Hoje Macau 13 JUL 2015 #3370

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hojemacau

pub

Director carlos morais josé

tabaco negociações sobre proibição total ainda em aberto

Uma sala ao fundo do túnel

Apesar da proibição total de fumo nos casinos ter sido aprovada na generalidade pela Assembleia Legislativa na passada

sexta-feira, o Governo admite haver ainda espaço para pensar na salas de fumo quando o diploma for discutido na especialidade.

páginas 4-5

world press cartoon

Prémio vai para Carrilho eventos centrais

opinião

hoje macau

Não somos todos gregos rui flores

Página 19

bolsa

Que ricas corretoras

h

china Página

ilha verde

Recordações da casa de lata pub

reportagem páginas

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As quatro estações shitao


reportagem

Foi há cinco anos que as últimas barracas do bairro de lata da Ilha Verde foram destruídas. Hoje, muitos moradores vivem em casas sociais e recordam quando ficaram, à força, sem os pertences de uma vida e sem as indemnizações que esperavam. Não esquecem a actuação do grupo Polytec e continuam a desejar melhores condições para a família que entretanto cresceu

E

m 2010, Michelle Chan viu a sua casa de infância desaparecer para sempre, num ápice, com a força de uma máquina retroescavadora. Era uma menina com uniforme escolar a viver no bairro de lata da Ilha Verde, mas não esquece o momento em que chegou das aulas e se deparou com a dura realidade. “Sei que lutaram quase duas horas até destruírem tudo. Naquela altura ainda estava na escola e foi a minha mãe que me contou. Estavam lá muitas pessoas.” A jovem, hoje a trabalhar no Venetian e com planos de casamento, recorda ao HM um dos episódios mais difíceis para a vida da família. “A minha mãe disse-me que não foi fácil proteger a nossa casa e nessa altura o meu pai estava em Taiwan a trabalhar. Ainda voltou para Macau, mas nunca mais viveu connosco e não nos ajudou. A minha mãe lutou com os representantes do Governo que deram algum apoio, mas disseram-lhe que, se não saísse de casa, iriam cortar a luz.”

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Ilha Verde Moradores de bairro de lata não esquecem actuação do grupo Polytec

Cinco anos depois, as hoje macau

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Michelle Chan recorda uma casa simples mas confortável, onde todos se conheciam. “A nossa casa tinha dois pisos, o primeiro servia para cozinharmos e ficarmos na sala de estar. Dormíamos no andar de cima. Penso que as condições não eram assim tão más, muitas vezes podíamos abrir a porta e ficar cá fora, na rua. Discutia muitas vezes com a minha mãe, que me dizia ‘um dia se tiver dinheiro, vou comprar uma casa melhor para viver’. Ainda hoje falamos sobre isso, digo que pelo menos temos uma casa onde morar e já não temos de viver numa barraca. Mas gostava mais de viver lá. Era uma vida mais simples e a vizinhança era boa, todos se ajudavam.” Cinco anos depois, as memórias permanecem vivas para muitos dos antigos moradores do bairro de lata da Ilha Verde. Onde hoje existe habitação pública existiram antes centenas de casas precárias que albergaram vivências e deixaram recordações.

“Pelo menos temos uma casa onde morar e já não temos de viver numa barraca. Mas gostava mais de viver lá. Era uma vida mais simples e a vizinhança era boa, todos se ajudavam.” Michelle Chan Ex-moradora do bairro

Na hora da destruição, ficou a mágoa, causada por um processo nada pacífico. A mãe de Michelle, Sei Hei, continua zangada com o Governo e com o grupo Polytec Asset Holdings, empresa de Hong Kong do ramo imobiliário que era a sócia maioritária da Panasonic Development Company e concessionária do terreno, que depois passaria para o Governo quando este quis construir habitação pública. Para ela, tal como muitos moradores com quem o HM falou, o grupo Polytec não passa de uma “sociedade secreta”. “O Governo autorizou as pessoas da sociedade secreta, o grupo Polytec, a discutir connosco e ameaçaram-nos que, caso não assinássemos um papel a concordar com as demolições, podíamos ficar sem indemnização. Por volta das três da tarde ainda fiquei dentro da minha casa para proteger os meus bens, mas uma hora depois já estavam a destruir tudo, a porta, as camas, a pôr as mesas fora da barraca. Uma máquina chegou e desfez tudo. Só nessa altura concordei em arrendar uma habitação social no Jardim Cidade Nova, com a promessa de receber 50 mil patacas de indemnização.” O dinheiro recebeu-o, mas não chegou para comprar uma casa económica, que na altura custava 150 mil patacas. Como tinha três

filhos a estudar, Sei Hei teve medo e não investiu. Hoje vive numa casa social na Areia Preta, onde dois quartos dão abrigo a si e a dois filhos. Quando uma das filhas vier de Fujian, depois de terminada a licenciatura, terão de ser três a viver num só quarto, enquanto que o irmão dorme noutro. Apesar de ter uma casa, Sei Hei continua a desejar ter um tecto só seu. “Já escrevi uma carta ao presidente do Instituto da Habitação (IH) para ter prioridade na compra de casa. Preferia ter uma barraca simples que era minha do que estar sempre a arrendar casa ao Governo”, assume.

Os que já tinham casa

Piyen Cheang, de 25 anos, é outra das jovens que passaram a sua infância na Ilha Verde. Hoje gere uma empresa de retalho e recorda-se da casinha onde moravam seis pessoas. Viveu lá entre o 3º ano e o 7º ano de escolaridade.

“A minha família nunca lutou muito contra a destruição, porque já tínhamos outra casa nossa na Areia Preta. Estava um bocado na barraca até às dez da noite, depois da escola, e depois ia para outra casa”, recorda a jovem, confirmando que a família nunca recebeu indemnização. “Eu e muitos colegas fazíamos os trabalhos de casa na rua, ao lado das barracas, e depois da escola tínhamos um momento feliz, brincávamos muito. Mas na altura não havia ar condicionado, havia ratos e baratas. Tínhamos um beliche para cinco pessoas”, lembra. Hoje Pyien Cheang está satisfeita, mas teme que a casa não seja suficiente para os irmãos que entretanto cresceram. Song Sok foi vizinho de Michelle e hoje vive na habitação pública de Toi San. Vive bem, mas não esquece os episódios difíceis. “Quando chegou a altura de destruir a minha barraca

“O Governo autorizou as pessoas da sociedade secreta, o grupo Polytec, a discutir connosco e ameaçaram-nos que, caso não assinássemos um papel a concordar com as demolições, podíamos ficar sem indemnização” Sei Hei Ex-moradora do bairro


reportagem 3

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memórias continuam vivas

(onde vivia com o pai), o Governo deu-nos 250 mil patacas. Felizmente que esse dinheiro deu para darmos entrada numa casa económica. Mas na altura muitos contratos estavam escritos em português e houve moradores que ficaram sem indemnização porque não sabiam que tinham esse direito”, conta. Song Sok, que começou a viver na barraca nos anos 70, também recorda tempos felizes. “Os vizinhos cuidavam uns dos outros, éramos muito próximos. As portas podiam estar abertas e ninguém se importava. Agora com os apartamentos já não conheço os meus vizinhos e o ambiente é diferente. Na altura havia vizinhos que não queriam mudar e não queriam deixar as barracas, outros não estavam satisfeitos com a indemnização, mas para mim achava que era preciso desenvolver aquela zona e não protestei muito.”

O monstro chamado Polytec

O processo de demolição das barracas da Ilha Verde ficou concluído só em 2012, quando a última casa foi abaixo. Mas a maior parte dos espaços foi demolido em 2010. Jason Chao liderava a Associação Novo Macau (ANM) na altura e protagonizou a entrega de uma carta junto do IH a pedir um melhor rumo para os despejos e demolições de

“Os vizinhos cuidavam uns dos outros, éramos muito próximos. As portas podiam estar abertas e ninguém se importava. Agora com os apartamentos já não conheço os meus vizinhos e o ambiente é diferente” Song Sok Ex-morador do bairro

que as famílias estavam a ser alvo. “O Governo pediu ao dono do terreno para tratar do processo, mas os meios utilizados pelo grupo Polytec para retirar os moradores do terreno foram a intimidação e as actividades ilegais”, recorda ao HM. Num processo tão difícil, as pessoas acabaram por receber um tratamento diferente. Uns aceitaram, outros tiveram de ceder à força. “Alguns deles tinham o seu registo junto do Governo desde os finais dos anos 80, mas alguns ocupantes nunca tinham registado o seu espaço. Alguns tinham as suas próprias propriedades e não ficaram elegíveis para receber uma habitação pública. Só posso dizer que a situação foi algo complexa. Claro que o Governo queria o terreno para o seu projecto, mas simplesmente deixou as suas responsabilidades para o proprietário”, acusa Jason Chao. Para a senhora Kou, as dificuldades foram ainda maiores.

Ficou sem barraca em 2010, à custa da agressão ao marido, que não se mostrou disponível para contar a sua versão dos factos. Vivia na Ilha Verde desde 1990, hoje presume-se que viva numa habitação própria. Kou não quis contar a sua profissão e os detalhes da sua habitação, onde vive com o marido e duas filhas. “Fomos os últimos a sair daquela zona, destruíram a barraca durante a noite, em segredo. O meu marido e os seus irmãos foram lutar contra aquilo e acabaram por ser agredidos. Como o

nosso contrato de compra nunca foi reconhecido, não podia provar que tinha comprado a barraca e nunca recebemos nenhuma indemnização.” A senhora Kou recorda que o seu contrato previa que, caso a empresa quisesse aproveitar o terreno, teria o direito a mudar para outra casa mediante o pagamento de 450 mil patacas de indemnização. “O grupo Polytec aceitou, mas vários anos depois, não sei o que fizeram, disseram que os contratos já não eram válidos.” Chegou a pedir ajuda a todas as associações, mas diz que isso “não foi útil e eficaz para recuperar a indemnização”. Hoje a família de Kou não tem direito à habitação económica, por ter uma casa sua. “Cada indemnização foi diferente e as negociações foram feitas à porta fechada. Uns receberam 50 mil, outros 30 mil patacas. Connosco o Governo nunca negociou.” Apesar de ter

“Existe claramente uma ligação entre o Governo e o grupo Polytec, porque é que os deputados nunca apresentaram interpelações sobre o assunto? Macau está morta, porque quando existem injustiças, ninguém a pode ajudar” Kou Ex-moradora do bairro

uma casa, a senhora Kou diz que continua a ter direitos. “A lei não deveria permitir ao Governo não dar indemnização caso outra casa seja destruída, mesmo que não haja um contrato.” Na altura os confrontos chegaram a ser investigados pela Polícia Judiciária (PJ), por ter sido difícil identificar os agressores. Muitas pessoas foram parar ao hospital. Nas ruas do bairro de lata, empunharam-se cartazes a pedir a acção imediata do Chefe do Executivo e dos departamentos públicos. Vários foram os comunicados emitidos a pedir para se manter a ordem e a paz no processo de demolição. A senhora Kou é um dos muitos moradores que não esquecem a forma como o grupo Polytec liderou todo o processo e que ainda hoje demonstram a sua revolta. Critica tudo e todos, inclusivamente o sistema político local. “Existe claramente uma ligação entre o Governo e o grupo Polytec, porque é que os deputados nunca apresentaram interpelações sobre o assunto? Macau está morta, porque quando existem injustiças, ninguém a pode ajudar.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


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política

Depois de dois dias de discussão, a revisão da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo foi aprovada na generalidade com apenas dois votos contra. A proibição total do fumo nos casinos foi o tema que mais discussão trouxe ao plenário. Agora a revisão segue para apreciação na especialidade

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om um total de 26 votos a favor, a revisão à Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo foi aprovada na generalidade, na passada sexta-feira. Zheng Anting e Kou Hoi In foram os dois únicos votos contra esta revisão, que dá o primeiro passo para a proibição total de fumar nos casinos. “Não estou contra a proibição do tabaco, mas Macau já entrou em

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Tabaco Proibição total aprovada na generalidade

Nuvem mágica queda das receitas do Jogo e este sector está com dificuldades. Uma solução radical como esta poderá trazer mais problemas ao sector, como por exemplo, desemprego para os trabalhadores do Jogo”, justificou Zheng Anting, após o seu voto contra. O deputado afirmou que aplicar esta lei agora, nesta fase económica que se faz sentir no território, irá provocar uma enorme “desarmonia social” e por isso, aconselhou o Governo a estudar e ouvir mais opiniões.

Mar de desencontros

A votação não se mostrou fácil. Durante dois dias os deputados apresentaram as suas opiniões a Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sobre as suas maiores preocupações. A proibição total de fumo nos casinos, englobando por isso mesmo as salas de fumo há pouco construídas, foi o tema que mais opiniões mereceu. O próprio Secretário admitiu perceber que essa é a maior preocupação dos deputados, mas explicou que é possível que os fumadores “venham à rua fumar”. A deputada Angela Leong, também directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau, mostrou-se “totalmente a favor” da proibição total de fumar, mas

defendeu que o Governo precisa de pensar melhor relativamente às salas de fumo. A deputada argumentou ainda que é necessário desmistificar o funcionamento deste tipo de salas.

“Sobre as salas de fumadores, creio que a sua existência não está nem relacionada, nem contra a proibição do fumo. Os funcionários que vão a estas salas são apenas os que vão limpar. Espero

“Uma solução radical como esta poderá trazer mais problemas ao sector, como por exemplo, desemprego para os trabalhadores do Jogo” Zheng Anting Deputado

[que o Governo] possa repensar as salas para os fumadores. Perceber se podemos melhorá-las, como por exemplo aumentando a ventilação”, argumentou Angela Leong. Em posição contrária, os deputados Au Kam San e Kwan Tsui Hang mostraram-se contra a existência deste tipo de salas. “As salas de fumo não são viáveis. (...) já se sabe que estas salas não conseguem fazer sentir qualquer efeito. É indispensável aplicar a proibição total”, argumentou Au Kam San. O mesmo deputado admitiu que esta revisão deveria ter sido aplicada um pouco antes, “quando a economia estava em alta”, para que o Governo não seja “acusado de estar a prejudicar” o sector. Com a mesma ideia, apresentou-se Ng Kuok Cheong, argumentando que a proibição total do fumo é uma “decisão tardia” e que já devia ter sido aprovada em 2011. Fong Chi Keong, um dos mais críticos e que defendeu intensamente os “benefícios do tabaco” aquando da aprovação do aumento do imposto sobre este produto, falando até em “discriminação” e “perseguição” aos fumadores, acabou por votar a favor. Isto depois de frisar, por várias vezes, que a proposta viola as liberdades individuais e até a economia livre de Macau. A revisão a esta lei traz ainda a proibição de fumar noutros locais, como as paragens de autocarros, e de venda do cigarro electrónico. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Governo tem sido brando, diz Alexis Tam

“Não somos os mais rigorosos” D urante o debate na Assembleia Legislativa (AL) na passada sexta-feira, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, afirmou que o Governo de Macau tem sido “muito brando” relativamente à aplicação da proibição total do fumo. “Macau não é o espaço mais rigoroso”, afirmou, comparando o território a alguns países e regiões vizinhas. “Temos sido mais brandos quando comparados com outros lugares, por exemplo, Hong Kong, Japão, Coreia e Tailândia. Esta tem sido a nossa política”, garantiu o Secretário ao hemiciclo. No seu discurso de abertura da sessão do plenário, Alexis Tam quis ainda garantir que o Governo, quando

lançou a proposta de revisão, fez uma avaliação quanto ao desenvolvimento sustentável, respondendo assim às preocupações apresentadas por alguns deputados quanto à possibilidade desta proibição mexer com a economia local. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura acrescentou ainda que o objectivo é claro: baixar a taxa actual de 16% da população fumadora para 5%, valores sempre defendidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Esperamos que de acordo com as recomendações da OMS consigamos atingir os 5%. Não é um caminho fácil. Temos por isso que desenvolver um grande volume de trabalho, mas em prol da

saúde da população estamos dispostos a trabalhar e a enviar os melhores esforços para este fim”, discursou Alexis Tam, lamentando que actualmente, segundo as estatísticas, um em cada cinco casos de mortes esteja relacionada com tabaco e seus derivados.

Proibir para diminuir

Questionado pelos jornalistas sobre a meta do Governo em diminuir o número de fumadores residentes, atingindo a meta dos 5%, Alexis Tam acredita que a proibição e o aumento do imposto do tabaco – medida aprovada na quinta-feira em sessão plenária – vai fazer com que os fumadores ganhem vontade para deixar de fumar.

“Os 5% é o nosso objectivo, mas sabemos que não é fácil, vai ser bem difícil. Esta proposta de revisão e o aumento do imposto, esta séria de medidas, têm como fim a diminuição do consumo. Penso que as pessoas vão deixar de fumar. De acordo com a OMS estas medidas são melhores”, referiu, salientando que o aumento de preço do tabaco já está a ter consequências. “As pessoas não gostaram, já começam a não gostar”, remata, assumindo o seu optimismo. Recorde-se que na entrada em vigor da lei em causa, em Janeiro de 2012, a taxa de número de residentes fumadores era de 16,9%. Três anos depois a taxa reduziu apenas 0,9%, segundo dados do Governo. F.A.

Mais de três mil acusados de fumar em locais proibidos

Desde a entrada em vigor da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo no dia 1 de Janeiro de 2012, os agentes de fiscalização de controlo do tabagismo realizaram, no total, 831.460 inspecções a estabelecimentos e registaram 27.807 acusações de pessoas que foram identificadas a fumar em locais proibidos. Foram registadas 3654 acusações, incluindo 3628 casos onde foram detectadas pessoas a fumar em locais proibidos e 26 casos de venda de produtos de tabaco que não atenderam aos requisitos de rotulagem. De entre os casos de pessoas a fumar em locais proibidos, detectados em 2015, a esmagadora maioria dos infractores (3371) são do sexo masculino, ou seja 92,9%, e 7,1% de casos registados são de pessoas do sexo feminino (257 casos). Mais de 2200 multas recaíram sobre cidadãos residentes de Macau (62,7%), 1187 multas foram aplicadas a turistas (32,7%) e 165 das infracções foram cometidas por trabalhadores não residentes (4,5%).


política 5

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Governo admite estar aberto a pensar nas salas de fumo

Espaço para manobra? Apesar de ter uma posição “firme” no controlo do tabagismo, o Governo admite agora haver espaço de negociação sobre as salas de fumo aquando da análise em sede de especialidade da lei que foi aprovada na sexta-feira e que permite a proibição total de fumo nos casinos

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epois de aprovada na generalidade a revisão à Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, que permite a proibição total de fumar nos casinos, a proposta segue para análise na especialidade, com o Governo a admitir que poderia estar aberto a “pensar sobre as salas [de fumo] em sede de especialidade”. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, considera, contudo, que “praticamente não há hipótese” para manter as salas. “Como já disse, estou aberto, vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá”, rematou.

Aos jornalistas, sem apresentar dúvidas, Tam afirmou que o debate na especialidade “vai ser muito longo”, partindo pelo exemplo da votação na generalidade que demorou dois dias. Ainda assim, Alexis Tam espera, apesar de não ter certezas, que a lei possa entrar em vigor já no início do próximo ano. “Eu gostava, mas não sei. Já não depende de mim, fiz o meu melhor e consegui apresentar a pro-

posta dentro do prazo, no primeiro semestre, mas agora não depende de mim. Depende da AL, depende dos deputados”, rematou. Recorde-se que fonte próxima do processo tinha referido ao HM o mês passado que o Governo iria estar aberto a negociações sobre a proibição de fumar, ainda que tanto o Executivo, como o Secretário tenham afirmado que “a posição do Governo no controlo do tabagismo é clara e firme e é de extrema importância defender a saúde da população”. Em comunicado após a discussão na AL, contudo, o Executivo disse “entender e compreende a posição e as opiniões dos operadores do sector” e que “está aberto para auscultar todas as opiniões”.

Todo ouvidos

Alexis Tam garantiu que durante seis meses foram ouvidas opiniões de várias associações do sector

“Como já disse, estou aberto, vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá” Alexis Tam Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura

Preço do tabaco sobe sem lei estar em vigor. DSE investiga

Vira o disco e toca o mesmo O preço de venda do tabaco aumentou na sexta-feira em diversos pontos de venda, um dia depois da Assembleia Legislativa ter aprovado um agravamento do imposto, que só entra em vigor nesta próxima semana. Esta é a segunda vez que isto acontece, tendo o mesmo acontecido em 2011, quando houve o primeiro aumento do imposto sobre o tabaco. O HM testemunhou os aumentos dos preços ou açambarcamento dos produtos e o problema foi confirmado pela Direcção dos Serviços de Economia (DSE) que indicou que, após vistorias, verificou “uma subida acentuada da procura de tabaco”, esgotado em algumas prateleiras, bem como uma “subida dos preços da venda a retalho de tabaco em alguns pontos de venda”. Em comunicado, a DSE adverte os fornecedores e distribuidores que o ajustamento, aprovado na quinta-feira, ainda não entrou em vigor, pelo que o preço de venda não pode ser actualizado com base na subida do imposto. A DSE diz

ainda que “mandou imediatamente pessoal para efectuar vistorias e conhecer o ponto de situação do mercado”. “A DSE alerta aos diferentes fornecedores e distribuidores de tabaco que até ao momento o ajustamento do imposto de tabaco referido na tabela anexa ao Regulamento do Imposto de Consumo não produziu ainda efeito, portanto, antes da entrada em vigor da nova tabela, os fornecedores e distribuidores de tabaco não devem acrescentar o imposto actualizado nos preços actuais dos produtos de tabaco. Simultaneamente, devem também manter o nível de fornecimento normal desses produtos ao

mercado, a fim de satisfazerem as necessidades dos consumidores”, pode ler-se no comunicado. A alteração à tabela anexa ao Regulamento do Imposto de Consumo determina que a carga tributária represente mais de 70% do preço da venda a retalho – contra a actual proporção de 33% – em consonância com as directrizes da Organização Mundial de Saúde. A título de exemplo, a taxa correspondente a cada cigarro passa de 0,50 para 1,50 patacas, ou seja, por cada maço de 20 cigarros passa-se a cobrar 30 patacas em vez das actuais dez, valor que traduz um aumento de 200%. A nova tabela entra em vigor nesta semana. HM (com Lusa)

Dezanove cigarros para entrar em Macau Horas depois de aprovado o agravamento do imposto, Chui Sai On emitiu um despacho que determina que uma pessoa pode entrar no território somente com 19 cigarros, com um charuto ou com 25 gramas de outros produtos de tabaco. Para se ter uma ideia, a actual tabela de mercadorias destinadas a uso ou consumo pessoal permite, a título de exemplo, o transporte de cem cigarros, ou seja, cinco maços de tabaco.

do Jogo, das entidades laborais e foram tidas também como referências as recomendações da Organização Mundial de Saúde, assegurando que esta alteração à lei foi elaborada depois de uma análise destas várias opiniões. Posição que vai contra o que as operadoras têm

vindo a público dizer, já que estas pediram publicamente e mais do que uma vez ao Governo que não proíba as salas de fumo nos casinos devido à quebra nas receitas do Jogo. Filipa Araújo (com Joana Freitas) filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Director dos Serviços de Saúde não acredita na eficácia das operadoras

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director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, não acredita que as operadoras de Jogo consigam criar salas de fumo reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde, já que ao longo do tempo, diz, não conseguiram coordenar-se com as regras. Segundo o canal chinês da TDM, Lei Chin Ion afirmou que o Governo já “tolerou uma vez” as operadoras de Jogo e ainda permitiu criar salas para fumadores mesmo que a OMS defenda que fumar no interior afecta outras pessoas. No entanto, o director disse que a coordenação das concessionárias com as medidas do Executivo não foi suficiente. “O regime já entrou em vigor há mais de dois anos, muitos fun-

cionários nossos queixaram-se de que o trabalho das concessionárias não foi suficiente. De acordo com o regime permitimos criar salas de fumo, mas os casinos mudaram as mesas de Jogo para as zonas onde era permitido fumar, a fim de fugir aos nossos regulamentos.” Lei Chin Ion referiu ainda que houve clientes dos casinos que fumaram junto às portas automáticas das salas de fumo e o fumo saiu para fora, algo que os SS pediram às “operadoras para melhorar, mas nunca foi cumprido”. Por isso mesmo, Lei acha que a eficácia da prevenção de tabaco nos casinos não existiu e não acredita que as operadoras consigam fazer salas para fumadores que venham a ser reconhecidas pela OMS. “Já tentamos permitir aos casinos a criação de salas de fumo com melhores condições, mas o resultado não foi nenhum, nem melhoraram as portas das salas como exigimos, portanto, não acredito que eles consigam fazer essas salas serem reconhecidas pela OMS. Pelo ângulo científico, é impossível”, rematou. F.F.


6 política

Os deputados estão mais satisfeitos do que antes com a nova lei, mas querem outros regimes para poder controlar as despesas do Executivo

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Orçamento Lei do Enquadramento não chega, dizem deputados

Maior controlo em tempo de crise “Há que ter outras leis: o Regime de Aquisição de Bens e Serviços e até [a revisão] do decretolei sobre as empreitadas das obras públicas. Só com a Lei do Enquadramento Orçamental não se consegue resolver e eliminar todas as preocupações da nossa sociedade”

A

proposta de Lei do Enquadramento Orçamental é um passo positivo, mas não basta para que a Assembleia Legislativa possa exercer o controlo efectivo das despesas do Governo. A ideia foi deixada por Mak Soi Kun, presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, citado pela Rádio Macau. Há deputados que gostariam que as grandes empreitadas tivessem de ser aprovadas pela Assembleia Legislativa, uma reivindicação antiga que não vai ser atendida por enquanto com a nova lei, ainda que o Governo tenha de apresentar a situação orçamental do PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração) 30 dias depois do final de cada trimestre. Quanto às grandes obras, explica o Secretário Lionel Leong, o objectivo é criar rubricas plurianuais no Orçamento. “Queremos criar um mecanismo que, quando [a despesa] passa para o ano seguinte e até à conclusão [da obra], tem de ser discriminada anualmente. Assim fica muito claro, torna-se

Mak Soi Kun Presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas

transparente, para que tanto a Assembleia, como a população tenham conhecimento”, disse citado pela rádio.

Insuficiências

O presidente da Comissão de Acompanhamento para os As-

Ho Ion Sang questiona processo de terrenos desocupados

O deputado Ho Ion Sang pretende saber se o Governo vai utilizar os actuais terrenos desocupados como moeda de troca para seis lotes que ainda estão a ser negociados com os proprietários. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado directo recorda que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) publicou na semana passada que, de um total de 12 terrenos envolvidos em processo de troca, metade dos processos ainda não estão concluídos. “O Governo prometeu que iria dar prioridade aos terrenos desocupados para construir habitação pública, mas dos 113 terrenos, 16 ainda não reuniram condições para serem revertidos, e muitos não têm fins habitacionais. Caso os terrenos sejam utilizados como troca, os lotes para construção pública serão muito poucos”, recorda. Ho Ion Sang apela a que os responsáveis do Governo publiquem informações mais detalhadas sobre os terrenos alvo de troca e os que estão desocupados.

suntos de Finanças Públicas reconhece que se trata de uma boa iniciativa, mas Mak Soi Kun diz que os deputados querem mais. “Há que ter outras leis: o Regime de Aquisição de Bens e Serviços e até [a revisão] do decreto-lei sobre as empreitadas das obras

públicas. Só com a Lei do Enquadramento Orçamental não se consegue resolver e eliminar todas as preocupações da nossa sociedade”, declarou. Mak Soi Kun relembrou ainda que os deputados se têm mostrado preocupados com

a economia. “Se a economia continuar a piorar, então como é que o Governo vai fazer? O Governo prometeu que vai ouvir as opiniões da sociedade e, se calhar, depois de uma análise, vai ponderar introduzir alterações à proposta de lei.”

Alexis Tam encontra-se com Ministro da Educação português

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Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura vai reunir-se em Lisboa com o Ministro da Educação e Ciência português. Nuno Crato e Alexis Tam encontram-se no âmbito de uma visita a Cabo Verde, onde arranca esta semana o encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa. Durante o encontro, vão ser discutidas novas formas de estabelecer parcerias nas áreas da educação superior e da cultura, por forma a impulsionar novas estratégias para a promoção da língua portuguesa e da cooperação entre entidades de ensino superior

da lusofonia. Ainda em Portugal, está previsto um entre Alexis Tam e o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira. Já em Cabo Verde, Alexis Tam tem agendada uma reunião com o Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva. Da delegação de Macau fazem parte o coordenador do Gabinete deApoio ao Ensino Superior, Sou Chio Fai, o reitor da Universidade de Macau, Wei Zhao, e o vice-reitor, Rui Martins, e também a vice-presidente do Instituto de Formação Turística, Ian Mei Kun.


sociedade

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Secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, garantiu que o Governo está “muito atento ao impacto” das recentes oscilações nos mercados accionistas da China e a acompanhar de perto a sua evolução. Segundo dados facultados pelo titular da pasta da Economia, 7,59 mil milhões de patacas, ou mais de um quinto (21,7%) do total do capital aplicado por Macau nos mercados de acções, foram investidos nas bolsas da China e na de Hong Kong. Em termos globais, foram aplicados 35 mil milhões de patacas em acções, valor que representa cerca de 10% do montante total da carteira de investimentos da reserva financeira de Macau, que integra outros planos. O Secretário, citado num comunicado oficial, reconheceu, porém, que as oscilações nas bolsas da China – Xangai e Shenzhen – têm efectivamente gerado influência nos lucros obtidos anteriormente do investimento da reserva financeira em mercados accionistas,

Investidos 35 mil milhões em acções na China e em Hong Kong

Oscilações estão sob controlo Lionel Leong garante que o Governo está atento ao que está a acontecer no mercado financeiro da China. Com 35 mil milhões de patacas a estarem investidos em bolsas da China ou na de Hong Kong, o Executivo garante diversificação de investimento mas ressalvou, contudo, que não se registaram perdas.

Mercado a ferver

O mercado accionista chinês vive o pior momento desde a crise financeira de 2008,

com o principal índice bolsista, o Xangai Composite, a registar uma desvalorização de 30% nas últimas três semanas, correspondentes a perdas superiores a dois biliões de euros.

Prevendo-se que as oscilações continuem no segundo semestre, Lionel Leong reiterou o objectivo do Governo de apostar em “projectos seguros” que passam nomeadamente pelo

Primeiro trimestre fecha com 33,9% de perdas nas receitas totais

O pico em queda acentuada O Governo encerrou o primeiro semestre com receitas totais de 55.132 milhões de patacas, uma queda de 33,9% em termos anuais homólogos. Dados provisórios da execução orçamental do primeiro semestre disponíveis na página electrónica dos Serviços de Finanças, indicam que as receitas totais arrecadadas, entre Janeiro e Junho, estavam executadas em 51,7% face ao previsto para todo o ano de 2015, em resultado da diminuição

dos impostos arrecadados com o sector do Jogo. Os impostos directos sobre o jogo, no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos, foram de 45.720,9 milhões de patacas, o que se traduz numa redução de 35,6% face aos primeiros seis meses de 2014 e a taxa de execução correspondia a 53,2%. A importância dos impostos sobre o Jogo traduz-se num peso de 82,9% nas receitas totais, de 83,9% nas correntes e de 96,3%

A maior recessão mundial Albano Martins defende que este ano, e a manter-se a tendência, o “PIB poderá cair entre 15 a 20%, em termos reais”. No programa Rádio Macau Entrevista, o economista afirma que estes números vão dar lugar a um recorde. “É uma grande chapada. Vamos ficar no Guiness Boook do crescimento negativo ou da maior recessão mundial”. De acordo com a rádio, para Albano Martins o Executivo tinha de fazer uma escolha em termos de crescimento. “O Governo tinha de fazer claramente uma opção entre crescer a um dígito baixo – e não digo crescer nem um, nem dois, mas talvez três, 4% ou 5%– ou crescer a dois dígitos – 15, 16 ou 17%. Crescer a dois dígitos é bom para os casinos mas não é bom para a economia no seu todo, porque sobreaquece a economia. Penso que o Governo, provavelmente pressionado pela própria China, optou pelo crescimento mais baixo”, defende o economista. Para o futuro, Alabno Martins antevê contudo que a tendência de crescimento vai manter-se: “O Governo não vai querer crescer mais de cinco a 6%. Penso que neste momento essa é a razão pela qual se está a refrear o número de mão-de-obra e o aumento da percentagem de crescimento anual das mesas de jogo”.

nas derivadas dos impostos directos. Desde Junho de 2014 que a indústria regista quebras homólogas das receitas, o que levou, este ano, o Governo a apresentar um orçamento rectificativo. Já na rubrica da despesa, entre Janeiro e Junho, foram gastos 29.913 milhões de patacas, mais 30% do que no período homólogo do ano passado, valor que reflecte uma execução de 34% face ao orçamentado para 2015. O Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) cumprido até Junho em apenas 7% face ao orçamentado, equivalia a uma despesa de 1023 milhões de patacas, mais 25,4% face ao período homólogo de 2014. Entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 25.218 milhões de patacas, excedendo o previsto para todo o ano (18.805 milhões de patacas) com a taxa de execução a atingir 134,1% do orçamentado, isto apesar de ter visto a ‘almofada financeira’ emagrecer 58,3% face ao primeiro semestre de 2014. LUSA/HM

investimento de uma parte da reserva financeira com a ajuda da província vizinha de Guangdong. À margem de uma reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assun-

tos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa, Lionel Leong comentou que a proposta de Lei do Enquadramento Orçamental, actualmente em auscultação pública, vai contribuir para melhorar a fiscalização por parte do hemiciclo, ao prever nomeadamente a entrega de relatórios sobre a execução. A consulta pública sobre a nova proposta de lei de enquadramento orçamental, com a duração de 45 dias, termina em 20 de Agosto. LUSA/HM

Chui diz que quebra no Jogo não vai influenciar o ensino

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Chefe do Executivo, Chui Sai On, reuniu-se com representantes da Associação de Educação de Macau (AEM), onde garantiu que a quebra nas receitas do Jogo verificada nos últimos meses não vai influenciar o dinheiro que o Governo tem investido na educação, tanto pública como privada. Segundo um

comunicado oficial, Chui Sai On referiu que “o Governo irá, como sempre apoiar o crescimento do sector”, salientando que, apesar de neste momento se registar uma descida na economia, “tal não irá pôr em causa os recursos canalizados”. O Chefe do Executivo mostrou-se ainda “compreensivo com as preocupações expressadas, particularmente se a queda das receitas da economia local poderão vir a contribuir para um menor investimento por parte do Governo”, algo que foi negado. Ho Sio Kam, antiga deputada nomeada por Chui Sai On na Assembleia Legislativa (AL) e actual presidente da AEM, agradeceu o apoio que o Governo tem vindo a dar às escolas do território, através dos “recursos e apoio ao desenvolvimento do ensino”, enquanto que Chan Hong, actual deputada nomeada e presidente da direcção da AEM, pediu um “reforço de recursos, o aproveitamento de oportunidades através dos novos aterros e a recuperação dos terrenos desaproveitados no desenvolvimento de projectos”. A deputada pediu ainda uma maior “promoção do ensino especial”.


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hoje macau segunda-feira 13.7.2015

Saúde Casal filipino procura ajuda para salvar filha Corre uma campanha no Facebook para pagar os tratamentos de Chyn, filha de têm de ser pagos em 200%, por serem portadores de blue card. um casal filipino Está agendada uma operação à residente em Macau. bebé para Setembro, que custará de 300 mil patacas. A conta já gerou dez cerca“Quando fomos ao hospital público pensámos que seria mais mil patacas, mas o fácil para nós, por ser o hospital Governo e a Cáritas do Governo e esperávamos que nos pudessem ajudar. Ficamos não dão apoio desapontados por não nos poderem

O triste fado do não residente

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hyn é filha de trabalhadores não residentes (TNR) e nasceu há um mês no hospital Kiang Wu com várias doenças. Além de lhe ter sido diagnosticado Síndrome de Down, a bebé tem uma malformação cardíaca congénita e problemas pulmonares. Sem direito a qualquer tipo de assistência médica, Carlo de Guzman e a esposa lançaram uma campanha no Facebook, intitulada “Help our little Angel Baby Chyn” (Ajudem o nosso pequeno anjo Bebé Chyn). Ao final de quatro dias de funcionamento, a campanha já gerou dez mil patacas de donativos, confirmou Carlo de Guzman ao HM. Ao todo, o casal precisa de pagar 160 mil patacas aos Serviços de Saúde (SS), uma vez que, por serem TNR, não têm direito a qualquer apoio, sendo que os tratamentos

ajudar financeiramente. Mas compreendemos porque têm de respeitar as regras, por sermos TNR. Chegamos a ter uma reunião com um assistente social do hospital e foi-nos dito que seria difícil termos apoio social do Governo, por não sermos residentes”, contou Carlo de Guzman ao HM. Apesar disso, o pai de Chyn agradece toda a ajuda disponibilizada pelo pessoal médico e de enfermagem, tanto do hospital Kiang Wu como do São Januário.

Portas fechadas

Desempregado há um ano, morador no território há dez, juntamente com a mulher, este trabalhador filipino tem estado a bater em todas as portas, depois das recusas dos SS e até da Cáritas. “Também contactei outras organizações em Macau e vamos reunir com eles durante esta semana, e discutir a nossa situação

com eles, assim poderemos ver o que poderá ser feito”, disse o pai. Carlo Guzman também já estendeu o pedido de apoio financeiro às Filipinas, mas assume que voltar

“Chegamos a ter uma reunião com um assistente social do hospital e foi-nos dito que seria difícil termos apoio social do Governo, por não sermos residentes” Carlo de Guzman Pai de Chyn

Medicamentos tradicionais chineses sob investigação

A cura pior que o mal O Departamento dos Assuntos Farmacêuticos está a examinar amostras de medicamentos tradicionais chineses prescritos e dispensados pelo Centro de Saúde da Areia Preta. O caso acontece depois de uma doente de 56 anos ter sido assistida no hospital por suspeitas de intoxicação. Os Serviços de Saúde (SS) foram notificados do caso suspeito de intoxicação quando uma mulher, que recorreu ao Centro de Saúde da Areia Preta por ter problemas de sono, começou a sentir a fraqueza das extremidades, aumento da frequência cardíaca, a ter pupilas dilatadas, visão turva, distúrbios da consciência e aumento da temperatura corporal, entre outros sintomas. A mulher tinha começado a tomar “algumas doses de medicamentos tradicionais chineses”, que lhe foram prescritos pelo Centro de Saúde.

A paciente foi levada pela família para os Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário onde foi clinicamente estabilizada. “Após investigação, suspeita-se que a paciente foi intoxicada pelos medicamentos tradicionais chineses que tomou, sofrendo da intoxicação antico-

para Manila com a filha não é a primeira opção. “Se enviarmos a nossa filha para as Filipinas é quase o mesmo preço do que fazer aqui os tratamentos e a minha esposa

linérgica. As causas precisam de ser investigadas. A dose de medicamentos tradicionais chineses em causa foi entregue ao Departamento dos Assuntos Farmacêuticos para exame e análise detalhada”, pode ler-se num comunicado.

Efeitos diversos

Segundo os SS, existem principalmente dois tipos de anticolinérgicos: um deles é o alcalóide extraído das plantas tais como beladona, o outro tipo são medicamentos sintéticos. As manifestações clínicas são boca seca, vermelhidão da pele, garganta seca, queimadura, aumento da temperatura corporal, frequência cardíaca, pupilas dilatadas, visão turva, retenção urinária, perda de consciência, alucinações, entre outras, que podem ser mais graves. Os SS apelam aos cidadãos que tenham tomado medicamentos chineses e que não se sintam bem para visitarem o hospital.

precisaria de deixar o emprego para dar a total atenção à nossa bebé. Mas nós sem um emprego ficaríamos numa situação muito difícil. Em Manila não temos familiares, teríamos de ficar em hotéis, pagar alojamento, contas e transporte. Preferimos ficar aqui porque ao menos temos a nossa família”, concluiu. A ajuda pode ser dada à família através da página no Facebook. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Kiang Wu aumenta despesas funerárias

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m grupo de residentes publicou uma publicidade no Jornal Ou Mun criticando o aumento das despesas com os serviços funerários e o monopólio da Casa Funerária do Kiang Wu. O grupo de residentes que “dão atenção à vida da população” apontou que, desde o início de Julho, os preços dos serviços de todas as salas funerárias do Kiang Wu aumentaram “de forma louca”, sendo que houve despesas com serviços fúnebres que passaram das 18 mil para as 22 mil patacas e das 11 mil para as 15 mil patacas. Chong Pang Weng, director geral da Companhia de Gestão da Casa Funerária do Kiang

Wu, nega as críticas e diz que o aumento das despesas se deve à aquisição de equipamentos. “Ao longo de 11 anos, os preços dos serviços não foram aumentados até agora e o aumento foi por termos comprado mais equipamentos para as salas funerárias, por exemplo, ar condicionado. Tem também a ver com os salários dos trabalhadores, que foram aumentados” explicou. Sobre as críticas de monopólio, Chong negou o facto, justificando que além da Casa Funerária do Kiang Wu, existem mais três serviços que fazem as mesmas cerimónias em Macau, mas não revelou os nomes.

TJB Comentador da Rádio Macau condenado

Adelino Correia foi condenado pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) ao pagamento de 82 mil patacas. O comentador do programa de rádio “Bola Ao Centro” foi condenado pelo crime de difamação, por declarações feitas no programa desportivo, em 2013. Correia fazia parte do painel de comentadores e, segundo a rádio, o tribunal terá considerado que os seus comentários puseram em causa o bom nome do clube. Adelino Correia tem, agora, de pagar 72 mil patacas de multa e dez mil de indemnização, valor abaixo do que queria o Montecarlo, que pediu 50 mil patacas. Além disso, Correia tem de fazer um pedido de desculpas público na imprensa.


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Jogo Trabalhador acidentado no Galaxy queixa-se de injustiça

Feridas físicas e mentais Sem indemnização e a sofrer pressões, um funcionário do grupo Galaxy diz-se tentado a acabar com a própria vida pelo que considera ser uma injustiça tiago alcântara

m trabalhador do Galaxy queixa-se de que a operadora não lhe pagou uma indemnização “razoável” depois de um acidente de trabalho. Juntamente com o grupo Forefront of the Macao Gaming, o homem diz mesmo que a forma como a operadora tratou do caso “até o levou a ter uma doença psicológica.” Numa conferência de imprensa da Forefront of The Macao Gaming, os líderes da associação - Ieong Man Teng e Lei Kuok Keong – contaram a história do trabalhador, de apelido Chan, que trabalhava como supervisor do departamento de mesas de Jogo num casino da Galaxy. Numa carta escrita, Chan mostra que teve o acidente quando transportava as máquinas do casino em Dezembro de 2012. Na altura, a empresa deu-lhe um mês de descanso e prometeu uma indemnização oportunamente. No dia em que voltou a trabalhar, o funcionário entregou o atestado médico, mas Chan assegura que, mal regressou ao trabalho, foi incumbido de transportar todos os dias mais máquinas e cartas de Jogo, algo com que fez com que o homem se voltasse a magoar nos mesmos locais do corpo. O médico terá sugerido a Chan que suspendesse o trabalho, pelo que o funcionário pediu à Galaxy uma licença sem vencimento. Algo que lhe foi rejeitado, já que a companhia, segundo a Forefront of The Macau Gaming, disse ter já recebido um certificado de recuperação do funcionário, pelo que não tinha nada mais do que responsabilizar. Chan solicitou depois ajuda à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde foi confirmado que as mazelas no corpo do trabalhador estavam relacionadas com o novo acidente de trabalho. A DSAL entregou o caso ao Ministério Público.

“Já sofri todos os dias com dores e a companhia nem sequer me indemnizou, nem pagou nenhuma despesa no tratamento, que foi bem caro, sendo que até declarou que só paga quando eu ganhar o processo em tribunal” Chan Trabalhador do Galaxy

Sofrimento contínuo

Chan continuou a trabalhar no casino durante dois anos, apesar de sofrer com as dores, porque o Galaxy só lhe permite “pedir dias de licença”. O funcionário diz ter pedido mais do que 45 dias de baixa médica, algo que o levou

a ser despedido e que lhe causou mazelas psicológicas. “Uma vez, desmaiei durante o trabalho devido ao choque [das dores], depois acordar, senti dificuldades na respiração. Pedi

licença para consultar o hospital, mas não me deixaram porque estava a trabalhar menos de duas horas por dia.” Até Maio do ano passado, o médico considerou que Chan já não

conseguia trabalhar, pelo que começou a fazer tratamento no hospital. No entanto, referiu, a Galaxy diz que a responsabilidade é da vítima. “Já sofri todos os dias com dores e a companhia nem sequer me

Sector da educação apoia projecto para o Hotel Estoril

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indemnizou, nem pagou nenhuma despesa no tratamento, que foi bem caro, sendo que até declarou que só paga quando eu ganhar o processo em tribunal”, frisou. Chan conseguiu dois terços da remuneração mensal que recebe desde que o médico certificou a sua incapacidade de trabalho, mas não recebeu o salário dos dias em que meteu baixa médica. Na carta, Chan relata ainda que foi transferido para um psicólogo, porque, devido às pressões, “tentou o suicídio várias vezes e perdeu o controlo, tentando prejudicar-se a si próprio”. Algumas das vezes foi salvo por pessoal da Polícia de Segurança Pública (PSP). Chan diz-se desapontado com a reacção da Galaxy, já que “recentemente o departamento de recursos humanos voltou a exercer pressão novamente” sobre ele, tendo-lhe oferecido duas escolhas: “ou continuar a trabalhar enfaixado como uma múmia, ou ser despedido”.

tutela dos Assuntos Sociais e Cultura realizou uma sessão de esclarecimento para debater as ideias para o reaproveitamento do antigo Hotel Estoril e Piscina Municipal do Estoril, na qual participaram cerca 200 professores, oriundos de 46 escolas. Segundo um comunicado, a maioria dos representantes mostrou estar a favor do projecto de renovação proposto pelo Executivo, que quer colocar no edifício as três escolas do Conservatório de Macau (teatro, dança e música), criando um complexo juvenil e desportivo. “Um docente referiu que conduziu, na sua es-

cola, inquéritos para conhecer as opiniões de professores, alunos e encarregados de educação sobre o planeamento para o reaproveitamento do antigo Hotel Estoril e Piscina Municipal Estoril e que, de uma forma geral, os inquiridos apoiaram as ideias para utilização daqueles espaços e que, desta vez, se trata de uma boa iniciativa de educação cívica”, pode ler-se. Foi ainda sugerido que o “centro de actividades artísticas, culturais, recreativas e desportivas se possa converter num centro de prática ou de aprendizagem”. Na reunião “sugeriu-se também a cons-

trução de um centro com uma concepção virada para a economia energética, com conceito verde e de protecção ambiental, incluindo o aproveitamento da energia solar e a criação de espaços verdes no terraço, em articulação com as ideias de protecção ambiental. Vários professores apresentaram diversas opiniões relativas às áreas da cultura, educação, desporto e protecção ambiental, entre outras ideias para reconstruir o Hotel Estoril, transformando-o num espaço de cultura e das artes, adaptado às necessidades dos jovens”.

Chan espera manter a posição no casino, mas quer que lhe sejam pagas as despesas do hospital. O trabalhador diz que espera, com a publicação do caso, poder captar a atenção do grupo Galaxy. O HM tentou contactar a empresa, mas não foi possível obter uma resposta até ao fecho desta edição. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Associação discorda de altura de prédios na Zona B

A Associação para a Protecção do Património Histórico e Cultural de Macau considera que o limite da altura dos prédios construídos na Zona B dos novos aterros deve ser de apenas 20 metros para não obstruir a vista da Colina da Penha. Segundo o Jornal do Cidadão, o vice- director da Associação, Chan Sun Weng, apontou que caso sejam criados edifícios de 100 metros da altura na zona, isso vai influenciar os trabalhos da protecção do património cultural, destruindo o contexto arquitectónico urbano de Macau. “Cem metros são iguais a 30 andares e isso vai obstruir a vista da Colina da Penha. Os prédios altos estão a assassinar a protecção do património”, frisou. Chan considera que os prédios com menos de 20 metros são mais adequados.


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eventos

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UNESCO convida cidade portuguesa para património mundial

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m reconhecimento do seu trabalho de requalificação urbana, a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura convidou o município de Vila Real de Santo António, no Algarve, a candidatar o núcleo pombalino do seu centro histórico e a vila de Cacela Velha à Lista Indicativa do Património Mundial. Em comunicado ao Boas Notícias, a autarquia de Vila Real de Santo António explica que a candidatura tem em consideração o facto de o seu núcleo histórico constituir, na actualidade, um dos melhores exemplos da arquitectura e do urbanismo do século XVIII - uma cidade fábrica, fundada de raiz nos ideais iluministas - cuja importância está identificada e preservada no Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino do município. Projectada para ser a cidade ideal do Iluminismo, Vila Real de Santo António, tal como a Baixa Pombalina, em Lisboa, “teve por base o conceito de racionalização geométrica, tendo todas as dimensões e formas do seu traçado ortogonal sido definidas proporcionalmente, desde a métrica das ruas aos quarteirões, lotes, edificações e vãos de portas e tipos de edifícios”. De traçado regular conforme os princípios racionais e geométricos, a Vila Pombalina é, pois, a perfeita articulação entre a arquitectura e o urbanismo, constituindo a “cidade ideal”, diante dos princípios formais das urbes do “Século das Luzes”. A candidatura de Cacela Velha, por seu lado, relaciona-se com a “singularidade e o grau de preservação do seu núcleo histórico”, “a riqueza e antiguidade dos achados arqueológicos”, “a sua localização e enquadramento paisagístico”, bem como “a existência de um projecto consolidado de investigação histórica e arqueológica com mais de 15 anos”.

Ilustração André Carrilho vence World Press Cartoon 2015

As diferenças da (des)ig O português André Carrilho venceu o Grande Prémio do World Press Cartoon (WPC) 2015, com uma imagem sobre o vírus ébola

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m desenho do cartoonista André Carrilho, publicado no jornal Diário de Notícias a 10 de Agosto de 2014, venceu o World Press Cartoon deste ano. A imagem retrata a forma como o vírus ébola é visto pela comunicação social fora de África. O juri justificou o prémio referindo que o desenho de André Carrilho “não expõe apenas o problema de uma doença devastadora, mas

sobretudo denuncia a dualidade de critérios da imprensa europeia e norte-americana perante a origem das vítimas”. Na altura, o cartoon do português foi analisado e

comentado em vários jornais e partilhado nas redes sociais. Ao Público, o ano passado, o cartoonista explicou a ideia por detrás do desenho. “Parece-me que a atenção

“Parece-me que a atenção que se dá às epidemias nos média ocidentais não tem a ver com uma medida universal de sofrimento humano, mas com a maior ou menor possibilidade de nos atingirem”

À venda na Livraria Portuguesa Gare do Oriente • Vasco Luís Curado Cinco pessoas, vindas de diferentes pontos da cidade, convergem para o mesmo comboio que parte da Gare do Oriente a caminho do subúrbio. Todas estão sozinhas com os seus pensamentos, que dificilmente podem ser partilhados ou compreendidos; umas vivem presas à memória do passado, outras criaram dilemas que lhes limitam o presente. Mas eis que algo faz despertar neles uma consciência comum: o ataque terrorista ocorrido nessa manhã numa estação estrangeira e cujas imagens passam continuamente na televisão. Poderá esta ameaça à escala global mudar alguma coisa no seu íntimo?

que se dá às epidemias nos média ocidentais não tem a ver com uma medida universal de sofrimento humano, mas com a maior ou menor possibilidade de nos atingirem. Os meios de comunicação social tendem a passar de alguma indiferença para a sobreexposição e pânico, sem nunca deixarem de tratar o assunto numa perspectiva que opõe ‘eles’ [África] a ‘nós’ [EUA e Europa].”

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014

Mitos e Lendas da Terra do Dragão • Wang Suoying, Ana Cristina Alv Na sequência de Contos da “Terra do Dragão”, as autoras agora ao público esta obra, que traz para Portugal algumas e dos mitos mais conhecidos entre os Chineses: estes mitologia chinesa das «narrativas sobre seres divinos e espír abrangente, mas também os mitos de criação do Universo seres, façanhas de fundadores, inventores e heróis, feitos d combates a desastres naturais como o dilúvio, etc.


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Património IC lança livros para dar a conhecer história de Macau

Tesouros da cidade O

gualdade O vírus ébola e o Mundial de Futebol no Brasil foram os grandes temas de destaque desta edição do World Press Cartoon, que em 2013 abandonou Sintra passando agora a realizar-se em Cascais, com um Grande Prémio estabelecido de dez mil euros.

Outras categorias

Na categoria de “Caricatura”, o vencedor foi o brasileiro Cau Gomez por um retrato caricaturado do futebolista Messi e

• mail@livrariaportuguesa.net

ves s oferecem das lendas incluem a ritos», mais e dos seus de guerra e

o Papa Francisco, enquanto o segundo prémio coube a Dalcio (Brasil) que retratou o músico David Bowie, e o terceiro prémio foi para Riber (Francês). No “Desenho de Humor”, o primeiro prémio foi atribuído ao grego Michael Kountouris, vencedor do Grande Prémio da edição de 2013, numa caricatura sem título, mas que tem dois homens a segurar dois cartazes com peixes de diferentes tamanhos. Na categoria “Editorial”, que deu a vitória ao português André Carrilho, no segundo lugar ficou o búlgaro Tchavdar e, em terceiro, o ucraniano Cost. O júri que seleccionou as obras integrou António Antunes (Portugal), Agim Sulaj (Albânia), Xaquin Marin Formoso (Espanha), Firoozeh Mozaffari (Irão) e Augusto Cid (Portugal).

Instituto Cultural (IC) lançou ontem diversas obras que têm como tema principal o património cultural de Macau e a sua salvaguarda. “O Centro Histórico de Macau”, “Anos Dourados – Lou Kau e a Casa de Lou Kau”, “Charme das Ruínas – As Ruínas de São Paulo e o Colégio de São Paulo”, “Anais das Sessões – O Edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais” e ainda “Poemas de Zheng Guanying” são as obras que incluem ainda “os resultados alcançados com os trabalhos de protecção”. Da autoria de Tang Si Peng, “O Centro Histórico de Macau” apresenta uma narrativa histórica, de imagens antigas do património, fotografias mais recentes e plantas dos alçados de alguns edifícios, “permitindo aos leitores uma abordagem geral abrangente e fácil sobre os 25 sítios que compõem o Centro Histórico de Macau”. Este livro é editado numa edição bilingue Chinês-Inglês e custa 90 patacas. “Anos Dourados – Lou Kau e a Casa de Lou Ka”, de Lin Guangzhi, tem como pano de fundo a evolução da

IC

sociedade de Macau e faz uso de descrições vívidas para descrever a vida lendária de Lou Kau e a gloriosa época da sua família. “Charme das Ruínas – As Ruínas de São Paulo e o Colégio de São Paulo”, de Chen Wenyuan e Cao Tianzhong, explora o significado histórico e a acentuada herança cultural que se esconde neste monumento, dando a conhecer a arte arquitectónica da Igreja da Madre de Deus e do Colégio de São Paulo e narrando a história missionária do catolicismo no Oriente.

Descubra as diferenças

Já com a obra “Anais das Sessões – O Edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, de Zhao Lifeng, vemos as diferentes designações deste edifício ao longo dos tempos. Os três volumes estão à venda pelo preço de 120 patacas. Compilado pelo Museu de Macau e pela Biblioteca de Xangai e publicado pela Editora de Livros Antigos de Xangai, o livro “Poemas de Zheng Guanying” compreende um total de seis volumes divididos em cinco partes que incidem sobre diversos

temas, desde política e comércio a questões morais, desejos, sentimentos, crenças e viagens. “Estes poemas são essenciais para compreender Zheng Guanying e a sua obra-prima Advertências em Tempos de Prosperidade”, diz o IC. Esta colectânea está disponível por 980 patacas. As publicações estarão disponíveis para venda a

partir de hoje na Feira do Livro de Macau, a ter lugar no Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, na livraria Plaza Cultural Macau, na livraria Seng Kwong, no Arquivo Histórico de Macau, no Centro de Ecuménico de Kun Iam, na Livraria Portuguesa e no Centro de Informações ao Público da Rua do Campo.

Kayhan Kalhor e amigos sobem ao palco em Setembro

Música indo-persa no CCM O Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta, em Setembro, Kayhan Kalhor e Amigos, para um concerto de música indo-persa. Os cantores sobem ao palco do CCM no dia 4 de Setembro, pelas 20h00. Intitulado “A Reinvenção da Música Persa”, o concerto traz ao território Kayhan Kalhor (Kamancheh), Ali Bahrami Fard (Santur), Sandeep Das (Tabla) e Narendra Mishra (Cítara), que prometem transportar o público “de volta ao berço de civilizações antigas”. O espectáculo apresenta “melodias

exóticas do dastgah persa e do raga do Norte da Índia”. Kayhan, considerado o mestre iraniano de kamancheh, viaja com um grupo de músicos fundindo duas tradições que há séculos se vêm cruzando histórica, geográfica e culturalmente. O ensemble vai tocar um conjunto raro de instrumentos incluindo os sons do santur, da tabla e da cítara.

Em boas companhias

Quatro vezes nomeado para os Grammy, Kalhor tem feito colaborações com o

Silk Road Ensemble de Yo-Yo Ma e com o compositor Osvaldo Golijov. “Combinando precisão clássica e arrojo criativo, as suas frequentes incursões performativas têm-lhe permitido tocar com regularidade com grupos de referência como o Kronos Quartet, Brooklyn Rider ou com a Filarmónica de Nova Iorque e, além de ter gravado com grandes instrumentistas iranianos, Kalhor compôs para cinema e televisão, incluindo a banda sonora de Youth Without Youth (2007) de Francis Ford Coppola”, explica a organização em comunicado. Para os que queiram saber um pouco mais sobre este artista, realiza-se ainda uma tertúlia pré-espectáculo moderada em Inglês pelo músico mexicano Raul Saldaña. A sessão tem entrada livre e acontece também no CCM uma hora antes do concerto. O orador vai abordar o percurso e repertório de Kayhan Kalhor com destaque para as músicas do mundo e seus instrumentos. Para o concerto, os bilhetes já estão à venda, com preços que vão desde as 150 às 300 patacas.


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china

Nem mesmo o ‘crash’ das últimas semanas impediu que as 22 corretoras chinesas aumentassem brutalmente a sua facturação no primeiro semestre deste ano

hoje macau segunda-feira 13.7.2015

Lucro das corretoras subiu 358% para 12,5 mil milhões de euros

Quadruplicar os ganhos

A

s 22 corretoras chinesas autorizadas a transaccionar nas bolsas do país quadruplicaram os seus lucros, para 12,5 mil milhões de euros, nos primeiros seis meses deste ano face ao período homólogo, apesar do ‘crash’. De acordo com a Associação do Mercado de Valores da China, citada pela agência espanhola Efe, o lucro destas 22 empresas subiu 358% e a facturação aumentou 280%, para che-

gar aos 25,6 mil milhões de dólares. Os activos geridos por estas corretoras subiram 45,7%, para 113 mil milhões de euros, o que significa que, em conjunto, gerem cerca de 65% do total dos activos transaccionados nas bolsas chinesas. A bolsa de Xangai, a mais importante do país, conheceu

uma inédita quebra de 30% na valorização desde 12 de Junho, quando o regulador da bolsa divulgou um conjunto de regras, entre as quais a limitação de empréstimos para os investidores transaccionarem em bolsa, o que originou um ciclo vicioso em que a oferta de acções superou a procura, fazendo descer o preço. pub

A iniciativa do regulador interrompeu uma subida da valorização bolsista, especialmente visível desde meados do ano passado, de cerca de 150%, alcançando níveis máximos face aos últimos sete anos.

Governo em acção

O ‘crash’ da bolsa chinesa motivou um conjunto de iniciativas governamentais,

Os activos geridos por estas corretoras subiram 45,7%, para 113 mil milhões de euros, o que significa que, em conjunto, gerem cerca de 65% do total dos activos transaccionados nas bolsas chinesas entre as quais se incluem a proibição de venda de títulos por parte dos executivos das maiores empresas, a injecção de liquidez por parte do banco central e a suspensão da transacção de acções para cerca de metade das empresas cotadas, para

além de uma investigação à descida do preço das acções. Esta investigação levou já a polícia chinesa a dizer que encontrou provas de alegadas manipulações de preços levadas a cabo por empresas no mercado de futuros da bolsa, informou a agência oficial Xinhua. Estes são os resultados preliminares, sem que tenham sido dados mais detalhes, da investigação lançada esta quinta-feira pelo Ministério da Segurança Pública da China sobre as recentes quedas das bolsas. O vice-ministro da Segurança Pública, Meng Qingfeng, anunciou na quinta-feira o início da investigação policial e as suas declarações tiveram um efeito imediato sobre praças, que, depois quase um mês de acentuadas perdas, recuperaram e subiram mais de 10% em dois dias. Meng explicou que a polícia deseja esclarecer se houve práticas especulativas “mal-intencionadas” durante o período de quebra da bolsa, que fez as praças perderem cerca de um terço do seu valor e obrigou à suspensão da negociação de cerca de metade das empresas.

Música na Internet obrigada a pagar direitos de autor

O Governo chinês proibiu as suas empresas na Internet de oferecerem música sem pagarem direitos de autor e alertou-as para “graves castigos” caso não a retirem até ao final do mês, informou ontem a imprensa oficial. A Administração Nacional de Direitos de Autor da China anunciou, na noite de quinta-feira, uma actualização à regulação sobre os serviços de música em ‘streaming’ na Internet, que pretende acabar com a pirataria e proteger a propriedade intelectual. Esta nova regulação pode afectar plataformas como a Xiami Music, do gigante do comércio electrónico Alibaba, a QQ Music, a maior empresa chinesa de serviços de Internet e telefones móveis, e a Tencent, que oferece música gratuitamente e goza de grande popularidade entre os chineses. O regulador dos direitos de autor da China reconheceu que o sistema devia ser actualizado para proteger melhor os detentores desses direitos e restaurar a confiança no seu funcionamento.

Pelo menos 74 defensores de direitos humanos foram perseguidos em quatro dias

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elo menos 74 advogados que trabalham em casos de violações dos direitos humanos na China foram detidos ou interrogados, numa campanha nacional lançada pela polícia na passada quinta-feira, denunciam ontem três organizações não-governamentais (ONG). “A operação ainda está a decorrer e os números não são definitivos, mas até às 09:00 de hoje (ontem) pelo menos 74 foram interrogados, detidos ou foi perdido o contacto com eles. Desses 74, nove foram levados”, disse à Efe a organização China Human Rights Lawyers Concern Group (CHRLCG). AAmnistia Internacional e os Defensores Chineses dos Direitos Humanos (CHRD) confirmaram que as autoridades estão a realizar uma campanha contra advogados de direitos humanos que, apesar de centrada

em Pequim, está também a acontecer noutras cidades do país. “Dos nove detidos, já foi deduzida acusação contra um, um advogado de Cantão que está agora em prisão domiciliária”, acrescentou a CHRLCG, com sede em Hong Kong. “Na China, a prisão domiciliária não tem de acontecer necessariamente em casa. Não sabemos onde este advogado está agora e receamos que possa ser sujeito a tortura”, denunciou a organização. A Amnistia Internacional explicou, em comunicado, que esta campanha começou na passada quinta-feira, quando Wang Yu, uma conhecida advogada defensora dos direitos humanos, desapareceu, depois de ter enviado uma mensagem a um grupo de amigos dizendo que tinha ficado sem luz nem internet e que alguém estava a tentar entrar na sua casa.


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A

EDP (Energias de Portugal) e a China Three Gorges (CTG) estão a negociar com o governo do Peru a construção de uma barragem naquele país, no primeiro projecto conjunto fora dos mercados tradicionais das duas empresas. “É uma barragem de média dimensão e o contrato de concessão deverá ser assinado ainda este ano”, disse sexta-feira à agência Lusa em Pequim o presidente do Conselho-geral de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga. Será também a primeira empreitada de uma empresa constituída em partes iguais pela EDP e a CTG para “desenvolver projectos fora das geografias onde as companhias não tem investimentos”. Além do Brasil, onde as duas empresas já são parceiros em três barragens, uma das quais associadas a uma firma brasileira, a EDP e a CTG estão a olhar para outros países da região. “A prioridade tem sido a América Latina”, indicou Eduardo Catroga.

Alta actividade

Antigo ministro das Finanças, formado em economia, o presidente do Conselho-geral de Supervisão da EDP desloca-se anualmente à China, para reuniões com a direcção da CTG, que é hoje o maior accionista da eléctrica portuguesa. Em 2012, na sequência de um concurso internacional, a CTG pagou ao Estado português 2.700 milhões de

EDP e China Three Gorges projectam construir barragem no Peru

Parceria fora de portas

ra, tem sido essencialmente uma empresa de geração de energia hídrica, e mais recentemente, eólica e solar”, disse Eduardo Catroga. Durante a estada na China, até sexta-feira à noite, Eduardo Catroga fez conferências em duas universidades, e segundo revelou, uma delas, a Beiwai (Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim), convidou-o para professor visitante. No balanço feito à agência Lusa antes de regressar a Lisboa, o antigo ministro qualificou a parceria da EDP com a China Three Gorges como “um caso de sucesso para as duas empresas e para a economia portuguesa”. “Não há nenhum investidor chinês significativo que pense investir em Portugal que não olhe para o exemplo da EDP. O balanço é extraordinariamente positivo”, afirmou. euros por uma participação de 21,35% no capital da EDP, num dos maiores investimentos chineses na Europa. Desde então, além dos investimentos conjuntos

no Brasil, a CTG adquiriu posições minoritárias em activos eólicos da EDP, num valor de cerca de 2.000 milhões de euros, e as duas empresas criaram um centro

“É uma barragem de média dimensão e o contrato de concessão deverá ser assinado ainda este ano” Eduardo Catroga Conselho-geral de Supervisão da EDP

tecnológico com um ramo em Portugal e outro na China, referiu Eduardo Catroga. No âmbito da “parceria estratégica” entre as duas empresas, “a EDP está também a prestar serviços a CTG na área das energias eólicas”. “No campo da energia, a EDP é uma empresa integrada, que tem geração, distribuição e comercialização, enquanto que a CTG, até ago-

Libertada jornalista chinesa detida há nove meses

O risco é a minha profissão U ma jornalista chinesa que foi assistente numa reportagem sobre os protestos pró-democracia em Hong Kong para o jornal alemão Die Zeit foi libertada após nove meses de detenção, confirmou a própria à AFP. No entanto, o advogado da jornalista foi detido sexta-feira manhã, refere a agência de notícias. Zhang Miao foi detida em Outubro em Pequim dias depois de voltar de Hong Kong, onde tinha estado em reportagem. A sua detenção expôs os riscos a que estão sujeitos os cidadãos chineses que trabalham para a imprensa estrangeira na China, que frequentemente são objecto do assédio por parte as autoridades.

Zhang, que trabalhou para o semanário Die Zeit, sedeado em Hamburgo, disse, por telefone, à AFP que estava “bem” e num autocarro público a caminho de casa, horas depois de ter sido libertada.

A vez do advogado

No entanto, o irmão de Zhang e um amigo da família disseram que as autoridades detiveram o seu advogado, Zhou Shifeng. “Três pessoas levaram o advogado Zhou, cobriram-lhe a cabeça”, disse o amigo, que testemunhou a detenção num hotel da capital. Angela Koeckritz, antiga correspondente do Die Zeit em Pequim, escreveu em Janeiro que tinha deixado

a China por causa das pressões oficiais e repetidos interrogatórios que se seguiram à detenção de Zhang. A jornalista disse que as autoridades detiveram Zhang pouco depois de ela ter assistido a uma pequena sessão de leitura de poemas em Pequim, em solidariedade para com os activistas pró-democracia em Hong Kong. Grupos de defesa dos direitos humanos disseram na altura que dezenas de pessoas foram detidas na China por expressarem apoio às manifestações. A China controla rigidamente a sua imprensa nacional, e impede os seus cidadãos de trabalharem como jornalistas para publicações estrangeiras, embora seja permitido darem apoio, como assistentes, a trabalhos jornalísticos.

HK Imprensa alvo de ataques “sem precedentes”

Os jornalistas de Hong Kong enfrentaram um número “sem precedentes” de ataques no ano passado, durante os protestos pródemocracia na cidade, indica o relatório anual da Associação de Jornalistas local. As restrições impostas por Pequim ao novo método de eleição do chefe do Governo geraram insatisfação entre os residentes, que se manifestaram nas ruas durante mais de dois meses. Mais de 30 jornalistas foram assediados ou fisicamente agredidos, tanto por manifestantes como pela polícia durante os protestos, revelou a associação no seu relatório anual. “Foram uma série de ataques, desde agressões com garrafas de água a murros e pontapés. Alguns viram as suas câmaras serem derrubadas e arrastadas pelo chão”, explicou à AFP a vicepresidente da associação, Shirley Yam. “No que toca às agressões físicas foi definitivamente um [ano] recorde”, disse.

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Anúncio HM-1ª vez 13-7-15 Execução ordinária n.º

CV2-14-0134-CEO

2º Juízo Cível

Exequente: Banco Industrial e Comercial da China (Macau) S.A. (中國工商 銀行(澳門)股份有限公司), com sede em Macau, na Avenida da Amizade, n.º 555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executados: 1. TANG CHON KIT (鄧俊傑); e sua mulher 2. MELISSA JAYNE BARRATT TANG, ambos de nacionalidade chinesa, residentes em Macau, na Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.º 23, - Edifício “Kingsville”, Bloco 1, R/C “T”. *** Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado, sobre que tenham garantia real e que é o seguinte: Bens Penhorados Verba 1 Denominação da fracção autónoma: “R8”, 8º andar “R”. Situação: Em Macau, na Taipa, nºs 233 a 321 da Estrada Almirante Magalhães Correia, nºs 34 a 94 da Estrada Nordeste da Taipa, nºs 9 a 113 da Rua da Baía e nºs 1 a 74 do Beco da Baía. Fim: Para habitação Número de matriz: nº. 040758 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 8870, a fls. 276 do Livro B25. Verba 2 Denominação da fracção autónoma: “Q8”, 8º andar “Q”. Situação: Em Macau, na Taipa, nºs 233 a 321 da Estrada Almirante Magalhães Correia, nºs 34 a 94 da Estrada Nordeste da Taipa, nºs 9 a 113 da Rua da Baía e nºs 1 a 74 do Beco da Baía. Fim: Para habitação Número de matriz: nº. 040758 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 8870, a fls. 276 do Livro B25. Aos 08 de Julho de 2015. *****


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artes, letras e ideias

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Shitao

Propósitos Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga

Capítulo XIV As Quatro Estações Na pintura das cenas das quatro estações, a atmosfera varia, cada uma tendo o seu clima próprio; trata-se portanto de observar e de analisar o tempo e a estação1. Os Antigos exprimiam essas diferentes atmosferas por poemas; assim, para a primavera: «De cada vez, a relva renasce no meio das areias, Rios e nuvens prolongados em harmonia reencontram-se.» para o verão: «Sob as árvores, está sempre umbroso; Como a brisa é fresca à beira da água!» para o Outono: «Do alto das escarpas frias, com um olhar descobre-se A extensão desolada das florestas2.» para o inverno: «O pincel precede o viajante sobre o longo caminho do regresso, Ao mesmo tempo que o frio abraça os viveiros, sua tinta escorre cada vez mais fluida3.» (continua)

1 - Wang Wei: «(Diante de uma paisagem) é preciso considerar em primeiro lugar as condições atmosféricas…», detalhando em seguida os concretos e diversos fenómenos meteorológicos e as quatro estações, com as suas tonalidades próprias e suas cenas específicas. Na época das Cinco Dinastias Jing Hao (primeira metade do século X), revendo as Seis Regras de Xie He, escreve os Seis Pontos Essenciais entre os quais está o princípio de «Jing» que ele define como «observância das leis próprias a cada estação». Na dinastia Song a análise dos fenómenos climatéricos e atmosféricos torna-se crucial para conseguir mostrar com fidelidade as mudanças das estações. Guo Xi assinala, com um luxo extremo de nuances, as diversas ressonâncias espirituais que as mudanças das estações, com os aspectos diferentes que apresentam as nuvens e as montanhas, produzem no coração do homem. Outro pintor, Han Zhuo que foi funcionário militar no reinado do imperador Huizong (1101-1126), analisa separadamente os diversos elementos da paisagem e as metamorfoses que produzem no sujeito. Escrevendo sobre as nuvens sublinha: «aquele que as souber bem pintar entenderá o sopro verdadeiro das quatro estações, ou seja, os misteriosos princípios mesmos do Criador» (in Hualun Congkan, p. 41). Ao dedicar um

capítulo às metamorfoses das estações, Shitao inscreve-se numa tradição bem estabelecida nas épocas Ming e Qing. Esta atenção às metamorfoses das estações estende-se para lá da criação das pinturas até à sua exposição: para o coleccionador/connoisseur, na exposição das pinturas, deve ser tido em conta o assunto e a atmosfera da pintura e mesmo o seu estilo para estar em harmonia com o ambiente dos diversos momentos do ano. No fim da época Ming, Wen Zhenheng (1584-1644) chega a propor no seu tratado um verdadeiro calendário para a exposição de pinturas. 2 - Tirado de um poema de Xie Tiao. (nota de Zhu Jihai no «Hua Pu») 3- A origem desconhecida deste poema, como dos dois primeiros, não oferece um contexto para a interpretação destes dois versos bastante obscuros. Literalmente: «a estrada é longa, o pincel chega primeiro: os viveiros estão frios, a tinta é cada vez mais untuosa». Ryckmans inspirando-se na hipótese de Zhu Jihai imagina um viajante bloqueado ao longe pelo inverno, pega no seu pincel (para pintar? Para escrever aos seus?) e assim une-se em pensamento ao seu país natal de que uma longa estrada ainda o separa.


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artes, letras e ideias 15

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração


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O que fazer esta semana

poltergeist [3d] [c]

minions [a]

Filme de: Gil Kenan Com: Sam Rockwell Rosemarie DeWitt 19.45

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Pierre Coffin, Kyle Balda 14.15, 16.00, 21.30

ted 2 [c]

minions [3d] [a]

Filme de: Seth MacFarlane Com: Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman 16.00

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Pierre Coffin, Kyle Balda 17.45

ted 2 [c]

Sala 3

Filme de: Seth MacFarlane Com: Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman 19.30

terminator: genisys [c] Filme de: Alan Taylor Com: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke 14.30, 16.45, 21.30

Sala 2

terminator: genisys [3d] [c]

poltergeist [c]

Filme de: Alan Taylor Com: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke 19.15

Filme de: Gil Kenan Com: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt 14.15, 18.00, 21.30

Festival “Kill The Silence” Live Music Association, 19h00 Bilhetes das 50 às 250 patacas

1.28

Cinema

Sala 1

Amanhã

yuan

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Sexta-feira

Festival “Kill The Silence” Live Music Association, 19h00 Bilhetes das 50 às 250 patacas Noite de Piano na Galeria Fundação Rui Cunha, 18h00 - 20h00 Entrada livre

Sábado

Festival “Kill The Silence” Live Music Association, 19h00 Bilhetes das 50 às 250 patacas

Aconteceu Hoje

Diariamente

Nasce Harrison Ford

Exposição “O legado de Amílcar Cabral” Casa Garden, 18h30 (até 31/07) Entrada livre Exposição “Saudade” (até 30/9) MGM Macau Entrada livre “A Arte de Imprimir” (até Dezembro) Centro de Ciência de Macau Entrada livre Exposição “Ao Risco da Cor - Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre Exposição “De Lorient ao Oriente - Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre Musical “A Bela e o Monstro” (até 26/6, de quinta a domingo) Venetian Macau Bilhetes entre as 280 a 680 patacas Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos (até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre

13 de JUlHO

U m d i s c o h o j e “Colour The Small One” (Sia, 2004) Falar em Sia Furler, ou apenas Sia, não deve ser novidade para os mais atentos às últimas tendências musicais. Com duetos e remixes, uma cabeleira loira e uma menina a dançar de forma engraçada, Sia invadiu as nossas casas. Assumir que é a cantora que “canta de costa voltadas para o público” ou que “não mostra a cara” é apenas a nova conduta de marketing na qual Sia apostou. Para os mais atentos, ela surge anos antes. “Destiny” com os Portishead colocaram-na na boca do mundo. Hoje apresento-vos “Colour The Small One” de 2004. Um dos álbum mais harmoniosos de sempre, calmo, sereno, tranquilo, com uma adjectivação bonita. Quando a Sia era apenas uma miúda que cantava virada para o público. Filipa Araújo

• A 13 de Julho de 1942 nasce o actor Harrison Ford. Ford atingiu o sucesso com o papel de Han Solo, na “Guerra nas Estrelas”, de 1977. Em 1981, fez o primeiro filme da série Indiana Jones, tornando-se mundialmente conhecido. Filho de pai irlandês e mãe judia russa, Ford frequentou a faculdade de Inglês e Filosofia. Estreou-se no cinema em 1966, em “O Ladrão Conquistador”. Desanimado com a sucessão de papéis insignificantes e com mulher e dois filhos para sustentar, Harrison Ford largou tudo em 1970, para ser carpinteiro. Porém, um de seus clientes intercedeu junto do realizador George Lucas para que fosse escolhido para o elenco de “American Graffiti - Loucuras de Verão”, que se revelou um estrondoso sucesso. Em 1973, volta ao cinema, de onde nunca mais saiu. Quatro anos depois, Ford tornou-se mais conhecido com o papel de Han Solo, em Star Wars (1977). O personagem Indiana Jones, em “Os Salteadores da Arca Perdida”, de Steven Spielberg, em 1981, consolidou a sua posição de estrela. Volta a encarnar o papel de Indiana em outras três sequências da série. Em 1982, Ford interpretou Deckard no clássico filme de ficção cientifica “Blade Runner”, do realizador Ridley Scott. Em1986, foi nomeado para o Óscar na categoria de Melhor Actor, por “A Testemunha”. Harrison Ford possui dois recordes no Guinnes Book, o de actor que gerou o maior lucro de bilheteira e o de actor a ter o maior número de filmes que ultrapassaram a marca de cem milhões de dólares nas bilheteiras dos Estados Unidos. Possui uma estrela no Passeio da Fama, em Hollywood Boulevard. O seu primeiro casamento, com Mary Marquardt, durou de 1964 a 1979 e nasceram dois filhos. O segundo casamento, em 1983, com a guionista do filme E.T., o Extra-Terrestre, Melissa Mathison, terminou em Novembro de 2000. Actualmente, vive com a actriz Calista Flockhart.

fonte da inveja

A esquerda portuguesa não é um saco de gatos, é um saco de vento.

João Corvo


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opinião

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David Chan* legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

macau visto de hong kong

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o dia 6 de Julho, o periódico local “Macau Daily Times” publicou um artigo sobre o pedido que a “Women’s General Association of Macau” apresentou junto do “Standing Committee for the Coordination of Social Affairs” (CPCS), para que a licença de parto seja aumentada de modo a passar a proporcionar um mínimo de 90 dias de férias, em vez dos 56 dias actualmente defendidos pela lei. De momento, e segundo o artigo 54(1) da Lei de Relações Laborais de Macau nº 7/2008, uma mulher que trabalhe consecutivamente no mesmo local por mais de um ano tem direito a gozar de 56 dias de licença de parto. Além do pedido para aumentar o número de dias de que a mulher dispõe para se ausentar do trabalho com salário pago, a Associação manifestou também a intenção de, no futuro próximo, poder passar a atribuir aos pais cinco dias de férias pagas para estes acompanharem as suas esposas durante o nascimento dos filhos. De forma a demonstrar que a ideia recolhe o apoio da população, a Associação recolheu 12,000 assinaturas junto de apoiantes desta iniciativa. Ao mesmo tempo, a “Women’s General Association of Macau” sugeriu às autoridades que ponderassem se deve ser o próprio Governo a oferecer este benefício aos trabalhadores, ou se por sua vez esta responsabilidade deva ser acarretada pela entidade patronal. Para melhor auscultar a opinião da população, a Associação realizou um inquérito nas ruas do território, tendo para o efeito conduzido entrevistas junto de 3.017 residentes locais, todos do sexo feminino, tendo 85% dos inquiridos manifestado o seu apoio à proposta de alargamento do período de licença de parto, passando dos 56 dias actuais a 90 com a maior brevidade possível. Wong Kit Cheng, o vice-presidente desta entidade, adiantou ainda na mesma peça que “vamos submeter os resultados deste inquérito ao Departamento de Relações Laborais assim como ao “Standing Committee for the Coordination of Social Affairs” (CPCS), para que estas entidades estejam a par da opinião pública quando procederem à próxima revisão da Lei das Relações de Trabalho. A maior parte dos inquiridos mostrou interesse em ver o pai da criança a ser igualmente beneficiado com alguns dias de férias pagas durante a altura do parto, além de desejarem poder beneficiar, no futuro, de 90 dias de licença de parto, tal como acontece em vários outros pontos do mundo”. Quando um mulher dá à luz, aconselha-se que ambos desfrutem de amplo descanso. Assim, se a mulher tiver de comparecer no local de trabalho durante este período, facilmente se compreende que a sua saúde seria prejudicada. Além disso, caso o seu

Garson Kanin, Bachelor Mother

Licença de parto

marido também tenha a possibilidade de gozar de uns dias de férias nesta mesma altura, a mulher beneficiaria de mais apoio durante esta fase tão importante. Mas o bebé também beneficiará da eventual extensão do período de licença de parto, pois o ideal é este passar o mais tempo possível com a mãe, da qual o mesmo depende para tudo. Tendo tudo isto em consideração, sou da opinião que os pedidos da Associação são perfeitamente aceitáveis. Mas quem deve então suportar as despesas decorrentes da atribuição da licença de maternidade e de paternidade? No presente, a nossa sociedade apenas dispõe de subsídios para casamentos e nascimentos. Estes dois benefícios são os mais relevantes quando procedermos à análise da licença de maternidade e de paternidade. Se o Governo decidir suportar por si próprio estas despesas, isto seria o mesmo do que passar a incluir estes dois encargos nas provisões do nosso sistema de segurança social, pois estas férias passariam a fazer parte dos benefícios sociais a que os residentes de Macau estão intitulados. Mas, caso assim seja feito, será então necessário rever a política de atribuição dos subsídios de casamento e de nascimento? Para além disso, quando a licença de maternidade e paternidade passarem a ser incluídas no pacote de benefícios sociais da RAEM, estes passam então a assumir um carácter obrigatório. Quando o Governo incluir estas medidas na lei, qualquer resi-

O Governo têm a função de investigar e equilibrar as diferentes necessidades de um homem assim como de uma mulher, nunca se esquecendo dos requisitos do próprio empregador, assim como os das autoridades

dente permanente que preencha os requisitos legais tem então automaticamente direito a estas regalias. Mas nesse momento estas medidas passam também a ser um encargo financeiro para o nosso Governo. Torna-se assim necessário fazer a próxima pergunta – será que as nossas autoridades dispõem de verbas suficientes para realizar estes ajustes ao nosso pacote de benefícios sociais? Uma outra opção seria pedir à entidade patronal que assumisse este encargo e suportasse por si própria a atribuição de férias pagas, tanto ao pai como à mãe, aos funcionários que tivessem acabado de ser pais. Mas esta alternativa acarreta também uma série de dificuldades acrescidas. Acima de tudo devido ao facto de qualquer companhia ser movida por interesses financeiros, e por isso mesmo se encontrar obrigada a registar lucros sucessivos de forma a continuar em operação. Mas se estes se encontrarem no futuro deparados com a obrigação de oferecer licenças de maternidade e de paternidade aos seus funcionários de modo a cumprir as suas obrigações legais e sociais, isto viria sem dúvida a aumentar os encargos financeiros destas mesmos empregadores. Atendendo a todas as dificuldades que os mesmos têm de enfrentar diariamente, seria então legítimo impor ainda mais esta obrigação às entidades profissionais da RAEM? Talvez seja exactamente por esta razão que a maior parte das pessoas parece ser a favor de uma solução que estipule que o Governo venha a cobrir estes encargos em nome das entidades patronais, para que estas possam então oferecer as respectivas licenças de maternidade e de paternidade aos seus funcionários. Mas se considerarmos esta questão com mais atenção, vamos sem dúvida perceber que esta opção pode no entanto não ser a melhor solução. Pois, mesmo que os empregadores não sejam obrigados a suportar este encargo, visto o Governo estar disposto a reembolsá-los nessa eventualidade, os mesmos acabam sempre por sair lesados, visto serem obrigados a encontrar alguém que possa substituir os indivíduos que se encontrem de férias. E, se a licença de parto for aumentada para 90 dias, isto

implica que o indivíduo em causa se ausente do seu local de trabalho por um período de três meses. Uma lacuna tão prolongada não é fácil de colmatar, ainda mais se os trabalhos tiverem forem altamente especializados ou dotados de uma forte componente técnica, pois nestas situações um trabalhador temporário dificilmente estará preparado para trabalhar por conta própria. E estas considerações são igualmente válidas para outras circunstâncias, fora do âmbito das licenças de maternidade e de paternidade. A 12 de Maio de 2014, publicamos aqui um artigo intitulado “Dia da Mãe”, em que mencionamos que as necessidades físicas de um homem e de uma mulher são na realidade bastante diferentes. Aí podiam os nossos leitores encontrar o seguinte parágrafo: “As necessidades psicológicas e físicas de uma mulher diferem muito das de um homem, pois as mulheres estão sujeitas à menstruação. Durante este período de menstruação, uma mulher pode vir a sofrer de dores menstruais. Quando afligidas por este fenómeno, algumas mulheres não conseguem sequer comer nem beber, limitando-se assim a passar o tempo deitadas na cama. Por esta razão, as mesmas encontram-se impossibilitadas de trabalhar durante este período”. De forma a poder oferecer mais protecção às mulheres, no dia 17 de Outubro de 2013 analisamos a possibilidade de criar legislações específicas para este mesmo efeito. Na altura, discutimos que Taiwan oferece um bom exemplo nesta matéria, visto este país ter implementado uma lei denominada “Lei para a Igualdade dos Sexos no Trabalho”, que defende que uma mulher tem direito a solicitar baixa durante a sua menstruação. No total, esta lei estipula um número máximo de 12 dias por ano para estas situações, mas apenas três destes dias são pagos. A partir do quarto dia de baixa causada por menstruação, uma mulher pode na mesma gozar de férias mas o seu salário será deduzido de acordo. Já que estamos a considerar a possibilidade de rever os parâmetros das licenças de maternidade, assim como de paternidade, talvez fosse boa ideia fazer um estudo sobre esta baixa devido a menstruação para as mulheres, de modo a que as mesmas gozem de protecção adequada nos locais de trabalho. Mas, seja qual for o caso, não nos podemos esquecer de analisar todos os pontos descritos neste artigo. O Governo têm a função de investigar e equilibrar as diferentes necessidades de um homem assim como de uma mulher, nunca se esquecendo dos requisitos do próprio empregador, assim como os das autoridades. Uma lei propriamente dita aparece assim como a fase final destas negociações entre as diferentes partes interessadas. Conselheiro Jurídico da Associação de Promoção do Jazz de Macau


opinião 19

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Rui Flores

ruiflores.hojemacau@gmail.com

Já não somos todos gregos, nem o Syriza

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ão é viral, mas está disponível nas apostas online para quem gosta de arriscar. É possível fazer-se dinheiro com uma possível saída da Grécia do euro ou uma manutenção do status quo – uma continuidade, sublinhe-se, dramática para o povo grego, com mais medidas de austeridade, restrições à saída de capitais do país e introdução de uma nova divisa. No sítio de apostas online Betway, o principal patrocinador do clube de futebol West Ham da primeira liga inglesa, quem apostar quatro libras na saída da Grécia da zona euro ganha em troca sete libras, mais o valor da aposta inicial. Segundo um outro sítio online, o OddsCheckers, que faz a síntese das apostas disponíveis na internet com links para as casas de apostas, 55 por cento das pessoas que têm apostado na principal questão política europeia das últimas semanas crêem que a Grécia vai abanador o euro, contra os outros 45 que acreditam na manutenção de Atenas no clube restrito dos 19 países do Eurogrupo. Como em quase tudo na vida, a realidade da política – da negociação entre o Eurogrupo, a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e o governo grego – parece suplantar a mais fantasiosa imaginação de uma qualquer aposta online. Cinco dias depois de os gregos maioritariamente terem dito não a mais austeridade, num referendo considerado pelo próprio governo como um exercício democrático que outros Estados-membros da União Europeia deveriam ter a coragem de imitar, eis que o governo grego apresenta uma proposta aos credores que responde positivamente a quase todas as exigências às quais, até então, os gregos tinham dito oxi (nunca em tão pouco tempo houve tanta gente a aprender grego como agora, sobretudo partidários de uma esquerda europeia saudosa de causas agregadoras e capazes de provocar mudança). Podemos, sim, foi a nova mensagem de Alexis Tsipras, condicionada a uma reestruturação da dívida, à qual a Europa – leia-se Alemanha – não estava nem nunca esteve inclinada a discutir. É evidente que a situação económico-social se agrava na Grécia a cada minuto que passa. E que o desespero forçou os governantes a avançarem para um pacote de austeridade mais ambicioso do que a última proposta dos credores – aquela que tinha sido rejeitada pelo governo grego antes do referendo e que fora também afastada pela consulta popular. Independentemente do que vier a acontecer na cimeira de chefes de Estado e de governo da União Europeia deste domingo, 12 Julho, marcada para discutir pela enésima vez a crise grega (escrevo este artigo antes de a reunião ter começado), uma coisa é indubitavelmente

certa: a União Europeia, enquanto projecto e entidade político-administrativa, sai desta crise muito enfraquecida. Este é um facto que parece dar razão àqueles que a criticam por ser extremamente burocrática, demasiado focada nas questões macroeconómicas e menos nos problemas e cada vez menos solidária, quer entre os diferentes Estados-membros quer entre as pessoas, os cidadãos da União – e desde 1992, com o Tratado de Maastricht, todos os cidadãos dos diferentes Estados-membros são cidadãos europeus, como atesta o passaporte de cada uma ou um. Para uma certa Europa, para a Europa que influencia a União Europeia e é capaz de determinar o seu rumo, a Grécia não é uma parte importante. Foi apenas até 2012, quando um segundo regaste financeiro teve de ser aprovado para salvar alguns bancos alemães e franceses de uma situação muito complicada – afinal eram eles quem tinha emprestado ao governo grego e estavam na contingência de não verem os seus créditos pagos, porque em apenas dois anos de austeridade imposta pela troika, o Estado grego estava de novo à beira do incumprimento. Agora é oficial – diz o FMI e insistem os norte-americanos. Sabe-se que as medidas foram extremamente gravosas e que a Grécia não vai lá sem um terceiro empréstimo in-

cartoon por Stephff

Por mais que a Grécia tenha feito o seu caminho, alguns elementos chave do Eurogrupo têm muitas dúvidas sobre a capacidade deste grupo de homens e mulheres que governa hoje a Grécia em cumprir a palavra dada. E isso mina qualquer negociação e põe em causa qualquer futuro a 19. Pelo menos a 19 ternacional nem um aliviamento (pleonasmo para perdão) das condições dos dois anteriores. Mas alguns países não parecem estar disponíveis para ceder. Falta-lhes vontade para atravessar a sua metade da ponte para encontrar o Syriza – a coligação da esquerda radical grega – e aceitar algumas das condições que estão agora sobre a mesa. Afinal, os últimos meses foram de avanços e de recuos.

De ausência de boa-fé negocial. De reuniões gravadas às escondidas através do iPhone e depois transcritas na imprensa. Por mais que a Grécia tenha feito o seu caminho, alguns elementos chave do Eurogrupo têm muitas dúvidas sobre a capacidade deste grupo de homens e mulheres que governa hoje a Grécia em cumprir a palavra dada. E isso mina qualquer negociação e põe em causa qualquer futuro a 19. Pelo menos a 19. Ainda para mais, depois de todo este processo – haja ou não fumo branco em Bruxelas neste domingo –, o Parlamento alemão terá ainda de apoiar a decisão. E essa parece ser um cenário pouco plausível. Na última semana, a opinião publicada alemã apontava para um só caminho, apelando à chanceler Angela Merkel para ser firme e rejeitar um entendimento com os gregos. O objectivo principal não é o de afastar o mercado de 10 milhões potenciais compradores das mercadorias alemãs. É o de punir os eleitores da Grécia por terem escolhido uma coligação de esquerda radical para governar o país e evitar que outros países sigam a mesma estratégia. O problema não é “apenas” o da Grécia sair. É sair e no curto prazo apresentar indicadores positivos, o que tornará o “crime” ainda mais apetecível. E isto não lhes sai da cabeça.

a bolha

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hoje macau segunda-feira 13.7.2015

Turquia Embaixada tailandesa fechada

Uma causa uigur A

Tailândia encerrou sábado a sua embaixada e consulado na Turquia após um protesto contra a deportação de uigures muçulmanos para a China, depois de os Estados Unidos terem alertado que a minoria pode ser maltratada ao regressar. O encerramento temporário da embaixada tailandesa em Ancara e do consulado em Istambul surge após protestos anti-China, em que móveis da representação consular ficaram danificados, bem como placas informativas. Este foi o mais recente protesto na Turquia devido ao tratamento desta minoria da China, muçulmana e falante de turco, proveniente da região de Xinjiang, onde os uigures são alvo de repressão cultural e religiosa. As autoridades tailandesas confirmaram na quinta-feira que cerca de 100 uigures, que foram detidos em território tailandês no ano passado, quando alegadamente estavam em viagem com destino à Turquia, foram enviados para a China, após negociações tripartidas com Pequim e Ancara. Segundo a Human Rights Watch, pelo menos 65 uigures ainda permanecem nas instalações militares ou de imigração

no país do sudeste asiático, enquanto na semana passada outros 170 foram deportados para a Turquia, depois de se certificarem que tinham cidadania turca. No início do ano passado, as autoridades tailandesas detiveram no sul do país um grupo de 408 imigrantes, incluindo vários chineses muçulmanos da minoria uigur, que entraram ilegalmente no território. Em Banguecoque, o porta-voz do Governo da Tailândia, Werachon Sukhondhapatipak, disse sábado que “o Governo ordenou que a embaixada tailandesa e consulado fechassem temporariamente”. “Vamos avaliar a situação diariamente”, acrescentou. Reagindo às críticas relacionadas com as deportações, Werachon disse que dirigentes tailandeses iriam de viagem até à China na próxima semana para acompanhar o grupo uigur. Na quinta-feira, os Estados Unidos expressaram “enorme desilusão” com a Tailândia. “Condenamos as deportações forçadas da Tailândia, a 9 de Julho, de mais de 100 uigures para a China, onde podem ser maltratados e ser submetidos a procedimentos legais desadequados”, afirmou o Departamento de Estado.

Construção Exigida melhor gestão de TNR

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e o Gabinete de Recursos Humanos (GRH) reuniram com associações do sector da construção civil, tendo apelado “aos profissionais do sector para reforçar a gestão da contratação dos trabalhadores não residentes (TNR) e da sua saída”, aponta um comunicado. Foi ainda referido que o sector deve “tratar e coordenar devidamente o trabalho entre os empreiteiros e os subempreiteiros, a fim de garantir eficazmente os direitos e interesses legítimos de ambas as partes”. Na reunião estiveram presentes representantes da Associação dos Proprietários de Máquinas de Construção Civil de Macau e a Associação de Engenharia e Construção de Macau.

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