DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TIAGO ALCÂNTARA
QUINTA-FEIRA 14 DE MAIO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4525
PAULA MACHADO
PENSAR O TURISMO
MOP$10
hojemacau
ENTREVISTA
COVID-19 | TESTES
Marcação alargada PÁGINA 4
OPINIÃO
OLAVO RASQUINHO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Castigo reiterado PÁGINA 7
DAIRY FARM
Donos disto tudo PÁGINA 9
h
FIM DA QUARENTENA? ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO
VITORINO NEMÉSIO ANTÓNIO CABRITA
DÃO-SE EXPLICAÇÕES
Princípios de vida Quem vier de fora e quiser trabalhar em Macau vai ter de obter previamente um título de entrada para fins de trabalho. A nova regra consta da proposta de alteração à lei de contratação de trabalhadores não residentes, que está a ser analisada na Assembleia Legislativa, e visa evitar entradas no território com estatuto de turista para depois se procurar emprego. Além deste requisito, o empregador tem de obter permissão para a contratação. O contrato de trabalho só entra em vigor após a autorização provisória de permanência.
LUÍS CARMELO PUB
PÁGINA 5
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O TEMPO E A HISTÓRIA
2 ENTREVISTA
PAULA MACHADO COORDENADORA DO TURISMO DE MACAU EM PORTUGAL
“Macau tem a vantagem de rapidamente ganhar a confiança dos visitantes” Não fossem os protestos em Hong Kong, Macau teria recebido mais de 16 mil visitantes portugueses o ano passado. O aparecimento do surto de covid-19 obrigou o Centro de Promoção e Informação Turística de Macau a repensar estratégias e, para voltar a esses números, Paula Machado acredita ter de trabalhar na promoção de Macau por mais dois anos. A mudança do Turismo para a pasta da Economia e Finanças é positiva e implica a aposta no turismo de negócios, defende
Em plena crise pandémica, como tem sido o trabalho do Turismo de Macau em Portugal? Mantêm os objectivos anteriormente traçados? Este ano começou com boas perspectivas e tinha tudo para ser de sucesso, na medida em que 2019 foi um ano muito especial para o nosso mercado. Tínhamos traçado um plano de marketing para 2020 muito activo por forma a dar seguimento à posição que tínhamos alcançado no mercado, com a implementação de várias acções de promoção turística e que tinham como objectivo con-
seguirmos aumentar o número de visitantes portugueses para Macau para perto dos 17.000. Contudo, no fim de Janeiro, com o aparecimento dos primeiros casos em Macau da covid-19 e com o fecho dos casinos, suspendemos algumas acções promocionais, mas não desistimos dos projectos em curso, que acabariam também por ser cancelados ou adiados para 2021. Vão fazer algumas alterações? Começamos a estudar campanhas de captação de turismo e a rever estratégias de promoção para o pós epidemia. Procuramos agora,
à semelhança dos demais países, reinventarmo-nos, por forma a manter a nossa presença nos mercados português e espanhol. De que forma isso será feito? A nossa aposta passa por mantermos os conteúdos publicitários quer em papel, quer online, e usarmos as redes sociais para continuarmos a comunicar, uma vez que dificilmente vamos marcar presença em eventos durante os próximos meses. Estamos a estudar outras soluções como webseminars com as agências de viagens. As atenções estão agora concentradas
na retoma da actividade e as questões que mais preocupam o sector são de como será o comportamento do consumidor quando a normalidade regressar e o que farão, em particular, os turistas e os viajantes. Perante esse facto, que respostas existem? A aposta nos mercados internos é agora a solução possível, pelo menos neste cenário de abertura condicionada e até surgir uma vacina, e penso que Macau não é excepção. A retoma dos voos está também muito dependente das medidas restritivas de entrada
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em cada destino, para que haja confiança por parte do consumidor em viajar e, ainda da própria operacionalidade dos voos que vão ver a sua ocupação reduzida. Como Macau foi dado como um exemplo de sucesso no combate ao vírus pela prontidão e eficiência com que actuou, obviamente que o território tem a grande vantagem de mais rapidamente ganhar a confiança dos visitantes. Mas, e até lá chegar?
não é surpresa e penso que nunca foi feito porque não se queria dissociar o turismo da cultura. Então, porquê agora? O turismo constitui o principal pilar da economia e emprega uma grande percentagem da população activa de Macau e não deixa de estar relacionado com o sector do jogo. Encaro com optimismo esta mudança, principalmente porque o turismo e a cultura já têm uma relação muito consolidada, o que vai permitir que continuem a trabalhar em parceria. Por outro lado, o acelerado desenvolvimento de Macau tem permitido dotar a cidade de relevantes infra-estruturas públicas e privadas, de condições excepcionais para a programação e organização de eventos de grande envergadura em outras áreas, no sentido de tornar este sector emergente. Neste sentido poderão existir muitas vantagens nas sinergias que podem ser criadas com os outros serviços sob a tutela do Secretário para a Economia e Finanças.
Como explica que em Portugal ainda se olhe para Macau com algum distanciamento? Quando se pensa em Macau é inevitável não lembrar o legado deixado e mantido entre as culturas chinesa e portuguesa, entre o tradicional e o moderno. Além dos habituais atractivos temos dado a conhecer os novos produtos turísticos aos portugueses, como por exemplo a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Temos estado atentos às preferências das gerações mais novas por forma a conseguirmos chegar da melhor forma a esse segmento, que privilegia viagens “multidestinos”, para que Macau possa assim fazer parte desses itinerários. O Governo de Macau deseja que os visitantes fiquem mais dias no território. É possível concretizar isto a curto prazo? O segmento dos congressos e incentivos tem um enorme potencial para aumentar a estada média em Macau. O território tem, nesta área, todas as valências necessárias para a organização deste tipo de viagem e tem incentivos, nomeadamente do mercado português. Existe um fundo de captação de congressos em Macau, e se for mais conhecido, sobretudo ao nível das normas da sua utilização, por parte das agências, provavelmente teremos mais negócio com Macau neste vector. Mas, sem querer ser pessimista, para voltarmos aos números de 2019 vamos ter de trabalhar muito na promoção de Macau nos próximos dois anos. Quantos portugueses visitaram Macau o ano passado? O ano passado 15.967 turistas portugueses visitaram Macau, mais 2,4 por cento face a 2018. Os números de chegadas de portugueses oscilam entre os 15.000 e os 16.000 visitantes desde 2013, excepto quando grandes reuniões ou encontros decorrem em Macau. No entanto, o nosso mercado foi o que apresentou o tempo médio de permanência no território mais elevado dos mercados europeus. Em 2019, o nosso mercado apresentou uma média de estadia de 5,6 dias. Em 2019 teríamos, muito pro-
vavelmente, superado os 16.000 visitantes, mas a crescente instabilidade política em Hong Kong teve um impacto muito negativo. Em números absolutos, Outubro foi o segundo mês mais forte, sendo que em Abril se registou o pico de chegada de visitantes portugueses. Quais os factores que mais dificultam a promoção de Macau em Portugal? A grande distância entre os dois territórios e o custo elevado dos voos. Além disso, existe a condicionante dos baixos salários de uma grande percentagem da população activa portuguesa. Devido às restrições financeiras muitos portugueses
“Em Janeiro foi dado a conhecer aos representantes de todos os escritórios de representação da DST no exterior a zona de Hengqin. Confesso que fiquei impressionada com o desenvolvimento operado nos últimos anos.”
planeiam passar as suas férias em Portugal, na vizinha Espanha, ou num destino de praia, se conseguirem um bom pacote. Falou-me dos planos de expansão da livraria para um projecto online. Em que fase está? Esta livraria visa promover o legado cultural de Macau e o espólio é constituído essencialmente por livros escritos por autores de Macau ou relacionados com Macau. Acaba por ser um importante complemento às nossas actividades promocionais, pois participamos na Feira do Livro de Lisboa e na Festa do Livro de Belém. Nestas feiras acabamos por vender mais livros do que em nos outros meses do ano. Ainda assim, penso que ainda há muito a fazer para atrair mais pessoas às nossas instalações. Como por exemplo? Uma das primeiras medidas que tomei quando assumi este novo cargo foi precisamente a reestruturação da livraria, pois não me identifiquei com a forma como a mesma estava organizada. Foi contratada uma empresa para elaborar um novo inventário, o que implicou a implementação também de um novo sistema informático e o abate de livros antigos e desactualizados, que tínhamos em demasia e nunca conseguiríamos escoar. Paralelamente, foram feitas
obras no armazém para podermos organizar os livros por ordem alfabética e por autor. Vamos ainda criar um novo sistema de gestão das consignações em conformidade com o que se faz nas outras livrarias em Portugal e sim, o passo seguinte é termos o nosso site reestruturado no segundo semestre.
“A aposta na área do turismo de negócios poderá representar um acréscimo do nosso trabalho.” Qual o impacto para o vosso trabalho da mudança da área do turismo da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura para a pasta da Economia e Finanças? Em termos práticos não vai constituir uma grande mudança, uma vez que o nosso trabalho é coordenado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Mas a aposta na área do turismo de negócios poderá representar um acréscimo do nosso trabalho, mas será ao mesmo tempo muito gratificante podermos propor a realização de congressos de diferentes áreas em Macau, atraindo assim mais visitantes. É um segmento com um enorme potencial. Mas esta mudança
Receberam novas directrizes para o segmento do turismo de negócios? Em Janeiro foi dado a conhecer aos representantes de todos os escritórios de representação da DST no exterior a zona de Hengqin. Confesso que fiquei impressionada com o desenvolvimento operado nos últimos anos e com o potencial que pode vir a ter para a realização de eventos de grande envergadura. Desde logo porque dispõe de infra-estruturas adequadas como por exemplo o parque Industrial de Ciência, Tecnologia e de Medicina Tradicional Chinesa. Quando estiver concluído permitirá aos visitantes terem experiências únicas na área da saúde e bem-estar, além de ser um local apropriado para, por exemplo, acolher congressos na área da medicina, mas não só. Com a covid-19 a obrigar ao cancelamento de muitos eventos, como será feita este ano a promoção de Macau? Este ano não vamos ter participação em eventos presenciais. A Feira do Livro foi adiada para Setembro, mas ainda antes desta decisão ter sido tomada manifestamos logo a nossa posição de não participarmos este ano. Acho que foi uma medida prudente, pois não creio que vá acontecer. Quanto à BTL, foi cancelada este ano, pelo que terá lugar como habitualmente em Março de 2021. Andreia Sofia Silva
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4 coronavírus
TOP 20 DOS PAÍSES
COM MAIS CASOS (total cumulativo)
E.U.A. Espanha Rússia Reino Unido Itália Brasil França Alemanha Turquia Irão China Índia Perú Canadá Bélgica Arábia Saudita Holanda México Paquistão Chile Equador
1412440 271095 242271 229705 221216 179457 178225 173546 141475 112725 82926 77729 72059 71157 53981 44830 43211 38324 34336 31721 30419
PAÍSES LUSÓFONOS Portugal 28132 Brasil 179457 Moçambique 104 (total cumulativo) Angola 45 Guiné-Bissau 820 Timor-Leste 24 Cabo Verde 289 São Tomé 220 e Principe
PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)
China China | Macau China | Hong Kong China | Taiwan Coreia do Sul Japão Vietname Laos Cambodja Tailândia Filipinas Myanmar Malásia Indonésia Singapura Borneo
82926 45 1051 440 10962 15968 288 19 122 3017 11618 180 6779 15438 25346 141
4380842 294677 1624687 Infectactos (total cumulativo)
Mortos
Curados
COVID-19 MARCAÇÃO ONLINE DE TESTES ALARGADA A PORTADORES DE VISTOS E PASSAPORTES
Saúde para quem chega
Desde a meia noite de hoje que é possível aos portadores de vistos de trabalho, familiares ou executivos, e também aos que viajam com passaporte, fazer a marcação online para a realização do teste de ácido nucleico em Macau. No entanto, Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, deixou claro que esta alteração não é sinónimo de mudanças nas proibições de entrada aos trabalhadores não residentes
O
Governo decidiu expandir a marcação online de testes de ácido nucleico nas fronteiras a mais pessoas. Alvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, adiantou ontem em conferência de imprensa que, desde a meia-noite desta quinta feira que é possível aos portadores de vistos ou de passaporte marcarem previamente a realização dos testes. “Quem tem autorização de entrada [no território] pode fazer a sua marcação online para a realização do teste junto do nosso centro de coordenação, devendo pagar 180 patacas logo no primeiro teste. Temos vagas limitadas para a marcação prévia e temos de garantir primeiro os testes para os residentes de Macau”, adiantou. Estão incluídas pessoas “com vistos executivos, familiares ou de trabalho, ou aqueles que entram com passaporte”, mas isso não significa mudança na proibição de entrada de trabalhadores não residentes estrangeiros. “Só alargamos o serviço, não tem a ver com a entrada e saída de pessoas”, disse Alvis Lo. Quanto à capacidade diária da realização de seis mil testes, o médico garantiu que o número pode variar. “Vamos, gradualmente, aumentar a capacidade de fazer testes e este número pode ter um ajustamento de acordo com a situação do dia-a-dia. Se há menos residentes restarão mais vagas para os visitantes, por isso não podemos definir um número exacto para todos os dias.”
MAIS UMA ALTA
Há 35 dias consecutivos sem registo de novos casos importados de infecção com o SARS-Cov-2, as autoridades deram ontem alta a mais um paciente, que corresponde ao 23.º caso de infecção confirmado. Trata-se de um jovem de 12 anos, residente de Macau, mas a estudar no Reino Unido. Este voou de Londres para Hong Kong a 20 de Março, tendo começado a registar os primeiros sintomas, como tosse e febre, quando já se encontrava a cumprir quarentena num hotel em Macau. A 22 de Março, os testes deram positivo para a covid-19. Restam apenas dois pacientes internados “com sintomas ligeiros, uma situação estável e sem dificuldades respiratórias”, explicou Alvis Lo. Actualmente há 214 pessoas a cumprir quarentena em hotéis. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
GCS
(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)
14.5.2020 quinta-feira
Há 35 dias consecutivos sem registo de novos casos importados de infecção com o SARS-Cov-2, as autoridades deram ontem alta a mais um paciente, que corresponde ao 23.º caso de infecção confirmado. Trata-se de um jovem de 12 anos, residente de Macau, mas a estudar no Reino Unido
MÁSCARAS USO OBRIGATÓRIO
A
s autoridades de Zhuhai decidiram terminar com a obrigatoriedade do uso de máscaras nas escolas, mas o Governo de Macau assegura que vai manter essa medida, pelo que “não há a preocupação de os alunos transfronteiriços não usarem máscaras nas escolas”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e Contigência do Novo Coronavírus. “Todos os alunos e professores em Macau têm de usar máscaras nas escolas e o rigor é diferente, depende das várias regiões da China. Em Zhuhai há directrizes que determinam que não é obrigatório usar máscaras nas escolas, mas há outros locais em que é obrigatório o seu uso. Vamos ter em conta essas directrizes mas também vamos ponderar a situação de Macau”, concluiu.
HONG KONG NOVOS CASOS
A
lvis Lo, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, foi ontem confrontado com a possibilidade dos novos casos de infecção local registado em Hong Kong poder afectar as negociações entre os dois territórios sobre a reabertura de fronteiras. “Sim, claro que pode ter alguma influência nas nossas negociações, porque estamos a comunicar a situação de perto, mas de momento não tenho mais informações a comunicar.” Os casos registados em Hong Kong são de uma paciente de 66 anos que não viajou para fora do território nos últimos meses e da sua neta de cinco anos, ambas casos de transmissão local, estando-se agora a tentar determinar como a avó foi contaminada.
política 5
quinta-feira 14.5.2020
TRABALHO CONTRATOS DE TNR SÓ VIGORAM APÓS AUTORIZAÇÃO PROVISÓRIA DE PERMANÊNCIA RÓMULO SANTOS
A 3ª Comissão Permanente quis clarificar a partir de que momento vão ter início os contratos com trabalhadores não residentes, no futuro. De acordo com as explicações prestadas, a relação começa depois da autorização provisória de permanência TIAGO ALCÂNTARA
TNR LEONG SUN IOK QUER DESPEDIMENTOS
As bases de uma relação
L
EONG Sun Iok, deputado dos Operários, questionou o Governo sobre as medidas que estão a ser adoptadas para despedir os trabalhadores não-residentes e garantir que os postos de trabalho são ocupados por locais. Na interpelação ontem divulgada, o legislador cita os número da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais que apontam para uma redução de 7.020 trabalhadores não-residentes durante a pandemia. Porém, aponta que ao mesmo tempo foram concedidas mais de 4.000 licenças para a contratação de novos TNR, o que considera errado. Leong defende que os TNR servem apenas para suprimir a falta de mão-de-obra local e que numa altura em que há cada vez mais locais a perderem o emprego e com licenças sem vencimento, não deviam ser cedidas novas autorizações para a contratação de trabalhadores não-residentes. Por este motivo, o deputado dos Operários pergunta ao Governo se a redução dos 7.020 trabalhadores não-residentes se ficou a dever a decisões dos patrões ou foi feita por pressão pelo Executivo. Em relação ao ambiente local, Leong Sun Iok traçou um cenário negro, uma vez que a subida do desemprego chegou a 2,9 por cento e ainda devido à elevada taxa de inscrição nos cursos de requalificação pagos pelo Executivo.
A data de início da relação laboral tem implicações quanto ao pagamento do repatriamento, uma questão que “preocupa” os deputados que estão a analisar o diploma, disse Vong Hin Fai, presidente da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. “É depois de autorização de contratação e de o não residente ter autorização de permanência. Depois de ambas é que começa a relação laboral. Se calhar dois dias depois, por diversos factores, acaba a relação laboral e de acordo com a lei vigente, o empregador é responsável pelas despesas de repatriamento do trabalhador, o Governo respondeu isto”, explicou o presidente da Comissão. De acordo com Vong Hin Fai, a legislação actual sobre quando os contratos entram em efeito tem “um sentido lato” e abrange a autorização provisória, a partir da qual o empregador assume os seus deveres. Ou seja, mesmo que o “bluecard” em si ainda não tenha sido emitido.
SEM GARANTIAS
O
S não residentes que no futuro quiserem vir trabalhar para Macau vão precisar de um título de entrada para fins de trabalho. É o que determina a proposta de alteração à lei de contratação de trabalhadores não residentes (TNR) que a 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa tem em mãos. No entanto, este sistema levantou questões junto da
Comissão sobre a data de início do contrato. O objectivo da proposta é evitar a entrada de pessoas em Macau como turistas para procurarem emprego. Além do título de entrada para fins de trabalho, os não residentes vão precisar de entrar a partir do exterior de Macau, e o empregador tem de obter autorização para contratação. O pedido também pode ser feito através de agências de emprego.
Depois de concluírem a formação em carpintaria do “plano para aumento de aptidões e formação profissional”, 28 pessoas que participaram numa sessão com empresas organizada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) conseguiram emprego. A sessão contou com mais quatro formandos, mas o organismo comunicou que recursaram a oferta por não aceitarem trabalhos em obras de construção ou procurarem apenas trabalho a tempo parcial. “O pessoal da DSAL que se encontrava no local tentou em vão convencer esses formandos a mudarem a sua mentalidade e a aceitarem o emprego, pelo que, continuará a dar acompanhamento à situação dos que foram contratados”, diz a nota.
RÓMULO SANTOS
Formação profissional 28 participantes em plano da DSAL já têm emprego
O presidente explicou ainda que o Governo disse que em princípio vai ser emitida a sua autorização provisória de permanência aos não residentes que no futuro entrem em Macau munidos de título de entrada para fins de trabalho. Mas não há 100 por cento de garantias. “Por causa de outros diplomas legais sobre [entrada e] permanência pode não ser emitida a autorização provisória”, explicou. Dados de um representante da Polícia de Segurança Pública (PSP) fornecidos à Comissão revelam que no ano passado houve 23 casos em que TNR que tinham recebido auto-
rização provisória acabaram por não ver o seu “bluecard” ser emitido. Já em 2020, a PSP rejeitou 28 casos, dos quais 12 eram de trabalhadores que tinham autorização provisória. Vong Hin Fai deu como exemplo situações em que a PSP detectou que foram prestados dados de identidade falsa durante o período de avaliação. O Governo apresentou ontem um novo texto de trabalho. Os deputados aguardam agora pela
“Por causa de outros diplomas legais sobre [entrada e] permanência pode não ser emitida a autorização provisória” VONG HIN FAI PRESIDENTE DA 3ª COMISSÃO PERMANENTE DA AL
versão final antes de a assessoria elaborar o parecer. “Esta proposta de lei é bastante simples”, disse Vong Hin Fai. Não foram dados detalhes à Comissão sobre a calendarização de revisão de outras leis relacionadas com este assunto. No caso das agências de emprego, o presidente da Comissão observou que esta transmitiu ao Governo as opiniões recebidas e espera que a nova versão reflicta essa matéria. Não houve qualquer discussão entre as duas partes sobre a existência de tempo suficiente para avaliar os motivos de resolução contratual antes de um trabalhador ter de sair do território. Salomé Fernandes
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Filhos maiores Associação volta a entregar petições
A Associação de Reunião Familiar de Macau, que tem vindo a lutar pela questão do regresso dos filhos maiores da China, entregou novas petições junto da sede do Governo e do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. Estas acções visam uma mudança de postura por parte do novo Executivo, agora liderado por Ho Iat Seng. Wong, um idoso de 63 anos, luta pelo regresso dos filhos da China desde 2004. Sem respostas por parte do ex-Chefe do Executivo, Chui Sai On, Wong espera que Ho Iat Seng “faça alguma coisa boa”. “Temos confiança no Governo de Ho Iat Seng, ele sabe as razões pelas quais nos recusaram ajuda. Antes de assumir o cargo de Chefe do Executivo reunimos com ele e deu-nos recomendações. [Ho Iat Seng] conhece muito bem a nossa situação”, concluiu Wong.
6 sociedade
TIAGO ALCÂNTARA
14.5.2020 quinta-feira
Vongfong Depressão tropical não deve afectar a RAEM
Já tem nome, mas não deve ter impacto directo em Macau. Segundo a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), a depressão tropical localizada a leste das Filipinas desenvolveuse para um ciclone tropical e foi baptizado de “Vongfong”. O ciclone tropical vai deslocar-se nos próximos dias para a ilha filipina de Luzon, rumando depois para norte em direcção a Taiwan. “Prevê-se que o “Vongfong” não tenha um impacto directo em Macau”, pode ler-se na nota publicada ontem, que atesta ainda que os serviços meteorológicos de Macau vão continuar a acompanhar a situação.
Tufões Novas travessias entre a Zona A e Macau preocupam
Através de uma interpelação escrita, o deputado Lei Chan U questionou se o Governo vai garantir que, além da ponte que liga a Zona A à Pérola Oriental, as novas travessias previstas entre a Zona A dos novos aterros e a Península de Macau poderão ser usadas quando for içado o sinal de nível oito, em caso de Tufão. Sublinhando que das três novas travessias previstas, apenas uma é subaquática, o deputado pergunta se “a passagem dos moradores da A Zona para a península de Macau fica assegurada em caso de tufão”. Recorde-se que além da ponte que liga a Zona A à Pérola Oriental, existirá uma ponte entre os novos aterros e a Rua dos Pescadores, um túnel entre as Zonas A e B e o Centro de Ciência de Macau e ainda uma ponte entre a Zona A e o Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior.
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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 11/P/20 Faz-se público que, por deliberação do Conselho Administrativo, de 29 de Abril de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento e Instalação de Um Conjunto de Câmara de Fluxo Laminar aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 13 de Maio de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes devem estar presentes no Departamento de Instalações e Equipamentos do Centro Hospitalar Conde de São Januário, no dia 18 de Maio de 2020, às 16,00 horas para visita de estudo ao local da instalação dos equipamentos a que se destina o objecto deste concurso. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 12 de Junho de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Junho de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP18.000,00 (dezoito mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 7 de Maio de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
A
CAM - Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau registou um aumento da receita total na ordem dos 16,5 por cento, revela o relatório e contas da empresa publicado ontem em Boletim Oficial (BO). O montante das receitas relativo ao ano passado foi de 1,82 mil milhões de patacas. Estes números devem-se “ao aumento de 15,3 por cento das receitas de aviação e de 17,4 por cento das receitas de negócios não aeronáuticos”. No que diz respeito às principais operadoras do Aeroporto Internacional de Macau, as receitas totais foram de 6,27 mil milhões de patacas, um aumento de 13,6 por cento. A CAM denota ainda um aumento de 17,9 por cento no movimento de aeronaves para um total de 77.581 voos. No entanto, o sector dos jactos privados teve uma quebra de 15,5 por cento, que se traduziu em 2.768 voos, devido à “austeridade da indústria mundial”. De frisar que, o ano passado, o aeroporto registou “novo recorde do número de passageiros”, com um volume anual superior a 9,6 milhões, ou seja, “catorze vezes mais que a população local”.
MAIS SEGURANÇA
A mensagem do presidente do conselho de administração da
CAM RECEITAS SOBEM 16,5% EM 2019
Altos voos
A CAM - Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau registou um aumento de receitas na ordem dos 16,5 por cento devido ao bom desempenho das receitas de aviação e dos negócios não aeronáuticos. Ma Iao Hang, presidente do conselho de administração, fala de mudanças no sistema de segurança e promete novas medidas em tempos de crise CAM, Ma Iao Hang, dá ainda conta de que foi iniciada a expansão da zona sul do terminal de passageiros do aeroporto. Trata-se de O montante das receitas relativo ao ano passado foi de 1,82 mil milhões de patacas. Estes números devem-se “ao aumento de 15,3 por cento das receitas de aviação e de 17,4 por cento das receitas de negócios não aeronáuticos”
um projecto que irá adicionar uma área de 17 mil metros quadrados e três novas portas de embarque. Foram abertos centros de serviço de embarque em Jiangmen e Zhongshan, além de serem disponibilizadas 12 instalações de auto-serviço de check-in no terminal de passageiros. O aeroporto conta hoje com mais seis estabelecimentos nos sectores de restauração, comunicação e viagens.
A CAM fez ainda uma aposta na segurança, uma vez que foram “substituídas as instalações de estacionamento para aeronaves e divisórias de segurança”. Foi também instalada “uma cerca de segurança de camada dupla com quase 12 quilómetros de comprimento, equipada com um sistema de detecção de intrusões na fronteira”. Ainda ao nível da segurança, o aeroporto conta hoje com um total de 921 câmaras de rede de alta precisão, tendo a vigilância de circuito fechado de televisão aumentado em 30 por cento. Foram também introduzidos 40 novos equipamentos, além de ter sido feita “a optimização das verificações de segurança”. Depois de um ano com resultados positivos, a crise causada pelo surto de covid-19 trouxe a necessidade de novas respostas. Na mensagem de Mao Iao Hang lê-se que o aeroporto mantém contactos com parceiros para que haja uma “revitalização do volume de tráfego aéreo após a epidemia”, além de serem feitos “todos os esforços possíveis para desenvolver rotas de médio e longo curso com vista a atrair mais passageiros internacionais e locais”. Andreia Sofia Silva
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sociedade 7
quinta-feira 14.5.2020
CPSP Detido por filmar homens na casa-de-banho
O Corpo de Polícia de Segurança Pública anunciou a detenção de um homem que frequentava casas-de-banho de Macau para filmar os órgão sexuais dos utilizadores do espaço público. De acordo com a informação citada pelo canal chinês da Rádio Macau, o suspeito é um residente com 30 anos e tinha no seu telemóvel e disco rígido mais de 200 vídeos de pessoas a utilizarem casas-de-banho. A denúncia terá partido de outro homem que quando estava a utilizar a casa-de-banho pública da Praia de Hác Sá reparou numa câmara escondida. O relato fez com que a polícia fosse ao local investigar e tivesse identificado um homem, que foi encontrado junto à zona dos grelhados. Após ter sido detido, o suspeito admitiu o crime e apontou que há cerca de seis meses que tinha começado a fazer gravações em várias casas-de-banho públicas de Macau.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA TSI MANTÉM 3 ANOS DE PRISÃO PARA EX-MARIDO O Tribunal de Segunda Instância confirmou a sentença de 3 me de violência doméstica anos de prisão no ano passado. À altura, a sentença ditou efectiva para três anos de prisão efectiva, e, um arguido cumprido o encarceramento, três anos de proibição de condenado contactar, importunar e seguir a ex-mulher, assim como por violência permanecer na habitação da ofendida e dos dois filhos, no doméstica. O local de trabalho da ofendida, homem também nas imediações das escolas dos dois filhos. Além disso, não conseguiu ficou impedido de exercer poder paternal durante três anos reverter a e condenado ao pagamento de quase 341 mil patacas, com inibição de juros legais, como indeminização por danos patrimoniais exercer poder e não patrimoniais. O caso remonta ao período paternal, nem de tempo entre 2016 e 2018, reduzir o já depois de o casal se ter divorciado. Em tribunal ficou montante da provado que, repetidas vezes, o arguido intimidou, insultou, indemnização ameaçou e atacou fisicamente Da mesma forma, tam- ca ter sido condenado de minização foi igualmente mulher, além de a ter tentado bém não foram atendidas um crime) não foi atendido recusado. que ultrapassa as aforçar a passar para o seu nome as desculpas apresentadas para atenuação da pena. A Ao julgar improcedente 340 mil patacas a propriedade de uma fração pela defesa, tais como o defesa do condenado pedia o recurso, o TSI destacou
É só para confirmar
“A
pena de três anos de prisão achada pelo Tribunal recorrido dentro da moldura aplicável de dois a oito anos de prisão já não é nada de excessiva para o arguido.” Esta frase, retirada de um acórdão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), dá a entender a forma expressiva como foi recusado o recurso interposto por um homem condenado pelo cri-
habitacional. A conduta do homem era espoletada por problemas financeiros agravados pelo jogo.
MAU PERDEDOR
No recurso para o tribunal superior, a defesa alegou que o condenado “não praticou maus tratos contra a assistente ofendida, havendo, ao invés, somente altercações entre ambos, de modo bilateral”. O TSI não acolheu este argumento, referindo ser contrário ao que ficou provado na primeira instância.
alegado estado de nervosismo e ansiedade do arguido, também durante a sessão de julgamento, ou a falta de intencionalidade em ofender nas acções do arguido. Também o facto de ser delinquente primário (nun-
a redução da pena para 2 anos de prisão, suspensa por 4 anos. Ou seja, o condenado acabaria por não cumprir pena de prisão efectiva. Para não destoar, o pedido de redução da inde-
O caso remonta ao período de tempo entre 2016 e 2018, já depois de o casal se ter divorciado. Em tribunal ficou provado que, repetidas vezes, o arguido intimidou, insultou, ameaçou e atacou fisicamente a mulher
a pena relativamente baixa a que o recorrente foi condenado, dentro da moldura penal de 2 a 8 anos de prisão para o crime de violência doméstica, e a forma como a justiça tem de responder a esta forma de criminalidade. O acórdão refere que a pena não pode ser atenuada porque, tendo em conta a necessidade de prevenção deste tipo de crime, “não é concebível a activação do mecanismo de atenuação especial da pena”. João Luz
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Segurança Nacional Alunos do IPM assistem a exposição Vários alunos do Instituto Politécnico de Macau (IPM) assistiram à exposição online intitulada “Introdução da Segurança Nacional nas Escolas”, que tem como objectivo das a conhecer “a actual conjuntura mundial e a segurança geral nacional”. Segundo uma nota oficial do IPM, têm vindo a ser realizadas, nos últimos três anos, exposições sobre segu-
rança nacional, para que os estudantes “possam conhecer melhor a situação real do nosso país, ampliando-lhes a visão e reforçando o seu senso de missão e a responsabilidade social”. Vários alunos entrevistados e citados no mesmo comunicado dizem ter “tirado proveito” desta exposição relativa ao papel que Macau deve ter na garantia da segurança do Estado chinês.
Tribunais Juiz Cândido de Pinho vai reformar-se
José Cândido de Pinho, juiz do Tribunal de Segunda Instância (TSI), vai reformar-se. É o que explica uma nota do Conselho dos Magistrados Judiciais, publicada ontem em Boletim Oficial (BO), e que dá conta do término de funções de Cândido de Pinho desde esta terça-feira “por atingir o máximo de idade para o exercício de funções públicas”, uma vez que atingiu 65 anos. Cândido de Pinho chegou ao TSI em finais de 2010, depois de ter exercido durante anos no Tribunal Judicial de Base. Recentemente Rui Ribeiro tomou posse como juiz do TSI.
Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 7/P/20 para o «Fornecimento e Instalação de Dois Conjuntos de Cadeiras de Estomatologia, Compressores de Ar e Bombas de Vácuo aos Serviços de Saúde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 17, II Série, de 22 de Abril de 2020, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 7 de Maio de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
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OPERADORAS GALAXY ENTERTAINMENT E LAS VEGAS SANDS COM QUEBRAS DE RECEITAS
Terrenos movediços
Nos três primeiros meses do ano, os resultados do grupo Galaxy Entertainment sofreram uma quebra de 93 por cento. O contexto da covid-19 também afectou a Las Vegas Sands, que teve um prejuízo líquido de 51 milhões de dólares no mesmo período. A empresa anunciou ainda que abandonou a corrida por uma licença de jogo no Japão
O
grupo Galaxy Entertainment apresentou uma descida de 93 por cento nos resultados do primeiro trimestre do ano, devido ao impacto económico causado pela pandemia da covid-19, noticiou a agência Lusa. Em comunicado, o grupo indicou ter registado uma receita líquida de 5,1 mil milhões de dólares de Hong Kong, uma queda de 61 por cento face ao período homólogo de 2019. Aoperadora de jogo apresentou 283 milhões de dólares de Hong Kong de EBIDTAajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) entre Janeiro e Março. “Estamos a fazer o possível para ajustar as nossas operações ao actual ambiente de negócios e controlo efectivamente dos custos”, apontou o presidente executivo do grupo, Lui Che Woo, admitindo ser difícil quantificar a totalidade do impacto financeiro durante este ano devido à covid-19. A pandemia teve impacto financeiro noutras empresas do sector, como é o caso da Las Vegas Sands, que apresentou um prejuízo líquido de 51 milhões de dólares norte-americanos no primeiro trimestre do ano. No mesmo período de 2019 tinha registado um lucro líquido de 744 milhões de dólares.
FORA DO JAPÃO
A operadora de jogo Las Vegas Sands anunciou ontem ter desistido da corrida a uma licença
no Japão porque o processo associado ao investimento tornou o plano inatingível. “Acredito que o país beneficiaria do turismo de negócios e lazer gerado por um Resort Integrado (RI) [mas], a estrutura em torno do desenvolvimento de um RI tornou os nossos objectivos inatingíveis”, disse, em comunicado, o presidente e director executivo da Las Vegas Sands, Sheldon Adelson. “Chegou a hora de a nossa empresa concentrar energia em outras oportunidades”, salientou Adelson.
“Chegou a hora de a nossa empresa concentrar energia em outras oportunidades.”
A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) de Macau registou, entre Janeiro e Março, 65 pedidos de exclusão de acesso aos casinos. Do total, 62 pedidos foram de auto-exclusão, enquanto os restantes foram a pedido de terceiros. Os dados publicados na página online do organismo mostram que foram feitos um total de 564 pedidos, durante o
A Las Vegas Sands detém a maioria do capital da Sands China, que opera cinco casinos em Macau. O grupo Sands, que tem ainda casinos em Singapura, era visto por vários analistas como um dos principais candidatos a obter uma licença no Japão. Em Julho de 2018, logo após ter sido aprovada a lei que permite a abertura de três casinos, a Las Vegas Sands tinha indicado à Lusa estar “muito interessada em investir nas cidades de Tóquio, Yokohama e Osaka, se lhe for dada essa oportunidade”.
ano passado – o número mais alto desde que em 2012 o director da DICJ passou a poder interditar a entrada em todos os casinos, ou apenas alguns, pelo prazo máximo de dois anos, às pessoas que o requeiram ou que confirmem requerimento apresentado para este efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em 2º grau.
O
Banco Nacional Ultramarino (BNU) registou, no primeiro trimestre do ano, lucros de 138 milhões de patacas, uma queda de 25 por cento face aos resultados do período homólogo de 2019. Os resultados foram divulgados ontem em Boletim Oficial. Nos três primeiros meses de 2019, o banco tinha registado lucros de 183,3 milhões de patacas, mais 45,3 milhões de patacas do que o registado no primeiro trimestre de 2020. Em entrevista à Lusa, no dia 26 de Março, o presidente do BNU tinha dito que os resultados da instituição podiam cair este ano, entre 10 e 20 por cento devido ao impacto económico da pandemia da covid-19. “No ano passado, o crescimento foi de 24 por cento, o que foi bastante interessante. Acredito que este ano os resultados do banco possam cair entre os 10 e os 20 por cento”, afirmou Carlos Álvares, líder da instituição que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos. O BNU registou em 2019 lucros de 721,9 milhões de patacas, de acordo com o balancete publicado no Boletim Oficial, um aumento de cerca de 23 por cento em relação a 2018.
JOGO ESTIMADA QUEDA DE 90% DAS RECEITAS EM MAIO
SHELDON ADELSON
DICJ 65 pedidos para entrada vedada em casinos
BNU PRIMEIRO TRIMESTRE COM QUEBRA DE 25% NOS LUCROS
A
GIF Grupo de combate ao branqueamento Fong Iun Kei, coordenadora do Gabinete de Informação Financeira (GIF), vai ser co-presidente do Grupo de Trabalho Conjunto da Ásia/Pacífico, subordinado ao Grupo de Revisão da Cooperação Internacional (ICRG) que trabalha nas áreas do combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo. Esta nomeação foi aprovada por todos os membros do Grupo de Acção
Financeira Internacional (GAFI), aponta um comunicado oficial. O GIF entende que a nomeação “confirma o reconhecimento das organizações internacionais pelo desempenho da RAEM no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo, demonstrando o valor da participação e a imagem positiva da RAEM no âmbito dos assuntos internacionais”.
correctora Sanford C. Berstein Ltd. estima que a receita bruta do jogo desça entre 90 a 95 por cento “dependendo largamente da instabilidade e de quando as visitas [de turistas] vão retomar”, noticiou o portal GGRAsia. A entidade calcula que a taxa média diária da receita bruta de jogo dos casinos em Macau durante os primeiros 10 dias de Maio tenha sido de 40 milhões de patacas, o correspondente a uma quebra de 95 por cento em termos anuais. “Estimamos que o volume VIP tenha sido mais forte do que o de massas, com receitas geradas por um número reduzido de jogadores”, indicaram analistas citados pelo GGRAsia. No entanto, alertam para a instabilidade do segmento VIP. Juntando os resultados de Abril ao resto de 2020, deu-se um declínio anual de 68,7 por cento, que equivalem a 31,24 mil milhões de patacas. “As operadoras de jogo, e outros contactos em Macau com quem falámos, não viram nenhuma clareza definitiva quanto ao tempo para recuperação”, indicaram os analistas, acrescentando que se espera um crescimento das receitas depois do levantamento de restrições a viagens.
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ENSINO ESCOLA PUI TOU GANHA TERRENO NA TAIPA
O
secretário para os Transportes e Obras Públicas atribuiu a concessão por arrendamento, sem concurso público de um terreno situado na Taipa, junto à Rua de Viseu, à Associação de Apoio à Escola Pui Tou. Segundo o despacho ontem publicado em Boletim Oficial, o terreno deve ser aproveitado para a constrição de uma “escola particular dedicada à educação regular, integrada no sistema escolar de escolaridade gratuita”. A escola apresentou o requerimento ao Governo solicitando a concessão do terreno a 21 de Março de 2018, para a construção de
um “edifício escolar de ensino infantil e primário da sucursal da Escola Pui Tou na Taipa”, explica o mesmo despacho. O ano passado, nos meses de Julho e Outubro, foram apresentados à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes o anteprojecto de obra e o anteprojecto de alteração de obra, aprovados no final do ano. O edifício em causa não terá mais de 50 metros de altura, para 16 pisos, dois deles construídos na cave. O arrendamento do terreno é válido por 25 anos, não sendo possível “qualquer alteração de finalidade da concessão do terreno”. A.S.S.
UP CANDIDATURAS AO FINANCIAMENTO ABREM A 25 DE MAIO
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S residentes de Macau que pretendam frequentar cursos na Universidade do Porto (UP) podem candidatar-se a um plano de financiamento do Fundo do Ensino Superior entre 25 Maio e 7 de Julho. Segundo uma nota divulgada ontem pela Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES), o plano de apoio oferece 15 vagas para alunos que queiram frequentar cursos de licenciatura ou de mestrado integrado e no curso preparatório de língua portuguesa da UP. Os beneficiários vão receber por ano lectivo 29 mil patacas, no caso de frequência do curso preparatório e 48 mil patacas, no caso de frequência dos cursos de licenciatura. Quanto aos cursos de mestrado, esclarece a DSES, “o montante financiado cor-
responde ao valor atribuído, em cada ano, para as bolsas de mérito para estudos pós-graduados”. Os alunos apoiados vão fazer o curso preparatório de língua portuguesa em duas fases, com o primeiro semestre ministrado pelo Instituto Português do Oriente (400 horas) e, o segundo semestre, na UP (300 horas). Quanto aos cursos que conferem grau académico, a DSES refere que “a Universidade do Porto oferece 51 cursos em áreas especializadas, com vista a satisfazer as necessidades de formação dos estudantes de Macau”. Os candidatos devem ser portadores do BIR, Passaporte da RAEM, ter realizado o Exame Unificado e apresentar as suas classificações das disciplinas de Língua Chinesa, Língua Inglesa e Matemática. P.A.
COMÉRCIO EMPRESA RESPONSÁVEL PELO IKEA GERE VÁRIOS FRANCHISES
Um grupo, várias marcas A abertura da loja do franchise sueco de mobiliário reforçou a aposta do grupo Dairy Farm em Macau, que além do IKEA gere ainda o supermercado San Miu, as lojas 7 Eleven, Mannings e Maxim’s
N
O dia 23 de Abril, em plena época de pandemia da covid-19, abriu a primeira loja da IKEA em Macau. As limitações da época fizeram com que as visitas ao espaço fossem precedidas por marcação online. No entanto, a expectativa levou à rápida lotação esgotada das vagas da primeira semana, apesar da empresa não divulgar o número de visitantes até ao momento. Contudo, o sucesso do IKEA em Macau não é alheio ao grupo que está a gerir a marca no território, ou seja à companhia Dairy Farm, que tem sede em Hong Kong e está registada nas Bermudas. Apesar de o nome poder ser desconhecido da maior parte dos clientes, a empresa de Hong Kong, liderada por Ian McLeod, é responsável por mais de 112 lojas só na RAEM, de acordo com o relatório anual de 2019 da empresa. Caso não tenha havido nenhum encerramento, desde a abertura do IKEA, o número de espaços comerciais subiu para 113.
Entre as marcas geridas pela Dairy Farm, além da IKEA, constam ainda os supermercados San Miu, as lojas de conveniência 7 Eleven, as lojas de cosméticos Mannings e as pastelarias Maxim’s, numa parceria com o grupo com o mesmo nome. Ainda de acordo com a informação disponibilizada no relatório do grupo, no final de 2019, a Dairy Farm tinha 20 supermercados San Miu em Macau, 51 lojas 7 Eleven, 19 Mannings e 22 restaurantes e pastelarias.
APOSTA NOS HAMBÚRGUERES
O lançamento do IKEA não era a única estreia agendada para Macau este ano. No sector da restauração, a Dairy Farm anunciava no relatório anual de 2019 planos para abrir o primeiro restaurante
de hambúrgueres do franchise Shake Shack. A cadeia de restaurantes norte-americana é relativamente recente, com 15 anos de actividades, e é especializada em hambúrgueres e cachorros quentes. Actualmente, já tem nove restaurantes na China, três dos quais em Xangai em seis em Hong Kong, além da presença em vários países europeus e asiáticos. No entanto, no contexto da pandemia, e como muitas vezes a estratégia em Macau passa por servir essencialmente os clientes dos grandes hotéis e casinos, não é de excluir que a estreia seja atrasada, devido à redução do número de visitantes.
LUCROS DE MILHÕES
Incertezas à parte, só no ano passado o grupo que além
O lançamento do IKEA não era a única estreia agendada para Macau este ano. A Dairy Farm anunciava no relatório anual de 2019 planos para abrir o primeiro restaurante de hambúrgueres Shake Shack
de Macau gere franchises em Hong Kong, Interior da China, Taiwan, Malásia ou Singapura registou um total de 27 mil milhões de dólares americanos em vendas, o que equivale a 220,5 mil mil milhões de patacas. Este montante permitiu que os lucros para os accionistas atingissem os 321 milhões de dólares norte-americanos (2,6 mil milhões de patacas), apesar de a empresa admitir que no mercado de Hong Kong, um dos mais importante para a marca, a instabilidade social acabou por afectar directamente o negócio. Os resultados do grupo não permitem conhecer os números das vendas em Macau, uma vez que não especificam os dados por mercado. Porém, segundo o volume de vendas em Hong Kong e Macau no sector da venda de comida a retalho registou um aumento, ainda que com lucros menores, o que também aconteceu com a venda de cosméticos. João Santos Filipe
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quinta-feira 14.5.2020
A terra roubada ao mar EXPOSIÇÃO OBRAS DE CRYSTAL M.CHAN REFLECTEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE MACAU
CrystalM.Chan,pintora e estudante de mestrado em Nova Iorque, está de regresso a Macau para uma nova exposição, desta vez feita a quatro mãos com Benjamin Hodges. “Mountain Surrounded by Sea” é composta por quadros e sons que olham para o desenvolvimento que Macau sofreu nos últimos anos, ao mesmo tempo que convidam a uma contemplação e introspecção
A
nova exposição dos artistas Crystal M.Chan e Benjamin Hodges, que inaugura na próxima terça-feira no espaço Creative Macau, é um olhar sobre a terra natal da artista, actualmente a frequentar um mestrado em artes em Nova Iorque. Pela primeira vez, Crystal M.Chan expõe com a ajuda da instalação de som e imagens, numa mostra onde se reflecte o efeito da quarentena, que a artista cumpriu em Nova Iorque. Em “Mountain Surrounded by Sea” visualiza-se a reflexão de Crystal M. Chan sobre a Macau antiga e a Macau dos novos aterros, dos que já foram construídos e dos que estão por erguer. Mas quem visitar a exposição vai deparar-se com uma nova forma de olhar as obras. “A projecção e os sons convida as pessoas a estar e a ouvir. Há um lado meditativo e penso que se deve a esta pandemia. Espero que as pessoas tenham uma nova perspectiva sobre a forma como trabalhamos e o ambiente, e que possam ver os trabalhos de uma forma mais contemplativa e não tão apressada”, contou ao HM. Primeiro era a península e duas ilhas, mas rapidamente a paisagem de
Macau foi ganhando novos contornos nos últimos anos. A exposição é também sobre isso. “Nos últimos meses, quando começamos a atravessar a nova ponte, podemos ver os pedaços de terra a surgirem do mar e esta mudança dá-nos a sensação de que o mar está a desaparecer”, disse Crystal M. Chan. Benjamin Hodges fala também de um território habituado a acolher muita gente de fora, estando em permanente mudança. “A reclamação da terra ao mar tem acontecido nos últimos anos
“Sou um americano que tem vivido em Macau nos últimos anos, e tenho vindo a aprender mais coisas sobre a história de Macau e a comunidade imigrante, pessoas que surgem de vários lugares. Por isso, também abordamos essa temática.” BENJAMIM HODGES ARTISTA
enquanto processo natural, e penso que terá começado já na Administração portuguesa. E neste momento os novos aterros visam a construção de mais casas para os residentes. É uma necessidade para o futuro de Macau, é também um desejo. Tudo isto tem a ver com a forma como as pessoas vêm para Macau.” “No meu caso sou um americano que tem vivido em Macau nos últimos anos, e tenho vindo a aprender mais coisas sobre a história de Macau e a comunidade imigrante, pessoas que surgem de vários lugares. Por isso, também abordamos essa temática”, acrescentou.
ESPAÇOS DISTINTOS
As obras de Crystal M. Chan remetem também para um certo saudosismo daquilo que Macau já foi e numa análise daquilo em que se tornou. “Esta tem sido uma experiência muito boa que me está a fazer regressar aos meus tempos de adolescente. Ultimamente tenho passado mais tempo a pintar e nas minhas obras está muito presente um sentimento de perda, que está relacionado com as obras relativamente ao tempo da Administração portuguesa.”
Os dois artistas decidiram olhar para o espaço da Creative Macau sob dois ângulos. “Num dos espaços trabalhamos bastante sob o ponto de vista da construção, com a visão que temos dos novos aterros e do meio ambiente envolvente. Do outro lado,
“A projecção e os sons convida as pessoas a estar e a ouvir. Há um lado meditativo e penso que se deve a esta pandemia. Espero que as pessoas tenham uma nova perspectiva sobre a forma como trabalhamos e o ambiente, e que possam ver os trabalhos de uma forma mais contemplativa e não tão apressada.” CRYSTAL M.CHAN ARTISTA
temos uma espécie de cenário de filme, com um local onde as pessoas se podem sentar e desfrutar dos sons e das obras”, explicou Benjamin Hodges. O minimalismo foi a linha orientadora, convidando as pessoas a reflectir. E, aqui, a quarentena cumprida pela pintora revela-se nos detalhes. “A Crystal esteve de quarentena e regressou há pouco tempo de Nova Iorque, onde viveu esta sensação de isolamento. Está presente este tema de olhar para o mundo lá para fora de forma remota, através de uma janela. É um ponto com o qual trabalhamos num dos espaços, enquanto que no outro trabalhamos muito com a terra e o mar.” O efeito quarentena neste trabalho revela-se também na vontade de o expandir a um público cada vez maior, tornando-o interactivo. “Estamos a pensar fazer um pequeno filme sobre a construção deste cenário, num projecto para continuar e partilhar online. Não queremos que se limite a este espaço físico e queremos que chegue a um público mais vasto”, rematou Crystal M.Chan. Andreia Sofia Silva
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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.º 12/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 5 de Maio de 2020 se encontra aberto o Concurso Público para a «Prestação de Serviços de Reparação e Manutenção do Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens Médicas (PACS) aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 13 de Maio de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º Andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP48.00 (quarenta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). Os concorrentes do presente concurso devem estar presentes no átrio do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, no dia 20 de Maio de 2020, às 11,30 horas, para efeitos de visita às instalações a que se destina à prestação de serviços objecto deste concurso. As propostas serão entregues na Secçã o de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 9 de Junho de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 10 de Junho de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP 240.000,00 (duzentas e quarenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 7 de Maio de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.º 13/P/20 Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 6 de Maio de 2020, se encontra aberto o Concurso Público para a «Prestação de Serviços de Aluguer de Equipamentos para o Sistema Automático de Diálise Peritoneal aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 13 de Maio de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP34,00 (trinta e quatro patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm. gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 12 de Junho de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Junho de 2020, pelas 15,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP70.000,00 (setenta mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 7 de Maio de 2020. O Director dos Serviços Lei Chin Ion
Aviso n.º 002/SS/GPCT/2020 Devido à violação do disposto na alínea 21) do artigo 4.º da Lei n.º 5/2011 pelos interessados abaixo indicados, constando o facto da infracção da acusação n.º 100761113 e da acusação n.º 100761258 dos Serviços de Saúde, de acordo com o estipulado na alínea 1) do n.º 1 do artigo 23.º Lei n.º 5/2011 é-lhes aplicada uma multa de 1500 patacas. Nome
Sexo
ZHU QIANG
M
ZHANG GUOXIN
M
Tipo do documento de identificação Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da República Popular da China Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da República Popular da China
N.º do documento de identificação
Número da acusação
Data da infracção
C58592XXX
100761113 23/05/2019
C86143XXX
100761258 12/06/2019
Tendo em conta que não foi possível notificar, de acordo com o estipulado no n.º 1 do artigo 72.º do Código de Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 55/99/M, de 11 de Outubro, os interessados pessoalmente ou por ofício, telefone, ou outras vias constantes naquele número, ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 72.º do mesmo Código, informa-se os interessados do seguinte: Dada a imprecisão da data da infracção constante na acusação n.º 1007611113 e na acusação n.º 100761258 dos Serviços de Saúde, nos termos do disposto no artigo 135.º do Código de Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, rectifica-se a data da infracção nestas acusações da seguinte forma: Número da acusação 100761113 100761258
Original 23 de Maio de 2016 12 de Junho de 2016
Alteração 23 de Maio de 2019 12 de Junho de 2019
Nos termos do disposto nos n.os 1 e 3 do artigo 32.º da Lei n.º 5/2011, os interessados podem pagar a multa, de forma voluntária, ou apresentarem uma defesa escrita, no prazo de quinze (15) dias, a partir do dia seguinte da publicação do presente aviso. Também podem deslocar-se, pessoalmente, ao Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, situado na Avenida de Amizade, n.º 918, WORLD TRADE CENTRE MACAU, 15.º andar, para consultar do processo. Caso procedam ao pagamento de forma voluntária no Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo no prazo de quinze (15) dias como acima referido, o valor da multa será reduzido para metade. Para mais informações, os interessados podem ligar para n.º 2855 6789 ou dirigir-se pessoalmente ao Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo. 20 de 04 de 2020 O Director dos Serviços de Saúde Lei Chin Ion
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 164/AI/2020
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 185/AI/2020
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN BEINAI, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C23891xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 98/DI-AI/2018, levantado pela DST a 17.05.2018, e por despacho da signatária de 24.04.2020, exarado no Relatório n.° 125/ DI/2020, de 19.03.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém n.° 423, Praça Wong Chio, 9.° andar Z, Macau onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.---------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora XU LICHUN, portadora do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C50324xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 169/DI-AI/2018 levantado pela DST a 05.09.2018, e por despacho da signatária de 27.04.2020, exarado no Relatório n.° 141/DI/2020, de 01.04.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 16.° andar D onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.---------------------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 24 de Abril de 2020.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 27 de Abril de 2020.
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
AVISO Candidatura aos subsídios para pagamento de propinas, de alimentação e de aquisição de material escolar do ano lectivo de 2020/2021 O Fundo de Acção Social Escolar aceita, de 28 de Maio a 12 de Junho de 2020, as candidaturas aos subsídios para pagamento de propinas, de alimentação e de aquisição de material escolar do ano lectivo de 2020/2021. O Boletim de Candidatura pode ser obtido na escola que os alunos se encontram a frequentar, na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ou, ainda, através de descarregamento, na página electrónica da DSEJ (www.dsej.gov.mo). O Boletim de Candidatura, depois de devidamente preenchido, deve ser entregue na escola. Os candidatos que iniciem a sua frequência escolar no próximo ano lectivo e que, neste momento, não possuam familiares a frequentar a escola, podem enviar o boletim através de e-mail (dase@dsej.gov.mo), ou entregá-lo directamente, na DSEJ, durante o período mencionado. Os resultados das candidaturas serão divulgados, a partir de 7 de Setembro de 2020, através da linha aberta ou da página electrónica da DSEJ. Os detalhes podem ser consultados nas escolas que os alunos frequentam ou na DSEJ, através do número de telefone 83972512. Macau, 14 de Maio de 2020 O Presidente do Conselho Administrativo, Lou Pak Sang (Director da DSEJ)
china 13
quinta-feira 14.5.2020
ENSINO PEQUIM RETOMA AULAS PRESENCIAIS A PARTIR DE JUNHO
A
S aulas presenciais em todos os níveis de ensino vão ser retomadas na íntegra, em Pequim, no início de Junho, após um hiato de quase cinco meses, devido à pandemia do novo coronavírus, anunciaram ontem as autoridades. Segundo a Comissão Municipal de Educação da capital chinesa, os alunos do ensino básico e médio vão retornar às salas de aula no dia 1 de junho. Os jardins de infância e as creches voltam a abrir a partir de 8 de Junho, desde que cumpram certas condições de higiene e prevenção. As universidades também vão reabrir, em 6 de Junho, e os estudantes universitários poderão retornar aos ‘campus' universitários, onde "as medidas antivírus serão implementadas com rigor", segundo com a Comissão Municipal de Educação. Até à data, cerca de 80.000 alunos dos últimos anos dos ensino médio e
secundário voltaram às aulas em Pequim. Em Pequim, pulseiras eletrónicas começaram a ser usadas, na segunda-feira, para medir a temperatura corporal dos estudantes que já regressaram às escolas. A pulseira possui um sensor embutido que mede automaticamente a temperatura corporal e emite um alerta se for feita uma leitura alta. Com excepção da província de Hubei, de onde é originário o novo coronavírus, a capital chinesa era, até então, a única divisão administrativa do país que não tinha retomado as aulas em nenhum nível de ensino. Mais de 107 milhões de estudantes chineses retornaram às aulas, em todo o país, ou cerca de 40 por cento do total, enquanto apenas cinco províncias das 34 divisões administrativas da China não o fizeram, informou o Ministério da Educação da China.
NORDESTE RESTRIÇÕES NAS VIAGENS APÓS NOVOS CASOS DE INFECÇÃO
A
China impôs ontem restrições a deslocações à província de Jilin, no nordeste do país, num esforço para conter a propagação do novo coronavírus, depois de serem diagnosticados vários casos nos últimos dias. "A situação é séria e há o risco significativo de maior disseminação", advertiu Gai Dongping, vice-presidente da câmara da cidade de Jilin. Jilin suspendeu comboios de passageiros para a província e os residentes são submetidos a testes
de despistagem do vírus e só podem sair 48 horas após testarem negativo, segundo a emissora estatal CCTV. Uma equipa do governo central chegou ontem à cidade de Shulan, onde se acredita que uma cadeia que originou 16 infecções tenha começado. Shulan é o único local na China em nível de alerta máximo para a Covid-19. Várias grandes cidades do nordeste da China, incluindo Harbin e Dalian, também anunciaram requisitos adicionais de testes e quarentena para viajantes oriundos de Shulan. A China identificou, nas últimas 48 horas, seis novos casos de contágio local pelo novo coronavírus em Jilin, que faz fronteira com a Rússia e a Coreia do Norte, e onde na última semana foram detectados cerca de trinta casos.
DIPLOMACIA FRANÇA IGNORA CRÍTICAS SOBRE ACORDO DE ARMAMENTO COM TAIWAN
Ouvidos de mercador
A
França ignorou ontem as críticas da China a um antigo acordo para compra de armamento realizado pelos franceses com Taiwan e aconselhou aos chineses concentrarem-se mais na pandemia de covid-19 do que numa antiga controvérsia. "Perante a crise da covid-19, toda a nossa atenção e todos os nossos esforços devem concentrar-se na luta contra a pandemia", referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros da França após um aviso de Pequim a Paris. Na terça-feira, a China pediu à França que "cancelasse" um acordo de armas com Taiwan, observando que uma transação com os taiwaneses poderia "prejudicar as relações sino-francesas". "No âmbito da declaração franco-chinesa de 1994, a França implementa a política de uma única China e continua a apelar ao diálogo entre as duas margens do estreito", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. "A França respeita estritamente neste contexto os compromissos contratuais que estabeleceu com Taiwan e de forma alguma mudou de posição desde 1994", afirmou o Ministério francês. O acordo entre a França e Taiwan refere-se a uma venda de equipamentos de fragatas francesas, compradas pela marinha de Taipé na década de 1990, num caso que resultou numa grave crise diplomática entre Paris e Pequim. "A China expressou a sua profunda preocupação ao lado francês", disse na terça-feira o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, num comunicado enviado à agência France-Presse. "Opomo-nos a qualquer venda de armas ou trocas militares ou de segurança com a região de Taiwan", advertiu. "Instamos a França (…) a cancelar o seu plano de venda de armas a Taiwan, a fim de evitar danos sobre as relações sino-francesas", acrescentou. China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista
MNE francês “Perante a crise da covid-19, toda a nossa atenção e todos os nossos esforços devem concentrar-se na luta contra a pandemia”
chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Taiwan, que se auto designa uma República da China, tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força. PUB
Pequim critica qualquer relação oficial entre países estrangeiros e Taipé, trocas que considera um apoio ao separatismo de Taiwan.
DEFESA DO NEGÓCIO
Em 1991, a França assinou a venda de seis fragatas a Taiwan no valor total de 2,8 mil milhões de dólares, causando
o congelamento das relações diplomáticas com Pequim. A Marinha de Taiwan indicou, em 7 de Abril deste ano, num breve comunicado de imprensa, que pretende modernizar as fragatas Lafayette de fabrico francês. Uma fonte familiarizada com o assunto citada pelaAFP confirmou que foi assinado um contrato com o Ministério da Defesa de Taiwan para a modernização do sistema de lançador de chamariz, que equipa seis fragatas. Um lançador de chamariz é um sistema usado para contornar um míssil inimigo. Segundo a imprensa Taiwan, o custo da transacção é superior a 800 milhões de dólares de Taiwan (24,6 milhões de euros) e a empresa francesa encarregue do negócio é a DCI-Desco, unidade do grupo Défense Conseil International (DCI).
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tonalidades António de Castro Caeiro
14.5.2020 quinta-feira
Chegava o mês de maio era tudo florido
O fim de quarentena?
A
quarentena foi uma época das nossas vidas. Tem tudo idêntico a uma estadia numa qualquer estância onde se passa um tempo diferente do quotidiano. Estadias podem ser residências de artistas. Não são apenas os locais mas as temporadas que as pessoas passam nesses locais. As estâncias são balneares, termais, nas montanhas ou até hospitalares. A quarentena é um objecto temporal no sentido em que é uma temporada, uma estadia. Antigamente, passada nos navios, antes de se aportarem. A quarentena que vivemos teve a sua estância que é exactamente a mesma onde vivemos, ainda que tivesse havido pessoas que tivessem ido para casas umas das outras e ainda quem tivesse mudado de região. O que define a residência e a estância da quarentena é a temporada, o modo como se viveu a estadia na nossa residência domiciliária, na nossa estância existencial. Entrar em quarentena não coincidiu com o dia do seu decreto nem requereu obediência às determinações de comando. A população em bloco e de forma maciça com um único pensamento de preservação de si e dos seus, decidiu, numa expressão excepcional de vontade colectiva, querer entrar em quarentena. A decisão antecipava o perigo iminente do contágio e constituiu uma medida de segurança activa e de resistência contra o que muitos acharam que podia ser um suicídio colectivo ou da parte das autoridades um genocídio. Entrar em quarentena é abrir o horizonte da temporada em que o contacto entre uns e outros não é possível, se determina uma “distância social”, definem-se protocolos de higiene, não se pode sair à rua, vive-se em casa e a partir de casa. Basicamente, fechamo-nos fisicamente aos outros, não nos tocamos, não temos contacto, afastamo-nos o suficiente para permanecermos intocáveis pelas as nossas respirações. A vida é virada do
avesso. O mundo inteiro que se estende até ao vasto cosmos, com fronteiras desconhecidas, é um interior onde não se pode ir. A casa é o nosso mundo, limitado, pequeno, estreito, mas onde cabe o mundo inteiro, onde se come, dorme, trabalha, ama, está só e acompanhado. Onde se é, onde se tem a existência. A casa vira-se do avesso e exterioriza-se. O mundo implode na sua vastidão. Os outros todos desaparecem. Não há pessoas na rua. Só dentro de casa, mas isso é uma suspeita. Agora é como sempre. Sabemos o que sempre soubemos dos outros: nada. Achamos que por os vermos sabemos das vidas deles. Agora que não os vemos sabemos que sabíamos antes o mesmo que sabemos agora. Antecipamos o fim da quarentena, mas com tanto cuidado que não foi uma saída. A temporada da preocupação não findou. Temos ainda a preocupação das últimas horas, do último fim de semana, da última semana, do último mês e meio, do fim de Fevereiro atrás das costas, a fazer sombra sobre o nosso presente e a projectar-se nas próximas horas, dias e semanas. A temporada desta estadia não terminou completamente. A nossa residência não terminou completamente. O guião está a ser escrito com esforço, com tentativas de antevisão, procuramos todos os boletins de previsão e prognóstico, não antecipamos nada de bom, contamos com o pior. A tensão vibrante com a abertura escancarada da rua, da praça pública, do aperto de mão, abraço do- e beijo ao- outro não se dá ainda. É ainda esta estadia, esta temporada estranha, nesta estância das nossas vidas tão conhecida, tão próxima, a nossa casa. A nossa casa, a minha casa passou finalmente a ser o meu mundo. O mundo é uma extensão implosiva que colapsa num movimento e deslocação centrípeto para dentro e para o meio da minha cabeça. Tudo o que há é da minha cabeça, de alguma maneira (Aristóteles).
A temporada da preocupação não findou. Temos ainda a preocupação das últimas horas, do último fim de semana, da última semana, do último mês e meio, do fim de Fevereiro atrás das costas, a fazer sombra sobre o nosso presente e a projectar-se nas próximas horas, dias e semanas. A temporada desta estadia não terminou completamente
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quinta-feira 14.5.2020
diário de Próspero
António Cabrita
Vitorino Nemésio
O
nosso drama e simultaneamente o que nos excita na linguagem é que ela não é transparente. O que é então possível fazer com a linguagem? Dançar. É o que a poesia propõe, organizar danças de salão com as palavras, que ainda por cima, como quem não quer a coisa, muitas vezes dizem a verdade, a verdade que de forma directa leva os homens a ficarem de costas uns para os outros… Mas a poesia consegue pô-los face a face – é o seu dom. Na minha adolescência havia um homem que riu galhofeiro ao meu lado, num filme que por um acaso feliz vimos juntos, e que conseguia fazer dançar as palavras de uma forma admirável. Chamava-se Vitorino Nemésio. Tinha o Nemésio um neto que pelo meu quinto ano do liceu andou na minha turma e por quem nutri uma daquelas amizades repentinas e intensas, mas inconsequentes, pois deixámos de nos ver, assim que ele foi para ciências e eu para as artes. Porém, privámos durante um Verão, eu vivia em Almada e ele na Cova da Piedade, que está colada, e havia uma singularidade na casa dele que a tornava particularmente atractiva: a varanda das traseiras dava para um recinto onde uma sociedade recreativa tinha o seu cinema ao ar livre. Assim gozámos algumas fitas de borla e calhou acompanhar-nos ocasionalmente nessa folia o Vitorino Nemésio. Lembro-me vagamente (neste caso não sei se sonhei) de termos visto juntos uma coboiada, O Ouro de Mackena, onde o poeta, taciturno, cabeceava, e com razão, é fita que não resistiu ao tempo, e tenho mais presente um impensável Jerry Ama-Seca, que fazia o Nemésio dobrar-se de riso na varanda e contagiar-nos com o seu entusiasmo. A dado momento o Jerry Lewis, um desastrado arranjador de televisões, canta pensando na namoradinha da sua adolescência, que abandonara a vilória para ir para Hollywood e seguir o seu sonho de ser actriz. Jerry canta e imagina que ela se lhe declara, I love you, I love you… ao que se seguem estes dois versos: “Quando você sonha/ o amor é uma coisa solitária”. E aí vimos, na varanda, aquela figura solene levantar-se de um salto e gritar espontaneamente Admirável, e o filme ficou suspenso ali enquanto o Nemésio nos procurava explicar a surpreendente profundidade da letra da canção, repetindo os dois versos que o fascinaram. Depois foi buscar uma viola e improvisou uma modinha a partir desses dois versos. Nunca mais o vi mas a simpatia daquele contacto levou-me depois a ler com gosto a sua obra, sobretudo a poesia, onde encontramos inúmeros filões poéti-
cos, formas e estilos. Nemésio renovou-se sempre e com tal pujança que em 1972, com Limite de Idade, tinha então 71 anos, ou em 76, com Sapateia Açoriana e Andamento Holandês, escreve dois livros que ainda hoje são exemplos de uma fecunda adequação do artista com a sua contemporaneidade. No caso do Limite de Idade inoculando nos versos os termos e a linguagem da ciência, interesse que mais tarde se manifestaria num surpreendente Era do Átomo, Crise do homem (1976) e no qual Nemésio interpelava a ciência e os seus efeitos no momento de crise que então se vivia, em plena Guerra Fria. E às duas por três escreve: «Mas se a Ciência se quis como detentora das chaves de um Universo não demiúrgico - sistema de relações de elementos inanimados numa coesão regida por leis naturais imanentes -, a Técnica, embora
positivista como ela, teve que tomar o lugar vago do demiurgo, tornar-se feiticeiro, operar, urgir. Porque Técnica, afinal, é urgência, no duplo sentido de intervenção, e pressa. Cirurgia, Metalurgia, Siderurgia tudo urge, tudo é urgente. Nós é que não reparamos que os elementos das palavras significam sempre basilarmente o mesmo onde quer que se encontrem. [...]» É engraçado como há 40 anos Nemésio já detectava esta propensão da tecnologia a tomar para nós o lugar do feiticeiro, da magia. A sua versatilidade como a sua capacidade para renovar-se ao longo de quarenta anos de poesia, inclusive, atrasou-me a descoberta de Pessoa, que para mim não foi uma novidade tão grande porque o Nemésio, sem o artifício dos heterónimos, já me oferecia os meandros de um arquipélago.
“Quando você sonha/ o amor é uma coisa solitária”. E aí vimos, na varanda, aquela figura solene levantar-se de um salto e gritar espontaneamente Admirável, e o filme ficou suspenso ali enquanto o Nemésio nos procurava explicar a surpreendente profundidade da letra da canção, repetindo os dois versos que o fascinaram. Depois foi buscar uma viola e improvisou uma modinha a partir desses dois versos
Talvez este confinamento fosse a oportunidade para redescobrir o Nemésio, que anda tolamente esquecido. Do poeta transcrevo o delicioso exercício em francês (o Vitorino já publicara um livro em francês nos anos trinta) com que abre Limite de Idade: «CUISINE CHINOISE: Les savants se rencontrent dans les mots/ Les pauvres se partagent les os./ Les matelots se sauvent sur les eaux./ Les hommes se cachent leurs grelots/ À fin qu’on ne les prenne pour des sots./ Les poètes se grisent de mots,/ De peur qu’on ne les écorchent:/ Sauvons la peau,/ Porche/ De l’ADN,/ Car notre aubaine/ est le poteau,/ Dernier cri des robots.» , e outro poema « autobiográfico » : «JÚPITER,1901/ Nasci no ano em que se descobriu a Grande Perturbação de Júpiter./ Minha Mãe não deu por nada, meu Pai não era astrónomo, / Mas houve lá em casa uma grande perturbação na água do banho/ Que meu Pai, músico, acompanhava regulando encantado o seu metrónomo./ E, Júpiter, assim mimado, com pai por ele, saiu poeta,/ Com seus doze satélites, quatro deles principais:/ Serafina, Lourdes, Lídia, Isaura,/ A Primeira Grande Perturbação de Júpiter/ No ano em que nasci. / Elas em roda da banheira,/ Meu pai tocando flauta/ (Serpentes? No ninho em mim)/ E um véu de vapor de água, / Difracção de satélites…// Júpiter! Júpiter/ tu és o Toiro de fumo/ que nunca terás Europa.» E despeço-me confessando que no meu delírio, li no primeiro poema: Salvemos a pele/ Porsche/ do ADN, e só à segunda vi que faltava um s na palavra e que, portanto, será: Salvemos a pele/ Alpendre/ Do ADN. Falta-me é o jeito para a viola.
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retrovisor Luís Carmelo
14.5.2020 quinta-feira
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Dão-se explicações
A
ideia de história tem sido concebida nos tempos modernos ao jeito de uma dança entre compulsão e liberdade. É com esta intermitência narrativa em mãos, alheia aos ritmos da natureza, que os humanos descobrem no tempo o seu leque de factos possíveis (tantas vezes apenas fruto do desejo). Colocando ou não na equação alguns imponderáveis (que vão de deus a acidentes de todo o tipo), há geralmente quatro posições que se desenham. Diríamos estar perante um design binário - como o é o do cérebro humano - que, no entanto, se desdobra: por um lado, coloca em cena imprevisibilidades que se explicam e outras que não se explicam; por outro lado, coloca em cena previsibilidades que se explicam e outras que não se poderão, em princípio, explicar. O cérebro é afinal uma dramaturgia que tenta não escapar às lógicas de montagem que lhe garantem o sentido. Comecemos pelas primeiras: as imprevisibilidades. Mesmo as mais trágicas conseguem em geral explicar-se. Um exemplo recente valerá como medida e como (triste) metáfora. O senhor Sergio Míllan vivia com a mulher num apartamento no número 7 da Praça Gracía Lorca, no bairro de Torreforta, em Tarragona. Aos 59 anos, o homem que durante décadas geriu uma frutaria de bairro foi vítimas duma explosão que teve lugar num complexo químico situado a três quilómetros da sua casa. A explosão fez voar pelos ares uma placa de metal com 1,65 metros por 1,20 metros e cerca de uma tonelada. O objecto foi projetado a cerca de três quilómetros, tendo entrado pela janela do terceiro andar do prédio onde Sergio Míllan vivia, levando ao desabamento do tecto do apartamento e à sua morte. Várias testemunhas qualificaram o impacto da placa metálica como o de uma bola em chamas. Das imprevisibilidades explicáveis como esta, geralmente trágicas, passemos às inexplicáveis que acabam amiúde por convocar o risível e não as trevas. Ocorrem-me duas situações. A primeira evoca Georges Bataille que, um dia, estava a subir uma rua íngreme debaixo de um grande temporal com o guarda-chuva virado ao contrário e boa parte das varetas partidas. E ali continuava a tentar subir a rua sem conseguir parar de rir. Gargalhadas seguidas de gargalhadas ainda maiores. Nada as explicava, mas o riso desbragado continuou sem nada que o detivesse. A segunda coloca-me, há alguns meses, a ler uma crónica de Vasco Pulido Valente (que mereceu na altura a reprovação generalizada das moralidades) e que, a dada altura, rezava assim: “Era bom que o planeta ardesse e que a Greta fosse ter a saturno para ver se aprendia de vez a ir para a escola”. Eu li e reli aquelas linhas e fiquei igual a Geor-
Todos os projectos humanos cabem, portanto, dentro das previsibilidades que podem ser ditas, formuladas, explicadas. Todos os textos criados ao longo do tempo estão enraizados neste tipo de projecção. De certo modo, os projectos são como um elástico que move as tentações humanas entre o futuro e o limiar do presente, lugar onde a vida se acende e reacende na busca (também retroactiva) de um horizonte
ges Bataille a calcorrear a rua mais íngreme do mundo: os pés a resvalar nas poças e o corpo todo molhado, irado, insuportável. Mas sempre, sempre, sempre a rir. A rir de maneira perdida e sobretudo inexplicável. As previsibilidades, essas, são desde sempre a casa mais desejada do humano. Sejam as que nos seriam reveladas por outrem, sejam as que a razão achou por bem colocar no mapa desde os alvores do hominídeo (a famosa “thirdness” de C. Sanders Peirce, categoria que nos permite antecipar, prever, prevenir). Todos os projectos humanos cabem, portanto, dentro das previsibilidades que podem ser ditas, formuladas, explicadas. Todos os textos criados ao longo do tempo estão enraizados neste tipo de projecção. De certo modo, os projectos são como um elástico que move as tentações humanas entre o futuro e o limiar do presente, lugar onde a vida se acende e reacende na busca (também retroactiva) de um horizonte. No entanto, é possível discernir nesta panóplia um certo tipo de previsibilidades que não terá uma explicação cabal, ou pelo menos uma explicação ‘última’ (se é que isso realmente existe). Dou dois exemplos que são alegorias, quer isto dizer que através delas se contarão muitos outros e (infindáveis) enredos que fazem do tempo um dispositivo de espelhos paralelos onde as imagens são sempre reversíveis e repercutíveis. O cineasta Abel Gance e o arquitecto Antoni Gaudí rivalizaram - sem darem por isso - na ideia de uma obra que se desenovelaria ao longo de gerações, augurando uma dimensão mais atemporal do que propriamente histórica. O primeiro fê-lo ao conceber um filme sem fim a ser projectado em três ecrãs (o projecto de ‘Napoléon’ iniciou-se em 1921 e teve uma estreia apenas experimental em Veneza no ano de 1981). O segundo fê-lo ao ter planeado a construção de uma igreja, a Sagrada Família de Barcelona (o projecto iniciou-se em 1882 e decorre ainda hoje em dia). Estes arremessos babelianos previram, continuam a prever e a antecipar cenários, mas fazem-no transformando o sentido numa espécie de boomerang. Encaram o futuro como miragem que rebentaria diante fosse de que explicação fosse. Aconteceu com Gaudí e Gance, mas também com um sem número de obras inacabadas, casos do ‘Réquiem’ de Mozart (ainda que completado mais tarde por Franz Süssmayer), do inacabável ‘Livro do Desassossego’ de Pessoa, do ‘Da certeza’ de Ludwig Wittgenstein e até mesmo do inacreditável ‘Finnegans Wake’, esse longo fôlego translinguístico de 700 páginas sobre o qual o autor, James Joyce, terá dito que servia para manter os críticos ocupados, pelo menos, durante trezentos anos. Explicações? No need.
(f)utilidades 17
quinta-feira 14.5.2020
TEMPO
AGUACEIROS
MIN
25
AMÉRICA PRIMEIRO
MAX
30
HUM
7 5 - 9 8 % ´•
O continente americano ultrapassou esta terça-feira a Europa no número de infectados com a covid-19 ao registar cerca de 1,74 milhões de casos, tornando-se no novo foco mundial da pandemia. A Organização Mundial da Saúde
EURO
8.68
BAHT
(OMS) alertou que a América regista agora 1,74 milhões de casos confirmados de coronavírus e superou a Europa, que totalizava 1,73 milhões nas últimas horas e era, desde meados de Fevereiro, o ‘epicentro’ da pandemia.
0.24
YUAN
1.12
VIDA DE CÃO
UMA QUESTÃO DE CARNE Não raras vezes o tema da carne (normalmente a de porco) tem vindo a lume nas mais inusitadas situações. Assim de repente, como se não houvesse mais nada para trincar, lembro-me por exemplo de ouvir o Chefe do Executivo a dissertar pormenorizadamente, por ocasião da apresentação das LAG, acerca do flagelo que é constatar a forma como o actual tamanho dos suínos (cada vez mais diminuto) tem contribuído para agravar o preço de venda da sua carne em Macau. No dia seguinte, o tema voltou a ser abordado em debate no plenário, uma vez mais para argumentar sobre os incontornáveis efeitos do preço da carne suína. No entanto, aparentemente, a carne pode ter poderes que a própria carne desconhece, tendo sido inclusivamente usada como arma de arremesso na guerra de palavras que tem resultado da procura de responsabilizar a China pela origem do surto da covid-19. Isto porque na terça-feira, conta o South China Morning Post, em resposta ao apoio demonstrado pela Austrália para com uma investigação internacional acerca das origens da pandemia, a China decidiu banir a importação de carne bovina de quatro das principais fábricas transformadoras de carne do país, situadas em Queensland e Nova Gales do Sul. Segundo analistas citados pelo Post, na base da decisão pode estar a necessidade de “abrir espaço” para o aumentar as importações de carne oriunda dos EUA, de forma a cumprir a primeira fase do acordo comercial entre os dois países. Pelos vistos, parece que a carne tem um inesperado papel a cumprir nos dias que correm. A sorte é que para este problema há sempre alternativa. Pedro Arede
S U D O K U 56
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3 5 8 9 1 7 6 4 3 2 9
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Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 16.45, 21.30
TROLLS WORLD TOUR [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Walt Dohrn 14.30, 16.30, 19.00
SALA 3
A GOOD DOCTOR [B] Um filme de: Tristan Seguela Com: Michel Blanc, Hakim Jemili 19.30
A GOOD DOCTOR [B] Um filme de: Tristan Seguela Com: Michel Blanc, Hakim Jemili 21.15
EMMA [B] Um filme de: Autumn de Wilde Com: Anya Taylor-Joy, Bill Nighy, Johnny Flynn, Callum Turner 15.00, 18.30, 21.00
FANTASY ISLAND [C] Um filme de: Jeff Wadlow Com: Michael Peña, Maggie Q,
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UMA SÉRIE HOJE
PARAÍSO FILMES | CARLOS BARRETO E DIAMANTINO FERREIRA (2001)
Ainda hoje é fácil rir-me sozinho quando penso no episódio em que o produtor Belchior Baptista (José Pedro Gomes) e o realizador Túlio Gonzaga (António Feio) tentam recriar “Jaws” numa praia da margem sul do Tejo recorrendo a salmonetes e a uma gravação sonora para lá de farsola da palavra “sardinha” que teve de ser introduzida para adaptar a obra quando o orçamento de produção é encurtado. Paraíso Filmes é uma produtora sediada na Trafaria, parca em recursos e empenhada em recriar grandes clássicos do cinema americano, onde não raras vezes se recorre à imaginação para contornar a falta de meios. Os Salteadores da Arca Frigorífica, Ti’Anica e Merd Max são alguns dos êxitos recriados nesta sitcom portuguesa de 26 episódios. Pedro Arede
9 1 5 8 4 3 4 7 9 2 2 5 3 1 6 6 7 8 2 5EMMA 5 8 1 6 3 1 3 Fábrica 9 de4Notícias, 7 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 8 Lobo 6 Pinheiro; 2 7 Gonçalo Gonçalo9M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; 4Romão; 9 Jorge6Rodrigues 5 Simão; 1 Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje João Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 7 Calçada 2 4deSanto3Agostinho, 8 n.º19,CentroComercialNamYue,6.ºandarA,Macau Telefone28752401Fax28752405e-mailinfo@hojemacau.com.moSítiowww.hojemacau.com.mo Morada
18 opinião
A
TRAVÉS dos tempos, as condições meteorológicas sempre foram determinantes no desenrolar de acontecimentos na história da humanidade. Nós, que vivemos neste imenso “oceano” gasoso que envolve o planeta Terra, somos forçosamente influenciados no nosso dia-a-dia pela variação dos vários parâmetros meteorológicos: temperatura, pressão, humidade, vento, visibilidade, nebulosidade, precipitação, etc. As alterações do estado da atmosfera, causadas pelo aquecimento diferenciado a que a Terra está sujeita pela radiação solar e pelo seu próprio movimento em relação ao Sol, refletem-se forçosamente no comportamento da humanidade através da sua história. Fazendo uma retrospetiva de acontecimentos históricos, poder-se-ão mencionar alguns em que o fator tempo foi de importância primordial.
14.5.2020 quinta-feira
Como o tempo coberta por nuvens, impediu que fosse o alvo. Caprichos do tempo que, poupando a vida aos habitantes de Kokura e Niigata, fizeram com que as cidades bombardeadas fossem Hiroshima e Nagasaki. Estima-se que as vítimas mortais foram na ordem de centenas de milhares, logo após os bombardeamentos e nos anos seguintes, devido às elevadas doses de radiação sofridas.
Hiroshima pós o bombardeamento
BOMBARDEAMENTO DE HIROSHIMA E NAGASAKI (1945)
Um exemplo de que o estado do tempo foi decisivo em operações de guerra, foi o facto de Hiroshima ter sido a primeira cidade a ser escolhida para alvo de uma bomba atómica. Antes da descolagem do avião que transportava a bomba, o “Enola Gay”, três outros aviões levantaram voo com o intuito de se verificarem quais as condições meteorológicas sobre os possíveis alvos: Hiroshima, Kokura, Nagasaki e Niigata, cidades que até então tinham sido praticamente poupadas a bombardeamentos. Se Hiroshima estivesse coberta por nuvens não teria sido, certamente, o alvo. Acontece, porém, que no dia 6 de agosto de 1945 o céu estava com pouca nebulosidade sobre a cidade. Assim, por uma mera questão meteorológica, Kokura e Niigata foram poupadas ao rebentamento do "Little boy", como ironicamente fora apelidada a bomba. Alguns dias mais tarde, a 9 de agosto, Nagasaki estava com o céu pouco nublado, o que fez com que fosse o alvo ideal para o “Fat man”, muito mais potente do que a “Little boy”. Apesar da potência ser superior à bomba de Hiroshima, os estragos não foram tão generalizados, devendo-se ao facto de Nagasaki ser uma cidade mais acidentada em termos de relevo. Kokura era a cidade preferencial para ser bombardeada, devido às suas fábricas de munições, mas o facto de nesse dia estar
Hiroshima na atualidade
DESEMBARQUE NA NORMANDIA – DIA D (1944)
O estado do tempo também foi decisivo para o sucesso do desembarque das tropas aliadas na Normandia, durante a operação “Overlord”, na segunda guerra mundial. As condições meteorológicas no Atlântico Norte, nos dias 4 e 5 de junho de 1944, eram caracterizadas por um sistema frontal associado a três depressões que se deslocavam de oeste para leste, o que causava mar revolto no Canal da Mancha. Apesar disso, na manhã do dia 5 de junho o céu estava limpo no Canal, o que levou o Comandante Supremo da Força Expedicionária Aliada, o general americano Dwight Eisenhower, a considerar estarem reunidas as condições para a invasão da Normandia. No entanto, a equipa britânica de meteorologistas, chefiada pelo capitão escocês Ja-
mes Martin Stagg, previu que o tempo nesse dia se iria agravar rapidamente, o que poderia comprometer o sucesso do desembarque. Os seus conhecimentos profundos de meteorologia e os dados resultantes de observações meteorológicas em altitude, levaram-no à conclusão que a corrente de jato polar exerceria a sua influência sobre o sistema frontal, o que se traduziria numa melhoria temporária do tempo durante o dia 6. Apesar da renitência de alguns oficiais do Estado-Maior e da equipa de meteorologistas americanos, a determinação de Stagg convenceu o General Eisenhower ao adiamento da operação para o dia 6. Os alemães não previram esta melhoria, pelo que consideraram que os aliados não se arriscariam a desembarcar, o que os levou a descurar a situação de prontidão das suas forças. Na realidade, na manhã do dia 6 o tempo ainda estava tempestuoso, mas melhorou depois do meio dia, como previra Stagg, e tudo se passou a conjugar para que esta fosse a data ideal para o desembarque, na medida em que, além da melhoria do tempo e a diminuição da agitação marítima, também havia lua cheia e maré baixa, o que permitiria visualizar os locais propícios à aterragem dos planadores que transportariam paraquedistas, e identificar os obstáculos subaquáticos colocados nas praias. Análises meteorológicas feitas a posteriori mostraram que o dia 6 foi provavelmente o único dia do mês de junho de 1944 em que havia condições para essa operação. A peça de teatro “Pressure”, de autoria de David Haig, que também desempenhou o papel de Stagg, retrata bem a tensão vivida antes da decisão sobre a data do desembarque.
O ator David Haig no papel de Stagg (à direita) na peça teatral “Pressure”
INVASÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA PELAS TROPAS NAZIS (1941)
Tem sido frequente a utilização de termos meteorológicos para apelidar estra-
Um exemplo de que o estado do tempo foi decisivo em operações de guerra, foi o facto de Hiroshima ter sido a primeira cidade a ser escolhida para alvo de uma bomba atómica. (...) Se Hiroshima estivesse coberta por nuvens não teria sido, certamente, o alvo. Acontece, porém, que no dia 6 de agosto de 1945 o céu estava com pouca nebulosidade sobre a cidade. Assim, por uma mera questão meteorológica, Kokura e Niigata foram poupadas ao rebentamento do “Little boy”, como ironicamente fora apelidada a bomba
Soldados alemães presos por forças soviéticas (Stalinegrado-1943)
tégias e operações de guerra. Foi o caso da ofensiva “Tufão”, assim designada a estratégia de conquista de Moscovo durante a invasão da União Soviética pelas tropas nazis (operação Barbarossa). Se Hitler fosse um bom conhecedor da história da humanidade ou se tivesse alguns conhecimentos sobre o clima da União Soviética, certamente não cometeria o erro de a invadir, no inverno de 1941. A União Soviética adotou a tática da “terra queimada”, tal como os russos fizeram aquando das invasões francesa e sueca, respetivamente em 1812 e 1708-1709. Esta tática consistia em retirar e destruir tudo o que pudesse ser útil ao invasor, como culturas, meios de produção alimentares, gado, etc., de maneira que as tropas inimigas, durante o avanço e a retirada não possuíssem meios de subsistência. De nada serviram aos alemães os 3,6 milhões de soldados, 3.600 tanques e 2.700 aviões que compunham as forças invasoras, perante a tática defensiva adotada, a forte resistência dos soviéticos e o rigoroso inverno.
REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)
O fator tempo também contribuiu para o despoletar da revolução francesa. No final do reinado de Luis XVI, em 1789, França sofria grave crise por causas de ordem política, cultural, económica e social. O país encontrava-se com as finanças depauperadas, devido em parte ao apoio que a França dava à Guerra Revolucionária Americana. A situação foi agravada por uma forte seca, em 1788, a qual foi abruptamente interrompida por intensas quedas de granizo e saraiva, que quase destruí-
opinião 19
quinta-feira 14.5.2020
a propósito de
OLAVO RASQUINHO*
mudou a história Carlos XII na batalha de Narva, durante uma forte tempestade de neve.
DERROTA DA RÚSSIA NA BATALHA DE NARVA (1700)
ram a totalidade das culturas restantes. Para agravar a situação, o inverno de 1788/1789 foi extremamente frio, fazendo com que houvesse forte aglomeração de neve e gelo que, ao fundirem, provocaram fortes enxurradas e inundações na primavera seguinte, causando a destruição de bens e a morte de gado. A esta adversidade adveio um surto de peste, o que contribuiu para dizimar muitos dos animais que se haviam salvado. Como consequência, a fome grassou entre os camponeses, o que levou a que os meios de transporte de mercadorias fossem frequentemente assaltados. Devido à escassez de alimentos e aos assaltos, o caos instalou-se também nas cidades . O verão de 1789 voltou a ser muito seco, o que contribuiu para agravar a situação. O culminar da revolta deu-se a 14 de julho de 1789, dia em que ocorreu o acontecimento mais significativo da revolução francesa, a Tomada da Bastilha. As condições meteorológicas pareciam conspirar contra a realeza.
A Grande Guerra do Norte (1700-1721) teve início quando tropas da Rússia e de países aliados invadiram, em novembro de 1700, o território sob a administração sueca. A fim de o recuperar, Carlos XII da Suécia atacou a cidade de Narva (atualmente pertencente à Estónia), ocupada pelos russos, tendo obtido estrondosa vitória, apesar de o número dos atacantes ser cerca de quatro vezes inferior. A vitória deveu-se ao aproveitamento, por parte dos suecos, do fator tempo. A batalha ocorreu durante uma forte tempestade de neve que atingiu ambas as forças antagónicas, impedindo temporariamente o confronto. A certa altura houve mudança na direção do vento, o que fez com que a neve fustigasse as tropas russas, reduzindo grandemente a visibilidade, colocando-as em desvantagem em relação ao inimigo.
DERROTA DA ARMADA INVENCÍVEL (1588)
O tempo também foi determinante na derrota da Armada Invencível, que havia partido de Lisboa em maio de 1588, acontecimento que teve profundas implicações na história de Europa. A armada, que era constituída por 130 navios, cerca de 30.000 soldados e marinheiros, foi utlizada por Filipe II de Espanha (Filipe I de
Interpretação artística das tentativas de invasão do Japão pelas forças mongóis
Portugal) para atacar a Inglaterra, com o intuito de destituir Isabel I. Como Portugal estava sob o domínio espanhol, cerca de um quarto dos navios eram portugueses. Os ingleses confrontaram a Armada no Canal da Mancha, infligindo-lhe pesada derrota, frustrando a invasão e obrigando os navios a regressarem pelo caminho mais longo, contornando as Ilhas Britânicas. A oeste destas ilhas grande parte dos restantes navios naufragaram devido a condições
meteorológicas altamente desfavoráveis à navegação.
TENTATIVAS DE INVASÃO DO JAPÃO PELOS MONGÓIS (1274 E 1281)
O Japão localiza-se numa região do globo que é anualmente fustigada por tufões. Não é, portanto, de estranhar que estes fenómenos meteorológicos tenham contribuído para influenciar importantes acontecimentos históricos neste país. Foi o que aconteceu durante as invasões mongóis de 1274 e 1281. Após a submissão do reino coreano de Goryeo, as ideias expansionistas de Kublai Khan (neto de Genghis Khan) estiveram na base de duas tentativas de invasão do Japão pelas forças mongóis. No entanto, as investidas foram goradas não só pela resistência dos japoneses, mas também pela ocorrência de tufões aquando das invasões. Por esta razão os japoneses passaram a designar tufão por “kamikaze”, que significa “vento divino” em japonês.
OUTROS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS
Muitos outros acontecimentos históricos foram influenciados pelas condições meteorológicas. Um levantamento mais minucioso levar-nos-ia aos tempos bíblicos e tentar perceber o mito do dilúvio. Embora não haja nenhuma prova científica da ocorrência de um dilúvio à escala global, muito provavelmente terão ocorrido fortes precipitações e, consequentemente, inundações em vastas áreas, que tenham inspirado os autores de documentos sagrados de diferentes religiões, tais como a Bíblia, o Corão e outros. Mas, por enquanto, não entremos nesta área…
INVASÃO DA RÚSSIA POR TROPAS SUECAS (1708/1709)
O “general inverno” também foi aliado da Rússia quando tropas invasoras, comandadas por Carlos XII da Suécia, avançaram pelo país em pleno inverno 1708-1709, durante a Grande Guerra do Norte. Os invasores depararam-se com grandes dificuldades devido à resistência russa e à tática da terra queimada e, claro, ao inverno rigoroso. Mas o tempo e o clima nem sempre foram aliados dos russos. Cerca de 8 anos antes as tropas russas do czar Pedro I (Pedro, o Grande), foram derrotadas pelas forças de
*Meteorologista. O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
Rota da Armada Invencível
Um saber múltiplo não ensina a sabedoria. Heráclito
Fórum Macau Relações China-países lusófonos vivem período de incerteza
Um responsável do Fórum de Macau indicado por Pequim disse ontem que as relações entre a China e os países lusófonos vivem um período de incerteza devido à crise provocada pela covid-19, após um ano histórico de cooperação económica e comercial. A resolução desta incerteza terá de passar por “incentivar e promover intercâmbios e a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa durante o período epidémico e o período pós-epidémico”, afirmou segundo a Lusa, Ding Tian, secretário-geral adjunto do Secretariado Permanente do Fórum de Macau. As declarações tiveram lugar durante o Lançamento do Relatório de Evolução da Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (2018 - 2019), publicado pela primeira vez em versão bilingue. No relatório apresentado, segundo o comunicado, “a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa alcançou um rápido crescimento” e um resultado histórico em 2019, com o valor das importações e exportações de ambas as partes a fixar-se em 149,639 mil milhões de dólares americanos. PUB
PALAVRA DO DIA
Atrás da porta A Rússia e China boicotam reunião da ONU sobre armas químicas na Síria
Federação Russa e a China boicotaram na terça-feira uma videoconferência à porta fechada do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), com Moscovo a considerar “inaceitável” que não fosse pública. “ARússia e a China têm as janelas vazias” no ecrã, confirmou à AFP um membro do Conselho de Segurança, sob anonimato. Durante uma conferência de imprensa virtual, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, indicou que o seu país tinha apenas um pedido: “Que as discussões se fizessem de forma aberta”. Contudo, acrescentou: “Infelizmente, os nossos parceiros ocidentais, e os seus aliados, insistiram em uma reunião à porta fechada, apesar dos seus ‘slogans’de abertura e transparência no Conselho de Segurança”,
Vassily Nebenzia embaixador russo na ONU “Infelizmente, os nossos parceiros ocidentais, e os seus aliados, insistiram em uma reunião à porta fechada, apesar dos seus ‘slogans’ de abertura e transparência no Conselho de Segurança.”
quinta-feira 14.5.2020
prosseguiu o diplomata russo. “Tal abordagem é inaceitável para nós, porque altera as prerrogativas dos Estados partes da Convenção sobre as armas químicas”, indicou, para justificar a cadeira vazia. Para esta reunião mensal, que sempre se tem desenrolado à porta fechada, era esperado que os membros do Conselho de Segurança ouvissem as exposições da alta representante da ONU para os assuntos do desarmamento, Izumi Nakamitsu, e do chefe da Organização para a Interdição das Armas Químicas (OIAC), Fernando Arias. Também era aguardada a audição do coordenador da missão de investigação criada pela OIAC em junho de 2018, Santiago Onate, cujo primeiro relatório, no início de Abril, criticou Damasco pelos ataques químicos feitos em 2017. Segundo os russos, principal apoio do regime sírio, Damasco parou o seu programa de armas químicas, eliminou todos os ‘stocks’ destas armas e destruiu as suas capacidades de produção. Damasco já negou ter tido qualquer responsabilidade nos ataques de 2017.