Hoje Macau 13 JUN 2017 #3830

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

LEI DE TERRAS

Soluções técnicas

MOP$10

TERÇA-FEIRA 13 DE JUNHO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3831

hojemacau

PÁGINA 5

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL LEGISLAÇÃO A CAMINHO

SECTOR AVIÁRIO ÚLTIMA

PEDIATRIA

Novo centro já funciona PÁGINA 7

A Urna

Embrião de lei A descoberta de mais três clínicas ilegais, dedicadas à procriação medicamente assistida, levou o Governo a anunciar que vai legislar sobre esta actividade. Segundo Lei Chin Ion, director

dos Serviços de Saúde, os trabalhos já estão em curso, mas para a concretização do regime jurídico é preciso tempo. O objectivo passa por estipular critérios rigorosos para regular o sector.

h PAULO JOSÉ MIRANDA

BLOG SOCIEDADE CIVIL EUROPA

PÁGINA 4

JOAQUIM FURTADO

Retratos da guerra GRANDE PLANO

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ALVOROÇO


2 GRANDE PLANO

A autoria da série documental que retrata os conflitos coloniais portugueses foi um marco na comunicação portuguesa que permitiu fazer a catarse de um dos maiores traumas históricos do passado século: as guerras coloniais. Com esse trabalho em perspectiva, Joaquim Furtado fala hoje num seminário no Consulado-Geral de Macau, no âmbito da comemoração do mês de Portugal

JOAQUIM FURTADO JORNALISTA DE VISITA A MACAU NO ÂMBITO DO MÊS DE PORTUGAL

FAZER O LUTO DA GUERRA A

psique portuguesa lida mal com os traumas que vai enfrentando, tende a recalcá-los para um plano invisível. Como dizia José Gil em “Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, há uma auto-repressão dos factos históricos de difícil digestão, que os agiganta. A catarse nacional é um feito que a série documental “A Guerra”, da autoria de Joaquim Furtado, trouxe à consciência colectiva portuguesa. A série documental, transmitida pela RTP e que foi publicada este ano em DVD, conta ao longo de 42 episódios a história das várias guerras coloniais que Portugal travou antes da chegada da democracia. “A Guerra” é um documento histórico que colocou o país no divã de psicanálise para, finalmente, escalpelizar os conflitos em África. Como diria José Gil, para registar a história. “É bom que as pessoas tenham memória daquilo que foi o seu passado. Até 2007, a guerra ficou numa espécie de limbo, não se discutia, era um trauma”, contextualiza Joaquim Furtado. Há uma enorme dificuldade em verbalizar o que se tinha passado nas antigas colónias portuguesas, em processar os excessos e a barbárie que se passou. “Houve um espectador que me mandou um email a dizer que a série estava a permitir que fizesse um luto, que não tinha sido possível fazer até àquela data”, acrescentou o jornalista. Também lhe aconteceu em conversas com ex-combatentes aparecerem-lhe militares que

confessavam que “iam falar, pela primeira vez”, sobre as suas experiências na guerra. Ver outros combatentes a discorrer abertamente, no ecrã, sobre episódios da luta armada, estimulou outros a fazê-lo, a enfrentarem o passado. Apesar de haver literatura sobre o assunto, o tema nunca tinha sido tratado em televisão com a profundidade e o contexto da série de Joaquim Furtado.

O PROCESSO

A guerra colonial foi um dos maiores acontecimentos da história portuguesa recente. O jornalista

deparou-se com magnitude dos conflitos em termos de importância, uma dimensão histórica que não era acompanhada de conhe-

“Se perguntar a um português médio o que é Macau, ele tem dificuldade em dizer, em fazer um retrato mínimo do território.”

cimento dos portugueses. Outro dos factores que o fez pegar no assunto foi a percepção de que a sua “geração tinha de fazer um trabalho sobre a guerra”. A luta armada no Ultramar teve implicações enormes para o destino de Portugal. “Desde logo, deu origem ao 25 de Abril, por outro lado teve muita importância para as famílias, vitimando muitas delas”, comenta o repórter. A guerra teve, portanto, repercussões que se sentem ainda hoje e essa foi a razão pela qual Joaquim Furtado decidiu abraçar este projecto, dando-lhe a capacidade de difusão que só o poder da televisão consegue alcançar. Obviamente que um trabalho desta envergadura demorou anos a ser preparado, com mais de três centenas de entrevistas, muitas delas não gravadas, e o visionamento de incontáveis horas de imagens de arquivo. Apesar do volume de trabalho, o projecto foi “extremamente estimulante do ponto de vista estritamente profissional”, conta Joaquim Furtado, que venceu com “A Guerra” o Prémio Gazeta 2007, atribuído pelo Clube de Jornalistas. Como tal, foi fundamental a “compreensão da RTP que deu margem de espaço e tempo” para a realização da série. O repórter acrescenta que este tipo de trabalho só poderia ser feito no âmbito do serviço público, o que não significa que tenha tido ao seu dispor uma vasta equipa técnica. Porém, apesar dos recursos escassos, o jornalista teve durante vários anos um editor de imagem disponível para acompanhar o trabalho.


3 LUX

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“É bom que as pessoas tenham memória daquilo que foi o seu passado. Até 2007, a guerra ficou numa espécie de limbo, não se discutia, era um trauma.” Ainda assim, a série cresceu muito em torno do seu autor. Havia muitas pessoas para encontrar a partir de imagens de arquivo visionadas, assim como tentar encontrar nesse acervo de vídeo pessoas que tinham sido por si entrevistadas. Essa foi uma das partes apaixonantes do projecto, mas também mais morosa. Além disso, o jornalista foi meticuloso no momento de ilustrar as histórias que se propunha contar. “Foi difícil fazer a identificação real de cada imagem, perceber o que cada pedaço de filme representava no contexto da guerra”, conta. Essa foi uma das preocupações de Joaquim Furtado, usar as imagens do lugar e do tempo que correspondiam à narrativa contada. “Nunca usei imagens de Guiné em Angola, nem de Angola em Moçambique, também não usei imagens captadas em 1962 para ilustrar uma informação sobre do ano posterior”, revela. O jornalista procurou sempre manter

uma relação de fidelidade entre a história e as imagens que a pintavam, até porque com o desenrolar da guerra as armas passaram a ser outras, os uniformes mudaram e o rigor jornalístico tinha de acompanhar esta evolução histórica. Outras das preocupações de Joaquim Furtado foi não repetir

planos e não dar demasiada ênfase à sonoplastia.

VÁRIAS GUERRAS

Um dos desafios iniciais foi encontrar um conceito para a série, uma vez que os conflitos armados nas ex-colónias portuguesas se revestem de características diferentes

consoante quem conta a história. Daí a divisão das séries em “Guerra do Ultramar”, “Guerra Colonial” e “Guerra de Libertação”. “O universo das pessoas que ouvi e das pessoas que estiveram ligadas à guerra utilizavam designações diferentes”, adianta o repórter. “Guerra do Ultramar era a designação política oficial do Governo português e da maioria dos militares que eram mobilizados”, conta. Esta era a expressão usada pelo regime de Salazar junto da comunidade internacional para transmitir a ideia de que estas zonas eram províncias ultramarinas, parte integrante do território português, ou seja, que não eram colónias. “Guerra de Libertação” era o termo usado pelos guerrilheiros. A expressão “Guerra Colonial era a expressão usada por aqueles que eram politicamente contra a guerra, por quem desertava”, adianta. Esta não é a primeira vez que o jornalista visita Macau. Joaquim Furtado esteve no território pela primeira vez em 1979, a fim de fazer uma reportagem sobre Macau para a RTP. Porém, essa reportagem não resultou em nada, uma vez que “as imagens recolhidas, na altura em filme, chegaram a Portugal deterioradas”. Uma pena, uma vez que, de acordo com o jornalista, Macau era muito pouco conhecido pelos portugueses. “Ainda hoje penso que é”, acrescenta o repórter que voltaria ao território em 1994 para fazer uma acção de formação aos jornalistas da TDM.

“Se perguntar a um português médio o que é Macau, ele tem dificuldade em dizer, em fazer um retrato mínimo do território”, acrescenta Joaquim Furtado. O repórter não acredita que isso signifique que as pessoas estejam, necessariamente, de costas voltadas para os territórios com ligações históricas a Portugal, nem que seja, tampouco, um fenómeno exclusivamente português.

“Houve um espectador que me mandou um email a dizer que a série estava a permitir que fizesse um luto, que não tinha sido possível fazer até àquela data.” “Se calhar, se formos a Inglaterra fazer perguntas sobre Gibraltar as pessoas podem também não saber grande coisa”, explica. É uma questão de informação, neste caso de falta dela. Aliás, Joaquim Furtado acrescenta mesmo que em Portugal, no continente, “as pessoas estão muito mal informadas sobre o que se passa nos Açores”. Para já, o jornalista pretende voltar a pegar no fio onde terminou a meada de “A Guerra”. Joaquim Furtado prepara-se para deitar unhas ao período imediatamente após o 25 de Abril, até à independência das colónias. “Esse período é curto, mas riquíssimo em história e em episódios que estão testemunhados em livros, mas em televisão esse trabalho não foi feito”, explica. Joaquim Furtado pretende relatar a forma como a guerra continuou, o fenómeno dos retornados “que tiveram de sair desses territórios em condições muito difíceis”, assim como retratar as negociações das independências. “Gostava de dar forma a estes acontecimentos, dar-lhes contexto e fazer o quadro do que se passou”, comenta o jornalista, após uma sessão de esclarecimentos sobre a guerra perante uma plateia de alunos da Escola Portuguesa de Macau. O jornalista respondeu às dúvidas dos estudantes, com a mesma voz serena com que leu um comunicado, aos microfones do Rádio Clube, de um grupo de militares revoltosos numa madrugada de Abril de 1974. João Luz

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4 POLÍTICA

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FRONTEIRAS NOVA LEI ENTRA EM VIGOR A 1 DE NOVEMBRO

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lei relativa ao controlo do transporte transfronteiriço de numerário e de instrumentos negociáveis ao portador entra em vigor a 1 de Novembro. O diploma foi ontem publicado em Boletim Oficial. A nova legislação tem como finalidade prevenir e combater as actividades do branqueamento de capitais e de financiamento do terrorismo. De acordo com o diploma, quem à entrada em Macau transportar numerário ou instrumentos negociáveis

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Governo vai legislar a actividade profissional no que respeita à procriação medicamente assistida. A informação foi dada ontem pelo director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Lei Chin Ion, à comunicação social. O assunto não é novo, mas voltou a estar na ordem do dia com a descoberta de mais três clínicas com actividade ilegal no território. “Temos de tomar medidas para impedir esta situação de serviços [na clandestinidade]”, disse o responsável, sendo que, ressalvou, “para ter um regime jurídico também é preciso tempo”. Os trabalhos já estão em curso. “Agora estamos a fazer o documento com o apoio de juristas dos SSM, mas têm ainda de ser feitas alterações noutros diplomas que precisam de ser coordenados com este regime”. Para Lei Chin Ion, a abertura deste tipo de actividade aos privados é uma matéria que tem de ser vista com muita cautela, até porque “há muitas questões morais e éticas a ter em conta e que podem prejudicar as pessoas”. O director dos SSM admite que a procura deste serviço de forma ilegal se deve a uma lacuna na lei e, apesar de o novo regime estar em fase de preparação, considera importante colocar, desde já, algumas regras. “Antes de publicar um novo regime temos de pôr em prática algumas medidas e regras para regulamentar esta situação”, explicou. “Macau não tem tido uma regulamentação muito rigorosa acerca da reprodução medicamente assistida e depois do desenvolvimento de novas políticas as disposições vão mudar”, afirmou. Em Maio do ano passado, foi criado um conjunto de

ao portador – cheques de viagem, cheques, letras, ordens de pagamento e livranças –, cujo valor global atinja ou ultrapasse 120 mil patacas, deve declarar o facto aos agentes dos Serviços de Alfândega e preencher uma declaração. À saída do território, só terá de declarar o valor que transporta se for interpelado pelas autoridades. A lei prevê multas que vão das mil às 500 mil patacas. Não está abrangido na obrigação de declaração o transporte de ouro e outros metais e pedras

preciosas, nem a ela estão obrigados os viajantes em escala em Macau para outro destino, por curta duração. Em comunicado, os Serviços de Alfândega garantem que a aplicação do sistema de declaração não irá condicionar, dificultar ou proibir a saída e entrada de capitais legais de e para Macau. As autoridades prometem ainda lançar uma série de actividades promocionais, de modo a permitir aos visitantes e residentes acesso às informações relativas à nova lei.

TRANSPORTES GIT POR MAIS TRÊS ANOS Foi prorrogada por mais três anos a duração “previsível” do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT). O despacho do Chefe do Executivo acerca da matéria foi publicado ontem em Boletim Oficial, mas é de 31 de Maio último. A estrutura, com natureza de equipa de projecto, foi criada em 2007, na altura com uma duração de cinco anos. Surgiu tendo como objectivo principal a modernização e o aperfeiçoamento das infra-estruturas de transportes viários, estando sobretudo direccionada para um grande projecto: o desenvolvimento do sistema de metro ligeiro como “meio de transporte fundamental para a solução dos problemas de mobilidade interna” do território, “a médio e a longo prazo”. Em 2012, Chui Sai On prolongou, por mais cinco anos, a actividade do GIT, tempo que não chegou para a conclusão das missões que lhe foram atribuídas. O gabinete funcionará, pelo menos, até 31 de Maio de 2020.

Saúde INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL VAI TER REGIME JURÍDICO

Lei para bebés in vitro A procriação medicamente assistida vai ser alvo de legislação. A intenção é estabelecer directrizes rigorosas que coloquem limites à actividade

instruções sobre a utilização das técnicas de inseminação artificial, que incluem a fertilização “in vitro” e a transferência de embriões, gâmetas ou zigotos.

No mês passado, foi publicado o despacho em Boletim Oficial, com efeitos imediatos, em que os profissionais e entidades que pretendam prestar cuidados

de saúde com recurso a estas técnicas têm de solicitar autorização prévia aos SSM. É ainda proibida a utilização de técnicas de procriação medicamente assistida para

“Macau não tem tido uma regulamentação muito rigorosa acerca da reprodução medicamente assistida. Depois do desenvolvimento de novas políticas, as disposições vão mudar.” LEI CHIN ION DIRECTOR DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DE MACAU

escolher o sexo da criança, salvo para evitar graves doenças hereditárias, criar embriões humanos para fins de investigação, utilizar técnicas de clonagem para a reprodução de seres humanos, e comprar ou vender óvulos, sémen, ou outro material biológico decorrente do exercício desta actividade.

SERVIÇOS PAGOS

Sem data marcada e sem avanços específicos no que

respeita aos conteúdos do regime que irá regular a actividade de reprodução medicamente assistida, uma coisa é certa: o serviço continuará a ser pago. “As crianças, os idosos e as mulheres grávidas constituem o grupo com serviços de saúde grátis. A prestação de cuidados de procriação medicamente assistida não vai ser gratuita”, sublinhou o director dos SSM. O pagamento das despesas associadas a este tipo de intervenção vai continuar, como até agora, a ser suportado pelos residentes. Aqueles que se confrontam com a infertilidade terão de solicitar uma consulta no serviço de ginecologia. Feito o diagnóstico, é tempo de apurar as possíveis causas. Este momento é muito importante, afirma Lei Chin Ion, na medida em que “muitos dos casos podem ser tratados se as causas também o forem”. Conforme os meios disponíveis e as necessidades requeridas, os residentes podem ter os tratamentos em Macau ou serem encaminhados para Hong Kong. As despesas não são acessíveis a todos e, mesmo não avançando com valores oficiais, Lei Chin Ion admite que “é muito caro”. “Ouvi dizer que pode chegar às centenas de milhares de dólares quando os pais querem, por exemplo, escolher o sexo das crianças”, apontou. O responsável referiu ainda que “a procura deste serviço não é muita no território”, e se viesse a ser tratado enquanto serviço gratuito, poderia fazer com que “as pessoas não lhe dessem muito valor”. Sofia Margarida Mota

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5 ELEIÇÕES KAIFONG AQUI, MULHERES ALI

POLÍTICA

GCS

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HOJE MACAU

União Promotora para o Progresso, liderada por Ho Ion Sang, entregou ontem o pedido de reconhecimento de constituição da candidatura às eleições de 17 de Setembro, com 500 assinaturas recolhidas junto dos eleitores. O deputado aproveitou para anunciar formalmente que se recandidata à Assembleia Legislativa. Para já, Ho Ion Sang não avança os nomes da lista que lidera, tendo referido que ainda estão a ser acertados detalhes. Prevê-se que seja constituída por oito a dez candidatos, oriundos de sectores diferentes. Quanto ao programa político, o deputado explicou que ainda vão ser ouvidas as opiniões de residentes de diferentes comunidades, para que possam constar do rol de ideias a apresentar. A lista definitiva de candidatos e o programa político serão submetidos até 10 de Julho. Ho Ion Sang pronunciou-se também em relação ao facto de os Kaifong e a Associação Geral das Mulheres de Macau (AGGM) não concorrerem juntos numa lista. A justificação é semelhante à que foi apresentada por outros candidatos: nas eleições que se avizinham, a competição é muita, pelo que a divisão em duas listas poderá significar um maior sucesso no sufrágio, tendo em conta o método de contagem de votos utilizado em Macau. Presente na entrega do pedido esteve também a presidente da direcção da União Geral das Associações dos Moradores de Macau. Ng Siu Lai afiançou que a União Promotora para o Progresso tem como prioridades políticas a habitação, o trânsito e a segurança social. V.N./ I.C.

Ho Ion Sang

Lei de Terras PROJECTO DE DEPUTADOS VISA “ALTERAÇÕES PONTUAIS”

Não há uma sem duas O Chefe do Executivo voltou a receber mais uma proposta para a resolução dos problemas levantados pela aplicação da Lei de Terras. Leonel Alves garante que o projecto de lei, que assina com Zheng Anting, visa “alterar pontualmente alguns artigos”

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EONEL Alves e Zheng Anting, deputados à Assembleia Legislativa (AL), assinaram em conjunto um projecto de lei que visa a revisão de alguns artigos da Lei de Terras. A notícia foi avançada pela Rádio Macau e mostra que, no espaço de poucos meses, o Chefe do Executivo recebeu uma segunda proposta de resolução dos problemas levantados por este diploma, sem esquecer o projecto chumbado em 2016, da autoria do deputado nomeado Gabriel Tong. Ao HM, o deputado Leonel Alves fala de um projecto de lei que visa “alterar pontualmente alguns artigos da Lei de Terras”. Trata-se de artigos relativos a algumas das habitações em Coloane, cujos moradores não têm títulos de propriedade e onde vigoram ainda os chamados papéis de seda. O projecto visa ainda alterar o artigo referente à caducidade de algumas concessões de terrenos

“sem que tenha havido responsabilidade do concessionário”. “São soluções técnicas, mas o espírito do projecto é resolver estes dois problemas”, explicou Leonel Alves. Este projecto, com carácter legislativo, nada tem que ver com uma proposta assinada por 19 deputados à AL, incluindo o deputado Zheng Anting, e que foi entregue ao Chefe do Executivo em Abril deste ano. “Penso que se trata de uma tomada de posição colectiva, mas não sei o que diz essa proposta assinada pelos 19 deputados”, afirmou Leonel Alves. Questionado sobre a apresentação de um pro-

jecto de lei a poucos meses das eleições legislativas, o deputado eleito pela via indirecta explicou que o objectivo é desempenhar, até ao fim, o papel que compete a quem está na AL. “O tempo é curto, mas entendemos que um deputado deve exercer os seus poderes até ao limite do possível. O que não quer dizer que o tempo seja suficiente ou insuficiente, tudo depende da importância política que se atribua ao caso”, sustentou. “Há muitos sectores da população, incluindo especialistas, que dizem que a melhor solução é haver uma alteração legislativa pontual. Dentro das

“O tempo é curto, mas entendemos que um deputado deve exercer os seus poderes até ao limite do possível. (...) Tudo depende da importância política que se atribua ao caso.” LEONEL ALVES DEPUTADO

nossas limitadas condições e capacidades, produzimos o melhor para que se resolva este problema”, acrescentou.

SEM RESPOSTA

Sobre a proposta apresentada ao Chefe do Executivo em Abril, o deputado José Pereira Coutinho, um dos signatários, garante que não houve uma nova reacção por parte do Executivo. Na altura, Chui Sai On chegou a reunir-se com os proponentes. “Não temos quaisquer informações sobre o andamento da nossa proposta que foi entregue ao Chefe do Executivo”, referiu o deputado ao HM, tendo-se mostrado pouco optimista quanto ao sucesso deste novo projecto de lei. “São situações diferentes, são propostas diferentes. Tudo depende da análise que o Chefe do Executivo faça. A maioria dos deputados não está disposta a mexer na Lei de Terras, por isso acho que dificilmente terá pernas para andar”, concluiu. O HM questionou ainda o gabinete do Chefe do Executivo quanto ao calendário de resposta sobre estas duas propostas, mas até ao fecho desta edição não obtivemos resposta. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


6 SOCIEDADE

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Vários projectos foram ontem tornados públicos para que os interessados se manifestem acerca do que se pretende construir em diferentes locais do território. A maioria das plantas diz respeito à zona antiga da cidade, mas há também ideias para a área nobre. Está a ser planeado um parque de estacionamento junto à Assembleia Legislativa

Obras CONSULTA PÚBLICA SOBRE VÁRIOS PROJECTOS NA CIDADE

Digam lá de vossa justiça

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ÃO 13 projectos de planta de condições urbanísticas que foram tornados públicos para que possam ser apreciados por quem se interessa pela matéria. Até ao próximo dia 21, as Obras Públicas recebem opiniões sobre projectos tão diferentes como edifícios classe M na zona antiga da cidade ou um parque de estacionamento subterrâneo junto à Assembleia Legislativa (AL). É o projecto de maior dimensão, a ser construído num terreno junto a Praça da AL, com uma área total de 2656 metros quadrados. O lote pertence à RAEM e o projecto submetido prevê um parque de estacionamento subterrâneo e uma área verde. O edifício a construir

no local não poderá ter mais de 18 metros de altura. Na mesma zona, numa parcela igualmente detida pelo Governo, serão construídas instalações de fornecimento de energia eléctrica. O espaço junto à Avenida Panorâmica do Lago Sai Van tem 1712 metros quadrados e não será possível uma construção em altura com mais de 14 metros. Os restantes projectos submetidos a apreciação pública dizem

respeito a terrenos de propriedade privada ou concessionados. Vários projectos destinam-se à construção de edifícios em lotes que, neste momento, estão votados ao abandono na zona antiga da cidade ou ocupados por edifícios em avançado estado de degradação. No Beco do Cisne há uma parcela com 65 metros quadrados na qual se pretende construir, sendo que não se admite ocupação vertical. Há condicionamentos ur-

Vinde a nós, cidades lusófonas

União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa em Macau a convite do Governo

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MA delegação da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) iniciou ontem uma visita a Macau, para encontros com entidades oficiais e empresariais com vista à dinamização da plataforma entre a China e o universo lusófono. A visita de representantes da UCCLA, que decorre até amanhã, surge a convite do Governo, que integra a organização internacional, criada em

1985, e que reúne actualmente mais de 40 cidades dos países de língua portuguesa. Macau “faz parte da UCCLA desde o princípio e a partir da altura em que a República Popular da China passou a considerar esta região administrativa especial como plataforma de relacionamento com os países de língua oficial portuguesa, obviamente que o interesse – quer de Macau, quer das demais cidades – cresceu na proporção dos objectivos”,

afirmou o secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho. Neste sentido, “é natural que o Governo de Macau tenha feito este convite para a UCCLA vir cá oficialmente”, realçou à Lusa, apontando que, na perspectiva da organização, tal justifica-se com o “objectivo que a região administrativa especial tem de dinamizar, quer o Fórum Macau, quer o fundo criado [pela China] para apoiar os países de língua portuguesa”.

Neste âmbito, o secretário-geral da UCCLA sustentou ser “do interesse das cidades e dos países” perceber o enquadramento das condições em que as candidaturas ao fundo podem ser apresentadas e, “por intermédio” da sua concretização, “dinamizar as relações de natureza económica e cultural”. O secretário-geral e o presidente da mesa da assembleia-geral da UCCLA, acompanhados pelo presidente da Associação

O lote pertence à RAEM e o projecto submetido prevê um parque de estacionamento subterrâneo e uma área verde Empresarial de Luanda, vão ser recebidos pelo Chefe do Executivo e reunir-se com representantes do Fundo e do Fórum Macau, do Instituto de Promoção do Comércio e de Investimento de Macau e do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Estão também agendados encontros com empresários, incluindo com a antiga presidente daAssembleia Legislativa Susana Chou, cujo grupo “tem interesses económicos com o mundo lusófono”, bem como com o Banco da China em Macau, que “manifestou interesse em ter relações de aprofundamento” com a UCCLA.

banísticos definidos pelo Instituto Cultural, que determinam uma altura máxima de 20,5 metros. Também o proprietário de um terreno na Rua do Teatro terá de observar várias regras nos 56 metros de área que tem disponível. A altura das fachadas dos edifícios situados ao longo da rua deve ser mantida, ou seja, os prédios não podem ter mais de 17,8 metros. Além disso, as fachadas confrontadas com a Rua do Teatro são para preservar; caso se encontrem muito degradadas, será necessário proceder à sua reconstrução com a forma original. O revestimento tem de ser feito com telha chinesa. No n.˚ 60D da Rua da Barca, há um projecto que não poderá ultrapassar os 20,5 metros, a altura da chamada classe M. O lote em causa tem 56 metros quadrados. Na Rua de Cinco de Outubro e na Rua do Pagode, há 188 metros quadrados que vão ser alvo de uma intervenção, mas também neste caso a fachada tem de ser preservada, admitindo-se o aumento de cércea. É mais um caso de um edifício classe M. Ainda na península, estão pensadas obras para o Pátio da Tercena, num espaço de 74 metros quadrados onde não vai ser possível construir um prédio com mais de 17,8 metros. Na Travessa da Porta, há 23 metros quadrados para uma casa de 12,4 metros de altura, sendo que o construtor está obrigado a utilizar reboco pintado nas fachadas.

ESCOLAS E CHEOC VAN

Da lista de projectos fazem ainda parte duas escolas. Uma delas está projectada para um terreno de 8675 metros quadrados na Estrada de Coelho do Amaral e na Avenida do Coronel Mesquita.Aoutra deverá ser edificada numa parcela de menores dimensões, com 271 metros quadrados, na Rua do Almirante Costa Cabral e na Rua de Jorge Álvares. Há também planos para um terreno na Rua dos Açores, na Taipa, com 1980 metros quadrados, onde deverá ser construída habitação, e para um edifício em Cheoc Van, em Coloane, destinado a comércio, restaurante e clubes. As Obras Públicas explicam que, a fim de conservar a integridade desta zona de moradias unifamiliares, não é permitida a alteração do plano director anteriormente aprovado. O futuro prédio não poderá ser maior do que o actual. I.C.


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SOCIEDADE

GCS

ACIDENTE UM MORTO E TRÊS FERIDOS EM OBRAS DO MP

• Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura “As áreas que mais precisam de intervenção são a terapia da fala, a terapia ocupacional e a terapia comportamental.”

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EPOIS da avaliação, a reabilitação. Foi com esta ideia que foi inaugurado ontem o Centro de Reabilitação Pediátrica. O objectivo, apontou o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, é “a prestação de serviços de alta qualidade, eficientes e de tratamento precoce, a crianças com deficiências de desenvolvimento”. A nova unidade de cuidados infantis vem completar o trabalho feito pelo Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica, em funcionamento desde o ano passado. Com a criação do centro, ficaram disponíveis os serviços de avaliação de crianças com dificuldades de desenvolvimento até aos seis anos de idade.

Pediatria CENTRO DE REABILITAÇÃO INFANTIL JÁ ESTÁ EM FUNCIONAMENTO

Intervir para melhorar

Foi ontem inaugurado, na Areia Preta, o Centro de Reabilitação Pediátrica. O objectivo da unidade é dar resposta rápida e eficaz ao aumento da procura de tratamento de crianças com dificuldades de desenvolvimento De acordo com Alexis Tam, com a iniciativa, “o tempo de espera para avaliação era de nove meses a um ano e foi reduzido para uma média inferior a um mês”. Desde que entrou em funcionamento, adiantou o secretário, o Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica já tratou cerca de mil casos.

Com uma avaliação mais rápida e um diagnóstico precoce das situações que precisam de acompanhamento e de um processo de reabilitação, que somam 70 por cento do total dos diagnósticos, aumentou a procura de tratamento. De acordo com Alexis Tam, “as áreas que mais preci-

UNESCO NÃO FEZ ADVERTÊNCIA, DIZ ALEXIS TAM

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lexis Tam sublinhou ontem a importância do contributo de todos os residentes quando se fala de património. Em declarações à margem da inauguração do Centro de Reabilitação Pediátrica, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura salientou ainda a prioridade que deve ser dada pelo Governo à conservação e manutenção da “propriedade patrimonial”. O governante reiterou o empenho do Executivo em elaborar o plano de salvaguarda e gestão do centro histórico de Macau até “antes do final de 2018”. Para Alexis Tam, o aviso da UNESCO

não foi uma “advertência”, visto que a entidade tem estado a par dos trabalhos realizados. “O Governo da RAEM vai fazer a segunda consulta pública relativamente a esta matéria e a UNESCO sabe disso, pelo que disse que irá receber este plano até ao final de 2018”, disse. Tam voltou a referir que a demora do processo teve origem na sua complexidade. “Há muitas questões que levaram à demora: temos de ouvir as opiniões dos interessados, dos negociantes e da população, e depois para chegar a um consenso é ainda mais difícil.”

sam de intervenção são a terapia da fala, a terapia ocupacional e a terapia comportamental”. A nova unidade de reabilitação poderá realizar cerca de sete mil atendimentos por ano e, desta forma, “reduzir significativamente o tempo de espera das crianças para o devido tratamento após avaliação”.

RECURSOS INTEGRADOS

Para dar resposta ao cada vez maior número de casos que necessitam de tratamento, o Executivo pretende proceder ao aumento das equipas especializadas. Para o efeito, já está em curso a contratação de profissionais. Paralelamente, disse o secretário, vai ser aumentado o número de consultas externas de reabilitação.

A criação de um mecanismo central de serviços integrados também está na calha. A ideia é criar uma estrutura que integre os serviços envolvidos que, de modo coordenado, distribua os recursos para a intervenção precoce. Estão envolvidos os Serviços de Saúde, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e o Instituto de Acção Social. Foi também ontem activada a página virtual “Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica”. Pretende-se que todos possam ter acesso a informação acerca da matéria. Sofia Margarida Mota

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Uma pessoa morreu e três ficaram feridas na sequência de um acidente de trabalho nas obras de construção do novo edifício do Ministério Público, na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues. De acordo com a Rádio Macau, vigas de aço, com um peso total de seis toneladas, caíram, atingindo os trabalhadores. As vítimas foram transportadas para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, sendo que uma delas não resistiu aos ferimentos. As outras três estão hospitalizadas. Os homens têm idades compreendidas entre os 40 e os 50 anos. As Obras Públicas determinaram, entretanto, a suspensão total das obras e solicitaram ao empreiteiro a apresentação, com a maior brevidade possível, de um relatório detalhado da investigação.

ENSINO SUPERIOR AUMENTAM AS BOLSAS ESPECIAIS

São mais de 4900 bolsas, a grande maioria a título de empréstimo. Foi ontem publicado em Boletim Oficial o despacho do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura que determina o número de bolsas de estudo para o ensino superior a conceder no ano lectivo de 2017/2018. Em comparação com este ano, a grande diferença tem que ver com o número de bolsas especiais, que aumentaram consideravelmente, de 390 para 460. De resto, as bolsas-empréstimo mantêm-se em quatro mil e as bolsas de mérito são 410. Também não há alterações no que toca às bolsas extraordinárias, que continuam a ser 35. O despacho de Alexis Tam determina ainda número de subsídios a conceder: 700 para alojamento e 250 para viagens. Foi ainda fixado em 50 o número de bolsasempréstimo a converter em bolsas de mérito.


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Exposição “DESCOBRIR MANUEL VICENTE” CHEGA AO BRA

EVENTOS

Em busca da compreensão Art for All Society apresenta exposição de Joaquim Franco

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HAMA-SE “Colour / Shape / Love” e é a nova exposição de Joaquim Franco com apoio da AFA – Art for All Society. A mostra de trabalhos do pintor português radicado em Macau é inaugurada esta sexta-feira no edifício Macau Art Garden. “As pessoas podem esperar uma série de novos trabalhos que tenho vindo a desenvolver de há uns anos para cá. Na realidade, estes trabalhos são todos do final do ano passado e princípios deste ano. São coisas novas, que ainda não foram vistas cá em Macau. Acho que o público pode esperar coisas interessantes”, disse Joaquim Franco ao HM. A escolha do nome da exposição acabou por partir de James Chu, presidente da AFAe curador da mostra. “Ele escolheu este nome porque, na realidade, o meu trabalho está muito ligado com a cor. Falo muito do amor e da paz, e é essa a primeira leitura dos meus trabalhos.” Joaquim Franco assume não querer transmitir uma mensagem específica com os seus quadros, pois prefere

que as pessoas “façam a sua viagem”. Contudo, se há uma mensagem a passar aos outros, é a de necessidade de maior compreensão. “Cada pessoa deve ter a sua liberdade. Mas, no catálogo da exposição coloquei uma frase de um antigo professor meu, o Rui Mário Gonçalves, em que ele dizia ‘ver é compreender. Compreender é ver. Dar a ver é instaurar a compreensão entre os homens’. Se tenho alguma veleidade em passar alguma mensagem é esta: instaurar a compreensão entre os homens.” Há, inclusivamente, um quadro intitulado “Who you think you are”, que transmite esta ideia. “Nos tempos que correm assistimos todos os dias a atentados e a violência, penso que a sociedade tem uma crise humana muito grande. Se tivesse uma mensagem a passar, seria de paz e amor”, apontou o artista.

O APOIO AFA

Joaquim Franco já expôs os seus trabalhos em parceria com a AFA em diversas exposições colectivas, mas esta é a primeira vez que expõe a título individual.

“Colour / Shape / Love” é, de certa forma, o resultado de um apoio que o artista obteve da AFA, que lhe cedeu um novo estúdio para trabalhar. “Há dois ou três anos, tive de fechar o meu atelier porque a renda era impossível de manter. Não vendemos quadros todos os dias, não temos trabalho, porque na realidade não nos dão trabalho, e o Governo não dá trabalho aos artistas. James Chu soube que não tinha estúdio e ligou-me a perguntar se não queria ficar com este estúdio aqui no Art Garden”, contou o artista. Apesar de ter uma exposição individual no horizonte, depois de ter exposto recentemente em Idanha-a-Nova, Portugal, Joaquim Franco não se mostra optimista em relação ao panorama artístico local. “Em Macau não se vende, pura e simplesmente. Simplesmente vêm quatro ou cinco pessoas à inauguração e depois não aparecem pessoas. Não vêm para ver, quanto mais para comprar. A questão económica pesa”, concluiu. A.S.S.

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À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA OS NOVOS DONOS DISTO TUDO • Filipe Alves, António Sarmento

É já no próximo sábado que inaugura, no Rio de Janeiro, a exposição “Descobrir Manuel Vicente”. A iniciativa parte da Docomomo Macau e, para Rui Leão, servirá não só para mostrar a obra do arquitecto, como estabelecer também um paralelismo entre Macau e a cidade brasileira

ARQUIVO

ENCUENTROS, JOAQUIM FRANCO (PORMENOR)

Arquitecto

Sabia que a figura mais importante do sector empresarial de Portugal é o Presidente da China? Sabia que o actual investimento estrangeiro no nosso país também é alavancado por dívida? Será que a crise económica e a derrocada do BES mudaram o poder em Portugal? Qual é a estratégia dos grandes empresários sobreviventes? O futuro de Portugal está em jogo e as peças estão a movimentar-se. É importante saber como e porquê?

OIS anos depois de ter estado patente no Centro de Design de Macau, a exposição “Descobrir Manuel Vicente” prepara-se para chegar ao Rio de Janeiro. A inauguração acontece no próximo sábado, sendo uma iniciativa da Docomomo Macau em parceria com o Instituto de Arquitectos do Brasil. Ao HM, o arquitecto Rui Leão, que preside à Docomomo Macau, explicou como surgiu a possibilidade de levar esta exposição à cidade carioca. “Vem na sequência da promoção que fizemos da exposição através

Manuel Vicente

do catálogo, e houve bastante interesse por parte do instituto e também da faculdade de arquitectura da Universidade Federal do Rio de Janeiro.” Para Rui Leão, Macau e Rio de Janeiro acabam por ser “sítios que têm bastantes

afinidades culturais”. “Há um interesse especial na arquitectura que se faz entre um lado e outro. Uma das nossas premissas ao fazer uma exposição era tentar fazer uma comunicação da obra de Manuel Vicente até mais longe.”

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O QUE APRENDEMOS COM OS GATOS • Paloma Díaz-Mas

Os seres humanos – pensa o gato – têm uma irremediável tendência para compreender tudo distorcido. Isto porque os humanos partem da absurda crença de que são animais superiores, quando toda a gente sabe que os animais superiores são os gatos. Os gatos – pensa a autora deste livro – têm muito para nos ensinar, mas para isso é necessário que estejamos atentos e dispostos a aprender.


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ASIL

hoje macau terça-feira 13.6.2017

o carioca TIAGO ALCÂNTARA TIAGO ALCÂNTARA

“Há um interesse especial na arquitectura que se faz entre um lado e outro. Uma das nossas premissas ao fazer uma exposição era tentar fazer uma comunicação da obra de Manuel Vicente até mais longe.” RUI LEÃO ARQUITECTO

DIFERENTES MAS IGUAIS

A exposição que a Docomomo Macau leva para o Brasil não será exactamente igual à que esteve patente no território, até porque, segundo Rui Leão,

há obras de Manuel Vicente que têm uma maior ligação com Macau. “Há partes que foram reduzidas porque só faziam TIAGO ALCÂNTARA

Sem projectos para levar “Descobrir Manuel Vicente” a outros países, a exposição poderá ser também mostrada ao público brasileiro nas cidades de São Paulo e Salvador da Baía. “Estamos com grandes expectativas que haja uma recepção forte e um grande interesse”, adiantou o presidente da Docomomo Macau. “Queremos, dessa maneira, fortalecer a relação entre os arquitectos de Macau e do Brasil”.

sentido no contexto de Macau. Foi feita uma selecção mais reduzida do espólio”, explicou o arquitecto, que referiu também a tentativa de comparar a arquitectura de Macau e do Rio de Janeiro. “Houve um aumento do conteúdo [da exposição] porque, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, desenvolvemos um estudo comparativo entre as duas cidades. Isso vai ser apresentado na abertura da exposição.” Rui Leão garantiu que as semelhanças entre os dois territórios prendem-se com a ligação ao mar, por exemplo. “São cidades diferentes mas feitas de coisas tão parecidas. Há uma relação com o mar, uma forma de estar e de organizar o espaço em função da água e das colinas. Há muitas semelhanças e pontos comuns, como a utilização de aterros. A configuração é que pode ser diferente.” Ainda assim, o arquitecto, que é também membro do Conselho do Planeamento Urbanístico, referiu que na cidade do Rio de Janeiro existem “instrumentos de planeamento e de salvaguarda de património mais desenvolvidos face a Macau, infelizmente”. “Aqui ainda não há esses instrumentos que permitam a preservação e o desenvolvimento”, frisou. No contexto da exposição, será ainda realizada uma mesa redonda, “que será importante porque, de alguma maneira, vai permitir discutir as abordagens que há na arquitectura e as diferenças, o que está por detrás delas”, concluiu Rui Leão. Andreia Sofia Silva andreia.silva@hojem

EVENTOS

HOJE TERAPIA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

OBSTIPAÇÃO • DESCRIÇÃO A obstipação, também conhecida por prisão de ventre, é uma alteração na motilidade intestinal, que se torna lenta e menos frequente, provocando esforço ou dor na evacuação, desconforto abdominal e fezes duras e ressequidas. A regularidade da expulsão das fezes varia de pessoa para pessoa, considerando-se normal de duas a três vezes por dia a uma vez de dois em dois ou de três em três dias. A obstipação pode ser pontual ou crónica. Actualmente, é um dos problemas mais comuns: as mulheres são mais afectadas do que os homens e as pessoas idosas mais do que as mais jovens; durante a gravidez ocorre em cerca de 40% das mulheres.

CAUSAS Como em tantas outras perturbações do sistema digestivo, a maior parte dos casos de obstipação é de origem funcional. A principal causa reside numa alimentação pobre em fibras e insuficiente ingestão de água. A escassez de exercício físico, os hábitos intestinais irregulares, o ignorar ou retardar quando se sente o estímulo para evacuar, a alteração das rotinas, o abuso de laxantes ou a toma de certos medicamentos também podem ser causa de obstipação. Esta pode ainda ser um sintoma de uma patologia que afecte o normal funcionamento do intestino, como algumas doenças neurológicas ou metabólicas, ou tenha origem no próprio intestino, sendo o cancro do cólon ou do recto a causa mais grave. Além do mal-estar que ocasiona, a obstipação não tratada pode contribuir para o aparecimento ou agravamento de inflamação, hemorróidas, divertículos e mesmo cancro. Por isso, há que identificar a causa e corrigi-la ou tratá-la. COMO O TRATAMENTO NATURAL PODE AJUDAR Plantas medicinais Na maioria dos casos a obstipação não tem gravidade, cedendo a uma alteração dos hábitos alimentares e do estilo de vida. No entanto, para os casos mais renitentes o tratamento com as plantas medicinais pode ser útil. Além das sugeridas Hoje, muitas outras podem ser úteis. Deve-se começar sempre com a dose mínima e tomar durante o mínimo período de tempo. CÁSCARA-SAGRADA, Frangula purshiana Cooper (sin. Rhamnus purshiana DC.), cascas do tronco e ramos (Rhamnaceae): Usada tradicionalmente com tónico e laxante pelos índios da região ocidental da América do Norte. Contém compostos antraqunónicos com acção laxativa, em doses baixas, e purgativa em posologias mais elevadas. Toma-se em infusão ou suplemento alimentar. PSÍLIO ou ZARAGATOA, Plantago indica L. (sin. Plantago psyllium L.) e Plantago afra L., sementes (Plantaginaceae): O seu uso como laxante remonta ao século XX, embora seja usada para outras indicações desde a Antiguidade. É uma

das plantas mais ricas em mucilagens, substâncias que incham em contacto com a água. Devido a esta propriedade, aumenta o volume e a viscosidade do conteúdo intestinal estimulando o peristaltismo, e suaviza e protege a mucosa intestinal desinflamando-a. Toma-se em maceração, suplemento alimentar ou ingerem-se as sementes. Acompanhar com água em abundância. É adequado para a obstipação crónica. MALVA, Malva sylvestris L., flores e/ou folhas (Malvaceae): No século V a.C., Hipócrates já a recomendava como emoliente (suavizante) e laxante. Tem igualmente um efeito protector sobre as mucosas, revestindo-as com uma camada viscosa e impedindo os efeitos danosos dos agentes irritativos. Todas estas propriedades devem-se ao seu teor em mucilagens. É adequada para a obstipação crónica, especialmente indicada para as crianças pequenas e idosos. Toma-se em infusão ou ingere-se um caldinho de Malvas; a decocção, à qual se adiciona um fio de azeite e/ou de mel, pode ser aplicada morna em clisteres. ALIMENTAÇÃO Aumentar a ingestão de: •Água: para uma adequada hidratação do organismo é recomendada a ingestão de cerca de 1,5 litros; quando esta não acontece, o organismo pode ir busca-la às fezes, ressecando-as. •Alimentos ricos em fibra: cereais integrais, leguminosas, verduras, frutas e sementes. Os alimentos crus são mais ricos em fibra do que os triturados ou cozinhados. •Mel: é um laxante suave. Evitar ou reduzir a ingestão: •Cereais refinados e seus derivados, proteínas de origem animal (carne, peixe, marisco) e chocolate: pela sua carência em fibras podem endurecer as fezes e provocar obstipação. ESTILO DE VIDA •Fazer actividade física regular (caminhadas). •Reeduque o intestino criando rotinas horárias nas idas à casa de banho; é importante ter tempo e privacidade. Um apoio para os pés pode tornar a posição mais fisiológica. Não deve ignorar ou retardar o estímulo para a evacuação.

ADVERTÊNCIAS: Este artigo tem como objectivo apenas a divulgação e não deve substituir a consulta de um profissional de saúde, nem promover a auto-prescrição. Além disso, algumas plantas têm contra-indicações, efeitos adversos ou interacções com medicamentos.


10 CHINA

COSCO SUSPENDE ENVIO DE MERCADORIAS PARA O QATAR

O

consórcio chinês COSCO (China Ocean Shipping Company), a maior multinacional chinesa do sector da navegação, anunciou a suspensão do envio de mercadorias de e para o Qatar, depois do corte dos laços diplomáticos com nove países. “Tendo em conta a situação incerta, e com o objectivo de proteger os interesses dos nossos clientes, decidimos suspender o transporte a partir do Qatar ou para o Qatar, como efeito imediato”, afirmou o gigante da navegação chinês em comunicado, ontem reproduzido pela revista económica Caixin. O COSCO adopta assim a mesma medida de outras

transportadoras da região, como a taiwanesa Evergreen ou a OOCL, de Hong Kong. A empresa chinesa afirmou que a suspensão não deve afectar os navios que já partiram para o principal porto do Qatar, Hamad, antes do conflito diplomático, e indicou que irá garantir que as embarcações chegam ao destino, ainda que não possa assegurar que cheguem no prazo acordado. “Reservamo-nos o direito de declarar ‘causa de força maior’ e levar o carregamento para portos próximos e seguros”, indica o comunicado da empresa. Bahrein, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egipto anunciaram na semana passada a ruptura dos laços diplomáticos com o Qatar, alegando que o país do Golfo Pérsico apoia o terrorismo, tendo depois o Iémen, Líbia, Maldivas, Maurícias e Mauritânia tomado medidas idênticas. PUB

HM • 2ª VEZ • 13-6-17

ANÚNCIO Execução ordinária n.º

CV2-14-0134-CEO

2º Juízo Cível

Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A. 【中國工商銀行(澳門)股份有限公 司, com sede em Macau, na Avenida da Amizade, n.º 555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executados: TANG CHON KIT (鄧俊傑); e sua mulher MELISSA JAYNE BARRATT TANG, ambos de nacionalidade chinesa, residentes em Macau, na Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.º 23, - Edifício “Kingsville”, Bloco 1, R/C “I”. Comproprietários: LEE TAK CHEOK e a sua mulher LEONG UT KAM, ambos residentes em Macau, na Taipa, Rua de Seng Tou, edf. Hou Keng Fa Un, Bloco 29, 14 andar B; CHEANG SENG e a sua mulher CHEONG HIO FAN, ambos residentes em Macau, na Taipa, Rua da baia, 25, 13º; WEON YEONGJUN, do sexo masculino, residente em Macau, Rua de Luis Gonzaga Gomes, edf. Lei Kai, 10º andar C; HO KAM MAN e a sua mulher CHAO MEI KEI, ambos residentes em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, edf. Jardins de Hoi Wan, Hoi Seng Kok, 6º andar AQ; YEUNG CHI KIN, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.25, 9º andar AJ; CHEONG KA LOK, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Beco da Baia, 15º andar X; IAO POU SAO, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, no.233, 17º andar AV; LEI CHOI MEI, do sexo feminino, residente em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.57, 13º andar AS; LEE KA WAI, do sexo feminino, residente em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.25, 9º andar AJ; CHAN SON IENG e a sua mulher LAM MEI CHAN, ambos residentes em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.57, edf. Jardim Hoi Wan, 12º andar AA; CHAN KA KEUNG, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Nordeste da Taipa, edf. Jardim Hoi Wan, Hoi Wong Kok, 11º andar AI; WAI CHI HONG e a sua mulher CHOI SOU FAN, residente em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, no.233, edf. Hoi Wan, 7º andar AE; LEI KUAN VA, do sexo feminino, residente em Macau, edf. Jardins de Hoi Wan, Hoi Kong Kok, 14º andar AK; CHAN MAN CHEONG, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, no.239, edif, Jardim Hoi Wan, Hoi Wong Kok, 11º andar AB; CHOI IAN NEI, do sexo feminino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, edf. Jardins de Hoi Wan, Hoi Wong Kok, 15º andar Y; REN JUNJIE e a sua mulher FENG LIHONG ambos residentes em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.62, edf. Jardim Hoi Wan, Hoi Fong, 3º andar H; 周月明, do sexo feminino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, no.233, edf. Hoi Seng, 3º andar AO; VIRGÍLIO MIGUEL LEE TAVARES, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, edf. Jardins de Hoi Wan, Hoi Seng Kok, 20º andar AO; CHAN IENG, do sexo feminino, residente em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.25, edf. Jardim Hoi Wan, 8º andar AD; AO KAI MENG e a sua mulher WAI TOU CHAN, residente em Macau, Beco da Baía, 57, 13º “AA”; CHOU CHENG MEI e o seu marido LEI PUN LEONG, ambos residentes em Macau, na Taipa, Beco da Baia, no.25, 7º andar G; LAM PENG NOI e o seu marido IONG SU VENG, ambos residentes em Macau, na Taipa, Estrada Almirante Magalhães Correia, no.271, edf. Jardins de Hoi Wan, 9º andar AH; HOI KOK TIM e a sua mulher CHAN KUAI I ISABEL, ambos residentes em Macau, na Taipa, rua de Nam Keng, edf. Fa Seng, Quarteirão 43, 31º andar Z; LOU CHAN WAI, do sexo masculino, residente em Macau, na Taipa, Caminho das Hortas, no.74, edf. Tou Un, Bloco 2, 1º andar B; IAN PUI KUN, do sexo feminino, residente em Macau, na Taipa, Estrada Lou Lim Ieok, no.7B, Wa Seng San Chong Wai Fat Kok, 4º andar B, ora ausente em parte incerta. *** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do respectivo anúncio, notificado os comproprietários acima mencionados: Que por força do despacho de 03 de Fevereiro de 2015, proferido nos autos acima referidos, foi ordenada a penhora do parque de estacionamento de 1/102 avos, que pertencente aos executados TANG CHON KIT e BARRATT TANG MELISSA JAYNE, da fracção autónoma designada por “BC/V”, cave “B”, para estacionamento, localizado na Estrada Almirante Magalhães Correia nºs. 233321, Estrada Nordeste da Taipa nºs. 34-94, Rua da Baia nºs. 9-113 e Beco da Baia nºs. 1-74, inscrito na matriz sob o nº 040758, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o nº 8870, a fls. 276 do Livro B25. O Bem penhorado acima identificado fica à ordem deste Tribunal, para garantia e pagamento da quantia exequenda de MOP$3,852,993.54 (Três Milhões, Oitocentas e Cinquenta e Duas Mil, Novecentas e Noventa e Três Patacas e Cinquenta e Quatro Avos) e legais acréscimos nos autos acima referidos. Os notificandos, poderão fazer, no prazo de dez (10) dias, decorrido que seja o dos éditos, as declarações que entenderem quanto ao direito dos executados e ao modo de o tornar efectivo, nos termos do artº 750º do Código Processo Civil de Macau. Macau, aos 08 de Fevereiro de 2017.

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SILAS THANGAL, TWITTER

hoje macau terça-feira 13.6.2017

BRICS FUTURO E COOPERAÇÃO DISCUTE-SE EM FUJIAN

Os caminhos do bloco

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UZHOU, a capital da província de Fujian, no sudeste da China, recebeu mais de 400 participantes do bloco dos BRICS, (acrónimo que designa as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros países em desenvolvimento. Estas nações reuniram-se para participar num fórum de três dias para cimentar a cooperação entre elas. Representantes de partidos políticos, think tanks e organizações da sociedade civil, procuram neste fórum construir consensos e solidificar a cooperação no âmbito do BRICS, informa o Diário do Povo. Durante a cerimónia de abertura, LiuYunshan, oficial sénior do Partido Comunista Chinês, elogiou o papel desempenhado pelo grupo. Liu disse que os países do BRICS tornaram-se numa

importante plataforma para a cooperação entre economias emergentes e países em desenvolvimento, bem como uma força responsável pelo ímpeto de crescimento económico global – maximizando as estruturas de governação, e promovendo a democratização das relações internacionais. Os países do BRICS testemunharam uma grande mudança ao longo da última década, e estão agora prontos para ainda mais, disse.

O bloco do BRICS contribui actualmente em mais de 50% para o crescimento do PIB mundial

Wu Xiaoqiu, vice-presidente da Universidade Renmin da China, disse que o objectivo dos BRICS agora é o de procurar novos trilhos de desenvolvimento, permitindo às economias emergentes terem uma palavra mais forte na evolução da economia.

MUDANÇAS À VISTA

Os representantes das nações do bloco acreditam que o cenário irá mudar em breve. Renata Boulos, directora do Instituto de Cooperação Internacional e Desenvolvimento, disse acreditar que o BRICS pode demonstrar um tipo diferente de diplomacia e de cooperação, em comparação com o passado. O bloco do BRICS contribui actualmente em mais de 50% para o crescimento do PIB mundial. O ex-primeiro-ministro do Egipto, Essam Sharaf,

enfatizou numa entrevista que a razão pela qual tantos outros países estão interessados em se juntar aos BRICS é o objectivo do grupo de consumar o desenvolvimento comum do ser humano, a diversificação da cultura mundial e um humanitarismo unificado, uma visão ecoada por outros participantes. Wu Xiaoqiu disse que, independentemente daquilo que seja o BRICS — uma plataforma ou um arquétipo — a abertura é uma garantia importante para a sua vitalidade. Apenas estas características o farão perdurar na comunidade internacional. Os especialistas defendem que o BRICS deve expandir-se e considerar novos canais de diálogo, passando a incluir mais vozes exteriores.

RELATÓRIO CHINA É O DESTINO MAIS PROMISSOR PARA O INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO

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EGUNDO um relatório publicado pelas Nações Unidas, a China e os EUA deverão manter o estatuto de destinos mais promissores para o investimento directo estrangeiro (IDE) durante os próximos três anos. Os executivos das empresas multinacionais mantêm a confiança nestas regiões, de acordo com o Relatório de Investimento Mundial 2017, publicado pela Conferência

das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Cerca de 40% dos entrevistados escolheram os EUA e 36% escolheram a China. No ano passado, os EUA foram o maior receptor de IDE, atraindo 391 mil milhões de dólares, ao qual se seguiu o Reino Unido, com 254 mil milhões de dólares e a China com 134 mil milhões de dólares.

A China foi o segundo país do mundo no ranking do investimento directo no estrangeiro (IDE), de acordo com o relatório. A nível global, a UNCTAD projecta que os fluxos de IDE venham a aumentar para valores próximos de 1.8 biliões de dólares em 2017 e 1,85 biliões de dólares em 2018, apesar de serem cifras ainda abaixo do pico de 2007.


11 hoje macau terça-feira 13.6.2017

NOBEL DA ECONOMIA VAI DIRIGIR CENTRO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

O economista norte-americano Thomas Sargent vai dirigir na China um centro de estudos e investigações financeiras centrado na inteligência artificial e no uso ‘big data’ (análise de grande volume de dados). O Instituto Sargent de Economia Quantitativa formará parte da Escola de Negócios da Universidade Pequim HSBC, na cidade industrial de Shenzhen, informou ontem a imprensa oficial chinesa, citando um anúncio da universidade. O novo centro vai oferecer um programa de doutoramento em economia quantitativa e um mestrado em finanças com especialização em tecnologia financeira. O anúncio detalhou que o Instituto Sargent vai estudar, entre outros campos, o uso da inteligência artificial e ‘big data’ no investimento quantitativo, na fixação de preços de activos e outras análises financeiras. Sargent, professor da Universidade de Nova Iorque, recebeu o Nobel da Economia em 2011 pela sua investigação empírica nas causas e efeitos na macroeconomia.

A

China lançou no domingo uma campanha de uma semana para elevar a consciência sobre a eficiência de energia e promover o estilo de vida sustentável. A campanha, conhecida como Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, tem como objectivo impulsionar a civilização ecológica, a conservação e a reciclagem de recursos e o desenvolvimento ecológico e de baixa emissão de carbono, de acordo com um comunicado do governo. O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono será comemorado hoje com o tema “Desenvolvimento Industrial com Baixa Emissão de Carbono”, segundo o comunicado emitido por 14 departamentos governamentais, citado pelo Diário do Povo. A campanha consistirá em eventos por todo o país para promover tecnologias e produtos para poupar energia, transporte ecológico e desenvolvimento industrial com baixa emissão de carbono.

EM ACÇÃO

O país introduziu o Dia Nacional de Baixa Emissão de Car-

Uma consciência verde Campanha de uma semana para promover conservação de energia

A campanha consistirá em eventos por todo o país para promover tecnologias e produtos para poupar energia, transporte ecológico e desenvolvimento industrial com baixa emissão de carbono

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招標公告 Open Tender Notice “澳門國際機場東面停機坪優化工程 (RFQ-236)” 之公開招標 “East Apron Optimization at Macau International Airport (RFQ-236)” 1. 招標實體: 澳門國際機場專營股份有限公司 Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 2. 招標方式: 公開招標 Tendering method: Open tendering 3. 目的: 選擇富有經驗及可堪信賴的承建商,按照國際民航組織之標 準及澳門國際機場之要求,將東面停機坪由6個D類停機位更新配置並優化成為9個C類的停機 位。 Objective: To seek for a fully experienced Contractor to reconfigure and optimize the East Apron from 6 Code D to 9 Code C aircraft parking stands according to ICAO standard and Macau International Airport requirement. 4. 招標文件: 至截止投標日止,有意者可瀏覽CAM 官方網站 www. camacau.com 查閱招標文件及相關資料。 有意參與投標人士應時常留意上述網站以獲取涉及 招標文件並得隨時公佈的最新附加資訊、說明或修改內容。 Release of tender documents: Tender Documents and other pertinent information are available on www.camacau.com until the deadline for submission of Bidders’ proposals. Please always check the website for additional information, clarification or modification of the Tender Documents that may be published from time to time. 5. 遞交投標書地點、截止日期及時間: 遞交投標書地點:澳門氹仔偉龍馬路機場專營公司辦公大樓四樓接待處 截止日期及時間:2017年7月12日中午12:00前 (澳門時間) 收件人必須註明為: 執行委員會主席 恕不接納規定日期及時間後所收到之投標書 Location and deadline for submission of Bidders’ proposals: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 12:00 noon on 12 July 2017 (Macau Time) The addressee of the proposal shall be Chairman of the Executive Committee. The proposals received after the stipulated date and time will not be accepted. 6. 澳門國際機場專營股份有限公司保留不表明因由而全部或部份拒絕任何投標書之權利。 CAM reserves the right to reject any proposals in full or in part without stating any reasons. -完-END-

CHINA

bono em 2013 para impulsionar a consciência sobre a mudança climática e as políticas de desenvolvimento com baixa emissão de carbono, encorajar a participação do público e facilitar o compromisso do país para reduzir as emissões de gases produtores do efeito estufa. O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono comemora-se no terceiro dia da Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, em Junho de cada ano. O governo chinês considera o desenvolvimento ecológico como uma de suas principais prioridades políticas, pode ler-se. O país procura limitar o consumo total de energia em 5 mil milhões de toneladas de carvão equivalente até o ano de 2020, de acordo com um plano do governo para executar entre 2016 e 2020, o que representará uma redução de 15% no uso de energia por unidade do Produto Interno Bruto para o ano de 2020.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Notas acerca do livro A Urna DE DAVID OSCAR VAZ

Para Valério Romão

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AVID Oscar Vaz é um escritor brasileiro, de São Paulo, que recebeu em 1997 o prestigiado prémio de revelação da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), um dos mais importantes prémios brasileiros, com o seu livro de contos Resíduos (Ateliê Editorial). Em 2000, e também pela Ateliê, edita o seu segundo livro, também de contos, A Urna. Livro que iremos ler aqui através de alguns dos contos que o compõe. “A CASA” “A Casa” acaba connosco. Acaba connosco a recolhermo-nos ao cérebro e a perguntar: é verdade ou não? E, com esta pergunta, voltamos atrás no canto, atrás no texto. Talvez seja esta a mestria dos grandes contistas: a capacidade de nos fazer voltar atrás, sempre para trás. Voltar atrás, perguntar se é verdade ou não, aqui, não é do foro dos factos, nem tão pouco ontológico. Voltamos atrás e perguntamos pela veracidade estética do conto. Independentemente da sua veracidade ontológica. A factual é que não é sequer p’r’aqui chamada. Verdade factual interessa tanto ao conto como a água interessa ao vinho. Conto bom, dá à ré! Tão contrário ao romance, com a sua seta afiada em direcção ao futuro do tempo! Ainda que continuemos o romance, depois dele acabar, não voltamos atrás, pelo contrário, vamos para a frente. No fim de um romance, o que ficou para trás não causa perplexidade. No fim do conto, é o que já lemos que causa perplexidade, isto é, o que lemos e que agora se nos é revelado como “se calhar não lemos”. Este conto, de David Oscar Vaz, de apenas meia dúzia de páginas, mostra de um modo extraordinário a peculiar arte do conto. Independentemente do seu conteúdo, excelente, de resto, é na sua formalidade que encontro a razão que me faz começar por ele, na curta leitura deste livro. “A URNA” Conto que dá título ao livro e com o qual se começa. Tem a particularidade de se centrar num tempo muito anterior ao nosso: há um século atrás. E, talvez por essa mesma razão, a comparação com a

tradição machadiana torna-se inevitável. Sem dúvida, lembra Machado no seu melhor. Lembra Machado, no seu melhor, no uso preciso da linguagem; preciso das metáforas, preciso como um relógio, e é tão difícil acertar uma metáfora; no uso preciso do ritmo; no uso preciso dos desequilíbrios narrativos, no uso preciso da lei universal do conto: o que é dado por certo ao leitor, no início, é directa e proporcionalmente retirado no fim. Por conseguinte, uma vez mais, ao terminarmos a leitura do texto, todo o conto é posto em causa. Lá vamos nós outra vez para trás à procura de onde nos enganámos, de onde nos deixámos enganar. “TALAGARÇA” Este é um conto dentro de um conto. Sem dúvida, uma técnica clássica de narrativa. Mas difícil é sustentar o clássico na contemporaneidade, como uma mulher que entra hoje num clube nocturno vestida como nos idos anos vinte do século passado e, ainda assim, ninguém consegue tirar os olhos dela; não por excentricidade, mas precisamente porque ela e o vestido fazem todo o sentido. Quem ainda não viu uma mulher assim, nunca viu uma mulher. Pois estou convicto de que somente nas revelações em contra-posição se chega realmente a ver alguma coisa. Depois, o conto, antes mesmo da sua formalidade clássica,

começa com uma frase pré-clássica, isto é, uma frase antes do conto, antes do clássico, antes dos espartilhos de género literário. O conto começa assim: “Você pergunta se eu acredito em fantasma! Mas, se veio me procurar é porque já sabe a resposta.” Para as senhoras e os senhoras mais familiarizados com a obra de Platão, torna-se claro o ponto de vista da reminiscência. Reminiscência, porque já trazemos em nós uma resposta daquilo que perguntamos, isto é, já trazemos em nós um conhecimento prévio daquilo que desconhecemos. Imagine-se um homem que chega de Portugal a São Paulo e pergunta onde fica a Avenida Paulista. Ele pergunta por algo que não desconhece de todo, embora não saiba disso, claro. Ele não sabe onde fica, mas sabe que fica em São Paulo e que se trata de uma avenida, e que fica “não sei onde”. Ele pergunta, não por aquilo que desconhece de todo, mas por aquilo que vislumbra. Ora, e o que é um vislumbre senão um fantasma. É o próprio Platão que diz que há fantasmas, ao afirmar que se sabem coisas em forma de simulacro. Simulacro em Grego Antigo é precisamente phantom (fantasma). Assim, todo aquele que pergunta, pergunta por um fantasma, pergunta por aquilo que o assombra, isto é, pergunta pelo conhecimento que deseja. E só se deseja o que não se tem, mas que, de algum modo, lhe acedemos, que vemos, nem que em sonhos. Por conseguinte, DOV (David Oscar Vaz) começa o seu conto com um projecto iminentemente platónico. Correcto será dizer: com um projecto de filiação a Platão. De qualquer modo, e a apesar da profundidade do seu início, trata-se de um conto e não de um texto filosófico. Por isso mesmo, a terceira frase é: “O que você quer saber é da minha estória, não é?” DOV não pretende enganar o leitor, vendendo gato por lebre, dando conto por filosofia. O autor engana-nos apenas na justa medida do que nós merecemos; na justa medida de cada um como leitor. E quanto mais treinado, mais enganado. Todo o texto que vale a pena ser lido trai o seu autor, põe-lhe os cornos, é sabido, mas neste caso particular o texto também põe os cornos ao leitor. Pois durante toda a narrativa do conto o leitor fica preso aos acontecimentos relatados, à relação entre aquele que relata e a sua falecida mulher, embora na verdade, no final,

leve com um grande par de cornos, isto é, no final explode todo o sentido formal deste conto: “Às vezes penso que o fantasma seja eu, preso a minha casa e ao labirinto das minhas lembranças. Já tem minha estória, moço. Agora, aperte minha mão.” Terá sido coincidência o autor terminar o livro precisamente com essas duas frases, não apenas o conto, mas o livro? Parece-me pouco provável. Em relação ao conto, a transladação do fantasma para o próprio, recupera o sentido original de Platão e das primeiras duas frases do conto, à revelia de toda a narrativa. O fantasma não é ninguém senão o próprio. O fantasma não é ninguém senão a reminiscência que nos habita,


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máquina lírica

que nos enforma. Mais: é o fantasma que escreve contos. É o fantasma que escreve poemas. O filosofo é precisamente o caça-fantasmas, aquele que ambiciona e esforça-se por estar acima do seu próprio fantasma; ele luta contra o fantasma que é. O escritor, não. O escritor assume a sua condição de fantasma. O escritor diz: Platão você tem toda a razão, mas eu não consigo ser de outro modo, não consigo ir para além do meu fantasma. Mas, e isto parece-me evidente, quem escreve as frases que escreveu neste conto, tem consciência clara e aguda disto mesmo. Entre a verdade e a verdade há uma estória. A estória que é narrada no conto intromete-se entre a verdade das

O humano tem na escrita de Vaz a dimensão do conto. Humano e conto são uma e a mesma coisa. Não há uma seta na direcção do melhor; há uma recorrência do que há. E nesta recorrência se faz a vida e a pomos a pensar e a escrever, que é pensar pra fora primeiras frases e a verdade das últimas. De qualquer modo, e isto parece exemplar neste conto, a estória é sempre uma reminiscência, uma imagem da verdade, um simulacro, embora não seja mentira, não seja um embuste. Assim, parece-me claro que fazer “Talagarça” ser o conto

final deste livro não é por acaso. Pois que melhor conto nos faria andar para trás no livro todo, na reflexão acerca do livro e da própria escrita? “O OUTRO” Talvez este não seja o conto que eu prefiro, mas é seguramente o mais perfeito. A técnica narrativa, a beleza de expressão e a filiação a Platão atingem aqui o seu ponto máximo. O que importa, ou o que parece ser recorrente (obsessivo?) em DVO é precisamente o lugar da reminiscência: o lugar do que está em nós, não estando; do que se faz sentir, sem conhecer; do que nos aparece, sem aparecer. A reminiscência, em Platão, é precisamente esse

Paulo José Miranda

lugar intermediário entre o que há e o que não há, entre o que se tem e o que não se tem, entre nós e nós mesmos. Usando as palavras de DOV “quando o outro é você mesmo.” O outro nós-mesmo é esse lugar intermédio, esse lugar a meio caminho entre saber e não saber, isto é, o lugar humano. O lugar que poderia ser descrito hoje como que o lugar da revelação fotográfica, como aparece escrito no conto: “qual solução de nitrato de prata a fazer surgir em papel lavado de branco a imagem que não havia, mas que ele, o papel possui sem saber”. E se essa imagem é escrita para mostrar o amor pelo outro a aparecer na poeira do dia, também podemos usá-la para mostrar tudo o que aparece em nós. Nós somos o que não sabemos que somos. E esta é a grande obsessão destes contos. Mas, se para Platão, há uma saída, não para a condição humana, mas para uma melhoria da sua condição, através do conhecimento, para DOV isso nem sequer é secretamente pensado. Viver não tem saída, isto é, não tem uma seta na direcção do melhor, pois nunca se sai da reminiscência. A reminiscência não é um modus operandi que através de uma tenaz perseguição do conhecimento nos põe num estádio diferente de consciência. Não. Reminiscência é o que somos sempre, o que não podemos deixar de ser. Viemos ao ser como reminiscência e vamo-nos de igual modo. Como se lê no conto: “Renato tentou se ver vendo, saber o que sentia ao vê-lo.” Tentar pode-se, mas não leva a lugar nenhum diferente daquele em que se está. Adiante, escreve: “Quando deu por si, se é que de fato deu por si”. Diria que toda a escrita de DOV é este movimento de nos fazer dar por nós, mas sem que de facto isso altere o nosso estádio de reminiscência. Dar por nós é compreender a prisão reminiscente em que nos encontramos. Por isso, o conto assume a certa medida desta verdade. O conto é, em si mesmo, uma contínua e perpétua reminiscência, pelo menos neste autor. O ser humano está claramente, nesta escrita, entre sucinto e explicativo, entre o poema e o romance, entre o fragmento e o ensaio. Concordemos ou não, o humano tem na escrita de Vaz a dimensão do conto. Humano e conto são uma e a mesma coisa. Não há uma seta na direcção do melhor; há uma recorrência do que há. E nesta recorrência se faz a vida e a pomos a pensar e a escrever, que é pensar pra fora.


14 (F)UTILIDADES TEMPO

T3

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?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente

EXPOSIÇÃO “25+10” DE RODRIGO DE MATOS Consulado de Portugal | Até 30/06 EXPOSIÇÃO “NOCTURNO” DE FILIPE DORES Albergue SCM | Até 09/07

MIN

25

MAX

30

HUM

80-98%

EURO

9.01

BAHT

EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “AS MUDANÇAS DE HENGQIN” Armazém do Boi | Até 16/07

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 55

PROBLEMA 56

UMA SÉRIE HOJE

C I N E M A

RESIDENT EVIL:VENDETTA SALA 1

THE MUMMY [2D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2

SALA 3

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 | Até 31/11

Cineteatro

1.18

NATUREZA INOPORTUNA

EXPOSIÇÃO “O MAR” DE ANA MARIA PESSANHA Casa Garden | 31/08

EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “CONTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10

EXPOSIÇÃO | “TENTATIVE NOTEBOOK WORKS BY RUI RASQUINHO” Art for All Society, Jardim das Artes | Até 14/06

0.23

É engraçado como a percepção animal consegue, por vezes, ser mais sofisticada que o engenho da espécie que levou representantes deste planeta à descoberta do espaço. Os animais sabem interpretar os sinais de raiva da atmosfera transbordante, dos oceanos irados, dos vulcões que rebentam pelas costuras. Os humanos querem, ao máximo, viver como se a natureza não existisse. Ensimesmados, absortos nos seus trabalhos, mergulhados na normalidade dos seus compromissos, chateados pela falta de oportunidade de um tufão que não marcou um dia e hora para aparecer. A natureza é como um convidado surpresa, que surge inoportuno para lhes encher a vida de tarefas imprevistas, que lhes ocupa o sofá para além dos limites da civilidade. A coisa repete-se todos os anos. Temos a época dos tufões à porta, então e não é que as pressões atmosféricas e as temperaturas conjugam-se indiferentes à organização da semana? Uma total falta de respeito. Raios partam a energia térmica e a condensação de água, que podia muito bem organizar agenda, ou falar com as secretárias dos doutores para saber se estes estão disponíveis para acomodar tufão logo na semana em que é preciso preparar aquele contrato. Também a morte não respeita o protocolo e surge sem aviso prévio, email que a antecipe, ou uma chamada. A total falta de cortesia e educação por parte das forças da natureza. . Pu Yi

“THE HANDMAID´S TAIL” | BRUCE MILLER

“The Handmaid´s Tail” passa-se num futuro. Um tempo aterrador, já previsto por Orwell, mas que nesta série assume outros contornos. Há também um “olho” omnipresente numa sociedade liderada por uma seita que pretende salvar os Estados Unidos. Mas o verdadeiro tesouro são as servas que têm ainda o dom da fertilidade e a sentença da escravidão. Andam de casa em casa para darem continuidade à Humanidade. Elisabeth Moss, já com créditos dados em “Mad Men”, é a protagonista nesta série recente e que promete. A não esquecer: “The Handmaid´s Tail” tem uma fotografia belíssima, daquelas que dá vontade de carregar na pausa e apreciar o quadro. Sofia Margarida Mota

BLEED FOR THIS [C] Fime de: Ben Younger Com: Miles Teller, Aaron Eckhart, Katey Sagal 14.30, 21.30

RESIDENT EVIL: VENDETTA [C] Fime de: Takanori Tsujimoto

WONDER WOMAN [C]

16.45

Fime de: Patty Jenkins Com: Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright, Danny Huston 14.15, 16.45, 19.15, 21.45

THE MUMMY [3D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; Anabela Canas; Amélia Vieira; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; João Maria Pegado; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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OPINIÃO

macau visto de hong kong DAVID CHAN

Reforma imperial FOLHAS DE OUTONO, SAKAI HOITSU (PORMENOR)

A

notícia da abdicação do Imperador japonês Akihito fez sensação esta semana. A 19 de Maio o Governo preparou um decreto lei excepcional, aprovado pelo congresso no dia 8 deste mês, que permite que o Imperador Akihito abdique. O Governo tem agora em mãos os preparativos para a sucessão do Príncipe Naruhito. A resignação do Imperador ocorrerá oficialmente entre 31 de Dezembro de 2018 e 1 de Janeiro de 2019. Actualmente, a monarquia japonesa é a única a deter o título Imperial. A Casa Imperial do Japão é a mais longa monarquia em funções no mundo. No Japão, o nome de baptismo do Imperador nunca pode ser mencionado, podendo apenas ser representado como “Sua Majestade o Imperador”, ou apenas por “Sua Majestade”. Nos textos escritos o Imperador é por vezes designado por “Imperador Reinante”. O reinado de Akihito foi apelidado de “Heisei” e, em conformidade com a tradição, depois da sua morte receberá o nome de “Imperador

Heisei”. Nessa altura será decidido o nome do próximo reinado. O ImperadorAkihito nasceu a 23 de Dezembro de 1933 e foi o 125º Imperador da sua Dinastia. Akihito sucedeu ao seu pai, o Imperador Hirohito, e ascendeu ao Trono do Crisântemo a 7 de Janeiro de 1989. Depois de resignar, Akihito receberá o título de Imperador Retirado. O Imperador Akihito abdicou por razões de saúde. O monarca já foi submetido a uma cirurgia ao coração e, em 2003, recebeu tratamento a um cancro na próstata. O anúncio da intenção de resignar e de entregar o trono ao filho, o Príncipe Naruhito, foi feito a 13 de Julho do ano passado, pelo canal de televisão nacional NHK. O último monarca japonês a abdicar tinha sido o Imperador Kōkaku, em 1817. Os porta-vozes da Casa Imperial negaram que tenha havido qualquer plano que levasse a esta decisão do Imperador. A abdicação do Imperador não está prevista no corpo legislativo que regula a Casa Imperial e, como tal, requer a criação especial uma emenda à lei. A 8 de Agosto de 2016 o Imperador fez uma

das suas raras aparições na televisão, para comunicar a debilidade do seu estado de saúde; este comunicado foi interpretado como uma forma de dar a entender a sua intenção de vir a abdicar em breve. Segundo fontes governamentais, para evitar modificar a lei que regula a Casa Imperial, foi criada uma lei de excepção para permitir a resignação. O Imperador do Japão não é responsável pela governação do país. O artigo 65 da Constituição atribui explicitamente o poder ao Executivo governamental, liderado pelo primeiro-ministro. O Imperador também não é o Comandante Supremo das Forças Armadas, esse papel está atribuído ao primeiro-ministro, através do Acto 1954. Os poderes imperiais são limitados pela Constituição japonesa. O artigo 4 estipula que o Imperador só desempenhará funções dentro do quadro da Constituição e que não terá poderes de governação. No entanto, o artigo 3 prevê que as decisões do Governo terão de ser aprovadas pelo Imperador. Os outros deveres do Imperador estão descritos no artigo 7 da Constituição. Me-

O Imperador Akihito nasceu a 23 de Dezembro de 1933 e foi o 125º Imperador da sua Dinastia. Akihito sucedeu ao seu pai, o Imperador Hirohito, e ascendeu ao Trono do Crisântemo a 7 de Janeiro de 1989. Depois de resignar, Akihito receberá o título de Imperador Retirado

diante conselho e aprovação do Governo, o Imperador desempenhará funções de Estado a bem do povo, particularmente no que respeita a, promulgações, emendas à Constituição, leis, decisões do Governo e Tratados. É possivelmente por causa dos poderes de promulgar leis e emendas à lei, que teve de ser criada uma regulamentação excepcional para sancionar a abdicação. É sabido que no passado o Imperador detinha um enorme poder. A palavra do Imperador ditava a lei. Não se admitia qualquer tipo de contestação. Tinha o poder de declarar guerra sempre que quisesse. Com o avançar dos tempos estas prerrogativas foram sendo alteradas e hoje em dia o Imperador desfruta de funções e de poderes muito mais limitados. O Imperador abdicou legalmente por via da lei excepcional. Podemos considerar fenomenal o momento em que as acções de um Imperador necessitam da caução da lei. Os princípios do Estado de Direito são, não só, aplicados ao cidadão comum, mas também ao Imperador. A lei é aplicada a todos sem excepção. A lei dá-nos as balizas dos nossos comportamentos. Se o Imperador é o primeiro a obedecer à lei, não existem motivos para que o cidadão comum não lhe siga o exemplo. Daqui decorre que todos passam a respeitar a lei. Quando este caso se verifica, o Estado de Direito está definitivamente implantado. Os privilégios perante a lei deixam de existir. O Direito aplica-se a todos por igual.

Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Benjamim Videira Pires

Aves SECTOR TEM ATÉ AO DIA 30 PARA ACEITAR APOIO DO GOVERNO

E pegar ou largar ´

CRIA PANDA GIGANTE NASCEU NO ZOOLÓGICO DE TÓQUIO

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MA cria de panda gigante nasceu ontem no Zoológico de Ueno da capital japonesa, o primeiro nascimento dessa espécie vulnerável neste parque de Tóquio, informou o centro em comunicado. A cria, filha de Shin Shin e e do panda Ri Ri, nasceu às 12:00 locais. Os progenitores, ambos com 11 anos, viajaram da China para Tóquio em 2011 e já tinham tido uma cria em 2012 [a primeira no zoo de Tóquio em 24 anos], que faleceu de pneumonia seis dias depois de nascer. Shin Shin mostrou sinais de gravidez em 2013, mas mais tarde percebeu-se que tinha sido falso alarme. O nascimento da nova cria (cujo sexo não foi divulgado] pode ter um impacto positivo para o centro em cerca de 216 milhões de euros, segundo peritos locais consultados pelo jornal diário Nikkei. O panda gigante é a espécie mais vulnerável no reino animal devido à dificuldade que tem em reproduzir-se, um problema que surgiu na sequência da perda de habitat e do curto período fértil das fêmeas, cerca de 36 horas por ano. Em Setembro de 2016, a União Internacional da Conservação da Natureza retirou o urso panda da lista de espécies em perigo de extinção e catalogou-o como “uma espécie vulnerável” dentro da classificação de nove níveis. Da classificação [que mede o risco de desaparecimento de cada espécie] fazem parte os escalões ‘em perigo’, ‘ vulnerável’e ‘extinto’. Segundo as autoridades chinesas, onde vivem a maioria dos pandas gigantes em liberdade, existem 1.864 na China e 371 vivem em cativeiro em todo o mundo.

terça-feira 13.6.2017

E saiu-lhe o fado/cantado em segredo/de preso que cumpre/pena de degredo”

O

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau anunciou ontem que o sector de venda de aves tem até ao fim do mês para aceitar o apoio do Governo, contestado pelos patrões, que pedem até cinco vezes mais. O alvoroço criado no átrio do edifício do IACM anunciava o fim da reunião de ontem - a quarta e última - entre Governo e os empresários do sector de venda de

aves de capoeira vivas, após ter sido decretado, no início de Maio, o fim definitivo da actividade, depois de uma suspensão inicial aplicada desde Fevereiro, na sequência de um surto de gripe aviária em Macau. Mas mais do que anunciar o fim do encontro sinalizava o descontentamento por parte de dezenas de donos de bancas de aves vivas que contestam a oferta de apoio apresentada pelo Governo que ontem deu ao sector até ao próximo dia 30 para tomar uma decisão.

O IACM mantém-se irredutível, oferecendo uma verba total na ordem dos 41 milhões de patacas para ajudar o sector a ultrapassar a crise decorrente do fim da actividade, mas os empresários não aceitam, considerando ser pouco. Segundo o presidente do IACM, José Tavares, no conjunto, os empresários do setor reclamam “mais ou menos 200 milhões” de patacas (22,1 milhões euros) – ou seja, cinco vezes mais do que a oferta global de apoio do Governo –, sendo que

O IACM mantém-se irredutível, oferecendo uma verba total na ordem dos 41 milhões de patacas para ajudar o sector a ultrapassar a crise decorrente do fim da actividade, mas os empresários não aceitam, considerando ser pouco

só um, do comércio a retalho e por grosso, pediu 40 milhões. Contudo, insistiu José Tavares, o Governo não tem qualquer tipo de obrigação para com o sector. “Eles querem que o Estado os indemnize” pelo fim da actividade de venda de aves vivas, mas o Executivo “não tem esse dever”, frisou.

POR PARTES

Esse apoio divide-se em três vertentes, incluindo duas de cariz pecuniário.Em primeiro lugar, prevê a atribuição de cerca de 14 milhões de patacas para a indemnização pelo despedimento de 165 trabalhadores e de aproximadamente quatro milhões para o pagamento de dois meses de vencimento extra que o Governo decidiu oferecer aos empregados. Em paralelo, contempla a atribuição de 240 a 480 mil patacas para os proprietários de cerca de seis dezenas de bancas, o que representa uma despesa de sensivelmente 22 milhões de patacas, num apoio idêntico ao calculado para os trabalhadores e também, por isso, contestado pelos ‘patrões’. A base de 240 mil patacas “todos têm”, com o valor a depender de factores como a dimensão do negócio, a antiguidade ou os salários, explicou José Tavares. A terceira vertente tem que ver com a reconversão da actividade. “Recebemos na semana passada, 45 pedidos das bancas ou tendas do mercado” para manterem o lugar dedicado a outro ofício, pelo que a maioria aceitou a proposta do IACM, realçou José Tavares. O sector de venda de aves vivas tem então agora até ao próximo dia 30 para se pronunciar – tanto para submeter o pedido para o apoio oferecido pelo Governo como o referente à intenção de continuar com a banca ou tenda dedicada a outro ramo de negócio. “Não podemos alongar este processo”, afirmou José Tavares. Lusa

FUTEBOL SEUL PROPÕE MUNDIAL DE 2030 NA ÁSIA E INCLUI COREIA DO NORTE

O

Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, sugeriu ontem a criação de um bloco regional de países do nordeste asiático, incluindo a Coreia do Norte, para acolher conjuntamente o Mundial de futebol de 2030. Moon lançou a sua proposta durante um encontro com o presidente da FIFA, o suíço Gianni Infantino,

que chegou a semana passada à Coreia do Sul para assistir à final do Mundial de sub-20, conquistado pela Inglaterra, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap. “Penso que ajudaria a promover a paz na região se os países do nordeste asiático, incluindo Coreia do Sul e Coreia do Norte, pudessem organizar con-

juntamente um Mundial de futebol”, disse o Presidente sul-coreano, em declarações citadas pelo seu porta-voz, Park Soo-hyun. Em resposta, e ainda segundo a Yonhap, Infantino afirmou que tal cenário traria “dificuldades”, mas adiantou que a ideia em si “pode ser uma mensagem muito poderosa”.

O líder da FIFA ofereceu-se, ainda assim, para falar da possibilidade com outros líderes do nordeste asiático, começando pelo chinês, com quem tem previsto reunir-se na presente semana. Em 2002, a Coreia do Sul e o Japão organização conjuntamente o Mundial, que foi conquistado pelo Brasil, de Ronaldo,

e no qual Portugal caiu na fase de grupos, face a Estados Unidos (2-3), Polónia (4-0) e Coreia do Sul (0-1). No início do ano, a Argentina e o Uruguai já se propuseram organizar em parceria o Mundial de 2030, um século depois da primeira edição da prova, que decorrer em solo uruguaio, em 1930.


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