Director carlos morais josé
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terça-feira 12 de janeiro de 2016 • ANO Xv • Nº 3490
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Quando Coutinho apresentou a Lei Sindical, os deputados-empresários votaram contra e disseram porquê. O que dirão ao projecto da FAOM? Política página
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Saúde Residentes descrevem erros graves nos hospitais Apesar das melhoras, os utentes dos hospitais de Macau continuam a queixar-se do atendimento que recebem e denunciam casos de mau diagonóstico. Grande Plano páginas
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David Bowie (1947-2016)
Liberdade! hong kong página 12
O homem que ´ subiu ao ceu centrais
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jimmy-king
Deputados-empresários analisam Lei Sindical
Agência Comercial Pico • 28721006
hojemacau
2 grande plano
Saúde
Casos de mau diagnóstico ensombram “primeiro ano brilhante”
São os pacientes que o dizem: ainda que esteja a melhorar, a saúde continua com arestas por limar, mais no que aos profissionais diz respeito. Há erros muito graves, dizem, e ir aos hospitais – públicos ou privados – “é uma questão de sorte”
D
epois de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, elogiar o bom trabalho realizado pela sua equipa nesta pasta, os utentes dão a mão à palmatória: a saúde está melhor dizem, mas há ainda um caminho longo a percorrer. Prova disso são os exemplos, contados na primeira pessoa, de quem foi “mal atendido” por profissionais de saúde do sector público e privado e, pior que isso, foi vítima de “um diagnóstico errado”. Durante os últimos meses, o HM recolheu vários relatos de utentes do serviços de saúde de Macau. Alguns deles chegaram mesmo ao nosso jornal sem os termos procurado, com residentes a quererem falar do que lhes aconteceu. Foi o caso de Maria João. A portuguesa estava em casa quando sentiu uma dor abdominal forte. “Pensei que fosse uma cólica, alguma coisa que tivesse comido. Não me preocupei”, conta ao HM. Os suores frios começaram, o coração bateu mais forte e a perna direito ficou presa. “Comecei a ter algumas dificuldades em caminhar, mas resisti e pensei que dali a pouco passaria”, relembra. A dor não passou e a zona abdominal começou a ser motivo de preocupação. “Comecei a inchar descontroladamente. A minha barriga estava enorme e muito dura. Sentia uma dor forte e deixei de me conseguir esticar, andava curvada. Fui para o hospital”, explica. Maria João deu entrada no Centro Hospitalar Conde de São Januário depois das 22h00. “Esperei uma hora, nem sei se chegou a ser tanto. Estava pouca gente, algumas crianças com sintomas de gripe”, assinala. A recebê-la esteve um médico que “pouco ou nada falava em Inglês ou Português”. “Para meu alívio estava um enfermeiro, de cara nova, que falava um medíocre Inglês e algumas palavras em português. Acho que ele percebeu a minha cara de pânico e veio dizer um ‘tudo bem’ e perguntou-me se tinha dores, para me apaziguar a alma”, brinca, agora que o susto passou.
Maria João sentou-se numa cadeira junto à secretária e esperou que o médico falasse. “Ele não falou e eu disse-lhe um ‘hello’. De olhos fixos no ecrã e entre os papéis o médico só olhou para mim quando eu disse ‘aqui, tenho uma dor aqui’. Um olhar de cinco segundos, se tanto, e volta a cabeça para o ecrã”, conta. Diagnóstico: sofre de dor. “O médico não me tocou, mal me olhou e diz-me, depois de lhe relatar o meu dia e a progressão da situação, que ‘sofro de dor’. Isso eu sabia. Mas quis saber, como é obvio, o motivo da dor. A pessoa que me acompanhava – na altura com mais força reivindicativa do que eu – começou a fazer perguntas ao médico em causa”. “Não vai pedir análises? Que dor é esta? Porque é que ela está com dores? Pode ser apendicite? Pode ser cólica? O que é que pode ser?” foram algumas das perguntas feitas. Perguntas estas que nunca encontraram resposta. “É uma dor. Se quiser fazer exames para perceber pode na segunda-feira ir ao centro de saúde – era sexta à
noite – mas por agora toma isto. Foi o que o médico me disse, depois de me receitar Buscopan para as dores musculares”, explica. A dor tinha uma origem: Maria João fez uma reacção alérgica a um alimento, um facto que desconhecia até então. A dor não passou e, no dia seguinte, Maria João foi ao sistema de saúde privado, onde “só o segundo médico conseguiu perceber o que era”.
Não me toques que me desafinas
Matt W. não nasceu em Macau mas é como se fosse filho da terra, não fossem os mais de 13 anos a residir no território. História de erros nos diagnósticos e tantas outras são uma constante, anota, enquanto ressalva que no hospital público “também há gente boa”. O caso de Matt implica uma clavícula partida. “Fui para o hospital [São Januário] porque a fazer desporto parti a clavícula. Cheguei às urgências e os médicos tiraram-me um raio-x. Disseram que estava tudo bem, receitaram-me um medicamento para as dores e mandaram-me para casa”, conta.
Batas
Tudo isto seria normal não fossem as dores permanentes que levaram Matt uma segunda vez ao São Januário. Um médico diferente, ainda que no mesmo lugar, deu origem a um diagnóstico diferente: afinal Matt efectivamente tinha partido a clavícula e um novo raio-x mostrava isso. “A solução passava por partir novamente o osso ou então fazer fisioterapia. Optei pela segunda hipótese, mas confesso que em nada adiantou. As dores ainda as tenho”, frisou. Nunca ninguém assumiu a responsabilidade. Rita E., tem 25 anos e historial clínico. Depois de sentir diversas vezes mau estar e muitas palpitações, a jovem recorreu ao Conde de São Januário para realizar um electrocardiograma que permitisse justificar as arritmias que sentia. “Entrei na sala do consultório, era um médico-assistente chinês”, apontou ao HM, salientando a “nenhuma importância que a diferente cultura poderá ter”. Rita explicou os sintomas e o que estava ali a fazer: um exame. “Já não era a primeira vez que fazia
este tipo de exame, portanto sei os procedimentos. Comecei a tirar a roupa e fui imediatamente parada. Disse para eu esperar. Enquanto isto veio uma técnica do hospital que me deu uma bata para vestir, enquanto o médico esperava lá fora. Depois de vestida só com a bata, o médico entrou e começou a colar-me os adesivos para fazer o exame, mas fez-me estar de costas para ele. Nunca olhou para mim”, relembra. Em termos práticos, o médico pediu a Rita que se virasse de costas enquanto lhe colava os “adesivos às escuras”. “Ele nunca olhou para mim. Eu percebo a cultura chinesa, já sabia que tocar e olhar para um corpo do sexo oposto é um problema. Mas naquele momento de aflição, ver um médico que nem sequer olha para o paciente e nem está a ver onde põe os adesivos, deixa-nos ainda mais nervosos. Colocamos em causa a qualidade dele, o seu profissionalismo”, aponta.
Do público ao privado
Mas esta não foi a única má experiência de Rita e as histórias
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manchadas
“À sétima foi de vez” Residente só foi diagnosticada depois de vista seis vezes
A
de profissionais de saúde que não tocam ou olham para os pacientes multiplicam-se quando falamos com residentes. “Um dia estava cheia de dores na barriga, não sabia o que era, só tinha uma certeza: não era estômago, porque era mais em baixo”, conta. Depois da má experiência no São Januário, Rita não quis arriscar e foi directamente para o Hospital Kiang Wu. Já lá dentro, a queixosa foi atendida por uma médica que lhe receitou “muitos” medicamentos, sem nunca sequer olhar para ela. “Fiquei tão chateada. Estava cheia de dores, a explicar o que sentia e em momento algum a médica olhou para mim. Estava com os olhos fixos no ecrã do computador. Não me auscultou, não me tocou no corpo, que é uma coisa básica quando temos dores”, conta. Em menos de cinco minutos, Rita recebeu uma receita médica com “sete tipos de medicamentos para o estômago”. Rita E. decidiu nem sequer aviar a receita e ir directamente para o Conde de São Januário. Foi lá que perceberam que era uma infecção na bexiga. A profissional de saúde do hospital
público nem queria acreditar quando viu a receita: “ela disse mesmo que os medicamentos eram todos para a mesma coisa e que se tomasse aquilo, com o que tinha, ainda iria agravar a situação”, frisa Rita. “Temos que admitir que é sempre uma questão de sorte ir ao hospital. Não podemos não referir os bons profissionais que lá existem, que foi o meu caso com a médica do público, mas este tipo de situações são uma constante”, defende. “Todos os hospitais têm maus momentos, mas em Macau é um exagero. Raras são as pessoas que não tenham uma má experiência e o pior, para mim, é mesmo a indiferença com que alguns médicos nos tratam”, aponta. Admitindo as melhorias que neste último ano aconteceram, tal como a diminuição das filas de espera, Matt W. reforça a ideia de que fala Rita – é preciso ter “sorte” com o “médico que nos calha”. “Há muito bons profissionais no hospital público. É preciso é calharmos nas mãos deles”, reforçou. Filipa Araújo
filipa.araujo@hojemacau.com.mo
na Soares, designer, é residente de Macau há três anos e foi o mais recente caso relatado ao HM. Ana começou por sentir febre e um cansaço fora do comum. Depois de dois dias sem melhorias, dirigiu-se ao serviço de urgência do hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST), local onde lhe receitaram medicamentos para baixar a febre. Possível constipação seria o diagnóstico mais acertado. Dois dias depois e sem melhorias, Ana volta a um médico privado. “É uma infecção”, disse-lhe o médico. Um novo antibiótico. No quinto dia de mau estar – e estando na China em trabalho – o corpo de Ana deixou de reagir e estava cada vez mais fraco. Depois de quase desmaiar, os colegas de trabalho encaminharam-na para o hospital de Shenzen. “Uma baixa de defesas. O sistema imunitário estava fraco”, conta. Este foi de facto o diagnóstico mais próximo da realidade, mas ainda assim o médicos aconselharam-na a visitar um médico em Macau. Ao chegar ao território, Ana foi imediatamente encaminhada para a Clínica Maló. O silêncio de um serviço de urgência previa o errado diagnóstico que surgia. “Nunca me tocou. Foi a pessoa que estava comigo que
disse para o médico ver a minha garganta. Tinha a boca cheia de bolhas, os lábios todos rebentados. Tinha enormes papos na garganta. Estava desesperada. A minha amiga pediu ao médico para perceber o que se passava e fazer análises”, relembra. A resposta do médico deixou as duas mulheres boquiabertas. “Talvez seja melhor ir às urgências do São Januário ou Kiang Wu porque nós aqui não fazemos exames ao fim-de-semana.” E assim aconteceu. De uma urgência, Ana passou para outra. No Kiang Wu da Taipa o médico explicou: “Está com uma crise de amigdalite”. Novo antibiótico, um anti-inflamatório e analgésicos. Foi o sexto médico em seis dias. Três dias depois, Ana não melhorou e a boca estava a piorar. “Fui a uma médica portuguesa, porque achei que o problema só podia ser de comunicação”, conta. A sétima médica confirmou o diagnóstico da cidade vizinha chinesa: Ana estava com o sistema imunitário débil e precisava de repouso absoluto, a medicação indicada e muita hidratação. Contudo, e porque Ana estava sob o efeito de diversos medicamentos, a jovem não podia tomar imediatamente o que melhor lhe serviria. Hoje está saudável e diz, brincando, que no seu caso “só à sétima foi de vez”. F.A.
“Estava cheia de dores, a explicar o que sentia e em momento algum a médica olhou para mim. Estava com os olhos fixos no ecrã do computador. Não me auscultou, não me tocou no corpo, que é uma coisa básica quando temos dores” Rita E. residente
comentário
Contentar com pouco “C
om a saúde não se brinca”, sempre ouvi a minha mãe dizer. Agora, 30 anos depois, repito as sábias palavras da minha progenitora: “com a saúde não se brinca”. E às vezes olho para a saúde em Macau e questiono-me se não estarão a brincar com os utentes. Em dois anos de existência no território, quis o destino que a “pasta” da Saúde me parasse muitas vezes na secretária. Como jornalista, tenho acesso em primeira mão - ou pelo menos deveria ter - aos planos e concretizações do Governo. Alexis Tam inaugurou o seu mandato dando prioridade à saúde. De louvar. Atitude corajosa, achei eu, quando publicamente o nosso representante afirmou despedir quem fosse preciso. “Os futuros cinco anos brilhantes”, proclamou Alexis. Um ano depois, durante as Linhas de Acção Governativa da sua pasta – que, vejam lá, também me calharam a mim – o Secretário dá os parabéns à sua equipa de trabalho. “Foi um bom ano”, lembro-me de o citar. Os deputados, esses, que durante um ano apontaram o dedo, chegaram a levantar-se dos seus confortáveis acentos e agradecer o trabalho prestado. Melhorámos, confesso que sim, mas não chega. Não me vou contentar com o pouco. Não posso e não quero. Não me chega como paciente e utente do serviço médico de Macau. Não me chega como jornalista que vai ouvindo e assistindo a histórias que não devem, nem podem, acontecer. Admito que o ano de 2015 teve aspectos positivos. Eu própria cheguei a escrever sobre eles. Menos esperas, mais horas de serviços, mais isto e aquilo. Mas precisamos de mais. E como todas as pessoas que ouvi para o artigo que acabaram de ler, melhorámos mas não nos podemos contentar só com isto. Precisamos de médicos humanizados. Somos um centro internacional, não é? Então comportemo-nos como tal. Precisamos de médicos que lutem pelos seus pacientes, que queiram ser os melhores médicos do mundo. Queremos um Governo que nas suas potencialidades consiga proporcionar o mais precioso ingrediente à vida humana: saúde.
F.A.
4 Política
hoje macau terça-feira 12.1.2016
Au Kam San
José Pereira Coutinho
Lei Sindical Deputados têm “esperança” na aprovação
Água mole em pedra dura... Pereira Coutinho e Au Kam San esperam que os deputados, sobretudo os nomeados, possam aprovar a Lei Sindical apresentada pela FAOM. Mas também dizem que isso só acontece se houver o aval do Chefe do Executivo
P
ela primeira vez na história da política local uma associação que não a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) apresentou um projecto de Lei Sindical na Assembleia Legislativa (AL). José Pereira Coutinho, actual presidente da ATFPM e autor de seis projectos desta mesma lei, espera que a iniciativa da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), através dos deputados Kwan Tsui Hang, Ella Leo e Lam Heong Sang, possa reunir os apoios necessários.
“Vejo com grande esperança o facto de haver colegas que finalmente decidiram apresentar o projecto. Espero que reúna o consenso e os votos necessários para a sua apreciação na generalidade”, disse Pereira Coutinho ao HM, sublinhando que espera sobretudo o apoio dos sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo. “Não vai ser fácil [obter o apoio], mas acredito que se houver da parte do Chefe do Executivo uma boa vontade, e se der indicações positivas para que os deputados nomeados tenham abertura em relação a este diploma, então não vejo razão para que continuemos
a aceitar lacunas desta natureza”, frisou o deputado directo.
Deputados analisam diploma
Contactado pelo HM, Lau Veng Seng, deputado nomeado, disse não ser a melhor altura para dizer se vai ou não votar a favor, por ainda estar a analisar o diploma. Também Gabriel
Tong, nomeado, pediu mais tempo para analisar o projecto de lei. “Houve várias tentativas no passado propostas pelo deputado Pereira Coutinho e desta vez são outros deputados a apresentar. Temos de ver se há coisas novas e em que medida é que os direitos e a organização sindical estão garantidos”, disse ao HM.
Au Kam San lembra que a lei só poderá ser aprovado se existir um “entendimento tácito” entre os três deputados [da FAOM] e os deputados que representam o sector empresarial
Leonel Alves, deputado indirecto, também não quis comentar por estar a analisar o diploma.
Não vai ser fácil
Ao HM, o deputado Au Kam San garantiu que vai votar a favor, tal como fez nas anteriores votações. Contudo, o deputado lembra que a lei só poderá ser aprovado se existir um “entendimento tácito” entre os três deputados [da FAOM] e os deputados que representam o sector empresarial. Só isto, diz, poderá facilitar a aprovação na generalidade. Na nota justificativa da proposta de lei pode ler-se que “a presente iniciativa legislativa tem por objectivo concretizar o disposto da Lei Básica da RAEM, dar cumprimento ao exigido pela Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e colmatar o vazio legislativo nesta matéria, criando-se a respectiva regulamentação no ordenamento jurídico da RAEM”, pode ler-se. O HM tentou ainda obter reacções junto de outros deputados, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto. Andreia Sofia Silva com F.F.
andreia.silva@hojemacau.com.mo
deputados-empresários chumbaram lei de coutinho
E
à quinta não foi de vez. Os deputados reprovaram o projecto de Lei Sindical apresentado por José Pereira Coutinho. Entre 14 votos contra, nove a favor e sete abstenções, a sugestão de fazer existir uma lei que permita o direito de associação sindical caiu por terra, com os deputados a justificarem que ainda não é a altura
oportuna e que a lei não reúne ainda o consenso da sociedade. Por exemplo, para Fong Chi Keong, a lei daria prioridade a uma determinada classe da sociedade, algo que não é necessário, diz, porque os “direitos dos trabalhadores até têm vindo a ser respeitados”. “Não se pode prejudicar os direitos
e interesses da nação e este projecto de lei é autoritário, já foi vetado mais do que uma vez. [Os meus colegas] estão sempre a dizer que todos têm de ser protegidos, então não entendo porque é que o Governo tem de proteger apenas uma camada social. O que tem a ver com a vida das pessoas é que o Governo deve legislar, caso
contrário só daria confusão na sociedade.” Também para Lau Veng Seng, uma lei destas viria causar impacto na sociedade, devido à escassez de recursos humanos. O deputado, ao qual se juntam outros como Ma Chi Seng e Song Pek Kei, assegura que, antes da existência desta lei é preciso o consenso social. “É necessário fazer
uma ampla auscultação à sociedade e passar pelo Conselho de Concertação Social antes e só depois de haver consenso, é que se avança para um projecto legislativo.”
5 Política
hoje macau terça-feira 12.1.2016
Susana Chou diz que Macau não cumpre bem papel de ligação
A
ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, considera que Macau não está a desempenhar bem o papel de plataforma de serviços comerciais e empresariais entre a China e os países de Língua Portuguesa. A antiga responsável atribui essa ineficácia à falta de profissionais bilingues. Num artigo publicado no seu blogue, Susana Chou cita um estudo de 2011 feito pelo académico Guo Yongzhong, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), denominado “Pensamento de Estratégias da Plataforma em Macau da Cooperação Comercial e Empresarial entre a China e os países da Língua Portuguesa”, onde este aponta que o Governo Central investiu um grande apoio financeiro e de recursos humanos para a transformação de Macau numa plataforma. No entanto, frisa também, o território não consegue desempenhar de forma completa este papel. A ex-presidente referiu que esse estudo “mereceu grande concordân-
Hoje Macau
Plataforma mais ou menos
cia” sua. “Tenho muita pena que o Governo da RAEM não agarre esta boa oportunidade [de desenvolver a plataforma].” Como um dos exemplos para provar essa ideia, Susana Chou dá um exemplo próprio: a empresa privada criada por si em 2014 que tinha como objectivo providenciar serviços comerciais e empresariais entre a China e os países da Língua Portuguesa. A ex-presidente do hemiciclo afirma que esta empresa não conseguiu começar qualquer trabalho nos últimos dois anos porque não encontrou “talentos bilingues” apropriados em Macau. Susana Chou frisa que, para se tornar uma plataforma real, é necessário profissionais suficientes. Algo em que o Governo assegura estar a apostar. “Concordo muito com a ideia do doutor Guo, que sugere aumentar o ensino da Língua Portuguesa e dos estudos científicos. A verdade é que Macau não tem talentos bilingues e caso o Governo não arranje profissionais para trabalhar em Macau que compreendam as leis dos países de Língua Portuguesa, as finanças e a gestão empresarial do interior da China as leis internacionais, a criação da plataforma em Macau é apenas um discurso oco”, indicou. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
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Revisão do Código Penal Crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais Consulta Pública No período de 23/12/2015 a 22/02/2016
Passagem do ano no Pearl Horizon
Locais para obtenção do documento: 1.
Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça;
2.
Centro de Informações ao Público;
3.
Centro de Serviços da RAEM;
4.
Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e respectivos Centros de Prestação de Serviços ao Público e Postos de Atendimento e Informação.
Para consulta e descarregamento do texto para consulta: Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça: http://www.dsaj.gov.mo Meios de apresentação de opiniões e sugestões: Endereço electrónico: info@dsaj.gov.mo; ou consultation@dsrjdi.gov.mo Fax: (853) 2871 0445 ou (853) 2875 0814 Endereço postal: Rua do Campo, n.º 162. Edifício Administração Pública, 15.º - 20.º andar, Macau; ou Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.º 398, Edifício CNAC, 6.º andar, Macau.
6 política
hoje macau terça-feira 12.1.2016
Assistentes Sociais Regime
de Credenciação entregue este ano à AL
Agora é que é
Era para ser o ano passado, mas deverá ser este. Alexis Tam disse que o Regime de Credenciação de Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social vai ser entregue ao hemiciclo
O
Regime de Credenciação de Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social vai ser entregue à Assembleia Legislativa (AL) este ano. Isso mesmo foi anunciado pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Numa sessão de conversa entre o Secretário e jovens de Macau, no domingo passado, Alexis Tam foi questionado sobre o sistema de credenciação para os assistentes sociais, que será implementado com a entrada em vigor deste Regime. A consulta pública sobre o novo regime já foi concluída em Fevereiro do ano passado, mas até agora a proposta de lei ainda não foi apresentada.
Alexis Tam admitiu que concorda com a importância da credenciação para o exercício de funções destes profissionais e disse mesmo que está tudo bem encaminhado, sendo que se prevê que a proposta possa dar entrada no hemiciclo ainda este ano. O Governo chegou a comprometer-se com a entrega da lei no segundo semestre do ano passado, no relatório final sobre a consulta pública. Depois de uma análise das opiniões da população e do sector, o Instituto de Acção Social (IAS) decidiu levar avante algumas alterações, entre as quais aumentar o número de membros do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais de nove para 11 elementos. O Conselho vai também poder ser eleito, ainda que não agora, depois
de ter suscitado alguma polémica entre os profissionais do sector, que se queixavam do facto do grupo ser composto maioritariamente por pessoal da Administração. A realização de um exame de avaliação profissional, tema que despertou bastante interesse por parte da sociedade e do próprio sector, irá continuar contemplada na proposta de lei. A integração dos assistentes sociais da Função Pública no Regime de Credenciação de Assistentes Sociais foi outro dos pontos mais polémicos, com o relatório final a mostrar que de 41,2% das respostas defendem a inclusão destes no regime, para não haver discriminação entre os profissionais. Flora Fong (com Joana Freitas) flora.fong@hojemacau.com.mo
Quando comer é perigoso Ho Ion Sang quer regulamentação para lojas de take-away
O
deputado Ho Ion Sang quer ver melhorados os regulamentos que ditam o licenciamento de estabelecimentos de comidas e bebidas, pedindo que sejam incluídas as lojas de take-away. Numa interpelação escrita, Ho Ion Sang explicou que, actualmente, para operar uma loja de comidas e bebidas de “take away”, produzir e fornecer alimentos não é preciso ter uma licença de estabelecimento alimentar, pelo que basta tratar do caso através de registo comercial junto dos Serviços para a Economia (DSE).
O deputado avançou que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já respondeu, numa outra interpelação sua, garantindo que a segurança higiénica da produção alimentar está a ter o devido controlo desde a entrada em vigor, em 2013, da Lei de Segurança Alimentar. Na mesma resposta, explica Ho Ion Sang, o organismo defendeu que vai reforçar a fiscalização destes estabelecimentos. No entanto, tal não é suficiente para o deputado, pelo que este insiste na integração das lojas de take-away na mesma legislação. “Qual é o mecanismo de fiscalização de higiene e exames alimentares desenvolvido pelo IACM? Consegue este assegurar os padrões sanitários?”, questionou. Ho Ion Sang quer ainda saber quando é que o Governo considera a revisão do licenciamento para regulamentar melhor a operação das lojas de “take away”. F.F.
trânsito Zheng Anting pede limite aos autocarros dos casinos
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deputado Zheng Anting escreveu uma interpelação ao Governo a exigir novamente a implementação de limites à circulação de autocarros dos casinos. “Actualmente há mais de 80 percursos para os shuttle bus dos casinos, sendo que existem 70 carreiras de transporte público em Macau. Será que o Governo já
reviu os horários dos shuttle bus, o trânsito e os acidentes causados por este tipo de veículos?”, questionou o deputado. Zheng Anting pretende ainda saber se o Executivo “já tem um plano para reorganizar as linhas de shuttle-bus” e exige que seja criado um limite para o número de percursos criados.
“Será que são aplicadas multas aos shuttle bus dos casinos? Quais são aqueles que passam nas zonas antigas da cidade sem autorização e os que têm falta de passageiros?”, referiu ainda, lembrando que as concessionárias vão terminar os novos empreendimentos até ao próximo ano, o que poderá levar a um aumento de percursos. T.C.
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Gás perigoso
Intoxicação leva quatro pessoas ao hospital
Q
uatro pessoas precisaram de assistência médica depois de terem sofrido uma intoxicação decorrente da inalação de Sulfureto de Hidrogénio. Duas delas ficaram mesmo internadas. A situação foi comunicada aos Serviços de Saúde após quatro funcionários do Supermercado San Miu, da Avenida Olímpica da Taipa, terem sido transportados para o Centro Hospitalar Conde de São Januário e para o Hospital Kiang Wu. Um dos funcionários, do sexo masculino ficou ferido na cabeça devido a uma queda decorrente de um desmaio. “Os relatos dos funcionários que foram observados referem que, antes de sentirem tonturas, falta de respiração e em três casos desmaios sentiram um intenso cheiro, decorrente das operações de desentupimento de canos que causaram uma inundação de água no estabelecimento.” Segundo informações do Corpo de Bombeiros, no local, “a concentração de sulfureto de hidrogénio era excessiva e a mesma pode estar relacionada com a libertação de gases tóxicos das operações de limpeza das canalizações”. As manifestações clínicas
dos pacientes coincidem com os sintomas comuns de intoxicação por sulfureto de hidrogénio, refere um comunicado, mas a causa exacta está ainda a ser investigada. O sulfureto de hidrogénio está habitualmente presente no petróleo bruto, gás natural, gases vulcânicos e em fontes termais. Os baixos níveis de concentração deste gás não provocam sintomas, mas a existência de um aumento da concentração pode provocar irritação dos olhos e vias respiratórias, tontura, dor de cabeça e sonolência. Os níveis elevados podem causar coma, paragem respiratória e até mesmo a morte. O sulfureto de hidrogénio tem um odor forte, pungente e semelhante ao odor de ovos podres, mas quando a sua concentração é muito alta, “as pessoas podem não o detectar devido a fadiga olfactiva”. Os SS alertam os cidadãos para limpar os locais onde possa existir uma grande quantidade de gases, tais como esgotos.
Escola Portuguesa com dia aberto no próximo sábado
A
Escola Portuguesa de Macau (EPM) organiza no próximo 16, sábado, o dia aberto, com a promessa de muitas actividades e momentos lúdicos. “Às 10h30 da manhã abriremos as portas para receber os convidados e depois há stands de todos os departamentos curriculares, há aulas abertas de Inglês, Ciências Experimentais, Mandarim, Matemática... do primeiro ciclo e não só”, começa por explicar ao HM Manuel Peres Machado, presidente da direcção da EPM. Durante o dia, os mais desportistas podem aproveitar a parede de escalada, mas há ainda outras actividades. “Vai haver uma actuação da banda da EPM e jogos amigáveis de Badmington. Estará ainda aberta uma Oficina do Pensamento, com crianças e adultos, no âmbito das Ciências Sociais e Humanas, nomeadamente da Filosofia.” O tema “Harmonia Lusa” dá o mote ao dia aberto, com o ponto alto do dia a ser entre as 12h00 e as 13h00 no ginásio da escola. É o momento cultural, onde “vão ser feitas algumas representações nas três línguas ministradas na EPM - Português, Mandarim e Inglês”, rematou o presidente.
sociedade
gonçalo lobo pinheiro
hoje macau terça-feira 12.1.2016
Hotel Estoril transformação em pólo cultural agrada
Um espaço cheio de potencialidades Para os residentes não há necessidade em preservar o antigo Hotel Estoril. A maioria concorda com as ideias do Governo, mas dizem que é preciso um novo parque de estacionamento
O
s residentes concordam com a ideia do Governo em transformar o Hotel Estoril num pólo cultural, mas dizem que não há necessidade de preservar o prédio. Foram mais de 2800 os residentes que responderam a um estudo sobre o destino a dar ao edifício do antigo hotel. De acordo com o resultado do estudo ontem apresentado, o actual debate centra-se na demolição ou preservação deste prédio, que no Tap Seac tem estado desde a década de 50, com mosaicos que aludem à Arte Nova francesa. A esmagadora maioria – 72,8% – dos membros de associações e organizações locais respondeu que “não há necessidade” de preservar o espaço. No entanto, a opinião não é assim tão esclarecedora quando se fala do destino a dar ao local, excluindo a visível vontade de ali erigir um estacionamento subterrâneo. Dos entrevistados por telefone, uma esmagadora maioria concordou com as ideias de transformação do local, mas não opinou quanto ao destino exacto. “Os residentes foram questionados sobre se tinham ou não opiniões em
relação à demolição e reconstrução do antigo Hotel Estoril e da Piscina Municipal Estoril e 81,5% deles expressaram que ‘não têm opinião’”, escreve a entidade responsável pelo estudo, a eRS. Em cima da mesa estavam hipóteses como demolir toda a estrutura, preservá-la totalmente ou apenas de forma parcial, ou reconstruí-la. O documento encontra-se dividido em duas partes: uma primeira com “opiniões da sociedade”, para a qual foram recolhidas informações em sedes de associações, durante sessões na rádio e na televisão, entre outros. Ficam por responder questões como a necessidade de preservar o mosaico – característico do hotel –, a transformação do espaço num centro cultural e recreativo para jovens e o que fazer à piscina.
A quem convém
Foram os residentes das zonas da Av. Conselheiro Ferreira de Almeida e da Guia que mais revelaram saber sobre o projecto em discussão. A razão dada pela empresa responsável pelo estudo é, de acordo com o investigador Angus Cheong, o impacto da solução junto
das pessoas que moram perto do local. A primeira pergunta feita via telefone pretendeu saber se os residentes estavam a par das ideias de reaproveitamento para o antigo hotel e as apoiavam. Ficou acima da média, de 0 a 10 pontos. “Em termos gerais, o apoio da população em relação às ideias de reaproveitamento do antigo Hotel Estoril e da Piscina é de 7,4 pontos, acima da média”, refere a empresa e-research & solutions na explicação. Quase 75% dos inquiridos têm conhecimento sobre o assunto em causa. Quanto à criação de um centro de actividades culturais naquele local, os resultados são também expressivos, com 74,7% das opiniões a favor e apenas 7,5% contra. O estabelecimento de cafés, esplanadas e espaços de lazer está no fundo da lista de vontades da população, com a construção de um novo auto-silo no primeiro lugar de pedidos. A seguir surge a criação de instalações desportivas e a criação de uma piscina de água aquecida, com todas estas propostas a ter nota positiva acima dos 7,3 pontos. Leonor Sá Machado
leonor.machado@hojemacau.com.mo
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hoje macau terça-feira 12.1.2016
Governo Electrónico Académico defende leis para partilha de dados
Online com regras
Raymond Lai, especialista da Universidade de Macau em Governo Electrónico, pede mais legislação para partilha de dados nos departamentos públicos
O
docente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM) e especialista em Governo Electrónico Raymond Lai defende que o Governo deveria implementar mais leis para a protecção de dados partilhados entre os diversos serviços públicos. “Os esforços depositados no Governo Electrónico devem estar também relacionados com a ‘forma’ e o ‘conteúdo’, não só do ponto de vista do design [dos websites] mas também em termos do acesso por parte do público. Mas a questão do acesso também está relacionada com o uso de dados partilhados junto dos departamentos públicos, sendo que uma legislação adequada e oportuna deveria dar apoio a isto”, disse o docente ao HM. Instado a comentar o mais recente relatório divulgado pelo Executivo, que determina as políticas na área do Governo Electrónico a implementar até 2019, Raymond Lai defendeu que o esforço do Governo deveria levar a que mais pessoas fiquem familiarizadas com a utilização dos serviços digitais.
“Muitas pessoas consideram que o actual sistema do Governo Electrónico não é satisfatório e espera-se que a maioria dos serviços possa ser garantida online”, referiu. A implementação de uma “melhor forma e conteúdos apropriados podem levar a um melhor desenvolvimento do Governo Electrónico”, disse Raymond Lai, que acrescentou que a sociedade “deveria esperar melhores respostas na utilização dos serviços públicos digitais”.
Pequenos esforços
Há dez anos que o Executivo pretende digitalizar todos os serviços públicos, incluindo a partilha de dados e um acesso mais facilitado por parte da população. Apesar do fomento do Governo Electrónico ter sido uma das políticas anunciadas nas Linhas de Acção Governativa (LAG), Raymond Lai acredita que o Governo já tem vindo a fazer alguns esforços antes disso. “Não é justo dizer que o sector público ou os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) não fizeram nada para responder ao aumento das necessidades em ter-
mos de serviços públicos digitais”, frisou, dando como exemplo a criação de aplicações de telemóvel para as carreiras de autocarros ou o lançamento de um canal oficial da Polícia Judiciária (PJ) no YouTube. “Nos últimos tempos, na área do Governo Electrónico, têm sido lançados uma série de novos websites. As recentes mudanças na utilização da internet em Macau reflectem a mobilidade e o aumento da utilização de plataformas online nos departamentos públicos, seguido de uma utilização mais comercial da internet”, referiu.
“Não é justo dizer que o sector público ou os SAFP não fizeram nada para responder ao aumento das necessidades em termos de serviços públicos digitais” “Com o aumento da utilização do Facebook e do YouTube, mais unidades do Governo começaram a lançar as suas páginas no Facebook ou a lançar canais no YouTube, bem como a desenvolver aplicações de telemóvel. Isso mostra os esforços feitos pelo Governo de Macau em gerir a sua identidade e o seu relacionamento com o público”, rematou Raymond Lai. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Hoje Macau
O
Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, já tem os “poderes necessários” para representar a RAEM na revisão da escritura pública do contrato entre o Executivo e a Transmac – Transportes Urbanos de Macau. A revisão ao contrato vai acontecer “dentro em breve”, refere o Governo numa nota à imprensa, depois de ter sido publicado um despacho em Boletim Oficial a remeter os poderes para o Secretário. Esta revisão surge depois das recomendações feitas pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que sugeriam que os contratos estivessem de acordo com a lei e que todos os autocarros tenham o mesmo regime de funcionamento,
Tiago Alcântara
Transmac Contrato revisto vai ser assinado “em breve” de prestação de serviços. O Executivo diz que “ambas as partes concluíram já as negociações sobre a revisão do contrato, que consiste em estabelecer um novo mecanismo de exploração para a Transmac, com o aumento das suas obrigações contratuais, destacando-se, entre outras a observância ao regime das concessões de serviços públicos e a indexação das receitas à avaliação dos serviços”. O novo mecanismo de exploração é “mais ou menos idêntico ao da Nova Era e da TCM”, mas há uma ligeira diferença nos contratos, “face ao ajustamento de direitos e obrigações contratuais no contrato inicial da Transmac”, indica o Governo, sem adiantar pormenores.
Fachada da PJ não vai ser preservada
O Instituto Cultural (IC) vai demolir a ala oeste do edifício da sede da Polícia Judiciária (PJ), “cuja fachada não será preservada”. Segundo um comunicado, a obra faz parte do projecto da Nova Biblioteca Central, projecto que vai ser dividido em três partes, incluindo o edifício do antigo tribunal e as alas oeste e leste do edifício da sede da PJ. Com essa obra, o IC pretende “transformar este espaço num espaço verde e de lazer temporário, onde serão realizadas actividades a curto prazo”. O IC avançou ainda que pretende “colocar caixas de devolução de livros de 24 horas” na biblioteca da Taipa e do Tap Seac, sendo actualmente de 16 o número de bibliotecas existentes.
9 hoje macau terça-feira 12.1.2016
criado programa para dar “prioridade máxima” aos talentos locais
“Céu Azul” Implementação pode ser mais rápida
A excelência impera aqui
O
Instituto de Acção Social (IAS) já ajudou 129 portadores de deficiência a encontrar trabalho nos últimos dois anos, sendo que 69 empresas foram premiadas por empregarem pessoas deficientes no âmbito da 6ª edição do Plano de Atribuição de Prémios às Entidades Empregadores de Pessoas Deficientes. Dez empregados ganharam mesmo a distinção de “melhores trabalhadores”. Esta iniciativa foi desenvolvida em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Numa resposta ao HM – que deveria ter entrado na reportagem ontem publicada - o IAS defende que o Governo tem vindo a valorizar a reabilitação e a empregabilidade das pessoas com deficiência, cooperando
Para se coadunar com as políticas do Governo, a UM decidiu criar um programa especial para alunos com talentos. A isenção de propinas no primeiro ano é uma das vantagens oferecidas O Programa para Atletas Estudantes foi desenhado para, tal como o nome indica, jovens de desporto de competição que queiram prosseguir os estudos. A iniciativa inclui a atribuição de uma bolsa para “motivar” estes jovens a continuar a fazer ambas as coisas: estudar e competir. Além da isenção total de pagamento de propinas e parcial das taxas de residência, inclui ainda ajudas de custo para treinos. Tudo isto durante o primeiro ano do curso. As inscrições estão abertas desde ontem até 29 do próximo mês e os candidatos podem preencher o formulário online. O modelo de exames anteriores encontra-se disponível na mesma página, possibilitando alguma preparação aos candidatos que pretendem fazer o exame de admissão, que vai ter lugar entre os dias 8 e 10 de Abril. L.S.M.
Gonçalo Lobo Pinheiro
A
Universidade de Macau (UM) tem como “prioridade máxima” a criação de talentos locais e por isso mesmo anuncia a prorrogação do Programa de Admissões Preferenciais e do Programa para Atletas Estudantes, para o qual as candidaturas começaram ontem. Este programa está aberto a todos os potenciais alunos que tenham sido qualificados num campo especial, seja ele académico, desportivo, musical, de serviço comunitário, entre outros. O prazo de inscrição acaba a 19 de Fevereiro e cada candidato receberá entre dez a 30 pontos adicionais no processo de admissão pelo talento comprovado. Este é também o ano de estreia de algumas categorias como Artes ou Ciências, estando agora elegíveis os alunos que tenham recebido prémios como do Conservatório de Música da China ou do programa de Voluntários Jovens de Macau. O programa só está aberto para jovens que estejam actualmente a cumprir o 12º ano no território, estando estes obrigados a ter que completar, com sucesso, o exame de admissão da UM.
Uma mãozinha oficial
Governo deu trabalho a mais de cem deficientes em dois anos
com as associações ao nível das acções de formação, planeamento da vida destas pessoas e ainda transferência de emprego. O IAS deu ainda um subsídio a oito instituições orientadas para os
serviços de reabilitação profissional, tendo apoiado financeiramente 300 pessoas, incluindo portadores de deficiência mental, física e auditiva. Nos anos de 2014 e 2015, o
sociedade
IAS transferiu um total de 214 pessoas para outros trabalhos, tendo 129 sido recrutados depois desse período de transferência. Ontem, recorde-se, Hetzer Siu dizia numa reportagem feita pelo HM sobre o tema que o Governo não era um dos melhores exemplos na contratação destas pessoas. O director-executivo da Special Olympics dizia que, actualmente, o Governo tem apenas quatro portadores de deficiência a trabalhar e que, como não existe uma carreira especial ou uma forma de inscrição especial para encorajar a empregabilidade destas pessoas, “é muito difícil trabalhar” na Função Pública. “Podemos ver que nem o Governo está muito activo na contratação de deficientes”, dizia. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
A implementação do projecto “Obra do céu azul”, prevista para durar um prazo de 15 a 20 anos, pode ser mais rápida caso exista “um consenso com as diversas entidades titulares das escolas”. Num comunicado à imprensa, o Governo admite que o “prazo do projecto possa ser reduzido e que a implementação do mesmo também possa ser acelerada”. Através de um plano a curto, médio e longo prazo, o Governo pretende resolver, gradualmente, a “questão do funcionamento de escolas da educação regular em edifícios escolares que se localizam em pódios de prédios”. Actualmente, no total, existem 15 edifícios escolares nestas condições, integrados na educação regular. Onze dos referidos edifícios são propriedade do Governo e quatro de privados.
Lao Ngai Leong sugere melhorias nas fronteiras
Lao Ngai Leong, deputado de Macau na 12.ª Assembleia Popular Nacional, considera que os novos horários dos três postos fronteiriços não tem conseguido atingir o seu objectivo de escoar os turistas. As Portas do Cerco, diz, continuam a acolher um grande número de turistas, ultrapassando os mais de 300 mil por dia. Citado pelo Jornal Ou Mun, Lao considera que “o posto fronteiriço das Portas do Cerco é um local que sofre grande pressão”, pelo que o deputado sugere o estabelecimento de uma paragem express e um parque de estacionamento no Posto Fronteiriço da Flor de Lótus, como forma de atrair mais turistas chineses. Lao espera que o Governo de Zhuhai possa adicionar mais linhas de transporte público para ligar a zona de Gongbei à Ilha da Montanha. Embora o posto fronteiriço de Lótus seja um posto a tempo parcial, o Governo de Zhuhai já tem um plano para a construção efectiva do posto, por isso, espera que o novo complexo seja construído já no próximo ano.
10 eventos
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David Bowie (1947-2016)
avid Bowie, que morreu no domingo, aos 69 anos, conjugou magistralmente talento, ‘gancho’ comercial e ambiguidade, tornando-se num dos músicos mais influentes de sempre, com um estilo ímpar que nunca deixou de reinventar. Provocador, enigmático e inovador, construiu uma das carreiras mais veneradas e imitadas da indústria do espectáculo, que o colocou no pedestal das lendas da música. Nascido David Robert Jones, a 8 de Janeiro de 1947, no seio de uma família modesta de Brixton, um bairro popular do sul de Londres, a lenda do rock viu o primeiro sucesso chegar em 1969, com “Space Oddity”, uma música que se tornou mítica sobre a história de Major Tom, um astronauta que se perde no espaço. Nessa altura, já tinha operado a primeira de muitas reinvenções, ao “batizar-se” David Bowie quatro anos antes, para evitar confusões com Davy Jones, vocalista dos The Monkees, banda rival dos Beatles. Os anos 1970 viram-no dominar o panorama musical britânico e conquistar os Estados Unidos da América com uma série de álbuns de sucesso. Bowie, que estudou budismo e mímica, traçou o caminho para vingar como uma das figuras de maior relevância durante mais de cinco décadas. Multifacetado, também foi actor, produtor discográfico e venerado como ícone de moda pela tendência para provocar por via da indumentária. Autor de álbuns aclamados como “Heroes” (1977), “Lodger” (1979) e “Scary Monsters” (1980), o artista, radicado em Nova Iorque há anos, chegou ao topo da indústria a 06 de junho de 1972 com “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spider From Mars”. Este disco, em que relata a inverosímil história da personagem Ziggy Stardust, um extraterrestre bissexual e andrógino transformado em estrela de rock, reuniu duas das obsessões do cantor: o teatro japonês kabuki e a ficção científica. Contudo, essa excêntrica personagem foi apenas uma das muitas personalidades que adotou ao longo da carreira, como os outros “alter egos” da sua produção criativa: Aladdin Sane ou Duque Branco. Em 1975, chegou o primeiro êxito nos Estados Unidos, com o ‘single’“Fame”, que co-escreveu com John Lennon, e também graças ao disco “Young Americans”. Mais tarde, em 1977, chegou o minimalista “Low”, a primeira de três colaborações com Brian Eno, conhecidas como a “Trilogia de Berlim”, que entraram no top 5 britânico. Ao lugar cimeiro da tabela musical no seu país chegou ainda com “Ashes to Ashes”, do álbum “Scary Monsters (and Super Creeps)”; colaborou com os Queen no êxito “Under Pressure” e voltou a triunfar em 1983 com “Let’s Dance”. Em 2006, anunciou um ano sabático e desde então muitos fãs choraram a prolongada ausência que deu azo a todo o tipo de rumores sobre a sua saúde. Após anos de silêncio, David Bowie “ressuscitou” em 2013, aos 66 anos, com “The Next Day”, um disco produzido pelo veterano Tony Viscontti, o seu homem de confiança que enamorou a crítica com típicos elementos ‘bowinianos’. Um ano depois, pôs no mercado a antologia “Nothing Has Changed”, com a qual celebrou meio século de carreira. O seu mais recente álbum foi “Blackstar”, em que surge como um ‘rocker’ ainda apostado em surpreender ao enveredar por alguma experimentação jazz, o qual foi posto à venda na passada sexta-feira, coincidindo com a data do seu 69.º aniversário. David Bowie, que lutava há 18 meses contra um cancro, era casado desde 1992 com a modelo somali Iam, com a qual teve uma filha, Alexandria Zahra “Lexi” Jones. Tem outro filho, Duncan Jones, fruto de um primeiro casamento com Angela Bowie.
Camaleão e
11 hoje macau terça-feira 12.1.2016
eventos
excelentíssimo Ambíguo, heteronímico, multifacetado, David Bowie foi a figura da cultura
pop que melhor interpretou a segunda metade do século XX
Quais são os teus direitos como ser humano?
Bowie, sendo inglês, não partilha da visão anglo-saxónica do mundo, que é pragmática. Nasce numa Londres parcialmente destruída pelos raides aéreos alemães e sujeita a um racionamento até 1954. Bowie fez uma audição para o musical Hair, a primeira peça com nudez integral a estrear em Londres depois do fim da censura. Mas não foi aceite. A chave está nos anos 70, quando Bowie surge como Ziggy Stardust. O seu interesse pelo teatro musical era de tal forma que, em 1973, Bowie solicitou à viúva de George Orwell autorização para adaptar o romance 1984 para palco, mas não foi aceite. E foi daí que nasceu o álbum Diamond Dogs (1974), que é um concerto completamente encenado. Bowie tinha visitado a Factory, deAndy Warhol, em Nova Iorque, onde o seu agente tinha comprado, em 1966, uma gravação de um álbum de Lou Reed and the Velvet Underground que era, também, uma forma completamente diferente de fazer teatro musical. O que é interessante de analisar são as formas que Bowie encontrou para se fechar do mundo, como quando decidiu ir para Berlim nos anos 70. Na verdade, para ele tudo é representação e essa ideia está já no início da sua carreira. Bowie foi aluno de Lindsey Kemp, um actor que foi também mimo e não se sabe se tiveram ou não um caso. Mas foi Kemp quem o levou para uma série de filmes onde era sempre type-casted. A grande diferença de Bowie é que, ao contrário de outros grupos, nos anos 1980, como os Pet Shop Boys, ou agora a Lady Gaga, não teve que preencher qualquer vazio. Ou pelo menos, não o mesmo vazio. Marcel Duchamp fez o mesmo quando, nos anos 1920, deixou de produzir e considerou que o grande gesto criativo era jogar xadrez [publicou, mais tarde, o livro The Art of Chess].
Se o Ziggy Stardust andasse nas ruas de Londres ou de Lisboa, duvido que alguém lhe desse importância. Mas há muitas cidades no mundo em que se o fizesse, teria uma reacção hostil e possivelmente violenta, ou pior. A influência de Bowie percebe-se na linha da frente de uma das maiores divisões do mundo, que já não é política ou religiosa, mas na verdade, é muito mais fundamental: quais são os teus direitos como ser humano? Bowie não tem um programa político, mas disse: “eu decido ser isto, e tu decides o que queres”. A grande fractura, hoje, está na diferença entre o indivíduo e os seus direitos. Entre o indivíduo e a liberdade de escolha. Há uma frase de William Blake que me parece ser adequada para explicar Bowie: alguém que não teve um predecessor, que não vive a par dos seus contemporâneos e não pode ser substituído por qualquer sucessor. Frases de Geoffrey Marsh, curador da exposição “David Bowie is”
Blackstar a última partida
O novo disco é sombrio e desafiador. Gravado ao lado de um quarteto de jazz (o Donny McCaslin Quartet), traz ecos do disco Outside, que Bowie lançou em 1995, em que conspirava com a ficção científica e o início da era digital, além de forte influência de música electrónica. Também é influenciado pelas distopias da nossa época actual – o saxofonista McCaslin disse que a faixa-título teve o Estado Islâmico como inspiração – e pelo disco mais recente do rapper Kendrick Lamar, To Pimp a Butterfly e tem uma música (“Girl Loves Me’’) composta no inglês torto inventado por Anthony Burguess em Laranja Mecânica. É um disco que fala de morte de uma forma estranha e sem pessimismo, como se o cantor e compositor estivesse a preparar a forma como quer ficar conhecido.
Músicos locais lamentam morte
Uma gigante perda
A
morte do artista David Bowie, aos 69 anos, vítima de cancro, apanhou o mundo de surpresa. Depois de pulos de alegria, por parte dos seus seguidores, com o lançamento do novo álbum “Blackstar”, na semana passada, é tempo de chorar a morte do cantor. “Estou chocado, fui apanhado completamente de surpresa. É uma perda enorme para o mundo da música, para os músicos, para o mundo”, reagiu Luís Bento, empresário e músico, residente em Macau. “Os anos 80 e 90 foram marcados pelo Bowie, nem acredito que isto aconteceu”, apontou ao HM. David Bowie era, conta, um artista de mão cheia que fez o que muitos não conseguem fazer. “Os músicos a sério são-no até morrer. Não tenho dúvida disso e Bowie é só mais um exemplo da qualidade e trabalho que sempre o distinguiu”, frisou. Para Darrren Kopas, membro da banda local Music Boxx, esta é claramente “uma gigante perda”. “O mundo conhece o David Bowie, é uma referência para qualquer músico de pop rock. Perdemos um grande artista”, frisou. O músico Ladislau Monteiro, mais conhecido por Zico, relembrou os tempos em que os discos do artista inundavam a casa dos pais. “Claro que David Bowie é uma influência. É um ídolo. Qualquer músico da nossa geração tem o Bowie como referência. Fico muito triste, muito triste mesmo, com esta notícia”, apontou. “É uma enorme perda para o mundo musical”, refere Vincent Cheong, proprietário do Live Music Association (LMA). Bowie, diz, conquistou o mundo e agora deixa-o mais pobre. O trabalho “Blackstar” fecha a história de uma vida. David Bowie despediu-se assim dos fãs. “Esta foi a melhor prenda que David Bowie nos podia deixar, um álbum”, refere Tatiana Lages, uma assumida seguidora do trabalho do artista. Filipa Araújo
Filipa.araujo@hojemacau.com.mo
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hoje macau terça-feira 12.1.2016
EUA e UE preocupados
“E
stamos perturbados com as informações sobre o desaparecimento de cinco pessoas associados à casa editora Mighty Current e partilhamos a preocupação do povo de Hong Kong relativamente a esses desaparecimentos”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano John Kirby. “Estamos a acompanhar a questão de perto”, acrescentou. A União Europeia manifestou também “extrema preocupação” com esta situação. “A persistente falta de informação sobre o bem-estar e paradeiro dos cinco [livreiros] é extremamente preocupante”, diz em comunicado divulgado pelo seu porta-voz dos negócios estrangeiros, na passada sexta-feira.
Hong Kong Milhares na rua em nome dos livreiros
Paradeiro desconhecido Milhares de manifestantes saíram à rua este domingo em protesto contra o misterioso desaparecimento, desde Outubro, de cinco livreiros. Os Estados Unidos e a União Europeia manifestam preocupação
M
ilhares de manifestantes marcharam domingo pelo centro de Hong Kong para exigir a libertação de cinco livreiros dados como desaparecidos e que foram, alegadamente, detidos pelas autoridades chinesas. Todos os desaparecidos trabalhavam na livraria Causeway Books ou na casa editora associada (Mighty Current) – conhecida pelas obras críticas do regime de Pequim e do Partido Comunista chinês e, portanto, popular entre
muitos turistas do interior da China, dado que lhes vêem vedado o acesso a este tipo de leituras. O desaparecimento tem alimentado o receio de que as liberdades estarão a ser postas em causa em Hong Kong, região semi-autónoma da China, o que já levou a União Europeia e os Estados Unidos da América a expressarem preocupação com esta situação (ver caixa). O mais recente desaparecimento diz respeito a Lee Bo, de 65 anos, que foi visto pela última vez no dia 30 de Dezembro, no armazém da Mighty Current, em
“Exigimos que o governo chinês explique imediatamente a situação dos cinco livreiros e que os liberte” Richard Tsoi organizador da marcha
Hong Kong, num caso que ocorreu semanas depois de quatro dos seus associados terem desaparecido em circunstâncias idênticas e que continua envolto em mistério.
Princípios em causa
O protesto foi convocado depois destes desaparecimentos terem despertado o receio de que as autoridades chinesas tenham recorrido a agentes clandestinos para proceder à detenção dos cinco livreiros. A confirmar-se, esta situação constituiria uma flagrante violação do princípio “Um País, dois sistemas” da Região Administrativa Especial chinesa, que confere a Hong Kong autonomia relativamente a Pequim, desde o acordo firmado com a Grã-Bretanha, em 1997. Este acordo destina-se a preservar as liberdades e o modo de vida
de Hong Kong durante 50 anos e impede que as autoridades chinesas tenham jurisdição na cidade de Hong Kong. Legisladores pró-democracia, activistas e alguns moradores acreditam que Lee Bo foi sequestrado em Hong Kong por autoridades do continente Chinês. “Exigimos que o governo chinês explique imediatamente a situação dos cinco livreiros e que os liberte”, afirmou Richard Tsoi, um dos organizadores da marcha, que terá juntado mais de 6.000 manifestantes, citado pela agência de notícias francesa AFP. “Não ao sequestro político”, gritaram os manifestantes, erguendo bandeiras onde se podia ler “Onde estão eles?, enquanto marchavam em direcção ao escritório do representante da China.
economia Wanda Group anuncia aumento de quase 20% nas receitas
O
conglomerado chinês Wanda Group, cujo proprietário, Wang Jianlin, é considerado o homem mais rico da China, anunciou este domingo um aumento de quase 20% das receitas em 2015, apesar do abrandamento da economia chinesa. A empresa, com sede em Dalian, no nordeste da China, arrecadou no ano
passado 290,16 mil milhões de yuan em receitas. Já o total de activos do grupo atingiu 634 mil milhões de yuan, um acréscimo de 20,9% face a 2014. O valor dos lucros líquidos não foi, entretanto, anunciado. Fundado no final da década de 1980, o Wanda Group começou por se impor
no sector imobiliário, mas nos últimos anos passou a investir também no cinema e no desporto. Em 2015, anunciou a compra da empresa Infront Sports & Media, que detém os direitos de transmissão dos jogos do mundial de futebol, e da Triathlon Corporation, proprietária dos direitos de provas despor-
tivas de resistência como Ironman. O grupo detém ainda 20% das acções do clube espanhol de futebol Atlético de Madrid, mas o seu investimento mais mediático foi a compra da empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA.
Wang Jianlin, 61 anos, tem uma fortuna estimada em 32,4 mil milhões de dólares. A economia chinesa registou o mais baixo crescimento desde o pico da crise financeira internacional (6,9%), entre Junho e Setembro de 2015, mas dentro da meta do governo chinês para o ano, “cerca de 7%”.
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mil milhões A China planeia investir este ano cerca de 77 mil milhões de yuan na construção de infra-estruturas aeronáuticas, sobretudo aeroportos, informou ontem a Administração da Aviação Civil da China (CAAC). Num comunicado, citado pelo jornal oficial Diário do Povo, o organismo anunciou o arranque da construção de 11 projectos chave e 52 obras de expansão ou modernização de infra-estruturas já existentes. Já o segundo aeroporto internacional de Pequim, que deverá estar concluído em 2019 e terá capacidade para acolher anualmente 100 milhões de passageiros, “está em bom andamento”, lê-se na mesma nota. Com um orçamento a rondar os 70 mil milhões de yuan, a infra-estrutura nova visa aliviar o actual aeroporto da capital chinesa, o segundo mais movimentado do mundo. Citado pelo Diário do Povo, o director adjunto da CAAC, Dong Zhiyi, revelou que a China pretende construir 66 novos aeroportos nos próximos cinco anos, aumentando para 272 o número destas infra-estruturas em todo o país. O “gigante” asiático superou em 2011 os Estados Unidos da América como o maior emissor mundial de turistas e, em 2015, cerca de 120 milhões de chineses viajaram para fora do país, um acréscimo de 16% relativamente ao ano anterior.
hoje macau terça-feira 12.1.2016
china
Hong Kong 66 mil assinaturas contra comércio de marfim
Pelo fim do massacre
M
ais de 66 mil pessoas assinaram uma petição que apela ao Governo de Hong Kong para banir o comércio de marfim na cidade, anunciou a organização World Wild Fund (WWF). A WWF-Hong Kong informa, num anúncio publicado ontem no jornal South China Morning Post, que a petição conta com mais de 66 mil assinaturas. O grupo também reitera o apelo à proibição do comércio de marfim nas vésperas da apresentação das linhas de acção governativa para 2016 pelo chefe do Executivo da antiga colónia britânica, agendada para esta quarta-feira. No portal da WWF-Hong Kong, a campanha, que insta a que se reescreva o futuro dos elefantes, começa por explicar que em chinês, o marfim é designado como “dente de elefante”. “É por isso que muitos de nós pensam que a extracção de marfim é inofensiva, apesar de mais de 35 mil elefantes serem brutalmente assassinados por causa das suas presas todos os anos. Por causa desta confusão, os
elefantes africanos caminham para a extinção”. E, neste sentido, insta a que se invente um novo carater para a palavra marfim e “para que deixe o mundo saber que não se trata de um simples dente”.
Medidas simbólicas
A China impôs uma proibição de um ano, em Fevereiro de 2015, à importação de marfim esculpido, em resposta às críticas internacionais de que a procura crescente no mercado chinês encoraja o massacre de elefantes ameaçados de extinção na próxima geração. As ONG consideraram então a medida encorajadora mas “apenas simbólica”, lembrando que o essencial do contrabando internacional diz respeito ao marfim bruto, obtido com o abate ilegal de elefantes, incluindo em países lusófonos como Angola e Moçambique. Contudo, esta medida, cujo prazo está prestes a expirar aplica-se exclusivamente ao interior da China, pelo que não abrange as Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e de Macau.
Em Julho do ano passado, a organização “Save the Elephants” (Salvem os Elefantes) publicou um relatório em que indicava que o crescente comércio ilegal de marfim em Hong Kong – uma das cidades do mundo onde se encontra mais marfim à venda – estava a empurrar estes animais para a extinção. Aliás, esse relatório descreve Hong Kong como o terceiro maior centro mundial de contrabando de marfim, depois do Quénia e da Tanzânia. Na década de 1960, Hong Kong era um dos mais famosos e maiores centros de escultura de marfim do mundo. Desde 1990 que não há registos de importação legal de marfim para o território e todas as vendas são oficialmente provenientes de reservas existentes. Segundo os ambientalistas, os ‘stocks’ de Hong Kong já se deviam ter esgotado há mais de uma década, mas os comerciantes estão a recorrer a uma brecha que lhes permite guardar uma quantidade limitada de marfim para vender produtos contrabandeados.
“difícil” crescimento económico acima dos 6,5%
A
China considera “difícil” atingir um crescimento económico acima dos 6,5%, entre 2016 e 2020, tendo em conta a actual queda na procura mundial pelos produtos chineses e o encarecer da vida e dos salários no país. Desde que, em 1978, a China adoptou a política de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior”, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu em média quase 10% ao ano. “Em comparação com essa taxa, 6,5% não é muito alto, mas vai ser muito difícil alcançar aquele nível de crescimento”, previu este fim de semana Li Wei, presidente do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento do Conselho de Estado chinês. O fraco crescimento da economia mundial e as mudanças estruturais na economia chinesa, que visam
o aumento dos salários e um maior cuidado ambiental, são as principais causas apontadas por Li para o abrandamento económico. O responsável referiu ainda que a China não pode continuar a industrializar terra arável ao ritmo que tem feito desde os anos 1980, num fenómeno que, segundo fontes ocidentais, provoca a morte de mais de um milhão de pessoas anualmente, devido à poluição. A meta de crescimento mínimo anual de 6,5% para os próximos cinco anos foi fixada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, visando dobrar o PIB e o PIB ‘per capita’ de ambos os residentes urbanos e rurais até 2020, face a 2010. O Gabinete Nacional de Estatísticas chinês publicará na próxima semana a taxa de crescimento do PIB em 2015, que se prevê que ronde os 7%, a menor dos últimos 25 anos.
“Muitos de nós pensam que a extracção de marfim é inofensiva, apesar de mais de 35 mil elefantes serem brutalmente assassinados por causa das suas presas todos os anos”
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a revolta do emir
artes, letras e ideias
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Hotel Hotel Continental Marienbad Pool
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assava mais tempo do que o necessário dentro de quartos de hotel, aproveitando até ao limite as promessas que ia buscar às suas necessidades e aos seus medos mas principalmente às suas leituras. Ao contrário do que outros faziam (tinha ouvido várias histórias ao longo dos últimos anos), nunca ficava no mesmo quarto mesmo quando repetia um hotel. Ser hóspede de hotel é um pouco como ser actor. É fácil de perceber porquê, não vale a pena estar a tentar explicar. Preparar a água para o banho, mudar o canal de televisão, fazer chá ou deixar a roupa espalhada pelo chão do quarto de uma maneira ritual e diversa da que se pratica normalmente. Talvez uma das seduções do hotel seja a de se fazer o mesmo que se faz todos os dias em casa mas de modo diferente e com muito mais liberdade. Por essa razão é que um quarto de hotel é o melhor lugar para se ler poesia, sem distracções, como um equivalente adulto de uma cabana numa árvore ou o lugar escondido por baixo das escadas junto das vassouras. Ser hóspede de hotel pode ter uma vantagem inocente, a de nos sentirmos praticantes de uma pequena fraude sem consequências. E porque é aí que se fazem ou podem fazer muitas coisas, como os escritores podem ser, como diz Cláudio Maggris em Danúbio, uma falsificação de si próprios, projectando o pronome “eu” noutra pessoa (Capítulo 2, O Danúbio Universal do Engenheiro Neweklowsky, 14. De Lauingen a Dillingen). -Este é também, e fora provavelmente para ele, o lugar do adultério, uma das ficções que nos foram obrigando a viver. -Uma outra ficção que o uso de um hotel faz disparar são histórias de pessoas que aparecem mortas em quartos de hotel, o que tem um mistério inventado porque lá é muito fácil inventar mistérios. É aí que o quarto se transforma numa cripta. Para matar alguém é melhor fazê-lo num quarto de hotel ou de uma pensão do que numa casa particular. -Sonhara que alguém o fora procurar ao quarto quando já lá não estava. -Usa-se também como sítio para praticar o desenraizamento, que pode ser consequência de um acontecimento sério ou um desejo turístico de olhar pela janela e sentir as luzes em baixo, indistintas. Para a prática turística do desenraizamento pode ler-se um livro de Herta
Pedro Lystmann
Müller. Reisende auf einem Bein/Travelling on One Leg seria uma boa escolha já que Irene, recém emigrada de um país que nunca é nomeado mas que os leitores de Müller sabem qual é, sente e mostra constantemente uma desadequação no país que a acolhera. Der Mensch ist ein großer Fasan auf der Welt/The Passport, também pode ser útil porque fala de uma partida adiada mas finalmente conseguida. Claro que um hotel tem muito que ver com uma viagem ou o desejo de uma. É impossível não pensar no jovem Dedalus de Joyce. There was a book in the library about Holland. There were lovely foreign names in it and pictures of strange looking cities and ships. It made you feel so happy. Imagine-se ser condutor de um táxi e começar o dia sem saber onde se vai. Começar por ir ao norte da cidade. Depois a uma estação ferroviária antiga com torreões finos, num sítio difícil de parar e largar o cliente. Para onde
irá ele? Uma passagem por um hospital velho a precisar de reparações. Ao pequeno almoço não imaginaria nada disto. Durante o dia não há passageiros para espectáculos, vestidos a rigor para a ópera ou o teatro. Compton Street, St. Peter’s and St.Paul’s Primary School, please, de manhã. 77, De Gusto, Charlottenstraße, bitte, à hora de almoço ou de jantar. Uma das grandes vantagens é a da fugacidade da visita não permitir que se acumulem emoções que poderiam mais tarde dar origens a nostalgias sólidas. O hábito é um vício difícil de deixar e assim permite-se a criação de uma desordem, mesmo que esta obedeça a uma ordem de uma memória ou de uma moda. Começava agora a sentir um fascínio por aquelas pessoas que nunca viajaram, que viveram toda a vida num mesmo país ou numa mesma região, algo que lhe seria impossível reproduzir. Começava a sentir um fascínio
por quem, durante décadas, encontrara sempre o mesmo cheiro ao preparar-se para dormir e poderia continuar na perfeição a cumprir todas as suas tarefas domésticas se por qualquer razão perdesse a visão. Bruce Chatwin tem um livro assim. Todos os outros são passados num lugar diferente e são uma viagem, mesmo que não sejam livros de viagens. Mas On The Black Hill é sobre dois irmãos gémeos que passam toda a sua vida em Gales, of all places, que também é o sítio onde cresce Austerlitz, o herói do livro de Sebald com o mesmo nome. Se por coincidência se lerem os dois livros, o País de Gales nunca será a mesma coisa para nós e é por isso que um hotel é um pouco como uma língua estrangeira que se desconhece totalmente ou se percebe mal, cheia das vantagens cautelosas dos malentendidos e das relações fugazes.
15 hoje macau terça-feira 12.1.2016
Gérard de Nerval
A lucidez da loucura B
oémio escritor francês, foi uma das principais figuras do movimento romântico. Também simbolistas e surrealistas encontraram um ídolo em Nerval, que descreveu o seu estado de sonho como “supernaturalista”. A palavra apareceu pela primeira vez na sua tradução de Fausto, do poeta alemão Goethe. Gérard de Nerval nasceu Gérard Labrunie, em Paris. O seu pai, Etienne Labrunie, foi um médico do exército de Napoleão. A sua mãe, Marie-Antoinette-Marguerite Laurent, morreu em 1810 na Silésia. Em 1822 Gerard entrou no Charlemange College, onde conheceu o futuro poeta e crítico de literatura Théophile Gautier (1811-1872), tornaram-se amigos para a vida. Gautier foi um dos mais proeminentes advogados da l’art pour l’art, movimento que nasceu como uma reacção contra os valores burgueses. O próprio Nerval acreditava mesmo que a poesia abre as portas para o mundo invisível, argumentando que, de modo semelhante, “em repouso entramos numa nova vida, livre de espaço e tempo “. Para espantar os burgueses, Nerval, muitas vezes, levava o seu animal de estimação, uma lagosta, a passear pelas ruas de Paris. Os primeiros poemas de Nerval, Napoléon et la France Guerriere e Elegiasnationales, apareceram em 1826-27. Aos vinte anos de idade, Nerval publica a tradução de J.W. Faust von Goethe (1828), que o autor alemão elogiou. O grande amor de Nerval foi a cantora de ópera Marguerite (‘Jenny’) Colon (18081842), actriz na Opéra-Comique. Frívola, mas encantadora mulher, ela tornou-se, para sua própria surpresa, uma das musas do romantismo francês. Jenny não era de uma beleza tradicional, mas Nerval idolatrou-a durante quatro anos, enviou-lhe cartas anónimas, fundou a sua opinião teatral, “Le Monde dramatique”, e elogiou-a nos seus escritos. No entanto, Jenny casou-se com o flautista Louis-Gabriel Leplus. Os amigos de Nerval incluiam Charles Baudelaire (1821-1867), muito mais jovem poeta. Nerval foi o homenageado original do poema de Baudelaire, “Un voyage à Cythère “, que mais tarde integrou a obra Les Fleurs du mal. Baudelaire também compartilhou com Nerval uma paixão pelo Oriente e o haxixe - que ambos frequentam nas reuniões do famoso “Club des Hachischins”. O clube, criado no início de 1840, realizava reuniões semanais no Hotel Luzan na Ile de Saint-Louis.
EL DESDICHADO Eu sou o tenebroso, – o viúvo, – o inconsolado Príncipe d’Aquitânia, em triste rebeldia: É morta a minha estrela, – e no meu constelado Alaúde há o negror, sol da melancolia. Na noite tumular, em que me hás consolado, O pausílipo, a Itália, o mar, a onda bravia, Dá-me outra vez, – e dá-me a flor do meu agrado E a ramada em que a rosa ao pâmpano se alia… Sou Byron? Lusignan? Febo? O Amor? Advinha! As faces me esbraseia o beijo da rainha: A partir de 1832, Nerval foi associado com um grupo de artistas e escritores conhecidos como Jeune-France. Viaja com Dumas em 1838 para a Alemanha. Também colaborou em duas peças de teatro, L’Alchimiste (1839) e Léo Burckart (1839), um fracasso.Depois a morte de Jenny Colon, em 1842, Nerval viajou para o Levante, retornando em 1844 a Paris. O seu mais famoso soneto, “El Desdichado”, composto em um “estado de devaneio sobrenatural “, como ele mesmo disse, tem resistido a todas as interpretações desde a sua publicação na revista de Alexandre Dumas, Le Mousquetaire (1853). Desde o início de 1840 até à sua morte, Nerval sofreu de intermitentes ataques de loucura; o seu primeiro colapso mental deu-se em Fevereiro de 1841. Nerval esteve internado no hospital durante nove meses e escreveu ‘Le Cristo aux Oliviers ‘(Cristo no Monte das Oliveiras). Nerval foi muitas vezes tratado na clínica do Dr. Esprit Blanche, tomada mais tarde por seu filho, Dr. Emílio Blanche, cujos pacientes incluíam Guy de Maupassant, em 1890. A mais importante colecção de poemas de Nerval, Les Chimères, foi publicada juntamente com a colectânea de contos Les filles du feu, em 1854. O último trabalho, em parte autobiográfico, foi Aurélia (1855), escrito em prosa lúcida mas alucinante. Nerval cometeu suicídio aos quarenta e seis anos de idade. O seu corpo foi encontrado a 26 de Janeiro 1855, pendurado num parapeito na Rue de la Vielle Lanterne, um dos seus lugares preferidos em Paris.
Cismo e sonho na gruta em que a sereia nada… Duas vezes o Aqueronte, – é o grande feito meu, – Transpus a modular, nesta lira de Orfeu, Os suspiros da santa e os clamores da fada… Tradução de Manuel Bandeira
VERSOS ÁUREOS Mas como! Tudo é sensível! PITÁGORAS Oh! homem pensador, julgas que é em ti somente Que há a razão neste mundo onde em tudo arfa a vida? Das forças que tu tens tua vontade é servida, Mas dos conselhos teus o universo está ausente. Respeita no animal um espírito agente: Cada flor é uma alma à Natureza erguida; Um mistério de amor no metal tem guarida; “Tudo é sensível!” Tudo em teu ser é potente. Teme, no muro cego, um olho que te espia: Pois mesmo na matéria um verbo está sepulto... Não a faças servir a alguma função ímpia! No ser obscuro às vezes mora um Deus oculto, E, como olho a nascer por pálpebras coberto, Nas pedras cresce um puro espírito disperso! Tradução de Alexei Bueno
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hoje macau terça-feira 12.1.2016
Yao Feng Poema e foto
Noiva Também tive uma noiva como esta com as flores na mão, com o desabrochar da saia nupcial, com o amor a cantar como cascata adentro da alma, E agora, apenas possuo os raios do sol que me medem o corpo. Quando a noite cair, nada se verá, nada se verá…
17 hoje macau terça-feira 12.1.2016
tempo
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O que fazer esta semana Diariamente
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Entrada livre Exposição “A Jornada de Um Mestre” Albergue SCM (até 15/01/2016) Entrada livre Exposição “Aguadas da Cidade Proibida” (até 07/2016) Museu de Arte de Macau (MAM) Entrada a cinco patacas Exposição “Salpicos” de Sofia Bobone (até 10/01/2016)
o cartoon steph de
Sudoku
Entrada livre
Solução do problema 6
problema 7
um disco hoje
Cineteatro
C i n e m a
secret in their eyes Sala 1
The 33 [b]
Filme de: Patricia Riggen Com: Antonia Banderas, Rodrigo Santoro, Juliette Binoche 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 Sala 2
secret in their eyes [c] Filme de:Billy Ray Com: Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman, Julia Roberts 14.30, 16:30, 21.30
Ip Man 3 [c]
Falado em Cantonês legendado em Chinês e ingles
Filme de: Wilson Yip Wai Shun Com: Donnie Yen, Lynn Xiong, Max Zhang 19.30
yuan
1.21
Como ser alguma coisa?
Museu de Macau (até 10/01/2016)
Fundação Oriente, Casa Garden
0.22 aqui há gato
Exposição Casal Notável – artefactos de Sun Wan, segunda filha de Sun Yat Sen
(f)utilidades
Como viver num território que é chinês mas também não é bem isso, que tem edifícios que dizem “Património do Estado” sem que exista mais esse Estado; como pisar calçada portuguesa e levar com sacos de biscoitos estranhos que não são de Macau nem de lado algum; como entrar numa biblioteca e poder ler um jornal em Língua Portuguesa a olhar para um hotel ao estilo europeu meio desfeito; como jantar à noite e só ouvir a língua lusa no meio de olhares cruzados, copos a transbordar e poesia lusa; como comer um belo prato de comida portuguesa como se tivesse do outro lado do mundo e ainda pagar em patacas; como gatinhar com uma alma de humano que tudo vê e tudo sente e que, ainda assim, não percebe nada; como cirandar no meio de uma língua que no fundo domina tudo isto, manda nisto tudo e não se compreende; como tentar sair do meu círculo confortável e chegar à língua do diabo, às casas de mahjong, aos residentes do Iao Hon e ao país do lado de lá das Portas do Cerco; que fazer com um lugar com o pior clima do mundo e ainda assim chamá-lo de casa; como existir no meio de tudo isto e tentar ser alguma coisa de concreto, de decifrável? Pu Yi
“The Miseducation of Lauryn Hill” (Lauryn Hill, 1997)
O álbum de estreia a solo de Lauryn Hill. E que estreia. Lauryn Hill habituou-nos à sua voz quando fazia parte de Fugees, mas com “The Miseducation of Lauryn Hill” traz-nos uma das melhores combinações de hip hop, de soul e, pedacinhos, de reggae. Em 1999, foi nomeado para dez Grammy Awards e ganha cinco, fazendo de Hill a primeira mulher a receber tantos prémios numa única noite. Relembramos clássicos como “Doo Whop (That thing), “Everything is Everything” e “Can’t take my eyes of you”. Joana Freitas
Sala 3
Sherlock: The Abominable Bride [c] Filme de: Douglas Mackinnon Com: Benedict Cumberbatch Martin Freenman 14.30, 16.45, 21.30
The Boy and The beast [B] Falado em Japonês legendado em Chinês e ingles Filme de: Mamoru Hosoda 19.15
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hoje macau terça-feira 12.1.2016
Uma triste ficção
U
m economista estaria em óptima posição para explicar ao leitor o que é a moeda. De uma nação, de um estado, de uma simples região. Não sendo economista, e escrevendo para todos, terei de me socorrer daquilo que aprendi ao longo da vida, procurando numa linguagem desprovida de tecnicismos e enfeites semânticos transmitir aos leitores o que quero levar à sua reflexão. A moeda é para a generalidade das pessoas aquilo que tem um valor pecuniário, aquilo que numa economia serve para comprar bens e serviços. Unidade de conta, reserva de valor, meio de troca. Em regra, são estas as funções da moeda. Mas se estivermos a falar de Macau, de uma região administrativa especial de um Estado soberano, estaremos também a falar de algo mais. Estaremos a falar de um símbolo da sua identidade, de uma marca da diferença, de um valor seguro, fiável e com a capacidade de perdurar para além dos homens, constituindo valor, criando riqueza, sendo motivo de orgulho das suas gentes. Quando em 1987 foi assinada a Declaração Conjunta sobre a Questão de Macau, ficou a contar desse texto no seu ponto 2.8 que a Pataca – está grafado em maiúscula – continuaria a ter curso legal na RAEM. No Anexo I, relativamente ao esclarecimentos prestados pela RPC, ficou a constar que “[c]omo moeda com curso legal na Região Administrativa Especial de Macau, a Pataca de Macau continuará em circulação, mantendo-se a sua livre convertibilidade”. Quanto à segunda parte do que ficou acordado sabe-se que, segundo informa a AMCM, para a convertibilidade das notas de Macau emitidas em patacas pelo Banco da China e o BNU, “os dois bancos emissores devem entregar na AMCM um montante equivalente em dólares de Hong Kong, à taxa cambial de HKD1 = MOP1.03”. Quanto à primeira parte, agora que estamos a mais de 30 anos de 2049, é que tenho dúvidas que a pataca continue em circulação nas condições que os seus cidadãos podem esperar. E manifesto as minhas dúvidas porque embora os que aqui trabalham recebam os seus proventos, em regra, na moeda local, sei que hoje em dia se contam pelos dedos de uma mão os poucos contratos, dos milhões que anualmente são celebrados em Macau nas mais diversas actividades, cujo valor é fixado na moeda local. Ou em que sendo fixados em dólares de Hong Kong apresentam a correspondência em patacas. É verdade que se continua a pagar as contas nos restaurantes em Patacas, aqui grafando-se em maiúscula o que consta
dos textos legais e nos sai do bolso, bem como são notas nessa moeda que servem para pagar as compras nos mercados, cafés e lojas de sopas de fitas, havendo ainda alguns cartões de débito e de crédito emitidos nessa moeda. Mas o facto de esses valores ainda assim poderem ser pagos na moeda da terra é cada vez mais uma raridade. Se formos a ver bem as coisas, aquilo que os cidadãos de Macau pagam em patacas não é mais do que os preços em dólares de Hong Kong convertidos na moeda local. Pode parecer confuso mas basta olhar para o que se passa no mercado imobiliário, ver as montras das imobiliárias, para perceber do que falo. Quando no espaço de dois ou três dias se verifica que o preço do leite, dos iogurtes, das batatas ou das azeitonas aumenta e alguém questiona a razão para a variação de preço, muitas vezes em valores bem superiores àquilo que são os dados oficiais da inflação, a explicação é sempre a de que os produtos são importados e pagos em dólares de Hong Kong a quem os vende, apesar de não raro quem os vende não estar em Hong Kong, nem na China, mas aqui em Macau. Quanto a isso parece existir uma espécie de clister conformista que a tradição local nos impele a acatar sem ondas, fazendo com que a explicação que sorridentemente nos enfiam deslize sem dor nem mais questões, numa espécie de bênção pela satisfação de necessidades básicas. O problema é quando alguns desses clisteres assumem proporções “bíblicas”. Isto é, quando se compara o valor pago por esse serviço em dólares de Hong Kong com a crescente falta de patacas nos bolsos para perfazer o preço pedido. Na verdade, a convertibilidade da pataca e a crescente insuficiência de moeda local nos bolsos dos cidadãos é um problema que não é sentido pela elite política, empresarial, administrativa e, já agora, criminal da RAEM, isto é, aquela andou a receber “investimentos” em salas VIP, como se de bancos autorizados se tratassem, e que mercê da sua argúcia, perspicácia e capacidade reprodutiva conseguiu alterar o sentido do texto da Declaração Conjunta a que acima aludia de maneira a que a moeda com curso legal em Macau se tenha tornado o dólar de Hong Kong. É evidente que o problema não nasceu ontem, tendo contribuído sobremaneira para a actual situação uma decisão judicial proferida em plena Administração portuguesa, no tempo daquele senhor que passou por uma data de portos a encher contentores e a instituir fundações dos mais variados tipos sem se preocupar com o factor cambial. Nessa altura houve um tribunal superior que veio dizer que o dólar de Hong Kong era uma moeda com curso “quase-legal” em Macau e que perante a exigência do Código Civil então vigente de que os contratos de arrendamento cujo valor fosse superior a oitocentas patacas
19 hoje macau terça-feira 12.1.2016 Sérgio de Almeida Correia
fossem reduzidos a escrito sob pena de nulidade, veio esclarecer que para esse efeito oitocentos dólares de Hong Kong eram exactamente o mesmo que oitocentas patacas. Graças a esse “douto” aresto, que como cidadão de Macau me envergonhou, aquilo que era nulo tornou-se válido, a cantina dos almoços continuou a funcionar, embora entretanto já encerrada, e os cidadãos pagam hoje o custo social e económico dessa equiparação forçada. E isso é de tal forma escandaloso que quem queira nesta altura comprar um automóvel, arrendar uma fracção para habitação ou comércio ou um lugar de estacionamento terá de negociar os preços em dólares de Hong Kong e celebrar os contratos nesta moeda. E as patacas, além de se terem tornado um bem raro e escasso para pagar as contas, pura e simplesmente tornaram-se numa ficção. Uma ficção com custos elevados e indignos. Neste momento, a pataca só serve para pagar o salário do Chefe do Executivo, o dos seus secretários e o do pessoal que exerça funções públicas e assalariadas na actividade privada. E impostos e custas judiciais. Quanto ao mais não existe. Qualquer empresa do sector automóvel ou empresa de mediação imobiliária anuncia alegremente os seus preços em dólares de Hong Kong como se fossem patacas, e até quando o vendedor ou senhorio é de Macau, recebe o seu salário em patacas e paga as contas do supermercado na moeda local, a renda da casa onde o seu inquilino vive ou a do lugar de estacionamento que arrenda ao vizinho é paga em dólares de Hong Kong. Nos casinos contam-se pelos dedos as máquinas que há em patacas, havendo mesmo algumas salas em que os residentes de Macau que queiram e possam jogar na sua terra, para o poderem fazer têm primeiro de trocar patacas por dólares de Hong Kong num balcão da concessionária ou subconcessionária, como se estivessem de férias em Las Vegas e essa fosse efectivamente a moeda de Macau, a única com curso legal. Uma vergonha. Bem sei que estas são questões menores para quem tudo recebe, com excepção das ajudas de custo e do seu pocket money, em dólares de Hong Kong ou noutra moeda qualquer. Quem recebe as suas “comissões” em dólares de Hong Kong ou USD, contando para isso com a benevolência dos legisladores e a insensibilidade das autoridades, preocupa-se pouco com isto. Não lhe toca, passa-lhe ao lado. Mas para os outros, para os filipinos das limpezas, para o segurança do tribunal, para o lavador de carros que veio do outro lado das Portas do Cerco para ganhar a vida em Macau e para todos os que diariamente são obrigados a converter patacas em dólares de Hong Kong para pagar a renda do quarto ou do apartamento, o desprezo dos poderes públicos perante esta realidade cala fundo. E dói.
Para o cidadão de Macau que recebe o seu salário em patacas é incompreensível que tudo seja negociado em dólares de Hong Kong. Que esta seja a verdadeira moeda de Macau. O facto de existir uma taxa fixa e uma indexação permanente não retira a esta realidade o carácter aviltante de que este facto se reveste Para o cidadão de Macau que recebe o seu salário em patacas é incompreensível que tudo seja negociado em dólares de Hong Kong. Que esta seja a verdadeira moeda de Macau. O facto de existir uma taxa fixa e uma indexação permanente não retira a esta realidade o carácter aviltante de que este facto se reveste. A actual situação da pataca, para além de facilitar a lavagem de dinheiro, o crime económico e a corrupção, só beneficia os especuladores. E os que sendo residentes noutras regiões recebem os seus pagamentos em dólares de Hong Kong, sendo poupados aos custos de conversão e transferência, podendo continuar a arrecadar sem custos para si e em prejuízo dos cidadãos locais e dos cofres da RAEM. Se a pataca é hoje uma ficção, se se entende que sempre foi, se não é um símbolo da autonomia de Macau e da sua identidade, se não se quer que seja, se não serve os interesses da RAEM, então o Governo local deverá acabar com a actual fantochada e dizê-lo, sendo nisso secundado pela própria RPC. Porque a actual realidade é a todos os títulos inaceitável e o Governo da RAEM deveria ser o primeiro a encontrar uma solução que retirasse a Pataca do ghetto em que se encontra. Uma solução que lhe restituísse a dignidade e protegesse os cidadãos de Macau dos abusos dos que aqui especulam e traficam noutras moedas. A pataca é um símbolo da cidadania de Macau e isso vê-se nos cheques com que anualmente se tem comprado a sua submissão, o seu silêncio, a sua passividade. E é por ser paga em patacas que a sua cidadania deve ser respeitada. A cidadania de Macau não é convertível, nem tem curso quase-legal em qualquer outra moeda. Por isso é que para qualquer cidadão que vive do seu trabalho dez ou vinte mil patacas não são o mesmo que dez ou vinte mil dólares de Hong Kong. Nunca o foram. Qualquer ladrão, até o mais pobre, sabe isso na hora de estender as mãos para as lavar.
opinião
“
terça-feira 12.1.2016
O dorso da ponte desliza sobre o rio, / E alonga-se suave na cidade” António Augusto Menano
Pyongyang intensifica propaganda
IFT Seminário de Turismo e Indústria Hoteleira
O Instituto de Formação Turística organiza hoje um seminário, à porta aberta, sobre Turismo e Indústria Hoteleira. Durante toda a manhã, vários especialistas do sector vão estar presentes nas palestras. Entre as 09h00 e as 09h30 os interessados poderão registar-se para participarem no seminário. O impacto da economia no “Festival Internacional de Música em Macau”, “A potencialidade do Grande Prémio”, “A influência entre a satisfação dos clientes e o seu comportamento”, “A relação entre a tecnologia e a satisfação dos clientes dos hotéis”, “A qualidade do serviços de táxis [em Macau]”, “Motivações e experiências dos grupos de turistas em visita ao Pavilhão do Panda Gigante de Macau” são alguns dos temas apresentados em breves sessões. O seminário irá durar toda a manhã, sendo que a última apresentação deverá terminar por volta das 13h00.
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Benfica vence Nacional com «hat trick» de Jonas
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No reatamento da partida adiada na véspera devido ao nevoeiro, o Benfica venceu ontem o Nacional por 4-1. Jonas, com três golos, foi o grande destaque da partida. Rui Vitória teceu rasgados elogios à sua equipa, que esta segunda-feira goleou o Nacional por 4-1, evidenciando, uma vez mais, o forte ataque dos encarnados. «Independentemente do que se passa à nossa volta, a equipa esteve fantástica na interpretação do que era necessário fazer. Foi uma exibição categórica. Mostrámos que estamos presentes, a equipa esteve muito bem organizada, sempre à procura do golo. Quando assim é torna-se tudo mais fácil», analisou o técnico, em declarações à SportTV. «Esta equipa tem vindo a trabalhar muito. Estamos melhores a cada jogo, com um caudal ofensivo muito forte. Temos muito trabalho pela frente, mas estou muito satisfeito», rematou.
Graffiti Arte urbana nas escolas e parques da cidade
A tinta saiu à rua
A
Associação do Poder das Artes para Inspirar Inteligência de Macau está a organizar o primeiro Festival de Graffiti de Macau. O evento começou ontem e decorre durante uma semana. Entre as actividades disponíveis estão palestras e a possibilidade de pintar as paredes de parques e escolas. A cerimónia de abertura do festival aconteceu ontem no Centro UNESCO de Macau. Foi também aqui que teve início a Exposição de Obras de Graffiti de Alunos do Ensino Especial, com a cooperação da Cáritas de Macau e da Associação de Familiares e Encarregados de Deficientes Mentais de Macau. O presidente da associação, Chong Cok Veng, e o director da Associação, Peter Siu Chun Yun esperam tornar este festival anual, considerando uma “marca local” para atrair mais turistas
e para que a arte urbana atinja a cidade.
Quarteto italiano
É às 10h00 de amanhã que acontece uma palestra sobre o tema, no Instituto Politécnico de Macau. Quatro artistas de graffiti do grupo italiano Truly Design - Mauro Italiano, Emanuele Ronco, Marco Cimberle
Quatro artistas de graffiti do grupo italiano Truly Design - Mauro Italiano, Emanuele Ronco, Marco Cimberle e Emiliano Fava - são as cabeças de cartaz do festival
e Emiliano Fava - são as cabeças de cartaz do festival. O quarteto lecciona actualmente no Instituto Europeu de Design, em Torino. Marco Cimberle é especialista em Design a três dimensões e Mauro Italiano em Ilustração. Das 14h00 às 16h00 de hoje e amanhã e das 10h00 às 16h00 desta quinta e sexta-feira estão abertas sessões de grafitti no Parque de Grafitti de Macau, situado na Rua dos Mercadores. O graffiti não “invade” apenas o parque, como também chega à Escola da Cáritas de Macau às 10h00 de amanhã. O último dia da actividade vai ter lugar na Praça de Amizade, das 9h00 às 17h00, onde os artistas vão fazer graffiti em 3D. Esta actividade é co-organizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e patrocinado pela Fundação Macau. Flora Fong
flora.fong@hojemacau.com.mo
yongyang intensificou as suas emissões de propaganda na fronteira com a Coreia do Sul como resposta às mensagens com o mesmo fim que Seul voltou a emitir na zona após o teste nuclear executado pelo regime norte-coreano. Fonte do Governo sul-coreano afirmou ontem à agência Yonhap que as tropas norte-coreanas aumentaram o número de altifalantes que emitem mensagens propagandísticas com o objectivo de interferir com os da Coreia do Sul, que emitem em direcção a norte. “O Norte inicialmente ligou os seus próprios altifalantes em dois pontos da fronteira e agora fez o mesmo para muitos mais. De facto, acreditamos que está a realizar emissões anti-Coreia do Sul em todos os pontos onde nós estamos a emitir”, disse a mesma fonte. A Coreia do Sul decidiu reactivar, na passada sexta-feira, as 11 torres de som que tem espalhadas pela Zona Desmilitarizada, em resposta ao último teste nuclear da Coreia do Norte, anunciada dois dias antes. Os altifalantes sul-coreanos emitem mensagens contra o regime norte-coreano e o seu líder, Kim Jong-un, assim como música pop sul-coreana e até séries radiofónicas. Os do Norte, destinados principalmente a distorcer as mensagens transmitidas por Seul, emitem mensagens de adulação ao terceiro dos líderes da ‘dinastia’ Kim, acompanhadas de música militar e também de críticas à Presidente sul-coreana, Park Geun-hye. Em Agosto, quando as tropas sul-coreanas ligaram pela última vez os altifalantes, as duas Coreias, tecnicamente em guerra, acabaram por trocar fogo de artilharia através da Zona Desmilitarizada. Apesar do seu nome, a DMZ é uma das fronteiras mais militarizadas no mundo.