Hoje Macau 12 AGO 2020 #4588

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

AS REALIZAÇÕES DO RU III

XUNZI

SIMPÓSIO AMÉLIA VIEIRA

TIAGO ALCÂNTARA

h

MOP$10

QUARTA-FEIRA 12 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4588

VISTOS TURÍSTICOS

SETEMBRO A TODO O VAPOR

Universo paralelo

CASO IPIM

DESFECHO EM OUTUBRO PÁGINA 9

Nem tudo o que parece é. Em Junho deste ano, foi anunciado que o Fundo de Desenvolvimento para a Cooperação Guangdong-Macau teve um lucro de 470 milhões de patacas. Porém, nessa contabilidade não foi considerada a desvalorização da moeda chinesa. Feitas as contas, afinal, o fundo acumulou prejuízos de 6 milhões de patacas, efeito colateral da guerra comercial com os Estados Unidos.

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GRANDE PLANO

PÁGINA 5


2 grande plano

FRONTEIRAS

EM BUSCA DO VISTOS TURÍSTICOS PARA MACAU ALARGADOS A TODA A CHINA EM SETEMBRO

A partir de 26 de Agosto é retomada a emissão de vistos turísticos para Macau a toda a província de Guangdong e a 23 de Setembro a toda a China. Apesar de o calendário poder ser alterado de acordo com a evolução da pandemia, especialistas na área do jogo não têm dúvidas que esta é uma “grande notícia” para Macau, apesar de esperarem uma recuperação lenta

TIAGO ALCÂNTARA

A

China planeia autorizar a emissão de vistos turísticos para Macau a todo o país, a partir de 23 de Setembro, segundo um comunicado publicado ontem pela Administração Nacional de Imigração do Governo Central. As autoridades chinesas indicaram ainda que, após a cidade vizinha de Zhuhai, a emissão dos vistos de turísticos individuais e de grupo, será alargada a toda a província de Guangdong a partir de 26 de Agosto. Em ambos os casos, a Administração Nacional de Imigração alertou que as datas só irão permanecer inalteradas, caso a situação pandémica se mantiver estável. A mesma entidade esclareceu ainda que não vão ser aceites pedidos de vistos provenientes de pessoas que habitem em zonas consideradas de alto risco ou que tenham estado nessas regiões nos últimos 14 dias. A emissão de vistos turísticos para entrada em Macau é uma medida considerada essencial para revitalizar a indústria do jogo de Macau, com Zhuhai a ser a cidade ‘teste’. Recorde-se que a emissão de vistos de turismo, retomada hoje, só vai abranger, para já, o território vizinho de Zhuhai, na província de Guangdong, ficando os visitantes isentos de fazer quarentena de 14 dias, desde que não tenham estado no estrangeiro nas duas semanas anteriores e apresentem um teste de ácido nucleico negativo, informou na segunda-feira a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U. Sob as mesmas condições e também a partir de hoje, os residentes de Macau podem entrar em toda a China, ficando excluídos, no entanto, aqueles que tenham um passaporte estrangeiro. Recorde-se que sobre a entrada de estrangeiros na China, Ao Ieong U esclareceu tratar-se de uma medida que está em vigor desde Março e em linha com as políticas do Governo Central. “A China ainda não admite a entrada por parte de estrangeiros, isto é só para residentes de Macau titulares de passaporte da China ou de outros documentos de identificação emitidos pela China”, esclareceu a secretária. Contudo, há excepções, já que foi também anuncia-

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do ontem pelas autoridades chinesas, que os cidadãos portugueses que possuem autorização de residência na China, por motivos de trabalho ou de reunião familiar, podem solicitar vistos para voltar a entrar no país. A medida abrange cidadãos de 36 países, na sua maioria membros da União Europeia, e visa “facilitar intercâmbios” entre a China e estas nações, de acordo com um comunicado difundido no portal oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. “À medida que a prevenção e o controlo da covid-19 se tornaram frequentes (...) a China decidiu agora que cidadãos estrangeiros dos seguintes países, que possuam autorizações de residência válidas (...) podem solicitar vistos gratuitos em qualquer embaixada ou consulado chinês nesses países”, indicou. Na mesma nota consta ainda que, após o regresso à China, os residentes estrangeiros terão de cumprir os regulamentos de prevenção epidémica dos respectivos governos locais, o que por norma inclui um período de quarentena, que varia entre duas e três semanas, em instalações designadas pelas autoridades.

LUZ AO FUNDO DO TÚNEL

Sobre o regresso dos vistos turísticos para Macau em toda a China a partir

“A cidade está pronta, a indústria [turística ligada ao jogo] está pronta, mas é preciso manter mecanismos de monitorização para depois não se ter de fechar outra vez o território.” Os cidadãos portugueses que possuem autorização de residência na China, por motivos de trabalho ou de reunião familiar, podem solicitar vistos para voltar a entrar no país

GLENN MCCARTNEY UM


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FINAL FELIZ de Setembro, especialistas do sector jogo disseram à agência Lusa que esta é uma “grande notícia” para a indústria, mas avisaram que a recuperação vai demorar. “Vai ser uma grande ajuda para Macau. É uma grande notícia, mas vai ser um longo caminho para chegar ao nível dos resultados de 2019”, antes da pandemia do novo coronavírus, sublinhou Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix. “É uma grande notícia, uma excelente notícia. Era o que todos desejavam. Pensei que fosse faseado, mas foi mais rápido do que se esperaPUB

va”, afirmou, por seu turno, o professor em Gestão Internacional de ‘Resorts’Integrados da Universidade de Macau (UM) Glenn McCartney. “A cidade está pronta, a indústria [turística ligada ao jogo] está pronta, mas é preciso manter mecanismos de monitorização para depois não se ter de fechar outra vez o território”, acrescentou o docente. Quanto a previsões, Glenn McCartney refere que há muito que equacionar, num “cenário em que tudo mudou no espaço de seis meses”, desde “hábitos de consumo até ao compor-

tamento em viagem” que levantam interrogações: “vão ficar mais tempo, gastar mais dinheiro, ou o contrário?”, salientou o especialista, sublinhando que para chegar ao nível de 2019 será necessário, pro-

“Era o que todos desejavam. Pensei que fosse faseado, mas foi mais rápido do que se esperava.” GLENN MCCARTNEY UM

vavelmente, percorrer “um longo caminho”. Já Ben Lee lembrou que antes mesmo da pandemia havia alguns sinais que apontavam para a descida das receitas ligadas ao jogo, muito por causa da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, com impacto na província vizinha de Guangdong, de onde vêm a maioria dos turistas chineses para jogar em Macau. “Primeira fonte é a China, e em particular Guangdong, sendo que os empresários ligados à exportação foram muito afectados, antes com a guerra comercial e depois com a pandemia”, frisou.

“É o recomeço da recuperação”, mas a própria aposta no segmento VIP, das altas apostas, está muito dependente dos promotores, e foi afectada por algumas restrições das autoridades e terá de enfrentar muitas dificuldades antes de se regressar aos níveis do ano passado, acrescentou Ben Lee.

LONGO CALVÁRIO

Até chegar ao ponto em que a emissão de vistos turísticos passou a ser uma realidade, Macau sofreu uma quebra sem precedentes, tanto na exploração dos casinos como na entrada de visitantes desde

final de Janeiro, quando se verificou a primeira vaga de casos de covid-19 detectados no território. Já em Abril, o Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, tinha anunciado a intenção de solicitar a Pequim a retoma da emissão de vistos turísticos individuais, suspensa devido à pandemia, factor que tem vindo a ser apontado pelos especialistas como crucial para a recuperação do sector do jogo, o ‘motor’ da economia do território, muito dependente do mercado turístico chinês. Das centenas de milhões de patacas de lucros do jogo, as operadoras de Macau estão agora a anunciar prejuízos nas operações que incluem os ‘resorts’ integrados, muito por causa das restrições fronteiriças impostas. Macau registou em 2019 quase 40 milhões de visitantes. Só em Maio o número de visitantes provenientes do interior da China, o maior mercado turístico do território caiu 99,4 por cento, em termos anuais.


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A N I F E S TA ÇÕES proibidas, destruição de pequenos equivalentes a “Lennon Walls”, repressão contra jornalistas e proibição de entradas são alguns dos assuntos que Macau vai ter de explicar ao Comité dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. Em causa está a avaliação do comité em relação à implementação da Convenção Internacional sobre os Direitos Cívicos e Políticos em Macau. A lista com as perguntas para o Executivo foi tornada pública ontem. No total de 22 alíneas, com várias perguntas, os temas mais focados são a “Liberdade de Expressão” e o “Direito de Manifestação. No que diz respeito às manifestações, o comité pede explicações sobre as justificações do Corpo de Polícia de Segurança Pública e do Tribunal de Última Instância quando proibiu uma manifestação a condenar a actuação da polícia de Hong Kong, no Verão do ano passado. As autoridades, à altura, consideraram que a manifestação promovia “fins contrários à lei”. A ONU quer saber o que são “fins contrários à lei” e como essas instruções foram passadas à polícia. O CPSP volta a ser visado, não só devido porque o número de proibição de manifestações ter aumentado desde que passou a receber avisos para estas actividades, mas também por ter utilizado a covid-19 como argumento para proibir a vigília a recordar as vítimas do massacre de Tiananmen. A ONU pede garantias que esta explicação não vai ser utilizada no futuro. Os eventos para recordar o 4 de Junho voltam a ser referidos devido à decisão do IAM de proibir a exposição cartazes em espaço públicos sobre os acontecimentos de 1989. Neste aspecto, pedem-se explicações sobre os critérios e a mudança destes que impediram que os cartazes fossem afixados.

O HINO, A BANDEIRA E OS JORNALISTAS

Em relação à liberdade de expressão, a ONU solicita ao Governo que clarifique as medidas adoptadas para descriminalizar os insultos à bandeira, ao símbolos e hino, assim como a difamação contra políticos. Uma

A ONU pretende saber o número de jornalistas proibidos de entrar na RAEM nos últimos cinco anos. Uma pergunta contrária à prática de Wong Sio Chak, que deixou de disponibilizar o número de pessoas barradas na fronteira

DIREITOS HUMANOS ONU QUESTIONA GOVERNO SOBRE PROIBIÇÃO DE MANIFESTAÇÕES

Perguntas difíceis

A proibição de entrada de jornalistas, os despedimentos dos académicos Éric Sautedé e Bill Chou, as deportações de fugitivos para o Interior e os ataques aos referendos organizados por associações civis são alguns dos casos que o Governo da RAEM vai ter de explicar exigência que já vinha de trás e que esbarrou numa realidade oposta, porque a criminalização de alguns destes actos foi recentemente aprovada pela Assembleia Legislativa, na sequência de proposta do Governo. No capítulo da liberdade de expressão, é igualmente perguntado ao Governo a situação das Lei de Bases da Protecção Civil e se no futuro tem a intenção de descriminalizar a criação e propagação de informações falsas. A lei foi aprovada na semana passada, também no sentido contrário. A liberdade de actuação da sociedade civil, órgãos de comunicação social e grupos políticos é outro tópico em análise, em particular o caso dos despedimentos dos

académicos Bill Chou e Éric Sautedé, assim como o referendo civil, promovido pela Novo Macau, que foi alvo de ataques informáticos. Outro caso sobre o qual o órgão da ONU se debruça é a remoção pelo CPSP de um Lennon Wall, com mensagens sobre os acontecimentos de Hong Kong, nos Lagos Nam Van. Quanto aos órgãos de comunicação social, a ONU

pretende saber o número de jornalistas proibidos de entrar na RAEM nos últimos cinco anos. Esta é uma pergunta contrária à prática de Wong Sio Chak, que quando assumiu a posição de secretário da Segurança deixou de disponibilizar o número de pessoas barradas na fronteira. Outra questão foca os relatos de pressões e perseguições

“CASO SULU SOU”

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m 2017, o deputado Sulu Sou foi suspenso três meses depois de assumir o cargo, por alegadamente ter violado um artigo da Lei de Reunião e Manifestação, uma decisão do Tribunal Judicial de Base considerou equiparável a de-

sobediência qualificada. Agora a ONU vem pedir explicações sobre a suspensão do deputado, além de pedir também mais informações sobre os critérios que permitem impedir que residentes se candidatem à Assembleia Legislativa.

a jornalistas durante a visita do presidente Xi Jinping, aquando a celebração do 20.º aniversário da transição.

EVITAR A PENA DE MORTE...

Um possível acordo de extradição com o Interior é um dos assuntos em que são pedidos mais esclarecimentos. Sobre este aspecto, a ONU quer saber em que fase se encontra a eventual redacção da lei e a forma como as pessoas vão ser protegidas da pena de morte. Às autoridades de Macau é perguntado também quantas pessoas foram entregues ao Interior e qual o número e a natureza das acusações que enfrentavam do outro lado da fronteira. Sobre os tribunais, a ONU quer que o Governo tome uma

posição sobre a exigência de serem juízes chineses a lidar casos que envolvem a segurança nacional. O comité que analisa questões de Direitos Humanos pretende saber como é que o Executivo argumenta sobre a criação de um “tribunal especial”, através destas exigências. Por outro lado, os tribunais são questionados sobre os esforços que têm feito para promover mais o bilinguismo, principalmente no que diz respeito aos processos laborais e civis. Apesar de a China ter assinado a Convenção Internacional sobre os Direitos Cívicos e Políticos nunca ratificou o documento. Por esse motivo, o comité pergunta ao Governo de Macau os passos dados para fazer com que possíveis interpretações da Lei Básica pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional não violem a convenção. A questão foca principalmente os artigos deste documento que definem que as pessoas julgadas não podem ser discriminadas por motivos de género, raciais ou políticos e o direito a um julgamento justo, de acordo com o Primado da Lei. João Santos Filipe

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A força do hábito

AL FUNDO DE COOPERAÇÃO COM GUANGDONG COM PERDAS DE 6 MILHÕES DE PATACAS

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A desvalorização do renminbi levou a RAEM a perder 476 milhões de patacas com o Fundo de Desenvolvimento para a Cooperação Guangdong-Macau. As perdas são aliviadas pelo retorno fixo de 3,5 por cento, pago pelo Interior, que faz com que o prejuízo não vá além dos 6 milhões de patacas

Custos para comerciantes afastam traduções para português

EGUNDO a proposta do Governo para os direitos dos consumidores, os produtos vendidos em Macau têm de ter sempre informações em chinês, mas a utilização do português, que também é uma língua oficial da RAEM, pode ser substituída pelo inglês. O deputado José Pereira Coutinho questionou o Executivo sobre a dualidade de critérios face às línguas oficiais e ficou a saber que o Governo deu prioridade aos custos de exploração dos diferentes negócios. “As disposições da proposta de lei [...] permitem que os operadores forneçam informações sobre os produtos em conformidade com os hábitos de exploração e as necessidades do mercado e que equilibram também os custos de exploração”, respondeu o Governo, através do líder da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), Liu Dexue. Por outro lado, o Governo recusa não ter cumprido o que está estipulado na Lei Básica e outros diplomas legais e defende que faz sempre tudo de acordo com a lei. “O Governo da RAEM cumpre rigorosamente as disposições da Lei Básica e dos respectivos diplomas legais e, tendo em consideração as características dos sectores que as propostas de lei implicam, os usos do comércio, as necessidades reais de funcionamento do mercado e outros factores, foram definidas regras sobre o uso das línguas de acordo com as situações concretas”, justificou.

Prendas para o Interior

ABERTURA PARA O DEBATE

Na interpelação enviada ao Executivo, Coutinho perguntava igualmente sobre a lei das agências de emprego e da actividade de estabelecimentos hoteleiros, que também relega o português para o nível do inglês. Ainda face a estas questões, Liu Dexue, que até domina a língua de Camões, explicou que a opção da primazia do inglês se deve principalmente ao facto de se lidarem com turistas internacionais ou empregados que não dominam nem o chinês nem o português, o que torna natural a utilização do inglês. Em relação às propostas de lei mencionadas, o representante do Governo sublinha que estas estão actualmente a ser discutidas na Assembleia Legislativa e que há abertura para dialogar, aperfeiçoar e optimizar o texto. J.S.F.

O relatório da comissão espera que a tendência para a desvalorização do renminbi continue, devido à “’fricção’ comercial entre a China e os Estados Unidos da América”

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PESAR das promessas de um lucro anual de 3,5 por cento, o investimento da RAEM no Fundo de Desenvolvimento para a Cooperação Guangdong-Macau perdeu 6 milhões de patacas nos primeiros dois anos de funcionamento. A razão para as perdas está na desvalorização do renminbi, o que levou mesmo a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças da Assembleia Legislativa a sugerir ao Governo que se proteja de riscos cambiais. Segundo o relatório assinado ontem pelos deputados, quando Macau entrou no fundo, em 2018, e converteu patacas em renminbis, cada 100 RMB valiam 117,30 patacas. Neste sentido, para comprar 20 mil milhões de RMB a RAEM teve de pagar cerca de 23,46 mil milhões de patacas. Mas, no final do ano passado, com a desvalorização causada pela guerra comercial, cada 100 RMB já só valiam

114,92 patacas. Isto significa que se Macau voltasse a converter os 20 mil milhões RMB só ia receber 22,98 mil milhões de patacas. Feitas as contas, esta desvalorização representa uma perda de 476 milhões de patacas, que em nenhum lugar é referida no relatório, nem foi mencionada por nenhum legislador que tem como incumbência acompanhar este caso. Contudo, o documento assinado pelos deputados indica que nos dois anos em questão houve uma taxa de retorno de 3,5 por cento paga em renminbis. No primeiro ano o pagamento foi de 45 milhões RMB e no segundo de 360 milhões RMB. “Até ao final de 2019, essa rentabilidade resultou numa receita de 400 milhões de RMB, equivalente a 470 milhões de patacas”, é indicado. Feitas as contas os 470 milhões de patacas não chegam para cobrir o investimento de 476 milhões de patacas, o que

significa que após dois anos as perdas são de 6 milhões de patacas.

CUSTOS DA “FRICÇÃO”

Se por um lado, as potenciais perdas não são calculadas no relatório elaborado pela comissão presidida por Mak Soi Kun, por outro o problema surge identificado. “Embora o investimento de Macau no Fundo de Desenvolvimento para a Cooperação Guangdong-Macau tenha uma taxa de retorno garantido de 3,5 por cento pelo facto de o investimento ser efectuado em renminbis, existe assim um risco cambial”, é reconhecido. “Em 2018, a taxa de câmbio entre RMB e MOP foi de 117,30 patacas por 100 RMB, mas, em 2019, desceu para 114,92, pois o RMB depreciou-se em 2 por cento face à pataca [...] é ainda inevitável que, aquando da transferência dos lucros para Macau por parte da Autoridade Monetária de Macau, isso poderá afectar a taxa efectiva de

retorno dos investimentos”, é alertado. Face a este cenário, os deputados aconselham o Governo a recorrer a serviços de cobertura (hedging em inglês), que servem para fixar taxas de câmbio e evitar perdas deste género. “Deve recorrer-se ao sistema de hedging ou outras formas para fixar uma taxa de câmbio que garanta que os lucros do fundo não são consumidos pela desvalorização”, afirmou Mak Soi Kun. No mesmo sentido, o relatório da comissão de acompanhamento espera que a tendência para a desvalorização do renminbi continue, devido à “’fricção’ comercial entre a China e os Estados Unidos da América”. Em 2019, segundo as informações do Executivo, o fundo tinha investido em 12 projectos no Interior, principalmente relacionados com “infra-estruturas”. Os deputados não são informados pelo Governo sobre os projectos em causa. João Santos Filipe

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EXECUTIVO HO IAT SENG NA CAPITAL PARA DISCUTIR COMBATE À PANDEMIA

Agosto em Pequim

Ho Iat Seng ruma hoje a Pequim para reunir com autoridades do Governo Central. Na mira, além do combate à pandemia, está a cooperação entre a província de Guangdong e Macau, em Hengqin. Durante a sua ausência, André Cheong, vai exercer interinamente as funções de Chefe do Executivo O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, o director dos Serviços de Economia, Tai Kin Ip, e o presidente do Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau, Chan Sau San, são alguns dos responsáveis que vão acompanhar o chefe do Governo.

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ChefedoExecutivo, Ho Iat Seng inicia hoje, em Pequim, uma série de reuniões para discutir a cooperação com a província de Guangdong e os trabalhos de prevenção e combate à pandemia.Anotícia foi avançada ontem através de comunicado. “O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, vai liderar uma delegação oficial do Governo da Região Administrativa Especial de Ma-

cau (RAEM) a Pequim de 12 a 17 de Agosto, período em que cumprirá agenda de reuniões com autoridades do Governo Central para troca de opiniões sobre a zona de reforço da cooperação entre a província de Guangdong e Macau, em Hengqin (Ilha da Montanha), e os trabalhos de prevenção e combate à epidemia”, de acordo com um comunicado oficial. Durante a estadia na capital chinesa, Ho Iat Seng

tem encontros marcados “com mais de dez autoridades do Governo Central, incluindo o Ministério do Comércio, o Banco Popular da China, a Administração Nacional de Imigração, a Administração Geral das Alfândegas, a Administração Tributária do Estado, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a Comissão Nacional de Saúde e o Ministério das Finanças”, consta na mesma nota. PUB

Anúncio Concurso Público N.o 23/ID/2020 « Serviços de Limpeza no Centro de Formação e Estágio de Atletas » Faz-se saber que em relação ao concurso público para o « Serviços de Limpeza no Centro de Formação e Estágio de Atletas », publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 31, II Série, de 29 de Julho de 2020, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto 3.3 do programa do concurso, pela entidade que preside ao concurso e juntos ao processo de concurso. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, na sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau. Instituto do Desporto, 12 de Agosto de 2020. O Presidente, Pun Weng Kun

Durante a estadia na capital chinesa, Ho Iat Seng tem encontros marcados “com mais de dez autoridades do Governo Central” Durante a ausência de Ho Iat Seng, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, vai exercer interinamente as funções de Chefe do Executivo da RAEM.

ILHA DOS DESEJOS

Recorde-se que em Abril, Ho Iat Seng anunciou, por ocasião da discussão das Linhas de Acção Governativa (LAG), a intenção de expandir Macau para a ilha de Hengqin, local que as autoridades querem transformar num centro de internacionalização, com um importante foco nos negócios com países lusófonos. Actualmente, a ilha da Montanha, como é também denominada, já acolhe a Universidade de Macau num terreno de um quilómetro quadrado que foi cedido por 40 anos. Noutros 4,5 quilómetros quadrados vão ser instaladas empresas de Macau na ilha que pertence à vizinha cidade de Zhuhai.

ECONOMIA DEPUTADOS PREOCUPADOS COM EFEITOS DA GUERRA COMERCIAL

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Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas está preocupada com os impactos da Guerra Comercial da nos investimentos feitos através do Fundo de Pensões. Esta é a mensagem deixada num relatório sobre o acompanhamento da situação financeira do Fundo de Pensões em 2019, que resultou num ganho de 810,4 mil patacas, em contraste com as perdas de 1,02 milhões, em 2018. “Saliente-se que, devido ao desempenho favorável das aplicações financeiras do Fundo de Pensões em 2019, este conseguiu um resultado positivo na execução orçamental ao longo do ano, recuperando mesmo os prejuízos registados em 2018”, é sublinhado no relatório. “No entanto, em 2020, a economia global apresenta uma tendência de queda, devido aos

efeitos adversos da fricção comercial entre a China e os Estados Unidos da América e da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, desconhecimento, até ao momento, quando é que poderá voltar ao crescimento positivo”, é avisado. Por este motivo, a comissão sugere ao Executivo que ajuste atempadamente a estratégia de investimento na afecção dos activos financeiros. No mesmo documento, é igualmente apelado ao Executivo que defina um mecanismo de dotação regular para a injecção de verbas no Fundo de Pensões, de forma a garantir que este não fica sem dinheiro. Para os deputados esta questão é imperativa porque contribui “para a estabilidade da confiança dos trabalhadores da Função Pública” e permite que prestem “o seu serviço à RAEM com maior tranquilidade”. J.S.F.

Fronteira Posto de Hengqin entra em funcionamento no dia 18 Abertura oficial e entrada em funcionamento do Novo Posto Fronteiriço Hengqin no dia 18 de Agosto. Segundo o Gabinete de Comunicação Social, após negociações entre os governos de Guangdong e Macau, foi decidido que a abertura oficial e entrada em funcionamento do novo posto fronteiriço de Hengqin decorre na terça-feira, dia 18, às 15h. Após a abertura oficial, o Posto Fronteiriço da

Flor de Lótus de Macau passará para a Zona do Posto Fronteiriço da Parte de Macau do Posto Fronteiriço Hengqin. Também as instalações para o controlo de passageiros e o corredor de inspecção de veículos de entrada em Macau serão transferidos para o Novo Posto Fronteiriço Hengqin. O corredor de inspecção de veículos que saem de Macau com destino ao Interior da China será mantido.


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quarta-feira 12.8.2020

Acidente Homem electrocutado quando fazia manutenção de toldo Um homem com 65 anos apanhou ontem um choque eléctrico quando fazia a manutenção de um toldo de metal, o que levou a que perdesse a consciência. A situação aconteceu quando o indivíduo tocou num aparelho de ar-condicionado.

A plataforma de comunicação é vital para as operadoras norte-americanas em Macau comunicarem com clientes no Interior da China. Analistas acreditam que a ordem executiva assinada por Donald Trump para proibir transações via WeChat pode ser um “brinde” para as concessionárias não-americanas

Segundo o relato apresentado pelo canal chinês da Rádio Macau, quando foi transpor-

tado para o hospital o homem estava inconsciente, apesar de não apresentar sinais externos de lesões, e acabou por acordar na ambulância. O acidente aconteceu numa fracção de 5.º andar no Edifício Tak Yip, na Rua de Ponte Horta.

Areia Preta Cinco pessoas no hospital devido a incêndio Um incêndio no 10.º andar do Edifício Jardim Kong Fok Cheong, na Areia Preta, levou à retirada de casa de 80 pessoas, 16 das quais se sentiram mal e cinco tiveram de ser transportadas para o hospital. No momento em que deflagraram as chamas não se

encontrava ninguém no apartamento tudo começou. Este é o mesmo prédio onde em Outubro do ano passado houve um outro fogo e que ficou célebre devido à falta de manutenção nas bocas de incêndio. A falha fez com que, na altura, não houvesse pressão para

CASINOS PROIBIR WECHAT PODE COLOCAR OPERADORAS AMERICANAS EM RISCO

A dar tiros nos pés

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S operadoras norte-americanas envolvidas no negócio do jogo em Macau podem estar em maus-lençóis. De acordo com analistas citados pelo South China Morning Post (SCMP), a ordem executiva assinada por Donald Trump na passada quinta-feira, que proíbe transacções através das plataformas WeChat e TikTok, pode ter impacto no mercado do jogo e comprometer seriamente as ambições das concessionárias norte-americanas que operam em Macau. Em causa, está a comunicação com os jogadores do Interior da China, de onde provém a principal fatia de clientes. “Provavelmente, 95 por cento dos jogadores em Macau são chineses do Interior. Como se comunica com eles? Pelo WeChat”, afirmou ao SCMP, Carlos

Lobo, advogado e especialista na área do jogo. Recorde-se que metade das operadoras em Macau, Wynn Resorts, MGM Resorts International e Las Vegas Sands são norte-americanas e operadas através de subsidiárias sediadas na China. Também Ben Lee, sócio-gerente da IgamiX, consultora com sede em Macau dedicada à indústria do jogo, considera que banir as comu-

nicações com os clientes do continente, através do WeChat pode trazer “desvantagens severas” para as operadoras norte-americanas, em comparação com outras concessionárias, sobretudo porque o jogo é ilegal no Interior da China. “Os casinos não estão

autorizados a publicitar os seus serviços na China [continental], por isso, ao nível do marketing é comum recorrerem a diferentes aplicações e redes sociais para contactar com os clientes e comunicar promoções”, apontou Ben Lee ao SCMP.

“Os turistas do Interior vão optar pela Melco, Studio City, SJM ou Galaxy em vez da Sands, MGM ou Wynn.” CARLOS LOBO ADVOGADO

Pedro Cortés vai mais longe e considera que as políticas que visam as tecnológicas chinesas podem levar Pequim a retaliar de forma severa, levando, no limite, à eventual expulsão das operadoras americanas em Macau. “A China e Macau ‘têm a melhor mão’ e partem em vantagem para 2022”, sublinhou o advogado referindo-se ao concurso público prometido pelo Governo para a

combater as chamas. Ainda sobre o incêndio de ontem, o canal chinês da Rádio Macau apontou que os bombeiros chegaram ao local às 20h39. O incêndio foi declarado extinto às 21h05 e à hora de fecho da edição a causa ainda não era conhecida.

renovação das licenças de exploração do jogo, que estarão em vigor até esse ano.

DÚVIDAS E CERTEZAS

Ainda não é certo de que forma a proibição de “realizar transacções relacionadas com o WeChat” será implementada, sabendo-se apenas que a medida deve entrar em vigor, 45 dias após a assinatura da ordem executiva. Contudo, independentemente do modo de aplicação, os analistas citados pelo SCMP consideram que os estragos já estão feitos e que, a longo prazo, as operadoras de jogo americanas vão sofrer as consequências. “Os funcionários dos casinos de Macau operados por empresas americanas poderão não conseguir utilizar as suas contas pessoais [de WeChat] para trabalhar. A última coisa que vão querer é ser apanhados (…) a promover o jogo na China”, afirmou Ben Lee. Já Carlos Lobo deixa no ar a hipótese de os casinos de origem americana deixarem de aceitar pagamentos através do sistema de enorme adesão, WeChat Pay. “Muitos chineses do Interior utilizam o WeChat em Macau para todo o tipo de transacções. Será que os casinos geridos por operadoras americanas vão deixar de aceitar o WeChat Pay?”, questiona o advogado. “Existem ainda muitas dúvidas sobre o âmbito de aplicação da proibição”, acrescenta. No entanto, uma certeza que parece existir é o dividendo que as concessionárias de jogo não-americanas de Macau vão retirar. “Os turistas do Interior vão optar pela Melco, Studio City, SJM ou Galaxy em vez da Sands, MGM ou Wynn. Ao nível da competitividade, esta medida tem um efeito tóxico que afectará negativamente as operadoras americanas”, vincou Carlos Lobo. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com


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OU inocente, acredito nas leis de Macau e acredito na justiça”, foram as palavras deixadas por Jackson Chang no final da sessão de julgamento de ontem. O ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) está acusado de associação criminosa, corrupção, branqueamento de capitais, abuso de poder, violação de segredo e inexactidão na declaração de rendimentos. Ontem foram ouvidas as últimas alegações, e a leitura de sentença ficou marcada para dia 9 de Outubro. Jackson Chang declarou que sempre cumpriu as suas funções ao longo dos 30 anos como funcionário público e que não praticou actos ilegais que lhe pudessem custar o emprego.Aproveitou a oportunidade também para dizer que os trabalhos desempenhados pela sua mulher apenas se deveram à sua capacidade e desempenho profissional. Importa referir que a esposa e a filha de Jackson Chang também são arguidas no processo. A defesa da mulher do ex-presidente apelou à justiça, notando a “injustiça a que esta família foi exposta”. Icília Berenguel descreveu que a acusação do Ministério Público (MP) foi sustentada em “ilações” e “factos dúbios”. O MP entende que os salários de Angela Ip e de Júlia Chang eram benefícios pagos por Ng Kuok Sao ao ex-presidente do IPIM em troca de informações, alegando queAngela Ip não trabalhava na empresa. A defesa contesta isto, descrevendo que as 15 mil patacas mensais pagas a Angela Ip eram efectivamente retribuição do seu trabalho. Neste ponto, a defesa recordou que uma testemunha confirmou ter visto a arguida exercer funções na empresa e que a inexistência de horário fixo não basta para negar a relação laboral. “Não era um benefício, era um salário”, defendeu Icília Berenguel. A advogada considerou “ridículo” que se alegasse de que o salário de Angela Ip era para pagar um benefício permanente a Jackson Chang. “Desde quando é que os membros de associações criminosas recebem avenças mensais?”, questionou. A defesa da filha também pediu a absolvição, dizendo que agiu sem dolo e que não foram apresentadas provas que sustentem a acusação. A advogada Joana Chan frisou que Júlia Chang não tinha conhecimento de que o seu salário seria uma van-

arguida seja absolvida no processo e “reabilitada socialmente”. Descreveu que não seria o primeiro caso de pessoas que estiveram no banco dos réus e que “hoje têm um papel importantíssimo na RAEM”. O advogado disse que “andaram a bisbilhotar”, investigando as contas de Glória Batalha e o cofre no banco, que ainda se encontra apreendido, mas que “não encontraram nada”. Para além disso, Pedro Leal frisou que Glória Batalha deu apoio a mais pessoas do que as que motivaram a acusação, ressalvando ser esse o papel do IPIM. “Da transcrição das conversas, não há só ajuda a estas duas pessoas, há diversas ajudas”, disse, explicando que Glória Batalha lhe pediu para não abordar esse assunto, por se tratarem de “pessoas importantes de Macau”.

REJEITADA ASSOCIAÇÃO

Jackson Chang, ex-presidente do IPIM “Sou inocente, acredito nas leis de Macau e acredito na justiça.”

CASO IPIM JACKSON CHANG DECLARA EM TRIBUNAL QUE ESTÁ INOCENTE

O fim do silêncio

A sentença do caso do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau vai ser conhecida a 9 de Outubro. No final da sessão de ontem, Jackson Chang declarou-se inocente e afirmou que nunca cometeu ilegalidades que lhe pudessem custar o emprego tagem ilícita para o pai, frisando que as testemunhas não conseguiram explicitar que parte do salário era remuneração e suposto benefício. Para além disso, Joana Chan frisou que Júlia Chang não era a única funcionária na empresa a receber prémios ou subsídios, e que chegou a ter mais de 37 mil patacas descontadas das suas remunerações. Defendeu que a jovem de 29 anos foi “utilizada pela sua inexperiência de vida para pedir informações ao pai”.

REABILITAÇÃO SOCIAL

Glória Batalha também falou na parte final da sessão. A arguida

frisou que cumpriu o que estava nas Linhas de Acção Governativa e que as várias sessões de julgamento foram uma “lição de direito”. Diz que se no futuro puder prestar serviços à RAEM a primeira coisa a fazer é ajustar os regulamentos internos. Pedro Leal frisou a inexistência de normas no IPIM a definir o que era segredo e que ninguém fundamentou que, à data dos factos, Glória Batalha não tivesse competências para superintender diferentes departamentos do IPIM. “Estaria a ser punida por violar um segredo que não existe”, declarou.

O advogado criticou o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) pelo “péssimo vício” de emitir notas à comunicação social, acusando-o de violar o segredo de justiça. A defesa deu como exemplo um aniversário de Glória Batalha, no qual a arguida quis pagar a conta, mas viu os cartões serem rejeitados. “Para os bancos já está condenada pelo crime de corrupção de que nem sequer está acusada”, disse Pedro Leal. “Fez um trabalho de louvar e viu o seu nome pelas ruas da amargura”, disse, esperando que a

Também na fase final, Miguel Ian disse que decidiu ajudar Ng Kuok Sao por lhe ter respeito e entender que os requerentes eram técnicos especializados. “Ensino sempre os meus filhos a ajudarem os outros”, disse, acrescentando que nunca pensou que esse mesmo princípio o levasse a julgamento. A defesa do empresário Ng Kuok Sao sublinhou que não existiu associação criminosa, recordando que o CCAC disse que o trabalho era feito “de forma grosseira”. Sobre os contactos com Miguel Ian, a advogada frisou que “quando temos dificuldades pedimos sempre ajuda às pessoas conhecidas, não tem nada de estranho”. Em relação à falsificação de documentos, solicitou que se o tribunal entender que há culpa opte pela “forma continuada”, em vez de contabilizar os documentos individualmente. A defesa de Wu Shu Hua, esposa do empresário, referiu que “Ng Kuok São, de facto, detinha muitas companhias” e que “a sua mulher prestava assistência ao marido na gestão”, disse o advogado Kuong Kuok On. Apesar de destacar que a arguida passava a maior parte do tempo a cuidar dos filhos e de também negar a existência de uma organização criminosa, não excluiu a intervenção de Wu Shu Hua, alegando que teve uma “participação muito diminuta”. Salomé Fernandes

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BIBLIOTECAS NOVA EDIÇÃO DE “OS LIVROS E A CIDADE” JÁ DISPONÍVEL

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Á está disponível para levantamento gratuito a 23.ª edição de “Os Livros e a Cidade”, publicada pelas Bibliotecas Públicas de Macau, sob a égide do Instituto Cultural (IC). De acordo com uma nota divulgada ontem pelo IC, a edição deste ano, dedicada ao tema “Desenvolvimento de Uma Biblioteca Inteligente”, pretende abordar “os diversos serviços e equipamentos inteligentes que foram introduzidos nas Bibliotecas Públicas nos últimos anos”. A nova edição tem uma entrevista com Wong Sio Mui, funcionária da Biblioteca Pública da Associação Comercial de Macau, um artigo que explora a criação de cartazes de vários eventos de Macau nos últimos 30 anos e dá a conhecer ainda a “National Geographic Virtual Library”, um recurso electrónico sobre cultura, natureza, ciência, tecnologia e meio ambiente. Outras rúbricas incluem histórias retiradas da obra “Relíquias de Estilo Europeu - Seminário e Igreja de São José” da autoria de Ye Nong, chefe do Departamento de Estudos de Macau da Universidade de Jinan e também uma compilação de novidades, “incluindo livros, filmes, música e revistas”. Além disso, esta edição inclui ainda 10 breves resenhas de livros em chinês, português e inglês. Os 3.000 exemplares de “Os Livros e a Cidade” podem ser levantados em todas as bibliotecas dependentes do IC, instituições de ensino superior, na Galeria do Tap Seac e várias livrarias, para além dos espaços culturais e artísticos de Macau.

Convenções e Exposições Lei Wai Nong quer aposta no online

O secretário para a Economia, Lei Wai Nong, espera que no futuro o sector das convenções e exposições possa injectar mais elementos online na realização de eventos de grande envergadura em Macau. O desejo foi partilhado pelo também presidente da Comissão para o Desenvolvimento de Convenções e Exposições na passada segunda-feira, por ocasião da primeira reunião plenária do organismo. Segundo uma nota divulgada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), durante a reunião, Lei Wai Nong apontou ainda que, através do incentivo do Governo e da combinação de realização online e offline, “retomaram-se gradualmente as actividades de convenções e exposições”. O secretário espera assim que seja dada continuidade à organização de acções de formação que aumentem a competitividade do sector, “com objectivo de impulsionar o sector a caminhar na direcção de profissionalização e de mercantilização”.

A exposição “Piratas nos Mares de Macau” (...) dá conta das diferentes dimensões do fenómeno da pirataria como “prática social, no âmbito de um sistema político, económico, social e cultural muito mais amplo

Sem palas nos olhos EXPOSIÇÃO “PIRATAS NOS MARES DE MACAU” A 19 DE AGOSTO NO ARQUIVO DE MACAU

A exposição apresenta uma selecção de mais de 100 documentos, mapas e fotografias do acervo do Arquivo de Macau (AM) que dão a conhecer a pirataria como prática social de uma época e as suas implicações para Macau. O imaginário, esse, continua lá

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ARBAS ruivas e pernas de pau. Talvez, quem sabe, uma pala sobre o olho perdido numa batalha em alto mar, seguindo as coordenadas de um mapa do tesouro. Muito por culpa das aventuras narradas tanto pela literatura como pelo cinema, é comum associar a imagem do pirata a um mundo romanceado de aventuras e canções longe de terra firme, mas também crueldades e barbaridades. A realidade até pode ter sido outra, mas a sua existência e impacto social são irrefutáveis, até mesmo para Macau.

Como o objectivo de apresentar a história dos primórdios do fenómeno da pirataria e as suas múltiplas implicações para Macau, o Arquivo de Macau (AM), sob a batuta do Instituto Cultural (IC), irá realizar a exposição “Piratas nos Mares de Macau (1854-1935)”. A exposição, aberta ao público em geral, poderá ser vista entre 19 de Agosto de 2020 e 31 de Janeiro de 2021. A exposição apresenta uma selecção de mais de 100 documentos, mapas e fotografias sobre a pirataria na região do Delta do Rio das Pérolas com o objectivo, segundo um comunicado do IC, de “revelar a diversidade

e amplitude temática dos documentos depositados no AM” e dar a conhecer “as múltiplas implicações do fenómeno da pirataria para Macau na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX”.

PRÁTICA COMUM

A pirataria fazia parte da normal organização política e social da época e Macau não foi alheio a esse fenómeno. Através de um estudo mais aprofundado é possível constatar que se trata de um tema particularmente complexo. Desta forma, a exposição “Piratas nos Mares de Macau (1854-1935)”

assume-se como um projecto que se propõe despertar o interesse do público e dos especialistas pelo estudo e investigação do tema, que dá conta das diferentes dimensões do fenómeno da pirataria como “prática social, no âmbito de um sistema político, económico, social e cultural muito mais amplo”. A partir de 19 de Agosto, a exposição estará aberta das 10h às 18h nas instalações do Arquivo de Macau, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida. Encerra à segunda-feira e dias feriados. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com


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NTEM, em Hong Kong, os residentes acorreram em peso às bancas para comprar, em gesto de solidariedade, o Apple Daily, o diário que foi alvo de buscas policiais na segunda-feira, depois da detenção do seu proprietário, Jimmy Lai. Sinal da popularidade da oposição no território, muitos habitantes compraram o Apple Daily, que antecipou a procura, imprimindo excepcionalmente 550 mil exemplares, contra 70 mil em circunstâncias normais. O dono de um restaurante no popular distrito de Mongkok comprou cerca de 50 exemplares, explicando que tencionava distribuí-los gratuitamente aos clientes. “Uma vez que o Governo não quer que o Apple Daily sobreviva, temos de ser nós, os habitantes de Hong Kong, a salvá-lo”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP). “A polícia está agora a lutar abertamente contra a liberdade de imprensa. Estou muito zangada”, afirmou uma mulher, que pediu o anonimato, em declarações à AFP, depois de comprar 16 exemplares. O magnata Jimmy Lai, muito crítico de Pequim, foi uma das dez pessoas detidas na segunda-feira, numa vasta operação contra o movimento pró-democracia, tendo duas centenas de agentes policiais feito buscas ao diário de que é proprietário. A manchete do jornal mostra uma foto de página inteira de Lai, escoltado pela polícia, com o título “O Apple [Daily] vai continuar a lutar”. Os apoiantes de Jimmy Lai também fizeram disparar as acções do grupo Next Digital, editor do jornal, com o valor em bolsa a subir 350 por cento, após a detenção na segunda-feira.As acções da empresa Next Digital voltaram ontem a disparar na bolsa de Hong Kong. Às 11h, as acções da Next Digital cotavam-se a 0,68 dólares de Hong Kong, com ganhos de quase 167 por cento, depois de terem fechado na segunda-feira a valer 0,26 dólares de Hong Kong , quase triplicando o valor de abertura.

APPLE DAILY POPULAÇÃO COMPRA JORNAL EM SINAL DE APOIO

Corrida às bancas Habitantes de Hong Kong fizeram ontem fila para comprar o diário Apple Daily, em sinal de apoio ao jornal, após a detenção na segunda-feira do proprietário, ao abrigo da lei de segurança nacional. As acções do grupo editorial subiram significativamente

ACÇÃO EM REACÇÃO

A espectacular subida das acções do grupo editorial surgiu

depois de grupos pró-democracia terem apelado ao apoio à empresa, através da aquisição de acções, na sequência da detenção do proprietário e das buscas policiais ao jornal. De acordo com o Apple Daily, personalidades dos meios de comunicação social declararam que iriam apoiar o jornal, comprando acções e assinando a publicação. O antigo colunista financeiro do jornal Stanley Wong anunciou, na segunda-feira na rede social Facebook, que gastou 95 mil dólares de Hong Kong para comprar 1,2 milhões de acções da empresa, vendendo-as com ganhos ao final do dia, com os lucros a serem aplicados em bolsas de estudo para alunos universitários no território. O presidente honorário da Federação de Tecnologia de Informação de Hong Kong, Francis Fong, disse ter comprado 50 mil acções da Next Digital, por 8.800 dólares de Hong Kong, afirmando que considerava o investimento como o equivalente a uma assinatura do jornal durante dez anos, de acordo com o Apple Daily. “A liberdade de imprensa não tem preço. As organizações dos meios de comunicação social precisam do nosso apoio. O valor na bolsa é uma indicação de que a empresa é saudável e está a funcionar”, disse Fong, citado pelo diário. A espectacular subida da Next Digital na bolsa criou um efeito multiplicador noutras empresas de comunicação social. A empresa Most Kwai Chung, editora da revista satírica Most100, ganhou 47 por cento, enquanto o grupo Media Chinese, que publica o jornal em mandarim Ming Pao, subiu 9,8 por cento. O magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai, altamente crítico de Pequim, foi detido na segunda-feira, tal como dois dos filhos e vários executivos do grupo Next Digital, sob a acusação de “conluio com forças estrangeiras” e fraude, ao abrigo da nova lei de segurança.

Francis Fong, Federação de Tecnologia de Informação de Hong Kong “A liberdade de imprensa não tem preço. As organizações dos meios de comunicação social precisam do nosso apoio. O valor na bolsa é uma indicação de que a empresa é saudável e está a funcionar.”

ECONOMIA VENDAS DE AUTOMÓVEIS CRESCERAM 16,4% EM JULHO

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S vendas de automóveis na China registaram um aumento homólogo de 16,4 por cento, em Julho, para 2,1 milhões de unidades, informou ontem a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis. A mesma fonte informou que as vendas de automóveis de passageiros aumentaram 8,5 por cento,

em relação ao ano anterior, para 1,67 milhões de unidades. Nos primeiros sete meses do ano, as vendas de veículos de passageiros caíram 18,4 por cento, em relação ao mesmo período do ano anterior, para 9,5 milhões de unidades, já que muitas cidades na China adoptaram

estritas medidas de distanciamento social, durante o primeiro trimestre, para combater a epidemia do novo coronavírus. A procura já estava em declínio antes de a epidemia atingir a China: Em 2019, as vendas de automóveis caíram pelo segundo ano consecutivo na China, à me-

dida que a guerra comercial com Washington e a desaceleração da economia chinesa afectaram a confiança dos consumidores. No entanto, os clientes parecem ter voltado às concessionárias. “A tendência é boa, depois de termos recuperado o ímpeto, durante o segundo trimestre

do ano”, disse o grupo em um comunicado. A procura por veículos eléctricos, uma das grandes apostas das marcas globais para o mercado chinês, enfraqueceu no ano passado, depois de Pequim ter reduzido os subsídios que ajudaram a transformar a China no maior mercado

do sector, respondendo por metade das vendas globais. Mas, em Julho, as vendas de veículos híbridos e eléctricos recuperaram, com um aumento de 19,3 por cento, para 98.000 unidades. No conjunto dos primeiros sete meses do ano as vendas caíram 32,8 por cento, para 486 mil unidades.


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“Já não possuo a brancura oculta das palavras”

As Realizações do Ru

Caminho dos antigos reis consiste na exaltação de ren [humanidade]. Devemos ater-nos ao que é central para a sua prossecução. E o que quero dizer por “central”? Quero dizer: ritual e yi [justiça]. O Caminho não é o caminho do Céu, nem é o caminho da Terra. É aquilo pelo qual o humano faz caminho, aquilo que a pessoa exemplar toma por seu caminho. Aquilo que a pessoa exemplar considera meritório não é a capacidade de fazer tudo o que qualquer pessoa é capaz de fazer. Aquilo que a pessoa exemplar considera ser sabedoria não é a capacidade de saber tudo o que qualquer pessoa é capaz de saber. Aquilo que a pessoa exemplar considera capacidade de argumentação não é a capacidade de argumentação com a qual as pessoas argumentam. Aquilo que a pessoa exemplar considera capacidade de investigação não é a capacidade de investigação com a qual as pessoas investigam. Ao invés, existe algo que lhe é próprio. Quando se trata de aferir a topografia de um terreno, inspecionar a qualidade boa ou má do solo, preparar o plantio dos cinco cereais, a pessoa exemplar é inferior ao camponês. Quando se trata de transportar riqueza e bens, aferir a boa e má qualidade e distinguir entre valores altos e baixos, a pessoa exemplar é inferior ao mercador. Quando se trata de usar o compasso e o esquadro, estender a linha de tinta e fornecer equipamento e utensílios, a pessoa exemplar é inferior ao artífice. Quando se trata de ignorar os ditames do bem e do mal de modo a degradar e humilhar os outros, a pessoa exemplar é inferior a Hui Shi e Deng Xi. Mas quando se trata de aferir as virtudes das pes-

Elementos de ética, visões do Caminho PARTE III

soas e lhes atribuir estatuto, estimar as suas capacidades e dar-lhes cargos oficiais, de modo a que os meritórios e não meritórios obtenham os lugares que lhes competem, os capazes e os incapazes obtenham os cargos que lhes são apropriados, a miríade de coisas receba o que lhe é adequado e as mudanças no estado de coisas tenham a resposta adequada, de modo a que as doutrinas de Shen Dao e Mozi não tenham cabimento, de modo a que Hui Shi e Deng Xi não se atrevam a introduzir as suas investigações e de modo a que as palavras das pessoas sejam sempre bem ordenadas e o seu labor seja sempre dirigido para as tarefas apropriadas – aí sim é onde a pessoa exemplar se destaca. Estabelece todo o tipo de trabalho e prática que sejam benéficos para a boa ordem. Se não o forem, descarta-os. A isto se chama conformar os afazeres ao que é central. Avança com todo o tipo de doutrinas e estudo que sejam benéficos para a boa ordem. Se não o forem, abandona-os. A isto se chama conformar as doutrinas ao que é central. Os trabalhos e práticas que perdem o que é central são afazeres vis. Estudo e doutrinas que perdem o que é central são caminhos vis. Afazeres e caminhos vis são aquilo que uma era ordenada rejeita, e são aquilo que uma era caótica segue e cumpre. Quanto aos problemas de como plenitude e vazio se substituem mutuamente, ou as distinções entre o duro [material] e o branco [imaterial], o similar e o dissimilar, estas são coisas a que um bom ouvido não dá atenção, que um olho arguto não examina, coisas de que um bom argumentador não pode falar. Mesmo que tivéssemos a sabedoria

de um sage, seria impossível dar-lhes respostas satisfatórias. Ser ignorante de tais coisas em nada afecta tornar-se uma pessoa exemplar. Conhecê-las não é impedimento para tornar-se uma pessoa mesquinha. Se um artífice as desconhecer, tal não o impedirá de produzir as suas criações. Se uma pessoa exemplar as desconhecer, tal não a impedirá de estabelecer a ordem. Os reis e duques que apreciam estas coisas colocarão as leis em desordem. As pessoas comuns que apreciam estas coisas colocarão em desordem o seu trabalho. Então, os homens temerários, confusos, estúpidos e ignorantes começarão a liderar os seus grupos de discípulos, a debater as suas doutrinas e a expor a sua peculiar terminologia. Mesmo quando envelhecem e vêem os seus filhos tornar-se homens crescidos, não percebem o mal que fazem. A isto se chama a mais alta idiotice e fazer nome deste modo é mesmo inferior a fazê-lo como leitor da fisiognomia de galinhas e cães. As Odes dizem: Se fosses ou um monstro ou um yu1 Seria impossível chegar a ti. Mas tens o rosto e olhos vergonhosos de um humano E mostras aos outros a maior falta de correcção. Por isso criei esta salubre canção, que canto Para te corrigir as maneiras pérfidas e falsas. Isto exprime aquilo que quero dizer. 1 - Segundo a lenda, o yu era um tipo de monstro que vivia na água e cuspia areia com força suficiente para matar um homem.

Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.


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Amélia Vieira

Simpósio

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UDO o que é bom com sustento na memória será certamente a ideia da reunião fraterna nas mesas em que se partilha a substância da vida e nos associamos ao fluxo comum. Os mais felizes parceiros serão sempre os comensais que bebendo das suas taças o vinho partilhado, asseguram a paz, o diálogo, esquecendo o tempo da servidão dos dias. Simpósio, no entanto, será mais um helenismo, que repomos para Ceia e Banquete, mas muito mais prolongado na satisfação dado que se seguia à partilha dos alimentos para firmar o grupo dos que continuavam bebendo os mais preciosos líquidos onde a troca de ideias por entre grandes e pequenos temas se firmava. Não há separação entre a construção dialéctica e a harmonia de grupo num tal significado. As Bodas bíblicas aproximam-se destes festins que sentavam à mesa gentes diversas em laudatórios discursos e passagens de Cânticos até ao milagre da transformação da água - que festa sem vinho é um estado mórbido de associação - e que aquelas foram até à mais emblemática mesa: a da Última Ceia. Em «Simpósio» registam-se as falas e a magnitude da obra parece uma peça de teatro em muitos actos que conflui para uma entidade única a um tempo em que todas as vozes se soltam - os seres ouviam vozes - e falavam da natureza do Amor o que não será exactamente o mesmo que falar de Amor, estamos num domínio ético que é amplamente expressivo nesse coroar de interesse pelo belo e tal estado exige uma longa abordagem que saliente os efeitos e as vertentes que não separem as boas acções das naturais matérias da sua sustentação. Registamos os diálogos que se escutam não como uma narração, mas enquanto discurso e sabemos que se está diante de taças cheias e fontes várias que incitam uma magistral inspiração. De súbito, olhamos ao redor - uma volta no tempo - e este efeito para além de lendário tornou-se ainda mais improvável, e é então que nos recordamos que esta marcha, dizem, não será reposta, rasurando assim o melhor da natureza humana, ou, que aberto este hiato, nos preparamos agora para manjares frios e assépticas beberagens. O Eros entediante das nossas refeições não é menor que aquele que nos distancia por motivos vários: reclusão, desconfiança, temor, e a linguagem não se precipita para lado algum que valha a pena ir buscar só para trazer de volta o deus que disperso se encontra agora entre a desolação de um estranho vazio, já não ceamos e as noites quentes estão alheadas de encantamentos. Toda a ternura se ofende e uma perturbação geral acompanha os destros dias como uma punição que não saberíamos dimensionar se nos tivessem indagado acerca deles, que a direito, também parece encaminhar-se para esse lado sombrio ou à deriva a multidão mundial resguardada de si mesma. Há os diálogos escorregadios do plasma virtual sempre mais presentes que um palmo de mesa em frente dos narizes, e aos sóbrios, as alternativas escoam-se até ao falar directamente com as paredes. Cenários gravosos para a continuidade do pensamento, sem dúvida, e muito mais grave se tornam quando os problemas mentais e morais parecem fazer enfermas populações inteiras. Neste diálogo fala-se no amor inato que os seres têm uns pelos outros «o amor tende a reencontrar a antiga natureza, esforça-se por se fundir numa só, e por sarar a natureza humana» remete-nos a uma saudade qualquer que só poderá ser solucionada pelos encontros, e tudo isto é feito com a simpatia que é o apelo irresistível dos seres. Já não estamos neste Simpósio num regis-

to tribal, mas algures numa fina matéria que superou o instinto de sobrevivência, da exclusividade do clã, e passou a contemplar cada ser na sua natureza, desse outro igual a nós, e, se diferente, complementar em nós. Tudo isto sabemos, mas dizê-lo pode corresponder a sabe-lo mais e melhor, sobretudo quando pensando que sabemos não estamos à altura de o vivermos, somos presas fáceis dos nossos interesses e sem nos darmos conta esse intrínseco amor desaparece no meio de tantas circunstâncias que o desfazem, ficando a caricatura de proximidade onde nada de transformador acontece nem se insinua. E desse estado solitário, nasceu agora e ainda, a distância. - Para a peste, exem-

Os mais felizes parceiros serão sempre os comensais que bebendo das suas taças o vinho partilhado, asseguram a paz, o diálogo, esquecendo o tempo da servidão dos dias

plifica então o Eros da desordem cujos desregramentos atacam animais e plantas quando tal estado incide na união dos elementos- (o que faz sentir o nosso instante como uma provação por interferirmos de modo grosseiro no desígnio das coisas). «Descendo esta cidade com ternura...» de um antigo mirante podemos ver os pátios andaluzes com suas cítaras dolentes, os seus encantos secretos como úteros, uma cidade que esqueceu e lembra agora o mais melodioso do legado mouro, que a água se escuta nas fontes por onde a cidade verte os escondidos encontros, sem vinhos, talvez, e ébria de um encantado amor nos seus dias de Estio: - mas, teria seria possível tal abstinência!? Mesmo na Pérsia muçulmana ninguém parou de absorver a mágica poesia de Omar Khayyam e de apreciar esse vinho. Todos levamos a lembrança cheia com tinas, garrafas, cálices, alambiques... a noite que vasa plena com um eclipse lunar nos convida a olhar como foi bom para a Humanidade as longas horas de vida passada nos Simpósios, que o brilho da nossa estrela só brilhou quando assim fomos unidos. «.... Vens na hora exacta! Ceia connosco, Aristodemo! Se outro motivo de trouxe guarda-o para mais tarde. Ontem mesmo te procurei para te convidar sem conseguir encontrar-te.» Agatão- Simpósio


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ANÚNCIO VENDA EM HASTA PÚBLICA Faz-se público que se vai realizar uma venda em hasta pública de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens, que reverteram a favor da Região Administrativa Especial de Macau nos termos da lei ou que foram abatidos à carga pelos serviços públicos. Os locais, dias e horas marcadas para visualização dos bens agora colocados à venda, para efeitos de prestação da caução e da hasta pública propriamente dita, são os seguintes: Visualização dos bens 1. Sucata, resultante de veículo, bens e sucata de bens Na tabela abaixo indicada encontram-se discriminados os lotes de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens colocados à venda, bem como, a respectiva data, hora e local para visualização dos mesmos na presença de trabalhadores da Direcção dos Serviços de Finanças: Local de No. de lote armazenamento VS01(parte) VS02, VS03, VS04, MS01(parte), Taipa e Coloane MS02, MS03, MS04, L02(parte), L05(parte)

Data de identificação Horário (1)

Local (2)

18/08/2020

10:00

Parque de estacionamento provisório para veículos abandonados (Estrada de Flor de Lotus, Coloane)

VS01(parte), MS01(parte), IS01(I), L07(I)

Macau

18/08/2020

15:00

Edifício Veng Fu San Chun (Rua da Penha, n.º 3 -3C, Macau)

L01, L03, L04, L05(parte), BL01

Macau

19/08/2020

10:00

Edifício Industrial Cheong Long (Ramal dos Mouros, n.º 11 -21, Macau)

Taipa e Coloane

19/08/2020

15:00

L02(parte), L06

Centro de Inspecção de Veículos em COTAI (Perto de terreno sito no este da Avenida do Aeroporto da Taipa)

Nota (1) A visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens inicia-se, impreterivelmente, quinze minutos após a hora marcada, não sendo disponibilizada uma outra oportunidade para o efeito. Os interessados devem providenciar meio de transporte para se deslocarem ao local de armazenamento de cada lote. (2) Para se dirigirem aos locais de armazenamento de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens, devem os interessados concentrar-se nos locais acima indicados. Não há lugar à visualização de sucata resultante de veículos, de bens e de sucata de bens no dia da realização da hasta pública, mas são projectadas fotografias dos mesmos através de computador. 2. As listas de bens podem ser consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página eletrónica desta Direcção dos Serviços (website: http://www.dsf.gov.mo). As listas dos bens com descrição pormenorizada podem ser consultadas no 8.º andar do Edifício “Finanças”, sala 803. Prestação de caução Período: Montante:

Desde a data do anúncio até ao dia 25 de Agosto de 2020 $5,000.00 (cinco mil patacas) - Por depósito em numerário ou cheque, o qual será efectuado mediante a respectiva guia de depósito e paga em instituição bancária nela Modo de prestação da indicada. A referida guia de depósito será obtida na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia caução: Grande, n.ºs 575, 579 e 585; ou, - Por garantia bancária, de acordo com o modelo constante do anexo I das Condições de Venda.

Realização da Hasta Pública Data: Horário: Local:

26 de Agosto de 2020 (quarta-feira) às 09:00 horas – registo de presenças às 10:00 horas – início da hasta pública Auditório, na Cave do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585.

Consulta das Condições de Venda As Condições de Venda podem ser: - obtidas na sala 803 do 8.º andar do Edifício “Finanças”, sito em Macau na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585; - consultadas na sobreloja do Edifício “Finanças”, ou na página electrónica da Direcção dos Serviços de Finanças (website: http://www.dsf.gov.mo). O Director dos Serviços Iong Kong Leong

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 25/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex. ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 30 de Julho de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Equipamentos Laboratoriais Cedidos Como Contrapartida do Fornecimento de Reagentes ao Laboratório de Saúde Pública dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Agosto de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 8 de Setembro de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 9 de Setembro de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP142.000,00 (cento e quarenta e duas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/SeguroCaução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 6 de Agosto de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 26/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 29 de Julho de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e instalação de um sistema simulador para ecografias e de um sistema de gravação vídeo à Academia Médica de Macau dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Agosto de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP51,00 (cinquenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 11 de Setembro de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 14 de Setembro de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP55.800,00 (cinquenta e cinco mil e oitocentas patacas), a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 6 de Agosto de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Anúncio Concurso Público N.º 24/ID/2020 “Serviços de manutenção do sistema de abastecimento de energia eléctrica das instalações desportivas situadas em Macau afectas ao Instituto do Desporto” 1. Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o Despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 27 de Julho de 2020, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação da entidade adjudicante, à abertura do concurso público para os serviços de manutenção do sistema de abastecimento de energia eléctrica das seguintes instalações desportivas situadas em Macau afectas ao Instituto do Desporto durante o período compreendido entre 15 de Dezembro de 2020 e 14 de Junho de 2023: Designação das Instalações Desportivas 1 Pavilhão Polidesportivo Tap Seac 2 Centro Náutico da Praia Grande 3 Centro Desportivo da Vitória 4 Centro Desportivo Tamagnini Barbosa 5 Centro Desportivo do Colégio D. Bosco 6 Centro Desportivo Lin Fong 7 Fórum de Macau (Pavilhão I, Átrio Principal, Sala VIP, Gabinetes e Armazém) 8 Piscina Dr. Sun Iat Sen 9 Piscina Estoril 2. A partir da data da publicação do presente anúncio, os concorrentes podem dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau, no horário de expediente, das 09.00 horas às 13.00 horas e das 14.30 horas às 17.30 horas, para consulta do Processo de Concurso ou para obtenção de cópia do processo, mediante o pagamento de $1.000,00 (mil) patacas. Pode ainda ser feita a transferência gratuita de ficheiros pela Internet na área de «Informação Relativa à Aquisição» da página electrónica do Instituto do Desporto: www.sport.gov.mo. 3. Os concorrentes devem comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para a apresentação das propostas para tomarem conhecimento sobre eventuais esclarecimentos adicionais. 4. A sessão de esclarecimentos deste Concurso Público terá lugar no dia 24 de Agosto de 2020, segunda-feira, pelas 10.00 horas, no auditório da sede do Instituto do Desporto. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora da sessão de esclarecimentos, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e hora estabelecidas para a sessão de esclarecimentos serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. 5. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12.00 horas do dia 16 de Setembro de 2020, quarta-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora limites para a apresentação das propostas acima mencionadas, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a apresentação das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. 6. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $50.000,00 (cinquenta mil) patacas por depósito em numerário, em ordens de caixa ou em cheque emitidos a favor do Fundo do Desporto, ou mediante garantia bancária, emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na Região Administrativa e Especial de Macau, à ordem do Fundo do Desporto, a entregar na sede do Instituto do Desporto na Divisão Financeira e Patrimonial. 7. O acto público do concurso terá lugar no dia 17 de Setembro de 2020, pelas 09.30 horas, quinta-feira no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.o 818, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto na data e hora para o acto público do concurso acima mencionadas, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, ou em caso de adiamento da data e hora limites para a apresentação das propostas, por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. 8. As propostas são válidas durante 90 (noventa) dias seguidos a contar da data do acto da sua abertura. Instituto do Desporto, 12 de Agosto de 2020. O Presidente, Pun Weng Kun.

Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

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(f)utilidades 17

quarta-feira 12.8.2020

SEAN MCKEAG | AP

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DE LUTO NA LUTA

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7 1 6 5 4 2 3

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Cineteatro SALA 1

1

1 4

5

SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00

60

5

3

7

BEYOND THE DREAM [C] FALADO EM JAPONESE

4 7

6

9.39

BAHT

0.25

YUAN

1.14

2

1

LEGENDADA EM CHINÊS E INGLES Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

7

DREAMBUILDERS [A]

3

EURO

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SALA 3

SALA 2

• ´

7 3

C I N E M A

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 58

58

1 4 5 6 2 7 5 7 4

PROBLEMA 59

S 6 U 3 2D5 O4 K 1 7U 59 2 3 2 7 5 5 4 1

2 5

2

1

80-98%

Durante uma manifestação do movimento por direitos civis Black Lives Matter, um jovem é consolado por amigos enquanto chora a morte do pai, um recluso que faleceu em 2018 na sequência do que foi descrito como uma altercação com guardas prisionais. A foto foi tirada em Wilkes-Barre, no estado da Pensilvânia.

56

7 1 4

HUM

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2

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck 14.30, 16.30, 19.00, 21.15

2 3

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UM FILME HOJE

MCDULL: ME & MY MUM | 2014 | BRIAN TSE, JUNMIN LI

4

Embora os desenhos animados do porco McDull sejam muitas vezes vistos como comédia, que tem como um alvo as crianças, a verdade é que oferece o melhor retrato da vida da classe mais pobre de Hong Kong. Neste filme, McDull recorda os esforços da sua mãe, que entre vários trabalhos para pagar rendas e despesas do quotidiano, faz tudo para lhe proporcionar uma infância feliz. João Santos Filipe

3 5 6

BEYOND THE DREAM

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 opinião

preocupação de Mario Draghi é de que os detentores de riqueza e poder, que fizeram a economia funcionar antes da Covid-19, e que terão de continuar a fazê-la funcionar depois, não pagarão. Assim, o emprego é preservado através do mercado de bens e finanças que são postos de novo em acção pela intervenção do Estado. Mario Draghi tinha certamente uma nova perspectiva com respeito à ideia de "dívida = culpa" inerente ao ADN político e cultural do Norte da Europa. Mas a dívida, mesmo para Mario Draghi, não é chamada a abrir espaços para uma nova visão da economia e da sociedade; apenas para restaurar o seu funcionamento e desigualdades normais. Não se sabe a totalidade das escolhas que a Europa fará até ao final da crise que se antevê longa. Existem fragmentos que vão em muitas direcções possíveis. No entanto, parece que uma revisão dos Tratados está finalmente madura, mas alguns fundamentos básicos estão a ser quebrados. O pacto fiscal, as proibições de estender a dívida para além dos limites estabelecidos, a proibição de muitas formas de ajuda estatal. Estará pronta para reflectir sobre as novas tarefas que a Europa terá de empreender e as políticas básicas a implementar, não apenas para responder à Covid-19, mas para lidar com as debilidades fundamentais do seu projecto original. Por exemplo, pensando no facto de que em mãos privadas existem não só dívidas presentes e futuras, mas também uma massa substancial de créditos não utilizados, uma enorme riqueza concentrada nas mãos de uns poucos. Que talvez algo na crise estejam dispostos a doar, mas temem como a praga qualquer intervenção fiscal num sentido redistributivo. A proposta de um sistema fiscal europeu, em que o público exerce a sua função através da tributação dos mais ricos, em que o público escolhe como dirigir as despesas que os impostos disponibilizam, é o elo que falta em todas as propostas políticas para a recuperação económica no terreno. Um sistema fiscal europeu com regras comuns evitaria práticas de dumping fiscal, que nos anos passados levaram à circulação de capitais e actividades produtivas para países onde o nível de tributação era mais baixo e a evasão fiscal mais fácil. A Holanda é o mais importante obstáculo a um projecto comum de solidariedade europeia, mas que agora é um paraíso fiscal que atrai muitas grandes

A Covid-19 multinacionais incluindo as grandes empresas estatais. Aqueles que apelam a um “New Deal” para apoiar o trabalho e a conversão verde da economia devem lembrar-se que Roosevelt empurrou a tributação de grandes activos e até 90 por cento do rendimento avaliado. Mas sobretudo, se a crise económica for "real" e não puramente financeira, será necessário abordar os problemas subjacentes que tornam a economia europeia fraca e puseram em risco a própria resiliência do seu sistema de produção de bens e serviços, mesmo antes da Covid-19. AAlemanha goza desde há algum tempo de uma posição privilegiada que lhe tem permitido ser o centro entre duas periferias. A da Europa do Sul e após a unificação alemã e o colapso do comunismo na União Soviética e nos países do Pacto de Varsóvia, dos países do actual Pacto de Visegrado. A periferia sul era um grande mercado de exportação, e contribuiu decisivamente para a indústria alemã ao fornecer componentes de qualidade, especialmente para a indústria automóvel. Mas neste segundo papel, o Sul foi gradualmente substituído pela outra periferia, a da Europa Oriental, que, graças a salários mais baixos, aliada a uma mão-de-obra de boa qualidade e a um elevado nível de educação e formação técnico-profissional, conseguiu tornar-se rapidamente a sede da maior parte das operações de descentralização da produção da indústria alemã. A Europa do Sul continuou a produção de componentes de alta qualidade, cuja substituição não pode ser improvisada e reduzida a pura questão de custos. A forma como a crise de 2008-2011 foi tratada tornou a Europa do Sul ainda mais periférica. A austeridade significou estagnação dos salários, diminuição do trabalho e aumento da sua precariedade, cortes nos investimentos em saúde e educação, diminuição da procura. Mas mesmo nos países do Pacto de Visegrado, houve algumas consequências. De facto, os baixos salários levaram a maioria dos jovens mais qualificados a procurar a sua fortuna noutro lugar, e mesmo aí, apesar da tendência positiva do PIB, a procura contraiu-se. Estas consequências desagradáveis da austeridade não preocuparam tanto a Alemanha, pois o seu objectivo era o de atingir de forma decisiva os mercados americano e chinês. A China era simultaneamente um mercado promissor e um elo importante na longa cadeia de valor. O que atingiu a Alemanha, e causou uma redução drástica no seu crescimento, foi a crise da globalização tal como a conhecemos; foi a Guerra Comercial que se desencadeou entre os maiores actores mundiais, que começaram a competir uns com os outros e a colocar sob fogo a extraordinária capacidade de exportação da Alemanha. Trump em 2018 deixou muito claro como pretendia mover-se: "Se eu andar pela Quinta Avenida vejo muitos Mercedes-Benz em frente de empresas e em frente das casas de pessoas ricas. Quantos Chevrolets é que vi na Alemanha? Nenhum". Actualmente, o modelo

DALGER DELACROIX

A

“The pandemic represents a rare but narrow window of opportunity to reflect, reimagine, and reset our world.” Klaus Schwab

12.8.2020 quarta-feira

de mercado alemão baseado nas exportações, em grande parte fora das fronteiras da Europa, está a gritar descaradamente. É também por isso que os economistas mais sérios, incluindo os alemães, acreditam que uma saída da crise da Covid-19 através dos instrumentos e da lógica de 2008 e 2011 não se adequa sequer à Alemanha, cuja indústria precisa mais do que nunca de um mercado europeu curado, e que os países devedores emerjam da presente crise sem excesso de lágrimas e sangue. Os dogmas da economia de mercado, a consideração da dívida como um defeito, a inflação como a pior ameaça são um legado do qual a Alemanha tem de se livrar. Também para a Alemanha, a esperança de se salvar passa por uma Europa que substitui a concorrência entre Estados com uma lógica de cooperação e complementaridade. Que redescobre como factor fundamental de desenvolvimento económico o seu mercado interno, a começar pelo alemão; que reconverte a sua economia a partir das

prioridades da saúde, educação, cultura; que encurta as cadeias de produção que são cada vez mais frágeis dentro da crise dos processos de globalização e da sua interrupção, ou seja, que se dota de instrumentos unitários de política fiscal e industrial, para implementar tudo o que os instrumentos de finanças e moeda nunca podem dar. De facto, a Covid-19 também pôs em causa a estabilidade das cadeias de produção e as cadeias de valor infinito. A detenção na China colocou em crise grande parte da indústria e do comércio europeu pois faltam componentes essenciais para a tecnologia, informação e comunicação, e mesmo a indústria farmacêutica teve de lidar com o facto de ter localizado a produção da maioria dos componentes essenciais de medicamentos como os antibióticos na China. A mesma lógica “just-in-time”, a que esvaziava os armazéns para produzir com base na procura real, funcionava porque era fácil obter o que era necessário em tempo real,


opinião 19

quarta-feira 12.8.2020

perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

e economia (II)

mesmo que fosse produzido a milhares de quilómetros de distância. Descobrir actualmente, que em muitos países europeus, os armazéns para ventiladores e produtos essenciais para a protecção da saúde estavam vazios foi um choque. Melhorar o mercado interno e encurtar as cadeias de produção são duas necessidades para a Europa, a fim de permanecer na globalização, reforçando a sua cooperação e colaboração internas. Os países da Europa do Sul são também importantes para a recuperação de uma dimensão mediterrânica, que é fundamental se a Europa no seu conjunto quiser ser protagonista na relação económica e social com África e o Médio Oriente. No “Manifesto de Ventotene”, que é homenageado por quase todos os líderes europeus, infelizmente na maioria dos casos apenas de forma retórica, a unidade europeia estava estreitamente ligada ao fim da lógica imperialista e colonial, vista como uma derivação quase inevitável do nacionalismo

que visava impor a sua primazia económica. Contra os outros concorrentes europeus, sobre a pele dos povos das colónias. Infelizmente, o fim do colonialismo não coincidiu

“Um sistema fiscal europeu com regras comuns evitaria práticas de dumping fiscal, que nos anos passados levaram à circulação de capitais e actividades produtivas para países onde o nível de tributação era mais baixo e a evasão fiscal mais fácil. A Holanda é o mais importante obstáculo a um projecto comum de solidariedade europeia.”

com um novo e importante programa de cooperação entre uma Europa unida e a África e o Médio Oriente. Os Estados têm continuado a fazer os seus esforços para influenciar o futuro dos povos descolonizados de uma forma que sirva os seus interesses. Acabaram por alimentar guerras e conflitos nesses países, onde por trás dos senhores da guerra locais sempre foi possível ver a mão de algumas nações europeias e de algumas potências mineiras. De facto, reduzindo a pura retórica os apelos à cooperação com o Sul do mundo, que atravessaram toda a história da União Europeia, e que tiveram um momento significativo na Conferência de Barcelona em 1995. Os apelos à cooperação e ao respeito pelos direitos humanos foram continuamente contrariados pela afirmação da inviolabilidade do princípio do livre mercado e concorrência, que quase sempre enveredou pelo caminho da afirmação da liberdade de exploração e da imposição aos países do Sul do mundo de um

modelo de desenvolvimento semelhante ao do Ocidente. Tudo o que diferia foi classificado como subdesenvolvimento. As consequências desta abordagem não foram apenas prejudiciais para os povos de África, mas causaram uma marginalização de facto do centro de decisão dos países da Europa do Sul, aqueles que teriam precisado mais do que quaisquer outros de uma relação de colaboração e desenvolvimento comum com os povos de África e do Mediterrâneo. A redução do Mediterrâneo, o mar de onde nasceu a Europa, numa fronteira intransponível, num mar de morte em vez de um intercâmbio de cultura e vida, é o maior limite para a possibilidade de os mesmos países que ignoram o Mediterrâneo planearem o seu futuro. Entretanto, enquanto os Estados europeus lutavam entre si para localizar as suas áreas de influência, os americanos, os russos, e talvez da forma mais contundente, os chineses, chegaram a África e ao Médio Oriente. Este é um problema que vem de longe. Desde o início, a Europa também foi pensada como a forma de "não se afundar no Mediterrâneo". "Atravessar os Alpes" foi o imperativo que alguns países deram, atraídos pela miragem de ser cada vez mais parecidos com os países que estavam a impulsionar o crescimento da economia. A própria França estava relutante em pensar em si no Mediterrâneo, e sempre oscilou entre uma ambição hegemónica no diálogo com a África, aspirando a uma liderança que era um pouco desconfiada porque estava veiculada com muita nostalgia pós-colonial, e o desejo de atenuar a sua mediterraneidade para ser considerada igual à Alemanha, como a outra grande superpotência europeia. Talvez a crise actual, se pela primeira vez forem tomadas medidas comuns pela França, Itália, Espanha, Portugal e Grécia para evitar os efeitos devastadores das crises de 2008 e 2011, possa levar a repensar e relançar a ideia euro mediterrânica, para fazer da Europa o ponto de referência de uma nova cooperação com o Sul do mundo; não no achatamento, mas na diferença de distintas culturas e religiões, de distintas formas de pensar o desenvolvimento económico. A ajuda imediata aos países africanos em termos de dotação sanitária, a fim de evitar que a pandemia se agrave, e a proposta, lançada pelo Papa Francisco, de anulação das dívidas dos países mais pobres para com os mais ricos, a fim de contrastar as catástrofes económicas e sociais em curso, são um acto de solidariedade necessário se quisermos manter viva essa perspectiva euro mediterrânica sobre a qual o futuro se joga em grande parte. Uma forma diferente de pensar sobre o desenvolvimento económico é também essencial para o Sul, que é descrito como subdesenvolvido com base numa ideia de progresso que viu o modelo capitalista anglo-saxónico, replicado como a única forma possível de desenvolvimento.


“Devemos ler para oferecer à nossa alma a oportunidade de luxúria.” Henry Miller

HABITAÇÃO EMPRÉSTIMOS CRESCERAM 70% EM JUNHO EM RELAÇÃO A MAIO

O APEP “Atendendo à gravidade e seriedade do ocorrido, todos os pais deveriam ter tomado conhecimento [do ataque informático], como mandam as melhores práticas.”

Informação sensível Base de dados de alunos da EPM alvo de ataque informático

O

sistema de consulta e gestão de informação entre alunos e encarregados de educação da Escola Portuguesa de Macau (EPM), NetGiae, foi alvo de um ataque cibernético que levou à de alguns dados pessoais dos estudantes. A informação consta um documento da Associação de Pais da Escola Portuguesa (APEP), a que o HM teve acesso, que sumariza reuniões com a Direcção da EPM e a Fundação Escola Portuguesa de Macau. Os encontros terão acontecido a 16 e 30 de Julho. No documento, a associação de pais reporta que, após pedir esclarecimentos sobre o facto de o sistema NetGiae estar em baixo há algum tempo, a direcção admitiu que o sistema foi alvo de ataque informático. Na sequência do ataque, a direcção da EPM informou que “os dados pessoais que constavam no sistema desapareceram”, nomeadamente “nomes, fotografias e números de identificação, entre outros”.

Covid-19 OMS recebe com cautela vacina russa A Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu com cautela a notícia de que a Rússia registou a primeira vacina do mundo contra a covid-19, sublinhando que deverá seguir os trâmites de pré-qualificação e revisão definidos. "Acelerar o progresso não deve significar comprometer a segurança", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, numa conferência de imprensa, acrescentando que a organização está em contacto com as autoridades russas e de outros países para analisar o progresso PUB

quarta-feira 12.8.2020

HONG KONG MAIS UM ANO DE LEGISLATURA APÓS ELEIÇÕES ADIADAS

E

M Junho deste ano, foram aprovados mais 70,5 por cento empréstimos hipotecários para a habitação, em relação a Junho, num valor total de 4,63 mil milhões de patacas. Deste universo, 68,5 por cento foram contraídos por residentes locais, atingindo 3,17 mil milhões de patacas, o que representou um crescimento de 17,1 por cento. Também o segmento de mercado não-residente cresceu para 1,46 mil milhões de patacas. Em termos trimestrais, entre Abril e Junho, o número médio mensal de novos empréstimos atingiu os 3,1 mil milhões de patacas, representando um aumento de 19,4 por cento em comparação com o trimestre anterior. Os empréstimos hipotecários para habitação cuja garantia é dada por edifícios em construção desceu 9 por cento em Junho, para 266,8 milhões de patacas, em relação ao mês anterior. Em comparação com o período homólogo do ano passado, estes empréstimos registaram uma contração de 42,5 por cento. Em termos de saldo bruto, os empréstimos hipotecários para a habitação mantiveram um valor semelhante em Junho e Maio deste ano, com um ligeiro crescimento de 0,1 por cento, para um total de 232,3 mil milhões de patacas.

PALAVRA DO DIA

A APEP aponta ainda que não compreende, dada a gravidade da situação, porque é que os pais não tomaram conhecimento da ocorrência. “Foi ainda esclarecido pela Direcção que todas as entidades competentes tiveram conhecimento do sucedido. A APEP apenas teve conhecimento do sucedido em reunião com a Direcção e desconhece quem são, exactamente, todas as entidades competentes a quem esta situação terá sido reportada, o que comunicou à Fundação, e mais informou que, atendendo à gravidade e seriedade do ocorrido, todos os pais deveriam ter tomado conhecimento, como mandam as melhores práticas”. Segundo a mesma comunicação, foi contratada uma empresa para tentar recuperar os dados perdidos, e, em princípio, o sistema estará em funcionamento no início do próximo ano lectivo.

OUTRAS HISTÓRIAS

A APEP reporta ainda que, sobre o novo plano curricular

das diferentes investigações em curso relativamente de vacinas. O porta-voz sublinhou que a organização está satisfeita "com a rapidez com que as vacinas estão a ser desenvolvidas" e espera que algumas delas "se mostrem seguras e eficazes". A vacina russa não estava entre as seis que a OMS disse na semana passada estarem mais avançadas. Segundo Putin, a vacina russa é "eficaz", passou em todos os testes necessários e permite atingir uma "imunidade estável" contra a covid-19.

a implementar no próximo ano lectivo no 10º ano, estes serão os mesmos que se usam em Portugal, à excepção da História da China. “Os currículos das novas disciplinas serão os mesmos (…) à excepção da História da China que será acrescentada aos conteúdos já definidos na disciplina de História. A sebenta da História da China, será feita pela Escola à semelhança das que já existem para os 2.º e 3.º ciclos”, pode ler-se no email. Questionada se o próximo ano lectivo será normal ou haverá lugar a horas extra dedicadas à consolidação de matérias devido às restrições impostas pela pandemia, a Direcção afirmou que “o futuro ano lectivo será normal e que começará a 7 de Setembro”. A EPM terá ressalvado que está a fazer o “levantamento das disciplinas que necessitarão de apoio para consolidação de matérias”. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com

Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China decidiu ontem prorrogar a actual legislatura do Conselho Legislativo de Hong Kong por, pelo menos, um ano, depois de o Executivo de Carrie Lam ter adiado as eleições. Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, o órgão máximo legislativo da China decretou que os deputados continuem no cargo por “pelo menos um ano mais”, a partir de 30 de Setembro, e que a próxima legislatura em Hong Kong mantenha a duração habitual de quatro anos. Com esta decisão, o Comité Permanente da APN procura pôr fim ao debate sobre a melhor forma de resolver o vazio parlamentar causado pelo adiamento das eleições, uma vez que a lei de Hong Kong estipula que a legislatura dure quatro anos. A actual deveria terminar em 30 de Setembro. As eleições, inicialmente marcadas para 6 de Setembro deste ano, foram adiadas pelo Executivo, que justificou a decisão com uma terceira vaga de casos de covid-19. Segundo a televisão pública RTHK, que citou fontes anónimas, Pequim decidiu prorrogar o mandato de todos os membros do Conselho Legislativo por um ano, incluindo membros pró-democracia, que constituem a principal força de oposição. Nos últimos dias, especulou-se que quatro seriam excluídos porque a Comissão Eleitoral tinha vetado as suas candidaturas para as eleições legislativas, por não terem protegido a Lei Básica e se recusarem a jurar lealdade a Hong Kong ou a Pequim. As fontes citadas pela RTHK asseguraram que a decisão da APN constituiu apenas uma medida de prevenção contra a covid-19.

França Alerta elevado face ao risco de retoma da covid-19 O primeiro-ministro francês Jean Castex endureceu ontem o discurso face a uma “situação epidemiológica que evoluiu no mau sentido”, ao impor a extensão do uso obrigatório de máscara e proibir ajuntamentos de mais de 5.000 pessoas até 30 de Outubro. “Digo-o com gravidade: se não reagirmos

colectivamente, expomo-nos a um risco elevado de retoma epidémica que será difícil de controlar”, preveniu o chefe de Governo durante uma deslocação a Montpellier, sul da França. Nas últimas 24 horas, o número de pessoas diagnosticadas positivas à covid-19 registou um aumento de 785 casos. No total,

foram registados numa semana 10.800 novos casos. O regresso da epidemia “colocará de novo em tensão o conjunto da cadeia de saúde (…) a nossa economia, o nosso sistema educativo, a nossa vida colectiva e cultural”, alertou Castex, apelando para “reagir individualmente e colectivamente” e “vigorosamente”.


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