Hoje Macau 14 OUT 2011 #2472

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau MOP$10

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 14 DE OUTUBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2472

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Ter para ler

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 24 MAX 28 HUMIDADE 65-95% • CÂMBIOS EURO 11.0 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ESTÁ EXPLICADO O FRENESIM DE MULTAS, CONTRAVENÇÕES E COIMAS

POLÍCIA MULTA PARA DISSUADIR USO DO AUTOMÓVEL • PÁGINA 6

OPINIÃO Carlos Morais José

É A HISTÓRIA, ESTÚPIDO!

LAG e Assembleia Legislativa marcam rentrée política

• PÁGINA 17

Os básicos

Jorge R. Simão

O EFEITO W • PÁGINA 18

Paul C. Wai Chi

Segundo uma sondagem realizada pela Associação de Nova Visão de Macau, o povo espera que o Executivo de Chui Sai On apresente novas medidas para a sua subsistência básica. Os residentes querem mais dinheiro para driblar a inflação e casas mais baratas. Os deputados da Assembleia Legislativa também têm um pedido: o Governo deve melhorar a qualidade das leis que vai apresentar nesta sessão legislativa. > PÁGINA 4

FIM DE FÉRIAS NA AL • PÁGINA 19

James Chu

9/11 UMA

POLÉMICA PARA LEMBRAR • h CENTRAIS

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ENTREVISTA | PAULO VALENTIM

MÚSICO, ARTISTA, CERAMISTA E SABE-SE LÁ O QUE MAIS • CENTRAIS

h

JOSÉ DRUMMOND

O LIVRO DA SÍNICA ARTE


SEXTA-FEIRA 14.10.2011 www.hojemacau.com.mo

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ACTUAL

Pequim avisa que Europa não pode esperar caridade da China

vir para a Europa e a comprar dívida europeia, sem no entanto querer adiantar valores, maturidades ou os países emissores. “Mas não podem pedir à China que faça caridade. Negócios são negócios. Nós queremos relações mutuamente benéficas, mas nós investimos para ter lucros”, acrescentou. “Se houver investimento na Europa através do FMI ou dos fundos de resgate, então decidiremos a nossa posição, com base na segurança do investimento ou se o retorno é bom. Se nos mostrarem que essas obrigações são seguras e dão lucro, nós investiremos”, disse a fonte diplomática. Pequim, afirmou também o responsável, gostaria de ver maior coordenação dos 17 Estados da moeda única europeia na resolução da crise da dívida soberana. “Os governos da zona euro estão atrasados face ao mercado. É compreensível, mas seria bom que a resposta fosse mais rápida”, referiu.

Ajudar tem um preço

A

China só ajudará a Europa se for um bom negócio, admitiu ontem fonte diplomática chinesa, reclamando de Bruxelas a atribuição a Pequim do estatuto de economia de mercado e o fim do embargo à venda de armas. Um mês depois de o primeiro-ministro, Wen Jiabao, ter dito que gostaria de ver a União Europeia (UE) atribuir à China o estatuto de economia de mercado, em reconhecimento pela ajuda chinesa à resolução da crise da dívida soberana na zona euro, o responsável chinês levantou também ontem o tema do embargo da venda de armas. “Para bem da relação entre os dois lados, esperamos

ter uma resolução rápida para estas duas questões. Temos de ter em consideração os sentimentos da nossa população. E um dos sentimentos é que os europeus vivem muito melhor do que os chineses e de que a China está a fazer coisas boas pela Europa e não vê nenhum retorno”, afirmou. Em 2001, para entrar na Organização Mundial de Comércio, a China aceitou esperar 15 anos antes de receber o estatuto de economia de mercado. Se a Europa antecipar a atribuição desse estatuto a Pequim, isso protegerá os produtores chineses de sanções quando Bruxelas considerar que os bens chineses entram na UE abaixo do preço de custo na união. A UE impôs a proibição

da venda de armas à China no seguimento da repressão militar das manifestações pró-democracia da Praça de Tiananmen, em 1989. “Quando tomamos decisões de investimento no estrangeiro, enfrentamos pressões internas (...) Como é que podemos dizer que a China e a Europa fazem coisas em conjunto e depois dizer ao povo chinês que essas duas questões continuam por resolver?”, disse a fonte diplomática, num encontro em Lisboa. Pequim quer continuar a ser um parceiro comercial da Europa, quando muitas empresas e países estão a sair da zona euro, acrescentou a mesma fonte, sublinhando que a China continua a encorajar os empresários a

NIKE QUER INCENTIVAR POPULAÇÃO A FAZER EXERCÍCIO

Pôr os chineses a mexer de olho no dinheiro A

CHINA | EPIDEMIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES A percentagem de doenças cardiovasculares na China já ultrapassa os 40%. É já um dos países com mais doenças deste tipo em todo o mundo. Os especialistas já se referem à situação como uma epidemia. A população chinesa tem um elevado índice de obesidade, diabetes, colesterol e hipertensão, bem como um elevado número de fumadores masculinos. As autoridades sanitárias dizem ser necessárias medidas de prevenção com emergência. A Sociedade Europeia de Cardiologia anunciou que vai apresentar um programa preventivo para ajudar aquele país no 22º Congresso Internacional de Cardiologia, que decorre entre amanhã e domingo em Pequim.

Nike Inc. quer animar as vendas de fatos desportivos na China. Para tal precisa mudar as noções de moda e ajudar a promover uma cultura de desporto no dia-a-dia que vá além das laureadas equipas olímpicas e jogadores profissionais do país. A Nike tem esperança de praticamente dobrar as vendas na China até 2015 e atingir uma meta de 4000 milhões em facturamento anual, disse Don Blair, director financeiro e vice-presidente, numa entrevista ao jornal “Wall Street Journal”. Para chegar lá, a empresa americana, que tem sede no Estado americano de Oregon, planeia abrir mais lojas, concentrar-se mais em desportos recreativos, como corrida e snowboarding, e enfatizar os atletas locais que fazem publicidade da marca, como o velocista olímpico chinês Liu Xiang e a jogadora chinesa de ténis Li Na. Mas é o próprio consumidor chinês quem oferece o maior obstáculo, dizem observadores do mercado. Desportos de campo, como o futebol e o basebol, têm

pouco apelo nas densas áreas urbanas, enquanto os clubes são tradicionalmente vistos como um lugar para ricos. “A China tem uma das maiores populações ligadas ao desporto, mas os chineses ainda não são participantes”, disse Blair. Os chineses fazem exercício de maneira bem diferente. Embora muitos andem de bicicleta até o trabalho, fazem-no a vestir roupas casuais. Crianças em idade escolar fazem, por lei, 40 minutos de ginástica todos os dias, mais centrado em alongamento do que suor.

Os ginásios ganharam popularidade na China nos últimos anos e os comerciantes de fatos desportivos viram as vendas crescer, mas observadores do mercado dizem que uma parte significativa da população não dá essa bola toda para os exercícios físicos. Li Guanqun, de 27 anos, editora de um website do governo em Pequim, é emblemática do desafio que a Nike enfrenta, especialmente com as mulheres. Li diz que talvez compre um par de calções desportivos por ano, embora não o utilize com

frequência. “Correr é tão exaustivo”, diz. “O desafio é enorme”, diz Torsten Stocker, um sócio do escritório em Hong Kong da firma de pesquisa de mercado Monitor Group. A Nike - que é mais vista como uma marca de moda na China - também enfrenta uma concorrência maior de empresas de roupas tradicionais, como a Gap Inc. e a marca sueca Hennes & Mauritz AB. E como todas as empresas na China, também precisa lidar com as constantes falsificações de marcas famosas. A Nike e a rival Adidas foram das primeiras fabricantes estrangeiras de roupas a expandir-se para a China. A Nike aproveitou-se da mania em torno do basquetebol na China, patrocinando estrelas do NBA, como LeBron James. A empresa é a número um em roupas desportivas por vendas, de acordo com a firma de pesquisa de mercado Euromonitor International, que estima que as vendas da Nike tenham crescido 8% no ano passado para 13,54 mil milhões de yuans.


Retirar o escudo português da legislação pré-1999 inscreve-se num conjunto de acções, mais ou menos conscientes, que promove o apagamento da História de Macau, transformando-a num inconsciente complexo colectivo, ao invés de a esclarecer, de assumir à luz do dia, isto é, de a tornar inofensiva. É dos livros: o recalcado volta sempre ao local do crime. Logo, retirar os escudos é contraproducente e estúpido. Carlos Morais José P.17

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Governo chinês lança plano para proteger pequenas empresas

Abatidas pelo mercado negro do crédito

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China anunciou planos para dar apoio emergencial a empresas privadas com problemas, em meio a temores de que falências num sector crucial, que tem sofrido com a queda nas exportações, possam ameaçar o sistema financeiro do país. Um número crescente de empresas privadas chinesas está à beira da falência porque não consegue pagar credores do mercado negro que assumiram o lugar do crédito estatal, depois que o Governo restringiu os empréstimos bancários para travar a inflação. Os analistas dizem que o risco é que essa fonte ilegal de crédito seque e consequentemente quebre até mesmo empresas saudáveis, com graves consequências no sistema bancário formal. O principal motivo de preocupação é o crescimento vertiginoso do crédito “sombra”. São empréstimos de curto prazo no mercado negro que ameaçam levar as pequenas empresas chinesas à falência, criando por sua vez uma ameaça imediata à economia, e também empréstimos fora de balanço dos grandes bancos, que criam perigo a longo prazo. Esse sistema financeiro subterrâneo cresceu o suficiente para atrapalhar o firme controlo governamental sobre o crédito e as taxas de juros, duas ferramentas fundamentais para conduzir a segunda maior economia do mundo. Depois de uma reunião presidida pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, o Conselho de Estado anunciou na noite de quarta-feira um conjunto de medidas para oferecer mais crédito para pequenas empresas. “É preciso dar muita atenção a essas firmas”, afirmou o organismo num comunicado no site do governo, acrescentando também que as pequenas empresas têm um “papel insubstituível” na economia e no emprego do país. As pequenas e médias empresas do sector privado chinês respondem por 80% dos empregos do país e por mais da metade do PIB. O comunicado foi feito dois dias depois de o fundo soberano da China intervir na Bolsa de Xangai para conter a queda das acções de vários bancos, o que evidencia como a possibilidade de deterioração do sistema financeiro está a

receber cada vez mais atenção dos líderes chineses. Foi o primeiro resultado concreto de uma visita feita por Wen na semana passada à cidade costeira de Wenzhou, famosa pelo espírito empreendedor e onde várias pequenas empresas fecharam as portas porque não conseguiram pagar os juros anuais de até 50% cobrados pelo mercado negro.

ACESSO DIFÍCIL

As grandes estatais chinesas continuam com acesso a empréstimos bancários, apesar do aperto de crédito iniciado pelo Governo no ano passado, mas as companhias privadas, geralmente pequenas, muitas vezes ficam de fora e são forçadas a buscar fontes alternativas de financiamento. O mercado negro, onde há pouca regulamentação, tem recursos de incorporadoras imobiliárias, mineradoras de carvão e pessoas físicas ricas em busca de retorno maior. Boa parte dos recursos desses credores vem dos próprios bancos. Num indício de quão grande é o volume de empréstimos que não é contabilizado pelos bancos, o crédito que fica fora do balanço das instituições financeiras é de cerca de 1200 biliões de yuans, dizem economistas do UBS. O total de empréstimos a receber, tanto dentro como fora do balanço dos bancos, era de 5570 biliões de yuans em Agosto. Quase 100 donos de fábricas em Wenzhou fugiram da cidade desde Abril depois de não conseguir

pagar empréstimos com juros elevados, segundo a imprensa estatal. Problemas como esses, alertam economistas, podem significar que há desafios ainda maiores para o vasto sector bancário chinês e para o resto da economia, com potencial de causar falta de pagamento até em empréstimos bancários a juros normais. Isso pode forçar os bancos a cortar linhas de crédito mesmo para empresas estáveis. A crise no sector privado chinês também alimenta novas dúvidas sobre a capacidade do país de usar o crédito bancário para impulsionar a economia, como fez durante a crise financeira mundial de dois anos atrás. “Achamos que os riscos maiores são a retirada do crédito tanto no mercado informal como

no formal e o contágio”, afirmou numa nota recente Wang Tao, economista do UBS especializado na China.

ACÇÃO CONTRA ILEGALIDADE

O comunicado do gabinete chinês reconheceu as possíveis ameaças e enfatizou que os canais de financiamento privados e informais só serão permitidos “nos limites da lei”. O gabinete afirmou também que o Governo vai reprimir práticas ilegais como esquemas de pirâmide ou crédito a juros excessivamente altos. O Governo também vai proibir empregados de empresas financeiras de qualquer envolvimento com o crédito informal, afirmou o gabinete. O organismo frisa que a China

permitirá que pequenos bancos continuem a desfrutar de exigências de compulsório “relativamente baixas”, em comparação com os grandes bancos, para que os pequenos bancos possam emprestar mais para as empresas menores. Os compulsórios precisam ser depositadas no Banco Central, limitando a capacidade de crédito dos bancos. As autoridades anunciaram também que vão reduzir os impostos das pequenas empresas. Os analistas dizem que as novas políticas representam o que eles chamam de “afrouxamento direccionado” em áreas específicas em que as empresas enfrentam pressão, mas que não significa um relaxamento geral da política monetária do Governo. “Essa política é voltada principalmente para aliviar a situação financeira de pequenas empresas [...] já que elas têm enfrentado muita pressão”, disse o economista Ma Xiaoping, do HSBC. O mercado negro de crédito existe há anos na China, mas o recente crescimento não tem precedente, dizem analistas. O resultado dessa expansão é que a China tem um “nível inusitadamente alto” de dívida bruta em comparação com outros países em desenvolvimento, segundo um relatório recente do Fundo Monetário Internacional sobre estabilidade financeira. O FMI calcula que os empréstimos domésticos dentro e fora do balanço dos bancos atingiram 173% do PIB da China no fim de Junho.

CHINA AJUDA FBI A FECHAR 18 SITES DE PORNOGRAFIA INFANTIL

Tão amigos que eles já são A

Polícia Federal norte-americana (FBI) desmantelou uma rede internacional de 18 sites electrónicos dedicados à pornografia infantil, depois de uma “dica” da China, divulgou ontem aquele órgão de investigação criminal. O escritório do FBI em Pequim recebeu informações das autoridades chinesas, no final de 2010, que permitiu iniciar uma investigação “em larga escala” a 18 websites americanos dedicados à pornografia infantil, divulgou o FBI, na sua página electrónica. A investigação levou à detenção de um homem nascido na China, que residia em Nova Iorque e que tinha imigrado para os Estados Unidos. Os sites es-

tavam alojados em servidores americanos, na cidade de Dallas, e recebiam pagamentos electrónicos por cópia de fotografias de crianças, classificadas pelo FBI de pornografia infantil. “Todos os 18 websites foram desligados”, disse o agente especial do FBI, que acompanhou esta investigação adiantando que o autor e responsável dos endereços electrónicos facturava cerca de 20 mil dólares por mês. As autoridades chinesas enviaram um oficial que se juntou aos agentes do FBI, para investigar este caso em concreto, tendo recebido formação em princípios legais, tecnologia e técnicas de investigação.


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POLÍTICA

Sondagem revela expectativas dos residentes para o relatório das LAG

Inflação e habitação no centro do tufão Virginia Leung

virginia.leung@hojemacau.com.mo

O

aumento desenfreado dos preços e os problemas habitacionais foram as preocupações mais recorrentes numa pesquisa de opinião que revelou as expectativas dos residentes para o próximo relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG). De acordo com a sondagem realizada pela Associação de Nova Visão de Macau (ANVM) a avaliação do público à governação nessas duas áreas foi de apenas quatro pontos (em 10 possíveis). “A sondagem mostra que os residentes locais estão sobretudo preocupados com a inflação e

A

Assembleia Legislativa (AL) irá reabrir as portas em breve e os deputados já se estão a preparar para uma nova maratona parlamentar. Lee Chong Cheng afirma-se preocupado sobretudo com as questões relacionada com as condições de subsistência do povo. O deputado sugeriu ao Governo que reforçasse a comunicação administrativa e legislativa com vista a uma maior interacção que permita melhorar a qualidade e eficiência da legislação. “O Governo está a trabalhar muito duro, mas a efectividade ainda não está à altura das expectativas”, afirmou, o deputado eleito directamente para a AL, de-

com os problemas da habitação”, avançou Lou Shenghua, vice-presidente da ANVM, na divulgação dos resultados da Sondagem de Expectativas dos Residentes de Macau para o Relatório das LAG. “A maior parte dos residentes quer que o Governo acelere a construção de habitação económica, reforce regulação do mercado imobiliário e o controlo dos preços dos produtos”, acrescentou. No capítulo da habitação, “embora o Governo tenha já implementado medidas como o imposto de selo especial para os imóveis, a verdade é que os preços das casas continuam elevados e as tais 19 mil unidades de habitação económica ainda não estão construídas, o que deixa as pessoas preocupadas”, explicou.

O que quer ver o povo nas novas LAG? A Sondagem de Expectativas dos Residentes de Macau para o Relatório das LAG apurou os maiores desejos da população. Aqui fica o top-10 das preocupações do povo: 1. Acelerar a construção de habitação pública 2. Reforçar o controlo do mercado imobiliário 3. Controlar o preço das mercadorias 4. Promover transportes públicos e melhorar o serviço de autocarros 5. Criar um sistema de protecção médica 6. Combater o trabalho ilegal para assegurar oportunidades para os residentes 7. Avançar com reformas educativas e melhorar a qualidade da educação 8. Ajudar os desfavorecidos com mais subsídios para fazer face à inflação 9. Aumentar o investimento em apoios sociais 10. Continuar a distribuição de cheques pecuniários

Analisando os resultados da sondagem, Lou Shenghua recomenda que o Governo, no próximo Relatório das LAG, dê especial enfoque à introdução de novas políticas sociais e nas ajudas à subsistência, sobretudo acelerando a criação de mais habitação pública, reforçando o controlo do mercado imobiliário e dos preços das mercadorias. Além disso, não devem ser esquecidas questões relacionadas com os transportes públicos e com o combate ao trabalho ilegal. Na sondagem agora divulgada, a ANVM entrevistou 773 residentes locais nos dias 7 e 8 deste mês. A associação comprometeu-se a voltar a fazer o mesmo todos os anos antes do anúncio das Linhas de Acção Governativa.

DEPUTADO SUGERE AO GOVERNO MAIS PREOCUPAÇÃO COM QUALIDADE DA LEGISLAÇÃO

Maior comunicação precisa-se

fendendo que a prioridade na nova sessão legislativa seja dada a questões que afectam a qualidade de

vida das pessoas, como por exemplo a habitação. Neste capítulo, considera, que Macau tem ainda um

longo caminho pela frente em termos de regulação para garantir um desenvolvimento saudável do mercado imobiliário. Que o mercado privado de imóveis está contaminado com especulação que encarece a habitação já não é novidade, mas Lee Chong Cheng considera indesejável que o mercado imobiliário tenha grandes flutuações, pois isso seria desvantajoso para o desenvolvimento da sociedade. É necessário, no entanto,

controlar práticas de venda indesejáveis. O deputado que representa na AL, ao lado de Kwan Tsui Hang, os tradicionalistas da União Para o Desenvolvimento (UPD) observou não haver um sistema ou medidas de combate à especulação que regulem verdadeiramente o mercado – o imposto de selo especial é um começo, mas não chega. É preciso, defende, um sistema jurídico integrado com leis que se complementem para regular os leilões de terrenos, a

pré-venda, a construção e a administração de edifícios. O deputado referiu-se ainda à questão da lei anti-tabaco, congratulando-se com o facto de o Governo e os deputados terem já encontrado um ponto de equilíbrio entre os interesses da indústria do jogo e o controlo anti-tabaco. Lee espera agora que a proibição de fumar em locais fechados seja efectivada o mais depressa possível e não fique encalhada nalguma dificuldade técnica. - V.L.


COMÉRCIO COM PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA AUMENTOU 28% As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa aumentaram 28% até Agosto face ao período homólogo de 2010 para 75,1 mil milhões de dólares. De acordo com as estatísticas dos Serviços de Alfândega da China divulgadas ontem pelo Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau, entre Janeiro e Agosto a China comprou aos oito países de língua portuguesa produtos no valor de 49,8 mil milhões de dólares, um montante que representa um acréscimo de 24,6% face ao ano transacto. Já as vendas efectuadas pela China sofreram um acréscimo de 36,3%, cifrando-se em 25,3 mil milhões de dólares.

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Pereira Coutinho interpela Governo sobre a questão da reforma política

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

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UAL é para o Governo o significado concreto de “consenso na sociedade”? É a questão que José Pereira Coutinho coloca, depois do Executivo alegar que sem esse factor não se poderá dar

início à reforma política no território. Numa interpelação escrita, o deputado relembra “o grande número de pessoas que votaram nos deputados” nas últimas eleições e pergunta ao Governo se não o considera representativo. Actualmente, há 12 deputados que são eleitos pela via directa, mas

a maioria não o são: dez são eleitos por sufrágio indirecto e sete nomeados pelo Chefe do Executivo, ele próprio escolhido por 300 pessoas. “Os governantes governam em nome das pessoas e devem ser escolhidos pelo voto livre dos cidadãos”, frisa Pereira Coutinho. Segundo o Executivo,

O QUE PERGUNTA PEREIRA COUTINHO E O QUE DIZ O GOVERNO:

Janeiro de 2011 – Pereira Coutinho quis saber qu elementos permitiam ao Governo afirmar que não havia consenso na sociedade para implementar a reforma do sistema político. Na resposta, o Governo referiu que desde 2010 e até meados de Abril de 2011 tinham sido recolhidas mais de 120 opiniões e refere que não tem intenção de fazer qualquer comentário ou comparação sobre os pontos de vista e formas de pensar reveladas nas opiniões antes de existir um consenso na sociedade. Quanto à altura em que se poderá eleger deputados por voto directo da população, ou se o número de legisladores iria, pelo menos aumentar, o Governo refugia-se na mesma resposta, da mesma forma que faz com a questão que se refere à escolha do Chefe do Executivo. “Importa saber qual é para o Governo o significado concreto da expressão “consenso na sociedade”, avança Coutinho.

ANTÓNIO FALCÃO

O que é consenso?

terão sido recolhidas 120 opiniões sobre a evolução do sistema político. Ontem, Pereira Coutinho perguntou ao Governo “quantas dessas opiniões resultaram de perguntas concretas e quais foram as perguntas feitas”. Além disso, o deputado quer ainda saber se 120 pessoas, do total de meio milhão que existem em Macau, chegam para se decidir sobre a forma de eleição dos deputados e do Executivo. A Lei Básica visava que, em 2009, houvesse uma reforma do sistema político. No entanto, esta nunca aconteceu. Em 2010, Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, justificou porquê: não havia consenso na sociedade o Governo de Macau considera que as condições para a implementação do sufrágio

universal na região ainda estão por amadurecer. Só depois da revisão, que se encaminha para a democracia, se poderão ter mais deputados eleitos pela população na Assembleia Legislativa (AL) ou se poderá

escolher o Chefe do Executivo. Sem qualquer “consenso” para já, fica no ar a pergunta: nas próximas eleições para o Chefe do Executivo e para os deputados da AL, os eleitores vão poder escolhê-lo através de voto directo?

DRJDI NÃO COMENTA ENTREGA DE RELATÓRIO INCOMPLETO DA ONU

GOVERNO ESTÁ “ATENTO” A INSTABILIDADE ECONÓMICA

Uma semana depois... nada

De olhos abertos mas sem acção

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

“N

ÃO temos qualquer comentário a fazer”. Foi desta forma que o Executivo respondeu às questões colocadas pelo Hoje Macau sobre a notícia que versava sobre o relatório sobre direitos civis e políticos entregue incompleto à ONU. Depois de uma semana a aguardar pelos comentários da entidade responsável, o Dorecção de Serviços para a Reforma Jurídica e Direito Internacional (DSRJDI) garantiu que não ia responder a perguntas como “porque não está mencionada a lei relativa à segurança de estado” ou “porque não foi tornado público o relatório”. A 7 de Outubro, uma notícia avançada pelo Hoje Macau descrevia a entrega do primeiro relatório a ser submetido pela RAEM ao Comité dos Direitos Humanos da ONU, desde que o território assinou a Convenção

Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos em Abril de 1993, e denunciava algumas lacunas, na altura consideradas “estranhas” por especialistas do direito internacional. Ao pedir uma reacção ao Executivo, mais concretamente ao próprio DRJDI, como entidade responsável, foi-nos pedido o envio das questões por correio electrónico, processo normal. Ontem, uma semana depois sem que nada nos fosse esclarecido, o departamento de relações

públicas frisou que “todo o gabinete” tinha tomado a decisão de não tecer comentários. A ausência de referências a mais de uma dezena de legislações que estão em vigor há, pelo menos, dois anos e ligadas aos direitos humanos – como o caso da lei 2/2009 -, o atraso da RAEM na entrega de relatórios, quando comparado com Hong Kong e o facto do relatório nunca ter sido tornado público, suscitam algumas dúvidas. Mas essas ficarão, por enquanto, por esclarecer.

A

PESAR do crescimento económico de Macau se ter revelado “estável” no primeiro semestre e de se prever que atinja os dois dígitos até ao final do ano, o Governo reconheceu que o território pode sofrer influências externas e garantiu “estar atento”. De acordo com o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, citado numa nota oficial, o território pode ser influenciado por “certos factores exógenos de instabilidade” e, por isso, “o Governo estará atento ao desenvolvimento económico no último trimestre do ano”. Ao lembrar que Macau integra o grupo de territórios com economias de pequena dimensão viradas para o exterior e, portanto, “muito sensíveis à situação externa”, Francis Tam prometeu que o Governo “vai continuar a acompanhar possíveis sinais de instabilidade”, bem como o seu eventual impacto. Até ao final do terceiro trimestre, os efeitos económicos exógenos fo-

ram “diminutos” no turismo local, que chegou mesmo a atingir valores acima das previsões no período da “Semana Dourada”, quer em termos do número de visitantes, ao nível do comércio a retalho, bem como na indústria hoteleira. Neste sentido, o secretário para a Economia e Finanças disse que o Governo “está satisfeito com a situação do corrente ano”, assumindo uma posição de “optimismo”, mas também de “prudência” em matéria de desenvolvimento. À luz das previsões de Francis Tam, o terceiro trimestre, terminado em Setembro, deve seguir uma tendência de crescimento económico idêntica à registada no primeiro semestre. No início de Setembro, o governante disse esperar para este ano um crescimento da economia local superior a dez por cento ao considerar que o ambiente económico da Região continua a ser “ideal”.


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6 Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo

S

E todos os veículos privados registados em Macau saíssem à rua ao mesmo tempo, os 413 quilómetros de estradas no território não chegavam para 70% deles. Seriam precisos mais 250 quilómetros de rodovia para pôr todos os automóveis e motociclos parados em fila, sem conseguirem mover-se, isso ainda sem contabilizar os táxis e os autocarros. A andar ou estacionados, o excessivo número de rodas está a dar mais trabalho aos agentes de trânsito e está a deixar os moradores dos bairros antigos de cabelos em pé. “Temos de multar”, diz um agente da PSP que todos os dias tem de percorrer as ruelas do bairro de São Lourenço a gastar o seu bloco de multas. “Há veículos a mais em Macau e temos de fazer alguma coisa. Talvez a passar multas, os proprietários vejam que é muito caro manter o carro ou a moto cá.” Na verdade, até Agosto de 2011, a polícia já passou cerca de 290 mil multas – 17,02% mais em comparação com o período homólogo do ano passado. Destas a polícia não revela quais é que são relacionadas com multas por estacionamento indevido. Durante o ano de 2010 a polícia passou 366.537 multas. Voltando às contas. A franja da população que está habilitada a conduzir, sejam motociclos ou automóveis, situa-se entre os 15 e os 64 anos, ou seja, 79,8% dos habitantes de Macau. Se atendermos ao facto de os últimos números – Dezembro de 2010 - revelarem cerca de 552.300 habitantes, facilmente chegamos ao número de 440.735 pessoas habilitadas a conduzir. De acordo com os registos da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) existem 93.335 carros e 109.279 motas registadas em Macau, o que representa um total de 202.614 veículos. Sendo a população habilitada a conduzir de 440.735 isso quer dizer que quase metade desse número possui veículo privado. O empresário Chan, por exemplo, extrapola as contas. Ele sozinho tem cinco carros – “um para cada dia da semana”, diz, sem pesos na consciência. Reconhece que conduzir em Macau é um teste de paciência, mas afirma que não abre mão de nenhum dos seus veículos – todos de grandes marcas. “Não me estou a ver a andar de autocarro. Sentar-me ao volante e ir para qualquer lado sem ter de apanhar nenhum calor é muito melhor.”

SOCIEDADE Polícia tenta reduzir veículos em circulação com mais coimas

Multado? Deixe o carro em casa Se todos os veículos registados em Macau saíssem à rua ao mesmo tempo, os 413 quilómetros de rodovias só davam para 70% deles paradinhos. Sem nenhuma medida concreta do Governo para travar o licenciamento de novos carros e motos, a polícia ganha o dia a passar multas e espera que o aumento das coimas venha a conscientizar os residentes sobre o caos de andar sobre quatro rodas no território

Muitas rodas para pouco chão Número de carros Número de motos Extensão total das rodovias

93.335 190.279 413,4 quilómetros

*Dados referentes a Agosto/2011

As infracções que mais aumentam Lançamento de fumos poluentes por táxis Lançamento de fumos poluentes por automóveis Não pagamento de multas no prazo de 15 dias Condução em passeios de bicicletas Não obedecer o sinal de trânsito Ultrapassagem de luz vermelha Não pagamento de estacionamento Sem imposto de circulação Excesso de peso

+400% +200% +205,38% +200% +181,13% +85,30% +70,95% +55% +49,16%

*Aumentos comparativos entre Agosto de 2010 e Agosto de 2011

Só em estacionamento, o empresário do ramo da comunicação gasta cerca de 5000 patacas por mês. Ainda sim, diz que compensa manter todos os veículos. “Dá-me prazer tê-los”, frisa. Mas tem noção que não pode dar mais do que 90 quilómetros por hora com o Porsche? “Essa é uma verdade. Gostava que houvesse mais estradas em Macau para que eu pudesse desfrutar melhor do carro”, responde Chan.

UM PROBLEMA CHAMADO ESTACIONAMENTO

Com tantos veículos não admira que seja difícil estacionar em Macau. Aliás é um inferno. A cidade possui cerca de 6000 lugares de estacionamento na via pública com parquímetro e mais uns quantos lugares para motociclos. O restante são parques privados

onde o preço de venda de uma vaga de estacionamento nas zonas de maior densidade populacional pode ascender a quase um milhão de patacas. O arrendamento ronda as 1700 patacas por vaga/mês. Poucos lugares de estacionamento grátis ou em conta é sinónimo de alguns casos de estacionamento indevido, e consequente passagem de multa pelas autoridades. Contudo, os cidadãos de Macau justificam-se pela falta “justa e concreta” de lugares para estacionarem os seus veículos. Leung, habitante do bairro de São Lourenço ouvido pelo Hoje Macau, mostrou-se incomodado com o aumento recente do número de multas. “Passar multa só porque sim não me parece uma atitude pedagógica para travar o número de veículos motorizados. A meu ver o problema está na fonte. Se o Governo está tão preocupado, que crie alternativas de estacionamento ou limite a venda dos veículos. Não é boa estratégia sacrificar os bolsos dos cidadãos”, afirmou com indignação. Só numa semana, o jovem que tem um motociclo apanhou duas multas por estacionar “num local onde não atrapalha ninguém e nem sequer passam pedestres”. Já lá vão menos 600 patacas. E mais devem vir. “A polícia está imparável nesta zona antiga. Anda por todo o lado a gastar papel com multas. Não há condições de estacionar aqui e não posso levar a moto para casa”, queixa-se. Durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau promoveu um inquérito junto da população questionando o que os cidadãos mais pretendiam que o Executivo de Fernando Chui Sai On implementasse. Resultado: cerca de 40% respondeu que esperava que o Governo anunciasse mais vagas de estacionamento na via pública nos bairros antigos. Até agora, nada.


ARRANCA A SEGUNDA FASE DE OBRAS NO NAPE

Terá lugar a partir de hoje o início da execução das obras referentes à segunda fase do reordenamento das vias do NAPE, que compreende os ramais envolventes da Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, Rua de Cantão e Rua de Pequim, numa área de aproximadamente 10.000 metros quadrados. O prazo previsto para a execução é de 295 dias. Os trabalhos serão realizados entre os percursos pedonais nas referidas ruas e nos passeios que serão divididos em troços, no sentido de manter em certo aspecto a circulação pedonal do loca. Serão ainda aplicadas as devidas medidas para que segurança dos transeuntes seja garantida, que inclui a instalação de painéis transparentes nos passeios em que serão realizadas as obras e a colocação de uma plataforma provisória para facilitar o trânsito pedonal.

Virginia Leung

virginia.leung@hojemacau.com.mo

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APOIO AOS PEQUENOS HOTÉIS E HOSPEDARIAS PODE AJUDAR A REDUZIR A ILEGALIDADE

Ataque às pensões ilegais

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lei que determina a proibição de prestação ilegal de alojamento incide mais sobre o “reforço legal do combate” do que propriamente no “incentivo à redução” do fenómeno das pensões ilegais, observou Chan Bo Sam, responsável do centro de recursos de gestão de edifícios da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), defendendo que é preferível agir pela positiva do que com repressão. O apoio aos hotéis baratos e ao aparecimento de albergues também é uma forma de combater a ilegalidade nos serviços de alojamento. A falta de hotéis baratos e os altos preços das diárias nos hotéis disponíveis em Macau, observa Chan Bo Sam, não só desestimulam a vinda de turistas, como incentivam os que vêm a

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procurar formas alternativas de pernoitar. Esses são os ingredientes que permitem o aparecimento de todo um mercado paralelo, em que as pessoas que mantêm pensões ilegais consideram que vale a pena correr o risco. O Governo e a comunidade, defende o responsável da UGAMM, têm de dar apoio aos hotéis baratos e estimular o aparecimento de hospedarias. Macau tem a faca e o queijo na mão para tirar o máximo partido das suas condições singulares, devendo apostar na legislação e fiscalização que o permitam. Chan Bo Sam lembra que os albergues e hospedarias domésticas têm características próprias que os distinguem dos hotéis em geral, devendo por isso contar

com legislação específica que possa ser seguida pelos operadores. Deve assim proceder-se à clarificação da orientação desses negócios, e posteriormente à regulação das suas instalações anti-incêndio, normas de higiene,

classe de negócio, escala de operação, direitos e deveres de arrendamento. As licenças de operação devem ser emitidas e aprovadas pelos departamentos competentes, defendeu o responsável da UGAMM.

O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Ho Ion Sang observou que o Governo, ao rever a legislação da proibição de prestação ilegal de alojamento, deveria ter uma avaliação abrangente e aprofundada

das capacidades das forças policiais. Só dessa forma, considera o parlamentar, é que a proibição de prestação ilegal de alojamento pode ser efectiva, pelo que é necessário avaliar a segurança local proporcionada pelas forças policiais e apurar a efectividade da sua actuação. Ho também considera necessário rever a cooperação com as polícias internacionais, sobretudo por existirem muitos “turistas” em situação de excesso de permanência e imigrantes ilegais, que se vêm tornando numa fonte de preocupações para Macau. Se o Governo fizesse um bom trabalho no capítulo da segurança, defende, os problemas ocultos dos alojamentos ilegais seriam resolvidos.


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SOCIEDADE

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glp@hojemacau.com.mo

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O Conselho do Desporto reuniu ontem e decidiu deixar de fora 107 associações desportivas do caderno eleitoral, como penalização por não terem entregue este ano, pela terceira vez consecutiva, os relatórios de actividades. Só este ano falharam 140 instituições desportivas. No entanto, 471 instituições viram os relatórios aprovados. Foram ainda discutidos que espaços desportivos podem ser construídos nos novos aterros. As instalações provisórias e a disponibilização de pavilhões das escolas ao público como projectos podem voltar a integrar as Linhas de Acção Governativa para a área do desporto.

Delinquência juvenil | Polícia prende jovens suspeitos de roubar motociclos

Gonçalo Lobo Pinheiro polícia prendeu mais cinco jovens por suspeita de roubo de motociclos. O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) já recuperou os 14 motociclos alegadamente roubados. O caso recente tem tido maior incidência na zona norte de Macau junto à Ilha Verde, onde o CPSP prendeu dois jovens que eram suspeitos de tentar roubar motociclos estacionados naquela zona. Além desses dois, outros três suspeitos fo-

MAIS DE 100 ASSOCIAÇÕES DESPORTIVAS EXCLUÍDAS DE VOTAÇÃO

Tudo por uma mota ram associados aos furtos e, de acordo com a polícia, têm idades inferiores a 16 anos. Dados de Junho revelaram que a delinquência juvenil aumentou 85,7% só no primeiro trimestre em relação ao ano passado. Se por um lado a criminalidade na região caiu 1,2% no mesmo

M deputado da Assembleia Legislativa (AL) apresentou uma denúncia de que um cidadão foi vítima de perseguição por parte da polícia depois de ter apresentado uma queixa à Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança (CFD). A CFD considerou o caso “bastante grave” e, num comunicado emitido ontem, divulgou que “presta a sua maior atenção ao caso e efectuou, sem hesitação, as diligências necessárias”. Desde a sua constituição que apenas se registou um caso semelhante, no qual um cidadão apresentou duas queixas em 23 e 26 de Agosto deste ano, contra a aplicação injusta da lei por parte dos agentes policiais e outra relativa à perseguição que estava

período, os jovens estão cada vez mais a ter comportamentos duvidosos. No geral, nos primeiros seis meses do ano registaram-se 61 crimes cometidos por menores, um aumento de 15,1% em comparação com 2010. Ao todo, foram 83 os menores envolvidos,

ainda assim uma diminuição de 17,8%. Os principais crimes imputados as jovens são ofensas à integridade física, crimes contra o património e furtos simples em supermercados e outros estabelecimentos. Na altura, o secretário

para a Segurança, Cheong Kuoc Va, garantiu que o Governo iria “reforçar o policiamento nas zonas onde há mais crimes, inclusive com agentes à paisana”, prometendo “fortalecer a ligação com os serviços públicos, escolas e associações cívicas”. Durante este período 31 jovens foram presentes ao Ministério Público (MP), mais 15% do que em 2010, mas também foram muitos os que não tiverem de enfrentar acusação: mais 15, 4% de casos não chegaram às mesas do tribunal. A delinquência juvenil

CFD ACOMPANHA QUEIXA RELATIVA À ALEGADA PERSEGUIÇÃO POLICIAL

Atrás de mim é que não a ser alvo pela polícia depois de ter dirigido queixa à Comissão. “Estamos convictos de que é este caso o denunciado pelo deputado”, afirmou a CFD. De acordo com a Comissão, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) já enviou um relatório a esclarecer o sucedido. O mesmo revelou que a queixosa tinha sido várias vezes autuada nos termos do Regulamento Geral dos Espaços Públicos por ter abandonado nos locais públicos panfletos do serviço de massagem pornográfico, e conduzida pelo agente em

parece um carrossel em Macau. Se uns anos baixa, noutros aumenta. E o Instituto de Menores (IM) revelou este ano que há cada vez mais jovens internados por crimes relacionados com droga. Dos 43 jovens internados actualmente no IM, 20 estão ligados ao consumo ou ao tráfico de estupefacientes. Numa franja mais abrangente, dados oficiais apurados em 2010, e relativos ao período entre 2001 e 2008, mostram que a taxa de reincidência no uso de drogas e, consequentemente, no recurso ao crime rondou os quatro por cento.

serviço à esquadra para efeito de investigação. Na sequência, a CFD não detectou, até ao momento, indícios que revelem a violação da lei ou qualquer irregularidade no referido caso por parte dos agentes policiais. Seja como for, apesar de ter sido autuada, a interessada não deixou de praticar o respectivo acto, face ao qual a Polícia teve que manter o acompanhamento necessário. Assim sendo, “não está comprovada a questão de perseguição pela Polícia depois da queixosa ter apresentado queixas à CFD”. A CFD lamentou ainda que a denúncia tenha sido infundada e viesse ao público sem o correspondente suporte da veracidade dos factos.


TUBAGENS ALTERADAS PARA GARANTIR O ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Realizou-se ontem o “Exercício contingente para a situação de emergência do fornecimento de água entre Guangdong e Macau”, numa acção conjunta entre as duas regiões. O objectivo foi testar as medidas aplicadas, por ambas as partes, para que seja assegurado o fornecimento de água a Macau. e promover a cooperação diversificada entre Guangdong e a RAEM. Paralelamente às medidas contingentes aplicadas pela parte da China para garantir a segurança no abastecimento de água, aplicaram-se também as medidas de emergência na parte de Macau, como a substituição de tubagens escoamento de água, que pudesse estar contaminada e a recolha de amostras para proceder à avaliação da qualidade da água.

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Eleição para modelo de carruagem do Metro Ligeiro já está concluída

E o vencedor é... Ocean Cruiser Lia Coelho

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população foi convidada a votar – de 3 a 25 de Setembro – para o modelo de carruagem do Metro Ligeiro de Macau, que preferia ver a circular. Segundo comunicado do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), terminada a exposição sobre o exterior do comboio, os residentes de Macau mostraram a sua preferência pelo Ocean Cruiser. Na actividade participaram cerca de 28 mil cidadãos. De acordo com os números revelados pela entidade, o protótipo A, agora vencedor, obteve mais de 60% da pre-

ferência, com 17.436 votos. O modelo B, “Urban Quartz” teve 10.479 votantes. O agora vencedor inspirou as suas linhas de design na geografia da região, um

local turístico com frente marítima, procurando “expressar uma Macau de clima subtropical e virada para o mar”. O tema da carruagem era precisamente “Cidade

FURTO E APOIO À ENTRADA ILEGAL COM CONSEQUÊNCIAS O Ministério Público concluiu a investigação preliminar de mais dois casos: um caso de furto numa zona de obras e um de prestação da assistência à entrada ilegal em Macau. Dois suspeitos ficaram em prisão preventiva, após decisão judicial e encontram-se à espera de julgamento no estabelecimento prisional de Coloane. No primeiro caso, o suspeito proveniente do Vietname, de 43 anos, foi interceptado pelas autoridades, enquanto tentava furtar cabos eléctricos na zona do Cotai. O incidente aconteceu no passado dia quatro deste mês. O homem não estava sozinho, fazia-se acompanhar de mais indivíduos, que se encontram a monte. O segundo caso aconteceu

um dia depois. O suspeito de apelido Kuok, tem 40 anos, é oriundo da China e foi apanhado pelos agentes alfandegários enquanto esperava por três homens e duas mulheres, também eles vindos da China. O grupo pretendia entrar ilegalmente no território – estava previsto que os indivíduos, que fariam a viagem numa sampana, desembarcassem na zona costeira da Porta do Entendimento. As autoridades policiais, depois da análise encontraram provas suficientes que comprovam ter havido fortes indícios de crime, em ambos os casos - um de furto qualificado e outro de crime de prestação de assistência à entrada ilegal. A Polícia Judiciária continua a investigar o caso.

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL COBRANÇA DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2010 Faz-se saber que, de harmonia com o disposto no artigo 46.º, n.º 2, do Regulamento do Imposto Profissional, estará aberto, durante o mês de Outubro próximo, o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau destes Serviços para pagamento do imposto profissional dos contribuintes do 1.º grupo (assalariados e empregados por conta de outrem) e do 2º grupo (profissões liberais e técnicas), respeitante ao exercício de 2009, calculado nos termos do artigo 37.º do mesmo Regulamento. Findo o prazo da cobrança à boca do cofre, terão os contribuintes mais sessenta (60) dias para satisfazerem as suas colectas, acrescidas de 3% de dívidas e de juros de mora legais, conforme o disposto no artigo 48.º do referido Regulamento. Decorridos sessenta dias acima referidos, sem que se mostre efectuado o pagamento do imposto liquidado, dos juros de mora e de 3% de dívidas, proceder-se-á ao seu relaxe, sem prejuízo da aplicação de multa, que pode atingir metade da importância da colecta em dívida. E, para constar, se passou este e outros de igual teor, que vão ser afixados nos lugares públicos de costume e publicados nos principais jornais chineses e portugueses, sendo, reproduzido no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau. Aos 30 de Agosto de 2011. O Director dos Serviços, Substituto Iong Kong Leong

Balnear Marítima” e parece ter agradado o público. O exterior do futuro metro será então uma carruagem de cor azul pálida e azul escuro, a dar a ideia de mar, os PUB

desenhos ondulados a cor de laranja nas duas faces laterais do comboio, aludem à luz do sol a reflectir. “Ao olhar para fora da carruagem através da janela larga e octogonal de vidro, os passageiros podem sentir estar a apreciar a paisagem como que dentro dum quarto de um hotel resort”, refere o comunicado. Além disso, há mais mar no interior do comboio, cujas colunas de corrimões foram concebidas por inspiração numa caravela, ao mesmo que a forma redonda e dinâmica das estruturas exprimem a ondulação à superfície da água. De lembrar que o modelo B tinha como mote “Urbano Turístico” levando à imaginação das pessoas uma nova

SOCIEDADE dinâmica de futuro para o território. A forma pensada seria um trapézio, semelhante a um quartzo, como o próprio nome indicava. Uma concepção mais modernista e urbana, onde as cores sólidas, como o cinzento, e uma mistura de tonalidades com um branco brilhante. Ainda de acordo com as informações fornecidas pelo GIT, os trabalhos de concepção do interior da carruagem estão já em andamento. O GIT reforçou ainda que a equipa técnica vai ter em conta as questões como a protecção contra incêndios, manutenção e a durabilidade, no sentido de assegurar que o futuro Metro Ligeiro cumpra os critérios de segurança internacional e de Macau. A Administração pretende expor a maqueta da carruagem à escala um por um, na primeira metade do próximo ano. O Metro está previsto para entrar em circulação dentro de quatro anos.


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ENTREVISTA

Paulo Valentim, músico e artista plástico

“Macau precisa de um espaço de tertúlia fad GONÇALO LOBO PINHEIRO

“Todo o ser humano é artista, não porque pinta ou toca, mas porque sabe amar e ser feliz, porque faz e desfaz, porque constrói e sublima. Eu apenas potenciei algumas das minhas capacidades”

L

ISBOETA por entre o fado, as artes plásticas e o ser solidário. Homem culto, tem deixado por Macau diferentes pegadas em vários caminhos multiculturais, prometendo novas iniciativas. Além das obras e dos conhecimentos que transmite com elas, observa as mundividências do presente, como deixa recados ao pequenino “mundo” português local. Paulo Valentim dedilha, nesta entrevista, um pouco do seu retrato de alma inteira. Já vi o azulejo português ser observado como por vezes estando entre o erotismo e a sensualidade... Questão curiosa. Nunca tinha observado por esse prisma, admito que, como em qualquer expressão artística, a sensualidade e o erotismo se encontre presente. Mas acredito que o fado seja um espaço mais oportuno para tais sensações, acredito mesmo num fado lascivo, um fadista sem medo de se expor, um poeta sem medo de contar a sua história, um compositor que leve o público à atracção. O que a exposição “Azulejos de Portugal - Em torno do barroco” mostra em Macau, além de homenagear as duas Repúblicas, portuguesa e chinesa, assume o ambiente barroco, porquê? A Exposição que agora estamos a inaugurar é o resultado do trabalho e estudo colectivo, embora individualizado, dos alunos dos cursos de pintura clássica portuguesa em azulejo da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. É uma exposição que expõe trabalhos do período barroco (séc. XVIII), estilo artístico que ganhou o seu máximo esplendor em Portugal como arte decorativa. Depois de uma primeira abordagem para o estudo e compreensão das técnicas e cânones de pintura, seguiu-se o contacto com uma cada vez mais elaborada técnica de pintura. Esta exposição é pois uma valiosa apresentação do esforço e dedicação deste grupo de amigos, que com orgulho vou ensinando a pintar. Os retratos de Sun Yat-sen e Manuel de Arriaga integram-se na homenagem que a Casa de Portugal em Macau (CPM) quer fazer aos históricos líderes das duas Repúblicas, mas são, diria, extra-catálogo. Sobre os intervenientes no produto final desta exposição,

quem foram e o que fizeram? Nada é feito apenas por uma pessoa, tudo se consegue melhor em esforço colectivo. Foi o que aconteceu. O desejo de materialização de um conjunto de pessoas, suportado pela estrutura de excelência da CPM, concretizaram este meu sonho constante do fazer, e desta vez trazendo a este lado do mundo uma tradicional expressão artística portuguesa de que muito nos devemos orgulhar. A bonita palavra azulejo tem origem árabe... Sim é verdade, da palavra Allzuleij, que significa pedra polida. O revestimento cerâmico vidrado, não o deve esquecer, é conhecido desde a antiguidade, tendo como exemplo mais espectacular as antigas portas da Babilónia, hoje expostas num museu em Berlim. Das técnicas mais recentes, e refiro-me ao séc. XV e XVI, jamais poderemos esquecer a obra-prima que é o palácio do Alhambra em Granada, ou ainda o nosso Palácio Fronteira (1670). Na multiplicidade artística que o Paulo Valentim nos apresenta, o azulejo éna cerâmica, o elemento onde mais gosta de trabalhar? Pois não sei. Sinto-me bem nas mais diferentes disciplinas cerâmicas, na pintura, na escultura, nas elaboradas técnicas árabes, enfim o que gosto mesmo é de não passar a vida a fazer a mesma coisa. Dê-nos alguns exemplos da sua intervenção como restaurador. Essa é uma actividade que muito me dá prazer. A paixão pelas antiguidades vem desde sempre, e depois de passar pela Universidade Autónoma e pelos seus cursos de restauro, a intervenção na preservação patrimonial é um dos meus maiores prazeres, talvez ainda mais do que pintar ou tocar. Macau, daquilo que me foi dado a perceber, precisa rapidamente tratar do seu património móvel. A acção da CPM, uma vez mais, criou condições físicas para que eu possa exercer com boas condições esta minha actividade quando tiver mais tempo. Mas ainda há poucas semanas restaurei um defumador do princípio da dinastia Ming e tenho agora “em mãos” algumas preciosas porcelanas. Noutro campo das artes, a música. Fale-nos do Paulo Valentim como


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com Helder Fernando

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dista e mostrá-lo a outros povos” autor de poemas e de músicas, como instrumentista. Foi neste ambiente da música que nasceu o artista? Todo o ser humano é artista, não porque pinta ou toca, mas porque sabe amar e ser feliz, porque faz e desfaz, porque constrói e sublima. Eu apenas potenciei algumas das minhas capacidades, e apoiado pela vida e pela sorte, pelos amigos e professores, pelos meus pais e irmão, acabei por aqui chegar, onde me sinto bem e sou feliz. Lembra-se do primeiro poema que escreveu? Terá sido para alguém cantar? Perfeitamente. Numa noite de fado no Bairro Alto, em Lisboa, e sem saber, construi um texto rimado que muito me espantou pela certeza técnica que evidenciava. Descobri assim que era capaz de expressar sentimentos de forma a serem cantados no fado, expressão musical que admiro e com a qual sempre me identifiquei. Esse sim foi o meio onde cresci e me fiz gente, não porque alguém na família estivesse ligado a essa condição, mas porque nasci num bairro popular de Lisboa, onde o fado era a canção de toda aquela gente simples. E a primeira música que compôs? Também me lembro sim. Comecei por compor, só depois vieram as letras. Fiz música para um soneto de Florbela Espanca - “Os meus versos”. Compus para o Camané, que nunca chegou a cantar, depois a Kátia Guerreiro gravou e com ela ganhou uma dimensão profunda que eu desejava. A estreia em público foi na consagrada Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, num espectáculo comemorativo do ano académico. Entretanto, Coimbra era, provavelmente, o seu encanto musical, enquanto ainda estudante de guitarra portuguesa... Foi bem divertido, nessa altura tínhamos um grupo de fado de Coimbra, cantávamos e tocávamos em cada cantinho, até que surgiu a possibilidade de actuar na Aula Magna. Foi extraordinário, inesquecível, nessa noite até cantei uma balada do Zeca, casa cheia em festa. A música de Coimbra foi durante muito tempo a minha expressão de eleição. Hoje já não penso assim, considero-a

uma expressão musical e poética estancada no conjunto das expressões musicais portuguesas. Depois da função social que cumpriu contra a ditadura, caminhou sem rumo definido em busca da sobrevivência. O mesmo não aconteceu com a guitarra de Coimbra, esta ocupa um espaço cada vez mais importante na representação da alma de todos nós, e enquanto instrumento e forma de ser tocado, ocupa espaço mesmo no meio fadista de Lisboa. Comecei por estudar guitarra de Coimbra, mas pouco tempo depois deixei-me convencer pelo fado da minha cidade. Hoje compreendo-o e compreendo-me graças a ele. No meio musical é famoso como autor e como instrumentista de guitarra portuguesa, mas quem o ouviu cantar afirma que o fado genuíno e de qualidade também lhe está na voz....

conhecido e convivido com ele foi fundamental para a minha formação artística. Tomar contacto com as suas harmonizações da música popular, com as suas melodias simples mas frondosas, levou-me a compreender a música popular, saber entender o simples e da sua importância para chegar a todos. Só deixei o Coro, quando recebi o convite para integrar a orquestra do Teatro Nacional que ia estrear o “Passa por mim no Rossio”, isto em 1990. Continuei a conviver com Lopes Graça e fizemos um par de boas noitadas, sempre regadas com muito uísque. O Graça dizia, com muita graça, que “a água não sabia a nada e o uísque sabia a pouco”. Um salto no tempo para nos comentar, em síntese, a sua passagem pelo teatro, pela revista, pelo bailado e por musicais como “Passa Por Mim No Rossio”. Fazer música para o teatro, ou

minha música é fabuloso. Também são inúmeros os grandes artistas portugueses que têm actuado consigo. De Camané a Celeste Rodrigues, de Cidália Moreira a Mafalda Arnauth, de António Pinto Basto a Anita Guerreiro, ou de Ricardo Ribeiro a Simone de Oliveira. E até Eunice Muñoz ou Amália Rodrigues. Tanta mistura fabulosa de géneros, sobretudo de sensibilidades... Lembro-me do Rui de Carvalho, no “Passa por mim…”, ficar junto às “pernas” do palco para ouvir o improviso que suportava a apresentação da Eunice na rábula do Estêvão Amarante. Dizia “rapaz, a tua guitarra é a nossa alma, venho sempre mais cedo do camarim para te ouvir tocar”. O Teatro é isto, cumplicidade, paixão e sonho. E não é pelo sonho que vamos? A cumplicidade ganha-se ou não se encontra, temos que nos descobrir

“Porque será que os portugueses que vivem em Macau, trocam olhares quando se cruzam na rua e não sorriem, não cumprimentam, somos assim tantos ou tão poucos? Será que sabemos viver sozinhos? Não acredito” Também gosto de cantar, sim é verdade, mas raramente o faço, apenas entre amigos. A noite e a sua paixão, desperta os nossos sentimentos, as nossas vontades, quantas vezes se faz sonho do silêncio de uma noite, ou de um lamento chorado por quem sofre. Como não cantar, como não lamentar o inatingível? Respondendo...Sim, canto mas para os amigos. Inclusivamente, cantou na Academia dos Amadores de Música. Cantei no Coro da Academia de Amadores de Música, dirigido pelo Maestro Lopes Graça. Ter

mesmo só fazer parte de uma orquestra teatral é algo único. O ambiente, o nível de exigência, o profissionalismo, é algo extraordinário. Aprendi muito com os “velhos senhores” do teatro, fiz amizade com muitos dos grandes nomes do teatro português e ainda hoje contactamos regularmente. O ano passado compus música par uma peça com a Lourdes Norberto e para o “Fado história de um povo”, musical de Filipe La Féria, que esteve em cena durante quase um ano no Casino Estoril. O bailado foi uma breve passagem, mas sempre contagiante. Talvez dos grandes prazeres… ver dançar a

- os que se encontram num palco umas vezes ganha-se, outras não. Com Amália Rodrigues foi mais nervos e espanto, mesmo sendo uma situação informal. Apesar de tudo, chegou para continuar a conversa em sua casa, naquelas tertúlias até de manhã. Macau é um lugar próprio para ouvir fado? Macau deve ser um local para ouvir fado. Macau precisa de um espaço de tertúlia fadista para os portugueses, mas também o local certo para receber, conviver e mostrar um canto simples de gente simples, a todos os outros povos que ao nosso lado vivem e visitam

esta região. Esse é o projecto “Lvsitanus” que a CPM começa agora a implementar. Situado na Casa Amarela, junto às Ruínas de S. Paulo, o “Lvsitanvs” deseja ser tudo isto e ainda mais, a montra do que de melhor a nossa terra produz. Vale a pena visitar. Tão longe do ambiente artístico português, a Casa de Portugal em Macau, com a dinâmica que ganhou, é de alguma maneira um colmatar dessa necessidade artística? Os projectos da CPM fundamentamse no profundo orgulho de ser português e continuar a deixar marcas indeléveis em Macau. Apetece-me agora, e depois de tantos anos de aprendizagem, poder transmitir conhecimentos e experiências, num constante renovar de concretizações. Entre a entrega profissional a artes multifacetadas, encontra-se um homem com inquietações? Sempre inquieto e preocupado. Porque será que os portugueses que vivem em Macau, trocam olhares quando se cruzam na rua e não sorriem, não cumprimentam, somos assim tantos ou tão poucos? Será que sabemos viver sozinhos? Não acredito. Inquieto pela passividade, pela conivência com o que não está bem, mas não vão mudar, está bem assim, mais é chatice. Assim não modificamos nada e morremos no silêncio pelo nada que preferimos ser. A razão de estar vivo é fazer! Pela mesma razão por que fomos feitos, voltar a dar vida! É preciso dar vida à vida! É preciso viver inconformado se queremos viver melhor. A chamada crise económica global, assusta-o? Apetece-me apenas dizer que esta grave crise económica e financeira evidencia as contradições do sistema em que vivemos e comprova a capacidade em se autodestruir. O que lhe transmite a palavra solidariedade? O que me faz lembrar. Que vim encontrar em Macau, na CPM, uma associação cívica que faz dessa solidarização uma legenda. E a palavra liberdade? A razão da minha vida, o que mais prezo, aquilo por que lutei, luto e lutarei até ao fim. Pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade.


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O artista plástico e dissidente chinês Ai Weiwei, preso durante 81 dias em Pequim, foi nomeado “a personalidade mais importante da arte internacional em 2011” pela revista britânica “Art Review”

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I Weiwei encabeça a lista anual das “cem mais figuras mais influentes” do sector elaborada pela “Art Review”, à frente de Hans-Ulrich Obrist e Julia Peyton-Jones, conservadores da Galerie Serpentine de Londres, e de Glenn Lowry, director do Museu de Arte Moderna de Nova York. “O seu activismo lembrou-nos como a arte pode atingir maior audiência e ligar-se ao mundo real”,

CULTURA

Ai Weiwei eleito personalidade do ano pela “Art Review”

O salto do pássaro disse o chefe de redacção da revista, Mark Rappolt. Ai Weiwei, 54 anos, foi libertado no final de Junho passado depois de quase três meses de detenção por “suspeita de crimes económicos”. Filho de um consagrado poeta, Ai Weiwei viveu durante a década de 1980 em Nova Iorque. Considerado um dos mais influentes artistas chineses contemporâneos, Ai Weiwei ajudou a desenhar o “Ninho de Pássaro”, o Estádio Olímpico de Pequim, mas recusou-se a assistir à cerimónia de abertura dos Jogos, no verão de 2008. “O Governo quer usar estes Jogos para se celebrar a si próprio e à sua política (...) Não há nada a celebrar”, disse na altura Ai Weiwei

a uma revista alemã. Uma das suas últimas criações, a instalação “Sementes de Girassol”, com dezenas de milhões de sementes de porcelana feitas à mão, esteve patente na galeria Tate Modern, em Londres, na primavera passada.

O PESADELO DE PEQUIM

Ai Weiwei mostrou, após a sua libertação, que não havia levado a sério a proibição do regime chinês, que o impedia de dar entrevistas, viajar e usar o Twitter durante um ano. Depois de ter voltado ao Twitter para falar da sua detenção, o artista dissidente escreveu também um artigo na revista “Newsweek” a criticar o Governo de Pequim. Sem meias palavras, Ai

Weiwei atacou o Governo chinês, falou sobre o ambiente que se vive em Pequim e a opressão do regime feita aos cidadãos. “Pequim são duas cidades. Uma é feita de poder e dinheiro. [...] A outra é uma cidade de desespero”, começou por escrever Ai Weiwei, evidenciando as diferenças existentes na sociedade chinesa entre aqueles que têm o poder e o resto dos cidadãos. O artista critica o Governo pela crescente corrupção, pelo sistema judicial, assim como pela sua política de trabalhadores imigrantes, temas que têm gerado nos últimos tempos uma grande tensão social na China. “Todos os anos chegam a Pequim milhões [de pessoas] para construir pontes,

estradas, e casas... Eles são escravos de Pequim”, escreve Weiwei, denunciando a forma negligente como os imigrantes são tratados pelos homens do poder, “os chefes das grandes empresas”. “Eles [Governo] negam-lhes os direitos básicos. [...] Vêem-se hospitais que costuram os pacientes – e quando descobrem que os pacientes não têm dinheiro nenhum, tiram-lhes os pontos. É uma cidade de violência”, denuncia o artista. Para Ai Weiwei, o pior na China é nunca se poder confiar no sistema judicial, lembrando a sua súbita detenção no aeroporto de Pequim quando tentava viajar. Só depois de um longo período de silêncio

e sem se saber o paradeiro do artista, depois de muitas manifestações e pedidos de explicações, é que o Governo chinês contou o que se passava. Evasão fiscal, alegaram as autoridades. Mas Weiwei tem a certeza que foi detido ilegalmente pelas suas opiniões contrárias ao Governo. O artista denunciou ainda os maus tratos e as más condições a que os presos estão sujeitos na China. “Só a tua família é que chora por estares desaparecido”, diz Ai Weiwei, contando que a sua mulher procurou saber junto das autoridades e do Governo o seu paradeiro e nunca lhe foi dada nenhuma resposta. “Não sabes quanto tempo ficarás ali, mas acreditas verdadeiramente que eles podem fazer qualquer coisa contigo. Não há forma de questionar isto. Não estás protegido por nada”, escreve o artista sobre a sua experiência na prisão. “Pequim é um pesadelo. Um pesadelo constante”, terminou.


FOTOGRAFIA DA AUTÓPSIA DE MICHAEL JACKSON DIVULGADA A última sessão do julgamento de Conrad Murray - médico que responde pela acusação de morte de Michael Jackson - ficou marcada pela exibição de uma foto do corpo do cantor, numa mesa de autópsia (magro, com algumas mazelas no peito e muitas picadas de agulhas). O testemunho do médico-legista que o autopsiou, Christopher Rogers, aponta para homicídio por negligência. Christopher Rogers refere “não há sinais de autoadministração de propofol”. Ou seja, seria impossível ao rei da pop ter auto-injetado o medicamento, nas circunstâncias que o médico Conrad Murray defende.

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Presidente da RioFilme defende criação de mercado comum lusófono para cinema

Uma língua, muito cinema

O

director e presidente da RioFilme, empresa de investimento em audiovisual ligada à secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, defende a criação de um mercado comum de países lusófonos para a circulação de bens e serviços culturais, especialmente no cinema. “Eu advogo que nós deveríamos constituir um mercado comum de países lusófonos para bens e serviços culturais que pudessem circular livremente nesses países sem barreiras adicionais”, disse Sérgio Sá Leitão à agência Lusa. Para Sá Leitão, que falava à margem do arranque do Festival Internacional de Cinema do Rio, “faz todo sentido” pensar nos países de língua portuguesa como um único mercado ainda em potencial para bens e serviços culturais. “Precisamos pensar numa forma, independente de qual origem, de nos constituirmos, de facto, como um mercado comum único. Isso facilitaria muito as coisas tanto para o cinema português, quanto para o brasileiro e o angolano, por exemplo”, argumentou. Na avaliação do presidente da RioFilme, ainda há barreiras para a formação deste mercado comum do cinema. “Ainda não

fomos capazes de transformar esse contingente de países de língua portuguesa num mercado comum. Que um filme português, mesmo não sendo objecto de co-produção, seja considerado um filme local [no mercado de língua portuguesa], não importa em que país seja exibido. Isso facilitaria muito a circulação do filme”, defendeu. Segundo disse à Lusa Sá Leitão, Brasil e Portugal ainda não conseguiram realizar um caso de sucesso numa co-produção cinematográfica. Recordou que o Brasil tem um acordo firmado com Portugal de co-produção na Agência Nacional do Cinema (Ancine), no Brasil, e no Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), em Portugal. “Não temos sido felizes nos projectos. A gente não conseguiu ainda um caso de uma co-produção Brasil-Portugal que fizesse sucesso nos dois mercados. Muitos dos projectos que concorrem os editais são de alcance restrito, autoral e com pouco alcance de público”, criticou. Para o responsável, ainda falta haver um pioneiro para quebrar a barreira, ultrapassar o limite e abrir as portas para mais possibilidades de co-produções. “Precisamos ter filmes com mais valor de produção. Grande parte do público tem um padrão de ex-

pectativa elevado, quer ver filmes de qualidade, filmes bem feitos, com bons cenários, bons atores e bem filmados”, salientou. No entanto, Sá Leitão admite que a crise económica de Portugal “atrapalha bastante” a produção audiovisual. Na sua opinião, o Brasil pode ajudar a liderar o processo de integração de um mercado comum.

“As perspectivas estão abertas. É necessário pensar num projecto que realmente seja capaz de ter um grau de circulação e que possa servir para os dois mercados”, ressaltou. Sérgio Sá Leitão está à frente da RioFilme desde 2009 e reformulou toda a sua estrutura, perfil e modo de operação. De

2009 a 2011, os investimentos contabilizaram 60 milhões de reais (250 milhões de patacas) em 170 projectos. A escala de actuação mudou radicalmente comparando a 2008, período antes da reengenharia, quando a RioFilme investiu apenas 1,1 milhão de reais (menos de 5 milhões de patacas) em 22 projectos.

CARTA DE EINSTEIN SOBRE PERSEGUIÇÃO NAZI LEILOADA POR 100 MIL PATACAS

A prova da dedicação aos judeus U

MA carta, escrita por Albert Einstein, de alerta contra o “perigo calamitoso” que os nazis representavam para os judeus, pouco tempo antes da Segunda Guerra Mundial, foi leiloada por quase 14 mil dólares (100 mil patacas), duplicando as expectativas mais altas de venda. Einstein, que escreveu a Hyman Zinn, um homem de negócios de Nova Iorque, a 10 de Junho de 1939, fala da perseguição que os nazis estavam a fazer aos judeus na Alemanha, destacando a importância de os ajudar e proteger e

elogiando Zinn por fazer exactamente isso. “Deve ser uma grande fonte de satisfação para si fazer uma contribuição tão importante na libertação dos nossos companheiros judeus perseguidos por este perigo calamitoso e conduzindo-os para um futuro melhor”, pode ler-se na carta escrita à máquina e assinada à mão com A. Einstein, em papel timbrado da Universidade de Princeton, com o selo original. Para o Nobel da Física, era importante na altura que os judeus se ajudassem uns aos outros, como sempre aconte-

ceu nas gerações anteriores. “O poder da resistência que permitiu ao povo judeu sobreviver durante milhares de anos baseou-se, em grande medida, na tradição da ajuda mútua”, diz Einstein, para quem a solidariedade das pessoas estava a ser posta à prova, “de maneira severa”, por Adolf Hitler. “Não temos outra forma de autodefesa além da nossa solidariedade e do nosso conhecimento de que a causa pela qual estamos a sofrer é uma causa transcendental e sagrada”, conclui. A carta, “em muito bom estado de conservação”, foi

leiloada por 13.936 dólares na Califórnia, nos Estados Unidos, superando as expectativas, que apontavam para um preço entre os cinco mil dólares (35 mil patacas) e os sete mil dólares (50 mil patacas). Para Sam Heller, responsável pelo leilão, o valor da carta está no conteúdo poderoso, que “mostra que Einstein estava dedicado aos judeus”, disse Heller à CNN. Einstein nasceu na Alemanha mas renunciou à sua nacionalidade em 1933, quando se mudou para os Estados Unidos, na altura em que Adolf Hitler chegou ao poder.


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DESPORTO Portugal reencontra a Bósnia, agora a caminho do Europeu

Play-off de acesso ao Euro 2012

Uma certa sensação de déjà vu

Turquia – Croácia Estónia – Irlanda República Checa – Montenegro Bósnia-Herzegovina – Portugal

A

selecção nacional vai defrontar a Bósnia-Herzegovina no “play-off” de acesso à fase final do Euro 2012. É um reencontro com a equipa que Portugal já defrontou para chegar ao Mundial 2010. O sorteio colocou a Bósnia no caminho de Portugal rumo ao Euro 2012.Aselecção nacional reencontra a equipa com a qual já teve de disputar um lugar na fase final do Mundial 2010, na África do Sul. Na altura, Portugal ganhou os dois jogos por 1-0. Edin Dzeko, o avançado que alimentou o sonho bósnio de se qualificar directamente para o Europeu, é o líder da equipa que Portugal vai defrontar no “play-off”. No Stade de France, em Paris, só a 13 minutos do fim a Bósnia cedeu o empate ante a França e caiu para a fase de repescagem. Miralem Pjanic, médio da Roma, é outra das referências da equipa treinada por Safet Susic, o substituto de Miroslav Blazevic, que saiu após perder o “play-off” contra Portugal. Com ele saiu também o 3-5-2 substituído pelo 4-23-1, o sistema táctico mais usado pela Bósnia actualmente.

O

português Cristiano Ronaldo cumpre amanhã, frente ao Bétis (17h, SP-TV2), o 100.º jogo com a camisola do Real Madrid, numa história de sucesso que tem sido “pincelada” com muitos golos. Volvidos pouco mais de dois anos, Florentino Pérez não deve estar arrependido dos 94 milhões de euros que pagou ao Manchester United, tal a produtividade do “capitão” da selecção portuguesa de futebol. Cristiano Ronaldo já “amortizou” a quantia com 95 golos, para todos os gostos, 40 dos quais na última edição da Liga espanhola, que lhe valeram uma segundo “Bota de Ouro” e igualar os feitos do “rei” Eusébio e de Fernando Gomes. Na principal prova do calendário espanhol, o agora “7” dos “merengues” – começou com o “9”, face à

Tempos de confiança • PAULO BENTO “Não fiquei surpreendido com o resultado do sorteio. Temos uma equipa forte e devemos concentrar-nos em bater a Bósnia. É muito importante para nós. Continuo confiante que no ano que vem vamos jogar na Polónia e Ucrânia. Já sabemos o ambiente que nos espera, poderemos ter alguma vantagem por jogar o segundo jogo em casa. A Bósnia esteve a poucos minutos de alcançar o primeiro lugar e causou muitas dificuldades à França, que acabou por vencer o grupo. Agora temos de fazer o nosso trabalho. No apuramento, ao fim de dois jogos, Portugal estava com um ponto, depois, em 18 possíveis, fez 15. Não me peçam para assumir responsabilidades do que se passou antes de eu chegar. Estamos a ir por um caminho que não é correcto, estamos a focar-nos em alvos individuais, quando os nossos erros foram mais abrangentes, tanto no processo ofensivo como no defensivo.” • HUGO ALMEIDA “Prefiro que seja assim, jogar fora primeiro e depois em casa. É muito melhor em termos de moral para nós e do ambiente em si, porque se perdêssemos primeiro em casa seria um inferno

outra vez e teríamos de aguentar. Agora é fazer um resultado mais ou menos e depois conseguir a vitória em casa. Sabíamos que qualquer equipa seria forte, calhou-nos a Bósnia, que tem jogadores como Dzeko. Mas eles sabem que nós temos Ronaldo e Nani.” • ELISEU “Fora ou em casa, a Bósnia é sempre complicada. Temos o apoio do público e isso pode ser importante. São dois jogos difíceis, mas temos a vantagem de jogar a segunda mão em casa. Depois do desastre da Dinamarca vamos estar agora preparados para este duelo.” • DUDA “Há uma vantagem grande de jogar fora. Da última vez demonstrámos que éramos superiores, mas não foi nada fácil. Aquilo parecia um pantanal e jogámos num ambiente muito difícil. Mas conseguimos superar isso tudo. A Bósnia cresceu muito em relação ao último jogo connosco, mas eles também têm de estar preocupados connosco, porque temos grandes jogadores.”

A Bósnia ocupa a 32.ª posição na tabela de coeficientes da UEFA. No ranking da FIFA, a selecção bósnia ocupa o 22.º posto, sendo a melhor classificada entre os quatro possíveis adversários de Portugal no “play-off”. A selecção da Bósnia-Herzegovina terminou a fase de apuramento para o Euro 2012 no segundo lugar do Grupo D, com 20 pontos (menos um que a França). A equipa orientada por Safet Susic somou seis vitórias, dois empates e duas derrotas. A Bósnia teve o melhor ataque do grupo, com 17 golos, enquanto em termos defensivos sofreu oito golos. Portugal era cabeça-de-série no sorteio realizado nesta quarta-feira em Cracóvia, na Polónia. Os jogos do “play-off” de acesso à fase final do Campeonato da Europa de 2012 realizam-se a 11 ou 12 de Novembro (primeira mão) e a 15 de Novembro (segunda mão). As quatro selecções apuradas no “play-off” juntam-se às anfitriãs Polónia e Ucrânia, qualificadas automaticamente, e a Alemanha, Espanha, Itália, Holanda, Suécia, Inglaterra, Rússia, Dinamarca, França e Grécia, que garantiram um lugar na fase final através da fase regular de qualificação.

CRISTIANO RONALDO PASSA A SER CENTENÁRIO FRENTE AO BÉTIS

Menino comemora 100 jogos presença de Raul, que saiu a temporada passada –, tem mesmo uma média superior a um golo por jogo (73 em 69 encontros). O avançado luso, que é cada vez menos um extremo, junta ainda 14 golos em 20 jogos na Liga dos Campeões, sete em oito encontros na Taça do Rei e um em dois embates na Supertaça Espanhola. Nos 99 encontros oficiais já realizados com a camisola branca, Cristiano Ronaldo marcou na maioria (56), merecendo destaque os dois “pokers” (recepção ao Santander e em Sevilha, a época passada) e oito “hat-tricks”. O internacional luso conta

ainda 17 “bis” e 29 encontros com um golo marcado, isto contra 43 jogos em “branco”, sendo que, quando “facturou”, o Real Madrid somou

53 vitórias e “residuais” dois empates e um desaire. No total, Ronaldo conta 76 triunfos, 14 empates e nove derrotas ao serviço dos “merengues”, sendo que mais de metade dos desaires (cinco) aconteceu face ao Barcelona, equipa à qual só marcou três golos, em nove jogos. Apesar do balanço negativo face ao “Barça”, foi contra os catalães que marcou o tento mais importante como jogador do Real Madrid, o que, a 20 de Abril de 2011, em Valência, valeu a vitória na final da Taça do Rei (1-0, após prolongamento), com um cabeceamento perfeito. Cristiano Ronaldo es-

treou-se pelos madrilenos a 29 de Agosto de 2009, com um triunfo caseiro por 3-2 com o Deportivo, num embate, da primeira jornada da Liga 2009-10, em que jogou os 90 minutos e marcou um golo. O português marcou, aliás, nos primeiros cinco jogos como jogador do Real Madrid (sete golos), sendo que só teve uma “seca” de cinco jogos – também nunca marcou em mais de cinco consecutivos –, entre o final da época 2009-10 (um jogo) e o início da seguinte (quatro). Na contabilidade de golos de Cristiano Ronaldo há ainda lugar a “polémica”, face a um tento do Real Ma-

drid no reduto da Real Sociedad (2-1 a 18 de Setembro de 2010), que, oficialmente, foi atribuído a Pepe, mas, para alguns órgãos de comunicação social, entra nas contas de “CR7”. Em matéria de vítimas, Getafe (oito golos de Ronaldo), Villarreal e Málaga (ambos sete) e Saragoça, Sevilha, Santander e Athletic (todos cinco) são as principais, sendo que, em matérias de estrangeiros, “reinam” os franceses do Marselha (quatro), seguidos dos holandeses do Ajax (três). Com a camisola do Real Madrid, Cristiano Ronaldo ainda não teve a oportunidade de defrontar qualquer equipa lusa, algo que este ano também só poderá vir a acontecer na fase a eliminar da Liga dos Campeões (a partir dos “oitavos”).


GONÇALO LOBO PINHEIRO

PERFIL

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GIOVANNA LEONI | BAILARINA

Mais business que show Lia Coelho

lia.coelho@hojemacau.com.mo

“Um bailarino chega a uma certa

idade e o corpo começa a ressentir de lesões constantes e a energia para estar em palco deixa de ser a mesma”. Assim justifica, sorrindo, Giovanna Leoni a sua nova aventura na coreografia e produção de espectáculos. Na semana passada, a agora empresária e coreógrafa comemorou o primeiro aniversário da Companhia de Dança que fundou. A brasileira está crente na concepção da companhia, que tem como objectivo alargar os horizontes da ideia de espectáculo existente em Macau e de trazer um Brasil “mais que o samba”. “Aqui o showbusiness é mais business do que show”, resume. Leoni, uma brasileira de Curitiba, veio a Macau pela primeira vez em 2007 e logo se rendeu aos encantos de um território que hoje descreve “como a cidade onde o jogo está presente em tudo e onde o artista perde a paixão pela arte”. Um desânimo, que não lhe tira vontade de ficar e muito menos de lutar pela empresa aberta e que um dia gostaria de ver representada por um chinês no Brasil.

Em 2008 rumou a Xangai, mas não se adaptou e assim que teve a oportunidade de voltar à “terra calma e segura”, como caracteriza a RAEM, fê-lo de bom grado. Depois de seis meses na sua terra natal, voltou decidida a ficar e estabelecer-se. “Não queria deixar o mundo da dança, então decidi apostar na área da produção de dança ao mesmo tempo que ainda trabalho como bailarina.” A companhia de dança é apenas um primeiro projecto que esta artista por paixão tem. No corpo tem ainda o bichinho de vir a abrir em Macau uma escola que ensine a dançar – com aulas de dança de salão – e trazer a sua companhia brasileira para ousar o panorama do espectáculo local. “Aqui fica-se pelo que vende, não interessa se é bom ou não. Falta ousadia, mostrar que se pode fazer algo diferente.” Algo de novo, a criação de um ambiente novo e mudar o circuito que todos seguem é aquilo que confessa acreditar mais que tudo, para encarar o desafio de uma terra de regras e de pouca coragem para ser diferente. “Como se diz no Brasil, criar outra tribo.”

A forma como se vê o mundo do entretenimento em Macau é limitado e, pior ainda, limita o artista, segundo diz a bailarina. Ainda nas palavras de Leoni aqui perde-se a paixão pelo que se faz, porque a quantidade sobrepõese à qualidade do entretenimento. “Os gestores dos casinos, porque pagam, acham que temos que esperar pelo próximo espectáculo nos camarins, sentados e isso mata a energia a qualquer um, porque a nossa vida é movimento”, confessa a também professora de dança. O que reclama é respeito por quem trabalha no mundo artístico, “porque se assim acontecer não há limite de horas e nós trabalhamos melhor.” A qualidade de quem produz ou dança não é posta em causa por Giovanna Leoni, até porque admite que há pessoas competentes mas que são restringidas por quem manda. “Existem bons coreógrafos a trabalhar, mas Macau limita o conceito de espectáculo, se não for em técnica, é na paixão”. E tirar a explosão do movimento e o sentimento de quem faz da arte a vida é “como

tirar o artista de cima do palco e pô-lo no chão”, assim define a empresária a sensação de impotência de não poder criar livremente. O sistema de um entretenimento que apenas tem como base o negócio e que não prima pela coerência de gestão, nem sabe lidar com a arte, desmotiva. “Os que conseguem fazer alguma coisa são aqueles que se rendem ao sistema.” Apesar de apontar o dedo, Leoni querse manter no mercado, mas é algo que considera ser o mais difícil em Macau. “Temos que ser flexíveis, mas quero ter independência suficiente para trabalhar nos meus moldes e manter a visão que tenho de fazer arte.” O facto de ser estrangeira também lhe restringe a liberdade de actuar e de contratar pessoal para trabalhar. Uma burocracia demasiada e uma lei restritiva para estrangeiros obriga-a a procurar nos patrocinadores e nos sócios a ajuda que precisa para poder dar boas condições às pessoas que quer trazer para mudar o cenário do entretenimento local.


[f]utilidades SEXTA-FEIRA 14.10.2011 www.hojemacau.com.mo

Cineteatro | PUB

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[ ] Cinema SALA 2

REAL STEEL [B] Um filme de: Shawn Levy Com: Huge Jackman 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3 SALA 1

JOHNNY ENGLISH REBORN [B] Um filme de: Oliver Parker Com: Rowan Atkinson, Dominic West 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

VERTICAIS: 1-Avenida (abrev.). Prudente como um bispo. 2-Achavam graça. Chegámos. 3-Homem entre a infância e a adolescência. Não cozidos. 4-Xarope de vinho e mel. Brotam. 5-Bases. Francos, dedicados. 6-Cidade da Babilónia. Convenção, tratado. Graça ou elegância de porte. 7-Circulai. Apre!. 8-Joeirar. Aqueles que manifestam snobismo. 9-Espécie de cegonha pequena. Destapem. 10-Faças uma operação. Porto interior. 11-Nota de classificação igual ou superior a metade do valor máximo da escala (Esc.). Autor (Suf.).

SOLUÇÕES DO PROBLEMA HORIZONTAIS: 1-ARREPIOU. OP. 2-VIANES. TIPO. 3-APOS. GABES. 4-AMAM. PIRIRI. 5-B. ZELAR. SET. 6-IV. LECAS. SI. 7-SIC. ATINA. V. 8-PERSIO. OBRA. 9-AMUAS. ABRA. 10-DOSE. AFEADO. 11-OS. MARASMAR. VERTICAIS: 1-AV. ABISPADO. 2-RIAM. VIEMOS. 3-RAPAZ. CRUS. 4-ENOMEL. SAEM. 5-PES. LEAIS. A. 6-IS. PACTO. AR. 7-O. FIRAI. AFA. 8-UTAR. SNOBES. 9-IBIS. ABRAM. 10-OPERES. RADA. 11-POSITIVA. OR.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR

Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Eriço. Opus (abrev. mus.). 2-Vianese. Pessoa, sujeito. 3-Depois de. Elogies. 4-Idolatram. Arbusto euforbiáceo do cauchu. 5-Tratar com cuidado. Setembro (abrev.). 6-4 (Rom.). Notas de banco (Gír.). Pronome pessoal. 7-Tal como foi dito. Deduz acerta. 8-Pérsico. Efeito do trabalho. 9-Tens amuo. Enseada. 10-Quinhão. Desfeado. 11-Aqueles. Causar marasmo.

INSIDIOUS [C] Um filme de: James Wan, Leigh Whannell Com: Patrick Wilson Rose Byrne Barbara Hershey 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

[Tele]visão www.macaucabletv.com TDM 13:00 13:30 14:30 18:30 19:00 19:30 20:25 20:35 21:00 21:30 22:15 22:58 23:00 23:30 01:20 01:50

TDM News - Repetição Jornal das 24h RTPi DIRECTO That 70\’s Show (Que Loucura de Família) TDM Talk Show (Repetição) Amanhecer Acontecimentos Históricos Telejornal Ásia Global Desperate Housewives (Donas de Casa Desesperadas) Passione (Estreia) Acontecimentos Históricos TDM News Hight Fidelity Telejornal (Repetição) RTPi DIRECTO INFORMAÇÃO TDM

RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Retrospectivas 15:00 Um Lugar para Viver 15:30 Correspondentes 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Portugal Tal e Qual 17:30 Velhos Amigos 18:15 Musical – Paulo de Carvalho ao Vivo 19:00 Estado de Graça 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:00 O Humor e a Cidade 22:30 Velocidades 23:00 Portugal no Coração TVB PEARL 83 06:00 07:00 07:30 08:00 09:00 10:00 10:30 11:00 11:30 11:32 12:00 13:30 14:00 14:03 15:58 16:00 16:30 17:00 17:30 18:00 18:10 18:15 18:20 18:30 19:00 19:30 19:50 19:55 20:00 20:30 21:30 22:30 22:35 23:55 00:00 00:15 00:20 00:50 01:45 02:15 02:30 05:00 05:30

Bloomberg West First Up NBC Nightly News Putonghua E-News CCTV News - Live Market Update Inside the Stock Exchange Market Update Inside the Stock Exchange Market Update CCTV News – Live Market Update Inside the Stock Exchange Market Update Inside the Stock Exchange Angelo Rules Geronimo Stilton Wild Animal Baby Explorers Timmy Time Putonghua News Putonghua Financial Bulletin Putonghua Weather Report Financial Report Green Challenge: Golfing World Global Football News At Seven-Thirty Weather Report Earth Live Money Magazine The Savoy Weekend Blockbuster: The Omen Marketplace Weekend Blockbuster: The Omen The CEO Connection and World Market Update News Roundup Earth Live Dolce Vita Project Runway Eating Art European Art at the MET Bloomberg Television TVBS News CCTV News

ESPN 30 13:00 15:30 16:00 19:00 19:30 20:00 20:30 21:00 22:00 22:30 23:00

Ettu European Champions League Total Rugby 2011 American League Championship Series 2011 Texas Rangers vs. Detroit Tigers (Delay) Baseball Tonight International 2011 (LIVE) Sportscenter Asia Football Asia 2011/12 Tour Of Brunei 2011 5th Leg Highlights KIA X Games Asia 2011 Sportscenter Asia Football Asia 2011/12 KIA X Games Asia 2011

STAR SPORTS 31 13:00 Intercontinental Rally Challenge 2011

13:30 FEI Equestrian World 14:00 British Touring Car Championship 2011-Hl 15:00 FA Classics 2008/09 FA Cup Liverpool vs. Everton 16:00 Hot Water 2011/12 17:00 Inside Grand Prix 2011 17:30 FIA F1 World Championship Highlights 2011 Japanese Grand Prix 19:00 Rugby World Cup 2011 Quarterfinal #4 New Zealand vs. Argentina 21:00 Football Asia 2011/12 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 AFC Champions League 2011 FC Seoul vs. Al lttihad STAR MOVIES 40 12:35 Kung Pow: Enter The Fist 14:00 Vital Signs 15:45 Meet Bill 17:20 Winged Creatures 18:55 Streets Of Blood 20:35 The Code 22:25 Inside The Walking Dead 23:00 Pandorum 00:50 Reign Of Fire HBO 41 14:20 Charlie’S Angels: Full Throttle 16:15 Undercover Blues 18:00 Grown Ups 19:45 Jaws 22:00 Robin Hood 00:20 Wolvesbayne CINEMAX 42 12:30 14:30 16:00 17:15 19:40 21:45 22:00 23:30

The Hunted Babylon 5: The River Of Souls Dracula The Night Of The Generals Ronin Epad On Max 132 Ordinary Decent Criminal Death Race 2

MGM CHANNEL 43 12:00 Sometimes They Come Back 13:45 Pulp 15:30 Livin’ Large 17:15 Baby Boom 19:15 Dressed to Kill 21:00 Born to Win 22:45 Once Bitten 00:15 Stanley & Iris DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters 14:00 Dirty Money 14:30 Auction Hunters 15:00 American Chopper 16:00 Heartland Thunder 17:00 River Monsters 18:00 How It’s Made 18:30 How Do They Do It? 19:00 How Stuff Works 20:00 How The Universe Works 21:00 Mythbusters

(MCTV 52) Animal Planet 00:00 BOTSWANA’S WILD KINGDOM

22:00 23:00 00:00

On The Case Gang Wars Mythbusters

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CSI: Miami Ncis: Los Angeles The Amazing Race Justified CSI: Miami Leverage Ncis: Los Angeles Wipeout The Challenger Muaythai Criss Angel Mindfreak Ebuzz Ncis: Los Angeles The Defenders Justified House

STAR WORLD 63 12:10 The Bachelorette 13:05 Off The Map 14:00 Royal Pains 14:55 Happy Endings 15:25 Ghost Whisperer 17:15 The Glee Project 18:10 The Bachelorette 19:05 How I Met Your Mother 19:30 Happy Endings 20:00 Off The Map 20:55 Royal Pains 21:50 Glee 22:45 The Bachelorette 23:40 How I Met Your Mother 00:05 Off The Map

Informação Macau Cable TV


OPINIÃO ed i t o r i a l

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17 Aqui há gato

Carlos Morais José

É a História, estúpido A remoção do escudo português dos Boletins Oficiais em formato pdf, anteriores a 1999, depositados na página na internet da Imprensa Oficial de Macau é um tema deveras interessante e com diversas ramificações. Assim a abrir, interessa-me porque se trata de um símbolo, aparentemente o eventual elo mais fraco de uma cadeia de possíveis modificações. Se fosse a assinatura do Governador, seria mais chocante; se se tratasse do conteúdo da lei, seria atroz; e etc.. Mas não: trata-se de um símbolo e os autores (morais ou imorais) da acção não o respeitaram, pensando provavelmente que tal não era grave. Repare-se que Manuel Cansado de Carvalho, cônsul-geral de Portugal comentou, perante o facto, qualquer coisa como o design não interessava, desde que o conteúdo se mantivesse o mesmo. Contudo, acrescentou prudentemente que não estava na posse de toda a informação sobre o assunto, criando para si mesmo margem de manobra posterior, nomeadamente se o MNE português resolver tomar alguma posição sobre o assunto (já lá vamos). Ora o ataque ao símbolo remete-nos para as teorias estruturalistas de Ferdinand Saussure, a partir das quais se explica, às vezes de forma demasiado clara, que as relações que se estabelecem entre os símbolos (significantes) acabam por ter uma relevância tal que se sobrepõem aos conteúdos (significados). Ou seja, traduzindo para macanês: retirar o escudo português da legislação pré-1999 inscreve-se num conjunto de acções, mais ou menos conscientes, que promove o apagamento da História de Macau, transformando-a num inconsciente complexo colectivo, ao invés de a esclarecer, de assumir à luz do dia, isto é, de a tornar inofensiva. É dos livros: o recalcado volta sempre ao local do crime. Logo, retirar os escudos é contraproducente e estúpido. Depois vem à colação a questão da credibilidade, levantada por Amélia António, presidente da Casa de Portugal, e por José Rocha Dinis, director do Jornal Tribuna de Macau. Com efeito, como acreditar em documentos rasurados, onde existiu uma intervenção qualquer? Os autores da “patriótica” façanha fizeram uma coisa bem simples: retiraram crédito a qualquer documento que publiquem na internet porque já se viu que são capazes de adulterar a História. Isto é grave. Se as pessoas não compreendem a gravidade de um assunto como este então o mundo, tal qual o conheço, está mesmo perdido. E perigoso. Contamos com o Estado para nos proteger destas estranhas acções, desta espécie de maníacos, e, curiosamente,

SEXTA-FEIRA 14.10.2011

Os autores da “patriótica” façanha fizeram uma coisa bem simples: retiraram crédito a qualquer documento que publiquem na internet porque já se viu que são capazes de adulterar a História. Isto é grave. Se as pessoas não compreendem a gravidade de um assunto como este então o mundo, tal qual o conheço, está mesmo perdido. E perigoso. é o próprio Estado que cria condições de insegurança e de fraca credibilidade. Em difícil posição está Paulo Portas, o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros. O que fazer perante esta situação? Provavelmente nada, porque os “negócios” entre Portugal e a China são certamente mais importantes do que a retirada do escudo português do Boletim Oficial de Macau. É certo que poderia ser invocada a Declaração Conjunta ou simplesmente enviar um protesto para Pequim face a esta bizarra facada na História. Não fazer nada significa aquiescer e aquiescer significa o habitual

alheamento perante as questões de Macau e significa também que se dá luz verde a este apagamento das coisas que vão sendo consideradas inconvenientes não se sabe bem por quem. Por isso, de Portugal espera-se as habituais tibieza e cobardia. Talvez Portas nos surpreenda. Falta considerar outros aspectos. Por exemplo, saber de quem partiu a ordem, conhecer o responsável. Terá sido um ditame do Governo Central ou um excesso de zelo de um funcionário local? Ou, talvez, alguém no meio? O Chefe do Executivo, um Secretário? Qual a grandeza real deste comando? É irreversível ou poder-se-á voltar atrás? Quanto a nós é com tristeza que assistimos a ete tipo de acção. Afinal, a retirada do escudo não nasceu ontem, não se trata de um caso isolado e sem precedentes: tem precedentes conhecidos. É o caso famoso das fotografias de onde Estaline mandava retirar os que caíam em desgraça. O ditador russo não foi o único, tendo sido esta técnica abundantemente utilizada. Claro que o caso vertente dos escudos não tem a mesma gravidade, mas o princípio é o mesmo: certos senhores julgam-se no direito de apagar a História, crendo na sua estupidez que tal é possível e a História não ressurgirá. Estaline também morreu julgando que seria considerado um herói, mas hoje é conhecido por ter sido um paranóico e tenebroso assassino.

Há. E chama-se Pu-Yi, o nome do último imperador chinês. É que o nosso gato é assim. Tem atitude de líder e curiosidade típica de gato. É um pouco como o Hoje... encaixa-se bem. Não quisemos desiludir os nossos leitores e, por isso, optamos primar, mais uma vez, pela originalidade. Somos o único jornal a ter um gato na redacção. Como somos o único em muitas outras coisas. O que traz ele para o leitor? Fácil. É que para tudo há contrapartidas: para que o Pu-Yi cá viesse parar e nos enchesse os dias de trabalho de alegria, tivemos que criar uma nova coluna: “Aqui há gato”. Porque há, na verdade, e não é só no jornal... há gato por toda a Macau e nos locais onde menos se espera. O Pu-Yi representa, por isso, uma desculpa para vos mostrarmos o que, muitas vezes, não podemos relatar nas notícias. Um verdadeiro felino (e acreditam que este nosso gatito o é!) mantém-se sempre atento e à espreita. Faz as coisas com uma perspicácia ágil. E, acima de tudo, deixa quem o vê deleitado. Um pouco como o Hoje, hã? Sabendo que há por aí muitos gatos escondidos com o rabo de fora, quisemos deixar tudo à moda do Kusturika: “preto” no “branco”. É que ainda que a curiosidade tenha morto o gato, ele resiste porque tem sete vidas. Assim, vamos “escaldar” gatos, quer eles tenham ou não medo de água fria. Todas as segundas-feiras, a equipa junta-se ao Pu-Yi e mostra-vos os gatos que por aí andam. É que para nós, nem todos são pardos, não... são todos diferentes. Logo, esta coluna de opinião terá temas de outras raças. A sabedoria popular - pelo menos a portuguesa - diz que “quem não tem cão caça com gato”. Pois então, aí está. E o nosso tem uma vantagem - é que o povo também diz que quem tem rabo tem medo. O Pu-Yi não tem rabo, se é que me entendem... Joana Freitas

N.D.: O gato Edgar Allan Pöe, aliás Pu Yi, bem como a coluna “Aqui há gato” são da inteira responsabilidade da redacção.


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OPINIÃO

18 p er sp ect i va s Jorge Rodrigues Simão

Efeito W “Lehman Brothers doesn’t expect a recession but sees a similar profile to growth: its forecast calls for a “‘W’-shaped trajectory with anemic growth before and after the stimulus. Our baseline call is for an extended period of weak growth, but absent the fiscal stimulus, a shallow recession.” The Return of Depression Economics and the Crisis of 2008 Paul Krugman

U

M conjunto de factores negativos concentra-se sobre os países que detém as principais economias mundiais. O cenário económico-financeiro degradou-se bruscamente no passado mês de Agosto e, por tal motivo, a actividade do sector privado sofrerá esse impacto, que se prevê até meados de Março de 2013, ou seja por um período de cerca de dezoito meses. A presente implosão financeira pune as principais economias mundiais numa fase demasiado débil. É urgente que alguns governos ou bancos centrais anunciem medidas que façam diminuir os receios da possibilidade de se atingir o pânico, que faria aumentar ainda mais a venda das acções, que na primeira quinzena de Agosto, totalizavam em termos globais quatro mil milhões de dólares. Tudo indica que a presente turbulência continuará a causar danos e vítimas. Torna-se cada dia mais difícil prever quais as decisões que podem ser tomadas por políticos, banqueiros e operadores, no sentido de corrigir esta situação a curto ou médio prazo. Tal análise, podia ter sido efectuada durante a recessão de 2008 a 2009, que previa uma recuperação de dois a três anos. Os sintomas existentes caracterizam a existência de nova recessão ou agravamento da existente, como são a incerteza dos mercados, o diminuto crescimento e volatilidade que indicam igualmente, um período que vai do presente ano até 2013, condicionados pela existência de riscos mais elevados de poder vir a cair no denominado por “Efeito W”, cujos traços da letra, variam entre descendente e ascendente, demonstrativo de que os sinais de pequena recuperação, podem ser de novo sombreados por um aprofundamento da recessão. Na actual conjuntura o cenário mais optimista é de que a economia real cambaleie sem uma rota estável. O seu lento crescimento, faz prever que serão necessários, alguns anos mais, para poder recuperar-se da crise sistémica de 2007 a 2010. Em rigor, poderia falar-se numa “Mega-Recessão” que iria de 2008 a 2013, ou seja com uma duração de seis anos, principalmente nos Estados Unidos e nos Estados-membros da União Europeia (UE) pertencentes à “Zona euro”.

A componente tecnológica é por si alarmante. O mundo chegou a um ponto onde a corrida por títulos que ofereçam protecção contra a inflação são levadas a cabo por super computadores que “dialogam” entre si, a uma velocidade descomunal e vendem milhões de papéis à medida que desvalorizam. O máximo da especulação é realçado por um conjunto de derivados sem limites fixos. Os principais factores das actuais situações de turbulência, podem ser enumeradas sendo a primeira, a fraca, frustrante e errante recuperação depois da crise sistémica ocidental de 2007 a 2009. Segundo, os dados macroeconómicos (PIB) revelados por instituições internacionais, surgindo no topo o Fundo Monetário Internacional (FMI), foram novamente revistos em baixa pela terceira vez este ano, enquanto o desemprego continua a reduzir-se de forma mais lenta. Terceiro, a aparente desaceleração do crescimento da economia chinesa, prevista pelo governo, mas que continua a manter despertos os mercados especulativos. A China, Brasil, Japão e Índia tem de ser extremamente cautelosos, pois qualquer medida impulsiva que tomem, por mínima que seja, pode ter um efeito imprevisível ou incontrolável, que seria calamitoso para a economia global. Quarto, os “testes de stress” para avaliar a resistência dos bancos a uma eventual reestruturação da dívida grega, efectuados há três meses a 90 bancos europeus e que reprovou oito, não contribuíram para acalmar os receios nem criar a confiança, levando os Ministros das Finanças europeus a pedir à Autoridade Bancária Europeia que realizasse novo “teste de stress”, numa altura em que a chanceler alemã afirma, que a Alemanha estaria disposta a tomar medidas para recapitalizar os bancos do seu país e disponível a discutir igual plano a nível europeu. Essas medidas incluem empréstimos de fundos públicos. O FMI prevê que o montante necessário para a recapitalização da Europa na sua totalidade se situe entre os 100 e 200 mil milhões de euros. Quinto, a farisaica gestão da insolvência da dívida soberana grega põe em dúvida a liderança dos dirigentes a nível regional e nomeadamente, põe em realce os curto-circuitos entre a Comissão Europeia, o Eurogrupo, o Banco Central Europeu, o FMI e alguns Estados-membros. É de salientar que os governos dos Estados-membros da UE têm corrido de maneira consistente na perseguição e tentativa de solução dos problemas com que se debatem, mas de forma lenta e hesitante. Assim, o actual plano de resgate grego a médio prazo continua congelado, inviabi-

É urgente que alguns governos ou bancos centrais anunciem medidas que façam diminuir os receios da possibilidade de se atingir o pânico, que faria aumentar ainda mais a venda das acções, que na primeira quinzena de Agosto, totalizavam em termos globais quatro mil milhões de dólares lizando a disponibilidade dos fundos da sexta “tranche”, não permitindo que possa atingir as metas de défice para o presente ano e 2012. Sem tais fundos, a Grécia entra em situação de incumprimento em poucas semanas, até que os restantes vinte e seis Estados-membros o ratifiquem. A situação da Grécia somados aos riscos de contágio da crise da dívida na “Zona euro”, se não forem aprovados o mais rápido possível igualmente, pelos restantes Estados-membros na sequência das decisões tomadas na “Cimeira Extraordinária do Conselho Europeu”, de 21 de Julho, poderá pôr Portugal em sérios riscos de recuperação e arrastar outros Estados-membros. A decisão tomada pelo “Parlamento da Eslováquia” de não aprovarem o alargamento dos poderes do “Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF)” e que fez cair o governo, veio comprometer ainda mais o projecto, que tinha por objectivo ampliar as capacidades da “Zona euro” de gerir e solver as situações resultantes da crise da dívida. Todavia, a especulação financeira não espera. Retardar a reestruturação total de dívidas até 2013 e 2014, arquitectando que os mercados esperam, é um verdadeiro disparate. Sexto, é relativo às governações fracassadas, como é demonstrado pelo caso do primeiro-ministro italiano que se defronta com diversas acções penais ligadas à corrupção, abuso de poder e prostituição de menores. Não é um chefe de governo idóneo, e com capacidade moral para dirigir a estratégia de recuperação económica da Itália. O ministro das Finanças do seu gabinete, apesar das divergências e o líder do Partido da Liga Norte que o apoia no Parlamento, têm opinião distinta. Após o escândalo relacionado com as escutas telefónicas ilegais que envolveram o grupo “News Corporation”, que controlava o tablóide britânico “News of the World” do multimilionário da comunicação social australiano Rupert Murdoch, com ligações à extrema direita do “Tea Party” nos Estados Unidos, e que apoia o Presidente Barack Obama, e a violência de rua vivida no Reino Unido, a legitimidade política do primeiro-ministro inglês ficou comprometida. Sétimo, as medidas a favor da reestruturação de dívidas parecem fracassar pela incorporação de detentores privados de

títulos de dívida pública ou bónus (bancos). A “Zona euro” está a agir de forma incompetente ao pretender que os bancos aceitem um deságio de 10 a 20 por cento dos seus recursos quando, na realidade, não devia baixar dos 70 por cento. Oitavo, aparece o contágio das crises da Grécia, Portugal e Irlanda à Espanha e Itália, ambas mergulhadas em problemas políticos. Esta situação parece injustificável, uma vez que os mercados especulativos e as agências qualificadoras engordam, sobem os rendimentos de cada dívida e aparecem as profecias auto-realizadas. Nono, é um acto de grande envergadura, que são as infindáveis negociações no Congresso dos Estados Unidos sobre o aumento do máximo da dívida federal que passa de 14, 35 para 15,42 mil milhões de dólares. A primeira economia mundial nunca devia permitir pela responsabilidade dos seus cidadãos discussões tão inconscientes, que tem posto em dúvida e agravado a solvência do país. Este comportamento é reprovável e tem contornos criminais muito bem definidos na legislação americana. Na crise do direito e da justiça pelo mundo, muitos dos quem tem a incumbência da administração da justiça vão-se burocratizando, levando o preceito a peito de que a justiça é um ideal nunca conseguido e sempre tentado (sem grande esforço). O meu bisavô eminente jurista e juiz no início da sua carreira, dizia que um dia se fosse para o inferno iria a cavalo nas testemunhas. Os advogados deviam ser considerados efectivos colaboradores da justiça e possuidores daquela especial idoneidade e dignidade que falava e praticava em “Alma de la Toga”, Ángel Ossorio y Gallardo. Num mundo de generalidades sempre existem excepções para confirmar a regra. A cada um cabe a responsabilidade de não deixar nas mãos das testemunhas a salvação da sua alma. Assim, os senadores americanos que rompem o princípio da sustentabilidade comprometendo o futuro da nação e das gerações futuras poderão chegar ao inferno montados no orçamento. No aspecto técnico e conforme assinalou o Prémio Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman, o acordo final sobre os cortes orçamentais para redução do défice comprometerá durante os próximos anos as possibilidades de recuperação sem atingir os objectivos a que se propõe. O “Tea Party” parece ser um dos responsáveis. O plano imposto pela extrema-direita republicana a um presidente ideologicamente conservador aumenta os riscos da recessão em W.


Ciclone

A vida é uma corrida circular. Quanto mais perto do fim, melhor se vê o passado.

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19

Por Fernando

OPINIÃO

u m g r i t o n o d eser t o

Paul Chan Wai Chi*

Fim de férias na AL A

Assembleia Legislativa (AL) faz uma pausa de dois meses todos os anos. Essa interrupção é, obviamente, demasiado longa e faz com que a AL sofra uma perda de tempo de trabalho. Seja como for, ninguém nunca propôs a revisão dessa prática. Mesmo que as férias durem só um mês, a eficiência da assembleia não melhora se continuar a vigorar o sistema actual. Por exemplo, relativamente à proposta de lei “Quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não superior” da qual depende o bem-estar de vários milhares de professores, o presidente da 2.ª Comissão Permanente, Chan Chak Mo, declarou antes da interrupção que, se a necessidade aparecesse, ele iria convocar uma reunião extraordinária durante as férias. No entanto, nenhuma convocatória foi feita durante a pausa. Perguntei ao deputado Ng Kuok Cheong, membro da 2ª. Comissão Permanente, sobre a situação. Em resposta, Ng disse que já havia transmitido ao presidente a sua opinião. A resposta que teve do presidente foi a de que o Governo não tinha apresentado qualquer nova versão da proposta de lei, pelo que não havia necessidade de convocar uma reunião extraordinária. Mas, de acordo com o meu entendimento, o Conselho de Educação para o Ensino Não Superior já tinha concluído os trabalhos respectivos e o que aconteceu foi que a proposta de lei ficou encalhada nas considerações sobre administração e justiça. Quando a AL

tem este tipo de eficiência, nunca poderá conseguir nada, nem que as férias fossem só de um mês! Por falar em baixa eficiência, a extensão do regulamento administrativo sobre o “Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social”, que ficou concluída a 31 de Agosto, só foi anunciada publicamente um mês depois. Isso gerou um nervoso miudinho nos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social. O regulamento administrativo refere-se aos candidatos à habitação social que têm baixos rendimentos. Quando o deputado Au Kam San apresentou uma interpelação escrita, a Federação das Associações dos Operários de Macau solicitou uma reunião com o Instituto de Habitação, enquanto a comunidade criticava duramente o regulamento administrativo. Foi então que o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, anunciou o novo Plano e o atraso foi provocado, como disse o próprio, pelos debates sobre o Plano pelo Conselho Executivo. Nos dias que correm, tal eficiência administrativa será aceitável? Muitas pessoas simplesmente não conseguem perceber porque é que uma cidade pequena como Macau, com meio milhão de habitantes, não consegue parar de ter problemas apesar de gozar de enormes receitas fiscais a cada ano. O índice de felicidade dos cidadãos não tem subido e os protestos são cada vez mais numerosos. Até mesmo o Dia

Muitas pessoas simplesmente não conseguem perceber porque é que uma cidade pequena como Macau, com meio milhão de habitantes, não consegue parar de ter problemas apesar de gozar de enormes receitas fiscais a cada ano. O índice de felicidade dos cidadãos não tem subido e os protestos são cada vez mais numerosos

Nacional da República Popular da China tornou-se um dia escolhido para as pessoas virem para a rua! Afinal de contas, o que é que se passa de errado com o Governo da RAEM? Antes de a AL ir para o seu intervalo anual, é calculada a taxa de assistência e as interpelações apresentadas por cada deputado. De acordo com a compilação feita por Au Kam San, houve 229 vezes em que teve lugar o “uso da palavra no período de antes da ordem do dia” ao longo do ano, das quais 150 vezes (65%) foram graças aos 12 deputados eleitos directamente; 526 interpelações escritas, das quais 507 (96%) foram apresentadas pelos deputados eleitos de forma directa. Embora quantidade não signifique necessariamente qualidade, se os

deputados não falam em nome dos cidadãos nem monitoram a administração do Governo, o que têm a dizer? Os deputados da AL devem ser responsáveis perante os cidadãos, e não perante um único grupo de interesses ou uma única pessoa, pelo seu trabalho. No futuro, a assembleia deve caminhar para eleições gerais directas e o povo deverá se empenhar mais em monitorar os deputados e responsabilizá-los pelo que fizeram. O funcionamento da AL deve tornar-se mais transparente e as reuniões devem ser abertas ao público, para que as pessoas possam conhecer exactamente o desempenho de cada deputado. Além disso, o “regimento (regras / regulamentos de discussão)” deveria ser cancelado, pois coloca muitas restrições às discussões e debates das propostas de lei. A pausa de dois meses na AL não implica tempo livre para mim. Continua a haver muito trabalho por fazer nesse período, uma vez que a vida das pessoas continua a decorrer durante esses dois meses. O povo continua a ser torturado pela inflação galopante e pelos preços hilariantes do mercado imobiliário. O aparecimento de problemas sociais não tira umas férias como as da AL. Quando a Assembleia voltar ao trabalho na próxima semana, espero que tudo seja melhorado ou possa ser melhorado através de um esforço incansável. *Deputado e presidente da Associação Novo Macau Democrático

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@ hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


c a r t o on

TENTATIVA DE ASSASSINATO

por Steff QUÉNIA ESPANHOLAS RAPTADAS Um grupo armado raptou duas funcionárias espanholas da organização humanitária Médicos sem Fronteiras no campo de refugiados queniano de Dadaab, junto à fronteira com a Somália, depois de atacar dois veículos. O sequestro foi confirmado pela polícia queniana. O condutor de um dos veículos que circulava junto ao campo de refugiados de Dadaab ficou ferido e foi transportado para o hospital. As suspeitas recaem sobre a milícia islamista Al-Shabab, que se opõe à disponibilização de ajuda humanitária no Sul da Somália. As duas mulheres sequestradas trabalham na área de logística da organização humanitária e a sua identidade não foi ainda divulgada. IGREJA DISPONÍVEL PARA ACABAR COM FERIADOS A Igreja Católica portuguesa está disponível para discutir com o Governo a extinção ou a deslocação de feriados religiosos, caso as datas civis também sofram alterações, disse à Lusa o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). “A igreja naturalmente pode conversar sobre este assunto na linha da deslocação de algum feriado religioso. Naturalmente partindo do pressuposto que o Governo diminui um ou alguns feriados civis”, afirmou o padre Manuel Morujão. Segundo a mesma fonte, “os feriados religiosos constam do acordo entre a Santa Sé e o Estado português” pelo que “terá que ser a este nível que as coisas terão que ser conversadas”. ALEMANHA FORTE DESACELERAÇÃO ECONÓMICA A economia alemã sofrerá “uma forte desaceleração nos próximos meses” e aproximase da recessão devido à crise da zona euro, segundo um relatório divulgado ontem pelos principais institutos de estudos económicos alemães. Em causa está o forte endividamento dos chamados países periféricos do euro e os problemas de capitalização dos bancos, lê-se no documento, intitulado “A crise da dívida. O Produto Interno Bruto (PIB) alemão crescerá 2,9% este ano, quando se chegou a apontar para 3,6%, e 0,8% em 2012, longe dos 2% previstos anteriormente. “O maior risco consiste num agravamento da crise da dívida e da confiança da Europa”, dado que as condições financeiras da economia “poderiam piorar de forma notável”.

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REBELDES CAPTURAM FILHO DE KHADAFI Mouatassim Kadhafi, um dos filhos do líder líbio deposto Muammar Khadafi, foi detido ontem em Sirte, garantiu à AFP um alto responsável do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio. “Mouatassim Kadhafi foi capturado em Sirte e transferido para Bengazi”, disse à agência francesa Abdelkarim Bizama, conselheiro do líder do CNT, Moustapha Abdel Jalil. Sirte fica a cerca de 360 quilómetros da capital, Trípoli, e é aí que nos últimos dias têm ocorrido confrontos entre as forças do novo regime líbio, que ainda não conseguiram assumir o controlo pleno da cidade, e as forças de Khadafi.

Tio espanca sobrinho até à morte por roubo de comida

Morte pelo mel

U

M caso de violência familiar está a abalar a pequena localidade de Ponta Brandão, nos arredores da capital da Guiné-Bissau, onde um tio espancou um sobrinho até à morte por alegadamente ter roubado três litros de mel. Segundo a polícia de Quinhamel, o caso deu-se na terça-feira à noite quando um tio, a quem foi confiada a guarda do sobrinho, terá descoberto que o rapaz, de 11 anos de idade, seria o “ladrão de três litros de mel” que tinha guardado em casa. O mel é usado no fabrico de aguardente, pelo que é um produto de venda e logo

fonte de sustento familiar. O tio terá contado à polícia que estava a tentar repreender o sobrinho, já que ele lhe tinha roubado “no mesmo dia 200 francos CFA”, e com receio de a prática vir ser recorrente decidiu castigar o rapaz. Relatos de familiares citados pela polícia referem que o tio amarrou o sobrinho com cordas num quarto onde, depois de espancar o rapaz, deixou-o durante varias horas, sem comunicação com o resto dos elementos da família. Quando avisado pelo irmão mais velho que o miúdo “estava a passar mal”, o tio apressou-se a libertá-lo, mas já era tarde uma

vez que minutos depois a criança faleceu. Instado pelos elementos da família a ir entregar-se à polícia, o tio da criança ainda se dirigiu ao comando da polícia em Quinhamel, mas no meio do caminho, da Ponta Brandão para a sede da administração estatal, desapareceu no mato. Quando contactado pelos familiares através do telemóvel, terá dito que não era sua intenção matar o sobrinho. A família receia agora que ele se suicide. É tradição entre os guineenses uma criança ser dada para ser criada por um familiar na mesma aldeia ou mesmo numa outra localidade.

ESCÂNDALOS NAS EMPRESAS DE MURDOCH SEGUEM COM FORÇA

A hora do Wall Street Journal O

“The Wall Street Journal”, a menina dos olhos de ouro da News Corp. (que detinha o News of the World) terá criado um estratagema para aumentar ficticiamente a circulação do jornal na Europa. O responsável pela publicação no velho continente já se demitiu. De acordo com o “The Guardian”, que refere documentos e e-mails a que teve acesso, o jornal económico canalizou dinheiro através de terceiros para uma empresa que estaria a comprar massivamente exemplares, aumentando a circulação. Os e-mails e documentos referidos não foram divulgados pelo diário britânico, mas na prática, o WSJ estaria a comprar exemplares a si mesmo, aumentando a circulação, o que lhe permitia cobrar mais aos anunciantes. Segundo o “Guardian”, o “Wall Street” pediu a intermediários para pagarem à Executive Learning Partnership, para que esta empresa sediada na Holanda comprasse diariamente milhares de cópias com grande desconto. Numa declaração enviada à Associated Press, o

WSJ diz que a história é “incendiária” e está “cheia de inverdades e interpretações maliciosas”. No que toca aos descontos, tanto o “Guardian” como o “Wall Street” dizem ser uma prática habitual e que o negócio com a ELP foi aprovado pela entidade britânica que regula a circulação da imprensa. Mas o “Guardian” diz ainda que na origem dos pagamentos estava o próprio WSJ e que o económico terá prometido publicar três histórias baseadas em pesquisa da ELP – duas delas publicadas entre Outubro de 2010 e Março deste ano. Entretanto, o responsável pelo “Wall Street Journal” na Europa demitiu-se, depois de uma investigação interna ter determinado que tentou influenciar o conteúdo editorial para beneficiar um parceiro comercial. O relatório vem contrariar uma declaração do proprietário, a News Corp., que terça-feira garantia que a demissão de Andrew Langhoff em nada estava relacionada com um acordo com a holandesa Executive Learning Partnerships.

BRASIL HACKER ATACA SITE DA PRESIDÊNCIA Um hacker atacou na madrugada de quartafeira o “Blog do Planalto”, canal de comunicação oficial da Presidência da República do Brasil, e deixou uma mensagem contra a corrupção. A página ficou offline, mas, pelo Google, foi possível ver a mensagem deixada pelo intruso, que se identificou como “@ DonR4UL, o hacker beleza”. A mensagem continha uma fotografia do protesto anticorrupção realizado na quarta-feira em Brasília, com a frase: “Político deve ser íntegro, incorruptível! Ficha limpa já! Voto aberto no Congresso”. O hacker também colocou um excerto de uma música do cantor brasileiro Raul Seixas, morto em 1989, e o apelo: “Brasileiros, acredite em vocês, Salvem o BRASIL!” (sic). STRAUSS-KHAN QUEIXA ARQUIVADA, RECONHECIDA AGRESSÃO SEXUAL A queixa da francesa Tristane Banon contra o ex-director do FMI, Dominique StraussKhan, foi arquivada mas os factos de agressão sexual foram reconhecidos apesar de prescritos. “O procurador de Paris procedeu ao arquivamento do processo relacionado com a queixa por tentativa de violação interposta por Tristane Banon contra Dominique Strauss-Khan”, indicou em comunicado. Na sequência do inquérito “e caso não existam elementos de prova suficientes, o processo não pode ser elevado à categoria de tentativa de violação, mas são reconhecidos os factos que podem ser qualificados de agressão sexual”, prosseguiu. No entanto, o procurador esclarece que os actos ocorridos em 2003 não podem ser julgados porque prescreveram.


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