Meter água
Após anos de atrasos e rios de dinheiro gastos, mais de 109 mil milhões de patacas, a Estação Elevatória do Porto Interior vai deixar, a longo prazo, de dar resposta às inundações. A denúncia e um mar de críticas ao Governo chegam do Comissariado de Auditoria que lamenta a ausência de rigor em todo o processo que fez com que a infraestrutura seja apenas “um alívio de curta duração”.
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www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 12 DE JUNHO DE 2023 • ANO XXI • Nº5268 PÁGINA 4 CHINA | HONDURAS OS MELHORES CUMPRIMENTOS AVIAÇÃO
É DE TODOS 10 DE JUNHO DIA DA HARMONIA
DA LÍNGUA PÁGINAS 10-11 PÁGINA 2 PÁGINA 3 PÁGINA 5 PUB. EXPOSIÇÃO NASCIDOS DO LIXO EVENTOS
JARDINS DA CHINA Cláudia Ribeiro
O CÉU
PORTUGUÊS TRAVÕES
hojemacau
AVIAÇÃO GOVERNO QUER LIBERALIZAR COM VISTA À INTERNACIONALIZAÇÃO
O céu não pode esperar
Macau quer liberalizar gradualmente o mercado da aviação civil, com vista à internacionalização do transporte aéreo do território, disse o presidente da Autoridade de Aviação Civil (AACM), na apresentação da nova lei para o sector
OConselho Executivo (CE) concluiu a discussão do novo regime jurídico para a aviação civil, que segue agora para apreciação da Assembleia Legislativa.
“A proposta de lei adequa-se à nova política do Governo da RAEM. Vamos tentar liberalizar pouco a pouco o serviço e, por sua vez, reforçar a internacionalização do serviço aéreo de Macau”, disse, em conferência de imprensa, o presidente da AACM, Pun Wa Kin.
Em Outubro de 2020, a concessão da Air Macau, que se encontra em regime de exclusividade há quase 28 anos, foi estendida até Novembro
AMBIENTE RON LAM PERGUNTA POR TERRENO DESTINADO A RECICLAGEM
de 2023. Na altura, o Governo prometeu abrir o mercado de transporte aéreo de Macau após o final da concessão.
Através do Aeroporto Internacional de Macau é possível voar apenas para o continente asiático, sendo que a maioria dos destinos encontra-se na China.
“Com vista a implementar gradualmente a política de abertura do mercado de aviação civil, o Governo da RAEM pretende autorizar, através da emissão de licenças, a criação de mais companhias aéreas com base na RAEM”, explicou durante o encontro com os jornalistas o porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong Weng Chon.
As empresas que pretendam exercer a actividade de transporte aéreo comercial de passageiros “têm de obter uma licença de actividade, devendo ser sociedades anónimas legalmente constituídas na RAEM”, notou André Cheong. Além disso, continuou o responsável, essas empresas devem ter em Macau “o seu principal local de negócios” e têm de demonstrar “ter idoneidade, capacidade técnica e solidez financeira, para garantir que possam cumprir as suas obrigações legais e as resultantes da licença”.
Quadros qualificados
Além deste novo diploma, que o Governo quer ver aprovado ainda este ano, antes
do término da licença da Air Macau, o CE concluiu ainda a discussão do projecto de regulamento administrativo para a captação de quadros qualificados, que vai estabelecer os procedimentos de candidatura e de apreciação e aprovação dos programas de captação de talentos.
Um outro regulamento ligado a este regime, que vai ajustar a organização e funcionamento da Comissão de Desenvolvimento de Quadros Qualificados, também recebeu luz verde do órgão.
O Conselho Executivo concluiu ainda a discussão dos regimes jurídicos da Universidade Politécnica de Macau e do Instituto de Formação Turística de Macau.
Odeputado
Ron Lam pediu ao Governo um ponto de situação sobre instalação de um centro de reciclagem no aterro destinado à reciclagem de materiais de construção, na Taipa (Avenida do Aeroporto).
Numa interpelação escrita, o deputado recordou que a designação de um terreno para processar a reciclagem de resíduos constou do relatório das Linhas de Acção Governativa para o Ano Financeiro de 2019, e nunca mais conheceu avanços. Ron Lam apontou ainda que o terreno no aterro para resíduos de materiais de construção teria área de 15 mil metros quadrados para o pré-tratamento de papel, plástico e metal antes da exportação.
A urgência na execução do projecto foi justificada pelos dados
revelados pelo relatório sobre o estado do ambiente de Macau que indicou que, nos últimos dez anos, a taxa de reciclagem apenas chegava a 20 por cento. Além disso, com a progressiva restrição de entrada de resíduos sólidos no Interior da China, que foi proibida completamente em 2021, Ron Lam defendeu a necessidade de o Governo dar prioridade à reciclagem no território. Ron Lam também pediu um ponto de situação sobre a construção do terminal marítimo para o transporte de materiais reciclados e para as instalações de pré-tratamento para os resíduos de produtos eléctricos, garrafas de vidro e outros materiais reciclados mencionados no planeamento de gestão de resíduos sólidos de Macau. N.W.
FÓRUM MACAU COLÓQUIO REALÇA PAPEL DAS PME
OCentro de Formação do Fórum
Macau organizou o “Colóquio sobre Empreendedorismo e Liderança de Pequenas e Médias Empresas (PME) para os Países de Língua Portuguesa (PLP)”, em parceria com a Universidade da Cidade de Macau.
No evento, que se realizou na sexta-feira no Centro de Convenções e Entretenimento da Torre de Macau, o secretário-geral do Secretariado
Permanente do Fórum de Macau, Ji Xianzheng, sublinhou que “as PME são uma força fundamental para a promoção do empreendedorismo e da inovação, expansão do emprego e a melhoria do bem-estar das populações”.
O responsável apontou que o evento teve como objectivo apresentar a experiência da China na economia digital, na inovação, empreendedorismo e na construção de cidades inteligentes.
Este foi o primeiro colóquio presencial organizado pelo Centro de Formação do Fórum de Macau no período pós-pandémico, e decorreu entre 29 de Maio e 10 de Junho. O evento “contou com a participação de 14 formandos, designadamente funcionários públicos, técnicos e empresários” oriundos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
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J.L.
‘‘Com vista a implementar gradualmente a política de abertura do mercado de aviação civil, o Governo da RAEM pretende autorizar, através da emissão de licenças, a criação de mais companhias aéreas com base na RAEM.”, André Cheong porta-voz do Conselho Executivo
10 DE JUNHO HO IAT SENG DESTACA “IMPORTANTE PAPEL” DA COMUNIDADE PORTUGUESA
Amigos para sempre
O Chefe do Executivo realçou o papel da comunidade portuguesa enquanto “parte importante da sociedade de Macau”. No discurso no Dia de Portugal, o Chefe do Executivo vincou “a tradição de excelência da coexistência harmoniosa” das comunidades portuguesa e chinesa e desejou que a amizade entre os dois povos “perdure para sempre”
“OGoverno da RAEM reconhece plenamente o importante papel da comunidade portuguesa, e irá desenvolver as suas acções no estrito cumprimento da Lei Básica e continuar a propiciar melhores condições em prol do bem-estar de todos os residentes de Macau, incluindo da comunidade portuguesa”, afirmou Ho Iat Seng no discurso por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se celebrou no sábado.
O Chefe do Executivo referiu que a 10 de Junho “é um importante dia de emoção e identidade nacional para o povo português e para as co-
munidades portuguesas em todos os cantos do mundo”, e um “dia que simboliza a história longínqua e a cultura brilhante de Portugal”.
Enaltecendo a longa história que liga Macau a Portugal, o governante apontou que o “profundo intercâmbio das culturas
chinesa e portuguesa é uma vantagem singular e um alicerce importante para o desenvolvimento de Macau”. Por isso, garantiu que
Estamos no tempo certo
Secretário de Estado aponta momento para retoma de diálogo
o Governo da RAEM está empenhado em “continuar a potenciar a tradição de excelência da coexistência harmoniosa das diferentes comunidades e culturas, e a empenhar esforços conjuntos em prol da prosperidade e progresso de Macau”.
Características únicas
No discurso proferido na recepção comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas realizada na Escola Portuguesa de Macau, Ho Iat Seng vincou que desde o estabelecimento da RAEM tem sido prestada “a maior importância à cooperação com Portugal”, enquanto ferramenta essencial para desempenhar o “papel singular e importante no inter-
câmbio amistoso da China com Portugal e com os países de língua portuguesa”.
O Chefe do Executivo salientou que o “profundo intercâmbio” das culturas chinesa e portuguesa em Macau é vantajoso para a participação da RAEM na construção de “Uma Faixa, Uma Rota”, da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Além disso, constitui “um alicerce importante para a construção de “um Centro, uma Plataforma, uma Base” e disponibiliza recursos culturais valiosos para promover a estratégia da diversificação adequada da economia “1+4”.
Com a entrada do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ “numa nova era”, Ho Iat Seng mostrou-se “convicto de que, com o forte apoio do Governo Central e em conjugação de esforços com a população, incluindo a comunidade portuguesa, Macau terá um desenvolvimento socioeconómico ainda melhor e uma multiculturalidade mais diversificada”.
Por fim, o Chefe do Executivo endereçou votos para que a amizade entre a China e Portugal, e entre os dois povos, perdure para sempre. João Luz
Osecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros André Moz Caldas, que representou o Governo português em Macau nas comemorações do 10 de Junho, indicou que chegou o momento de reatar e aprofundar o diálogo entre Portugal e a RAEM.
“Este é o momento, após uma pandemia que a todos afectou duramente, para retomar o diálogo a todos os níveis, que a recente visita de vossa excelência [Chefe do Executivo] a Portugal e a minha a Macau são exemplo, repondo a normalidade e trabalhando em conjunto para uma rápida e sustentável recuperação socioeconómica”, afirmou o representante português, referindo-se a Ho Iat Seng. André Moz
Caldas realçou as relações próximas e históricas entre Portugal e China, “baseadas no respeito mútuo, no reconhecimento das diferenças e na vontade de cooperar para construir consensos e parcerias mutuamente benéficas”. No discurso proferido na Escola Portuguesa de Macau, durante a recepção à comunidade no dia 10 de Junho, o representante do Governo de António Costa sublinhou a disponibilidade de Portugal para colaborar com Macau na construção da plataforma de ligação aos países de língua portuguesa, “num quadro de bom entendimento e respeito mútuo”. Neste quadro, André Moz Caldas destacou o papel principal que a Escola Portuguesa de Macau desempenha. “Apraz-me
registar que as autoridades de Macau reconhecem o valioso contributo que prestou nos últimos 25 anos, estando disponíveis para apoiar a resolução dos seus principais problemas de infra-estruturas que são consequência da elevada procura. Paralelamente, devemos continuar a trabalhar para manter o projecto pedagógico da escola”, apontou o secretário de Estado, citado pelo Canal Macau da TDM.
Cumprir o destino
Além da participação nas celebrações do 10 de Junho, André Moz Caldas reuniu com Ho Iat Seng. “Falámos, fundamentalmente, dos temas da língua e da cultura portuguesa. Muito em particular nas dimensões relativas ao ensino,
ao funcionamento das instituições que continuam a colaborar na presença da cultura e língua portuguesa na RAEM, revelou o secretário de Estado.
O representante do Governo português referiu ainda que Portugal, enquanto estado-membro fundador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, valoriza a posição de Macau como plataforma de ligação aos países de língua portuguesa. “Acreditamos que esta decisão constitui um reconhecimento do valor da identidade e das características específicas de Macau e uma plataforma de afirmação da importância deste território na cultura, turismo, ciência e na própria economia da Grande Baía e da Ásia”, declarou. J.L.
COOPERAÇÃO CHEFE DO EXECUTIVO REUNIU COM CÂMARA LUSO-CHINESA
NO passado sábado, Dia de Portugal, De Camões e das Comunidades Portuguesas, Ho Iat Seng recebeu na Sede do Governo uma comitiva da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, liderada pelo seu secretário-geral Bernardo Mendia.
Reiterando a “boa base de cooperação entre Macau e Portugal, o Chefe do Executivo apontou ao aprofundamento da cooperação e contacto entre o Governo da RAEM e a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, com o intuito de promover juntos de empresas dos países de língua portuguesa as oportunidades de negócio em Macau e
Hengqin. O Chefe do Executivo realçou a posição vantajosa da câmara de comércio no reforço da cooperação económica e comercial e do desenvolvimento de Macau, da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin e da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
Por sua vez, Bernardo Mendia apontou que, “apesar da área geográfica de Macau ser pequena, a cidade tem uma posição importante e um conjunto de vantagens singulares para desempenhar o papel de ponte de ligação entre a China e os países de língua portuguesa”. J.L.
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O Chefe do Executivo endereçou votos para que a amizade entre a China e Portugal, e entre os dois povos, perdure para sempre
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LUSA
CONSTRUIR a Estação Elevatória do Norte do Porto Interior para travar as inundações, constantes na zona, custou aos cofres públicos mais de 109 mil milhões de patacas. No entanto, a infra-estrutura “certamente veio aliviar o problema das inundações no Porto Interior”, mas trata-se de “um alívio de curta duração, pois, a longo prazo, deixará de dar resposta”.
Esta é uma das conclusões do relatório do Comissariado de Auditoria (CA) sobre o processo de construção da Estação Elevatória, divulgado na sexta-feira. A obra em questão começou a ser pensada pelo então Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), hoje Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), em 2010. Contudo, houve atrasos no projecto e só em Maio de 2018 se deu a abertura do concurso público. A obra ficou concluída em 2021 e, mesmo assim, não conseguiu evitar a ocorrência de inundações a 1 de Junho desse ano.
O IAM analisou as razões para tal, concluindo que “os níveis estabelecidos para activar e desactivar as bombas não estavam devidamente ajustados”, além de que “a rede de drenagem antiga não tinha capacidade para aguentar o volume de água gerado pelos aguaceiros”, tendo ocorrido “acumulação de águas vindas de outras zonas”.
O CA apurou ainda que “na fase inicial dos aguaceiros – quando a precipitação era fraca – a velocidade de escoamento das águas para a box-culvert era mais baixa do que a velocidade da condução destas à rede de drenagem”. Além disso, na fase em que “as águas não tinham ainda atingido o cimo da box-culvert, já o pavimento estava inundado”.
Perante este facto, o CA lamenta os gastos de dinhei-
CA / PORTO INTERIOR ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DEIXARÁ DE DAR RESPOSTA
Por água abaixo
O Comissariado de Auditoria considera que a Estação Elevatória do Norte do Porto Interior “deixará de dar resposta” na prevenção de inundações, lamentando o ineficaz gasto de dinheiros públicos, os atrasos, as falhas de comunicação e ausência de rigor da parte do Governo
rede de drenagem aquando da apreciação posterior do projecto”.
O relatório acusa, portanto, os dois organismos de não projectarem a obra “de forma rigorosa”, pois, em conjunto com o Instituto Cultural, foram necessários “vários anos para chegar a um consenso sobre a localização da obra”, o que “afectou o cumprimento dos prazos inicialmente previstos, impediu que o problema das inundações fosse solucionado de forma célere e afectou o alcance dos resultados pretendidos com a obra”. Houve, assim, “falta de cooperação e comunicação entre o IACM e a DSSOPT, e falta de coordenação e zelo na concepção da obra”.
Promessas e justificações
ro público, pois “projectos de infra-estruturas implicam avultados investimentos” e “a ocupação prolongada da via pública, causando impacto no quotidiano da população”. “As referidas
infra-estruturas complementares apenas ajudam a aliviar os problemas a curto prazo, mas não a longo prazo, por outras palavras, esta rede não vai ser capaz de fazer face às necessidades que advirão com o desenvolvimento dessa zona”, lê-se ainda.
No total, entre 2008 e 2020 o Governo gastou 1,47 mil milhões de patacas com a prevenção e controlo das inundações na zona do Porto Interior.
Falta de consensos
O relatório descreve ainda falhas no diálogo entre o então IACM e a então Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), hoje Direcção dos
Serviços de Obras Públicas (DSOP). Na prática, o IACM não pediu parecer à DSSOPT, apresentando o projecto de construção da Estação Elevatória apenas para aprovação e falhando na apresentação de documentação que servia de prova aos atrasos na obra.
O CA aponta que cabia à DSSOPT avaliar o período de retorno da rede de drenagem nesta infra-estrutura. Este organismo, “apesar de ter conhecimento, em 2012 e 2017, através de dois relatórios, de que era recomendável a adopção do período de retorno de 20 anos para a rede de drenagem do Porto Interior, além de não ter remetido os referidos relatórios ao
IACM, também não apresentou qualquer opinião sobre a adopção do período de retorno de 10 anos para a
O CA lamenta os gastos de dinheiro público, pois “projectos de infra-estruturas implicam avultados investimentos” e “a ocupação prolongada da via pública, causando impacto no quotidiano da população”
A DSOP disse, entretanto, “respeitar” o conteúdo do relatório, prometendo “reforçar a comunicação e coordenação interdepartamental, cumprir as suas atribuições de forma prudente e promover activamente os trabalhos de gestão cooperativa entre os serviços”. Sobre a prevenção de inundações, a DSOP referiu apenas que têm sido seguidos os padrões definidos no “Plano decenal de prevenção e redução de desastres em Macau (20192028)”.
Por sua vez, o IAM explicou que a Estação Elevatória foi projectada “com base na intensidade de precipitação de uma ocorrência para o período de 10 anos, tendo em conta a quantidade de água pluvial que podia ser recolhida naquela zona”. O organismo rejeita falhas na eficácia, apontando que a infra-estrutura de box-culvert e a estação elevatória de água pluvial “têm uma capacidade de drenagem superior a uma ocorrência para o período de 10 anos, pelo que podem responder eficazmente às necessidades da zona em termos de drenagem em dias de chuva ou em dias de chuva intensa”. Andreia Sofia Silva
AUDITORIA RELATÓRIO INDICA QUE FUNDO DE DESPORTO DEU DINHEIRO DE FORMA DISCRICIONÁRIA
O Comissariado de Auditoria (CA) divulgou, também esta sexta-feira, um outro relatório sobre a atribuição de subsídios pelo Fundo do Desporto (FD) a 57 associações locais, entre 2018 e 2021, para a prática de eventos desportivos, no valor
total de 137 milhões de patacas. Verificou-se, assim, que o FD não fez um “controlo eficaz da concessão de apoios financeiros”, tendo ocorrido “uma enorme discricionariedade na condução dos procedimentos de apoio financeiro, tendo havido casos
em que foram atribuídos apoios financeiros a mais”.
O FD, segundo o CA, “não elaborou regras para orientar os procedimentos de atribuição dos apoios”, tendo-se verificado uma situação de “laxismo nos trabalhos de fiscalização” de -
vido “à passividade do pessoal dirigente” do FD e “deficiência dos mecanismos de controlo, que deviam ter sido aprovados pelo órgão competente”. O CA exige que o FD faça as devidas correcções de procedimentos, uma vez que “serão realizados
grandes eventos desportivos em Macau”, detendo, neste contexto, “uma posição de enorme responsabilidade”.
Em resposta, o FD refere respeitar o conteúdo do relatório, prometendo rever procedimentos de atribuição de dinheiros públicos.
RÓMULO SANTOS 4 sociedade www.hojemacau.com.mo
A infra-estrutura “certamente veio aliviar o problema das inundações no Porto Interior”, mas “é um alívio de curta duração, pois, a longo prazo, deixará de dar resposta”
RELATÓRIO DO CA
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PORTUGUÊS ELOGIADOS NOVOS CURSOS DE QUATRO ANOS
Ovice-director da Escola
Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, José Wong Chang Chi, considera que os novos cursos de português anunciados pelo Governo na semana passada podem constituir uma grande ajuda na formação dos alunos interessados em ingressar no ensino superior em Portugal.
Em declarações ao jornal Ou Mun, José Wong afirmou que nos últimos tempos era normal que os alunos que queriam prosseguir os estudos em Portugal precisassem de frequentar um curso de português durante um ano depois de completo o ensino secundário, formação que ainda assim não conferia a conhecimentos suficientes aos jovens. No entanto, o responsável entende que os novos cursos de quatro anos, frequentados em paralelo durante o ensino secundário, abrem a possibilidade de os alunos escolherem as universidades preferidas em Portugal segundo as normas europeias. Outra vantagem, é que desta forma não precisam gastar um ano adicional para frequentar o curso português. A ex-deputada e presidente da Associação de Educação de Macau, Chan Hong, indicou que os novos cursos podem ajudar a colmatar a falta de quadros qualificados bilingues no território, além de serem uma saída profissional para jovens licenciados em cursos focados na língua portuguesa. N.W.
Covid-19 Registados 86 novos casos no sábado
O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus registou, no sábado, a ocorrência de 86 novos casos de covid-19, sendo que um deles levou ao internamento no Centro Hospitalar Conde de São Januário. Não houve registos de casos mortais, mas sim de uma situação grave. Trata-se de um homem de 51 anos com antecedentes de doenças crónicas que não estava vacinado contra a covid. O homem tem estado ligado a um ventilador.
Entrava línguas
Por todo o mundo onde existem comunidades portuguesas persistem desafios para que os filhos de emigrantes aprendam a língua nativa dos pais. No caso de Macau, mesmo com a oferta lectiva existente e a presença de uma escola portuguesa, ensinar o português tamb é m não é tarefa fácil
Amanutenção o português como uma das línguas mais faladas do mundo exige que os filhos dos emigrantes aprendam o idioma, uma batalha nem sempre fácil para os pais, num contexto de grande pressão das línguas de acolhimento.
Ricardo, em Macau, admite o falhanço de ensinar português ao filho mais novo.
“Não consegui que os meus descendentes aprendessem português. Isto é como um ponto final no português na minha família”, desabafa Ricardo Xavier, 45, que nasceu em Macau e hoje usa o português apenas por obrigação no trabalho, no Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).
O filho mais novo nasceu em 2010, pós-transição, em que “a língua portuguesa era vista com
alguma insegurança, dúvidas e interrogações para o futuro”, salienta Xavier, licenciado em Administração Pública, que lamenta hoje os erros cometidos.
E, “por isso decidimo-nos pela educação em chinês do meu filho”, que “só teve contacto com o português na escola”, mas “tinha pouco interesse na aprendizagem do português quando tentava ensinar-lhe. At é arranjei um professor para dar explicações, mas desistiu por falta de interesse”.
Susana Diniz é fundadora um centro de explicações em Macau e é mãe de Suri, com oito anos, que está “mais familiarizada com o inglês e o português aparece sempre em segundo plano como forma de comunicação”.
Apesar disso, “não é de todo uma preocupação para nós esta preferência dela, visto que sabemos que está ambientada com ambas as línguas. Por outro lado, pensamos que na escola em que está, o intercâmbio cultural é maior do que se estivesse na
“Decidimo-nos pela educação em chinês do meu filho”, que “só teve contacto com o português na escola”, mas “tinha pouco interesse na aprendizagem do português quando tentava ensinar-lhe.”
escola portuguesa” de Macau, salienta.
O caso francês
Se em Macau a batalha é difícil, o mesmo se passa noutros locais, como é o caso da França, um país que, segundo as autoridades portuguesas, tem cerca de 14 mil alunos a aprenderem a língua no ensino obrigatório e há 102 professores colocados pelas autoridades portuguesas em diferentes pontos.
“Há casos onde não há continuidade e somos contactados pelos pais e sabemos que há muitos alunos que se perdem depois da primária e podemos fazer essa correlação, porque não os temos no ensino básico. Há muitas recusas porque os directores têm de distribuir as horas pelas línguas que têm mais inscrições e quando não há alunos, fecha-se», explicou Annabella Simões, professora de português no liceu Montaigne, em Paris, e vice-presidente da Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses (ADEPBA) que este ano celebra 50 anos.
Segundo a professora, há um certo desinteresse da comunidade em relação ao português, não sendo muitas vezes possível constituir turmas devido à falta de inscrições de alunos, por outro lado, a língua portuguesa desperta cada vez mais interesse: “temos cada vez mais procura de pais que nem têm origens portuguesas. Claro que no início da emigração portuguesa, havia mais alunos cujos pais eram portugueses, mas hoje há muitos mais alunos cujos pais são franceses ou têm outras origens”.
Aulas ao sábado
Em França, encontrar aulas depende acima de tudo do local de onde os pais moram. Sandra Canivet da Costa, lusodescendente que vive em Bourges, contou que os filhos, “que hoje têm 14 e 16 anos, andavam na escola primária e não conseguiram aceder a estas aulas. Recebi o questionário, disse que queria esta opção, mas nunca deu em nada, disseram-me que não havia professor”.
Na Escócia, o cenário não é diferente de França e o inglês, como língua franca, constitui uma dificuldade adicional para que os mais novos gostem de português. Para Sandra Nabais, a rotina não acaba à sexta-feira porque todos os sábados faz 50 quilómetros entre Kirkaldy e Edimburgo para o filho de 11 anos poder frequentar as aulas de língua portuguesa.
“O João tinha cinco anos quando chegou à Escócia e durante os primeiros tempos chegavam as conversas que tinham em casa, mas com o início da escolaridade “começou a ser complicado”, recorda a mãe. “Em dez palavras cinco eram em português, cinco eram em inglês”.
sociedade 5 www.hojemacau.com.mo
EMIGRANTES FILHOS NÃO APRENDEM O IDIOMA DOS PAIS
XAVIER LICENCIADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
segunda-feira 12.6.2023
CREATIVE MACAU ESCULTURAS DE TCHUSCA SONGO PARA VER A PARTIR DE QUINTA-FEIRA
Arte reciclada
MEDIA EXPOSIÇÃO DE ALUNOS DA USJ NO ALBERGUE
Éhoje inaugurada, às 19h, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, no bairro de São Lázaro, a exposição «Better Together”, com trabalhos dos alunos do mestrado de Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ). O evento inclui também a realização de uma aula aberta. As disciplinas do mestrado incluem “Produção de Media Audiovisual”, “Marketing e Comunicação Corporativa”,
“Criatividade Sistemática e Empreendedorismo”, “Media, Sociedade e Cultura”, “Infografia e Design de Multimídia, Relações Públicas e Gestão de Eventos”, bem como “Ética e Cidadania
Global e Cultura Visual”. Os alunos de mestrado compartilharão os resultados da sua aprendizagem com os trabalhos mais importantes do seu portfólio.
A USJ tem como lema “Tradição, Inovação e Visão”, e o
Annecy Cinema português de animação em competição
seu programa de mestrado em Comunicação e Media inclui tópicos técnicos e práticos, da produção audiovisual à tecnologia de publicação digital on-line, e envolve todas as plataformas modernas, de meios impressos e redes sociais.
O curso também aborda temas sobre como lidar com os media, e a cultura e as inter-relações entre diferentes instituições sociais.
O festival de cinema de animação de Annecy, que começou ontem, em França, conta com várias produções portuguesas em competição, entre as quais “Catisfaction”, de André Almeida, e “Sr. Passageiro”, de Zepe. De acordo com a programação anunciada, na competição oficial de curtas-metragens está “Catisfaction”, produzido e realizado por André Almeida, feito em 3D, sem diálogos, entre o real e o onírico, sobre um homem e o seu gato. Na
mesma competição estão duas coproduções portuguesas pela Cola Animation, de Bruno Caetano: “L’Ombre des papillons”, de Sofia El Khyari, de desenho sobre papel, e “Telsche”, de Sophie Colfer e Ala Nunu. Na competição de filmes “Off Limits” está “Motus”, curta-metragem experimental em ‘stop motion’ de Nelson Fernandes, enquanto na competição de filmes para televisão está o realizador José Pedro Cavalheiro com “Sr. Passageiro”, uma série para
crianças, com argumento de Regina Guimarães e produção da Ocidental Filmes. O festival de cinema, que é um dos mais importantes para o cinema de animação, é este ano dedicado ao México e termina no dia 17.
6 eventos 12.6.2023 segunda-feira www.hojemacau.com.mo
A galeria da Creative Macau acolhe, entre esta quinta-feira e 15 de Julho, uma exposição de esculturas da artista angolana Tchusca Songo, intitulada “Rainbow in Disguise”. Trata-se de peças feitas a partir de objectos encontrados na praia de Hac-Sá, em Coloane, perdidos em contexto de tufões
INTITULADA “Rainbow in Disguise”, a nova exposição da artista angolana Tchusca Songo apresenta-se ao público de Macau a partir da próxima quinta-feira na Creative Macau. As esculturas que se revelam nesta mostra nascem de um conceito de reciclagem e reutilização, uma vez que Tchusca criou as suas obras a partir de objectos encontrados na praia de Hac-Sá, nomeadamente plástico, garrafas, sapatos e outros bens deixados por residentes e turistas. Incluem-se ainda no rol de materiais usados pela artista as redes de pesca ou a esferovite.
As esculturas que se revelam nesta mostra nascem de um conceito de reciclagem e reutilização, uma vez que Tchusca criou as suas obras a partir de objectos encontrados na praia de Hac-Sá
Grande parte destes materiais surgem na praia devido aos tufões que assolam o território ou que simplesmente são deixados no areal. “Transformo estes materiais em objectos de arte chamando a atenção para as ideias de ‘Reutilizar, Reciclar e Reduzir’, três acções que são ainda um tema muito obscuro em Macau”, defendeu a artista.
O trabalho de Tchusca Songo foi apresentado numa mostra organizada neste ano lectivo na Escola Internacional de Macau, intitulada “O teu desperdício é a
minha inspiração”. “Um dos trabalhos expostos não tinha título e era uma instalação feita com brinquedos que recolhi quase diariamente na praia de Hac-Sá. Para dar um nome ao trabalho, foi organizado um concurso entre os estudantes no qual eu participei. Cada estudante podia dar um nome, e mais de 200 alunos participaram. A parte importante [deste processo] foi fazer os alunos parar por um momento e fazer com que percebessem o que estava verdadeiramente à sua frente - plástico abandonado na praia de Hac-Sá.” Um dos alunos, de nome Kuai Sang, apresentou o nome “Rainbow in Disguise”,
que daria origem a esta exposição na Creative Macau.
Envolvimento na comunidade Nascida na cidade de Cabinda, em Angola, em 1978, a artista veio
“Transformo estes materiais em objectos de arte chamando a atenção para as ideias de ‘Reutilizar, Reciclar e Reduzir’, três acções que são ainda um tema muito obscuro em Macau”, defendeu a artista
para Macau em 2006, onde se licenciou em Design de Produto na Universidade de São José em 2012. Desde então que reside e trabalha no território, tendo participado em exposições com obras feitas com diversos materiais, fotografia e joalharia, entre outros.
Em 2018, o seu trabalho foi especialmente notado por parte do júri da exposição “Anno Cannis”, que contou com a presença de diversos artistas locais. Também aí as temáticas do ambiente e da reciclagem do lixo foram predominantes nos trabalhos apresentados. Desde então que a artista tem sido convidada por associações locais para desenvolver trabalhos dentro do mesmo tema para diversas actividades e exposições. A.S.S.
SENEGAL CERCA DE 200.000 ARQUIVOS HISTÓRICOS DESTRUÍDOS DURANTE PROTESTOS
OS confrontos no Senegal entre os manifestantes do líder da oposição e as forças de segurança atingiram o tesouro cultural do país, com a destruição de pelo menos 200.000 documentos do arquivo histórico da Universidade Cheikh Anta Diop. O documentalista da universidade, Abduramane Kunta, confirmou ao portal de notícias Senego, os danos
nos arquivos do centro de Dacar, capital do país, enquanto as autoridades consultadas pelos meios de comunicação social estimam que a destruição dos documentos ascende a milhões de euros, num acto bárbaro que destruiu «o templo do conhecimento» do Senegal, um dos epicentros dos protestos.
Os arquivos da universidade incluíam documentos
que datavam de 1957 a 2010. Os arquivos destruídos são principalmente fichas de inscrição de estudantes, fotografias, certidões de nascimento, boletins e teses.
O líder da oposição, Ousmane Sonko, foi condenado na semana passada por “corrupção de menores”, no âmbito de um processo por alegada violação e ameaça de morte de uma mulher,
acusações das quais acabou por ser absolvido.
O processo contra Sonko por alegada violação foi aberto em Março de 2021, quando a detenção do líder da oposição levou a protestos dos seus apoiantes que também resultaram em 16 mortes de acordo com a Amnistia Internacional, cerca de 400 feridos e danos materiais consideráveis.
eventos 7 segunda-feira 12.6.2023 www.hojemacau.com.mo
Jardins da
EM FRENTE ao Dagoba Branco encontra-se o Templo Yong’an. Cruzando a Ponte Zhishan avista-se o cenário da margem leste onde se encontram vários jardins independentes, como o acima mencionado Jardim do Ribeiro Hao Pu, criado em 1757 pelo imperador Qianlong. Outro destes jardins é o Estúdio do Coração em Sossego que foi construído na dinastia Ming e ampliado na dinastia Qing. quando membros da realeza ali costumavam descansar ou estudar. Ostenta um jogo de montanha e água, dando a impressão de um vale afastado do mundo e dos seus dissabores, com palácios magníficos, corredores, pavilhões, torres, colinas artificiais e rochas e pedras de formas estranhas.
A sudoeste do Muro dos Nove Dragões encontra-se o Pavilhão dos Cinco Dragões, na verdade cinco pavilhões ligados entre si.
o Antigo Palácio de Verão, era cinco vezes maior do que a Cidade Proibida. Demorou duzentos anos a ficar completo, a ele se tendo dedicado vários imperadores: Kangxi, Yongzheng, Qianlong, Jiaqing, Daoguang e Xianfeng. As estruturas e cenários mais importantes foram nomeados pelos próprios imperadores.
No canto sudoeste do Parque avista-se outro jardim independente, a Cidade Circular. Tem uma área de 4500 metros quadrados e está cercado por uma muralha de cinco metros de altura. A construção mais importante é o Pavilhão Chengguang, de forma quadrada e coberto com azulejos amarelos, que abriga uma estátua preciosa de Buda de jade branco, proveniente da Birmânia. Infelizmente, as forças aliadas de oito potências estrangeiras invadiram e ocuparam Pequim em 1900 e saquearam a Cidade Circular, levando consigo vários tesouros e antiguidades.
O Jardim do Perfeito Esplendor 圆明园 Yuanmingyuan, também conhecido como
Tratava-se de um palácio de Verão constituído por três jardins, o Yuanmingyuan (Jardim do Perfeito Esplendor), o Changchunyuan (Jardim da Eterna Primavera) e o Qichunyuan (Jardim da Deslumbrante Primavera), na verdade extensos parques de lagos e de rios. Mais de cento e vinte locais cénicos eram jardins de menores dimensões interligados por uma rede de rios e de passagens que se expandiam gradualmente em direcção ao jardim principal, de tal maneira que dava a impressão de se caminhar em diferentes territórios de um espaço sem fim. Era por isso conhecido também como万园之园, “o jardim dos (dez mil) jardins”. Havia réplicas de seis paisagens do Lago Oeste de Hangzhou, como a Cascata de Jade para Ver os Peixes, o Pátio dos Lótus Dançantes, a Lua Reflectida nas Três Lagoas, os Sinos Tocando ao Anoitecer em Nanping, a Lua de Outono no Lago Tranquilo e os Papa-figos na Floresta de Salgueiros. Havia ainda réplicas do Jardim da Floresta do Leão e de uma rua comercial de Suzhou, do jardim Zhan de Nanquim e do Pequeno Lago Oeste em Yangzhou. Havia um museu imperial que abrigava uma colecção extraordinária de artefactos históricos e artísticos. E havia um grupo de estruturas no estilo ocidental com elementos chineses na forma e na decoração, construídas no reinado de Qianlong, como as Mansões Ocidentais, palácios e jardins no estilo barroco do séc. XVIII desenhadas por missionários ocidentais. Este jardim magnífico foi destruído e saqueado por forças francesas e inglesas em 1860 e dele apenas restaram ruínas, entre as quais um labirinto ao estilo ocidental que, devido às linhas rectas e à ausência de cenários para contemplar, desagradava aos chineses.
O Jardim do Palácio da Longevidade Tranquila 宁寿宫花园Ningshou gong huayuan, é um jardim no interior da Cidade Proibida de pequenas dimensões, apenas com cento e sessenta metros de comprimento e trinta e sete de largura. Foi projectado e mandado construir pelo Imperador Qianlong na década de 1770 e, como o nome indica, era um retiro para passar os seus últimos anos de vida. Constitui uma pequena mas opulenta súmula das técnicas tradicionais de construção de jardins e conta com vinte e sete pavilhões com interiores decorados, assim como quatro pátios, eles próprios com jardins ornamentais, além de grutas e velhas árvores. Entre os pavilhões encontra-se o Juanqinzhai (倦勤斋), ou Estúdio do Cansaço por Serviço Diligente, destinado ao gozo dos anos de reforma; um liubei ting (Pavilhão das Taças Flutuantes) chamado Pavilhão da Doação de Vinho no Pavilhão Xi Shang; e um teatro privado com milhares de pinturas murais trompe l’oeil concebidas pelo missionário jesuíta italiano Giuseppe Castiglione e executadas pelo seu assistente, Wang Youxue.
O parque da Mansão na Montanha para Escapar ao Calor, 避暑山庄 Bishushanzhuang, situa-se a duzentos e cinquenta quilómetros de Pequim, em Chengde, a antiga Jehol dos imperadores Qing, e servia como residência de Verão. A superfície aquática é muito vasta e conta com mais
de cento e dez edifícios. A construção começou com o imperador Kangxi em1702 e terminou em 1792 com Qianlong. Trata-se do mais extenso jardim imperial da China e é uma réplica em miniatura do “mundo sob o céu”. Combina harmoniosamente paisagens do norte e do sul da China e várias paisagens com pedras, além de ostentar cópias de templos chineses, tibetanos e mongóis. Recorre várias vezes ao jie jing, o empréstimo de paisagens em redor.
Os jardins privados
A partir da dinastia Han, os membros das classes altas foram construindo jardins cada vez mais elaborados. Do século IV d.C. em diante, a literatura e depois a pintura e os livros históricos mencionam um tipo de jardim de pequenas dimensões que pertencia a letrados, considerados um reflexo do seu bom gosto e elevação cultural e moral. No sul da China, em especial, o número de jardins privados foi aumentado a partir do séc. XII. Nas dinastias Ming e Qing, o Jiangnan tornou-se no centro dos jardins privados, devido ao clima temperado e ao solo rico em minerais, em água e em plantas, além de poder contar com uma sociedade rica e próspera.
Os jardins privados eram propriedade de letrados, oficiais da corte, terratenentes e comerciantes abastados. Os letrados pretendiam gozar de momentos de tranquilidade e socializar com amigos e artistas. Na dinastia mongol Yuan, os letrados Han evitavam exercer empregos oficiais e também se tornou mais difícil consegui-los. De acordo com o pensamento confucionista, quando não é possível servir os outros, há que nos cultivarmos a nós próprios de modo a servir os outros melhor numa oportunidade futura. Por outro lado, o taoísmo advogava a renúncia aos assuntos mundanos e o
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Cláudia (Continuação da
•Figura 37. O Pavilhão dos Cinco Dragões no Parque Beihai, Pequim. By Zandr4 - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia. org/w/index.php?curid=25472542
•Figura 38. A Cidade Circular no Parque Beihai, Pequim. By Powerhouse Museum from Sydney, Australia - The wall of Tuan Cheng (Circular City) in Beihai Park, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index. php?curid=51421610
•Figura 39. As ruínas de Yuanying guan (Observatório do Oceano Imenso) do Jardim do Perfeito Esplendor, Pequim, onde é possível ver elementos provenientes do Ocidente. By 颐园新 居 - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons. wikimedia.org/w/index.php?curid=20327421
•Figura 40. Ponte em ruínas no Jardim do Perfeito Esplendor, Pequim. By User:Vmenkov - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons. wikimedia.org/w/index.php?curid=10763068
•Figura 41. Mapa da dinastia Qing do parque da Mansão na Montanha para Escapar ao Calor, Chengde. By Guan, Nianci - This map is available from the United States Library of Congress's Geography & Map Divisionunder the digital ID g7824c.ct001844.This tag does not indicate the copyright status of the attached work. A normal copyright tag is still required. See Commons:Licensing., Public Domain,
da China
Ribeiro
edição anterior)
regresso à natureza. Assim, muitos letrados resolveram dedicar-se ao auto-cultivo e às artes, entre elas a arte dos jardins, locais de contemplação e actividades literárias onde também o convívio entre amigos era celebrado. Esta tendência manteve-se na dinastia Ming, época de grande prosperidade económica, de alfabetização crescente e de expansão da imprensa que tornou possível a emergência de uma nova classe de patronos educados. Na dinastia Ming, os jardins eram tão importantes que não era incomum o proprietário identificar-se com o seu jardim, adoptando como apelido ou pseudónimo o nome dele ou de um dos seus recantos. Procurava desse modo mostrar quem era e que tipo de valores abraçava.
Cansados de guerras, da política e dos deveres burocráticos, os oficiais desejavam libertar-se momentaneamente dos seus deveres ao mesmo tempo que afirmavam o seu estatuto na sociedade com a posse de um jardim privado. Por seu turno, os mercadores desejavam com eles ostentar a sua riqueza.
Construídos geralmente nas cidades ou nos seus arredores, os jardins privados eram quase sempre também locais de residência, com pavilhões para habitar, receber hóspedes, estudar e entreter. Distinguem-se pela construção primorosa e pelo estilo refinado.
Eivada de influências confucionistas e taoístas, dominava a construção destes jardins a estética dos letrados. Abominava-se a ostentação e venerava-se a simplicidade, a elegância e a afinidade com a natureza.
Dada a escala diminuta, os jardins privados requeriam grande engenho e criatividade por parte de quem os concebia. Eram pequenos mas tão tortuosos que levavam mais tempo a percorrer do que se suporia e, no final da visita, não se conseguia decifrar o plano e ficava-se com a sensação de que muita coisa escapara. Ou seja, criavam um efeito de labirinto sem o parecer, sem nada de um labirinto ocidental.
Recriavam-se macro cenas poéticas em micro-escala e tornava-se imprescindível recorrer à técnica de jie jing, tomar de empréstimo a paisagem distante como pano de fundo, de modo a evocar a sensação de grandeza. O jardim devia pontilhar-se de locais esconsos, recantos secretos e grutas, úteis no verão e associadas aos Imortais. Mas desses locais esconsos devia poder-se vislumbrar cenários longínquos. Uma outra prática era dividir o espaço em segmentos menores, mas sem nunca os separar totalmente, que permitiam o usufruto de uma vista panorâmica relativamente independente. Muros, paredes, corredores, colinas artificiais e árvores eram utilizados como divisórias. Nenhum deles deve ser muito alto e os muros, além de portas, ostentavam com frequência janelas por onde se podia vislumbrar o exterior.
Era mister praticar o bloqueio de cenas, pois considerava-se de extrema vulgaridade poder abarcar-se o jardim com um todo. De modo a preservar o elemento surpresa e dar largas à imaginação, criando uma experiência intensa de expectativa crescente, os diversos cenários deviam encontrar-se parcialmente ocultos e irem-se desdobrando à medida que o visitante caminhava. Ocultavam-se parcialmente os edifícios com trepadeiras ou outra vegetação. Era indispensável a presença do insólito e do inesperado e a aparência dos pavilhões também devia variar, podendo ser quadrados, oblongos, circulares, pentagonais, hexagonais, duplamente circulares, etc.
•Esquerda: Figura 42. Pavilhão semi-oculto por vegetação no Jardim Onde Permanecer, Suzhou. By kevinmcgill from Den Bosch, Netherlands - KAM_7601, CC BY-SA 2.0, https://commons. wikimedia.org/w/index.php?curid=31690189
•Direita:
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Empregavam-se largamente técnicas pictóricas na construção dos jardins. Dava-se preferência a paredes e muros brancos e a caligrafia e pintura monocromáticas. Não se escolhia vermelho vivo e dourado para a pintura de portas e janelas, como se vê nos jardins imperiais. Nem se usa tinta colorida em colunas e vigas nem telhas de cinco cores. As telhas são achatadas e de cor escura, as vigas castanhas e os tijolos cinzentos. Os bambús e demais vegetação, cuidadosamente escolhidos pelas suas formas e tons ricos de verde, eram plantados de modo a projectarem sombras escuras nas paredes brancas, num efeito yinyang
Como é do conhecimento geral, Suzhou é considerada actualmente a cidade-jardim da China. Todavia, nem sempre assim foi. Suzhou começou a ganhar essa fama apenas no final da dinastia Qing. A cidade-jardim era Yangzhou, mais ao norte, como atesta uma fonte do séc. XVIII: “Hangzhou é famosa pelos seus lagos e colinas, Suzhou é famosa pelas suas lojas e mercados, Yangzhou é famosa pelos seus jardins”. Considerados superiores ao de Suzhou, os jardins privados de Yangzhou foram, porém, destruídos por guerras na sua maioria. Hoje em dia, são os jardins privados de Suzhou os mais conhecidos e fazem parte do património mundial da UNESCO, entre eles o Jardim do Mestre das Redes (网师园 Wangshiyuan), da dinastia Song, o Jardim do Humilde Administrador (拙政园Zhuozhengyuan), o Jardim Onde Permanecer (留園 Liuyuan) e o jardim do Cultivo (艺圃 Yipu), da dinastia Ming, o Jardim da Floresta dos Leões (狮子林园Shezi linyuan), o Jardim da Mansão da Montanha com Beleza Abrangente (环秀山庄 Huanxiu shanzhuang), o jardim do Pavilhão da Grande Onda (滄浪 亭 Canglang ting), o Jardim do Casal (耦园 Ouyuan) e o Jardim do Retiro e da Reflexão (退思园Tuisi yuan). No norte, todavia, também se encontram jardins privados. O maior e mais bem preservado jardim privado do norte situa-se em Pequim e é o jardim da Mansão do Príncipe Gong, 恭王府Gong wang fu. Há quem defenda que serviu de modelo para o jardim 大观园 Daguanyuan (Jardim da Grande Vista), que vem descrito no capítulo XVII do célebre romance do séc. XVIII, O Sonho do Pavilhão Vermelho, da autoria de Cao Xueqin. Por sua vez, em 1984 construiu-se no sudoeste de Pequim um jardim em tamanho real de acordo com a descrição que Cao Xueqin fez no seu romance do Daguanyuan e que ostenta o mesmo nome.
verde. Em volta do lago plantaram-se ulmeiros que, a dada altura do ano, largam sementes em forma de moedas sobre a água, o que amplifica a atracção da fortuna. Por trás de uma pequena lagoa esconde-se a Gruta da Nuvem Secreta, dentro da qual há uma estela com o caracter “fortuna”, inscrito pelo imperador Qianlong. Existe um grande palco para ópera e uma pedra Taihu com cinco metros de altura e um liubeiting, o “Pavilhão das Taças Flutuantes”, com um canal serpenteante de dez centímetros de largura.
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O tema do morcego (蝠fu em chinês, palavra homónima de 富fu, fortuna, riqueza) é omnipresente. Há mesmo um lago com a forma de morcego, construído com pedra
Bibliografia
• Clunas, Craig (1996) Fruitful Sites. Garden Culture in Ming Dinasty China, Durham: Duke University Press
• Heseman, Sabine (2000) Ming: tradiciones e innovaciones e La dinastia Qing, in Farh-Becker, Gabriele (org.) Arte asiático, Colónia: Könemann
• Keswick, Maggie (1978) The Chinese Garden. History, Art and Architecture, Londres: Academy editions
• Lou Qingxi (2003) Chinese Gardens, Pequim: China Intercontinental Press
• Yu Sui, Wei Xun (2011) Chinese Gardens, Hong Kong: Design Media Publishing Ltd
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(Fim)
Figura 43. Pavilhão semi-oculto por vegetação no Jardim da Floresta de Leões, Suzhou. By Christian Manhart - This place is a UNESCO World Heritage Site, listed asClassical Gardens of Suzhou., CC BY-SA 3.0 igo, https://commons.wikimedia.org/w/index.
•Figura 44. Paredes brancas e telhas escuras no Jardim do Mestre das Redes, Suzhou. By Coolcaesar - Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.
•Figura 45. Jardim da mansão do Príncipe Gong, Pequim. By Bridget Coila from New Orleans, USA - Prince Gong's Building, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index. php?curid=65108635
•Figura 46. Canal para taças flutuantes no jardim da mansão do Príncipe Gong, Pequim. By Bridget Coila from New Orleans, USAPrince Gong's stream, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index. php?curid=65108722
HONDURAS EMBAIXADA INAUGURADA EM PEQUIM
Mudança de faixa
Pouco
HONDURAS inaugurou ontem uma embaixada em Pequim, três meses depois de o país centro-americano ter estabelecido relações diplomáticas com a China, em detrimento de Taiwan.
O ministro dos Negócios Estrangeiros hondurenho, Eduardo Enrique Reina, e o seu homólogo chinês, Qin Gang, oficializaram a inauguração ao descerrar uma placa, na presença da Presidente de Honduras, Xiomara Castro.
Reina disse tratar-se de um evento “histórico” e destacou “as importantes reuniões de mais alto nível” que Castro realizou desde
o início da sua visita oficial à China, na quinta-feira, avançou o governo das Honduras na rede social Twitter.
O cientista Salvador Moncada, que estava radicado em Londres, será o primeiro embaixador das Honduras na China, confirmou ontem o ministro hondurenho.
“Estabelecer relações com a República Popular da China foi uma decisão corajosa, trata-se também de reconhecer os seus esforços como país para criar melhores condições de vida para milhões de pessoas”, disse Reina.
O diplomata hondurenho acrescentou que espera “avançar nas
O diplomata hondurenho acrescentou que espera “avançar nas negociações para um acordo de livre comércio” e “participar nas iniciativas multilaterais da China, como Uma Faixa, Uma Rota, ou as recentes iniciativas globais”do país asiático
negociações para um acordo de livre comércio” e “participar nas iniciativas multilaterais da China, como Uma Faixa, Uma Rota, ou as recentes iniciativas globais” do país asiático.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, indicou durante o evento que o rápido desenvolvimento das relações demonstrou que a decisão das Honduras de romper relações com Taiwan é correcta e que “está de acordo com os interesses de ambos os países”.
Cinco estrelas
A China inaugurou a 5 de Junho a sua embaixada nas Honduras,
RAMOS-HORTA PAÍSES COM MENTE ESTREITA VÊEM A CHINA COMO UMA AMEAÇA
Opresidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, disse no domingo que alguns países vêem o desenvolvimento da China como uma ameaça para a região e para o mundo, acrescentando que essa “visão de túnel” é tacanha e pouco convincente.
Ramos-Horta fez estas observações no 20.º Diálogo de Shangri-La, o fórum anual de defesa e segurança da Ásia, realizado em Singapura, acrescentando que a influência da China se estende por
todo o globo e que os seus interesses, riqueza, bem-estar e segurança do povo estão interligados com todos os países do mundo. Desde a estratégia de defesa nacional divulgada pela administração Biden até à acusação de agentes da lei chineses e de outros funcionários do governo, os EUA têm vindo a aumentar a chamada “ameaça da China” há anos. “Os EUA e os países europeus deveriam reflectir sobre a razão pela qual tantos países do mundo estão
cada vez mais a cooperar com a China”, afirmou.
Ramos-Horta contou os pormenores de uma conversa com um diplomata somali, nos anos 90, em que este referiu que os países ocidentais provocaram repetidamente questões relacionadas com os direitos humanos e acusaram os países em desenvolvimento, mas recusaram-se a prestar-lhes ajuda. “A China é uma verdadeira grande potência e um verdadeiro amigo dos países em desenvolvimento”, acrescentou.
algo que aconteceu num hotel de Tegucigalpa porque Pequim ainda não decidiu onde irá instalar a sua representação diplomática.
Após vários dias na ‘capital’ financeira da China, Xangai, a Presidente das Honduras, Xiomara Castro, chegou no domingo à noite a Pequim, onde foi recebida pelo representante especial do governo chinês para assuntos latino-americanos, Qiu Xiaoqi.
De acordo com o jornal oficial chinês Global Times, os dois países deverão organizar um fórum dedicado ao investimento e comércio durante a visita de Castro à capital chinesa.
Rússia “Influência estabilizadora” da coordenação sino-russa
O chefe do Estado-Maior do Exército russo, Valeri Guerasimov, considerou na passada sexta-feira que a coordenação sino-russa exerce uma influência estabilizadora na situação internacional, durante uma conversa com o presidente da Comissão Militar Central da China, Liu Zhenli. “A coordenação de esforços entre a Rússia e a China na arena internacional exerce uma influência estabilizadora na situação mundial”, afirmou Guerasimov, citado pela agência noticiosa russa Tass, durante uma conversa por telefone. Guerasimov disse que “realizar actividades conjuntas de prontidão de combate das forças armadas da Rússia e da China deve continuar a ser uma das principais direcções do nosso trabalho”. “Estou convencido de que as conversas de hoje servirão para fortalecer ainda mais a parceria estratégica sino-russa na esfera da Defesa”, disse. Guerasimov convidou o homólogo chinês a visitar a Rússia.
AP 10 china 12.6.2023 segunda-feira www.hojemacau.com.mo
depois do rompimento das relações com Taiwan, as Honduras inauguraram uma embaixada no país. A China saúda a iniciativa dizendo tratar-se de uma decisão correcta e que “está de acordo com os interesses de ambos os países”
EPA-EFE
A Presidente hondurenha deverá também encontrar-se com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, reunião durante a qual se prevê a assinatura de acordos e memorandos em diversas áreas.
Osecretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, planeia viajar para a China na próxima semana, enquanto o Governo de Joe Biden tenta melhorar essas relações após a polémica do balão chinês abatido em Fevereiro.
Águas passadas
Blinken deverá visitar China dia 18 após polémica com balão
China em Maio e o ministro do Comércio chinês deslocou-se aos Estados Unidos no mês passado.
Além disso, também o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, se encontrou com Wang em Viena no início de Maio.
MNE HONDURENHO
As Honduras e a China anunciaram o estabelecimento de relações diplomáticas a 26 de Março, horas depois de o país centro-americano oficializar o rompimento das relações que mantinha com Taiwan desde 1941. A decisão reduziu para 13 o número de países com os quais Taipé mantém relações diplomáticas oficiais, e tornou as Honduras o nono país - e o quinto latino-americano - que desde 2016 cortou os laços com a ilha para estabelecer relações com Pequim.
Autoridades norte-americanas, citadas pela agência Associated Press (AP), dizem que Blinken espera estar em Pequim a 18 de Junho para reuniões com altos funcionários chineses, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, e possivelmente o Presidente, Xi Jinping.
As autoridades falaram com a agência sob anonimato porque nem o Departamento de Estado, nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, confirmaram a viagem.
A visita, que foi acertada entre Xi Jinping e Joe Biden no ano passado, numa reunião em Bali, havia sido inicialmente programada para Fevereiro, mas foi adiada após o incidente com o alegado balão de espionagem, que Pequim insiste ser um
dispositivo meteorológico que se desviou da rota. Desde então, os contactos entre os Estados Unidos e a China foram raros.
Canais de comunicação
Na semana passada, o ministro da Defesa da
China rejeitou um pedido do secretário de Defesa norte-americano para uma reunião paralela a um simpósio de segurança em Singapura.
No entanto, logo após adiar a sua viagem a Pequim, Blinken reuniu-se
brevemente com o principal diplomata da China, Wang Yi, na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.
Também o chefe da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) viajou para a
A Casa Branca disse na ocasião que a reunião “fazia parte dos esforços contínuos para manter as linhas de comunicação abertas e administrar a concorrência com responsabilidade”.
“Os dois lados concordaram em manter esse importante canal estratégico de comunicação para avançar nesses objectivos”, disse a Casa Branca.
Mais recentemente, o principal diplomata norte-americano para a região da Ásia-Pacífico, Daniel Kritenbrink, viajou para a China no início desta semana junto com um alto funcionário do Conselho de Segurança Nacional.
china 11 segunda-feira 12.6.2023 www.hojemacau.com.mo PUB.
“Estabelecer relações com a República Popular da China foi uma decisão corajosa, trata-se também de reconhecer os seus esforços como país para criar melhores condições de vida para milhões de pessoas.” EDUARDO ENRIQUE REINA
REUTERS
A caminho da Índia
nos
Ociclone Biparjoy intensificou-se ontem para “extremamente severo”, elevando o nível de alerta ao longo das costas da Índia e do Paquistão, onde as autoridades já começaram a tomar medidas antes da sua chegada prevista para os próximos dias.
O Departamento Meteorológico da Índia (IMD) adianta no seu último boletim que o Biparjoy, que atravessa actualmente o Mar Arábico, se intensificou para um ciclone extremamente severo a cerca de 480 quilómetros a sudoeste de Naliya (costa noroeste da Índia).
“Atravessará Saurashtra e Kutch (Índia) e o Paquistão por volta do meio-dia do dia 15 de Junho como uma tempestade ciclónica muito severa”, refere o IMD.
O ciclone é acompanhado de ventos que atingem 190 quilómetros por hora à superfície, pelo que o IMD recomendou a suspensão de todas as actividades piscatórias na zona até à sua passagem.
O departamento meteorológico prevê que estes ventos se reduzam gradualmente ao longo dos próximos dias, atingindo uma velocidade máxima de 150 km/h na quinta-feira, altura em que deverá atingir a cidade de Karachi, no sul
FILIPINAS RETIRADA DE MILHARES DE PESSOAS POR RISCO DE ERUPÇÃO
AS autoridades das cidades próximas do vulcão Mayon, na ilha filipina de Luzon, no leste do país, continuaram hoje a retirar mais de 10.000 pessoas que abandonaram as suas casas desde sexta-feira devido ao risco de erupção.
As autoridades filipinas colocaram em três, que vai até cinco, o nível de alerta. Cerca de 10.000 das 20.000 pessoas que vivem num raio de menos de seis quilómetros do vulcão considerado perigoso foram retiradas, mas muitas estão relutantes em abandonar as suas casas por receio de verem roubados os seus pertences pessoais ou o seu gado.
Testemunhas oculares disseram à Efe por telefone que a retirada está a decorrer de forma lenta e caótica, com as pessoas a entrarem e saírem da zona de perigo com poucos controlos, em busca de pertences pessoais que deixaram nas suas casas.
O Presidente do país, Ferdinand Marcos Jr., apelou sábado à população das zonas mais expostas para que siga as recomendações das autoridades
locais e abandone a zona de perigo, depois de a província de Albay, onde se situa o vulcão, ter declarado o estado de calamidade para libertar fundos de socorro.
O Instituto Filipino de Vulcanologia (Phivolcs) mantém o alerta três (de um nível máximo de cinco) e indica no seu último relatório que na sexta-feira se registou um terramoto vulcânico, 59 quedas de rochas e o vulcão emitiu 417 toneladas de dióxido de enxofre.
As frequentes quedas de rochas a temperaturas muito elevadas permitiram que, nas últimas noites, se vissem clarões vermelhos de lava em algumas partes do vulcão, embora o Phivolcs tenha esclarecido que não se trata de rios de lava.
O risco de uma erupção grave pode prolongar-se por vários dias ou semanas devido à presença de magma na cratera.
As Filipinas situam-se ao longo do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, a área em torno da orla oceânica onde as placas tectónicas se encontram e que é propensa a terramotos e erupções vulcânicas.
TÓQUIO COLISÃO ENTRE DOIS AVIÕES CAUSA ENCERRAMENTO DE PISTA
do Paquistão, como um ciclone “muito severo”. No entanto, os seus efeitos far-se-ão igualmente sentir no estado indiano de Gujarat, onde o IMD alertou para a ocorrência de chuvas “fortes” e “muito fortes” a partir de quarta-feira, que se intensificarão para chuvas “extremas” em pontos isolados na quinta-feira. Equipas da Força Nacional de Resposta a Catástrofes (NDRF) já foram enviadas
A passagem de ciclones é comum na costa indiana, que no mês passado levantou o alerta sobre várias das suas províncias orientais pela tempestade ciclónica Mocha, de categoria “muito severa”, que fez mais de uma centena de mortos na Birmânia e devastou dezenas de campos de refugiados rohingya no Bangladesh
para as cidades costeiras de Gujarat, que deverão ser as mais afectadas, informou a agência noticiosa ANI.
Do Paquistão Paralelamente, o Departamento Meteorológico do Paquistão informou que a costa sul do Paquistão começará a sentir os efeitos do ciclone na tarde/noite de terça-feira e referiu que “os ventos fortes podem causar danos em estruturas soltas e vulneráveis, como casas de barro”.
“São esperados aguaceiros e trovoadas com algumas chuvas muito fortes e ventos tempestuosos (60-80 km/hora)” na costa sul e sudeste do Paquistão, acrescentou. Em consequência, as autoridades de Karachi proibiram no sábado o acesso às suas praias, as actividades de pesca e a navegação.
Apassagem de ciclones é comum na costa indiana, que no mês passado levantou o alerta sobre várias das suas províncias orientais pela tempestade ciclónica Mocha, de categoria “muito severa”, que fez mais de uma centena de mortos na Birmânia e devastou dezenas de campos de refugiados rohingya no Bangladesh. Em Maio de 2020, o ciclone Amphan fez mais de uma centena de mortos na Índia e no Bangladesh, num dos piores incidentes deste tipo dos últimos anos.
DOIS aviões de passageiros colidiram sábado no aeroporto de Tóquio Haneda, num acidente que não causou feridos, mas que provocou o encerramento temporário de uma das pistas, avançaram as autoridades japonesas.
O incidente ocorreu por volta das 11:00 na pista A do aeroporto de Haneda, e envolveu um avião da companhia aérea tailandesa Thai Airways e outro da taiwanesa EVAAir, segundo informações das autoridades nipónicas.
A imprensa japonesa avançou que terá sido o avião da Thai Airways, que tinha como destino a capital tailandesa, Banguecoque, a atingir acidentalmente o avião da Eva Airways, que iria partir para Taipei.
De acordo com as imagens captadas pela televisão pública japonesa NHK, os dois aviões envolvidos na colisão permaneciam na pista, onde se podiam ver fragmentos da asa da aeronave da Thai Airways.
A direcção do aeroporto encerrou a pista A para realizar uma investigação sobre o ocorrido.
O Ministério do Território, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão garantiu não haver até ao momento qualquer registo de feridos entre os passageiros das duas aeronaves.
O incidente obrigou as companhias aéreas locais Japan Airlines e All Nippon Airways a adiar alguns dos seus voos domésticos e internacionais.
12 região www.hojemacau.com.mo 12.6.2023 segunda-feira
BIPARJOY CICLONE SOBE PARA EXTREMAMENTE SEVERO
A chegada
próximos dias do Biparjoy, com ventos de 190 quilómetros por hora, já levou as autoridades da Índia e do Paquistão a tomar medidas de prevenção
OS futebolistas portugueses Rúben Dias e Bernardo Silva sagraram-se sábado campeões da Europa, ao serviço do Manchester City, ‘vingando’ em Istambul, face ao Inter de Milão, o desaire de há dois anos, no Dragão, perante o Chelsea.
Os dois internacionais lusos jogaram os 90 minutos, com Rúben Dias imperial na defesa e Bernardo Silva decisivo, ao fazer a assistência para o espanhol Rodri marcar, aos 68, o tento que decidiu a final da ‘Champions’ 2022/23.
Há dois anos, em 29 de Maio de 2021, num embate disputado perante escassos 14.110 espectadores, devido às restrições impostas pela pandemia da covid-19, os dois internacionais lusos também foram titulares, mas perderam para o Chelsea.
Rúben Dias jogou os 90 minutos e Bernardo Silva foi substituído aos 64, pelo brasileiro Fernandinho, num embate decidido aos 42 pelo alemão Kai Havertz, que aproveitou a ‘avenida’ no miolo do meio-campo do City, órfão de Rodri, que Guardiola,
LC RÚBEN DIAS E BERNARDO SILVA SAGRAM-SE CAMPEÕES
No topo do mundo
de clubes para se sagrar campeão
estranhamente, deixou de fora. Sábado não o fez, e o espanhol decidiu.
Por seu lado, João Cancelo - produto das camadas jovens do Benfica, como Rúben Dias e Bernardo Silva – voltou a falhar a final, como há dois anos, mas agora ganhou o título.
No jogo do Dragão, o lateral internacional luso foi suplente não utilizado e, desta vez, arrebatou a ‘orelhuda’ por ter actuado nos seis jogos da fase de grupos, antes de ser emprestado ao Bayern Munique, no qual acabou a época.
BERNARDO SILVA “DEVASTADO MENTAL E FISICAMENTE”
O futebolista internacional português Bernardo Silva disse sábado estar “feliz” com a conquista da Liga dos Campeões de futebol pelo Manchester City, ante o Inter de Milão (1-0), após uma época que o deixou “devastado”. “É uma final, o Inter também merece estar aqui. Sabíamos que seria difícil, mas estamos felizes. Não podia ser melhor. Podia ser 1-0, 4-0 ou 3-0, não interessa”, declarou o jogador, na ‘flash interview’ televisiva após o encontro. O médio português dedicou a vitória na final ao avô e destacou o feito “histórico” de juntar a ‘Champions’ à Liga inglesa e à Taça de Inglaterra. “É a segunda vez em Inglaterra
que alguém o consegue [após o Manchester United, em 1998/99]. Estamos tão, tão felizes”, reforçou o internacional ‘AA’ por Portugal em 80 ocasiões. O centrocampista de 28 anos, natural de Lisboa, completou 55 partidas pelos ‘citizens’ em 2022/23, com sete golos marcados, três deles na Liga dos Campeões, e aproveitou o título para realçar a dureza do feito, confirmado no 306.º encontro oficial do luso pelo emblema de Manchester. “Estou devastado, tão cansado, mentalmente e fisicamente. Mas valeu a pena, porque este clube e estes adeptos merecem-no”, declarou o médio, no City desde 2017.
O lateral, o central e o médio acabaram com uma série de quatro épocas consecutivas sem vencedores lusos, já que Liverpool (2018/19), Bayern Munique (2019/20), Chelsea (2020/21) e Real Madrid (2021/22) não utilizaram qualquer futebolista português nas respetivas campanhas.
Galeria de ‘monstro’ Para encontrar os últimos portugueses campeões europeus era preciso recuar a 2017/18, época em que Cristiano Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão ganharam a prova ao serviço dos ‘merengues’.
Cristiano Ronaldo, presentemente desterrado no Al Nassr, somou o quinto título (2008/09, pelo Manchester United, e 2013/14, 2015/16, 2016/17 e 2017/18, todos pelo Real Madrid), sendo o português com mais vitórias na prova.
Por seu lado, Pepe, que agora alinha no FC Porto, isolou-se no segundo lugar do ranking dos internacionais lusos, com três cetros, todos pelos madrilenos (2013/14, 2015/16 e 2016/17).
Quanto a Fábio Coentrão, juntou-se a 16 outros jogadores lusos com dois triunfos, lote que
RÚBEN DIAS “FELIZ POR FAZER HISTÓRIA”
O futebolista internacional português Rúben Dias disse sábado estar feliz por “fazer história” com o Manchester City, que hoje bateu o Inter de Milão (1-0) na final da Liga dos Campeões de futebol. O defesa central, de 26 anos, a concluir a terceira temporada no clube, salientou que este triunfo foi o primeiro da história do emblema de Manchester. “É uma conquista muito especial para todos nós. Seremos sempre lembrados por isto. É bonito partilhar isso com um grupo de pessoas fantásticas, que merecem o que aconteceu hoje (sábado). Foi uma forma muito difícil de cá chegar, mas conseguimos,
estamos muito felizes”, declarou, na ‘flash interview’ após a partida em Istambul.O defesa luso, que com Bernardo Silva é um dos habituais titulares do plantel às ordens do espanhol Pep Guardiola, elogiou o trajecto do Inter até à final, que garantia que “não seria um jogo fácil”. “Nunca entrámos numa fantasia de sermos os favoritos, sabíamos que seria um jogo muito difícil”, explicou. Dias continuou a valorizar o adversário, que “teve oportunidades de empatar” na parte final do encontro, mesmo que os ‘citizens’ pudessem “ter fechado a partida mais cedo ao marcar mais golos”.
inclui 12 bicampeões pelo Benfica (1960/61 e 1961/62), nomeadamente Cruz, Cavém, Costa Pereira, José Augusto, Coluna, José Águas, Ângelo, Germano, Santana, Neto, Mário João e Serra.
Também somam dois troféus Paulo Sousa (Juventus em 1995/96 e Borussia Dortmund em 1996/97), Deco (FC Porto em 2003/04 e FC Barcelona em 2005/06), e Paulo Ferreira e Bosingwa (FC Porto em 2003/04 e Chelsea em 2011/12).
Para já, Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva ainda não estão neste patamar, de 17 eleitos, mas juntaram-se a outros ‘monstros’ do futebol luso, nomeadamente a Eusébio e Simões (campeões pelo Benfica em 1961/62).
Os dois internacionais lusos jogaram os 90 minutos, com Rúben Dias imperial na defesa e Bernardo Silva decisivo, ao fazer a assistência para o espanhol Rodri marcar, aos 68, o tento que decidiu a final da ‘Champions’ 2022/23
Futre, Fernando Gomes, Sousa, Jaime Pacheco, João Pinto, André, Jaime Magalhães ou Inácio (FC Porto, em 1986/87), Figo (Real Madrid, em 2001/02), Rui Costa (AC Milan, em 2002/03), Vítor Baía, Jorge Costa, Costinha ou Maniche (FC Porto, em 2003/04) e Nani (Manchester United, em 2007/08) também somam um troféu.
desporto 13 www.hojemacau.com.mo segunda-feira 12.6.2023
À segunda foi de vez. Depois da final perdida contra o Chelsea em 2021, o Manchester City voltou ao palco do maior evento futebolístico europeu
Bernardo Silva Rúben Dias
O início do século XXI empurrou para o passado a vaga de electrónica que vinha impregnando o rock com groove e tecnologia. Nada de errado nisso, mas as guitarras pediam liberdade e Nova Iorque voltou a trazer essa revolução. No Verão de 2001 “Is this it” apresenta ao mundo o indie rock dos The Strokes. Fortemente influenciado por Television e com resquícios dos omnipresentes Velvet Underground, os The Strokes abririam caminho para bandas como The Libertines, Arctic Monkeys, Kings of Leon e Franz Ferdinand. Sem medo de sacar solos de guitarra numa altura em que era praticamente uma heresia, os The Strokes passaram de um bando de putos que mal sabiam tocar para o estrelado mundial. O disco é intemporal e assim permanecerá nas décadas vindouras. João Luz
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A INGRATIDÃO DO 10 DE JUNHO
LI ATENTAMENTE no facebook uma referência a um macaense que é um grande artista plástico, um gráfico de lhe tirar o chapéu e que é o autor há vários anos do cartaz do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. De seu nome Victor Hugo Marreiros e o texto referia que a República Portuguesa já o devia ter condecorado pelo seu amor a Portugal na exteriorização da sua arte. Não faço a mínima ideia se Macau já o agraciou, o que sei é que nunca vi que o artista tivesse sido chamado ao Palácio de Belém para receber uma condecoração nacional bem merecida. Esta, é uma das formas de ingratidão do 10 de Junho que se diz dedicado às Comunidades Portuguesas.
O que têm feito os diferentes governos portugueses pelas suas comunidades espalhadas pelo mundo? Têm enviado bolas de futebol para entreter a pequenada do Luxemburgo, de Moçambique, da Austrália ou dos Estados Unidos da América? Têm-se preocupado com os lusodescendentes que se licenciaram nas mais diversas universidades internacionais e contactá-los para saber o que precisam no futuro da sua profissão ou mesmo convidá-los a trabalhar em Portugal? Têm organizado os inúmeros consulados portugueses a receber condignamente os emigrantes que aos milhares desejam tratar do seu cartão de cidadão ou passaporte? Neste particular de “consulados” temos sido uma vergonha. A maioria dos casos informa os portugueses no estrangeiro que são “honorários”. Em outros casos, dizem que os assuntos têm de ser tratados nas embaixadas, assim ao estilo de tirar a água do capote. Por exemplo, no grandioso país que é a Austrália, como é que um português pode dirigir-se de Darwin, Perth, Brisbane ou mesmo de Melbourne até Camberra para ir à Embaixada de Portugal, se nem sequer sabem o horário de atendimento.
Não, não é um dia dedicado às Comunidades Portuguesas. Essas comunidades pouco ou nada usufruem da atenção, dedicação e obrigação de velarem pelos seus inúmeros problemas. Em grande número de casos, os emigrantes resolvem os seus problemas burocráticos quando se deslocam de férias a Portugal, normalmente no mês de Agosto. Há emigrantes que nem sabem onde é o consulado português, querem registar a sua nova vida, leia-se, residência, no país para onde decidiram viver e não o conseguem fazer.
Em Inglaterra, ao longo dos anos, temos lido as mais diversas queixas dos nossos compatriotas contra os consulados que
não estão ao seu serviço. No Canadá um casal quis registar o seu filho que acabara de nascer e responderam-lhe que o registo seria feito após os dois anos de idade. Dois anos? A que propósito? É assim que se dedica o Dia de Portugal às Comunidades Portuguesas?
O que temos assistido é à ignóbil fanfarronice de anualmente um secretário de Estado, um ministro ou o primeiro-ministro e o Presidente da República deslocarem-se a um país onde residem portugueses, chegam lá, “mamam” umas almoçaradas e jantaradas, dão uns beijinhos, proferem uns discursos ocos e sem sentido, afirmam que gostam muito do patriotismo de quem por lá trabalha de sol a sol e viajam em primeira classe, porque a económica nas aeronaves deve ter percevejos...
Portugal tem de pensar profundamente que estes emigrantes que vivem desamparados oficialmente pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros são os mesmos que depositam milhões de euros nos bancos portugueses anualmente
O Dia de Portugal não pode ser a ida à África do Sul do Presidente Marcelo zangado com o primeiro-ministro António Costa, fingirem que nem se veem e andarem a visitar uns museus sul-africanos – o que tem isso a ver com os emigrantes? –, participarem nuns jantares com beijinhos e abraços aos que foram convidados, nem sequer explicar aos mais jovens quem foi o nosso maior poeta Luiz de Camões e regressar o mais depressa possível à Régua para observarem no Douro a poluição dos barcos do patrão da TVI e um fogo de artifício. Na Régua até
o ministro João Galamba foi assobiado pelo povo e o primeiro-ministro confrontado pela ineficácia dedicada aos professores. O que restou de benefício para os portugueses da África do Sul a visita oficial deste ano? Nada.
Portugal tem de pensar profundamente que estes emigrantes que vivem desamparados oficialmente pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros são os mesmos que depositam milhões de euros nos bancos portugueses anualmente. Eles ajudam a economia portuguesa, eles fazem por viajar
na TAP, eles alugam carros em Portugal, eles edificam a sua casa nas suas terras natais, eles frequentam durante um mês tudo o que é monumento, restaurante e mercado. E isto, não tem importância? O Governo não se acha com competência para colocar os consulados portugueses a servir dignamente os emigrantes? Não tem informações dos nossos emigrantes que adquiriram um prestígio enorme onde vivem, tal como o artista de gabarito internacional Victor Hugo Marreiros? Como diria o meu vizinho: “Não me lixem”...
vozes 15 segunda-feira 12.6.2023 www.hojemacau.com.mo
ai, portugal, portugal André Namora
CARTAZ DE VICTOR HUGO MARREIROS
CHINA, Paquistão e Irão criaram um mecanismo de consulta sobre segurança e combate ao terrorismo, após uma reunião tripartida que se realizou na semana passada em Pequim, informou a imprensa estatal na sexta-feira, numa altura de crescente influência chinesa na região.
A reunião, realizada na quarta-feira e que foi a primeira do género, serviu para “discutir em profundidade o combate ao terrorismo na região” e como “executar operações conjuntas antiterrorismo transfronteiriças”, de acordo com um comunicado difundido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
Segundo especialistas citados pelo jornal oficial Global Times, o mecanismo de consulta “vai aprofundar a cooperação na luta contra o terrorismo, a longo prazo, entre os três países”, e visa “estabelecer uma base para a cooperação futura em outras áreas de segurança”.
Citado pelo jornal, o académico Zhu Yongbiao disse que o encontro “vai ampliar
Defesa a três
China, Paquistão e Irão criam mecanismo de consulta para combate ao terrorismo
argumentou Zhu, acrescentando que “dada a complexidade desta questão, é natural que os três países reforcem a cooperação”.
De acordo com Zhu, a reunião desta semana abordou a “situação de segurança dentro e ao redor do Afeganistão, que é de grande preocupação regional e internacional” e “a situação na fronteira entre o Paquistão e o Irão, na região do Baluchistão”.
“China, Paquistão e Irão provavelmente vão chegar a um consenso sobre a identificação de organizações terroristas e sobre a cooperação para combater operações terroristas transfronteiriças”, disse Zhou.
A China é um dos poucos países que mantém contacto directo com Cabul desde a retirada das tropas dos Estados Unidos, apesar do governo talibã não ser reconhecido pela comunidade internacional.
comercial para ligar a cidade chinesa de Kasghar ao porto paquistanês de Gwadar, no Baluchistão, proporcionando a Pequim uma porta de entrada para o Mar Arábico.
Olhos no Norte
Nos últimos meses, Rússia, China, Irão e Paquistão instaram o governo talibã a adoptar “medidas visíveis e verificáveis” para combater o terrorismo, impedir que combatentes islâmicos usem o território afegão e garantir a segurança de organizações
e cidadãos estrangeiros. Pequim está preocupada com o facto de o Afeganistão abrigar separatistas que se opõem ao domínio chinês na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país.
Acredita-se que várias centenas, possivelmente milhares, de muçulmanos chineses vivam nos territórios do norte do Paquistão, em grande parte sem governo, mas especialistas em terrorismo questionam se o ETIM existe mesmo de forma organizada.
O Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu também o líder iraniano, Ebrahim Raisi, em Fevereiro passado, e garantiu que a China manterá inabalavelmente a sua “amizade e cooperação” com o Irão, independentemente da “situação internacional e regional”.
os mecanismos de segurança da China na região”.
“Terroristas no Paquistão e no Afeganistão cru-
zaram as fronteiras para se esconder no Irão, o que também representa uma ameaça para aquele país”,
A China já demonstrou interesse em incluir o Afeganistão no projecto de infra-estruturas designado como Corredor Económico China - Paquistão (CPEC), uma rota
Em Março passado, Arábia Saudita e Irão anunciaram também o re-estabelecimento das relações diplomáticas, em Pequim, como parte de um acordo mediado pela China.
segunda-feira 12.6.2023
“Arriscamo-nos a perder quando queremos ganhar demais.”
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Jean de La Fontaine PALAVRA DO DIA
“China, Paquistão e Irão provavelmente vão chegar a um consenso sobre a identificação de organizações terroristas e sobre a cooperação para combater operações terroristas transfronteiriças.”
ZHU YONGBIAO ACADÉMICO