a Belta, Lukashenko agradeceu a Shoigu pela decisão de Moscovo manter tropas em território bielorrusso, “apesar de todas as dificuldades”. “Não podemos relaxar. Os polacos e os lituanos começaram a mover-se na nossa direcção. Portanto, esta é uma grande ajuda e apoio para o exército bielorrusso, que protege a União Estatal no flanco ocidental”, disse Lukashenko.
A equipa médica que segue o político italiano Silvio Berlusconi manifestou-se ontem “cautelosamente optimista” em relação aos “bons resultados” do tratamento ao antigo primeiro-ministro, que está numa unidade de cuidados intensivos. Berlusconi está internado no Hospital San Raffaele, em Milão (norte), onde está internado desde 5 deste mês. “As terapias citorredutoras, antimicrobianas e anti-inflamatórias estão a dar os resultados esperados, o que nos permite expressar um optimismo cauteloso. O presidente Silvio Berlusconi permanece nos cuidados intensivos”, segundo se lê no boletim médico, o segundo emitido oficialmente desde a hospitalização. Na primeira comunicação, os médicos confirmaram que o magnata italiano, de 86 anos, sofre de leucemia há muito tempo e que teve de ser internado com urgência devido a uma infecção pulmonar. “Nas últimas 48 horas, houve uma melhora progressiva e constante das funções orgânicas monitorizadas”, refere-se na última actualização.
“Em Portugal, as pessoas são imbecis por vocação, coacção, ou devoção.”
Miguel Torga
PALAVRA DO DIA