Hoje Macau 14 ABRIL 2023 #5229

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Viagem a Lisboa

A deslocação do Chefe do Executivo a Portugal está a gerar grandes expectativas na comunidade chinesa residente no país. Promoção das relações comerciais e culturais e esclarecimentos sobre a Grande Baía, são alguns dos temas que o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, espera ver desenvolvidos. Ho Iat Seng vai estar em Lisboa entre 18 e 22 de Abril, onde tem encontros marcados com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.

DOMÍNIO DO IDIOMA E A EXPERIÊNCIA DE VIDA NA CHINA SÃO INDISPENSÁVEIS”

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 SEXTA-FEIRA 14 DE ABRIL DE 2023 • ANO XXI • Nº5229 CHINA | BRASIL
DE EQUIPA PÁGINAS 10-11
TRABALHO
HOSPITAL DAS ILHAS TAXAS E MODELOS VOZES
EVENTOS PÁGINA 5 PAUL CHAN WAI CHI
Giorgio Sinedino em entrevista PUB. GRANDE PLANO FOLHA PE
CINEMATECA ÚLTIMAS CURTAS
BORBOLETAS
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PORTUGAL VISITA DE HO IAT SENG “MUITO AGUARDADA PELA COMUNIDADE CHINESA”

Braços abertos

O

dos Chineses

“Éa primeira visita após a covid. É uma visita muito aguardada pela comunidade chinesa, de Macau ou não de Macau”, disse à Lusa, no Porto, o também presidente da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal - China (CCPC - PME).

Y Ping Chow disse contar com o apoio de Ho Iat Seng, que visita Portugal entre 18 e 22 de Abril,

para compreender “melhor o desenvolvimento da ilha de Hengqin e da Grande Baía”.

O empresário reconheceu que a pandemia de covid-19 e as medidas adoptadas no território têm “atrasado muito as relações comerciais, de turismo, até mesmo empresariais”, dizendo ter “a certeza” que a visita contribuirá para as restabelecer.

Y Ping Chow disse ainda que a CCPC-PME está interessada em desenvolver projectos na ilha de Hengqin.

Já sobre o investimento de Macau em Portugal, Y Ping Chow afirmou que “neste momento, há muita possibilidade e capacidade de investir em Portugal”, apesar de haver “um bocadinho” uma separação entre a comunidade chinesa macaense e não macaense.

Quanto à situação actual na Região Administrativa Especial, e falando sobre os 30 anos da Lei Básica, Y Ping Chow disse que quanto ao princípio de “Um País,

Sobre o investimento de Macau em Portugal, Y Ping Chow disse que “neste momento, há muita possibilidade e capacidade de investir em Portugal”, apesar de haver “um bocadinho” uma separação entre a comunidade chinesa macaense e não macaense

Dois Sistemas”, “todos os chineses o aceitam”, tal como o Governo português.

Apesar disso, reconheceu que a transição é “algo muito difícil” para os chineses que “viviam em Macau e Hong Kong, que tinham uma vida diferente, uma gestão diferente, um hábito diferente, e de repente passaram a ter um hábito como na China”. “Mas habituam-se, para o bem e para o mal, ao hábito de como funciona na China”, disse à Lusa, dizendo que “a segurança em Macau tem

melhorado muito por causa de um controlo mais apertado”.

Tamanho importa

Questionado acerca de relatórios da ONU, dos Estados Unidos e da União Europeia acerca das liberdades e direitos humanos em Macau, Y Ping Chow disse que o “direito à liberdade, direito de pensamento, e das acções, é muito bonito”. Mas, “o que posso dizer é que se uma pessoa está sujeita a insegurança, fome e ‘et cetera’, tudo isso passa a ser secundário”.

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presidente da Liga
em Portugal, Y Ping Chow, disse ontem à Lusa que a visita do chefe de Governo de Macau a Portugal “é muito aguardada pela comunidade chinesa”, seja macaense ou não
GONÇALO LOBO PINHEIRO

Y Ping Chow disse ainda que “a interferência do Governo português em Macau e a interferência do governo inglês em Hong Kong são diferentes”, estando Hong Kong sob “mais influência dos americanos” do que Macau dos europeus.

Já sobre os anos que restam até 2049, fim do período de transição entre a administração portuguesa e a chinesa, Y Ping Chow disse que a data é “uma base para criar mais aproximação, para criar melhor integração”. “Pode ser 40, até pode

ser 60 anos. 50 anos é uma data para fazer esta junção o melhor possível”, afirmou.

Y Ping Chow considera ainda que o Governo da RAEM “tem interesse em que a cultura e os hábitos [portugueses], até mesmo aqui em Portugal, se mantenham, e até em desenvolver mais” no território. “Mas este desenvolvimento depende muito da sociedade civil”, como por exemplo “das participações das empresas” portuguesas, algo que reconheceu que “é difícil”. “Os empresários portugueses são pequeninos. Os grandes já lá estão. É muito difícil aos empresários pequenos entrarem individualmente”, assumiu.

Entre 15 e 22 de Abril, será realizado diariamente um espectáculo de ‘videomapping’ no Terreiro do Paço evocativa de Macau

Y Ping Chow disse ainda que Portugal “deveria fazer mais pelo interesse em participar no desenvolvimento com Macau”, algo que “está a acontecer”, mas em que se pode “fazer muito mais”.

Ponto de encontro

O Chefe do Executivo visita Portugal entre 18 e 22 de Abril, estando previstos encontros com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

A acompanhar Ho Iat Seng está uma comitiva de 50 empresários locais, com várias visitas a parceiros portugueses, com foco nos sectores alimentar e farmacêutico.

Com o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, a comitiva tem visitas agendadas para Lisboa e Porto, com encontros com a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas.

Visitas de trabalho ao hospital da Luz, Quinta da Marmeleira (Alenquer), grupos Amorim, Sovena e Delta, entre outras, estão também agendadas. Em paralelo, entre 15 e 22 de Abril, será realizado diariamente um espectáculo de ‘videomapping’ no Terreiro do Paço evocativa de Macau, numa iniciativa da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.

Sintonia de Amor

Liga dos Chineses quer câmaras de comércio com a lusofonia

Opresidente da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal - China, Y Ping Chow, disse à Lusa que estar a tentar criar estruturas similares com países lusófonos, algo formalizado com a Guiné-Bissau já na sexta-feira.

“Posso já dar conhecimento que no dia 14 deste mês [hoje], em Lisboa, vai ser constituída a primeira câmara do comércio deste género entre Portugal, Guiné-Bissau e a China”, disse à Lusa, no Porto, Y Ping Chow. O responsável, que também é presidente da Liga dos Chineses em Portugal, disse à Lusa que especialmente os países africanos “têm uma boa relação com a China”, algo que a Câmara do Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal - China (CCPC-PME) “reconhece”, havendo a “possibilidade de fazer alguma coisa” com essas boas relações. “Neste momento, esta-

mos a tentar criar uma Câmara de Comércio entre Portugal, a Câmara de Comércio Portugal-China, que tem relações com a China, e os países de África e de língua portuguesa”, adiantou à Lusa.

Y Ping Chow assumiu a vontade de “fazer várias câmaras de comércio de vários países diferentes”, mas com Portugal como plataforma.

Além da Guiné-Bissau, o objectivo é “tentar criar Portugal-Angola-China e assim por diante”.

Elo de ligação

Falando antes da vinda Ho Iat Seng a Portugal, entre os dias 18 e 22 de Abril, Y Ping Chow disse que o papel da Região Administrativa Especial atribuído por Pequim “é relacionar-se com a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. “Macau tem feito um bom trabalho nes-

CARLOS RAMOS “PRECISAMOS DE TUDO PARA PODERMOS EVOLUIR”

Opresidente da comissão instaladora da nova Câmara de Comércio entre a China, Portugal e a Guiné-Bissau, Carlos Ramos, disse ao HM que, para o país africano, “é uma excelente iniciativa, porque temos esta ligação com a CPLP e é bom aproveitarmos isso para impulsionar uma maior relação com o sector privado do país”. Carlos Ramos, que é deputado municipal na Câmara Municipal de Sintra, presidida por Basílio Horta, já disse que este governante “deu luz verde para fazer parte do conselho estratégico” da nova câmara de comércio. Homem do Partido Socialista (PS) em Portugal, Carlos Ramos afirma que a Guiné-Bissau “é um país fértil em possibilidades”. “Precisamos de tudo para podermos evoluir, não só em termos de comercialização como no sector agrário ou a nível tecnológico. É necessário investimento do sector privado, que está a dar os seus passos. Neste momento somos um dos principais exportadores do mundo de castanha de caju. O que falta para darmos um maior impulso ao país é esta ligação com as empresas chinesas e portuguesas, para podermos elevar-nos e adquirirmos o ‘know-how’ que os chineses e os portugueses possuem”, concluiu. A.S.S.

sas relações”, disse à Lusa, mas admitiu que “o resultado não está como se prevê”. “Embora se tenha criado o Fórum de Macau, estão lá os países representados todos, na minha opinião podia-se fazer muito melhor”, disse Y Ping Chow à Lusa.

O responsável associativo disse ter “a certeza” de que a CCPC-PME, tendo uma “relação privilegiada com Macau, e especialmente com as províncias” chinesas, pode “servir como elo de ligação entre os países de língua portuguesa através de Portugal, a relacionar com Macau e até mesmo com a China interior”.

Questionado acerca da saída de empresários lusófonos de Macau na sequência das medidas tomadas aquando da pandemia de covid-19, Y Ping Chow antecipou que passada a “fase de extremas exigências” quanto ao controlo da pandemia, voltarão ao território.

AL Ho Iat Seng responde a deputados antes de partir

Com a visita a Portugal no horizonte, o Chefe do Executivo continua com uma agenda cheia, com destaque para a ida hoje, a partir das 15h, à Assembleia Legislativa para responder a questões dos deputados. O Gabinete de Comunicação Social afirmou Ho Iat Seng irá endereçar perguntas ligadas à “acção governativa e assuntos ligados à vida da população, com o objectivo de reforçar a comunicação com os deputados e para que haja uma melhor compreensão, por parte da população, sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Governo”. A reunião será transmitida em directo pela Teledifusão de Macau (televisão e rádio) e através de vários canais do Governo no Youtube e Facebook.

Saúde Elsie Ao Ieong vai a Portugal recrutar médicos

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, vai a Portugal no final de Maio, depois de participar numa reunião da Organização Mundial de Saúde em Genebra, na Suíça, marcada para a terceira semana do próximo mês, avançou ontem a TDM-Rádio Macau. A emissora pública adianta que na agenda da comitiva liderada pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura está o recrutamento de médicos portugueses para integrar a rede de saúde pública da RAEM. É ainda referido que as candidaturas para o recrutamento devem abrir em breve através de anúncio publicado na página oficial da Ordem dos Médicos de Portugal. A última vez que as autoridades de Macau lançaram candidaturas para recrutar médicos portugueses foi em 2017. A TDM-Rádio Macau indicou ainda que Elsie Ao Ieong irá reunir com o ministro da Educação, João Costa.

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LEI LABORAL GOVERNO NÃO RECUA NA EXCLUSÃO DE GREVE E NEGOCIAÇÃO COLECTIVA

Características de Macau

O Executivo liderado por Ho Iat Seng recusa qualquer possibilidade de legislar o direito à greve e negociação colectiva na Lei

Sindical. A posição firme do Governo aos deputados empresários

Odeputado Chan Chak Mo defendeu a exclusão do direito à greve e o direito de negociação colectiva da Lei Sindical, que está a ser discutida especialidade na Assembleia Legislativa (AL). O legislador que preside à 2.ª Comissão Permanente da AL considera que o Governo adaptou o diploma à realidade de Macau.

“Esta é uma lei local, por isso acho que o princípio não deve ser transpor as leis de outros países ou regiões para a nossa sociedade. A transposição tem de depender da nossa sociedade e do desenvolvimento social”, afirmou Chan Chak Mo, citado pela TDM-Rádio Macau.

De acordo com o deputado, o Governo liderado por Ho Iat Seng recusou ainda qualquer possibilidade de alterar as “questões políticas” na Lei Sindical. Esta

DESPORTO LEI CHAN U PEDE ABERTURA DE MAIS CAMPOS

posição significa que o direito à greve e a negociação colectiva não serão contempladas no diploma.

Chan Chak Mo voltou a demonstrar apoio à posição do Executivo, e destacou que o direito à greve está consagrado na Lei Básica. “O direito à greve está consagrado na Lei Básica, que não prevê qualquer mecanismo de negociação colectiva”, apontou.

Por outro lado, o deputado considerou que a nova Lei Sindical

foi pensada para impedir “entraves ao desenvolvimento social”.

“Em Hong Kong também não existe negociação colectiva. Na minha opinião, a negociação colectiva pode pôr em causa a sociedade, pode fazer com que haja sempre greves, que afecta a economia e a sociedade”, afirmou. “Acho que o Governo ponderou a situação real e a relação entre o patronato e os trabalhadores e se era necessário introduzir esta matéria [negociação colectiva]”, acrescentou.

Impedimentos normais

Chan Chak Mo desvalorizou ainda as cláusulas da Lei Sindical que impedem a cooperação de sindicatos locais com outros sindicatos internacionais, por motivos de segurança nacional. O deputado considerou que uma lei local tem de respeitar as características locais.

“Quanto a ser membro da organização internacional, não podemos copiar a 100 por cento a lei internacional, também temos de ter em conta o nosso desenvolvimento social, entre outros vários factores”, insistiu. “É a decisão do Governo, e não acho que a lei do Governo viole qualquer convenção internacional, que depois leve a que Macau seja censurado internacionalmente. É a minha ideia sobre a questão”, rematou.

Apesar do apoio dos deputados que representam o sector empresarial, o diploma recebeu várias críticas por parte dos legisladores mais próximos dos trabalhadores, como Federação das Associações dos Operários de Macau ou Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. João Santos Filipe

DUAS SESSÕES BNU ORGANIZA SESSÃO DE PARTILHA DO ESPÍRITO

NA passada segunda-feira, o Banco Nacional Ultramarino (BNU) organizou no Clube Militar de Macau um seminário para partilhar o espírito das Duas Sessões que se realizaram em Pequim em Março (14ª Assembleia Popular Nacional e a primeira sessão do Comité Nacional da 14ª Conferência Consultiva Política do Povo Chinês).

Os discursos do seminário foram proferidos por Sun

XiangYang, Comissário Interino do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM e Choy Ming Wai, membro de Macau do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. O objectivo do evento foi “permitir aos participantes uma compreensão mais profunda dos fundamentos das ‘Duas Sessões’ e da perspectiva de desenvolvimento da nação e de

Macau”, indicou o banco em comunicado.

A instituição bancária acrescenta que cerca de 100 pessoas marcaram presença no seminário, incluindo os directores executivos do BNU, directores de departamentos, outros funcionários do banco e convidados.

Foi a primeira vez que um banco local português organizou um seminário desta natureza, em Inglês, em Macau.

O seminário sobre o espírito das “Duas Sessões” faz parte da missão contínua do banco de promover uma aprendizagem eficiente e fortalecer amplamente o conhecimento dos funcionários sobre o ambiente de negócios e o desenvolvimento nacional para melhor garantir e promover a implementação bem-sucedida de ‘Um País, Dois Sistemas’”, refere o BNU. J.L.

Odeputado

Lei Chan U está preocupado com a falta de espaços para a prática de desporto em Macau. A questão foi mencionada ontem, através de uma interpelação escrita, em que o legislador aponta que a educação desportiva tem evoluído, mas continua a ser algo desprezada.

O membro da Assembleia Legislativa indica que no ano de 2022/2023 houve 14 escolas que decidiram abrir os seus espaços à população, para serem utilizados por associações ou grupos de jovens. Porém, as escolas apenas optaram por disponibilizar as bibliotecas, deixando de fora os campos e pavilhões para a prática desportiva.

No entanto, como Macau regista uma crónica falta de espaços para a prática desportiva, Lei Chan U quer saber os planos do Governo para alterar a situação.

“Actualmente, quantas escolas têm campos desportivo? E no futuro, como o Governo vai fazer com que mais escolas disponibilizem os seus campos, para fazer frente à falta de espaços para praticar desporto?”, questiona. “E será que o Governo vai estudar o tipo de medida que pode encorajar as escolas a sentirem-se mais motivada para abrirem os seus espaços ao público?”, acrescentou.

No texto Lei Chan U não deixa de reconhecer que a Zona A dos Aterros promete resolver muitos dos problemas relacionados com a falta de espaços para o desporto, mas justifica que no curto e médio prazo não existem soluções.

Ao mesmo tempo, Lei pede ainda que seja divulgada informação sobre o número de campos de futebol, piscinas, campos de basquetebol e badminton que vão ser construídos na Zona A dos novos aterros.

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“O direito à greve está consagrado na Lei Básica, que não prevê qualquer mecanismo de negociação colectiva.”
CHAN CHAK MO DEPUTADO E EMPRESÁRIO

Ofuturo Complexo Hospitalar de Saúde das Ilhas - Centro Médico de Macau do “Peking Union Medical College Hospital” terá três níveis de taxas moderadoras para o acesso aos cuidados de saúde.

Segundo o deputado Vong Hin Fai, presidente da comissão que ontem reuniu mais uma vez para discutir o diploma que irá regular a gestão do novo complexo, estes três níveis baseiam-se no decreto-lei em vigor desde 1986, que “Regulamenta o acesso da população do território de Macau aos cuidados de saúde”.

O diploma estipula a gratuitidade de cuidados médicos para residentes que sejam funcionários públicos, professores, idosos com mais de 65 anos ou crianças com menos de dez anos, entre outros. Este grupo de pessoas fará parte do “primeiro nível” de taxas do novo hospital, seguindo-se um “segundo nível” composto pelos residentes que não são abrangidos por estas categorias e que, conforme o decreto-lei, têm de pagar 70 por cento dos tratamentos.

No entanto, Vong Hin Fai ressalvou que os residentes têm sempre de ser encaminhados pelos Serviços de Saúde (SS) para serem atendidos no Centro Médico mediante este regime de taxas. Caso optem por serem tratados no novo hospital, apesar de terem BIR, já entram no “terceiro nível” de taxas, em regime aberto, pagando um “valor razoável” que

COMPLEXO DAS ILHAS NOVO HOSPITAL COM TRÊS NÍVEIS DE TAXAS

A ganhar nitidez

O pagamento de tratamentos no Complexo Hospitalar de Saúde das Ilhas será dividido em três níveis. Os utentes residentes terão de ser encaminhados pelos Serviços de Saúde para terem acesso a taxas mais baixas. O Governo não deu detalhes sobre condições para não-residentes

será definido pelo próprio Centro Médico consoante o mercado, adiantou o deputado.

Na prática, funcionará o mesmo modelo de taxas moderadoras que já funciona entre o sector público e privado com entidades como o Hospital Kiang Wu ou a unidade de saúde da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). Não foi discutido, entre Governo e deputados, o caso concreto dos turistas, que pagam os tratamentos médicos a dobrar, nem dos trabalhadores não-residentes, que pagam os custos de tratamento na totalidade, sem apoios.

O Centro Médico de Macau do “Peking Union Medical College” terá ainda serviço de urgência, “não existindo diferenças entre o público e privado”. “Os utentes vão lá e serão recebidos. Caso

haja internamento, as taxas serão cobradas tendo em conta o valor definido para as taxas”, frisou Vong Hin Fai.

Neste contexto, o presidente da comissão permanente adiantou que o Governo disse que o decreto-lei “está em vigor há cerca de 40 anos e que será revisto”, embora a revisão não aconteça ao mesmo tempo da

análise do regime jurídico relativo ao novo hospital.

Plano para 20 anos

Nas respostas escritas enviadas aos deputados, o Governo explicou que já existem três acordos assinados entre as autoridades e o “Peking Union Medical College Hospital”. O acordo assinado

com esta entidade é de dez anos, com a possibilidade de renovação automática por mais dez.

“Há uma cláusula sobre isso no acordo assinado e não temos mais detalhes. Como a Comissão Nacional de Saúde [entidade com a qual o Governo de Macau assinou o acordo] é uma entidade estatal, achamos que o acordo pode ir até aos 20 anos”, disse Vong Hin Fai.

Outro ponto analisado pelos deputados foi o pagamento das taxas relativas ao uso da marca do “Peking Union Medical College” e gestão, suportadas pela RAEM. “Quais serão as despesas? Isso carece de colaboração de ambas as partes. No futuro serão negociadas as despesas sobre a utilização da marca e gestão.” Quanto à formação de profissionais de saúde, Governo garante que 100 enfermeiros locais estão a concluir a sua formação. Além disso, o Centro Médico terá pessoal de gestão destacado pelo “Peking Union Medical College”, enquanto os restantes serão contratados localmente. Andreia Sofia Silva e Nunu Wu

Formação Inscrições para cursos abrem na segunda-feira

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) anunciou ontem a abertura de mais uma ronda de cursos de formação subsidiada, com o período de inscrição aberto durante a próxima semana, entre segunda-feira, 17 de Abril, e sexta-feira, 21 de Abril. O plano de formação subsidiada orientada para o aumento das

competências técnicas destina-se aos trabalhadores no activo e profissionais liberais, podendo o empregador ou o próprio formando, por cada conclusão de formação e participação nas provas, receber um subsídio de formação até 5.000 patacas, indicou a DSAL. Já o plano de formação subsidiada orientada para a empregabilidade destina-se a

desempregados por cessação da relação de trabalho em 1 de Janeiro de 2019 ou data posterior e às que, tendo concluído curso do ensino superior em 1 de Janeiro de 2019 ou data posterior, não sejam trabalhadores por conta de outrem. Os residentes que concluam a formação e respectivas provas têm direito a um subsídio 6.656 patacas.

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TIAGO ALCÂNTARA
Vong Hin Fai, deputado “Quais serão as despesas? Isso carece de colaboração de ambas as partes. No futuro serão negociadas as despesas sobre a utilização da marca [do Peking Union Medical College] e gestão.”

COLINA DA GUIA COORDENADORA DO CONSELHO CONSULTIVO PROPÕE ESPAÇO CULTURAL NO TÚNEL PEDONAL Acoordenadora-ajunta

do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, Wu Hang San, defende a transformação do Túnel Pedonal da Colina da Guia num corredor cultural e artístico com a instalação de

obras de arte com elementos sino-portugueses. A ideia de Wu foi sugerida na reunião de quarta-feira do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central. Citada pelo jornal Ou Mun, a coordenadora consi-

derou que desta forma o túnel pode permitir aos turistas sentirem a história e cultura únicas de Macau. Wu Hang San sugeriu também que o Governo coopere com os grupos de artes e associações comunitárias, aumentando

gradualmente a instalação de produtos criativos e culturais locais nos espaços abertos à volta das portas do túnel. A nível das obras de arte, e em caso de dificuldades, a coordenadora-adjunta apontou como alternativa a possibilidade de o

COMÉRCIO SALDO FAVORÁVEL A LISBOA EM QUASE 20,5 MILHÕES

Mínimos olímpicos

No ano passado, a balança comercial entre a RAEM e Portugal apresentou um saldo vantajoso para Lisboa, com as exportações para Macau a valerem 21 milhões de euros. Ainda assim, apesar da afinidade institucional entre os dois territórios, Macau é apenas o 85.º cliente da exportação de produtos portugueses

AS exportações de Portugal para Macau representaram 21 milhões de euros no ano passado, com as compras a Macau a valerem 529 mil euros, tornando a balança comercial largamente favorável a Portugal.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), disponíveis no site da Agência para o Investimento, o saldo das trocas comerciais entre Portugal e Macau é favorável ao país europeu em quase 20,5 milhões de euros.

Macau foi o 85.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2022, com uma quota de 0,03 por cento no total, ocupando a 140.ª posição ao nível das importações, que valeram apenas 0,001 por cento. Apesar do valor residual das vendas de Macau a Portugal, as exportações daquela região para Portugal têm aumentado de forma consistente, tendo mais do que duplicado nos últimos anos.

“Ao longo do período 20172021 verificou-se uma diminuição média anual das exportações de 5,4 por cento e um crescimento

Instituto Cultural estabelecer parcerias com países de língua portuguesa para a exposição de livros ilustrados em chinês e português e a exibição de filmes portugueses durante o Festival da Lusofonia. O Túnel Pedonal da Colina da

Guia foi inaugurado a 1 de Outubro do ano passado, ligando a Avenida de Horta e Costa e o ZAPE. Desta forma, a ligação pedonal entre as duas zonas passou a fazer-se em 400 metros, quando antes era feita em 1,1 quilómetros.

de 164,6 por cento nas importações”, lê-se no site da AICEP, no qual se acrescenta que “a balança comercial de bens apresentou um excedente de 19 milhões de euros em 2021”, tendo melhorado para quase 20,5 milhões no ano passado.

Cabaz luso Entre os principais produtos exportados para este mercado asiático destacam-se os Produtos Alimentares (46,2 por cento), os Produtos Agrícolas (20,5 por cento), os Produtos Químicos (19,4 por cento), os Instrumentos de Ótica e Precisão (2,7 por cento) e as Máquinas e Aparelhos (2,4 por cento), ao passo que os principais grupos de produtos importados foram os Produtos Químicos (59,4 por cento), as Máquinas e Aparelhos (15,7 por cento), as Pastas Celulósicas e Papel (4,5 por cento), o Vestuário (4,3 por cento) e o Calçado (3,8 por cento), segundo a AICEP.

Macau foi o 85.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2022, com uma quota de 0,03 por cento no total, ocupando a 140.ª posição ao nível das importações, que valeram apenas 0,001 por cento

No que diz respeito às remessas dos emigrantes portugueses em Macau, o Banco de Portugal apresenta um valor zero para os últimos anos, registando apenas um envio de 20 mil euros dos portugueses a trabalhar em Macau em 2020.

Turismo DST visita ilhas de Zhuhai

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e operadores turísticos locais visitaram esta terça e quarta-feira várias ilhas da cidade vizinha de Zhuhai. O evento foi organizado pelos Serviços de Cultura, Rádio, Televisão, Turismo e Desporto de Zhuhai e pela Comissão Preparatória da Nova Zona de Hezhou. Foram vistos de perto os recursos turísticos da zona, a fim de “conhecer a situação actual e o futuro desenvolvimento das indústrias locais”, pretendendo-se também “desenvolver o turismo regional”. Uma das ilhas visitadas foi a de Guishan, onde decorreu uma palestra sobre o “potencial e as perspectivas futuras da partilha de recursos turísticos regionais”. Durante o encontro, a Comissão Preparatória da Nova Zona de Hezhou apresentou os recursos turísticos e ideias para o desenvolvimento das diferentes ilhas, enquanto a DST fez uma breve apresentação sobre os recursos turísticos e o desenvolvimento da indústria de Macau.

Conselho Consultivo Pedida lista para adopção de animais

Os membros do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários na Zona Central defendem que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) deve criar uma lista de pessoas disponíveis para adoptarem animais. O objectivo passa por acelerar o procedimento de adopção e melhorar a eficácia do processo. Apesar da sugestão, a coordenadora-adjunta do conselho, Wu Hang San, citada pelo jornal Ou Mun, considerou que o procedimento actual é rápido, uma vez que demora no máximo até um mês. Por outro lado, os membros do conselho sugeriram ao IAM que aumente o horário de funcionamento das clínicas veterinárias dos canis da RAEM, e que criem um posto veterinário na zona centro-sul, onde seja fornecidos os serviços veterinários básicos. De acordo com o IAM, no ano passado foram adoptados 497 animais.

GUANGZHOU TERMINAL MARÍTIMO DE FERRIES DE PAZHOU VAI LIGAR A MACAU E HONG KONG

OMinistério dos Transportes chinês aprovou a abertura das ligações para Macau e Hong Kong a partir do Terminar de Ferries de Pazhou, de acordo com um comunicado publicado no site do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e

Macau do Conselho do Estado. O edifício do terminal, que fica perto do Complexo da Feira de Cantão, ainda está em construção, sem que haja, para já, data prevista para a viagem inaugural. A primeira fase das obras está orçamentada em quase 400

milhões de yuans e estende-se por uma área de cerca de 8.500 metros quadrados.

Numa fase inicial, o terminal vai funcionar com duas embarcações com capacidade para transportar 260 passageiros (com 60 lugares em primeira classe).

Além da ligação a Macau (que deverá ter como destino o aeroporto), serão estabelecidas ligações ao aeroporto

de Hong Kong, com a possibilidade de os passageiros fazerem check-in ainda em Guangzhou e obter bilhete de embarque para os seus voos. A ligação ao aeroporto de Hong Kong terá uma duração prevista de duas horas. A segunda fase de construção

contemplará uma torre de exposições e convenções. As autoridades de Guangzhou estão a projectar a abertura de ligações fluviais a partir do Terminal de Pazhou para outras cidades da Grande Baía, incluindo Zhuhai. J.L.

TIAGO ALCÂNTARA 6 sociedade www.hojemacau.com.mo 14.4.2023 sexta-feira

Farmácia Medicamento dermatológico retirado

Um importador de medicamentos de Macau anunciou ter retirado um lote do produto dermatológico de uso externo Epiduo Forte 0.3% / 2.5%. A informação foi revelada ontem pelo Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica (ISAF) que refere que o medicamento foi produzido pela empresa G. Production Inc, com sede no Canadá. “Foi descoberto durante o teste de estabilidade pelo fabricante na sua composição um teor do ingrediente activo peróxido de benzoíla ligeiramente maior do indicado no rótulo”, pode ler-se no comunicado. “Como medida preventiva, o fabricante decidiu recolher, voluntariamente, o referido lote do medicamento importado para Macau”, foi acrescentado. “De acordo com as informações fornecidas pelo importador, o lote do medicamento afectado foi fornecido aos três centros médicos em Macau, o importador já recolheu todos os medicamentos do lote afectado”, referiu o ISAF.

Areia Preta Queda de parede fere trabalhador

A queda de uma parede num restaurante em obras causou um ferido, de acordo com a informação publicada ontem pelo jornal Ou Mun. O acidente aconteceu na Areia Preta por volta das 11h30 e quando os bombeiros chegaram ao local, o pedreiro apresentava vários ferimentos na cabeça, onde foi atingido pela parede. A estrutura que colapsou tinha uma altura de dois metros e o homem estava consciente quando foi transportado para o Hospital Kiang Wu. Ontem as autoridades ainda estavam a investigar o motivo que levou à queda da parede. O trabalhador tem 28 anos e é não-residente.

Gripe Mais casos em escolas e instituições

Os Serviços de Saúde (SS) detectaram, na quarta-feira, mais casos de gripe colectiva em escolas e instituições do território, um deles no Centro de Santa Margarida, que atingiu oito utentes do sexo feminino entre os 20 e os 73 anos. Os restantes casos ocorreram nas escolas Pui Tou, Escola das Nações e creche da Cáritas. Os sintomas começaram a manifestar-se na última sexta-feira, sendo que alguns dos doentes foram submetidos a tratamento médico. Um docente da escola Pui Tou precisou mesmo de ficar internado devido a outras complicações de saúde associadas à gripe, mas já teve baixa hospitalar. Não houve registo de mais casos graves.

Pátria para todos

Jun, da Cidade Universidade de Macau, e Su Baohua, da Universidade de Jinan, no estudo com o título “Estratégias para cultivar a identidade chinesa entre os estudantes estrangeiros na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

“A excelente cultura tradicional chinesa é um tesouro. No contexto das novas condições históricas, devemos prestar atenção à abrangência e nacionalidade da cultura e ideologia. Por conseguinte, a valorização da identidade cultural chinesa dos estudantes estrangeiros na China é uma das medidas importantes para reforçar o poder suave do país”, é indicado pelos investigadores sobre a estratégia a adoptar nas universidades da Grande Baía.

“Devemos combinar os conceitos e características educacionais e de formação de Guangdong, Hong Kong e Macau, para fazer um uso pleno dos recursos pedagógicos de alta qualidade, respeitar as diferentes características culturais, encontrar a intersecção da mistura cultural, e depois cultivar gradualmente a consciência, compreensão e reconhecimento da cultura chinesa [...] que deve ser a interacção do círculo ecológico formado pelo Estado, sociedade, escolas, professores e estudantes”, é indicado.

Aulas patriotas

No entanto, o esforço de promoção da identidade não pode passar apenas pelos que têm etnia chinesa, deve abranger todos. Neste sentido

é defendida a criação de aulas extra para todos os cursos lecionados a “não chineses”, com conteúdos sobre a cultural e identidade chinesa.

“Do ponto de vista macro, a cultura chinesa é ampla e profunda, e tem uma história de cinco mil anos de civilização, por isso devemos construir um sistema curricular adequado sobre cultura chinesa que atenda às necessidades dos alunos estrangeiros e ensiná-los de acordo com suas capacidades”, é proposto. “Podemos formular objectivos específicos de acordo com as diferentes características dos alunos estrangeiros e estabelecer horários de aula razoáveis, para que os alunos estrangeiros possam ter formação direccionada para a identidade cultural chinesa”, foi acrescentado.

Como parte da estratégia, os académicos propõem também que os campus das universidades sejam transformados em autênticos museus, com exposições permanentes sobre os elementos culturais chineses que atraiam pessoas de todos os cantos do mundo.

AS universidades de Macau devem promover o nacionalismo entre os estudantes estrageiros de etnia chinesa e criar um maior sentimento de identificação cultural com a China. O conceito de uma educação de promoção do nacionalismo é defendido pelos académicos Peng

Para que as universidades “possam servir o país”, os académicos defendem que uma das principais funções deve passar pela promoção da identidade chinesa entre os estudantes estrangeiros, e principalmente aqueles de etnia chinesa. Estes alunos são encarados no estudo como muito importantes, porque podem servir o país como “uma ponte a nível económico, político e cultural”, entre a China e os países de origem.

“Uma nação sem coesão é uma nação sem vitalidade. O objectivo de reforçar a identidade cultural chinesa é reforçar a coesão e a força de atracção da pátria para os jovens estudantes. A essência da identidade reside na reunificação da pátria e da unidade da nação chinesa”, é concluído sobre a estratégia.

O estudo dos académicos foi publicado Jornal de Sociologia e Etnologia, publicado pela editora canadiana Clausius Scientific Press. João Santos Filipe

sociedade 7 www.hojemacau.com.mo sexta-feira 14.4.2023
ENSINO PEDIDO MAIS NACIONALISMO NAS UNIVERSIDADES
“A valorização da identidade cultural chinesa dos estudantes estrangeiros na China é uma das medidas importantes para reforçar o poder suave do país.” ESTUDO
Um estudo de um académico da Universidade Cidade de Macau propõe várias estratégias para aumentar a identificação de estudantes estrangeiros, principalmente os de etnia chinesa, com o país

GIORGIO SINEDINO, SINÓLOGO BRASILEIRO, SOBRE A TRADUÇÃO

“O domínio do idioma e a experiência de vida

NOS ÚLTIMOS tempos, as relações entre China e Brasil têm sido desenvolvidas com foco na aproximação e entendimento mais aprofundado de ambas as partes, em diversas áreas. Mas, no que diz respeito ao sector cultural e, especificamente, o literário, muito ainda necessita ser explorado, melhorado e consolidado. O sinólogo, professor e tradutor brasileiro residente em Macau, Giorgio Sinedino, responsável pela tradução de clássicos directamente do chinês clássico para o português, como “Analectos” de Confúcio, “Dao De Jing” de Laozi e o “Imortal do Sul da China” de Zhuangzi, em entrevista exclusiva para a Xinhua, abordou alguns dos desafios que a literatura chinesa ainda enfrenta para ser mais conhecida no Brasil.

“Acredito que existe um mercado, de nicho, que cresce em função do aumento da influência chinesa e de sua paulatinamente maior visibilidade. No entanto, tal como em outros países ocidentais, o nosso interesse pela literatura chinesa ainda é motivado pelo quadro político e geopolítico. Julgo importante tentarmos dar um valor autónomo para a literatura chinesa, deixando de lado outros problemas que não sejam o de simplesmente compreender a China e a sua civilização em si”, afirmou.

“Alguns dos obstáculos são estruturais, difíceis de ultrapassar. Por exemplo, o facto de que a língua chinesa pertence a uma outra família, a sino-tibetana, sem parentesco algum com o nosso português.”

Sinedino, que neste ano vai lançar uma tradução de “Grito”, de Lu Xun, pela Editora 34, e planeia uma tradução comentada da “Arte da Guerra” de Sunzi para o ano vindouro, pela Editora da Unesp, diz ainda que entre os empecilhos para a cooperação no sector literário está a tradição intelectual e artística da China que se destaca fundamentalmente do mundo ocidental, local onde também é incluída a literatura brasileira. “Alguns dos obstáculos são estruturais, difíceis de ultrapassar. Por exemplo, o facto de que a língua chinesa pertence a uma outra família, a sino-tibetana, sem parentesco algum com o nosso português. Na realidade, o chinês é uma colecção de dialectos. É uma família linguística que cresceu milenarmente para dentro, sem estar relacionada a qualquer outro idioma de qualquer outro país vizinho no mundo moderno”, argumentou o professor que enfatiza ser a tradução de obras clássicas chinesas, ainda que com os desafios apresentados, uma boa aposta para o mercado no Brasil.

Uma lição da literatura coreana e japonesa

Actualmente uma série de obras japonesas e sul-coreanas estão disponíveis em maior número no mercado literário brasileiro do que títulos de obras chinesas.

Para o sinólogo Giorgio Sinedino esta questão ocorre não apenas em razão da presença de um maior número de imigrantes, no caso do Japão, mas também porque as culturas japonesa e coreana utilizaram meios de massa, a criação de estilos e de modas, para dar mais visibilidade ao que têm de característico em termos literários.

“Ambos aproveitaram um mercado cultural internacional, mediado pelas indústrias dos EUA, para se enraizarem globalmente no sector cultural. Quanto à literatura, esta beneficia-se e cresce no empuxo da vanguarda da cultura de massa. Hoje em dia, o meio literário tem forças limitadas para se projetar independentemente das artes multimidiáticas, pelo menos no que se refere ao grande público”, salientou.

A capacitação de futuros tradutores no Brasil

De acordo com Sinedino, o Brasil necessita constituir uma base sólida na capacitação de profissionais que venham a trabalhar com literatura e artes chinesas. “O domínio do idioma chinês e a experiência de vida na Chi-

na são indispensáveis, o que infelizmente se constitui numa barreira económica proibitiva para muitos. Esses profissionais de ponta teriam os meios para desenvolver o ‘nicho chinês’, não só oferecendo traduções de qualidade produzidas sem intermediários, mas, sobretudo, sendo qualificados para educar o público leitor.” Segundo o professor, antes de julgar as obras escritas em chinês antigo, é preciso conhecê-las e fazer

“O tradutor de língua portuguesa não pode, não deveria, começar a trabalhar antes de enfrentar certas questões sobre a natureza do texto que tem diante de si. Por exemplo, o que é literatura, na trajectória do pensamento chinês? Qual a sua função social?”

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Alessandra S. Brites agência Xinhua

na China são indispensáveis”

e como esses valores literários podem (se for o caso) ser reproduzidos numa tradução? A partir de um tal diagnóstico, o tradutor é capaz de planejar melhor o seu esforço de mediação cultural, demanda tão mais exigente, quanto mais antigo for o texto”, conclui. Quanto aos desafios de traduzir obras da literatura chinesa moderna, Sinedino acredita que a falta de experiência por parte do leitor de língua portuguesa sobre o que significa ser chinês, viver na China e escrever sobre ela é um obstáculo difícil ainda de ser superado. Porém, à medida que o conhecimento aprofundado sobre China vai sendo mais difundido ao longo dos anos no Brasil, tais dificuldades começam a ser menos preponderantes.

Primeira parte do século XX: o encontro possível entre a literatura brasileira e chinesa

Como explica Sinedino, a história literária de ambos os países diferencia-se e muito, pois a literatura brasileira é uma ramificação das literaturas em línguas românicas, provenientes da literatura em Latim, a qual conta cerca de 1500 anos de desenvolvimento. “Já a literatura chinesa cresceu em torno de um conjunto de obras, os ‘Jing’ – Clássicos Ortodoxos relacionados ao Confucionismo, escritos em chinês antigo, uma língua artificial muito diferente do idioma falado”, explicou.

“É possível encontrarmos pontos em comum desde as referências mútuas que os autores e leitores contemporâneos, brasileiros e chineses, fazem de suas influências.”

as referências adequadas à língua e cultura das quais originaram-se, o que presume um certo conhecimento sistemático da literatura chinesa e das regras e padrões que segue.

“À medida que aliviamos a influência desses gargalos, podemos pensar em como organizar equipes de tradutores. É preciso também destacar pontos de apoio em instituições de ensino ou associações civis para mantermos o momento dessas obras, quem sabe através de departamentos académicos especializados, de instituições de fomento, de iniciativas como prémios”, diz o académico.

“Esse é o ponto de partida para falarmos sobre os desafios do tradutor de língua portuguesa. Ele não pode, não deveria, começar a trabalhar antes de enfrentar certas questões sobre a natureza do texto que tem diante de si. Por exemplo, o que é literatura, na trajectória do pensamento chinês? Qual a sua função social? Quais os critérios que separaram esta obra que está traduzindo das outras, como representativa do que há de melhor na tradição chinesa? O que os leitores originais apreciaram e apreciam nesse texto

Contudo, a política de Abertura e Reforma impulsionou na China um grande movimento de tradução de literatura estrangeira, principalmente durante os anos 1990 e 2000, relatou Sinedino. “É possível encontrarmos pontos em comum desde as referências mútuas que os autores e leitores contemporâneos, brasileiros e chineses, fazem de suas influências. Falando um pouco mais especificamente sobre estilo e forma literária, a prosa chinesa do século XX é predominantemente de esquerda. Por tal motivo, aos nossos olhos, é uma contínua reiteração do realismo social. Não vejo erro em afirmarmos que há alguma margem de comparação entre essa literatura chinesa, crítica, sobre a vida no campo e a situação do campesinato, e a nossa literatura modernista regionalista de 1930-1945. No entanto, é sempre importante estarmos atentos para as diferenças, porque são elas que ensinam melhor sobre o que é a China e o que é a sua cultura. Creio que a leitura mais interessante de uma obra literária é a que dá destaque às diferentes experiências culturais e diferentes formas de pensar.”

REGRESSANDO A CASA

Folhas caindo vão indo aonde o vento as leva, A neblina demora-se no largo rio em que regresso para onde pertenço. Um pequeno pavilhão agarra-se, debruçado sobre a corrente verde, O frio sente-se nas roupas, que grandes as auspiciosas nuvens brancas.

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DE CHINÊS PARA PORTUGUÊS
Shitao (1642-1707) PINTURA, CALIGRAFIA E TRADUÇÃO Paulo Maia e Carmo

XANGAI LULA DA SILVA QUESTIONA DÓLAR E DEFENDE OUTRAS SOLUÇÕES NO COMÉRCIO MUNDIAL

Por um admirável

OPresidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou ontem, em Xangai, o domínio do dólar norte-americano como moeda de reserva mundial e apelou ao uso de outras divisas na relação comercial entre Brasil e China. “Eu todos os dias me pergunto por que motivo os países estão obrigados a fazer o seu comércio em dólar”, afirmou o chefe de Estado brasileiro, na sede do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Quem é que decidiu que era o dólar a moeda de reserva depois de ter desaparecido o ouro como paridade?”, questionou.

“Nós precisamos de ter uma moeda que dê aos países um pouco mais de tranquilidade”, acrescentou.

A China tem tentado internacionalizar a sua moeda, o yuan, desde 2009, visando reduzir a dependência do dólar em acordos comerciais e de investimento e desafiar o papel da divisa norte-americana como a principal moeda de reserva do mundo.

Esta questão tornou-se mais urgente num período de fricções geopolíticas, que resultaram na fragmentação

das cadeias de produção, visando enfraquecer o papel central da China, e em sanções contra Moscovo, na sequência da invasão da Ucrânia.

O dólar é utilizado em 84,3 por cento das trocas comerciais a nível global, segundo dados recentes divulgados pelo jornal britânico Financial Times. Mas a participação do yuan mais do que duplicou desde a invasão da Ucrânia, de menos de 2 por cento para 4,5 por cento,

reflectindo o maior uso da moeda chinesa no comércio com a Rússia.

As dificuldades de financiamento das nações mais pobres, que enfren-

tam já uma crise de dívida soberana, na sequência da pandemia de covid-19, agravaram-se, nos últimos meses, devido à subida das taxas de juro nos Estados

“Se for necessário ter um pouco de paciência, a gente tem que ter, mas um banco como o do BRICS pode criar uma moeda capaz de financiar a relação comercial entre Brasil e China e entre o Brasil e outros países BRICS.” LULA DA SILVA

Unidos, que visa combater a inflação galopante.

O Brasil tem sido particularmente afectado: o Banco Central do país sul-americano manteve, no mês passado, a taxa de juros base em 13,75 por cento ao ano - o patamar mais alto desde Dezembro de 2016.

Uma moeda para os BRICS?

Lula da Silva questionou por que motivo “um país tem que correr atrás do dólar para po-

GOVERNADOR QUER FABRICANTE CHINESA DE VEÍCULOS ELÉCTRICOS NA BAHIA

Ogovernador da Bahia, Jerônimo Rodrigues Souza, disse ontem, em Xangai, esperar obter da fabricante chinesa de veículos eléctricos BYD o compromisso para a abertura de uma fábrica no seu estado, situado no nordeste do Brasil. “Esperamos assinar hoje um termo de compromisso”, afirmou Rodrigues Souza ontem, à margem da visita de dois dias do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à China. O objectivo é que a BYD recupere um parque industrial detido pela norte-americana Ford, em Camaçari, disse o governador.

Jerônimo Rodrigues, que visitou duas linhas de produção da BYD no passado fim

de semana, disse que as duas empresas estão a negociar a transferência das instalações e que o seu governo e o governo federal do Brasil já se comprometeram em atribuir incentivos à fabricante chinesa, incluindo a isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

“Tudo isso acertamos com o governo federal, para que o presidente Lula pudesse esclarecer sobre o que é que o governo federal pode aportar. Nós vamos cumprir com o compromisso de garantir alguns incentivos”, apontou. Com sede em Shenzhen, o ‘hub’ tecnológico situado no sudeste da China, a

BYD é a segunda marca de carros eléctricos com mais vendas a nível global, superada apenas pela norte-americana Tesla. A BYD é também uma referência no fabrico de baterias.

O sucesso da marca chinesa foi propiciado pela escala do mercado doméstico: no ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros eléctricos - mais do que em todos os outros países do mundo juntos.

A BYD produz já autocarros eléctricos e painéis fotovoltaicos em Campinas, no estado de São Paulo, e tem uma fábrica de baterias para veículos eléctricos em Manaus, a capital do estado do Amazonas.

der exportar”. “Se tem uma coisa que os chineses sabem ter é paciência”, afirmou o líder brasileiro. “Se for necessário ter um pouco de paciência, a gente tem que ter, mas um banco como o do BRICS pode criar uma moeda capaz de financiar a relação comercial entre Brasil e China e entre o Brasil e outros países BRICS”, acrescentou.

O Presidente brasileiro defendeu ainda a importância da criação de novas instituições multilaterais de financiamento e da reforma das instituições vigentes, visando gerar melhores condições para responder às necessidades dos países em desenvolvimento.

“O Fundo Monetário Internacional (FMI), ou qualquer outro banco, quando empresta dinheiro a um país do terceiro mundo, sente-se no direito de mandar, de administrar a conta do país, de visitar o país para ver as suas contas”, observou Lula da Silva. “Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta”, disse. “Os bancos têm que ter paciência e, se for preciso, renovar os acordos e colocar a palavra ‘tolerância’ em cada renovação”.

O chefe de Estado brasileiro lamentou que se esteja no século XXI como se estava no início do século XX,

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RICARDO STUCKERT/HANDOUT VIA REUTERS

mundo novo

“com os ricos a tornarem-se mais ricos e os pobres a ficarem mais pobres”.

Banco de crédito sem

condicionantes políticas

Na senda de Lula da Silva, a antiga presidente do Brasil Dilma Rousseff, agora líder do Banco dos BRICS, prometeu na sua tomada de posse que a instituição de crédito multilateral vai conceder crédito aos países em desenvolvimento sem condicionantes políticas.

“O Novo Banco de Desenvolvimento surge como uma verdadeira plataforma de cooperação entre as economias emergentes, em que condicionantes não farão parte do menu de soluções”, apontou Dilma, no discurso proferido durante a cerimónia de tomada de posse como presidente da organização, criada pelo BRICS, o bloco de economias que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O banco multilateral “vai manter uma visão de desenvolvimento compartilhado, que respeite e afirme a soberania de cada país” e “não imporá condições extra financeiras”, disse. As palavras de Dilma reflectem a posição de Pequim, que frequentemente refere que as suas linhas de crédito “não têm condições políticas subjacentes”, contrastando com as instituições ocidentais, incluindo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que geralmente exigem que o destinatário cumpra mudanças estruturais de governação e adote as “melhores práticas” internacionais.

“A fundação do Novo Banco de Desenvolvimento pelo BRICS, além de um acontecimento histórico, é uma demonstração da importância da relação destes países e do seu compromisso com o multilateralismo e a cooperação Sul - Sul, num mundo que atravessa profundas transformações”, afirmou Dilma.

O banco “vai manter uma visão de desenvolvimento compartilhado, que respeite e afirme a soberania de cada país” e “não imporá condições extra financeiras.”

A responsável apontou ainda para o “compromisso inarredável” da instituição com a agenda para o clima e ambiente. “Apoiamos as estratégias dos países membros que reduzem as emissões de gases com efeito estufa, financiando energias renováveis, infraestrutura verde e resiliente, na direcção de um crescimento de baixo carbono”, sublinhou. “O Banco do BRICS está comprometido em ajudar os países membros a alcançarem os objectivos do desenvolvimento sustentável e os compromissos assumidos sob o Acordo de Paris”.

cido sem a participação dos países desenvolvidos na sua fase inicial, estando, assim, livre das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes”, afirmou Lula, no discurso proferido durante a cerimónia de tomada de posse de Dilma Rousseff.

O chefe de Estado brasileiro, que acusou as instituições financeiras dominantes de “pretenderem governar” os países emergentes, “sem que tenham um mandato para isso”, frisou ainda a importância do Novo Banco de Desenvolvimento no financiamento de projectos nas respectivas moedas locais dos países membros.

Brasileiros aprovam laços com a China

Cooperação em vários sectores é exemplo para todos os países em desenvolvimento, aponta pesquisa

No conjunto, os BRICS representam cerca de 40% da população mundial e 24% do produto global bruto.

O acordo para o estabelecimento do Novo Banco de Desenvolvimento foi assinado durante a cimeira do BRICS realizada na cidade brasileira de Fortaleza, em 2014, quando Dilma era presidente do Brasil. O banco iniciou as operações no ano seguinte. A instituição aprovou já 70 projectos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no valor de mais de 25 mil milhões de dólares, incluindo nas áreas da energia limpa, saúde pública, educação, água, saneamento ou transporte.

“Libertar” emergentes da “submissão”

Já o Presidente do Brasil, Lula da Silva, apontou o “potencial transformador” do banco dos BRICS enquanto instituição que “liberta” os países em desenvolvimento da “submissão” às organizações financeiras dominantes. “Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabele-

Lula assegurou que o Novo Banco de Desenvolvimento é uma “ferramenta para a redução das desigualdades” entre países ricos e países emergentes, que se “traduzem em exclusão social, fome, extrema pobreza e migrações forçadas”. “Não queremos ser melhores do que ninguém: queremos oportunidades para expandir as nossas potencialidades e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida”, enfatizou.

O chefe de Estado brasileiro lembrou que as “necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam a ser enormes”, numa altura em que as nações mais pobres enfrentam uma crise de dívida soberana, agravada pelo aumento das taxas de juro nos Estados Unidos e na Europa, tornando o custo de financiamento mais caro.

“A falta de reformas efectivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes”, observou Lula. “O Novo Banco de Desenvolvimento reúne todas as condições para se tornar o grande banco do Sul Global”.

OS brasileiros acreditam que a sua cooperação comercial com a China alcançou uma situação vantajosa para todos, de acordo com uma pesquisa recém-divulgada, tendo elogiado o desenvolvimento da segunda maior economia do mundo em vários campos. A pesquisa “A China e o mundo aos olhos do Brasil”, conduzida pelo Instituto de Estratégia Nacional de Comunicação da Universidade Huazhong de Ciência e Tecnologia, foi divulgada antes da visita de Estado do presidente Lula da Silva à China. A pesquisa abrangeu mais de 1.000 cidadãos brasileiros sobre as suas opiniões sobre a China e o mundo em 2022.

Cerca de 60 por cento dos entrevistados vêem a cooperação comercial sino-brasileira como vantajosa para todos, enquanto mais de 55 por cento acreditam que o Brasil beneficiou da sua relação com o maior parceiro comercial do país.

Desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil, em 1974, as relações económicas e comerciais alcançaram grandes avanços, com a China a permanecer como o maior parceiro comercial do Brasil por 14 anos consecutivos.

Os dados revelam que o volume do comércio bilateral atingiu mais de US$ 171 biliões no ano passado - um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior num cenário de desafios globais, incluindo inflação elevada, conflitos geopolíticos e a pandemia.

A primeira parceria estratégica estabelecida pela China foi com o Brasil, em

1993, com foco no aumento do comércio e dos investimentos. A primeira década deste século testemunhou uma forte intensificação dos laços entre os dois países, que têm trabalhado juntos em instituições e mecanismos multilaterais, incluindo o BRICS, pilar dos mercados emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A China é agora a principal fonte de investimento estrangeiro do Brasil, enquanto que o investimento acumulado da China no Brasil atingiu quase US$ 100 biliões em dezembro de 2022, de acordo com a embaixada chinesa no país.

As infraestruturas são uma área-chave para as empresas chinesas. Um exemplo é a construção da Linha 2 do Metro de São Paulo, um projecto realizado em conjunto pela Power Construction Corp of China e empresas locais no Brasil, o qual criou mais de 1.200 empregos locais, de acordo com a empresa chinesa.

No turismo, os brasileiros revelaram grande interesse pela China, já que 55,9% dos entrevistados desejam visitar a China e mais de 20% disseram estar dispostos a fazer negócios no país, segundo a pesquisa.

A cultura chinesa também atrai os brasileiros. A Grande Muralha tornou-se o símbolo cultural mais conhecido no Brasil, e os pandas e as artes marciais ocupam o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, segundo a pesquisa. Metade dos brasileiros está consciente do Ano Novo Lunar Chinês e mais de 40% estão interessados na porcelana e comida chinesa.

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RICARDO STUCKERT/HANDOUT VIA REUTERS ISTOCK DILMA ROUSSEFF LÍDER DO BANCO DOS BRICS
REUTERS/BOBBY YIP

CINEMATECA PAIXÃO DERRADEIRA OPORTUNIDADE PARA VER CURTAS DA CHINA,

Eça no Panteão

Restos mortais serão transladados em breve

OPresidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem que os restos mortais do escritor Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão Nacional brevemente. O chefe de Estado fez este anúncio quando discursava no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Marcelo referiu-se ao grupo de intelectuais do fim do século XIX conhecido por “vencidos da vida”, a propósito de uma passagem do discurso do novo presidente da CIP, Armindo Monteiro.

A este propósito, anunciou: “Vamos homenagear, aliás, brevemente, na transladação para o Panteão Nacional dos restos mortais de Eça de Queirós”.

Dedo da AR

AAssembleia da República aprovou por unanimidade, em Janeiro de 2021, um projecto de resolução do PS para “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”.

Ficou também decidido na altura, através da

mesma resolução, “constituir um grupo de trabalho composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data e de definir e orientar o programa de trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas, bem como um representante da Fundação

Eça de Queiroz”. Eça de Queiroz morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em Setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião. A resolução aprovada em 2021 surgiu em resposta a um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz, nos termos da lei que define e regula as honras de Panteão Nacional, destinadas a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.

A dar as

AMANHÃ é o último dia de exibição das curtas-metragens inseridas no programa “Semana Euro-Asiática Especial de Curtas-Metragens” que arrancou no passado dia 2. Hoje é a última oportunidade para ver, a partir das 12h30, curtas-metragens com produção oriunda da China, nomeadamente “The Sorrows of Sali”, de Wen Xiao

LIVRARIA PORTUGUESA NOVA EDIÇÃO DA HALFTONE LANÇADA HOJE

Oquinto volume da revista de fotografia Halftone será apresentado hoje, a partir das 17h, na Livraria Portuguesa. No novo número, a publicação da reúne trabalhos de Pascal Pun, Alexandre Marreiros, André Ritchie, João Miguel Barros e Nino Bártolo. Segundo a associação Halftone, os projectos apresentados são “de grande consistên-

cia pela sua forma particular de ver o mundo”.

A publicação conta ainda com duas apresentações especiais. A primeira diz respeito ao projecto “Allegory of Dreams”, do colectivo YiiMa, grupo artístico formado em Macau por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que representou Macau na Bienal de Veneza em 2022. A segunda

apresentação, inserida na secção “Photobook peek-a-boo”, explora o surpreendente livro-álbum “Autoportrait” de Martin Parr, que teve a sua primeira edição em 2000, revisto e aumentado em 2016.

Publicada desde 2021, a revista é produzida pela associação Halftone, com base em Macau, com o objectivo de promover a

fotografia contemporânea nos seus mais diversos aspectos.

A organização acrescenta que com o lançamento de mais uma edição, “a Halftone pretende continuar o trabalho de divulgação dos trabalhos dos seus associados, estando aberta a todos os que pretendam integrar o colectivo e divulgar os seus projectos”.

Lin, uma película na língua uigur, de Xinjiang, que este ano se fez representar no Festival Internacional de Cinema da Rota da Seda e no Carnaval de Curtas-Metragens Juvenis, onde venceu o prémio para o melhor argumento neste formato cinematográfico.

“The Sorrows of Sali” revela a história de Sali, um menino de sete anos que ansiava por ter um telemóvel para poder jogar, mas

12 eventos www.hojemacau.com.mo 14.4.2023 sexta-feira
Hoje e amanhã são os últimos dias de exibição das curtas-metragens oriundas da China, Taiwan e Hong Kong. Ainda há bilhetes disponíveis para o cartaz da “Semana Euro-Asiática Especial de Curtas-Metragens” em exibição na Cinemateca Paixão

TAIWAN E HONG KONG

últimas

De Taiwan chega ainda a curta

“Between the Stars and Waves”, co-produção com a Malásia de Lau Kek-huat.

Trata-se de um documentário sobre a existência de cerca de um milhão de apátridas em Sabah, na Malásia, dos quais 50 mil são crianças

nunca conseguiu cumprir esse desejo. Assim, decidiu vender um cordeiro para ter dinheiro para comprar o aparelho, mas depressa percebe que o animal seria vendido pelo seu pai para a família ter dinheiro para tratar da doença da mãe, o que traz um enorme sentimento de culpa a Sali.

Hoje, pode também ser vista a curta “Old Hen”, de Ma Jiao Yu, que conta a história da tia Shen, que sofre

DAMA DAS CAMÉLIAS NO CCM

depois de perder o seu cão de estimação, com quem vivia há muitos anos. Até que Liu, um vizinho, lhe oferece um presente para que Shen se sinta melhor perante a sua perda. Inicia-se, assim, uma ligação interessante que vai mudar gradualmente o dia-a-dia de Shen.

Amanhã há mais

Os amantes do cinema têm ainda o dia de amanhã para ver as curtas-metragens de Taiwan e Hong Kong. De Taiwan chega-nos “Tears of Subhūti”, de Hao Fang-wei, que obteve uma nomeação para os Golden Harvest Awards. O filme retrata a história da ligação há muito terminada entre um pai e um filho que sofre uma alteração quando o pai morre.

O jovem encontra depois um sem-abrigo parecido com o progenitor, começa a segui-lo, dando início a uma vida incrível na rua que terá um final inesperado.

De Taiwan chega ainda a curta “Between the Stars and Waves”, co-produção com a Malásia de Lau Kek-huat. Trata-se de um documentário sobre a existência de cerca de um milhão de apátridas em Sabah, na Malásia, dos quais 50 mil são crianças. Por não

terem cidadania, estes jovens não têm o mesmo acesso a uma educação e cuidados de saúde, tendo de encontrar formas alternativas para exprimirem a sua cultura e existência.

Sábado será ainda dia para as curtas-metragens de Hong Kong, nomeadamente “Simon Says, Simon Says”, de Siu Chi-yan, e “Trek of an Extinct Bird”, de Gloria Ho Lok Yee.

FRC CONCERTO COM CORO DE ESTUDANTES AMANHÃ

AFundação Rui Cunha (FRC) apresenta amanhã, às 17h, um concerto com o coro ESLCLGG, composto por estudantes da Escola Secundário Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, e que se integra na série de concertos musicais “Os Sons da Praia Grande”, com co-organização da Associação Vocal de Macau. Segundo uma nota, os estudantes “estão muito entusiasmados com a oportunidade de participar nesta actuação especial, depois de um

resultado bastante satisfatório no concurso de música daquela escola no ano passado”.

Este é mais um dos eventos inseridos no programa de celebrações do 11º aniversário da FRC que acontece ao longo deste mês. Neste concerto serão apresentadas músicas em chinês, inglês e filipino, além de performances a solo de piano. Esta será a primeira apresentação do coro fora da escola. A Associação Vocal de Macau sempre teve como

objectivo promover o desenvolvimento da arte da música vocal em Macau, cumprindo a missão de a divulgar junto dos jovens e do público local.

A FRC aponta ainda que a “série de recitais e concertos feitos em parceria com instituições escolares do território visam proporcionar, através da música, um espaço de bem-estar e equilíbrio moral, intelectual, físico, social e estético, para pessoas de todas as idades nos seus tempos livres”.

OCentro Cultural de Macau (CCM) recebe nos dias 9 e 10 de Junho o espectáculo de bailado “A Dama das Camélias”, uma adaptação bailada de um clássico literário trazida ao grande auditório pelo Ballet de Xangai. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir deste domingo.

Regressando à vida sumptuosa do século XIX francês, esta produção é uma exuberante demonstração coreográfica, plena de pujança física, com uma requintada cenografia e elegantes figurinos. Criada pelo britânico Derek Deane, antigo bailarino e actual director artístico do ballet xangainense, esta tragédia romântica revisita o romance homónimo de Alexandre Dumas filho, considerada uma das maiores histórias de amor de todos os tempos. Dançado ao som de uma pauta do compositor americano Carl

Davis, o bailado envolve o público na esfera íntima de Margarite, uma mulher cuja vida reflecte a decadência moral e social da aristocracia parisiense. A peça abre com os momentos finais da heroína, flutuando retrospectivamente sobre a sua vida de luxo e pela paixão vivida com Armand, um atraente jovem burguês. Nesta reposição, os notáveis bailarinos da companhia dão nova vida a um clássico que, desde o século XIX, tem sido frequentemente adaptado ao teatro e a produções cinematográficas e líricas, antes de começar a ser encenado pelos maiores ballets internacionais.

Esta história intemporal inspirou, entre outros, a conhecida ópera de Giuseppe Verdi, “La Traviata” e, mais recentemente, “Moulin Rouge”, um grande sucesso do teatro Musical da Broadway.

Fundado há mais de 40 anos, o Ballet de Xangai tem produzido e levado ao palco uma série ecléctica de programas, dos clássicos como “Giselle” e “O Quebra-nozes”, aos ballets contemporâneos como “A Última Missão de Marco Polo”, bem como um conjunto de bailados históricos chineses.

FOTOGRAFIA NA CREATIVE MACAU

ACreative Macau apresenta, a partir de amanhã, uma nova exposição, desta vez de fotografia, intitulada “Capture the Light and Images [Capturar a Luz e a Imagem], com trabalhos de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, André Lui, Leo Fan, Alan Ieong, Alex Chao Io Chong e Stefan Nunes. A mostra pode ser vista até ao dia 6 de Maio. Esta pretende ser uma mostra com temas diversos, um reflexo da chamada “fotografia contemporânea”, que começou a desenvolver-se a partir dos anos 60 do século XX, retratando a vida real diária das pessoas. Assim, os seis fotógrafos “trazem muitas histórias que intersectam em si várias linguagens que emergem de espaços temporais comuns, em composições de luz e sombra, associados aos espaços físicos existentes e abstracções do imaginário”.

São espelhadas «questões

sociais, momentos íntimos ou expressões de retrato», numa tentativa do fotógrafo em comunicar e «transmitir algumas singularidades da sociedade». A nota da Creative aponta ainda que a fotografia “documenta sempre verdadeiros momentos do nosso tempo, mas são escolhas do fotógrafo, cujas escolhas influenciam a nossa leitura que, mais tarde, diverge das definições do público”.

A Creative destaca também o papel que os smartphones têm desempenhado na área da fotografia, em que qualquer pessoa pode captar o imediato e publicar a imagem nas redes sociais ou em plataformas digitais. “Observar os trabalhos em exposição permite-nos distinguir a auto-expressão do artista, o estilo e a estética visual, dando-nos um enorme prazer em contemplar as imagens e os cenários que nos oferecem”, remata a mesma nota.

eventos 13 www.hojemacau.com.mo sexta-feira 14.4.2023

SUDOKU

O actor Hugh Jackman figura como protagonista do filme “The Greatest Showman”, um musical inspirado na história verídica do lendário empresário P.T. Barnum (18191891), um visionário que nasceu do nada, mas que alimentado pelos seus sonhos e uma fértil imaginação criou um espectácu

lo, que era mais um circo de excêntricos. Barnum acabaria por se tornar num sucesso à escala mundial. Embora na vida tenha sido definido como um charlatão, aparece sobretudo como um herói no filme que retrata o nascimento do mundo do “show business”. Hoje Macau

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

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um grito no deserto Paul Chan Wai Chi*

QUANDO A BORBOLETA DESAPARECE

NUMA PASSAGEM da Bíblia podemos ler, “quando vemos uma nuvem a vir de oeste, dizemos imediatamente, ‘vai chover…. Quando o vento sopra do Sul, dizemos, vai fazer calor”. Por isso quando as borboletas, que são muito sensíveis ao ambiente começam a desaparecer, deve ser um sinal revelador de mudanças climáticas. No caso de Macau, as garças que habitavam as zonas alagadas em redor da Avenida da Praia na Taipa já não se vêem actualmente. Depois da pandemia, os turistas voltaram a Macau. Muitos grupos usando chapéus e vestidos da mesma maneira apareceram não só nas zonas turísticas de Macau, mas também nos “outlets”.

Depois de ter lido um artigo num jornal local sobre um grupo de turistas do continente que ficaram “presos” numa joalharia durante duas horas, lembrei-me imediatamente que as excursões de baixo custo tinham regressado. A única coisa de que não estava seguro é se a loja seria um “outlet” e como se chamaria.

Borboletas, na zona de Seac Pai Van de Coloane, podemos reflectir sobre se terá havido ali borboletas e porque é que elas desapareceram

Acabei por perceber que o nome da joalharia é semelhante ao de uma loja muito conhecida. Bem, duas questões foram identificadas através do artigo do jornal local. Em primeiro lugar, pergunto se os departamentos competentes do Governo da RAEM tomaram medidas eficazes, em conjunto com as forças da autoridade da China continental contra quem organiza estas excursões de “baixo custo”, que já existiam antes da pandemia? Em segundo lugar, porque é que o relato dos jornais da China continental é muito mais detalhado do que o dos jornais locais? A resposta é dada pelo seguinte incidente. Quando passamos pelo Edifício do Antigo Restaurante Lok Kok (classificado como edifício de interesse arquitectónico) localizado na Rua de Cinco de Outubro, ficamos a perceber que apesar da Lei de Salvaguarda do Património Cultural estar em vigor, as coisas que não deviam acontecer, na realidade acontecem. E apesar da investigação sobre o trabalho de salvaguarda do património cultural relativo ao Restaurante Lok Kok, o destino do Edifício do Antigo Restaurante Lok Kok não vai ser alterado e vai desaparecer gradualmente no meio do silêncio, deixando para trás apenas memórias.

Quem tiver sido militar sabe que é muito assustador entrar numa floresta silenciosa, porque não sabemos onde é que o inimigo ou os animais selvagens se escondem. A sociedade de Macau é actualmente aparentemente pacífica. No entanto, com os frequentes suicidas a atirarem-se de janelas, a taxa de desemprego a subir para os 4 por cento, a queda da taxa de natalidade e o número de estudantes do ensino primário e secundário a descer, o emprego e a existência dos professores graduados ao abrigo do programa de formação pedagógica serão necessariamente afectados. Nem todos os cidadãos de Macau têm a oportunidade de encontrar

emprego na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin. Contudo, o Governo da RAEM vai gastar mais de 16 milhões de patacas nos próximos dois anos para subsidiar certo número de funcionários públicos de Macau para irem trabalhar para a Zona de Cooperação Aprofundada. Mas será que isso vai ajudar a aumentar a taxa de natalidade e baixar a taxa de desemprego?

A falta de discussão das questões sociais só prestará um “não serviço” à sociedade. Na China, quatro jovens suicidaram-se por ingestão de veneno, tendo saltado a seguir de um penhasco no cenário idílico do Zhangjiajie National Forest Park. Embora estes suicídios tenham ocorrido longe de Macau, a mensagem escondida nesta tragédia não deve ser ignorada. Quando passamos pela Avenida de Vale das Borboletas, na zona de Seac Pai Van de Coloane, podemos reflectir sobre se terá havido ali borboletas e porque é que elas desapareceram.

vozes 15 sexta-feira 14.4.2023 www.hojemacau.com.mo
*Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático

COVID-19 HONG KONG DEIXA DE PERMITIR DESPEDIMENTO POR RECUSA DE VACINAÇÃO

AS autoridades de Hong Kong anunciaram que deixarão de permitir o despedimento por justa causa de trabalhadores que as recusem exigências dos empregadores para se vacinarem contra a covid-19.

A decisão é hoje publicada no Boletim do Governo de Hong Kong e deverá entrar em vigor a 16 de Junho, a não ser que o parlamento decida vetar a medida, anunciou na quarta-feira o Departamento de Trabalho da região chinesa.

Num comunicado, o departamento justifica a mudança de política com o fim da obrigatoriedade de vacinação para a entrada em locais públicos, a partir de 29 de Dezembro, e com “a sociedade de Hong Kong a retomar a normalidade por completo” após a pandemia.

O governo do território tinha decidido, em Junho de 2022, que não seria considerado “sem justa causa” o despedimento de um trabalhador que não se tivesse vacinado no espaço de 56 dias após uma exigência “legítima” do empregador.

De acordo com o decreto, o empregador tinha de “acreditar razoavelmente” que as pessoas com quem o trabalhador poderia entrar em contacto directo “estariam expostas ao risco de infecção”.

Hong Kong, com 7,4 milhões de habitantes, registou oficialmente quase 2,9 milhões de casos de covid-19 e 13.333 mortes desde o início da pandemia.

COREIAS CHINA RESPONSABILIZA ESTADOS UNIDOS POR TENSÃO NA PENÍNSULA

AChina responsabilizou ontem os Estados Unidos pelo actual clima de tensão na península coreana, depois de a Coreia do Norte ter disparado um novo míssil balístico.

Regras do jogo

Autoridade tributária chinesa lança guias para investidores lusófonos

Aautoridade tributária da província de Guangdong lançou um conjunto de guias para o investimento em países de língua portuguesa, avançou ontem a imprensa chinesa.

De acordo com o jornal oficial Nanfang Daily, o Serviço de Impostos da Província de Guangdong lançou na quarta-feira a primeira série de guias tributários para investidores chineses, que cobre Portugal, Moçambique e Cabo Verde.

Os documentos incluem informação sobre a economia, o ambiente de negócios, as políticas fiscais, o sistema de cobrança e gestão de impostos e acordos bilaterais tributários em vigor nos três países.

O objectivo é “disponibilizar referências e orientação a empresas no processo de se tornarem globais”, disse, na apresentação dos guias, o chefe do Gabinete de Cooperação de Tributação para os Países e Regiões de Língua

Portuguesa, Yuan Hongbing. Os documentos foram publicados pelo gabinete, criado em Abril de 2022 na Zona de Cooperação

Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin (ilha da Montanha), adjacente a Macau.

Riscos a evitar

A apresentação dos documentos aconteceu nesta área especial, estabelecida em 2021, sob gestão conjunta de Macau e da província de Guangdong, um dos centros industriais mais importantes do mundo.

Além da livre circulação de capitais, outra das vantagens da zona de cooperação, para captação de empresas e investimento, é a política de isenção e suspensão de impostos sobre as mercadorias, cuja entrada em todo o mercado chinês, de mais de 1,4 mil milhões de pessoas, estará facilitada.

A área especial na ilha de Hengqin acolhe ainda, desde 2011, o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional

Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau (GMTCM, na sigla em inglês). Na quarta-feira, durante a apresentação, o director financeiro do GMTCM, Xie Zhi, disse que os guias serão “muito úteis” para ajudar as empresas a trabalhar no parque a “evitar alguns riscos fiscais”.

O responsável sublinhou que as empresas a operar no GMTCM conseguiram a aprovação dos reguladores farmacêuticos para registar nove produtos com origem na medicina tradicional chinesa em Moçambique e sete no Brasil.

As trocas comerciais entre Pequim e os mercados lusófonos tiveram o melhor arranque de ano desde que o Fórum Macau começou a compilar este tipo de dados, em 2013. As trocas atingiram 29,4 mil milhões de dólares nos dois primeiros meses de 2023, um aumento homólogo de 2,2 %, de acordo com estatísticas da Administração Geral das Alfândegas da China, divulgadas pelo Fórum Macau na terça-feira.

França Ser aliado dos EUA não significa ser “vassalo”

O Presidente francês, Emmanuel Macron, declarou na quarta-feira que ser aliado dos Estados Unidos não significa necessariamente ser “vassalo”, assumindo totalmente as declarações polémicas que emitiu sobre Taiwan. “Ser aliado não significa ser vassalo. Não é por sermos aliados (…) que deixamos de ter o direito de pensar por nós mesmos”, defendeu, numa conferência de imprensa em Amesterdão, após uma reunião com o

primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte. “E que vamos atrás das pessoas que são mais radicais num país que é nosso aliado”, acrescentou, numa aparente referência a responsáveis do Partido Republicano norte-americano, muito ofensivos em relação à China. França “é a favor do ‘status quo’ em Taiwan, apoia a política de uma só China e a procura de uma solução pacífica para a situação”, acrescentou.

O disparo desencadeou ontem um breve alerta na ilha japonesa de Hokkaido, mas Tóquio confirmou que o míssil não atingiu o território japonês. Solicitado a comentar o assunto, o porta-voz diplomático chinês Wang Wenbin tomou o partido da Coreia do Norte e culpou os Estados Unidos pelas tensões, segundo a agência francesa AFP.

“O actual clima de tensões [...] tem as suas causas. O impacto negativo do anterior exercício militar dos Estados Unidos e o lançamento de armas estratégicas em torno da península [coreana] é óbvio para todos”, disse Wang.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos realizaram os seus maiores exercícios militares conjuntos em cinco anos, em Março. Os exercícios irritaram a Coreia do Norte, que os vê como um ensaio geral para uma invasão do seu território.

Desde então, Pyongyang tem aumentado os lançamentos de mísseis.

O de hoje foi o de um “novo tipo” de míssil balístico, possivelmente de combustível sólido, de acordo com os militares sul-coreanos. A confirmar-se, será um grande avanço tecnológico e estratégico para o programa de armamento de Pyongyang.

Todos os mísseis balísticos intercontinentais lançados pela Coreia do Norte até agora foram alimentados por combustível líquido.

Os mísseis de combustível sólido são mais estáveis e a preparação para o lançamento é mais rápida do que os mísseis de combustível líquido.

São também mais difíceis de detectar e, por conseguinte, de destruir.

sexta-feira 14.4.2023
“Gozo sonhado é gozo, ainda que em sonho.”
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As trocas comerciais entre Pequim e os mercados lusófonos tiveram o melhor arranque de ano desde que o Fórum Macau começou a compilar este tipo de dados, em 2013

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