Hoje Macau 14 MAR 2016 #3531

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB TIAGO ALCÂNTARA

CENTRAIS

DOCA DE A-MÁ

Oficina de artes PÁGINA 9

OPINIÃO A China e o futuro

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ÁGUIAS TÓNICAS

A real ficção

ADAM JOHNSON

MOP$10

hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

LIGA DE ELITE

SEGUNDA-FEIRA 14 DE MARÇO DE 2016 • ANO XV • Nº 3531

O vencedor de um prémio Pullitzer está pela primeira vez em Macau para participar no Festival Literário. Para o escritor norte-americano a vida, tal como os seus romances, é uma mistura de ficção e realidade. EVENTOS

JOSÉ RODRIGUES SIMÃO

h

A grande mensagem GUO XI

CHEN HUAI LIN

Média em mutação ENTREVISTA

ATFPM

PÁGINA 5

EDUARDO MARTINS

TUDO COMO DANTES


2 ENTREVISTA

CHEN HUAI LIN PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE MACAU

“Os média têm tendência a desenvolver-se como fast-food” Foi jornalista e é agora professor, tendo dado aulas em Hong Kong e Macau. Considera que jornalismo tradicional mudou muito, especialmente com o impacto da internet e sente que há cada vez mais pressão na profissão. Ainda assim, concorda com a existência de um Código Deontológico para Macau e diz que há sempre a necessidade de o Governo fazer inquéritos públicos Foi um dos autores do livro publicado em 2004 intitulado “Jornalistas da China, Hong Kong e Taiwan estão a mudar”. Considera que a mudança aconteceu realmente? O livro já foi escrito há mais de dez anos. Desde essa altura até agora, aconteceram grandes mudanças no ambiente jornalístico, principalmente por causa da internet. De um pequeno poder, a internet tornou-se esmagadora dos média tradicionais. Portanto, os jornalistas enfrentam mais competição, pressão e dificuldades. Os média tradicionais estão a cair, tanto na sua força de influência, como nos rendimentos que têm. Ao mesmo tempo, os seus leitores estão a envelhecer, a maioria das novas gerações não procura muito os média tradicionais, sobretudo os que têm menos de 40 anos. O grupo que maior consume socialmente já não é cliente dos média tradicionais. Quando escrevi este livro, foram tidos em conta jornalistas de jornais, televisão e rádio e a pressão destes média era maior. Com a competição dos novos média, vários jornais conhecidos internacionalmente já fecharam, cortaram a mão-de-obra ou “traíram” o público, mudando para empresas que se desenvolveram mais na internet.

Os trabalhos dos jornalistas também se alteraram? Sim, a disciplina e os trabalhos dos jornalistas também foram afectados. A ideia de que os “jornalistas têm responsabilidades pelo mundo” e que são considerados “o quarto poder” - além da separação dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário) que supervisionam a sociedade – [foi mudando] porque os proprietários dos meios de comunicação social têm de enfrentar pressões diariamente. Não podemos esquecer

“A ideia de que os “jornalistas têm responsabilidades pelo mundo” e que são considerados “o quarto poder” (...) [foi mudando] porque os proprietários dos meios de comunicação social têm de enfrentar pressões diariamente”

que, para os detentores dos média privados, isto é um negócio e eles podem não ter vontade em suportar um negócio que perde dinheiro. Depois, mais uma vez, por causa do desenvolvimento da internet, o investimento na publicidade é maior nos média novos. Mas Macau enfrenta esta situação mesmo com o Governo a atribuir subsídios? Macau está numa situação diferente, acho que os média cá estão entre a forma de funcionamento dos de Hong Kong e da China continental. Muitos [média] de Hong Kong são bem comerciais, sendo que apenas uma parte se mantém tradicional. Em Macau, a TDM é 100% gerida com capital do Governo, mas isso não significa que é o meio para passar mensagens do Governo. Por cá, os salários não são altos, nunca se consegue comparar com as empresas grandes. Por isso, há jornalistas - velhos – que trabalham para o jornalismo de coração. Mas é tudo diferente: se virmos o canal português da TDM, este tem de se preocupar menos com o impacto comercial porque não existe para ganhar dinheiro. Quem trabalhar lá, tem mais responsabilidade de fazer jornalismo. Outro caso é o Jornal Ou Mun, que tem relações mais próximas com o Governo,

sendo que o seu director tem um cargo político no Governo Central. Mesmo que não seja um jornal comercial como os de Hong Kong, a maioria dos anúncios do Governo ou de empresas privadas são publicados lá. Parece-me que Macau tem mais tolerância e a cultura dos média é diferente da Hong Kong, aqui não existe “uma luta de vida ou morte” entre os jornalistas e as empresas. Mas, Macau actualmente não tem um código deontológico nem um cartão de jornalista. Como avalia esta situação? Ouvi agora essa situação pela primeira vez. Mas entendo, porque os jornalistas são mais livres cá e não gostam de ser restringidos

“Parece-me que Macau tem mais tolerância e a cultura dos média é diferente da Hong Kong, aqui não existe “uma luta de vida ou morte” entre os jornalistas e as empresas” ou, de certa forma, punidos. Ao mesmo tempo, a remuneração para jornalistas em Macau não é muito alta, nem o seu estatuto social, sendo que uma boa parte dos jornalistas não é formado em Jornalismo. Daí, que eles possam preocupar-se com exames ou que venham a sofrer limites, sobretudo, os jornais pequenos e os que expressam opiniões políticas podem não ter tanta vontade em ter um Código Deontológico. Em Hong Kong existe este Código mas não

é tão exigente. Na minha opinião, espero que Macau avance com isso, dê esse passo e depois discutimos o seu nível de exigência. Pela minha experiência - fui jornalista na televisão de Xangai - na China continental também existe este código, ainda que o sistema seja diferente. Antes de chegar a Macau, deu aulas na Universidade Chinesa de Hong Kong. Porque é que decidiu desenvolver a carreira em Macau? Como olha para o sector da Comunicação nas duas regiões? Macau é uma cidade que tem mais sentimentos humanos, os políticos não são tão opostos uns dos outros e tenho a mesma liberdade para fazer estudos. Assim tomei esta decisão em 2000, portanto estou em Macau há 15 anos. Depois da transferência de soberania, tanto Hong Kong como Macau sofreram influências dos novos média, como já disse, e estamos a enfrentar a questão de que as novas gerações não lêem notícias através dos média tradicionais. Em Hong Kong, a imprensa ainda é dinâmica e animada e mais competitiva, mas também tem agora mais mercantilização. Os média têm tendência a desenvolver-se como “fast food”. Os artigos compridos e profundos diminuíram. É uma pena mas não há alternativa. Em Macau, os jornais não mudaram muito, porque desde o passado até agora, por exemplo, o Jornal Ou Mun ainda ocupa grande parte do mercado, mesmo que tenha sofrido um impacto com os jornais “ultramarinos”, tais como Apple Daily e o Oriental Daily. Como avalia o hábito de leitura dos jovens de Macau? Os jovens não lêem os jornais. É um resultado de um inquérito feito recentemente a estudantes da UM. Quando escolhem duas fontes prin-


3 hoje macau segunda-feira 14.3.2016 www.hojemacau.com.mo SOFIA MOTA

cipais para obter notícias, menos de 5% dos estudantes locais escolheu o Jornal Ou Mun. Os jovens estão muito longe dos jornais, uns apenas lêem os títulos mas não conhecem profundamente a notícia, outros apenas lêem revistas de lazer. Mas o hábito de leitura desenvolve-se desde a infância. Se agora eles não lêem jornais, voltarão a ler com 50 anos? É impossível. No que toca aos livros, apenas os estudantes considerados “de elite” ou os que são influenciados por família têm o hábito da leitura, a maioria nunca leu livros famosos tanto da China como do estrangeiro. Mas

“Os média tradicionais estão a cair, tanto na sua força de influência, como nos rendimentos”

observo isso como uma mudança de gerações, porque quando eu era jovem os meus pais consideravam “péssimo” o facto de eu não ler livros. Agora sou quem que mostro insatisfação para com os jovens que não lêem o que eu considero importante. Mas é verdade que, comparado com outros países, como os Estados Unidos, onde a leitura é muito comum e as pessoas lêem no metro e na praia, Macau é diferente. É especialista na área da sondagem pública.As instituições académicas de Macau fazem muitos inquéritos a pedido do Governo, incluindo a UM. Mas o recente relatório do Comissário de Auditoria aponta o dedo aos problemas de adjudicação destes serviços. Como avalia a necessidade de se fazer sondagens públicas? Sou especialista nesta área, sim. Já fiz muitos inquéritos públicos

do Governo e sou responsável em partes importantes desses questionários. Primeiro, porque é que o Governo precisa de fazer isso? Uma das razões é que o resultado pode corresponder à previsão do público, para que não só o Governo diga o que pensa, mas mostre dados e justificações para promover uma política. Assim, precisa de uma sondagem pública feita por uma instituição de confiança e que se dedique. E o Governo também espera que as opiniões sejam dadas por uma instituição, em vez de serem feitas por ele próprio. Quanto à qualidade das sondagens públicas, não estou a exagerar, mas é verdade que os inquéritos feitos pela UM têm melhor qualidade do que os outros, porque primeiro analisamos se o assunto precisa de ser alvo de sondagem e, depois, as amostras abrangem uma grande dimensão de pessoas, devendo ser representativas – o

“Prevejo que quando chegar 2049 vai ser preciso fazer uma sondagem pública, para podermos compreender as opiniões da população sobre a governação de Macau e as relações com a China continental” número é sempre entre 600 a mil inquiridos, o que para Macau é mais adequado. Mas a desvantagem da sondagem pública é que é difícil fazer questões mais profundas ou sensíveis e as pessoas

só podem responder dentro de escolhas limitadas, ou seja apenas se pode saber se concordam ou discordam. Embora se faça cada vez mais sondagens públicas em Macau, está cada vez mais difícil, porque o modelo dos inquéritos deve ser exigente e profissional. Considero viável que o Governo tenha um grupo especializado em avaliar as instituições que fazem sondagens públicas. Portanto, no futuro, a necessidade das sondagens públicas ainda vai ser grande? E cumprirá os seus objectivos? Sim, por exemplo, prevejo que quando chegar 2049 vai ser preciso fazer uma sondagem pública, para podermos compreender as opiniões da população sobre a governação de Macau e as relações com a China continental. Flora Fong

Flora.fong@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

hoje macau segunda-feira 14.3.2016

Jogo POWER OF THE MACAO GAMING REUNIU COM LIONEL LEONG O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reconhece que a Universidade de Macau (UM) tem de reforçar o ensino de Português e o trabalho já “devia estar mais desenvolvido”, sendo essa responsabilidade do reitor Wei Zhao. “[O desempenho] poderia ser melhor. Estava a puxar mais pela formação da Língua Portuguesa, aliás, falei com ele e critiquei-o publicamente. Ao mesmo tempo, elogiei o presidente do Instituto Politécnico”, afirmou Alexis Tam em entrevista aos canais portugueses da TDM. A preocupação com o ensino do Português na UM já está ultrapassada, garante o Secretário, que abordou ainda o apoio que o Governo pretende dar à Escola Portuguesa de Macau (EPM). Alexis Tam assegura que a instituição “é importantíssima para formar os talentos”.

SECRETÁRIO CRITICA SERVIÇO DE URGÊNCIA

O serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de S. Januário “foi mal planeado”, admitiu o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, em entrevista aos canais portugueses da TDM. Questionado por que decidiu, ainda assim, reconduzir por mais dois anos o director dos Serviços de Saúde, Alexis Tam disse que vai “exigir mais” de Lei Chin Ion, que está agora a trabalhar sob as suas “orientações”, “políticas” e “indicações”. Nesta entrevista à TDM, o responsável fala ainda do alargamento dos horários de funcionamento no hospital público e dos centros de saúde e promete acabar com o problema de falta de espaço, que leva alguns doentes a ficaram em corredores. “Essa situação com certeza vai acabar, mas leva tempo, porque estamos a fazer, estamos a planear, não apenas em espaço, também precisamos de mais pessoal, isto quer dizer mais médicos, enfermeiros e outros profissionais”.

Reforma e direitos A associação Power of the Macao Gaming, à qual está ligada o deputado José Pereira Coutinho, pede que seja criado um sistema de reforma para os trabalhadores do Jogo e reduzido o número de trabalhadores não residentes no sector

J

OSÉ Pereira Coutinho e Rita Santos estiveram reunidos na passada sexta-feira com o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, para apresentarem algumas sugestões sobre o sector do Jogo, em nome da associação Power of the Macao Gaming. “Na reunião revelámos as preocupações dos trabalhadores do sector do Jogo. Referimos que, no processo de revisão intercalar do sector, é importante garantir que sejam acautelados os direitos no acesso e progressão na carreira”, referiu ao HM José Pereira Coutinho, também deputado. AAssociação pede ainda que seja criado um regime de reforma próprio para os trabalhadores do Jogo. “Neste momento a média de idades dos trabalhadores é acima dos 40 anos. Nos próximos dez anos vamos ter muitas pessoas a aposentarem-se”, referiu Pereira Coutinho.

“situações em que os trabalhadores sejam maltratados, com o objectivo destes se demitirem, e que o sejam através de advertência indevida, sistema de classificação impróprio ou transferências inadequadas do posto de trabalho por causa da redução das receitas”. O ajustamento salarial anual dos casinos tem uma influência de longo alcance, diz ainda a Associação, que considera esta uma razão pela qual o Governo deve entender a situação do ajustamento salarial dos casinos enquanto os casinos lucram, refere ainda o mesmo comunicado.

GCS

ALEXIS TAM DESEMPENHO DO REITOR DA UM “PODERIA SER MELHOR”

MENOS QUOTAS

Lionel Leong

Num comunicado distribuído aos jornalistas, lê-se que o Secretário para a Economia e Finanças deve “considerar [a criação] de um regime de aposentação para trabalhadores do sector do Jogo, algo que vai garantir não só a vida dos aposentados como vai levar outros sectores de Macau a estabelecer um regime. Desta forma irá aperfeiçoar-se o regime de aposentadoria para a camada social dos trabalhadores”.

CONTRA ABUSOS

Pereira Coutinho disse ainda ao HM que é necessário “rever a Lei Laboral para que as operadoras

não abusem da sua superioridade ao nível dos despedimentos sem justa causa” e também ao nível do pagamento dos subsídios, bem como apostar na regulamentação dos sindicatos. A Power of the Macao Gaming espera ainda que Lionel Leong “possa supervisionar a adequação do regime para os trabalhadores dos casinos”. “Face à queda consecutiva das receitas, esperamos que os casinos possam assumir as suas responsabilidades sociais e não devem cortar benefícios aos trabalhadores enquanto as empresas ainda lucram”, apontaram, alertando para a possibilidade de ocorrência de

Relativamente ao número de trabalhadores não residentes (TNR), a Associação pediu a Lionel Leong para reduzir as quotas de importação atribuídas às operadoras. “A Associação acha que é necessário reduzir as quotas para TNR no período de ajustamento do Jogo, além de restringir a importação dos mesmos para os cargos de croupier, também é necessário implementar uma política que restrinja os mesmos de ocuparem cargos de alto nível nos casinos, com o intuito de assegurar a promoção dos trabalhadores locais e o desenvolvimento estável da economia de Macau.” Segundo Pereira Coutinho, é ainda necessário alterar a imagem do sector do Jogo, que está “degradada” devido aos casos de vencedores que não chegaram a receber o prémio das operadoras. Para além disso, diz, é preciso melhorar “a segurança interna dos casinos, pois há muitas pessoas a [furtar] fichas de jogo”. Na fase da renovação das licenças com as operadoras, Pereira Coutinho considera que o Governo deve “ter uma posição firme para garantir os direitos da RAEM”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

CHUI SAI PENG QUER MACAU COMO MEDIADOR PARA PLP

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OSÉ Chui Sai Peng, deputado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), sugeriu em Pequim que o Governo Central coloque Macau com uma função mediadora face aos países de Língua Portuguesa. O também deputado do hemiciclo considera que o território deveria prestar serviços de “centro

de mediação e arbitragem comercial” entre a China e esses países. Citado pelo jornal do Cidadão, Chui Sai Peng disse que “Macau é um porto franco que serve como porta ao comércio da China, estando a criar infra-estruturas como o Centro de Serviços Comerciais para as Pequenas e Mé-

dias Empresas dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa e o Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, algo que testemunha o papel de plataforma”. Por

isso mesmo, indica, Macau pode e deve oferecer o serviço de arbitragem, especialmente porque as questões judiciais “vão cada vez aumentar e cada vez ser mais rigorosas”. “Acho que precisamos de um serviço judicial para responder aos problemas que podem advir da cooperação económica

e do investimento bilateral no futuro. Além disso, a lei existente em Macau é baseada no Código Civil de Portugal, que tem uma ligação às leis dos países lusófonos como o Brasil e Angola. Macau pode, por isso, ocupar um papel de mediador quando a China tem problemas com os países de língua portuguesa.” T.C.


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J

OSÉ Pereira Coutinho mantém-se, por mais quatro anos, na presidência da Associação de Trabalhadores de Função Pública (ATFPM). Em lista única, o actual presidente candidatou-se a mais um mandato, tendo atingido 4238 votos dos 4260 totais - 99,5%. Feitas as contas, no sábado passado, votaram mais 599 pessoas do que nas últimas eleições, em 2013, ou seja, um aumento de 17% de votantes. Do total, registaram-se 19 votos brancos e três nulos. A lista eleita leva uma equipa bem conhecida da Associação, com Rita Santos como braço direito do presidente, ocupando o cargo de Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Maria Leong Madalena ocupa o lugar de Presidente do Conselho Fiscal e como Vice-Presidentes da Direcção estão Ché Sai Wang, Leong Veng Chai, Arnaldo Gomes Martins e Armando de Jesus. “Continuar a levar adiante o espírito dos funcionários públicos, estabilizar os trabalhadores da Função Pública, tornar-se uma ponte de ligação com o Governo e promover os funcionários públicos para fornecer um melhor serviço do Governo” são as principais metas de trabalho, conforme indica um comunicado da Associação à imprensa. O grupo indica ainda que é preciso alertar todos “os anos o Governo para proceder à actualização salarial de acordo com a inflação, carestia, custo de vida e que normal-

O

POLÍTICA

GONÇALO LOBO PINHEIRO

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ATFPM PEREIRA COUTINHO MAIS QUATRO ANOS NA PRESIDÊNCIA

Uma história já vista

Pereira Coutinho e Rita Santos vão continuar a ser as caras da ATFPM, pelo menos até 2020. As eleições decorreram no sábado passado e a lista única conseguiu atingir 99,5% do total dos votos. A Associação quer organizar mais actividades - desportivas, sociais e culturais - mas também diz estar a preparar jovens para assumir o comando mente afecta principalmente o pessoal da linha de frente de baixos rendimentos”.

JOVENS NA MIRA

Uma postura “independente, abrangente e solidária no

chefe da Comissão deAssuntos Chineses Ultramarinos da Assembleia Popular Nacional (APN), Bai Zhijian, considera que o caso de corrupção de Ho Chio Meng não está relacionado com política, sendo que é apenas um problema de mau comportamento por parte do ex-procurador do Ministério Público (MP). Ainda assim, considera uma boa opção criar um mecanismo de fiscalização aos titulares dos principais cargos. Bai Zhijian, também ex-chefe do Gabinete de Ligação do Governo Central, indicou que tomou conhecimento do caso da detenção do ex-procurador do MP através dos meios de comunicação social. Para Bai, Ho Chio Meng deve ser sujeito a uma investigação à luz da lei, mas deve também servir de exemplo.

apoio aos trabalhadores, idosos, desprotegidos, injustiçados” é o lema que Pereira Coutinho garante manter. “Serão desenvolvidas mais actividades de melhor qualidade aos seus associados”,

99,5% percentagem de votos obtida pela lista liderada por Pereira Coutinho

aponta a ATFPM, exemplificando com a organização de “actividades desportivas, culturais, bem como a realização de seminários destinados aos associados e familiares para aumentar os

Procedimentos naturais

APN Pedido sistema de fiscalização aos titulares dos principais cargos

“Ho Chio Meng é o segundo principal dirigente de Macau envolvido em corrupção, depois da transferência de soberania. Isto é muito grave, a sociedade de Macau deve rever a sua lei para evitar a corrupção e especialmente o sistema de fiscalização e de denúncia [de casos]”, defendeu. Para isso é preciso, diz, criar um mecanismo de observação e fiscalização aos titulares dos principais cargos.

POLÍTICA À PARTE

À margem das reuniões da APN, o responsável sublinhou que o caso não é “político”, mas sim algo que aconteceu devido ao

comportamento pessoal do próprio ex-procurador. Os possíveis casos de corrupção, diz ainda, não estão relacionados com questões políticas. Ainda assim, Ho Cio Meng “desiludiu” a confiança que a sociedade de Macau e o Governo Central lhe atribuíram. “O Gabinete de Ligação do Governo Central não toma as

decisões finais nos departamentos governamentais do interior da China, porque cabe a estes ‘gerir a sua casa e o seu dinheiro’. Nós [Gabinete de ligação do Governo Central] podemos é dar uma ajuda na governação”, apontou, defendendo que não cabe ao Governo Central tomar conta dos dirigentes de Macau. O responsável mencionou ainda temer que “os radicalismos de Hong Kong” possam influenciar os jovens de Macau. É preciso, apontou, que o Governo da RAEM reforce a educação para os jovens. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

conhecimentos e reforçar o intercâmbio entre associados, familiares e as diferentes comunidades de Macau”. Ainda assim, o presidente da Associação garante que não vai estar sempre apto a ficar nos comandos. Em declarações à rádio Macau, o dirigente assegurou que estão a ser preparados jovens. “Esperamos que, até 2019, apareçam pessoas que possam dar seguimento [ao trabalho]. A estrutura base de toda a nossa intervenção política, quer no Conselho das Comunidades Portuguesas, quer na Assembleia Legislativa, passa pela ATFPM. Temos de ter pessoas”, refere Pereira Coutinho, que ocupa o cargo há 15 anos, em declarações ao Canal Macau. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

DELEGADOS À APN ENTREGARAM PEDIDO PARA EMISSÃO DA TDM

Os delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional submeteram um pedido a Pequim para a emissão dos canais da Teledifusão de Macau (TDM), incluindo os portugueses, chegar ao continente chinês. De acordo com a rádio Macau, o Governo Central só deverá dar uma resposta no próximo ano. No entanto, em declarações ao Canal Macau, Chui Sai Peng exortou a TDM a falar directamente com as autoridades de Pequim para acelerar o processo. Outro delegado, Lok Bo, disse que seria importante mostrar através da TDM que Macau não é só uma cidade dedicada à indústria do jogo.


6 PUBLICIDADE

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Notificação n°004/DLA/SAL/2016

ASSEMBLEIA GERAL

(Aviso aos titulares dos estabelecimentos de comidas/bebidas sobre as decisões do cancelamento das licenças)

CONVOCATÓRIA

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, por ofício, telefone ou outra forma, sobre as decisões do cancelamento das suas licenças, nos termos dos artigos 10° e 58° do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n° 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico, pela presente, nos termos dos artigos 68° e 72° do mesmo Código, os interessados dos estabelecimentos de comidas/bebidas abaixo indicados do conteúdo das respectivas decisões administrativas: Número

Nome do estabelecimento

Endereço

Titular

Nº da licença administrativa

Data do despacho

1

Estabelecimento de Comidas Nova Hop Wo

Avenida Norte do Hipódromo, nº 25, Edf. Jardim Hoi Keng, loja V, r/c, Macau

Companhia de Fornecimento Alimentação Nova Hop Wo Limitada

51/2005

18-12-2015

2

Peng On Min Sek Kwun

Avenida da Amizade, nº 211, Edf. San Kin Yip, r/c, loja W, Macau

Companhia de Comidas e Bebidas Sam Chon Limitada

60/2008

18-12-2015

3

Estabelecimento de Comidas San Ko Ka Fé Mei Sek

Tam, Wan Cheong

91/2008

18-12-2015

4

5

6

Travessa do Crisântemo, nºs. 19 e 23, r/c, k/c, lojas J e K, Macau Avenida da Concórdia, Estabelecimento de nº 102, Edf. Wang Comidas I Wong Son, loja F, r/c e s/l, Chi Macau Estabelecimento Rua da Madre de Comidas Soo’s Terezina, nº 18 B, r/c Cozinha e s/l, Macau Travessa do Estabelecimento de Conselheiro Borja, Comidas Hong Lok nºs. 2-32, Edf. Da Sing Fei (Sopa de Ming Court, r/c, loja Fitas e Café) W, Macau

No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados. Montepio Geral de Macau, ao 1 de Março de 2016.

Ieong, Chi Kin

1/2008

18-12-2015

Soo, Chun Hung Martin

15/1997

18-12-2015

Lio, Iok Lam

9/2000

18-12-2015

Relax Catering Diversões e Investimento Companhia Lda.

49/2004

20-07-2015

7

Estabelecimentode Bebidas Relax Café

Lago Nam Van, Zona E, Zona Comercial, bloco 1, lojas B e C

8

Estabelecimento de Comidas Hou Fung

Rua de Bruxelas, nºs. 6-116, Kin Heng Long Kuong Cheong, lojas Q, R, S, r/c e s/l, Macau

Grupo Hou Fung Limitada

14/2006

20-07-2015

9

Estabelecimento de Comidas Kaga

Rua de Ferreira do Amaral, nº 13 E, r/c e s/l, loja C, Macau

Kaga Desenvolvimento Lda

44/2002

20-07-2015

10

Estabelecimento de Comidas Fian Casa de Estilo

11

Estabelecimento de Comidas Sushi Nagoyaka Tei

Rua Cidade de Coimbra, nºs. 466-470, Edf. Brilhantismo, 1º andar, lojas H e I, Macau Avenida de Almeida Ribeiro, nºs. 37-61, Central Plaza, 2º andar, lojas D e E, Macau

Nos termos do Artº 34º, nº 1. al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 30 de Março de 2016, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos: 1ª - Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2015 e do parecer do Conselho Fiscal; e 2ª - Outros assuntos de interesse da Associação.

A Presidente da Assembleia Geral, Rita Botelho dos Santos

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL Contribuição Predial Urbana RECLAMAÇÕES Faz-se saber, face ao disposto no artigo 71.º do Regulamento da Contribuição Predial Urbana, aprovado pela Lei n.º 19/78/M, de 12 de Agosto, com nova redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 19/87/M, de 13 de Abril, que, durante o período de 1 a 31 de Março do corrente ano, as matrizes prediais vão ser postas a reclamação dos contribuintes, podendo estes reclamar contra o rendimento colectável fixado para o exercício de 2015. O respectivo impresso é fornecido por estes Serviços, no Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Atendimento Taipa, ou ser descarregado através do endereço electrónico www. dsf.gov.mo, podendo, ainda, o pedido de reclamação acima referido ser apresentado através do endereço electrónico desta Direcção dos Serviços. Aos, 5 de Fevereiro de 2016.

O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

EDITAL U , Hok Ian

22/2010

20-07-2015

Wellford Investimento Limitada

104/2008

20-07-2015

Tendo em conta que os titulares dos referidos estabelecimentos não procederam à renovação das suas licenças por dois anos consecutivos e atendendo que o nº 2 do artigo 31° do Decreto-Lei nº 16/96/M, de 1 de Abril, estipula que “A ausência de pedido de renovação da licença por 2 anos consecutivos determina a caducidade da licença e o seu consequente cancelamento”, pelo que o Presidente do Conselho de Administração, Vong Iao Lek e o Presidente do Conselho de Administração, substituto, Lo Veng Tak, exararam de acordo com o nº2 do artigo 43º do “Código do Procedimento Administrativo” e a alínea 9) do artigo 9° e a alínea 5) do artigo 16º do Regulamento Administrativo nº 32/2001 e no uso das competências conferidas pelo Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Muncipais e constantes da Proposta de Deliberação nº01/PDCA/2014, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 20, de 15 de Maio de 2014, despachos, em 20 de Julho de 2015 e 18 de Dezembro de 2015, no sentido de cancelar as licenças dos estabelecimentos de comidas supracitados. Nos termos do artigo 145º e 149º do “Código do Procedimento Administrativo”, os interessados poderão apresentar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, reclamação contra o citado acto administrativo e/ou, nos termos do artigo 15º do Regulamento Administrativo nº 32/2001, apresentarem recurso hierárquico facultativo ao Conselho de Administração do IACM, no prazo previsto do n° 2 do artigo 155° do “Código do Procedimento Administrativo”, não invalidando a aplicação do artigo 123º do citado Código. Poderão ainda apresentar recurso contencioso ao Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau, no prazo previsto na Secção II do Capítulo II do “Código de Processo Administrativo Contencioso”, aprovado pelo Decreto-Lei nº. 110/99/M, de 13 de Dezembro. Para informações ou consulta do processo, os interessados poderão dirigir-se à Divisão de Licenciamento Administrativo, dos Serviços de Ambiente e Licenciamento, sita na Avenida da Praia Grande, nºs. 762-804, Edf. “China Plaza”, 3º andar, Macau. Aos 25 de Fevereiro de 2016. O Vice-Presidente do Conselho de Administração Lei Wai Nong

WWW. IACM.GOV.MO

Edital n.º : 30/E-BC/2016 Processo n.º : 400/BC/2014/F Assunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Locais :Rua do Monte n.º 3, Edf. Hei Van (Blocos J, O, P, Q), fracção 5.º andar Q (CRP: Q4), Macau. Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados Lai Chan Hong e Chio Hoi Si do seguinte: 1. Local da obra: Rua do Monte n.º 3, Edf. Hei Van (Blocos J, O, P, Q), fracção 5.º andar Q (CRP: Q4), Macau. Na sequência da fiscalização efectuada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima identificado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1

Instalação de gradeamento metálico na parede exterior do edifício junto à janela da fracção 5.º andar Q.

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício.

1.2

Instalação de gaiola metálica na parede exterior do edifício junto à janela da fracção 5.º andar Q.

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício.

1.3

Construção de parede em alvenaria de tijolo na parede exterior do edifício junto à varanda da fracção 5.º andar Q e fechamento da varanda com janela de vidro.

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso ao edifício.

2. As varandas e janelas são consideradas acessos em caso de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruídos com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto pontos de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3. Nos termos do n.º 7 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. 4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 5. Os processos podem ser consultados durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 08 de Março de 2016 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


7 hoje macau segunda-feira 14.3.2016

SOCIEDADE GASTROENTERITE NA UM

Um total de 13 alunos da Universidade de Macau (UM) apresentou sintomas de indisposição, vómitos e diarreia, depois de, em alturas diferentes, terem comido numa das cozinhas da residência da universidade, espaços estes partilhados pelos alunos. Entre 9 a 11 de Março os estudantes apresentaram sintomas, mas já estão estabilizados, conforme confirma a UM. A instituição entrou, de imediato, em contacto com os Serviços de Saúde e não foi necessária a entrada no hospital de nenhum aluno.

MACAU RECEBE PRÉMIO DE TURISMO EM BERLIM

O prémio “Melhor Destino – Lazer” em 2015 do Conselho Internacional da Associação de Escritores de Viagem da Zona do Pacífico foi atribuído a Macau. De acordo com a Direcção dos Serviços de Turismo, que recebeu a distinção em Berlim onde está a decorrer a 50ª edição da feira internacional ITB, há mais de dez mil expositores oriundos de mais de 180 países e regiões.

Filhos Maiores ASSOCIAÇÃO PERDE RECURSO CONTRA DELIMITAÇÃO DE ESPAÇO

Encolhidos cabemos todos Uma vez mais a Associação dos Pais dos Filhos Maiores está de tendas montadas no Leal Senado. Uma decisão da PSP passou por diminuir o espaço, algo que não deixou os manifestantes contentes. Mas o TUI dá razão às autoridades

“A

Polícia tem poderes para fixar uma área para reunião ou manifestação dentro do local mais vasto pretendido pelos respectivos promotores, com fundamento em considerações de segurança pública e de manutenção da ordem e tranquilidade públicas”.Assim começa por definir o Tribunal de Última Instância (TUI) no acórdão que negou o recurso interposto pela Associação dos Pais dos Filhos Maiores que está desde ontem e até dia 20 de Março acampada no Leal Senado. Desta vez, para pedido de autorização de manifestação, a Associação pediu para ocupar 58 metros quadrados do Leal Senado. O espaço foi, contudo, negado pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que apenas autorizou que fossem ocupados 38 metros quadrados. Nas alegações para a decisão, as autoridades indicaram que o espaço em causa é local de muita afluência de pessoas, que o número de tendas e espaço ocupa-

do por estas poderia colocar em causa a fácil circulação e que aos feriados e fins-de-semana devido ao número de turistas é necessário espaço para os veículos de emergência, entre outros. “A ocupação de uma grande área do referido espaço afectará de forma grave a normal circulação dos peões, exercendo assim uma influência grave à ordem pública”, alegou a PSP.

ÁREA RESTRITA

A Associação – que há anos luta pela autorização de residência para filhos maiores de idade naturais do continente - interpôs um recurso da decisão ao TUI, alegando que o espaço de 38 metros quadros não “é suficiente” e que a lei evocada pelas autoridades - que define que não são permitidos os actos contrários à lei que perturbem grave e efectivamente a segurança pública ou o livre exercício dos direitos das pessoas - não “permite a interrupção quando se prevejam riscos para o público”.

Já o TUI considerou que a PSP não violava a lei quando restringiu, sem proibir, o espaço ocupado pela Associação. “A polícia pode interromper manifestações quando as mesmas se afastem da sua finalidade pela prática de actos contrários à lei que perturbem grave e efectivamente a segurança pública

A Associação pediu para ocupar 58 metros quadrados do Leal Senado. O espaço foi, contudo, negado pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que apenas autorizou que fossem ocupados 38 metros quadrados

ou o livre exercício dos direitos das pessoas. Cabe também à PSP (...) zelar pelo bom ordenamento do trânsito de pessoas nas vias públicas (...) Assim sendo, com base neste conjunto de normas, afigura-se-nos poder extrair um princípio segundo o qual a Polícia tem poderes para fixar uma área para reunião ou manifestação, dentro do local mais vasto pretendido pelos respectivos promotores”, decidiu o TUI. A Associação ocupará a parte definida durante oito dias, estando em manifestação entre as 07h30 e as 22h00. Em Outubro passado a Associação também “acampou” no Leal Senado para reivindicar a autorização da fixação de residência em Macau dos filhos, cidadãos do interior da China. A Associação pedia ainda doações voluntárias dos residentes e turistas que por ali passavam. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

PSP DEFINE PLANO DE TRABALHO EM CELEBRAÇÃO DE 325 ANOS A Polícia de Segurança Pública (PSP) indicou, em comunicado à imprensa, que este ano o corpo de intervenção irá desenvolver o seu trabalho em quatro pontos principais, sendo eles, disposição específica e ajustamento de estratégias, assegurar a ordem do trânsito rodoviário através de mais recursos humanos e optimização da execução da lei com recurso a aparelhos electrónicos, como a implementação de medidas de passagem fronteiriça mais facilitadores. A PSP faz o anúncio num comunicado onde anota a passagem, hoje, do seu 325º aniversário. As comemorações contam com entrega de louvores a agentes, emissão de uma edição de selos e um jantar oficial. Nos planos da polícia está ainda a optimização de gestão interna e a gestão disciplinar, desenvolvendo formações específicas de policiamento científico. Por outro lado, a PSP continuará, diz, a reforçar o sentido de integridade, a sobriedade ao serviço da população e a conduta ética.


8 SOCIEDADE

hoje macau segunda-feira 14.3.2016

Rádio-Táxis DAVID CHOW CONFIANTE NA LIDERANÇA DO CONCURSO PÚBLICO

Tudo sobre rodas

D

AVID Chow, presidente da empresa Lai Ou Serviços de Táxi, S.A., diz não estar preocupado com o facto de existir uma concorrente à obtenção de licenças para operação de rádio-táxis. A candidata ao concurso público não tinha sido aceite, mas a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego resolveu voltar atrás. Ainda assim, David Chow considera que a competição tornará as empresas mais exigentes e isso, diz, é bom para os próprios residentes. “O Governo tem a sua razão. Há falta de recursos humanos no serviço de rádio-táxis. Há pouco interesse. Mas se isto é um serviço a pedido da sociedade, e se o próprio Governo também quer, é bom que várias empresas participem no concurso público”, disse a jornal Ou Mun, frisando que competição “é sempre uma coisa boa”. “No nosso caso, ao obter a licença de táxis especiais

vamos sempre cumprir o que prometemos”, frisou. O empresário mostrou não se importar com mais um concorrente na corrida à licença para os serviços, mas fez questão de frisar que o Governo deve rever o processo de recolha de candidaturas e perceber de quem é o problema quando há falhas: se dos “chefes ou dos recepcionistas”. “O Governo tem de verificar isto”, disse. Com duas candidatas na corrida, David Chow diz não querer perder dinheiro. “A nossa empresa não quer perder dinheiro, embora a licença seja um serviço público. Acho que o [Executivo] vai tomar uma decisão inteligente”, frisou.

EXIGE-SE QUALIDADE

A empresa que assumir a responsabilidade, diz, terá de melhorar a qualidade dos serviços fornecidos pelo sector dos táxis. “Esta é mais uma plataforma de transportes públicos para os residentes. Os

“Esta é mais uma plataforma de transportes públicos para os residentes. Os ‘táxis pretos’ [o serviço comum] terá de melhorar a sua qualidade nos serviços também” DAVID CHOW PRESIDENTE DA EMPRESA LAI OU SERVIÇOS DE TÁXI ‘táxis pretos’ [o serviço comum] terá de melhorar a sua qualidade nos serviços também”, defendeu. A decisão da DSAT surge depois de um recurso da empresa que tinha incluído um documento no sobrescrito errado ter sido excluída. O Governo considerou depois “que o documento inserido

CAPACIDADE FINANCEIRA DE MACAU “É ESTÁVEL”

no sobrescrito errado não era causa suficiente para a exclusão da concorrente, tendo em conta os princípios que devem presidir a um concurso público”, tendo esta sido novamente aceite. A Lai Ou Serviços de Táxi, empresa de David Chow – detentor da Macau Legend – foi uma das três concorrentes às licenças, sendo que foi, na altura, a única a ser aceite. O empresário, responsável por empreendimentos como a Doca dos Pescadores, constituiu a nova empresa especificamente para este investimento, que estava já delineado. “Vamos investir 70 milhões de patacas [em infra-estruturas] e mais 30 milhões em carros. Os veículos que vamos usar vão ser de boas marcas, já temos 30 Mercedes”, disse o empresário ao canal chinês da Rádio Macau, na altura. Só “no segundo ou terceiro trimestres” é que se deverá saber a decisão do Governo.

U

Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

SEMANA VERDE DO IACM ARRANCA COM ACÇÃO DE PROTESTO ALL ABOUT MACAU

• “Our Land, Our Plan” é o nome do grupo de residentes que está a fazer uma petição a apelar ao Governo para suspender o projecto de construção do empreendimento residencial de luxo, na zona do Alto de Coloane. O colectivo, que aproveitou o início da Semana Verde, organizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na Praça do Tap Seac, para alertar a população sobre a ameaça que existe em Coloane, diz que quer passar uma mensagem clara: “proteger Coloane. Há uma petição, que está online. Depois, temos um placard onde as pessoas podem dizer o que quiserem sobre Coloane ao Chefe do Executivo”, disse à rádio o presidente da Associação Novo Macau, Scott Chiang, que faz parte da iniciativa.

MA nota da agência de notação Fitch Rattings indica que “a capacidade financeira de RAEM é estável, o estado das receitas e despesas é positivo, o enquadramento da política é estável e o PIB per capita é comparativamente elevado”. Assim, Macau continua com a notação de crédito de AA-, com “perspectivas de estabilidade no futuro”. Contudo, a agência Moody’s Investors Service colocou Macau no grau de Aa2, na lista de observação associada à “downgrade review”, ontem, sendo que em três meses irá tomar uma decisão final. Num comunicado à imprensa, a Autoridade Monetária de Macau (AMM) indicou que actualmente “as finanças públicas e a situação financeira de Macau são muito estáveis”. Estável está também o mercado de emprego, continuando a taxa de desemprego a situar-se em níveis inferiores a 2,0%. “Relativamente ao sector bancário, em 2015, os lucros após impostos e a dimensão dos activos foram marcados por recorde histórico, com aumentos de 16,3% e 14,2%, correspondendo respectivamente ao valor de 12,8 mil milhões de patacas e 134,08 mil milhões de patacas”, descreveu ainda o organismo.

DOCA DOS PESCADORES LIMITE À ALTURA DE HOTEL É “INJUSTIÇA”

David Chow considera uma “injustiça” a decisão do Governo em reduzir a altura do novo hotel projectado para a Doca dos Pescadores de 90 para 60 metros. Se o Governo ceder à pressão popular que tem sido feita, o empresário diz que quem ganha é o “populismo irracional”, avança a rádio Macau em língua chinesa. O presidente da Doca, detida pela Macau Legend, afirma que o projecto foi feito de acordo com a lei e diz mesmo que pediu ao Executivo que faça um estudo de impacto ambiental. A redução da altura do prédio está relacionada com a visualização do Farol da Guia, património classificado que não pode ser tapado por construções.


9 hoje macau segunda-feira 14.3.2016

SEM PREJUÍZOS

Num encontro com jornalistas, no passado sábado, o IC explicou ainda que a medida de proibir a queima de papéis no dia de Abertura da Tesouraria de Kun Iam foi muito bem aceite pela PUB

GRH INDICA QUE WYNN NÃO TEM QUOTA PARA BLUE CARD

IC

A

oficina marítima, também conhecida por Doca de A-Má, perto do Templo de A-Má e datada de 1890, será parcialmente aberta ao público ainda este ano. A confirmação é do Instituto Cultural (IC) que, num comunicado à imprensa, indica que o edifício que vai abrir foi “originalmente uma oficina de máquinas” onde decorriam as construções e reparações de barcos. “O IC está a proceder ao restauro e posicionará [a oficina] como um ‘Centro de Arte Contemporânea’, no sentido de exibir as obras de artes visuais de todo o mundo e, ao mesmo tempo, aproveitando o espaço relativo para o uso adequado como teatro experimental e local de educação para artes visuais”, indicou o organismo, numa nota à imprensa.

SOCIEDADE

O

Uma nova vida IC Doca de A-Má abre este ano como Centro de Arte

população e não prejudicou, como alertaram alguns comerciantes, o volume de negócios. “Os crentes ficaram satisfeitos com as medidas, a venda de incenso das lojas não foi muito afectada e os residentes referiram que neste ano houve uma melhoria na qualidade do ar durante a Abertura da Tesouraria de Kun Iam”, esclareceu.

Relativamente ao estragos provocados pelo incêndio no Templo de A-Má e de obras na Casa de Lou Kau o IC indicou que, depois de entregar o relatório sobre os danos dos dois patrimónios à Administração Estatal do Património Cultural, irá oferecer o plano de recuperação, sendo que as obras são, como anteriormente definido, da responsabilidade da Associação que gere o Templo de A-Má.

Por fim, o IC indicou ainda que irá discutir com o Conselho do Património Cultural as informações até agora recolhidas sobre o antigo Hotel Estoril. A manutenção do painel vai ser assunto para discussão do Conselho do Património Cultural na terça-feira. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Gabinete para os Recursos Humanos (GRH) disse que a operadora de Jogo, Wynn, apresentou vários pedidos para Trabalhadores Não Residentes (TNR) entre os meses de Julho e Setembro, de 2015, mas como o empreendimento Wynn Palace ainda está em fase de construção com os TNR anteriormente cedidos, os últimos pedidos não foram aprovados. Em resposta ao HM, o Gabinete esclarece que a operadora já pediu por duas vezes mais TNR, para o projecto em construção não tem condições para funcionar e necessitar de mais TNR. A empresa americana, indicou ainda o GRH, não entregou mais informações de recrutamento local, portanto os pedidos foram negados. Até ao momento, avançou, não foi recebido mais nenhum

pedido por parte da operadora. O Gabinete reforçar a necessidade de exigir que as operadoras contratem locais como prioridade e só depois passem para TNR. Tal como o HM noticiou, a deputada Kwan Tsui Hang quis saber mais informações de uma suposta sessão de recrutamento que a Wynn organizou em Macau, mas que pouco ou nada se sabe. O HM tentou obter esclarecimento por parte da operadora, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta. T.C.


10 DESPORTO

LIGA DE ELITE CPK, 0 – BENFICA, 2

DESPERTAR NO ULT ´

F

OI um jogo de meio campo, com várias picardias e com ambos os guarda-redes praticamente como espectadores. A melhor notícia foi o relvado: muito melhor do que ambas as equipas estavam habituadas, agora que o campeonato se mudou para o Estádio de Macau. Pesado devido à chuva, é certo, mas com relva algo que há muito não se vê para as bandas do MUST. Quatro minutos e meio passados, e saía o primeiro canto da partida para o Benfica mas sem consequências dignas de nota. Os encarnados começaram mais agressivos, com um futebol mais apoiado, mais posse bola mas sem efeitos práticos pois o CPK estava claramente disposto a

fazer-lhes a vida difícil sempre bem posicionado no campo. Oportunidades dignas de nota, zero... para ambos os lados. Sensivelmente a partir dos 20 minutos de jogo a bola esteve praticamente sempre no meio campo defensivo do CPK mas, apesar disso, o Benfica não conseguia incomodar Domingos Chan, o histórico guarda-redes do CPK. Aos 29 minutos, uma falta feia de Lo Chin Fong sobre Iuri que se tentava escapulir pelo corredor direito terá sido dos momentos mais emocionantes do período. Domingos Chan apenas fez a primeira defesa à meia hora de jogo em resposta a um remate frouxo de Niki, na pequena área, depois de uma jogada de certo

envolvimento do ataque do Benfica com vários remates a embater na defesa do CPK. O primeiro remate do CPK deu-se por volta dos 38 minutos e por intermédio de Lo Chin Fong após uma desatenção da equipa do Benfica que permitiu o contra-ataque da equipa vestida de negro. O remate viria a sair ao lado.

CUCO ACORDA O ESTÁDIO AO MINUTO 96

O Benfica começou logo por tentar mudar as coisas ao intervalo com a entrada de Alison Brito para o lugar de Iuri mas continuava tudo igual à primeira parte até que, ao minuto 53, o Benfica finalmente inaugurou o marcador, numa daquelas jogadas onde pouco o faria esperar. Um bom

PAULO CONDE, TREINADOR DO CPK

HENRIQUE NUNES, TREINADOR DO BENFICA

O treinador do CPK confessou que “era um jogo contra os campeões de Macau” e por isso não foi fácil para eles. Todavia, garantiu que “não viemos para este jogo para defender.” Em relação à sua equipa, atenta que “é bastante jovem” mas garante que ainda tem uma palavra a dizer na segunda volta. Em relação ao jogo considera que “o Benfica tem uma equipa excelente mas não pensem que podem cantar vitória”. De qualquer forma, acha que “a vitória do Benfica é justa, pois eles têm uma equipa bem forte, com um bom banco”.

O treinador encarnado estava visivelmente feliz após o encontro pois, como adiantou, “estas vitórias contra o Ka I e o CPK, porque são adversários directos sabem melhor”. Em relação ao jogo, Henrique Nunes acha que foram a melhor equipa em campo e a que procurou mais o golo. “Fomos uns vencedores justos”, disse, explicando ainda que “não foi fácil porque são equipas que trabalham tão bem como nós, com jogadores de grande qualidade e que se posicionam bem no campo”.

“O BENFICA AINDA NÃO PODE CANTAR VITÓRIA”

“ESTAS VITÓRIAS SABEM MELHOR”

primeiro remate, precisamente de Alison, Domingos fez uma defesa incompleta com a bola a ressaltar para Niki que conseguiu colocá-la por debaixo do guarda-redes que ficou muito mal na fotografia ao denotar alguma passividade no lance. O golo teve o mérito de dar alguma genica à equipa do CPK mas o guarda-redes do Benfica continuava a ser um espectador. O treinador do Benfica, por seu lado, ia gritando à equipa para insistir na pressão, dizendo aos seus jogadores para não deixarem o CPK sair a jogar. O jogo continuava embrulhado ao meio campo e, nas bancadas, ouvia-se quem pedisse aos jogadores que rematassem à baliza mas os apelos caiam em saco roto. O CPK raramente passava do meio do meio campo do Benfica e as águias de Macau, apesar de normalmente instaladas no meio campo adversário, continuavam a não chegar à baliza. De parte a parte, muitos jogadores iam caindo por terra e o jogo era interrompido com frequência. Numa dessas vezes até a equipa da Cruz Vermelha demorou em aparecer, talvez anestesiada pelo que não se passava no relvado ficando o jogo parado durante algum tempo até que a maca finalmente surgiu para assistir Niki que acabaria por ser substituído por lesão. As interrupções obrigaram o árbitro a dar seis minutos de tempo extra, numa fase em que já se registavam muitas picardias entre os jogadores. Mesmo no final do jogo, e quando já nada o fazia esperar, depois de muitas discussões, o Benfica viria a marcar o segundo golo na sequência de um pontapé de canto do lado direito. Cuco, o número 10 do Benfica, aproveitou bem a sobra da bola para a entrada da área e rematou forte, de primeira, sem hipóteses para Domingos Chan, apesar daquela ainda ter aparentemente deflectido num jogador do CPK. E o estádio acordou. E o jogo acabou. Manuel Nunes

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FOTOS TIAGO ALCÂNTARA

Para o Benfica, qualquer que fosse o resultado resultava no primeiro lugar. Já o CPK p ganhar mas também fez mais por isso. Mas não muito mais. Um jogo aborrecido qua


11 hoje macau segunda-feira 14.3.2016

TIMO MINUTO

TÉNIS NADAL “CANSADO” DE SUSPEITAS DE DOPING

O tenista espanhol Rafael Nadal disse no sábado estar “cansado” das suspeitas de doping que recaem sobre si e pediu “que se faça justiça” depois das acusações da ex-ministra francesa do Desporto Roselyne Bachelot. “Trabalhei arduamente em toda a minha carreira para conseguir os êxitos que tenho conseguido. Estou cansado de tudo isto e quero que se faça justiça”, disse o actual número cinco do ‘ranking’ mundial à agência AFP. Na terça-feira, durante um programa num canal televisivo francês, Bachelot acusou Nadal de se ter dopado e de ser essa a razão para a paragem do tenista por sete meses, em 2012, quando este alegou lesão. “Eu? Podem perguntar à ITF [Federação Internacional de Ténis], ou à AMA [Agência Mundial Anti-dopagem]. Podem perguntar a toda a gente. Nunca me dopei nem nunca o farei”, assegurou o ex-número um mundial, que disputa o torneio de Indian Wells, nos Estados Unidos.

precisava de pontos para colar-se à liderança. Calhou ao Benfica ase sem remates à baliza. Os que foram deram golo

RESULTADOS Lei Chi– Kei Lun

1-1

Sporting - Chuac Lun

6-0

C. Portugal – Monte Carlo

0-16

Kai I - Policia

4-0

C.P.K - Benfica

0-2

CLASSIFICAÇÃO

PONTOS Benfica 24 Sporting 20 Monte Carlo

16

C.P.K. 16 Ka I

DESPORTO

14

Lei Chi 8 Policia 4 Kei Lun

4

Casa de Portugal

4

Chuan Lun 3

FÓRMULA E FÉLIX DA COSTA DESISTE NO MÉXICO

O piloto português António Félix da Costa (Team Aguri) voltou a abandonar no sábado mais uma corrida do Mundial de Fórmula E, a quinta do campeonato, no circuito Hermanos Rodriguez, na Cidade do México. Depois de ter sido obrigado a trocar de bateria na sexta-feira, na sessão inicial de treinos livres, Félix da Costa, que tinha feito o sétimo melhor tempo, foi penalizado em dez lugares por ter mudado a caixa de velocidades, que também avariou na mesma sessão. Na corrida de sábado, o português, que partiu do 17.º lugar da grelha, foi obrigado a parar nas boxes para mudar o ‘nariz’ da sua viatura, depois de ter sofrido um toque. Mais tarde, Félix da Costa foi penalizado por ter ganhado vantagem quando ‘cortou’ uma ‘chicane’. Na recta final da corrida, mais um toque obrigou o português a desistir. A 6 de Fevereiro, na quarta etapa do Mundial de Fórmula E, em Buenos Aires, Félix da Costa tinha desistido devido a problemas na bateria.

RÂGUEBI PORTUGAL PERDE EM VANCOUVER

A selecção portuguesa de râguebi de ‘sevens’ perdeu no sábado os três jogos da primeira fase do torneio de Vancouver, no Canadá, sexta etapa do circuito mundial da variante. Os ‘Lobos’ começaram por perder com o Quénia, por 43-5, seguindo-se as derrotas com Fiji, por 62-0, e Samoa, por 43-7. Com estes três desaires, Portugal discutia ontem ainda com a Inglaterra uma vaga nas meias-finais da Taça Bowl, o troféu mais ‘baixo’ da competição.


12 CHINA

hoje macau segunda-feira 14.3.2016

DUPLICOU O NÚMERO DE CONDENADOS POR CRIMES CONTRA A SEGURANÇA

Cerco ao terrorismo

O

S tribunais chineses duplicaram, em 2015, o número de condenados por crime contra a segurança do Estado, uma categoria que inclui terrorismo e separatismo, para 1.419 pessoas, coincidindo com a aprovação da nova lei contra a Segurança Nacional. Os números foram ontem avançados pelo presidente do Supremo Tribunal da China, Zhou Qiang, durante a apresentação do relatório anual na Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo chinês. Segundo Zhou, no ano passado, os tribunais chineses redobraram os seus esforços contra o separatismo e o terrorismo, assim como contra quem difunde produtos audiovisuais sobre terrorismo.

Aprovada em Junho passado, a lei da Segurança Nacional abrange sectores como as finanças, religião ou a cibersegurança. Em finais de Dezembro, a ANP aprovou também a primeira lei antiterrorista da história do país, que dá amplas competências ao Governo Aquela normativa inclui o envio de militares para missões no estrangeiro, a obrigação de empresas do ramo tecnológico de facilitar ao governo o acesso a dados pessoais e restrições à forma como a comunicação social poderá noticiar informações sobre ataques terroristas.

SEM TRÉGUAS

Num outro discurso proferido na ANP, o procurador-geral chinês, Cao Jianming, disse que a Suprema Procuradoria Popular deu um passo em frente na perseguição a suspeitos

PUB HM • 1ª VEZ • 14-3-16

ANÚNCIO Execução Ordinária n.º

CV1-15-0129-CEO

1º Juízo Cível

Exequente: 中國工商銀行(澳門)股份有限公司 BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., com sede em Macau.----------------------Executado(s): 歐幹威(AU KON WAI), portador do B.I.R. n.º xxx2862(9), residente na Rua Nova do Comércio, n. 20-Edifício “Kam Seng” 4.º andar A.--------------------麥綺雯(MAK I MAN), portadora do B.I.R. n.º xxx2733(8), residente na Rua Nova do Comércio, n. 20-Edifício “Kam Seng” 4.º andar A.-------------------*** FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de QUINZE DIAS, que começam a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenha garantia real e que é o seguinte:-----Imóvel penhorado Denominação: FRACÇÃO AUTÓNOMA, designada por “BD-18”, do 18.º andar BD, para habitação, do prédio sito em Macau, com o(s) n.º 87 a 187 da Rua Sul do Patane, n.º 623 a 655 da Avenida Marginal do Patane, n.º 465 a 583 da Av. Marginal do Lam Mau, e, com os n.º 2 a 180 da Praça das Orquídeas, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 22136, a fls. 28 do livro B-132, inscrita definitivamente a favor dos executados sob o n.º 191151 do livro G, e na matriz predial da freguesia de Nossa Senhora de Fátima, sob o art. 73245, com o valor matricial de MOP$142.400,00.-------------------------------------------------------- Sobre a fracção autónoma supra identificada foi constituída uma hipoteca definitivamente registada na Conservatória pela inscrição n.º 173474 do Livro C, a favor do banco exequente, BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., com sede em Macau.---------------------------------------------R.A.E.M., 29/02/2016

de implicação em actividades criminais e comprometeu-se a combater este ano as “subversões, sabotagens, infiltrados e forças hostis”. Já a campanha anti-corrupção, lançada após a ascensão ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, resultou em 49.000 pessoas punidas criminalmente, informou o Supremo Tribunal, que abriu ainda, em 2015, 40.834 novas investigações, que implicam 54.290 funcionários.

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO AUMENTOU 2,7%

O investimento estrangeiro na China aumentou 2,7% nos primeiros dois meses do ano, face ao mesmo período de 2015, para 142.000 milhões de yuan, anunciou sexta-feira o Ministério do Comércio chinês. Entre aquele montante, 62,8% foi investido no sector dos serviços - não inclui o sector financeiro - o equivalente a 89.900 milhões de yuan. Os dados revelam um aumento de 157%, em termos homólogos, no investimento na área da alta tecnologia, para 16.000 milhões de yuan. Pequim costuma publicar este indicador mensalmente, com excepção para os meses de Janeiro e Fevereiro, devido ao Ano Novo Chinês, a grande festa das famílias chinesas.

1.419 condenados por crime contra a segurança do Estado em 2015

No conjunto, 22 altos quadros foram punidos criminalmente no ano passado por corrupção, incluindo o ex-chefe de Segurança, Zhou Yongkang, condenado à prisão perpétua. As autoridades chinesas disseram ainda que desde Outubro de 2014, a campanha que visa suspeitos de corrupção além-fronteiras, e que Pequim baptizou de “Skynet”, saldou-se no regresso à China de mais de 124 suspeitos daquele crime, procedentes de 34 países. Segundo o mesmo relatório, os tribunais chineses julgaram ainda 19.000 casos relacionados com a poluição e o uso de recursos ambientais, em 2015, um aumento de 18,8%, em relação ao ano anterior.

PRESIDENTE DA ALEMANHA DE VISITA ESTE MÊS

CUMPRIR METAS SEM ESTÍMULOS MONETÁRIOS

A

China pode cumprir as suas metas económicas em 2016, ano em que o governo prevê um crescimento entre 6,5% e 7%, sem recorrer a estímulos monetários, disse sábado o governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan. “Neste momento não há necessidade de estímulos na política monetária”, afirmou o responsável do banco central chinês numa conferência de imprensa, na qual acrescentou que a entidade que dirige tem margem para flexibilizar as suas medidas se houver mudanças nos mercados internacionais. Os objectivos económicos da China, sublinhou o chefe do Banco do Povo da

China (Pboc, Banco Central), são previsões que se baseiam na trajectória prévia do país e no seu potencial de crescimento. O governador do banco central chinês espera que o gigante asiático cumpra os seus objectivos melhorando o mercado interno, aumentando o consumo, eliminando a capacidade de produção industrial “obsoleta” e através da inovação, mas sem grandes estímulos. A economia chinesa cresceu em 2015 ao ritmo mais lento desde 1990 - 6,9%. O país tem experimentado uma fuga de capital face ao abrandamento económico e que terá resultado na desvalorização da moeda.

O Presidente alemão, Joachim Gauck, faz uma visita de Estado à China entre 20 e 24 de Março, a convite do homólogo chinês, Xi Jinping, anunciou sexta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, citado pela agência oficial Xinhua. A visita de Joachim Gauck segue-se à da chanceler alemã, Angela Merkel, no final de Outubro do ano passado. Já Xi Jinping visitou a Alemanha em Março de 2014, naquela que foi a sua primeira visita de Estado ao país europeu. Durante essa visita, Xi Jinping encontrou-se com os dirigentes da Alemanha e foram assinados 18 acordos bilaterais.


13 CHINA

hoje macau segunda-feira 14.3.2016

PEQUIM ADMITE QUE MUITOS GOVERNOS LOCAIS “IGNORAM O MEIO AMBIENTE”

Terras sem protecção

O

ministro do Ambiente ch in ês , Chen Jining, admitiu sexta-feira que muitos governos locais do país, que sofre graves problemas de poluição no ar, solo e água, “prestam demasiada atenção ao desenvolvimento e ignoram a protecção ambiental”. “Por vezes, não existe ninguém responsável [pela conservação ambiental], os esforços são insuficientes e a aplicação da lei é débil”, reconheceu Chen, numa conferência de imprensa à margem da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo chinês. Após graves vagas de poluição terem atingido várias cidades chinesas no final de 2015, o ministro apontou que o país se encontra na segunda fase do seu plano para controlar as emissões tóxicas. “Continuaremos a realizar esforços, mas os resultados dependerão de elementos naturais, como a humidade, a chuva e o vento. Na terceira fase, os resultados serão mais visíveis”, salientou Chen, exemplificando como medidas recentes a redução da queima de carvão - principal fonte de energia do país - ou as limitações ao tráfego automóvel.

SINAIS DE MELHORAS

O governante assegurou ainda que, nas 74 cidades onde é publicado o índice de qua-

A

alta representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Federica Mogherini, mostrou sexta-feira a sua “profunda preocupação” pela colocação de mísseis em ilhas do Mar do Sul da China, solicitando a não militarização desta disputada região. “Causa grande preocupação a deslocação, temporária ou permanente, de forças ou equipamentos militares para zonas marítimas disputadas que afectem a estabilidade regional e possam ameaçar a liberdade de navegação e voo”, declarou Mogherini, em comunicado.

Lições para recordar

Greenpeace insta Hong Kong a aprender com Fukushima

A

lidade do ar, a concentração das partículas mais nocivas caiu 40%, lembrando que, desde finais dos anos 1990, o país começou a adoptar políticas amigas do ambiente, cujo resultado se observou na redução da prevalência de chuva ácida.

“Desde os anos 1990, o solo afectado por acidez caiu de 30% para 8,8%”, assegurou Chen, que mencionou um “maior controlo” da concentração na atmosfera dos dióxidos de nitrogénio e de enxofre, principais responsáveis pela formação de chuva ácida.

“Por vezes, não existe ninguém responsável [pela conservação ambiental], os esforços são insuficientes e a aplicação da lei é débil” CHEN JINING MINISTRO DO AMBIENTE CHINÊS

O 13.º plano quinquenal da China, que norteará a política económica do país entre 2016 e 2020, estabelece uma redução de 18% da prevalência do carvão como fonte de energia - actualmente são cerca de dois terços - face a 2015. O documento aponta ainda para o aumento do uso de combustíveis não-fósseis de 12% para 15%. Segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China é o maior emissor de gases poluentes do planeta.

Zona de risco

UE “Profunda preocupação” pela militarização do Mar do Sul

Neste sentido, instou todas as partes que têm reclamações sobre a área a “abster-se de militarizar a região, utilizar o uso da força ou realizar acções unilaterais”. Mogherini recordou que a UE está comprometida com a “manutenção da ordem legal no mar e nos oceanos, segundo os princípios da lei internacional”, tal como se reflecte principalmente na convenção da Organização

das Nações Unidas sobre a Lei do Mar (UNCLOS, na sigla em Inglês). A dirigente da UE deixou claro que “não toma partido sobre as reclamações de territórios e espaço marítimo” no Mar do Sul da China e que os europeus solicitam que todos os têm pretensões na área “resolvam as suas disputas por meios pacíficos, para clarificar a base das suas reivindicações” e que as façam “segundo a

lei internacional”, incluindo a UNCLOS e as suas arbitragens.

BOAS PRÁTICAS

Mogherini pediu medidas que criem confiança e garantam a segurança na região e afirmou que apoia os processos liderados pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em Inglês) para concluir um código de conduta que “apoie uma ordem regional

organização ambientalista Greenpeace instou sexta-feira Hong Kong a aprender com a experiência de Fukushima, à medida que a dependência de energia nuclear aumenta, noticia a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK). Frances Yeung, uma das responsáveis da Greenpeace, disse sexta-feira à RTHK que Hong Kong enfrenta um risco similar com uma central nuclear situada a apenas 50 quilómetros de distância, em Daya Bay, na China continental. Em 2010, as autoridades de Hong Kong anunciaram que houve uma pequena fuga na central nuclear situada na cidade chinesa de Shenzhen, na província vizinha de Guangdong. De acordo com o executivo da antiga colónia britânica, a 23 de Maio de 2010 foi detectado um pequeno aumento da radioactividade num reactor de arrefecimento da central nuclear de Daya Bay, explorada pela CLP Power, o maior fornecedor de electricidade de Hong Kong.

HÁ CINCO ANOS

A declaração de Frances Yeung surge no dia em que o Japão assinala o quinto aniversário do sismo seguido de tsunami que em 2011 provocou a morte de mais de 18 mil pessoas e

e internacional baseado em normas”. Neste contexto, a UE disponibilizou as suas “melhores práticas sobre segurança marítima”. Nas últimas semanas, imagens por satélite divulgadas por meios de comunicação dos EUA mostraram que a China tinha deslocado mísseis antiaéreos para uma das ilhas Paracel, arquipélago que controla, mas que também é disputado por Taiwan, Filipinas e Vietname. A China e outros países – os mencionados, mais Brunei e Malásia – também mantêm disputas pela

devastou a costa nordeste do país, ainda não está totalmente reconstruída. O sismo e o tsunami provocaram também o acidente nuclear de Fukushima. A Greenpeace advertiu que “não há solução à vista para os quase 100 mil deslocados” pela crise na central japonesa. “Não sabemos exactamente o que causou o acidente e o Governo japonês continua a minimizar o nível de radioactividade nas zonas que tiveram de ser evacuadas. É trágico e inaceitável”, lamentou, em comunicado, o director da organização ecologista no Japão, Junichi Sato. Para os ambientalistas, a crise da central Fukushima Daiichi, que está a ser desmantelada, foi “um dos piores acidentes industriais na história” e os governos devem apostar urgentemente na “energia limpa, renovável e segura”. A Greenpeace também pediu ao Governo japonês e à operadora Tokyo Electric Power (TEPCO), proprietária da central, para dar prioridade à “segurança e ao meio ambiente” e apontou que o encerramento da central de Takahama, ordenado esta semana por um tribunal do Japão, por razões de segurança, é “um sinal de que a energia nuclear não tem futuro” no país.

soberania do arquipélago das Spratly. Outras imagens de satélite, divulgadas nos EUAem 2015, mostraram que Pequim tinha construído ilhas artificiais sobre ilhotas e atóis nas Spratly, dotados inclusive de pistas de aviação. Os EUA não reconhecem a soberania chinesa na zona, por onde algumas das suas unidades militares realizam patrulhas periódicas, em nome do que denomina oficialmente como “defesa da liberdade de navegação”.


14 EVENTOS

ADAM JOHNSON AUTOR DE “THE ORPHAN MASTER’S SON” E VENCEDOR DE UM PULLITZER

Venceu em 2012 o Pullitzer para Ficção com uma obra sobre a Coreia do Norte. A mistura de ficção com realidade é algo a que Adam Johnson se entrega de corpo e alma, num caminho onde as emoções e o ser humano são a sua maior inspiração. Em Macau pela primeira vez para o Rota das Letras, só “viu casinos” e a Universidade de Macau, da qual “gostou muito” Venceu um Pullitzer para Ficção em 2012, com o livro “Orphan Master’s Son”.Alguma vez pensou conseguir este prémio? Entre os milhares de livros publicados nos EUA, apenas um é escolhido e seríamos uns tontos em pensar ganhar algo como um Pullitzer. Escrevi este livro ao longo de muitos anos e nunca conheci ninguém que estivesse a escrever ficção sobre a Coreia do Norte... todas as pessoas com quem falava sobre o livro olhavam para mim como se fosse maluco, mas eu sentia-me profundamente apaixonado pelo livro. Contudo, só queria que fosse publicado e esperar que, talvez, as pessoas ficassem tão ‘infectadas’ e curiosas face ao livro quanto eu. Foi arriscado e difícil escrever um livro de ficção sobre a Coreia do Norte? É um lugar sobre o qual sabemos muito, mas não podemos provar nada. Mas acho que é mais desafiante para jornalistas escrever sobre a Coreia do Norte, porque eles ouvem os rumores e as histórias, mas não conseguem confirmar nada. Nada pode ser verificado, mesmo que milhares de pessoas tenham saído da Coreia do Norte. Essas pessoas contam a sua história e, como um novelista, essas histórias, esses pesadelos, esses mitos e rumores são valiosos para mim. Mas um jornalista não pode usá-los, por isso acho que, neste caso, a ficção consegue preencher um vazio que a ‘não-ficção’ não pode. Esteve no país seis dias, além de ter feito investigações aprofundadas.

A realidade lá é mesmo como as pessoas descrevem? Tive lá, sim, mas numa viagem muito controlada. Estava já a meio do livro e o que queria mesmo saber eram coisas que poderia ganhar com a minha visita lá: eram as ruas pavimentadas com asfalto ou pedra? Qual era o cheiro nas ruas? Que sapatos é que as pessoas usavam? Havia cortinas nas janelas ou cortinas que isolavam as casas do mundo como eu tinha lido? Perguntei onde é que estavam as caixas de correio, as estações de bombeiros... Como é que tudo funcionava. Mas o único sítio no mundo onde não se pode falar com um norte-coreano é na Coreia do Norte – é ilegal para um cidadão falar com um estrangeiro. Então soube que só iria aprender a verdade sobre o que estava à superfície naquele lugar, o que estava à vista. Mas também houve coisas que só fiquei a saber porque fui lá. E as pessoas, vivem mesmo assustadas? Não contactam? Vestem-se todas da mesma maneira? Sim. Eles têm uma variação de uniforme, mas nada com marcas. As únicas mensagens permitidas são as mensagens políticas [do líder da Coreia do Norte], nunca seria permitido qualquer tipo de slogan numa t-shirt ou mesmo uma marca. Não pude falar com ninguém... se ao menos tivesse podido falar com uma mulher, ir a casa dela, beber chá com ela e ver como vivia, todas as minhas perguntas teriam tido resposta. Mas não foi o caso. Sou uma pessoa grande, tenho 1.90m – mas, durante todo o tempo que andei nas

EDUARDO MARTINS

“Nunca sei onde a história

ruas de Pyongyang tinha ‘minders’ [pessoas a controlar] comigo e eles tinham uns pins especiais no casaco, que avisavam toda a gente que estas pessoas não eram para ser incomodadas. Descíamos a rua e as multidões dispersavam. Exactamente o oposto do que pretendia... Exacto.Americanos grandes não passam lá todos os dias... mas uma coisa que reparei é que, mesmo assim, as pessoas não pareciam olhar para mim e desviar o olhar. Elas simplesmente não olhavam. Evitavam, como se tivessem sentido a sua curiosidade, afastando-a [depois].Apanhei alguns a olhar para o meu reflexo nos espe-

lhos e nas janelas – estavam curiosos, mas de alguma forma digeriram a censura do Governo, acho. Mas não posso ter a certeza, porque só se sabe quando se fala com as pessoas. Começou a carreira literária com “Emporium”, uma colecção de curtas. Qual a principal diferença entre escrever histórias curtas e escrever um livro? Mistura sempre ficção com realidade nas suas obras? Não é isso que a vida é? Uma mistura de ficção e realidade? Se ao menos pudéssemos distingui-las... (risos) Na nossa vida, escolhemos sempre histórias para contar aos outros. Não organizamos a grande

confusão de experiências [a que estamos sujeitos] em capítulos estruturados e moldados da nossa vida? Para responder à questão: há um certo prazer em escrever histórias curtas, porque podemos ser um ditador e controlar todos os aspectos da história, aperfeiçoar cada bocadinho como se fosse uma jóia, para conseguir o efeito que queremos. Um romance é algo desorganizado, cheio de compromissos... o enredo quer uma coisa, as personagens querem outra. [A personagem] quer continuar de uma determinada forma, depois há as emoções que tenho que dar a uma cena... De certa forma, um romance é um acto político, perante o qual


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EVENTOS

vai parar” “O único sítio no mundo onde não se pode falar com um norte-coreano é na Coreia do Norte – é ilegal para um cidadão falar com um estrangeiro. Então soube que só iria aprender a verdade sobre o que estava à superfície naquele lugar, o que estava à vista” fosse uma loucura. Foi assim com a Coreia do Norte: tornei-me curioso e, durante um ano, só lia coisas sobre o país, lia, lia, lia. Ou vou ao eBay à noite e dou por mim a comprar imensas coisas... sei que parece tonto, mas a verdade é que, se pegar nessas coisas pelas quais sou obcecado e as puser numa narrativa, isso vai retirar de mim o que quer que seja que está a fazer-me focar nisso. Qualquer que seja a emoção conectada a essa obsessão. E, na maioria das vezes, é um mistério o que me faz ficar maluco com algo, até que o ponha numa narrativa. Não sei se alguma vez penso “oh, hoje deveria começar a escrever uma história”, acho que é mais quando fico enamorado por algo que sei que a minha mente está [focada na escrita].

temos de fazer compromissos entre todos os seus pedaços estruturais. Não há “perfeição” num romance. Deixa-o fluir, então? Sim. Mas um romance pode dar muito trabalho. As pessoas falam muito em inspiração para conseguir escrever um livro. Sendo escritor a full-time, acredita na inspiração ou tem de se obrigar a escrever? Ao longo dos anos, aprendi a confiar nas minhas obsessões e reparei que começo a ouvir uma certa música e passo a vida a ouvi-la, ou leio determinadas coisas ou vejo vídeos no YouTube e não páro, como se

Mas há diferentes escritores. Sim, acho que há. Vejo imensos escritores curiosos com um tópico que não tem nada a ver com eles próprios e que fazem muita pesquisa e martelam até ter o livro cá fora. E vejo muitos escritores que são mais pessoais e escrevem sobre emoções que conhecem e assuntos seus. Os primeiros conseguem escrever um livro por ano, porque não é sobre eles. Os outros, e estes são os que eu gosto, põem o seu coração no trabalho. Tem de se esperar até que as coisas surjam, não podemos controlar quando vem de dentro. São “vítimas” dessas emoções. Então, o Adam é um escritor pessoal? Comecei assim e estou a tentar fundir as duas formas de escrita, porque eu até gosto de fazer pesquisa. Comecei como jornalista, mas depois vi a luz (risos). Se tudo correr bem, também

vai ver a luz. O jornalismo tem o seu lugar e é importante, mas o dia vai chegar... (risos) Mas o jornalismo ajudou-o a escrever sobre a realidade? Alguma vez exerceu? Não, licenciei-me em Jornalismo e escrevi para jornais, mas sabia que não era um grande jornalista. Lembro-me do meu professor de Jornalismo me dizer, às vezes, “tu inventaste esta citação não foi?”. Eu admitia que sim, mas que ninguém tinha dito a verdade e que a minha posição era dizer a verdade (risos). E isto era um debate que tínhamos ao longo dos anos: eu dizia que o meu dever era mostrar a verdade, ele dizia o meu dever era dar os factos e deixar o leitor decidir qual era a verdade. Também inventava detalhes... bem, estava já a escrever ficção. E a verdade é que nunca me importei se algo é factual ou não, desde que ressoe com a verdade da experiência humana. Para mim, algo que é verdadeiro é algo que é válido para todas as culturas, para todas as pessoas, em todas as épocas. Algo que todos nós já tenhamos experienciado. Por isso é que um poema de Li Po ou uma urna grega ainda nos emocionam. Porque eles viajaram através do tempo e dos lugares, além do que é essencial. E todos nós passamos por alguma coisa na vida. E é isso que é a literatura... esses momentos. É essa a mensagem, se é que há uma, que quer passar com os seus livros? Quer que as pessoas vejam essa humanidade? Diria que escrevo para descobrir. Nunca sei onde é que a história vai parar, ou o que vai acontecer. Há algumas coisas pelas quais são obcecado, como agora, o mais recente, é o Jiu-Jitsu brasileiro, e coloco isso na minha história, porque é algo que a minha família pratica e eu quero descobrir mais sobre isso. Mas, se souber o que a história vai

“De certa forma, um romance é um acto político, perante o qual temos de fazer compromissos entre todos os seus pedaços estruturais. Não há “perfeição” num romance”

ser, torna-se aborrecido. Sinto-me mais como um professor a dar uma palestra. Uma das grandes alegrias no mundo é conhecer outros seres humanos.Alguém que é um mistério e que, ao longo do tempo, faz-nos construir uma relação. A confiança ganha-se. As vulnerabilidades começam a aparecer, as pessoas começam a revelar camadas mais profundas e, aí, deparamo-nos com uma sensação de que conhecemos realmente a pessoa. E a razão por que isto acontece é porque não sabemos o que a outra pessoa está a pensar, nunca conseguimos saber o que está na cabeça de outra pessoa. E não é isso que a literatura faz? Dar-nos a perspectiva de outros? Mesmo que seja uma ilusão. Se soubermos tudo sobre o outro, não há nada para descobrir: e é isso que quero transmitir com as minhas personagens.

não ter a liberdade de escrever/ publicar o que quisesse? Tomo a liberdade como garantida. Mesmo. Vivo num reino onde todos se expressam completamente à vontade – às vezes demasiado livremente. Tenho um compromisso com a universidade, o que significa que nada do que escrevo me pode custar o meu trabalho [lá] e já levo isso muito a sério. Mas venho aqui e leio nos jornais casos como o dos livreiros [de HK], que arriscaram a sua liberdade para vender livros para que as pessoas possam ter a oportunidade de os ler e eu não sabia disso. É lamentável. É difícil de acreditar que isso ainda exista no mundo.

Fiquei a saber que é obsessivo com a linguagem que utiliza nos livros e que a aperfeiçoa até estar satisfeito... Não é com a sua? Com o que se pode fazer com as palavras?

Ensina Escrita Criativa na Universidade de Stanford e foi considerado “o professor mais influente e imaginativo” da universidade pela revista Playboy. O que pretende ensinar aos seus estudantes, aos novos escritores? Alguém tinha de ser (risos). Evangelicamente, tendo em mente o poder da ficção sinto o dever de usar esse poder para dar significado às nossas vidas. O que é bom na escrita é que todos podem fazê-lo, todos temos essa capacidade, somos todos ‘experts’ em humanidade, de certa forma, ou pelo menos em nós próprios e não há barreiras na escrita: só precisamos da nossa criatividade, ao contrário de um filme que custa dinheiro. Claro, vai haver muitas coisas mal escritas por aí, mas todos os que entram neste reino conseguem melhorar até a sua história falar com outra pessoa.

Há trabalhos seus que nunca viram a luz do dia porque nunca gostou de como ficaram? Quanto tempo demora a limar essas arestas? Todos escrevem de forma diferente. A minha mulher [escritora], escreve um pouco daquele capítulo, daquela cena... eu gosto de aperfeiçoar uma frase, se ela é [oca] não gosto dela, tem que ser sólida. E isso é o que traz alegria quando lê o seu escritor favorito: conseguimos sentir quando um autor passou meia hora a aperfeiçoar uma frase, a encontrar a expressão certa para esta incerteza que é a vida. E às vezes lemos uma passagem inteira e sabemos que levou dias a ser escrita. Foi reescrita vinte, cem vezes. Essa é uma das minhas grandes alegrias ao ler: sentir que alguém exprimiu algo perfeitamente. Isso é uma das coisas que quero dar e receber.

“Fortune Smiles” e “George Orwell Was a Friend Of Mine” foram as umas últimas obras, lançadas em 2015. Para quando um trabalho novo? Macau pode servir de influência? Estou a escrever um grande romance agora, não sei o que vai ser, não sei se vai falhar. É o que dá não sabermos o que estamos a fazer (risos). Seria interessante [pensar que Macau poderia inspirar-me]. O livro que estou a escrever agora veio de uma visita através de um festival literário como este [Rota das Letras] e, quando fui embora, comecei a ficar obcecado por coisas que tinha visto nessa visita e, por isso, nunca se sabe. Acho que vou primeiro ler obras de autores de Macau a falarem sobre este lugar, antes de começar a escrever algo sobre Macau.

“Não é isso que a vida é? Uma mistura de ficção e realidade? Se ao menos pudéssemos distingui-las...”

Está na China agora, esteve na Coreia do Norte... regimes fechados no que à liberdade de escrita diz respeito. Alguma vez pensou

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


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ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

GUO XI

Um grande pinheiro é tão imponente que se assemelha a um líder entre as outras árvores. Estendendo-se harmoniosamente sobre trepadeiras e plantas rasteiras, relva e árvores, é um guia para aqueles que não se conseguem aguentar sozinhos. A sua importância é semelhante à de um príncipe que conquistou a aprovação do seu tempo e recebe os serviços de povos menores, sem demonstrar inquietação ou vexame. Uma montanha vista de perto tem uma aparência. Vista a alguns quilómetros tem outra. Vista a muitos quilómetros tem ainda outra. A mudança de aparência causada pelo grau de distância do objecto é figurativamente descrita como «a cada passo que se dá, uma mudança de forma». Vista de frente a montanha tem um aspecto, vista de lado, outro. A constante mudan-

ça de aspecto da montanha, consoante o lugar de onde se observa é descrito como «várias formas que a montanha toma quando vista dos diferentes lados». De modo que uma única montanha combina em si própria, vários milhares de aparências1. Não deveremos perceber este facto? As vistas de Primavera e de Verão das montanhas têm certos aspectos; as vistas de Outono e de Inverno têm outros. Isto quer dizer que o cenário não é mesmo nas quatro estações. A vista da manhã na montanha tem a sua própria aparência; a da tarde a sua própria. Isto quer dizer que as vistas da manhã e da tarde na montanha não são idênticas. De modo que as vistas de uma única montanha combinam em si as mudanças e significados de vários milhares de montanhas. Não deveremos estudá-las exaustivamente?

1 - Embora existam diferenças significativas na pintura europeia, no caso do pintor francês Paul Cézanne (1839-1906) nota-se uma démarche semelhante. Ele que persistentemente dedicou os últimos anos da sua vida, de modo mais concentrado a partir dos meados de 1880, a pintar variantes do monte Sainte-Victoire, no Vai d’Arc, perto da sua terra natal de Aix-en-Provence, do qual realizou cerca de trinta pinturas a óleo e várias aguarelas. Numa carta que escreveu ao seu filho Paul, ele explica: «Aqui na margem do rio, são tantos os motivos, o mesmo assunto visto de outro ângulo oferece um motivo do mais vivo interesse e tão variado que eu acredito poder ir trabalhando durante meses sem mudar de posição, simplesmente inclinando-me um pouco para a direita e depois um pouco para a esquerda.» (Carta de 8 de Setembro de 1906, in Correspondence, p.332, ed. J. Rewald, Paris, 1937, revista em 1978)

«Linquan Gaozhi»

A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes


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TEMPO

C H U VA

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FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

ROTA DAS LETRAS: “WORKSHOP DE ESCRITA COM LUÍSA FORTES DA CUNHA Escola Portuguesa de Macau, 14h30

MIN

12

MAX

16

HUM

70-95%

EURO

8.91

BAHT

Amanhã

ROTA DAS LETRAS: “WORKSHOP DE ESCRITA CRIATIVA” COM BENGT OHLSSON Universidade de Macau, Departamento de Inglês, 10h00

O CARTOON STEPH

ROTA DAS LETRAS: “LITERATURA GUINEENSE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS” COM ERNESTO DABÓ Antigo tribunal, 18h00 ROTA DAS LETRAS: “LEMBRANDO BOCAGE” COM DANIEL PIRES, PEDRO BARREIROS E MARIA ANTÓNIA ESPADINHA Antigo tribunal, 19h00

Diariamente

EXPOSIÇÃO “MA-BOA, LIS-CAU”, DE CHARLES CHAUDERLOT (ATÉ 19/03) Museu de Arte de Macau Entrada livre

EXPOSIÇÃO “CAIXA DE MÚSICA” (ATÉ 3/04) Museu da Transferência Entrada a cinco patacas

Cineteatro

C I N E M A

THE DIVERGENT SERIES: ALLEGIANT SALA 1

GODS OF EGYPT [B]

Filme de: Alex Proyas Com: Nikolaj Coster-Waldau, Brenton Thwaites, Gerard Butler 14.30, 16.45, 21.30

MERMAID [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi, Jelly Lin 19.30 SALA 2

THE DIVERGENT SERIES: ALLEGIANT [B]

Filme de: Robert Schwentke Com: Shailene Woodley, Theo James, Jeff Daniels, Naome Watts, Maggie Q 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 47

PROBLEMA 48

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

Quarta-feira

HISTÓRIA NAVAL (ATÉ 9/04) Arquivo Histórico de Macau Entrada livre

YUAN

1.23

O LIVRO

ROTA DAS LETRAS: “ESCRITORES EM REVOLUÇÃO: A REVOLUÇÃO CULTURAL E A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS” COM LIU XINWU E RUI ZINK Antigo tribunal, 19h00

EXPOSIÇÃO “UM SÉCULO DE ARTE AUSTRÍACA” (ATÉ 3/04) Museu de Arte de Macau Entrada livre

0.22 AQUI HÁ GATO

ROTA DAS LETRAS: “A COZINHA DE MACAU QUE CAMILO PESSANHA CONHECEU” DE GRAÇA PACHECO JORGE, COM ALFREDO RITCHIE Antigo tribunal, 18h00

LANÇAMENTO DA OBRA “DICIONÁRIO CRONOLÓGICO DA IMPRENSA PERIÓDICA DE MACAU DO SÉCULO XIX (1822-1900)”, DE DANIEL PIRES Academia Jao Tsung-I, 18h30 Entrada livre

(F)UTILIDADES

O livro não devia ser um objecto caro. Até percebo que os escritores têm de fazer dinheiro e que tudo tem o seu custo, mas o livro é um bem que deveria ser partilhado o mais possível, sem custos, ou a custos quase zero. A leitura deveria ser algo, por si só, gratuito, para permitir que todos aprendêssemos de igual forma, déssemos asas à imaginação da mesma maneira e formássemos opiniões livres. Quem tem livros e não os lê, não tem desculpa. Quem não tem, deveria recebê-los como prenda. Até eu que sou gato consigo valorizar a leitura, algo que nos faz tão bem e que nos eleva o espírito. Por isso é que fico triste, também, com as pouquíssimas feiras do livro que se fazem por Macau. E, quando se fazem, encontramos livros ao mesmo preço que eles custam em livrarias normais – e, como já verifiquei, por vezes bem mais caros do que o seu preço normal noutros locais que não este território. Gostei da ideia do Governo, em trocar livros nas bibliotecas de Macau. Vou aderir, completamente. Mas, apelava a todos os responsáveis por locais com livros à venda para fazerem feiras do livro mais regularmente e, já agora, a descerem realmente os preços quando essas feiras acontecem. Macau iria ficar um sítio muito mais prazeroso, com mais gente a ler livros às sombras das árvores, na praia ou ao pé dos lagos. Pu Yi

“SPOTLIGHT” (TOM MCCARTHY, 2015)

Não é novidade que é o filme do ano, até porque no início do mês levou para casa os Óscares de Melhor Argumento Original e de, está claro, Melhor Filme. “Spotlight” traz, a quem assiste, um misto de sentimentos. Se fosse apenas um filme seria um “bom filme”, mas não é. Depois de 129 minutos colados ao ecrã vivendo a investigação como se fosse nossa, tentando montar as peças de todo o mórbido puzzle, cai-nos, bem ali nos créditos finais, o mundo nas mãos. Milhares de padres abusaram de crianças. E todos nós deixámos que isto acontecesse. “Spotlight” mostra a importância dos jornalistas, da sociedade e da luta por aquilo que está certo. Filipa Araújo

SALA 3

LONDON HAS FALLEN [C] Filme de: Babak Najafi Com: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman 14.15, 16.00, 17.45, 21.45

THE ROOM [B]

Filme de: Lenny Abrahamson Com: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, William H. Macy 19.30

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18 OPINIÃO

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“China’s plan to lift all of its poor people out of poverty by 2020 concerns whether the country can fulfill its goal building a moderately prosperous society in all respects throughout the next five years. The Chinese Government has prioritized its poverty alleviation plan across the nation, and has already set in motion the process to improve the living standards of an estimated 70 million people living under the country’s poverty line.” Beijing Review, Vol 59, No 9, March 3, 2016

O

“Décimo Terceiro Plano Quinquenal” para o período de 2016 a 2020 foi aprovado na “Quinta Sessão Plenária do Décimo Oitavo Comité Central do Partido Comunista da China”, celebrada em Pequim, de 26 a 29 de Outubro de 2015, e constitui uma referência decisiva, num período capital do processo de reforma e abertura da China. Quer pelo seu contexto, como pelo seu conteúdo e expectativas, está condenado a ser um documento essencial na longa transição chinesa. É de assinalar, que apesar do aumento sustentado do papel do mercado, como consequência do processo de reforma, o planeamento das políticas de desenvolvimento, iniciadas em 1953, constituem um sinal de identidade irrefutável do modelo económico e político chinês. O “Décimo Terceiro Plano Quinquenal” deve ter em conta, pelo menos, três elementos determinantes. O primeiro será o facto, de que na transição do próximo período de cinco anos, a China converter-se-á, qualquer que seja o método de medição utilizado, com toda a probabilidade, na primeira economia do mundo, sendo uma situação que terá um singular impacto na economia global, e um efeito maior, em todos os sentidos, nas questões relativas à governança. A China é a segunda maior economia do mundo e o maior exportador. O yuan, em Dezembro de 2014 ultrapassou o Euro, para converter-se na segunda moeda mais utilizada no financiamento do comércio mundial, depois do dólar, e até 2020 a China será o maior investidor internacional do mundo. A internacionalização do renmimbi será um dos eixos determinantes dos próximos cinco anos. Os seus activos globais triplicaram, passando de quase seis e meio mil milhões de dólares a vinte mil milhões de dólares, o que contribuirá para fortalecer a sua posição económica global. O segundo tem em consideração, a aceleração do processo de transformação estrutural que vive a economia chinesa, realçando o maior papel atribuído à economia privada na modernização, tal como o

papel do mercado, por contraposição com a determinação de tornar menos pesada a burocracia e adequar o sector público. A reforma agrária, por outro lado, deve sofrer uma reestruturação de grande alcance, de forma a adquirir eficiência. A despesa em I+D, que em 2014, foi de 2,1 por cento do PIB, continuará a sua espiral ascendente, de forma a converter a China numa potência tecnológica. Quanto à questão ambiental, os esforços futuros devem permitir uma notória visibilidade, dado o estado do país no concernente a essa matéria, devendo por outro lado, levar a cabo uma ambiciosa reforma do sector público, de forma a criar gigantes industriais capazes de fazer face aos grandes concorrentes privados mundiais, complemento do “Plano Feito na China 2015”, que deve contribuir para atingir um posicionamento global das suas marcas comerciais. Assim, deve empreender projectos ambiciosos de construção, como os de um “Cinturão” e uma “Rota”, e a interligação e interconexão da Ásia, por meio de uma linha de comboio de alta velocidade. Estas acções foram anunciados pelo presidente chinês, a 8 de Novembro de 2014, e enquadram-se no investimento de quarenta mil milhões de dólares para a criação do “Fundo da Rota da Seda”, que dará ajuda financeira a projectos de construção de infra-estruturas, exploração de recursos e cooperação de indústrias dos países localizados ao longo do “Cinturão” e da “Rota”. O Fundo e outros bancos de desenvolvimento multilaterais mundiais e regionais cooperarão, e funcionarão segundo a ordem económica e financeira internacional vigente. O Fundo não oferecerá apenas ajudas económicas, mas também, tem por objectivo criar oportunidades de grande desenvolvimento a todos os países envolvidos, por meio da interligação e interconexão. O Fundo é aberto a investidores dentro e fora da Ásia. Os corredores económicos e projectos que contam com numerosos fundos afiliados devem criar novos mercados às empresas produtivas chinesas, em conformidade, com os novos instrumentos de empréstimo constituídos. O terceiro deve contemplar a junção de todos os elos da reforma, para além do significado estritamente económico, considerando os aspectos que incidem na formação do objectivo de construção de una sociedade ajustada. A criação de um moderno sistema de assistência social, que atenda às características do país, deve contribuir de forma decisiva para vencer uma penosa desigualdade, que continua a ensombrar os efeitos das reformas e abertura económica de Deng Xiao Ping, na década de 1980, tudo sem prejuízo dos factores políticos, especialmente, os relacionados com o reforço da legalidade e do Estado de Direito, dando um novo impulso à feitura de leis.

LIXIN FAN, LAST TRAIN HOME

O Décimo Terceiro Plano

Este processo tem um desafio essencial, no juízo de uma nova cultura de relacionamento entre o poder e a sociedade. O “Décimo Terceiro Plano Quinquenal”, que chegará até às vésperas do centenário do Partido Comunista da China (PCC), em 2021, determinará o curso do processo de modernização. A tradição dos planos quinquenais na China remonta aos primórdios do maoísmo, durante o período de influência soviética, com o PCC no poder desde 1949. O primeiro plano quinquenal, vigorou entre 1953 e 1957, por meio do lendário Chen Yun, mais tarde vítima da Revolução Cultural e reabilitado posteriormente por Deng Xiao Pin, após a morte de Mao Tsé-tung.

A combinação da influência do planeamento leninista com a cultura estratégica chinesa, que aponta para uma visão que tem sempre uma mão no presente e outra na história, permitiu em boa medida, que a China, em poucas décadas pudesse recuperar uma parte substancial da grandeza perdida, durante o período da decadência iniciado, essencialmente, no século XIX. A agenda actual da China, em coerência com esse legado, tem os olhos postos em duas datas imediatas que são 2021, o centenário do PCC e 2049, o centenário da República Popular da China. O “Décimo Terceiro Plano Quinquenal” é inseparável dessas duas datas. Os dois primeiros elementos devem ser tidos em


19 hoje macau segunda-feira 14.3.2016

Quinquenal da China processo de modernização do país e a sua entronização no topo da economia global, ultrapassando inclusive os Estados Unidos em termos absolutos, não será possível de atingir, enquanto existir uma sociedade fracturada e com índices de desigualdade insustentáveis, o que exige grandes investimentos na saúde, educação, melhoria das infra-estruturas rurais, urbanização, novas políticas demográficas e um aumento substancial dos salários para criar a classe média, que dê suporte à sociedade de consumo, e encoraje o desenvolvimento dos serviços, em detrimento dos sectores primário e secundário.

“As autoridades chinesas defendem a nova normalidade de um crescimento menor, mas mais sustentável e centrado nos serviços, no consumo interno e nas novas tecnologias”

conta, quanto à valoração do documento. O primeiro, considerando a transição para um novo modelo de desenvolvimento, pois no período da presidência de Hu Jintao, entre 2002 e 2012, tiveram consciência de que o modelo iniciado em 1979 estava esgotado. A combinação de mão-de-obra barata, investimento em grande escala e orientação da produção para exportação, permitiu um salto gigantesco na economia chinesa, mas os efeitos secundários não foram desprezáveis. O “Décimo Oitavo Congresso do PCC”, em 2012, ratificou o novo rumo, incorporando especialmente, as dimensões ambientais e tecnológicas e propiciando mudanças estruturais de grande extensão, tendo em vista

conseguir a mudança de carril, tendo como preço, reduzir a velocidade da locomotiva. O segundo, tem por consideração, a construção de uma sociedade próspera e foi reiterado até à saciedade, que o sucesso do processo chinês e a ausência de grandes conflitos sociais que desestabilizam, explica-se por um acordo não escrito, que oferece riqueza aos cidadãos em troca de lealdade, mas esta equação também se esgotou. A sociedade chinesa é mais rica no seu conjunto, mas tremendamente desigual. As autoridades chinesas reconhecem um índice Gini de 0,469, sobre o limiar de alerta de 0,4, mas existe quem relativize estes números, e os eleve para 0,6. O culminar do

A China revelou a 5 de Março de 2016, o “Décimo Terceiro Plano Quinquenal”, onde constam um conjunto de objectivos económicos e sociais para o período de 2016 a 2020, para aprovação do Congresso Nacional Popular. A China face a uma conjuntura difícil fixou como meta, em 2016, um crescimento económico entre os 6,5 e os 7 por cento, e está disposta a deixar aumentar o deficit para intensificar a sua política de incentivos fiscais, sendo sabido que este ano as dificuldades serão mais numerosas e maiores, e os desafios mais temíveis, pelo que se tem de preparar para um duro combate. A economia mundial tem demonstrado uma recuperação ligeira, enquanto na China se acentuam as pressões descendentes sobre a economia. O PIB chinês, cresceu 6,9 por cento, em 2015, o mais baixo dos últimos vinte e cinco anos. Os indicadores da segunda economia mundial, desde há meses, revelam um desequilíbrio, dada a medíocre procura interna, exportações em queda, contracção da actividade manufactureira, paralisação dos investimentos no sector imobiliário, sobrecapacidade na indústria, fuga de capitais e turbulência nas bolsas. As autoridades chinesas defendem a nova normalidade de um crescimento menor, mas mais sustentável e centrado nos serviços, no consumo interno e nas novas tecnologias. O sector terciário, neste período de transição, representa mais que 50 por cento do PIB chinês, e está a demorar a realçar os motores tradicionais do

OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

crescimento, como são o sector imobiliário, infra-estruturas e exportações. A fim de favorecer a dita transição, o governo chinês quer suprimir as capacidades de produção excedentárias, por meio da reestruturação dos grandes grupos estatais, o que levará a eliminar postos de trabalho, e quer uma solução rápida para as empresas “zombie”, as empresas não rentáveis do sector mineiro e da siderurgia, que apenas sobrevivem devido ao endividamento e aos subsídios públicos. A China, adoptou para 2016, a meta de inflação de cerca de 3 por cento, muito acima do nível actual, e espera manter o desemprego abaixo dos 4,5 por cento. O estado da economia da China move as bolsas de todo o mundo, e as previsões e acções principais que o governo tomará para os próximos cinco anos e que constam do referido documento, são os de um crescimento médio, de pelo menos 6,5 por cento. O PIB passará dos 67, 7 mil milhões de yuans do passado ano, a mais de 92,7 mil milhões de yuans em 2020, o que significa mais que o dobro do PIB de 2010. O sector de serviços deverá representar 56 por cento do PIB, em 2020, ou seja, 5,5 por cento superiores a 2015, que foi de 50,5 por cento. A China irá reduzir o consumo de energia para um nível abaixo dos cinco mil milhões de toneladas de carvão nos próximos cinco anos. O país consumiu o ano passado quatro mil e trezentos milhões de toneladas. Irá reduzir o consumo de energia e de emissões de dióxido de carbono por unidade de PIB até 2020, em 15 e 18 por cento, respectivamente e relativamente aos níveis de 2015. A qualidade do ar nas cidades qualificado de bom irá aumentar para 80 por cento, face aos 76,7 por cento do ano passado. Irá aumentar a produção de energia nuclear para cinquenta e oito gigawatts até 2020, pela entrada em serviço de novas centrais com uma capacidade total de trinta gigawatts. A China dispõem de trinta reactores em actividade, com uma capacidade de 28,3 gigawatts, e vinte e quatro encontram-se em processo de construção. A rede rodoviária, irá aumentar para trinta mil quilómetros até 2020, face aos dezanove mil quilómetros do ano passado, e à construção de pelo menos cinquenta novos aeroportos civis. A China irá aumentar o rendimento “per capita”, em pelo menos 6,5 por cento anualmente. O aumento foi de 7,4 por cento, em 2015. O país irá criar cinquenta milhões de postos de trabalho nas zonas rurais nos próximos cinco anos. A China irá controlar a população que vive nas cidades, equivalente a 60 por cento da população total, ou seja, de oitocentos e cinquenta e dois milhões de pessoas, numa população total de mil milhões e quatrocentos e vinte milhões de chineses prevista para 2020. A proporção era de 56,1 por cento, em 2015.


se o tempo / que se isola / a arrefece / no muro / em que se finda / e nos separa / para quê / pedra / musgo / orquídeas bravas / vegetando / no tronco / que envelhece / melhor / a morte / que valor / nos desse”

MILHARES SAEM À RUA EXIGINDO DEMISSÃO DE DILMA ROUSSEFF

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ILHARES de pessoas eram ontem esperadas nas ruas de São Paulo, Brasil, para pedir a demissão da presidente Dilma Rousseff devido ao escândalo de corrupção «Lava Jato» e à crise económica no país. A iniciativa da manifestação é do Movimento VemPraRua.Net, Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online que esperam que este venha a tornar-se o maior protesto contra o Governo de Dilma Rousseff. Há receios de confrontos entre os defensores de Dilma de os seus opositores, num momento em que o Congresso tem sofrido pressões para decidir pela destituição. Dilma Rousseff fez no sábado, em São Paulo, um apelo para que os protestos antigovernamentais não provoquem violência.

“Faço um apelo para que os protestos não sejam violentos”, disse, afirmando que todos “têm o direito de ir para as ruas protestar” e que “ninguém tem o direito de ser violento”. Em causa estão a Operação Lava Jato, iniciada em Março de 2014 pela Polícia Federal (PF) brasileira, que investiga um esquema de corrupção, branqueamento de capitais e desvio de dinheiro envolvendo a companhia estatal brasileira Petrobras. Os principais envolvidos no esquema de corrupção são funcionários da companhia estatal, políticos, entre outras pessoas relacionadas com o Governo brasileiro, e já envolveu directamente o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e podendo atingir ainda a actual Presidente, Dilma Rousseff.

PYONGYANG ESPERA PELO “MOMENTO ADEQUADO” PARA RETALIAR

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A Coreia do Norte afirmou sábado que pretende retaliar contra os exercícios militares conjuntos dos EUA e Coreia do Sul, e disse que espera “o momento adequado para castigar” os seus alegados agressores, que mantém no seu “campo de tiro”. Os exercícios militares Key Resolve e Foal Eagle iniciados por Washington e Seul “estão a tornar-se cada vez mais imprudentes cada dia”, afirmou em comunicado da agência estatal de notícias KCNA o estado-maior do Exército Popular da Coreia do Norte (KPA), que disse ter “perdido a paciência exercida durante muito tempo”. A Coreia do Sul e os Estados Unidos iniciaram na segunda-feira os seus maiores exercícios militares anuais da história, nos quais participaram cerca de 300.000 membros das tropas sul-coreanas e 17.000 soldados norte-americanos.

segunda-feira 14.3.2016

Alberto Eduardo Estima de Oliveira

ONU EUA E OUTROS 11 PAÍSES CRITICAM CHINA

Princípios em causa

O

S Estados Unidos e outros 11 países criticaram a China na ONU devido ao caso dos livreiros de Hong Kong, afirmando que “recentes notícias de sequestros” colocam em causa o respeito de Pequim pelo princípio “Um país, dois sistemas”. Num comunicado conjunto entregue ao Comité dos Direitos Humanos da ONU em Genebra, o embaixador dos Estados Unidos Keith Harper expressou preocupação com “os recentes e não explicados desaparecimentos e aparentes regressos coercivos de cidadãos chineses e estrangeiros de fora da China continental”. “Estas acções extraterritoriais são inaceitáveis, desajustadas das expectativas da comunidade internacional, e um desafio à ordem internacional baseada em regras. As acções envolvendo indivíduos em Hong Kong representam uma violação do alto grau de autonomia prometido a Hong Kong”, afirmou na quinta-feira, referindo-se ao princípio “um país, dois sistemas”, que reconhece a autonomia de Hong Kong e Macau em relação a Pequim. Harper expressou também preocupação com a “deterioração dos direitos humanos” na China, recordando a detenção de activistas, líderes da sociedade civil e advogados. O embaixador apresentou uma declaração em nome dos Estados Unidos, Austrália, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Islândia, Irlanda, Japão, Holanda, Noruega, Suécia e Reino Unido. Desde Outubro do ano passado, cinco associados da editora Mighty Current e da livraria Causeway Bay Books, em Hong Kong, desapareceram em misterio-

sas circunstâncias durante deslocações à China e à Tailândia e, num caso, quando estavam em Hong Kong. O caso gerou receios de que os homens tivessem sido sequestrados por agentes da China, já que a editora e livraria se especializavam em livros críticos do Partido Comunista chinês. Os livreiros reapareceram todos na China e surgiram na televisão chinesa

dizendo que não tinham sido sequestrados e que se tinham deslocado à China de livre vontade para colaborar com uma investigação ou para se entregarem ás autoridades, confessando a autoria de crimes.

TROCA DE GALHARDETES

Em Genebra, Harper disse que os Estados Unidos e outros 11 países estão preocupados com o cres-

“Estas acções extraterritoriais são inaceitáveis, desajustadas das expectativas da comunidade internacional, e um desafio à ordem internacional baseada em regras.” KEITH HARPER EMBAIXADOR DOS ESTADOS UNIDOS

“Os Estados Unidos são conhecidos por abusos prisionais em Guantánamo, a vossa violência com armas é galopante, o racismo está profundamente enraizado” FU CONG REPRESENTANTE CHINÊS PARA AS NAÇÕES UNIDAS EM GENEBRA

cente número de confissões transmitidas nos meios de comunicação estatais sem haver qualquer processo judicial. “Estas acções são contrárias às garantias de um julgamento justo consagradas nas leis da China, e contradizem os direitos e liberdades expressos na Declaração Universal de Direitos Humanos”, disse. “Estamos preocupados com a tendência negativa geral em relação aos direitos humanos na China e focamo-nos nas recentes detenções de advogados e notícias de sequestros de cidadãos chineses e estrangeiros, já que estas acções ultrapassam limites e colocam em causa o respeito da China pelo princípio ‘Um país, dois sistemas’ em Hong Kong. Todas juntas, estas acções levantam sérias dúvidas sobre o compromisso da China em relação ao Estado de Direito e o caminho que o país está a seguir”, acrescentou. Estes comentários geraram resposta de Fu Cong, o representante adjunto permanente chinês para as Nações Unidas em Genebra, que acusou os 12 países de tentarem politizar os direitos humanos, segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post. “Os Estados Unidos são conhecidos por abusos prisionais em Guantánamo, a vossa violência com armas é galopante, o racismo está profundamente enraizado”, afirmou Fu. “Os Estados Unidos conduzem espionagem extraterritorial de larga escala, usam ‘drones’ para atacar civis inocentes de outros países, as suas tropas em solo estrangeiro violam e assassinam locais. Conduzem sequestros no exterior e usam prisões clandestinas”, acrescentou.


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