Hoje Macau 13 OUT 2016 #3674

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QUINTA-FEIRA 13 DE OUTUBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3674

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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MOP$10

hojemacau

CREATIVE MACAU

O CINEMA MORA AO LADO

PEQUIM IMPULSIONA DIVERSIFICAÇÃO NA RAEM

Tabua de ˜ salvacao ´

EVENTOS

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GCS

GRANDE PLANO

h PÁGINA 8

Vergílio Ferreira

MANUEL AFONSO COSTA

Sistema perfeito JOSÉ DRUMMOND

NADA FICARÁ NA MESMA

HONG KONG

Localistas quase fora do Legco

Passagem de Li Keqiang não deixou ninguém indiferente

PÁGINA 13 PÁGINA 6

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GOVERNO ACUSADO DE PASSIVIDADE

Para não depender unicamente do Jogo, Macau tem de diversificar, o que se tem revelado muito difícil. Mas agora a China congeminou diversas saídas para o impasse. Que, para trauma de alguns, passam invariavelmente pelas relações com os Países de Língua Portuguesa.


2 GRANDE PLANO

FÓRUM MACAU CHINA PROPORCIONA DESENVOLVIMENTO DO SECTOR FINANCEIRO

O LUGAR DO DINHEIRO A

sede do fundo chinês de mil milhões de dólares destinado a investimentos de e para o universo lusófono vai ser transferida de Pequim para Macau para facilitar a divulgação e o contacto junto dos potenciais interessados. A informação foi confirmada pelo presidente do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP), Chi Jianxin, à margem da Conferência dos Empresários e dos Quadros da Área Financeira inserida no programa da reunião deste ano do Fórum Macau, que terminou ontem. “Tomámos a decisão, por isso, agora precisamos de discutir com o Governo de Macau como organizar, trabalhar, as regulações para os impostos, por exemplo, ou que tipo de estrutura vai funcionar aqui”, afirmou Chi Jianxin, indicando esperar que a transferência da sede para Macau possa acontecer ainda este ano. “Espero que sim, vamos tentar o nosso melhor”, disse, explicando que a mudança para Macau do fundo de mil milhões pretende fazer com que seja “mais fácil” aos potenciais interessados “entenderem como podem operar o fundo” pensado para apoiar as empresas do interior da China e de Macau no investimento nos países de língua portuguesa e atrair o de lusófonas na China. Activado no final de Junho de 2013, o Fundo aprovou o financiamento de apenas dois projectos: um proveniente da Angola e um chinês para Moçambique. Chi Jianxin revelou que, no total, ou seja, nos dois únicos projectos aprovados, o fundo concedeu um financiamento de 16,5 milhões de dólares, valor que, reconheceu, “não é muito grande”. “Este Fundo é orientado para o mercado. É totalmente operado

comercialmente, por isso, precisamos de avaliar o valor do projecto. Algumas empresas discutiram connosco o investimento, mas não conseguiram facultar os planos básicos de negócios ou estudos de viabilidade, [mas] nós precisamos de analisar estes documentos e de avaliar o projecto, pelo que essas empresas não estavam muito familiarizadas relativamente à operacionalidade do fundo”, sustentou Chi Jianxin.

FINANÇAS NÃO CHEGA

Assim, terminada a V Conferência Ministerial do Fórum Macau,

fica uma certeza: Macau, com um tecido empresarial reduzido, deve virar-se para a criação de novos serviços financeiros e apostar no desenvolvimento de serviços comerciais para empresas e investidores. É esta a conclusão de três personalidades do sector que estiveram ontem presentes na conferência. “Penso que o papel de plataforma deve ir além do apoio financeiro”, disse ao HM Davis Fong, director do Instituto para os Estudos de Jogos Comerciais da Universidade de Macau (UM). “Se olharmos para os detalhes do

A vinda para a RAEM do Fundo de Desenvolvimento permitirá a Macau apostar na criação de mais serviços comerciais e financeiros, diversificando a economia

que foi anunciado pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, há uma forma objectiva de apoiar essa plataforma. Os empresários estão virados para o sector financeiro, mas também há um foco no comércio. Deveria olhar-se para essas áreas em Macau.” O especialista em Jogo lembrou que a recente entrada do renmimbi no cabaz de moedas do Fundo Monetário Internacional (FMI) traz a oportunidade de Macau poder desenvolver o seu sistema financeiro. “O renmimbi tornou-se uma moeda internacional e as tran-

sacções vão acontecer em maior número. Macau, que está no meio dos dois blocos (China e países de língua portuguesa), pode tirar partido disso. Vai haver uma enorme necessidade em termos de apoio a essas transacções e Macau pode ser um centro para as transacções em renmimbi. Se há mais dinheiro a passar por Macau, o território vai tornar-se num importante centro para financiar outros negócios. Podemos desenvolver mais produtos financeiros para servir os negócios sino-lusofónos, para que Macau se torne uma espécie de centro financeiro ao lado de Hong Kong.” Davis Fong referiu, contudo, que o território não vai conseguir competir com a região vizinha, dada a pequena dimensão do mercado, mas pode fazer a diferença. “Podemos desenvolver produtos financeiros como pacotes de gestão de riqueza. Tudo para que possamos captar os fluxos de dinheiro para Macau.”

A LEI DIFERENTE

Ricardo Siu, professor de Gestão da UM, defendeu que é necessário que os apoios financeiros comecem a chegar às Pequenas e Médias Empresas (PME) de Macau. “No início as empresas maiores saem beneficiadas, mas com o passar do tempo queremos que esse apoio chegue às PME de Macau. O desenvolvimento económico deve passar por diferentes conexões e as empresas devem ter mais apoio.” O docente defende também o desenvolvimento do sector financeiro. “Macau pode ter esse papel e criar mais pacotes de gestão de riqueza, bem como lançar mais produtos financeiros no mercado.” Ricardo Siu alertou, contudo, para o facto de vigorar na RAEM


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• O Primeiro-Ministro chinês deixou ontem Macau, depois de uma visita de três dias ao território. Li Keqiang não partiu sem antes sublinhar novamente o papel de Macau como plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa e o facto deste papel poder ajudar a RAEM a alancar a tão almejada diversificação económica

MAIS E MELHOR COMÉRCIO

Pedro Cardoso defende ainda que Macau deve apostar numa melhoria dos serviços que potenciem mais comércio. “Há duas áreas a destacar no sector das exposições e convenções. A área das convenções é bastante importante, sendo que na área das exposições é importante que o centro onde elas se realizem seja um centro de trading (comércio) relevante. Ora Macau tem que potenciar as suas potencialidades em termos de plataforma de trading, de produtos e serviços, para que efectivamente estas exposições tenham sucesso e atraiam verdadeiros profissionais e não apenas meros amadores e interessados de fim-de-semana.” O responsável do BNU acrescentou ainda que a construção da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai vai facilitar a vinda de empresários e do investimento. “As acessibilidades serão infinitamente maiores para quem aterra no aeroporto de Hong Kong, e que poderá estar em Macau em meia hora. Actualmente uma pessoa tem de esperar algumas horas pelo próximo ferry ou ter o transtorno de ir apanhá-lo ao centro de Hong Kong. Esse é um sector que no futuro se irá desenvolver ainda mais”, frisou. Andreia Sofia Silva/Lusa

andreia.silva@hojemacau.com.mo

MACAU VAI SER O CENTRO DE COMPENSAÇÃO DO YUAN

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I Keqiang, Primeiro-Ministro, tem planos para que Macau faça parte do processo de internacionalização do yuan, já em marcha desde que a moeda faz parte do cabaz do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo a agência noticiosa

Centro financeiro

LI KEQIANG JÁ FOI EMBORA

Xinhua, citada pelo jornal Ponto Final, o Governo Central deseja que Macau se transforme num centro para câmaras de compensação nas trocas comerciais realizadas em yuan entre a China e os países de língua portuguesa. As autoridades chinesas

Para Lionel Leong o Fundo de Desenvolvimento em Macau é fundamental

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a legislação portuguesa. “No mercado financeiro global, muitos dos países que disponibilizam estes pacotes financeiros também seguem a Common Law. Foram feitos alguns comentários de que o mercado financeiro de Hong Kong pode ter mais experiência no processamento destes casos, mas com mais apoio Macau pode começar a pensar na criação de mais pacotes financeiros, no sentido de diversificar a economia local”, considerou. Pedro Cardoso, presidente-executivo do Banco Nacional Ultramarino (BNU), defendeu ao HM que “o sector financeiro ainda tem um papel bastante relevante no futuro em relação a esta plataforma de cooperação”.

querem, assim, que a RAEM assuma uma posição de intermediário nos contratos comerciais assinados, sendo que as instituições financeiras envolvidas, as “câmaras de compensação” receberão depois uma percentagem sobre o montante acordado

das transacções. Sobre o território, o primeiro-ministro chinês disse ainda ser um “solo precioso da Flor de Lótus na Pátria”, defendendo que Macau é um exemplo de sucesso da concretização da política “Um país, dois sistemas”.

A

transferência de uma delegação do Fundo de Desenvolvimento do Fórum Macau para o território é crucial para o evoluir da economia regional e sua expansão. A ideia foi sublinhada ontem pelo Secretário Lionel Leong, em conferencia de imprensa onde fez o balanço de mais um Fórum Macau. Se Macau já conta com um papel estratégico de relevo na relação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP), agora com a transferência do Fundo de Desenvolvimento (FD) para a RAEM esse papel conhecerá um outro destaque, nomeadamente porque o poder de decisão será exercido localmente. Segundo declarações proferidas ontem pelo Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, o objectivo é que os processos relacionados com os PLP, e que incluem a participação de empresários da RAEM, passem a ser “mais simples e mais rápidos”. A concretização da transferência, que está a cargo do Banco de Desenvolvimento da China, ainda não é clara. “Para avançar, é necessário recorrer à opinião dos empresários, por exemplo, que são os maiores interessados nesta medida, para que a possamos concretizar da melhor forma”, avançou Lionel Leong. Até agora o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) tem sido a instituição de ligação e apoio no acesso dos empresários locais ao Fundo mas, com a nova medida, “existirá um acesso mais directo”. É, essencialmente, com a transferência do Fundo de Desenvolvimento do Fórum Macau para a RAEM que “vamos poder prestar um melhor serviço aos empresários e será mais fácil fornecer apoio a todo o tipo de empresas, nomeadamente

às pequenas e médias empresas”. Por outro lado, é também uma medida que “reflecte Macau como centro financeiro”.

LIQUIDAÇÃO TOTAL

Lionel Leong frisa ainda o papel do Banco da China como banco de liquidação do yuan. A instituição tem tido um papel fundamental “no apoio e prestação de serviços a empresas lusófonas”, sendo que Macau poderá passar a integrar o centro deste processo. A forma, data ou planos nesse sentido ainda não estão definidos, mas é esse o objectivo do Executivo, tendo em conta as relações comerciais entre a RAEM e os PLP. No seu discurso, o Secretário para a Economia e Finanças não deixou de frisar que em 2015 o volume de trocas entre Macau e PLP atingiu o valor de 603 milhões de patacas, o que representa um aumento de 279% se comparado com os valores de 2003. Por outro lado, o banco de liquidação do yuan em Macau ajudou, também em 2015, os bancos dos PLP a processar a liquidação de operações em yuans, no valor total de 7,6 mil milhões. Lionel Leong não deixou de salientar as possibilidades que se abrem no sector do emprego e diversificação na RAEM. “Macau enquanto plataforma de serviços financeiros vai necessitar de profissionais qualificados nestas áreas”, afirma o Secretário. Contabilistas e especialistas em finanças serão profissões a considerar e para as quais abrirão vagas. O desafio cabe agora à área da Educação, no sentido de acompanhar esta necessidade que se antevê e que, segundo Lionel Leong, prestará um grande contributo para a diversificação da economia da RAEM. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


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FÓRUM MACAU PORTUGAL VOLTA A PROMOVER VISTOS DOURADOS

GRANDE PLANO

“UM PARCEIRO DE T

ECNOLOGIA, indústria, turismo, têxteis, pescas, imobiliário e a lista não fica por aqui. Manuel Caldeira Cabral, Ministro português da Economia, e Miguel Frasquilho, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), encheram ontem Portugal de elogios na conferência de empresários e quadros da área financeira do Fórum Macau. A política dos vistos dourados voltou a ser promovida no discurso de Manuel Caldeira Cabral, depois do Primeiro-Ministro português, António Costa, ter feito o mesmo aquando da sua passagem por Pequim e Xangai. “No imobiliário tem havido um grande investimento por parte de

GCS

António Costa promoveu os vistos dourados na China, Manuel Caldeira Cabral, Ministro da Economia de Portugal, voltou a promovê-los perante uma plateia de potenciais investidores do Fórum Macau. O país foi apresentado como sendo “um parceiro de referência”

PUB HM • 1ª VEZ • 13-10-16

empresários e de grandes empresas da China. Esse investimento tem sido realizado a nível de grandes projectos ou a nível individual, com o programa dos vistos gold. Teve um enorme sucesso, em termos de empresários de vários países, mas em particular de empresários da China”, referiu o Ministro da Economia. Apolítica dos vistos dourados foi, contudo, assombrada por suspeitas de favorecimento alegadamente protagonizado por dirigentes políticos. Vários investidores chineses já se disseram “enganados” após a descoberta do caso, que chega à barra dos tribunais em Janeiro. De resto, Manuel Caldeira Cabral deixou claro que “há muitas outras áreas de colaboração para a qual queremos atrair mais empresários chineses, tal como

Na hora da despedida Apelo à participação empenhada dos privados

ANÚNCIO Acção de Interdição CV2-16-0090-CPE 2º Juízo Cível

Requerente: O MINISTÉRIO PÚBLICO. Requerido: Fong Tai Kuan (馮大群), maior, residente no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior Pou Tai, sito na Rua do Minho, edf. de Serviços de Apoio ao Cidadão, Macau. *** FAZ SABER que foi distribuída ao 2º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, contra Fong Tai Kuan (馮大群), para o efeito de ser declarada a sua interdição por anomalia psíquica. Macau, aos 29 de Setembro de 2016. *****

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reunião deste ano do Fórum Macau, de aprofundamento da cooperação económica sino-lusófona, encerrou ontem com apelos a maior participação dos privados e à criação de novos serviços financeiros e promessas de apoio à industrialização de alguns países.

O Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau, reuniu ontem na cidade empresários e quadros da área financeira, depois de na terça-feira ter decorrido o encontro dos governos

dos países que o integram (China, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Brasil e Timor-Leste), que assinaram o plano de acção para o triénio 2017-2019. O documento lança “novas diretrizes” para a cooperação, destacou hoje a vice-

Os recados de Temer

Brasil veio a Macau dizer que a crise política no país acabou

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ARCOS Pereira, Ministro da Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, disse ontem no encontro de empresários e quadros da área financeira do Fórum Macau que o país recuperou da sua crise política dos últimos meses e que está pronto para receber ainda mais investimento externo. “Podemos afirmar que superamos um período de insegurança e incerteza no quadro político brasileiro. Com a confirmação do presidente Michel Temer à frente do Governo Federal, vem-se restabelecendo o quadro de saudável estabilidade política do país”, disse Marcos Pereira no seu discurso, perante uma plateia preenchida com todos os membros das delegações que

fazem parte do Fórum Macau. Para Marcos Pereira, é assim “prioritário o resgate da economia (brasileira), de modo que está a ser proposto importantes reformas para recolocar o Brasil nos trilhos de desenvolvimento económico”. O Ministro brasileiro não deixou de frisar a “importância da transparência na gestão da coisa pública”, numa altura

-ministra do Comércio da China, Gao Yan, na abertura do encontro empresarial, sublinhando o novo foco no apoio ao desenvolvimento da capacidade produtiva dos países de língua portuguesa africanos e de Timor-Leste. Estes países estão numa “fase inicial da industrialização” e têm “muitas oportunidades de negócio na área das infra-estruturas, da energia, da agricultura e das pescas”, referiu.

em que o país vive o caso Lava Jato, uma das maiores investigações sobre lavagens de dinheiro que envolvem a Petrobras e outras empresas. Deve existir “o diálogo constante com a sociedade, pois as políticas públicas não podem ser um exercício de cima para baixo, elaboradas unilateralmente por governos herméticos, mas sim o fruto de uma construção democrática”, defendeu Marcos Pereira. “Não tenho dúvidas de que o caminho para a retomada do crescimento económico sustentável do Brasil passa pelo reposicionamento do comércio exterior em direcção ao centro da agenda prioritária do Governo. O Brasil estava subaproveitado no comércio internacional. O Brasil está fazendo o seu dever de casa”, concluiu o Ministro. A.S.S.


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REFERÊNCIA” A

Obsessão da cidadania Novas medidas para mais mobilidade na CPLP

a indústria, a qual pode ser uma porta de entrada no mercado europeu.” A ligação aérea que a TAP vai lançar entre Lisboa e Pequim também foi referenciada no discurso. “No caso de Portugal existe já uma relação forte no sector financeiro e da energia, mas há ainda muitos pontos de cooperação ainda por explorar. O turismo é uma área crescente em termos de visitantes da China e a ligação aérea que deverá começar em pouco mais de seis meses vai certamente reforçar essa área.”

ALÔ ESTOU AQUI

Miguel Frasquilho, presidente da AICEP, subiu ao palco para

lançar o isco ao investimento. “Peço o radar das vossas intenções de investimento. Portugal deve ser encarado como um parceiro de referência em relação à sua experiência e ‘know how’ (saber fazer). Nos últimos anos o tecido empresarial atingiu patamares significativos. Portugal tem hoje mais empresas a vender mais produtos e serviços e em mais mercados. É hoje um activo reconhecido internacionalmente e que acrescenta muito valor.” Sem avançar uma data para a já anunciada abertura do escritório em Cantão, Miguel Frasquilho fez questão de frisar que a presença comercial que Portugal

tem por esse mundo fora. “No âmbito do plano estratégico que temos vindo a implementar, já acompanhamos todos os países de língua portuguesa e, para além das presenças na China em Xangai, Pequim e Macau, com a abertura do nosso consulado em Cantão tencionamos também ter o nosso escritório da AICEP nesta importante cidade chinesa”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Investimentos à beira-mar Global Media quer ir além do “rectângulo” chamado Portugal

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ANIEL Proença de Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Global Media, disse ontem aos jornalistas que é objectivo da empresa de média pensar além de Portugal e estabelecer contactos com outros Países de Língua Portuguesa. A compra de 30% da empresa pela Macau KNJ Investment Limited, ontem oficializada no Fórum Macau, é disso exemplo. “Achamos que Portugal não deve esgotar a sua actividade no nosso rectângulo e que todos temos a ganhar. Quando digo todos digo os

portugueses e os outros povos que falam a mesma língua. Todos temos a ganhar com um grupo que pode chegar a vários mercados. Vamos prosseguir com uma maior capacidade aquilo que pretendemos desde que fizemos a reestruturação do grupo, que é alargar as nossas actividades aos países que falam Português. A estrutura dos accionistas do grupo, com portugueses, umAngola e agora a empresa de Macau, vai-nos permitir atingir esses objectivos”, frisou o também advogado. O investimento feito pelo sobrinho de Edmund Ho, Kevin Ho, no

valor de 17,5 milhões de euros, vai permitir à Macau KNJ Investment Limited ser o maior accionista da Global Media.Apartir daqui o objectivo é seguir uma tendência mundial no mundo dos média: reduzir os formatos em papel e apostar nos meios multimédia. “É inevitável (que isso aconteça) e nós desde o início, quando começámos esta reestruturação, que apontámos o digital como sendo um dos grandes objectivos. Posso dizer com alguma satisfação que o nosso grupo já é líder no digital e que as coisas estão a correr bem”, rematou Daniel Proença de Carvalho. A.S.S.

criação de uma cidadania CPLP e a mobilidade dos cidadãos entre os vários países de língua portuguesa são requisitos para o futuro da organização lusófona, defenderam os vários participantes num seminário sobre os 20 anos da organização. “A aproximação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa aos seus cidadãos é um dos maiores desafios, a questão da mobilidade é crucial”, disse o secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, na sua intervenção no seminário, que decorreu na Assembleia da República. Numa altura em que se aproxima a próxima cimeira da organização lusófona, marcada para 31 de Outubro e 1 de Novembro, em Brasília, Murade Murargy fez um balanço do seu mandato, que termina nessa altura, e lançou as suas ideias para o futuro. “Os nossos cidadãos interrogam-se: Como é que sendo nós irmãos não podemos interagir, estudar, investigar, realizar intercâmbios culturais, realizar competições desportivas ou fazer negócios sem barreiras fronteiriças?”, exemplificou. Também o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, defendeu que a CPLP deve “pôr mais ênfase na dimensão da cidadania, como dimensão que atravessa todos os pilares, da concertação político-institucional, da língua e da cooperação”. Para o governante português, a aposta deve ser a promoção do interconhecimento dos falantes do português. “Alíngua portuguesa tem variedades linguísticas. É fundamental para preservar a compreensão

interna à grande língua plural, promover o interconhecimento das diversas variedades, conhecendo as literaturas uns dos outros, falando uns com outros, frequentando universidades uns dos outros, fazendo intercâmbio na criação artística”, disse. Defendeu também a melhoria das condições de circulação e mobilidade dos cidadãos, sejam eles estudantes, trabalhadores, turistas, profissionais, jornalistas e preconizou que a organização avance “em coisas concretas que permitam construir a cidadania CPLP”. “Aquela em que é possível avançar mais depressa é na portabilidade dos direitos sociais”, afirmou Santos Silva. O deputado Filipe Lobo d’Ávila disse também que a CPLP “deve ser cada vez mais um projecto de cidadania, progredir para o estatuto do cidadão da CPLP, que ainda está por concretizar, facilitar a circulação de pessoas”. Num discurso em que afirmou haver “um défice de coordenação efectiva” entre os Estados-membros, e em que denunciou “falta de músculo político, económico, militar, diplomático e energético” na organização, o deputado da comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades defendeu ainda a importância da agenda digital. Os Estados-membros ocupam posições estratégicas, a língua portuguesa é a quinta língua mais falada, tem um mercado global de 270 milhões de consumidores, espalhados por mais 10 milhões de quilómetros quadrados, pelo que “ter comunicações é tudo, é vencer descontinuidades geográficas, é aproximar uns dos outros”, afirmou.

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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 45/P/16

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 46/P/16

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 22 de Setembro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Equipamentos Laboratoriais Cedidos Como Contrapartida do Fornecimento de Reagentes ao Laboratório de Saúde Pública dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Outubro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau (Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo), onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 8 de Novembro de 2016 O acto público deste concurso terá lugar no dia 9 de Novembro de 2016, pelas 15,00 horas, na“Sala Multifuncional”do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP40 000,00 (quarenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 5 de Outubro de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 22 de Setembro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Contador Automático de Células Sanguíneas aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Outubro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau (Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo), onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 11 de Novembro de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 14 de Novembro de 2016, pelas 10,00 horas, na“Sala Multifuncional”do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP16 000,00 (dezasseis mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 5 de Outubro de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


6 POLÍTICA

hoje macau quinta-feira 13.10.2016

MINISTRO DA EDUCAÇÃO PORTUGUÊS REÚNE COM ALEXIS TAM IAGO Brandão Rodrigues, ministro português da Educação, faz hoje o périplo pela maioria das instituições de matriz portuguesa do território, estando previsto um almoço de trabalho com Alexis Tam, Secretário

para os Assuntos Sociais e Cultura. O dia começa por volta das 11h00, na Escola Portuguesa de Macau (EPM), estando prevista uma visita às instalações e ainda uma reunião com a Fundação EPM. Tal como noticiou o HM esta

A visita do primeiro-ministro chinês e a sua participação no Fórum Macau é vista pelos deputados locais de diferentes perspectivas: as opiniões extremamse, da “total concordância” à “vergonha”

semana, a continuação do financiamento à escola por parte da Fundação Macau (FM) deverá ser um dos temas abordados. Após o almoço com Alexis Tam, Tiago Brandão Rodrigues visita a escola luso-chinesa da Flora por

volta das 16h00, estando prevista uma visita ao Consulado-Geral de Portugal. O final do dia fica ainda reservado para um encontro com os conselheiros do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), no qual José Pereira Coutinho

não deverá estar presente, segundo a agenda oficial. Gilberto Camacho deverá substituí-lo, ao lado de Rita Santos, Armando de Jesus e Lídia Luz. Há ainda espaço para uma visita ao Instituto Português do Oriente (IPOR),

DEPUTADOS REAGEM A PRESENÇA DE LI KEQIANG

Gostos e desgostos GCS

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I Keqiang, primeiro-ministro chinês, terminou ontem a visita a Macau e deixa um rasto agridoce no que respeita às consequências futuras. Entre a zanga, a farsa e os apoios, as opiniões dos deputados da terra dividem-se. A aposta na educação deveria ser a meta actual do Governo, frente ao desafio da diversificação económica da região. É o que diz o deputado José Pereira Coutinho, que vê a concretização dos objectivos propostos por Pequim com alguma relutância e responsabiliza o Executivo local por os levar, ou não, a bom porto. “Não obstante as motivações que temos vindo a receber, que acontece sempre que um alto dirigente do Governo Central vem a Macau, é também preciso que a população e, principalmente o Governo, se empenhe mais em criar os alicerces para a consolidação das medidas e expectativas que Pequim deposita no território”, afirma o deputado ao HM. Um dos pontos de maior relevo e preocupação reside, para o deputado, na dependência do sector do Jogo. “Fomos, somos e seremos dependentes do Jogo”, afirma, enquanto avança que Macau tem, neste momento, um problema estrutural em que “cerca de 60 mil pessoas estão a distribuir cartas nas salas dos casinos”.

O investimento na qualidade de ensino e na criação de outro tipo de postos de trabalhos aliados a outros sectores é imperativo e “sem isso não há boa intenções que possam ser concretizadas”, frisa.

DEMONSTRAÇÃO DE APOIO

As medidas anunciadas por Li Keqiang são, para Chan Meng Kam, reflexo pleno do apoio por parte de Pequim na construção de Macau enquanto um centro e plataforma únicos. O deputado mostra a confiança na determinação do território no desenvolvimento conjunto. “Estas medidas e este apoio são essenciais para o território”, refere ao HM. Numa perspectiva de continuidade dos princípios de “um país dois sistemas”, esta visita foi mais um apoio claro também dirigido à sociedade civil de Macau. “Apesar de ser uma visita curta, há que valorizar a distribuição do seu tempo no

contacto mais próximo com os habitantes de Macau o que reflecte o seu desejo de proximidade à população”, afirmou Chan. Wong Kit Cheng, por seu lado, considera que as medidas divulgadas no Fórum Macau podem ajudar a região na continuidade do seu projecto para diversificação da economia. Por outro lado, “são iniciativas que irão, com certeza, promover a expansão das empresas locais para o exterior”, afirma a deputada. “Macau pode fazer uso da particularidade de ser uma janela para o mundo.” No entanto, a deputada não deixa de dar sugestões à RAEM. “O desenvolvimento previsto da economia marítima é repleto de vantagens e Macau não pode ser indiferente a isso”, sublinha, no sentido de que é obrigatório que o território aproveite a sua extensão de área marítima. Outro aspecto é o aproveitamento das associações locais e

o incentivo às mesmas para uma maior e mais profícua comunicação com os PLP. Esta medida atrela uma outra, a do “desenvolvimento de relações na área da educação, ainda mais fortes, na formação de quadros bilingues”.

ESPECTÁCULO E VERGONHA

Já para Ng Kuok Cheong, tanto a visita de Li Keqiang como a ideia de consolidação de Macau enquanto plataforma não passam de “um bom espetáculo”. O deputado, insatisfeito com os acontecimentos que encheram a RAEM nos últimos dias, considera que “esta visita alcançou os objectivos do Governo Central, nomeadamente no que concerne ao encontro com líderes de outros países, mas não passou de um grande espectáculo”. Ng Kuok Cheong não deixa de mencionar as medidas de controlo e segurança que acompanharam toda a visita do Primeiro Ministro chinês.

onde está previsto um encontro com o seu director, João Laurentino Neves, e alunos. O dia termina com uma visita ao Clube Militar e à exposição de pintura lusófona. Tiago Brandão Rodrigues deixa a RAEM amanhã. A.S.S.

Também o pró-democrata Au Kam San partilha da mesma opinião. Ao HM, o deputado afirma que o Fórum “responde às políticas diplomáticas do Governo Central mas não traz muito impacto ao território”. Confrontado com as medidas anunciadas, Au Kam San é claro: “não estou optimista relativamente ao efeito das 18 medidas anunciadas no Fórum para estreitar os laços entre os Países de Língua Portuguesa (PLP) e a China, principalmente no que possa envolver a RAEM porque é um território que não está intimamente nem directamente ligado aos PLP”. No entanto, Au Kam San não deixa de considerar que Pequim “tem a sua razão quando atribui o papel de plataforma a Macau”. Dos resultados que poderão advir, Au Kam San não tem certezas e considera que os mesmos dependem do acompanhamento do cumprimento dessas medidas por parte do próprio Governo Central. No entanto, no meio de muitas dúvidas, considera a possibilidade de que as iniciativas do Fórum venham a contribuir para um aumento dos postos de trabalho no território, nomeadamente com a operacionalização dos três centros associados ao Fórum de Macau. Au Kam San não deixa de comparar a visita de Li Keqiang com a do seu homólogo português, António Costa. “Com o primeiro-ministro chinês foi tudo muito divertido, mas foi também encenado”, afirma referindo-se às fortes medidas de segurança implementadas durante a estadia do chefe de governo. Já com António Costa, foi completamente diferente e o dirigente conseguiu, dessa forma, uma maior aproximação com a população que estava a visitar, lamenta o deputado. Para o pró-democrata, “sempre que os líderes de Pequim vêm a Macau, pretendem criar a ilusão de que contactam directamente com o povo, mas foi tudo preparado e não conseguimos ver nada verdadeiro, foi apenas um espectáculo político. Sou chinês e sinto-me envergonhado”, remata Au Kam San. Sofia Mota (com Angela Ka) sofiamota.hojemacau@gmail.com


7 hoje macau quinta-feira 13.10.2016

POLÍTICA

ASSEMBLEIA VISITA CANTÃO, SHENZHEN E ZHUHAI

O

S deputados de Macau foram convidados pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado para visitar Cantão, Shenzhen e Zhuhai entre hoje e sábado. Na agenda dos membros do hemiciclo, que regressam ao trabalho na segunda-feira, está uma visita aos Comités

Permanentes da Assembleia Popular de Guangdong, Shenzhen e Zhuhai, à Zona de Comércio Livre de Qianhai, ao posto fronteiriço do corredor da Baía Oeste de Shenzhen e à ilha artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Ho Iat Seng, Presidente da Assembleia Legislativa, lidera

a comitiva que conta com o subdirector do Gabinete para os Assuntos de Macau do Conselho de Estado, Feng Wei, e do subdirector do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Chen Sixi. “A visita tem como objectivo reforçar a comunicação entre a

AL REGRESSO AO TRABALHO COM ANÁLISE DE DIPLOMAS

A

RRANCA na segunda-feira a nova sessão legislativa do hemiciclo, estando já marcadas análises e aprovações de diplomas e orçamentos. Os deputados regressam à Assembleia Legislativa (AL) às 15h00 de dia 17, mas têm também agenda marcada para o dia seguinte. De acordo com a agenda da AL, publicada ontem, vai ser apresentado na segunda-feira o Relatório sobre a Execução do Orçamento de 2015 e do Relatório de Auditoria da Conta Geral de 2015. Representantes do Governo estarão presentes no hemiciclo, onde se vai debater também a proposta do Orçamento Privativo da Assembleia Legislativa para 2017 (ver texto secundário). No mesmo dia, e porque começa uma nova sessão legislativa, vão a eleição o Presidente e Secretário de cada uma das três Comissões Permanentes e das Comissões de Regimento e Mandatos, Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas e de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública. Já na terça-feira, e pouco mais de uma semana depois de terem sido apresentadas, as propostas de Lei do Enquadramento Orçamental e de Determinação de Não Vigência das Leis e Decretos-lei Publicados no Período Compreendido Entre os Anos de 1976 e 1987 vão a votos. A apresentação, discussão e votação na generalidade começa depois da apre-

GCS

Orçamentos e obsoletos

sentação de interpelações escritas antes da ordem do dia pelos deputados.

O DIPLOMA DESEJADO

A proposta de Lei do Enquadramento Orçamental tem, há muito, vindo a ser pedida pelos deputados. O novo diploma, prometido pelo Executivo para 2017, dita que a AL passa a receber, anualmente e sempre em Novembro, o orçamento do ano seguinte para análise e aprovação. O Governo deve ainda apresentar à AL, até 10 de Agosto de cada ano, “o relatório intercalar da execução orçamental”, o qual é reportado a 30 de Junho do mesmo ano, e deve ainda ser entregue aos deputados, no prazo de 30 dias após o termo de cada trimestre, “o relatório de execução orçamental do Plano de Investimentos e Despesas

de Desenvolvimento da Administração (PIDDA)”. Os documentos devem conter dados como o encargo total previsto ou estimado para cada um dos projectos e as parcelas relativas aos encargos do ano do orçamento em causa, para que o hemiciclo “tenha um melhor conhecimento do planeamento global dos projectos de investimento dos serviços públicos, viabilizando a fiscalização aprofundada, atempada e eficaz em matéria das finanças públicas da RAEM a desempenhar pela mesma”. A proposta de lei prevê ainda que as chamadas “dotações provisionais”, ou seja, despesas não previstas no orçamento daquele ano, estejam sujeitas a um limite de 3% do valor total das despesas do orçamento. Já o diploma analisado em segundo lugar na terça-feira

debruça-se sobre a revisão ou eliminação de mais de dois mil diplomas actualmente vigentes que o Executivo considera não se adequarem mais à realidade da RAEM. O Governo deu a conhecer que iniciou o trabalho de “recensão e adaptação” de leis e decretos-lei, num total de 2123 diplomas publicados entre 1976 e o dia 19 de Dezembro de 1999, que marcou a passagem da soberania de Macau de Portugal para a China. Divididos em duas listas – “diplomas previamente vigentes que ainda estão em vigor” e “diplomas previamente vigentes que não estão em vigor” -, o Conselho Executivo apresentou propostas legislativas no sentido de adaptar e integrar as leis, “por estes já se encontrarem desactualizados, ou até mesmo claramente desarticulados com o desenvolvimento da sociedade e da economia”. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

AL e os comités permanentes de diferentes níveis da Assembleia Popular, trocar opiniões sobre o planeamento, processo e técnicas legislativas e sobre a fiscalização da execução orçamental, ao Governo e o acompanhamento da aplicação das leis”, frisa um comunicado do Governo.

Meninos poupados Orçamento da Assembleia Legislativa para 2017 com quebra nas despesas

O

orçamento privativo da Assembleia Legislativa (AL) para 2017 apresenta cortes nas despesas, que o hemiciclo justifica com “variações” nos gastos. Em termos práticos, há um decréscimo de 3,8% na despesa anual, comparativamente ao orçamento deste ano. Segundo o projecto que será apresentado na segunda-feira aos deputados, a AL prevê gastar 182,3 milhões de patacas no próximo ano. Se aprovado, como é habitual, o orçamento cobre despesas com pessoal e aquisição de bens e serviços, havendo uma descida em todas as contas menos na que diz respeito ao pagamento de salários.

Assim, segundo o documento ontem tornado público, as “despesas com pessoal” aumentam em 4,4% (mais de cinco milhões de patacas), por culpa da actualização dos salários da Função Pública deste ano, e descem em mais de 10% nos custos com bens e serviços adquiridos pelo hemiciclo. Por exemplo, a AL pretende gastar menos 838 mil patacas com missões de serviço, que se incluem nesta rubrica, que desce assim 3,4 milhões de patacas. A AL terá também “menores necessidades de renovação de equipamentos”, que levam a que as despesas caiam em mais de 3,4 milhões de patacas. A descida no capítulo das despesas é rara e é algo que já não acontecia quase há uma década. No total, a AL gasta menos 1,6 milhões de patacas - menos 0,88% do que o orçamento inicial para 2016, mas menos 3,8% quando comparado com o orçamento que foi revisto em alta no primeiro trimestre do ano. J.F.

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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 44/P/16 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Setembro de 2016, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Três Camas para Exame Ginecológico aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Outubro de 2016, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau (Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo), onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP35,00 (trinta e cinco patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 14 de Novembro de 2016. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Novembro de 2016, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”do Antigo Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo dos Serviços de Saúde, sita no r/c, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP16 800,00 (dezasseis mil e oitocentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 5 de Outubro de 2016 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


8 hoje macau quinta-feira 13.10.2016

HOJE MACAU

SOCIEDADE

PRESIDÊNCIA DA FUNDAÇÃO ESCOLA PORTUGUESA SEM ALTERAÇÕES

Roberto Carneiro vai manter-se como presidente do Conselho de Administração da Fundação Escola Portuguesa de Macau, avança a Rádio Macau. Através da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), que faz parte da estrutura accionista, Miguel Senna Fernandes assume o cargo de vice-presidente. Raul Capaz Coelho é o nome escolhido pelo Ministério da Educação de Portugal. José Luís Sales Marques mantém-se como administrador. Um quinto membro vai ser designado, mas ainda não há decisão. O nome terá de ser escolhido pelos dois accionistas da Fundação Escola Portuguesa de Macau: a APIM e o Ministério da Educação de Portugal. Ontem, membros da Fundação Escola Portuguesa de Macau reuniram-se com Tiago Brandão Rodrigues.

EX-DIRECTOR DO CENTRO “UM PAÍS, DOIS SISTEMAS” CRITICA “PASSIVIDADE” DO GOVERNO

Em busca da prática perdida

I

EONG Wan Chong, ex-director do Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas” do Instituto Politécnico de Macau (IPM) considera que o Governo se concentra apenas na “governação de acordo com a lei”, esquecendo que as coisas têm de funcionar na prática. O ex-responsável critica, por exemplo, o facto de Macau ter posto em vigor a Lei do Planeamento Urbanístico sem o plano em

A

si e fala em decisões que não passam pelo hemiciclo, quando deveriam. Em declarações ao Jornal All About Macau, Ieong Wan Chong defende que os trabalhos do planeamento urbanístico geral deveriam ter sido preparados com antecedência e acusa o Governo de se escudar com a governação de acordo com a lei para justificar estes atrasos. “O Governo teria de ter já uma ideia bastante clara

O Ieong Un Fong, chefe de Espaços Verdes Urbanos do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), indicou ontem no programa “Macau Talk” do canal chinês da Rádio Macau que houve “apenas dois casos” de danos a árvores devido à construção de novos empreendimentos. Os dois casos já estão sob investigação da Polícia Judiciária (PJ) e ambos envolveram a retirada de árvores inteiras para esvaziar as vias.

sobre as cláusulas essenciais [para o plano urbanístico]. Antes da aprovação da lei já se poderiam ter lançado os estudos necessários, para que depois da aprovação da lei já se pudessem colocar em prática”, defende, criticando os “muitos anos de atraso do planeamento urbanístico e a atitude de não fazer nada”. O também académico refere o relatório de auditoria sobre o “Planeamento e

Construção de Edifícios para Instalação de Serviços Públicos”, para dizer que, como o planeamento urbanístico geral está atrasado já há anos, o plano de construção destas instalações administrativas também é lento e o Governo está a perder dinheiro dos cofres públicos ano após anos para arrendar propriedades privadas. “O problema é que o plano não consegue acompanhar e isso mostra [uma governa-

Velhos são os trapos

IACM pondera plantação de árvores antigas nos novos aterros

Ao Ieong Un Fong falava depois de ter sido dada a conhecer a lista de proteçcão de cerca de 500 espécies de árvores e assegura que os cidadãos de Macau têm consciência face à necessidade de protecção das árvores e “raramente” acontecem danos às árvores de forma intencional.

Recentemente, tinha sido pedido que o Executivo plantasse árvores antigas para que estas pudessem desenvolver-se em Macau, mas no mesmo programa, Leong Kun Fong, membro do Conselho de Administração do IACM, referiu que é “extre-

ção] sob conceitos passivos e dependentes”, frisou. Ieong Wan Chong considera ainda que o Plano Quinquenal deveria ter passado pela avaliação do hemiciclo, “para assegurar que pode ser concretizado de forma eficaz”. “Não se deve ter medo da apreciação pela AL. É normal que existam vozes diferentes, mas essas só vão contribuir para a governação”, rematou. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo

mamente difícil” fazer isso na península de Macau, espaço limitado. Ainda assim, diz, a plantação destas árvores vai ser considerada nos Novos Aterros. Um ouvinte do programa mostrou-se preocupado pela conservação das árvores antigas na colina da Ilha Verde e vila de Ká Ho. Leong Kun Fong relembrou que houve 12 árvores da vila de Ka Hó que foram incluídas na Lista de Salvaguarda de Árvores

MEIA CENTENA DE ILEGAIS EM AGOSTO Foram identificados 55 trabalhadores ilegais em Macau no mês de Agosto. A informação é dada a conhecer em comunicado da PSP, que aponta também que foram mais de 400 os locais fiscalizados nesse mesmo mês, incluindo terrenos com obras em construção, residências e estabelecimentos comerciais e industriais. As acções de fiscalização contaram com a colaboração dos Serviços para os Assuntos Laborais.

Antigas e de Reconhecido Valor. Quanto à colina da Ilha Verde, como a zona é privada, as árvores não estão actualmente incluídas na lista. Ainda assim, prometeu que o assunto vai ser discutido pelo IACM e Instituto Cultural (IC), ainda que a própria colina já foi incluída na lista do património, pelo que “já está a ser protegida”. A.K. (revisto por J.F.)


9 hoje macau quinta-feira 13.10.2016

Patriotismo hospitalar

A

deputada Angela Leong enviou uma nota à comunicação social onde refere várias queixas dos residentes que recebem registos médicos numa língua que não compreendem. Os pacientes terão referido à deputada que sentem muitas dificuldades em saber as informações de forma clara e detalhada sobre o seu estado de saúde. Para a deputada, que também é administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), os registos médicos têm a função essencial de registar o estado da doença e o seu tratamento, desempenhando um papel fundamental na informação dada ao doente e nos métodos de tratamento escolhidos. Angela Leong referiu que todas as instituições públicas de saúde em Macau usam idiomas nos registos médicos que muitos dos residentes não compreendem, levando a que os cidadãos só consigam compreender a sua doença através da explicação directa do médico.

TIAGO ALCÂNTARA

Angela Leong quer apenas chinês nos registos médicos

A deputada lembrou que o Governo já tinha referido a dificuldade na unificação dos idiomas utilizados e na tradução de termos médicos para Chinês. Angela Leong sugeriu que se tenha como referência as regiões vizinhas, lembrando que o interior da China utiliza o chinês em todos os registos médicos, o que significa, para ela, que foi resolvido o problema da unificação das línguas. Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

Passa-me cartão

Pagamentos electrónicos nos estacionamentos chegam para o ano pagamentos através de outro tipo de plataformas como o Alipay e o WeChat, as quais são predominantes no interior da China. O representante da Autoridade Monetária de Macau (AMCM) referiu que o mercado dos parques de estacionamento está aberto a essa possibilidade. O problema, referiu, é se as empresas estarão interessadas em operar em Macau. Para já a Macau Pass deverá cooperar com a CTM no desenvolvimento de um cartão SIM especial, que visa estabelecer a ligação entre o telemóvel e o pagamento do parque de estacionamento. A AMCM confirmou ainda a gradual substituição dos parquímetros, por forma a que possam ser fornecidos mais meios de pagamento junto dos consumidores. A.K. (revisto por A.S.S.)

Centro de Estágios SÓ AS FUNDAÇÕES

CUSTARÃO ENTRE 330 A 450 MILHÕES

Sapeca a jorrar Não vai sair barato. É o novo empreendimento do Governo, dedicado ao desporto.

da Rua de Ténis. Ocupa um terreno com cerca de 12.400 metros quadrados e esta obra inclui os trabalhos de escavação e da colocação das estacas para a fundação. O Governo diz querer “impulsionar o desenvolvimento de desportos competitivos em Macau”, tendo anunciado a construção deste Centro de Formação e Estágio de Atletas há já alguns anos. O Centro deveria ter estado concluído em 2012, mas só daqui a três – segundo disse Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto, recentemente – é que deverá estar pronto. No ano passado, o Executivo frisou que o novo espaço nasce numa altura em que “a RAEM

tem assistido a um enorme desenvolvimento na área do Desporto, o que determinou um aumento significativo das exigências de formação dos atletas”. A ideia é que o Centro tenha condições para formar atletas locais e estrangeiros e que sirva como espaço de formação. O Centro nasce no parque da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, espaço que tem sido criticado ao longo dos anos por alguns deputados, por considerarem que está ao abandono. Numa resposta ao HM, de Abril, o Governo discorda desta ideia e diz também que não estão pensadas quaisquer obras de remodelação porque o local está em pleno funcionamento. “As Associações Desportivas desenvol-

vem o seu trabalho com as Selecções de Macau num total de cinco modalidades: Ciclismo Acrobático, Badminton, Esgrima, Ténis de Mesa e Basquetebol. Para além de treinos e actividades dentro da oferta desportiva no âmbito do programa do desporto para todos, são ainda organizados todos os anos um conjunto de eventos desportivos locais”, disse o Executivo, acrescentando que não estão previstas quaisquer obras de remodelação. Estas primeiras obras para o Centro de Estágio deverão começar no final do ano, sendo que a empreitada “cria 150 postos de trabalho”. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo GOOGLE MAPS

O

sistema de pagamento electrónico com o cartão Macau Pass passará a funcionar nos parques de estacionamento públicos já no próximo ano, confirmou a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) numa reunião ordinária do Conselho Consultivo das Ilhas. Segundo o Jornal do Cidadão, Sin Chi Young, porta-voz do Conselho Consultivo, referiu que neste momento o sistema de pagamento electrónico já existe em dez auto-silos, sendo que este ano ficará incluída a instalação em mais onze espaços. Só em 2017 será feita a implementação em todos os parques de estacionamento. Na reunião, um dos membros questionou se seria possível a criação do serviço de

S

Ó as fundações do novo Centro de Estágios de Atletas poderão custar até 448 milhões de patacas e não menos do que 330 milhões. São estes os preços apresentados por meia dúzia de empresas, que concorreram ao concurso público para a construção das fundações do projecto que o Governo quer que seja internacional. Num comunicado, o Executivo dá a conhecer que os concursos de adjudicação serão realizados de forma faseada. O primeiro realizou-se ontem, no Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), organismo encarregue da obra, foram recebidas um total de 14 propostas. Destas, só uma foi excluída. “Os preços propostos para a empreitada de construção das fundações variaram entre 328,7 milhões de patacas e 448 milhões de patacas”, sendo que este projecto demora até 310 dias. O novo Centro de Estágio de Atletas vai nascer no parque de estacionamento da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, perto

SOCIEDADE


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Cinema CREATIVE MACAU ORGANIZA SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO LOCAL E REG

EVENTOS

A interposição da cidade Lai Sut Weng e a sua primeira individual

A

artista local Lai Sut Weng inaugura hoje a sua primeira exposição, a solo, no Macau Art Garden sob o nome “Interposition – Works by Lai Sut Weng”. Recém-licenciada pela Escola de Artes Visuais do Instituto Politécnico de Macau, e já vencedora do Prémio de Artes Plásticas da Fundação Oriente em 2014, Lai Sut Weng tende a tratar os edifícios por tu, numa representação da sua desconstrução em que planos, linhas e cruzamentos representam um mundo maior, o do quotidiano humano na sua dimensão e interacção espacial.

Na apresentação da artista, na Galeria Arte Periférica, Lai Sut Weng introduz o seu trabalho enquanto representação das “vistas de ruas e os arredores do lugar onde nasceu e foi criada”, em que Macau, as suas misturas e transformações são fortemente exploradas. “As minhas pinturas retratam a aparência desta pequena cidade, explorando também a sua constante mudança.”

Por outro lado, e face às constantes mutações do espaço que a viu nascer e crescer, o abandono e o vazio são também uma forte componente do seu trabalho, em que “vemos sempre algumas antigas instalações abandonadas, esquecidas no tempo, mas preservando, contudo, vagos vestígios de vida dos seus antigos habitantes”. Das particularidades das suas obras, Lai Sut Weng sublinha que os quadros, “vistos de longe”, permitem apercebermo-nos dos cenários, mas à medida que nos aproximamos, “vemos as coisas ficarem desfocadas em blocos de diferentes tons e cores”. E é esta imprecisão e ambiguidade que, de alguma forma, “representa a indiferença e a ignorância das pessoas perante o seu meio ambiente - e, principalmente, a sua própria cultura”, questão a que a artista não é alheia. Lai Sut Weng quer, ao mesmo tempo, alertar para a contemporaneidade acelerada em que “os edifícios e a história estão a ser demolidos em detrimento do desenvolvimento económico”. São estas paisagens que estarão expostas até 6 de Novembro, numa iniciativa da Art For All Society (AFA), que conta com a curadoria de Lai Sio Kit, para “permitir que estas as paisagens urbanas e históricas se tornem mais conhecidas para as pessoas, que poderão assim revisitar aquilo que já esqueceram”. Sofia Mota

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O ESTADO DO

Tracy Choi, Emily Chan e Maxim Bessmertny sentam-se -semana para analisar a indústria do Cinema na China, ju de fora. O simpósio “Produção e Distribuição de Filmes I da Creative Macau, tem entrada livre e acontece no MAM

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Creative Macau organiza este sábado um simpósio sobre o Cinema na China, numa sessão que junta especialistas da área. Marcado para todo o dia 15, o simpósio “Produção e Distribuição de Filmes Internacionais na China: Exploração do Potencial de Shenzhen como um Mercado Cinematográfico”, que se debruça também sobre o mercado de Macau, tem entrada livre e acontece no auditório do Museu de Arte de Macau. A partir das 10h00, José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) e também membro do Fundo das Indústrias Culturais, abre o evento. Em 2003, um ano depois de ter integrado o IEEM, o Instituto criou a Creative Macau – Centro de Indústrias Criativas e é precisamente sobre estas indústrias que Sales Marques faz algumas observações, na abertura do encontro. A manhã passa depois ao ponto da ordem do dia: o cinema. Com Lorence Chan Ka Keong – da Associação Áudio-Visual CUT e júri do Sound And Image Challenge Festival – como moderador, He Yun explora, das 10h15 às

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA A MÃO DO DIABO • José Rodrigues dos Santos

Emily Chan

10h50, a situação ‘win-win’ para os filmes comerciais para as películas experimentais. HeYun trabalha na indústria do cinema, como promotora e distribuidora, há mais de dez anos, tendo também sido curadora de festivais. Em Ma-

Maxim Bessmertny

cau, fala de como “o cinema comercial nutre o mercado dos filmes experimentais e traz um impacto positivo ao desenvolvimento” desta indústria. Shenzhen será o exemplo a seguir, dado o seu desenvolvimento nos últimos 30 anos.

Até às 11h25 é a vez de Leo Li, cujo discurso versa sobre as novas tendências na indústria chinesa do Cinema. “Actualmente, está ainda numa fase inicial e as grandes produtoras estão a ser confrontadas com o impacto

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

A crise atingiu Tomás Noronha. Devido às medidas de austeridade, o historiador é despedido da faculdade e tem de se candidatar ao subsídio de desemprego. À porta do centro de emprego, Tomás é interpelado por um velho amigo de liceu perseguido por desconhecidos. O fugitivo escondeu um DVD escaldante que compromete os responsáveis pela crise, mas para o encontrar Tomás terá de decifrar um criptograma enigmático. Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da alta política e finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o grande mestre do mistério. Além de ser um romance de cortar o fôlego, A Mão do Diabo divulga informação verdadeira e revela-se um precioso guia para entender a crise, conhecer os seus autores e compreender o que nos reserva o futuro.

OS CIGANOS • Sophia de Mello Breyner Andresen, Pedro Sousa Tavares, Danuta Wojciechowska

Os Ciganos é um conto inédito de Sophia de Mello Breyner Andresen localizado no seu espólio na primavera de 2009. Este conto encontrava-se inacabado, tendo Pedro Sousa Tavares, jornalista e neto da escritora, assumido a responsabilidade de continuar uma história sobre o irresistível apelo da liberdade, sobre a atração pelo que está fora dos muros e pela descoberta do outro e suas diferenças.


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EGIONAL

FILME

e à mesa este fim-deuntamente com convidados Internacionais na China”, M

hoje macau quinta-feira 13.10.2016

PRODUÇÃO LOCAL “THE ECO WAR II” PRÉ-ESTREIA AMANHÃ

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hama-se “The Eco War II – The Dark Empire” e tem uma pré-estreia amanhã, no Centro de Ciência de Macau pelas 19h00. É o novo filme do realizador local John Chung e foca-se no ambiente, sendo uma sequela do primeiro “Eco War”, estreado no ano passado no Cinema Wing Lok. “Depois do sucesso anterior, que acabou por se tornar o filme local mais visto em Macau, a Associação de Voluntários para a Criatividade Cultural e Artes convidou a mesma produção e actores para este

próximo centro de produção cinematográfica. Realizadora e empresária, Yang Ying trabalha também em televisão e rádio.

CÁ DE DENTRO

Tracy Choi

dos filmes independentes. Mas esta influencia traz cada vez mais talentos, bem como mais formas de distribuição e maiores audiências”, resume, no comunicado enviado pela organização, o manager da Film Division of Hepai

movie and TV production Co. Ltd, que trabalhou na Shenzhen Film Distribution e na Shenzhen Film Investment Co. Ltd.. A manhã continua com Yang Ying, que fala de como Shenzhen poderá tornar-se o

EVENTOS

A tarde é dedicada também aos realizadores locais, que apresentam diferentes perspectivas sobre a indústria. Com moderação da reconhecida cineasta local Tracy Choi, o simpósio arranca novamente às 14h00, com Joyce Yang, membro da Hong Kong Film Critics Society, cujo discurso versa sobre o desenvolvimento do cinema em Shenzhen, Hong Kong e Macau. Às 14h40 é tempo de Emily Chan, natural de Macau e realizadora. “From Zero to One – The Film Development in Macau” vai fazer uma

CANTOPOP NA ARENA

filme, tendo convidado também outros artistas locais”, indica a organização. Do filme, patrocinado pela Fundação Macau e co-produzido pela Wing’s Film and Production e a SP Entertainment, fazem parte os locais Hyper Lo, Josie Ho e Jonna Kou, a quem se juntam agora Cherry Ho, Vanus Ng, Kane AoIeong, Kyla Ma, Kayaku Sou e Boris Wong, entre outros residentes de Macau. A película, de ficção científica, concentra-se no ambiente e a organização assegura que tem uma mensagem a passar. “O filme não só tem como objectivo aumentar a consciência do público sobre a protecção ambiental e a redução da poluição, como também versa sobre o equilíbrio entre os sonhos e a realidade. Queremos trazer à audiência um filme de grande qualidade que tem tanto de entretenimento, como de educacional.” O filme que será apresentado esta sexta-feira é apenas um “preview” de toda a película, já que ainda não está completo. A entrada é livre, mas os lugares são limitados.

retrospectiva da indústria local nos últimos dez anos e falar também dos apoios do Governo. O seminário termina com Maxim Bessmertny que, das 15h15 às 15h50, fala sobre o passado, o presente e o futuro da realização. “Como é que a indústria tem potencial para aprender do passado e focar-se em assuntos contemporâneos” é a resposta que o realizador local, formado na NYU Tisch School of The Arts, quer dar. Maxim Bessmertny venceu o Kodak Gold Award para melhor curta-metragem com “Tricycle Thief” no ano passado. Joana Freitas

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O Cantopop volta a encher o palco da Arena do Cotai com a digressão “#TWINS#LOL#LIVE Around The World” da dupla feminina Twins. O concerto tem lugar a 26 de Novembro às 20h00 e promete uma “apresentação dinâmica” das canções de Charlene Choi e Gillian Chung. Segundo comunicado da organização, a dupla de Hong Kong traz um espectáculo interactivo que pretende uma aproximação entre o público e as artistas num contexto de “mensagem positiva”, que deu o mote ao nome do concerto. Os bilhetes já se encontram à venda com valores entre as 380 e as 1280 patacas.

História e modernidade

“Lost in the Mobius – Taiwan • Macau”. Um projecto no Armazém do Boi

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OMEÇA amanhã no Armazém do Boi uma exposição que junta as obras de artistas locais e de Taiwan, num projecto que começou já em 2014. “Lost in the Mobius - Taiwan • Macau” abre esta sexta-feira ao público e está patente até dia 20 de Novembro. A mostra juntou oito grupos de artistas que usaram “pensamentos reflexivos” para desenvolver os seus trabalhos, cujos tópicos assentam precisamente na Formosa e na RAEM. Todos fazem uma retrospectiva para perceber a ramificação, a sobreposição e a intersecção de diferentes traços da história passada e dos tempos “colonialistas” das regiões e da forma como as culturas se desenvolveram na modernidade. “Repensando nas questões da identidade face ao ambiente através destas obras, esta exposição resume e explora a nossa posição

e ligação à constante globalização e desenvolvimento urbano na Ásia”, indica a organização. O “Dia o Julgamento Final” e o “Renascer” são dois temas assentes nas obras de Yves Etienne Sonolet, Lee Tzu-Ling, Bianca Lei, Ng Fong-Chao Noah, Chen Po-I, Eric Fok, You Don’t Know Me At All (Ciou Zih-yan, Ni-Hsiang, Chen Chun-Yu), Kimoto Ko (Chu Yin Hua, Hsu Tzu Han, Lin Kuan Yen) e Lee Pei-Yu, que se relacionam “com a história, cultura, sociedade e economia tanto da Formosa, como de Macau”. O projecto começou oficialmente em 2014 e, no início, parecia “haver muito poucas ligações entre o desenvolvimento de Taiwan e Macau”. No entanto, as ligações existem e remetem para centenas de anos atrás. A mostra conta com uma cerimónia de abertura no sábado, às 16h00, e tem entrada livre. J.F.


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hoje macau quinta-feira 13.10.2016

Anúncio Aquisição do equipamento académico de realidade virtual do Instituto Politécnico de Macau CONCURSO PÚBLICO N.O 05/DOA/2016

Faz-se público que, de acordo com o despacho de 29 de Setembro de 2016, do Exm.o Senhor Secretário para Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para a « Aquisição do equipamento académico de realidade virtual do Instituto Politécnico de Macau ». 1. Entidade que põe o serviço a concurso: Instituto Politécnico de Macau. 2. Modalidade de concurso: Concurso Público. 3. Objecto do Concurso: Aquisição do equipamento académico de realidade virtual do Instituto Politécnico de Macau 4. Prazo de validade das propostas do concurso: As propostas do concurso são válidas até 90 dias contados da data de abertura das mesmas. 5. Garantia provisória: $19 000,00 (dezanove mil patacas), através de depósito no Serviço de Contabilidade e Tesouraria do Instituto Politécnico de Macau ou mediante garantia bancária a favor do Instituto Politécnico de Macau, em Macau 6. Garantia definitiva: 4% do preço global da adjudicação ( para garantia do contrato). 7. Condições de admissão: Entidades com sede ou delegação na RAEM cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso. 8. Local, data e hora de explicação: Local: Sala de Reunião do Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Hora e Data :10H00, 17 de Outubro de 2016. 9. Local, data e hora do limite da apresentação das propostas: Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Hora e Data: 28 de Outubro de 2016, antes das 17H30. 10. Local, data e hora da abertura do concurso: Local: Sala de Reunião do Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Hora e Data :10H00, 1 de Novembro de 2016. 11. A avaliação das propostas do concurso será feita de acordo com os seguintes critérios: - Preço Global (35%) - O grau de cumprimento dos requisitos específicos e funcionais (35%) - Serviço de garantia, apoio e manutenção (15%) - Fomação (10%) - Prazos de entrega (5%) 12. Local, hora e preço para exame do processo e obtenção da cópia do processo: Local de exame: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Local de obtenção: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau, mediante o pagamento de MOP100,00 (cem patacas). Hora: de 2a feira a 5a feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45. 6a feira das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30. Telefone: 8599 6287, 8599 6178, 8599 6123 Macau, aos 5 de Outubro de 2016 O Presidente em Exercício, Im Sio Kei


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XI JINPING QUER O PARTIDO A GERIR EMPRESAS ESTATAIS

De olho nos monstros

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presidente da China, Xi Jinping, afirmou ontem que a liderança das empresas estatais do país cabe ao Partido Comunista Chinês (PCC), depois de o Conselho de Estado ter apelado a uma reforma no sector público. Xi sublinhou que devem ser feitos esforços para reforçar e melhorar o controlo do partido nessas empresas, de forma a torná-las mais “fiáveis”, informou a agência oficial Xinhua. Na segunda-feira, o executivo chinês apelou à fusão de empresas estatais, para reduzir o número de firmas que operam no mesmo sector e aumentar o seu tamanho, e à entrada de capital privado no sector público. O gabinete apelou às firmas estatais para que incorporem a participação de privados através da transferência de ações, aumentos de capital ou novas emissões de títulos. Numa outra directriz, o executivo ordena aos bancos do país que troquem as dívidas por títulos da empresa, nos “casos de firmas com dificuldades temporárias”, mas com “potencial a longo prazo”.

Ambos os documentos vão de encontro às recomendações de organismos como o Fundo Monetário Internacional, que visam tornar o sector estatal chinês mais rentável. Das três empresas chinesas que surgem entre as 10 maiores companhias do mundo, na lista das “500 mais” elaborada pela revista Fortune, todas são estatais, ilustrando um sistema que a China

designa como “economia de mercado socialista”. A maior de todas é a China State Grid, que em 2012 comprou 25% da REN (Redes Energéticas Nacionais). Estes grupos são directamente tutelados pelo governo central chinês, através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission).

PROPOSTA ÁREA DE LIVRE-COMÉRCIO ENTRE OS BRICS

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China defende a criação de uma área de livre-comércio entre os países do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, além dos próprios chineses. O anúncio foi feito pelo Ministério do Comércio em Pequim, nas vésperas da cimeira do grupo, em

Goa. Na avaliação dos chineses, uma área de livre-comércio entre esses países seria “uma forma significativa de cooperação”. O porta-voz do ministério, Shen Danyang, indicou que um acordo poderia remover tarifas e barreiras não tarifárias, daria espaço para as van-

tagens competitivas de cada país e aprofundaria investimentos mútuos. A proposta não foi oficialmente discutida, mas o governo chinês insistiu que especialistas defendem a iniciativa para fazer a aproximação entre essas economias. Para Shen, uma área de livre comércio

Até aos dentes

Taiwan cria novo centro para desenvolvimento de armas

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AIWAN planeia criar em 2017 um centro de investigação de tecnologia militar, semelhante à Agência de Projectos de Investigação Avançada de Defesa norte-americana (DARPA, na sigla inglesa), anunciou o seu Ministério da Defesa. O centro vai chamar-se Gabinete de Tecnologia de Defesa Nacional, será criado a partir da remodelação de um organismo

existente com o objectivo de facilitar a cooperação em defesa entre os sectores público e provado e evitar duplicações, indicou na terça-feira, em conferência de imprensa, o porta-voz da Defesa Yu Yu-tang. Taiwan tem grandes dificuldades em adquirir armas, devido à oposição da China, sendo os Estados Unidos praticamente o único fornecedor de equipamen-

CHINA

Juramentos recusados Localistas de Hong Kong desafiam a China na primeira sessão da legislatura

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LGUNS dos novos deputados de Hong Kong manifestaram-se ontem contra a “tirania” da China ao prestarem juramento na tomada de posse no Conselho Legislativo, levando à suspensão da sessão. A primeira reunião da nova legislatura acontece após a eleição, no mês passado, de vários novos deputados que apoiam uma maior autonomia e até a independência de Hong Kong. Antes de assumirem as funções, os deputados devem fazer um curto juramento, em que declaram que Hong Kong é uma “região administrativa especial” da China. Pelo modo como o fizeram, viram os seus juramentos recusados. O Governo tinha alertado os deputados que arriscavam perder os assentos se não prestassem o juramento de forma adequada. Nathan Law, de 23 anos, o mais jovem deputado do hemiciclo e antigo líder dos protestos pró-democracia de 2014, fez um discurso emocionado antes de prestar juramento. “Podem acorrentar-me, podem torturar-me, podem até destruir o meu corpo, mas nunca vão conseguir prender a minha mente”, disse. De cada vez que se referiu à China durante o juramento, Law mudou o tom de modo a tornar a palavra numa pergunta. Law, que pede a autodeterminação de Hong Kong, foi um dos principais líderes

do Movimento dos Guarda-Chuvas, em 2014, que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, pedindo reformas democráticas. Dois novos deputados pró-independência, Baggio Leung e Yau Wai-ching, adicionaram as suas palavras antes do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Leung envergou uma bandeira com as palavras “Hong Kong não é China”. Ambos prestaram depois o juramento por inteiro, em inglês, mas recusaram-se a pronunciar “China” correctamente. O novo deputado Eddie Chu, que apoia a realização de um referendo sobre o futuro da soberania de Hong Kong, gritou: “Autodeterminação democrática! A tirania vai morrer!” após o seu juramento. Lau Siu-lai, também antiga ativista do Movimento dos Guarda-Chuvas, leu todas as palavras do juramento a passo de caracol, fazendo com que alguns deputados pró-Pequim saíssem da sala. O secretário do Conselho Legislativo disse a Leung, Yau e a outro deputado pró-democracia que não podia “administrar” os seus juramentos já que os tinham modificado. A sessão foi suspensa após Law se recusar a voltar ao seu lugar, questionando o porquê de o secretário ter recusado os juramentos dos três deputados.

ajudaria o Brics a atingir “benefícios mútuos”, desenvolver a cooperação do Sul “em escala global”. O bloco já criou seu próprio banco de financiamento e estuda criar uma agência de classificação de risco, para romper o domínio de agências como Fitch, S&P e Moody’s.

tos bélicos, segundo o acordo sobre as relações com Taiwan de 1979. As operações do novo organismo taiwanês de investigação em tecnologia para a defesa vão estar sob supervisão legislativa e o seu director e altos cargos virão do sector privado, não sendo militares, acrescentou Yu. Taiwan conta já com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan (NCSIST, na sigla em inglês), que é a principal instituição de investigação e desenvolvimento de armamento e do programa espacial de Taiwan.

PEQUIM QUER RELAÇÃO MAIS PRÓXIMA COM PARTIDOS EUROPEUS

Uma alta dirigente chinesa pediu na terça-feira uma ligação mais forte com os partidos políticos da Europa. Sun Chunlan, membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China (CCPCC) e chefe do Departamento de Trabalho da Frente Unificada do CCPCC, fez o comentário num encontro com Gabriele Zimmer, presidente do Grupo do Esquerdo Unido da Europa. A funcionária chinesa recordou que o presidente Xi Jinping pediu que a China e a Europa intensifiquem a confiança e a cooperação e resolvam os problemas com sabedoria, quando se reuniu com os líderes da União Europeia em Julho. Pequim deseja aprofundar os laços com os partidos políticos da Europa, em nome de relações sino-europeias mais próximas, disse Sun. A dirigente desejou que a Esquerda Unitária Europeia mantenha uma posição objectiva e justa nos assuntos relativos à China. Zimmer disse que o grupo aderirá à política de “Uma Só China” e terá um papel positivo na promoção da cooperação entre a Europa e a China.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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O regresso impossível

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romance está centrado na reflexão da personagem principal, Paulo, que acaba de se aposentar. É por aí que o romance começa e é em torno da memória de Paulo que tudo gira. Uma memória por vezes caótica e aparentemente desordenada. Mas o narrador é paciente, as personagens é que por vezes não são. Paulo encontra-se só, neste fim de linha, e por isso as suas memórias são por vezes amargas e quase sempre desencantadas. Agora, acabada a vida activa, Paulo tem todo o tempo do mundo para recordar Sandra, a mulher da sua vida, a mulher que, tudo leva a crer, sempre amou. Contudo perdeu-a. Neste romance o sentimento de perda é avassalador. Na vida tudo se perde, o autor sabe-o muito bem, tudo se perde, até a própria vida. Sandra que morreu de cancro, a filha que não morreu, mas foi morrendo, mergulhada no mundo decrépito da droga; “um abismo afinal homólogo do abismo das sepulturas”. Depois passa também pelo romance a sua mãe que perdeu durante a sua difícil infância. Como consequência das perdas, há uma melancolia que corre pelas páginas do romance sem contemplações. A verdade é que tudo chega ao fim e esse fim é o desmentido brutal das ilusões que a vida engendra, as promessas de que a vida é fértil, pois é essa a sua natureza, contudo inexoravelmente as ilusões falecem, as promessas definham e no fim o fim chega sempre carregado de solidão, de uma tristeza sem remédio, de um pessimismo amargo. As próprias memórias adquirem um sabor a esterilidade, a algo que se não cumpriu. Para Sempre é um livro sem piedade, sem paliativos, sem esperança, um livro pessimista, que nos rouba as últimas ilusões, e as rouba todas, salvo talvez as ilusões literárias, pois este livro mostra o poder fabuloso da escrita. Para sempre cultiva uma ironia desencantada, tão lúcida que nos procura interiormente e esburaca, e corrói e chega a provocar lágrimas redentoras. Em Para Sempre Paulo regressa? Primeira questão pertinente. Resposta possível e desarmante: Paulo não regressa, pois não há regresso. Nunca há regresso. Em que direcção vai Paulo quando

VERGÍLIO FERREIRA nasceu na aldeia de Melo, no Distrito da Guarda a 28 de janeiro de 1916 e faleceu em Lisboa no dia 1 de Março de 1996. Formou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Filologia Românica. Em 1942 começou a sua carreira como professor de Português, Latim e Grego. Em 1953 publicou a sua primeira colecção de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959 publicou a “Aparição”, livro com o qual ganhou o Prémio “Camilo Castelo Branco” da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1984, foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. As suas obras vão do neo-realismo ao existencialismo. Considera-se geralmente que o romance Mudança assinala justamente a mudança de uma fase para

outra. Na fase final da sua carreira pode-se dizer que Vergílio Ferreira tocou as fronteiras de um puro niilismo. Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e além disso, recebeu o Prémio Camões, no mesmo ano. Obras principais: Mudança (1949), Manhã Submersa (1954), Aparição (1959), Para Sempre (1983), Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990) e “Na tua Face” (1993). O autor faleceu em 1996, em Lisboa. Deixou uma obra incompleta, Cartas a Sandra, que foi publicada após a sua morte. A partir de 1980 e até 1994 foram sendo publicados os seus diários, com a designação de Conta Corrente. Deve ainda salientar-se a publicação do conjunto de ensaios intitulado O Espaço do Invisível entre 1965 e 1987.


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fichas de leitura

parece que regressa sem regressar de facto. Vai em direcção ao Fim. Só há uma direcção. A vida é vectorial. Os designados regressos são fictícios, são completamente ilusórios. Paulo vai para o futuro mas escolhe um lugar do passado. Em boa verdade até o lugar não é do passado, mas do futuro. Não existem lugares do passado. Esses lugares só foram do passado quando nós estávamos lá nesse passado que jamais regressa e a que jamais podemos regressar. O único passado aparece em súbitas explosões provocadas e aparece sob a forma de peças de um conjunto que já não é possível reconstituir ou refazer como um todo coerente. A própria narrativa está condenada ao malogro. Mas o mais interessante e até compensador intelectualmente é esse malogro. No malogro da tentativa se esgota a dimensão lúdica da narrativa. E quanto mais artificial e até irónico é o modo como o narrador convoca as peças do puzzle de que necessita momentaneamente para dar ao exercício da memória ordem, consistência real e verosimilhança, mais gozo dá porque o exercício mostra o seu falhanço; a narratividade é o exercício que inventaria perspectivas falhadas, tentativas para dar existência a pedaços vazios de tempo. É claro que momentaneamente o espaço parece habitado e um tempo hipostasiado parece decorrer e ocupar esse espaço como se fosse tempo, como o tempo decorre (decorria) quando ainda é (era) tempo no seu tempo próprio de ser; e só o é uma vez. O Tempo só é tempo uma vez, cada vez se percebe melhor a profundidade do apotegma heraclitiano, para lá da superficialidade em que o uso transforma todo o pensamento. O tempo só é tempo durante aquele momento mágico de o ser… depois parece existir uma outra vez quando rememorado, mas rapidamente se esvazia e mostra que foi irreal pois aquele momento existiu agora numa outra dimensão… a da memória. Este texto é penoso para mim porque assisto dentro de mim a uma mutação estrutural relativamente ao papel da memória e portanto à relação entre presente, passado e futuro. Houve um tempo em que eu cheguei a pensar que toda a nossa vida residia no passado pelo que tinha tendência a valorizar a memória que pode presentificar todo esse passado em que a vida se imobilizou como uma pedra num charco de lodo. O presente estaria sempre a transformar-se em passado ao ser vivido e a anunciar um futuro de que nunca sabemos nada. Mas tudo mudou. Hoje, para mim só conta o momento que passa, como no carpe diem horaciano

Ferreira, Vergílio, Para Sempre, Lisboa, Bertrand, Lisboa, 1991. Descritores: Romance, Balanço Existencial, Memória, 306 p.:21 cm, ISBN: 972-25-0268-9

ou no Eclesiastes (Coélet), além de que o que já passou, está definitivamente inerte pois a memória é impotente para lhe dar vida, ou trazê-lo ao teatro vivo; o mais que pode é convocar um fantasma, um espectro, um simulacro mesmo e é uma mentira a vida que se lhe atribui.

Os grandes sentimentos de alegria e de dor, de prazer e felicidade ou sofrimento não são rememorados senão enquanto os factos que os justificaram, mas as sensações e as emoções sentidas, não o serão jamais, felizmente umas, infelizmente outras.

Manuel Afonso Costa

Por isso o Para Sempre não passa de uma farsa, mas de uma farsa sublime. É para mim o melhor romance português do século XX, mesmo melhor que o Finisterra, mas toda a sua genialidade reside no seu falhanço existencial quase da ordem do naive, no seu malogro monumental, na expectativa insensata, na ilusão da imortalidade. Desde o Para Sempre que Vergílio Ferreira se tornou num Demiurgo e até num Deus ex-machina completamente falhado; e tenho para mim que nunca a narratividade literária foi tão alto para se estatelar de forma tão aparatosa. Se não é sobre o regresso, Para Sempre é sobre o quê? Já sabemos que é sobre a memória e nesse plano uma tentativa de reconstituição. Até aí não haveria pecado algum. Reconstituir é legítimo, a reconstituição é pacífica, pode estar mais perto ou mais longe da verdade mas isso só resulta de deficiências gnoseológicas, da ordem do acerto ou do erro e isso nunca envolve juizos morais, mas provavelmente, e isso é humano, o autor, que não é um narrador omnisciente mas que é o autor personagem não pode errar, pelo menos não pode errar deliberadamente e de modo grosseiro. Ele não quer apenas reconstituir, ele quer recuperar. Ele quer o impossível. Esse querer o impossível tanto pode ser perdoável como não, … Convenhamos! Paulo sabe ao que vai, sabe de que é que se aproxima, sabe o que o espera, ...as rememorações são fait divers ou esforços titânicos para dar sentido. A rendição não deveria estar já a montante, o autor através do seu fluxo de consciência quererá resistir ainda ou quererá sobretudo mostrar-nos a nós e só a nós a redundância e o absurdo. Parece por vezes que quer ajustar contas como se só ele tivesse adquirido a lucidez do trágico e então traz até nós os mortos para os matar com uma compaixão redobrada, como se isso fizesse diferença, como se a violência e o absurdo fossem menores filtrados à luz de uma metalinguagem filosófica que confere ao inelutável uma outra interpretação e este segundo lance hermenêutico suavizasse e pudesse haver um conforto no reconforto desta metanarrativa preparada e menos abrupta… *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


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José Drummond

Um sistema que não falha Caro leitor Está em casa sozinho naquilo que parece ser mais uma noite de um bilião delas? Sem sorte no amor? Sem mulheres a ligarem-lhe? Sem sexo? Sente-se o maior macaco do mundo? Um falhado total? Não consegue que as mulheres se interessem por si? Parece que tudo o que pode correr mal lhe corre mal? Parece que elas não se interessam por nada em si? Parece que está a ser constantemente ignorado? E assim vai vivendo os seus dias e noites sozinho? E começa a estar realmente cansado de tanta frustração? E já viu todos os filmes românticos para tentar perceber as mulheres? E já leu tudo o que se encontra na Internet sobre como seduzir uma mulher? Sobre de como elas pensam? Como elas agem? O que elas querem? Se calhar é casado mas sente tudo isto da mesma forma? Se calhar estar em casa acompanhado pela sua família não é suficiente? Se calhar também não entende a sua mulher? Nem entende os filhos? E quer acreditar? Leu o livro “The Secret” e começou diariamente a ler afirmações? Afirmações de como tem imenso sucesso por entre as mulheres? E acredita que se ler todos os dias as coisas vão melhorar? Mas não melhoram pois não? E tem calafrios na espinha? Suores frios? Chegou a pensar que é por ser do Sporting? Chegou a pensar que a culpa é do Jorge Jesus? Chegou a pensar que vivemos num mundo simulado tipo Matrix onde a escolha é entre uma pílula vermelha e uma azul? E que é por causa disso que a realidade não o satisfaz? Mas se calhar é do Porto ou do Benfica mas como as coisas correm tão mal com as mulheres que sente o mesmo? Um perdedor? E senta-se à frente do computador todas as noites a fazer posts no facebook convulsivos? Com opiniões sobre tudo? E deixa umas piadas? Algumas maliciosas? E partilha tudo o que encontra decente a falar sobre sexo? E tenta ver quantas mulheres gostam dos seus posts? Mas nenhuma parece realmente gostar não é? E sente-se cada vez mais deprimido? E pensa, “Será que as mulheres não gostam de sexo”? E

gostaria de andar nu em casa mas até já tem vergonha de si? Mas lê mais umas afirmações e sente-se electrificado, com energia renovada e acha que ganhou o poder de seduzir qualquer mulher a esforço zero? E sente-se excitado com a ideia? Mas não acontece não é? Continua sem saber como activar os botões emocionais das mulheres? Na realidade elas até fogem de si quando o veem? Chega mesmo a ter a impressão que o acham esquisito? E gostaria de saber exactamente o que dizer a qualquer mulher em qualquer situação? Mas continua sem as perceber? E não percebe que algumas até o acham machista? E continua a tentar-se iludir que é o mundo que está errado e não você? E não importa o que faça? E continua sem saber o que fazer para atrair a mulher que quer? Ou para atrair a sua mulher que já lhe olha de lado? Quantas vezes já foi a bares e iniciou uma conversa com uma mulher que o atraiu, e vai pensando que tudo está bem... e de repente ela pede desculpa para ir à casa de banho e nunca mais volta? E pensa “o que raio aconteceu?” E quantas vezes tentou dar um

beijo e elas viraram a cara? E nunca é o momento certo? E pensou que se ela olhou para os seus lábios isso queria dizer que ela queria que a beijasse? Mas entretanto quando o tentou já era demasiado tarde porque estava preocupado a pensar o que deveria fazer? E nunca se apercebeu que ela não estava a olhar para os seus lábios mas para um horrível bocado de comida entre os dentes? E a rejeição prossegue? E pensa que a vida não é fácil? Que não é fácil perceber os sinais que as mulheres enviam aos homens no jogo da sedução? E pensa que não é algo que nos ensinem na escola ou que seja natural nos homens? E desculpa-se que na verdade as mulheres são bem melhores a ler sinais que os homens? Que as mulheres conseguem ver rapidamente se está a ser natural ou se está nervosamente a forçar-se, fazendo-se mais interessante do que realmente é? Que conseguem imediatamente perceber o quão real é a sua confiança? E tenta convencer-se que é biológico. E pensa que as mulheres esperam e deixam o homem espatifar-se e ridicularizar-se?

E se eu lhe disser que toda esta sua forma de pensar está errada e que existe uma solução? Se eu lhe disser que as mulheres querem o mesmo que os homens? Que querem ser felizes? Se eu lhe disser que a solução é bastante fácil por sinal. E se eu lhe disser que ao comprar arte todas as suas atitudes erradas, conceitos errados, esperanças irreais e laivos de machismo, ou desaparecem, ou se tornam menos perceptíveis, e que as mulheres passam a olhar para si de modo diferente? Pois é. Essa é que é a verdade. Um homem que compra arte é um homem atraente para as mulheres. Em pouco tempo passará a ter conversas inteligentes e o seu nível intelectual irá também melhorar. E com tudo isso passará também a sentir que as mulheres têm por si uma intensa atracção sexual. Porque as mulheres veem num homem que compra arte um homem feliz e as mulheres querem ser felizes. Quanto mais arte comprar mais magnético se tornará para as mulheres. Um verdadeiro íman de felicidade. Eu tenho um sistema desenhado, onde, passo a passo, lhe dou uma vantagem injusta para com os outros homens pelo facto de se tornar numa pessoa tão mais interessante. A sua mulher vai olhar para si com extrema admiração e enorme orgulho, e se for solteiro muito provavelmente deixará de o ser porque irá atrair a mulher com que sempre sonhou. Mas, como tudo na vida, irá dar trabalho, e não se consegue de graça. Compre arte hoje e amanhã. Ao contactar-me e ao comprar-me arte dou-lhe, especialmente porque gosto de si e compreendo a sua desilusão para com a vida, vários outros segredos realmente eficazes no jogo da sedução, como por exemplo não comprar arte que foi feita para aliviar o stress. Compre arte e seduza a mulher que quer hoje. Pode ser completamente feliz com a mulher com que sempre sonhou. Este sistema não falha. Atenciosamente, Um artista ao seu dispor P.S.: Não lhe posso garantir que o Sporting irá ter um desempenho melhor mas posso lhe garantir que passa a ter muito menor importância na sua vida.


17 hoje macau quinta-feira 13.10.2016

TEMPO

C H U VA

?

FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

CONVERSAS COM MÚSICA: “LADY MCBETH”, COM SHEE VÁ E FREDERICO RATO Fundação Rui Cunha, 18h30

MIN

21

MAX

28

HUM

70-95%

EURO

8.79

BAHT

Amanhã

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “LOST IN THE MOBIUS - TAIWAN E MACAU” Armazém do Boi (até 20/11)

Sábado

SIMPÓSIO SOBRE CINEMA NA CHINA (CREATIVE MACAU) Auditório do Museu de Arte de Macau, 10h00

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO DE PINTURA LUSÓFONA Clube Militar (até 23/10) EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11) EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10) EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10)

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 97

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

UM DISCO HOJE

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)

Cineteatro

C I N E M A

CELL SALA 1

CELL [C] Filme de: Tod Williams Com: John Cusack, Samuel L. Jackson, Isabelle Fuhrman, Stacy Keach 14.30, 16.30, 21.30

MISS PEREGRINE’S HOME FOR PECULIAR CHILDREN [B] Filme de: Tim Burton Com: Eva Green, Samuel L.Jackson, Judi Dench, Asa Butterfield 19.15 SALA 2

THE ACCOUNTANT [C] Filme de: Gavin O’Connor

PROBLEMA 98

Com: Ben Affleck, Anna Kendrick, J.K. Simmons 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)

YUAN

1.19

DESTINOS (COM)PROMETIDOS

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “INTERPOSITIONS” DE LAI SUT WENG Macau Art Garden

WORLD PRESS PHOTO Casa Garden

0.23 AQUI HÁ GATO

ABERTURA OKTOBERFEST MGM, 17h00

Diariamente

(F)UTILIDADES

Chefes, chefes por todo o lado. O início da semana neste cantinho à beira mar, mais ou menos plantado, reuniu as chefias que querem juntar países de língua portuguesa e China. Macau é a terra prometida da tão esperada ligação e ao que pareceu, todos os tais chefes acham isso mesmo, menos o da casa, que pouco se interessa por esta mistura, talvez única que caracteriza esta terra aumentada de aterros. A vida não tem sido fácil com tanta patente, mas o que a minha intuição felina me foi dizendo foi que, se calhar, Pequim quer mesmo que esta cooperação cada vez mais se concretize, Pequim vê Macau como o local ideal para o mesmo. Por outro lado, e do outro lado do mundo, os países que integram a CPLP vêem com bons olhos esta vontade e no meio está esta terra ainda sem consciência de si. Chui Sai On parece estar meio em off ou mesmo em stand by, enquanto acena a Li Keqiang aquando da sua visita, e passa a rasteira aos portugueses e à integração da diferença com as suas medidas. A ver vamos se é desta, ou nem por isso, que integrações, diversificações e valorizações (da história, do presente e do futuro), ganham pernas que, realmente, queiram andar. Pu Yi

“THE BLUEPRINT 3” (JAY-Z, 2009)

Hoje, um regresso ao melhor que o rapper Jay-Z já pôs cá fora: o seu 11º álbum, lançado em 2009. “The Blueprint 3” reúne algumas das melhores músicas feitas pelo rapper que, dizem, raramente escreve letras, optando por cuspir directamente para o microfone. Se é assim, os pensamentos por trás de “D.O.A”, “Run This Town” e “Venus VS Mars” foram intensos. O destaque deste álbum vai ainda para “Young Forever”, numa incrível adaptação à música fantástica dos Alphaville. Joana Freitas

SALA 3

MR. RIGHT [C] Filme de: Paco Cabezas Com: Sam Rockwell, Anna Kandrick,Tim Roth 14.15, 17.50, 21.30

SADAKO VS KAYAKO [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Koji Shiraishi Com: Mizuki Yamamoto, Tina Tamashiro, Masanobu Ando 16.00, 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 PUBLICIDADE

hoje macau quinta-feira 13.10.2016

Notificação n° 026/DLA/SAL/2016

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Aquisição de Dois Autocarros para o Instituto Politécnico de Macau Concurso público n.º 03/DOA/2016 Faz-se público que, de acordo com o despacho de 28 de Setembro de 2016, do Exm.o Senhor Secretário para Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para a « Aquisição de Dois Autocarros para o Instituto Politécnico de Macau ». 1. Entidade que põe o serviço a concurso: Instituto Politécnico de Macau. 2. Modalidade de concurso: Concurso Público. 3. Objecto do Concurso: Aquisição de Dois Autocarros para o Instituto Politécnico de Macau 4. Prazo de validade das propostas do concurso: As propostas do concurso são válidas até 90 dias contados da data de abertura das mesmas. 5. Garantia provisória: $27 600,00 (vinte e sete mil e seiscentas patacas), através de depósito no Serviço de Contabilidade e Tesouraria do Instituto Politécnico de Macau ou mediante garantia bancária a favor do Instituto Politécnico de Macau, em Macau 6. Garantia definitiva: 4% do preço global da adjudicação (para garantia do contrato). 7. Condições de admissão: Entidades com sede ou delegação na RAEM cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso. 8. Local, data e hora de explicação: Local: Sala de Reunião do Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Hora e Data :10H00, 14 de Outubro de 2016. 9. Local, data e hora do limite da apresentação das propostas: Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Hora e Data: 27 de Outubro de 2016, antes das 17H45. 10. Local, data e hora da abertura do concurso: Local: Sala de Reunião do Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Hora e Data :10H00, 28 de Outubro de 2016. 11. A avaliação das propostas do concurso será feita de acordo com os seguintes critérios: - Preço (35%) - Responder aos requisitos (40%) - Garantia/ Serviços-pós-venda (10%) - Prazo de entrega de bens (10%) - Outras condições (5%) 12. Local, hora e preço para exame do processo e obtenção da cópia do processo: Local de exame: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Local de obtenção: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau, mediante o pagamento de MOP100,00 (cem patacas). Hora: de 2a feira a 5a feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45. 6a feira das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30. Telefone: 8599 6123, 8599 6178, 8599 6287 Macau, aos 5 de Outubro de 2016 O Presidente em Exercício, Im Sio Kei

Considerando que não é possível notificar os interessados, por ofício ou telefone, da não renovação por dois anos das suas licenças, para efeitos das disposições do nº. 2 do artigo 31° do Decreto-Lei n°. 16/96/M, de 1 de Abril, conjugado com os artigos 10° e os nºs. 1 e 3 do artigo 58° do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n°. 57/99/M, de 11 de Outubro, fica, pela presente, notificados, nos termos do n°. 2 do artigo 72°, nºs. 1 e 2 do artigo 93º e nºs. 1 e 2 do artigo 94º do “Código do Procedimento Administrativo”, os titulares e eventuais interessados dos estabelecimentos de comidas e bebidas abaixo indicados, que por despacho do signatário datado de 25 de Julho do corrente ano, foi decidido iniciar o procedimento de cancelamento das respectivas licenças administrativas, bemo como para, no prazo de 10 dias, a contar do dia seguinte ao da publicação desta notificação, apresentarem audiência escrita a este Instituto, a fim de se poderem pronunciar sobre o referido assunto, sem prejuízo da aplicação do disposto no nº. 3 do artigo 94º do citado Código. Nome do estabelecimento

Endereço AVENIDA SIR ANDERS VINTE QUATRO SETE (LICENÇA LJUNGSTEDT, Nº. 52, EDF. Nº. 11/2011) VISTA MAGNIFICA COURT, R/C AK, MACAU EST. DE COMIDAS CASA DE PASTO AVENIDA DA AMIZADE, Nº . NORTHEASTERNER (LICENÇA Nº. 391 I, CENTRO COMERCIAL I 20/2006) SAN, LOJA E, R/C, MACAU ESTABELECIMENTO DE BEBIDAS CASA DE CAFÉ GRELHADO (LICENÇA Nº. 27/2012)

RUA DA SÉ,14-A,WING KEI (BLOCO I),R/C E, MACAU

AVENIDA 1º DE MAIO, Nº. 198, EDF. KUONG FOK CHEONG ,R/C E K/C, LOJAS D E S, MACAU THE GRAND CANAL SHOPPES, THE VENETIAN MACAU CAFÉ LUCA (LICENÇA Nº. 105/2008) RESORT & CASINO, COTAI, UNIT Nº. 2638, PISO 3 (L3) ESTABELECIMENTO DE COMIDAS TRAVESSA DO MASTRO, Nº. 15, CHENG SÊK LOU OU MUN E Nº 17, R/C, MACAU (LICENÇA Nº. 142/1996) ESTABELECIMENTO DE COMIDAS RUA DE INÁCIO PESSOA, Nº. HONG FOK (LICENÇA Nº. 634/1997) 4B, R/C, MACAU ESTRADA DE ADOLFO ESTABELECIMENTO DE COMIDAS LOUREIRO, Nº. 1-P, LOTUS KENG FONG (LICENÇA Nº. 3/2009) VISTA, R/C LOJA G, MACAU ESTABELECIMENTO DE COMIDAS FOK HENG CHUN (LICENÇA Nº. 55/2009)

Titular ESTABELECIMENTO DE COMIDA ZHONG TENG, SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA LAO, HIO IENG

榮飛有限公司 FOK HENG CHUN ESTABELECIMENTO DE COMIDAS E BEBIDAS, LIMITADA MAXDEN LIMITADA

IEONG, WENG KUONG CHOI, IEOK CHON FU, VAI LAM

JACARANDA CULINÁRIA JAPONESA (LICENÇA Nº. 60/2009)

LARGO DO SENADO,Nº. 18, EDF. COMERCIAL CHINA, 4 º ANDAR,MACAU

COMPANHIA DE RESTAURAÇÃO RECIPES DE MACAU, LIMITADA

ESTRELA CULINÁRIA PORTUGUESA(LICENÇA Nº. 59/2009)

LARGO DO SENADO,Nº. 18, EDF. COMERCIAL CHINA, 1º ANDAR, MACAU

COMPANHIA DE RESTAURAÇÃO RECIPES DE MACAU, LIMITADA

LARGO DO SENADO,Nº. 18, COMPANHIA DE EDF. COMERCIAL CHINA 3º RESTAURAÇÃO RECIPES ANDAR, MACAU DE MACAU, LIMITADA LARGO DO SENADO, Nº. 18, COMPANHIA DE MARISQUEIRA TAIPA(LICENÇA Nº. EDF. COMERCIAL CHINA, 2º RESTAURAÇÃO RECIPES 1/2011) ANDAR,MACAU DE MACAU, LIMITADA AVENIDA DR. SUN YAT SEN, Nº. ESTABELECIMENTO DE BEBIDAS 448, EDF. WA FUNG KOK, R/C E CHAN, WAI ON TOI SEK TIM(LICENÇA Nº. 73/2007) K/C, LOJA G,TAIPA AVENIDA SIR ANDERS ESTABELECIMENTO DE COMIDAS LJUNGSTEDT, NºS. 246-252, TOI WAN CHOI (LICENÇA Nº. HONG, WENG MAN CHINA CIVIL PLAZA (EDF. PAK 2/2009) TAK), R/C, LOJA D, MACAU MACAU RECIPES(LICENÇA Nº. 64/2005)

A falta de entrega de audiência escrita dentro do prazo acima estipulado, sem qualquer justificação, pressupõe que, apesar de serem notificados, nada têm a declarar, sobre o assunto supra. Poderão os interessados dirigirem-se dentro das horas normais de expediente, à Divisão de Licenciamento Administrativo, sita na Avenida da Praia Grande, nºs. 762-804, Edf. “China Plaza”, 2º andar, zona F do Centro de Serviços do IACM, Macau para entrega da audiência escrita, bem como, para consulta do processo. Macau, aos 23 de Setembro de 2016. O Vice-Presidente do Conselho da Administração Lei Wai Nong WWW. IACM.GOV.MO


19 hoje macau quinta-feira 13.10.2016

bairro do oriente

O “genocídio” linguístico

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E todas as “nove horas” em termos protocolares e de entre todas as juras de amor feitas à RAEM, que marcaram a passagem do primeiro-ministro chinês Li Keqiang por Macau, houve uma declaração que me deixou especialmente enternecido: o futuro de Macau são as crianças. Partindo deste ponto, convém referir que a visita do “premier” se inseriu no âmbito de mais um Fórum Macau de cooperação entre a China e os países lusófonos. A cooperação em causa prende-se mais com factores económicos do que propriamente culturais e linguísticos. Fiquei a pensar nas crianças a que Li se referiu e na sua identidade cultural. Como alguns dos leitores mais atentos (ou os que ainda têm paciência para me aturar) devem saber, fui nestas férias de Verão realizar um sonho antigo: conhecer o Euskadi, ou o País Basco, a comunidade autónoma de Espanha que compreende as províncias de Bizkaia, Alava e Guipozkoa. Historicamente, o Euskadi engloba ainda o antigo reino de Navarra, a região de Baixa Navarra, integrada na actual Comunidade Autónoma com o mesmo nome, e as duas regiões franceses do departamento de Pyrinées Atlantique, Zuberoa e Lapurdi (Soule e Labourd, em francês). Estas sete regiões formam aquilo que os bascos chamam de Euskal Herria, literalmente “País Basco”, e à sua unificação num só país independente deram o nome de “Zazpiak Bat”, ou “sete em um”. Aquilo que os unia desde o tempo anterior às conquistas romanas era a sua língua, o “euskara”, que tem a particularidade de ser uma das cinco línguas ainda faladas no Velho Continente que não deriva da raiz indo-europeia. Factor agregador, e um dos argumentos usados pelos separatistas para exigir a independência de Castela, o “euskara” chegou a ser proibido pelo General Franco, que considerava o idioma uma “traição à Espanha”. Foi durante o franquismo que a ETA deu início à sua luta armada. Formada por um grupo de intelectuais em Donostia (San Sebastian), esta organização tinha como objectivo inicial preservar a língua e a cultura bascas, mas a opressão levada a cabo pelo “caudillo” levou a que optasse por meios menos ortodoxos e com um considerável apoio do povo basco. Foi já com o evento da democracia que a ETA passou a deixar de fazer sentido e os bascos estão relativamente

ZHANG YIMOU, COMING HOME

LEOCARDO

satisfeitos – ou acomodados – com o elevado grau de autonomia de que usufruem. O meu périplo pela parte do Euskadi que se cingiu à parte espanhola foi elucidativo; sediado em Bilbau, tive a oportunidade de conhecer ainda as províncias de Alava e Guipuzkoa, e esta última demasiado bem, mesmo que acidentalmente, durante uma viagem de mais de duas horas de comboio entre Irun e Eibar. Depois disso fiz uma paragem de alguns dias em Madrid e, logo à chegada ao aeroporto de Barajas, tive a oportunidade de trocar impressões com o simpático taxista (bastante mesmo) que nos levou até à nossa residência, perto do Palácio Real. Contei-lhe de onde tinha vindo, e de como achei tudo tão diferente de Madrid, ou da noção que os estrangeiros em geral têm da Espanha, mas que “achei estranho que em Bilbau as pessoas não usassem o Euskara entre elas para comunicar”. Foi aí que o prestável motorista me elucidou para o facto de “cerca de 80% dos residentes de Bilbau não serem naturais do País Basco”. Isto foi algo de que me apercebi enquanto lá estive e, mesmo que o meu interlocutor estivesse a exagerar nos números, certamente que a maioria dos bilbaínos não eram originalmente bascos. Isto

O cantonense é o elo mais forte que confere aos residentes de Macau e Hong Kong uma identidade própria, diferente do resto do país mais populoso do mundo

foi resultado de uma política de incentivo à migração levada a cabo por Madrid, que levou a que afluíssem à capital económica do Euskadi milhares de famílias do resto da Espanha, especialmente da região de Castela e Leão, com mais incidência para a província de Burgos. A seguir disse-me algo que me deixou completamente sem resposta: “Estás a ver... o catalão, por exemplo, é um língua semelhante à nossa” – isto referindo-se a outro grupo independentista espanhol, a Catalunya – “mas o Euskara... se os meninos forem aprendê-lo como primeira língua, terão muita dificuldade em falar correctamente o castelhano. E olha que somos mais de 400 milhões de falantes”. E não é que o sacana tinha razão? Não pude deixar de estabelecer um paralelo entre o pragmatismo basco, que leva a que os pais prefiram que os seus filhos falem uma língua franca com muito mais penetração à escala global, e a situação de Macau. Não me refiro ao patuá, que durante uma boa parte do século XX foi ostracizado pela administração portuguesa, e hoje é visto como “património imaterial” da região. Nem sequer o português, que talvez pelas mesmas razões que levam os bascos a tomar aquela opção, leva a que muitos falantes do Português em Macau optem por colocar os seus filhos no ensino veicular em língua chinesa. O cantonense, esse sim, é o elo mais forte que confere aos residentes de Macau e Hong Kong, e de um modo mais abrangente de todo o sul da China, uma identidade própria, diferente do resto do país mais populoso do mundo. Em nome do carácter de unicidade de Macau, e já que o resto nos parece dado por perdido, mais cedo ou mais tarde, resta-nos confiar na população de Macau para fazer do cantonense o seu... euskara.

OPINIÃO


“ SUCURSAL DO BNU NA MONTANHA ATÉ AO FINAL DO ANO

O Banco Nacional Ultramarino (BNU) quer abrir a sua primeira sucursal na China até ao final do ano, confirmou o presidenteexecutivo do banco. Depois de ontem, conforme publicado no HM, um despacho do Secretário para a Economia e Finanças autorizar oficialmente a abertura da sucursal, Pedro Cardoso admite que falta ainda a aprovação final por parte das autoridades reguladoras da China. A abertura desta sucursal do BNU tem a ver “com o desenvolvimento das relações comerciais entre a China e Macau” e do facto do banco ter “um número muito significativo de empresários e clientes em geral que têm investimento na China – sejam fábricas, empresas de prestação de serviço ou mesmo investimento imobiliário”, como afirmou Pedro Cardoso.

DUTERTE ANUNCIA VISITA À CHINA

O presidente filipino, Rodrigo Duterte, anunciou ontem que se deslocará em breve à China e espera visitar igualmente a Rússia, reiterando as suas críticas ao aliado norte-americano, que qualificou de “arrogante”. “A China convidoume várias vezes. Aceitei o convite”, declarou. Não precisou a data, mas disse que a viagem ocorrerá antes de uma deslocação ao Japão, de onde “provavelmente irá à Rússia”. Estas serão as primeiras visitas do presidente filipino fora do sudeste da Ásia. Duterte, que tomou posse a 30 de Junho, disse várias vezes que queria aproximar-se de Pequim e de Moscovo, enquanto ia criticando Washington, antiga potência colonial e aliado militar de Manila. O presidente filipino já anulou as patrulhas conjuntas com os Estados Unidos, evocou a possibilidade de denúncia do pacto de defesa mútua e ameaçou cortar as relações bilaterais.

TURQUIA RECEIA GUERRA MUNDIAL

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A Turquia declarou ontem recear que a guerra na Síria evolua para um confronto mundial, com a persistência da tensão entre Rússia e Estados Unidos, que apoiam partes opostas no conflito. «Se a guerra por procuração prosseguir, deixem-me ser claro, a América e a Rússia vão chegar a uma guerra», declarou o viceprimeiro-ministro Numan Kurtulmus à agência pró-governamental Anadolu. Kurtumlus considerou que o conflito sírio colocou o mundo «à beira de uma vasta guerra regional ou mundial».

Com seu olhar/a terra/assim benzida/ficou ninho/refúgio da gente/ que/só/em qualquer mar/ande perdida.” António Correia

AGÊNCIAS DE VIAGENS ANSIOSAS POR VOOS DIRECTOS

A China fica ao lado

A

Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) considera que o início de voos directos entre a China e Portugal em Junho é “uma excelente notícia”, admitindo que há muito trabalho a fazer na adequação da oferta. “É com toda a certeza uma excelente notícia que nos deixa obviamente muito satisfeitos. E mais uma oportunidade para o turismo nacional que competirá às empresas explorar, como tenho a certeza o farão”, disse o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira. O responsável admitiu também que “há, certamente, muito a fazer para adequar a oferta às especificidades do mercado chinês”, acrescentando que “este é um trabalho que se impõe”, sabendo-se que se está “a falar do primeiro mercado emissor mundial” de turistas. Na terça-feira, o Turismo de Portugal anunciou que a ligação aérea directa da China a Portugal arranca em Junho de 2017, com três a quatro frequências por semana, de acordo com o protocolo assinado entre este organismo e o grupo HNA (Beijing Capital Airline). A HNA, accionista da companhia aérea Azul, controlada pelo empresário David Neeleman - um dos donos da TAP -, obteve autorização para lançar uma rota para Portugal no início de Junho deste ano. O desenvolvimento da negociação da ligação directa China – Portugal é uma parceria entre três entidades portuguesas - o Turismo de Portugal, a ANA Aeroportos e a Associação Tu-

rismo de Lisboa (ATL), referiu o organismo. O Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, considerou que “a assinatura do protocolo reforça o compromisso de ambos os países em avançar na cooperação para o crescimento dos fluxos turísticos da China para Portugal”. De acordo com o Turismo de Portugal, até Julho de 2016, e face ao mesmo período de 2015, o número de turistas chineses que visitaram Portugal cresceu 21,6%, tendo passado de 87.045 em 2015 para quase 106.000 em 2016.

PARTILHA COM A TAP

A TAP deverá fazer um acordo de partilha de voos com o grupo HNA, que a partir de Junho terá a primeira ligação directa entre a China e Portugal, à semelhança do que faz com três dezenas de outras companhias. A partilha de voos, designado ‘codeshare’, é um acordo de cooperação pelo qual uma companhia aérea transporta passageiros cujos bilhetes tenham sido

emitidos por outra empresa, com o objectivo de disponibilizar aos passageiros mais destinos do que uma só companhia aérea poderia isoladamente. Na prática, a TAP deverá vir a comercializar directamente voos para a China - nos aviões da HNA - e a companhia aérea chinesa também poderá vender voos da TAP, por exemplo, para o Brasil ou África. No final de Setembro, David Neeleman anunciou que a TAP se preparava para lançar em cooperação com o grupo chinês HNA quatro voos directos semanais entre Lisboa e Pequim. Nessa altura, o empresário brasileiro e norte-americano explicou que o grupo HNA só pretendia fazer dois voos semanais, mas que as conversações permitiram chegar aos quatro, revelando ter esperança que a frequência aumente no futuro. “Há 120 milhões de pessoas que viajam para fora da China todos os anos, nós só queremos 1% ou um pedaço de 1%, já seria muito bom para Portugal”, afirmou então David Neeleman.

KATE MOSS APARECE MOLTO BELLA NA VOGUE ITALIANA DESTE MÊS

COREIA DO NORTE EXPULSA VICE-MINISTRO

A Coreia do Norte expulsou o seu vice-ministro dos Negócios Estrangeiros como punição pela deserção do país do vice-embaixador para o Reino Unido, noticiou ontem a imprensa sul-coreana. O jornal JoongAng Ilbo cita uma fonte anónima próxima dos assuntos norte-coreanos, que afirma que Kung Sok-Ung foi removido do seu cargo e expulso da capital, Pyongyang, enviado para uma zona rural com a sua família. A decisão terá sido tomada pelo líder do país, Kim Jong-un, após a deserção do vice-embaixador no Reino Unido, Thae Yong-Ho, e da sua família para a Coreia do Sul, há dois meses. “Desde a deserção de Thae Yong-Ho no final de julho, tem havido uma inspeção generalizada do Ministério dos Negócios Estrangeiros”, indicou a fonte. “Kung Sok-Ung era considerado responsável pelas embaixadas na Europa e foi expulso como resultado”, acrescentou. O jornal indica que quatro outros diplomatas de alto nível responsáveis por assuntos europeus foram também expulsos de Pyongyang.

quinta-feira 13.10.2016

PUTIN É MUITO DIFÍCIL DIALOGAR COM OBAMA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ontem que é «muito difícil» dialogar com o actual governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Barack Obama. «É muito difícil dialogar com o actual governo americano. Praticamente, não há diálogo», disse Putin num fórum empresarial na capital russa. Putin acusou Washington de tentar ditar as suas condições a outros países, mas mostrou-se disposto a construir «relações amistosas com uma potência e uma economia tão grande como os Estados Unidos».

ONU TRUMP SERIA PERIGOSO PARA O MUNDO

O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, afirmou ontem que uma eventual eleição de Donald Trump, o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, seria perigosa «do ponto de vista internacional». «Se Donald Trump for eleito, partindo do que disse até agora, a menos que isso mude, creio que seria perigoso do ponto de vista internacional», disse o responsável numa conferência de imprensa em Genebra. «Comentários sobre o uso da tortura, proibida pelo Direito Internacional, ou sobre comunidades vulneráveis que podiam ser privadas dos seus direitos. Os comentários de Trump [...] são profundamente inquietantes e alarmantes», disse.

TREINADOR DA SELEÇÃO CHINESA DEMITE-SE

O treinador da selecção chinesa de futebol, Gao Hongbo, anunciou ontem a sua demissão, depois da derrota por 2-0 frente ao Uzbequistão, na terça-feira, reduzir ainda mais as esperanças da China em se qualificar para o Mundial 2018. A derrota em Tashkent atirou o conjunto chinês para o último lugar do grupo, com apenas um ponto. “Deixarei o cargo de seleccionador nacional devido a motivos de saúde”, justificou Gao. O seleccionador, de 50 anos, assumiu os comandos da equipa chinesa em fevereiro passado, depois do francês Alain Perrin ter sido despedido, após várias más exibições, incluindo um empate frente a Hong Kong. Mas sob o seu comando, em quatro jogos disputados, o melhor resultado da China foi um empate, sem golos, com o Irão. Gao “falhou em formar um conjunto capaz e em encontrar um estilo de jogo para a equipa”, escreveu a Xinhua, acrescentando que, apesar de faltarem seis jogos na fase de qualificação, “as exibições da equipa chinesa não dão esperança aos adeptos”.


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