Hoje Macau 13 ABR 2016 #3550

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

TÁXIS

QUARTA-FEIRA 13 DE ABRIL DE 2016 • ANO XV • Nº 3550

MOP$10

hojemacau

Muda de via PÁGINA 4

ANIMA

AQUI HÁ GATO GRANDE PLANO

A cura dos espinafres

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A voz humana Em cerca de nove meses a Caritas LifeHope recebeu 164 pedidos de ajuda vindos de habitantes de Macau que não dominam a língua chinesa.

Abusos sexuais, violência doméstica, ameaças de suicídio ou “apenas” solidão são os registos da maioria das chamadas recebidas.

Um mau poema Longe de casa JULIE O’YANG

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JOSÉ DRUMMOND

PÁGINA 7

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OPINIÃO

LINHA DE APOIO DA CÁRITAS RECEBE MAIS DE 150 PEDIDOS DE AJUDA


2 GRANDE PLANO

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E Macau licencia cães devido ao problema da raiva, devia, então, licenciar também os gatos. É o que defende a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais que, em duas cartas enviadas aos deputados da Assembleia Legislativa (AL) que discutem na especialidade a Lei de Protecção dos Animais, dá muitas outras justificações contra a ideia de não se licenciarem gatos. “Primeiro, é absolutamente falso que os gatos apenas existam dentro de casa. A maioria dos gatos recolhidos pela ANIMA e que estavam na rua são gatos que escaparam de casa e que são de cidade”, começa por indicar Albano Martins, presidente da organização. A contestação chega face à ideia defendida pelo Governo: segundo os deputados, após uma reunião, não vai ser implementado o registo de gatos. O motivo? “O gato tem uma reacção muito diferente do cão” e o processo de registo não costuma “correr bem”. “A maioria dos gatos está em casa e há uma grande dificuldade das autoridades poderem [fazer] esses tais registos, para meter os chips dentro dos animais. O gato tem uma reacção muito diferente da do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho”, adiantou José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na altura. O responsável dizia ainda que havia mais casos de cães na rua do que gatos, algo que é contrariado por números da ANIMA. “Resgatámos nos últimos dois anos 442 gatos e 334 cães, pelo que não é correcto dizer-se que há menos gatos na rua do que cães. E quase todos esses gatos foram facilmente apanhados à mão, o que nem sempre acontece com os cães, o que prova que a maior parte deles já viveu em família e/ou foram abandonados ou perdidos”, pode ler-se na carta enviada a Kwan Tsui Hang, presidente da Comissão, e analisada pelo HM.

ANIMA CARTA ENTREGUE À AL E IACM APELANDO AO REGISTO DE GATOS

PELA SAÚDE DE TODOS

Não faz sentido não licenciar gatos em Macau. É o que defende a ANIMA, que entregou uma carta à AL e ao IACM apelando ao registo: não só poderá prevenir o problema da raiva, mais facilmente transmitida pelos felinos devido ao seu grande número, mas também para que quem maltrate ou abandone o seu gato seja punido. Mais ainda: a licença deve ser “gratuita”


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442 gatos e 334 cães resgatados

“É absolutamente falso que os gatos apenas existam dentro de casa” “Parece-me pouco inteligente, até por motivos de saúde pública, que os gatos não sejam vacinados contra a raiva e, nesse acto, não levarem microchip” ALBANO MARTINS PRESIDENTE DA ANIMA Os deputados tinham-se mostrado contra a ideia do Governo, mas disseram apenas que iriam ceder e colocar essa oposição no parecer entregue à AL. Para a ANIMA há duas razões primordiais para o registo dos felinos: uma delas é o controlo da raiva. A outra é poder punir quem abandona o seu animal ou devolver ao dono quem o perde.

SEGURANÇA GERAL

“Se Macau está sob o perigo iminente da raiva, por esta ser endémica na

China continental, então parece-me pouco inteligente, até por motivos de saúde pública, que os gatos não sejam vacinados contra a raiva e, nesse acto, não levarem microchip”, defende Albano Martins. “Do ponto de vista de saúde animal é também um risco desnecessário para esses pequenos animais, até porque há mais gatos do que cães a viver em casas, segundo acreditamos”. A ANIMA sugere que, uma vez que está em causa a saúde pública – algo sempre defendido pelo Governo como o mais importante no licenciamento dos cães - e este processo é barato, “tanto o licenciamento como a vacinação deveriam ser gratuitas” para os donos destes animais. Outro dos problemas, indica Albano Martins ao HM, é o facto de não vir a ser possível – sem os gatos estarem licenciados – perceber se o animal foi abandonado, e devolvê-lo ao dono caso este se perca. “A questão não é sequer os cães e gatos estarem equiparados. É porque as nossas estatísticas apontam que há muitos animais que são abandonados e, face à nova lei, quem abandona um gato não vai ser punido, porque ninguém vai saber [a quem pertence o animal]”, defende Albano Martins ao HM. O HM questionou ainda o presidente da ANIMA sobre as recentes defesas que têm vindo a ser tornadas públicas pela Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), que já se manifestou contra o licenciamento de gatos porque “o chip pode afectar a saúde do animal”. Albano Martins discorda: “Eu tenho vinte e tal gatos e todos eles têm microchip. São

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Um ano e nada mais

GONÇALO LOBO PINHEIRO

GONÇALO LOBO PINHEIRO

pela ANIMA nos últimos dois anos

Licenciamento de cães “é extraordinariamente caro”

E Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho” JOSÉ TAVARES PRESIDENTE DO IACM

todos saudáveis. E faz mal ao gato e não faz ao cão? Não tem sentido.” Em posts nas redes sociais, apelava-se ainda ao apoio contra o registo de gatos mostrando uma imagem de um felino com uma coleira e uma chapa metálica, como o IACM atribui aos cães, algo que não é exactamente o que “registo com microchip” significa. A ANIMA diz ainda que deveria ser ouvida pela 1.ª Comissão Permanente da AL por ser “a única associação de utilidade pública”, grau reconhecido pelo Executivo, e por ter continuamente contribuído desde longa data com sugestões sobre a lei. A carta foi aceite pela AL em Março. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

M Macau os donos de cães pagam 940 patacas, no mínimo, para licenciarem os seus animais durante três anos. E têm, além de pagar, de se deslocar ao canil anualmente, uma vez que as licenças são apenas válidas de Janeiro a Dezembro. Em Hong Kong, a licença é válida por três anos e o dono paga 80 dólares. O alerta é da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais e é feito através de uma carta ao presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares. No documento, a que o HM teve acesso, é explicado que as burocracias dão origem a que muitos animais nem sequer tenham licença. “O valor das licenças e das renovações destas são extraordinariamente caros em Macau. E estamos a falar de um simples acto administrativo, porque a vacina vale por três anos”, pode ler-se. “Em termos de eficiência, burocracia e controlo, os donos deveriam apenas renovar a licença quando a vacina [da raiva] expira. É só ver quantos donos falharam a renovação após a primeira licença: são milhares, mesmo se contarmos com os animais que morre-

ram”, alerta a ANIMA, que diz ainda que o facto de a licença do IACM ser valida apenas de Janeiro a Dezembro faz com que o instituto tenha mais trabalho e que convide os donos a não aparecer. Quem quiser licenciar o animal pode fazê-lo quando quer mas essa licença só é válida ate final do ano: “se formos registar um cão em Novembro pagamos 500 patacas mas o período de validade dessa licença é só o final do ano, um ou dois meses. No tempo da Administração portuguesa a licença era válida por 12 meses. Isso faz com que muita gente não queira registar o seu animal aguardando pelo início do ano”, indica Albano Martins, que assina a carta.

CONTRAPRODUCENTE

Para a ANIMA, bastaria que a licença de um cão fosse renovada apenas no mês que expira a vacina da raiva, sendo que esta tem a duração de três anos, até porque a ideia de registo de cães é precisamente para evitar esta doença. O facto de os donos terem de pagar anualmente quando as vacinas ainda têm efeito faz com que “haja muitos animais em casa” sem renovação de registo, além que dá mais trabalho aos funcionários do IACM. E a organização relembra que já se provou que um preço mais baixo iria servir o propósito. “Em 2005, quando o valor das licenças baixou de duas mil para 500 patacas o número de primeiras licenças quase duplicou. O IACM, na altura, não gostou que tivéssemos pedido ao Chefe do Executivo [Edmund Ho] tal descida, mas a verdade é que tínhamos razão.” J.F.

AÇAIMES PARA TODOS NÃO

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AS cartas a que o HM teve acesso, enviadas pela ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais à Assembleia Legislativa (AL) e ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), é ainda criticada a ideia do Governo em açaimar cães com mais de 23 quilos. “Somos contra o uso de açaimes. Nenhum animal deve ser açaimado”, diz a ANIMA, que indica que deve ser da responsabilidade do dono o uso deste objecto que, assegura, pode até criar problemas ao cão e que depende da educação das pessoas perceber se um cão tem mesmo de utilizar o açaime. “O tamanho nada tem a ver. Os animais não podem

estar sujeitos à ignorância das pessoas. Há animais de grande porte que são extraordinariamente dóceis e quase todos eles excedem os 23 quilos como adultos. Do ponto de vista médico-veterinário açaimar cria sérios problemas de saúde para os animais”, defende Albano Martins, que assina a carta. Em casos excepcionais sim, diz, mas a lei não pode “descer ao nível dos iletrados” e a função da AL é preparar “leis que nos deixem bem colocados no mapa da civilização”. “Não façam leis que nos façam ir parar ao Guiness Book do atraso, por favor ponham de lado as questões de política e de captação de votos e dêem o exemplo como humanos.”

O exemplo do Golden Retriever é o mais utilizado pela ANIMA, para mostrar como um cão com mais de 23 quilos pode ser dócil. Apenas em caso de agressões já registadas é que deveria ser passível a utilização do açaime, diz a ANIMA que, numa outra carta (ver texto página 7), contesta novamente declarações da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, que concordou com os deputados. “Não conseguimos acreditar que a vice-presidente da APAAM disse isso. Açaimar um animal, especialmente em Macau, é terrível por causa do tempo. Por favor reconsiderem a vossa posição.” J.F.


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 13.4.2016

TIAGO ALCÂNTARA

Venham mais cinco Maioria dos taxistas não receia nova lei

T Táxis NOVOS CONCURSOS SERÃO DIFERENTES, ANUNCIA GOVERNO

Hora a hora, tudo melhora Depois de uma manifestação por parte dos taxistas, que contou com uma adesão aquém das expectativas, o Governo anunciou ontem um novo tipo de concurso para o futuro. Uma coisa é certa: montantes na corrida deixam de ser factores preferenciais

P

RIMEIRO foi a mudança no regulamento de táxis, que não agrada aos profissionais, e agora são as próprias regras dos concursos públicos para obtenção de licenças que vão ser alteradas. Foi o que anunciou ontem a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública. O concurso aberto o mês passado “vai ser o último” que irá decorrer nestes moldes, onde o montante oferecido é o factor preferencial. No “futuro o Governo vai acabar com isto e vai adoptar um novo modelo (...) mas ainda não avançou qual”, começou por esclarecer o deputado Chan Meng

Kam, presidente da Comissão de Acompanhamento que ontem reuniu com os membros do Governo, incluindo o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “Os problemas dos serviços de táxis continuam por resolver. (...) As situações não têm melhorado”, apontou ainda o deputado. A forma como podem ser feitas as candidaturas – que neste momento podem ser empresas ou individuais - continua a ser uma das preocupações apresentadas pela Comissão ao Governo. “O Governo diz que vai ponderar sobre a realização de estudos sobre a política de investimento, sobre um modelo empresarial

OPINIÕES SÃO PARA SE OUVIR

Q

uestionado sobre os protestos levados a cabo por alguns taxistas contra a revisão do Regulamento de Táxis proposto pelo Governo, o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, indicou que todas as opiniões, sejam elas de quem forem, devem ser ouvidas, mesmo de um número pequeno de manifestantes. “Temos de ouvir todos os tipos de opiniões e daí conseguir chegar a um equilibro”, disse o director aos jornalistas, no final da reunião com a Comissão. A todas cabe o “direito de protestar” e o Governo tem o “dever de ouvir e ter em conta todas as opiniões”. “Precisamos de encontrar um equilíbrio entre a sociedade e os profissionais do sector. É normal”, sublinhou. O director indicou ainda que a proposta do Governo é resultado da consulta pública, realizada em 2014, que reuniu opiniões de vários intervenientes e associações, sendo que muitas delas pediam que “lei estivesse pronta o mais rápido possível”.

para aplicar na gestão de táxis”, explicou. Isto, pode levar a que no futuro existam apenas “empresas a gerir os táxis”, como as carreiras de autocarros. “Há 20 meses que andamos a pedir ao Governo para estudar (...) e transformar os táxis em meios de transporte públicos. O Governo está a pensar em arranjar mais medidas, por exemplo, só as pessoas portadoras de licenças poderem concorrer aos concursos públicos de concessão de licenças e alvarás de táxis”, avançou.

HIPÓTESES NA MESA

Em termos práticos, se o Governo optar por definir um plano de gestão empresarial a aplicar aos táxis, serão estas empresas as candidatas aos concursos públicos. No entanto, explica Chan Meng Kam, nada está decidido e o Governo está apenas a levantar hipóteses. “O Governo disse ainda que está a estudar a possibilidade de ser um concurso [no futuro] para empresas, para acabar com as infracções. (...) Os táxis devem ser transportes públicos, não [uma] forma de investimento. O Governo está a estudar”, frisou. Para já fica-se sem saber se serão as empresas ou os próprios taxistas possibilitados, exclusi-

vamente, às candidaturas para os futuros concursos. A única garantia dada por Chan Meng Kam é a abolição dos montantes como factor de escolha dos próprios candidatos. Até ao final do mês, explicou ainda o Governo à Comissão, será apresentada uma proposta de lei para “resolver os problemas dos táxis”.

ONY Kuok, membro do Conselho Consultivo do Trânsito e presidente da Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxi, disse ao Jornal do Cidadão que a maioria dos taxistas ditos “normais”, ou seja, sem infracções à lei, não receiam as alterações que o Executivo pretende implementar no actual regulamento dos táxis nem sequer a fiscalização da polícia. “A maioria dos taxistas concorda com as novas regras a serem implementadas no regulamento, como a punição mais pesada para quem comete ilegalidades, a implementação de gravações áudio ou a retirada da licença”, disse. Em relação ao protesto ocorrido na semana passada em frente aos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Tony Kuok criticou a iniciativa porque teve um impacto negativo junto dos moradores. O responsável disse também não concordar com a manifestação de segunda-feira, na qual participaram apenas 27 motoristas, porque este não ganhou o apoio da maioria. “Os polícias sbem bem as informações dos taxistas que cometem ilegalidades. Eles ganham 200 patacas enquanto nós ganhamos 17 patacas. Isso afecta-nos, estou a falar de mais de dois mil taxistas”, apontou. Tony Kuok explicou que muitos condutores não deixam outros colegas de profissão transportar passageiros junto ao Venetian, o que os deixa “furiosos”. O responsável diz que as ilegalidades são cometidas por uma pequena parte dos taxistas e que a maioria discorda dos actos ilegais. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

MENOS MAL

Feita a análise ao primeiro trimestre do ano, o Comissão avança que registou-se uma queda de 20% de transgressões por parte dos taxistas, comparativamente aos três primeiros meses de 2015. “Entre ano, entre Janeiro e Março, houve uma queda de 20% dos casos de transgressões. Até ao momento registaram-se 1277 casos, sendo 416 relativos a abusos na cobrança da tarifa e 472 de recusa de transporte”, apontou, contrariamente aos 1724 registados entre o mesmo período durante o ano passado. “Em 2015, registou-se um total de 5079 transgressões, 1286 sobre cobrança excessiva da tarifa e 1874 que dizem respeito à recusa de transporte”, acrescentou o deputado. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

RITA SANTOS CONDECORADA NA GUINÉ-BISSAU

Durante a visita a Guiné-Bissau, para o Encontro dos Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Rita Santos, actual Conselheira das Comunidades Portuguesas, recebeu o grau de mérito pelo Governo da República da Guiné-Bissau pela “excelência da contribuição para a edificação da dinamização do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.


5 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

POLÍTICA

INFECÇÕES NOVO ESPAÇO EM COLOANE SEM PESSOAL PERMANENTE

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HEANG Chi Keong, deputado e presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), assegurou que está já concluído o documento de trabalho que junta as opiniões sobre a Lei de Erro Médico feitas pelo Governo

na generalidade em 2013 mas até ao momento está ainda na discussão em especialidade. Ao Jornal Ou Mun, Cheang Chi Keong afirmou que o processo da discussão da lei “está a andar como previsto”. O presidente da Comissão já tinha afirmado no

e pela AL e a discussão na especialidade deverá ser concluída nesta sessão legislativa, ainda que a aprovação da lei seja só apontada para 2017. A proposta do Regime Jurídico de Tratamento de Litígios Decorrentes de Erro Médico foi aprovada

início do ano que ia tentar entregar a proposta de lei à AL para a votação e aprovação na especialidade. Mas isso, agora, só poderá ser em 2017. Cheang Chi Keong referiu ainda que os temas principais são a composição da comissão de perícia médica, as suas medidas, a validade

Para sabermos melhor

ASSOCIAÇÃO DE CHUI SAI PENG ACUSADA DE BENEFÍCIOS DO GOVERNO

Trabalhos em família

A

Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau, presidida pelo deputado José Chui Sai Peng, foi acusada de conflito de interesses por prestar serviços ao Governo num valor total de 5,9 milhões de patacas por ajuste directo. Elaboração de materiais didácticos de conhecimento gerais em escolas primárias foram os serviços prestados pela empresa do deputado e empresário que é, também, primo do Chefe do Executivo. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) explicou, em resposta, que a

decisão foi tomada porque a Associação tem experiência. Chui Sai Peng defende que não existe tráfico de influências e Chui Sai On diz que a adjudicação dos serviços não só corresponde aos procedimentos estabelecidos e às leis, como é promessa a tentativa de impedir o conflito de interesses. Um despacho do Chefe do Executivo, publicado na segunda-feira passada, mostra que foi adjudicada à Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau a prestação dos serviços para os materiais, sendo autorizado o pagamento de 2,95 milhões este ano e outros 2,9 milhões em 2017. A Associação tem como director Chui Sai Peng. A publicação Macau Concealers avançou ontem que suspeita que o Chefe do Executivo beneficiou Chui Sai Peng, já que para esta adjudicação de serviços nunca foi feito um concurso público e a DSEJ nunca publicou qualquer conteúdo dos serviços até à publicação do despacho. Em resposta ao canal chinês da Rádio Macau, Chui Sai Peng afirmou que aAssociação vai emitir uma declaração em breve para esclarecer a adjudicação dos serviços. “Sendo director, a Associação tem participado em trabalhos de natureza voluntária. Não existe tráfico de influências”, apontou. Questionado porque é que a despesa de criação dos materiais didácticos pode atingir o valor mencionado, Chui Sai Peng defendeu apenas que a Associação valoriza a elaboração de materiais didácticos e quer aumentar o nível de materiais e a sua criatividade, aumentando por sua vez os interesses nos estudos por parte dos alunos. O deputado explicou ainda que este trabalho vai contar com a ajuda de especialistas e académicos locais e estrangeiros. Segundo um comunicado da DSEJ, o organismo referiu que

SAFP Planos de melhoria na publicação de informações do Governo

TIAGO ALCÂNTARA

Os novos requisitos para o ensino vão fazer com que tenha de existir novo material e é uma associação dirigida por Chui Sai Peng a responsável por criá-los. Mas o serviço foi adjudicado por ajuste directo e custou 5,9 milhões de patacas, o que está a levantar polémica por Chui Sai Peng ser primo do Chefe do Executivo. As autoridades já desvalorizaram

dos relatórios da comissão de erro médico, os seguros de saúde e a pressão sentida pelos médicos. O deputado considera que o mais importante é que a lei não se foque só em pacientes ou médicos, sendo que “o equilíbrio é o ponto mais difícil da proposta de lei”. F.F.

A

Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) prevê que o estudo que analisa a situação actual das leis que obrigam à publicação de informações do Governo possa estar concluído este ano. A mesma direcção espera ainda concluir, entre 2018 e 2019, os trabalhos para a criação de uma única plataforma de serviços para publicação de informações. A notícia foi avançada pelo director dos SAFP, Kou Peng Kuan, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que questionava o estado do assunto, prometido pela Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, nas Linhas de Acções Governativas (LAG) do ano 2015. Kou Peng Kuan afirmou que, para aumentar o nível da transparência de publicação de informações, o Governo já começou com os trabalho de estudo e prevê que a análise dos diplomas que a essas publicações obriga termine já este ano.

ORDEM ONLINE

actualmente Macau não tem materiais didácticos que correspondam às novas exigências de competências académicas básicas e, por isso, é necessário elaborar novos materiais.

GARANTIAS DE EXCELÊNCIA

Chui Sai Peng garante que a sua Associação tem um grupo de académicos e professores “excelentes”, que conhecem bem a sociedade e educação de Macau. Por estas características, diz, é

que a DSEJ decidiu incumbir a Associação para a criação dos materiais. A DSEJ disse ainda que conforme a sua competência, a prestação deste serviço não precisa de autorização do Chefe do Executivo, mas como as despesas dos serviços ultrapassam um ano, conforme o Regime de Administração Financeira Pública, é preciso aval de Chui Sai On. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

O responsável apontou ainda que, através do Planeamento Geral da Governação Electrónica do Governo da RAEM de 2015 a 2019, o Governo quer também reorganizar o site do Portal do Governo e prevê a conclusão da construção de uma “Plataforma de Serviço de Publicação de Informações” em dois a três anos. Sendo possível oferecer “ferramentas” de gestão de distribuição de dados para os serviços públicos, mas exigindo a publicação de informações num formato padronizado, conforme as definições de cada departamento. O Governo pretende ainda publicar, gradualmente, relatórios sobre as viagens de trabalho ao exterior. Os SAFP querem publicar já na segunda metade de 2016 um relatório de visitas e seminários onde o Governo de Macau marcou presença. F.F.


6 POLÍTICA

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Um estudo publicado no Journal of Contemporary Asia fala de uma “relação triangular” que o deputado Chan Meng Kam tem com o meio político, a indústria do Jogo e a comunidade de Fujian, fazendo lobbying em prol dos seus interesses

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HAMA-SE “Casino Interests, Fujian Tongxianghui and Electoral Politics in Macao” e é um artigo da autoria dos académicos de Hong Kong Sonny Shiu-hing Lo e Eric King-man Chong que estabelece a relação entre a presença de Chan

O triângulo de Fujian

empresário David Chow, da Macau Legend Development.

SUBTIS LIGAÇÕES

Chan Meng Kam Estudo liga política a interesses no Jogo

Meng Kam na política local, os interesses que possui ao ser presidente do casino Golden Dragon e a comunidade de emigrantes de Fujian a residir em Macau. Segundo o jornal Macau Daily Times, que cita o estudo publicado no Journal of Contemporary Asia, há uma “relação triangular” entre os interesses que Chan Meng Kam possui nestas áreas. O impacto da comunidade de emigrantes de Fujian, que representa 19% da população local, tem sido potenciado não apenas por Chan Meng Kam mas por outros líderes ligados à Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, com quem o deputado ganhou as eleições legislativas de 2013 e conseguiu, pela primeira vez, colocar um número dois e três no hemiciclo: Song Pek Kei e Si Ka Lon. “A moldura da política étnica ou sub-étnica pode ser comparada com a política de clãs, já que actuam como grupos de interesses com uma identidade própria que é partilhada pelos membros e cujos interesses são articulados frente a frente com o Governo em termos de poder”, refere o estudo, citado pelo diário de

Eric King-man Chong falam ainda da existência no território de um “Estado-casino”, uma “situação onde as instituições políticas de Macau perdem a sua importância e a indústria dos casinos opera como um segundo Governo”. O estudo refere que Chan Meng Kam não é o único deputado à Assembleia Legislativa com ligações ao Jogo, falando também de Angela Leong, administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ou Melinda Chan, esposa do

língua inglesa. Os autores defendem ainda que estes grupos “podem fazer lobby junto do Estado para proteger os seus interesses e até para competir entre si”. Existe, portanto, “um equilíbrio entre a mobilização eleitoral da comunidade de Fujian, a protecção dos interesses na área do Jogo dominados pelos líderes [do mesmo local] e os desafios do dia-a-dia dos residentes de Fujian que residem, na sua maioria, na zona norte de Macau”. Sonny Shiu-hing Lo e

Os académicos falam das legislativas de 2013, quando a lista candidata de Chan Meng Kam “adoptou um perfil discreto de aproximação para lidar com outros interesses dos casinos (...) uma estratégia deliberada para adquirir os votos dos que não têm interesses ligados ao Jogo”. O estudo faz também uma referência a uma interpelação escrita entregue por Chan Meng Kam, na qualidade de deputado, ao Governo, onde pede mais regras para a concessão de crédito “decorrente da exploração das salas VIP em casinos”. “Tendo em conta que os negócios das salas VIP contribuem com 70% para as receitas fiscais do Jogo, estamos a falar de negócios que se revestem de maior importância para o sector”, escreveu na interpelação. Como deputado Chan Meng Kam tem pedido também alterações para responder a processos semelhantes ao caso Dore. O HM contactou Chan Meng Kam para obter uma reacção a este estudo. Segundo a sua secretária, o deputado leu o artigo, sorriu e apenas referiu que o seu conteúdo não tem qualquer sentido. Andreia Sofia Silva com F.F.

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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Aviso de remoção dos veículos abandonados Os veículos abaixo identificados encontram-se estacionados há vários anos no parque de estacionamento privado dos “Jardins Nova Taipa”, cuja gestão pertence à “Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa”, após ter sido enviado cartas aos proprietários e deixado avisos nos veículos e nas estradas dos prédios dos Jardins da Nova Taipa e não se tendo verificado, por parte dos proprietários, qualquer intenção de remoção dos mesmos, vimos assim avisar os respectivos proprietários para, dentro de 30 dias contados do presente aviso, procederem às diligências necessárias para efectuar a remoção dos referidos veículos. Se, decorrido o referido período, os veículos não forem removidos, a Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa ver-se-á forçada a faze-lo por si própria e a reclamar judicialmente todas as despesas resultantes dessa remoção e, bem assim, todos os prejuízos que a situação acima referida lhe causou. Número da chapa de matrícula dos veículos: MA-36-18, CM-55314, CM.-42629, MC-70-28, CM-35168, CM-48443, CM-14805, MA-70-99, MC-19-39, MG-50-16, MB-51-31 e CM-20610. Para qualquer esclarecimento favor contactar a comissão: (TEL:28830490) Atenciosamente, Comissão dos Condóminos do Edifício Jardim Nova Taipa

Anúncio Concurso Público

«Serviços de manutenção e reparação do sistema de climatização das Instalações Desportivas situadas no Cotai geridas pelo Instituto do Desporto» Nos termos previstos no artigo 13.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o Despacho do Ex. mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 31 de Março de 2016, o Instituto do Desporto vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para os serviços de manutenção e reparação do sistema de climatização das seguintes instalações desportivas situadas no Cotai geridas pelo Instituto do Desporto, durante o período de 1 de Julho de 2016 a 30 de Junho de 2018: Desginação das Instalações Desportivas 1

Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental de Macau

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Centro Internacional de Tiro

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Centro de Bowling

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Academia de Ténis

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Centro Náutico de Cheoc-Van

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Centro Náutico de Hác-Sá

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Kartódromo de Coloane

A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados podem dirigir-se ao balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.º 818, em Macau, no horário de expediente, das 9.00 às 13.00 e das 14.30 às 17.30 horas, para consulta do processo do concurso ou para obtenção da cópia do processo, mediante o pagamento de $ 1 000,00 (mil) patacas. Os interessados devem comparecer na sede do Instituto do Desporto até à data limite para tomar conhecimento sobre eventuais esclarecimentos adicionais. O prazo para a apresentação das propostas termina às 12.00 horas do dia 11 de Maio de 2016, quarta-feira, não sendo admitidas propostas fora do prazo. Em caso de encerramento deste Instituto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a data e a hora limite para a apresentação das propostas acima mencionadas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido, na sede do Instituto do Desporto, no endereço acima referido, acompanhada de uma caução provisória no valor de $ 64 000,00 (sessenta e quatro mil) patacas. Caso o concorrente opte pela garantia bancária, esta deve ser emitida por um estabelecimento bancário legalmente autorizado a exercer actividade na RAEM e à ordem do Fundo do Desporto ou deve ser efectuado um depósito em numerário ou em cheque (emitido a favor do Fundo do Desporto) na mesma quantia, a entregar na Divisão Financeira e Patrimonial, sita na sede do Instituto do Desporto. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 12 de Maio de 2016, pelas 9.30 horas, quinta-feira, no auditório da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.o 818, em Macau. Em caso de encerramento do Instituto do Desporto por motivos de tufão ou por motivos de força maior, ou em caso de adiamento do prazo para a apresentação das propostas por motivos de tufão ou por motivos de força maior, a hora e o dia para o acto público de abertura das propostas acima mencionados serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. As propostas são válidas durante 90 dias a contar da data da sua abertura. Instituto do Desporto, 13 de Abril de 2016. A Presidente Subst.a, Lam Lin Kio


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SOCIEDADE

Em risco de queda DSAMA procura responsáveis para resolver problema de estaleiro em Coloane

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Caritas LifeHope MAIS DE 150 A LIGAR PARA LINHA DE APOIO

Solidão que se ouve Numa ano de existência a linha de apoio da Cáritas para os não falantes de Chinês recebeu 164 pedidos de ajuda. Casos de potenciais suicídios, violência doméstica e abuso sexual de crianças foram os mais referidos

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NTRE Julho do ano passado e Março deste ano um total de 164 pessoas pediram ajuda à Cáritas através da linha telefónica de apoio intitulada Caritas LifeHope, destinada apenas aos residentes e não residentes que não dominam o Chinês. “Vemos que há poucos serviços de apoio para a comunidade não falante de Chinês. Neste momento a linha de apoio está a trabalhar algumas horas por dia e temos alguns voluntários. É bom ter este serviço, é muito importante”, disse Paul Pun, secretário-geral da organização, ao HM. Os casos mais comuns ouvidos pelos voluntários estão relacionados com pessoas que vivem sozinhas ou que sofrem de doenças mentais. Há ainda casos de pessoas que pedem aconselhamento por estarem a sofrer de uma doença terminal, sem esquecer aqueles que falam em suicídio. Contudo, Paul

Pun referiu também que muitas das chamadas remetem para problemas familiares, como abuso sexual infantil e violência doméstica. “Também recebemos chamadas de pessoas que vivem à distância, mas o nosso foco vai para aqueles que vivem em Macau”, disse Paul Pun. Um ano de existência da Caritas LifeHope serviu para mostrar, segundo Paul Pun, que o Governo necessita fazer uma aposta no tipo de serviços do foro psicológico, médico e social para os não residentes e para quem não fala a língua principal de Macau. “A criação desta linha de apoio é apenas um passo para reforçar os serviços de apoio para aqueles que não falam Chinês. Teremos de compilar os casos e recolher mais dados e precisamos de partilhar estas informações com a sociedade. Então aí o Governo terá conhecimento dos casos e terá maior consciência das medidas a

implementar para as comunidades que não falam o Chinês”, explicou.

ESCASSOS RECURSOS

No segundo ano de existência será difícil expandir a área de actuação da Caritas LifeHope, dada a falta de recursos humanos que estejam dispostos a trabalhar neste serviço. “Não podemos expandir a linha de apoio neste momento, precisamos de um bom número de voluntários primeiro. Sem eles não podemos expandir o serviço. Neste momento trabalhamos apenas com oito voluntários e precisamos de chegar aos 15”, rematou o secretário-geral da Cáritas. Para além desta linha, a organização abriu o ano passado o Centro de Recursos Educativos para a Vida, que funciona na Ilha Verde e que pretende dar resposta aos casos de pessoas que sofrem de solidão ou de outro tipo de problemas. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

M estaleiro de navios abandonado na povoação de Lei Chi Vun, em Coloane, está em risco de queda devido à falta de manutenção. A Direcção dos Serviços para osAssuntos Marítimos e da Água (DSAMA) avançou com uma investigação em colaboração com a Direcção dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e o Instituto Cultural (IC), que querem que os responsáveis pelo estaleiro tratem do problema “o mais depressa possível”. Segundo o canal televisivo MASTV, um dos estaleiros abandonados de Lei Chi Vun irá ruir a curto prazo, algo que preocupa os moradores da zona. Os mesmos, em declarações ao canal, indicaram que nos últimos meses, com a chuva, os barulhos provenientes da estrutura do estaleiro têm aumentado e isto tem trazido bastante preocupação a nível de segurança. Os moradores indicaram ainda que a madeira que compõe o estaleiro tem cedido e a própria estrutura está a cair cada vez mais.

AO ABANDONO

Apesar do estaleiro estar vedado, há mais de dez anos que está abandonado e as instalações dentro do estaleiro já cederam. Os moradores, temendo pela sua segurança, quiseram

encontrar-se com os responsáveis para salvaguardar qualquer acidente que possa acontecer. A DSSOPT enviou funcionários para investigar a situação e chegou à conclusão que o estado é “grave” e aconteceu devido à falta de manutenção ao longo dos anos. Depois de contactarem os responsáveis pelo espaço, o Governo realizou uma reunião urgente com os mesmos. Durante a reunião, a DSAMA apelou a que os responsáveis resolvam o assunto o mais depressa possível para garantir a segurança dos moradores e dos edifícios em torno daquele estaleiro. Os responsáveis prometeram arranjar uma solução e o projecto de manutenção irá começar dentro desta semana. O Governo já divulgou o Estudo do Planeamento da Povoação de Lai Chi Vun da Vila de Coloane, que conta com 16 estaleiros abandonados. A administração mostrou-se interessada em criar um museu sobre os estaleiros, mas até hoje ainda não há qualquer novidade. Tomás Chio

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EMPRÉSTIMOS À HABITAÇÃO CAÍRAM 30%

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S novos empréstimos concedidos em Macau para compra de casa caíram em Fevereiro 29,5% em relação ao mês anterior e 57,1% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais. O valor dos novos empréstimos para habitação chegaram aos 2,3 mil milhões de patacas em Fevereiro, relevou a Autoridade Monetária de Macau. Os novos empréstimos tinham terminado 2015 com um crescimento em Dezembro, após meses de queda. No entanto, desde o início do ano voltaram a cair: em Janeiro, o valor foi 35,8% inferior ao de Dezembro e menos 16,2% na comparação homóloga (quando comparado com Janeiro de 2015). Também o preço médio do metro quadrado das casas em Macau

TAIPA LIGADA A TUEN MUN

tem caído, tendo a diminuição sido de 13% no conjunto do ano passado, comparando com o ano anterior, segundo dados dos serviços de estatística do território, que revelam ainda que a maior queda se registou nos edifícios ainda em construção, onde o preço médio do metro quadrado das casas transaccionadas no ano passado caiu 23,5%. No ano anterior, em 2014, o preço médio do metro quadrado das frações autónomas destinadas à habitação em Macau tinha subido 22%. Numa análise do mercado nas primeiras semanas de Abril, divulgada hoje, a consultora Sanford Bernstein estima que este mês a queda nas receitas dos casinos seja entre 11% e 14%, em termos homólogos.

A Turbo Jet anunciou que, devido à popularidade da carreira que liga Tuen Mun a Macau e para dar resposta às necessidades dos passageiros, decidiu estender a rota para a Taipa. A ligação tornou-se efectiva a partir do dia de ontem. Alteradas ainda foram as seguintes carreiras: o barco das 8h10 de Macau e o das 16h10 de Tuen Mun passam agora para o Terminal Provisório da Taipa.


8 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

Cartas com duras críticas foram enviadas à Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau, onde uma associação de Pequim e a ANIMA se dizem “envergonhadas” com o facto de a organização local apoiar o Canídromo. Possível financiamento e uso de espaços da Yat Yuen são algumas das acusações, que a APAAM descarta

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UAS cartas registadas foram enviadas da Capital Animal Welfare Association of Beijing à Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM), onde são tecidas críticas à organização local por causa de declarações contra, diz a Capital, o que são os direitos dos animais. A ANIMA juntou-se à causa e enviou também uma carta à compatriota. Em causa estão declarações de uma das responsáveis da Associação que defendem o Canídromo quando este é acusado por todas as outras associações locais e internacionais de crueldade para com os galgos. A APAAM diz que questionou o Canídromo e que as coisas não são bem assim, como disse ao HM Josephine Lau, vice-presidente da Associação, quando questionada sobre um carnaval canino que iria acontecer precisamente no espaço do Canídromo, no início do ano. “Estamos extremamente surpreendidos com declarações da APAAM aos média, que contradizem a forma de proteger um animal”, começa por apontar Qin Xiaona, presidente da Capital Animal Welfare que assina a carta. “Essa opinião parece defender a crueldade das corridas de cães. E ainda diz que ajudou um galgo

Pequim CONTESTADA POSIÇÃO DA APAAM SOBRE O CANÍDROMO

Debate em marcha TIAGO ALCÂNTARA

SOCIEDADE

até ao facto de prender animais que resgata em jaulas por vezes “pequenas demais para tantos animais” e umas em cima das outras, como se mostra em fotos públicas. “Isto é cruel e envergonha-nos”, atira a ANIMA. O Canídromo, contudo, é o principal motivo para as cartas agora enviadas à Associação. “Não queremos saber a razão do vosso apoio [ao espaço], nem acusar-vos injustamente, mas esperamos que façam realmente o que o vosso nome sugere, que é proteger os animais. Se dizem que o fazem, mas depois apoiam actos cruéis [como este], a vossa imagem pode ficar denegrida”, remata a Capital Welfare Beijing.

APAAM DISCORDA

reformado a arranjar adoptante - coramos de vergonha quando lemos o que ela disse. O uso de animais vivos para entretenimento é crueldade e é um acto bárbaro que deve ser eliminado. AAPAAM está a ajudar esta actividade cruel, contrariando a protecção aos animais. Nós, que defendemos os animais, temos vergonha de vocês.”

APOIOS QUE IMPEDEM

Acusações de que a APAAM recebe financiamento da Yat Yuen são explanadas na carta, onde também a ANIMA enumera razões para não colaborar com a Associação. “O Canídromo é um negócio de sangue. Enviei-vos documen-

“A APAAM está a ajudar esta actividade cruel, contrariando a protecção aos animais. Nós, que defendemos os animais, temos vergonha de vocês” QIN XIAONA PRESIDENTE DA CAPITAL ANIMAL WELFARE

tos para estudarem, uma vez que vocês parecem só acreditar no que diz a empresa e nunca investigaram o que se passa dentro daquela pista. Ainda que esta seja informação pública e vocês não possam dizer que não têm conhecimento dela.” A forma como os galgos são tratados no espaço da Yat Yuen tem sido polémica e motivou mais de 300 mil assinaturas e cartas ao Chefe do Executivo, onde é pedido o encerramento do espaço. Associações de animais locais e organizações internacionais juntaram-se à causa, sendo que notícias da imprensa internacional – como a rede de televisão australiana que entrou com uma câmara oculta no local – dão a entender que os galgos não têm condições suficientes. Mas o Canídromo nunca respondeu publicamente às acusações, nem quando questionado pelos média. Públicas são também actividades da APAAM no espaço da Yat Yuen. “Sabemos que o Canídromo e o Jockey Club estão a co-organizar actividades convosco e podem estar a financiar-vos. Se isso for verdade, e esperamos que não, isso é devastador”, indica a ANIMA, que diz-se mesmo disposta a ajudar a APAAM a todos os níveis, incluindo financeiro,

se esta deixar de cooperar com o Canídromo.

A FALAR ENTENDEMOS

Ao HM, Albano Martins anunciou que vai convidar a Associação e a Companhia de Galgos Yat Yuen para um debate sobre os galgos. Ainda que indique estar satisfeito com o facto da APAAM resgatar e não matar animais, a ANIMA diz não poder apoiar a Associação porque esta tem políticas estranhas aos direitos dos animais: o concordar com os açaimes para cães com mais de 23 quilos (ver páginas dois e três), o ser contra o registo de gatos (ver páginas dois e três), o não responder a cartas de apelo de organizações de animais

“O Canídromo é um negócio de sangue. Enviei-vos documentos para estudarem, uma vez que vocês parecem só acreditar no que diz a empresa” ANIMA

Contactada pelo HM, Josephine Lau, vice-presidente da APAAM, afirmou que “nunca leu a carta”, mas não concorda com as acusações. “Já realizamos anualmente o Carnaval no Canídromo e Jockey Club há oito anos, antes da Anima apelar ao fecho do Canídromo. Claro que não apoiamos as corridas de galgos, nem de cavalos. Até fomos manifestar-nos para a rua durante oito anos, pedindo a Lei de Protecção de Animais, como é que apoiamos as corridas? O que eu disse é que não se pode fechar o Canídromo de imediato porque há muitos galgos lá dentro, é preciso pensar como tratá-los depois do fecho, se serão adoptados ou se aceitamos a eutanásia”, defendeu a responsável. Josephine Lau defende, contudo, que o que é necessário é chegar ao fecho do Canídromo passo a passo, em coordenação com o Governo. A vice-presidente mantém o discurso anterior, na medida em que, diz, “não há provas” que mostrem que os galgos são eutanasiados se perderem três corridas. “Ao que sabemos, todos os cães dentro do Canídromo têm donos e a eutanásia precisa de autorização deles. Vimos sim que houve donos que levaram cães bem novos para serem abatidos, mas só porque eles tinham de sair de Macau e isso não podemos evitar”. Josephine Lau diz ainda que só com a nova Lei de Protecção de Animais é que é “possível apurar se o Canídromo maltrata os galgos”. A responsável diz ainda que não deve ser outra associação a apontar críticas aos trabalhos da APAAM. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


9 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

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processo de escolha e entrega de habitação económica está atrasado porque, segundo explica o Instituto de Habitação (IH) em comunicado, algumas das 180 famílias que concorreram ao processo de atribuição, em 2013, mentiram na declaração de activos. É necessário fazer uma revisão ao processo para estas falhas que permitiram as famílias mentir não aconteçam, dizem as autoridades. A notícia é avançada pelo jornal Ou Mun, onde se relembra que Arnaldo Santos, director do IH, disse que o instituto iria terminar a fase de apreciação e, logo de seguida, os seleccionados podiam entrar na fase de escolha de fracções. Algo que vai demorar mais a acontecer. No documento tornado público pelo IH, no final do último mês, o Governo diz estar, neste momento, a melhorar o processo das declarações de activos. Os casos detectados das famílias que durante a candidatura prestaram declarações falsas serão agora enviados para o Ministério Público. Esta medida de melhoria vem assim atrasar o processo de possibilidade de escolha de fracção as famílias seleccionadas e que não

Mentiras familiares

SOCIEDADE

RECEITAS DE LEILÕES DE MATRÍCULAS ESPECIAIS CAIU 50%

Habitação Declarações falsas nas candidaturas

estão envolvidas no processo de omissão de dados. O IH recolheu mais de 40 mil pedidos para as habitações económicas e aprovou um total de 1900 famílias para viver nestas habitações. Embora as primeiras 180 famílias já tenham recebido o aviso para escolher a fracção, o processo está parado e por isso também as restantes seleccionadas terão de esperar mais tempo que o previsto. O jornal Ou Mun revelou ainda que embora a apreciação termine a curto prazo, os seleccionados também não poderão ir viver nas habitações, porque as 1900 fracções ainda não estão concluídas. O IH informou ainda que 11 famílias candidatas desistiram e 22 pedidos para habituação social e 82 pedidos das fracções sociais foram excluídos.

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) divulgou ontem o resultado de aquisição em leilão das matrículas especiais, números que caíram cerca de 50% comparado com o ano passado. A DSAT recebeu 340 propostas, as quais geraram uma receita de quase sete milhões de patacas. O ano passado houve 600 propostas que geraram mais de 11 milhões. Segundo o jornal Ou Mun, a DSAT lançou 281 matrículas especiais para automóveis, divididas em quatro grupos. A matrícula MU8888 foi adquirida por cerca de 400 mil patacas, um valor mais alto face o que foi cobrado no último leilão. Contudo, o preço caiu cerca de 60%, comparando com a matricula MT8888 leiloada no último ano. O Governo obteve mais de um milhão de patacas com a venda de três destas matrículas, consideradas como placas da sorte.

Tomás Chio

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Anúncio Concurso Público para “Prestação de Serviços de Reparação e Manutenção do Sistema Electromecânico do Edifício situado na Estrada de D. Maria II n.º 33 (Novembro de 2016 a Outubro de 2018)” 1. 2. 3. 4.

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Entidade que procede o processo do concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Modalidade do concurso: concurso público. Local da prestação de serviços: edifício situado na Estrada de D. Maria II, n.º 33. Objecto da prestação de serviços: Prestação de serviços de manutenção e reparação do sistema electromecânico de todo o edifício acima mencionado, incluindo sistema de ar condicionado, sistema BMS, sistema de fornecimento de energia eléctrica e de iluminação, sistema de geradores de reserva e de pára-raios, sistema de abastecimento de água e de drenagem, sistema de combate contra incêndio, elevadores e escadas rolantes, sistema de plataformas suspensas, sistema de baixa tensão e outros equipamentos. Período da prestação de serviços: de 1 de Novembro de 2016 a 31 de Outubro de 2018 (24 meses). Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso. Modo de retribuição ao adjudicatário: a prestação de serviço é por preço global. Caso haja necessidade de substituição de peças, a sociedade adjudicatária deve apresentar antecipadamente uma outra cotação das mesmas. A DSSOPT reserva o direito da decisão final sobre a aceitação ou não da respectiva cotação. Caução provisória: $ 100 000,00 (cem mil patacas), a prestar por depósito em dinheiro ou mediante garantia bancária aprovada nos termos legais. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação. Preço base: não há. Condições de admissão: 11.1. Empresários comerciais, pessoas singulares, com domicílio na Região Administrativa Especial de Macau, adiante designada por RAEM, cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso. 11.2. Sociedades comerciais com sede ou representação permanente na RAEM, cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso. 11.3. No caso de consórcio ou agrupamento de empresas, é necessário que todos os seus constituintes, cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso. Local, data e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n.º 33, r/c; Data e hora limite: dia 13 de Maio de 2016, sexta-feira, até às 12:00 horas. Local, data e hora do acto público do concurso: Local: sala polivalente da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 5.º andar. Data e hora: dia 17 de Maio de 2016, terça-feira, pelas 9:30 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. Local, hora e preço para exame e obtenção da cópia do processo: Local: Departamento Administrativo e Financeiro da DSSOPT, sito na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 13.º andar. Hora: horário de expediente. Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $ 65,00 (sessenta e cinco patacas) por exemplar. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço total: 50%; - Plano de trabalhos: 20%; - Experiência de trabalhos: 20% (incluindo experiências acumuladas na RAEM ou no exterior de trabalhos de reparação e manutenção do mesmo tipo); - Integridade e Honestidade: 5%; - Registo de mão-de-obra ilegal, utilização de trabalhadores em desvio de funções ou que exerçam funções em locais que não coincidam com os previamente autorizados ou atraso de pagamento de salários: 5%. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer no Departamento Administrativo e Financeiro da DSSOPT, sito na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 13.º andar, Macau, a partir de 25 de Abril de 2016, inclusive, até à data limite para entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Macau, 7 de Abril de 2016 O Director dos Serviços Li Canfeng

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES

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Faz-se saber que em relação ao concurso público para a execução da “Obra de Remodelação das Instalações da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos”, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n° 13, II Série, de 30 de Março de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2° do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente no Departamento de Edificações Públicas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, n°33, 17° andar, Macau. Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, aos 8 de Abril de 2016. O Director dos Serviços, Li Canfeng


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Iao Hin EXPOSIÇÃO DE ARTE TRADICIONAL E PROIBIDA MARCA REABER

EVENTOS

ORQUESTRA CHINESA DE MACAU ACTUA NO TEATRO D. PEDRO V

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Música de Seda e de Bambu de Jiangnan” vão encher o palco do Teatro D. Pedro V com a interpretação da Orquestra Chinesa de Macau de um conjunto de obras do repertório do compositor chinês Gu Guanren. O evento tem lugar sábado, 16 de Abril, pelas 20h00 e pretende levar o público a um passeio musicado pelas paisagens daquela região sob os temas deste que, actualmente, é uma das maiores referências da música clássica chinesa, adinta a organização. O trabalho de Gu Guanren é ainda conhecido pela sua mescla entre composições tradicionais e

contemporâneas, sendo que são conhecidos os seus concertos para pipa ou erhu bem como para orquestras. Actualmente o compositor é subsidiado pelo Conselho de Estado Chinês, pela sua contribuição para a cultura tendo já passado pelos cargos de direcção da Comissão Artística da Orquestra Chinesa e desempenha de momento o cargo de vice presidente da Sociedade das Orquestras Tradicionais da China. Ainda segundo a organização, estamos perante “um compositor de primeira classe do estado chinês”. A entrada é de 60 patacas.

“EXPERIENCE” NO CENTRO DE DESIGN

O Centro de Design de Macau recebe este sábado pelas 20h00 a banda “Experience”. Denominado “Experience Private Party”, este espectáculo pretende apresentar as canções tanto do primeiro álbum da banda, “experience of Experience”, lançado no ano passado, como o último EP “Now Peace”, num evento particular que, segundo a organização, conta com arranjos especiais de modo a permitir ao público “experimentar diferentes texturas” nas músicas. Nascida em 2011, a banda de Macau teve o seu primeiro trabalho gravado em Taiwan em 2015, tendo vindo a desenvolver as suas criações com base numa progressiva transformação que remete inicialmente para o soft rock e jazz e que, actualmente, já é definida pelo grupo como um projecto multifacetado, onde o público pode detectar tanto os elementos iniciais, como a fusão latina e mesmo um estilo próprio ao qual chamaram fado de Macau, em que o género é cantado em Cantonês. Os bilhetes podem ser adquiridos no Centro de Design de Macau e custam 120 e 150 (VIP) patacas.

COR NA FUNDAÇÃO RUI CUNHA

Numa co-organização com a Art for All (AFA), a Fundação Rui Cunha terá patente entre 16 e 21 de Abril a mostra “As cores de Macau”, uma exposição de pintura a óleo de Cai Guojie. Segundo a organização, as pinturas exibidas são detentoras de “uma perspectiva única dos edifícios antigos tradicionais de Macau”, tendo em conta uma visão diferenciada da vulgarmente associada aos mesmos. Nascido e formado em Taiwan pela faculdade de Belas Artes da Universidade de Artes Nacional, o artista veio para Macau em 2011. O pintor tem ainda um mestrado em Instalação e dedica-se agora à curadoria e ao ensino artístico. A exposição abre às 16h00 e tem entrada livre.

“TIBETE REVELADO” EM MACAU Para dar a conhecer um Tibete longínquo, chega a Macau a arte dos mosteiros lado a lado com o trabalho de artistas contemporâneos filhos da terra, enquanto exilados

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA ROSTO PRECÁRIO • Eugénio de Andrade Para Eugénio, antibiografista e fingidor, o poeta “nega onde outros afirmam, desoculta o que outros escondem”, e é nesta medida que a escrita representa “uma forma de encontro com o próprio rosto”. Ecce Poeta, parece dizer cada texto. Eis o Poeta: fiel ao Homem, à Terra, à Palavra e ao seu Rosto. Nada efémero, nada precário.» Joana Matos Frias.

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Galeria Iao Hin vai reabrir após remodelações com a inauguração de uma exposição dedicada ao Tibete. Agendada para 22 de Abril às 18h00, a mostra “Tibete Revelado: um olhar profundo da arte do topo do mundo” tem entrada livre e, segundo a iAOHiN, muito para além do aspecto religioso, a arte tibetana do séc. XXI será apresentada de modo a dar a conhecer o espírito multifacetado da região, num caminho que vai desde as pinturas de rolo budistas oriundas de mosteiros remotos ao “olhar” de artistas agora exilados. Tendo em conta a procura, nomeadamente, ocidental, do “exotismo” da cultura tibetana é objectivo desta exposição dar a conhecer a mesma através de diferentes abordagens. Para Simon Lam, curador da exposição onde estarão patentes cerca de 20 pinturas contemporâneas

e 30 pinturas de rolo, os chamados Thangka, a galeria pretende mostrar “como a cultura e a religião tibetana estão preservadas tanto na região como no exílio, como é que os tibetanos vivem e como a sua história é vista na sua perspectiva”.

DOS THANKA À ARTE CONTEMPORÂNEA

A tradição centenária criada pelos monges budistas e com transmissão geracional, representada pelos Thanka, conta com trabalhos mais antigos cedidos pela Instituto de Arte Étnica de Pequim, alguns dos quais da altura da dinastia Qing. Peças mais recentes vêm do mosteiro de Wutun em Rebgong conhecido pela sua tradição no ensino desta arte. Paralelamente aos Thanka estão os trabalhos, agora pela primeira vez apresentados em solo chinês, de artistas contemporâneos da região que estão exilados. O que, segundo o site da galeria, “espera pôr a mexer a controvérsia e testar o sistema

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

DIÁLOGOS COM JOSÉ SARAMAGO• Carlos Reis José Saramago entrevistado por Carlos Reis. Um registo de testemunhos realizado durante cerca de sete horas em que o professor universitário questiona o criador de Blimunda sobre a formação, a aprendizagem, a profissão e a condição de escritor. Sobre a História como experiência.


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RTURA

hoje macau quarta-feira 13.4.2016

EVENTOS

Viagens e personagens Patrick Deville na Livraria Portuguesa este sábado

O Karma Phuntsok

Rabkar Wangchuk

Tashi Norbu

independente de Macau” dada a sua proibição em território continental. Tashi Norbu, artista da diáspora tibetana com cidadania belga e neste momento a viver e trabalhar na Holanda, cresceu na arte tradicional dos Thanka nos escritórios do Dalai Lama em Dharamsala, na Índia. Terminou a sua formação na Academia de Artes Visuais de São Lucas, Bélgica, e tem vindo a desenvolver trabalho numa perspectiva abrangente onde cabem as suas primeiras influências tradicionais ligadas ao Budismo e ao Tibete mescladas com os conhecimentos e a arte ocidental. Tashi Norbu virá directamente da semana da Ásia em Nova Iorque para a RAEM e irá levar a cargo

um workshop para crianças a 23 de Abril, também na galeria. Também em exposição e vindos do Museu Rubin de Nova Iorque estarão trabalhos de Rabkar Wangchuk, que têm vindo a correr mundo. Filho de pais refugiados, o artista estudou Filosofia Budista Tibetana durante 17 anos na Universidade Tantrica Gyudmed, também na Índia, onde recebeu formação na pintura dos Thangka e desenvolveu trabalho na escultura em madeira e areia, nos mandalas de areia e arquitectura Stupa. Ao longo dos anos muitas têm sido as suas influências, entre as quais Dali, Gaugin ou Picasso. Segundo a organização, de destaque é também a presença de três obras

da colecção pessoal do artista de renome internacional Karma Phuntsok, agora exilado na Austrália. Nascido em Lhasa em 1952 também estudou pintura Thanka, no Nepal, depois do refúgio na Índia, e vive actualmente na Austrália. Diz a galeria que a “beleza e riqueza do seu trabalho é influenciada pela diversidade das suas experiências de vida desde a infância no Tibete sob a opressão chinesa, até à vida de refugiado na Índia, à vida actual no ‘bush’ australiano e a veneração que tem ao Dalai Lama”. A exposição estará patente até 20 de Junho e conta com entrada livre.

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autor francês Patrick Deville vai estar na Livraria Portuguesa no próximo sábado, pelas 18h00 para uma conversa acerca do seu percurso enquanto autor, do seu trabalho e do projecto “Casa dos Escritores e Tradutores Estrangeiros”. Numa iniciativa promovida pela Alliance Française de Macau, em conjunto com o Festival Literário Rota das Letras, os interessados poderão conhecer mais detalhadamente Patrick Deville e o que é, para ele, ser também escritor de viagens.

Segundo a organização, Deville não escreve histórias de viagens, mas sim crónicas protagonizadas por personagens excepcionais, que o autor vai procurando aquando das suas deslocações. Também director da “Casa dos Escritores e Tradutores Estrangeiros” em França, cargo que “encaixa nesta sua paixão pelas histórias de outros lugares”, este é ainda o lugar que representa uma espécie de “céu que dá as boas vindas a autores de todos os cantos do mundo” enquanto também organiza colóquios, tem a seu cargo a publicação de uma revista e diversos textos bilingues. O seu trabalho “Peste e Cólera”, que retrata a vida de um bacteriologista, é considerado um dos seus mais relevantes romances estando nomeado para diversos prémios literários tendo sido já galardoado com o prémio Fnac e Femina. Esta é ainda uma ocasião para os interessados em ter esta obra ou o livro Kampuchea autografado pelo autor. A entrada é livre.


12 CHINA

hoje macau quarta-feira 13.4.2016

GOVERNO GARANTE QUE FONTES DE ÁGUA POTÁVEL SÃO SEGURAS

No fundo, não é mau Depois do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, ter divulgado na segunda-feira que 80% dos aquíferos do país estão excessivamente poluídos, o Governo veio ontem garantir que não se trata de nada disso. O problema, dizem do Ministério, não está no fundo mas sim à superfície

A

notícia tinha sido divulgada com base no relatório mensal publicado pelo ministério dos Recursos Hídricos da China, mas ontem Chen Mingzhong, um delegado do mesmo Ministério, veio dizer que a monitorização não indica que os aquíferos em profundidade estejam poluídos, a zona de onde a maior parte da água para consumo humano e extraída. Segundo este funcionário, os dados indicam que 85% das 1,817

amostras de água em profundidade e das 33 fontes que abastecem água às cidades com populações superiores 500,000 habitantes está de acordo com os padrões de qualidade, de acordo com Chen.

O PROBLEMA É NO CAMPO

Ma Jun, director da organização não-governamental Institut of Public and Environmental Affairs (IPE) e um dos mais conhecidos ambientalistas chineses,confirmou em declarações à imprensa que “a

maior parte das cidades na China utilizam, para beber, água retirada de grande profundidade – que é muito mais segura”. Todavia, acrescentou que “muitas pessoas nas zonas rurais ainda bebem água retirada de baixa profundidade.Acontaminação pode afectá-los”. Nos últimos anos, o número de incidentes envolvendo água contaminada na China disparou para uma média anual de 1.700, segundo dados divulgados pela imprensa estatal. No conjunto, 140 milhões de chineses urbanos terão sido afectados pela poluição dos recursos hídricos. PUB

Segundo um outro relatório do ministério, a qualidade das fontes de água não potável está muito aquém do aceitável, com mais de 30% dos poços classificados como Tipo IV, ou seja, adequados apenas para fins industriais ou de entretenimento. Já 47% dos poços foram classificados Tipo V, em referência à água mais poluída e adequada apenas para uso agrícola ou paisagístico.

DESENVOLVIMENTO NÃO RIMA COM AMBIENTE

Três décadas de crescimento industrial rápido e desenfreado têm custado caro ao ambiente na

China, cujos líderes têm estado preocupados com o crescente número de protestos motivados pela degradação ambiental. Sucessivas vagas de poluição cobrem os grandes centros urbanos do país. A qualidade do ar na China, destaque frequente na imprensa internacional, é, no entanto, só uma parte do problema. Ma Jun, já o ano passado tinha dito à Lusa que “O próximo passo são os recursos hídricos e o solo. Também aí precisaremos de mais transparência”, apelou. Manuel Nunes com Lusa info@hojemacau.com.mo

Muro das parlamentações China e Israel impulsionam intercâmbio parlamentar

Anúnico O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo faz público que, de acordo com o Despacho de 1 de Abril de 2016, do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto o concurso público para a “Prestação de Serviços de Vigilância e Segurança das Instalações e Equipamentos da Responsabilidade do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Setembro de 2016 a Agosto de 2018”. O Programa de Concurso e Caderno de Encargos encontram-se disponíveis para efeitos de consulta, podendo as cópias do processo de concurso serem obtidas, no Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sita no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, 5.° andar, Macau, a partir da presente data de publicação, dentro do horário normal de expediente ou ainda mediante “download” do ficheiro na página electrónica do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (http://www.ggct.gov.mo). Será realizada uma sessão de esclarecimento de dúvidas referentes ao presente concurso público no Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, 5.° andar, Macau, pelas 15:00 horas do dia 28 de Abril de 2016. Os critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação são os seguintes: - Preço proposto (60%); - Experiência na prestação de serviços da segurança e vigilância (30%); - Certificação da qualidade de serviços de segurança prestado pelo concorrente (5%); - Proporção entre número de trabalhadores com 2 anos de experiência profissional e toda a equipa de trabalho (5%). Os concorrentes devem entregar as suas propostas ao Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sito no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, 5.° andar, Macau dentro do horário normal de expediente, cujo prazo de entrega é até às 17:45 horas do dia 10 de Maio de 2016. Devem ainda os concorrentes prestar uma caução provisória, no valor de MOP 19.200,00 (Dezanove mil e duzentas patacas). A forma de pagamento dessa caução provisória pode ser efectuada: 1) mediante depósito bancário à ordem do Fundo de Turismo na conta no 8003911119 no Banco Nacional Ultramarino; 2) mediante garantia bancária; ou 3) em numerário, em ordem de caixa ou em cheque, emitidos à ordem do Fundo de Turismo e entregue à Divisão Financeira da Direcção dos Serviços do Turismo, sita no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção n.os 335-341, 12.° andar, Macau. O acto público de abertura das propostas do concurso realizar-se-á no Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, sita no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção n.os 335-341, 5.° andar, Macau, pelas 10:00 horas do dia 11 de Maio de 2016. Em caso de encerramento do Gabinete por causa de tempestade ou motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora de sessão de esclarecimento e de abertura de propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas do concurso para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados ao concurso, nos termos do artigo 27.° do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho. Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público de abertura das propostas do concurso. Gabinete de Gestão de Crises do Turismo, a 6 de Abril de 2016. A Coordenadora Maria Helena de Senna Fernandes

A

China e Israel acordaram na passada segunda-feira impulsionar o intercâmbio e a cooperação entre seus parlamentos durante a reunião em Pequim do presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhang Dejiang, com o presidente do parlamento israelita, Yuli Edelstein. Zhang assinalou que a China está a promover um desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e compartilhado, enquanto Israel criou uma série de práticas eficazes para impulsionar a inovação científica e tecnológica. “Os dois parlamentos devem partilhar experiências na legislação sobre a promoção da inovação e o melhoramento do governo”, indicou. A China e Israel assinaram diversos acordos sobre comércio, ciência, educação e agricultura, indicou Zhang, referindo ainda que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, tal como o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), proporcionam

novas oportunidades para a cooperação bilateral. No ano passado, o volume de comércio bilateral cresceu cerca de 5% em relação ao mesmo período de 2014, e os turistas chineses que viajaram para Israel aumentaram 30%. Além disso, em Março, as duas partes concordaram em iniciar oficialmente conversações sobre um acordo de livre comércio.

Edelstein, que realiza uma visita à China iniciada no passado domingo e que dura até quinta-feira, comentou que Israel confere grande importância às relações com a China e acredita que a amizade bilateral não só beneficiará as duas nações e seus povos, mas também terá uma influência positiva na paz e no desenvolvimento da região e do mundo.


13 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

A

China afirmou ontem estar “muito descontente” com a postura dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos países do G7, que se manifestaram na segunda-feira preocupados com as ambições territoriais de Pequim no Mar do Sul da China. Após uma reunião de dois dias, representantes do Japão, EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá e Itália assumiram “forte oposição a qualquer acção intimidatória, coerciva, provocatória e unilateral que possa alterar o status quo e aumentar as tensões” no Mar do Sul da China. Sem mencionar a China, os ministros instaram os países envolvidos nas disputas territoriais para que não construam aterros em alto mar e instalações militares em arquipélagos da região, como tem feito a nação asiática. “A China está muito insatisfeita com a acção tomada pelo G7”, lê-se num comunicado emitido pelo porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang. “Apelamos aos membros do G7 para que cumpram com a sua promessa de não assumir posições em disputas territoriais e para que respeitem os esforços dos países da região, parando PUB

O Mar é nosso Pequim “muito descontente” com posições do G7

com palavras e acções irresponsáveis”, afirma.

COISAS MAIS IMPORTANTES

A mesma nota aponta que “devido ao lento ritmo da recuperação económica mundial, o G7 deve centrar-se na governação da economia global e na cooperação, em vez de exagerar estas questões marítimas e fomentar as tensões na região”.

Lu Kang defendeu ainda o direito de Pequim em erguer construções nas ilhas da região, onde considera ter direitos históricos, apesar das reclamações dos países vizinhos. Nos últimos meses, a China construiu ilhas artificiais em recifes do arquipélago das Spratly, incluindo pistas de aviação, e aumentou a presença militar nas Paracel.

CHINA

CONFIANÇA NA REFORMA FISCAL PARA SALVAR ECONOMIA

O

Governo chinês previu ontem “complicações” na reforma fiscal que encetará a partir de Maio, mas renovou a confiança de que o corte de 500.000 yuan nos impostos em 2016 fortalecerá a economia. A reforma visa eliminar os impostos sobre o volume de negócios das empresas, aplicando antes o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), nos sectores da construção, imobiliário, finanças e serviços, afirmou ontem o vice-ministro das Finanças chinês, Shi Yaobin. No conjunto, a reforma afectará onze milhões de empresas. Shi assinalou que os quatro sectores referidos representam 80% da receita fiscal do Estado. “Estes quatro sectores são mais complexos e atraem maior atenção pública”, assinalou o vice-ministro das Finanças, sublinhando a complexidade do que qualificou como uma “batalha da reforma” económica no país. Os onze milhões de empresas sobre as quais será aplicado o IVA a partir de Maio representam

quase o dobro das que foram já sujeitas à reforma fiscal e que incluem os sectores dos transportes, telecomunicações ou serviços culturais. Com esta medida, o Governo visa introduzir a propriedade imobiliária das empresas no esquema de deduções contemplado no IVA, de forma a reduzir a carga fiscal. Segundo o vice-ministro, a reforma permitirá injectar “novo vigor” na economia e “beneficiar o crescimento económico”.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

Todas as riquezas do mundo não valem mais do que os bens de uma só casa.

Da erudição – 1

N

A casa de um homem rico, se uma divisão de uma toesa [NT – um zhang, isto é, cerca de 2.30 metros] serve de arrumo, lá encontraremos arcas e armários cheios de peças de tecido e sedas. Mas, em casa dum pobre, essa divisão de uma toesa que serve de arrumo encontra-se vazia, nada contendo entre suas quatro paredes – e, por isso, falamos de “pobre”. Podemos comparar o erudito ao rico e o ignaro ao pobre. No seu corpo de sete pés de altura [NT – cerca de 1.60 metros], o erudito é habitado pelas ideias das Cem Escolas, enquanto que o ignaro não leu sequer uma placa de texto, valendo tanto como o pobre, com suas quatro paredes nuas. Os ricos e pobres não estão no mesmo plano, e devemos, por isso, concluir que o mesmo se passa entre sábios e ignorantes. No entanto, as pessoas admiram os ricos, mas não veneram os sábios; desprezam os pobres, mas não apontam o dedo aos

ignaros, o que demonstra que são incapazes de raciocinar por analogia. Invejamos os ricos porque a abundância de riquezas é uma bênção. Todavia, os ricos possuem menos que os [simples] letrados, e estes possuem menos que os eruditos, capazes de dominar perfeitamente arcas e arcas de textos, desde os aforismos dos sábios até aos tratados sobre a arte de governar e o bem-estar do Estado, passando pelos discursos satíricos que gozam com a moral popular e desde a era do Imperador Amarelo até aos Qin e aos Han! Um saber vasto e penetrante merece decerto mais consideração do que peças de tecido e sedas! Quando Xiao He chegou ao país Qin, reuniu e apossou-se de documentos e livros e foi graças aos escritos que os Han conseguira impor o seu reino às Nove Regiões! Graças a documentos escrito, os Han dominaram o mundo: todas as riquezas do mundo não valem mais do que os bens de uma só casa. Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


15 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 8- ELA

T

ÍNHAMOS um plano. Casar, ter filhos e viver felizes para sempre. Lembras-te de como entretida me demorava a criar as casas nas quais iríamos viver e de como desenhei a nossa família naquele jogo de computador? Lembras-te de como descobrimos e nos ríamos com o aspecto dos nossos filhos naquela recreação? Lembraste como eu sonhava? Lembras-te? Eu tinha fome de ti. Tinha uma fome e uma sede de ti que não parava. Nunca. Nunca parava. Parecia que não ia acabar nunca. Lembras-te? Agora a única coisa que vejo é este monte de pus, esta secreção amarelada e viscosa que me infecta a existência. Tenho que conseguir atravessar a ponte! Não sei porque voltei para trás? Não sei porque voltei? Para me enterrar na cama onde fomos felizes? Porque quero acreditar que o facto de voltar à cama onde fomos felizes te irá trazer de novo? Como se isso de algum modo significasse voltar aquele momento de nós mesmos onde tudo existia em suspenso. Mas sempre que volto a esta cama desde que te foste embora é como voltar a uma parte que já não me pertence. É um voltar a uma parte que devo esquecer. A esta coisa interrompida. Porque esta cama é hoje o sítio onde sou infeliz. Porque a memória é uma construção labiríntica. Nós poderíamos ser o que quiséssemos. Poderíamos ser o mundo inteiro ou simplesmente o nosso sonho. Poderíamos ser uma praia deserta com um eterno pôr-do-sol. Poderíamos ser um banco de jardim em Budapeste, uma mesa de café com poucos clientes em Viena ou um sino de igreja imóvel em Praga. Poderíamos ser pequenos gestos que se completam em diversos andamentos. Poderíamos ser tudo. E nunca importaria o frio. E nunca importaria o

calor. Nada importaria desde que nos tivéssemos um ao outro. Porque nada muda de temperatura, perde a cor ou envelhece quando somos felizes. Mas hoje, que volto a esta cama, é como ela tivesse mudado de lugar. Nada é igual a quando aqui chegámos. Esta cama é hoje indiferente. Não é mais o berço de dois namorados apaixonados, ardentes. Aparentemente nem sente a nossa falta. Não é mais cama. Não existe. Foste-te, e contigo foram todos os espelhos, e contigo foram todos os espaços. O amor ficou para trás. Perdeu. Perdeu-se. Já passou. Foi bom enquanto durou.

E assim nos mataste. Agora podemos nos encontrar com estranhos, ter bebidas com eles, e acabar em quartos de hotel. De seguida, no quarto

escuro, fechado, o jogo do sexo poderá começar. Elaborado ou impulsivo. Quem sabe com algemas, uma mordaça, uma venda nos olhos. Em pouco tempo poderá passar a selvagem e arriscado. O suor dos corpos em movimento. Consegues imaginar?... Ou ainda te causa tanta repulsa como me causa a mim? Porque sabes que isso vai acontecer e quando acontecer irá incorporar em si a tentação do abismo. Porque não importa quantas vezes forem necessárias. Porque todas elas terão uma razão exclusiva. Uma única intenção. O fazer apagar em nós o outro. Até que não exista mais nenhum traço de ti no meu corpo. Até que não exista nenhum traço de mim no teu. E os jogos irão ser perigosos, de modo a afirmar a diferença entre lascívia e amor. O cinto do roupão ao redor de um pescoço. E os nossos corpos a contorcer-se entre agonia e excitação. Até que cada orgasmo, rápido ou prolongado, nos fará esquecer um pouco mais quem somos. E iremos prosseguir assim, esperando que em cada orgasmo possamos renascer. E sei que vai ser intenso. Vai acontecer em crescendo até resultar com intervalos pequenos. Porque a carne precisa. Porque a mente precisa. E sei que não vamos querer um amante regular. Porque isso seria uma traição. É por isso que serão sempre estranhos a quem não devemos explicação. Pessoas que desaparecem das nossas vidas de seguida. Será impossível descobrir o que desejam, o que querem, o que têm escondido. E esse será o perigo real. O perigo de desaparecermos nesse momento. De nos deslocarmos tanto da realidade que poderemos ser feridos, ou até mortos, por alguém louco, alguém desconhecido. E quão melhor seria morrer nas tuas mãos.

Sei que saíste muitas vezes sozinho. Deixavas-me adormecer e saías. Deixavas-te perder na cidade sem mim. Tinhas em ti uma escuridão que te estrangulava, que te empurrava para a morte, como se não conseguisses evitar as correntes do aço frio do destino. Onde estás neste preciso momento? Em algum lugar seguro? Ao pé de alguém que amas? Que amas mais que tudo? E se tudo isso desaparecesse? E se, de repente, tudo o que tu pudesses fazer fosse sobreviver? Iria conseguir, certo? Tentarias pelo menos? Farias coisas, coisas horríveis, aquelas coisas horríveis. Farias essas coisas até perderes a última que realmente importa, a única que faz sentido, tu mesmo. Mas, e se pudesses voltar atrás? Se pudesses recuperar tudo? Se bastasse pressionar um botão para reiniciar tudo de novo? Pressionavas esse botão, certo? Eu quero acreditar que sim. “A polícia acredita agora que o “estripador da Taipa” possa ser um visitante. Para além da vigilância nas ruas principais na Rua da Taipa a polícia aumentou a segurança nas fronteiras.”


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h

hoje macau quarta-feira 13.4.2016

na ordem do dia 热风

Julie O’yang

CUI XIUWEN, A ÚLTIMA CEIA, DEPOIS DE DA VINCI

Um mau poema, as reformas da língua chinesa e a censura

誓食十獅

Q

UALQUER chinês culto gostaria de proferir a seguinte afirmação: “Muita gente não se apercebe de que o sistema de escrita chinês é o principal sustentáculo de uma civilização que tem continuado ao longo de 5.000 anos”. Sendo falsa, é uma mentira com boas intenções, embora incultas. O que tem continuado não é uma civilização – as civilizações chinesas (plural) são suficientemente diversas para se afirmarem individualmente – mas sim um sistema de escrita único – o sistema hanzi 汉 字: os caracteres chineses – que persistem há mais de 2.000 anos, desde o séc. III AC, até aos nossos dias. O primeiro imperador Qin, fundador desta Dinastia, introduziu várias reformas: a moeda e os pesos & medidas foram padronizados e um sistema de escrita uniforme foi estabelecido. Desde então, o sistema de escrita Qin tem funcionado como o cimento cultural que manteve, e continua a manter, unida uma vastidão de diferentes povos falantes de outras tantas línguas. (O Imperador Qin lançou também as bases do grande projecto de defesa do país, a famosa Muralha da China.) Mas então, o que vem a ser o Pinyin ou Hanyu Pinyin 汉语拼音? Pinyin é a forma romanizada dos caracteres chineses. O sistema Hanyu Pinyin foi desenvolvido na década de 50 do séc. XX, baseado em formas anteriores de romanização, que remon-

tam aos finais do séc. XVI, quando os primeiros Jesuítas italianos chegaram à China. O sistema Pinyin oficial foi implementado pelo Governo chinês em 1958, tendo sido várias vezes revisto. Embora continue a ser controverso, o sistema Hanyu Pinyin não deixou de ser bem-sucedido. O Pinyin sem a sinalética dos tons é muitas vezes usado em publicações estrangeiras para soletrar nomes chineses e pode servir como método para introdução de caracteres chineses em computadores. E, no entanto, poucos sabem que a romanização foi de facto um dos sonhos da China moderna. Teve início quando um proeminente líder do Novo Movimento Cultural, Lu Xun (anos 10 e 20 do séc. XX), declarou: “Se os caracteres chineses não forem abolidos, a China irá sem dúvida falhar.” O movimento Latinista não teve nessa época tanto impacto como 100 anos antes, mas manteve um acentuado gosto esquerdista e, em Janeiro de 1941, o Presidente Mao escreveu a famosa frase: “Quanto mais implementarmos e divulgarmos o movimento Latinista, melhor!” O alcance das palavras de Mao manteve o seu impacto junto da intelligenzia chinesa até aos anos 80, altura da Reforma para a Abertura. O poema que transcrevo a seguir pode explicar porque é que a romanização não é uma ideia a reter: Chinês Tradicional 《施氏食獅史》 石室詩士施氏,嗜獅,誓食十 獅。 氏時時適市視獅。 十時,適十獅適市。

是時,適施氏適市。 氏視是十獅,恃矢勢,使是十 獅逝世。 氏拾是十獅屍,適石室。 石室濕,氏使侍拭石室。 石室拭,氏始試食是十獅。 食時,始識是十獅屍,實十石 獅屍。 試釋是事。 Tradução «O Poeta que Comia Leões na Caverna de Pedra» Numa caverna de pedra vivia um poeta com o apelido Shi, viciado em carne de leão. Um dia resolveu comer dez. Ia muitas vezes ao mercado à procura de leões. Às dez horas da manhã, tinham acabado de chegar dez leões ao mercado. A essa hora, Shi chegou também. Ele viu os leões e, usando as suas fieis setas, matou-os a todos. Levou então os corpos dos leões para a caverna de pedra. A caverna estava suja. Pediu aos criados para a limparem. Depois da caverna ter sido limpa, tentou comer os dez leões. Quando os comeu, apercebeu-se que afinal os corpos eram de pedra. Tentem lá explicar este enigma. Em Pinyin «Shi Shì shí shi shi » Shíshì shishì Shi Shì, shì shi, shì shí shí shi. Shì shíshí shì shì shì shi. Shí shí, shì shí shi shì shì. Shì shí, shì Shi Shì shì shì.

Shì shì shì shí shi, shì shi shì, shi shì shí shi shìshì. Shì shí shì shí shi shi, shì shíshì. Shíshì shi, Shì shi shì shì shíshì. Shíshì shì, Shì shi shì shí shì shí shi. Shí shí, shi shí shì shí shi shi, shí shí shí shi shi. Shì shì shì shì. Fica assim provado que há muito mais caracteres do que sons. E é precisamente por isto que os expeditos cibernautas chineses, envolvidos em acções de cidadania, escapam à censura: substituindo caracteres censurados por outros com o mesmo som e, se dominarem bem esta técnica, esta linguagem é enriquecida com uma pitada de ironia. E este aspecto, estou convencida, representa um dos encantos dos antigos caracteres: podemos esconder-nos no nevoeiro e divertirmo-nos sem querer saber de responsabilidades! Para dar um cheirinho deste divertimento, praticado com perícia quer pelo Governo quer pelo povo chinês, ficam aqui 12 estranhas expressões banidas do Weibo em 2015: Tigre + vir à superfície 老虎+浮出水面 Possa o vento soprar as tuas velas 一帆 风顺 Kang + massas instantâneas 康+方便面 Hoje, amanhã 今天,明天 Pato Amarelo 黄鸭子 Srª. Xi + iPhone 习夫人+iPhone Sapo 蛤蟆 Helicóptero 直升机 Deus da Praga 瘟神 Da Hun Jun 大荤君 Velas 蜡烛 Zhan Zhan Dian 占占点


17 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

TEMPO

?

TROVOADAS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

EXPOSIÇÃO DE PINTURA CABO-VERDIANA “DISTANT SHORE” Casa Garden, 18h30 Entrada livre

MIN

19

MAX

23

HUM

85-99%

EURO

9.09

BAHT

PALESTRA SOBRE REALIDADE AUMENTADA Universidade de Sao José, 18h30 Entrada livre

Diariamente

O CARTOON STEPH

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 66

PROBLEMA 67

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

C I N E M A

YUAN

1.23

“ARTICUQUÊ”?...

Sexta-feira

Cineteatro

0.22 AQUI HÁ GATO

CONFERÊNCIA SOBRE DIREITOS HUMANOS Universidade de Sao José, 19h00 Entrada livre

EXPOSIÇÃO DE DINOSSAUROS Centro de Ciência de Macau

(F)UTILIDADES

Gosto de viajar de autocarro. Percebo não ser coisa normal para gato mas, também, onde já viram gato escrever para jornal? Sim, ando de autocarro. Às vezes, nos dias que pedem emoções fortes, aventuro-me no tejadilho. Outras, salto para aquele dos turistas, o alto, de andar e meio, e lá passeio, vento na bigodaça, a ouvir as últimas dos estrangeiros e a apreciar os mimos em forma de bolachas e afagos. É a minha versão do “ir para fora cá dentro”. Mas o passeio normal é o do imprevisto, da acção, das operações especiais, do não saber em que paragem saio. Aguardo, na tocaia, pela tia que poisa o saco certo e para dentro salto e lá me acoito. Sem rabos de fora, claro, porque não sou desses. Investigo o saco e às vezes até dormito. Outras, salto disparado quando a porta do autocarro se abre, apenas para me divertir com a berraria que deixo para trás... Enfim... cenas de gato. Foi numa dessas viagens de saco que descobri uma foto velhota de um autocarro de dois andares e, pelo destino que ostentava, percebi ser daqui. Surpreendeu-me. Afinal, a malta também já teve daquilo, não era apenas para turistas. E fiquei a pensar porque não tem agora imaginando a maravilha de uma “trip” naquele tecto... “purrr”... Também fiquei a pensar porque diabo andam para aí a falar de autocarros articulados com dezenas de metros, quando até um gato percebe que a terra é pequena demais e pouco atreita a coisas daquelas. Darão mais comissões do que um autocarro de dois andares? Confesso que a boçalidade que parece ter definitivamente tomado conta da cidade me irrita solenemente. “Fsssssss!...” Pu Yi

“WOODEN ARMS” (PATRICK WATSON, 2009)

O músico canadiano Patrick Watson lançou em 2009 um álbum cheio de boas canções. Com “Beijing” somos transportados subitamente para uma cidade cheia de vida como se pertencêssemos a ela. Com “Big Bird on a Small Cage” temos uma bonita canção para os sonhadores. O piano está lá sempre, do início ao fim, e mistura-se na perfeição com uma certa sonoridade pop. É um álbum para um dia de sol. Andreia Sofia Silva

THE HUNTERSMAN: WINTER’S WAR SALA 1

THE HUNTERSMAN: WINTER’S WAR [C]

Filme de: Cedric Nicolas-Troyan Com: Chris Hemsworth, Charlize Theron, Emily Blunt 14.30, 16.30, 21.30

THE HUNTERSMAN: WINTER’S WAR [3D] [C]

Filme de: Cedric Nicolas-Troyan Com: Chris Hemsworth, Charlize Theron, Emily Blunt 19.30 SALA 2

BATMAN V SUPERMAN [C]: DAWN OF JUSTICE

Filme de: Zack Snyder Com: Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne

14.15, 19.00

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 17.00, 21.45 SALA 3

TRIVISA [C]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Frank Hui, Jevons Au, Vicky Wong Com: Lam Ks Tung, Richie Jen, Jordan Chan

ZOOTOPIA [A]

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Byron Howard, Rich Moore 19.30

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18 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

chá (muito) verde

C

A cura dos espinafres

ALHOUestasemanafalar com diversas pessoas, de diversas origens, que já tinham estado em Macau anos atrás, recentemente regressados. Uns viventes, outros passantes. A tónica da conversa foi sempre a mesma: “isto já não é o que era”, diziam, no sentido que a velha cidade mediterrânica está a perder-se e com ela, os prazeres do desfrute simples que ela oferecia. Consequentemente, vêem Macau tornar-se num local menos aprazível para se viver, estar, ou visitar. Por mais campanhas turísticas com filmes faiscantes, por mais eventos no calendário, por mais que se atirem para a lida os chavões “da cultura este-oeste” do “património mundial” e todos os outros, mais ou menos vazios a que já nos habituámos, nada substitui o boca-a-boca, as sensações que daqui se levam para casa e para os blogues. Naturalmente, não estou a presumir ter feito um qualquer estudo de opinião mas, como todos sabemos, esta sensação de ver uma cidade engolida por automóveis, construções de categoria duvidosa e luminárias não é apenas privilégio de alguns nem sequer um segredo, ou uma afirmação passível de ser contrariada. Mas chega de bater no cego, pois o que vale a pena é reflectir se ainda haverá forma de atalhar caminho. Tendo em conta que o turismo, pese embora as quebras do jogo e as tentativas de diversificação da economia, continuará a assumir a parte de leão do PIB, considerando a tentativa de diversificação dos mercados emissores em curso, e até o discurso do património e da cultura, parece-me crucial uma meditação profunda sobre as formas de “salvar” a cidade da descaracterização em curso que ameaçam torná-la num lugar vulgar, desagradável, no parente pobre da região pois, para além dos hotéis recheados de entretenimento e dos eventos mais ou menos populares, pouco mais tem para oferecer a quem pretenda uma experiência diferente, o usufruto simples de uma vista, de uma conversa com amigos numa esplanada, de um passeio a pé ou de bicicleta, de algo que lhe permita desligar do local de onde veio e, quiçá, relaxar. Macau antes tinha tudo isso mas agora não. Pode voltar a ter? Talvez, mas precisa-se de visão e coragem política. Existe? Não sei, mas espero que sim. Há dias neste jornal, a Directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, confessava “dar-lhe jeito” para o seu puzzle de mercado o fecho de ruas e até o ressurgimento de esplanadas que chamava, curiosamente, de “produto”, o que me deixa um pouco inquieto por denotar uma visão demasiado mercantilista da coisa, apesar de saber muito bem que a sua

E. C. SEGAR, POPEYE

OPINIÃO

“Os espinafres são ruas fechadas ao trânsito, o aumento dos espaços pedonais, a criação de ciclovias e o corte drástico nos espaços de estacionamento” função é vender Macau. Passando por cima disso, interessa é perceber que a dita responsável foi logo avisando para as dificuldades que esses processos podem encerrar percebendo-se claramente que a potencial reacção negativa da população (ou de parte dela) a mudanças radicais pode entravar qualquer tentativa mais ambiciosa. Todavia, convém não esquecer que uma das principais funções de qualquer Governo é precisamente a capacidade de imaginar, de propor e, acima de tudo, de fazer o que é melhor para os seus governados independentemente destes terem, ou não, a visão de longo prazo do que é melhor para eles. Independentemente de poderes mais ou menos ocultos e retrógrados. Dando de barato que neste macaíno caso, o problema é mesmo a população em geral, talvez até possamos comparar o que é necessário fazer à postura “come os vegetais porque faz-te bem” que um pai avisado terá obrigatoriamente de assumir berre a criança o que berrar à vista de um espinafre. Mesmo os poderosos imobilistas, se lhes for explicado que mudar também será bom para eles no longo prazo, talvez engulam os espinafres.

FERNANDO ELOY | 义來

Neste caso, o resultado da dieta é melhor ar, mais espaço para as pessoas, a criação de uma oferta turística de facto de excelência, o aumento dos espaços de lazer e, no limite, a promoção da saúde pública (física e mental) que advirá de tudo isso, seguramente muito mais marcante do que qualquer proibição tabagista. Naturalmente, a Taipa não conta nesta equação, ou pouco, se incluirmos a vila. O foco tem de ser a península de Macau que precisa de se transfigurar e, naturalmente, Coloane que precisa de não se transfigurar mais. Os espinafres são ruas fechadas ao trânsito, o aumento dos espaços pedonais, a criação de ciclovias e o corte drástico nos espaços de estacionamento. Os transportes públicos têm de mudar, substituídos por opções eléctricas sem emissões e sem ruído, as pessoas têm de ser motivadas para andar a pé, ruas têm de ser fechadas. Não apenas São Lázaro, como Helena de Senna Fernandes revelou existirem planos para, mas também a Almeida Ribeiro e toda a zona envolvente da Rua da Felicidade e Av. 5 de Outubro, a Rua do Campo, o parque de estacionamento junto ao Clube Militar deve devolver ao Jardim de São Francisco o espaço que lhe roubou, até a Avenida da República precisa de ver o espaço pedonal radicalmente aumentado, cortando estacionamento e fechando uma das vias de trânsito, até ambas, e colocar, imagine-se, uma linha de eléctrico ao seu correr como acontece, por exemplo, no Porto, da Ribeira à Foz. Macau ainda pode mudar. Se temos conseguido aguentar barulhos, mudanças radicais de estilo de vida, inflação, poluição, porque não conseguiremos aguentar andar mais a pé, ou de bicicleta, se soubermos que estamos a transformar Macau numa cidade única e realmente atraente, aproveitando o “Mediterrâneo” que ainda lhe resta? Aquilo que de facto a distingue de tudo o que existe à volta. Evidentemente, este texto é apenas um enunciado de um leigo, mas não deixa de ser uma provocação para um debate que urge acontecer, um repto para os nossos governantes. Tragam especialistas do mundo fora, de paisagistas a arquitectos, de sociólogos a engenheiros. Criem um grupo diversificado e multidisciplinar para pensar a Macau do séc. XX. Só isso, já seria um acontecimento. Colocar Macau no mapa também passa por arrojar polindo-lhe o brilho dos cobres que lhe restam antes que seja tarde demais.

MÚSICA DA SEMANA “Don’t Let Me Down & Down” – David Bowie (1993) “I know there’s something in the wind That crazy balance of my mind What kind of fool are you and I? Scared to death and tell me why I’m sick and tired of telling you Don’t let me down and down and down Don’t let me down and down and down”


19 hoje macau quarta-feira 13.4.2016

ÓCIOSNEGÓCIOS

CAKEPUCCINO BAKERY, PASTELARIA E FÁBRICA FLORA CHE, PROPRIETÁRIA

“Sempre gostei de trabalhos artesanais” HOJE MACAU

Hong Kong para frequentar cursos de pastelaria”, conta.

A FAZ-TUDO

Flora Chen referiu que o seu negócio sofre com a falta de recursos humanos. “Tenho muitas funções aqui. Para além de ser a dona, também sou pasteleira e gestora de marketing. Estou à procura de pessoas que tenham interesse em fazer bolos.” A ideia é encontrar um parceiro de negócio e não apenas um simples empregado. A promoção da “Cakepuccino Bakery” depende muito das redes sociais, sendo que Flora Che também participa em exposições ou eventos para mostrar os seus produtos. “Cheguei a ter um emprego relacionado com mercadorias num hotel e acredito que a eficácia da publicidade em exposições é grande. Gostaria de ter um stand nas exposições para poder promover os meus produtos”, disse. O próximo evento onde irá participar será o Rubber Duck Garden na Doca dos Pescadores. Os pedidos feitos online garantem a manutenção do negócio. Os clientes pedem muitas bolachas, cupcakes e bolos com glacê. Mas a estabilidade ainda não está garantida apenas com a venda dos materiais. Como a loja abriu pouco tempo antes do ano novo chinês, “os clientes pediram mais bolos de aniversário”, mas Flora também recebeu pedidos para bolos de casamento e festas.” A maioria dos materiais que utiliza e vende provém de países como a Austrália ou os Estados Unidos, sendo que os seus bolos são livres de químicos.

CAKEPUCCINO

Assim que fez um bolo descobriu a sua paixão. Deu aulas, mas depressa se fartou do que fazia e apostou na abertura de um espaço que vende bolos e materiais de pastelaria. Assim é a “Cakepuccino Bakery”, que pretende, um dia, ser uma escola. Falta apenas o parceiro de negócio

PARA O FUTURO

F

LORA Che começou a vender os seus bolos há dois anos na internet, enquanto dava aulas de culinária nos colégios Estrela do Mar e Diocesano de São José. Foi nessa altura que se apercebeu que era muito difícil comprar os materiais para fazer os seus bolos enquanto dava aulas e viu que tinha uma oportunidade de negócio à sua frente. A proprietária da “Cakepucciono Bakery” teve a possibilidade de arrendar uma loja cuja proprietária é mãe de uma amiga. Foi aí que decidiu despedir-se do seu emprego como professora e apostou na abertura da pastelaria. Primeiro, Flora Che arrendou um espaço no andar acima da loja que servia de cozinha para fazer os seus bolos. Hoje arrenda o espaço situado na Rua de São Lourenço e garante que o local é conveniente para quem quer adquirir estes materiais de pastelaria ou para quem quer encomendar bolos para ocasiões especiais. “Comecei a interessar-me por fazer bolos há quatro anos e tudo por causa da

minha irmã, que trabalha como pasteleira num hotel. Sempre gostei de trabalhos artesanais desde criança e sentia-me aborrecida com a vida no escritório. A partir do momento em que fiz o meu primeiro bolo descobri que era isto que gostava de fazer.” Questionada sobre o tipo de bolo que mais gosta de fazer, Flora Che destaca o bolo feito com a cobertura em glacê. A aposta na formação internacional foi algo que a proprietária da “Cakepuccino Bakery” procurou fazer desde o início. “Estive no Reino Unido, em Taiwan e

Flora Che quer ensinar outras pessoas a fazer bolos e essa será uma tendência da “Cakepuccino Bakery”: fazer com que outras pessoas se apaixonem pela arte da pastelaria

No processo de abertura da loja surgiram vários desafios, os quais Flora Che acredita que vai ultrapassando com o tempo. Para já pretende renovar a loja e focar-se na importação dos materiais. “Nunca pensei que pudesse ter tanto trabalho, como a encomenda dos materiais, a rotulagem dos produtos.” Sendo beneficiária do subsídio atribuído pelo Governo no âmbito do Plano de Apoio a Jovens Empreendedores, Flora Che garante que ainda não sente pressão financeira. “Tenho horário diferente daquele que tinha, começo às 11h00 e tenho a loja aberta até às 20h00. Faço os bolos depois de fechar a loja e trabalho normalmente até às 23h00. Tenho um horário muito preenchido, por isso quando tiver um parceiro de negócio poderei descansar mais”, disse ao HM. Olhando para os próximos tempos, Flora Che quer ensinar outras pessoas a fazer bolos e essa será uma tendência da “Cakepuccino Bakery”: fazer com que outras pessoas se apaixonem pela arte da pastelaria. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo


a ostra deu à costa mas o pescador / foi atrás do peixe. / perdeu a pérola mas ganhou / a prata das escamas. / pescador de margem / num rio de pérolas a correr para o mar. / a rede / é uma teia de aranha entre as banianas / da praia grande”

Jorge Arrimar

Pequim LI KEQIANG PEDE REFORMAS AOS GOVERNOS LOCAIS

Equilibrar o barco

L MAIOR ESTAÇÃO DE METRO DA ÁSIA SERÁ EM SHENZHEN

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OM dois andares, 22 metros de largura e 170 metros de comprimento, a estação de Pinghu, em Shenzhen, vai ser a maior do continente asiático. Iniciada agora a sua construção, a Estação Central de Pinghu será a terminal da linha 10 no norte da cidade. A ligação que irá servir a estação, terá uma extensão de 29,2km e deverá estar operacional em 2020. Este novo ramal ligará à estação de Futian, na fronteira com Hong Kong. As razões para a construção de uma estação destas dimensões são duas: o acréscimo expectável de 20% do número de passageiros e a extensão das composições de seis para oito carruagens. O metropolitano de Shenzhen conta com um total de 187km de extensão, estando a decorrer de momento trabalhos de construção para o acréscimo de mais 211km. Ainda este ano prevê-se a entrada de três estações em testes e outras quatro começarão a ser edificadas. Com a expansão da rede de metropolitano de Shenzhen, a estação central de Pinghu deverá tornar-se um ponto nevrálgico de transferência entre as várias linhas.

I Keqiang, primeiro-ministro chinês, pediu aos governos locais que impulsionem a reforma estrutural no lado da oferta para ajudar a estabilizar o crescimento económico. As declarações foram proferidas na passada segunda-feira durante uma reunião com chefes de diversas regiões provinciais principais. As autoridades locais devem continuar a cortar os trâmites burocráticos, implementar descontos de impostos, incentivar a inovação e eliminar a capacidade obsoleta, disse Li na reunião com a presença dos governadores das províncias de Hebei, Liaoning, Jiangsu, Shandong, Hunan, Guangdong e Qinghai, e o presidente do Município de Chongqing. Segundo o primeiro-ministro, a China precisa dos esforços conjuntos dos Governos central e locais para enfrentar os desafios económicos. Os chefes locais concordaram que mais esforços são necessários para estabilizar o crescimento assim que as medidas de reforma anteriores começarem a surtir efeito. Li pediu ainda aos governos que deleguem mais poder.

MENOS IMPOSTOS

O plano de substituir o imposto comercial pelo de valor agregado deve ser “impulsionado vigorosamente para garantir que as cargas tributárias sejam

quarta-feira 13.4.2016

reduzidas em todas as indústrias e as pequenas empresas saiam realmente beneficiadas”, disse Li. “As autoridades locais devem construir mais plataformas e fornecer melhores serviços para os que tentam iniciar os próprios negócios”, disse ainda o governante. Ao falar sobre o excesso da capacidade de produção visto em províncias como Hebei e Liaoning, Li disse que a capacidade excessiva na produção de carvão e aço deve ser eliminada de forma a que os motores económicos tradicionais sejam finamente ajustados. Os governos locais devem ainda ajudar os traba-

GAITÁN AUSENTE NO ÚLTIMO TREINO ANTES DO BAYERN

O plantel do Benfica realizou ontem no Seixal o último treino de preparação para o jogo desta quarta-feira com o Bayern, que decide o apuramento para as meias-finais da Liga dos Campeões. Uma sessão ligeira de aquecimento e corrida, seguidos de exercícios com bola, na qual se destacou a ausência de Nicolas Gaitán. O argentino terminou o jogo com a Académica a coxear, problemas musculares que o devem impedir de dar o contributo à equipa frente aos alemães. Júlio César, Lisandro López e Nuno Santos completam a lista de lesionados, Jonas treinou mas também não entra nas contas de Rui Vitória por se encontrar castigado.

lhadores demitidos a encontrar novos empregos. O primeiro-ministro enfatizou ainda a importância de manter a liquidez no mercado, garantir que o sector financeiro sirva melhor a economia real e implementar o esquema dívida-por-acções para diminuir gradualmente a taxa de alavancagem das empresas. Li Keqiang prometeu que todos os investimentos orçamentais do Governo Central serão alocados dentro da primeira metade deste ano. Além de fazer uso destes fundos, os governos locais devem ainda mobilizar mais financiamentos privados.

LAGOS NAM VAN PEDIDAS MAIS ACTIVIDADES DE LAZER

O deputado Ho Ion Sang quer que o Governo desenvolva mais actividades nos Lagos Nam Van. Numa interpelação escrita, o deputado considera que os residentes de Macau têm espaços limitados para praticar actividades de lazer e além das actividades de bicicleta aquática e uma esplanada, algo já prometido, o deputado quer saber se o Governo planeia fazer um estudo para marcar um determinado espaço no lago ou em outras zonas de água que tenham condições para adicionar pontos de pesca, utilização de barcos eléctricos ou canoas, diversificando, assim, as actividades interactivas de lazer ao ar livre para as famílias.

Passo atrás? “The 13” não nega possibilidade de ter casino

O

hotel The 13 não nega a possibilidade de vir a ter casino. Numa resposta ao HM, que questionou a empresa que está a construir o novo espaço no Cotai, a operadora diz não querer comentar o assunto, mantendo as dúvidas. “Devido a questões relacionados com o sistema regulador, não podemos responder a essas questões. Mas manteremos [os média] ao corrente de qualquer eventual desenvolvimento relacionado com o The 13”, pode ler-se na resposta. O HM questionou a empresa sobre se esta iria ter casino no hotel que está a nascer em frente a Seac Pai Van e que será o mais caro do mundo. E, se sim, quantas mesas e salas de jogo pretendia ter. O HM quis também saber se a empresa já tinha feito o pedido para uma licença de jogo e se o iria fazer sozinha ou acompanhada de qualquer outra das operadoras de casinos no território. Recentemente, a Direcção dos Serviços de Coordenação e Inspecção de Jogos (DICJ) disse ao HM que não tinha ainda recebido qualquer pedido para casinos em Coloane, nem especificamente desta empresa. Mas Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, não nega essa possibilidade sempre que é questionado pelos jornalistas. Recorde-se, contudo, que o Executivo anunciou há cerca de três anos querer retirar todas as salas de jogo e casinos das proximidades das habitações. O The 13 fica em frente ao complexo de habitação pública de Seac Pai Van. Anteriormente, fonte ligada à empresa tinha dito ao HM que o hotel não iria ter casino por ter “desistido de enveredar por esse caminho”. Também na apresentação do espaço no mais recente comunicado da empresa não é mencionado qualquer espaço de jogo. O hotel vai ter 200 quartos, termas, mordomos e Rolls-Royce para transporte dos clientes. O espaço deverá abrir no final do Verão. J.F.


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