Hoje Macau 11 MAI 2020 # 4522

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 11 DE MAIO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4522

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hojemacau

Memória sem espaço

HONG KONG | FRONTEIRA

PEDIDOS DE ALÍVIO PÁGINA 4

MATERNIDADE

POLÉMICAS E LICENÇAS PÁGINA 5

TOXICODEPENDÊNCIA

PAUSA NO CONSUMO PÁGINA 6

OPINIÃO

8 DE MAIO DE 2045 JOÃO LUZ

Ao contrário do que tem acontecido ao longo dos últimos 30 anos, o pedido dos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San para efectuar a exposição que assinala os acontecimentos de 4 de Junho de 1989 na Praça Tiananmen, foi recusado pelo Instituto para os Assuntos Municipais. A culpa, segundo José Tavares, é da covid-19. Ng Kuok Cheong fala de decisões políticas e de limites à liberdade de expressão. PUB

GRANDE PLANO


2 grande plano

11.5.2020 segunda-feira

SEM LUGARES´ PARA A HISTORIA

TIANANMEN GOVERNO

Como acontece todos os anos, os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San pediram autorização para expor fotografias nas ruas de Macau sobre o massacre de 4 de Junho de 1989 na Praça de Tiananmen. Porém, este ano, o Instituto para os Assuntos Municipais recusou o pedido. José Tavares justificou a decisão ao HM como forma de evitar a propagação da covid-19

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O contrário do que aconteceu nos últimos 30 anos, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) proibiu a organização em lugares públicos de exposições fotográficas relativas ao massacre de Tiananmen. Desde a transição, esta foi a primeira vez que as exposições foram recusadas, apesar de terem sido inicialmente autorizadas. O caso foi divulgado por Ng Kuok Cheong. O

deputado pró-democracia é também membro da associação União para o Desenvolvimento Democrático, entidade responsável pela organização das exposições assim como pela vigília do 4 de Junho. Após um primeiro pedido, a 29 de Abril o organismo público liderado por José Tavares aprovou as exposições em nove locais com datas diferentes. No entanto, na quinta-feira, o IAM enviou outra carta a revogar as autorizações, com a justificação de que os

GONÇALO LOBO PINHEIRO

IMPEDE EXPOSIÇÕES SOBRE 4 DE JUNHO DE 1989

eventos “não se adequam” aos espaços públicos. Ao HM, Ng Kuok Cheong prometeu tomar as medidas necessárias para reverter a decisão e

comentou o caso acusando o Executivo de estar a atacar a liberdade de expressão na RAEM. “Enviei perguntas ao Governo [e pedir explicações sobre o que estão a

fazer] porque sentimos que isto é uma decisão política. O IAM disse-nos que descobriu, assim de repente, que não pode dar permissão para as exposições. Mas não

nos deram justificações, apenas disseram que o pedido não era adequado aos regulamentos”, afirmou o deputado. “Não nos explicaram mais nada. Talvez


grande plano 3

segunda-feira 11.5.2020

seja porque não têm autorização para ser sinceros. Mas, o Governo de Macau deve pensar o que é que está a fazer à liberdade de expressão...”, acrescentou. Depois da recusa ao pedido, a União para o Desenvolvimento Democrático recorreu da decisão: “Apesar do recurso, temos dúvidas que o Governo vá permitir esta exposição no ambiente político que se vive e que abrange Hong Kong e Macau. [...] Claro que o Governo não nos disse isso, apenas nos disse que não nos dava permissões porque não era adequado”, começou por admitir. “Sabemos que o Executivo vai fazer tudo para atrasar os procedimentos e impedir a nossa acção. É o objectivo deles”, concretizou. Ng Kuok Cheong colocou ainda a hipótese de recorrer aos tribunais, apesar de não ter confiança no sucesso da acção. “Podemos considerar uma acção legal, mas como o tribunal é controlado pelo Governo Central não estamos optimistas”, atirou. Questionado se a decisão de proibir as exposições foi imposta pelo Governo Central, Ng respondeu de forma irónica: “A resposta a essa pergunta é segredo nacional.”

O COVID-19, ORA POIS

Por sua vez, o presidente do IAM, José Tavares, afirmou ao HM que para a decisão de não autorizar as exposições pesou a “actual situação de confinamento” e as indicações dos Serviços de Saúde “para evitar aglomerações de pessoas em espaço público” de forma a “evitar o contágio e propagação do covid-19”. Segundo o presidente do IAM, a decisão teve a mesma linha de razoabilidade que justificou o encerramento de instalações para as práticas desportivas, como os campos de futebol ou de basquetebol, conforme as indicações dos Serviços de Saúde. José Tavares defendeu também que os pedidos foram recusados porque “a utilização dos nossos espaços tem de condizer com as nossas atribuições e competências”. De acordo com o responsável pelo IAM, a decisão foi tomada pelo Conselho de Administração. Sobre o recuo, depois de ter sido dada autorização num primeiro momento, José Tavares responsabi-

“Se o IAM tiver afirmado simplesmente que essas exposições não são adequadas a espaços públicos, sem ter esclarecido por que motivo assim o entende, terá violado o dever de fundamentação.” ANTÓNIO KATCHI JURISTA

lizou os “serviços” que analisaram o pedido. “Na altura, os serviços quando analisaram o pedido não foram rever as coisas. Por isso, rectificámos a decisão porque o Conselho de Administração entendeu que deve

VIGÍLIA EM PERIGO

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decisão de quarta-feira que proíbe exposições sobre o massacre de Tiananmen pode ter implicações mais profundas. Todos os anos a União para o Desenvolvimento Democrático realiza uma vigila para recordar as vítimas da violência militar. No entanto, a decisão do IAM levanta dúvidas quanto a realização este ano. Ng Kuok Cheong não arrisca uma estimativa quanto à decisão do Governo, mas apontou que a intenção é organizar a vigília. O pedido, tal como exige a lei de reunião e manifestação, vai entrar com uma antecedência de cinco a dois dias. No entanto, face ao precedente aberto, as autoridades poderão utilizar a pandemia para impedir vigília. A proibição de manifestações e reuniões em Macau não é nova. No ano passado, foi recusada uma manifestação contra a violência usada pela polícia de Hong Kong, durante os protestos contra a lei de extradição. A decisão acabou por contar com o apoio do Tribunal de Última Instância, num acórdão criticado por especialistas de Direito e que contou com um voto contra do juiz Viriato Lima, que, entretanto, cessou funções.

ter um âmbito mais concreto nessas atribuições”, revelou. Segundo a lei que criou os órgãos municipais a primeira atribuição do IAM é “incentivar a harmonia e a convivência das diversas comunidades da sociedade e promover a educação cívica”. No entanto, a mesma leitura não foi feita no ano passado, quando as mesmas exposições foram autorizadas.

PERGUNTAS PARA HO

Além dos procedimentos normais de recurso da decisão, Ng Kuok Cheong elaborou igualmente uma interpretação escrita que vai ser entregue a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, através dos canais de comunicação entre a Assembleia Legislativa e o Governo. No documento constam três questões. A primeira pergunta ao Chefe do Executivo se esta decisão foi tomada com motivações políticas, apesar do mesmo nunca ser dito na carta que recusou a exposição. Ng recorda que há 30 anos que estes eventos sempre foram feitos e que apenas houve uma rejeição, numa altura em que o ambiente político mudou. Na segunda pergunta, o deputado argumenta que a decisão foi pouco fundamentada e questiona se a recusa do IAM não pode ser para considerada abuso de poder. Ng pergunta se Ho Iat Seng apoia esse abuso de poder. Finalmente, o democrata e histórico fundador da Associação da Novo Macau, pergunta ao Chefe do Executivo se está comprometido com a defesa das liberdades fundamentais da população, garantidas pela Lei Básica.

DECISÃO SEM EFEITO?

Segundo a carta partilhada por Ng Kuok Cheong, a carta com a revisão da primeira decisão no IAM não oferece mesmo qualquer justificação para a recusa do pedido. “Depois de revistos os critérios de aprovação de utilização de espaços, o IAM considera que a realização da actividade da vossa associação não corresponde aos critérios. Por isso, informamos a vossa associação do cancelamento da actividade. Pedimos a vossa compreensão pela inconveniência”, lê-se no documento partilhado. Além disso, a carta informa que existe direito a

recurso, mas que este não suspende a decisão em causa, além da menção a vários artigos do Código do Procedimento Administrativo. Segundo o jurista António Katchi, a falta de argumentação legal da decisão pode fazer com que esta seja anulável. “O acto administrativo em causa está legalmente sujeito ao dever de fundamentação. Este dever só se considera cumprido se a fundamen-

tação for clara, coerente e suficientemente completa para esclarecer as razões da decisão”, começou por explicar o jurista. “Se o IAM tiver afirmado simplesmente que essas exposições não são adequadas a espaços públicos, sem ter esclarecido por que motivo assim o entende, terá violado o dever de fundamentação, ferindo o seu acto administrativo de vício formal e tornando-o, por isso, anulável. Tudo isto resulta do Código do Procedimento Administrativo”, contextualizou o jurista ao HM.

APRENDER COM OS FACTOS

“Sabemos que o Executivo vai fazer tudo para atrasar os procedimentos e impedir a nossa acção. É o objectivo deles” NG KUOK CHEONG DEPUTADO

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Por outro lado, António Katchi questionou o facto de ser proibida uma exposição que tem por base factos históricos. O jurista considera que esta postura é incoerente no que diz respeito aos espaços públicos, uma vez que o Governo defende a necessidade da população de Macau estudar a história do país. “Quanto à substância da alegação feita pelo IAM, relembro que a exposição em causa tem por objecto

José Tavares afirmou ao HM que para a decisão de não autorizar as exposições pesou a “actual situação de confinamento” e as indicações dos Serviços de Saúde factos inscritos na história da China. Como se pode, então, afirmar que não é adequada a um espaço público? Não tem dito o Governo, reiteradamente, que é importante a população de Macau conhecer a história da China?”, questionou. João Santos Filipe (com N.W) joaof@hojemacau.com.mo


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Passo a passo

locais há pelo menos três meses e que em Guangdong não há novos casos de origem local há nove dias.

“Muitos trabalhadores do sector dos transportes estão desempregados há meio ano e alguns dependem apenas (…) dos cartões de crédito.”

Mais de 20 mil TNR vão beneficiar de alívio de restrições

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OI anunciado durante o fim-de-semana que os trabalhadores não residentes (TNR) do Interior da China que vivem em Zhuhai a partir das 6h de hoje podem entrar em Macau sem cumprirem observação médica. Para isso, precisam reunir três condições: ter domicílio ou cartão de residência de Zhuhai, ter certificado de resultado negativo do teste de ácido nucleico referente aos últimos sete dias, e a cor verde no código de saúde de Macau. Na conferência de imprensa de ontem, Lei Tak Fai, do Corpo de Polícia de Segurança Púbica (CPSP), explicou que mais de vinte mil TNR reúnem os requisitos para fazerem o teste de ácido nucleico. O responsável afirmou que há um grande fluxo de informações e que tanto TNR como as empresas privadas “precisam de tempo para se adaptarem”, mas entende que as coisas têm corrido bem. Os trabalhadores abrangidos pela medida devem registar informações junto da Associação de Agências de Emprego de Capital da China (Macau), para integrarem a lista de não implementação provisória de quarentena centralizada e fazer o teste de ácido nucleico com antecedência. A taxa é igual à dos residentes de Macau, com o primeiro teste a ser gratuito, e a cobrança de 180 patacas por teste nas vezes seguintes. Lo Iek Long, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, considera um valor “relativamente baixo”. O representante explicou que o preço é inferior ao custo devido à intervenção do Governo e à coordenação dos preços ao realizarem-se testes num só local. Para coordenação das medidas de migração, Macau e Zhuhai reconheceram mutuamente os certificados dos testes, pelo que a partir da mesma hora, todas as pessoas a entrarem no território podem apresentar os resultados através dos códigos de saúde de Macau ou da Província de Guangdong. Ontem, na conferência de imprensa diária, as autoridades avisaram que o acesso à página do código de saúde exige estabilidade de internet e que, como tal, é recomendado o preenchimento antes da passagem da fronteira. Por outro lado, os exames médicos de seis a oito horas feitos no Fórum de Macau vão ser substituídos por testes de ácido nucleico, por se entender que os últimos são mais eficazes e podem ser já realizados com regularidade.

ADMITIDAS VARIAÇÕES

“O tempo de internamento em Macau, de facto, é mais longo em relação a outros territórios”, reconheceu Lo Iek Long. O médico salientou que “os nossos critérios de alta são muito rigorosos” e que não vale a pena alterar requisitos agora. No entanto, admite que, face “a outra vaga de pneumonia, vamos ponderar se vai haver ou não alteração”. S.F.

WONG KWOK SECRETÁRIO-GERAL DA FTU

HONG KONG SINDICATO QUER ALÍVIO NA FRONTEIRA COM MACAU

Morte por asfixia

A federação sindical de Hong Kong está a pressionar o Governo de Carrie Lam para coordenar com Macau e Guangdong o alívio do controlo fronteiriço. O aumento do desemprego no território vizinho, motivado pela quase inexistência de negócio, é a razão

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Hong Kong Federation of Trade Unions (HKFTU na sigla inglesa) está preocupada com os efeitos económicos da pandemdia da covid-19 e quer que o Governo de Carrie Lam alivie as medidas de controlo nas fronteiras com Macau e Guangdong. Em especial, a obrigatoriedade de fazer quarentena durante 14 dias à chegada a Hong Kong.

De acordo com informações do portal RTHK, o sindicato pró-Pequim, está a pressionar o Executivo de Hong Kong para iniciar contactos com os governos das regiões vizinhas com o objectivo de travar a escalada de desemprego e as condições precárias dos trabalhadores dos sectores do turismo, transportes, retalho e catering. Citado pela mesma fonte, e dando os exemplos de Macau e

Covid-19 Mais uma alta hospitalar

Mais um paciente a quem tinha sido detectado o novo tipo de coronavírus recebeu ontem alta hospitalar. Trata-se de uma residente de Macau, estudante no Reino Unido, que foi o 21º caso confirmado de infecção pela covid-19. Quando a jovem de 19 anos regressou a Macau ficou em observação médica no Hotel Golden Crown China. Esteve internada durante 50 dias e encontra-se em estado estável e sem febre. Vai agora cumprir o período de convalescença no Centro Clínico do Alto de Coloane. Restam assim quatro pessoas internadas, que têm apenas sintomas ligeiros. Macau registou ontem 32 dias consecutivos sem casos confirmados.

Guangdong, o secretário-geral da HKFTU, Wong Kwok, refere ainda que as restrições nos locais onde a situação epidémica melhorou devem ser aliviadas. No entanto, defende a manutenção das medidas nas regiões onde o surto ainda não foi contido. No seguimento da ideia, Wong Kwok lembra que Macau não regista casos de infecções

O responsável aponta ainda que o encerramento prolongado das fronteiras tem afectado de forma dramática a economia de Hong Kong, levando muitos trabalhadores inclusivamente a endividar-se e a viver em condições precárias. “Muitos trabalhadores do sector dos transportes estão desempregados há meio ano e alguns dependem apenas do adiantamento obtido através dos cartões de crédito. Os funcionários dos hotéis e do sector do catering têm sido forçados a tirar licenças sem vencimento”, referiu Wong Kwok, segundo a RTHK.

TESTES RÁPIDOS

A partir do momento em que as restrições sejam aliviadas, o sindicalista sugere a criação de checkpoints nas fronteiras com testes rápidos ou que seja dada isenção de quarentena para quem apresentar atestados de saúde. Lam Ching Choi, membro do Conselho Executivo de Hong Kong e médica, é da mesma opinião, tendo referido, em comentários ao portal Ming Pao, que os especialistas da área da saúde do território confiam no trabalho feito em Macau. Citada pelo portal GGR Asia, Lam acrescenta ainda que o facto de a situação estar controlada, tanto em Macau como em Hong Kong, por “um período de tempo relativamente longo”, oferece garantias para a criação de uma “bolha de circulação” que permita a livre movimentação de residentes entre os dois territórios, sem que haja obrigatoriedade de cumprir quarentena. Recorde-se que no final de Abril, o Executivo de Hong Kong prolongou até 7 de Junho, a quarentena obrigatória de 14 dias para quem vem do exterior. As únicas excepções previstas são para quem vem do Interior da China, e está ligado ao sector da educação ou a alguns ramos de negócio “benéficos para Hong Kong”. Pedro Arede

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política 5

segunda-feira 11.5.2020

A uma só voz Ho Iat Seng pede sintonia e menos despesismo para executar LAG

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O Iat Seng quer maior partilha entre serviços e mais poupança das despesas públicas. No rescaldo da apresentação e debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2020, o Chefe do Executivo sublinhou, numa reunião que teve como objectivo “uniformizar o pensamento governativo”, que cada serviço deve estar comprometido a concretizar os trabalhos das LAG nos próximos sete meses, seguindo o plano e as etapas definidas. A informação foi divulgada ontem através de uma nota oficial. Dada a crise provocada pelo novo tipo de coronavírus e o forte impacto que está a ter na economia de Macau, Ho Iat Seng fez questão de frisar no encontro que teve lugar no sábado, que “as receitas do Governo irão descer significativamente”. Perante esse cenário, o Chefe do Executivo deixou ainda um alerta aos serviços públicos para “gastar apenas quando precisam”, poupando as despesas públicas, em particular, nos gastos administrativos relacionados com recepções, lembranças e viagens ao estrangeiro. Numa referência à maior implementação do governo electrónico, Ho Iat Seng abordou ainda a necessidade de reforçar a

partilha e interacção de dados entre os vários serviços públicos como forma de prevenir o ”isolamento de informações”. Além disso, de acordo com o Chefe do Executivo, para que a promoção do governo electrónico seja uma realidade, é preciso conhecer melhor as necessidades dos residentes. A reunião intitulada “sessão de discussão: execução e seguimento do trabalho governativo em 2020” teve lugar no centro de Ciência de Macau e contou com cerca de 260 representantes dos gabinetes dos secretários e dirigentes de todos os serviços públicos.

NOVAMENTE A POUPANÇA

Recorde-se que desde que tomou posse, o discurso de Ho Iat Seng tem vindo a ser marcado, a espaços, pelo maior controlo sobre os gastos públicos. Em Dezembro de 2019, dias depois de ser empossado, o Chefe do Executivo de Macau reforçou a ideia, acusando inclusivamente ex-secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, de despesismo e esbanjamento. “Ser esbanjador é o maior crime, é o que posso dizer. A corrupção não é o único crime. Apenas um dos elementos. Mas ser esbanjador está também entre os maiores crimes”, disse na altura Ho Iat Seng. P.A.

LEI LABORAL AUMENTO DOS DIAS DA LICENÇA DE MATERNIDADE GERA POLÉMICA

Velhos desaguisados

A proposta que aumenta a licença de maternidade, cria a licença de paternidade e que aumenta o limite máximo das compensações por despedimentos por justa causa está pronta para ser votada no Plenário. Como sempre acontece nas questões laborais, os deputados estiveram longe de alcançar consenso

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discussão sobre o aumento do número de dias de licença de maternidade foi um dos assuntos que maior discussão gerou entre os deputados durante a análise na especialidade da proposta de alteração à Lei das Relações do Trabalho. O Executivo propôs um amento de 56 dias para 70 dias pagos às mães, após o nascimento dos filhos, mas houve deputados da 3.º comissão permanente contra o aumento, assim como outros que consideram insuficiente o número de dias. A situação consta do relatório que resume os trabalhos da comissão. Segundo o parecer, o nível do aumento levou a divergências no seio dos deputados e “não foi alcançado consenso”, apesar da comissão se ter mostrado a favor do aumento do número de dias. Embora houvesse vozes a favor do aumento de 14 dias, com base no argumento de que uma extensão maior iria afectar as Pequenas e Médias Empresas, que se viam privadas de um trabalhador, houve também muitas vozes a defenderem um aumento maior. Os nomes dos deputados não são revelados, mas um membro da comissão defendeu que o aumento devia ser para 98 dias, de forma a seguir as recomendações da Organização Internacional do Trabalho. Por outro lado, também se defendeu um aumento para 90 dias, como já acontece no sector público, por uma questão de igualdade. No seio da mesma discussão, houve ainda quem alegasse a necessidade de se criar metas associadas a períodos temporais, para que o número de dias vá aumentado ao longo dos anos. Isto porque houve vários deputados a considerar

À ESPERA QUE SAIA

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egundo a proposta que vai ser votada no Plenário, os 14 dias extra de licença de maternidade vão poder ser pagos pelo Executivo, no caso de se tratar de uma trabalhadora residente. Assim, durante três anos, os patrões asseguram o pagamento de 56 dias e o Executivo os restantes 14 dias. Após estes três anos, a lei deverá ser revista. No entanto, os moldes do pedido das trabalhadoras para que o Governo pague os 14 dias não ficou definido, não tendo sido apresentado aos deputados, como reconheceu o presidente da comissão Vong Hin Fai, e só vai ser definido num regulamento administrativo independente.

que o aumento dos últimos anos tem sido “demasiado lento”. Em 1989, as mães tinham direito a gozar 35 dias de licença, número que passou para 56 dias em 2008. Agora o aumento é de 14 dias para 70. Apesar das vozes críticas, o Executivo manteve a proposta por considerar que permite “alcançar um equilíbrio entre o alargamento proporcional do período de

licença de maternidade, para garantir um pleno descanso e a protecção dos direitos salariais. O Governo sustentou a sua opinião apontando que há jurisdições que concedem mais dias de licença de maternidade, mas que esses não são pagos, ao contrário do que vai acontecer em Macau.

DIAS EXTRA POR GÉMEO

Durante a discussão houve ainda um deputado que suge-

riu que se seguisse a prática do Interior e que no caso de gémeos, as mães tivessem 15 dias extra por cada bebé. Apesar de o membro da AL ter dito que se devia “aprender com a prática do Interior”, o Governo recusou a proposta por não pretender “distinguir entre um parto de uma criança e um parto de mais crianças”. Outro assunto quente em debate, foi o aumento de 1.000 patacas da compensação paga por despedimentos sem justa causa, das actuais 20 mil para 21 mil patacas. De acordo com os deputados, o valor é feito a pensar nas Pequenas e Médias Empresas, mas acaba por beneficiar as concessionárias do jogo, que têm poder para pagar mais. Por isso, houve vozes a considerar que os trabalhadores do jogo saem prejudicados. Sugeriu-se a remoção do limite à compensação, mas o Governo argumentou que no actual ambiente económico os patrões esperavam que não houvesse qualquer alteração neste aspecto. Por isso, face a essa expectativa, o Executivo defende que a proposta é equilibrada. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

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NOTIFICAÇÃO N.° 231/AI/2020 -----Atendendo a que não é possível proceder à respectiva notificação pessoal, pela presente notifique-se PANG VENG KEI, proprietário da fracção autónoma situada na Rua Nove Bairro Iao Hon n.° 8, Hong Tai, 3.° andar G (F355), que no dia 10.05.2020 caducaram as medidas provisórias que foram aplicadas à referida fracção na sequência do Auto de Notícia da DST n.º 311/DI-AI/2019,de 11.11.2019.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------Para mais informações, o ora notificado pode comparecer nas horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.º andar.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Maio de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


6 sociedade

A quase totalidade dos consumidores de heroína passaram a consumir uma medicação de substituição devido ao fecho das fronteiras. Augusto Nogueira, presidente da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau, alerta, no entanto, que esta é uma tendência temporária e que é necessário reforçar o aconselhamento em prol do tratamento

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UASE 100 por cento dos consumidores de heroína ligados ao programa de troca de seringas da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) estão agora a consumir midazolam, uma medicação de substituição. Ao HM, a ARTM nota uma quebra de cerca de 99 por cento no consumo de heroína devido ao fecho das fronteiras, uma das medidas tomadas no âmbito do combate à pandemia da covid-19.

Máscaras Mais uma empresa local a investir no fabrico

11.5.2020 segunda-feira

DROGA PANDEMIA LEVOU A QUEBRA DE 99 % NO CONSUMO DE HEROÍNA

Pausa para limpar

este momento para se fazer um esforço terapêutico ao nível do aconselhamento.” Relativamente ao consumo de outros estupefacientes, como ice ou metafetaminas, Augusto Nogueira acredita que poderá ter havido uma quebra, apesar de não possuir dados.

TROCA DE SERINGAS NÃO PAROU

Ainda assim, Augusto Nogueira, presidente da ARTM, defende que esta é uma situação temporária e que parte dos toxicodependentes poderão voltar a consumir heroína

quando as fronteiras abrirem e o produto chegar mais facilmente ao mercado. “Este decréscimo é forçado. Haverá pessoas que aproveitam

“Este decréscimo é forçado. Haverá pessoas que aproveitam esta situação para entrar em centros de tratamento ou para fazerem o tratamento em casa, a chamada ressaca, mas há pessoas que vão reiniciar o consumo assim que puderem.” AUGUSTO NOGUEIRA PRESIDENTE DA ARTM

A Macau Artisan pretende investir 10 milhões de patacas no fabrico de máscaras, noticiou o jornal Ou Mun e a TDM Canal Macau. Este projecto, com seis investidores, é o segundo na área da produção local de máscaras e material de protecção depois de o empresário macaense Jorge Valente ter anunciado um investimento semelhante. À TDM, Ivy Wong, representante da Macau Artisan, disse que a fábrica carece ainda de licença do Governo para operar, bem como de certificação internacional, mas que poderá entrar em funcionamento já em Junho. A Macau Artisan estima poder fabricar até 600 mil máscaras por dia para adultos e crianças. O preço de venda inicial deverá rondar entre as duas e três patacas e o material de produção é oriundo do Myanmar.

esta situação para entrar em centros de tratamento ou para fazerem o tratamento em casa, a chamada ressaca, mas há pessoas que vão reiniciar o consumo assim que puderem, porque muitas pessoas não têm vontade de deixar a droga.” Nesse sentido, o presidente da ARTM defende que esta é a altura ideal para reforçar o aconselhamento em prol de uma terapia. “Devemos fazer com que essas pessoas tenham uma oportunidade para sair da droga e continuar a caminhar. Temos de aproveitar

Ao contrário de vários países do mundo, onde as medidas de confinamento trouxeram dificuldades à continuidade das acções de rua e de apoio aos toxicodependentes, em Macau o programa de troca de seringas nunca parou. “Tivemos de fechar ao público alguns serviços da ARTM, mas podemos congratular-nos com o facto de o nosso serviço de entrega e troca de seringas nunca ter sido afectado pela covid-19.” “A ARTM e o IAS sempre estiveram de acordo em que esse serviço nunca poderia fechar, minimizámos o número de pessoas no serviço e este nunca parou. Isto é bom para evitar a propagação do HIV”, acrescentou. Sobre a crise económica causada pela covid-19 no território, Augusto Nogueira prevê perder alguns donativos de empresas privadas, mas assegura que a ARTM não sofreu grandes impactos com a pandemia em termos de gestão e funcionamento. “Recebemos o subsídio do Governo e damos graças de não termos sido afectados financeiramente como muitas pessoas e PME. Não tivemos problemas nenhuns com os ordenados”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

MP HOMEM ACUSADO DE CRIME DE IMPORTUNAÇÃO SEXUAL

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M residente de 39 anos, desempregado, de apelido Lok, foi encaminhado ao Ministério Público (MP) pela Polícia Judiciária (PJ) com a acusação do crime de importunação sexual. Segundo um comunicado da PJ, o homem teve “contactos físicos de natureza sexual” com 38 alunas de uma escola secundária situada na zona norte. As alunas afirmaram que, entre os dias 4 e 6, “após a saída da escola à hora de almoço, ao passarem nas zonas periféricas da escola encontraram um indivíduo que

se aproximava delas, constrangendo-as com contacto físico de natureza sexual, como tocar nas mãos, pernas e traseiro das alunas”. A PJ acabaria por interceptar, na quinta-feira, 7, “um suspeito de meia idade que foi levado para as instalações da PJ para efeitos de melhor apuramento dos factos”. Na esquadra da polícia, Lok começou por negar o crime, mas as imagens das câmaras de videovigilância da escola e dos centros comerciais na zona provaram o contrário. “Verificou-se que

o indivíduo, durante esses dias, tinha passado várias vezes naquele local e no período de tempo mencionado, com o propósito de tocar com as mãos, nas pernas e nos traseiros de várias alunas que aí estavam aglomeradas e em filas. Estas, no processo de identificação do suspeito, identificaram-no como sendo o autor do crime.” Das 38 alunas, 7 são menores de idade, tendo entre 15 e 18 anos, mas "declararam desejar que fosse efectivada a responsabilidade do autor do crime”.


sociedade 7

segunda-feira 11.5.2020

EPM Portas abertas a crianças sem acompanhamento em casa

À semelhança do jardim de infância D. José da Costa Nunes, também a Escola Portuguesa de Macau (EPM) vai abrir portas, de forma limitada, às crianças dos três primeiros anos do ensino primário que não tenham acompanhamento em casa. De acordo com um comunicado emitido pela direcção da escola, a medida entra em vigor esta quarta-feira. “Na sequência das medidas cordiais adoptadas para as escolas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vimos, por este meio, informar que a EPM estará aberta a partir do dia 13 de Maio para os alunos cujas famílias não reúnam condições para os ter em casa. Caso tenham empregadas ou avós, a DSEJ e os Serviços de Saúde recomendam que permaneçam em casa e não regressem à escola”, lê-se na mesma nota. A EPM aceita, no máximo, 10 crianças por ano de escolaridade. Caso existam muitos pedidos por parte das famílias, a EPM dispõe-se a analisá-los “de acordo com a situação familiar” e tendo em conta a ordem de inscrição.

MNE Consulados voltam gradualmente à normalidade

A rede consular vai retomar as actividades presenciais de forma progressiva e limitada. Para já, vai ser dada prioridade à entrega de documentos já disponíveis e a marcações de Cartões de Cidadão, Passaportes e Registo Civil. Para a generalidade dos postos, este processo inicia-se entre 4 e 18 de Maio. A informação consta de uma nota oficial divulgada na sexta-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Segundo a nota, foram ainda investidos cerca de 300 mil euros “na aquisição de equipamentos de protecção individual e colectiva, como separadores de acrílico, máscaras, luvas e gel desinfectante”. O regresso à normalidade será “geograficamente assimétrico” e está dependente “da evolução da pandemia e das medidas que as autoridades locais possam tomar”. Os postos consulares no Reino Unido e em Itália não poderão reiniciar o atendimento ao público “antes de Junho”, revela o comunicado.

Lixo Duas propostas para varrer ruas

O Governo recebeu duas propostas no concurso público de atribuição do contrato do serviços de aluguer de camiões para varrer as ruas, com valores de 6,58 milhões de patacas, por parte da empresa Sita, e 8,89 milhões de patacas, da Companhia de Produtos Químicos Kwan On. O anúncio foi feito pela Direcção de Serviços de Protecção Ambiental, na sexta-feira, dia em que houve a abertura das propostas. Para um contrato com a duração de dois anos, as empresas têm de assegurar não só que as ruas são varridas mas também lavadas. Ao mesmo tempo, os contratos envolvem igualmente os trabalhadores que vão prestar os serviços.

Onida Lam,CEO da TH Group Limited

IMOBILIÁRIO EMPRESA LIGADA A ONIDA LAM “PRATICAMENTE NA FALÊNCIA”

Precipício económico

A TH Group Limited tem vários processos judiciais por dívidas e está à beira da falência, noticiou a Macau News Agency. A empresa é liderada por Onida Lam, mas foi avançado que as acções legais estão focadas no seu antigo parceiro de negócios, Sunni Sukardi

A

empresaTH Group Limited, que enfrenta queixas por burla por parte de oito residentes devido a investimentos num projecto de imobiliário na Indonésia, está a enfrentar vários processos judiciais por dívidas e encontra-se “praticamente na falência”, avançou a Macau News Agency (MNA). A maioria dos funcionários da empresa foram despedidos, acrescenta a agência noticiosa. No portal da empresa, Onida Lam é apresentada como CEO. Um dos subsidiários do grupo, a PT Sun Resort, tem sede na Indonésia e enfrenta um litígio de um grupo de investidores que colocou dinheiro num projecto de desenvolvimento imobiliário na Ilha de Bintão, na Indonésia. Em 2018, ficou a saber-se que oito investidores apresentaram

queixa por burla junto das autoridades contra a empresa TH Group. Em causa, estava o facto de não terem recebido as vivendas que alegadamente compraram na Ilha de Bintão, cuja data de conclusão estava inicialmente prevista para 2015, nem viram o dinheiro ser-lhes devolvido. Envolvidas no processo estariam cerca de 56 pessoas locais, que teriam feito, cada uma, investimentos entre os 600 mil e 800 mil dólares de Hong Kong. Em Abril de 2019, o Ministério Público

EM PARTE INCERTA

Onida Lam é uma accionista maioritária no grupo que criou

A MNA explica que os investidores estão cientes de que o projecto de desenvolvimento imobiliário foi maioritariamente promovido por Sukardi e não por Lam, pelo que é no empresário que as acções legais estão focadas

Inundações Cerca de 2300 PME pedem apoio Cerca de 2300 pequenas e médias empresas (PME) pediram, desde 2018, apoios ao Governo para a instalação de elevadores de mercadorias e barreiras contra inundações e bombas de

confirmou que o caso estava em fase de inquérito, durante o qual as autoridades analisam o caso para determinar se há matéria para uma acusação formal ou se este é arquivado. De acordo com a MNA, estão a decorrer investigações na Indonésia sobre o assunto, com uma disputa legal entre accionistas da PT Sun Resort no país.

água. Este apoio tem sido atribuído pela Direcção dos Serviços de Economia (DSE) e Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM) através de dois planos distintos e

visa assegurar ajuda às PME na prevenção do impacto de tufões. Neste momento estão abertas candidaturas para uma nova ronda de apoios, com o prazo de inscrições a terminar a 30 de Junho.

em 2010 com o empresário Sunni Sukardi, também ele accionista, tendo a notícia da MNA explicado que os investidores estão cientes de que o projecto de desenvolvimento imobiliário foi maioritariamente promovido por Sukardi e não por Lam, pelo que é no empresário que as acções legais estão focadas. A agência noticiou ainda que o paradeiro de Sukardi é desconhecido e Onida Lam deu início a esforços legais para localizar o antigo parceiro de negócios. A página online anterior da empresa explica que Sunny Sukardi nasceu na Indonésia e já ocupou a posição de CEO da TH Group limited. É o mesmo empresário que criou o SunCity Group Holding Limited em 2000. S.F.

Aeroporto Menzies não renova contrato a 400 TNR A Menzies, empresa responsável pelo serviço de bagagens do Aeroporto Internacional de Macau, decidiu não renovar o contrato a 400 trabalhadores não residentes (TNR) para dar mais oportunidades de

emprego aos residentes, noticiou o jornal Ou Mun. A CAM - Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau já foi notificada pela Menzies quanto a esta medida e terá informado a empresa de que esta deve assegurar

o regresso dos TNR aos seus países de origem após o fim do contrato, além de garantir o pleno funcionamento dos serviços relacionados com o transporte e manutenção de bagagens do aeroporto.


8 coronavírus

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

47565 Em estado crítico

4126890

1453387

Infectados (total cumulativo)

COM MAIS CASOS 1347411

Espanha

264663

Itália

218268

Reino Unido

215260

Rússia

209688

França

176658

Alemanha

171324

Brasil

156061

Turquia

137115

Irão

107603

China

82901

Canadá

67702

Perú

65015

Índia

62939

Bélgica

53081

Holanda

42627

Arábia Saudita

37136

México

33460

Suiça

30305

Paquistão

29465

Equador

29071

Curados

Co novel

2392517 Infectados

(total cumulativo)

E.U.A.

11.5.2020 segunda-feira

(casos activos)

2549 Curados PORTUGAL

1135 Mortos

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

27581

Brasil

156061

Moçambique

87

Angola

43

Guiné-Bissau

641

Timor-Leste

24

Cabo Verde

236

São Tomé e Principe

208

PORTUGAL

países sem casos de nCov

Infectados (casos activos)

4 MACAU

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

82901

China | Macau

45

China | Hong Kong

1048

China | Taiwan

440

Coreia do Sul

10874

Japão

15663

Vietname

288

Laos

19

Cambodja

122

Tailândia

3009

Filipinas

10794

Myanmar

178

Malásia

6656

Indonésia

14032

Singapura

23336

Borneo

141

27581

países com casos de nCov

Infectados (casos activos)

41 Curados

62 HONG KONG

Infectados

Macau

(casos activos)

4

HONG KONG

982 Curados

Hong Kong

Mortos


coronavírus 9

segunda-feira 11.5.2020

60377

ovid-19 l coronavírus

Casos suspeitos

280986 Mortos

0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:

+1000

• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia

Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

4.000.000 150.000 100.000 75.000 50.000 25.000 12.500 0

20

40

60

dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 68128 1582 1276 1268 1019 991 937 787 653 579 561 913 593 638 328 355 254

MORTOS 4512 8 22 1 4 6 1 7 0 6 3 13 8 7 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 277 184 168 147 197 189 146 139 106 76 194 75 1045 440 18 45 1

MORTOS 3 2 6 2 0 3 2 2 1 3 1 0 4 6 0 0 0


10 china

11.5.2020 segunda-feira

PANDEMIA ADMITIDAS “LACUNAS” NA SAÚDE E NA PREVENÇÃO DE EPIDEMIAS RÓMULO SANTOS

São falhas sistémicas

A China admitiu, através do vice-ministro da Saúde, que o surto da covid-19 veio colocar a nu várias deficiências na governação do país, nomeadamente ao nível do sistema de saúde e no controlo e prevenção de grandes epidemias Covid-19 Autorizada abertura com reservas de cinemas e ginásios

O Conselho de Estado (Executivo) chinês autorizou sábado que cinemas, ginásios, bibliotecas, museus e galerias de arte, entre outros espaços fechados, admitam visitantes sob reservas perante o aparente controlo da covid-19 no país. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, estes espaços, encerrados até agora em muitas das províncias do país para evitar aglomerações, deverão estabelecer um limite do número de visitantes e operar com medidas especiais de prevenção.Da mesma forma, o mecanismo de prevenção e controlo do executivo reduziu o grau de resposta à pandemia “emergência” para “serviço regular” e pede aos mercados domésticos, centros comerciais, hotéis e restaurantes para reabrirem completamente. PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 210/AI/2020 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora XIONG JINMEI, portadora do Passaporte da RPC n.° E69310xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 157/DI-AI/2018, levantado pela DST a 17.08.2018, e por despacho da signatária de 29.04.2020, exarado no Relatório n.° 170/DI/2020, de 14.04.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua do Canal das Hortas n.os 15-43, Toi San Peng Man Tai Ha, Bloco B, 3.° andar sala 208 onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -----------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Abril de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

O

Governo chinês admitiu sábado que o novo coronavírus, detectado pela primeira vez no país em Dezembro passado, revelou “lacunas” no sistema de saúde chinês e nos respectivos mecanismos de prevenção de doenças infecciosas. “A luta contra a epidemia da covid-19 foi um grande teste para o sistema e para as capacidades de governação do país”, afirmou o vice-ministro chinês da Saúde, Li Bin, numa conferência de imprensa em Pequim. O governante admitiu que o surto “também revelou que a China ainda possui lacunas nos seus sistemas e mecanismos de prevenção e controlo de grandes epidemias e no seu sistema público de saúde”. As declarações do vice-ministro chinês da Saúde surgem num momento em que os Estados Unidos têm intensificado as acusações e as críticas a Pequim, com a administração norte-americana a afirmar que as autoridades chinesas ocultaram informações sobre o vírus e geriram mal a crise. “Poderia ter sido travada na China”, declarou, na semana passada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, a propósito da pandemia da doença covid-19. Pequim tem afirmado que partilhou de forma rápida com a Organização Mundial da Saúde

(OMS) e com outros países todos os dados que dispunha sobre o novo coronavírus.

PARA MELHORAR

Na sexta-feira, a China anunciou que apoia a criação de uma comissão, sob a égide da OMS, para avaliar de maneira “aberta, transparente e inclusiva” a “resposta global” à covid-19, mas só “após o fim da epidemia”. Na mesma conferência de imprensa em Pequim, o vice-ministro

da Saúde referiu algumas possíveis medidas que poderão vir a melhorar o sistema de saúde chinês, incluindo a criação de um “comando centralizado, unificado e eficiente”. O representante também mencionou uma melhor utilização da tecnologia de inteligência artificial e de dados em larga escala (‘big data’) para antecipar as epidemias. Li Bin falou igualmente de um melhoramento das leis para a área da saúde e “num

fortalecimento da cooperação internacional”. A China foi o primeiro país atingido pela pandemia da covid-19 em Dezembro de 2019, quando o novo coronavírus foi detectado na cidade de Wuhan (região centro). Vários médicos de Wuhan que deram o primeiro alerta sobre o aparecimento de um novo vírus chegaram a ser interrogados pela polícia e acusados de espalhar “rumores”.

ESTADOS UNIDOS APERTADAS REGRAS PARA VISTOS DE JORNALISTAS CHINESES

O

Governo dos Estados Unidos vai apertar as regras para vistos de jornalistas chineses, em resposta ao tratamento de jornalistas norte-americanos na China, anunciou o Departamento de Segurança Interna. Em meados de Março, as autoridades chinesas ordenaram jornalistas de vários jornais norte-americanos presentes no país a devolverem

as suas credenciais de imprensa, o que equivale à sua expulsão, no prazo de duas semanas. As instruções do Governo chinês abrangem os jornalistas que estão a trabalhar em Pequim como correspondentes para os jornais The New York Times, Washington Post e Wall Street Journal. Agora, foi a vez de o Departamento de Segu-

rança Interna dos Estados Unidos emitir novos regulamentos, que entram em vigor esta segunda-feira, que limitam os vistos de repórteres chineses a uma permanência por 90 dias. Até esta altura, os vistos não precisavam de ser prorrogados, a menos que o jornalista mudasse de empresa. O regulamento não se aplica a jornalistas de Hong Kong ou de Macau,

dois territórios considerados semiautónomos, de acordo com o regulamento publicado na sexta-feira. O Governo norte-americano alega que a China “suprimiu o jornalismo independente”, acusando os jornalistas chineses de “falta de transparência”, mas parece evidente a intenção retaliatória contra as medidas restritivas do Governo chinês aos jorna-

listas norte-americanos, anunciada em Março. Mas já nessa altura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês tinha dito que a decisão era uma resposta ao gesto “escandaloso” de Washington, que decretou a diminuição do número de chineses que estão autorizados a trabalhar nos Estados Unidos para cinco meios de comunicação de Pequim.


desporto 11

segunda-feira 11.5.2020

Está lá dentro... FIA conseguiu acomodar GP no calendário de F3

GCS

A

Federação Internacional do Automóvel (FIA) e a organização do Campeonato FIA de Fórmula 3 terão já conseguido acomodar a Taça do Mundo de F3 num calendário de recurso, após a pandemia da COVID-19 ter descontinuado todas as actividades desportivas a nível mundial. No passado mês de Março, o Conselho Mundial da FIA aprovou a inclusão da Taça do Mundo de F3 da FIA, pela quinta vez consecutiva, no programa do Grande Prémio de Macau. Isto quer dizer, que a corrida principal do Grande Prémio irá manter os mesmos moldes da edição do ano passado, em que todo o pelotão será proveniente do Campeonato FIA de Fórmula 3, utilizando os novos chassis construídos pela Dallara, equipados com motores V6 produzidos pela Mechachrome em França e pneus específicos da Pirelli. Com a excepção da primeira prova, que estava calendarizada para o Bahrein, as outras sete provas que

estavam no calendário inicial do Campeonato FIA de Fórmula 3 deveriam ser disputadas em fins-de-semana do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 até Setembro, com o Grande Prémio a ser disputado como prova “extra-campeonato” a encerrar a temporada. Esta situação permitia que os carros e material das equipas voltassem

para a Europa após a prova de Sochi (Rússia) e realizar um teste na Europa antes da jornada de Macau. Este cenário não será possível este ano, pois o calendário original da categoria rainha do automobilismo foi praticamente riscado de cima a baixo e existiam sérias dúvidas como encaixar o Grande Prémio do

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 123/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 124/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LIU CHUNXIA, portadora do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C60216xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 4/DI-AI/2018 levantado pela DST a 04.01.2018, e por despacho da signatária de 28.04.2020, exarado no Relatório n.° 80/DI/2020, de 02.03.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 405, Edf. Seng Vo, 14.° andar A, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 28 de Abril de 2020.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor GAO GUANGKAI, portador do passaporte da RPC n.° EA0177xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 4.1/DI-AI/2018 levantado pela DST a 04.01.2018, e por despacho da signatária de 28.04.2020, exarado no Relatório n.° 81/DI/2020, de 02.03.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 405, Edf. Seng Vo, 14.° andar A, Macau.-------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 28 de Abril de 2020.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

território com as oito provas do campeonato, sabendo da necessidade que há em estender provas pontuáveis para o campeonato até ao mês de Dezembro. Segundo o que o HM conseguiu apurar, as dez equipas do campeonato e que têm a obrigatoriedade contratual de também correr em Macau – Prema Racing,

Hitech Grand Prix, ART Grand Prix, Trident, HWARacelab, MP Motorsport, Jenzer Motorsport, Charouz Racing System, Carlin Buzz Racing e Campos Racing – terão já sido notificadas sobre qual o plano de provas provisório a seguir. A data do Grande Prémio de Macau - 19 a 22 de Novembro - não sofrerá qualquer alteração, mas a prova do Circuito da Guia não será a última da época para as equipas de Fórmula 3. A competição que espera arrancar em conjunto com a Fórmula 1, no início de Julho na Áustria, com dois eventos à porta fechada, poderá prolongar-se até meados ao último mês do ano, o que quer dizer que Macau não será o evento fim de época, tendo as equipas e pilotos que disputar a Taça do Mundo antes da decisão do campeonato, uma situação totalmente nova para todos os intervenientes. A Campeonato FIA de Fórmula 3 remete qualquer questão relacionada com o Grande Prémio para a FIA, enquanto que a federação não comenta por agora o calendário que está a tentar

construir junto da Formula One Management e que ainda não foi dado a conhecer ao público no geral.

PRECAUÇÕES REDOBRADAS

O recomeço da Fórmula 3 terá cuidados sanitários redobrados. O número de pessoas presentes no paddock será reduzido ao mínimo nos eventos em conjunto com a Fórmula 1. Para além dos jornalistas e pessoal do catering ficarem à porta, as equipas estarão limitadas no número de membros presentes por evento. Serão implementadas regras e protocolos para promover o distanciamento, como um menor número de elementos presente nas grelhas de partida, menos pessoas na cerimónia do pódio ou um maior espaçamento entre equipas no paddock. O uso de máscara será obrigatório, haverá medição da temperatura corporal à entrada e todos aqueles autorizados a entrar nos circuitos terão de testar negativo à COVID-19 e poderá ser obrigatório a apresentação de um teste sorológico. Sérgio Fonseca

info@hojemacau.com.mo


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h

11.5.2020 segunda-feira

Magoei os pés ´no chão onde nasci

Pinturas e Caminhos Que Cai Wenji Percorreu Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

C

AI Yan, mais vezes referida como Cai Wenji (c.178-c.206) foi protagonista de uma vida invulgar e autora de acarinhados poemas. A sua figura é observável, por exemplo, pintada nas paredes do longo corredor do antigo Palácio de Verão mas ela também aparece em gravuras e pinturas algumas portáteis, como as colecções de exemplos de virtudes femininas. É o caso do álbum (30,1 x 22,5 cm, a tinta e cores sobre seda) atribuído ao pintor He Dazi, conhecido como «Reunião de preciosidades da beleza», que se encontra no Museu do Palácio Nacional, em Taipé. Aí figura ao lado de outras mulheres notáveis como Xi Shi, Wu Liju ou Hua Mulan. Como elas, a mera menção de seu nome desperta uma história feita de emoções fortes. Filha do proeminente literato da dinastia Han Oriental (25-250 a. D.) Cai Yong, ela era originária da actual Província de Henan e a sua biografia assume um carácter dramático quando foi raptada cerca do ano de 195 e forçada a viver doze anos com o povo considerado bárbaro dos Xiongnu, forçada a casar com um chefe local de quem teve dois filhos. Só seria libertada através do pagamento de um pesado resgate pelo lendário general e poeta Cao Cao (c.155-220), deixando para trás os seus filhos. Podem ser uma recordação desses dias, os seus famosos «Poemas da tristeza e da raiva»: «À minha morada tantas vezes coberta de neve e de gelo,/ Os ventos estrangeiros trazem outra vez a Primavera e o Verão./ Gentilmente

acariciando os meus vestidos/ E num arrepio de frio, sussurram ao meu ouvido. (…)» A impressão de uma verdade no relato do seu caso acordaria a inspiração musical de um compositor para o mítico guqin, o instrumento dos literatos. Liu Shang (activo c.770 a. D.) compôs a peça «Dezoito canções da flauta nómada» (Hujia Shiba Pai) em que descreve, em cadências, o trágico percurso de Cai Wenji. No meio da seguinte dinastia Song o imperador Gaozong (1107-1187) tocado por uma coincidência, encomendou um rolo onde no seu estilo caligráfico, estão reproduzidas as canções, acompanhadas de dezoito pinturas que fazem ver a história de Cai Wenji. A mãe de Gaozong, a imperatriz viúva Wei, também ficara refém no Norte e também seria libertada através de um acordo entre o império Song e os Jurchen. Do grandioso empreendimento artístico só restam hoje quatro fragmentos no Museu de Belas Artes de Boston, porém uma cópia, realizada por um autor não identificado da dinastia Ming (1368-1644) está no Metmuseum, de Nova Iorque. Logo no início do rolo (28,6 x 1196,3 cm, a tinta, cor e ouro sobre seda) na sua partida da China, já está todo o drama na dama de vestes brancas, ameaçada por figuras cobertas pela cor negra. Será sempre do negro que a sua memória persistirá, basta olhar o céu nocturno, porque o seu nome foi dado a duas crateras, uma no planeta Mercúrio, outra em Vénus.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

segunda-feira 11.5.2020

Anabela Canas

O

U o orangotango e o escaravelho. Em subtítulo e como uma fábula encarnada por esse estranho par da floresta. Um, nos píncaros das árvores, o outro a rolar bolas de estrume, muito abaixo. Essenciais. Horas passadas em frente a um ecrã a trabalhar, fechada em casa nesta consciência de que tem que ser e de que sei a razão. Ao contrário dos bichos. Isolados pela desflorestação. E passando, num curto passo conceptual, de habitantes a invasores. Ou tornados órfãos pela captura das mães. Desligo o computador e acendo a televisão. Outra janela no habitat da casa. E aterro no Bornéu. Esplendorosa visão sem tocar, da floresta tropical. E tão bonito o termo inglês: “rain forest”, a que brota da chuva, esse dialético alternar entre o que cai e o que ascende, numa medição de forças em que a vida impera. Ali. Vestígio de um milhão de anos de vida em renovação desde o mais inacessível rebento, a centenas de metros do chão, ao mais ínfimo verme escondido no segredo desse cadinho de desperdícios no solo. Árvores milenares, tanto de altura em busca dos abismos etéreos do espaço livre, como no oculto da profundidade, quase uma metáfora do dinamismo psíquico, que nos caracteriza e acrescenta ou transtorna. Enquanto no resto da natureza, as funções e as coordenadas se dividem. O elevado e o rasteiro. Uma imensa fábrica útil, maravilhosa e exuberante de diversidade e equilíbrio. Grandes orangotangos, de enternecedora semelhança connosco no olhar, e nos noventa e tal por cento de ADN comum, em que foi seguramente incluída uma certa apetência à contemplação. Parecem tão serenos e sem outra actividade, que viver. Essa serenidade que nos falta. Mergulhados em ambição. Mas eles, ao contrário de nós, mesmo no gesto mais elementar de comer um fruto, retribuem à natureza, disseminando as sementes, em vez de lenços de papel. Têm mais utilidade do que nós, seres humanos. E garantem a biodiversidade que lhes assegura a existência. Também poluem com as suas fezes inevitáveis que exalam um metano nocivo para a atmosfera. Mas os pequenos escaravelhos, de poucos centímetros, que rolam bolas de estrume mil vezes mais pesadas do que eles próprios e as enterram, úteis aos seus hábitos de reprodução, neutralizam a poluição que delas se evolaria. Isto deveria dar-nos que

E depois das árvores ANABELA CANAS

Cartografias

pensar. A poesia das pequenas profissões da natureza. A utilidade de tudo. Comove. O que é esta resina, que sela as dores de árvores feridas, e usamos em colares como somos fúteis e a única espécie que se enfeita com a natureza alheia e que em quarentena, só reza para que reabram os cabeleireiros – penso, rolando uma pequena conta de cor ambarina entre os dedos, num gesto mecânico. Mas sobretudo os que, no topo da cadeia alimentar, nada dão em troca. Nós que tanto falamos de reciprocidade. Que combatemos os da nossa espécie por ideais. Por ideias e ambições. E destruímos sem dó a nossa casa-mundo. Toda esta beleza feita de um intricado e misterioso conjunto de cores e sons e vida escondida, de tirar a respiração. Mas nos permite respirar melhor. E, mesmo de longe, viver melhor. Porque é ali que se prende como a profundas garras, uma quantidade imensa de carbono, que subindo à atmosfera contribui para uma abóbada-estufa em que tudo definha. E já se pode ver para crer, numa floresta digitalizada em camadas de cor, a quantidade de carbono retido nela e não deixado fugir livre para a atmosfera. Mas

reduzida em um terço pela mão do homem. E, por comparação, as cores dessa ausência, em florestas rígidas de palmeiras novas, repetitivas, que vão substituindo hectare a hectare, cruéis, a maravilhosa diversidade da outra. Limpas do carbono fugido delas para a atmosfera, em liberdade de fazer mal. Os bichos em fuga, também. A vida em desequilíbrio. E depois de tudo isto, das árvores, fico a pensar que resta o depois de nós. E que se perde também uma espécie fascinante. Mas que ao contrário das outras, com toda a sua razão e imaginação, tanto produziu, que destruiu. Um tiro no pé. Pesquiso no mundo Google: “como ir”. E corrijo: “como não ir”. Deveríamos poder ver de perto a fórmula feliz da natureza, mas tudo aquilo em que tocamos estragamos. E há muitos lugares no mundo que deviam ter sido ignorados pela espécie humana. Excepto agora, por aqueles que, dedicados à ciência, ali têm como missão de vida estudar, ler os limites, fazer contas ao mundo e proteger. Que tentam reconquistar a sustentável leveza do ser-mundo, à ganância de povos e políticas. Ali, onde cada ser estava

Por aqui também cai o dia. Sento-me em frente, com um copo de vinho. Transformado do natural. E o copo é bonito porque é vidro. Uma diáfana invenção. Talvez devêssemos ter ficado por aí. Para uma bebida, o entardecer. Uma emoção calma

no seu lugar e sem ambições para mais. No equilíbrio mútuo de vidas como um todo. Mas não é por altruísmo que são assim os seres vivos. É como se fosse uma forma superior de inteligência genética, que nos falta, a que os tem em harmonia no puzzle complicado de dependência e importância. Ao largo do Bornéu mergulhando a pique nas águas, outra forma de equilíbrio no arame. E qualquer sopro estrondoso de uma explosão para pesca apressada, faz ruir florestas subaquáticas e maravilhosas de corais, e com eles a fauna dependente. Não só não retribuímos, como somos predadores com meios desproporcionados que pescam mais para enriquecer que para comer. E, em fuga para a frente. Marte. Talvez um dia tenhamos que nos mudar. Depois o crepúsculo. Um burburinho ensurdecedor de aves e insectos que desafiam a noite. Ali, num mundo isolado e já quase inacreditável, no meio do vórtice de insanidade, as pequenas coisas belas e estruturadas persistem inexoráveis como uma camada do mundo que é intransponível, mas não é verdade. Enormes tensões que facilmente o abalam e põem em causa este perfeito mas delicado equilíbrio. Entre orangotango e escaravelho. Por aqui também cai o dia. Sento-me em frente, com um copo de vinho. Transformado do natural. E o copo é bonito porque é vidro. Uma diáfana invenção. Talvez devêssemos ter ficado por aí. Para uma bebida, o entardecer. Uma emoção calma. Sim a cidade silenciosa também. Este céu branco enevoado antes do negro. E não há grito possível. Nem medo. Medo é em tudo o resto. Mas o ruído ensurdecedor da floresta fica a habitar-me e a casa. Deixo respirar o vinho, como a terra precisa, enquanto o movo ligeiramente a sentir o aroma. Olho uma imagem de que gosto. Na parede. Outra coisa que nos distingue dos bichos. Produzir imagens. Ou a razão ou a memória. Ou imaginar o que não existe e esquecer o que há. A natureza em agonia. E depois, simplesmente, pergunto o porquê. Daquilo que nos distingue e de que nos orgulhamos, ser também o que destrói sem retribuição. A vida é elaborar, ir. Mas também, com razões maiores que nós, o contrário. Ou o futuro é já ali, depois das árvores, depois do mar e depois de nós. Marte é tão vazio e sem árvores.


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11.5.2020 segunda-feira

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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Walt Dohrn 14.30, 16.30, 19.00

Um filme de: Jeff Wadlow Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 15.30, 18.45, 21.00

FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Stephen Gaghan Com: Robert Downey Jr., Antonio Banderas, Michael Sheen 21.15

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Um filme de: Tristan Seguela Com: Michel Blanc, Hakim Jemili 16.00, 18.30, 20.30

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VIDA DE CÃO

TONS DE CINZENTO A decisão do Instituto para os Assuntos Municipais em voltar atrás com a autorização que tinha dado à União para o Desenvolvimento da Democracia para organizar exposições fotográficas sobre o massacre de Tiananmen não vem acompanhada de uma justificação suficientemente plausível para acalmar suspeitas de motivações políticas. É nestas decisões que se sente o ambiente a ficar mais tenso. E ultimamente têm sido frequentes: basta recordar a decisão de Outubro do Tribunal de Última Instância em rejeitar o recurso sobre a realização de protestos contra a violência policial em Hong Kong, ou os diversos casos de recusas de entradas em Macau no final do ano passado. Não se percebe o que mudou desde a autorização inicial dada em Abril. Tendo em conta a “situação real” de Macau – expressão que tanto se gosta de usar, é difícil apresentar o contexto da covid-19 como um factor de ponderação. A menos que os cientistas tenham descoberto que olhar para imagens leva a que se contraia o vírus, quando não existem sequer casos de transmissão dentro da comunidade. As liberdades que o segundo sistema supostamente protege não se vão perder de um dia para o outro. Mesmo quem não se identificar pessoalmente com o conteúdo dos movimentos ou exposições, deve valorizar o direito de manifestação e liberdade de expressão. É preciso haver mobilização social contra sinais de repressão, antes que se tornem a norma em vez da excepção. João Luz

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que substitui a oração do Angelus durante o tempo pascal. Na cerimónia realizada no palácio apostólico do Vaticano, o Papa Francisco recordou o 70.º aniversário da "Declaração Schuman", assinalado no sábado (Dia da Europa) e que esteve na origem do bloco comunitário.

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O Papa Francisco pediu ontem aos líderes da União Europeia (UE) que enfrentem a pandemia da covid-19 e as respectivas consequências sociais e económicas com “um espírito de harmonia e de cooperação”. O pontífice fez o apelo durante a oração Regina Coeli,

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TRILOGIA O SÉCULO | KEN FOLLETT

58 O nome que os1leitores 2 1 3 5 9 8 da6trilogia 3 é fiel 9 ao 5 4 podem 7 2 as tensões e o contexto imposto pelas guerras se esperar ao longo dos três volumes: um romance fazem sentir em diferentes gerações. As histórias sobre4 a história do século 6 8 1 2 7 7 5 2 XX. 6 Em 8 destaque 1 9 es-3 ficcionais individuais ilustram como diferentes tão a primeira guerra mundial, a segunda guerra ideologias moldaram as sociedades retratadas, e mundial 7 5 6 4 8 2 e a1guerra 9 fria.4O escritor 3 7segue 5 famílias 6 8 são intercaladas com figuras reais, como Martin de origens diferentes – inglesa, galesa, russa, Luther King, criando uma narrativa em que a diTROLLS WORLD TOUR 8 6 9 1 4 1 8 7 – e6conta9 através 2 delas 3 5 americana e alemã como4 ficuldade é pousar os livros. João Luz 5 3 8 6 2 3 5 6 8 1 4 9 2 7 9 4 Fábrica 5 de7Notícias, 3 Lda Director Carlos Morais 9 José 4 Editores 2 João 3 Luz;7José C.5Mendes6Redacção 8 Andreia 1 Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 1 Lobo 2 Pinheiro; 7 9 7 José 3Drummond; 1 5José Navarro 8 6de Andrade; 2 José 4Simões 9 Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Gonçalo Gonçalo6 M.Tavares; João Paulo Cotrim; Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; 3 9 4 8 5 5 9 4 7 2 3 8 1 6 João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 6 2 8 1 4 9 7 3 5 4 7 2 3 1 Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo 60


opinião 15

segunda-feira 11.5.2020

reencarnações

JOÃO LUZ

M

8 de Maio de 2045

EU amor, escrevo-te palavras que sei que nunca irás ler. Pouco tempo me sobra, dificilmente terei outro dia pela frente, estas linhas apenas tornam concretos os pensamentos que te dirijo. Perdemos a guerra, algo que, por certo, saberás melhor que eu. A frente que seguro com um pequeno e intrépido reduto luta para adiar o inevitável. Pagamos a nossa morte a crédito, em penosas prestações. O mundo perde connosco e nós perdemo-nos um ao outro. O futuro pertence à obediência cega, à irracional superioridade trazida de berço, à morte e degradação dos que pensam além do regime que aí vem, que se avizinhava há décadas e que ignorámos, outra vez, como um capricho passageiro. Passageira é a liberdade, o pensamento livre, o exercício puro do amor, a vida. Vimos a besta no horizonte e nada fizemos, deixámos que tomasse conta do discurso público, das instituições e até dos corações dos que culpam os outros dos seus próprios insucessos. Deixámos mal os que lutaram antes de nós para os nossos pais terem o luxo de nos dar livres ao mundo. Fomos perdendo, enquanto nos julgávamos invencíveis, enquanto defendíamos ingenuamente a liberdade de expressão dos que nunca esconderam todos quererem calar. Entregámos o povo à brutalidade da vingança mascarada de política social, demos de mão beijada as minorias à violência do preconceito torpe. Este quartel, que mal aguenta as ofensivas do inimigo, é o último reduto do longo somatório de derrotas que acumulamos, tantas que não tenho vida suficiente para elencar. Primeiro roubaram o povo de um sentido de verdade, depois escapou-se a história. A campanha contra o jornalismo começou sorrateiramente, em discussões pseudo-deontológicas entre objectivismo e subjectivismo que evoluíram para um diálogo de surdos entre dois grandes grupos económicos que transformaram a verdade numa questão de perspectiva. A partir daí a confiança no jornalismo independente morreu, como morreram os jornalistas autónomos, calados por falta de recursos e campanhas de difamação orquestradas pelas duas cabeças comunicativas do monstro bicéfalo que comeu a verdade. Factos passaram a ser uma questão sujeita a interpretação pessoal, cada um escolheu a verdade mais apropriada ao seu palato po-

lítico, sem noção de que neste duelo nunca ganha a razão, nem o conhecimento, muito menos a ponderação e a elegância. Quando o palco da luta ideológica é a pocilga, o porco joga em casa e ganha sempre. Foi o que aconteceu. Depois da verdade, da factualidade, o passado foi editado para acomodar o regresso do fascismo ao poder. Segundo a versão revista, estes regimes nunca existiram, passaram a ser uma névoa indecifrável que virou a culpa para longe dos saudosistas em direcção a um abismo de desculpabilização absoluta. Se não consegues dizer o que foi o regime, se é impossível de concretizar, provavelmente não existiu. Se não existiu, como sabes que vai ser mau?

Quando o palco da luta ideológica é a pocilga, o porco joga em casa e ganha sempre A derrocada das instituições que constituem a república estava ao virar da esquina. A verdade, o passado e também a separação de poderes que equilibra as forças decisórias, tornaram-se três inimigos que conspiram na penumbra contra o lobo vestido de vontade popular. Só o líder paternal e autoritário pode salvar a população desta tão rocambolesca tramoia, que ninguém nunca conseguiu vislumbrar o objectivo concreto. Ainda assim, ficámos em choque a assistir atónitos à queda da justiça independente, à rendição

do poder legislativo e à subida do executivo aos céus do absolutismo. Com o país controlado, era uma questão de tempo até à internacionalização incontrolável da besta pelo continente afora. A doença espalhou-se com a velocidade de contágio do vírus da propaganda e uniu-se com a solidariedade que só os cartéis conseguem congregar. Os dois blocos continentais ficaram cada vez mais definidos. De um lado, a nova ordem, assente em desumanas e antigas ideias, e a ordem estabelecida, sem força para aguentar direitos, liberdades e garantias, depois de décadas de sucessivas capitulações políticas. Antes da asfixia dos debilitados poderes que seguravam a democracia, já se previa a campanha de execuções em praça pública de dissidentes e contestatários do Rei Sol que esperava o amanhecer mais negro deste século. Quando reagimos já era tarde demais, quando pegámos nas armas já estávamos com a cabeça a prémio, entre a parede e o pelotão de fuzilamento. Como gostaria de te prometer que vais voltar a ter liberdade para escolheres o teu destino, autodeterminação para viajares, ires onde quiseres, falares com e sobre o que te apetecer, degustar os prazeres da arte sem limites. Mas sabes que não te posso garantir nada disso. Só espero que sejas poupada ao sofrimento e que voltes um dia a sorrir. Deus sabe como o mundo fica pobre sem o teu sorriso. Para sempre teu...


O verdadeiro mérito é como os rios: quanto mais profundo, menos ruído faz. PALAVRA DO DIA

George Halifax

Alerta médio WUHAN NOVO CASO APÓS MAIS DE UM MÊS SEM CONTÁGIOS

Fronteira Tropas chinesas e indianas confrontaram-se

As forças armadas da Índia e da China confrontaram-se numa breve mas agressiva escaramuça no estado fronteiriço de Sikkim, no nordeste da Índia, informou o Ministério da Defesa indiano. “Confirmamos que ocorreu um confronto na fronteira, causado pelo comportamento agressivo das duas partes e que resultou em ferimentos ligeiros nas tropas”, afirmou o Ministério da Defesa da Índia, num comunicado. “As tropas resolvem esses problemas mutuamente de acordo com os protocolos estabelecidos”, acrescentou o ministério, no qual também assegurava que os combates cessaram como resultado de diálogo entre as partes. As autoridades indianas, no entanto, não esclareceram quando o incidente ocorreu. China e Índia, que disputam territórios no Himalaia, entraram em guerra na fronteira em 1962.

Habitação Preços sofrem quebra de 0,2 %

A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) divulgou ontem os dados do Índice de Preços à Habitação (IPH) relativos ao primeiro trimestre. Entre Janeiro e Março o índice global dos preços da habitação foi de 264,1, uma descida de 0,2 por cento em relação ao período compreendido entre Dezembro e Fevereiro deste ano. A DSEC aponta ainda que o índice de preços de habitações da península de Macau foi de 265,7, uma quebra de 0,2 por cento, enquanto que o índice da Taipa e Coloane foi de 257,6, uma descida de 0,4 por cento. PUB

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China elevou ontem o nível de risco epidemiológico num distrito de Wuhan (centro), após a descoberta de um novo caso de covid-19, o primeiro em mais de um mês nesta cidade, que foi o berço da actual pandemia.

A Comissão Nacional de Saúde anunciou que foi detectado um novo caso nesta cidade localizada no centro da China, tratando-se de um homem de 89 anos residente no distrito de Dongxihu, na zona noroeste de Wuhan. A cidade de Wuhan, onde foi detectado pela primeira vez o

novo coronavírus em Dezembro passado, não registava nenhum caso da doença covid-19 desde 3 de Abril. Perante este novo caso, as autoridades locais decidiram elevar o nível de risco epidemiológico neste distrito de “baixo” para “médio”.

segunda-feira 11.5.2020

Wuhan, uma cidade com cerca de 11 milhões de habitantes, é considerada actualmente uma zona de “baixo risco” desde que foi levantado, em 8 de Abril, um período de quarentena de mais de dois meses e a rotina diária das pessoas começou gradualmente a ser retomada. Por exemplo, os alunos do ensino secundário regressaram às aulas na passada quarta-feira – com uso de máscaras de protecção individual e sob medidas sanitárias rigorosas - após quatro meses de férias forçadas devido ao vírus. A par deste caso em Wuhan, a China informou ontem ter registado, nas últimas 24 horas, outros 13 novos casos de infecção no país, sendo que a maioria foi diagnosticado no nordeste do país, onde a cidade de Shulan foi colocada em quarentena. Trata-se da primeira vez desde 1 de Maio que o país anuncia um número diário de contágios de dois dígitos. Em termos totais, e desde o início da crise, a China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau) contabilizou oficialmente 82.901 casos, incluindo 4.633 vítimas mortais e 78.120 pessoas recuperadas.


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