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RÓMULO SANTOS
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
QUINTA-FEIRA 13 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº4589
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MOP$10
PIB
Queda dolorosa PÁGINA 5
EPM
Dados guardados PÁGINA 7
DOCUMENTÁRIO
Memórias macaenses EVENTOS
COVID-19
Riscos e casinos ÚLTIMA
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Temos sempre de defender a coexistência de diferentes culturas Helena de Senna Fernandes não tem dúvidas de que a maioria da população de Macau valoriza a convivência das culturas oriental e ocidental, com especial ênfase para a cultura portuguesa. Quanto à retoma da economia, a directora do Turismo diz que a recuperação não é para já, e que o futuro tem de ser construído passo a passo. ENTREVISTA
2 ENTREVISTA
MARIA HELENA DE SENNA FERNANDES
“Sentimos Portugal como uma família estendida”
RÓMULO SANTOS
DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO
O HM falou com a directora dos Serviços de Turismo, antes do anúncio do regresso dos vistos de turismo para entrar em Macau. A responsável não tem dúvida de que o preço dos testes à covid-19 vai ser determinante para viajar e vê com bons olhos uma eventual retoma do voo directo entre Macau e Portugal. Quanto a nomes de ruas, defende que a maioria é pela coexistência do passado e presente das culturas chinesa e portuguesa Perante tantas incertezas, como é vivido o dia-a-dia dos Serviços de Turismo? Entrámos agora numa nova etapa, pois não há nada que possamos fazer para alterar a situação gerada pela pandemia. Mas já estamos a ter mais movimento e podemos ir avançando com mais trabalhos. Durante os últimos meses temos vivido tempos de grande incerteza porque, a cada dia, podem surgir situações completamente diferentes do dia anterior e, por isso, é preciso grande flexibilidade e capacidade de planeamento, apesar de muitos projectos acabarem por não se concretizar. Temos de estar física e mentalmente preparados para isso, porque há muitas frustrações, mas temos de ter sempre uma mentalidade muito aberta e capacidade para aceitar diferentes situações em momentos diferentes. Apesar disso, a nossa equipa tem alcançado alguma coisa nos últimos meses. Isto, depois do desafio de ajudar os Serviços de Saúde [SS] e outros departamentos a controlar a situação da pandemia. Ultrapassada esta etapa, o dia-a-
-dia já é mais suave, porque temos mais experiência, os SS têm mais informação sobre o vírus e a forma como, dentro de Macau, estamos a tentar evitar qualquer contágio também contribuiu para dar mais confiança às pessoas.
“Em relação ao voo [para Portugal], comercialmente não é fácil, mas se fosse possível era muito bom para Macau.” O foco da DST passa agora por reanimar a actividade económica? Ninguém pensou que iríamos passar tantos meses sem turistas ou pessoas a entrar, pois todos os clientes são locais. Por isso, estamos a passar de uma altura em que estávamos dedicados a conter o vírus para outra, em que temos que reabrir a indústria e a actividade económica, algo que
tem de ser feito passo a passo. Acho que estamos no bom caminho e, apesar de não termos muitos turistas, passámos de 200 ou 300 visitantes diários para mais de cinco mil. Há mais movimento nas fronteiras e dentro da cidade, mas ainda estamos longe da recuperação económica, porque isso não depende só de nós. Agora já não é a área do turismo a fazer planos sobre quais os mercados com mais potencial. É a área da saúde que diz quais os mercados sobre os quais podemos trabalhar. Daqui para a frente vamos ainda ter grandes desafios, porque o mundo do turismo vai ser completamente diferente. Muito se tem falado em diversificação económica. Que solicitações recebeu a DST nesse sentido? A diversificação da economia vai ser um trabalho conjunto e nós fazemos parte disso, assim como o Instituto Cultural [IC] e o Instituto do Desporto [ID] que estão também a fazer muitos planos. Vamos trabalhar também
mais estritamente com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento [IPIM] na área das convenções e exposições e com a Direcção dos Serviços de Economia [DSE] para desenvolver as lojas com características tradicionais de Macau, porque também podem ser atracções. Também a área da saúde, ao nível do bem-estar como está a acontecer em Hengqin como o projecto NovoTown, pode ser uma maneira de atrair pessoas. Daqui para a frente, além de dizer que Macau é uma cidade com grandes atracções tu-
rísticas, também temos de mostrar aos potenciais clientes que temos um bom histórico na contenção da pandemia, de forma a transmitir confiança para as pessoas voltarem a visitar Macau. Este vai ser um ponto muito importante até ao fim do ano e provavelmente em 2021. Foram anunciados cortes de mais de 30 por cento no orçamento da DST para 2020. Prevê que ainda possam existir mais ajustes? O nosso orçamento foi cortado, mas isso não quer dizer que o
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longar], mas é muito difícil dizer com toda certeza. Espero que não haja necessidade de prolongar as excursões locais porque seria mau sinal. Se temos de continuar, quer dizer que não há hipótese de abrir o mercado turístico, não é? Por isso, acho que temos de continuar a trabalhar para a reabertura total do turismo. Para já, o nosso trabalho vai focar-se nas províncias que têm mais facilidade de viajar para Macau, quer por via aérea ou de comboio, ou seja, a província de Fujian e Hunan. Mas também isso só vai ser possível, passo a passo, não vai ser amanhã. Há residentes estrangeiros que se sentem esquecidos no alargamento de isenções para Guangdong. Esta situação pode ser alterada em breve? Neste momento, é muito difícil de dizer porque, na China, quando fazem uma isenção [nas fronteiras] não é só para quem vive em Macau, mas para o país inteiro. Vai ser uma consideração bastante complicada, porque não podem apenas dizer: “os estrangeiros que estão em Macau podem viajar para a China, mas os outros estrangeiros não”. Isto seria até uma discriminação de alguns estrangeiros em relação a outros, de regiões diferentes.
Governo deixou de investir. O Governo está a subsidiar directamente outras indústrias com muitos milhões, mas, na área do turismo, está a apoiar de forma indirecta através da campanha “Vamos! Macau!”, que inclui as excursões locais, e a plataforma de descontos [Macau Ready Go] que lançámos. Isto permite ajudar os que trabalham no turismo e, através do movimento dos residentes locais, ajudar outras áreas a recuperar. Não vai ser uma recuperação completa, porque o total de residentes é ainda muito
menor que o número de visitantes que costumamos ter anualmente, mas, pelo menos, há movimento a recomeçar. Utilizamos também estas excursões para descobrir novas atracções de Macau, ou melhor dizendo, atracções que já existiam, mas que nunca foram utilizadas na área do turismo. Acho que as excursões que estão a ter maior adesão podem ser transformadas em produtos comerciais no futuro para os visitantes. Admite que as excursões locais possam ser prolongadas?
A ideia inicial é que o programa dure até 30 de Setembro. Não estamos a pensar estender porque o objectivo passa pela reabertura do turismo à China. De facto, as excursões locais têm tido uma grande adesão, quase 110 mil pessoas já se inscreveram, mas, mesmo assim, é uma fracção do
“O custo dos testes vai influenciar em grande medida a vontade de viajar.”
turismo que normalmente recebemos. Não vamos agora, de um dia para o outro, recomeçar o turismo e fazer com que tudo seja igual ao que era antes da pandemia, porque há muitos factores em jogo e o mercado tem de reabrir passo a passo. A longo prazo temos de reabrir o turismo para ajudar a indústria. As excursões locais estão de facto a ajudar muito, mas não podemos ter toda a gente de Macau, todos os dias, a viajar dentro de Macau. Toda a indústria está à espera da reabertura total do turismo. Neste momento não [ponderamos pro-
Se a pandemia se prolongar por muito mais tempo, a DST planeia investir no turismo internacional mais cedo que o previsto? Estamos sempre a investir no mercado internacional, mas este ano temos de ser objectivos nos nossos planos.Agendámos reuniões online com representantes dos EUA, Europa,Austrália e outras partes da Ásia. Nessas reuniões, recolhemos informações sobre as novas considerações dos diferentes mercados. Um exemplo muito simples: mesmo abrindo para diferentes mercados, uma grande condicionante vai ser o teste de ácido nucleico. Durante algum tempo, este vai ser, para além do passaporte, uma necessidade para viajar. No entanto, mesmo que em Macau não seja assim tão caro (120 patacas) e na China seja ainda menos (75 renminbis), em diferentes partes do mundo o custo é bastante elevado. Falámos com o nosso representante na Indonésia e na Coreia do Sul e disseram-nos que nestes países o teste custa cerca de 150 dólares americanos. Por isso, o custo dos testes vai influenciar em grande medida a vontade de viajar. Se contabilizarmos 150 dólares americanos por pessoa, uma família de quatro pessoas já vai ter de Continua na página seguinte
4 entrevista
pa de programação já contactaram responsáveis por vários filmes que queremos exibir e estamos no bom caminho. Infelizmente, ainda não sabemos se vamos ter filmes locais, pois tem sido um ano muito difícil para todas as produções a nível mundial, mas temos esperança que venha a acontecer. Estamos a trabalhar num evento híbrido, em que o público poderá ver uma parte nos cinemas e outra, talvez até de forma mais confortável, em casa. Ainda persistem muitas incertezas, mas confiamos que vamos conseguir fazer um festival, apesar de diferente, com bons filmes e qualidade para mostrar à audiência local.
RÓMULO SANTOS
gastar 600 dólares só para os testes, ainda sem contar com os custos das viagens e alojamento. Não podemos pensar apenas que a pandemia já passou e vai ser tudo igual ao que era. Não vai ser assim, temos de ter todos estes novos factores em consideração e ver quais as regiões com maior potencial, tendo em conta estas condicionantes.
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Esses alvos já estão identificados? É bastante difícil. Mesmo que as pessoas de Hong Kong queiram viajar para Macau agora, eles têm de gastar mais de 1.000 dólares de Hong Kong. Apesar de ser um mercado muito atraente pelo preço da viagem, a partir de agora vão pensar três vezes antes de decidir onde vão viajar, porque os custos não vão ser os mesmos. Macau esteve perto de abrir as fronteiras com Hong Kong? Tivemos grandes esperanças no final de Junho que isso pudesse acontecer, até porque Hong Kong não tinha novos casos há muitos dias, mas infelizmente, a situação piorou de repente. Em Macau, ainda bem que temos a possibilidade de abrir as portas ao Interior da China. Hong Kong está a passar por uma fase muito difícil. Fui ver o número de entradas de visitantes em Julho e Macau recebeu 22 mil pessoas. Depois fui ver o número de visitantes para Hong Kong na mesma altura e fiquei chocada, porque tivemos mais pessoas a visitar Macau do que Hong Kong, que apenas recebeu 15 mil. Isto é impensável. Desde que entrei na DST nunca tinha visto esta situação. Se achamos que a situação em Macau é difícil, a situação de Hong Kong é ainda pior em termos de turismo. A dependência que Macau tem do aeroporto de Hong Kong para aceder a outros mercados ficou à vista devido à pandemia? Gostava muito que o aeroporto tivesse mais capacidade de receber voos de médio e longo curso, mas isto não depende só da nossa vontade, porque existem considerações comerciais. De facto, Macau tem esta dificuldade porque temos uma população bastante pequena e, para sustentar um voo de longo curso, este não pode depender apenas dos habitantes. No futuro, temos que pensar de que forma podemos trabalhar em conjunto com a Grande Baía para que essas pessoas venham a Macau e utilizem o nosso aeroporto para atrair voos directos de outras partes do Mundo, pois só com a população de Macau é muito difícil. A hipótese de estabelecer um voo directo para Portugal pode ser equacionada no futuro? Portugal é um país com o qual partilhamos sempre grandes emoções e, apesar de estar distante, estamos próximos quando falamos do coração. Além disso, temos muitos estudantes
De que forma o orçamento do IFFAM vai ser afectado este ano? O orçamento não vai ser igual ao dos anos anteriores, mas ainda não conseguimos dizer porque vamos lançar concursos em breve, tendo em conta diferentes modelos. Estamos a estudar, em termos de online o que é preciso fazer e investir num sistema de Geoblock, ou seja restringir o visionamento dos filmes em algumas partes do mundo. Estamos também a analisar as obras que podem ser exibidas online e por isso essa triagem está a ser feita para decidir quais os filmes que vão ser exibidas em sala e as que vão ser transmitidas online. Mesmo online vai existir uma limitação em termos dos “lugares” que podem ser vendidos.
“Já não é a área do turismo a fazer planos sobre quais os mercados com mais potencial. É a área da saúde que diz quais os mercados sobre os quais podemos trabalhar.” lá e muitos portugueses a trabalhar aqui, por isso, sentimos Portugal como se fosse uma família estendida. Em relação ao voo, comercialmente não é fácil, mas se fosse possível era muito bom para Macau. Preservar o patrimómio cultural de Macau vai continuar a ser uma das prioridades da DST? Sem dúvida nenhuma. O centro histórico de Macau é património mundial e é preciso protegê-lo. Além disso, porque há sempre aspectos positivos mesmo em contextos difíceis, acho que temos de ter sempre uma mentalidade optimista. Por causa disso, mesmo nas excursões locais, há boas ideias que podem ser aproveitadas. É necessário ter imaginação e abertura, mas o patri-
mónio é, e vai continuar a ser sempre, uma parte muito importante das nossas operações turísticas. Além do património físico, o património intangível também é importante, como o patuá e a ópera chinesa. Daqui falo, não só do património Ocidental, mas também a mistura que se vive dentro de Macau. Nesse sentido, como classifica as palavras do vogal do Conselho Consultivo do IAM Chan Pou Sam que defendeu recentemente a alteração dos nomes das ruas para apagar os vestígios do passado colonial? Este tipo de pensamento pode ser prejudicial para o turismo? Os visitantes da China querem vir a Macau porque Macau é diferente das outras províncias do Interior. Esta diferença existe porque temos uma grande tradição e uma longa história de convivência com diferentes culturas. Este é um aspecto que temos de continuar a defender. Em 2020 celebramos os 15 anos da entrada do centro histórico de Macau na lista do Património Mundial e esta possibilidade existe por causa da nossa mistura de culturas. Quando nos candidatámos a “Cidade Criativa de Gastronomia”, também conseguimos convencer a UNESCO que merecíamos ser incluídos na lista,
devido ao resultado da convivência entre as diferentes culturas. Temos sempre que defender a coexistência das diferentes culturas. Claro que há quem tenha ideias diferentes, mas acho que a maioria das pessoas de Macau dá muito valor à coexistência das culturas Ocidental e Oriental, sobretudo da cultura chinesa e portuguesa.
“Estamos a trabalhar num evento híbrido [Festival Internacional de Cinema de Macau], em que o público vai poder ver uma parte nos cinemas e outra (…) em casa.” Dado o contexto, o podemos esperar da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau? O festival vai acontecer, mas o grande problema é que as pessoas não podem vir cá. Uma parte será virtual e outra presencial, onde, mesmo assim, teremos de reduzir o número de pessoas na assistência por causa das novas restrições de saúde. O Mike [Goodridge] e a equi-
Que participação a Cinemateca vai ter no festival deste ano? A utilização da Cinemateca durante o festival já foi aceite pelo IC. Estamos a falar de assistências muito reduzidas porque, infelizmente, dos 70 lugares disponíveis só poderão ser vendidos cerca de 30. Vai ser difícil para quem quer ver os filmes, mas continuamos a achar que a Cinemateca é um bom local. No futuro, estamos a planear uma sala de exibição de filmes dentro do novo museu do Grande Prémio. No entanto, não vai estar pronta este ano. Como tem sido a relação com a nova gestão da Cinemateca, que tem levantado tanta polémica? Acredito que não haja grandes dificuldades, mas, até lá, não posso dizer com certeza porque ainda não fizemos qualquer reunião técnica. Para já, as discussões têm sido apenas entre a DST e o IC e ainda não entrámos em pormenores com a companhia que está a gerir o espaço. Acho que isto vai acontecer apenas quando tivermos mais informações sobre os filmes que vamos passar.Até lá, julgo que não deve haver grandes transtornos. Conseguimos sempre arranjar uma solução e penso que desta vez vai acontecer o mesmo. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
política 5
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pandemia da covid-19 levou o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau a sofrer uma contracção de 67,8 por cento durante o segundo trimestre, a maior quebra trimestral desde que há registos na Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os dados foram revelados ontem pelo Chefe do Executivo, antes da partida para Pequim, onde vai estar até segunda-feira a debater o reforço da cooperação com as autoridades de Cantão para promover o desenvolvimento da Ilha da Montanha. Quando questionado sobre o impacto para a economia do fim da suspensão dos vistos individuais de turismo emitidos pelo Interior, que permitem aos habitantes de 49 cidades visitar a RAEM, Ho Iat Seng mostrou-se cauteloso e advertiu que uma recuperação total não vai acontecer este ano. “Não é possível recuperar a economia para os números que tínhamos anteriormente, pelo menos até ao final do ano. No primeiro trimestre, o PIB teve uma quebra de 58,2 por cento e no segundo trimestre a redução foi de 67,8 por cento. Com estes números não podemos estar totalmente optimistas”, afirmou o Chefe do Executivo. “Mas é claro que a vinda de pessoas a Macau através dos vistos individuais de turismo vai representar um apoio à nossa economia”, acrescentou. Segundo os dados disponibilizados pela DSEC, os registos do PIB foram apresentados por trimestre pela primeira vez no início de 2002 e a maior quebra tinha acontecido no segundo trimestre de 2015, quando se registou uma redução de 24,6 por cento. Nessa altura, decorria a campanha contra a corrupção promovida por Xi Jinping, que levou ao afastamento do mercado dos grandes apostadores de Macau. No entanto, segundo os dados apresentados por Ho Iat Seng, o pior registo foi ultrapassado entre Janeiro e Março deste ano e voltou agora a ser novamente batido, nos últimos três meses.
H
O Iat Seng considera que a RAEM já cumpriu com as obrigações institucionais no que diz respeito à legislação sobre a Segurança Nacional e recusa que haja necessidade de copiar a lei aplicada em Hong Kong. “Se há espaço para melhoramentos na Lei de Segurança Nacional? Claro que há... E o nosso secretário disse isso na Assembleia Legislativa. Mas, só por
PIB HO IAT SENG ANUNCIA MAIOR QUEBRA DESDE QUE HÁ REGISTOS
A dor dos números
Ho Iat Seng partiu ontem para Pequim, onde vai debater a cooperação com a lha da Montanha, e explicou que os estrangeiros vão poder entrar em Macau quando os respectivos países registarem mais de 130 dias sem surtos comunitários
Ainda ontem, o Chefe do Executivo recusou a ideia de criar mais apoios à economia, pelo menos nesta fase, em que se espera que a vinda de mais turistas tenha algum impacto: “Se não houver nenhum problema, a 23 de Setembro os vistos individuais vão ser estendidos [de Guangdong] a todo o país, o que vai contribuir para a recuperação económica [...] Acreditamos que vai contribuir para reduzir os números do desemprego”, explicou. “Além disso, temos um princípio que é utilizar os recursos de forma devida e só vamos gastar o necessário. Por isso, acreditamos que com o regresso dos vistos de turismo não vai ser necessário implementar mais apoios”, justificou.
ENTRADA DE ESTRANGEIROS
Antes de deixar Macau, Ho Iat Seng afirmou ainda que neste momento não há planos para alterar a proibição de entrada em Macau de estrangeiros. Esta é uma situação que no entender do Chefe do Executivo só deverá sofrer alterações no caso de haver países que registem, à semelhança de Macau, cerca de 130 dias sem casos comunitários de infecções por covid-19. “Por enquanto não temos este plano [para permitir a entrada de turistas ou trabalhadores não-residentes estrangeiros]. O risco no exterior ainda se mantém e o Interior da China mantém a restrição [de entrada a estrangeiros] e Hong Kong também”, apontou. “A entrada [em Macau] depende dos países. [...] Se os países conseguirem mais de 130 dias sem casos de infecções comunitárias, nós podemos ponderar alterar a situação”, vincou. Já em relação à deslocação ao Interior para debater a cooperação com a Ilha da Montanha, Ho Iat Seng não adiantou muitos pormenores, mas deixou a entender que podem ser debatidas matérias fiscais. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Ho Iat Seng, Chefe do Executivo “A entrada [em Macau] depende desses países. [...] Se os países conseguirem mais de 130 dias sem casos de infecções comunitárias, nós podemos ponderar a situação.”
Já cumprimos Chefe do Executivo diz que Macau não tem de copiar lei de Hong Kong
causa da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong não temos de os seguir, fazer uma revisão e copiá-los. Nós já temos a nossa lei”, disse o Chefe do Executivo. Quanto a eventuais alterações, em que o Governo já
trabalho público que está a trabalhar, não houve pormenores. “Neste momento não tenho nada para anunciar”, indicou.
BUSCAS E MANDATOS
O Chefe do Executivo foi ainda questionado se seria
possível que em Macau se registasse uma operação como a de Hong Kong, quando na segunda-feira mais de 200 agentes da polícia entraram num jornal para realizar buscas e tiveram acesso ao material das notícias da publicação Apple Daily. Embora tenha recusado comparações directas, Ho admitiu que as polícias podem mesmo entrar nas redacções: “Eu não posso fazer uma comparação tão
directa [com o caso de Hong Kong]. Mas, se houver alguma situação e se a polícia tiver um mandato de um tribunal não elimino essa possibilidade”, respondeu. “Enquanto Chefe do Executivo não posso garantir que não vai haver uma acção judicial como essa. Mas qualquer acção judicial vai ser feita consoante as leis de Macau”, sublinhou. O proprietário do jornal Apple Daily, Jimmy Lai, é
acusado, ao abrigo da Lei de Segurança Nacional criada por Pequim para Hong Kong, de ter cometido o crime de conluio com “forças estrangeiras” para a ameaçar a segurança nacional. Segundo noticiou o jornal South China Morning, na base da acusação está o facto de o milionário ter recebido do estrangeiro uma transferência num montante de um milhão de dólares de Hong Kong.
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Cozinhar em lume brando
Jason Chao acha que é necessário mudar o paradigma do activismo de Macau, com o foco desviar-se das “grandes lutas” para assuntos como protecção de minorias e direitos das mulheres. Quanto à lista de questões enviada ao Governo de Macau pelo Comité de Direitos Humanos da ONU, o activista ficou surpreendido com o alcance progressista dos temas dem perder essa liberdade”, alertou o activista, referindo que Pequim não terá ficado contente com a forma como a imprensa estrangeira de Macau cobriu os protestos em Hong Kong. Aliás, Chao entende que esta foi a razão para os problemas que a equipa da RTP teve ao entrar no território para cobrir a visita de Xi Jinping aquando do 20º aniversário da RAEM.
TATIANA LAGES
D
EPOIS de um ano de instabilidade em Hong Kong e da resposta musculada de Pequim, Jason Chao acha que o activismo político local entrou numa nova Era, que obriga à escolha pragmática das batalhas em que valem a pena lutar. “Precisamos de mudar de paradigma, apesar de continuar a ser necessário discutir assuntos mais complicados, como liberdade de expressão, de imprensa e direitos políticos. Não é fácil continuar a pressionar esses assuntos nesta altura, devido às circunstâncias”, opinou o activista numa conferência de imprensa sobre as questões enviadas pelo Comité para os Direitos Humanos das Nações Unidas ao Governo de Macau. Jason Chao é responsável pelo Grupo de Investigação de Macau, uma das organizações que contribuiu para a lista de temas enviada pelo organismo da ONU ao Executivo de Ho Iat Seng. Ontem, o ex-dirigente da Associação Novo Macau expressou receio de que no futuro a liberdade de imprensa na RAEM seja limitada, particularmente nos órgãos de comunicação social em português e inglês. “Neste momento, são livres para noticiarem o que quiserem, mas, mais cedo ou mais tarde, po-
OUTRAS LUTAS
“Precisamos de mudar de paradigma, apesar de continuar a ser necessário discutir assuntos mais complicados, como liberdade de expressão, de imprensa e direitos políticos. Não é fácil continuar a pressionar esses assuntos nesta altura.”
De resto, Jason Chao mostrou-se surpreendido com a abordagem progressiva da lista do Comité para os Direitos Humanos, principalmente quanto ao alargamento dos bens jurídicos que garantam protecção legal a casais com pessoas do mesmo sexo e a trabalhadores não residentes. O responsável pelo Grupo de Investigação de Macau mencionou ainda a crescimento do programa “Olhos no Céu”, que está a espalhar câmaras de videovigilância pelo território, algumas com capacidade para reconhecimento fácil. O activista encara o sistema como uma forma de condicionar os direitos civis e políticos, com efeito dissuasor para activistas políticos. João Luz
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JASON CHAO ACTIVISTA POLÍTICO
POLUIÇÃO VEÍCULOS DO GOVERNO ESTÃO MAIS AMIGOS DO AMBIENTE
A
proporção de veículos governamentais amigos do ambiente subiu de 1 por cento em 2015 para 8,3 por cento em 2020. A informação foi dada pelo director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Tam Vai Man, em resposta a uma interpelação
escrita de Mak Soi Kun. Na interpelação, o deputado alertava para a necessidade de “estar preparado para, na fase de recuperação da economia, após a epidemia, enfrentar os problemas ambientais, tais como o aquecimento global e a poluição atmosférica”.
Tam Vai Man explica que de acordo com a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, é actualmente exigido aos serviços usar os veículos oficiais de forma adequada e partilhá-los “sempre que possível”. Em finais
de Setembro deste ano, o envio e recepção de documentos oficiais sem necessidade de apreciação vai passar a ser feito por via electrónica. O director da DSPA descreve que com essa medida “irá reduzir-se significativamente a utilização dos veículos
oficiais para a circulação da correspondência em papel entre os serviços públicos”. Além disso, o responsável afirmou que o Governo vai controlar a aquisição de veículos novos, bem como o número total de carros para o transporte de pessoas.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
DIREITOS HUMANOS JASON CHAO ENTENDE QUE NÃO É ALTURA PARA GRANDES LUTAS
Despesas Públicas Pereira Coutinho quer contratos mais transparentes
A publicação de todos os contratos celebrados pelas entidades públicas, incluindo obras públicas e concessões. É este o pedido de Pereira Coutinho numa interpelação escrita ao Governo. Para isso, sugere a construção de uma base de dados na internet, acessível ao público. “Que medidas irá o Governo implementar de forma a evitar e prevenir conflitos de interesses entre as entidades públicas e os elementos das entidades privadas adjudicatárias nos processos de contratação pública?”, questionou ainda o deputado. Coutinho quer saber se vão ser divulgados os nomes dos sócios, administradores e beneficiários, para além das entidades adjudicatárias. No seu entender, os proprietários reais “estão, muitas das vezes, escondidos atrás de pessoas que os representam”.
Edifícios Proprietários têm de assegurar manutenção
É uma obrigação que já consta na lei. Foi desta forma que a directora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Chan Pou Ha, respondeu ao deputado Mak Soi Kun sobre o pedido para garantir que os espaços comuns dos edifícios são mantidos em condições de segurança, nomeadamente no que diz respeito a instalações eléctricas e janelas. A questão tinha sido colocada pelo legislador que está ligado à comunidade de Jiangmen em Junho deste ano depois de um incêndio que deflagrou no Edifício Fortune Tower e que consumiu um supermercado. Além desta obrigação legal de manutenção dos espaços comuns e outras áreas dos edifícios, Chan Pou Ha respondeu ainda que o Corpo de Bombeiros tem dado grande importância ao assunto, com acções de sensibilização.
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quinta-feira 13.8.2020
EPM DIRECÇÃO GARANTE QUE ATAQUE INFORMÁTICO APENAS ENCRIPTOU BASE DE DADOS
Guardados à condição
IPM Marcus In na presidência por mais dois anos
De acordo com um despacho divulgado ontem em Boletim Oficial, Marcus Im vai continuar por mais dois anos como presidente do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Segundo o despacho da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura a renovação produz efeitos a partir de 1 de Setembro. Marcus Im lidera o IPM desde 2018.
Os números preliminares das receitas das companhias de autocarros na primeira metade do ano são 674,437 milhões de patacas. Apenas 23,3 por cento deste valor resulta de receitas das tarifas dos bilhetes, sendo o restante de assistência financeira. Dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Trânsito (DSAT), mostram que a TCM conseguiu receitas mais elevadas do que a Transmac, com 52 por cento do total. O mês com melhor resultado para as empresas foi Janeiro, seguindo-se Março. Em Janeiro, havia em média 553,8 mil passageiros diários, um número que caiu mais de metade no mês seguinte. Em Fevereiro, houve 211,6 mil passageiros, sendo que em Março se registou uma recuperação para 316,7 mil passageiros por dia.
AMCM Crédito às PME recupera no primeiro semestre
De acordo com as estatísticas divulgadas ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), o novo limite do crédito aprovado às pequenas e médias empresas (PME) pelos bancos de Macau “marcou um crescimento de 80,1 por cento, atingindo 15,4 mil milhões de patacas, quando comparado com o primeiro semestre de 2019, correspondendo a uma descida 7,2 por cento”. Relativamente à utilização de crédito, até ao final de Junho, o balanço utilizado dos empréstimos concedidos às PME atingiu 89,7 mil milhões de patacas e registou um acréscimo de 3,5 por cento, quando comparado com o final de 2019. Os números correspondem a um crescimento de 2,2 por cento, relativamente ao ano anterior. Analisando por sector, os empréstimos concedidos nas áreas de “transporte, armazéns e comunicações”, “comércio por grosso e a retalho” e “indústrias transformadoras” aumentaram, respectivamente 33,7 por cento, 28,4 por cento e 19,6 por cento.
SOFIA MARGARIDA MOTA
Autocarros Companhias com receitas de 674 milhões até Junho
O director da Escola Portuguesa de Macau confirmou que o ataque informático ao sistema NetGiae aconteceu no final de Abril e garantiu ao HM que “não há cópia, nem desvios de dados”. O ataque não foi comunicado aos pais, para “não preocupar as pessoas”, explicou Manuel Machado. Os moldes da implementação da história da China são ainda inconclusivos
O
director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Manuel Machado, garantiu ontem que o ataque cibernético que afectou o sistema de consulta e gestão de informação entre alunos, encarregados de educação e professores, NetGiae, não apagou, copiou ou desviou quaisquer dados. Em vez disso, garante o director, a informação continua no servidor da escola, mas está inacessível por ter sido encriptada. “O nosso servidor foi alvo de um ataque cibernético (…) em finais de Abril. Este ataque foi feito a nível mundial e, portanto, atingiu imensos destinatários. No caso da EPM não apagou nem copiou dados. O que este ataque fez, foi encriptar os dados, impedindo o acesso aos mesmos. Portanto, os dados não andam a circular”, garantiu ao HM. “Não há cópia nem desvio de dados. Isso é muito importante. Os dados estão connosco, não podem é ser utilizados”, acrescentou. Recorde-se que a informação consta de um documento enviado pela Associação de Pais da Escola Portuguesa (APEP) aos seus asso-
ciados, à qual o HM teve acesso na terça-feira. Na sequência do ataque, esclareceu Manuel Machado, foi enviado um email à Polícia Judiciária (PJ) a relatar o sucedido e contratada uma empresa de renome mundial para “tentar fazer a desencriptação de dados”. Contudo, por ainda não ter sido encontrada solução, o director da EPM admite que o sistema está a ser actualizado com os dados em falta, a tempo do início do próximo ano lectivo. “No pior dos cenários, (…) temos os dados necessários dos alunos até Setembro de 2019 e estamos a fazer a actualização da informação que está em falta, caso não seja possível a desincriptação”, explicou.
PREOCUPAÇÕES MAIORES
Questionado sobre a razão pela qual o ataque informático não foi dado a conhecer aos encarregados de educação, Manuel Machado argumenta que foi, sobretudo, para não preocupar os pais. “Por um lado, pensámos que isto se resolvia mais depressa e, por outro, porque, quer a direcção da APEP, quer nós, infelizmente, não conseguimos resolver o problema. Por
“O que este ataque fez, foi encriptar os dados, impedindo o acesso aos mesmos. Portanto, os dados não andam a circular.” MANUEL MACHADO DIRECTOR EPM
isso, não havia necessidade de estar a preocupar as pessoas”, sublinhou. Contactado pelo HM, Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da APEP, afirma que os encarregados de educação deviam ter sido informados e que, motivado pelo advento tecnológico, as instituições têm que saber como actuar neste tipo de situações. “A escola devia ter informado de imediato os pais. Os ataques informáticos são coisas que acontecem e, por isso, as instituições têm de estar preparadas e saber como reagir. Além de comunicar às entidades competentes, que nos foi dito que aconteceu, não nos especificaram a quem o fizeram”, explicou. Filipe Regêncio frisou ainda que, em virtude do sucedido, já
podia ter havido consequências sem que os pais tivessem sabido do ataque. “Imaginemos que um pai ia com o filho a Hong Kong e o número [do BIR] já estava sinalizado (…) e o pai era barrado sem saber o que se passa”, partilhou o presidente da APEP. “Se calhar quem encriptou os dados também ficou com eles, não é?”, acrescentou. Já sobre a implementação da disciplina de História da China no plano curricular do 10º ano já no próximo ano lectivo, Manuel Machado afirmou ao HM que esse é “um assunto que ainda está a ser discutido e sobre o qual não há nada de conclusivo”. “Quando se diz que os currículos das novas disciplinas serão os mesmos à excepção da História da China ou que a sebenta será feita à semelhança das que existem para 2º e 3º ciclos, isso ainda não está 100 por cento definido”, esclareceu o director da EPM. Pedro Arede
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DOCUMENTÁRIO SEGUNDA PARTE DE “MACAENSES – UMA ODISSEIA” APRESENTADO ESTA SE
Artes Visuais Prazo para concurso acaba amanhã
Amanhã é o último dia de recolha de obras para a Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau de 2020, comunicou o Instituto Cultural. Os concorrentes não podem submeter mais de três peças/conjuntos, sendo cada um deles limitado a quatro peças. Os interessados em participar no concurso de obras de meios de expressão plástica ocidental devem registar-se por email.
Nam Van Novos graffitis em exposição
A área de exposição do Anim’Arte Nam Van tem graffitis novos. A artista local Anny, em colaboração com o ilustrador Few, foram convidados a criar o mural “Animalia Imaginaria - Paraíso dos Animais de Fantasia”, subordinado ao tema “Verão Colorido”, comunicou o Instituto Cultural (IC). No sábado, ambos os artistas ensinaram e interagiram com pessoas no local e criaram uma escultura em grande escala a que deram o nome de Moejoe. Algumas das obras estão em exibição. “O trabalho utiliza uma combinação de dinâmicas e expressões corporais de galinhas, vacas, cavalos, cães, ursos, entre outros animais inteligentes e cores matizadas, coexistindo com imagens abstractas e concretas, com o objetivo de mostrar a diversificação das criaturas vivas no mundo”, diz a nota. Anny é actualmente artista de graffiti, ilustradora gráfica, escultora e designer de brinquedos a tempo inteiro, enquanto Few é um artista urbano, ilustrador e designer de brinquedos da Costa Rica.
O Instituto Internacional de Macau apresenta amanhã o segundo episódio do documentário “Macaenses – Uma Odisseia”. Com o contexto da covid-19, as plataformas digitais foram o meio escolhido para a divulgação
A
partir de amanhã, o segundo episódio do documentário “Macaenses – Uma Odisseia” fica disponível nas páginas do Instituto Internacional de Macau (IIM) das plataformas do Facebook e Youtube. No youtube, o vídeo com legendas em português já aparece com contagem decrescente para as 12h30. A opção por uma transmissão online deveu-se à pandemia da covid-19. “O IIM espera, por este meio, atrair mais visualizações do público, não só de Macau como de outras partes do mundo”, diz em comunicado. A descrição do vídeo indica que até à Segunda Guerra Mundial, muitos macaenses saíram do território por falta de trabalho e pela ausência de condições para crescer profissionalmente. “Contudo, já tinham começado a surgir sinais dos tempos conturbados que se seguiriam: alguns já estavam a deixar Hong Kong devido à pressão comunista nos Portos do Tratado. E depois, com a invasão japonesa em Hong Kong, muitos macaenses mudaram-se para Macau como refugiados”, pode ler-se.
Da migração macaense são destacados momentos como a abertura dos Portos do Tratado ao comércio externo, o estabelecimento da colónia britânica de Hong Kong, a migração que se seguiu à Segunda Guerra Mundial e as revoltas comunistas, o período pós-70, bem como a entrega à China de Hong Kong e Macau.
MEMÓRIAS FRAGMENTADAS
O documentário foi feito com depoimentos de macaenses que vivem no América do Norte, recolhidos pelo jornalista e investigador Joaquim Magalhães de Castro, que percorreu várias cidades para registar a “história oral da vivência desses emigrantes e familiares”. Indo de encontro a esse trabalho, o IIM começou a preparar uma série de vídeos sobre a diáspora macaense naquela região. O objectivo da iniciativa, segundo o organismo, é “preservar as memórias das comunidades macaenses espalhadas no mundo, dar a conhecer às novas gerações as mudanças sociais que provocaram o grande fluxo migratório de pessoas de Macau, as razões da sua ‘deslocação’ e lembrar-lhes que as suas raízes ainda se encontram em Macau”. O projecto vai ter quatro segmentos de cerca de 30 minutos cada. Os dois primeiros já estão concluídos e o terceiro encontra-se em vias de finalização. O documentário está a ser produzido com base no guião da investigadora Mariana Leitão Pereira, com montagem de António Pinto Marques. A primeira parte esteve focada em quem viveu os tempos que se seguiram à invasão do norte da China pelos japoneses, a retirada das famílias macaenses de Xangai, a subsequente Guerra do Pacífico e a ocupação de Hong Kong. Salomé Fernandes
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O documentário foi feito com depoimentos de macaenses que vivem no América do Norte, r para registar a “história oral da vivência desses emigrantes e familiares”
CENTRO CULTURAL BEETHOVEN CELEBRADO EM CONCERTO
ÓBITO MORREU MÚSIC
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O próximo domingo, a Orquestra Sinfónica Jovem de Macau vai apresentar um concerto, no Centro Cultural de Macau (CCM), dedicado às obras de Ludwig van Beethoven, para assinalar os 250 anos do nascimento do compositor. A partir das 15 horas, o concerto “Amazing Beethoven” começa com a abertura da música de cena para a peça Egmont, de Goe-
the, composta por Beethoven em 1809, por encomenda do Hofftheater de Viena. Segue-se o Concerto Tríplice, em Dó Maior, Op. 56, peça que, embora conhecida, é poucas vezes tocada em público devido às dificuldades técnicas da partitura, particularmente para o violoncelo solista. Contudo, aponta a organização em comunicado, “no domingo, a
Orquestra Jovem terá a honra de apresentar três promissores talentos de Macau, Hoi Yan Lok (violino), Zhou Cheng Lam (violoncelo) e Zach Hoi Leong Cheong (piano)”. Para encerrar o programa, a orquestra apresentará a Sinfonia no 7, em Lá Maior, classificada por Richard Wagner como “a apoteose da dança”. A orquestra será dirigida pelo maestro Veiga Jardim,
director musical honorário da Orquestra Sinfónica Jovem de Macau desde a sua fundação em 1997. Os bilhetes para assistir ao concerto dedicado a “um dos nomes mais célebres da história da música ocidental (...) que revolucionou a linguagem musical do seu tempo” podem ser adquiridos nos balcões da Kong Seng e têm o custo de 100 patacas. P.A.
músico angolano Carlos Burity morreu ontem em Luanda, vítima de doença prolongada, disse o director nacional da Cultura, Euclides da Lomba. O cantor, de 67 anos, que se encontrava internado na Clínica Girassol, na capital angolana, foi, com Carlitos Vieira Dias e Bonga, um dos principais nomes do Novo Semba em Angola, iniciou a sua carreira no início dos anos 70 do século passado, e em 1974 gravou,
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emória
EXTA-FEIRA
recolhidos pelo jornalista e investigador Joaquim Magalhães de Castro, que percorreu várias cidades
CO ANGOLANO CARLOS BURITY com o Grupo Semba, uma selecção de temas angolanos que ficaram na história da música popular do país. Em 1983, Burity juntou-se ao “Canto Livre de Angola”, um projecto do cantor brasileiro Martinho da Vila, que o levou ao Brasil com outros nomes importantes da música angolana e com quem integrou o agrupamento Semba Tropical, que viria a gravar um álbum de sucesso em Londres. Depois de um longo período sem gravar, Burity ressurgiu com um êxito
assinalável em 1991, com “Angolaritmo”, lançando no ano seguinte o “Carolina”, “Massemba”, em 1996, “Uanga” em 1998, “Zuela ó Kidi”, em 2002; “Paxiiami”, em 2006, e mais recentemente, “Malalanza”, em 2010.
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Anúncio ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 25/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex. ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 30 de Julho de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Equipamentos Laboratoriais Cedidos Como Contrapartida do Fornecimento de Reagentes ao Laboratório de Saúde Pública dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Agosto de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 8 de Setembro de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 9 de Setembro de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP142.000,00 (cento e quarenta e duas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/SeguroCaução de valor equivalente.
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 26/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 29 de Julho de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e instalação de um sistema simulador para ecografias e de um sistema de gravação vídeo à Academia Médica de Macau dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 12 de Agosto de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP51,00 (cinquenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 11 de Setembro de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 14 de Setembro de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP55.800,00 (cinquenta e cinco mil e oitocentas patacas), a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/ Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 6 de Agosto de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
Serviços de Saúde, aos 6 de Agosto de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
A Clínica Geral de Medicina Chinesa Au’s, já cancelou o alvará (n.º : AL-0236), cuja a autorização foi publicada no extracto de despachos dos Serviços de Saúde no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, série II, n.º 23, de 3 de Junho de 2020, declarando que, a mesma já realizou a transferência de processos clínicos de utentes que se encontrem no prazo de conservação legal aos Serviços de Saúde, de acordo com o disposto referido no artigo 8.º da Lei n.º 5/2016 e na alínea 4.4 do Anexo I do Despacho do Director dos Serviços de Saúde n.º 05/SS/2017. Caso os utentes desta clínica queiram adquirir os respectivos processos clínicos, podem contactar a Unidade Técnica de Licenciamento das Actividades e Profissões Privadas de Prestação de Cuidados de Saúde dos Serviços de Saúde Clínica Geral de Medicina Chinesa Au’s 13 de Agosto de 2020
AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL 1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Localização dos terrenos: - Rampa do Forte de Mong-Há, n.ºs 66 a 78, em Macau, (Edifício Mei Lok Fa Un); - Avenida de Horta e Costa, n.º 122, em Macau; - Rua da Ribeira do Patane, nº 11, em Macau; - Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 57 a 63 e Avenida Marginal do Patane, n.ºs 516 a 526, em Macau, (Edifício Pak Lei); - Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 149 a 161 e Avenida Marginal do Patane, n.ºs 846 a 878, em Macau, (Edifício Happy Villa); - Rua dos Hortelãos, n.ºs 143 a 161, Avenida da Longevidade, n.ºs 482 a 534 e Avenida Norte do Hipódromo, n.ºs 293 a 319, em Macau, (Edifício Wah King Garden); - Estrada Coronel Nicolau de Mesquita, n.ºs 62 a 154, Estrada Padre Estevão Eusébio Sítu, n.º 50 e Beco da Pérola, n.ºs 29 a 97, na Ilha da Taipa (Edifício Hovione Farma Ciência S.A.). 2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Serviços da RAEM das Ilhas, para os efeitos do respectivo pagamento. 3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada. Aos, 2 de Julho de 2020. O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
Aviso Considerando que não se revela possível notificar o interessado Pang Chan Hoi, pessoalmente ou por ofício, ou outra forma referida nos termos do n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico pelo presente, nos termos do artigo 10.º, n.os 1 e 3 do artigo 58.º, n.º 2 do artigo 72.º, n.os 1 e 2 do artigo 93.º e do artigo 94.º, do Código do Procedimento Administrativo, o interessado Pang Chan Hoi, que por deliberação do Conselho Administrativo do Fundo do Ensino Superior, tomada em 8 de Junho de 2020, ao abrigo da alínea 5 do artigo 5.º, alínea 1 do artigo 14.º e artigo 15.º do Despacho do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura n.º 67/2014 que aprova o “Regulamento de Atribuição de Bolsas de Mérito para Estudos Pós-Graduados”, foi decidido cancelar a bolsa concedida ao abrigo do programa de “Bolsas de Mérito para Estudos Pós-Graduados do ano lectivo de 2015/2016”, e exigir a reposição dos montantes recebidos a este título pelo interessado, no valor de $79.000.00 (setenta e nove mil patacas), e ainda, que no prazo de 10 dias, a contar do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, o interessado deve apresentar audiência escrita junto deste Conselho Administrativo. A falta de apresentação de audiência escrita dentro do prazo estipulado, sem qualquer justificação, pressupõe que, apesar de ser notificado, nada tem a declarar sobre o assunto supramencionado. O interessado pode dirigir-se, dentro do horário de expediente, à Direcção dos Serviços do Ensino Superior, sita na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues n.os 614A - 640, Edifício Long Cheng, 7.o andar, para apresentação da audiência escrita, bem como, caso pretenda, para consulta do respectivo processo. Caso necessite de mais informações, pode contactar a Divisão de Recursos e Acção Social Escolar da DSES, através do telefone n.º 83969393. Macau, a 13 de Agosto de 2020. Presidente, substituto, do Conselho Administrativo Chang Kun Hong
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quinta-feira 13.8.2020
Região
HONG KONG JIMMY LAI INSTA JORNALISTAS A CONTINUAREM A LUTAR
Magnata libertado
O milionário, dono do jornal Apple Dail, foi esta terça-feira libertado, após ter sido detido na segunda-feira, numa acção levada a cabo pela polícia que resultou na detenção de dez pessoas ligadas a grupos de activistas pró-democracia
Negras dúvidas
Tóquio questiona reconhecimento de vítimas de chuva radioactiva em Hiroshima
O
governo japonês e a cidade de Hiroshima apresentaram um recurso judicial depois de um tribunal ter reconhecido as sequelas em 84 pessoas atingidas pela chuva radioactiva provocada pela bomba atómica em 1945. O recurso é apresentado depois de o Tribunal de Hiroshima ter reconhecido pela primeira vez, no passado dia 30 de Junho, que 84 vítimas da “chuva negra” (chuva radioactiva) estão dentro dos parâmetros estabelecidos pelas autoridades e que servem de base para a atribuição de apoio médico às vítimas do bombardeamento com bombas atómicas norte-americanas, no final da Segunda Guerra Mundial. O ministro da Saúde, Katsunobu Kato, disse ontem, que o governo recorreu porque a decisão do tribunal “não tem uma base científica suficiente”. Mesmo assim, Kato disse que o ministério vai iniciar estudos científicos sobre a expansão da “chuva negra” na zona de Hiroshima e que devem ser depois apresentados aos responsáveis autárquicos da cidade atingida pela bomba atómica, em 1945. As 84 pessoas que apresentaram queixa estavam fora da zona de impacto na altura do
bombardeamento, e por isso, para o governo devem ser oficialmente certificadas como vítimas da bomba atómica.
AO LADO DO GOVERNO
Os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atómica no dia 6 de Agosto de 1944 sobre Hiroshima provocando a morte a 140.000 pessoas e destruindo praticamente toda a cidade. A segunda bomba atómica atingiu a cidade de Nagasaki matou 74 mil pessoas, antes da rendição do Japão no dia 15 de Agosto de 1945. Os 84 queixosos encontravam-se numa zona situada a noroeste da cidade de Hiroshima onde a chuva radioactiva se fez sentir poucas horas depois do impacto da bomba atómica. As vítimas desenvolveram doenças, como cancros ou cataratas, provocadas pela radiação da queda de chuva, mas também pelo consumo de água e alimentos, nas zonas contaminadas. Os queixosos, familiares e apoiantes pediram para a autarquia de Hiroshima não apresentar recurso e apoiar a decisão do tribunal. Mesmo assim, os responsáveis autárquicos disseram que não podiam “ficar contra o recurso” apresentado pelo governo.
O
magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai, proprietário do jornal Apple Daily, alvo de buscas na segunda-feira, instou ontem os jornalistas a continuarem a lutar, um dia depois de ser libertado sob caução. Lai, que tinha sido detido na segunda-feira por suspeita de conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da lei de segurança nacional, foi recebido com aplausos e ovações na redação do jornal, após 40 horas sob custódia policial. “Continuemos a lutar!”, disse Lai aos jornalistas. “Temos o apoio dos habitantes de Hong Kong, não podemos abandoná-los”, instou Jimmy Lai, numa curta declaração transmitida em directo pelo jornal através das redes sociais. Alvo de buscas por 200 agentes da polícia, na segunda-feira, o Apple Daily recebeu um forte apoio da população de Hong Kong, com filas a formarem-se de madrugada para comprar a publicação. Jimmy Lai percorreu a redação do Apple Daily, debaixo dos aplausos dos funcionários. No vídeo, transmitido em directo, o magnata, muito crítico de Pequim, pediu aos jornalistas que mantenham o tom que despertou a ira da China, mas reconheceu que está a tornar-se “cada vez mais difícil” gerir um grupo de imprensa em Hong Kong.
com nações estrangeiras para prejudicar a China. As detenções e as buscas foram condenadas pela comunidade internacional, que receia o fim da liberdade de imprensa em Hong Kong, uma cidade que tem sido sede regional de órgãos de comunicação internacionais há décadas.
OUTRAS DETENÇÕES
Jimmy Lai, proprietário do jornal Apple Daily “Temos de continuar o nosso trabalho. Felizmente, não fui enviado para o continente.”
“Mas temos de continuar o nosso trabalho”, acrescentou. “Felizmente, não fui enviado para o continente [China continental]”, brincou, fazendo rir os jornalistas. Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine. Visto
por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como “um traidor”, que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar
Lai foi uma das dez pessoas detidas pela polícia na segunda-feira, numa grande acção de repressão contra o movimento pró-democracia, a maioria ligadas ao grupo mediático. No mesmo dia, foi também detida a militante pró-democracia Agnes Chow, de 23 anos, que ajudou a fundar o partido Demosisto, ao lado de Joshua Wong, Nathan Law e de outros jovens activistas. A jovem é uma das primeiras activistas do partido, entretanto extinto, a ser alvo da nova lei de segurança nacional. Chow foi libertada sob caução esta madrugada, tendo ficado com o passaporte apreendido. Ao sair da esquadra de polícia de Tai Po, Chow disse que a detenção faz parte de uma campanha de perseguição política. “É muito claro que o governo está a utilizar a nova lei de segurança para reprimir os dissidentes políticos. Ainda não compreendo porque é que fui presa”, disse Chow, citada pelo site de notícias local Hong Kong Free Press.
Covid-19 Registados 25 casos entre segunda e terça-feira A China registou, entre segunda e terça-feira, 25 novos casos de covid-19, na maioria procedentes do exterior, anunciou ontem a Comissão de Saúde do país. Entre os casos diagnosticados, nove são de contágio local, todos eles na província de Xinjiang, no extremo noroeste da China, onde foi detectado um surto há cerca de um mês, acrescentou. Os 16 casos restantes foram diagnosticados entre viajantes do estrangeiro,
conhecidos como casos “importados”, indicou. As autoridades de saúde detalharam que, até à meia-noite, 58 pacientes tiveram alta. O número de infecções activas na China continental é de 761, incluindo 40 doentes em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total desde o início da pandemia em 4.634, entre as 84.737 pessoas infectadas oficialmente diagnosticadas na China.
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Cidade ecrã Rui Filipe Torres*
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Desertem-me este quarto onde me perco!
Um festival de resistência fílmica em contexto de pandemia
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AVANCA 2020, decorreu entre 22 e 26 de Julho na aldeia de Avanca, em Estarreja e em Ovar, sempre cumprindo as medidas de segurança que a pandemia obriga, seguindo as orientações e recomendações da DGS e do Governo, convém lembrar que Avanca faz fronteira administrativa com Ovar, território que esteve sitiado, em contexto de saúde pública, na situação pandémica atingiu Portugal. Para além das habituais sessões no auditória da paróquia da freguesia de Avanca, no cine teatro de Estarreja e salas de cinema de Ovar, teve um cine drive onde se fizeram ouviram efusivas buzinas após as projeções de filmes, e intervenções dos convidados. O GLOCAL, tendência que tem vindo a ser afirmada e que concilia o Global e o Local como modelo de desenvolvimento, ativando sinergias, comércios e culturas, sem se fechar ao mundo e sem negar identidades e formas particulares de vida das comunidades, foi, nesta edição mais visível. A habitual presença física de cineastas e investigadores de países distantes na geografia e por vezes formas culturais, foi este ano mais apagada, embora as tecnologias da web.0.2, e a plataforma Zoom em particular, tenha permitido presenças e encontros digitais. Ainda em contexto de pandemia o Festival quis afirmar-se como peça de resistência, afirmando a necessidade de permanecer enquanto evento cultural cinematográfico de referência no tecido sócio cultural local e da região e dos festivais nacionais. O Festival exibiu 111 filmes, entre curtas, documentários, e longas metragens de ficção. Foi neste ambiente de contenção de proximidade física, e de proximidade emotiva às histórias visíveis no ecrã que a competição nacional e internacional, o espaço de workshops, as conferências, exposições e debates, tiveram lugar, afirmando a resistência e a vontade de dar a ver e pensar cinema do AVANCA FILM FEST em direção à 25 ª Edição em 2021. O grande vencedor do “24º Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia – AVANCA 2020”, foi a longa metragem Diapasão, do Iraniano Hamed Tehrani . Venceu nas categorias: Prémio Cinema para a Melhor Longa Metragem; Prémio Melhor Argumento, e o Prémio D. Qui-
excelente casting, que serve uma narrativa fílmica que trabalha literatura e política, dando a ver o temor da vigilância totalitária em espaços aceites onde circulam as elites artísticas e políticas na cidade de Praga, após a invasão Soviética, num mundo anterior à vigilância global web.0.2. contemporânea. Interpretações consistentes, com destaque para protagonista feminina.
O Festival exibiu 111 filmes, entre curtas, documentários, e longas metragens de ficção “Por detrás da Moeda”
O festival fechou, a noite da última sessão, com o filme documentário “Por detrás da Moeda”, 93 minutos de Luís Moya. Esta é uma das muitas produções locais presentes nesta edição. É um trabalho que conta duas histórias, dá-nos a ver os músicos de rua da cidade do Porto, as suas motivações, dificuldades e alegrias, entre as quais a experimentação de uma ideia radical de vida livre. Entre os vários personagens que vão surgindo, surge um músico de um grupo dos anos 80, os Peppermint Twist, a partir desse encontro, o documentário dá-nos a ver com particular insistência esse grupo, os contextos da época, e dois dos seus elementos. O AVANCA é uma organização Cine Clube de Avanca e Município de Estarreja, com o apoio do ICA / Ministério da Cultura, do IPDJ, da CIRA, da Junta de Freguesia de Avanca, do Agrupamento Escolar de Estarreja, da Escola Egas Moniz, da Paróquia e das Associações de Avanca, tem ainda o apoio de várias universidades e escolas de ensino superior do país, empresas e outras instituições da região.
Diapasão, de Hamed Tehrani
xote da FICC - Federação Internacional de Cineclubes. Nesta edição, para além de jornalista, estive na condição de júri em 3 competições. Na competição sénior - cineastas com mais de 60 anos, de forma colegial o filme ganhador foi The Prague Orgy de Irena Pavlásková | Rep. Checa / Czech Republic (112’) ficção / fiction
O filme dá-nos a ver uma reconstituição social e política de um período recente de um tempo de equilíbrio geopolítico bipolar traduzido na “guerra fria” e na cortina de ferro, bem como nas asserções de mundo livre ocidental e ferocidade totalitária nas repúblicas socialistas da União Soviética. Reconstituição cuidada, “décors”, guarda-roupa, exteriores e interiores,
*Cineasta.PhDCandidate|FilmandImageStudies| University of Coimbra - Faculty of Arts and Humanities Department of History, European Studies, Archeology and Arts. Mestre em Estudos Culturais Aplicados em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema-IPL. Licenciado em Ciências da Comunicação no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
quinta-feira 13.8.2020
Luís Carmelo
3.
Sobre a neve molhada, os pneus das bicicletas produzem um som sem gravidade. Gestos do fundo das lagoas ao jeito daquele lança-chamas subterrâneo que nos liga o corpo à calçada como se levitássemos. O horizonte desceu rapidamente, trouxe consigo um ar ainda mais fino, frio e rarefeito. Pousei os pés no chão e apalpei a câmara de ar, emprestando alguma virilidade ao acto. De um dia para o outro, os canais gelaram. Uma beleza momentânea. Até os topázios e as esmeraldas são existências a prazo. Acabei por estacionar a meio do arco da ponte para poder observar as muitas dezenas de planetas coloridos que eram os impermeáveis das crianças a deambular sobre o gelo branco, intensamente de cristal. Ela apontava com o dedo para aquela vista maravilhosa e insistia no facto de as histórias serem simples meteoritos, seres inacabados por natureza. Para estarmos à altura dos milhares de anos luz que se erguem no céu - levantámos a cabeça ao mesmo tempo e contemplámos o oceano cinza que nos reflectia o canal -, basta que caibam na palma de uma mão. É desse modo, acrescentava ela, que pego num pincel antes de me atirar a uma tela. Ao invés, eu detinha-me num orgulho quase cego. Apetecia-me negar, negar tudo. O que sobrasse de tanta negação havia de marcar encontro comigo numa cabana qualquer da floresta para me delatar os segredos e ler um poema que condensasse todos os que já foram escritos. Mas que segredos? Os segredos são carros de bois de eixo móvel que conseguem circular pelos trilhos mais ásperos, escarpados e enlameados. É uma óptima definição do poço da morte para todas as acrobacias. Sabíamos os dois mover a linguagem como se estivéssemos a construir mais um boneco no meio da neve. Contei mais de vinte só naquele passeio. Desaparecemos pouco depois com as bicicletas embrenhadas no gelo. Ser contemporâneo desta paisagem - acrescentou ela num último momento - é sempre uma sorte. Uma sorte quase igual à respiração.
4.
De encontro à tela explodia como um galeão cheio de prata, pelo menos era essa a luz com que fiava a sua mímica tão lenta. Uma seda de pequenos gestos. Por vezes recuava com a tesoura numa mão e o tubo de cola na outra. Ficava imobilizada a tentar perceber os efeitos das linhas negras que acabara de traçar. Os minutos distendiam-se e ela imitava a fixidez de uma escultura de ges-
JOSÉ M. RODRIGUES
Holandeses voadores II
Retrovisor
so com as costas a empurrar a parede, o quarteirão, a via láctea. Observava os detalhes e quando ressurgia, rodava os braços com o giz à imagem da pá de um moinho. Deste modo, as folhas de plátano misturadas com a cola, com o carvão e com a tinta infringiam a abstração inicial.
Ser contemporâneo desta paisagem acrescentou ela num último momento - é sempre uma sorte. Uma sorte quase igual à respiração.
Ao recuar pela segunda vez, a superfície tinha-se já transformado no volume figurado de um pássaro. Era o que saltava à vista: duas asas erguidas pelo céu limpo, apesar das manchas e das texturas criadas pela folhagem que se desprendiam do plano. Só quando virou de vez as costas ao trabalho, como uma gárgula que ignora os contrafortes da catedral de onde pende, é que se apercebeu da minha presença. Era tarde demais, é sempre tarde demais. Eu o intruso e ela a guerreira num dia que não teria tido começo. Sobre a mesa havia um vidro de Murano com uma única tulipa adoentada. Água a mais, pensei. Talvez fosse esse o sentimento de excesso com que de novo voltou a destacar um detalhe do quadro. Era uma abertura - um círculo vago de uma crina ao vento - na parte de baixo que engolia, verdadeiramente engo-
lia tudo o que a tela por cima ostentava. Um sorvedouro. E ela já ria sem parar. Construíra um mundo que se deglutia e devorava a si próprio. E eu lembrei-me do anel de fogo do cachimbo que acendia a noite no meio da carruagem. Estávamos a poucos quilómetros de Verona e de cada vez que o vulto do fumador inspirava, e fazia-o como se ingerisse todas as viagens do universo, uma vida completa anunciava-se e logo se extinguia. O quadro repetia o aviso. A tulipa de folhas mortificadas incitava-o. Foi quando aprendi que a expressão “natureza morta” corresponde a uma palavra holandesa. Ela prenunciou-a então com vagar na minha frente: “Stilleven”. Literalmente significará “ainda viva”, mas a literalidade é um país sem qualquer esperança de primavera. (continua)
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A Polícia bielorrussa anunciou ontem ter disparado com armas de fogo sobre os manifestantes que protestavam na terça-feira contra os resultados das presidenciais no sul
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SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00 SALA 2
BEYOND THE DREAM [C] FALADO EM JAPONÊS
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do país, tendo admitido que os disparos fizeram um ferido. Protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, têm decorrido na capital e em
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muitas outras cidades do país desde domingo à noite. Os protestos já resultaram em milhares de detenções, pelo menos um morto e mais de 250 feridos, segundo números oficiais.
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LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3
DREAMBUILDERS [A]
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FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck 14.30, 16.30, 19.00, 21.15
UM DISCO HOJE Confesso que foi o dálmata na capa que me convenceu a inserir finalmente o CD no discman, depois de o meu irmão mo ter oferecido pelo aniversário. Depois, foi difícil de o tirar. What I got é uma edição dupla da autoria da banda norte-americana de ska punk e raggae com algumas das melhores faixas criadas pelo grupo que acabou cedo de mais, após a morte do seu vocalista e fundador Bradley Nowell. Durante os seus oito anos de existência, os Sublime lançaram apenas três álbuns de estúdio. Pedro Arede
SUBLIME | WHAT I GOT
6 5 1 4 3 2 4 7 5 6 2DREAMBUILDERS 1 4 7 6 3 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 1 4 7 5 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 7 Paulo 1 Maia3e Carmo;2Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; 2 Lusa;3GCS;Xinhua 5 Secretária 6 deredacçãoePublicidadeMadalenadaSilva(publicidade@hojemacau.com.mo)AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
opinião 15
quinta-feira 13.8.2020
JOSÉ SOEIRO in Esquerda.net
A invenção do Verão
T
EMPO de liberdade e de disponibilidade para si – as férias finalmente. Mas não para todos. Este ano, chegados a agosto, uma parte dos trabalhadores não tem dias de férias para gozar, porque as suas empresas os obrigaram a despendê-los durante o período do confinamento, enquanto o lay-off não vinha. Para outros, as férias pagas são uma miragem que nunca tiveram o direito a saborear – há 800 mil trabalhadores a recibo verde e outros tantos trabalhadores informais para quem esse direito não existe. E há ainda os precários que perderam o emprego – não têm trabalho, é certo, mas poderemos chamar a um período de ansiedade, em que a ausência de atividade convive com a aflição da ausência de rendimento, um tempo de férias? As férias de Verão são, na realidade, uma invenção relativamente recente do ponto de vista histórico. Não existiram sempre, não existem ainda hoje em muitos países, e não caíram do céu. Enquanto estação, devemos o Verão à inclinação do eixo de rotação da terra que nos traz, neste período, mais sol. Mas enquanto tempo social, enquanto interrupção parcial do “trabalho para outros”, enquanto
tempo para nós, o verão é uma invenção e uma conquista do movimento operário, das greves e dos sindicatos. Foi há pouco mais de 80 anos, em 1936, que a Frente Popular, em França, num governo que juntou socialistas, comunistas e radicais, reconheceu pela primeira vez no mundo as duas semanas de férias pagas aos trabalhadores. Esse reconhecimento não foi uma oferta generosamente outorgada por um Governo, por melhor que ele fosse. Foi um direito arrancado ao poder pela força de uma onda grevista que, pouco depois desse governo tomar posse, em maio desse ano, dinamizou uma enorme greve que começou numa empresa de aviação, que teve a solidariedade dos estivadores e que depois se alastrou a toda a sociedade, com a participação de mais de 2 milhões de trabalhadores, que então pararam. Em Junho de 36, contrariando a ambição dos patrões, o governo da frente popular fecharia a negociação de um acordo com os grevistas para lhes garantir não apenas as 40 horas sem perda salarial (num tempo
em que a regra era ainda as 48 horas), mas também as duas semanas de férias pagas. Foi um momento histórico. Em Portugal, só depois do 25 de abril de 1974 se consagrou as férias como um direito anual irrenunciável, independente da vontade dos patrões. Tantas décadas depois, o que temos? Temos horários que se prolongam informalmente para lá das 40 horas, o tempo pessoal invadido por solicitações permanentes, a omnipresença de novas tecnologias, uma hiperconectividade que funciona como uma espécie de prisão. Temos, também, uma lei vinda de 2012, que cortou 3 dias de férias a quem trabalha, e que nunca foi alterada. Temos uma situação difícil pela frente, um mar de precários, de desempregados, de recibos verdes e de trabalhadoras informais que não têm férias pagas porque não gozam desse direito elementar que seria ter um contrato de trabalho. Mas temos, também, memória – esse antídoto contra o fatalismo. E, como no passado, a imensa força da solidariedade e das escolhas colectivas por fazer.
Tantas décadas depois, o que temos? Temos horários que se prolongam informalmente para lá das 40 horas, o tempo pessoal invadido por solicitações permanentes, a omnipresença de novas tecnologias, uma hiperconectividade que funciona como uma espécie de prisão
Um conservador é um homem cobarde demais para se bater e gordo demais para correr. PALAVRA DO DIA
EXMOO
RÓMULO SANTOS
Elbert Hubbard
MALÁSIA INSPECTOR-GERAL APELIDOU MACAU DE COLÓNIA
O
Casa do Mandarim Condutor suspeito de ter danificado edifício
Um condutor de um camião basculante foi detido por ser suspeito de ter raspado a parede da Casa do Mandarim e fugido do local. Segundo o jornal Exmoo, no dia 3 deste mês, o Instituto Cultural denunciou à Polícia Judiciária (PJ) que a parede do monumento classificado como património mundial tinha aparecido com marcas de danos com comprimentos de 20 a 30 centímetros, com custos de reparação de cerca de 5 mil patacas. Após recorrer ao sistema de vigilância “Olhos no Céu”, a política identificou um condutor com o apelido Leong, de 38 anos, que terá raspado a parede, quando passava com o camião no local, pelas 9h00. O homem acabou por ser chamado à PJ para prestar declarações e o caso foi reencaminhado para o Ministério Público, com o condutor a estar indiciado por dano e fuga à responsabilidade.
Direito 14 advogados de Macau podem exercer no Interior
Segundo os dados disponibilizados pelo Departamento dos Recursos Humanos e Segurança Social da Província de Cantão há um total de 14 de advogados de Macau autorizados a exercer a profissão em Cantão. Os números, citados pelo canal chinês da Rádio Macau dizem ainda que actualmente existem 11 parcerias entre escritórios de Cantão, Hong Kong e Macau. Em relação a Hong Kong, o número de advogados registados que podem exercer actividade, no âmbito da criação da Grande Baía, é de 1779 causídicos.
Telemarketing Associação rejeita participação de sócios
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Leong Iek Hou “Se houver uma contaminação em determinadas zonas (...) não significa que quando ocorrer um caso em Macau que não tem nada a ver com casinos os vamos fechar.”
Métrica do risco Casinos não são obrigados a fechar se ocorrerem casos de covid-19
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A eventualidade de Macau ter um caso de covid-19, vão ser aplicadas medidas mais rigorosas, disse ontem a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. Mas isto não é sinónimo de fecho dos casinos, há primeiro que avaliar o risco que o caso representa e a influência que pode ter em Macau. “Se houver uma contaminação em determinadas zonas, vamos definir estas zonas como sendo de médio ou alto risco, mas isso não significa que quando ocorrer um caso em Macau que não tem nada a ver com casinos os vamos fechar”, disse ontem Leong Iek Hou. As medidas de distanciamento social nos casinos vão-se manter, mesmo com a retoma da emissão de vistos turísticos para a província de Guangdong a partir de 16 de Agosto e
posteriormente a toda a China. “Macau agora está relativamente estável, não podemos dizer que estamos com risco zero, mas temos de equilibrar as nossas actividades económicas”, comentou a médica. A flexibilização das medidas de distanciamento social foi remetida para um futuro em que haja vacinas. Com a retoma dos vistos individuais, vão aplicar-se medidas de controlo de fluxo de pessoas “em tempo oportuno”, disse o representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública. Uma hipótese apontada é o reforço dos transportes, para triagem das pessoas que passem a fronteira.
ERROS AFASTADOS
Relativamente ao caso de um bebé de nove meses que engoliu uma parte da zaragatoa ao fazer o teste de ácido nucleico, concluiu-se que não houve erro
médico. “Sabemos que com as crianças é possível haver incidentes”, disse Leong Iek Hou. O bebé está estável e não houve complicações, mas os Serviços de Saúde já tomaram medidas relativas aos menores. A partir de hoje, os pais que quiserem acompanhar menores de 18 anos ao Fórum Macau, podem também realizar aí o teste de ácido nucleico. Antes, só menores, portadores de deficiência e idosos é que podiam fazer o teste neste local. A partir de hoje há direito de escolha. No entanto, neste local só é disponibilizado o teste de zaragatoa nasofaríngea. Quem quiser realizar teste orofaríngeo tem de se deslocar a outro posto. Até terça-feira, estavam 1410 pessoas em observação médica, cinco das quais num barco de pesca e outra em instalações dos Serviços de Saúde. Salomé Fernandes
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SS Jorge Sales Marques recebe louvor
O médico Jorge Sales Marques recebeu um voto de louvor pelo seu trabalho nos Serviços de Saúde (SS). “Considerando o seu espírito profissional e dedicação ao longo desses anos no serviço, confiro público e merecido louvor ao Dr. Jorge Manuel Sales Marques”, pode ler-se na nota assinada pelo director dos SS, Lei Chin Ion. O voto de louvor partilhado pelo próprio Sales Marques no Facebook, confirma ainda que o médico irá ser desvinculado do cargo de Chefe de Serviço e responsável pelos serviços de pediatria, a partir do dia 1 de Setembro de 2020. Jorge Sales Marques começou a exercer funções nos SS em 1995.
Inspector-Geral da polícia da Malásia, Tan Sri Abdul Hamid Bador, voltou a insistir na necessidade da congénere de Macau colaborar com as investigações sobre o paradeiro do fugitivo Jho Low e apelidou Macau de “colónia”. As declarações foram citadas pelo jornal malaio The Star, na passada sexta-feira, onde é apontado que as autoridades da Malásia têm registos de transacções bancárias feitas pelo fugitivo na RAEM. “Enviámos os nossos agentes a Macau e tiveram um encontro com as autoridades a quem foi pedida a cooperação [para o caso]. Se eles tivesse feito o que é correcto teriam lidado com a situação de uma forma séria, uma vez que estamos a falar de Jho Low, um criminoso e um ladrão que causou milhões em dívidas à Malásia”, acusou Bador. O representante das autoridades da Malásia mostrou-se ainda agastado com a conduta de Macau, afirmou não compreender a postura da congénere, por defender que o caso não é “político”, e revelou que as autoridades malaias têm registos de transacções financeiras de Low na RAEM: “Eles são polícias.... por isso, é com naturalidade que devem ter o que é necessário para fazer o que é correcto... Era isso que deviam fazer em vez de virem com comunicados a dizer que a nossa informação [sobre o paradeiro de Low] está incorrecta. Na verdade, ele fez transacções de negócios a partir de Macau”, afirmou. Em relação a este assunto, Bador considerou ainda que é fácil saber o paradeiro de Low na RAEM, uma vez que é um território com uma dimensão pequena: “Macau não tem uma área tão vasta quanto a da Sibéria, é apenas uma colónia pequena, por isso o que é que faz com que seja tão difícil de encontrar Jho Low?”, questionou. BERNAMA
Em declarações publicadas ontem no jornal Ou Mun, a Associação de Negócios de Indústria de Beleza de Macau afirmou que os salões de beleza envolvidos nos casos de telemarketing não são sócios da associação. A associação aponta o dedo a empresas de beleza do exterior que se estabelecem no território. A mesma organização “odeia” e “condena seriamente” os actos de promoção de telemarketing, apontando que os casos recentes prejudicaram a reputação do sector. Assim, espera que as autoridades se esforcem para erradicar tais actos. A associação indicou também estar disposta a cooperar com as autoridades para erradicar as empresas que agem mal, e apelou aos sócios defenderem a imagem do sector e de Macau.
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