Hoje Macau 12 MAI 2020 # 4523

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ENTREVISTA

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RÓMULOS SANTOS

EM DEFESA DAS PME

RÓMULOS SANTOS

GLOBAL IMAGES

Y PING CHOW

MOP$10

TERÇA-FEIRA 12 DE MAIO DE 2020 • ANO XIX • Nº4523

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

CASINOS

RECEITAS MAIS LEVES PÁGINA 7

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

A REVOLTA DE SULU SOU PÁGINA 5

hojemacau

Aos seus lugares O regresso às aulas presenciais dos alunos do primeiro ao sexto ano vai finalmente ter lugar entre 25 de Maio e 1 de Junho. A retoma vai acontecer em duas fases, com os alunos do quarto ao sexto ano a voltarem às escolas a 25 de Maio e os da primeira à terceira classe a 1 de Junho. Os centros de explicações e as instituições de ensino contínuo vão também voltar ao activo.

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PÁGINA 4

AO LONGE A VIDA PAULO JOSÉ MIRANDA

FISIOGNOMONIA XUNZI

ESTÁTUA DE SAL AMÉLIA VIEIRA


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Y PING CHOW

ENTREVISTA

“As pessoas queriam PROMOTOR DA CÂMARA DE COMÉRCIO PORTUGAL-CHINA PME

melhores relações com a Câmara de Comércio Luso-Chinesa e com outras porque podemos, realmente, ser o interlocutor entre a China e outros países.

GLOBAL IMAGES

Criada oficialmente na última semana, a nova Câmara de Comércio Portugal-China PME destinase a dar apoio a empresas de pequena e média dimensão esquecidas pela existente câmara de comércio luso-chinesa. Y Ping Chow, presidente do conselho executivo e dirigente da Liga dos Chineses em Portugal, acredita que a criação de uma plataforma online de venda pode fazer baixar os preços de máscaras e outros materiais de protecção

As PME dizem não ter apoio suficiente. Quais os principais problemas que enfrentam? O que me foi dito é que as PME sempre tiveram pouco apoio por parte da Câmara de Comércio Luso-Chinesa, porque esta não tem praticamente relação com a China do ponto de vista empresarial e em termos de diversidade sectorial, como nós temos.

“No que diz respeito ao turismo, existe também maior facilidade em trabalhar com os interessados do Interior da China que queiram investir nos vistos gold em Portugal.”

Quais são, para já, os principais objectivos desta câmara de comércio? Embora Portugal tenha um desenvolvimento positivo na relação comercial com a China, acho que as pequenas e médias empresas (PME) necessitam ainda de muito apoio e foi nesse sentido que decidi criar esta câmara de comércio,

depois de receber sugestões e de analisar se tinha espaço para isto. De certeza que vamos conseguir fazer algum trabalho. Já existe a Câmara de Comércio Luso-chinesa. Quais as principais diferenças entre ambas? A principal diferença entre estas duas câmaras de comércio prende-

-se com o facto de os representantes das PME sentirem pouco apoio por parte da Câmara de Comércio Luso-Chinesa. Não só percebi que as pessoas queriam que eu fizesse alguma coisa, como também entendo que as relações entre os países não deviam ser responsabilidade de uma determinada câmara de comércio. Vamos tentar criar

As dificuldades sentidas pelas PME foram agravadas com a crise causada pelo surto de covid-19. A nova câmara de comércio vai trabalhar de forma mais específica sobre estas dificuldades? Tenho a certeza de que as PME, sobretudo as portuguesas, vão ter muitas dificuldades ao nível da importação e exportação. Vamos trabalhar mais nesse sentido e tentar criar um centro de negócios com os maiores portais de venda online na China. Já temos empresas disponíveis para participar e apoiar.

DIPLOMACIA À ESPERA QUE HO IAT SENG FALE DE ECONOMIA NA VISITA A PORTUGAL

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Câmara de Comércio Portugal-China PME tem laços com o sector empresarial de Macau e Y Ping Chow não tem dúvidas de que o projecto será bem-recebido por parte das autoridades locais. “Não dei conhecimento deste projecto ao Governo de Macau, mas tenho a

certeza de que será bem acolhido”, refere o também empresário. É conhecido o apoio, não só de Y Ping Chow, mas de grande parte da comunidade chinesa em Portugal a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, desde o primeiro dia em que o ex-presidente da Assembleia Legislativa

anunciou a candidatura ao cargo. O que os une é a sua origem, Zhejiang. “A comunidade chinesa fica satisfeita com a eleição de Ho Iat Seng e gostaria que Portugal se relacionasse mais com Macau. Tenho a certeza de que Ho Iat Seng está disposto a melhorar o relacionamento com Por-

tugal e com a comunidade chinesa aqui residente”, frisou o presidente da Liga dos Chineses em Portugal. Em Março, foi confirmada a visita de Ho Iat Seng a Portugal assim que passar o surto da covid-19. Trata-se da primeira viagem que Ho Iat Seng faz na qualidade de Chefe do

Executivo e Y Ping Chow apresenta algumas expectativas sobre a agenda do governante em terras lusas. “Gostaria de o ouvir falar sobre o desenvolvimento económico. Portugal poderá relacionar-se mais com Macau e ser uma porta de entrada para os países lusófonos e Europa”, rematou.


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que eu fizesse algo” Pretendem ajudar a agilizar a importação e exportação de máscaras e outros material de protecção ou equipamentos? Neste momento, tanto Portugal como a Europa necessitam muito destes produtos e há muitos empresários chineses que estão a apostar neste sector. Tenho a certeza de que com a entrada dos empresários chineses [na plataforma de comércio online criada pela câmara de comércio] estes produtos vão ter preços mais baixos. Do lado da China, há dificuldades na aproximação de PME chinesas a Portugal? As PME procuram menos as empresas portuguesas porque, para os empresários, Portugal é um país muito pequeno. Mas também há falta de apoio para uma política PUB

“Vamos fazer protocolos com algumas associações empresariais de Macau e estamos ligadas à Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos.” de internacionalização das PME e gostaríamos de ser um parceiro das PME para ajudar neste aspecto, para que haja maior aproximação a Portugal e aos países de língua portuguesa. Macau pode ter um papel importante nesta nova câmara de comércio?

Pode. Já temos uma delegação e uma empresa [a trabalhar connosco], que está interessada em ser nossa delegada em Macau. Vamos fazer protocolos com algumas associações empresariais de Macau e estamos ligados à Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos [liderada por Eduardo Ambrósio]. Para já, propõem-se criar fundos de investimento para os sectores agroalimentar e do turismo. São os que encara como mais importantes ou prioritários em termos de apoio? Não concordo que estes sectores sejam mais importantes do que outros, mas segundo a minha análise são aqueles com que é mais fácil trabalhar, através da plataforma de vendas online que estamos a criar [que tem

“As PME procuram menos as empresas portuguesas porque, para os empresários, Portugal é um país muito pequeno.” o nome provisório de Casa de Portugal]. É muito mais fácil colocar este tipo de produtos [no mercado]. No que diz respeito ao turismo, existe também maior facilidade em trabalhar com os interessados do Interior da China que queiram investir nos vistos gold em Portugal. Temos mais fé no desenvolvimento destes dois sectores. O sector dos vistos gold também foi afectado pela covid-19...

A covid-19 afecta tudo, mas temos de trabalhar a dobrar. Para este projecto escolheu trabalhar ao lado de nomes como Jorge Costa Oliveira [ex-secretário de Estado da Internacionalização], o deputado José Cesário, entre outros. Como foi o processo de escolha de parceiros para esta iniciativa? São pessoas conhecidas e que têm relações comigo. São pessoas que gostam da China e que compreendem como se deve desenvolver uma estrutura e trabalhar para o bem dos dois países. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 coronavírus

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

COM MAIS CASOS (total cumulativo)

E.U.A.

1368036

Espanha

268143

Rússia

221344

Reino Unido

219183

Itália

219070

França

176970

Alemanha

171999

Brasil

163510

Turquia

138657

Irão

109286

China

82918

Canadá

68848

Índia

67724

Perú

67307

Bélgica

53449

Holanda

42788

Arábia Saudita

41014

México

35022

Paquistão

30941

Suiça

30344

Equador

29559

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

27679

Brasil

163510

Moçambique

91

Angola

45

Guiné-Bissau

726

Timor-Leste

24

Cabo Verde

246

São Tomé e Principe

208

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

82918

China | Macau

45

China | Hong Kong

1048

China | Taiwan

440

Coreia do Sul

10909

Japão

15777

Vietname

288

Laos

19

Cambodja

122

Tailândia

3015

Filipinas

11086

Myanmar

180

Malásia

6726

Indonésia

14265

Singapura

23822

Borneo

141

12.5.2020 terça-feira

ENSINO ALUNOS DO PRIMEIRO AO SEXTO ANOS REGRESSAM ATÉ 1 DE JUNHO

A professora dá licença?

Os Serviços de Educação apontam que o reinício das aulas vai ser feito de forma flexível e tendo em conta o desenvolvimento da pandemia. Também os centros de explicações e instituições de educação contínuo vão poder reabrir as portas

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Governo anunciou o regresso à escola dos alunos do ensino primário, que vai acontecer entre 25 de Maio e 1 de Junho. A divulgação das datas aconteceu ontem na conferência diária do Governo sobre a pandemia da covid-19. “Achamos que é o tempo oportuno para abrir as aulas do ensino primário em duas fases”, começou por dizer Wong Ka Ki, chefe do Departamento de Ensino da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. “Os alunos que frequentam do quarto ao sexto ano retomam as aulas presenciais a 25 de Maio. Para os estudantes da primeira classe à terceira, a data de regresso é a 1 de Junho”, acrescentou. Com o regresso às aulas, a DSEJ apelou a todos os alunos que regressem a Macau e que permaneçam no território por 14 dias seguidos, antes de voltarem às escolas. No entanto, Wong Ka Ki admitiu que vai haver flexibilidade, inclusive com a justificação de falta. “Vamos adoptar medidas flexíveis para os encarregados de educação. Eles vão poder, de acordo com o desenvolvimento da epidemia, apresentar pedidos para justificar as faltas dos alunos”, frisou. Além das escolas, também os centros de explicações e as instituições de ensino contínuo vão poder retomar a actividade. No que diz respeito ao ensino especial e ao infantil, face às dificuldades dos mais novos manterem as máscaras, a DSEJ apontou que poderá adoptar-se um modelo mais flexível. “Aconselhamos que dentro das orientações emitidas haja uma forma mais flexível. Também não excluímos a hipótese, em relação a estes tipos de ensino, que até ao final do ano lectivo não haja mais aulas”, apontou o chefe do Departamento de Ensino.

EM NEGOCIAÇÕES

Além do regresso à escola, foi ontem tornado público que as autoridades de Hong Kong, Cantão e Macau estão a negociar um acordo para que as pessoas das três regiões se possam deslocar livremente. A informação foi avançada por Carrie Lam, Chefe do Executivo

de Hong Kong, em entrevista à publicação Ta Kung Pao. Segundo Lam, apesar das conversações existem ainda algumas questões que impedem a medida de ser já adoptada. Alvis Lo, médico adjunto da Direcção do Hospital Conde São Januário, foi questionado sobre o mesmo assunto, mas escudou-se a adiantar mais pormenores. “O Governo está em contacto não só com a RAEHK, mas também com Cantão e outras cidades da China. A informação foi divulgada por Hong Kong e nós também temos conhecimento. Mas, como ainda não temos um plano definitivo não podemos avançar mais nada”, respondeu Alvis Lo. “Temos de aguardar com paciência”, frisou.

TESTES A 180 PATACAS

NOVA VENDA DE MÁSCARAS

ESTUDANTE TEVE ALTA

12.ª fase de venda de máscaras compradas pelo Executivo começa esta manhã. Os cidadãos vão poder adquirir 10 máscaras por oito patacas. Já para as crianças com idades entre os 3 e os 8 anos há a possibilidade de adquirirem 5 máscaras para crianças e 5 para adultos. Os Serviços de Saúde garantem que o abastecimento está garantido e apelaram à população que evite uma corrida às farmácias e aos outros postos de venda.

ntem foi registada mais uma alta, do paciente identificado como o 27.º caso confirmado na RAEM. Trata-se de um aluno do sexo masculino, com 22 anos, que viajou a 20 de Março entre Londres e Hong Kong. Na RAEHK apanhou o corredor especial para Macau onde cumpriu imediatamente quarentena. Nessa altura foi diagnosticado. A alta aconteceu depois de um internamento de 48 dias, o que faz com que entre os 45 casos diagnosticados, restem apenas 3 internados.

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Em relação aos testes de ácido nucleico realizados pelos Serviços de Saúde no Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, foi revelado que o preço é de 180 patacas por cada teste, que resulta de um acordo com a empresa Companhia de Higiene Exame Kuok Kim (Macau). Estes testes são para os residentes que fazem diariamente o percurso de ida e volta para Zhuhai ou para alunos e docentes que se desloquem entre Macau, Zhuhai e Zhangshan. Os Serviços de Saúde esclareceram ainda que residentes de Macau com nacionalidade chinesa e direito de residência em Zhuhai podem atravessar a fronteira sem fazerem quarentena, desde que apresentem os resultados negativos do teste nucleico. Estão também isentos de quarentena os trabalhadores não-residentes com nacionalidade chinesa que queiram entrar em Macau, desde que apresentem testes ao ácido nucleico com resultados negativos. Ainda em relação aos testes, são feitos de acordo com as horas marcadas e o Executivo apelou às pessoas que só compareçam no local à hora agendada. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


política 5

SEGURANÇA SOCIAL GRUPO DE NOVOS IMIGRANTES QUER PAGAMENTO ÚNICO

RÓMULO SANTOS

terça-feira 12.5.2020

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M grupo de cidadãos entregou ontem uma petição na sede do Governo em representação dos imigrantes recém-chegados a Macau, a pedir mudanças no regime de segurança social que abram excepções para o pagamento de contribuições retroactivas. Os peticionários sugerem o pagamento das contribuições de uma só vez para garantir o acesso à pensão quando chegarem à idade de reforma. Importa referir que são necessários 30 anos de contribuições ao fundo de segurança social e muitos destes trabalhadores chegam a Macau já com idade avançada. O grupo quer que chegados aos 65 anos, os trabalhadores tenham a oportunidade de fazer um pagamento único, de forma a evitar, por exemplo, que sejam forçados a trabalhar e a descontar até aos 80 anos. Uma das peticionárias de apelido Lao, croupier de 63 anos, revelou ao HM que nos casos em que as contribuições para a segurança social são feitas por um período inferior a 30 anos, a pensão mensal pode vir a ser apenas de “algumas centenas de patacas”. “Não sei como se pode viver com tão pouco se não tiver emprego. Se chegar aos 65 anos sem emprego, mesmo que queira trabalhar, vai ser difícil ser recrutada ou talvez o meu corpo nem me permita trabalhar”. “Só a renda já corresponde a um terço do meu salário e não cumpro os requisitos para me candidatar à habitação social”, acrescentou a croupier. N.W.

Vigília Au Kam San vai ao Senado

Se o Instituto para os Assuntos Municipais não aprovar a vigília que anualmente assinala o massacre de Tiananmen, a organização da iniciativa vai pedir à polícia o direito a reunião e, se esta não concordar, os organizadores “insistirão em sentar-se, pois não há regulamentação para que um cidadão não possa sentar-se numa área pública”, sublinhou Au Kam San. O deputado pró-democracia, em declarações enviadas à Lusa, afirmou que o Governo Central nunca concordou com a realização deste evento, que se realiza todos os anos em Macau. As declarações surgem na sequência da proibição das habituais exposições fotográficas que marcam a data, que fazem com que o deputado tema que a própria vigília seja proibida pelo IAM também com o pretexto das medidas de prevenção face à covid-19.

BO Gabinete de Informação Financeira até 2022

O Governo decidiu prolongar a existência do Gabinete de Informação Financeira (GIF) por mais dois anos. A informação consta no despacho ontem publicado em Boletim Oficial (BO), assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e entra em vigor a partir do dia 8 de Agosto. Criado em 2006, o GIF opera na área do combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

Sulu Sou, deputado “Considero que tais protestos e explicações devem ser apresentados de imediato. O presidente deve corrigir e clarificar esta situação o quanto antes.”

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA SULU SOU APRESENTA RECLAMAÇÃO CONTRA KOU HOI IN

Contra-ataque oficial

Deputado acusa Kou Hoi In de violar o regimento da Assembleia Legislativa ao impedir um protesto oral contra Wong Sio Chak, durante o debate das LAG para a área da segurança. Na altura, Sulu Sou acabou por abandonar o plenário em sinal de desagrado

S

UL U Sou apresentou uma reclamação formal dirigida ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, por ter sido impedido de protestar contra o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, que ocorreu no passado dia 29 de Abril. Na reclamação apresentada na passada sexta-feira e divulgada no domingo pelo deputado pró-democracia na sua página de Facebook, são invocados os artigos 63º e 64º do Regimento da AL para acusar Kou Hoi In de ter violado o direito de protesto oral para os casos em que está em causa a defesa da honra. “[Artigo 63º] O Deputado que pedir a palavra para reclamações, recursos ou protestos, limita-se a indicar sucintamente o seu objecto e fundamento. [Artigo 64º] A

palavra para explicações pode ser pedida quando ocorrer incidente que justifique a defesa da honra e dignidade de qualquer Deputado”, pode ler-se no Regimento da AL. Na nota explicativa que acompanha o texto da reclamação, Sulu Sou aponta assim que, de acordo com as regras, o presidente da AL “violou o direito de falar” no momento quando foi recusado o pedido para protestar após uma intervenção de Wong Sio Chak que, segundo o deputado, foi proferida em tom ofensivo. Outro dos pontos de acusação apresentados por Sulu Sou na reclamação dirigida a Kou Ho Ion diz respeito ao facto de o presidente da AL ter dito ao deputado para fazer uso dos habituais dois minutos que cada deputado dispõe na ronda de respostas, para responder a Wong Sio Chack. Isto, porque a lei estipula que o tempo usado em caso de apresentação de pro-

testo, não deve ser contabilizado no tempo normal do debate. “Não concordo com a decisão do presidente e considero que tais protestos e explicações devem ser apresentados de imediato, sem que o tempo do uso da palavra seja tido em conta para o cumprimento da agenda da sessão plenária. O presidente deve corrigir e clarificar esta situação o quanto antes”, pode ler-se na reclamação.

DISCUSSÃO ACESA

Recorde-se que no dia do debate, Sulu Sou abandonou o plenário em protesto contra Wong Sio Chak, após o secretário o ter acusado de tentar angariar votos durante uma intervenção sobre o tempo de descanso dos agentes da linha da frente durante a pandemia. Tendo considerado as palavras do secretário ofensivas, Sulu Sou pediu a Kou Hoi In para usar da palavra para se

defender. No entanto, o presidente da AL viria a bloquear o protesto de defesa do deputado. “O senhor deputado Sulu Sou parece que não está satisfeito com as respostas prestadas pelo secretário. Nesta fase, ainda pode utilizar o período que resta para pedir esclarecimentos. Temos instruções que têm de ser respeitadas, não queremos que o período da reunião seja afectado”, disse na altura Kou Hoi In. Em resposta, antes de abandonar o plenário, Sulu Sou ainda teve tempo para demonstrar o seu desagrado com a situação. “Posso invocar o regimento para defender a minha dignidade. O senhor secretário, como dirigente, pode falar dessa maneira? Vou ausentar-me da sala do plenário em protesto. Não é justo, está a falar pelo secretário”, disse a Kou Ho In. Pedro Arede

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6 sociedade

N

UMAaltura em que se aproxima o fim do ano lectivo para o ensino superior, muitas universidades e institutos politécnicos estão a apostar em exames online e avaliações com base no trabalho que foi feito à distância ao longo do semestre. A autonomia das instituições do ensino superior dita que as regras não sejam iguais para todos. No caso da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau manteve-se a realização de exames presenciais, com o cumprimento das regras de segurança para travar novas infecções de covid-19. Ainda assim, a Direcção dos Serviços de Ensino Superior (DSES) disse ao HM que recolheu opiniões dos estudantes “sobre os meios de ensino e as providências das instituições relativas à avaliação, tendo-as transmitindo às mesmas”. Depois desse inquérito, as universidades e institutos politécnicos “prestaram o devido acompanhamento, que inclui a auscultação das opiniões dos estudantes e o ajustamento das respectivas medidas”. No caso do Instituto Politécnico de Macau (IPM), foram criadas as “medidas aplicadas ao 2.º semestre do Ano Lectivo 2019/2020 dos cursos de licenciatura nas circunstâncias epidémicas”, que foram transmitidas a todos os alunos desse grau académico. Na resposta enviada ao HM, o IPM adiantou ainda que no segundo semestre “a maioria dos trabalhos de ensino e avaliação dos alunos têm sido feitos através da internet, com resultados positivos”.

12.5.2020 terça-feira

ENSINO SUPERIOR UM, IPM E USJ APOSTAM NOS EXAMES E AVALIAÇÕES ONLINE

Um ano invulgar

Exames online e avaliação com base no ensino à distância dado nos últimos meses são as apostas de algumas instituições de ensino superior para avaliar os alunos em tempos de pandemia. A autonomia determina que cada instituição dite as suas próprias regras para avaliar os estudantes

Peter Stilwell, reitor da USJ “A maior parte dos cursos completará o semestre com ensino e avaliação online”

A Universidade de São José (USJ) aprovou, na última semana, um documento de trabalho sobre a avaliação no ensino online e que “resulta da recolha de informação sobre os princípios e métodos aplicados para a avaliação dos docentes”, explicou ao HM

Peter Stiwell, reitor da USJ. Esta semana a universidade privada fará uma sondagem a todos os alunos sobre o funcionamento do ensino online nos últimos três meses. “A maior parte dos cursos completará o semestre com ensino e avaliação online. Nas unidades curriculares

que requerem trabalho com equipamentos ou criação de modelos e projectos, seguimos as orientações da DSES para a retoma de aulas no campus e a correspondente avaliação. Também no caso de algumas unidades curriculares que requerem trabalho com software especializado,

decorrem aulas no campus”, adiantou Peter Stilwell. Para os alunos que estejam na fase da realização do estágio, a USJ irá negociar com as entidades empregadoras. Já as defesas de teses de mestrado ou de doutoramento irão ser feitas de forma presencial “de acordo com as orientações de

segurança estabelecidas para o ensino superior”.

DIREITO EM CASA

A Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM) foi uma das instituições que ajustou as avaliações dos alunos em tempos de covid-19. Teresa Robalo, coordenadora da licenciatura em Direito em Língua Portuguesa, referiu ao HM que o fim das aulas foi adiado de 29 de Abril para 16 de Maio para que os alunos “tenham assim uma melhor preparação com vista aos exames”. “Esta fase será de revisões e preparação para os exames”, frisou. Quanto aos exames finais, serão realizados nas casas dos alunos. Se não tiverem condições em casa, “serão providenciadas salas na universidade para esse fim”. No que diz respeito às avaliações, também houve ajustamentos. “Os alunos podem escolher entre uma avaliação de 0-20 valores ou simplesmente por ‘pass/fail’. Por outro lado, os alunos do 1.º ao 4.º ano normalmente apenas poderiam realizar um exame por disciplina, mas agora podem realizar dois exames, têm mais uma hipótese de passarem às disciplinas ou de subirem as notas sem qualquer penalização”, concluiu Teresa Robalo. O HM contactou ainda o Instituto de Formação Turística para saber qual o modelo de avaliação que está a ser seguido, mas até ao fecho desta edição não foi recebida resposta. Andreia Sofia Silva

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JUSTIÇA TUI MANTÉM DEMISSÃO DE GUARDA QUE ACEITOU DINHEIRO

DEMOGRAFIA POPULAÇÃO COM MAIS 16.500 PESSOAS NO PRIMEIRO TRIMESTRE

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Tribunal de Última Instância (TUI) não deu razão ao recurso apresentado por um antigo agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), mantendo a sua pena de demissão. O caso remonta a 2016, quando o polícia interveio num conflito e, a pretexto da resolução pacífica do problema entre as duas pessoas envolvidas, aceitou do credor uma ficha de 10.000 dólares de Hong Kong, descreve o comunicado do gabinete do presidente do TUI. No dia seguinte, trocou a ficha pelo seu valor em numerário e perdeu todo o montante a jogar no casino. Não incluiu a situação no relatório de serviço e só confessou quando foi apresentada

uma denúncia sobre o caso junto de outro agente. Agora, mantém-se a decisão tomada pelo secretário para a Segurança em Março de 2017 de demitir o agente, que apresentou recurso para o Tribunal de Segunda Instância e posteriormente para o TUI. O recorrente defendeu que nem o valor envolvido nem o prejuízo patrimonial causado à parte era elevado, para além de ter tido bom comportamento no passado. Mas o TUI considerou que estava em causa “a gravidade dos factos ilícitos praticados pelo recorrente que, enquanto agente policial com dever de resolver conflitos e problemas entre os cidadãos, decidiu aceitar uma vantagem patrimonial de outrem”.

população de Macau subiu 2,4 por cento para 696.100 pessoas no primeiro trimestre do ano. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) explica a variação com o aumento do número de trabalhadores não residentes (TNR) que passaram a viver em Macau, uma vez que alguns “que viviam originalmente no exterior, passaram a habitar no território, antes da nova medida de entrada em Macau ser

implementada em 20 de Fevereiro de 2020”. Apesar disso, o número total de TNR diminuiu, havendo agora menos 7.020 em comparação com o fim do trimestre anterior. Esta diminuição parece dever-se à quebra de mais de 50 por cento na emissão de documentos, uma vez que foram cancelados menos do que no trimestre anterior. O número de indivíduos do Interior da China recém-chegados titulares de salvo conduto

singular e o de indivíduos que foram autorizados a residir em Macau desceram 264 e 83, respectivamente. Por outro lado, no período em análise nasceram 1.383 crianças, enquanto no lado oposto do ciclo da vida se registaram 530 óbitos. As três principais causas de morte foram tumores, doenças do aparelho circulatório e do aparelho respiratório. E registaram-se 721 casamentos, menos 174 em termos trimestrais.


sociedade 7

MGM Grant Bowie abandona o cargo de CEO no dia 31 de Maio Grant Bowie, actual CEO da concessionária MGM China, vai deixar o cargo no final deste mês, mas continuará ligado à empresa. A informação consta num comunicado enviado pela operadora de jogo à bolsa de valores de Hong Kong, onde se explica que Grant Bowie “decidiu não prolongar o seu contrato e escolheu demitir-se mais cedo tendo em conta os seus planos pessoais de aposentação”. Após o dia 31 de Maio, Bowie “vai continuar como consul-

tor da empresa até ao dia 31 de Dezembro de 2022”. Este concordou continuar ligado à MGM e frisou que “não há outras questões relacionadas com o seu afastamento do cargo de CEO”, tendo agradecido ainda o apoio dado por Bill Hornbuckle, presidente da MGM China, e Pansy Ho, co-presidente. Grant Bowie deixou ainda uma palavra de apreço aos restantes trabalhadores da MGM, mostrando confiança no bom desempenho da concessionária.

ECONOMIA ISENÇÃO DE TAXAS ABRANGE 16 SECTORES

F

ORAM ontem oficializados vários benefícios temporários que têm como objectivo apoiar diferentes sectores de actividade para enfrentar as dificuldades económicas trazidas pelo contexto da pandemia, já que a economia “sofreu um choque bastante grave” e se pretende “ultrapassar essa situação difícil com a maior brevidade possível”, descreveu o Conselho Executivo em comunicado. No regulamento administrativo, ontem publicado, há 16 sectores económicos que ficam isentos do pagamento das taxas por emissão e renovação das licenças administrativas, e das taxas de inspecção. Estão abrangidos hotéis, restaurantes, saunas ou massagens, cibercafés e centros de apoio pedagógico complementares privados. As isenções aplicam-se também a condutores de táxi e estabelecimentos para comércio de armas e munições, por exemplo. Os táxis vêem ainda os prazos de utilização e de validade das licenças serem alargados por mais seis meses. As especialidades farmacêuticas ficam isentas de taxas de registo durante este ano. Por outro lado, entre 1 de Fevereiro e 30 de Abril, as entidades privadas ficam isentas da renda de imóveis pertencentes à RAEM ou outras pessoas colectivas de direito público, bem como de retribuições devidas por causa de concessões, como acontece com a exploração dos terminais marítimos de passageiros do Porto Exterior e da Taipa, bem como do edifício do posto fronteiriço da Ponte do Delta. Entre as 15h de dia 5 de Fevereiro e o dia 1 de Julho os táxis que usem o estacionamento oeste do posto fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau não precisam de pagar o estacionamento.

RÓMULO SANTOS

terça-feira 12.5.2020

O total de receitas previstas para 2020 incluem 45,5 mil milhões de (…) o que reflecte uma queda de 50 por cento em relação à estimativa inicial do Executivo

CASINOS GOVERNO PREVÊ LUCROS EM 2020 DE 49,97 MIL MILHÕES DE PATACAS EM IMPOSTOS

Que dolorosa revisão

O Executivo reviu em baixa as previsões das receitas provenientes do imposto sobre o jogo para 2020. Relativamente à estimativa original avançada em Novembro de 2019 no orçamento anual, a revisão agora divulgada aponta para um corte de quase 50 por cento

O

Governo espera lucrar 49,97 mil milhões de patacas em 2020 com os impostos provenientes das concessionárias de jogo, incluindo lotarias e corridas. A informação foi divulgada na semana passada pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) através da publicação da segunda revisão do Mapa Síntese do Orçamento Anual de 2020. De acordo com a revisão agora publicada, o total de receitas previstas para 2020 incluem 45,5 mil milhões de patacas que dizem directamente respeito ao imposto especial sobre as receitas brutas de jogo, o que reflecte uma queda de 50 por cento em relação à estimativa inicial do Executivo

apresentada em Novembro, onde constavam previsões de receitas de 91 mil milhões de patacas para este parâmetro. Quanto às receitas provenientes das comissões dos promotores de jogo (junkets), a revisão do Governo aponta para lucros de 210 milhões de patacas, uma queda de 41,7 por cento em relação às provisões iniciais. Também as previsões relativas às receitas das contribuições para o desenvolvimento urbano, promoção turística e segurança social foram revistas em baixa, com o valor previsto a fixar-se em 2,6 mil milhões de patacas, menos 50 por cento em relação às previsões iniciais. Recorde-se que a taxa aplicada pelo Govervo sobre as receitas brutas dos casinos de Macau

é de 35 por cento. Recentemente, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, descartou a possibilidade de vir a reduzir os impostos às concessionárias, derivado da crise provocada pela covid-19. “Não há plano para a redução de impostos”, disse Ho por ocasião da apresentação das linhas de Acção Governativa (LAG) no dia 20 de Abril.

MELHORES DIAS VIRÃO

Desde que os casinos se viram forçados a fechar portas durante 15 dias em Fevereiro por imposição do Governo como forma de prevenção face ao novo tipo de coronavírus, as receitas brutas de jogo têm vindo a cair para níveis históricos. De acordo com dados da DSF, no primeiro trimestre de 2020 as

receitas provenientes dos impostos de jogo caíram 37,6 por cento relativamente ao mesmo período de 2019, fixando-se em 18,48 mil milhões de patacas. Olhando para os números de Abril as receitas brutas dos casinos de Macau registaram uma queda de 96,8 por cento em termos anuais, totalizando cerca de 754 milhões de patacas. Em igual período de 2019, as receitas foram de 23,58 mil milhões de patacas. De acordo com uma nota da Sanford C. Bernstein, citada pelo GGR Asia, o cenário poderá vir a registar ligeiras melhorias a partir do momento em que as restrições fronteiriças entre Macau e o Interior da China começarem a ser levantadas. Pedro Arede

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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terça-feira 12.5.2020

A pandemia da covid-19 obrigou ao cancelamento das actividades comemorativas do Dia Internacional dos Museus, que se celebra dia 18. No entanto, o Museu de Macau e o Museu de Arte de Macau não vão deixar a data passar em branco, através da realização de visitas guiadas e workshops on-line

Candeeiros e outras histórias MUSEUS DIA INTERNACIONAL CELEBRADO COM ACTIVIDADES ONLINE

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Dia Internacional dos Museus celebra-se na próxima segunda-feira, dia 18, mas o Instituto Cultural (IC), através do Museu de Macau e do Museu de Arte de Macau (MAM), irá promover uma série de iniciativas online no fim-de-semana de 16 e 17 de Maio, uma vez que o evento “Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau” foi cancelado devido ao surto de covid-19. O IC propõe, assim, a difusão de uma “multiplicidade de recursos culturais” para celebrar este dia, que este ano tem como tema “Museus para a Igualdade: Diversidade e Inclusão”. No domingo, por volta das 11h, o Museu de Macau irá transmitir em directo uma “Visita Guiada” na sua página oficial no Facebook. Desta forma, um guia irá apresentar a mostra “Uma Pérola do Mar – Exposição Dedicada à Evolução Urbana de Macau”, que está patente no terceiro piso do Museu de Macau. A data de encerramento desta exposição foi adiada para o dia 2 de Agosto para que mais pessoas a possam visitar. Além disso, as exposições “A Grande Viagem: A Cidade Proibida e a Rota Marítima da Seda”

e “Cultura, Criatividade e Educação no Palácio Imperial” continuam disponíveis para visita até domingo.

WORKSHOP NAS REDES SOCIAIS

No sábado, 16, o MAM vai promover na sua página de Facebook o workshop online intitulado “Uma Janela, Um Mundo”, através do qual os espectadores poderão aprender a criar o seu próprio candeeiro de mesa com treliça. Os interessados poderão depois levantar um kit de montagem de um candeeiro de mesa com treliça da exposição temática do Museu do Palácio junto da recepção do MAM no sábado e domingo. Estarão disponíveis 60 kits, sendo os mesmos distribuídos por ordem de chegada.

No sábado, 16, o MAM vai promover na sua página de Facebook o workshop online intitulado “Uma Janela, Um Mundo”, através do qual os espectadores poderão aprender a criar o seu próprio candeeiro de mesa com treliça Todas as actividades serão realizadas em cantonese, estando ainda prevista a distribuição de lembranças a todas as pessoas que visitarem os dois museus no fim-de-semana. O tema deste ano do Dia Internacional dos Museus, escolhido pelo Conselho Internacional de Museus, prende-se com o facto de os museus se “revestirem de particular importância face à crescente complexidade do ambiente que nos rodeia”. Desta forma, o Conselho pretende “incentivar os museus a potenciar a diversidade e a inclusão e a proporcionar experiências culturais igualitárias para comunidades de diferentes origens, bem como a pensar em formas de ultrapassar os preconceitos através de exposições e da narração de histórias”, conclui a nota de imprensa.

Lisboa Orquestra Metropolitana recebe 2,8 milhões de euros A associação que tutela a Orquestra Metropolitana de Lisboa vai receber 2,8 milhões de euros até 2024 provenientes do Fundo de Fomento Cultural, decorrente de uma adenda ao acordo de fundadores, assinada em Março. De acordo com o Diário da República de ontem, o montante global será repartido anualmente por partes iguais até 2024. A Associação Música, Educação e Cultura – O Sentido dos Sons (AMEC), fundada em 1992, gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa e, ainda, três escolas e respetivas

orquestras de alunos: a Academia Nacional Superior de Orquestra, o Conservatório de Música da Metropolitana e a Escola Profissional Metropolitana. A 18 de Março foi aprovada uma adenda ao acordo de fundadores, que estará em vigor até 2024, e que explicita as obrigações financeiras dos três associados fundadores: A câmara municipal de Lisboa, o Governo e o Turismo de Portugal. A AMEC tem desde o final do ano passado um novo director executivo, Miguel Honrado.

Livros App “A Minha Biblioteca” para gerir empréstimos e devoluções

O Instituto Cultural (IC) acaba de lançar uma nova aplicação para telemóvel que permite ao utilizador das bibliotecas públicas gerir os pedidos de empréstimo de livros e as respectivas devoluções. Segundo um comunicado, a aplicação “A Minha Biblioteca” permite também reservar livros, renovar o pedido de empréstimo e pesquisar itens disponíveis nos catálogos, além de disponibilizar um cartão electrónico de leitor. A aplicação permite também a consulta de horários e outras informações relacionadas com as bibliotecas públicas do território.


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PESCA MORTE DE PESCADORES INDONÉSIOS EXPÕE ABUSOS EM BARCOS CHINESES

HONG KONG CHEFE DO EXECUTIVO QUER REFORMA EDUCATIVA CONTRA MANIFESTAÇÕES

A educação de Carrie

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morte de quatro indonésios a trabalhar num barco de pesca chinês expôs as condições de abuso sofridas pelos pescadores e levou o Governo indonésio a exigir explicações à China. “Condenamos o tratamento desumano dos tripulantes indonésios que trabalham no navio de bandeira chinesa”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Retno Marsudi, em conferência de imprensa, no domingo. A denúncia surgiu quando parte da tripulação do navio Long Xing 629, propriedade de uma empresa chinesa, desembarcou no final de Abril no porto sul-coreano de Busan. Os marinheiros denunciaram então às autoridades os abusos e a morte de três colegas, dois em Dezembro e um em Março, e cujos corpos foram atirados ao mar. Um outro membro da tripulação perdeu a vida no território sul-coreano após ser hospitalizado com pneumonia. O escritório de advogados de Jacarta DNT denunciou no domingo que os marinheiros indonésios eram obrigados a trabalhar regularmente 18 horas por dia e passavam até 13 meses sem pisar a terra, enquanto alguns eram vítimas de tráfico humano. O escritório representa os indonésios, que também denunciaram abusos físicos, condições sanitárias degradantes no navio e a retenção de grande parte dos seus salários. As autoridades sul-coreanas suspeitam que o barco esteja envolvido em pesca ilegal e relataram que o capitão e os tripulantes chineses fugiram antes de serem detidos, segundo a declaração dos advogados.

Economia Investimento directo nos EUA recua para nível mais baixo em dez anos O investimento directo da China nos Estados Unidos caiu, em 2019, para o nível mais baixo dos últimos dez anos, ilustrando a crescente distanciação entre as duas maiores economias do mundo. O declínio do investimento chinês nos Estados Unidos reflecte ainda o maior escrutínio exercido pelas autoridades chinesas ao investimento externo, depois de as empresas do país terem realizado grandes aquisições ao longo da primeira metade da década. O relatório, divulgado

ontem pelo Comité de Relações Estados Unidos – China, em Washington, e pela consultora Rhodium Group, apurou que o investimento directo da China nos EUA caiu para cinco mil milhões de dólares, no ano passado - o nível mais baixo desde o pico da crise financeira global de 2009. O investimento directo inclui fusões, aquisições e investimento em escritórios e fábricas, mas não investimento financeiro como compras de acções e títulos.

Carrie Lam Chefe do Executivo de Hong Kong “Em relação ao modo, no futuro, de abordar os cursos de estudos liberais (de cultura geral para desenvolver o espírito crítico), vamos certamente esclarecer as coisas antes do final do ano.”

Chefe do Executivo de Hong Kong prometeu ontem rever o sistema educativo, considerando que o ensino da cultura geral tinha contribuído para alimentar o movimento pró-democracia que abalou a ex-colónia britânica no ano passado. “Em relação ao modo, no futuro, de abordar os cursos de estudos liberais (de cultura geral para desenvolver o espírito crítico), vamos certamente esclarecer as coisas antes do final do ano”, declarou Carrie Lam numa entrevista publicada ontem no jornal Ta Kung Pão, favorável a Pequim. Numa altura em que as tensões políticas têm aumentado, estas declarações poderão suscitar a cólera dos militantes pró-democracia, que temem que Pequim reduza as liberdades desfrutadas no território. Com o apoio de Pequim, o governo de Lam tenta aprovar um projecto de lei para sancionar qualquer ofensa ao hino nacional chinês, enquanto personalidades próximas do poder desejam a adopção de uma lei anti-sedição. Esta nova legislação visa travar o crescente movimento, em particular junto dos jovens, a favor da democracia e de uma maior autonomia em relação à China. Para a oposição, estas leis vão reduzir a liberdade de expressão. As escolas e universidades de Hong Kong encontram-se entre as melhores da Ásia e o ensino beneficia de uma liber-

dade desconhecida na China continental. Os cursos de cultura geral foram introduzidos em 2009 e as escolas são livres para escolher o modo de ensino. Suscitam a aversão dos media estatais chineses e da classe política pró-Pequim que exigem uma educação mais patriótica. Na entrevista, Lam considera que aqueles cursos permitem aos docentes promover os seus preconceitos políticos e que devem ser vigiados.

REGRESSO À ACÇÃO

EmDezembrode2019registaramse enormes manifestações em Hong Kong, acompanhadas de confrontos entre radicais e polícia, para denunciar a influência de Pequim. Mais de 8.000 pessoas foram detidas, cerca de 17 por cento eram alunos do ensino secundário. As detenções em massa e o início da pandemia do novo coronavírus trouxeram a calma, mas, como o território parece ter conseguido controlar a covid-19, movimentos limitados de protesto reapareceram nas últimas duas semanas. No domingo, a polícia perseguiu manifestantes pró-democracia em várias zonas comerciais da cidade e deteve 230 pessoas, entre os 12 e os 65 anos. “A polícia condena os manifestantes que ignoraram as medidas governamentais para evitar a propagação do coronavírus e participaram ou organizaram concentrações proibidas”, declarou ontem a instituição num comunicado.

WUHAN DIRECTOR DE LABORATÓRIO ASSEGURA QUE INSTALAÇÕES SÃO SEGURAS

O

director do Instituto de Virologia P4, de Wuhan, a cidade de onde surgiu o novo coronavírus, reiterou ontem que as instalações são seguras, face às suspeitas de que o vírus possa ter saído do laboratório. Numa entrevista ao jornal oficial Science and Technology Daily, Yuan Zhiming assegura que foi tomada “uma série de medidas” para “garantir que nenhum vírus pudesse sair do laboratório”, face à sugestão do Governo dos Estados Unidos de

que o coronavírus possa ter tido origem ali. O Instituto de Virologia de Wuhan possui um laboratório de nível quatro, o mais alto em termos de biossegurança, para conduzir pesquisas com patógenos perigosos, como o vírus Ebola ou Lassa, entre outros. Segundo o director, as entradas e saídas, assim como o uso de resíduos e materiais infecciosos, obedecem a “altos critérios”, enquanto o uso de sistemas de pressão negativa impede que o

ar interno da sala saia e espalhe agentes contagiosos. O ar e a água no interior e os resíduos que podem estar contaminados são tratados com sistemas de alta pressão e temperatura e, quando necessário, geridos por empresas dedicadas ao tratamento de resíduos médicos. São ainda realizadas inspecções anuais ao estado das instalações e à condição física e psicológica dos investigadores, afirmou. O Sars-Cov-2, o vírus

que provoca a Covid-19, está a ser estudado naquele laboratório, na tentativa de desenvolver uma vacina e tratamento, detalhou o vice-director do Instituto de Virologia de Wuhan, Guan Wuxiang. O laboratório P4 foi lançado com o apoio de França após a epidemia da síndrome respiratória aguda e grave (SARS), entre 2002 e 2003, um outro coronavírus semelhante ao da Covid-19 e que teve também origem no sul da China.


terça-feira 12.5.2020

Deixa-me entregue à solidão!

uma asa no além Paulo José Miranda

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romance da moçambicana Flora David tem este começo que serve de tom e mote ao livro: «A jovem Flora tinha tatuado no braço esquerdo “amor de mãe” e no braço direito “ódio de pai”.» O facto de a escritora dar o seu nome próprio à protagonista não é por acaso, evidentemente, e pretende que o leitor sinta o romance, Ao Longe A Vida, como uma confissão. Este é o único romance de Flora David, que é conhecida em Moçambique como poeta. Numa entrevista dada ao jornal «Savana», disse que o romance é uma confissão, mas não pessoal. «É uma confissão de um povo, de uma geração [Flora tem 32 anos] que sente ter nascido já com a sua vida penhorada.» Trata-se, portanto, de um livro político no sentido alargado do termo. Um livro que nos mostra as dificuldades da vida numa cidade, que é a capital de um país, e onde as dificuldades se multiplicam. Lê-se à página 57: «Entre as 10 e as 13 horas o elevador do prédio parava. Às segundas, quartas e sextas-feiras, Flora [no romance tem 21 anos e estuda direito] chegava da faculdade ao meia dia e ficava uma hora no café em frente

Ao longe a vida

de casa, esperando que o elevador voltasse a funcionar. Não tinha medo de enfrentar os onze andares, tinha medo de se habituar. Tinha medo de aceitar a tristeza como normalidade.» Há um outro momento do romance em que volta a referir-se aos horários dos elevadores, à página 112: «Vivia com a mãe e com a avó. Ao domingo, quando faltava alguma coisa para fazer o almoço, era ela que ia comprar. Nesse dia, regressou das compras e esqueceu os coentros para o almoço. Não teve forças para voltar a descer e subir os onze andares e nem a mãe teve coragem de lho pedir. Inventou-se a refeição.»

Há páginas duras sobre as relações entre homens e mulheres. Relações marcadas pela violência, pela normalidade dessa violência. Uma vizinha de Flora, cujo marido tinha várias amantes e nunca estava em casa, deixando-lhe a responsabilidade de educar e pagar a vida dos filhos, diz para Flora, que a encontra no sétimo andar das escadas: «Mas que fazer, nasci mulher. Vamos querer que o mundo seja outro?» É este encontro nas escadas, descrito à página 79, devido à falta de energia, que faz com que Flora decida de uma vez por todas que é isso precisamente que ela quer da vida: que o mundo seja outro.

Aquilo que mais surpreende em Flora David é a capacidade de num mesmo parágrafo, por vezes numa mesma frase, mudar o registo dúctil da política para o registo maleável da poesia. Um romance ainda por descobrir ou, parafraseando António Cabrita, um romance que de tão verdadeiro ou é poesia ou ainda nem existe

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Quando o jornalista do «Savana» pergunta à escritora quanto da Flora do romance há dela mesma, responde: «Apenas os ideais. Mais nada. Nunca estudei direito, nunca vivi num prédio, nunca tive pai para odiar.» O que nos leva ao início do romance e à tatuagem do braço direito de Flora. O irmão de Flora, com 14 anos, matou o pai, como uma catana, quando este violava a irmã, Flora. Não tinha sido a primeira vez e não seria a última. Além de violá-la, batia continuamente na mãe e roubava-lhe o dinheiro. O irmão foi preso e nunca mais se soube dele. Lê-se: «Disseram que aos 17 anos fugiu da prisão e nunca mais ninguém soube dele. Mas para Flora ele tinha sido morto. Seu irmão jamais ficaria longe da família, mesmo por carta. No fundo, não foi o irmão que matou o pai, Flora sentia que tinha sido o pai que acabara por ser responsável pela morte do irmão. Tinha 20 anos quando fez as tatuagens.» Ainda no jornal «Savana», num texto sobre o romance de Flora David, o poeta e escritor António Cabrita, escreve: «Trata-se de um romance político, onde através de Flora descemos ao inferno de crescer a ver a vida ao longe. Tudo está longe: os livros que não há, ou são demasiado caros (Flora tem de decidir muitas vezes se come ou se lê), os elevadores que não funcionam (com horários de funcionamento por falta de energia), a renda da casa demasiado cara, a saúde pública em carne viva. Mas apesar da crueza dos relatos, do realismo do romance, há beleza em várias passagens, obrigando-nos a lembrar que se trata de um livro de poeta.» Não estou certo a que passagens Cabrita se refere, pois não as chega a citar no seu texto, mas deixo aqui algumas passagens que considero belas, para além da realidade dura dos dias. À página 100: «O sol alaga os prédios em frente e, por cima deles, um avião rasga o céu azul, imaculado, sem nuvens ou quaisquer rastos delas. Um azul que dá vontade de mergulhar, como se o mundo ficasse ao contrário e o ilusório céu se transformasse no líquido mar. E uma vontade de acreditar na vida, de acreditar que o mundo será todo como se vê nos países da Europa, fazia com que os olhos aguados de Flora deixassem de ver.» Ou esta à página 77: «Estendidos pelos cafés, mais amargurados, mais punidos pelas décadas, os velhos pensam no que poderiam ter sido. Mas para terem sido, fosse o que fosse, não seria preciso ser em outro lado?» Ou esta frase que nos enche de nostalgia, à página 83: «Na juventude, o sol é uma tonalidade que nos faz vibrar em uníssono. O sol não é uma estrela, é um país, que mais tarde a solidão eclipsa.» Aquilo que mais surpreende em Flora David é a capacidade de num mesmo parágrafo, por vezes numa mesma frase, mudar o registo dúctil da política para o registo maleável da poesia. Um romance ainda por descobrir ou, parafraseando António Cabrita, um romance que de tão verdadeiro ou é poesia ou ainda nem existe.


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Xunzi

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ER a fisiognomonia das pessoas era algo a que os antigos não aderiam, algo que a pessoa culta não toma por caminho. Outrora, existiu Gubu Ziqing e, já na era actual, existiu Tang Ju de Liang. Ambos leram a fisiognomonia da forma exterior e características faciais das pessoas para determinar se teriam boa ou má fortuna. Isto é algo que o vulgo estima, embora fosse algo a que os antigos não aderiam, algo que a pessoa culta não toma por caminho. Ler a fisiognomonia da forma exterior de alguém não é tão bom quanto ler o seu coração, e julgar o seu coração não é tão bom quanto apurar o rumo que escolheu. A forma exterior não é superior ao coração, e o coração não é superior ao rumo escolhido. Uma vez estabelecido o rumo escolhido, o coração segue-o. Assim, mesmo que a nossa forma exterior seja má tal não impede que nos tornemos pessoas exemplares, caso os nossos corações e os rumos que escolhemos sejam bons. Mesmo que a nossa forma exterior seja boa, tal não impede que nos tornemos numa pessoa mesquinha, se os nossos corações e os rumos que escolhemos forem maus. Tornar-se numa pessoa exemplar é chamado boa fortuna. Tornar-se numa pessoa mesquinha é chamado má fortuna. Por

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Contra a Fisiognomonia

isso, ser alto ou baixo, ter uma forma exterior boa ou má, não são coisas que determinem a boa ou má fortuna. Tal era algo a que os antigos não aderiam, algo que a pessoa culta não toma por caminho. O Lorde Yao era alto, mas o Lorde Shun era baixo. O Rei Wen era alto, mas o Duque de Zhou era baixo.1 Confúcio era alto, mas Zigong era baixo. No passado, o Duque Ling de Wey teve um ministro chamado Gongsu Lu. O seu corpo tinha sete chi de altura e três cun de largura.2 O seu nariz, orelhas e olhos eram perfeitos e a sua reputação arrebatou o mundo inteiro. Sunshu Ao de Chu era um campónio de Qi Si. Era careca e tinha a perna esquerda mais comprida do que a direita, sendo mais baixo do que o eixo de uma carruagem. Porém, usou o estado de Chu para estabelecer hegemonia. O Duque Zigao de Ye tinha uma constituição franzina e a coluna curta. Ao caminhar, parecia mesmo não conseguir aguentar a roupa sobre o corpo. Contudo, durante o caos criado pelo Duque Bai, quando Lingyin Zixi e Sima Zhiqi ambos morreram, o Duque Zigao entrou em cena e usurpou Chu, executando o Duque Bai e tomando conta do Estado com a mesma facilidade de quem estala os dedos. A sua demonstração de ren [humanidade] e yi [justiça],

Elementos de ética, visões do Caminho PARTE I

assim como os seus feitos e reputação são ainda elogiados pelas gerações subsequentes. Como tal, na consideração das coisas, não se mede o comprimento de uma pessoa, nem o seu tamanho, nem o seu peso, mas somente a qualidade e natureza das suas intenções. Como poderiam altura, tamanho ou beleza da forma exterior de alguém merecer julgamento? A aparência do Rei Yan de Xu era tal que os seus olhos eram grandes como os de um cavalo. A aparência de Confúcio era tal que o seu rosto parecia uma feia máscara. A aparência do Duque de Zhou era tal que o seu corpo parecia um tronco de árvore retorcido. A aparência de Gao Yao era tal que a sua cor parecia a de um melão descascado. A aparência de Hong Yao era tal que não se via pele sobre a sua face. A aparência de Fu Yue era tal que o seu corpo parecia ter uma barbatana. A aparência de Yi Yin era tal que a sua face era desprovida de barba e sobrancelhas. Yu coxeava e Tang tombava para um lado. Yao e Shun eram vesgos. Será que vós, meus seguidores, julgarão os seus pensamentos e intenções e compararão a sua cultura e sabedoria? Ou será que diferenciarão se eram altos ou baixos, belos ou feios, assim vos enganando e desrespeitando uns aos outros?

Entre os antigos, Jie e Zhou eram altos, robustos e belos: eram no mundo os mais notáveis. Em termos de força física, eram pura energia e poder. Cada um valia cem homens. No entanto, foram mortos e os seus estados pereceram. Tornaram-se nas maiores desgraças do mundo e as gerações subsequentes não se esquecem deles quando discutem sobre coisas más.3 Isso não se deve a defeitos na sua aparência, mas sim à deficiência do seu entendimento e à baixeza do seu juízo.

1 - O Rei Wen foi pai do Rei Wu, fundador da dinastia Zhou. O Duque de Zhou era irmão do Rei Wu, tendo sido regente do jovem filho de Wu (Rei Cheng) após a sua morte. Xunzi considera os três como sábios. 2 - O cun e o chi são antigas unidades de medida. O cun equivale a cerca de 2.3 centímetros, equivalendo dez cun a um chi (ou seja, cerca de 23 centímetros). 3 - O facto de Xunzi mencionar que todos os sábios tinham deformidades é notável na sua semelhança com o Chuangzi, que frequentemente fala de pessoas com defeitos físicos como sendo superiores. Porém, Xunzi vai mais longe ao retratar os piores tiranos como sendo exteriormente perfeitos. O Chuangzi parece escarnecer com opiniões como as de Mencius e, aqui, talvez seja também essa a intenção de Xunzi.

Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

terça-feira 12.5.2020

Amélia Vieira

A estátua de sal

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AI, salva a tua alma e não olhes para trás». Assim foi dito a Lot quando da destruição de Sodoma, e nesta advertência está implícita uma lei vital que é a de não permitir perder tempo naquilo que não seja estritamente necessário bem como essa inabalável força que nos projecta para o futuro, de como é importante obedecer à voz interior que sabe encaminhar-nos no limite das provações. Esta imensa certeza é um dom que nos ajuda a ser guiados nos mais imponderáveis momentos e ter a convicção que o “cordão de prata” a que estamos presos pode ser ampliado sempre que depositamos essa fé imensa na estrada do desconhecido para onde estamos a ser puxados. Vacilar, fará de nós a imagem da sua mulher que não escutando a voz se perde na curiosidade, na certificação, como Orpheu, que ficou sem a sua Eurídice. E voltando ao tema da certificação, ao odioso anátema que pode acontecer com o termo “certificado” já a ser composto como medida sanitária, é agora importante advertir das consequências de uma tal designação. Nestes momentos as coisas mais sinistras do compartimentar, certificar, excluir, selecionar, estão alerta e todos sabemos onde leva, e é também por isso a Hora de velar pela palavra pois ela é fazedora de realidade. Há de facto muitas vozes nestes meses, nestes dias, mas é a nossa, aquela individual e única que de certa forma andou fragmentada, enjaulada nos seus egos, e estranha ao seu mais precioso processo que convém no regresso à caverna entender melhor; recolhemo-nos para prestar um serviço a uma alma que desconhecêramos, e ela vai falar! Se estivermos em permanência debruçados sobre o que se diz, ou na espera de novos dados para robustecer a nossa inércia, entraremos em ruptura muito em breve. Os ecrãs não devem ser projecções, embora pareçam o mais distante da solidão imposta, e se neles nos debruçarmos mais do que podemos filtrar, a ameaça então não só vem de fora como de dentro. Os vestígios ínfimos de individualidade em seres fragmentados fizeram-nos veículos de consciência colectiva ou social em permanência, e a ordem de saída de Lot é também um tributo à reposição da vida como um acto cósmico, e ainda é importante salientar o episódio de quando os dois homens apareceram na sua tenda com propósito anunciador: ele não lhes perguntou nada, convidou-os a entrar e a lavar os pés, deu-lhes de comer e consentiu que pernoitassem, é esta “desinfestação” de alma que é muito provavelmente olhada com amor pelas estrelas e pela confiança se deixa por elas guiar. Aprender de novo este caminho só seria possível se a Terra transformasse as

nossas quarentenas em quarenta anos de travessia, e todo o aspecto alegórico da narrativa teria de ser encaminhado ainda assim à vida cada um. Voltamos agora a um instante que é o de ressurgir dos mortos, e talvez as nossas vidas sejam outra coisa, tenhamos morrido de certa maneira e voltado a outra terra, pois não nos será dado esquecer as longas filas de carros militares transportando cadáveres para formos crematórios - são visões que não vamos mais esquecer- e que certamente nos toldou os olhos de lágrimas e como um assombro entrou na luz tão bonita desta

Primavera, com o tempo a passar vamos ficando assim... tentando escutar que voz é esta. Creio que muitos estão já petrificados tal qual como a mulher de Lot entre dois mundos, e de um e de outro podem não conseguir ver esta separação abrupta que causa naturalmente uma petrificação estranha, um surto de náusea e arrefecimento, mas agora também temos de tentar combater toda a curva para o nosso próprio abismo. Todos podemos ser contagiados, é certo, mas muitos não o serão e há ainda os que recuperam, os que ajudam, os que fazem acontecer, devemos estar gratos por todo

O sal foi uma medida de retribuição pelo trabalho prestado tal a importância que tinha na vida dos homens, uma estátua de sal pode ser ainda a metáfora mais conseguida para nos impedir de ver a destruição causada atrás de nós e deixar aos que sabem passar um espaço venerável para prosseguirem

esse esforço olhando para as coisas não como direitos adquiridos mas como dádivas e alguma gratidão. Cada dia passado nesta imensa jangada é ainda assim um dia de vida e vamos aprender que ela é sagrada, que tudo quanto vive tem as suas forças de recolhimento, muitas formas de vida hibernam, e para nos dar alento saber que há menos poluição nos ares do mundo, que os canais de Veneza estão limpos, e as águas estão lá para um dia breve voltarmos com os nossos braços nus a abraça-las num quente Verão. O sal foi uma medida de retribuição pelo trabalho prestado tal a importância que tinha na vida dos homens, uma estátua de sal pode ser ainda a metáfora mais conseguida para nos impedir de ver a destruição causada atrás de nós e deixar aos que sabem passar um espaço venerável para prosseguirem. Lot, foi para uma gruta, a sua descendência atraiçoada por causa das filhas, mas ele não teve aí nenhuma participação consciente, como o não teve na própria salvação, e acredito que salvou a sua alma. Somos agora o Mar Morto ou o Mar de Sal.


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12.5.2020 terça-feira

TEMPO AGUACEIROS E TROVOADAS MIN 24 MAX 28 HUM 75-98% • EURO 8.73 BAHT 0.24 YUAN 1.12 ´

LIBERTEM AS CRIANÇAS

sentantes da ONU. Segundo a Organização, no final de Março foram colocados 194 menores palestinianos em prisões e centros de detenção israelitas, um número “ainda maior do que o número médio mensal de crianças detidas em 2019”.

VIDA DE CÃO

UMA VISÃO

ASHRAF AMRA

A ONU denunciou ontem “a detenção continuada de crianças palestinianas” por Israel. “A melhor maneira de defender os direitos das crianças detidas no meio de uma pandemia perigosa é libertá-las”, afirmaram, em comunicado conjunto, vários repre-

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7 6 9 1 8 7 2 8 5 6 8 9 7 2 49 7 9 6 1 52 5 3 2 7 6 5 4 1 8 9 3 3 8 7 6 4 2 9 5 4 2 6 2 1 3 3 6 1 6 5 8 7 8 4 9 5 4 2 7 3 4 2 2 51 3 4 8 2 54 5 9 2 1 2 7 1 6 8 8 5 6 7 1 4 9 2 2 8 3 7 9 5 4 6 6 4 6 7 5 1 4 8 2 9 3 3 1 3 5 9 2 7 6 9 53 3 2 1 7 4 6 8 5 9 7 5 8 1 3 2 4 6 5 4 1 7 8 9 3 5 9 6 2 8 1 3 6 2 4 7 9

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 53

4 2 6 9 8 5 3 7 1

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PROBLEMA 54

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7 9 5 8 4 1 6 2 3

4 3 8 2 7 6 9 5 1

6 4 7 1 8 5 3 9 2

8 5 3 7 9 2 1 6 4

9 1 2 6 3 4 8 7 5

1 8 9 4 2 7 5 3 6

3 7 6 5 1 8 2 4 9

52 Cineteatro C I N E M 9 TOUR 7 [A]6 5 FANTASY 3 2ISLAND1[C] 4 TROLLS WORLD 8 1 3 6 9 4 5 2 4 5 2 7 1 8 3 6 DOLITTLE [A] 2 8 1 9 A4GOOD 5 6 7 DOCTOR [B] 3 6 4 8 7 1 9 5 5 9 7 3 2 6 4 8 7 4 5 1 8 3 2 9 6 3 8 2 5 9 7 1 1 2 9 4 6 7 8 3

8 9 5 2 3 1 4 6 7

1 2 6 7 8 4 9 3 5

7 4 3 6 9 5 2 8 1

2 6 7 3 5 8 1 9 4

57 UM JOGO HOJE 7 6 8 4 2 1 3

4 8 9 1 6 2 5 7 3

5 3 1 4 7 9 8 2 6

8 9 1 2 6 4 7 5 6 9 5 1 7 2 4 3

58 8 4 2 1 3 9 7 5 6

FARMING SIMULATOR 19 | GIANTS SOFTWARE (2018)

60 9 4 7 8 6 4 9 8 1 8 7 5 2 9 6 7 1 2 3 9 3 8 6 2 4 9 5 1 7 3 4 2 8 1 6 5 8 6 4 1 5 5 4 9 8 1 7 3 2 6 5 9 6 7 3 4 2 TROLLS WORLD TOUR 5 7 8 9 4 4 2 1 3 9 8 7 6 5 6 1 4 2 5 7 3 4 3 1 7 2 9 3 8 5 7 6 2 4 1 7 2 3 9 8 1 4 2 9 Fábrica 5 de6Notícias, 3 Lda Director Carlos Morais 6 José 5 Editores 7 João 1 Luz;2José C.4Mendes8Redacção 3 Andreia 9 Sofia Silva; João Santos 9 Filipe; 5 Pedro 8 Arede; 4 Salomé 6 Fernandes 3 7 Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 6 Lobo 2 Pinheiro; 9 Gonçalo 5 1M.Tavares; João Paulo Cotrim; 1 José 6Drummond; 4 7José Navarro 8 2de Andrade; 9 José5Simões 3 Morais; Luis Carmelo; 4 1 Miguel 3 Guedes; 9 Paulo 5 José8 Gonçalo Michel 6 Reis; Nuno Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; 3Romão; 5 Jorge6Rodrigues 4 Simão; 8 Olavo Rasquinho; Paul 2 Chan7Wai Chi; 5 Paula9Bicho;6Tânia3dos Santos 1 Grafismo 8 4Paulo Borges, Rómulo Santos 2 Agências 7 9Lusa; Xinhua 6 4Fotografia 8 Hoje1 João Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 1 Calçada 8 3deSanto2Agostinho, 7 n.º19,CentroComercial 8Nam9Yue,6.º3andar4 5Telefone 1 28752401 6 7Fax28752405 2 e-mailinfo@hojemacau.com.mo 8 3 5Sítiowww.hojemacau.com.mo 1 7 2 9 Morada A, Macau

4 9 1 8 5 2 7 3 6

3 7 8 9 6 1 2 5 4

Um filme de: Jeff Wadlow Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 15.30, 18.45, 21.00

FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Stephen Gaghan Com: Robert Downey Jr., Antonio Banderas, Michael Sheen 21.15

SALA 3

Um filme de: Tristan Seguela Com: Michel Blanc, Hakim Jemili 16.00, 18.30, 20.30

5 3 4 9 6 8 1 6 9 8 5 7 4 2

O Farming Simulator é um jogo 9 que2permite 1 3obter7 um5 conhecimento profundo, 5 agricultura, 2 8 6 não3 só 7sobre mas também sobre a gestão 4 e9 do7mercado 5 3 de 1 quintas para estes produtos. Além 6 8 2 1 9 4 dos detalhes relacionados com4agricultura, é um1jogo2 5 3 8 que ganha muito por reproduzir 2 fielmente 1 7 alguns 6 3 dos9 tractores e das máquinas 8 9 um 6 pouco 5 4 por7 utilizadas todo o mundo. O aspecto negativo é o facto de os menus 59nem sempre serem de fácil compreensão e de exigir 7 muito1estudo 2 através 6 3dos5 tutoriais. João Santos Filipe

5 2 4 1 6 7 9 8 3

9 7 8 4 2 3 6 5 1

6 7 1 8 5 4 3 9 2

3 5 9 7 6 2 1 4 8

9 2 4 6 8 3 5 7 1

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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Walt Dohrn 14.30, 16.30, 19.00

8 7 9 3 2 1 6 4 5

6 1 2 8 4 3 7 5 9

7 9 6 5 2 8 4 1 3

SALA 2

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3 5 8 9 1 7 6 4 2

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SALA 1

54 5 2 1 4 8 6 7 9 3 3 6 2 9 5 8 1 7 4 8 3 7 2 www. 1 9 hojemacau. 6com.mo 4 5

5 2 4 3 6 9 7 1 8

55 9 7 4 5 2 6 3 1 8

2000: Um país, dois sistemas. 2001: Um país, dois sistemas. 2002: Um país, dois sistemas. 2003: Um país, dois sistemas. 2004: Um país, dois sistemas. 2005: Um país, dois sistemas. 2006: Um país, dois sistemas 2007: Um país, dois sistemas. 2008: Um país, dois sistemas. 2009: Um país, dois sistema. 2010: Um país, dois sistem. 2011: Um país dois, siste, 2012: Um país, dois sist. 2013: Um país, dois sis. 2014: Um país, dois si. 2015: Um país, dois s. 2016: Um país, dois. 2017: Um país, doi. 2018: Um país, do. 2019: Um país, d. 2020. Um país. 2021: Um país, u. 2022: Um país, um. 2023: um país, um s. 2024: um país, um si. 2025: Um país, um sis. 2026: um país, um sist. 2027: um país, um siste. 2028: um país, um sistem. 2029: um país, um sistema. 2030: um país, um sistema. 2031: um país, um sistema. 2032:56 um país, um sistema. 2033: um país, um sistema. 2034: um país, um sistema. 2 62035: 3 um7 país, 9 um1 sis-5 tema. 2036; um país, um sistema. 5 8um 6sistema. 3 42038:7 2037: 1 um país, um país, um sistema. 2039: um país, 7 42040: 9 um8 país, 2 um5 sis-3 um sistema. tema. 9 2041:3 um1país, 4 um6 sistema. 7 8 2042: um país, um sistema. 2043: um país, 4 um7sistema. 2 92044:5 um8país,1 um sistema. 2045: um país, um sis2 um1 sistema. 3 9 tema. 5 2046:8 um6país, 2047: um país, um sistema. 2048: 3 um1sistema. 4 52049:8 um6país,2 um país, um sistema. 8 22050: 7 Um 3 país, 4 um 9 sé-6 culo dourado. João Santos Filipe


opinião 15

terça-feira 12.5.2020

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

N

A necessidade aguça o engenho

O passado dia 5 a comunicação social de Hong Kong divulgou uma notícia excitante. Vão ser lançadas no mercado máscaras que podem ser usadas 60 vezes. Estas máscaras, com finas camadas de cobre, também designadas por CU Masks, foram inventadas e fabricadas em Hong Kong. A investigação começou a ser feita em Janeiro, a produção teve início em Março e a distribuição ao público em Maio. As CU Masks são compostas por camadas de seis materiais diferentes, dois dos quais contêm pequenas quantidades de cobre, usado para conter as bactérias, os vírus comuns e as substâncias perniciosas. As CU Masks foram submitidas a vários testes, que as classificaram como ASTM nível 1. Estas máscaras podem ser lavadas 60 vezes, mas não podem ser desinfectadas. Como tal, existem quatro tipos de pessoas que não as devem usar: • Pessoas com febre e problemas respiratórios, • Pessoas suspeitas de serem portadoras do vírus, • Pessoas em contacto com portadores do vírus, • Pessoas que se desloquem a locais de alto risco, como Hospitais ou casas de repouso Para solucionar a falta deste produto no mercado, o Governo de Hong Kong vai distribuir a cada cidadão um pacote com uma CU Mask e dez máscaras descartáveis. Os dois tipos de máscaras devem ser usados ao mesmo tempo para garantir maior protecção. A invenção das CU Masks é uma grande vitória na luta contra as epidemias, de que o Governo de Hong Kong se pode orgulhar. Como as CU Masks podem ser usadas 60 vezes, garantem dois meses de protecção. Embora existam quatro tipos de pessoas que não as podem usar, a maioria da população pode. O aparecimento destas máscaras que, embora não sejam perfeitas e ainda precisem de ser complementadas com as descartáveis, vai acabar em grande parte com as filas para aquisição deste produto em Hong Kong. Efectivamente, a procura de máscaras caiu a pique. O Centro de Desenvolvimento da Indústria Têxtil e do Vestuário de Hong Kong foi criado em 2006. Este Centro pertence ao Governo de Hong e foi fundado pelo Departamento de Inovação e Tecnologia, gerido pela Universidade Politécnica da cidade. O

centro revelou que as CU Masks estão a ser registadas e que a patente lhe pertence. Com a epidemia a afectar todo o planeta, muitos países vão ter interesse em produzir estas máscaras. Com a patente registada em Hong Kong o Centro pode obter ganhos consideráveis, mas também pode vir a beneficiar muitas pessoas. Hong Kong tem cerca de 8 milhões de habitantes. Se o Governo quiser implementar a “Garantia de Fornecimento de Máscaras”, cada pessoa vai precisar de uma máscara por dia, ou seja, 8 milhões de máscaras terão de ser fornecidas diariamente. Devido à falta deste produto a nível mundial, a par da limi-

As CU Masks demonstram como se podem produzir conceitos científicos, como os produtos surgem a partir da investigação científica e o que é o talento científico. Esta conquista é um bom exemplo para o futuro da pesquisa científica em Macau

tação das reservas financeiras do Governo de Hong Kong, este plano torna-se impraticável. Foi neste contexto que nasceu a ideia das máscaras recicláveis. Foram precisos apenas cinco meses para as inventar, produzir e colocar no mercado. É verdadeiramente espantoso. O Governo de Hong Kong possui uma alta eficácia administrativa. Recentemente, um órgão de comunicação social de Macau salientou que o Plano para a Garantia de Fornecimento de Máscaras de Macau continuaria a ser implementado em Maio, mas não se sabia se ainda o seria em Junho. Deverá o Governo de Macau adquirir CU Masks para que a população da cidade continue a estar protegida, a pressão da procura diminua e para poupar nos custos? Esta decisão deverá envolver uma grande quantidade de contratos de compra e venda e não pode ser tomada precipitadamente. Será um assunto para o Governo de Macau analisar em detalhe. As CU Masks demonstram a crença no “auto-melhoramento”. Quando a epidemia começou, Hong Kong não conseguia comprar máscaras noutros locais. A Chefe do Executivo foi criticada pela população. Assim, Hong Kong iniciou a sua própria linha de produção de máscaras. A invenção das

CU Masks conquistou o objectivo de, com apenas uma unidade, garantir protecção para 60 dias. É importante aprender a lutar pela sobrevivência num ambiente desfavorável. As CU Masks foram produzidas a partir de uma investigação científica. Na área científica, como é que pode ser definido o talento? O talento é sinónimo de um grau académico elevado? É uma pergunta de difícil resposta. As CU Masks apenas demonstram que foguetões e satélites não são necessariamente invenções de primeira necessidade. Desde que apareçam os produtos certos no tempo certo, que possam beneficiar a sociedade em geral, estamos perante uma grande invenção, e o seu responsável será sem dúvida um grande talento. A primeira Universidade de Macau foi fundada nos finais dos anos 70, a cidade tem apenas 40 anos de história universitária. Muito poucas famílias são constituídas por pais e filhos com graus universitários. É naturalmente necessário que as nossas áreas científicas se desenvolvam. As CU Masks demonstram como se podem produzir conceitos científicos, como os produtos surgem a partir das pesquisas científica e o que é o talento científico. Esta conquista é um bom exemplo para o futuro da pesquisa científica em Macau.

Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Uma probabilidade razoável é a única certeza.

SMG Depressão tropical traz mau tempo às RAES

O

PUB

TIAGO ALCÂNTARA

directo do Instituto de Habitação (IH), disse no programa Fórum Macau, do canal chinês da TDM Rádio Macau, que de momento cerca de 90% dos beneficiários de habitação social não têm de pagar renda. Arnaldo Ernesto dos Santos indicou ainda que vão ser feitos esforços para renovar as fracções de forma a permitir que os agregados familiares se mudem atempadamente, podendo o tempo de espera ser reduzido para quatro anos. No seu entender, a maior diferença da nova lei da habitação social que vai ser implementada em Agosto, é o mecanismo de candidatura permanente, noticiou ainda o canal chinês da TDM Rádio Macau. Quem beneficiou da bonificação de 4 por cento de juros não se pode candidatar a habitação social. No entanto, está previsto que o Chefe do Executivo pode aprovar excepções. De acordo com o director do IH, desde 2014 foram recebidas 3.100 candidaturas a pedir excepções, e foram aprovados 70 casos. Arnaldo dos Santos explicou que os casos aprovados podem ter direito a habitação social, pelo que a sua aprovação deve ser “cautelosa”, incluindo considerar se o candidato está em crise financeira. Outro representante do organismo disse que 10 por cento dos beneficiários de habitação social excedeu o limite dos rendimentos. No ano passado houve 200 desistências devido à capacidade financeira dos agregados. Além disso, em 2019 fizeram-se mais de mil inspecções. De entre 18 casos detectados, foi retirada habitação social a seis, enquanto o processo dos restantes está a decorrer.

terça-feira 12.5.2020

TIAGO ALCÂNTARA

HABITAÇÃO SOCIAL 90% DOS BENEFICIÁRIOS ESTÃO ISENTOS DE RENDA

PALAVRA DO DIA

RÓMULO SANTOS

Samuel Howe

O Observatório de Hong Kong informou ontem de que uma depressão tropical de baixa pressão situada a cerca de 1,110 quilómetros de Manila, Filipinas, não terá um impacto directo na região vizinha, mas deverá trazer mau tempo ao território, com chuvas e ventos fortes. Este cenário deverá desaparecer gradualmente até ao final da semana. Para hoje os Serviços Metereológicos e Geofísicos alertam para a ocorrência, em Macau, de céu geralmente muito nublado com aguaceiros ocasionais e trovoadas.

Agnes Lam “A curto prazo, as autoridades devem dar resposta à situação actual das escolas de ensino especial com terrenos insuficientes e em localizações inconvenientes, e tomar medidas específicas de forma a resolver este problema.”

Cuidar do futuro Pedidos melhores transportes e localizações de escolas de educação especial

A

GNES Lam mostrou-se preocupada com os transportes para aceder a escolas de ensino especial, e a sua integração no projecto “Obra de Céu Azul”. Em interpelação escrita, a deputada recordou que as autoridades revelaram que a criação de escolas na zona do canídromo vai continuar a ser estudada. O Governo anterior tinha indicado que o campo ia servir para quatro estabelecimentos de ensino, um deles de ensino especial. A deputada afirmou que vários pais de crianças com necessidades especiais consideram que a localização e os transportes para as escolas de ensino especial em Macau deixam muito a desejar. E que a necessidade de andar a pé para chegar ao local da escola, mesmo depois de se sair da paragem de autocarro faz com que os estudantes, bem como os pais, fiquem “inevitavelmente sobrecarregados física e mental-

mente”. “Como a localização das escolas de educação especial em Macau é relativamente remota, as autoridades vão tentar melhorar os transportes tanto quanto possível, para assegurar fácil acessibilidade quando as aulas recomeçarem?”, questionou. No seu entender, “não devem ser ignoradas” as necessidades destes estudantes no âmbito do projecto “Obra de Céu Azul”. A deputada apela para que a longo prazo se reservem terrenos onde se coloquem escolas de ensino especial e se planeiem novos locais onde a política possa ser adoptada. “A curto prazo, as autoridades devem dar resposta à situação actual das escolas de ensino especial com terrenos insuficientes e em localizações inconvenientes, e tomar medidas específicas de forma a resolver este problema”, defendeu. O projecto “Obra de Céu Azul” teve início em 2016, e previa-se que fosse implementado no prazo de 15

a 20 anos. O objectivo do Governo era encontrar uma solução para as escolas que funcionavam em edifícios integrados em pódios de prédios, mudando-as para locais mais apropriados.

CALENDÁRIO LEGISLATIVO

Além disso, a deputada considera que a legislação que regula a educação especial, aplicada há mais de 20 anos, não foi adaptada à situação dos últimos anos. E explicou que depois de ter havido uma consulta pública sobre um novo regime educativo especial em 2015, houve uma pausa de cinco anos, apelando às autoridades que expliquem o ponto de situação actual e o calendário previsto para a revisão do sistema. “Quando pode ser submetido ao Conselho Executivo para começar o processo legislativo?”, questionou. S.F. e N.W.

CHCSJ Visitas diárias regressam entre as 18 e as 20 horas

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) decidiram reduzir as restrições de acesso dos utentes a alguns serviços do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). De acordo com um comunicado, desde ontem que são permitidas visitas a doentes internados entre as 18h e as 20h, mas, ainda assim, com regras, uma vez que só será permitida a entrada de duas pessoas de cada vez. Permanece proibida a entrada de bebés e crianças. Desde ontem que a porta do rés-do-chão do Edifício de Consulta Externa do CHCSJ está aberta ao público. Mantém-se a obrigatoriedade do uso de máscara para todas as pessoas, a medição da temperatura corporal e a apresentação do código de saúde de Macau para entrar em todas as instalações dos Serviços de Saúde. No que diz respeito aos centros de saúde e postos de saúde foram reactivados todos os serviços.


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