Hoje Macau 12 JUL 2016 #3611

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Director carlos morais josé

Lei de Terras

Contam-se espingardas Página 4

terça-feira 12 de julho de 2016 • ANO Xv • Nº 3611

hojemacau

opinião

Asfixia Tânia dos Santos

CPLP

O sentido da vida Grande Plano

Álcool

Menores sem lei página 5

hUnheimlich Carlos Morais José

Máquina Lírica Agência Comercial Pico • 28721006

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Paulo José Miranda

Os Imortais Desporto

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2 grande plano

CPLP Vinte anos celebrados “sem visão estratégica” e em crise

Em busca de um centou ainda o especialista em Relações Internacionais. Para Carlos André, a CPLP ainda não descobriu o seu rumo. “Do ponto de vista da língua, a CPLP não tem feito muito, porque o único país que investe verdadeiramente em política de língua é Portugal. A CPLP não investe e os outros países também não, como se a responsabilidade da política do português fosse de Portugal.” Carlos André considera ainda que os rostos que fazem a CPLP estão demasiado presos à diplomacia. “A CPLP ainda anda à procura da sua missão e isso porque talvez ainda não tenha descoberto o seu cimento agregador. Era preciso que os países descobrissem outra missão e acho que ainda não descobriram. E isso porque a CPLP talvez continue a enredar-se excessivamente nas malhas da diplomacia, com todos os cuidados e rendas. Há quanto tempo é que a CPLP anda a discutir se Portugal, por ser o país sede, pode ou não pode ter um secretário-geral?”

Guiné francesa

Um dos últimos debates intensos na CPLP prendeu-se com a entrada da Guiné Equatorial como membro. Para Carlos André a entrada de um país onde não se fala Português não faz qualquer sentido. “A CPLP é uma forma de agregação dos países de Língua

Gonçalo Lobo Pinheiro

S

aiu das malhas da Guerra Colonial entre Portugal e as suas colónias africanas, propôs-se unir o que corria o risco de se destruir, mas, ao fim de 20 anos de existência, ainda não definiu a sua missão e estratégia. É desta forma que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), criada a 17 de Julho de 1996, é vista por dois analistas com quem o HM falou: Arnaldo Gonçalves, especialista em Relações Internacionais, e Carlos Ascenso André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM). “Foi pensada para fazer uma ponte diplomática [entre Portugal] e as antigas colónias. Mas desde o início a junção do Brasil, que ganhou a independência desde muito cedo, baralhou um pouco as coisas”, disse Arnaldo Gonçalves. “A CPLP tem sido uma estrutura de diálogo e de cooperação mas que nunca teve objectivos nem metas bem definidas. É uma reunião multilateral que acontece uma vez por ano e tem-se visto muito pouco do trabalho da CPLP em termos da aproximação dos países de Língua Portuguesa. Tem sido mais uma entidade de diplomacia multilateral sem grande impacto na relação entre os países”, acres-

Gonçalo Lobo Pinheiro

Criada há 20 anos, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tem hoje um país membro onde não se fala Português e tem vindo a sofrer diversas crises. Arnaldo Gonçalves e Carlos André dizem que a CPLP ainda não sabe qual é a sua missão

“A CPLP ainda anda à procura da sua missão e isso porque talvez ainda não tenha descoberto o seu cimento agregador”

“A CPLP tem sido uma estrutura de diálogo e de cooperação mas que nunca teve objectivos nem metas bem definidas”

Carlos Ascenso André IPM

Arnaldo Gonçalves especialista em Relações Internacionais

Portuguesa e o que une os países é a língua. Há um país que não conto, que é a Guiné Equatorial, que para mim não faz parte. Não se fala Português no país e foi um tremendo disparate.”

Arnaldo Gonçalves considera mesmo que a entrada da Guiné Equatorial veio descaracterizar os objectivos para os quais a CPLP foi criada. “Juntar tudo com a Guiné Equatorial foi uma cedência que

descaracteriza o que é o espaço da língua e da cultura portuguesa. A Guiné Equatorial não tem nada a ver com Portugal, não têm cultura portuguesa e não falam Português. Se calhar é algo que mostra como


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sentido

funciona a CPLP, que não se vê nada de trabalho em conjunto.”

China já tem o Fórum

Para além dos países membros que falam a língua de Camões, a CPLP passou a admitir a partir de 1998 países com o estatuto de membro observador. Tanto Arnaldo Gonçalves, como Carlos André defendem que não há qualquer necessidade da China adoptar essa posição.

“Não me parece que faça sentido, não há razão para ser membro observador da CPLP, só porque Macau tem o Português como língua oficial?”, questionou Carlos André. “Curiosamente a China já resolveu o seu problema, porque criou uma missão e definiu um organismo para levar por diante essa missão, que é o Fórum Macau.” Para o director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Por-

Datas da comunidade •1983 No decurso de uma visita oficial a Cabo Verde, o então ministro dos Negócios Estrangeiros português, Jaime Gama, propõe a realização de cimeiras rotativas bienais de chefes de Estado e de Governo dos então sete Estados lusófonos - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe -, bem como reuniões anuais dos chefes da diplomacia e consultas frequentes entre directores políticos e de representantes na ONU e noutras organizações internacionais.

• Julho de 1998 2.ª Cimeira da CPLP cria o Estatuto de Observador

• Novembro de 1989 Graças ao empenho do então embaixador do Brasil em Portugal, José Aparecido de Oliveira, é dado em São Luís do Maranhão (Brasil) o primeiro passo concreto para a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na sequência da realização de um encontro de chefes de Estado e de Governo dos Estados lusófonos, a convite do então Presidente brasileiro José Sarney. Na mesma reunião, decide-se criar o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que visava promover e difundir o idioma comum da comunidade.

• Julho de 2002 Na 4.ª Cimeira, o diplomata brasileiro João Augusto de Médicis substitui Dulce Pereira na liderança do secretariado-executivo da CPLP, funções que manterá até Abril de 2004, altura em que morreu subitamente em Roma.

• Fevereiro de 1994 Os sete ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores, reunidos pela segunda vez, em Brasília, decidiram recomendar aos respectivos Governos a realização de uma Cimeira de Chefes de Estado e de Governo com vista à adopção do acto constitutivo da CPLP. Decidem também a criação de um Grupo de Concertação Permanente, sedeado em Lisboa. • 17 de Julho de 1996 Em Lisboa realiza-se a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo que marcou a criação da CPLP.

• Julho de 2000 A brasileira Dulce Maria Pereira assume a liderança do secretariado-executivo, funções que manterá até à 4.ª Cimeira (Julho de 2002). Tem como secretário-executivo adjunto o moçambicano Zeferino Martins. • 20 de Maio de 2002 Adesão de Timor-Leste à CPLP, que se torna o oitavo membro da comunidade.

• Julho de 2004 Na 5.ª Cimeira, o diplomata e antigo combatente cabo-verdiano Luís Fonseca torna-se secretário executivo da CPLP. • Julho de 2005 Conselho de Ministros da CPLP cria categorias Observador Associado (actualmente seis Estados - Geórgia, Japão, Ilhas Maurícias, Namíbia, Senegal e Turquia) e Observador Consultivo (64 membros). • Julho de 2006 10.º aniversário da fundação da CPLP assinalado em Bissau, que acolhe a 6.ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da organização lusófona. Guiné Equatorial e Ilhas Maurícias são aceites como observadores associados. • 8 de Janeiro de 2008 Acabam as funções de secretário-executivo adjunto, passando a organização

tuguesa, nem o facto do Português estar a crescer na China é motivo para uma ligação à CPLP. “Assim também os Estados Unidos seriam [membro observador], porque têm mais universidades onde se estuda o Português, não penso que esse seja um motivo forte”, remata. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

“Annus horribillis” Período conturbado financeira e politicamente

a contar com a figura de Director Geral. O político guineense Hélder Vaz Lopes torna-se o primeiro director-geral da CPLP, função que ocupará até Janeiro de 2013. • Fevereiro de 2014 A economista cabo-verdiana Georgina Benrós de Mello é nomeada Directora-Geral da CPLP, funções que mantém até à actualidade. • 23 de Julho de 2014 Na Cimeira de Díli, é confirmada a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, passando a organização lusófona a contar com nove membros. • 17 de Março de 2014 Portugal, que deveria assumir o secretariado executivo da CPLP a partir da cimeira prevista para Julho, cede a posição a São Tomé e Príncipe, alegando a necessidade de evitar a ausência de África nos cargos da organização, pois o Brasil ocupa a presidência da comunidade até 2018. São Tomé e Príncipe assumirá o cargo de secretário executivo da CPLP até 2018, altura em que dará lugar a Portugal (2018/2020) • 5 de Maio de 2016 A governadora do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Maria do Carmo Silveira, anuncia formalmente que é a candidata do seu país ao cargo de secretária-executiva da CPLP. Maria do Carmo Trovoada Pires de Carvalho Silveira é governadora do banco central são-tomense desde 2011 e já foi também primeira-ministra e ministra das Finanças do arquipélago. • 20 de Junho de 2016 O novo embaixador do Brasil na CPLP, Gonçalo Mourão, confirma o adiamento da 11.ª cimeira prevista para Julho. Brasil propõe realização para Novembro, embora sem data precisa. Na Cimeira que assinala os 20 anos da organização, está previsto que seja aprovada a Nova Visão Estratégica da CPLP e eleito um novo secretário executivo. HM/LUSA

A

CPLP atravessa um período conturbado, de tal forma que, pela primeira vez, e devido à crise política brasileira, vê uma conferência de chefes de Estado e de Governo adiada, possivelmente para Novembro. Dos “nove”, apenas os Estados insulares da organização Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste (aderiu em 2002) - estão fora de grandes atribulações, apesar das dificuldades económicas crónicas inerentes ao estatuto de insularidade, mas sem fazer perigar as respectivas democracias. A Angola, Guiné Equatorial (que aderiu oficialmente em 2014) e Portugal, com crises financeiras, Guiné-Bissau, com os endémicos conflitos políticos, e Moçambique, a braços com problemas político-militares, junta-se o Brasil, que, face ao afastamento da chefe de Estado, Dilma Rousseff, se viu obrigado a adiar a cimeira em que deverá assumir a presidência rotativa, assegurada actualmente por Timor-Leste. Por outro lado, as divisões entre os Estados-membros estiveram patentes em Março último, quando Portugal, que já tinha cedido na questão da adesão da Guiné Equatorial à CPLP, viu-se também obrigado a prescindir, nos próximos dois anos, do secretariado-executivo da organização, função em que, segundo o critério da ordem alfabética, sucederia a Moçambique. O argumento, assumido por Portugal mas não comentado por outros Estados-membros, passou pelo facto de, até 2018, se

Lisboa assumisse o secretariado executivo, a CPLP não contaria com países africanos na liderança da organização, uma vez que o Brasil estaria na presidência da comunidade.

Da rotatividade

Até hoje, cada país - Angola (Marcolino Moco (1996/2000), Brasil (Dulce Pereira (2000/02) e João Augusto de Médicis (2002/04)), Cabo Verde (Luís Fonseca (2004/08), Guiné-Bissau (Domingos Simões Pereira (2008/12) e Moçambique (Murade Murargy (desde 2014)) - escolheu a personalidade para o cargo de secretário-executivo, com mandatos de dois anos, mas que tem sido sempre renovado. Este acordo quebra-se nos próximos quatro anos, com São Tomé e Príncipe a assumir a função até 2018 e Portugal desse ano até 2020. Desta forma, na próxima cimeira, ainda só com data indicativa para Novembro, será provavelmente empossada a actual governadora do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Maria do Carmo Silveira, antiga primeira-ministra e ministra das Finanças do arquipélago, bem como adoptada a nova Visão Estratégica de Cooperação da CPLP. Pela primeira vez também desde a fundação, as celebrações de mais um aniversário da CPLP decorrerão sem a respectiva cimeira associada com iniciativas em cada um dos Estados-membros, com destaque para as que decorrerão em Lisboa, não só na sede da CPLP, como também na Assembleia da República, estas a 18 deste mês. HM/LUSA


4 Política

hoje macau terça-feira 12.7.2016

O drone marca a hora

Lei de Terras Só Coutinho e Leong Veng Chai assumem voto contra

Balada dos indecisos Complexa e sem necessidade de urgência. É assim que os deputados vêem a proposta de clarificação de Gabriel Tong, que dizem ainda não saber se vão apoiar. Pereira Coutinho e Leong Veng Chai já afirmam que vão votar não

O

s deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong pretendem ganhar apoios para que a proposta de uma nova interpretação da Lei de Terras, apresentada por Gabriel Tong, não seja aprovada na Assembleia Legislativa (AL). O HM tentou perceber de que

lado estarão os deputados, mas apenas José Pereira Coutinho confirmou o seu voto contra a proposta, juntamente com o seu número dois, Leong Veng Chai. Pereira Coutinho confirmou ainda com o HM que irá promover uma conferência de imprensa para amanhã, onde promete explicar as suas razões. Se Lau Veng Seng assume ainda não ter tomado uma decisão, a maioria dos restantes deputados contactados admite nem sequer ter lido a proposta, estando a pensar no assunto. “Estamos a discutir a proposta cá fora e a nossa atitude vai revelar-se no dia da votação. Mas se o presidente da AL a rejeitar terá de dar explicações aos deputados, veremos até lá”, disse Kwan Tsui Hang. “A discussão que teremos na AL será transmitida ao vivo e aí os cidadãos vão conseguir saber quais as razões concretas pelas quais votaremos a favor ou contra. O problema é bastante complexo”, acrescentou. O assunto é tido como delicado e muitos defendem que não deve ser feita uma proposta de forma urgente, numa altura em que muitas concessões de

terrenos estão a chegar ao fim. “Esta é uma lei importantíssima que envolve o interesse público e isto não deveria ser tratado como uma situação urgente. A Lei de Terras passou por um processo de análise e votação e teve o consenso para ser legislada. Um deputado usou um processo urgente para apresentar esta proposta e não achamos que seja muito adequado”, disse Song Pek Kei, que confirmou que os seus parceiros Chan Meng Kam e Si Ka Lon têm a mesma posição.

“Uma mudança enorme”

Para Ella Lei, a proposta de Gabriel Tong “não é algo que possa ser tratado de forma apressada”. “É necessário um processo que envolva discussão, já que o objectivo principal da lei é deixar que os cidadãos utilizem bem os terrenos. O Governo tratou os processos sobre os terrenos de forma leve e não tratou muitos dos casos em conformidade com a lei. Esta será uma mudança enorme e é um processo bastante sério.” A lei aprovada nos anos 80 já não permitia a prorrogação do prazo de concessão de um terreno por arrendamento, relembra

Regulamento de Aviação Civil com alterações em processo legislativo

a deputada. “A proposta de que estamos a falar vai mudar uma componente extraordinariamente importante, já que todos os terrenos têm um limite para o seu desenvolvimento. Se depois dos 25 anos não se conseguir concluir o aproveitamento do terreno, a sua concessão temporária não será prorrogada. Só depois de tudo ser feito, até a obtenção da licença, é que o Governo permite a solicitação da prorrogação”, explicou Ella Lei.

Tempo perdido

Gonçalo Lobo Pinheiro

O deputado Zheng Anting, número dois de Mak Soi Kun, lembrou que, em 2013, ano que a nova Lei de Terras foi aprovada, já os deputados Gabriel Tong e Leonel Alves alertavam para as possíveis consequências do novo diploma e com a possibilidade dos terrenos virem a ser retirados, “mas isso não gerou muita atenção”. “Na altura aconteceu uma situação imputável ao concessionário, porque o Governo exigiu a suspensão de um empreendimento por causa da protecção do património, o que levou mais tempo à sua conclusão. Será que isto é justo? O Governo deve dar explicações sobre isto”, alertou Zheng Anting. “Deveria repor o tempo que foi perdido por causa das suas solicitações, deveria dar explicações e isso deveria ser divulgado junto do público”, concluiu o membro do hemiciclo. O HM tentou ainda chegar à fala com o deputado Leonel Alves, mas o mesmo não se mostrou disponível. Em recentes declarações ao HM, o deputado indirecto deixou bem claro o seu apoio a esta proposta. “A lei tem trazido muitos problemas para a economia. A situação está cada vez mais insustentável para a economia de Macau. Neste momento, e independentemente do resultado da votação, é importante haver um debate na sociedade sobre estas questões. Não houve um debate adequado na altura própria, nem uma consulta pública, nem as vítimas ou potenciais vítimas foram auscultadas, portanto foi uma lei passada com muitos silêncios no seu procedimento”, concluiu o também advogado. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Angela Ka

info@hojemacau.com.mo

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Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) vai restringir as áreas, horários e a altitude de utilização de drones. É o que confirma Chan Weng Hong, presidente do organismo, que numa resposta ao deputado Mak Soi Kun diz que já houve consenso face a este assunto. “Claro que o Governo percebe as preocupações dos residentes quanto à operação segura de [drones]. No ano passado, a AACM realizou várias reuniões com as forças de segurança para discutir a alteração de regulamentação das actividades com [drones]”, começa por relembrar Chan Weng Hong.

Em nome da segurança

Apesar de frisar que, de acordo com a legislação actual e revista pelo Chefe do Executivo em 2010, qualquer pessoa que queira comandar aeronaves não tripuladas e com mais de sete quilos tem de requerer uma licença à AACM, o responsável do organismo diz que tem de se ter em conta os avanços na tecnologia. “Em termos de segurança ocupacional da aviação, a legislação em vigor em Macau já contempla estas actividades (...) e está de acordo com os padrões internacionais. A AACM também estabeleceu um conjunto de orientações para garantir a segurança aeronáutica (...). Os operadores de [drones] têm de seguir as regras, caso contrário assumem a eventual responsabilidade civil ou criminal que resultar da actividade”, explica, acrescentando, contudo, que com a tecnologia estes equipamentos estão cada vez a ser melhorados e a ser constantemente utilizados. “Considerando a necessidade de equilíbrio entre a segurança e a conveniência na execução de determinados trabalhos, a [AACM e as Forças de Segurança] concordaram em restringir as áreas, horários e a altitude de utilização [dos drones].” As novas disposições vão ser integradas no Regulamento de Navegação Aérea e o projecto está neste momento em processo legislativo. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


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Política

Álcool Deputado pede lei que regule venda a menores

A idade da inocência Zheng Anting diz haver uma lacuna legal relativamente à proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores. Fala num crescimento do número de consumidores e pede mais legislação e medidas, algo prometido já em 2013

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ão é um pedido novo e já em 2013 tinha sido feito o hemiciclo: Macau continua a não ter uma lei que regule a venda de álcool a menores de idade. Desta vez foi o deputado Zheng Anting quem alertou para a necessidade de criação de uma lei que contemple esta proibição ou, pelo menos, para a revisão da lei que regula bares e discotecas, de forma que estes locais possam impedir menores de 18 anos de beber. Numa interpelação escrita, o deputado questiona ainda o Governo sobre a criação de novas medidas para chamar a atenção de todos para as consequências e efeitos nefastos aliados ao consumo. Na base da interpelação, Zheng Anting refere o caso de uma jovem recentemente violada quando levava

uma amiga embriagada para casa, enquanto sublinha o aumento do número de consumidores mais jovens e adverte para os problemas sociais que podem advir deste consumo.

Mais vulneráveis

Segundo um inquérito realizado em 2014 pelo Instituto de Acção

Apesar de haver decretos para bares, karaokes e discotecas estes não só não limitam a idade, como não condicionam a entrada de menores

Social (IAS) acerca da situação dos jovens que bebem e fumam, os resultados revelam que mais de metade dos sujeitos abrangidos, num total de 5233, já tinha tido experiências com o uso de álcool e drogas. São estes dados que sugerem ao deputado que os mais novos são mais susceptíveis para aderir a este tipo de comportamento, que os pode levar cometer actos menos próprios como, “o envolvimento em discussões violentas ou mesmo a violação”, escreve. As jovens menores também serão afectadas visto que, sob estado de embriaguez, se tornam um alvo mais fácil. Apesar de haver decretos para bares, karaokes e discotecas estes não só não limitam a idade, como não condicionam a entrada de menores. Em 2013, André Cheong, que era na altura director dos Serviços

Punição directa

DSSOPT entrega proposta de revisão do Regulamento contra Incêndios

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Direcção dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) já confirmou a intenção de entregar uma proposta de revisão do Regulamento de Segurança contra Incêndios que permita a execução de punições directamente pelo Corpo de Bombeiros (CB). As declarações foram feitas ao Jornal Ou Mun, com o organismo a adiantar que “o conteúdo da proposta é uma clarificação das responsabilidades do CB e da DSSOPT”. Assim, o trabalho legislativo deverá ser feito em duas vertentes: por um lado deve regular as técnicas de segurança e, por outro, abranger a gestão da responsabilidade contra incêndios e as respectivas punições. O assunto vem na sequência do incêndio regis-

tado num mini-armazém de Hong Kong que teve a duração de quatro dias e que levou o Comandante do CB a pedir uma alteração ao Regulamento.

Chefe, mas pouco

Os Bombeiros fizeram inspecção de vários edifícios industriais e, apesar de terem sido encontrados problemas relativos à segurança em alguns dos espaços inspeccionados, não têm autoridade para proceder à

implementação de punições para com os proprietários incumpridores. A impossibilidade de avançar com os castigos deriva do facto dos bombeiros não representarem uma autoridade reconhecida como executante legal. Cabe ao CB apenas comunicar a ocorrência, em forma de carta escrita, à DSSOPT ou outro departamento envolvido. “Neste sentido, é tarefa do Governo proceder às respectivas alterações de forma a alterar o Regulamento de Segurança contra Incêndios e autorizar o CB a efectivar punições quando detectadas infracções. Paralelamente este processo simplificará os procedimentos administrativos e dará aos bombeiros um papel activo na prevenção contra incêndios”, diz a DSSOPT. T.C. (revisto por S.M).

para os Assuntos de Justiça, prometeu estudar o assunto. Mas até agora não houve mais novidades. Zheng Anting refere a situação de outros países que já vêem contemplada em lei a proibição de álcool a menores, enquanto que em Macau existe apenas a proibição de

consumo de tabaco por menores. Neste contexto, o deputado questiona o Executivo para quando está agendada a revisão e se esta vai ou não incluir a restrição na venda de bebidas alcoólicas. Tomás Chio (com J.F./S.M.) info@hojemacau.com.mo

Lei pronta. Ouvidos atentos Debate sobre táxis marcado para quinta-feira na AL

E

stá finalmente marcada a data para avançar com o debate sobre táxis proposto pelos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting. Quinta-feira, pelas 15h00, juntam-se no hemiciclo os responsáveis do Governo para responder a questões relacionadas com o Regulamento dos Táxis, numa altura em que o Executivo assegura ter a lei pronta. O debate foi proposto por Mak Soi Kun e Zheng Anting em Abril deste ano, mas só agora, e depois de ter sido aprovado pelo hemiciclo, é que sobe a discussão. Os dois deputados colocam em causa as alterações feitas ao Regulamento de Táxis, nomeadamente no que concerne ao cancelamento e suspensão da carteira dos motoristas em caso de incumprimento e penalizações para a reincidência.

Para os deputados, “é incerto” que estas alterações ajudem a combater as irregularidades nesta área, a “proteger os legítimos direitos e interesses dos profissionais que cumprem a lei” e a resolver as dificuldades em apanhar táxi.

Da discórdia

O debate foi pedido numa altura em que as mudanças propostas estão a gerar muitos protestos por parte do sector. Os deputados eleitos pela via directa disseram, em Abril, querer “esclarecer as dúvidas da sociedade e evitar que sejam originados fenómenos de injustiça”. Além da introdução de polícias à paisana, o Governo propõe introduzir gravações áudio não obrigatórias no interior dos veículos e retirar as licenças de circulação após a concretização de oito infracções. Na altura da aprovação do debate em

plenário, só Kou Hoi In e Chui Sai Cheong votaram contra. Para Chui Sai Cheong este é um debate desnecessário visto o Governo já estar a preparar a proposta de lei. “Vamos ter tempo de apresentar as nossas opiniões na apreciação da lei, depois”, dizia. Já Sio Chio Wai e Ma Chi Seng admitiram a necessidade do debate até em nome das “aspirações da sociedade”. Entretanto, numa resposta ao deputado José Pereira Coutinho o mês passado, o Executivo anunciou que o diploma está pronto. “Temos a proposta concluída e esperamos que entre em processo legislativo o mais breve possível”, escreveu Lam Hin Sang, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. Ainda assim, a lei não deverá dar entrada na AL nesta sessão legislativa. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


6 Sociedade

hoje macau terça-feira 12.7.2016

Indecisões na limitação de shuttle-bus

CE convidado para Comissão de Honra de Encontro dos Macaenses

Terra da harmonia

De braços abertos

“Macau é a casa de todos os macaenses” Chui Sai On Chefe do Executivo

Choi In Tong Sam junta-se a pedidos pelo fim do exclusivo CTM

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Na linha dos atrasos

Lo Wa Kit, director da Associação, citado pelo Jornal do Cidadão, disse que o atraso na concretização das infra-estruturas da rede de telecomunicações e a falta de competição no mercado estão a atrasar o desenvolvimento das TI em Macau que, considera, “está muito aquém das regiões vizinhas”. Francisco Leong, Chefe do Departamento de Técnicas e Gestão

de Recursos de Telecomunicações da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicação (DSRT), disse que o organismo está a tratar do assunto e que o Secretário Raimundo do Rosário irá à Assembleia Legislativa falar sobre a questão, tendo marcado como prioridade para o Governo para este ano “o baixar das tarifas do serviço de telecomunicações, bem como acelerar a velocidade da Internet”. As recentes declarações de Vandy Poon, director-executivo da CTM, que frisavam que a empresa é a melhor parceira para continuar a oferecer o serviço em Macau, também não ficaram de fora do debate. Choi Tak Meng, director-executivo da Mtel, entende que “existem outras empresas com capacidade no sector e todos deveriam poder ter acesso à rede”. O responsável da Mtel queixou-se ainda da lentidão do Governo na aprovação do projecto de instalação da instalação da rede fixa. Angela Ka (revisto por M.N.) info@hojemacau.com.mo

Chui Sai On terá destacado a importância do evento, referindo que Macau “é a casa de todos os macaenses” e que o Governo “dá as boas-vindas e recebe-os de braços abertos neste regresso a casa” e que desta forma estes “filhos da terra podem constatar o desenvolvimento e as mudanças do território”. O Chefe do Executivo terá ainda mostrado interesse na “organização do evento, nomeadamente, quanto ao número de participantes e, entre outros aspectos, os custos”. O Chefe do Executivo referiu ainda que “a harmonia entre as comunidades é uma tradição na sociedade”, tendo dito que “a comunidade macaense é parte integrante e importante da sociedade local”. “No processo de desenvolvimento a diáspora macaense mantém ligações constantes a Macau através de diferentes áreas e contributos”, frisou ainda. A.S.S.

Tiago Alcântara

Libertem a rede Choi In Tong Sam, a principal associação da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) juntou-se aos pedidos dos deputados em acabar com o monopólio da CTM no mercado das telecomunicações. Depois de vários deputados terem levado a questão ao hemiciclo, a organização realizou no passado domingo uma mesa redonda dedicada ao Plano Quinquenal e à Cidade Inteligente e que teve a participação de representantes do Governo, do sector das Tecnologias Informação (TI) e das telecomunicações.

s autocarros das operadoras de Jogo já viram os seus itinerários diminuir em 10,8%, mas o Governo ainda não decidiu se os vai ou não limitar. Quem o diz é Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), numa resposta à deputada Wong Kit Cheng. De acordo com o responsável da DSAT, o organismo está a implementar medidas de redução destes shuttle-bus continuamente. Actualmente “foram reduzidos para 59 itinerários, o que representa uma diminuição de cerca de 10,77%”, pode ler-se na resposta. Ainda assim, o Governo não sabe ainda se é “viável” implementar um limite no número de autocarros das operadoras. Esta era uma promessa já deixada na Assembleia Legislativa pelo Chefe do Executivo e, recentemente, um estudo académico sugeria a redução destes transportes em 43%. Ainda assim, o Executivo não parece ter decidido. “A DSAT vai [falar] com os serviços responsáveis pela apreciação e aprovação da importação de veículos de turismo no estudo sobre a viabilidade da fixação [desse] limite”, escreve Lam Hin San, na resposta datada de Junho. O responsável adianta que, para já, vão continuar as comunicações com as operadoras nomeadamente no que à partilha de shuttle-bus diz respeito, algo que já está a ser feito por operadoras como a Melco e a Venetian. J.F.

Pérolas”. Sales Marques disse que, até ao momento, está confirmada a participação de 800 pessoas, sendo que esse número deverá aumentar.

Tiago Alcântara

O

Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve ontem reunido com Leonel Alves e José Luís Sales Marques, na qualidade de representantes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM). O encontro serviu para convidar o Chefe do Executivo para integrar a Comissão de Honra do Encontro das Comunidades Macaenses, o qual irá realizar-se em Novembro. Ao HM, José Luís Sales Marques, da comissão organizadora, referiu apenas que o apoio institucional dado ao evento “tem sido muito forte”. “Informámos o Chefe do Executivo do andamento dos trabalhos e agradecemos o apoio que tem sido dado pelo Governo”, acrescentou. Leonel Alves, presidente do CCM, referiu, segundo um comunicado, que “os trabalhos (de organização) decorrem a bom ritmo”, sendo que o programa deste ano inclui uma visita a Cantão, a qual irá servir “para os participantes ficarem a conhecer o desenvolvimento actual no Delta do Rio das

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Zonas ecológicas custam mais 21 milhões

A gestão e manutenção das zonas ecológicas do Cotai vai custar mais 20 milhões de patacas ao Executivo. A Esplendor de Glória Projectos Ambientais — Companhia Limitada continua encarregue de prestar esses serviços, de acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial, e a vai ser paga até 2021, depois de no ano passado ter recebido mais um milhão e meio pelo mesmo serviço que já lhe é adjudicado desde, pelo menos, 2010. O despacho ontem tornado público indica o pagamento de 21 milhões de patacas à empresa e foi assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo.

Confiança na economia de rastos

Segundo um estudo da Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST), a confiança dos residentes de Macau na economia local continua a baixar, num cenário de queda no segundo trimestre deste ano. De acordo notícia da revista Macau Business, no Índice de Confiança dos Consumidores, indica o estudo da MUST, os últimos dados apontam que, entre Abril e Junho, os níveis de confiança estavam nos 82.56, num total de 200, ou seja, um decréscimo de 1,72% em relação ao trimestre anterior. Este estudo, informa a MUST, é calculado com base na economia local, emprego, preços, padrões de vida, compra de habitação e investimento em bolsa. Resultados abaixo do índice cem sugerem falta de confiança.


7 hoje macau terça-feira 12.7.2016

Sociedade

Descem pedidos de subsídios complementares ao rendimento

Melhores salários na mesma economia Menos pessoas com salário abaixo de cinco mil patacas a pedir apoio do Governo

O

s pedidos de subsídio complementar aos rendimentos de trabalho, uma medida provisória lançada pelo Governo para colmatar baixos salários auferidos por residentes permanentes, caíram 69,3% no primeiro trimestre, indicam dados oficiais ontem divulgados. Dados publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças indicam que, entre Janeiro e Março, deram entrada 386 requerimentos contra os 1261 em igual período do ano passado, o que reflecte uma diminuição superior a dois terços. Do total de pedidos, 366 foram aprovados, dois rejeitados e 17 encontravam-se em fase de apreciação. Menos pedidos resultaram, por conseguinte, numa diminuição do montante total concedido: foram atribuídos 2,59 milhões de patacas, contra

os 6,09 milhões de patacas atribuídos nos primeiros três meses do ano passado. Lançado como medida provisória em 2008, o subsídio complementar aos rendimentos do trabalho destina-se a apoiar os residentes permanentes com rendimentos mensais inferiores a cinco mil patacas, dado que o valor da subvenção serve para colmatar a diferença.

trimestre revelam que a indústria abarcou 66% do montante total do subsídio. Outros sectores não especificados foram responsáveis por uma quota de 27% do montante do subsídio

23,06 milhões de patacas, montante atribuido

atribuído, seguindo-se o sector do comércio a retalho de bens de consumo não duradouros (4%) e restauração (3%). No cômputo de 2015, o subsídio complementar aos rendimentos do trabalho foi atribuído a 4478 requerentes (de um total de 4788 pedidos submetidos), o que se traduziu num encargo para a região na ordem dos 23,06 milhões de patacas. LUSA/HM

Para quem pode

Ao abrigo do programa, são elegíveis os residentes permanentes com idade igual ou superior a 40 anos que tenham trabalhado um mínimo de 152 horas por mês. Excepção feita aos que exerçam actividade na indústria têxtil, do vestuário e do couro, onde são exigidas menos horas (128 por mês). Em termos da distribuição por sector de actividade, os dados referentes ao primeiro

4478

requerentes receberam o subsídio complementar aos rendimentos do trabalho em 2015

CCCC monitoriza ponte e estuda construção de dois túneis

A

CCCC Highway Consultants Macau Branch foi ontem incumbida de dois serviços pelo Governo: um deles é a instalação de equipamento para monitorizar a saúde estrutural da Ponte da Amizade e o outro a elaboração de um estudo de viabilidade para a construção de dois túneis subaquáticos.

Os anúncios foram ontem publicados em despachos no Boletim Oficial. Enquanto que pelo primeiro serviço a empresa vai receber 11,7 milhões de patacas - para a empresa proceder à prestação de serviços de instalação do equipamento do sistema de monitorização –, o segundo trabalho vai custar aos cofres do Governo 7,2 milhões de patacas.

O estudo para a construção de dois túneis subaquáticos serve a Ponte Nobre de Carvalho. O HM tentou, sem sucesso, obter mais detalhes sobre a necessidade destes túneis, mas não foi possível qualquer resposta da tutela das Obras Públicas. A CCCC é uma das maiores empresas estatais chinesas, estando por exemplo encarre-

gue de trabalhos como a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Um relatório da Bolsa de Valores de Hong Kong refere que, em 2006, a empresa tinha como accionistas Li Ka Shing, considerado o homem mais rico de Hong Kong, e Joseph Lau, empresário de Hong Kong condenado por corrupção em Macau.

Sondagem geotécnica nos aterros custa 6,1 milhões

O valor do contrato adjudicado para a sondagem geotécnica dos novos aterros urbanos da zona C, e que inclui o aterro e o dique, é de cerca de 6,1 milhões de patacas. A informação é anunciada num despacho publicado ontem em Boletim Oficial, que indica que a adjudicação do serviço foi feita ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau. O trabalhos ocuparão este e o próximo ano e serão pagos em duas partes iguais.

Parque de Medicina Tradicional Chinesa em périplo europeu

U

ma delegação do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa (MTC) para a Cooperação entre Guangdong-Macau esteve na Holanda, República Checa e Portugal para construir uma base internacional de controlo de qualidade da MTC e promover o que designa por “Plataforma Internacional de Intercâmbio da Indústria de Saúde”. Em Portugal, um dos países da União Europeia que mais cedo legislaram a MTC, a delegação reuniu com as Direcções-Gerais da Saúde e de Alimentação e Veterinária, onde foi discutido com mais detalhe as cláusulas do acordo de cooperação discutido no passado mês de Novembro, aquando da última visita do Parque a Portugal. Foi também abordada a viabilidade do estabelecimento de centros de MTC no estrangeiro. O parque espera receber apoios do governo português nos domínios de inscrição, serviços e comércios de produtos de MTC e de suplementos alimentares, tendo registado a disponibilidade de Portugal para o efeito. A delegação, chefiada por Lu Hong, assessora do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças e presidente do Parque, esteve ainda na Escola MTC de Lisboa, a primeira a oferecer formação na área em Portugal e o primeiro ramo de ensino superior no estrangeiro aprovado pelo Ministério de Educação da China. O périplo europeu incluiu ainda visitas à Holanda e República Checa. Na Holanda, em Leiden, a delegação visitou o Laboratório de Biomedicina da Universidade local, o Parque de Biotecnologia e a Agência de Investimento Estrangeiro da Holanda Oeste. Na República Checa foi visitado o “Centro de Medicina Tradicional Chinesa Sino-checo” do Hospital Universitário de Hradec Králové.


8 Desporto

Portugal é Campeão Europeu de Futebo

hoje macau terça-feira 12.7.2016

O verde e vermelho invadiu o mundo. Não foi só a torre do Eiffel porque, se em Paris Portugal se sagrou pela primeira vez campeão europeu de futebol, já em Amesterdão o atletismo arrecadou seis medalhas e, em Andorra, Rui Costa foi segundo na nona etapa do Tour. Nunca tal se “haverá” visto

Um fim de sem N

ão será necessário relatar o filme do jogo épico que todos, ou quase todos, assistimos na madrugada de domingo. Valerá, quiçá, recordar algumas das frases proferidas após a conquista da equipa portuguesa em Paris. Honra aos derrotados seja feita, destaque para a reacção de Didier Deschamps, o treinador gaulês, que sempre primou pela elegância nas suas declarações em relação a Portugal. “A desilusão é o principal sentimento. Há coisas positivas, mas é difícil vê-las nesta altura. É muito duro, mas isto é futebol de alta competição”. Para além do desânimo natural, Deschamps disse ainda em relação à equipa portuguesa que “O vencedor merece sempre. Podem fazer as vossas análises, mas eu disse que não tinha chegado à final por acaso. Ficou em terceiro no grupo e é campeão da Europa. Não ganharam muitos jogos mas ganharam o mais importante. Não retiro nenhum mérito a Portugal. Há muita gente que vai tentar fazer comparações, e se calhar tiveram gerações com mais talento, mas não ganharam, e estes ganharam. Estão de parabéns. Não tenho nada a dizer para beliscar o mérito da equipa portuguesa.” Antoine Griezmann, o avançado francês com origens portuguesas, também estava desiludido apesar de levar como prémio de consolação o título de melhor marcador do Euro. Todavia, não teve pejo em

destacar Ronaldo em relação à Bola de Ouro, um título que ambiciona, “O Cristiano ganhou as maiores competições, por isso acho que é isso, está feito”, disse.

Euforia Lusitana

Poucos esperariam que entrasse e muito menos que viesse a confirmar a fábula de Hans Christian Andersen, a história do “Patinho Feio” que afinal era um garboso cisne em desenvolvimento. Após uma experiência falhada em Inglaterra, no Swansea, Éder tinha conseguido este ano ficar em definitivo no Lille, de França, onde foi preponderante. Todavia, isso não chegou nem para lhe dar a titularidade na selecção, nem para conquistar o amor dos fãs. Diz-se, inclusive, que esse desamor terá mesmo provocado a necessidade de apoio psicológico antes do Campeonato da Europa. Mas, apesar de ter inscrito o seu nome a ouro na história do futebol português (nunca mais será esquecido), não esqueceu a humildade no meio das celebrações e até disse compreender a alcunha: “Patinho feio? Eu compreendo, as pessoas têm de falar, muitas vezes com razão, outras nem tanto”. Para além disso, em relação ao golo que deu o troféu, uma clara atitude de raiva e querer, Éder disse que “é um golo que sai do esforço de todos os portugueses, de todos os jogadores. Trabalhámos imenso, é sempre muito difícil, mas acreditámos sempre. O mister sempre disse que só saíamos daqui com a taça, que

íamos ser campeões. É um golo de uma vida, muito merecido. Claro que não tenho noção da dimensão. Agora temos de desfrutar. Quero agradecer à Susana Torres, minha treinadora de alta performance que vocês deviam conhecer. Muita crença com os meus amigos, consegui fazer o que fiz no Lille e Fernando Santos e os meus companheiros acreditaram em mim.” Claro que não se pode esquecer o menino Sanches que deslumbrou meio mundo e conquistou o prémio para melhor jogador jovem do torneio. Orgulhoso, mas humilde também, até revelou que iria “autorizar” os seus amigos do ex-rival a festejar com ele: “Quero dizer aos meus amigos que hoje vão poder festejar comigo porque eles são quase todos sportinguistas”. Para além disso, considerou estar a viver um momento único “... é um sonho. Aos 18 anos ganhar um Campeonato da Europa… Espero ter mais anos como este, para mim vou guardar este ano no coração” E só falta o capitão que, como escreveu o diário inglês The Independent, “Transformou as lágrimas de tristeza em alegria.” “São momentos que não conseguimos controlar. Estava, de facto, muito emocionado, era algo que queria muito para o nosso país. Senti o apoio de todos os portugueses em Portugal e fora e aqui em Marcoussis, principalmente. Ganhei tudo a nível de clubes e individual, mas sempre disse que queria ganhar algo por

Portugal. O nosso treinador merece, a nossa estrutura merece, ninguém acreditava. Obviamente, queria jogar mais, mas não consegui. Levei uma porrada e não consegui, senti o joelho a inchar, se continuasse podia piorar, ia correr um risco enorme”, disse Cristiano que ainda explicou a confiança que tinha em Éder “Foi feeling, não quero dizer que sou o rei da cocada preta ou bruxo, mas tive feeling que o Éder ia marcar. Fiz uma reza para ele, merece. Estou muito feliz por ele.”

Palavras de capitão

O papel de Ronaldo, ainda sem jogar, foi mesmo fundamental na coesão e motivação do grupo. As palavras ditas antes do prolongamento foram cruciais conforme divulga o jornal Mirror, de Inglaterra, através de Cédric Soares: “Ele deu-nos muita confiança e disse-nos: ‘Oiçam pessoal, tenho a certeza que vamos ganhar o Euro, por isso mantenham-se unidos e lutem por isso’. “Foi incrível”, disse ainda Cédric, “a equipa toda teve uma atitude fantástica e mostrou que, quando se luta como se fossemos apenas um, é-se muito mais forte”. E vai mais longe na análise de Ronaldo que qualifica de “fantástico. A sua atitude é inacreditável. Ao intervalo ajudou-me muito e aos meus colegas, teve sempre palavras de motivação. A equipa toda reagiu por isso foi muito, mas muito bom!”


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ol e sétimo nos Europeus de Atletismo

hoje macau terça-feira 12.7.2016

mana invulgar Imprensa Internacional

Estatísticas no Euro

imprensa internacional engalanou-se com as cores portugueses classificando, de uma forma geral, a conquista de Portugal no Euro como “heróica” salientando o facto de ter sido conseguida sem o contributo de Cristiano Ronaldo. Aqui ficam alguns dos títulos

sta prova que continua a ser liderada na conquista de títulos pela Alemanha/RFA (1972, 1980 e 1996) e Espanha (1964, 2008 e 2012) gera toneladas de estatística. De entre essa miríade de dados, seleccionámos os que tocam às cores portugueses. Uns melhores, outros nem por isso.

A

França •France Football• “Uma terrível desilusão” •Le Monde• “Portugal priva os ‘Bleus’ de uma vitória no seu Europeu”

Espanha •El Pais• “Portugal consola Cristiano” •Marca• “Em nome de Cristiano” e “Assim é Éder, o novo herói de Portugal”. •El Mundo• “Portugal, campeão da Europa: a crueldade é bela” •Mundo Deportivo• “Heróico, mesmo sem Cristiano” •As• “Maracanazo em Saint-Denis”

Inglaterra •The Independent• “As lágrimas de Ronaldo transformam-se em alegria com Portugal a bater a França e conquistar a glória europeia” •The Guardian• “Os ‘patinhos feios’ de Fernando Santos partem os corações franceses” •The Sun• “Quem precisa de Ronaldo? Éder, o flop de Swansea marca no prolongamento e atordoa a nação anfitriã” •Mirror• “Portugal choca a França com vitória 1-0 após Ronaldo sair lesionado”

Estados Unidos •CNN• “Portugal coroado campeão europeu”

Brasil •O Globo• “Portugal bate a França e vence a Eurocopa pela primeira vez”

Alemanha •Die Welt• “Na sua noite mais amarga, ele levantou a taça”

Argentina •Olé• “Rebentos de Cristiano” (“Flor de Cristianos”, no original)

Hong Kong •South China Morning Post• “Treinador Santos inspira Portugal para uma derradeira vitória ‘feia’”

Desporto

E

• Mais presenças em fases a eliminar após ultrapassar a fase de grupos: 7 - Alemanha/RFA (1980, 1988, 1992, 1996, 2008, 2012 e 2016) e Portugal (1984, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016) • Mais presenças sem nunca cair na fase de grupos: 7 - Portugal (1984, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016). • Menos vitórias de um campeão (desde 1980): 3 - Dinamarca (1992) e Portugal (2016) • Mais jogos sem vitórias de um campeão: 4 - Portugal (2016) • Mais empates consecutivos: 4 - Portugal (um em 2012 e três em 2016) • Menos golos numa final: 1 - Portugal-Grécia, 0-1 (2004), Alemanha-Espanha, 0-1 (2008) e Portugal-França, 1-0ap (2016) • Jogador mais velho a sagrar-se campeão: 38 anos e 53 dias - Ricardo Carvalho, Por (Portugal-França, 1-0ap, 2016) • Jogador mais novo a sagrar-se campeão: 18 anos e 327 dias - Renato Sanches, Por (Portugal-França, 1-0ap, 2016) • Jogador mais novo a actuar numa final: 18 anos e 327 dias - Renato Sanches, Por (Portugal-França, 1-0ap, 2016).

Corridas para a vitória Medalhas e títulos extra futebol

N

em só de futebol vive a espécie e este fim de semana trouxe mais motivos de orgulho paras hostes lusitanas com resultados espectaculares no atletismo e, claro, o segundo lugar de Rui Costa numa difícil etapa do Tour... de França... nos Pirenéus. Em Amesterdão acabou este fim de semana outro campeonato europeu, o de atletismo. No final, as cores lusitanas terminaram num honroso 7º lugar à frente da... França ao conquistarem três medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. O ouro foi para Sara Moreira, na meia maratona, Patrícia Mamona, no triplo salto, e para a equipa da meia maratona. A prata seguiu para Patrícia Félix na corrida dos 10,000 metros e o bronze para Tsanko Arnaudov no lançamento do peso e para Jessica Augusto na Meia Maratona. No triplo salto, com uma tirada final de 14,58 metros, Patrícia Mamona melhorou também o recorde nacional por seis centímetros e conquistou a quinta medalha de Portugal nestes Europeus, e a 34.ª desde sempre. Na estreia da meia-maratona em Europeus, Sara Moreira completou o percurso em 1:10.19 horas, enquanto Jéssica Augusto ficou com a medalha de bronze, ao fechar o pódio com mais 36 segundos. Na meia-maratona dos Europeus estreou-se igualmente a Taça da Europa da distância, para a qual contam os registos das três melhores de cada país, tendo Ana Dulce Félix fechado a equipa lusa no 12.º posto, dando o triunfo colectivo a Portugal.

Nos 10,000 metros, Jéssica Augusto, que perto do final seguia na quarta posição, acabou por ultrapassar a turca Haydar e terminou, bem isolada, na terceira posição, com 1:10.55. Susana Costa ficou em quinto lugar com um salto de 14,34 metros, e novo recorde pessoal. No lançamento do peso, Tsanko Arnaudov conquistou a medalha de bronze tendo como o melhor arremesso a 20,59 metros.

Trepar até ao segundo

Em Andorra, o português Rui Costa (Lampre-Mérida) conseguiu o segundo lugar na nona etapa da Volta a França em bicicleta, mas promete mais. “Estou feliz e quero mais. Até Paris ainda temos muitas etapas e mais oportunidades. Vamos dar luta”, escreveu Rui Costa, no seu diário ‘online’. O corredor poveiro terminou a etapa rainha dos Pirenéus a 38 segundos do holandês Tom Dumoulin (Giant-Alpecin), vencedor da tirada, e admitiu que o segundo posto foi positivo. “Que dureza que foi esta etapa. Aquela subida final parecia interminável! Foi um dia super complicado, mas a vontade de vencer era maior. Um resultado que me anima. Não foi uma vitória, mas depois de tanto esforço e tantas tentativas que eu fiz, acho que foi uma boa recompensa”, frisou. Rui Costa subiu à 48.ª posição, a 42.27 minutos do britânico Chris Froome. Manuel Nunes

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10 China

hoje macau terça-feira 12.7.2016

UE Comissária fala do futuro europeu em Pequim

Haja paciência Cecilia Malmström esteve na Universidade de Economia e Negócios Internacionais (UIBE) de Pequim para falar dos tempos que aí vêm após a saída do Reino Unido. A comissária do Comércio pede prudência até que o processo, que pode levar até dois anos, esteja concluído

Momento de reflexão

A

comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, pediu ontem paciência à comunidade internacional enquanto a União Europeia (UE) e o Reino Unido negoceiam o futuro das suas relações após a saída britânica do bloco comunitário. “O mundo precisa de um pouco de paciência para ver a fórmula exacta das nossas futuras relações”, afirmou

“O mundo precisa de um pouco de paciência para ver a fórmula exacta das nossas futuras relações” Cecilia Malmström comissária europeia do Comércio

Viver no espaço

Segundo laboratório espacial chega à base de lançamento

O

segundo laboratório espacial chinês, denominado Tiangong-2, chegou ao centro de lançamento de Jiuquan, situado no deserto de Gobi, de onde será lançado ao espaço em meados de Setembro, informou a agência noticiosa Xinhua. Segundo a mesma agência, o laboratório foi enviado desde Pequim, a 1.600 quilómetros, por via ferroviária, e chegou ao centro Jiuquan no sábado, estimando-se que permita a

Malmström, num discurso na Universidade de Economia e Negócios Internacionais (UIBE) de Pequim. A comissária europeia sublinhou que o Reino Unido continua a ser membro de pleno direito do grupo dos vinte e oito até que esteja concluído o seu processo de saída da UE, pelo que, “a curto prazo, não há mudanças”. “O processo de saída poderá levar até dois anos e até ao dia da saída são membros completos, com responsabilidades completas e benefícios completos”, disse a comissária. Malmström manifestou confiança de que ambas as partes conseguirão encontrar “uma boa solução para o futuro”, mas reconheceu que actualmente “é difícil” antecipar como será essa solução. “Isto nunca aconteceu antes na história da UE, pelo que não temos uma receita exacta que sirva de antecedente, mas está regulado nos tratados como se devem fazer estas coisas e levará tempo”, afirmou.

dois astronautas viver no espaço durante 30 dias. De acordo com o plano, o Tiangong-2 poderá receber naves tripuladas e será um ponto de abastecimento de combustível como de estância de curto e médio prazo para a tripulação. Será também utilizado em experiências de medicina aeroespacial, ciências espaciais e outras áreas. O primeiro laboratório espacial chinês, o Tiangong-1,

terminou, em Março último, a sua missão de recolha de dados, depois de quatro anos e meio em órbita, após ter sido lançado em 2011. Ao Tiangong-1 acoplaram-se as naves espaciais Shenzhou-8, Shenzhou-9 y Shenzhou-10 durante aquele período. A Shenzhou-11 prepara-se também para se acoplar ao Tiangong-2, que apresenta melhorias significativas relativamente ao anterior. O lançamento do laboratório integra o programa chinês para estabelecer uma estação permanente ao redor da Terra até 2022.

A comissária do Comércio disse que também é preciso que seja eleito um novo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, “com algumas ideias sobre as relações” entre o país e a UE. Acrescentou que o “brexit” abriu um período de “reflexão” na UE, mas assegurou que as políticas, as prioridades e o trabalho diário da união continuam, assim como se mantém a sua “ambiciosa agenda comercial”. “Muitos de nós em Bruxelas e na UE ficámos tristes de ver que os britânicos decidiram deixar-nos, mas é uma decisão democrática que eles tomaram e, claro, tem de ser respeitada”, afirmou a comissária.

Este ano, a China alcançará um recorde de 20 missões, entre as quais se encontra o foguetão Longa Marcha-7, lançado com êxito a 25 de Junho e destinado a ser o veículo de transporte dos módulos da futura estação espacial chinesa.

Tufão provoca Seis mortos e oito desaparecidos no leste da China

Seis pessoas morreram e oito continuam desaparecidas na sequência da passagem do tufão Nepartak pelo leste da China, onde mais de 200 mil pessoas tiveram de ser realojadas, segundo o mais recente balanço divulgado na noite de domingo. Aproximadamente 1.900 casas ficaram destruídas e 1.600 hectares de campos agrícolas ficaram totalmente arruinados, com os prejuízos globais estimados em 860 milhões de yuan, de acordo com dados do Ministério de Assuntos Civis da China. O Nepartak, o primeiro tufão da temporada, cujo nome procede de um guerreiro da mitologia da Micronésia, provocou fortes chuvas e ventos, apesar de ter perdido intensidade quando tocou terra. A tempestade tropical afectou as províncias de Fujian e Jiangxi desde a tarde de sábado até domingo, depois de ter passado por Taiwan, onde na sexta-feira fez dois mortos, 70 feridos e significativos danos materiais.

Hong Kong Ex-dono do Birmingham City regressa à prisão

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arson Yeung, antigo dono do clube britânico Birmingham City, condenado por lavagem de dinheiro, vai cumprir o resto da pena de prisão depois de ontem ter perdido o recurso interposto no Tribunal de Última Instância de Hong Kong. Carson Yeung, de 56 anos, começou a cumprir uma pena de seis anos de prisão em Março de 2014, após declarado culpado de lavagem de dinheiro no valor de 721 milhões de dólares de Hong Kong entre 2001 e 2007. No Verão do ano passado, foi libertado sob fiança, depois de o Tribunal de Última Instância ter aceitado que contestasse a sentença. Contudo, ontem, o seu recurso foi indeferido, pelo que Carson Yeung regressou à prisão para cumprir a pena, noticia a imprensa da antiga colónia britânica. O empresário foi acusado em Junho de 2011, menos de dois anos depois de ter adquirido o Birmingham City, em Outubro de 2009. Carson Yeung começou a trabalhar em Inglaterra aos 16 anos, em 1977, e regressou três anos depois à província chinesa de Guangdong, adjacente a Macau e a Hong Kong, mais propriamente à cidade de Dongguan para trabalhar no sector imobiliário. A origem da sua fortuna não é totalmente conhecida, mas sabe-se que em 1994 abriu um salão de cabeleireiro numa zona de comércio e lazer de Hong Kong, em Tsim Sha-tsui, e que fez alguns investimentos em Macau, em projectos relacionados com casinos.


11 hoje macau terça-feira 12.7.2016

Conservadores em alta Caminho aberto para a reforma da Constituição japonesa

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vitória conquistada pelo partido do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e os seus parceiros nas eleições da Câmara Alta, realizadas no domingo, abre caminho à sua intenção de reformar a Constituição. Segundo os resultados, o Partido Liberal Democrata (PLD, no poder) conseguiu ampliar a confortável maioria de que dispunha no Senado, a par com os parceiros de coligação governamental, o partido budista Novo Komeito, com o qual também domina a Câmara Baixa da Dieta (o parlamento do Japão). Nas eleições parciais de domingo estavam em jogo metade dos 242 assentos da Câmara Alta, tendo o PLD aumentado a sua representação até 121 deputados, enquanto o Komeito alargou a sua até aos 25, informou a cadeia televisiva pública NHK. Ambos os partidos acumulam assim 146 assentos (contra os 135 que detinham anteriormente), aos quais se somam mais de uma dezena de deputados da Iniciativas

de Osaka e de outros partidos e candidatos independentes favoráveis à reforma da Constituição que o partido de Shinzo Abe quer impulsionar. Esta clara vitória concede maior margem a Abe para continuar a sua estratégia de reforma económica, conhecida como “Abenomics”, e para prosseguir com a controversa alteração do artigo pacifista da Constituição que prevê um aumento das competências no domínio da Defesa.

Carta branca

“A reforma da Constituição é a maior aspiração do partido [PLD] desde a sua fundação” Shinzo Abe primeiro-ministro japonês

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“O meu Governo recebeu o mandato para continuar em frente com a ‘Abenomics’”, afirmou o primeiro-ministro, em entrevista à NHK, após serem conhecidos os primeiros resultados, sem deixar de fazer referência à reforma constitucional almejada. Este “não foi um dos temas de debate” nas eleições, disse Abe, indicando, porém, que a comissão parlamentar responsável pelo assunto vai discutir, a partir do Outono, “os detalhes e os artigos concretos que se podem alterar” na Constituição. “A reforma da Constituição é a maior aspiração do partido [PLD] desde a sua fundação”, frisou o primeiro-ministro conservador, em declarações reproduzidas pelo jornal Nikkei.

Região

O Executivo deAbe já conseguiu aprovar, em 2014, uma reinterpretação do artigo 9.º da Constituição, que impedia o país de usar a força para resolver conflitos internacionais, e em Setembro último levou adiante um pacote legislativo com medidas para exercer o chamado direito à “autodefesa colectiva”. Trata-se da mais importante e polémica reforma militar no país asiático desde o final da II Guerra Mundial, que foi aprovada sob forte protesto da oposição e de parte da sociedade civil, por se considerar que vulnera o espírito pacifista da Magna Carta. Agora, Shinzo Abe pode aproveitar o facto de os partidários da reforma dominarem dois terços das duas câmaras do parlamento para ir mais além e introduzir outras emendas, já que tem vindo a defender que a Constituição japonesa se encontra desfasada, dado o actual panorama regional, em que a China tem conquistado cada vez mais peso militar e em que a Coreia do Norte prossegue com o seu programa nuclear e de mísseis. A legislação japonesa estipula ser necessário o apoio de dois terços dos deputados das duas câmaras e uma maioria simples em referendo para alterar a Constituição, o que fez com que o texto nunca tenha sido mudado desde que entrou em vigor, em 1947.


h artes, letras e ideias

12

D

Antropofobias

Unheimlich

esde que se reconheceu como Homem, a espécie humana tem procurado distinguir-se das outras espécies animais, quer pela simples adição de atributos (do género “o homem é um animal racional”), quer pela constatação de um corte radical numa hipotética escala evolutiva (o homem é um animal com cultura). Mas, no fundo, parece existir uma remota e timorata consciência de que a distância que nos separa dos outros bichos não é tão grande quanto isso.

Um dos primeiros a escorregar na senda da confissão deste terror (em termos científicos) foi o naturalista Buffon. Dizia ele que se os animais não existissem o Homem seria ainda mais misterioso — o que indicia proximidade e semelhança. Nalgumas das pinturas que o italiano Castiglione fez na corte de Pequim avultam a representação de cavalos e cães, desenhados ao modo ocidental; contudo, inseridos num contexto de pintura chinesa, o que imprime nas pinturas algo de inusual, para não falar de uma certa estranheza, um senti-

mento indefinível, próximo, se quisermos, do desconforto. Tal é sobretudo verdadeiro quando contemplamos um certo cavalo, de cor castanha e proporções suaves. O mais extraordinário da besta é o seu olhar. Ao contrário do que se poderia pensar, jamais o classificaria de humano. A sua placidez e segurança situam-no, desde logo, num patamar que nos ultrapassa. A estranheza, a que não é ausente um traço de temor, mede a altura do lance, desafia a capacidade da nossa perna.

Carlos Morais José


13 hoje macau terça-feira 12.7.2016

Máquina Lírica

Paulo José Miranda

Patrícia Baltazar P

atrícia Baltazar é uma poeta contemporânea, que vive no Barreiro, parte sul de Lisboa, do mesmo modo que Kadıköy fica na parte asiática da cidade de Istambul, ou a Lesbos de Safo ficava na parte asiática da Hélade. A poeta tem quatro livros publicados: Ré Menor (Língua Morta, 2010), Fumar Mata (Madrugadas, 2013), Catapulta (Do Lado Esquerdo) e A-Rh sanguis languae (Palavras Por Dentro, 2016). Aqui e agora, percorreremos apenas os caminhos de Fumar Mata. Chega-se a este livro de Patrícia Baltazar, como a uma casa arruinada, cansada de tempo e de miséria, sem ninguém, e passamos a sentir-nos como a ruína de um recordação que nunca foi, a ruína de uma vida por ser, porque “Não tenho de ser ninguém para perder a memória.” (XXXIII, p. 55) Aqui não nos encontramos face a face com a etiqueta de Aristóteles acerca da poesia, o que poderia ser, aqui ficamos face a face com o que nunca irá ser, a vida que poderíamos ter sido se houvesse vida. O livro começa com o verso “Precisamos de pássaros” (I, p. 7) e termina com um verso final, poema inteiro e sem número romano ou árabe “Que se foda.” Entre o que se precisa e o irremediável, o livro divide-se entre as “lâminas de algodão” (V, p. 15) da lírica e a realidade implacável de “45 quilos de ossos para uma tempestade” (XXII, p. 37). E muitos dos versos sucedem-se interrompidos, deixando eles também adivinhar a vida que poderia ter sido “De nada que me” (VI, p. 16) e “Fecha os olhos como se” (VII, p. 18) e “Não houvesse água que nos salvasse (...) Não houvesse absolutamente nada” (XXIV, p. 41). Somos incompletos como um verso inacabado. Mas pior, porque ninguém nos quis assim. Não é apenas para os outros que somos um discurso continuamente interrompido, também para nós mesmo o somos. A memória faz o que pode para nos conferir unidade, mas somos o que os outros fazem de nós, somos também o que não fazemos de nós, no fundo, “des-somos” mais do que somos. “Tenho várias salivas. Vários géneros. Acumulei rostos e corpos. E o teu, o teu, o teu, o teu e ainda o teu, continuam guardados, para sempre, em todos os meus lugares. Eu sou tudo o que vocês fizeram de mim.” (III, 10-1) Mas o humano que des-somos vê-se ainda melhor neste verso: “Ser uma cicatriz.” (X, 23)

Não se pense, contudo, que estamos diante de um livro que arrasta uma voz de queixume ou uma voz de vingança. Nada mais contrário a isto. Estamos antes diante de uma voz que ama as profundezas do mistério. E amar é já partilhar. Assim são vários os versos que iluminam esta ética “Se tenho 50 cêntimos num bolso e esse é o único dinheiro que me resta, então são 25 para ti e 25 para mim, que estás aqui à minha frente. Não importa quem és.” (XXXIII, 56) “Perdoo toda a gente que pensa que me magoou ou magoou mesmo.” (XXXIII, 57) E essa compreensão maior que é a dádiva que nos prende à vida, expressa num verso tão luminoso como uma estrela: “Uma dádiva, ter a vida presa por um filho.” (XXX, 52) É preciso ter-se perdido muito, quase tudo, e a nada e a nem ninguém culpar, para se chegar a este qualidade de verso. Estamos diante de um livro de amor. Não do amor inaugural de Safo, mas do amor ao próximo, um livro de amor à vida, aos confins da vida, um livro que vai do mistério de partilhar um prato de sopa, de fazer uma sopa que chegue para todos, essa verdadeira multiplicação dos ali-

mentos – “Se tenho sopa feita, fiz com certeza para mais de 2 pessoas. Faço sempre isto. Tenho jantar para todos.” (XXXIII, 56) ou ainda este roçar de asas pela santidade, com que termina o poema XXII, “Quero que os meus irmãos me doam.” (XXII, 38) – até à transformação de tudo o que nos faz sofrer, “Engole tudo quanto se sofre.” (XXIX, 50) No fundo, Fumar Mata trata-se de um livro que opera uma inversão completa do ponto de vista usual da poesia, que pode ser melhor entendida neste verso “Faltou-me o desânimo.” (XXXIII, 57) Assim, a vida em ruínas que percorre este livro é mais rica e mais sólida do que as vidas que percorrem a maioria de outros livros de poemas. Pois pode-se viver muito mais, do que nunca vivemos, do que se vive da própria vida, “Eu sou eles todos e as viagens que nunca fiz. Sou tudo isso.” (III, 10) Já Fernando Pessoa, por exemplo, nos tinha ensinado isso, mas aqui em Patrícia Baltazar a ultrapassagem da vida é na própria vida. Não temos vida, mas temos sopa, que chega para todos. Não temos vida, mas temos 50 cêntimos num dos bol-

sos, que se divide connosco, o leitor. Há nestes poemas da poeta uma espécie de alquimia ou de toque de Midas, uma transformação da dor em ouro em cada verso. Mesmo quando a poeta parece cair num banal queixume – “A minha infância está guardada na caixa das / fotografias antigas // É uma história para contar pouco. Uma coisa rápida. Uma bicicleta verde, a praia, as brincadeiras solitárias e caladas. // (...) Nunca fui uma rapariga. // Estes pés nunca andam juntos.” (XX, 34-5) – e, no poema imediatamente seguinte, lê-se este verso pujante, de apreço pela vida, de apreço pelo tempo de vida, por nada ser mais importante do que estar vivo e dar-se conta disso: “Mãe: não me dói nada.” Ainda que termine o poema pedindo novamente a atenção da mãe “Mãe? Estás? Mãe? Ouves-me, mãe? / Devolve-me, / A manta da tua ternura ou não sobrevivo.” (XXI, 36) A grande poesia faz com que a vida de quem a escreve seja soterrada nas vidas universal e de cada um que lê. E esta, de Patrícia Baltazar, não é diferente. Quem é a pessoa que escreve, não importa nada para este livro, para estes poemas. Eles são hoje património de estar vivo. Património daquele estar vivo entre a sobrevivência e a existência. Porque tudo poderia ser pior do que é, se não estivéssemos vivos, se não nos faltasse o desânimo. De que modo? A isso responde-nos Patrícia Baltazar, no final do seu poema XXIV: “Não houvesse água que nos salvasse. / Não houvesse vinte dedos para a realidade dos / corpos. // Não houvesse absolutamente nada.” (XXIV, 43) Mas há. “Eu e os meus poemas vamos fumar para longe. // Haverá uma árvore.” (XIII, 27) Entende-se que o livro nasce do centro de uma profunda dor. São vários os versos que iluminam essa dor. Mas esse centro, essa dor é apenas de onde se vem. Não é nem onde se fica nem para onde se vai. O final do poema XXII é o melhor exemplo desse entendimento da dor, como se ela existisse para nos rirmos dela: “Quero um grande relâmpago que me ilumine as / ancas. Que as estenda para o outro mundo. Que / as alargue até me sentir um cadeirão para Zeus se sentar.” (XXII, 37) Encontramos uma profunda união entre ética e estética, ao longo dos poemas de Patrícia Baltazar. E isto é, além de profundamente antigo, original, como se escrito em grego arcaico, ao tempo de Safo, e também uma viragem na poética actual.


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Escultura “Ligação com Água” de Yang Xiaohua Museu de Arte de Macau (até 01/2017) Exposição “Voice on Paper”, de Papa Osmubal Fundação Rui Cunha (até 22/07) Exposição “O Pintor Viajante na Costa Sul da China” de Auguste Borget Museu de Arte de Macau (até 9/10) Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau

Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09)

o cartoon steph de

Sudoku

Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07) Exposição “Cnidoscolus Quercifolius” - Alexandre Marreiros Museu de Arte de Macau (até 31/07) Exposição “ Exposição do 70º Aniversário” - Han Tianheng Centro Unesco de Macau – (até 07/08) Exposição “Color” 2016 Centro de Design de Macau Exposição “Pregas e dobras 3” de Noël Dolla Galeria Tap Seac (até 09/10)

Cineteatro

C i n e m a

Independence day: Resurgence Sala 1

Cold war 2 [C] Filme de: Longman Leung, Sunny Luk Com: Aaron Kwok, Tony Leung Ka Fai, Chow Yun Fat 14.30, 16.30, 19.30, 21:30 Sala 2

The Secret life of Pets [A] Com: Chris Renaud, Yarrow Cheney 14:15, 16:00, 19:30

The Secret life of Pets [3D] [A] Com: Chris Renaud, Yarrow Cheney 17:45

INDEPENDENCE DAY: RESURGENCE [b]

Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 21.30

1.19

Ganhámos todos

Exposição “Transient”, de Sofia Arez (até 23/07) Creative Macau

Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08)

yuan

aqui há gato

Ciclo de Cinema CREDD com “A Time to Kill” Casa Garden, 19h30

Diariamente

0.22

Solução do problema 34

problema 35

Um filme hoje

Prometi a mim mesmo não escrever sobre futebol mas como sou um gato meio português, meio chinês é inevitável. Portugal surpreendeu no Euro 2016 como ninguém esperava, nem mesmo o seu adversário. Uma França arrogante e altiva engoliu em seco e foi para casa sem o troféu que todos esperavam e, mais do que isso, achavam que estava certo. Mais do que nos ensinar sobre a magia do futebol, o jogo de ontem mostrou-nos que na vida não devemos nunca subestimar aquele que parece fraco, que devemos lutar até ao fim pelos nossos objectivos e que as coisas que parecem impossíveis afinal não o são. São tudo clichés que encontramos em livros de auto-ajuda mas que ontem se revelaram verdadeiros através de um ecrã de televisão. Não vou mentir: quase adormeci em alguns jogos, jogámos mal muitas vezes, não concretizámos, esperávamos demasiado por Ronaldo e empancávamos em campo sem um ataque. Mas ontem conseguimos provar que Ronaldo é apenas uma parte de uma equipa fundamental: sem ela não ganharíamos o Euro 2016. Não foi o Ronaldo, nem apenas o Éder. Fomos todos. Pu Yi

“Midnight in Paris” (Woody Allen, 2011)

Não sei se é devido à agitada noite em Paris e à vitória da selecção nacional ou se é pelo argumento que concretiza também um sonho aqui e acolá de ir até aos anos 20 e partilhar de uma época turbulenta mas cheia de encantos e romantismo. “Midnight in Paris” é o filme de hoje, em que Woody Allen nos convida a uma viagem à cidade das luzes enquanto esconde uma espécie de portal para uma viagem no tempo. Ao viajar para Paris, Gil Pender - um nostálgico guionista descobre que pode visitar os anos vinte, todos os dias pela meia-noite. Viagens que nos fazem conhecer os grandes daquela década, viagens de sonho para muitos de nós, contadas daquela forma especial tão característica de Woody Allen. Sofia Mota

Sala 3

THE LEGEND OF TARZAN [B] Filme de: David Yates Com: Alexander Skarsgard, Samuel L. Jackson, Margot Robbie 14.30, 16.30, 21.30

THE LEGEND OF TARZAN [3D] [B] Filme de: David Yates Com: Alexander Skarsgard, Samuel L. Jackson, Margot Robbie 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


15 hoje macau terça-feira 12.7.2016

opinião

sexanálise

Asfixia

Terence Winter, BoardWalk empire

tânia dos santos

A

s vezes sentimo-nos asfixiados, por várias razões. Levamos uma vida que asfixia a nossa criatividade ou o nosso prazer. Tentamos ser humanos e tentamos inserirmo-nos nas normas bem estabelecidas, nas normas que deveriam guiar o nosso pensamento e a nossa acção. Asfixiamo-nos a nós próprios e, com sorte, apercebemo-nos quando ainda não é tarde demais. Há sempre qualquer coisa a asfixiar-nos, com o trabalho chato, com o patrão que é pouco razoável, com as memórias que nos atormentam, com os traumas que não desaparecem, com os filhos que choram e não percebemos porquê. Asfixiamos a nossa sexualidade porque tentamos ser normais, ou às vezes asfixiamo-nos mesmo, literalmente. A asfixia erótica ou (autoerótica) tem os seus primeiros registos no século XVII quando se começou a reparar que homens condenados à forca tinham muitas vezes uma erecção no momento da morte. O me-

Especialmente, enquanto analisava asfixia erótica (assuntos sérios!) - algo aconteceu em Paris que deixou o pessoal contente, e até a mim. Dedico, por isso, o que é que seja de sexo, ao futebol de Portugal. A asfixia fica para a próxima canismo de supressão de sangue ao cérebro estimula sensações de prazer e facilitadoras do orgasmo e, por isso, houve quem usasse a técnica de asfixia para o tratamento de disfunções erécteis. Mas não só, os curiosos do sexo experimentavam-no sozinhos e acompanhados. Mas atenção que este fetiche (que é considerado uma parafilía) pode levar à morte acidental. Para um adepto de bondage, a ideia de ter alguém a apertar o seu pescoço é excitante o suficiente, os outros praticantes dependem da questão fisiológica: a asfixia erótica pode ser tão viciante como a cocaína. Orgasmos exaltados pela ausência de sangue no cérebro. Desconfia-se que a primeira morte acidental por asfixia erótica tenha sido de um homem que, de facto, pediu assistência profissional para levar a cabo a experiência - uma prostituta de uma Londres de alguns séculos atrás - mas que gostou tanto que decidiu continuar, mesmo depois de ela ter-se

ido embora. Sozinhos somos menos capazes de travar o que é que seja que provoque a asfixia. Estima-se que acidentes desta natureza sejam frequentes, mas nem sempre são identificados. Para os adolescentes que são encontrados mortos com os órgãos genitais em mão e pornografia ao lado, a família tende a ‘limpar’ o cenário, para que a sua última imagem não seja tão sexualizada. Mas a asfixia pode culminar das mais variadas circunstâncias – talvez vinda de um campeonato europeu de futebol? São jogos futebolísticos que para além de causadores de stress, não permitem o oxigénio circular livremente no corpo. Uma tensão (e asfixia) não erótica, no verdadeiro sentido do termo, mas potencialmente sexy. Jogadores a correrem de pernas ao léu de lá para cá, de cá para lá, com o calor do verão a fazer-nos transpirar que nem porcos, mas a guinchar de excitação. Chutos e pontapés mal dados que fazem saltar um batimento cardíaco,

acoplados de sorrisos que nos fazem ter esperança... Aasfixia pode ser tanta coisa, na prática e no conceito. Contudo, só pode ser exercitada com cuidado (muito cuidado), e às vezes com algum entusiasmo. Nos últimos dias desta pobre alma que vos escreve, a asfixia tem sido a descrição básica diária. Mas, quem poderia adivinhar? Portugal ganha o Campeonato Europeu de Futebol e parece que nada mais importa. Na asfixia quotidiana e (ocasionalmente) sexual, o alívio de ter um orgasmo prevalece, e aquela soneca pós-coito impõem-se, como sempre, com sonhos de vitória. Depois de doze anos a suster a respiração pelos 11 (mais pelos jogadores e menos pelos milhões), já podemos respirar de alívio. Já se alcançou o objectivo, já vimos os meninos jeitosos a abanarem os bícepes sem camisa. O orgulho da diáspora Portuguesa exaltou-se! Usam-se camisas vermelhas e verdes, ou ‘verde bebés’. A expansão e a retracção de oxigénio mal explicada pelo futebol, contribuí para a popularidade do jogo, onde se usa uma bola (e não duas). Especialmente, enquanto analisava asfixia erótica ( assuntos sérios!) algo aconteceu em Paris que deixou o pessoal contente, até a mim. Dedico, por isso, o que é que seja de sexo, ao futebol de Portugal. A asfixia fica para a próxima.


– Obrigado! / Toché!, / p´la gentileza / Com que me recebeste a soledade, / Me abriste a cama e me puseste a mesa / E me foste família e amizade!”

Camilo Pessanha

Empreendedores movidos pela oportunidade

Força Aérea confirma acidente na Base Aérea do Montijo

A Força Aérea Portuguesa confirmou ontem que houve um acidente com uma aeronave na Base Aérea nº 6, Montijo, remetendo para mais tarde a divulgação de mais dados sobre as circunstâncias em que ocorreu. Um acidente com uma aeronave na base aérea do Montijo provocou ontem três mortos e um ferido grave, disse à Lusa fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Contactado pela Lusa, o portavoz da Força Aérea, coronel Rui Roque, confirmou que houve um acidente e remeteu para mais tarde a divulgação de dados sobre o desastre. O porta-voz da FA afirmou que, cerca das 14:15, estava a ser dada atenção às questões de segurança no local e à aferição do estado da tripulação da aeronave. As circunstâncias e as causas do acidente serão alvo de averiguações, indicou o porta-voz da Força Aérea, que recusou confirmar para já qual foi a aeronave acidentada.

Tarifas do parque do Mercado de S. Lourenço actualizadas

A partir do dia 1 de Setembro as tarifas de estacionamento do Auto-Silo do Mercado de S. Lourenço para automóveis ligeiros serão actualizadas para facilitar o acesso dos utentes ao Mercado e às instalações do Complexo. Com esta medida, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) pretende aumentar a rotação dos veículos no local durante as horas de maior procura, bem como a introdução de estacionamento diurno e nocturno. Assim, no horário diurno (das 08:00 às 20:00 horas) continuam a aplicar-se taxas progressivas, ou seja, na primeira hora ou fracção serão cobradas três patacas e a partir da segunda hora, por cada meia hora ou fracção, cinco patacas. Durante o horário nocturno (das 20h:00 às 08:00 horas da manhã do dia seguinte), por cada hora ou fracção serão cobradas quatro patacas, mantendo-se as tarifas para ciclomotores/motociclos e veículos na zona de descarga de mercadorias.

terça-feira 12.7.2016

O

Sanções Lisboa tem de apresentar medidas

Pressão alta

O

presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, reiterou ontem que Portugal e Espanha têm questões orçamentais a resolver e a oportunidade de apresentarem os seus argumentos e medidas que pretendem tomar antes de haver uma decisão sobre sanções. “Só vamos decidir se Portugal e Espanha tomaram medidas inadequadas, se não fizeram aquilo com que se comprometeram” para manter as finanças públicas em ordem, disse Dijsselbloem, à entrada para a reunião do Eurogrupo. O presidente do Eurogrupo considerou que “serão necessárias” mais medidas, referindo que Lisboa e Madrid têm que informar “sobre o que irão fazer este ano e nos próximos para resolver o problema”, referindo-se às “questões orçamentais que têm de ser resolvidas”. “A decisão formal é no Ecofin”, na terça-feira, salientou, reiterando que “a Comissão só nos pede que concordemos que até agora não foram tomadas medidas eficazes”.

“A questão das sanções é posterior”, disse Dijsselbloem, salientando que na agenda do fórum dos ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) está, na terça-feira, uma decisão sobre a recomendação da Comissão Europeia, de que Portugal e Espanha não tomaram as medidas necessárias para evitar uma derrapagem orçamental, em 2015. “Sanções igual a zero são uma possibilidade”, adiantou, reiterando que “a Comissão Europeia terá que chegar a uma segunda decisão, sobre as sanções, e temos que esperar por esse momento”. Os ministros das Finanças da zona euro reuniram-se ontem em Bruxelas, no que constitui a antecâmara da votação no Conselho Ecofin sobre os processos de sanções a Portugal e Espanha devido ao défice excessivo, na terça-feira.

Passa a palavra

Após a recomendação adoptada na semana passada pela Comissão Europeia, que abriu a porta à aplicação de inéditas sanções a Portugal e Espanha ao constatar que os dois

países “necessitarão de novos prazos a fim de corrigir os seus défices excessivos” (que no caso português era 2015), por não terem feito os “esforços suficientes” para atingir as metas estabelecidas, a palavra passa para o Conselho Ecofin, onde só terão no entanto direito de voto os países do euro, que se reuniram ontem em Bruxelas, depois do fecho desta edição. Caso o Conselho confirme o parecer da Comissão Europeia, esta terá um prazo de 20 dias a partir desta terça-feira para recomendar o montante da multa a aplicar, que pode ir até 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), mas que também pode ser reduzida até zero. O assunto será abordado no fórum de ministros das Finanças da zona euro, onde têm assento os países com direito de voto, já que na votação de terça-feira participarão apenas os países da moeda única, sendo que os Estados-membros visados não votam na decisão referente ao seu próprio processo (ou seja, Portugal participará na votação sobre o processo a Espanha, e Espanha vota relativamente a Portugal).

s empreendedores de Macau são maioritariamente conduzidos pela oportunidade. Este é o resultado do primeiro Estudo da Taxa de Empreendedorismo de Macau, que revela que 70,5% dos empreendedores afirma terem sido incentivados pela oportunidade, sendo que a situação geral do mercado contribui em média 48,6% para a decisão de investimento e que os apoios governamentais também têm o seu peso. O estudo solicitado pela Service Platform, a plataforma de serviços para pequenas e médias empresas, e executado pela eRS e-Research Lab e pela Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau (UM) ocorreu entre 4 de Abril a 31 de Maio. Das entrevistas realizadas telefonicamente a 200 empreendedores que recentemente investiram na RAEM, os resultados mostram que na sua maioria são jovens, cujas idades oscilam entre os 25 e os 44 anos. As contratações efectuadas rondam, em média, os cinco empregados a tempo inteiro, em que 70% são residentes. O objecto de investimento foi essencialmente no comércio de retalho que conta com 70% da amostra, sendo que o valor monetário rondou as 838 mil patacas. Segue-se a restauração com 30% e por último os serviços de saneamento, tratamento médico, actividades desportivas, culturais e recreativas. O estudo apurou ainda que o tempo de preparação para montagem de negócio é de cerca de sete meses. O investimento total foi cerca de 978 mil patacas e a satisfação com os apoios governamentais tem uma pontuação de 5,2 numa escala de dez, sendo que a pontuação média de satisfação relativamente ao negócio é de 5,7. A.K. (revisto por S.M.)


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