DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
QUINTA-FEIRA 12 DE OUTUBRO DE 2023 • ANO XXII • Nº5352
MOP$10
CHENG POU
hojemacau
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Queridos, furei as casas COLOANE
HORA DO RECREIO
BENJAMIN HODGES
As fachadas das históricas casas da Rua da Felicidade foram perfuradas com parafusos para suportar um sistema de iluminação, provocando críticas em relação à preservação do património. A decoração foi um dos componentes visuais para atrair turistas para a zona pedonal da Rua da Felicidade. Ironicamente, a iniciativa faz parte do plano de revitalização da zona. PÁGINA 3
EXPOSIÇÃO
CIDADE ENCRIPTADA
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RESTAURAÇÃO
FLASH GORDON PÁGINA 5
CRIME
SOZINHA EM CASA ÚLTIMA
CONFÚCIO NA CULTURA PORTUGUESA EVENTOS
António Aresta
2 política
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GCS
CIBERSEGURANÇA SITUAÇÃO ESTÁVEL, MAS COM RISCOS, DIZ HO IAT SENG
H
Ciência nacional
No encontro com os membros de Macau no CCPPC para discutir as Linhas de Acção Governativa, o Chefe do Executivo apontou que o Governo vai contratar mais pessoal médico, do “Interior da China, Portugal e outras regiões”
O
estabelecimento em Macau de uma “academia científica” sobre o projecto nacional “Uma Faixa, Uma Rota” foi uma das propostas apresentadas pelos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), durante um encontro que aconteceu na terça-feira. Segundo o Gabinete de Comunicação Social, a proposta para a criação de uma nova academia partiu de Lao Nga Wong. O empresário defendeu também o reforço das relações “com os países de língua portuguesa, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), e o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do
Golfo” para que Macau intensifique o apoio “à nova conjuntura de desenvolvimento nacional dupla circulação”. A dupla circulação é uma estratégia definida pelo Governo Central em que China passa a ter como prioridade o desenvolvimento da economia através da promoção procura interna, a circulação interna, enquanto mantém algumas relações comerciais externas, a circulação internacional. Lao Nga Wong apelou ainda ao Executivo
que participe na ambição regional de construir “um conjunto de aeroportos de nível mundial incluídos nos cinco aeroportos da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, sem explicar como Macau pode ter intervenção neste aspecto, e em jurisdições fora da RAEM. Além disso, o empresário sugeriu a criação de um “aglomerado industrial direccionado aos chineses ultramarinos na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” ou o desen-
O encontro das LAG para o próximo ano teve a particularidade de proporcionar mais um reencontro familiar entre o Chefe do Executivo e a sua filha, Ho Hei Kei, em reuniões oficiais
volvimento da Medicina Tradicional Chinesa. O “enriquecimento do conteúdo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, a “coadjuvação da expansão dos negócios da advocacia”, a “revitalização das zonas históricas” e a renovação urbana foram ainda outros dos termas abordados por membros do CCPPC, como LiAmber Jiaming, Ip Sio Kai, Chan Wa Keong e Mok Chi Wai. Entre os membros de Macau no CCPPC que reuniram com o Chefe do Executivo também esteve Ho Hoi Kei, filha de Ho Iat Seng.
Foco na saúde
Na resposta às sugestões apresentadas pelos
membros do CCPPC, o Chefe do Executivo focou a diversificação da economia, através das políticas de saúde e do desenvolvimento do novo hospital no Cotai. Ho Iat Seng destacou que “o desenvolvimento das indústrias big health e medicina tradicional chinesa são muito importantes para a diversificação adequada da economia de Macau, pelo que as mesmas devem ser analisadas de forma contínua e cuidadosa num avanço progressivo”. Com o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas a entrar em funcionamento até ao final do ano, Ho Iat Seng apontou que o Governo vai contratar mais pessoal médico, do “Interior, de Portugal e de outras regiões”. A política de contratação de médicos em Portugal é assim mantida, mesmo depois do tratamento preferencial para cidadãos portugueses no acesso ao estatuto de residente, previsto na Lei Básica, ter sido eliminado a partir de uma proposta do Governo de Ho Iat Seng. João Santos Filipe
AL Lei eleitoral para o Chefe do Executivo votada segunda
A nova lei eleitoral para o Chefe do Executivo vai ser votada, na generalidade, na Assembleia Legislativa na próxima segunda-feira. O plenário desse dia inclui ainda na agenda a votação da proposta de orçamento privativo da AL para o ano económico de 2024. Recorde-se que a proposta prevê uma redução de gastos de 978 mil patacas, cerca de 0,48 por cento, face a este ano, com um orçamento global de 204,62 milhões de patacas, ligeiramente inferior ao orçamento actual de 205,59 milhões de patacas. GCS
UMA FAIXA, UMA ROTA LAO NGA WONG QUER “ACADEMIA CIENTÍFICA”
O Iat Seng afirmou que a situação da cibersegurança no território manteve-se “estável e favorável” nos últimos tempos, destacando-se, no entanto, “muitos problemas e riscos de segurança”. As declarações foram proferidas numa reunião da Comissão para a Cibersegurança, presidida pelo Chefe do Executivo, e que serviu para analisar o “Relatório Geral de Cibersegurança do ano de 2022”. Ho Iat Seng disse ainda, citado por um comunicado da comissão, que “foram dadas instruções às diferentes áreas de acção governativa sobre as tarefas-chave” nesta área, nomeadamente “no âmbito do melhoramento da monitorização da cibersegurança, a implementação de mais orientações técnicas e medidas complementares junto dos operadores”. Foi também referido pelo governante a necessidade de “formação permanente de pessoal qualificado de cibersegurança”. Ho Iat Seng destacou que a defesa da cibersegurança “é uma garantia fundamental para o desenvolvimento da nova era” e pediu aos serviços públicos para olharem para o “desenvolvimento da cibersegurança numa perspectiva de salvaguarda da segurança nacional”.
quinta-feira 12.10.2023
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RUA DA FELICIDADE PERFURAÇÃO DE FACHADAS ALVO DE CRÍTICAS
Prevenir pelos dois
Mais de 50 milhões em apoios do Fundo de Reparação Predial
E
NTRE Janeiro e 29 de Setembro deste ano, o Fundo de Reparação Predial aprovou 474 pedidos de apoio para financiamento de reparações em prédios locais. Os números foram divulgados pelo Instituto de Habitação e o montante aprovado para os primeiros noves meses do ano é superior a 50 milhões de patacas. No total, houve 474 pedidos de financiamento para a intervenção em 350 edifícios, 10 dos quais com pelo menos dois apoios diferentes, o que corresponde a gastos de 51,18 milhões de patacas. Entre os 474 pedidos submetidos, registaram-se apenas 12 desistências. A maior parte do orçamento utilizado, 33,89 milhões de patacas, foi distribuída no âmbito do Plano de Apoio Financeiro para Reparação das Partes Comuns de Edifícios considerados pequenos e médios. O montante foi atribuído como apoio financeiro para a reparação de portões de entrada e saída de edifícios, instalações de electricidade, de abastecimento de água, esgotos, reparação do revestimento das paredes interiores, escadas e/ou corredores, reparação do revestimento das paredes exteriores e/ou substituição das janelas das partes comuns. Ao mesmo tempo, ao abrigo do “Plano de Apoio Financeiro e de Crédito sem Juros para Reparação de Edifícios” foram distribuídos cerca de 12,13 milhões de patacas, em apoios financeiros, utilizados para instalar ou reparar portas corta-fogo, sistema eléctrico, impermeabilização de terraços, instalações de abastecimento de água, instalações de esgoto, paredes exteriores, elevadores, átrio e reparação da conduta de escoamento de lixo. Além disso, foram gastos 3,65 milhões de patacas como crédito sem juros para reparação de paredes exteriores e terraços.
Mais de 580 milhões
Desde que o Fundo de Reparação Predial foi criado, a 17 de Abril de 2007, e até 29 de Abril deste ano foram distribuídos apoios no valor de 580,61 milhões de patacas, num total de 5.952 pedidos concedidos. Este montante foi canalizado para financiar intervenções em 3.579 edifícios, entre os quais 411 tiveram acesso a mais de uma das modalidades de apoio do Fundo de Reparação Predial. O Plano de Apoio Financeiro para Reparação das Partes Comuns de Edifícios das Classes P e M voltou a ser a principal forma de distribuição de apoios, com 3.650 pedidos aprovados, intervenções em 2.961 edifícios e gastos de 420,18 milhões de patacas. J.S.F
Furos muito infelizes Lam Iek Chit, membro do Conselho do Património Cultural, critica a colocação de suportes aparafusados nas fachadas das casas da Rua da Felicidade para a iluminação decorativa da zona pedonal. O responsável considera que existiam alternativas para não prejudicar o traço original das casas e preservar o património histórico
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p lan o pedonal da Rua da Felicidade levou à colocação de suportes aparafusados às fachadas das casas para a instalar o sistema de iluminação decorativa, acção que mereceu críticas do urbanista Lam Iek Chit, membro do Conselho do Património Cultural. Segundo o jornal Cheng Pou, o responsável entende que não havia necessidade de colocar aparafusar as fachadas dos edifícios históricos. Considerando que a situação não é grave no que diz respeito à preservação daquele local histórico, Lam Iek Chit entende que a prática “não é a ideal” e que haveria alternativas. O responsável cita mesmo a “Carta de Burra”, documento do ICOMOS Austrália [Conselho Internacional de Monumentos e Sítios da UNESCO, em português] com o nome da cidade australiana, que contém orientações para a conservação e gestão de locais com significado cultural. As orientações determinam o respeito pelo tecido urbano existente e que em caso de necessidade de intervenção esta seja sempre feita de forma prudente, com o mínimo impacto possível nos monumentos e locais históricos. Para Lam Iek Chit, as intervenções e instalação dos suportes com parafusos na Rua da Felicidade vai contra estes princípios. “Não era necessário colocar parafusos nas fachadas. Como é que esta acção pode estar de acordo com as sugestões
Lam Iek Chit, urbanista “Não era necessário colocar parafusos nas fachadas. Como é que esta acção pode estar de acordo com as sugestões de prudência e intervenções mínimas nos monumentos?”
de prudência e intervenções mínimas nos monumentos?”, questionou. O urbanista critica a aprovação do Instituto Cultural (IC), acusando o organismo de não ser prudente, pois poderiam ter sido usadas colunas para a instalação de iluminação pública, ou ainda a colocação de outro tipo de estruturas para iluminar a rua, como é prática, por exemplo, no Largo do Senado. “Não se abrem buracos no edifício do Instituto para os Assuntos Municipais ou
no edifício da sede dos CTT, pois não?” questionou.
Tijolos com história
A Rua da Felicidade, outrora lugar de prostituição, jogo e consumo de ópio, contém casas construídas no período da dinastia Qing, com cerca de 150 anos. Neste sentido, o urbanista tem dúvidas sobre o estado de conservação e estabilidade dos edifícios mais antigos da cidade construídos com tijolos cinzentos. “Podem não estar em
bom estado, tal como acontece noutros monumentos [construídos com tijolos cinzentos]”, rematou o membro do Conselho do Património Cultural. A Rua da Felicidade esteve fechada ao trânsito no período da semana dourada, numa iniciativa que faz parte de um plano de revitalização de zonas históricas que o Governo está a levar a cabo com operadoras de jogo, como acontece também, por exemplo, na Barra ou Porto Interior. Andreia Sofia Silva e Nunu Wu
Covid-19 Alvis Lo diz que 90% dos idosos estão vacinados Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SS), disse ontem que cerca de 90 por cento das pessoas com mais de 60 anos estão vacinadas contra a covid-19, enquanto 70 por cento dos residentes com mais de 80 anos também foram inoculados. Em declarações à margem do programa matinal Fórum Macau
do canal chinês da Rádio Macau, Alvis Lo disse que as autoridades monitorizam em tempo real os casos de gripe e covid-19, permitindo o atendimento de casos mais urgentes em apenas meia hora. Neste sentido, o responsável assegurou que “não há razão para alarme, porque Macau tem infra-estruturas e recursos huma-
nos suficientes para tratamento de novas infecções em caso de um surto em larga escala”. Sobre o consumo de álcool, Alvis Lo disse estar preocupado com os dados de 2018 que mostram um aumento do consumo entre os mais jovens, pois 80 por cento dos menos de 18 anos diz já ter consumido bebidas alcoólicas.
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Desporto Morreu Charles Lo Keng Chio
Charles Lo Keng Chio, presidente da Comissão Executiva do Comité Olímpico e Desportivo de Macau, morreu na tarde de terça-feira, de acordo com uma notícia publicada em língua chinesa na Macao Sports Weekly. As causas da morte não foram anunciadas. Além de presidente da comissão executiva no comité de Macau, Charles Lo tinha também lugar no Conselho Olímpico da Ásia, desde 2011, assumindo actualmente as funções de presidente do Comité dos Média. Descendente da família do empresário Lou Kau, responsável pela construção do Jardim de Lou Lim Ioc, Charles Lo Keng Chio fazia ainda parte da Mesa da Assembleia da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, cujo mandato se prolongava até 2026. Entre os cargos públicos que assumiu destaca-se também a passagem como membro do Conselho Fiscal do Centro de Ciência de Macau.
Saúde Caso de gripe colectiva na Escola dos Moradores
Os Serviços de Saúde divulgaram a existência de mais um caso de infecção colectiva de gripe, registado na terça-feira. O caso foi detectado nas turmas I1A e I3B da Escola dos Moradores de Macau, localizada na Avenida do Nordeste, tendo sido infectados sete alunos, quatro do sexo masculino e três do sexo feminino. A idade dos afectados não foi revelada, ao contrário do que aconteceu em outras situações. Os primeiros sintomas surgiram no dia 6 de Outubro, quando os doentes começaram a manifestar febre e tosse. Apesar dos vários casos, não foram registadas situações graves ou outras complicações. O estabelecimento em causa aplicou medidas de controlo, como o reforço na desinfecção, limpeza e manutenção da ventilação de ar no interior das instalações, assim como o cumprimento das medidas de isolamento dos alunos e trabalhadores.
Animais Crítica a quem alimenta cães de rua
Chung Wai Hung, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, defende que os cães de rua não devem ser alimentados. Segundo o jornal Ou Mun, o responsável aponta queixas de moradores de Coloane sobre a presença crescente de cães que vagueiam pelos parques e estradas da ilha, procurando, por exemplo, restos de comida no Parque Natural da Barragem de Hac Sá. O próprio Chung Wai Hung diz ter visto várias vezes restos de comida deixados no local e animais a vaguear em busca de alimento. Na sua visão, isso faz com que haja cada vez mais cães de rua no local pelo facto de serem alimentados por quem ali passa.
a empresa vai ter de pagar COLOANE WUI HONG PAGA 330 MIL PARA EXPLORAR CAIS DE RECREIO que aos trabalhadores na ZAERC.
Atracar de proa
A empresa vai ser responsável pela exploração da chamada Zona de Atracação de Embarcações de Recreio de Coloane, nos próximos cinco anos. Como tal, compromete-se a disponibilizar 100 lugares para barcos, num contrato com valor de 19,8 milhões de patacas
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Companhia de Wui Hong Iate Serviço vai explorar a Zona de Atracação de Embarcações de Recreio de Coloane (ZAERC) durante os próximos cinco anos. A vencedora do concurso público compromete-se a pagar pelo exclusivo uma renda mensal de 330.100 patacas, num contrato que tem o valor total de 19,8 milhões de patacas. Alguns do pormenores do contrato para a exploração do espaço em Coloane foram publicados ontem no Boletim Oficial. Segundo as cláusulas apresentadas, o actual contrato tem um prazo de cinco anos,
mas pode ser renovado a pedido de qualquer uma das partes, ou seja, a Companhia de Wui Hong ou o Governo da RAEM. No que diz respeito à quantidade de lugares na ZAERC, a empresa comprometeu-se a disponibilizar um número que nunca pode ser inferior a 100, entre os quais 20 ficam reservados para embarcações que não tenham registo marítimo em Macau. As regras também de-
finem que nenhuma embarcação pode ficar mais de 14 dias seguidos atracada na zona, a não ser com autorização especial do Governo da RAEM. O preço a cobrar pela empresa aos interessados ainda não está definido, mas fica ao critério desta, que pode escolher dividir as tarifas em pagamento por horas ou dias. Outro dos aspectos previstos no contrato é o montante salarial
A empresa não pode pagar remunerações inferiores ao salário mínimo, ou seja, 6.626 patacas por mês. Caso esta exigência do contrato seja violada tem de pagar indemnização de 100 mil patacas
De acordo com o estipulado pelo Governo, a empresa não pode pagar remunerações inferiores ao salário mínimo, que actualmente é de 6.626 patacas por mês. Caso esta exigência do contrato seja violada, a Companhia de Wui Hong Iate tem de pagar uma indemnização de 100 mil patacas, “independentemente de ter culpa” pelo incumprimento.
Concurso tranquilo
A Companhia de Wui Hong Iate Serviço foi escolhida para explorar a ZAERC depois de ter participado num concurso público lançado em Junho deste ano pela Direcção de Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA). O concurso atraiu apenas duas propostas, uma por parte da actual concessionária, e outra pela Sunrise – Gestão de Propriedades e Equipamentos. No entanto, o desfecho do concurso tornou-se praticamente conhecido desde a abertura das propostas, uma vez que a Sunrise foi excluída por não ter apresentado o programa do concurso, nem um preço a pagar à RAEM pela gestão do espaço. O contrato divulgado ontem entra em vigor a 31 de Dezembro deste ano. João Santos Filipe
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THE LONDONER MACAU RECEBE PRIMEIRO RESTAURANTE DE GORDON RAMSAY
empreendimento Londoner Macau, da operadora Sands China, tem o primeiro restaurante de Gordon Ramsay no território em pleno funcionamento. Segundo uma nota de imprensa da operadora, o espaço chama-se Gordon Ramsay Pub & Grill e destaca-se como um restaurante do género gastropub, onde são servidos os melhores pratos com a assinatura do chefe de cozinha britânico, bifes grelhados e ainda cocktails e bebidas. Citado pelo mesmo comunicado, Gordon Ramsay disse ser “emocionante trazer para Macau o sabor da Grã-Bretanha”, sendo que o menu tem “muitos [pratos] clássicos britânicos, bem como alguns pratos que pessoalmente são os meus favoritos”. “Tenho a certeza de que todos vão adorar”, frisou. O menu inclui, por exemplo, a receita de bife Wellington com cogumelos e trufas servido com creme de batata, as famosas “fish and chips”, ou seja, peixe e batatas fritas, um prato bem inglês, mas, neste caso, são feitas com bacalhau panado e cerveja, batatas fritas e um molho tártaro caseiro. Haverá ainda espaço para uma série de sobremesas, também criações originais do chefe. Tom Connolly, vice-presidente sénior da área de operações de alimentação e bebidas da Sands China, adiantou ser “um privilégio trabalhar com Gordon [Ramsay] e trazer uma das suas marcas de restaurantes de sucesso para os clientes do The Londoner Macau”. Assim, a ideia é transmitir aos clientes locais “a mais autêntica experiência de um pub britânico”.
Um design histórico
Quem frequentar o Gordon Ramsay Pub & Grill depressa percebe que entra num espaço que faz lembrar a Revolução Industrial vivida nos finais do século XIX, o movimento socioeconómico e laboral que atingiu escala global e que teve o Reino Unido como um dos países protagonistas. Criou-se, assim, um “pub acolhedor”, com um “grande bar central”, complementado com uma série de lugares sentados “decorados com uma paleta de cores inspirada na bandeira britânica”. Olhando ainda para o menu, destaques para a barriga de porco assada com uma cobertura de vinagre de cidra, um puré de
FOTOS THE LONDONER
O verdadeiro pub inglês O
Gordon Ramsay “É emocionante trazer para Macau o sabor da Grã-Bretanha e um menu com “muitos [pratos] clássicos britânicos, bem como alguns pratos que pessoalmente são os meus favoritos.”
Já abriu portas o primeiro restaurante do chefe britânico Gordon Ramsay. O Gordon Ramsay Pub & Grill, no Londoner, apresenta algumas das melhores criações do chefe de cozinha que se tornou uma estrela televisiva e que “colecciona” estrelas Michelin mostarda Dijon picante e lentilhas verdes tenras. Os amantes de hambúrgueres têm à sua disposição o “The Londoner Burguer” que apresenta “uma suculenta empada de carne de vaca, ketchup de maçã e tomate, molho de cebola doce e queijo cheddar, acompanhado de batatas fritas triplamente cozinhadas”. Os paladares complementam-se com rosbife com molho porcini,
pudim de Yorkshire e batatas assadas com gordura de pato, entre outras iguarias. Há ainda uma selecção dos melhores bifes grelhados no carvão e servidos com uma manteiga especial, salada de ervas, rodelas de cebola frita, tomate fresco e outros molhos. O novo espaço de Gordon Ramsay em Macau inclui também uma “interessante selecção de cervejas”, bem como cocktails
artesanais e uma selecção de vinhos premium, descreve o mesmo comunicado. Gordon Ramsay, nascido na Escócia, começou por fazer sucesso com as suas criações gastronómicas, acumulando no “currículo” várias estrelas Michelin. Porém, ficou mundialmente famoso através da televisão, ao apresentar programas como “Kitchen Nightmares”, “Hell’s Kitchen”, “Hotel Hell” e “MasterChef US”. Muitos destes programas ganharam novas versões noutros países, com outros chefes de cozinha como apresentadores, nomeadamente em Portugal com o “Pesadelo na Cozinha”, transmitido na TVI e apresentado por Ljubomir Stanisic, ou no Brasil, apresentado por Erick Jacquin. Andreia Sofia Silva
DST VISITANTES INTERNACIONAIS SÃO 5% DO TOTAL DE TURISTAS
A
PESAR do fim das medidas isolamento internacional e das campanhas para atrair visitantes estrangeiros, o número de turistas provenientes de destinos internacionais ainda não recuperou para os níveis pré-pandemia. O cenário foi reconhecido pela directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, que foi citada pelo canal chinês da Rádio Macau. Segundo a responsável pela pasta do turismo, desde Junho que o território recebe cerca de 120 mil turistas internacionais todos os meses, o que corresponde a cerca de cinco por cento de todas as entradas de visitantes. No entanto, o número é cerca de metade do que acontecia antes da pandemia, quando os visitantes eram cerca de 10 por cento de todos os turistas. Apesar da diferença, Maria Helena de Senna Fernandes mostrou-se confiante na recuperação e apontou que “a nível global” o tráfego de passageiros ainda está em recuperação e que as ligações áreas estão longe da disponibilidade pré-pandémica. A dirigente também concluiu que, até agora, a recuperação do turismo de Macau tem sido “boa” e que a DST está empenhada em desenvolver mais produtos turísticos, para que os estrangeiros visitem as cidades da Grande Baía, com a entrada através de Macau ou Hong Kong. Este é um produto para excursões vindas de fora ao abrigo de um programa que permite circular com um visto de seis dias nas cidades da Grande Baía.
Crédito Associação de Bancos prolonga suspensão de pagamento
A Associação de Bancos de Macau revelou que irá prolongar por mais um ano a medida de suspensão de pagamento do crédito, limitando-se a cobrar o valor dos juros. A novidade foi avançada através de um comunicado. Inicialmente estava previsto que a medida expirasse no final deste ano, prazo a partir do qual os devedores tinham de pagar os juros dos empréstimos e também o montante principal. Contudo, com esta medida, podem continuar durante mais um ano a pagar apenas os juros. Segundo a associação, para esta decisão foram ponderados muitos factores como o impacto da pandemia junto dos comerciantes e dos residentes. Os destinatários da medida são essencialmente os residentes que pagam as prestações mensais da hipoteca da casa e os proprietários de empresas médias e pequenas.
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PINTURA BENJAMIN HODGES, ENTRE A INCOMPREENSÃO E A CONTEMPLAÇÃO
E vou passar um bom RECLAMATION, BENJAMIN HODGES
GONÇALO LOBO PINHEIRO
A exposição de pintura “Vou a Caminho do Meio Dia”, do artista e antropólogo Benjamin Hodges apresenta a visão de um estrangeiro a residir em Macau há 15 anos e as suas múltiplas tentativas de compreensão de um idioma e uma sociedade diferentes do seu lugar de origem. A mostra integra o cartaz do festival literário Rota das Letras
deste ponto de vista para tentar transmitir a sua própria incompreensão em relação ao espaço onde habita há 15 anos.
“Como americano a viver em Macau, um espaço multilinguístico, estou sempre dependente de várias formas de tradução para
FOTOS ARTYZEN GRAND LAPA
A
primeira exposição individual do artista e antropólogo Benjamin Hodges é uma ode às múltiplas tentativas de compreensão de Macau. “Vou a Caminho do Meio Dia” [I’m Going to the Middle of The Day] integra o programa do festival literário Rota das Letras e está patente na Livraria Portuguesa até 6 de Novembro. O título da exposição nasce da confusão das traduções automáticas nas redes sociais. “Quando os algoritmos de tradução automática nas redes sociais não conseguem identificar correctamente o significado de um texto em chinês, é adicionada a linha de espaço reservado predefinida ‘Vou a caminho do meio do dia’”. Benjamin Hodges partiu
Antonieta “Neta” Manhão
Pedro Santos do Carmo
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relativamente aos espaços, mas também à incompreensão que muitas vezes existe sobre o território. “’Vou a caminho do meio-dia’ é uma expressão usada, de certa forma, face à perseverança [existente] em relação à incompreensão de ambientes diferentes. As
cenas sobre a praia, ou as paisagens tropicais sem nome [que estão na exposição], são sobre locais onde nos podemos encontrar como turistas ou viajantes, que tentamos que façam sentido, mas onde há sempre uma espécie de incompreensão, uma falta de conexão. Estas pinturas não
GONÇALO LOBO PINHEIRO
O autor diz ter usado, nos seus quadros, o género de ficção, mas com a classificação de ficção gráfica, “que é sobre os medos que temos em relação à paisagem”. “Aqui recorro um pouco à ideia dos espaços que são assombrados pelo passado”, acrescentou. Desta forma, Benjamin Hodges acabou por retratar alguns lugares de Macau, mas com outros olhares e pontos de vista, não só
BEACH EXCURSION, BENJAMIN HODGES
bocado compreender as coisas. Então essa frase é uma espécie de metáfora para a minha própria condição, para tentar fazer sentido nos espaços onde estou”, contou ao HM. Docente assistente da Universidade de Macau na área de Comunicação, Cinematografia, Media, e Estudos Culturais, Benjamin Hodges revela que a sua pintura inspira-se na sua própria história, vagueando entre diferentes géneros, como a paisagem ou o retrato. Nesta mostra, “muitas das pinturas retratam espaços de Macau, espaços esses que estão agora transformados graças ao desenvolvimento radical [que o território tem tido nos últimos anos]. Podemos usar as mesmas técnicas antigas de pintura a óleo para pintar esses espaços, e fiz isso, mas claro que os espaços mudaram radicalmente”.
Eterna mudança
No seu trabalho como artista, académico e antropólogo, Benjamin Hodges acaba por explorar relações humanas com diferentes realidades físicas e virtuais. Confessa que “Macau está sempre em mudança” e que é possível conhecer o território, faltando sempre algo mais para um conhecimento pleno.
HM • 2ª vez • 12-10-23
ANÚNCIO Execução Ordinária
BENJAMIN HODGES
GASTRONOMIA “NOITES MACAENSES” NO GRAND LAPA ATÉ DIA 26 empreendimento hoteleiro Artyzen Grand Lapa promove, no Café Bela Vista, até 26 de Outubro, um menu especial de comida macaense. As “Noites Macaenses” [Macanese Nights] acontecem todas as terças e quintas-feiras, servindo pratos como “Galinha Chau Chau Parida”, “Diabo”, “Caril de Nabo com Camarão”, “Minchi com Orelha de Rato” e “Baji”, entre outros. Os pratos serão preparados pela chefe de cozinha macaense Antonieta Manhão, mais conhecida como Neta, e o chefe residente do Café Bela Vista, Pedro Santos do Carmo. Segundo um comunicado do Grand Lapa, “Noites Macaenses” não se trata apenas de uma “experiência de jantar”,
são apenas pinturas sobre Macau, mas sobre a condição de incompreensão, de procurar sentido em novos ambientes.”
“Uma coisa é podermos interiorizar algumas verdades históricas, através da ficção de viagens ou da antropologia, para termos um sentido do espaço. Mas Macau tem um longo de historial de pessoas que chegam e tentam com que faça sentido. Cheguei em 2008 e tenho a minha própria história de Macau e as minhas próprias memórias.” Assim, nas pinturas e escritos de Benjamin Hodges encontram-se sempre “coisas muito pessoais, mudanças que ocorreram devido à abertura do jogo, ao desenvolvimento do território e à transformação da paisagem”. Mas as reflexões sobre a mudança e as tentativas de compreender o que é diferente não se versam a Macau, pois todo o mundo enfrenta mudanças climáticas, exemplifica o artista. “Uma das coisas que tento fazer no meu trabalho como pintor e como antropólogo é pensar e interrogar não só essas histórias, mas considerar como elas formam as nossas ideias de como o futuro pode ser”, rematou. Andreia Sofia Silva
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“Estas pinturas não são apenas pinturas sobre Macau, mas sobre a condição de incompreensão, de procurar sentido em novos ambientes.”
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mas também de “uma celebração cultural cativante do rico património culinário da cidade - uma tradição que existe em Macau há mais de 400 anos”. Citado pelo mesmo comunicado, Rutger Verschuren, vice-presidente da área de operações de Macau do grupo Artyzen e director-geral do Artyzen Grand Lapa, disse que este evento “não só representa a nossa dedicação em proporcionar experiências únicas e culturalmente ricas aos nossos hóspedes, mas também reforça o nosso forte empenho na preservação do património culinário de Macau”. Antonieta Manhão frisou ser “uma honra” participar “neste projecto fantástico”. “Espero recordar ao pú-
blico a verdadeira cozinha familiar macaense e mantê-la para as gerações mais jovens”, disse ainda. Um dos pratos incluídos neste menu especial, a “Galinha Chau Chau Parida”, é “um clássico macaense que combina uma suculenta galinha com uma mistura de especiarias perfumadas, criando uma sinfonia de sabores que encapsulam a herança culinária de Macau”. O prato nasceu de uma “antiga receita de família que tem origens nas crenças portuguesas”, pois acredita-se que “os ingredientes deste prato ajudam as novas mães a recuperar as suas forças após o parto, proporcionando uma recuperação mais rápida”, conta a chefe.
Processo n.º
CV3-19-0206-CEO
3° Juízo Cível
EXEQUENTE: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A., com sede em Macau na Avenida da Amizade, no 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. ------EXECUTADA: SIN HWEI MIAN, residente em Macau, na Rua de Nam Keng, Nova City Torre 6, 7º andar B, Taipa. --------------------------------------------------------------------------------------------*** ----------FAZ-SE SABER que, no próximo dia 30 de Outubro de 2023, pelas 10.00 horas, neste Juízo, nos autos acima identificados, vai ser vendido, por meio de propostas em carta fechada, o seguinte bem:-----------------------------------------------------------------------------------------------------VENDA DE DIREITO Denominação: 1/108 avos da fracção autónoma “DR/C”, do rés-do-chão “D”.---------------Situação: Rua de Hong Chau nº52-82, Rua de Lagos nº 51-91, Avenida Dr. Sun Yat Sem (Taipa) nº 583-659. --------------------------------------------------------------------------------------Fim: Para estacionamento. -----------------------------------------------------------------------------Número de matriz: 040701. ---------------------------------------------------------------------------Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 21875 do livro B102A, a fls. 105. --------------------------------------------------------------------------------------------------------Número de inscrição na Conservatória do Registo Predial registada a favor da executada SIN HWEI MIAN: 311209G. -------------------------------------------------------------------------O Valor base da venda: MOP$1.444.800,00 (um milhão, quatrocentas e quarenta e quatro mil, oitocentas patacas). --------------------------------------------------------------------------------*** ----------São convidados todos os interessados na compra daqueles bens a entregar na Secretaria deste Tribunal, as suas propostas, até ao dia 30 de Outubro de 2023, pelas 10.00 horas, sendo que, o preço das propostas devem ser superiores aos valores acima indicado devendo, o envelope da proposta conter a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA”, bem como o “NÚMERO DO PROCESSO CV3-19-0206- CEO”.--------------------------------------------------------------------------------------------A abertura das propostas realizar-se-á neste Tribunal na data e hora acima mencionados, podendo os proponentes assistir ao acto. ------------------------------------------------------------------------------Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do direito supra referido, podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------R.A.E.M., 25 de Setembro de 2023. -------------------------------------------------------------*
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Estudar sem reflectir é inútil, reflectir sem estudar é perigoso. Confúcio [“Ditos de Confúcio”, tradução de Daniel Carlier, edição Jornal Tribuna de Macau, 2008]
I A SABEDORIA e a ética prática de Confúcio1, considerado como o sábio dos sábios, estão presentes na cultura portuguesa, com uma insuspeitada transversalidade , sobretudo desde os alvores do século XVII, entradas pela mão dos jesuítas. A sinologia portuguesa e a sinologia de língua portuguesa , enquanto alargado corpus de conhecimento, não dispõem de um roteiro bibliográfico e historiográfico minimamente actualizado2 , o que não é muito compreensível se tivermos em conta a sua secular antiguidade. O caso de Confúcio é paradigmático, como se observará nesta breve introdução. Mas é apenas no século XIX que a imprensa periódica3, os almanaques4, as enciclopédias5 , os dicionários6 , os livros escolares7 ou outras obras de cultura geral8 espalham urbi et orbi concisos aforismos, um sugestivo cerimonial parenético ou suculentas máximas do pensador chinês, sobre quase todos os assuntos que tocavam a vida humana ou a governança da sociedade e os seus inimigos. Suspeita-se, por vezes, que tudo quanto é atribuído a Confúcio não seja realmente da sua lavra. A analogia com Sócrates , sobretudo com o Sócrates platónico estará sempre presente. Julgo que valeria a pena seguir o rasto da influência das suas ideias e dos seus ensinamentos, isto é, a recepção de Confúcio em Portugal, que continua por fazer, incluindo o inventário da multiplicidade das edições das obras9 firmadas pela multidão dos seus discípulos. Pela literatura de viagens, mas não só, ecoa uma ressonância dos seus pensamentos, de permeio com o fascínio pelo mistério sobre tudo quanto seja oriundo da grande China, que vamos encontrar, por exemplo, em “Algumas Coisas Sabidas da China”, provavelmente de 1562, da autoria de Galiote Pereira, no “Tratado em que se contam muito por extenso as Cousas da China” de Frei Gaspar da Cruz, de 1569 ou na “Relação da Grande Monarquia da China”10 do jesuíta Álvaro Semedo, escrita em 1637 . Sem esquecer Tomé Pires ou Fernão Mendes Pinto. Mas, serão mesmo outras narrativas a terem o monopólio da atenção do público generalista11, sempre atento ao pormenor12 e às grandes sínteses culturais13 sobre o extremo oriente e em particular sobre a China. Para as elites, Confúcio chegava em latim14 mas as polémicas eram servidas na língua francesa15. Não é piedoso esconder a fragilidade do pensamento português nesta área particular. Nas querelas entre as ordens religiosas, evidenciam-se conhecimentos e informações muito interessantes e actualizadas : “Os Letrados da China, que são das suas pessoas mais nobres e es-
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CONFÚCIO NA CULTURA PORTUGUESA
Subsídios para o seu estudo António Aresta
timadas, se ajuntam todos os anos nos Equinócios da Primavera e Outono, em uma Aula, que chamam Miao, dedicada ao mesmo Confúcio…”16. Até os textos doutrinários faziam questão de evocar os feitos findos, no oriente longínquo, como se pode ler no comunicado aos portugueses, de 24 de Agosto de 1820, difundido pela Junta Provisional do Governo Supremo do Reino : “…espalhando pela Europa, espantada e invejosa, as preciosidades do Oriente e as riquezas de ambos os mundos”17. Quarenta anos depois, em 1860, na Apreciação Philosophica dos Descobrimentos Portugueses18, João Félix Pereira traça um severo juízo de valor associando “a mais torpe imoralidade” e a “sede do ouro” como as causas directas para a queda do “império oriental”.
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António Aresta, “Confúcio”, Jornal Tribuna de Macau, 22.11.2017. Em diferentes momentos, tenho procurado fazer uma sistematização da história da sinologia portuguesa : António Aresta, “Os Estudos Sínicos no Panorama da História da Educação em Portugal”, Revista Administração,Nº 38, Vol. X, 1997, pp. 10451069 .Como esta publicação é bilingue, a tradução chinesa está nas páginas 1177-1192 ; António Aresta, “A Sinologia Portuguesa, um esboço breve”, RC-Revista de Cultura [Instituto Cultural de Macau], Nº 32, II Série, 1997, pp. 9-18. Este estudo foi traduzido para chinês e para inglês, nas respectivas versões da RC-Revista de Cultura ; António Aresta, “A Sinologia”, in Adalberto Dias de Carvalho (coord.), Dicionário de Filosofia da Educação, Porto Editora, 2006, pp. 347-348 ; António Aresta, “Sinologia Portuguesa : Caminhos e Veredas”, in Miguel Castelo-Branco (coord.), Portugal-China . 500 anos, ed. Biblioteca Nacional de Portugal\Babel, Lisboa 2014, pp. 275-279 . Para o caso de Macau, veja-se, Padre Manuel Teixeira, A Imprensa Portuguesa no Extremo Oriente, ed. Notícias de Macau, 1965, 2ª edição, Instituto Cultural de Macau, 1999 ; Daniel Pires, Dicionário Cronológico da Imprensa Periódica de Macau do Século XIX (1822-1900), ed. Instituto Cultural do Governo da R.A.E.Macau, 2015. O Jornal de Bellas Artes ou Mnemósine Lusitana. Redacção Patriótica. O número XXIII, de 1816, contém abundante informação sobre Macau e a China. A Revista Popular. Semanário de Literatura, Sciencia e Industria, cuja Redacção era assegurada por Joaquim Fradesso da Silveira, José Maria Latino Coelho, Francisco Pereira de Almeida e Augusto Gonçalves Lima, publicou no Nº 12 \ 1849, o conto chinês “A Trança do Mandarim”, com evidentes ressonâncias confucianas. Na contemporaneidade, o jornal da Diocese de Macau, O Clarim, não perdia a oportunidade para marcar a sua posição doutrinária. Veja-se o interessante artigo de Tooshar Pandit, “Confúcio e Karl Marx frente a frente”, O Clarim , 14.02.1965.
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Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro para 1857. Com 410 artigos e 106 gravuras, Lisboa, Typographia Universal, 1856, 391 pp.. Na Encyclopedia Portugueza Illustrada, editada por Lemos & Cª, Successor, Porto, 1900-1909, publicada sob a direcção de Maximiano Lemos, III volume, surge uma informação abrangente sobre Confúcio e o confucionismo, destacando-se a seguinte ideia : “Todo o seu systema repouza sobre os deveres recíprocos dos homens, classificados por elle em relações entre principe e vassalo, pae e filhos, e entre concidadãos. O respeito aos pais, antepassados, ao nome, é o fundamento da família, e estes mesmos princípios aplica elle ao governo”. O Museu Literário, Útil e Divertido, Nº 5, Lisboa, na Impressão Régia, 1833, traz uma “Notícia do Império da China, segundo os mais modernos conhecimentos obtidos na Europa”, pp. 132-135. Os dicionários eram uma importante fonte difusora de cultura, em termos práticos, generalistas e simples. Mas, frequentemente, misturavam os conceitos. Sobre Confúcio e o confucionismo. No Novo Diccionario da Língua Portuguesa, de Eduardo de Faria, Typographia Lisbonense, Lisboa, 1851, 2ª edição, lemos que Confúcio “ensinou uma philosophia toda prática”. Mas no Diccionario Popular (histórico, geográfico, mythologico, biográfico, artístico, bibliográfico e litterario), dirigido por Manoel Pinheiro Chagas, Typographia do Diario Illustrado, 3º volume, Lisboa, 1878, encontramos uma informação com mais detalhe. Confúcio “fundou uma escola meio philosophica, meio política, à qual a China deve essa civilização estacionária que ainda hoje ali impera. Essa escola não tem metaphysica, ocupa-se exclusivamente de economia social e de moral. Muitos consideram Confúcio como legislador, não o foi, foi apenas um philosopho e um moralista, mas a legislação chinesa toda se deriva da escola e do ensino de Confúcio, e foi ele que lhe deu a sua originalidade e o seu caracter imóvel”. A título de exemplo, João Felix Pereira, Compendio de Geographia, para uso da instrucção secundária, edição do autor, 10ª edição, Lisboa, 1877 : “O grande philosopho Confucius foi contemporaneo de Salomão : seos escritos encerrão verdades mais sublimes do que as da philosophia de Pythagoras, Socrates e Platão”. E continua : “Debaixo do ponto de vista moral, diz-se, que os chins possuem as virtudes e os vícios do escravo, do fabricante e do negociante : reina um systema de tyrannia e de opressão, desde o soberano até ao rústico. As várias classes de mandarins não são melhores do que escravos de graduação superior, os quaes, por sua vez, oprimem, cruelmente o povo”, pp. 245 e 247. Ainda outro exemplo : Alberto Pimentel, Album de Ensino Universal. Livro de Instrução Popular, Lisboa, Officina Typographica de J. A. de Matos, 1879. Nas páginas 177\178, encontramos esta informação : “Religião de Confúcio : consiste num panteísmo filosófico e tem por chefe o imperador da China. É a religião dos homens letrados da China, de Annam e do Japão”. Historia Universal. Primeira Parte. História Antiga, escrita em Francez pelo Abbade Millot e traduzida em Vulgar por J. J. B., Professor no Real Collegio de Alcobaça, 2ª edi-
ção, correcta e aumentada, Tomo Primeiro, Lisboa, na Typographia Rollandiana, 1801, 383 pp.. Sobre a China, pp. 90-98. A Confúcio, para além de divulgar algumas máximas, apresenta esta síntese : “A sua Filosofia consistia menos na especulação, do que na prática ; razão porque deitou mais depressa Sábios, que Discursistas”, p. 97 ; Damião António de Lemos Faria e Castro, História Geral de Portugal e suas Conquistas, oferecida à Raínha Nossa Senhora D. Maria I, Lisboa, Na Typographia Rollandiana, Tomo XI, 1788. As informações sobre a China e sobre Confúcio, pp. 147-161. 9 Algumas traduções : Os Analectos, tradução de Maria de Fátima Tomás, Publicações Europa-América, 1982, 127 pp. ; Quadras de Lu e Relação Auxiliar, tradução e notas de Joaquim Guerra SJ, Edição Jesuítas Portugueses, Macau, 1981\1983, 5 volumes ; Quadrivolume de Confúcio, tradução e notas de Joaquim Guerra SJ, Edição Jesuítas Portugueses, Macau, 1990, 615 pp. ; Conversações, M. Gonçalves de Azevedo, Ed. Estampa, 1991, 196 pp. ; Ditos de Confúcio, tradução de Daniel J.L. Carlier, edição Jornal Tribuna de Macau, 2008, 119 pp. ; As Quatro Obras : Discurso e Diálogo ; Suprema Educação ; Meio Constante, tradução do chinês , introdução e notas de Luís Gonzaga Gomes, Macau, Imprensa Nacional, 1945, 248 pp. 10 Na edição contemporânea de 1994, anotada e traduzida do italiano por Luís Gonzaga Gomes, com prefácios de Maria Edith da Silva, António Rodrigues Júnior e António Aresta, coeditada pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude\Fundação Macau, esta referência a Confúcio é significativa: “Este homem caiu, a todos os respeitos, nos tempos subsequentes, em tanta graça e apreço dos chineses e tão grande crédito alcançaram os livros que compôs e os ditos e as sentenças por ele deixados, que não somente o tem por santo, mestre e doutor do reino com o que dele se cita é estimado como coisa sagrada, além de existir, em todas as cidades do reino, templos, públicos, onde é reverenciado, com muitas cerimónias em dias marcados e, nos anos dos exames, uma das principais cerimónias é irem os novos graduados todos juntos prestar-lhe reverência e reconhecê-lo por mestre”, p. 103. 11 Eduardo Fernandes (Esculapio), Dois Anos de Troça. Gazetilhas publicadas em O Século (94-95). Revistas pelo autor e prefaciadas por António Campos Júnior, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1900, pp. 102 e 103. 12 Fialho d’Almeida, Pasquinadas : Jornal d’um Vagabundo, Porto, Livraria Civilização, 1890, pp. 238-244 : “O sr. Coelho de Carvalho, que enviou da China a Cesário Verde o seu retrato de mandarim…”, com a explicação minuciosa das insígnias mandarínicas ; Alberto d’Oliveira, Pombos-Correios (Notas Quotidianas), Coimbra, França Amado Editor, 1913, p. 321 : “A nova China, ainda antes de nos mostrar que tem cabeça, anuncia-nos solenemente que já tem chapéu. Mudar de fato pareceu-lhe tão urgente como mudar de regímen”. Gomes Leal , A Morte do Rei Humberto e os Críticos do ‘Fim d’um Mundo’, Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1900, p. 17 : “A China, a remota pátria dos mandarins e das sedas magníficas, dos xarões raros, e das pedrarias fabulosas, como visões de ópio, não quer ceder nenhuma das suas prerrogativas, nem ceder mais território algum à cobiça do
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comércio europeu ?...Salafrários, chatins, safardanas, sarrafacais !... Desprezam, pois, estes letrados mariolas sábios, com uma teimosia revoltante de povos inferiores, habituados a uma hedionda rotina, herdada de Confúcio, toda a luz benéfica e imaterial dos povos civilizados do Ocidente, que tanto benefício levaram à velha Índia, que ela está hoje morrendo de fome, de peste, de anemia….e da alegria espiritual e ferruginosa da civilização !.... Não se pode ser mais bárbaro !.... Há enfim só uma frase : - é chinês !”. 13 Carlos José Caldeira, Apontamentos d’uma Viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa, Lisboa, Typographia de Castro & Irmão, 1852\3 ; Gregório Ribeiro, De Macau a Fuchau. Cartas a J.M. Pereira Rodrigues, Lisboa, Typographia Universal, 1866 ; Conde de Arnoso, Jornadas pelo Mundo : em caminho de Pekim, Porto, Magalhães & Moniz, 1895 ; Adolfo Loureiro, No Oriente. De Nápoles à China, Lisboa, Imprensa Nacional, 1896\7 ; José Morais Palha, Esboço Crítico da Civilização Chinesa, Macau, Typographia Mercantil, 1912 ; Alberto de Carvalho, Reminiscências do Oriente : apontamentos de viagem, Lisboa, Tipografia da Cooperativa Militar, 1914. 14 CONFUCIUS sinarum Philosophus sive scientia sinensis latine exposita, Ludovici Magni, Pariis, MDCLXXXVII, 563 pp. ; Ad Virum Nobilem, de cultu CONFUCII Philosophi et Progenitorum apud Sinas, Antverpiae, MDCC, 57 pp. ; Vera Sinensium Sententia de tabela Confucio &progenitoribus inscripta, cum ulteriore expositione & informatione de factis sinensibus controversis secundum PP. Societatis Jesu adversus novam allegationem textum Sinicorum factam presertim extractatibus PP. FF. Dominici Navarrette & Francisci Varo Dominicanorum, Anno MDCC, 468 pp. 15 Apologie des Dominicains Missionnaires de la Chine ou Reponse au livre du Père Le Tellier jesuite, intitulé, Défense des Nouveaux Chrétiens ; Et à L’éclaircissement Du P. Le Gobien de la même Compagnie, Sur des honneurs que les chinois rendent à Confucius et aux Morts. Par un Religieux Docteur et Professeur de Theologie de L’Ordre de S. Dominique. Tome Premier. À Cologne. Chez Les Heritiers de Corneille d’Egmond, MDCC, 392 pp. ; Relation du voyage fait à la Chine sur le vaisseau l’Amphitrite, en l’année 1698. Par le sieur Gio Ghirardini, peintre italien. A monseigneur le duc de Nevers, MDCC, 237 pp. Esta obra termina com uma “Lettre du Roy de Portugal au Cardinal Barberin Protecteur de cette Couronne”, datada de Lisboa, em 1699. Surpreendente é esta obra , L’Espion Chinois ou L’Envoyé Secret de la Cour de Pékin pour Examiner L’État Présent de L’Europe. Traduit du chinois, A Cologne, MDCCLXXXIII, em seis volumes. Obra sem menção de autor. O sexto volume contem abundantes referências a Portugal. 16 Resposta Compulsória à Carta Exhortativa, para que se retrate o seu Author das Calumnias que proferio contra os Reverendissimos Padres da Companhia de Jesus da Provincia de Portugal. E lhe dedica Francisco de Pina e de Mello, Moço Fidalgo da Casa Real e Academico da Academia Real de Historia Portugueza, Monte mor o Velho, a 26 de Junho de 1755, p. 60. No ano seguinte, este mesmo autor publica o Triumpho da Religião. Poema Épico-Polémico que À Sua Santidade do Papa Benedicto XIV dedica Francisco de Pina e de Mello, Moço Fidalgo da Casa de Sua Magestade e Academico da Academia Real da Historia Portugueza, Coimbra, na Officina de Antonio Simoens Ferreyra, Impressor da Universidade, Anno de 1756, 426 pp. 17 Collecção Geral e Curiosa de Todos os Documentos Officiais e Historicos Publicados por Ocasião da Regeneração de Portugal, desde 24 de Agosto, Lisboa, Typographia Rollandiana, 1820. 18 Lisboa, 1860, Typ. de José da Costa, p. 60.
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UMA FAIXA, UMA ROTA LIVRO BRANCO CELEBRA 10 ANOS E ANTECIPA FÓRUM DAS NOVAS ROTAS DA SEDA
A China anunciou ontem que vai organizar na próxima semana, em Pequim, o terceiro fórum das Novas Rotas da Seda, no qual vários líderes estrangeiros vão debater o vasto projeto de infraestruturas do gigante asiático. As Novas Rotas da Seda, oficialmente conhecida como iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (IFR), é um projecto lançado por Xi Jinping, em 2013. Um Livro Branco sobre a IFR foi, entretanto, lançado em Pequim
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terceiro fórum das Novas Rotas da Seda decorre nos próximos dias 17 e 18, com Xi Jinping a participar na cerimónia de abertura, onde “vai proferir um discurso e organizar um banquete de boas-vindas para os dirigentes estrangeiros e chefes de organizações internacionais” participantes, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. Espera-se a presença de representantes de mais de 130 países.
Livro Branco fala de realizações
Entretanto, a China publicou um livro branco sobre a Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (IFR) na terça-feira, destacando o papel que o icónico “projecto do século” desempenhou no desenvolvimento global durante a última década, bem como as suas realizações na prossecução do seu objectivo final de construir uma comunidade global de futuro partilhado. O Livro Branco surge quando se celebra o lançamento da iniciativa pelo Presidente chinês Xi Jinping há 10 anos. Foi também publicado antes do terceiro Fórum Faixa e Rota para a Cooperação Internacional e que, segundo os comentadores chineses, “servirá de testemunho para desmentir as calúnias ocidentais, ao mesmo tempo que reunirá mais consensos sobre o futuro projecto de desenvolvimento da iniciativa”. Segundo o Livro Branco, “a dinâmica de desenvolvimento da IFR abriu um capítulo sem precedentes de crescimento global,
ilustrando um caminho para a conectividade global, a paz e a prosperidade que leva a iniciativa proposta pela China a tornar-se a maior plataforma mundial de cooperação internacional com a
XINHUA
A nova rede global mais ampla cobertura nos últimos 10 anos”.
Uma nova paisagem global
O livro branco, intitulado “Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota: Um pilar
fundamental da Comunidade Global de Futuro Partilhado”, expõe o contexto em que a IFR foi lançada: uma resposta “a uma situação global em mudança e às expectativas da comunidade internacional”. “Já
não é aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento económico mundial, controlem as regras económicas e usufruam dos frutos do desenvolvimento”, afirma o Livro Branco. A IFR “contribuiu com novas ideias e novas abordagens para os intercâmbios internacionais e produziu um sistema de governação global mais justo e equitativo que leva a humanidade a um futuro melhor”. “Desde que a IFR foi lançada, a construção de uma comunidade com um futuro partilhado passou de um conceito a uma acção e de uma visão a uma realidade. Cada vez mais países compreendem o que a China diz, que o desenvolvimento é um direito inalienável de todos os países, e não um privilégio de apenas alguns países ocidentais”, disse Maya Majueran, directora da a Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” Sri Lanka, uma organização sediada no Sri Lanka. “O mundo actual é injusto e desproporcionado (...) uma vez que os EUA e os seus aliados ocidentais frequentemente coagem ou abusam do seu poder para manter as suas posições hegemónicas”, disse Majueran, acrescentando que os países, especialmente os do Sul Global, queriam ver que o futuro da humanidade deveria estar nas mãos de todos os países, as regras internacionais deveriam ser escritas em conjunto por todos e os benefícios do desenvolvimento deveriam ser partilhados por todos. Levente Horvath, ex-cônsul-geral da Hungria em Xangai, disse que “a UE e os EUA parecem ver a cooperação da IFR, que leva a
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resultados vantajosos para todos, de forma diferente, porque muitas vezes abordam tudo como um jogo de soma zero. Mas a colaboração entre a IFR e a China parece oferecer perspectivas mais promissoras, uma vez que a China está “aberta a estabelecer relações com outros países sem procurar dominar ou controlar as suas políticas internas, ao contrário de algumas nações ocidentais”. “É importante esclarecer as origens e o desenvolvimento do IFR, os seus princípios de implementação e a forma como serve a humanidade e conduz à construção de uma comunidade com um futuro partilhado. A nova campanha de difamação ocidental será em vão”, disse He Weiwen, membro sénior e membro do conselho executivo da Associação Chinesa de Comércio Internacional, na terça-feira. Em resposta a uma pergunta sobre a concorrência de iniciativas de infra-estruturas semelhantes de outros países, Li Kexin, Diretor-Geral do Departamento de Assuntos Económicos Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, afirmou que “a China dá as boas-vindas a todas as partes para aumentarem os contributos para as infra-estruturas básicas nos países em desenvolvimento e está disposta a cooperar com todas as partes com base na abertura, inclusão, igualdade de condições e benefícios mútuos, para fornecer mais bens públicos internacionais de alta qualidade”. “Espera-se também que, com base no quadro abrangente fornecido pelo Livro Branco, os participantes do próximo BRF - que se situa no 10º aniversário da BRI - possam discutir e traçar um novo rumo para o seu desenvolvimento na próxima década. Representantes de 130 países e 30 organizações internacionais participarão no fórum deste ano”, revelou Li. “Os últimos 10 anos marcaram apenas o início da cooperação da IFR. O futuro será ainda mais brilhante na próxima década e além”, disse Liang Haiming, reitor do Instituto de Pesquisa da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” da Universidade de Hainan. “Como um país grande e em desenvolvimento, que cumpre suas responsabilidades, a China continuará a promover a IFR como seu plano abrangente e o seu projecto para a abertura e a cooperação in-
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ternacional de benefício comum”, diz o livro branco, explica Liang. “Isto significa que a China ajudará mais países em desenvolvimento a acelerar a integração regional e a integrarem-se na cadeia de abastecimento global, de modo a partilharem os dividendos do crescimento económico global”.
O que foi feito
O livro branco oferece uma panorâmica detalhada de uma década de realizações da IFR. Uma delas é a promoção da conectividade global em vários domínios, incluindo a coordenação de políticas, a conectividade de infra-estruturas, o comércio livre, a integração financeira e o estreitamento dos laços entre as pessoas. De 2013 a 2022, o comércio da China com os países participantes na BRI atingiu 19,1 biliões de dólares, com uma taxa média de crescimento anual de 6,4 por cento. O investimento bidirecional acumulado entre a China e os países parceiros atingiu 380 mil milhões de dólares, incluindo 240 mil milhões de dólares da China, segundo o livro branco. Durante a conferência de imprensa de terça-feira, o vice-ministro do Comércio, Guo Tingting, referiu também uma série de projectos emblemáticos do BRI, incluindo o caminho de ferro China-Laos, o caminho de ferro de alta velocidade Jacarta-Bundung e o caminho de ferro Mombaça-Nairobi. Estes projectos fazem parte de uma vasta rede de transportes que está a ser construída no âmbito da iniciativa BRI, sendo considerados como um “factor de mudança” para os diferentes continentes. “Pela primeira vez na história, foi apresentado um plano sem precedentes para a formação e o desenvolvimento de uma infraestrutura de transportes interligada em todo o continente euro-asiático. A sua implementação abriu verdadeiramente amplas perspectivas para a criação de uma configuração de transportes fundamentalmente nova em toda a vasta extensão do nosso planeta”, disse Saidmukhtar Saidkasimov, antigo vice-primeiro-ministro uzbeque e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Uzbequistão. “A iniciativa IFR liga o passado, o presente e o futuro. Esta iniciativa foi lançada pela China, mas pertence ao mundo e beneficia toda a humanidade”, conclui o livro branco.
Borrell fora do jardim O O chefe da diplomacia europeia chega a Pequim, num momento quente das relações
chefe da política externa da União Europeia, Joseph Borrell, vai visitar a China ainda esta semana, numa altura em que Bruxelas tenta reduzir dependências comerciais e influenciar a posição chinesa sobre a guerra na Ucrânia. Fontes da delegação da União Europeia em Pequim disseram que a visita vai decorrer entre quinta-feira e sábado e inclui um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e um discurso na Universidade de Pequim. A deslocação foi adiada por duas vezes este ano. Em abril, quando Borrell testou positivo para a covid-19, e em julho, quando Pequim cancelou subitamente a visita, numa altura em que o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, deixou de ser visto em público. A visita surge numa altura de crescentes fricções comerciais entre a União Europeia e a China, apesar de o comércio bilateral ter ascendido a 856,3 mil milhões de euros, em 2022. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, delineou uma estratégia para reduzir riscos no comércio com a China. As empresas ocidentais podem fazer negócios com o país asiático, mas com algumas salvaguardas: vetar a venda de tecnologias críticas com potenciais utilizações militares e reduzir dependências nas cadeias de abastecimento. Bruxelas iniciou também uma investigação sobre subsídios atribuídos pelo Governo chinês aos fabricantes de veículos elétricos. O ministério do Comércio chinês manifestou, na semana passada, firme oposição, acusando a investigação de ter como base “suposições subjectivas, carecer de provas suficientes e ser contrária às regras da Organização Mundial do Comércio”. Outro assunto que deve ser abordado por Borrell é a guerra na Ucrânia. A China afirmou ser neutra no conflito, mas mantém uma relação “sem limites”
com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas” ao fornecer à Ucrânia armas defensivas. Os líderes europeus têm instado repetidamente Pequim a usar a sua influência junto da Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia. Citado pelo Global Times, Li Haidong, professor na Universidade de Relações Externas da China, disse que a visita de Borrell deve abrir caminho à cooperação em vários domínios, incluindo economia, setor energético e intercâmbio entre pessoas. “Apesar de almejar maior autonomia em questões económicas, a UE foi raptada pelos Estados Unidos em questões de segurança”, observou. Pequim “deseja que a Europa se torne mais preponderante e influente no cenário mundial”, acrescentou. A China quer que o “padrão estratégico global seja mais equilibrado, em vez de ter a Europa como refém dos EUA”, disse. “Esse é um objectivo partilhado por Pequim e Bruxelas”. Também citado pela imprensa oficial, Cui Hongjian, professor da Academia de Governação Regional e Global da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, disse que a China espera que Borrell esclareça o conceito de “redução dos riscos” no comércio bilateral. “Considerar a China como um risco não é a forma correcta de tratar um parceiro estratégico”, realçou. A resolução da questão dos subsídios pode servir como teste decisivo, disse Cui. “Se as duas partes conseguirem resolver a questão através de consultas tecnológicas e políticas, não só resolvem as fricções económicas, como também reforçam a confiança política mútua”, apontou. “Mas, se alguns políticos europeus quiserem mudar as tradições da política da UE em relação à China ou simplesmente mostrarem força, os laços entre a China e a UE poderão permanecer instáveis durante algum tempo”.
CHINA E ARÁBIA SAUDITA INICIAM TREINO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS NAVAIS
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China e a Arábia Saudita realizaram na segunda-feira uma cerimónia de abertura para o treino conjunto de operações especiais navais “Blue Sword-2023” em Zhanjiang, Província
de Guangdong, no sul da China. Os estágios de treino elementar e de treino profissional do “Blue Sword-2023” apresentam um total de 24 disciplinas, incluindo corda, condução
de barcos e tiro com várias armas, enquanto o estágio de treino abrangente apresenta treino de resgate marítimo e exercícios de resgate conjunto. Os comandantes das equipas de ambas as forças
armadas expressaram a sua esperança de que o treino melhore a capacidade de combate dos participantes e aprofunde mais a cooperação e os intercâmbios militares dos dois países.
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HINA e Cuba estão entre os 15 países ontem eleitos para o mandato 2024-2026 do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), numa votação em que a Rússia não conseguiu recuperar o seu assento. Albânia, Brasil, Bulgária, Burundi, China, Costa do Marfim, Cuba, República Dominicana, França, Gana, Indonésia, Japão, Kuwait, Malawi e Países Baixos foram os Estados-membros da ONU ontem eleitos para o mandato pela Assembleia Geral (AG) das Nações Unidas. Em Abril do ano passado, a AG da ONU já havia aprovado uma resolução em que suspendia a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia. A resolução, apresentada na ocasião pelos Estados Unidos e apoiada pela Ucrânia e outros aliados, obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções entre os 193 Estados-membros das Nações Unidas. Na eleição de hoje, a Rússia competia com a Albânia e com a Bulgária por dois assentos no Conselho dos Direitos Humanos, com sede em Genebra, representando o grupo regional do leste da Europa. Numa votação secreta, a Bulgária conseguiu 160 votos, Albânia 123 e a Rússia 83, assim falhando por larga margem a eleição. A única outra disputa nas eleições de ontem ocorreu no grupo da América Latina e Caraíbas, em que Cuba, Brasil, República Dominicana e Peru disputavam três lugares, com Lima a sair derrotada. As eleições nos restantes grupos e regiões decorreram sem competição, com a China, Japão, Kuwait e Indonésia a ocuparem os quatro assentos disponíveis no grupo asiático. Burundi, Malawi,
ONU CUBA E CHINA ELEITOS PARA O CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS
A Rússia ficou de fora
Gana e Costa do Marfim foram eleitos para ocupar os quatro assentos africanos; e França e os Países Baixos ocuparão os dois assentos destinados à Europa Ocidental. Os Estados Unidos e outros países enviaram cartas a muitos
dos 193 Estados-membros da AG da ONU a pedir um voto contra a Rússia, segundo diplomatas. O Embaixador da Albânia na ONU, Ferit Hoxha, também apelou àqueles que se preocupam com os direitos humanos e com “a credi-
bilidade do Conselho de Direitos Humanos e do seu trabalho” a que se opusessem a um país que “mata pessoas inocentes, destrói infraestruturas civis, portos e silos de cereais “e depois se orgulha de fazer isso”.
O Conselho de Direitos Humanos, criado em 2006, é o principal fórum das Nações Unidas responsável por promover e monitorizar esta área, sendo composto por 47 Estados-membros, eleitos pela AG das Nações Unidas.
JUSTIÇA JORNALISTA SINO-AUSTRALIANA DETIDA DURANTE TRÊS ANOS REGRESSA À AUSTRÁLIA
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jornalista sino-australiana Cheng Lei, que foi condenada e detida na China por acusações de espionagem durante três anos, regressou recentemente à Austrália, informou ontem o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Cheng Lei, de 48 anos, trabalhava para o departamento internacional da emissora estatal chinesa CCTV. A jornalista já se reuniu com os seus dois filhos em Melbourne, revelou Albanese. O regresso ocorre numa altura em que Albanese se prepara para visitar Pequim, apesar de a data exacta não ter sido ainda anunciada.
O governo de Albanese tem feito pressões com vista à libertação de Cheng e de outro cidadão com dupla nacionalidade chinês – australiano, detido na China desde 2019, Yang Hengjun. As relações bilaterais melhoraram desde que o Partido Trabalhista de centro-esquerda de Albanese foi eleito após nove anos de um governo conservador. Pequim levantou várias barreiras comerciais oficiais e não oficiais impostas às exportações australianas. Albanese sugeriu que Cheng foi recentemente condenada num julgamento à porta fechada no ano passado por acusações de pre-
judicar a segurança nacional da China. “O seu regresso põe fim a anos muito difíceis para Cheng e a sua família. O governo tem estado a tentar conseguir a sua libertação há muito tempo e o seu regresso foi muito bem recebido não só pela sua família e amigos,
mas também por todos os australianos”, acrescentou. Albanese disse que falou com Cheng em Melbourne, onde os seus filhos têm vivido com a mãe. Ambos discutiram uma carta que ela escreveu ao público australiano em agosto para assina-
lar o terceiro ano desde a sua detenção. Na carta, a jornalista nascida na China fala do amor que sente pelo seu país de adopção. Também descreveu as condições em que se encontrava detida na China, afirmando que só lhe era permitido estar ao sol durante 10 horas por ano. “Ela é uma pessoa muito forte e resistente e quando falei com ela, estava encantada por estar de volta a Melbourne”, disse Albanese. O primeiro-ministro australiano não revelou se Yang também poderá ser libertado. “Continuamos a defender os interesses, os direitos e o bem-estar de Yang junto das autoridades
chinesas a todos os níveis”, disse Albanese. Yang, um escritor de 58 anos, disse à sua família em agosto que temia morrer num centro de detenção de Pequim, depois de lhe ter sido diagnosticado um quisto renal, o que levou os seus apoiantes a exigir a sua libertação para receber tratamento médico. Está detido na China desde janeiro de 2019, quando chegou a Cantão vindo de Nova Iorque com a mulher e a enteada adolescente. Yang foi julgado à porta fechada por uma acusação de espionagem em Pequim, em maio de 2021, e continua a aguardar o veredicto.
quinta-feira 12.10.2023
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OM a Arábia Saudita a ponderar vender petróleo à China usando a moeda chinesa, Angola poderá sair prejudicada, alertou ontem o presidente da Fundação para a Paz e Desenvolvimento das Nações Unidas. Num seminário a assinalar o 10.º aniversário da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, em Hong Kong, Daniel Fung Wah-kin disse que, no passado, a China foi “obrigada a comprar petróleo de Angola porque a Arábia Saudita era praticamente um monopólio dos Estados Unidos”. Angola tornou-se, em 2010, o principal fornecedor de petróleo da China e, de acordo com uma base de dados da ONU, o pico das exportações de crude angolano para o mercado chinês foi atingido em 2012: 33,6 mil milhões de dólares. No entanto, na primeira metade de 2023, Angola foi apenas o nono principal fornecedor de petróleo da China, numa lista liderada pela Rússia, Arábia Saudita e Brasil, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa. Daniel Fung disse que o papel da Arábia Saudita como exportador de petróleo para a China poderá sair reforçado, caso decida vender crude para o mercado chinês usando o renmimbi. No ano passado, o ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan, disse que o reino estava a ponderar vender parte do petróleo para a China em renmimbi, apesar da sua
VENDA DE PETRÓLEO SAUDITA EM RENMIMBI “PODERÁ PREJUDICAR ANGOLA” – DIRIGENTE
Labirintos energéticos moeda – o rial – estar ligada ao dólar norte-americano. Em dezembro, o Presidente chinês, Xi Jinping, disse numa cimeira com líderes do Golfo Pérsico, na Arábia Saudita, que a China ia procurar adquirir petróleo e gás natural da região usando o renmimbi. Para Daniel Fung, a aquisição de petróleo da Arábia Saudita daria “um enorme impulso à internacionalização” da moeda chinesa, dando como outros exemplos os Emirados Árabes Unidos e o Brasil. Em março, a China concluiu a primeira compra de combustíveis fósseis aos Emirados Árabes Unidos com renmimbis, tendo adquirido 65 mil toneladas de gás natural liquefeito. Em abril, a sucursal no Brasil do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) PUB.
7.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Pingyao (PYIFF, na sigla em inglês) arrancou ontem na China, com uma programação que inclui as estreias chinesas de duas coproduções portuguesas e um documentário brasileiro. A secção “Crouching Tigers”, baptizada com o nome de um filme de Ang Lee, “Crouching Tiger, Hidden Dragon” (“O Tigre e o Dragão”), de 2000, vai exibir “City of Wind”, da realizadora mongol Lkhagvadulam Purev-Ochir. O filme, que conta com coprodução minoritária
processou a primeira transação transfronteiriça em moeda chinesa, dois meses depois dos bancos centrais dos dois países terem assinado um acordo de compensação do renmimbi. As exportações brasileiras de petróleo para a China cresceram 49% na primeira metade de 2023, em comparação com a média do ano passado, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa. Em abril, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou, em Xangai, o domínio do dólar como moeda de reserva mundial e apelou para o uso de outras divisas na relação comercial entre Brasil e China. A China realizou em março, pela primeira vez, mais transações transfronteiriças com a sua moeda do que com o dólar.
HM • 2ª vez • 12-10-23
ANÚNCIO Execução de sentença sob n.º a forma sumária (Apenso)
CINEMA COPRODUÇÕES PORTUGUESAS E DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO ESTREIAM NA CHINA
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portuguesa, com direção de fotografia de Vasco Viana e música de Vasco Mendonça, fez também parte da programação da 48.ª edição do Festival Internacional
“Retratos Fantasmas”
de Cinema de Toronto, em agosto. Na secção “Premiere” (“Estreia”, na tradução do inglês) consta “Eureka”, do realizador argentino Lisandro Alonso, coproduzido pela Rosa Filmes e rodado parcialmente em Portugal, com a participação da actriz portuguesa Luísa Cruz. Esta secção inclui ainda “Retratos Fantasmas”, um documentário do realizador brasileiro Kleber Mendonça Filho, que encerrou em julho o festival Curtas de Vila do Conde. A edição deste ano do PYIFF vai decorrer até 18 de outubro e a programação
é composta por 53 filmes de 34 países e territórios, com destaque para uma retrospectiva com 11 obras do ator e realizador norte-americano Charlie Chaplin (1889-1977). O festival foi criado em 2017 pelo realizador chinês Jia Zhangke e pelo programador italiano Marco Muller e decorre no Palácio do Cinema da antiga cidade de Pingyao, em Jinzhong, na província de Shanxi, no nordeste da China. A segunda edição do PYIFF, em 2018, incluiu a estreia mundial do filme “Hotel Império”, do realizador português Ivo M. Ferreira, rodado em Macau e cuja personagem principal é interpretada pela actriz Margarida Vila-Nova.
CV2-20-0014-CPE-A
2º Juízo Cível
Exequente: SOCIEDADE DE CONSTRUÇÃO E FOMENTO PREDIAL GOLDEN CROWN SARL (金山發展有限公司), registada na Conservatória dos Registos Comercial de Bens Móveis de Macau sob o n.º 1135(SO), residente na Avenida dos Jardins do Oceano, nº 388, Edifício Jardins do Oceano, 7º andar A, Taipa, em Macau. Executado: CHAN WAI SAN (陳偉新), sexo de masculino, com última sede conhecida em Macau, na Rua da Alfândega, 5.º andar F do Edifício Man Hong Mansion, ora ausente em parte incerta. *** Correm éditos de trinta (30) dias, contados na segunda e última publicação do anúncio, notificando o Executado CHAN WAI SAN, da realização da penhora ordenada pelo Mm.º Juiz deste Tribunal dos seguintes bens: Verba n.º 1 Saldo da conta do Banco da China, na quantia de HKD1.104,71 e CNY113,82. Verba n.º 2 Saldo da conta do Banco Comercial de Macau, na quantia de HKD3.137,82. Verba n.º 3 Saldo da conta do Banco Nacional Ultramarino, na quantia de HKD472,50. Verba n.º 4 Saldo da conta do Banco de Guangfa, na quantia de HKD803,68, USD9,08 e EUR10,04. Verba n.º 5 Saldo da conta do Banco Tai Fung, na quantia de HKD399,32. Verba n.º 6 Saldo da conta do OCBC Wing Hang, na quantia de HKD3.960,06 e USD12,49. Verba n.º 7 O montante de MOP10.000,00 que o executado têm direito a receber no “Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico do Ano 2022”. As penhoras acima referidas foram realizadas em 22/10/2021, 28/10/2021, 1/11/2021, 16/11/2021, 19/11/2021 e 19/9/2022. É notificada o Executado para, querendo, no prazo de dez (10) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar à Exequente a quantia exequenda no montante de MOP223.110,18 e acréscimos legais, ou deduzir embargos de executado ou oposição à penhora, e ainda requerer a substituição dos bens penhorados por outro de valor suficiente, tudo conforme no art.º 820º do C.P.C.M., sob pena de, não o fazendo no referido prazo, seguir o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Os duplicados da petição inicial encontram-se aguardados nesta secretaria do 2º Juízo Cível, poderão ser levantados nas horas normais de expedientes. Macau, em 15 de Setembro de 2023.
5 4 8 6 2 3 1 9 7 3 5 7 1 6 4 9 8 2 8 3 2 7 6 1 4 5 9 2 5 9 3 8 1 6 4 7 40 6 7 1 9 5 4 8 3 2 1 6 8 3 9 2 4 5 7 1 4 9 8 3 5 2 6 7 1 6 8 2 4 7 9 3 5 3 7 2 3 2 9utilidades 7 8 1 6 4 5 2 4 9 8 7 5 3 1 6 6 5 7 9 2 4 3 8 1 4 7 3 6 5 9-feira 8 1 2 www.hojemacau.com.mo 14 [ f ] 12.10.2023 quinta 1 5 3 1 9 7 2 6 8 6 4 8 1 4 6 2 7 5 9 3 3 9 4 5 8 6 7 1 2 7 2 6 1 3 8 5 9 4 2 6 8 1 6 5 4 2 9 7 3 9 2 6 5 3 8 7 4 1 5 6 1 2 7 3 9 4 8 9 4 5 7 6 2 1 8 3 8 7 9 2 8 3 6 4 5 1 7 3 5 4 1 9 2 6 8 7 2 8 1 4 9 5 3 6 8 3 1 5 9 4 7 2 6 7 5 2 8 7 3 1 9 5 6 4 5 8 1 2 4 3 6 7 9 9 8 3 6 5 7 1 2 4 6 9 4 8 2 5 3 7 1 TEMPO6 MUITO NUBLADO MIN 23 MAX 29 HUM 60-90% UV 9 (MUITO ALTO) • EURO 8.53 BAHT 0.22 YUAN 1.10 9 1 3 1 6 5 4 7 8 3 2 9 6 9 2 7 5 1 8 3 4 4 1 6 3 9 2 8 7 5 5 1 2 9 7 3 4 6 8 9 4 5 1 9 3 4 2 6 5 7 1 8 4 7 3 9 8 6 1 2 5 2 7 5 4 1 8 6 9 3 3 8 7 4 1 6 2 5 9 5
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PROBLEMA 42
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SHAUN OF THE DEAD | EDGAR WRIGHT
MY HEAVENLY CITY [B]
FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Sen-I Yu Com: Vivian Sung, Keung To, Jack Yao 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Hiroaki Matsuyama Com: Masaki Suda, Kouhei Matsushita, Keita Machida, Nanoka Hara 14.15, 16.45, 21.30 Um filme de: Gareth Edwards Com: John David Washington,
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 41
situação de co-dependência com o seu melhor amigo. Este foi o primeiro filme de trilogia protagonizada pela dupla britânica 47 Pegg e Frost, intitulada “Three Flavours 2 3 Cornetto”. 4 João Luz 7 8 1 6 9
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 21/P/23 Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 20 de Setembro de 2023, se encontra aberto o Concurso Público para a «Prestação de Serviços de Aluguer de Equipamentos para Oxigenoterapia Domiciliária aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 11 de Outubro de 2023, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP65,00 (sessenta e cinco patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 10 de Novembro de 2023. O acto público deste concurso terá lugar no dia 13 de Novembro de 2023, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP128.000,00 (cento e vinte e oito mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.
Gemma Chan, Allison Janney, Ken Watanabe
19.05
SALA 3
FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Wu Er Shan Com: Kris Phillips, Li XueJian, Bo Huang, Yosh Yu, Luke Chen, Naran 14.15, 18.50 Um filme de: Craig Gillespie Com: Paul Dano, Sebastian Stan, Shailene Woodley 16.50, 21.30
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PUB.
O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long
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Serviços de Saúde, aos 5 de Outubro de 2023
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4 6 8 7 3 1 9 2 5 6 9 1 5 2 8 4 7 3 1 4 7 2 8 5 6 3 9 “Shaun of the 7 Dead” 1 2é um 9 dos 8 melhores 5 3 4 6 8 7 2CREATION 3 OF9THE4 GODS I6 [C] 1 5 resultados da parceria entre Simon Pegg 5 3 2 4 6 9 7 8 1 e Nick Frost. 3 O9filme 5 que 6 retrata 4 2o apo1 7 8DON’T CALL IT MYSTERY 4 [B]3 5 1 6 7 8 2 9 zombie à moda 4 1 9 6 3 8 2 7 5 calipse 9 5 6 inglesa, 4 1 piscando 8 2 3 7 3 6 4 8 5 2 1 9 7 o olho ao clássico do mestre George Ro3 7 5 9 1 2 8 6 4 mero, é um8filme2onde 4 o3fim7do mundo 6 5 é1 9 9 5 8DUMB7MONEY1[C] 6 2 3 4 8 2 6 5 4 7 9 1 3 relativizado 1por3humor 7 britânico. 5 2 9Shaun, 6 8 4THE CREATOR [B] 2 1 7 9 4 3 5 6 8 interpretado por Simon Pegg, aproveita 9 6 4 8 5 3 1 2 7 o apocalipse2para 8 endireitar 9 1 6a sua 4 vida. 7 5 3 1 4 9 2 3 5 7 8 6 Faz as pazes com o padrasto enquanto 2 5 1 7 9 6 3 4 8 ele vira zombie, 5 4coloca 3 2a relação 9 7com 8 a6 1 5 8 3 6 7 1 9 4 2 7 8 3 1 2 4 5 9 6 namorada no 6 bom 7 caminho, 1 8 5e resolve 3 4 a9 2 7 2 6 4 8 9 3 5 1
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CINETEATRO
Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 22/P/23 para o «Fornecimento de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos para a Convenção das Farmácias», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 38, II Série, de 20 de Setembro de 2023, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 6 de Outubro de 2023 O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 26/P/23 Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 16 de Agosto de 2023, se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento de Vacinas aos Serviços de Saúde », cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 11 de Outubro de 2023, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP 76,00 (setenta e seis patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às às 17,45 horas do dia 7 de Novembro de 2023 O acto público deste concurso terá lugar no dia 8 de Novembro de 2023, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 6 de Outubro de 2023. O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long
quinta-feira 12.10.2023
vozes 15
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in DN
Bernardo Mendia
O QUE FAZER COM 500 ANOS DE HISTÓRIA?
ESTARÁ PORTUGAL a colocar em causa uma amizade secular que nos trouxe até à realidade que hoje conhecemos e que, até aqui, aplaudimos e difundimos orgulhosamente? As terras lusas foram, desde cedo, um terreno fértil para o estabelecimento de conversas e acordos com a China. Vejamos que as relações entre Portugal e o país asiático remontam ao início do século XVI, mais especificamente a 1513, quando navegadores portugueses aportaram em Tamão. E, desde então, muitos movimentos têm sido registados em direção à cooperação e desenvolvimento. Mas olhemos para um período mais recente, para que não restem dúvidas. Há menos de duas décadas, em 2005, Portugal e a China estabeleceram uma Parceria Estratégica Global, uma aliança de confiança política mútua e cooperação em setores estratégicos como Economia e Comércio, Energia, Cultura, Educação, ou Ciência e Tecnologia. E este acordo foi-se reafirmando, até 2019, ano em que se assinalou o 40.º aniversário das relações diplomáticas Portugal-China. Em termos práticos, resultam desta associação a implementação, em Portugal, do STARLAB - um laboratório de pesquisa de tecnologia avançada nos domínios do mar e do espaço; ou o Instituto Confúcio na Universidade do Porto e o Centro de Estudos Chineses na Universidade de
Coimbra. Já o tínhamos notado também no domínio empresarial, quando foram assinados acordos entre empresas nacionais e entidades como a Union Pay ou a Huawei. Esta última com vista ao desenvolvimento da tecnologia 5G no nosso País e com o objetivo declarado de permitir um aumento qualitativo do acesso à rede de banda larga móvel e comunicações com maior fiabilidade, decisão entretanto e aparentemente bloqueada. Mas porque se alterou? Estará Portugal a ser utilizado numa luta de poderes a que é alheio? Caso seja o país colo-
Parece-me fundamental que se mantenha o respeito por mais de cinco séculos de história e se conserve a diplomacia que tanto caracterizou as relações sino-portuguesas
cado numa posição de “préstimo”, esperamos que seja para o diálogo, para a cooperação e para trazer o desenvolvimento tecnológico para a discussão, como até aqui tinha acontecido. Além disso, parece-me fundamental que se mantenha o respeito por mais de cinco séculos de história e se conserve a diplomacia que tanto caracterizou as relações sino-portuguesas. Os movimentos disruptivos, quando afetam algo tão basilar como a relação estabelecida entre Ocidente e Oriente, materializadas aqui na China e em Portugal, precisam de ser preparadas e até justificadas. Caso contrário, as consequências haverão de surgir. E devemos prestar especial atenção à forma como a credibilidade de Portugal pode ser afetada quando movimentos de exclusão tomam conta da agenda sem aviso prévio; e como tantos esforços podem resultar em desconfiança ao nível do investimento estrangeiro, nomeadamente chinês. A China é extremamente ágil a ajustar-se e adaptar-se a novas condições e cria facilmente estímulos para a geração de emprego, para o incentivo ao consumo interno e até para a diversificação de mercados e de gestão de risco. Portanto, e no final de contas, quem terá de trabalhar com condicionantes diferentes daquelas a que está habituado, é Portugal. E, com certeza, cada um de nós o sentirá na pele. Ou, pelo menos, na carteira.
Secretário-Geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC)
“A paixão pela destruição é uma paixão criativa.” PALAVRA DO DIA
Mikhail Bakunin
ECONOMIA FITCH ESTIMA QUE MACAU RECUPERE 65% ESTE ANO
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12.10.2023
Máscaras Sábado há nova ronda de venda subsidiada
Os Serviços de Saúde informaram ontem que será lançada no sábado mais uma ronda do programa de venda de máscaras subsidiada pelo Governo, que termina a 12 de Novembro. Esta é a 59ª vez que o Governo lança um programa de venda de máscaras, desde que começou a pandemia da covid-19. Como manda a tradição, os destinatários são os residentes de Macau, portadores de blue-card estudantes não-residentes que tenham cartão de estudante de uma instituição de ensino superior de Macau. Cada pessoa pode comprar 30 máscaras, com um custo de 24 patacas, que vão estar à venda em 55 farmácias convencionadas dos Serviços de Saúde, cinco postos de serviços da Associação Geral das Mulheres de Macau e três postos de serviços da Federação das Associações dos Operários de Macau.
A
Fitch Ratings prevê que a economia de Macau “recupere fortemente”, até 65 por cento este ano, ultrapassando em 19 pontos percentuais a estimativa de recuperação para 2023 que a agência fez em Dezembro de 2022 para a RAEM, antes do relaxamento das restrições de viagens relacionadas com a pandemia de covid-19. A instituição indica que os resultados deste ano serão suportados pela recuperação “sustentada” do turismo e jogo durante o último trimestre do ano. O crescimento de 65 por cento previsto para este ano contrasta com a contração económica de 26,8 por cento registada em 2022, segundo o portal GGR Asia. A Fitch indica que a retoma de Macau ocorrerá “apesar de uma recuperação económica mais fraca na China continental, uma vez que o território continua a ser o único destino legal de turismo de jogo na Grande China”. De acordo com dados oficiais, as receitas brutas do jogo dos casinos de Macau atingiram 128,95 mil milhões de patacas nos primeiros nove meses deste ano, ou seja, 58,5 por cento do nível anterior à pandemia. Apesar de o território estar “prestes a registar um défice orçamental pelo quarto ano consecutivo, Macau continua a ser a única entidade na carteira global da Fitch sem qualquer dívida pública pendente, o que coloca o território bem abaixo da mediana ‘AA’ de 44,7 por cento do PIB [produto interno bruto] e da mediana ‘A’ de 54,0 por cento projectada para 2023”, afirmou a instituição. As notações de Macau foram sustentadas pelo facto de o território ter “finanças públicas e externas excepcionalmente fortes, e uma gestão fiscal prudente mesmo durante períodos de choques negativos nas receitas”.
quinta-feira
Afeganistão Número de mortos de sismo reduzido para “mais de 1.000”
Amigas do alheio Agente das Forças de Segurança detida por roubo a casa de conhecido
U
MA agente das Forças de Segurança Pública de Macau e uma outra funcionária pública foram detidas e estão indiciadas da prática do crime de furto qualificado, depois de terem entrado em casa de “um amigo” várias vezes, para roubar bens avaliados em, pelo menos, 600 mil patacas. O caso foi revelado ontem pela Polícia Judiciária, e as suspeitas conseguiram entrar em casa com ajuda da filha da vítima, de cinco anos, que abriu a porta às mulheres, por serem suas conhecidas. As duas detidas têm 32 e 34 anos, são funcionárias públicas, e depois de terem sido detidas admitiram a prática dos factos, confirmando ter estado na habitação do alegado amigo múltiplas vezes. A investigação começou no dia 8 de Outubro, quando a vítima decidiu apresentar queixa depois de se aperceber que os
seus bens, que indicou estarem avaliados em 600 mil patacas, tinham sido roubados. A Polícia Judiciária interveio, e com acesso às imagens de CCTV que a vítima tinha instalada em casa conseguiu identificar as duas suspeitas.
Carreira em Coloane
Após o caso ter sido tornado público, as Forças de Segurança Pública de Macau confirmaram que uma das detidas pertencia aos seus quadros e que estava integrada, desde 2009, no departamento de migração. A agente está a ser alvo de um processo disciplinar, e as autoridades apontaram que foram tomadas medidas temporárias, sem especificar quais. As autoridades também afirmaram estarem “muito preocupadas” com os factos relatados e indicaram cooperar activamente com a Polícia Judiciária na investigação. Por outro lado, foi frisado que
As suspeitas entraram em casa com ajuda da filha da vítima, de cinco anos, que abriu a porta às mulheres, por serem suas conhecidas. As duas detidas têm 32 e 34 anos e são funcionárias públicas as exigências de disciplina e conduta dos agentes “são rigorosas” e que qualquer violação às leis vai ser “tratada de forma séria, de acordo com a lei” com o apuramento de eventuais “responsabilidades”.
O Governo afegão baixou praticamente para metade, “mais de 1.000”, o número de mortos do terramoto que atingiu sábado o oeste do Afeganistão, enquanto novos sismos fortes abalavam ontem a mesma região, causando pânico entre a população. Um novo sismo, de magnitude 6,3, atingiu ontem de madrugada a província de Hérat, onde milhares de pessoas dormiam ao relento pela quarta noite consecutiva, depois de as suas casas terem sido reduzidas a pó pelo sismo de sábado - de magnitude equivalente - e respectivas réplicas. “É horrível, toda a cidade de Hérat está aterrorizada. Estamos tão assustados que, mesmo quando vemos uma árvore a mover-se [por causa do vento], pensamos que é outro terramoto”, disse Abdul Qudos, de 32 anos, à agência noticiosa France-Presse (AFP). As autoridades locais e nacionais deram números por vezes contraditórios sobre o número de mortos no primeiro terramoto, antes de o fixarem terça-feira em 2.053.
PSD Montenegro considera orçamento “pipi e betinho”
O presidente do PSD considera que o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) é “pipi, bem apresentadinho e muito betinho que parece que faz, mas não faz” porque tem “impostos máximos e serviços mínimos”. “É assim uma espécie, mais uma vez, de um orçamento pipi, de um orçamento que aparece bem vestidinho, muito apresentadinho, mas que é só aparência, é assim muito betinho, parece que faz, mas não faz, apresenta objectivos, apresenta ideias, mas depois não concretiza nada”, afirmou ontem Luís Montenegro, na intervenção de abertura do Conselho Nacional do PSD, que decorre na Maia, no distrito do Porto. Num discurso de cerca de meia hora, o social-democrata acrescentou que o OE2024 é “um fato que o doutor António Costa com aquele sorriso de sempre apresenta todos os anos”. E acrescentou: “Primeiro com o doutor Centeno, agora com o doutor Medina, mas sempre com a mesma carga, sempre com a mesma incapacidade de suprir aquela que é a realidade que é cobrar, cobrar e cobrar impostos e desinvestir, desinvestir, desinvestir”.