Hoje Macau 12 AGO 2016 #3634

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SEXTA-FEIRA 12 DE AGOSTO DE 2016 • ANO XV • Nº 3634

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10

hojemacau

CASAS MUSEU

ALI JAZZ

TAIPA JOCKEY CLUB EM CLARA VIOLAÇÃO DA LEI

CAVALOS A SOLTA

EVENTOS

`

ATERROS

PÁGINA 7 SOFIA MOTA

Terras que pagam dívidas

capital social inferior a metade do inicial, o que obriga, segundo a lei, à dissolvência da empresa. A DICJ espera agora por uma solução até ao fim deste mês.

PÁGINA 5

h Fim do Liampó

JOSÉ SIMÕES MORAIS

Curva perfeita ANABELA CANAS

OPINIÃO

Do vazio ISABEL CASTRO

TERMINAL MARÍTIMO

Contas esmiuçadas PÁGINA 8

CONSTRUÇÃO

PEQUENAS OBRAS, GRANDES MALES GRANDE PLANO

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O espaço de corridas de cavalos na Taipa há mais de dez anos que dá prejuízo. As contas do Jockey Club não vão de encontro às regras do Código Comercial, apresentando um


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OBRAS CONSTRUÇÕES AFECTAM NEGÓCIOS NA PRAIA GRANDE E SÃO LOURENÇO

DINHEIRO ESCAVADO Restaurantes, cafés e pequenas lojas queixamse da diminuição de clientes que as obras nas zonas da Praia Grande e São Lourenço têm vindo a causar. As ruas estão abertas e a circulação torna-se difícil para moradores, residentes e trabalhadores. Comerciantes pedem mudança no sistema

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NDE antes havia passeio há agora placas de madeira cheias de lama bem à porta dos estabelecimentos comerciais. A situação é comum na zona da Praia Grande, onde o rebuliço comercial e empresarial acontece todos os dias, e também na zona de São Lourenço, junto à sede do Governo. Quem ali passa diariamente depara-se com dificuldades de circulação de pessoas. As ruas ficaram ainda mais pequenas para os veículos e quem anda a pé tem de fazer manobras para não cair em buracos ou escorregar. Quem tem vindo a sofrer com esta situação são as pequenas lojas situadas na zona, que já se queixam de uma quebra de clientes. “Arrancaram com muitas construções nesta área. Claro que a nível de clientes afecta, noto muito menos pessoas aqui do que antes. Também não é nada conveniente para turistas e moradores que passam por aqui todos os dias, com a lama, a chuva e tudo isso”, disse ao HM Mathew, da loja Manna Cookery, que vende comida para fora.

As construções que neste momento decorrem na Praia Grande e em São Lourenço são da responsabilidade da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) e da Companhia de Electricidade de Macau (CEM). Para Mathew, deveria haver uma melhor gestão dos projectos a realizar nos espaços públicos, para evitar incomodar quem cá mora e quem procura visitar as zonas tradicionais do centro de Macau. “Penso que deveriam programar melhor as construções e têm de fazer os trabalhos mais depressa, porque pelo que tenho notado demoram muito tempo. Pelo que vejo, num dia trabalham apenas uma ou duas horas.” Uns metros mais à frente, Ron, gerente do Café Terra, também se queixa das más consequências para o seu negócio. “O barulho incomoda e muitas vezes as viaturas até causam algumas situações perigosas, porque a rua está cortada mas têm de passar as pessoas e também os veículos. É uma situação que não traz bons resultados para quem faz negócio nesta zona, como é o

nosso caso. Noto que temos menos clientes do que antes. Não há nada que possamos fazer em relação a estas obras, porque têm a ver com empresas e têm de as terminar no prazo previsto. Mas o facto de haver tantas construções ao mesmo tempo cria um mau ambiente para residentes e turistas”, disse Ron, defendendo que o sistema precisa de ser alterado. Ron considera que este é um problema do sistema, porque as instalações das electricidades e água “estão sempre a ser alvo de alteração”. O responsável do Terra diz que as ruas estão sempre a ser abertas e “parecem fazer uma obra de cada vez”. “Deveriam alterar o sistema porque não é bom, e depois demoram muito tempo. Mas não sei o que poderemos fazer para alterar este grande problema, que afecta não apenas os negócios, mas toda a gente.” Para Flora Che, dona da Cakepuccino, o maior inconveniente é ter de se deslocar no meio da confusão para ir buscar os produtos de pastelaria que vende na sua loja e que são entregues semanalmente.

SOFIA MOTA

GRANDE PLANO

“Arrancaram com muitas construções nesta área. Claro que a nível de clientes afecta, noto muito menos pessoas aqui do que antes”

“Deveriam programar melhor as construções e têm de fazer os trabalhos mais depressa. (...) Num dia trabalham apenas uma ou duas horas”

MATHEW LOJA MANNA COOKERY

MATHEW


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“Temos o problema com os fornecedores, que não conseguem parar mesmo em frente à nossa porta e temos de ir buscar os produtos de pastelaria mais longe e isso não é muito conveniente para nós. Pelo que vejo tratam-se de obras que não deveriam demorar tanto tempo, o Governo deveria explicar melhor a situação. Deve haver uma melhor gestão nestas obras”, disse a responsável pela Cakepuccino, que tem vindo a registar uma quebra de clientes para cerca de metade do habitual.

“TODOS ESTÃO AFECTADOS”

“O facto de haver tantas construções ao mesmo tempo cria um mau ambiente para residentes e turistas”

“Todos se sentem afectados por isto, mas é algo que tem de ser feito. São obras privadas, fizeram tudo de uma vez, espero que daqui a umas semanas tudo esteja concluído”

RON CAFÉ TERRA

DILLON PROPRIETÁRIO DO LAGOA AZUL

Na Praia Grande, onde além de um supermercado, uma padaria e restaurantes existem escritórios de advogados, dezenas e dezenas de pessoas passam diariamente num pequeno corredor criado de improviso. Com as fortes chuvas os trabalhadores das obras vêem-se obrigados a esperar algum tempo até que as intervenções no solo possam continuar. Herculano Dillon, proprietário do restaurante de comida macaense Lagoa Azul, garante que a culpa da falta de clientes não é pela má qualidade de comida. Ali continua-se a fazer a boa alheira portuguesa e o Bafasá, entre outras iguarias. A verdade é que, desde que as obras na rua começaram, as mesas custam a encher-se de clientes à hora do almoço, quando antes era difícil encontrar uma mesa livre. “Sinto menos 50% de clientes no restaurante, mas isso não é por causa de não ter coisas bem feitas (aponta para o menu). Aqui há coisas bem feitas. Todos se sentem afectados por isto, mas é algo que tem de ser feito. São obras privadas, fizeram tudo de uma vez, espero que daqui a umas semanas tudo esteja concluído.” Contudo, Dillon, macaense, disse recordar-se de outros tempos em que o cenário das obras nas vias públicas de Macau era bem mais complicado. “Apesar de tudo, penso que a gestão das obras está a ser melhor feita do que antes, porque antigamente cada empresa abria a rua e na semana seguinte outra empresa voltava a abrir e actualmente o sistema melhorou. Apesar de estarmos a ser afectados, eles estão de parabéns”, defendeu. “Espero que o negócio volte ao normal, mas a questão é: quando é que estas obras acabam? Há sempre algumas condicionantes, como a chuva. São coisas que têm de ser bem planeadas, já foi pior, e penso que este Secretário é muito competente, apesar de todas as críticas. Ele não pode fazer tudo”, disse Herculano Dillon, referindo-se ao Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

CHAN MENG KAM QUESTIONA GOVERNO

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pesar do optimismo de Herculano Dillon, (ver texto,principal), o deputado Chan Meng Kam é uma das muitas vozes que não felicita os responsáveis pelas obras que actualmente ocorrem na zona da Praia Grande, São Lourenço e em toda a Macau. Numa interpelação oral apresentada na Assembleia Legislativa esta semana, o deputado chamou a atenção para aquilo que considera ser uma falta de coordenação entre os vários projectos. “São férias de Verão e estamos outra vez no auge anual do escavar das ruas”, começou por dizer o deputado no hemiciclo. “Na verdade, em Macau é tudo muito esquisito. Os esgotos de drenagem, os esgotos pluviais, as câmaras de pompa e as obras nas vias, entre outras empreitadas similares, são asseguradas pelas Obras Públicas e pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), e cada um faz as suas. No caso do Metro Ligeiro, intervém numa parte o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), mas a totalidade é assegurada pelo GDI, mas ambos pertencem ao nosso mesmo pequeno Governo. Macau faz a diferença, por cá “não são grandes os templos, mas são muitos os monges” e “mais um incensório é mais um diabo”, portanto, se esta má prática se mantiver por muito mais tempo, situações caóticas semelhantes à do trânsito da Taipa só podem ser cada vez mais!”, apontou Chan Meng Kam. “Apesar de estarem psicologicamente preparados, os residentes ficaram surpreendidos com o número de obras públicas: 485 neste ano, 99 durante as férias de Verão, 35 na Taipa e destas, 8 são de grande dimensão”. Chan Meng Kam alertou ainda para o facto de na Taipa estarem “várias ruas vedadas”. “Há residentes que dizem: ‘Moro na Taipa há várias décadas. Mas, de repente, já não sei andar nem conduzir aqui, é impossível sair’. Há outros que suplicam ‘nossos queridos dirigentes, podem poupar-nos a isto?”, afirmou.


4 POLÍTICA

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Economia HO ION SANG QUER GOVERNO A AJUSTAR DIPLOMAS FINANCEIROS

A política que se segue TIAGO ALCÂNTARA

Se Macau quer impulsionar a diversificação económica, tem de começar por actualizar a legislação e mudar a forma como as políticas deste sector são feitas, diz o deputado Ho Ion Sang

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O Ion Sang quer que o Governo reveja os diplomas relacionados com o sector financeiro. O deputado considera que se Macau continuar a depender apenas do modelo tradicional de economia, dificilmente será possível satisfazer o desenvolvimento e impulsionar a diversificação económica. “Após o retorno à pátria, o sector financeiro desenvolveu-se rápida e significativamente, mas o seu desenvolvimento continua a estar restringido devido à unicidade das entidades financeiras, à pequena dimensão do mercado, à imperfeição do ambiente de desenvolvimento e à debilidade dos diplomas legais”, frisa o deputado numa interpelação entregue ao Governo.

é um porto franco com vantagens tais como impostos simples e baixos, sem controlo cambial, e livre entrada e saída de capitais. E estas vantagens merecem o reconhecimento das regiões ao nosso redor e fomentam uma base sólida e firme para o desenvolvimento internacional do sector financeiro. Mas atendendo à actual conjuntura financeira complicada e com muitas mudanças, o Governo tem mesmo de aperfeiçoar, quanto antes, a legislação em matéria financeira”, indica.

“A procura de novos motores de crescimento económico é uma tarefa urgente com que o Governo se depara neste momento”

VANTAGENS E LIMITAÇÕES

Ho Ion Sang

Ajustar as políticas e estruturas da economia e criar um bom ambiente externo de desenvolvimento para os sectores da locação financeira e da gestão de bens são algumas das sugestões do deputado, que quer ainda que o Executivo consiga “incentivar as entidades financeiras a desenvolver e a introduzir produtos e serviços financeiros peculiares”, para concretizar o desenvolvimento diversificado dos serviços financeiros de Macau e “injectar nova força motriz à diversificação adequada da economia”.

Ajudar quem precisa

Governo prolonga prazo para abono na habitação social

encargos habitacionais dos agregados familiares em situação económica desfavorecida que se encontrem na lista de espera de habitação social, (...) o número de

prestações do abono continua a ser de 12, atribuindo aos agregados familiares compostos por uma a duas pessoas o abono mensal no montante de 1650 patacas

e aos agregados familiares compostos por três pessoas ou mais, o abono mensal no montante de 2500 patacas”, pode ler-se num comunicado do Executivo.

Num outro despacho, o Chefe do Executivo alterou o montante máximo do total do rendimento mensal dos agregados familiares candidatos, passando este a ser de 9560 para uma pessoa e 29460 para um agregado de sete ou mais pessoas. Mas não foi esta a única decisão do Executivo. “O projecto estipula [também] que os agregados familiares beneficiários do plano provisório de atribuição de abono de residência mantêm o direito à atribuição do abono de residência sem necessidade de apresentação de nova candidatura. Os novos candidatos ao abono devem apresentar a sua candidatura no Instituto de Habitação”, frisa ainda. J.F.

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Chefe do Executivo, Chui Sai On, vai estar em Pequim no próximo dia 15 de Agosto. O líder do Governo leva consigo uma delegação responsável pela elaboração do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM e vai, na capital, ter um encontro com as autoridades chinesas “para auscultar opiniões” sobre o documento. O documento formal do plano quinquenal de desenvolvimento vai ser divulgado em Setembro, pretendendo o Governo introduzir as opiniões de Pequim. De delegação fazem parte a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, O Lam, o coordenador do Gabinete de Estudo das Políticas, Lao Pun Lap, o professor do Centro de Estudos Políticos, Económicos e Sociais do Instituto Politécnico de Macau Chen Qingyun, a coordenadora-adjunta do Gabinete de Estudo das Políticas, Ung Hoi Ian, o professor adjunto do Centro de Estudos Políticos, Económicos e Sociais do Instituto Politécnico de Macau Yin Yifen e outros responsáveis. Chui Sai On regressa a Macau no dia 17 de Agosto. GCS

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Governo vai estender o prazo de candidaturas para o plano provisório de atribuição de abono de residência a agregados familiares da lista de candidatos a habitação social. O projecto de regulamento administrativo que estende o prazo foi ontem aprovado pelo Conselho Executivo. Foi em 2008 que o Governo aprovou o plano, que tem como objectivo apoiar os agregados familiares em situação económica desfavorecida admitidos como candidatos na lista geral da habitação social. O prazo foi agora prorrogado até 31 de Setembro. “A fim de continuar a apoiar a diminuição dos

Ho Ion Sang recorda que, para promover a diversificação da economia, o Governo apresentou no ano passado a proposta de desenvolvimento de um sector financeiro com características próprias de Macau. Mas a carência de recursos e de espaço físico têm sido as principais limitações ao desenvolvimento de Macau, uma situação que, em conjunto com a predominância da indústria do jogo, constitui factor para o atraso no processo de diversificação adequada da economia e de reajustamento da estrutura económica, considera o deputado. “A procura de novos motores de crescimento económico é uma tarefa urgente com que o Governo se depara neste momento. Macau

CHUI SAI ON EM PEQUIM NA PRÓXIMA SEMANA


5 TAIWAN, PODE SER OU NEM POR ISSO?

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permissão a uma candidatura ao parlamento de Taiwan foi uma das questões ontem levantadas por alguns deputados na Reunião de especialidade que tem em mãos a proposta de revisão da lei eleitoral. Em causa está a nova regra que impede o exercício ou mesmo a candidatura a cargos políticos no estrangeiro. A 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) presidida por Chan Chak Mo viu-se a mãos com a questão prevista na proposta que adianta que um deputado de Macau fica impedido de exercer funções políticas fora da China. Os deputados querem saber se podem ou não candidatar-se a Taipé., segundo informação canal de rádio da TDM. Outra questão que querem ver clara é acerca da acumulação de cargos. Para os deputados da Comissão de especialidade não é claro se estes podem ou não

acumular funções com cargos como os de cônsul honorário ou assessor. A nova proposta de lei prevê ainda que os candidatos à AL têm que depositar 25 mil patacas para poder ir a eleições. O dinheiro será devolvido às listas que obtiverem um mínimo de 300 votos. Para Chan Chak Mo “isto é muito inconveniente e parece que está a restringir os direitos das camadas mais vulneráveis. Toda a gente tem o direito de participar nas eleições”. Estas e outras questões são hoje colocadas ao Governo em Sessão Plenária da AL. O sufrágio indirecto também levanta dúvidas visto a lista que concorre ser a lista que ganha por não existir alternativa. “Se existir apenas uma lista é essa pessoa que vai ganhar”, afirma o presidente. A análise da discussão na especialidade da proposta para a revisão da lei eleitoral poderá ser concluída em Novembro.

SCOTT CHIANG DETIDO POR PROTESTO NO ESTORIL

Scott Chiang, presidente da Novo Macau, foi detido por alegadamente ter sido o autor de um protesto ontem. O líder da associação terá colocado nas paredes do Hotel Estoril uma faixa que dizia “Alexis Tam: Assassino de Património”. A faixa negra foi retirada 15 minutos depois de ter sido colocada. A polícia correu para dentro do Hotel Estoril e levou Scott Chiang, o presidente da Associação Novo Macau, e o membro do conselho, Lam Leng. Os jornalistas no local, preparados para receber a cerimónia de abertura do Encontro de Mestres de Wushu, perguntaram à polícia por que razão levaram os dois, mas polícia não deu nenhuma resposta. Segundo a publicação All About Macau, pouco antes da cerimónia de abertura, a faixa preta apareceu no Hotel Estoril. Depois foi afirmado que tinha sido uma “acção flash” organizada por dois membros da Associação Novo Macau. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, não fez comentários.

CHAN HONG QUESTIONA SOBRE BIG DATA

A deputada Chan Hong pede, numa interpelação oral, ao “grupo de trabalho para o desenvolvimento do comércio electrónico”, formado pelo três departamentos, que explique na Assembleia Legislativa (AL) se é possível implementar medidas ou acções este ano, incluindo o estabelecimento de pagamento electrónico. A notícia foi veiculada pelo canal chinês da rádio Macau. Chan Hong referiu também que, embora o Governo tivesse prometido construir uma cidade inteligente, ainda não se verificou o horário de expansão da cobertura de rede sem fios e de melhoria dos serviços de telecomunicação. Além disso, pediu ao Executivo que conclua o planeamento de desenvolvimento da nova era de mega dados de Macau, no ano que vem.

POLÍTICA

HOJE MACAU

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Governo ATERROS PODEM VIR A PAGAR DÍVIDAS

Outras contas

A possibilidade de utilizar terrenos dos novos aterros para pagar as dívidas de terra do Governo foi admitida ontem após a Reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública. Ho Ion Sang admite que Raimundo do Rosário considera que “em caso de necessidade pode recorrerse aos novos aterros”, ao contrário do que tinha sido prometido anteriormente

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OVOS aterros podem ser, em caso de necessidade, moeda de pagamento para as terras que o Governo deve. Se até agora os novos aterros não tinham este fim, com a abertura a novas soluções para as dívidas de terra por parte de Chui Sai On, Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, admitiu ontem que “em caso de necessidade estes terrenos (novos aterros) podem ser utilizados para pagar as terras em dívida”. A informação foi adiantada aos jornalistas por Ho Ion Sang, ontem, depois de uma reunião da Comissão de Acompanhamento dos

Assuntos da Administração Pública, na AL. As informações não vão, no entanto, ao encontro do que o Secretário disse à saída aos jornalistas. “A dívida será paga através dos terrenos recuperados por via da caducidade”, afirmou. Raimundo do Rosário adiantou ainda que “já foram declaradas cerca de 40 situações de terrenos caducados que neste momento estão em processos judiciais” e “se e quando esses processos terminarem e se por ventura a decisão final for regressar à posse da região, nessa altura trata-se das dívidas”.

CASINOS NO PÓDIO

Em análise, na reunião, estiveram ainda seis processos

que no seu todo perfazem a dívida em terras contraída pelo Executivo sendo que “cada um deles poderá integrar mais do que um terreno”, esclarece Ho Ion Sang . Dos 88.806 m2 de terra em dívida mais de metade foi terra “retirada” aos seus concessionários iniciais para ser integrada na “cedência de terreno para a liberalização da indústria de jogo”. As operadoras que usufruem agora das terras são a Wynn, MGM e Galaxy. Às operadoras, o Governo cedeu cerca de 54 801 m2 que não eram seus para liberalizar o Jogo. Estes processos já têm compromisso de concessão para

com os concessionários originais. Os terrenos a devolver serão “um ou mais situados na zona C e D de Nam Van” no que respeita ao processo do Wynn e MGM. Quanto ao compromisso com a cedência de terreno à Galaxy, o Governo avança que será entregue ao concessionário original um outro terreno também cuja área e dados de localização “serão definidos na altura” visto se for “numa zona boa a área será menor e se for numa zona má, será maior”. Os processos três e quatro, que também já possuem compromisso de concessão, são referentes aos projectos que vieram a concretizar a Habitação Pública no Bairro da Ilha Verde e de Seac Pai Van. O Executivo compromete-se a conceder ao concessionário inicial, ao primeiro, “um outro terreno quando reunir as devidas condições de concessão” e ao segundo “um terreno situado na ilha de Coloane junto à estada de Ka Hó”. Todos as cedências concessionárias são por arrendamento. Os dois últimos processos ainda não têm compromisso de concessão, mas são referentes às áreas da praça Flor de Lótus e a três lotes do Pac On que se destinaram a “uma parte da ampliação da Central de Incineração de Resíduos Sólidos da Taipa”.


6 PUBLICIDADE

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 431/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor SONG KEXUE, portador do Salvo-conduto de Residente da China continental para deslocação a Taiwan n.° T07877xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 71/DI-AI/2014 levantado pela DST a 29.06.2014, e por despacho da signatária de 05.08.2016, exarado no Relatório n.° 531/ DI/2016, de 25.07.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua Onze Bairro Tamagnini Barbosa, Jardim Cidade Nova, Bloco 14, 11.° andar A, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.--------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 5 de Agosto de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.°432/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora XIE SHUIFEN, portadora do Passaporte da RPC n.° E25868xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 100/DI-AI/2014 levantado pela DST a 15.08.2014, e por despacho da signatária de 05.08.2016, exarado no Relatório n.° 533/DI/2016, de 26.07.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.° 138, Edf. High Field Court, 18.° andar D onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 5 de Agosto de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 435/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora HUNG YI LING, portadora do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° P9445xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 124/DI-AI/2014, levantado pela DST a 06.10.2014, e por despacho da signatária de 05.08.2016, exarado no Relatório n.° 542/DI/2016, de 01.08.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Marítimo n. os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 4, 4.° andar E, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 5 de Agosto de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

體育事務總監 Director of Office of Sports Affairs The University of Macau (UM) is seeking dynamic and visionary candidates for the position of the Director of Office of Sports Affairs. Office of Sports Affairs The Office of Sports Affairs (OSA) has 3 major functions: (a) managing university sports team, organizing sports activities and sports courses; (b) organizing and managing UM sports teams for participating in regional, national and international intercollegiate sport events and competitions, and other relevant sports activities; (c) managing and promoting the usage of the sports venues and facilities on campus with Sports Bureau. It aims to foster a strong culture of sports for realization of value of sportsmanship, assist Faculty of Education and Residential Colleges in sports education, promote and raise standards of sports, give support to university sports team and other parties for sports activities on campus and foster closer relationship between staff and students through sport participation. The Director, reporting to the Vice Rector (Student Affairs), will lead the overall operation and management of OSA. He/she will work closely with departments, such as Faculty of Education, Residential Colleges, Student Affairs Office and Campus Management Office, and is responsible for overseeing and coordinating all aspects related to sports development in the University, including: (a) formulating plans and policies for the sports facilities and activities for the UM campus; (b) organizing sports courses, activities, competitions, and promoting sports participation; (c) supervising the management of sports venues and facilities, such as an in-door sports complex and a 50-M swimming pool; (d) planning and managing financial and staff resources; (e) liaising with other higher education institutions and outside parties; (f) promoting and managing the internal and external usage of sports venues; and (g) leading and/or performing ad hoc sports-related projects. Requirements 1. Holder of a Bachelor’s degree, with a Master’s degree or above preferable; 2. Substantial experience in sports management or equivalent capacity, such as academic teaching and assessment of physical education courses and research experience in sports; 3. Sound experience in general administration and management; 4. Familiarity in the management of sports venues and facilities, and/or in physical education related field; 5. Outstanding communication and leadership skills; 6. Excellent problem-solving skills, self-motivated, analytical and creative; 7. Good command of written and spoken English and Chinese, knowledge of Portuguese will be an asset; 8. Experience in sports promotion is an advantage. Application Procedure Applicants should visit http://www.umac.mo/vacancy for more details, and apply ONLINE at Jobs@UM (https://isw.umac.mo/recruitment) on or before September 09, 2016 (Ref. No.: DOSA/08/2016). Other contact points are: Human Resources Office University of Macau, Av. da Universidade, Taipa, Macau, China Website: https://isw.umac.mo/recruitment; Email: vacancy@umac.mo Tel: +853 8822 8553; Fax: +853 8822 2412

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 442/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora YE FENG, portadora do passaporte da RPC n.° G54685xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 154/DI-AI/2014, levantado pela DST a 30.12.2014, e por despacho da signatária de 05.08.2016, exarado no Relatório n.° 541/ DI/2016, de 01.08.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 4.° andar H, Macau onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma. -----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 5 de Agosto de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

The effective position and salary index are subject to the Personnel Statute of the University of Macau in force. The University of Macau reserves the right not to appoint a candidate. Applicants with less qualification and experience can be offered lower positions under special circumstances. ***Personal data provided by applicants will be kept confidential and used for recruitment purpose only*** ** Under the equal condition of qualifications and experience, priority will be given to Macao permanent residents**


7 hoje macau sexta-feira 12.8.2016

JOCKEY CLUB VIOLOU A LEI. SOLUÇÃO ATÉ FIM DO MÊS

Cavalo de tróia TIAGO ALCÂNTARA

Contas que, segundo a lei, levariam empresas à dissolvência ou administradores à prisão. São assim as contas da Macau Jockey Club, que não são detalhadamente publicadas em BO e que indicam prejuízos há mais de dez anos. A DICJ confirma e espera uma solução até ao fim de Agosto

À ESPERA DA RENOVAÇÃO?

A

Companhia de Cavalos Macau Jockey Club violou a lei e tem até ao final deste mês para recompor a situação. As contas da empresa não batem certo com o que é obrigatório segundo o Código Comercial e o problema não é de agora. Mas a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) assegura estar atenta à situação. “O assunto levantado pelo HM tem sido alvo de acompanhamento por parte desta direcção de serviços”, começa por confirmar a este jornal o organismo dirigido por Paulo Chan. “Designadamente através da interpelação da concessionária para apresentar uma proposta com vista a solucionar a questão em causa até ao final do mês de Agosto de 2016.” A Macau Jockey Club apresentou prejuízos de 88 milhões de patacas só no ano passado e, de acordo com contas de 2015 publicadas em Boletim Oficial em Julho, o seu capital social é inferior a metade do original, apresentando a empresa dívidas de milhões de patacas. De acordo com o Código Comercial, o administrador

da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolvência da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu. Mais ainda, de acordo com o mesmo Código, se não se respeitar a regra de injecção de capital ou propor a dissolvência, o administrador é punido com pena de multa ou de prisão de três meses. A questão, contudo, reside no facto de que a empresa terá contas a negativo desde, no mínimo, 2005. Diversos artigos publicados no mês passado indicavam isso mesmo, especialmente em média dedicados aos casinos, como o World Casino Directory. E como indicam as contas da empresa, que mostram que, em 2014, por exemplo, as perdas foram de 54 milhões de patacas. Em 2013, foram de mais de 41 milhões.

De acordo com o Código Comercial, o administrador da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolvência da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu

A DICJ não se adiantou muito no que à violação legal ou à falência da empresa diz respeito. Contudo, e apesar de garantir que o problema tem de ser solucionado até ao final de Agosto deste ano, a verdade é que a Macau Jockey Club viu o seu contrato estendido até Agosto de 2017. O organismo liderado por Paulo Chan não explica o que se poderá passar se a empresa não encontrar uma solução. A empresa detém o monopólio das corridas de cavalos desde 1978 e conseguiu, desde 2005, pagar apenas 15 milhões de patacas anuais ao Governo, quando deveria estar a pagar o dobro de acordo com o contrato assinado em 1999, ade acordo com o Macau Business Daily. As apostas nas corridas de cavalos tem descido mais de 50% ano após ano e significa, para as receitas da Administração, 0,1% do total dos lucros do sector do Jogo. As contas fazem Albano Martins, economista, questionar-se. “(...) Com dívidas superiores aos seus activos em 876 milhões de patacas como é que [empresa] não é dissolvida nos termos dos artigos 206º e 485º do Código Comercial?”, questiona, numa opinião publicada no Jornal Tribuna de Macau no mês passado. “Fica a pergunta com um misto de curiosidade e alguma expectativa: vai o Governo renovar essa

SOCIEDADE concessão? Com base em exactamente o quê?”

CONTAS ESCONDIDAS

Relatos de más condições no Jockey Club têm sido constantemente feitos pela imprensa: ainda no ano passado, um grupo de membros do clube escreveu uma carta aberta onde apontava, por exemplo, que os estábulos estavam tão velhos que um cavalo ficou ferido por causa de um telhado que colapsou. O Jockey Club disse ter feito reparações, mas fontes internas disseram ao HM que não passaram de “pintar as portas” das boxes. Angela Leong, deputada e responsável pela empresa ligada à Sociedade de Jogos de Macau, atribuiu os resultados negativos ao recente declínio das receitas de jogo. No ano passado, Leong disse mesmo que a abertura de mais hotéis e resorts levava a que as corridas de animais ficassem para trás na lista de desejos dos turistas. Mas uma das maiores questões, levantada também por Albano Martins no artigo de opinião, é que o Governo continua a autorizar a empresa a não publicar os detalhes das contas. Isso, como experienciou o HM, não facilita a leitura no que aos resultados negativos diz respeito. “O Governo veio autorizar que as contas da sociedade fossem publicadas sob a forma de sinopse, com indicação do resultado líquido, total do activo, total do passivo e situação líquida. Os casinos dão todos os detalhes das suas contas (...) mas o Canídromo e o Jockey Club querem esconder exactamente o quê?”, questionava o economista, como colunista no JTM. “Mas que raio de negócio se esconde numa concessão que devia publicamente e de forma transparente prestar contas à sociedade da sua actividade? Ou há negócio de imobiliário escondido ou não estou a ver razão para tanta dedicação à causa das corridas.” A questão fica por responder pelo menos até ao final deste mês. O HM tentou contactar o Jockey Club mas não conseguiu obter reacções até ao fecho desta edição. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

hoje macau sexta-feira 12.8.2016

IMIGRANTES ILEGAIS DETECTADOS NA AVENIDA DA AMIZADE

VIA ESPECIAL NA PONTE DE SAI VAN PASSA A DEFINITIVA

Foram encontrados imigrantes ilegais que tentaram entrar em Macau através da Avenida de Amizade, naquela que foi a primeira vez que as autoridades dizem ter encontrado um caso destes no espaço ao lado da Ponte Nobre de Carvalho. A Polícia Judiciária (PJ) deteve quatro imigrantes ilegais e um homem que os ajudou, todos do interior da China. Um dos homens, de apelido Cheong, tem 41 anos e já foi transferido para o Ministério Público por suspeita de ajudar à imigração ilegal e de fazer parte de uma rede criminosa. O grupo já funciona há pelo menos dois meses e cada imigrante tem de pagar seis mil patacas para poder entrar em Macau. As autoridades continuam a investigar a situação.

“Por motivos de segurança e por solicitação do público sobre a segurança do trânsito entre Macau e a Taipa”, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) vai mesmo passar a via especial para ciclomotores e motociclos na Ponte de Sai Van em permanente. A medida entra em vigor a 15 de Agosto, depois de estar em experiência desde 2012.

GDI DIVULGADO ORÇAMENTO DETALHADO DO NOVO TERMINAL MARÍTIMO

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O milhão, milhão... Foram várias as ampliações feitas ao projecto do novo terminal marítimo no Pac On e só fazer as fundações por uma segunda vez custou tanto como o orçamento inicial. Eis os valores detalhados de um longo projecto

custou quase 85 milhões de patacas (incluindo a revisão do projecto da ala de chegada do heliporto), mas depois construir a área do estacionamento e zona comercial custou quase 420 milhões de patacas. Fiscalizar esta obra custou mais 19 milhões ao Governo. Para ampliar as estruturas principais do Terminal foram precisos dois milhões de patacas, enquanto que a fiscalização da “ampliação das estruturas do terminal marítimo” custou mais de 67 milhões. Ao nível do controlo de qualidade, foram gastos mais de 30 milhões de patacas. Já o terminal marítimo provisório, cujas estruturas serão demolidas, ascenderam a 200 milhões de patacas.

RA para custar quase 500 milhões, acabou por custar cinco vezes mais. Mas, afinal, quais as fases e valores que justificam um aumento do orçamento do novo terminal marítimo na Taipa para 3,8 mil milhões de patacas? O Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) divulgou ontem os dados detalhados e a verdade é que, só a obra de “ampliação do terminal marítimo – execução das fundações” custou quase tanto como o orçamento inicial: mais de 445 milhões de patacas. A elaboração do projecto referente à introdução do parque de esta cionamento subterrâneo e zona comercial

ZEROS FORA NADA

E

Confrontado com estes números, o arquitecto Miguel Campina deixa de lado os valores astronómicos que foram gastos e critica todo o processo de construção do terminal. “Qualquer cidadão comum percebe que há qualquer coisa que não está bem. Estamos numa situação injustificada do ponto de vista como a forma como a Administração lidou com o processo. Se custasse dez mil milhões o processo continuaria errado. Foram acumulados sucessivos erros.” O arquitecto acredita que ninguém vai ser responsabilizado por uma obra mal planeada, segundo o que consta no relatório do Comissariado de Auditoria. “Este é um exemplo de como

“Este é um exemplo de como não fazer as coisas, no futuro e no passado, que poderiam ter sido feitas de outra maneira” MIGUEL CAMPINA ARQUITECTO não fazer as coisas, no futuro e no passado, que poderiam ter sido feitas de outra maneira.” Campina alerta ainda para o facto do novo Terminal do Pac On ter poucos resultados na prática em termos de circulação de pessoas, já que o metro ligeiro

Recomprar para render

Falta de infra-estruturas nas habitações públicas “deixa fracções vazias”

está longe de ser construído e não está ainda finalizada a ligação ao aeroporto. “As pessoas saem e não há nada, terão táxis e autocarros. Este terminal não resolve nada, porque as pessoas chegam e usam as estruturas existentes. Era importante saber quanto custou este terminal do ponto de vista do interesse público e pelo desgaste que causou às pessoas. Nunca foi equacionado o prejuízo causado ao bem-estar da população e dos visitantes”, concluiu. O novo terminal entra em funcionamento em Maio de 2017, mais de uma década depois de ter começado a sua construção. Terá capacidade para 400 mil pessoas por dia. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

A

S fracções de habitação pública são deixadas vazias por não serem convenientemente estruturadas. É o que diz Lao Chi Ngai, presidente da Associação Económica de Macau, que considera que a falta de infra-estruturas nas habitações públicas leva a que as pessoas não queiram lá viver. As rendas das lojas que existem nestes locais, diz ainda, também não atrai. Apesar da tendência do Governo ser dar prioridade à construção de habitação pública, as críticas sobre falta de infra-estruturas nos terrenos permanecem. Em declarações ao Jornal Ou Mun, o representante do sector imobiliário diz mesmo que há residentes cujas solicitações para uma habitações pública foram aprovadas, mas dado que as instalações de apoio são insuficientes e os transportes ainda são poucos “há quem opte por arrendar casas nos bairros velhos de Macau e deixar a fracção vazia”. Lao Chi Ngai dá como exemplo as habitações públicas de Seac Pai Van, “vazias por carência” destas infra-estruturas.

O presidente da Associação Económica de Macau considera que, para resolver o fenómeno de existir a procura mas pouca oferta nestas zonas de habitação, o Governo deve tomar a iniciativa para o planeamento e não depender somente do comportamento de mercado. Sugere mesmo que o Governo possa considerar estabelecer uma companhia para a gestão dos serviços de apoio nestas áreas. “É mais por causa da falta dos serviços e infra-estruturas de apoio que não se consegue realizar a necessidade de uma vida coesa. O Governo ainda não tem conhecimento da procura real das habitações públicas.” Os recursos de habitação pública por enquanto ainda não são suficientes, admite lao Chi Ngai, mas o Governo também está a enfrentar o problema de ter muitas fracções vazias. “O Executivo deve considerar recomprar as fracções vazias, já que o aumento de custo é melhor do que a perda dos recursos sociais”, remata. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo


9 CHINA

hoje macau sexta-feira 12.8.2016

O DISNEY XANGAI LONGAS FILAS E PROTESTOS NO ARRANQUE

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ONGAS filas de espera para atracções deterioradas e problemas no momento de atender as reclamações dos visitantes estão a gerar críticas ao novo parque da Disney em Xangai, dois meses após o seu arranque. Segundo a agência China News Service, nos últimos dias, vários visitantes passaram até duas horas à espera para experimentar atracções, que viriam a descobrir estarem “encerradas para manutenção”. O jornal oficial China Daily revelou que, na quarta-feira, sucederam-se vários “protestos generalizados”, depois de cinco atracções no parque terem encerrado, sem aviso prévio. Responsáveis da Disney atribuíram o encerramento a “condições imprevisíveis”, relacionadas com “necessidades operacionais e de manutenção”. A imprensa chinesa relatou também queixas de muitos dos visitantes afectados, a quem o pessoal do parque tentou trocar o bilhete para outro dia,

quando pediram a devolução do dinheiro à entrada. A estas queixas unem-se informações anteriormente publicadas, que dão conta de más condições nas fábricas chinesas que colaboram com a multinacional norte-americana. Num relatório intitulado “O lado obscuro da Disney”, a organização China Labour Watch relata que numa fábrica de Cantão, encarregue de produzir artigos para parques da multinacional em todo o mundo, os operários trabalham 66 horas por semana, por um salário inferior a 300 dólares por mês. O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, assinalou mesmo que existe uma “queda do entusiasmo” com a presença da Disney em Xangai. Inaugurada em Junho passado, com um custo de construção fixado em 5.500 milhões de dólares, a Disneyland Shanghai é o sexto parque temático da multinacional e o primeiro no continente chinês.

ANTIGO LÍDER REGIONAL SUSPEITO DE CORRUPÇÃO

Mais um antigo líder regional do Partido Comunista Chinês (PCC), Wang Min, foi “colocado sob investigação”, por suspeita de “graves violações da disciplina e da lei”, anunciou ontem a Comissão Central de Disciplina do PCC. Wang Min, ex líder do PCC na província de Liaoning, no nordeste da China, é suspeito de ter aceitado subornos, revelou a agência oficial chinesa Xinhua. O Supremo Tribunal Popular decidiu adoptar “medidas coercivas”, disse a agência, sem avançar mais detalhes. Localizada junto à fronteira com a Coreia do Norte, a província de Liaoning tem quase 44 milhões de habitantes. Dezenas de quadros dirigentes com a categoria de vice-ministro ou superior foram afastados desde que o actual presidente Xi Jinping assumiu a chefia do PCC, em Novembro de 2012.

consórcio chinês COSCO (China Ocean Shipping Company) completou na quarta-feira a compra de uma participação maioritária na Autoridade Portuária do Pireu (OLP), a entidade que gere o maior porto da Grécia. O COSCO opera, desde 2010, dois terminais do Pireu, um porto estratégico situado nos arredores de Atenas. Com esta aquisição, que ascende a 368,5 milhões de euros, o gigante chinês do transporte marítimo ficou com 67% da sociedade portuária grega, assumindo o controlo do porto até 2052. “O COSCO Shipping é agora o accionista maioritário da OLP, assumindo assim controlo da gestão e operações do porto”, disse a empresa em comunicado. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza, chegou a travar a privatização do Pireu, após ascender ao poder, em 2015. Em Julho do mesmo ano, o negócio acabou por se concretizar. A OLP revelou que o novo conselho de administração, constituído por 11 membros, inclui sete chineses, entre os quais o presidente executivo. Utilizado anualmente por mais de 24 mil navios, o Pireu é considerado um dos maiores portos marítimos do Mediterrâneo e emprega cerca de 1.500 pessoas. Com este negócio, o grupo chinês assume ainda controlo dos barcos de passageiros, utilizados por milhões de turistas que todos os anos viajam até às ilhas gregas. O COSCO comprometeu-se ainda a investir quase 294 milhões de euros na expansão das instalações para navios de cruzeiro, modernizar o estaleiro naval e criar espaço para a circulação de automóveis. O objectivo é transformar o Pireu no maior porto de contentores da Europa e principal terminal de partida de cruzeiros do mundo, apontou a empresa.

SINES DEBAIXO DE OLHO

Wang Min (E)

Em Portugal, também o porto de Sines suscita o interessa da China, à medida que o país asiático tenta garantir acessos para a iniciativa “rota marítima da seda do século XXI”.

COSCO COMPRA DE 67% DO PORTO DE PIREU

Já cá canta

A expressão refere-se a um gigante plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático. Segundo as autoridades chinesas, a iniciativa vai abranger 65 países e 4,4 mil

milhões de pessoas, cerca de 60% da população mundial. “O porto de Sines é importante para a ligação da China com a Europa e a África”, disse em Maio passado o conselheiro de política externa do Governo chinês Lu Fengding. No mesmo mês, o secretário de Estado da Inter-

“O COSCO Shipping é agora o accionista maioritário da OLP, assumindo assim controlo da gestão e operações do porto”

nacionalização de Portugal, Jorge Costa Oliveira, assumiu em Pequim o interesse do porto chinês de Ningbo em investir num porto português, apontando Sines como o favorito. “O alargamento do Canal do Panamá levou a que grandes entidades gestoras de portos, nomeadamente Ningbo, estejam à procura de um porto com boa capacidade na Europa ocidental”, disse.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 424/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor ZHONG JINKUI, portador do passaporte da RPC n.° G59572xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 39/DI-AI/2014 levantado pela DST a 24.03.2014, e por despacho da signatária de 05.08.2016, exarado no Relatório n.° 523/DI/2016, de 20.07.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Praceta de Miramar n.° 79, Jardim San On, Bloco IV, 15.° andar T, Macau.-----------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Out ubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 5 de Agosto de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai


10 EVENTOS

PORTUGUESA DE 16 ANOS OBTÉM DISTINÇÃO EM LOS ANGELES COM ‘CURTA’ SOBRE IMIGRAÇÃO

A curta-metragem «4242», de Sara Eustáquio, 16 anos, sobre o processo de adaptação de uma imigrante, recebeu o prémio de mérito, o segundo mais importante, nos IndieFest Film Awards, em Los Angeles, EUA, somando a terceira distinção internacional. O trabalho da jovem de Torres Vedras já tinha conquistado uma menção especial de mérito do júri no BestShorts Competition, igualmente na Califórnia, e o prémio revelação no Festival Near Nazareth, em Israel. Na quinta-feira foi anunciada a nova distinção pelo festival norte-americano. A ‘curta’, que também já foi seleccionada para o Josiah Media Festival, que se realiza em Outubro, no Texas, inspira-se na experiência da protagonista, a aluna romena Cristina Caldararu, de 18 anos, da mesma escola de Eustáquio, a Secundária Henriques Nogueira, em Torres Vedras.

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA SEMINÁRIO SOBRE FINANCIAMENTO CINEMATOGRÁFICO

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Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong-Hong Kong-Macau tem lugar nos próximos dias 16 e 17 de Agosto no Regency Hotel, onde vai estar incluído um seminário sobre financiamento cinematográfico, para o qual se encontram abertas as inscrições. Co-organizada pelo Instituto Cultural, pelo Hong Kong Film Development Council e pela Administração de Imprensa e Publicação, Rádio, Cinema e Televisão da Província de Guangdong, a Feira vai trazer a Macau os cineastas de Hong Kong, Patrick Tong e Mathew Tang, “entre outros nomes importantes desta área”, que vão partilhar experiências e falar sobre as novas tendências na área do financiamento cinematográfico entre as três regiões. As inscrições online gratuitas para o seminário

encontram-se abertas a partir de hoje, sendo que o fórum acontece pelas 14h30 do dia 17. Patrick Tong, com mais de 20 anos de experiência de gestão financeira e investimento cinematográfico, desempenhou o papel de produtor e produtor executivo de filmes. Mathew Tang foi coordenador, planeador, realizador e produtor de filmes chineses e estrangeiros, tendo participado nas filmagens de cerca de 40 filmes. Liu Xiaofeng é também outros dos convidados. Estão disponíveis 30 lugares para o seminário “Financiamento Cinematográfico”, que serão atribuídos por ordem de inscrição. O seminário acontece em Cantonês e Mandarim, mas tem tradução simultânea para Português. Os interessados podem inscrever-se na página do IC.

Casas-Museu SÁBADO DE JAZZ COM VINCENT HERRING, ERIC ALEXANDER E PRO

MUSICOS GIG ´

São nomes sonantes na cena musical e vão estar em Macau para um concerto com entrada livre. Vincent Herring, Eric Alexander, Yoichi Kobayashi, Yuichi Inoue e Peng Ji actuam este sábado, num concerto onde não vai faltar talento local

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA LOANDA • Isabel Valadão

Através do retrato de Maria Ortega e Anna de São Miguel, a autora leva-nos até Luanda do século XVII, de encontro ao percurso, queda e ascensão dos escravos e exilados do reino português. Cruzando a História com um ritmo narrativo forte e surpreendente, Loanda é ainda marcada pelo tom biográfico de personagens que deixaram a sua marca naquele território.

V

INCENT Herring e Eric Alexander vão tomar o espaço do anfiteatro das Casas-Museu da Taipa. As duas estrelas do Jazz sobem ao palco para mais uma edição do “Concerto ao Anoitecer” e onde partilham o final de tarde com Yoichi Kobayashi, Yuichi Inoue, Peng Ji e o saxofonista de Macau Chak Seng Lam. O espectáculo “O Poder do Saxofone” está marcado para este sábado, das 17h30 às 19h00. Organizado pelo Instituto Cultural e pelo Jazz Club

de Macau, o concerto conta com os norte-americanos Eric Alexander e Vincent Herring: o primeiro é vencedor de um Grammy e um músico e educador reconhecido internacionalmente, sendo mesmo considerado um dos saxofonistas líderes da sua geração. “Eric Alexander é um saxofonista, produtor e compositor contemporâneo, cuja carreira inclui a gravação de inúmeros álbuns de cariz singular, perfazendo um total de quase 70 álbuns. Em 1991, participou no Concurso Internacional de Jazz Thelonious Monk, a mais

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

CARTAS DE AMOR DE FERNANDO PESSOA A OFÉLIA QUEIROZ • Fernando Pessoa

Pela primeira vez, as cartas de amor de Fernando Pessoa e de Ofélia Queiroz são apresentadas em edição conjunta. Uma edição conjunta é a forma mais adequada para dar a ler uma correspondência, que pressupõe sempre um diálogo, uma interacção, a existência concreta de dois interlocutores. Cada carta é, em si mesma, ou a resposta a outra carta ou pretexto para ela. Até quando o destinatário opta por não responder, de algum modo, o seu silêncio se inscreve na carta seguinte. Assim, uma relação amorosa, sustentada epistolarmente, como a de Pessoa e Ofélia, só é, na verdade, entendível quando os dois discursos se cruzam e mutuamente se reflectem.


11 EVENTOS

hoje macau sexta-feira 12.8.2016

IC

“Vamos pôr todos a dançar” Le Syndicate Du Chrome anima noite com sons Afro e Funk

A

GANTES

ODÍGIOS ASIÁTICOS

famosa competição de saxofone jazz do mundo, competindo no mesmo palco com saxofonistas proeminentes como Joshua Redman e Chris Potter e vencendo o segundo lugar, assegurando assim o lançamento da sua carreira como músico jazz profissional”, pode ler-se no comunicado da organização. “Os seus vários álbuns têm recebido grande aclamação, sendo muito apreciados nos círculos do bebop tradicional, e as suas interpretações destacam-se pela sua criatividade e ritmo subversivo, levando o público numa viagem pelo mundo da música jazz tradicional e contemporânea.”

OUTROS IMPACTOS

Já Herring é tido como capaz de produzir uma sonoridade de grande impacto. No início da década de 80 iniciou uma colaboração com o saxofonista de jazz Nat Adderley, que se viria a prolongar ao longo de nove anos. Colaborou ainda durante três décadas “com inúmeros mestres do jazz”. Nas suas interpretações, Vincent Herring inspira-se em

diferentes géneros musicais, tendo lançado 19 álbuns a solo e participado na gravação de mais de 240 álbuns. Mas os dois “mestres do Jazz” não estão sozinhos: o concerto contará ainda com a colaboração de “músicos de topo” do Japão, incluindo o pianista jazz Yuichi Inoue e o baterista vencedor de um disco de ouro Yoichi Kobayashi, bem como de Peng Ji, um baixista de Pequim cujo percurso musical se baseia em sons tanto orientais, como ocidentais. Foi convidado a actuar no concerto o jovem músico local Chak Seng Lam, “uma nova estrela da música jazz de Macau”, que estuda música desde a infância, tendo passado por escolas em Singapura e na Holanda. O concerto, que conta também com sessão de improviso, tem entrada livre, fazendo parte de uma longa lista de concertos que acontecem até Outubro, ao segundo sábado de cada mês. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

banda francesa Le Syndicat Du Chrome está de regresso a Macau para um concerto já amanhã. Depois de, em Outubro, terem não só pisado palcos com a ajuda da Alliance Française como actuado nas ruas do território, a banda de Afro e Funk chega agora para tocar na Live Music Association (LMA) e no Padre Café e Cuccina. Axel Bagréau, encarregue do saxofone, Maxime Briard, na bateria, e Benoit Campens, no sousafone, juntaram-se a Lionel Espagne (trompete), Bastien Langlois (trombone) e Clément Serre (guitarra) para formar a Le Syndicat Do Chrome, um grupo que promete “conquistar o mundo” como o bando de “mafiosos” que é. Inspirados nos sons de Nova Orleães e nos que vêm da Etiópia e Nigéria, o Le Syndicate Du Chrome promete “pôr todos a dançar”, como assegura Clément Serre ao HM. A música, uma mistura contagiante de sons Afro e Funk, é “também profundamente influenciada” pelos locais por os seis membros passam e pelas pessoas que os ouvem e que com eles interagem. Quem o diz é Serre, que já sabe o que esperar do território. “Viemos cá em Outubro e tivemos uma recepção

incrível por parte do público”, frisa. Talvez tenha sido essa uma das razões que os levou a querer voltar e a mostrar tanto entusiasmo. “O público daqui é muito disponível para novos sons e mostrou grande abertura ao nosso género musical.”

ENTUSIASMO GERAL

A banda que gosta de tocar na rua e interagir com as pessoas, confessa que já tocou em vários espaços públicos, nomeadamente “jardins” até de Macau, onde não se pode fazê-lo. Mas, pelo que parece, todos ficam agradados com a música do Syndicate. “Todos têm sido muito simpáticos connosco, inclusivamente a polícia”, diz Serre. O entusiasmo da banda é tal que fizeram uma música dedicada a Macau. “Provavelmente vai chamar-se A-Má Temple Groove”, dedicada à deusa que deu origem ao nome desta península. Com a promessa de muita diversão, os Syndicate esperam por si: amanhã na LMA, pelas 22h00, e domingo no Padre Café e Cuccina, ao início da noite. Os bilhetes para o concerto na Live Music Association custam cem patacas se comprados anteriormente, na Livraria Portuguesa ou Macau Design Center, e 120 patacas se comprados à porta. (J.F./H.M.)

BELAS ARTES CELEBRA ANIVERSÁRIO COM EXPOSIÇÃO

A

Associação dos Artistas de Belas Artes festeja 60 anos e para assinalar a data foi organizada uma exposição com trabalhos de todos os membros. Vão estar expostos no edifício do Antigo Tribunal, de 17 de Agosto a 7 de Setembro, e a inauguração é dia 16, às 18h30. A mostra é subordinada ao tema “Exposição das Obras dos Membros da Associação dos Artistas de Belas Artes de Macau 2016” e daqui resultaram várias formas de expressão

artística, provenientes de 169 associados. Aguarelas, pinturas a óleo, desenhos, pinturas a tinta, caligrafias e esculturas são alguns dos exemplos. Segundo comunicado da Associação, estes trabalhos “manifestam uma diversidade de géneros, visando dar oportunidade aos visitantes para apreciarem a arte local e o seu significado de grande alcance em termos do desenvolvimento artístico em Macau”. A iniciativa conta com a parceria do Instituto Cultural e a entrada é livre.

NUNO AROSO ESTREIA OBRA DE JAIME REIS NA COREIA DO SUL

O percussionista Nuno Aroso estreia, na Coreia do Sul, no festival de música electro-acústica a decorrer este fim de semana, a obra «Sketch for Omniscience is a Collective - part IV», de Jaime Reis, disse ontem o compositor à agência Lusa. A obra, a interpretar pelo percussionista, com doutoramento em música contemporânea para percussão pela Universidade Católica, faz parte da programação do festival de música electro-acústica a decorrer de sexta-feira a domingo, em Seul, acrescentou Jaime Reis. A composição a estrear por Nuno Aroso sucede às três primeiras partes da obra: a primeira foi estreada em 2009, pelos Blasted Mechanism, a segunda, na China, por uma orquestra electrónica dirigida pelo maestro André Granjo, e uma terceira, estreada no ano passado, no Brasil, com interpretação da pianista Ana Teles, referiu Jaime Reis.

EXPOSIÇÃO DE PINTORES DA CHINA

Abre hoje a exposição Obras de Pintores Veteranos da China em Macau. A ter lugar nas Galeria do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, a mostra apresenta 60 trabalhos “excelentes de 12 pintores de renome da China”, como indica a Fundação Macau num comunicado. A mostra tem o apoio do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM, do Gabinete do Secretariado para os Assuntos Sociais e Cultura e da Academia Nacional de Pintura da China, estando a inauguração marcada para as 10h30. A exposição está patente ao público até dia 16 de Agosto, das 10h00 às 19h00 e excepto às segundas-feiras. A entrada é livre.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Fim do Liampó português em Shuangyu

E

M Liampó, António de Faria, segundo Fernão Mendes Pinto, “Depois de ser desembarcado em terra, e lhe serem dados os parabéns da sua chegada, o vieram ali visitar todos os mais nobres e ricos, os quais por cortesia se prostravam por terra, em que houve alguma detença”. (...) “Daqui o levaram para a igreja por uma rua muito comprida fechada toda de pinheiros e louros, e toda juncada, e por cima toldada de muitas peças de cetins e damascos. E em muitas partes havia mesas em que estavam caçoulas (vasos de barro para cozinha, ou vaso de porcelana para queimar perfumes) de prata com muitos cheiros e perfumes, e antremeses de invenções, muito custosos. E já quase no cabo desta rua estava uma torre de madeira de pinho toda pintada a modo de pedraria, que no mais alto tinha três curucheos, e em cada uma grimpa dourada com uma bandeira de damasco branco, e as armas reais iluminadas nela com ouro. E numa janela da mesma torre estavam dois meninos e uma mulher já de dias chorando, e em baixo ao pé dela estava um homem feito em quartos, muito ao natural, que dez ou doze castelhanos estavam matando, todos armados, e com suas chuças (chuço é uma haste de pau com choupa de ferro, afiado na extremidade superior) e alabardas tintas em sangue, a qual coisa, pelo grande fausto e aparato com que estava feita, era muito para folgar de ver. E a razão disto dizem que foi porque dizem que desta maneira ganhara um Foão de quem os verdadeiros Farias descendem, as armas da sua nobreza nas guerras que antigamente houve entre Portugal e Castela. Neste tempo, um sino que estava no mais alto desta torre como de vigia deu três pancadas, ao qual sinal se quietou o tumulto da gente, que era muito grande. E ficando tudo calado, saiu de dentro um homem velho (idoso) vestido em uma opa de damasco roxo, acompanhado de quatro porteiros com maças prata. E fazendo um grande acatamento a António de Faria, lhe disse com palavras muito discretas quão obrigados todos lhe estavam pela grande liberalidade que usara com eles e pela grande mercê que lhes fizera em lhes restituir suas

fazendas, pelo qual todos lhe ficavam dali por diante por súbditos e vassalos, com menagem dada de seus tributários em quanto vivessem. E que pusesse os olhos naquela figura que tinha junto de si, e nela, como em espelho claro, veria com quanta lealdade os seus antecessores de quem ele descendia ganharam o honroso nome da sua progénie (descendência, geração), como era notório a todos os povos de Espanha. Donde também veria quão próprio lhe era a ele o que tinha feito, assim no esforço que mostrara, como em tudo o mais que usara com eles. Pelo qual lhe pedia em nome de todos, que em começo do tributo a que por razão de vassalagem lhe estavam obrigados, aceitasse por então aquele pequeno serviço que lhe oferecia para murrões (morrão é um pedaço de corda enleada com que se põe fogo às peças) dos soldados, porque a mais dívida protestavam de lha satisfazerem a seu tempo. E com isto lhe apresentou cinco caixões de barras de prata em que vinham dez mil taéis. António de Faria lhe agradeceu com muitas palavras as honras que até então lhe tinham feitas e o presente que lhe ofereciam, porém por nenhum caso lho quis aceitar por muito que todos nisso insistiram”, Fernão Mendes Pinto na Peregrinação. Segunda-feira, 14 de Maio de 1542 zarpou de Liampó António de Faria.

EXPULSAR OS PIRATAS

Em Shuangyu, este porto de Liampó temporariamente nas mãos dos portugueses, pois feito sem permissão do governo chinês, terminou em 1548-49 quando foi destruído. Tal se deveu, segundo Fernão Mendes Pinto, a Lançarote Pereira que praticou as brutalidades que originaram a destruição da colónia portuguesa de Liampó. Já Gaspar da Cruz atribui aos “chineses que andavam entre os portugueses, e alguns portugueses com eles, vieram-se a desmandar, de maneira que começaram a fazer grandes furtos e roubos e a matar alguma gente”. Anota Rui Manuel Loureiro, “Os portugueses, de facto, deverão ter cometido algumas depredações no litoral de Liampó, em circunstâncias ainda mal esclarecidas, mas que parece terem estado ligadas a roubos

cometidos por intermediários chineses”. E seguindo com Gaspar da Cruz, “Foram os males em tanto crescimento e o clamor dos agravados foi tão grande, que chegou não somente aos loutiás grandes da província mas também a el-rei. O qual mandou logo fazer uma armada muito grossa na província de Fuquiem, para que lançassem todos os ladrões da costa, principalmente os que andavam em Liampó,

e todos os mercadores, assim portugueses como chineses, entravam na conta dos ladrões.” Segundo João de Deus Ramos, “Em 1547 Zhu Huan foi nomeado Vice-Rei das duas províncias de Fujian e Zhejiang, e deu mostras de ser forte ânimo no rigoroso cumprimento das proibições em vigor quanto ao comércio com os estrangeiros. Conseguiu assim criar as mais


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José Simões morais

fortes inimizades em todos os sectores da população que beneficiava daquele comércio”. Já Rui Loureiro refere que “a corte imperial chinesa despachou para as províncias meridionais de Fukien e Chekiang, o vice-rei Chu Wan em 1548, com o encargo de debelar o surto de pirataria que afectava aquelas regiões”. “A 14 de Maio de 1548, Zhu Wan preparou o estratagema para atacar o Porto de Shuangyu (Liampó dos portugueses). Deu ordens ao Comandante Regional Lu Tang para com o Comandante Wei Yigong, ambos de Fujian, seguirem e aí esperar a melhor oportunidade de em conjunto começarem o combate. A vitória na batalha naval foi conseguida em Jiushan. A destruição de Liampó só aconteceu mais tarde”, segundo Deus Ramos. Já Victor F. S. Sit refere, “Em 1547, Zhu Wan, o chefe militar de Zhejiang, deu uma tremenda derrota aos navios portugueses em Shuangyu, mandou incendiar

as mil casas que havia na ilha e todos os barcos utilizados no comércio ilegal e mandou encerrar o porto. Os portugueses tiveram que fugir para o Sul, acabando por chegar a Sanchoão (Shangchuan) e a Lampacau (Langbai), ilhas da província de Guangdong. A ilha de Sanchoão (Shangchuan) acabou por ser o último ponto de paragem dos portugueses antes de se estabelecerem em Macau”.

FIM DO ESTABELECIMENTO PROVISÓRIO

O segundo período de contactos na China, entre portugueses e chineses, acabou com a batalha de Zoumaxi (走马溪, Ribeira de Cavalos Galopantes) em 1549, período que podemos designar como “Entre Chincheo e Liampó”, segundo Revisitar os Primórdios de Macau. Gaspar da Cruz conta: “Fazendo-se prestes a armada, saiu-se ao longo da costa do mar. E porque os ventos lhe não serviam já para poder ir a Liampó, foram

Nos finais de 1556 navegava por aquelas costas um terrível pirata, Chan-si-lau a quem os portugueses, para agradar ao mandarim local, deram caça e acabaram com o seu reinado”. Era já Macau local usado pelos portugueses para esperar os tecidos de seda vindos de Cantão para a banda do Chincheo, onde achando navios de portugueses começaram a pelejar com eles, e de nenhuma qualidade deixavam de vir nenhuma fazenda aos portugueses”. Já Rui Loureiro refere: “Ao contrário do que afirma Fr. Gaspar, a armada chinesa, a instâncias de Chu Wan, atacou na realidade o entreposto de Liampó em 1548, interrompendo o intenso tráfico ilegal que os estrangeiros ali realizavam. Depois do assalto a Liampó, o comissário imperial Chu Wan desencadeou uma violenta campanha contra a navegação estrangeira na região de Chinchéu, onde os portugueses se tinham entretanto refugiado”. E seguindo com Gaspar da Cruz, “Estiveram assim muitos dias pelejando (os portugueses) às vezes para verem se podiam ter remédio para fazerem suas fazendas. Passados muitos dias e vendo que não tinham remédio, determinaram de se ir sem ela(s). O que sabendo os capitães d’armada, mandaram-lhe(s) de noite muito secretamente um recado, que se queriam que lhe(s) viesse fazenda, que lhe(s) mandassem alguma coisa. Folgando muito os portugueses com este recado, fizeram-lhe(s) um grosso e honrado presente e mandaram-lho de noite, por assim serem avisados. Dali por diante vieram-lhe(s) muitas fazendas, fazendo os loutiás que não atentavam nisso e dissimulando com os mercadores. E assim desta maneira se fizeram as fazendas aquele ano, que foi de 1548”. João de Deus Ramos, “No ano seguinte deu-se um acontecimento que ficaria conhecido pelo <episódio dos dois juncos>, bem demonstrativo de que a fase do conflito e do comércio ilícito entre portugueses e chineses estava a chegar ao seu termo. Já se viu como o Vice-Rei Zhu Huan ganhara a maior impopularidade ao querer impor com rigor as proibições do comércio com os estrangeiros. Em 1548 a frota de Diogo Pereira dirigiu-se à China. Determinou que as mercadorias que

levava fossem transportadas em dois juncos chineses. Depois de alguns recontros violentos que determinaram a sua partida, deixou no entanto ficar os juncos, comandados por Fernão Borges e Lançarote Pereira, acompanhados de trinta portugueses e mais gente, na expectativa de ainda fazerem algum negócio. As forças navais chinesas não perderam tempo em apresá-los, matando alguns dos nossos e fazendo prisioneiros outros. Mas os tempos eram diferentes, e em vez de vir de Pequim a confirmação de sentenças, como acontecera trinta anos antes, foi despachado um Comissário Imperial para investigar o caso. Considerou que os portugueses não eram culpados dos crimes de que os acusavam, mas apenas pacíficos mercadores. Lê-se num documento da época: <E asi nos foi por estes mandarins mandado dar mui bem carne e galinhas e farinha de arroz e de todas as outras cousas em abastança assim como pedíamos. Entretanto que fosse o recado a el Rei, quebraram todas as prisões em que os mandarins que nos tomaram nos puseram, e logo eles foram presos> [...], Carta de Afonso Ramires. O Vice-Rei Zhu Huan suicidou-se, e outros oficiais foram executados. Terminava o período do conflito e do comércio ilegal, estava criado o ambiente, e as condições de parte a parte, para o surgimento de Macau.” “Em 1549, foram expulsos das terras de Chincheo e, entre 1550-1553 fixaram-se sucessivamente em Sanchoão, Lampacau e depois Macau.” (Wu Zhiliang, História do Desenvolvimento Político de Macau, 1999). E terminamos no Cap LXII da Peregrinação, em que Fernão Mendes Pinto refere de um episódio de 1540/1, “E chegando à vista do junco, (António de Faria) mandou que a lorcha se passasse da outra banda, por que abalroassem ambos juntamente, e que ninguém disparasse nenhum tiro de fogo, por que não sentissem os juncos da armada que estavam dentro no rio o tom de artilharia, porque acudiriam a ver o que era. Tanto que as nossas embarcações chegaram ao lugar onde estava surto o junco, ele foi logo abalroado sem nenhuma detença, e saltando dentro vinte soldados se senhorearam dele sem contradição alguma...” Esta frase descontextualizada das circunstâncias e sem os antecedentes, remete no entanto os portugueses à actividade de pirataria, mas neste episódio aconteceu atacar um barco amigo. Segundo Bento de França nos “Subsídios para a História de Macau “nos finais de 1556 navegava por aquelas costas um terrível pirata, Chan-si-lau a quem os portugueses, para agradar ao mandarim local, deram caça e acabaram com o seu reinado”. Era já Macau local usado pelos portugueses para esperar os tecidos de seda vindos de Cantão.


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h Curva perfeita

À

S vezes, desenhar uma curva perfeita. Desenhá-la no desafio de o fazer à mão livre. Começar pelo gesto natural. Aquele gesto espontâneo, livre e delimitado à partida, nas possibilidades que lhe são inerentes. O gesto aprende-se com o tempo. Claro. E por tentativa e erro. O olhar poderoso, que aprende com as imperfeições do erro. Mas que precisa, mesmo assim, de truques. Pequenos truques honestos. Desenhar uma curva perfeita é um teste ao olhar. Não se faz com a mão senão no mínimo inultrapassável. Começar pelo natural. E depois inverter e olhar. E depois girar noventa graus. E depois cento e oitenta e de novo noventa. E emendar. Ir emendando a imperfeição do olhar unilateral. De cada olhar. E às vezes o olhar precisa de dias até encontrar os limites da perfeição. Aparente. Às vezes anos. Até se tornar visível aquele detalhe ínfimo do erro. Outra coisa é o corpo. A qualidade específica de uma linha, uma curva um volume particular. Que, dependendo do olhar e de critérios, pode ser simplesmente o lugar perfeito da imperfeição. E dizer o contrário também. O lugar físico e extremo oposto à idealização dos gregos antigos. Ou uma curva do caminho. A que aparece no momento certo do mapa. A curva perfeita. Um exercício de perfeccionismo em que se afasta sempre a perfeição, do frio rigor. O frio cortante de um inverno rigoroso. Traçado a régua e esquadro. Cortado à lâmina. Antes a perfeição dependente de um olhar. Apurada no olhar. Descoberta progressivamente na específica, irremediável imperfeição do que é para ser assim. Apaziguada no olhar. Para dentro dos espaços cristalinos da retina, por detrás dos arcos a proteger o baú-tórax, ou bem entranhado nesse cofre, craniano e inviolável. O olhar da vida à temperatura do corpo. Saio de casa e está um dia lindo. Quando é para sair de casa não basta nem sobra saber se está um dia lindo. É preciso sair para a vida. Como ela se apresente. E, outras vezes, está um dia lindo e nem assim saio de casa. E fico a regular as portadas em função da luz. Para que não queime as plantas. A regular a troca de aragens entre janelas

opostas. A parar a meio do corredor, a sentir, a ver se refrescou um pouco. A lembrar o Alentejo e como também ali, nas tardes de canícula, e quanto mais forte a luz mais se baixavam as pálpebras, as persianas sobre o calor cortante e demolidor. Não há como o verão. Não há outra estação mais natural e próxima da essência do humano, da temperatura da pele. O anseio anual de uma liberdade que, se bem que condicional, é a carícia da pele e da alma que se quer atenta ao existir e não em fuga para a frente. Mas afinal saio e isso eram os dias antes. Hoje, uma espécie de cortina fina e amarelada, subtilmente a sujar o azul intenso do céu destes dias. A lembrar-me Marselha de há uns anos e também Atenas e as suas atmosferas de poluição a danificar a alma com uma qualidade doentia, incomportável aos pulmões em alguns dias. E aqui, não sei. Será dos fogos ou de uma outra conjuntura atmosférica que não adivinho. Ou de mim. Que afinal estava presa à casa nos dias lindos e deixei passar o azul do céu. E lembro-me de Atenas e sempre daquele amigo que conheci em viagem para lá, Angelous, curiosamente. De volta da recruta com o seu efebo clássico e mudo de timidez. Que nos levou a ambos para casa. E que como um anjo de facto, e surpreendido, e desencantado da sua cidade e do que nela se procurava de ideal, me guiou pelo pouco que naquela cidade feia ainda era bonito de ver. Uma cidade corroída pela poluição, enriquecida de história e destruída pela história havia muito. E faz sentido que este amarelado discreto do céu me lembre outros lugares porque hoje é o dia, sem o ser em absoluto, em que começo férias. Quase férias. Enfim, decidi. Lá mais para a tarde. E onde se ligam estas realidades ansiadas de partida, de memória, de liberdade. Essa liberdade que não se dá, não se confere mas simplesmente se deve reconhecer como direito intrínseco. Como o automatismo da respiração registado no cérebro para ir sendo. Ou das batidas cardíacas. E de tantas implicações e a ter que ser gerida por critérios. Éticos. Compromissos. E que parece ser estruturalmente parte e

natureza dos seres em geral. Anseio. Expectativa. De perfeição e imperfeição. De ir e de não ir. E depois volto. Naquela assumida e imperfeita decisão de instituir esse fim de tarde como o início de férias. O calor no limite do suportável. A luz. Entro numa porta a dar para uma frescura discreta e ampla, o lugar envolto na obscuridade interior natural e noto de novo, com uma ténue impressão de frescura ainda dentro dos limites do quente. Mas suave. Eu não gosto de ter frio no verão. Ali, um calor suave sem agressão. A vida à temperatura do corpo. Talvez. Um espaço de muitas mesas e lugares de sentar como possibilidade, desde o canto mais remoto, à imediação da porta. E todas vazias. E com um pequeno cinzeiro branco convidativo. E o som bom. Sentei-me a ouvir, a ausência de pessoas e música variada. Às vezes aquelas palavras de cortar os pulsos mas a embalar os ombros em ritmo ‘disco’. E reggae e um jazz ou outro pelo meio, e à segunda imperial estava a sentir-me capaz de dançar sobre a mesa. Só por me sentir bem, e em troca, aquele barman discreto que inventou generosamente um lugar todo para fumadores e, parecia, só para mim naquele momento, ter um pequeno episódio surreal para contar aos netos. De resto, se tivesse seguido as pedras da calçada até casa seria muito parecido. A obscuridade a cortar o sol ainda excessivo de fora, a frescura no copo. A música. Só que seria outra música, outra cadeira e outra luz. E só por isso valeu a pena a estação de paragem. Essa pequena diferença entre aquela cadeira e a outra, aquela penumbra e a outra. É que ali fora, o sol ainda quente a escorrer nas paredes já em sombra, podia ser na medina, no souk. Ou o lugar perfeito da imperfeição. De não ser, podendo. E atrás do balcão, num recanto protegido com carinho, um aquário e duas pequenas tartarugas. Não sei se se pode dizer dos bichos – destes - terem uma forte impressão de infelicidade. De outros, sim. Mas só me lembrei de inúmeras outras iguais a esta a nadar na água fresca de um lago, de um jardim, de uma cidade. Tudo longe. E elas iguais. Mas pergunto se serão iguais na alegria com que esbracejam as peque-

nas patinhas nesta água delimitada por vidros nada amplos, expostas ao olhar ampliado como por uma lente. E não sei. E delas, se bem que de realidade tinham tanta como a medina, o sol e o deserto no fim da tarde, para além da porta, como de cerejas retiradas distraidamente de uma taça, vieram agarrados outros pensamentos. Como sempre gostei destes bichos e de um cágado enorme na sua lentidão e feiura quase ainda pré-histórica, no quintal de uma tia, com tanto chão para percorrer naquela sua mansidão quase intemporal e uma enorme hortência para fugir ao calor do Alentejo. Ou se esconder. E lendas. Mitos. A pensar no mito da tartaruga. Símbolo de lentidão mas também de silêncio. Várias versões como sempre nos mitos. Lenda de que caminhamos num mundo assente sobre a carapaça de uma tartaruga gigante e que é querida a muitas culturas. O mito da tartaruga, ou a condenação por castigo de uma lentidão que pode ser preguiça. A simbologia que a ela associa o silêncio. A ela e à casa carapaça sempre por perto. “Intrame maneo”. Permaneço dentro de mim mesma ou em silêncio o que é a mesma coisa. E que não há maneira de prolongar muito mais este momento e esta sensação. E que, como sempre de maneira imprevisível outra impressão vai voltar. E penso como consolidar este momento para além dele. E penso no paradoxo de Zenão, ilustrado pela corrida entre Aquiles e a tartaruga. E tento medir as possibilidades de eternizar este momento com base na possibilidade de o tempo ser constituído por um número infinito de partes. E de esta, de este momento, poder ser adiada para a metade da parte do próximo momento e depois para a metade da metade dele e abeirando-me sem sair do lugar desse abismo entre tempos, que é o avançar lento, cada vez mais lento e infinitesimal, encontrar aí a forma utópica de, no limite, permanecer nele. Indo, mas não saindo deste limiar. O limiar de outras sensações mais recorrentes. E, fico a pensar numa forma de explicar ou fundamentar esta nítida e reconhecida redundante sensação de bem-estar. De estar bem apesar de todas as questões de sempre e de ne-


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de tudo e de nada

Anabela Canas

ANABELA CANAS

nhuma nova se imiscuir nesta família de preocupações que me obscurecem. Tantas vezes. E de, como tantas outras, haver um momento em que tudo existe e mesmo assim é possível estar bem. E penso que está na hora de pagar, sair para a rua e voltar a casa. Para dentro. E o peso da carapaça como o peso da vida, dos ossos. Ou não. Ela não sente geralmente o peso do que faz parte dela. Tenho tantas vezes a impressão de que chego muitas vezes tarde. À vida, talvez. Mas é maior o consolo de não

ter alguns defeitos , que o desgosto de não ter algumas qualidades. E a pensar no paradoxo. E se se aplica. Se nele encontro a contradição desta conclusão demolidora. Porque onde Aquiles era o mais rápido, nunca alcançava no entanto o pequeno passo do animal, que na sua lentidão nunca estava no mesmo lugar próprio a ser alcançado. E a questão dos referenciais. E depois penso que é só um paradoxo com incoerências demonstradas em outros referenciais teóricos aos quais a consciência ontológica não alcança. A minha. E

que, por outro ado, não havendo nunca no paradoxo o encontro, na fugacidade de um e outro, porque possuidores de referenciais diferentes, cada um à beira do seu abismo mental como mental é a figura do tempo, e pensando que eu sou a tartaruga e Aquiles a vida, sei que uma e a outra são reciprocamente o que num dado momento se afigurar como consciente. Que não há distância física entre as duas e sim e sempre no âmbito de coisa mental. E que não há corrida nem competição, nunca haverá uma meta para atingir ou uma corrida

para ganhar porque o destino da vida é a anulação da própria vida em termos parciais, pontuais. Que é o que se é. Parte e ponto. De partida, com um avanço determinado em relação ao passado, ou de chegada a um ponto que é descontínuo no desconhecido. O momento de agora, à beira do qual todo o futuro se avizinha perto ou inatingível. Que importa? E que a única coisa que corre é um tempo, esse desmesurado desconhecido. Corre no caminho que é sempre escondido por uma curva. E tentar ver a curva perfeita.


16 (F)UTILIDADES TEMPO

hoje macau sexta-feira 12.8.2016

?

TROVOADAS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

CONCERTOS BLUE MAN GROUP (ATÉ 28/08) Venetian, 15h00 e 20h00

MIN

26

MAX

30

HUM

75-98%

EURO

8.91

BAHT

Sábado

CAMPEONATO DE MMA “ONE” Venetian, 19h00 CONCERTO LE SYNDICAT DU CHROME LMA, 22h00 EXIBIÇÃO DE DANÇA DO LEÃO – ENCONTRO DE MESTRES DE WUSHU Tap Seac, 13h30 e 18h30

Domingo

O CARTOON STEPH

Diariamente

EXPOSIÇÃO “ESBOÇOS DE ARQUITECTOS X 3: SÉRIE DE JOVENS ARQUITECTOS” Albergue SCM (até 15/09) EXPOSIÇÃO “THE BULILIT (LITTLE) ARTIST OF MACAU”, DE MICHAEL ANGELO CABUNGCAL Fundação Rui Cunha (até 15/08) EXPOSIÇÃO “NEIGHBOURHOOD”, DE LAURA CHE Creative Macau (até 20/08)

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12) ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “CNIDOSCOLUS QUERCIFOLIUS” - ALEXANDRE MARREIROS Museu de Arte de Macau (até 31/07) EXPOSIÇÃO “COLOR” 2016 Centro de Design de Macau EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

LINE WALKER-THE MOVIE [C] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Jazz Boon Com: Nick Cheung, Louis Koo, Francis Ng, Charmaine Sheh 14.30, 19.30, 21.30

DORAEMON: BIRTH OF JAPAN [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Shinnosuke Yakuwa 16.30 SALA 2

THE BFG [B]

Filme de: Steven Spielberg Com: Mark Rylance, Ruby Barnhill, Penelope Wilton, Jemaine Clemente 14.30, 16.45, 21.30

THE BFG [3D] [B]

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 57

PROBLEMA 58

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

PARADA DE ENCERRAMENTO – ENCONTRO DE MESTRES DE WUSHU Início nas Ruínas de São Paulo, 17h00

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)

1.19

INFINITO

APRESENTAÇÃO DO LIVRO “PAROLLE ALLA FINESTRA”, DE FRANCISCO NAVARRINI Livraria Portuguesa, 18h30

CERIMÓNIA DE ENCERRAMENTO – ENCONTRO DE MESTRES DE WUSHU Ruínas de São Paulo

YUAN

AQUI HÁ GATO

CAMPEONATO DE SANDA DE MESTRES – ENCONTRO DE MESTRES DE WUSHU Tap Seac, 19h30

CONCERTO LE SYNDICAT DU CHROME Padre Café e Cuccina

0.22

Macau é a cidade do jogo, mas também das obras. Como hoje falamos aqui no nosso grande plano, as obras por aqui por perto da redacção são constantes. As ruas estão sempre esburacadas: ou água, ou internet, ou luz. Ou uma qualquer ferramenta que ficou lá dentro. Não dá para andar na cidade sem tropeçar em buracos, desviar de tábuas e, cuidado!, quase ser atacado por máquinas quando se é obrigado a andar na rua porque o passeio que lá estava desapareceu. Não me interpretem mal. Eu sei que é preciso obras... mas meus amigos, aqui exagera-se. Aqui ter uma empresa de construção dá mais dinheiro do que vender comida, um bem essencial. Aqui, construir é como o universo... é algo infinito. E já nem falo do barulho, nem dos incómodos. Falo da lembrança com que ficam turistas que cá vêm. “Então, do que se lembra de Macau?” “Ah muitos casinos, muitas luzes e muitas obras.” Espectacular, ah? A cidade dos buracos. Obras que nunca mais acabam. Há sempre um qualquer buraquinho a abrir... Pu Yi

“ESQUADRÃO SUICIDA” (DAVID AYER, 2016)

Um filme americano baseado numa equipa de anti-heróis, depois da morte do Super-Homem. O Governo dos EUA decide reunir uma entidade dos criminosos mais perigosos para executar uma missão que parece impossível concluir. O que é que o governo quer na verdade? O esquadrão de super-vilões vai arriscar-se a ajudar o estado? Cláudia Tang

Filme de: Steven Spielberg Com: Mark Rylance, Ruby Barnhill, Penelope Wilton, Jemaine Clemente 19.15 SALA 3

CHIBI MARUKO CHAN - A BOY FROM ITALY [B] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Jun Takagi 14.15, 16.00, 19.30

ICE AGE: COLLISION COURSE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Mike Thurmeier, Galen Chu 17.45

THE SHALLOWS [C]

Filme de: Jaume Collet-Serra Com: Blake Lively, Óscar Jaenada, Brett Cullen, Sedona Legge 21.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


17 DESPORTO

hoje macau sexta-feira 12.8.2016

POR ÁGUA ABAIXO

Pode-se dizer que foi isso que aconteceu ao sonho chinês. A vontade de fazer um pleno de medalhas vencendo a prova de prancha a três metros de saltos para a água, não se concretizou. Quem arrebatou a medalha foram os britânicos Jack Laugher e Chris Mears que “bateram” os norte-americanos Sam Dorman e Mike Hixon, medalha de prata, e os chineses Cao Yuan e Qin Kai, que tiveram de se contentar com a de bronze.

PORTUGUESES EM ACÇÃO

Os portugueses Filipe Lima e Ricardo Melo Gouveia, no golfe, e Telma Santos, no badminton, têm amanhã a sua estreia agendada. Já Jorge Fonseca, nos 100kg, é o último judoca a competir. Jorge Fonseca é o último representante português no judo, modalidade que deu, até ao momento, a única medalha a Portugal, conseguida pela atleta benfiquista, Telma Monteiro, que venceu o bronze nos -57kg. O judoca do Benfica é 29.º do mundo, e vai começar a competição frente ao afegão Mohammad Tawfig Bakhshi, 226.º que compete neste jogos a convite. De referir que é uma estreia para o atleta luso. A mais jovem atleta da comitiva portuguesa, a nadadora Tamila Holub, de 17 anos, também se estreia no Jogos deste ano, nas eliminatórias dos 800 metros livres.

MEDALHAS APÓS O 5.º DIA

11

11

10

32

10

5

8

23

3. Japão

6

1

11

18

4. Austrália

5

2

5

12

5. Hungria

5

1

1

7

6. Rússia

4

6

3

13

7. Coreia do Sul

4

2

4

10

8. Itália

3

6

2

11

9. Grã-Bretanha

3

3

6

17

10. França

2

3

2

7

A chuva dominou o dia 11 no “campo” olímpico levando a que algumas provas, remo e ténis, fossem adiadas. Espanha sentiu o gosto do ouro. O Japão reinou no judo e na ginástica e o atirador do Kuwait, país proibido de participar na competição, ganhou o ouro enquanto atleta independente. Alexis Santos e Nelson Oliveira foram os atletas lusos em evidência e o empate de Portugal a um golo, no torneio de futebol, permitiu a passagem aos quartos de final

E

metros, falhando a final por dois pontos. Na piscina, Alexis Santos também fez história ao tornar-se o primeiro nadador a chegar a uma meia-final. Depois de conseguir o terceiro melhor resultado de

A selecção de futebol conseguiu atingir o objectivo de vencer o grupo D, ao alcançar o empate necessário, face à Argélia, a um golo. Neste agrupamento estão também as Honduras. A equipa das quinas disputa amanhã com a Alemanha em Brasília a passagem às meias finais. Nelson Oliveira foi o grande destaque da delegação lusa, ao ‘selar’ o terceiro diploma para

sempre da natação portuguesa em Jogos Olímpicos e de ter sido o primeiro a apurar-se para uma meia-final em 28 anos. O nadador do Sporting lamentou a falta de apoios e espera que haja outra atitude no futuro. “Espero que agora haja uma mudança, mais apoio aos atletas, mais condições de treino, que isso é o que falta em Portugal, na minha opinião”, afirmou. O dia não correu bem para Célio Dias que ficou aquém das expectativas, sendo eliminado na primeira ronda, ao perder com Celtus Dossou Yovo, do Benim. Estreante em Jogos Olímpicos, o judoca que é 21.º do mundo, foi surpreendido pelo 220.º mundial, por ‘ippon’, em 1.48 minutos.

BOAS MARÉS

Boas notícias nas provas de vela. Gustavo Lima na categoria de Laser e Sara Carmo, Laser Radial, ambos a terem o melhor dia subindo ao 16.º posto e ao 26.º das respectivas classes. Sara Carmo não atingiu resultados tão bons, ficando com um 18.º posto na quinta regata e um 13.º na sexta, totalizando 108 pontos.

PRESTAÇÃO PORTUGUESA

JAPÃO FORTE ARRECADA MEDALHAS

Argélia,1 - Portugal, 1

TOTAL

2. China

Bons ventos lusitanos Portugal nos Jogos Olímpicos, garantindo o sétimo lugar no contra-relógio. O atirador João Costa, também alimentou algumas esperanças, mas acabou por terminar em 11.º lugar a prova de pistola livre a 50

BRONZE

1. Estados Unidos

PORTUGAL NOS QUARTOS EM FUTEBOL, ESPANHA, KUWAIT E CAZAQUISTÃO RECEBEM OURO

SPANHA ganhou a primeira medalha de ouro nestes jogos e graças à nadadora Mireia Belmonte. A atleta venceu a final dos 200 metros mariposa com o tempo de 2.04,85 minutos. Belmonte impôs-se por três centésimos de segundos à australiana Madeline Groves, enquanto o bronze foi para a japonesa Natsumi Hoshi. De referir que a nadadora espanhola já tinha dado o bronze à Espanha no sábado, nos 400 metros estilos. Outra surpresa foi o nadador do Cazaquistão Dmitriy Balandin que venceu a final dos 200 metros bruços, conquistando a primeira medalha olímpica para o seu país na natação. O nadador cazaque superou o norte-americano Josh Prenot, medalha de prata, e o russo Anton Chupkov, medalha de bronze.

OURO PRATA

O japonês Kohei Uchimura conquistou ontem a medalha de ouro do concurso completo de ginástica artística, revalidando o título conquistado em Londres 2012.O

atleta que na segunda-feira tinha ganho a primeira medalha de ouro por equipas, venceu num final emocionante o ucraniano Oleg Verniaiev, medalha de prata, enquanto o britânico Max Whitlock ficou com a de bronze. Também vindo do Japão o judoca Mashu Baker conquistou ontem a medalha de ouro na categoria -90 kg dos Jogos Olímpicos, oferecendo ao país nipónico o terceiro título na modalidade.

A PRIMEIRA VEZ

F

ehaid al-Deehani, atleta do Kuwait, que compete no Rio de Janeiro como atleta independente, conquistou a medalha de ouro no duplo fosso olímpico. O atirador, de 49 anos, já tinha levado o bronze em Sydney 2000 e Londres 2012, dando então ao Kuwait as suas primeiras medalhas olímpicas. Este ano, o Comité Olímpico Internacional não permitiu a presença do Kuwait, por interferência do poder político no movimento desportivo. Al-Deehani recorreu e foi autorizado a competir, o que faz através do grupo dos atletas independentes (AOI). A medalha de Al-Deehani é a primeira alguma vez conquistada em Jogos Olímpicos por um atleta independente. Convidado a levar a bandeira da delegação independente, recusou-se e invocou o estatuto de militar para justificar que só poderia levar a bandeira do seu país. De referir que no segundo lugar do pódio ficou o italiano Marco Innocenti e no terceiro o britânico Steven Scott.


18 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 12.8.2016


19 hoje macau sexta-feira 12.8.2016

contramão

isabelcorrreiadecastro@gmail.com

P

ARA nos interessarmos pelas coisas temos de acreditar nelas. Há muito que a política de Macau me causa um profundo desinteresse, por descrédito absoluto. Não me refiro às políticas, que essas mexem no quotidiano de todos, mas sim à política, esse conceito que, por aqui, é quase um palavrão mas que, noutros pontos do planeta, tem o seu interesse, por motivos diversos que não faz sentido aqui especificar. Macau. A política de Macau. Uma lei eleitoral que quer acabar com a corrupção, os almoços e os jantares à borla que, sendo à borla, não são grátis. Uma lei eleitoral que se propõe tolher os movimentos das associações, das que não têm dinheiro para a oferta de massas instantâneas e das que servem barbatana de tubarão na sopa. Uma lei eleitoral que pensa na influência do sector do jogo na política, os junkets na política, os homens e mulheres dos casinos na Assembleia, os políticos mais votados, os que não temem restrições a nada nem vindas de onde quer que seja, os políticos mais bem-sucedidos do burgo. Os políticos mais admirados, a acreditarmos na pureza dos votos. Os votos imaculados que se quer ir buscar a um eleitorado com muitas manchas, sem ter culpa de as ter, ou não, com a culpa toda da ganância pequenina, a ganância da massa instantânea e da barbatana de tubarão no caldo. Nem que seja a cada quatro anos, para se ficar de palito na boca e barriga regalada por uma noite. A política de Macau. A política que, de tão fraca que é, nem sequer retórica apresenta. A política que se escuda no abrandamento económico para não ser política, não ser nada, não ser debate, e nem por aí vem o interesse. A política talvez como mero exercício legislativo. Um entediante exercício quando desacompanhado de ideias. A política daqui. Os políticos daqui. Uma Assembleia Legislativa pouco respeitada, um Governo em descrédito parcial desde o início, desde que assumiu funções. Um Governo que talvez, no plano das políticas, das coisas técnicas, possa contribuir para limar uma ou outra aresta das muitas que nos picam quando nos movimentamos na cidade. Mas a quem falta política. A política que tem que ver com a educação para a política, para a coisa pública, a educação para o outro. A educação. Ou é da paciência que, com o passar do tempo e com o aumento das exigências do meu quotidiano, começa a ficar mais pequena, ou então não é de mim, é mesmo da degradação de um certo modo

Do vazio FRITZ LANG, METROPOLIS

ISABEL CASTRO

de estar que não encontrei quando aqui cheguei e que me chateia cada vez mais. É nas pequenas coisas que a falta de educação se sente, se vê, está lá. No modo como os serviços são prestados, os simples serviços. Os taxistas que, naquele primeiro contacto com Macau quando aqui se chega de barco, não se mexem para abrir uma porta, para abrir a bagageira. Fazem-no de dentro do carro e não mexem um dedo, quanto mais uma mão, para ajudar a meter uma mala, um carrinho de bebé, o bafo à chegada que é sempre mais intenso do que o outro, aquele que vem depois, o bafo misturado com o duvidoso cigarro chinês que é fumado na interminável fila de malas que se arrastam pelo chão sujo. O fiscal que está ali não se percebe exactamente com que funções, se tem muitas malas espere aí mais um bocadinho, as crianças aguentam, deixem lá

Somos muitos mais do que éramos há dez anos mas não somos melhores, nós, os que andamos por aqui. Não é o descrédito total. Macau continua a interessar-me, ainda acredito na cidade embora a veja pouco. Uma cidade que se estica para cima e para os lados e que se enche de pessoas, mas que não pára para pensar no que andamos todos aqui a fazer. É a política, pá

passar quem se despacha mais rápido. Tudo ao contrário, o suor quente e o suor frio a escorrer pelas costas, a educação que falta, a falta de educação. As políticas que, afinal, não funcionam, porque as boas intenções têm de ser acompanhadas de pessoas bem-intencionadas. E educadas. A irritação do quotidiano nos pequenos serviços prestados fora das horas acordadas, a irritação do quotidiano porque já passaram três autocarros vazios entre as oito e as oito e dez da manhã e vão os três para o mesmo sítio, têm os três o mesmo número, vão vazios e nem param por manifesta falta de interessados, e o autocarro que queremos que não chega. A falta de educação de quem quer entrar no autocarro mais cedo, mais depressa, apanhar o primeiro banco, o mais vazio, não interessa a canelada que se deu. A educação que falta e que, lá no fundo, se contenta com a massa instantânea e se delicia com a barbatana de tubarão mergulhada na água, porque isto está tudo ligado, as coisas estão sempre todas ligadas. A educação que faz com que só se saia à rua quando em causa está o dinheiro, mesmo que o dinheiro seja coisa que não falte, mas é o dinheiro que está em jogo, não é o ar puro que está em questão, nem o direito a condições laborais mais dignas, ou menos indecentes, é mesmo só o dinheiro. A educação do dinheiro, o dinheiro que não educa e que não compra o que não está à venda. O descrédito. Ou então o desencanto, primos próximos, demasiado unidos. Somos muitos mais do que éramos há dez anos mas não somos melhores, nós, os que andamos por aqui. Não é o descrédito total. Macau continua a interessar-me, ainda acredito nela, ainda acredito na cidade embora a veja pouco, de pouco acessível que se tornou. Uma cidade que se estica para cima e para os lados e que se enche de pessoas, mas que não pára para pensar no que andamos todos aqui a fazer. É a política, pá. A política que não há, mas que faz falta.

OPINIÃO


“ ACIDENTE COM AUTOCARRO OBRIGA A OBRAS EM FRACÇÕES E LOJA

C

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INCO fracções e uma loja do edifício em que embateu, na segunda-feira, um autocarro turístico em Macau, vão ter de ser reparadas, com moradores e lojistas temporariamente afastados, revelou ontem o Secretário para os Transportes e Obras Públicas. “A estrutura global do edifício não foi afectada e, tanto quanto sei, hoje, (ontem), em 16 das 21 habitações [os moradores] foram autorizados a regressar às suas casas, e o mesmo aconteceu com cinco das seis lojas. Só na loja que foi afectada e nas cinco habitações que estão nessa prumada é que [os ocupantes] ainda não têm autorização para regressar. As restantes podem ser habitadas normalmente, essas têm que ser alvo de reparação”, indicou ontem Raimundo do Rosário. Na segunda-feira, um autocarro de turismo embateu contra um edifício na Rua da Entena, causando 32 feridos. Investigações preliminares das autoridades revelam que um veículo terá batido na traseira do autocarro, que estava parado, e o condutor, ao sair para verificar o que se tinha passado, não puxou o travão-de-mão, permitindo que o autocarro avançasse. Por agora, o Governo está a avançar com as reparações necessárias, garantindo as despesas, e espera vir a ser reembolsado quando forem apuradas responsabilidades. “A vistoria demonstra que o edifício tem condições para reparação. É uma questão de segurança pública, nós fazemos tudo e depois vamos recorrer aos responsáveis. Temos de averiguar a responsabilidade, até hoje ainda não sabemos bem quem é o responsável pelo acidente”, disse o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Li Canfeng. Actualmente, há ainda dez feridos que se encontram hospitalizados, um deles em risco de vida, após ter sido submetido a uma operação cirúrgica a um trauma craniofacial.

Era lichia / toda ela. / Branca translúcida / trémula / estranha / cheirava a rosas passadas. / Solvi-a num trago / e arrependi-me. / Faltou-me o sentido da eternidade / e perdi-a, /num só gesto, / naquele instante”

Carlos Marreiros

Incêndios MADEIRA RECEBE 500 MIL EUROS DO SANTANDER TOTTA

A mitigar os danos

O

presidente do Governo Regional da Madeira anunciou ontem, no Funchal, que o Banco Santander Totta vai atribuir à região autónoma um apoio de 500 mil euros para a reconstrução das áreas danificadas pelos incêndios. “Ainda há pouco minutos, recebi um telefonema do senhor presidente do Banco Santander Totta, que deliberou atribuir ao Governo da Madeira, para a reconstrução e o apoio social, meio milhão de euros”, disse Miguel Albuquerque, na sequência de uma visita às instalações da delegação regional da Cruz Vermelha, cerca das 13:00 de ontem. O governante explicou que parte da verba vai ser aplicada imediatamente numa conta do Instituto de Habitação da Madeira e sublinhou que o realojamento das vítimas vai iniciar-se já esta tarde. “Já estamos numa fase de reconstrução”, salientou Miguel Albuquerque. O realojamento vai começar pelos idosos e famílias numerosas e será, nesta fase, de carácter provisório, em fogos disponibilizados pelo Ministério da Justiça para situações de emergência. O presidente do Governo Regional destacou também o “trabalho magnífico” dos 60 jovens voluntários da Cruz Vermelha e de 50 escuteiros que estão a trabalhar diariamente no apoio às vítimas dos incêndios que afectam a Madeira desde segunda-feira. “Muitas vezes é fácil ser solidário na internet e mandar mensagens, mas estes são jovens que têm um

espírito de missão, de serviço aos outros, e que estão desde a primeira hora no terreno”, vincou.

CONTAS ABERTAS

Para ajudar financeiramente as vítimas dos incêndios, a delegação da Madeira da Cruz Vermelha abriu uma conta bancária (IBAN: PT50-00330000-45426331707-05) e anunciou que o dinheiro angariado destina-se exclusivamente a apoiar nos “aspectos da reconstrução e reequipamento” do material perdido. Na terça-feira, a Cáritas Portuguesa abriu uma conta solidária com o nome “Cáritas ajuda a Madeira” - 0035 0697 0059 7240130 28, da CGD -, para agilizar o apoio de emergência necessário para as populações mais atingidas”, referiu o presidente da instituição.

TESLA INSTALA CARREGADORES ELÉCTRICOS

A aposta da Tesla no desenvolvimento sustentável vai estar pela primeira vez com uma iniciativa pop up de promoção do transporte ecológico em Macau. A parceria é com a Studio City onde serão instalados quatro abastecedores de electricidade para “encher o depósito” dos utilizadores dos veículos “verdes” da marca na RAEM. O serviço é acompanhado de um atendimento “excepcional e de uma ampla gama de ofertas”, como anuncia um comunicado de imprensa da Melco Crown. A iniciativa tem lugar após a abertura do centro de serviços da Tesla no início do mês e pretende afirmar o compromisso da marca no investimento num ambiente melhor.

sexta-feira 12.8.2016

Já na quarta-feira, a Câmara Municipal do Funchal anunciou a criação de uma conta solidária para receber donativos, com o nome “Funchal Solidário - Incêndio de agosto-2016”, no Banco Santander, (N.º 0003 42777599020/IBAN: PT50 0018 0003 4277 7599 0201 0). Também o banco Millenium bcp abriu, na quarta-feira, uma conta de solidariedade “Millennium bcp - Solidário com a Madeira” com o IBAN PT50 0033 0000 4552 0020 0300 5 para “angariar fundos de apoio para as vítimas dos incêndios” na Madeira, que funciona através de depósitos ou transferências bancárias e à qual doou 10 mil euros. Neste momento, existem quatro contas bancárias abertas para apoiar a população afectada pelos incêndios da Madeira.

JAI ALAI PRONTO EM OUTUBRO

O espaço Jai Alai, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), vai abrir até ao final do ano e as obras devem estar concluídas no Outono. As previsões são de Ambrose So, director-executivo da operadora. “Posso dizer que todos os trabalhos de renovação devem estar concluídos em Outubro. Depois é preciso tempo para pedir licenças para operar. Por isso espero que [a abertura] aconteça no final do ano”, afirmou, citado pela Rádio Macau. As obras de renovação do Jai Alai foram anunciadas em finais de 2012, sendo que chegaram a estar interrompidas entre Fevereiro de 2014 e Maio de 2015. Para já, a SJM não adianta quantas mesas de jogo a operadora pretende para o novo empreendimento no Cotai, que terá capacidade para 700 mesas. Mas Ambrose So admite que pode haver uma relocalização de mesas de outros espaços de jogo. Ambrose So falava à margem da entrega de bolsas de estudo a 42 filhos de funcionários da empresa.

JOVEM LOCAL MATOU MAIS UM GATO EM TAIWAN

Chan Hou Ieong, residente de Macau que ainda é estudante da Universidade de Taiwan, matou mais um gato. O jovem, que no ano passado maltratou e matou dois gatos na Ilha Formosa, voltou a cometer mais um crime por “stress” face à acusação do seu primeiro acto de maus tratos. Segundo a publicação Taiwan ETtoday, a Universidade de Taiwan contudo ainda não o expulsou, sendo que só cometendo mais um crime é que Chan Hou Ieong vai ser expulso da Universidade. Segundo a publicação local Macau Concealers, no início deste ano, três gatos abandonados na Montanha Russa morreram de maus tratos. Chan Hou Ieong também esteve em Macau na altura e uma associação de protecção de animais local suspeitava do jovem, depois de ouvir testemunhas.


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