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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
hojemacau MOP$10
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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 14 DE JUNHO DE 2011 • ANO X • Nº 2388
TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 26 MAX 31 HUMIDADE 60-95% • CÂMBIOS EURO 11.6 BAHT 0.3 YUAN 1.2
Má aplicação financeira do erário público resulta em prejuízos de cerca de 700 milhões de patacas
Quem quer dinheiro?
Numa altura em que se discute a proposta de lei para a criação do “Regime de Reserva Financeira”, as aplicações da RAEM dão prejuízos avultados. Uma análise exaustiva aos relatórios e contas desde 2000 revela que, perante depósitos fixos cada vez maiores, o resultado das aplicações financeiras é cada vez menor. Os valores de prejuízo roçam quase o obsceno. Apesar de, ano após ano, os lucros da RAEM baterem recordes há ainda quem não saiba potenciar esses lucros. > PÁGINA 4
Guerra entre Executivo e Orieta Lau ainda não acabou Apesar de o Chefe do Executivo ter visto o Tribunal de Última Instância (TUI) dar razão à Orieta Lau, antiga directora das Finanças, no “caso das senhas”, a guerra ainda está para durar. Basta a Administração rever a pena que aplicou à técnica, reduzindo-a, para que se inicie mais uma ronda de recursos. Orieta, no entanto, não ficou ilibada das infracções que cometeu na Comissão de de Avaliação de Veículos Motorizados (CAVM). > Página 3
Menores de vinte e um anos
DEBATE AZEDO, MAS PROPOSTA APROVADA PARA AVANÇAR
21 • PÁGINA 5
Concurso de internato
MÉDICOS COM NEURÓNIOS A TRABALHAR • PÁGINA 6
Wang Guangya
PROTESTOS EM HONG KONG NO AQUECIMENTO PARA MACAU • ÚLTIMA
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ACTUAL CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DO FMI FAZEM PEREGRINAÇÃO A PEQUIM
Maria João Belchior info@hojemacau.com.mo
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EPOIS da visita de Christine Lagarde a Pequim como parte da campanha para o lugar de presidente do FMI, esta semana a capital recebe Agustín Carstens, o outro candidato ao antigo lugar de Dominique Strauss- Khan. O economista mexicano, que foi governador do Banco do México, vai estar em Pequim para encontros oficiais com o governador do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, e com o ministro das Finanças, Xie Xuren. Parte do périplo pela Ásia do candidato mexicano, a visita à China acontece uma semana depois da visita de Lagarde. Na visita à Índia, Agustín Carstens disse que se chegar à presidência do FMI quer procurar uma maior voz para países como a Índia, o Brasil e a China. Os países do grupo dos BRICS têm
Um eco que se faz ouvir sido uma constante do discurso dos dois candidatos. Lagarde defendeu também que África tem que ser um actor mais importante nas decisões da organização monetária internacional. Apesar de Carstens usar a bandeira das economias emergentes, a visita de Lagarde a Pequim recebeu um grande apoio chinês. Para o economista mexicano, que já trabalhou no FMI, ainda nada está decidido e o encontro com as autoridades chinesas vai ser igualmente importante. A seu favor Cartens tem um doutoramento em Economia e uma experiência prévia na instituição a cuja presidência agora se candidata. Os dois procuram a maior relevância possível
às economias emergentes e ambas as campanhas começaram por países em desenvolvimento. A China, como
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Aviso [N.º 657/2011] Desocupação e demolição de barraca Local: Barraca de Estrada de Nossa Senhora de KÁ HÓ de Coloane, n.º 22-03 -01-007-001 (assinalado no quadro anexo) Vimos por esta via notificar o utilizador Ng Chi Man, da barraca acima mencionada, e os seus elementos familiares e outras pessoas que, visto que a respectiva barraca se situa numa área da rede viária para melhoramento, de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º e do artigo 24.º do Decretolei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro, e nos termos do despacho do Presidente do Instituto de Habitação, exarado na Inf. n.º 0424/DAHP/DFH/2011, de 13 de Junho de 2011, o utilizador da barraca acima mencionada deve desocupá-la no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente aviso. Se não desocupar a referida barraca no prazo acima indicado, as acções de desocupação e demolição serão efectuadas, coercivamente, pela entidade competente. Os indivíduos acima mencionados podem apresentar reclamação ao Presidente do Instituto de Habitação, no prazo de 15 dias, a contar da data de publicação do presente aviso, não tendo a reclamação o efeito suspensivo, nos termos dos artigos 148.º, 149.º e do n.º 2 do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro. Os indivíduos acima mencionados podem interpor recurso contencioso no Tribunal Administrativo, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente aviso, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro. O Presidente, Tam Kuong Man 13 de Junho de 2011
segunda maior economia do mundo, vai ser um actor fundamental na relação com o próximo presidente.
Em 2008, começou a reforma do FMI na qual se estabeleceu um aumento na participação de economias
emergentes no sistema de quotas. A China, Turquia, México e Coreia do Sul foram alguns dos países a primeiro beneficiar da mudança. O sistema é revisto a cada cinco anos e ajuda a definir o poder de voto dos países membros. Christine Lagarde disse que, sendo eleita, pretende aumentar o poder de voto da China de 3,65 para 6,4% e que vai contribuir para a internacionalização do yuan. Esta semana Cartens vai ser recebido com a mesma atenção que foi dada à ministra francesa e só no fim da visita fará declarações à imprensa. A China foi um dos fundadores iniciais do FMI no ano de 1945, mas só em 1980 é que a República Popular assumiu a responsabilidade das relações com a organização monetária. Actualmente o FMI tem 187 membros. As eleições para o lugar de presidente acontecem no próximo dia 30 de Junho.
Uma coisa parece ser certa: temos de aprender a usar bem os aspiradores, não pode ser de qualquer maneira. Longe vai, felizmente, o tempo em que era tudo à vassourada. Agora até existem uns aspiradores redondinhos, que se desviam de obstáculos sem a gente lhes tocar; e trabalham sozinhos. Para além da aspiração, devem ter cá uma inspiração... Helder Fernando, P.15
O Chefe do Executivo perdeu mais uma batalha contra Orieta Lau, ex-directora das Finanças, no Tribunal de Última Instância. No entanto, o processo pode estar para durar. Basta o Governo reformular a sua decisão contra a técnica – a suspensão de 90 dias das funções – para começar mais uma ronda de recursos Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
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PENAS ontem ao fim do dia o Tribunal de Última Instância (TUI) divulgou o acórdão que julgou improcedente um recurso por parte do Chefe do Executivo contra Orieta Lau, antiga directora das Finanças, naquele que ficou conhecido como o “caso das senhas”. Como o Hoje Macau já havia avançado na sua edição de ontem, a decisão foi tomada na sexta-feira e, assim como a Segunda Instância, o TUI deu razão à técnica. No entanto, como fica claro na decisão judicial, o Governo pode ter perdido a batalha, mas não a guerra. O colectivo de juízes do TUI precisou de 158 páginas para expressar os argumentos da sua decisão e, em nenhum momento, ilibou Orieta Lau das infracções a que ia acusada (ver caixa). “Em resultado da instrução, e tendo presente a prova nela produzida, é de concluir que efectivamente a arguida praticou os factos constantes da acusação agindo, no mínimo, com negligência, ao permitir a elaboração de mais do que uma acta por dia de reunião, com a consequente duplicação de pagamento de retribuições a si própria e aos restantes membros da CAVM (...)”, lê-se no acórdão. Se a ex-directora das Finanças é considerada culpada, porque é então que o Governo viu o seu recurso estagnado? Devido ao princípio da proibição da dupla valoração. O Executivo argumenta que a divulgação do caso na praça pública prejudicou a imagem da
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Finanças | Orieta Lau ainda não pode respirar de alívio
Caso sem fim à vista
realizar. Ainda assim, o Executivo “decidiu atenuar especialmente a pena (...), aplicando pena de escalão inferior, tendo punido a arguida com a pena de suspensão de funções”. Neste tópico, o Governo errou. Nos recursos que apresentou, a defesa do Executivo afirmou que as infracções pelas quais a arguida foi punida não foram as do artigo 315.º do ETAPM, mas uma das do artigo 314.º - onde se tipificam infracções a que cabe a pena de suspensão -, pelo que o tribunal considera que se está a sustentar
Administração Pública e o castigo de 90 dias de suspensão já levava em conta esse factor. No entanto, os juízes consideram que “a produção efectiva de resultados prejudiciais ao serviço público já faz parte do tipo de ilícito disciplinar”, ou seja, aquilo que Orieta Lau fez previa por si só uma punição agravada. “Logo, verificou-se dupla valoração da mesma circunstância, o que, por si só, constitui fundamento para anulação do acto administrativo”, escreve o colectivo do TUI.
DEMISSÃO
Provado está que a técnica actuou de forma negligente, embora os factos apurados apontariam para a existência de dolo. A agravante de mancha na reputação da Administração “não sucedia”. Orieta Lau poderia ter tido uma punição mais severa, como determina o artigo 315.º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau (ETAPM). No caso das infracções cometidas, a técnica poderia ter tido a pena de aposentação compulsiva ou de demissão, por ter lesado os interesses patrimoniais que lhe cabia administrar, fiscalizar, defender ou
Acusações contra Orieta 1 Permitir a elaboração de mais
de uma acta por dia de reunião da Comissão de Avaliação de Veículos Motorizados (CAVM), com a consequente multiplicação de abonos de retribuições a si própria, no período de 17 de Maio de 2007 a 31 de Dezembro de 2008
2 Permitir a participação simultânea dos membros efectivos e suplentes da CAVM em determinadas reuniões, daí tendo resultado o pagamento de avultadas quantias relativas a retribuições não devidas 3 Prejuízo ao erário público devido ao facto de ter ultrapassado o limite remuneratório anual estabelecido, bem como ter consentido que isso tivesse acontecido em relação a um subordinado
Quanto recebeu Orieta enquanto directora* 2007
1.213.776,40 patacas (101.148/mês)
2008
1.295.563,40 patacas (+81.787 patacas) (107.964/mês)
* Sem contabilizar as senhas de presença, prémio de antiguidade, ajudas de custo e de embarque, livros, encargos de transportes e subsídio de família
“uma tese sem nenhum apoio no sistema jurídico”. O TUI ressalva que não lhe cabe decidir, com o recurso que tinha em mãos, “se a pena aplicada é adequada”, já que estaria a exercer poderes que não lhe pertencem. O que decidiu, no entanto, foi a manutenção da decisão antes proferida pela Segunda Instância de que o acto administrativo por parte do Executivo não é válido.
FUTURO
Apesar da decisão do TUI representar um duro golpe para o Chefe do Executivo, o processo não deve ficar por aqui. A Administração poderá agora rever a sua punição contra Orieta Lau e aplicar-lhe uma nova sanção, já que o acto anterior caiu por terra. Com a aplicação de um novo castigo – que deverá ser agora inferior aos 90 dias de suspensão -, fica a porta aberta para mais uma ronda de recursos de parte a parte. A ampulheta começará então a contar o tempo a partir da estaca zero.
LICENÇAS DOS CASINOS COMEÇAM A EXPIRAR EM 2020
E depois do adeus? A
CREDITE-SE ou não, as licenças detidas pelas concessionárias de jogo em Macau SJM Holdings e MGM China têm prazo de validade. Expiram em 2020. E dois anos depois será a vez da Wynn Resorts, Melco Crown Entertainment, Galaxy Entertainment Group e Sands China. Apesar de o negócio estar a viver um autêntico boom, com uma série de resorts em carteira, os milhões que hoje se investem podem tornar-se o pesadelo dos seus proprietários amanhã, escrevia ontem o “South China Morning Post”. Das duas, quatro: ou as seis licenças são renovadas, ou o Governo exerce seu direito e assume a propriedade dos bens dos casinos, aumentam-se os impostos e taxas sobre as operadoras ou novos licitantes são autorizados a entrar no mercado. Na conferência sobre o jogo G2E Asia 201, na semana passada, Jorge Godinho, professor de Direito na Universidade de Macau, disse: “a resposta a curto prazo é que não sabemos”. O diário refere que as implicações desta data de validade são enormes para Macau, recordando que a indústria do jogo é o maior empregador da cidade e os impostos directos sobre a actividade representaram 82% de todas as receitas do Governo no ano passado. A lei de 2001 que acabou com o monopólio do jogo de Macau e as seis concessões que foram concedidas estipularam que as licenças são propriedade
do Governo, que mantém vastos poderes sobre os licenciados e os seus activos relativos ao jogo no território. Apesar dos impostos elevados, os lucros estão em rota ascendente e por isso alguns analistas apontam para que a Administração use a desculpa das licenças para aumentar a cobrança. Gary Pinge, analista da Macquarie Secutirties, defendeu que isso não irá acontecer a curto prazo porque “o Governo da RAEM ainda está a ver como vai lidar com o assunto”. Já Nelson Rose garante que “todos os governos são gananciosos” e por isso, na óptica do consultor jurídico para a indústria do jogo, é quase certo que o Governo imponha uma taxa de renovação de licença e aumente de impostos. A questão da renovação da licença também pode ter um impacto sobre os novos projectos criados antes do prazo de 2020-22, como as parcelas de terrenos vazios da Sands e da Galaxy no Cotai e as que a Wynn, MGM e SJM estão à espera de obter. A banca duvida da viabilidade do financiamento. As empresas que gerem os casinos estão confiantes. “Seria um grande erro deixar a ansiedade de 2020 tornar-se um factor decisivo”, disse Steve Wynn no mês passado. O empresário garantiu que se houvesse alguma hipótese de tudo acabar em 2020 ou 2022 o Governo não teria permitido a construção de mais edifícios.
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UMA altura em que se discute a proposta de lei do Regime de Reserva Financeira, o Hoje Macau foi auditar as contas do Executivo. Saldo muito positivo, no entanto descobrimos que perante depósitos fixos cada vez maiores o resultado das aplicações financeiras são cada vez menores. Urge questionar. Andará o dinheiro da RAEM a ser bem aplicado? Aparentemente, não. De acordo com os relatórios e contas dos sucessivos exercícios, desde a transferência da soberania o saldo entre prejuízos e lucros realizados em vendas é muito negativo. Para se ter uma ideia este balanço só é positivo em 2004 e 2009, sendo que não chega para contrabalançar o resultado final de cerca de 700 milhões de patacas de prejuízo em aplicações financeiras. Especialistas da área económica ouvidos pelo Hoje Macau, confrontados com os relatórios da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), defendem que a gestão da entidade tem sido “um autêntico desastre”, mesmo quando os fundos discricionários se têm revelado positivos. “Ao estudar estes resultados estamos perante dois cenários: tentativa de especulação ou aposta em demasia numa moeda que caiu”, apontou um dos especialistas. Outro analista revelou que o Executivo da RAEM “não tem sabido potenciar os seus lucros” ao que não estará totalmente alheado o facto de “as taxas de juro estarem extremamente baixas quando o peso dos recursos sobe cada vez mais”. Apesar destas justificações, os analistas não compreendem tamanha desfaçatez face ao cenário global de crise económica, principalmente nestes últimos dez anos. “Correram riscos desnecessários. A economia é feita de regras. Quando se compra moeda vende-se ao mesmo tempo. Não há risco nem especulação. Por isso mais difícil se torna arranjar uma justificação para esta situação”, explicou um dos analistas. Para se ter uma noção, o exercício de 2008 divulgado, como habitualmente, pela AMCM em Boletim Oficial mostra um prejuízo de cerca de 600 milhões de patacas em vendas e quase 400 milhões de saldo negativo em reavaliações. Aliás, a apreciação dos resultados desse ano, apesar dos lucros a outros níveis, mostraram-se desastrosos
POLÍTICA Executivo da RAEM perde milhões com operações mal feitas
Aplicações frustradas
Os deputados discutem a nova proposta de lei do Regime de Reserva Financeira como forma de dar destino às cerca de 100 mil milhões de patacas em saldos acumulados. No entanto, a gestão das aplicações financeiras da RAEM parecem não estar a ser bem feitas. No deve e no haver, Macau já perdeu cerca de 700 milhões de patacas por apostar no cavalo errado. Em contraponto, os depósitos fixos mantêm-se em alta. Especialistas consideram política financeira “desastrosa” principalmente ao nível da gestão dos activos.
2010, UM ANO IGUAL A OUTROS
O último relatório emitido pelo AMCM referente às contas de 2010 também não mostrou bons resulta-
dos. Comparando com 2009, um ano considerado razoável em todos os patamares, os rendimentos líquidos do investimento das reservas cambiais totalizaram 1,7 mil milhões patacas em 2010, uma queda de 39,2% em relação ao ano anterior.
Porque os resultados operacionais diminuíram 45,2% em 2010, a dotação para provisões foi reduzida em 92,3% para apenas 84 milhões de patacas. De acordo com as explicações da AMCM, apresentadas neste último relatório, “entre
Noção de rácio resultados/activos (em milhões de patacas)
1999 2002 2007 2008 2009 2010
Activo Total
24,131.6 40,716.4 120,311.9 140,992.5 160,379.7 204,508.2
Resultado do Exercício 127 402.7 2,654.3 1,829.7 2,065.4 2,365 Rácio resultados/activos 0.53% 0.99% 2.21% 1.30% 1.29% 1.16%
as incertezas e instabilidades no mercado financeiro internacional, a constituição de um nível razoável de reservas serve para fazer face a potenciais perdas financeiras resultantes das perturbações imprevistas no mercado” e esta pode ser a grande explicação para a criação do tão falado Regime de Reserva Financeira. Seja como for, a AMCM não explica nos seus relatórios o porquê de uma aposta falhada nas aplicações financeiras externas onde teve sempre um alto prejuízo. O ano passado, de acordo com os especialistas ouvidos pelo Hoje Macau, foi considerado como de “desastre cambial”, durante o qual as vendas tiveram um resultado negativo de 86.232.779,73 patacas. “Conclui-se que, durante dez anos, as aplicações têm sido um desastre porque o balanço global é muito negativo”, referiu um analista. “Em 2010 registou-se também uma diminuição geral das taxas do mercado monetário, dos níveis já bastante reduzidos registados em 2009, resultando numa queda ainda maior nas receitas de juros da carteira líquida das reservas cambiais”, pode ler-se no relatório e contas de 2010, divulgado no mês passado em Boletim Oficial. A AMCM aponta ainda que, no que se refere à situação cambial, registou-se um retorno mais baixo comparado com 2009 devido ao ligeiro fortalecimento do dólar norte-americano e lembra que “as taxas de juro mantiveram-se a níveis historicamente baixos em todos os mercados durante o ano”. Em relação ao passivo das contas públicas, a AMCM revelou que, no final de 2010, “os depósitos do sector público detidos pela AMCM aumentaram substancialmente 42,5%, passando para 142,7 mil milhões de patacas”, tornando-se a principal componente do passivo da entidade pública que supervisiona os cofres do território.
GOVERNO CRIA COMISSÃO PARA O SECTOR LOGÍSTICO
A criação da Comissão para o Desenvolvimento do Sector Logístico foi publicada ontem, através do despacho pelo Chefe do Executivo em Boletim Oficial, com a missão de apoiar o Governo na formulação, divulgação e promoção de políticas, estratégias e medidas de desenvolvimento do sector logístico. O despacho entra hoje em vigor, contemplando pelo menos duas reuniões por ano. O organismo será presidido pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, tendo ainda na sua composição representantes de vários gabinetes.
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MACAU, UM BARCO PARADO
No plenário de ontem, José Pereira Coutinho voltou a pedir a cabeça de Florinda Chan e Lau Si Io, e lembrou “a actuação catastrófica” dos dois secretários. “Tem perturbado a performance do Chefe do Executivo, mas, e mais grave ainda, tem-se revelado um enorme obstáculo ao crescimento e desenvolvimento da RAEM.” Pereira Coutinho falou ainda da questão do Metro Ligeiro e mostrou-se desiludido com a contínua falta de respostas claras às suas interpelações por parte dos dois secretários. “O barco não pode ficar parado. Chegou a hora de mudanças sob pena de sermos ultrapassados”, afirmou o deputado. – G.L.P.
ESTUDANTES DE FORA, NEM PENSAR Au Kam San considera que anda “um espectro” a pairar pela RAEM. Em tom sempre acutilante, o democrata considerou que dar “autorização para os estudantes estrangeiros trabalharem em Macau é inviável devido a uma característica especial do território”. Para Au Kam San, o Governo “misturase” com os empresários, e algumas pessoas pertencem tanto ao Governo como a empresas. O deputado acusou mesmo uma instituição de ensino superior com elevado número de estudantes do exterior de facilitar atribuições de graus académicos. “Trata-se de um negócio que não se encontra em mais nenhum local do mundo, o que é também uma característica de Macau”, ironizou Au Kam San. – G.L.P.
Idade de acesso aos casinos suscita dúvidas nos deputados
Mudança (des)necessária, dizem Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
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OI ontem apresentada, discutida e aprovada na generalidade a proposta de lei “Condicionamento do acesso, permanência e prática de jogos nos casinos”. Agora está admitida à especialidade e será entregue a uma das três Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa (AL). Com um voto contra – de José Pereira Coutinho – e sete abstenções, a proposta de lei que, entre outras coisas, pretende elevar a idade mínima de acesso aos casinos dos 18 para os 21 anos, foi ontem aprovada perante muitas dúvidas. “Gostava de saber quantos casos há de entrada de menores de 18 anos nos casinos”, apontou Pereira Coutinho ao o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Os deputados, no geral, estão a favor da proposta de lei que julgam necessária mas questionaram uma série de artigos em diversos aspectos, como foi o caso de Lee Chong Cheng. “Porque é que a restrição é apenas aos casinos? Existe jogo nos cavalos, galgos e apostas
de futebol. Parece-me injusto só restringir os casinos.” O deputado Fong Chi Keong foi mais longe e protagonizou o momento da tarde, colocando o plenário a rir. “A minha sugestão é que se crie uma escola para ensinar as pessoas a jogarem.” Fong Chi Keong, numa intervenção emotiva, questionou se haveria “monstros” nos casinos, lembrou que “com 18 anos as pessoas são adultas e autónomas” e sugeriu “alguma discriminação” para com os jovens de Macau. “O Governo deve pensar que os jovens de Macau são uns imaturos”, desabafa acrescentando de seguida: “Há pessoas mais inteligentes que outras. Cada um sabe de si. Não podemos limitar os jovens através da lei. Proibir os jovens tão cedo trará problemas mais tarde”. Francis Tam não descorou as responsabilidades dos jovens da RAEM que considerou terem “vida activa” e saberem “valorizar-se”. No entanto, o secretário vincou a posição do Governo e lembrou que o diploma também se aplica para quem quer trabalhar num casino. “Temos de incentivar os jovens a alargar os seus horizontes em relação a empregos futuros. Não
é preciso irem todos trabalhar para um casino.” Kwan Tsui Hang, uma das que se abstiveram, também levantou dúvidas sobre o articulado da lei. “O documento não regula de forma pormenorizada.” Para a deputada a mostragem de identificação pessoal não pode ser facultativa, outra questão também debatida e, igualmente, defendida por diversos deputados. O Governo espera com esta proposta aperfeiçoar a Lei n.º 16/2001, que regula a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino. “É verificada na lei em vigor a falta de detalhes relativamente às previsões sobre o acesso e a expulsão dos casinos, de sanções pelo acto de acesso ilegal e de previsões sobre o destino dos prémios ganhos por indivíduos que entram ilegalmente nos casinos”, referiu Francis Tam. “Qual o ponto fulcral desta proposta de lei? Para elevar a idade mínima basta uma norma”, retorquiu Lam Heong Sang. Pereira Coutinho também defendeu que não se pode desresponsabilizar os jovens do território. “Todos têm de assumir as suas responsabilidades. Dezoito anos é a maioridade. Tira-se a carta,
pode-se votar (...) Temos de evitar que, no futuro, que as concessionárias venham alegar que têm problemas de recrutamento de trabalhadores.” Para o Executivo liderado por Fernando Chui Sai On, “elevar a idade é uma opção política”, mas Francis Tam garantiu que o Governo “irá colaborar com as concessionárias” e “continuar a ouvir as diferentes opiniões”. “O desenvolvimento do sector do jogo trouxe vários problemas sociais. Estamos muito preocupados com o jogo compulsivo”, acrescentou o secretário para a Economia e Finanças. Tempo ainda para Francis Tam apresentar a proposta de lei intitulada “Aprovação do Código Tributário” que, segundo o Governo, “pretende construir um regime tributário mais moderno que corresponda ao desenvolvimento económico da RAEM e à reforma contínua da Administração Pública”. A proposta para o código tributário divide este em duas partes: direito tributário material e formal. Vai estar agora em discussão e votado na generalidade no próximo plenário, já que não houve tempo na reunião de ontem para mais “debate”.
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Médicos defendem exames para admissão de estagiários super-difíceis
Virginia Leung
virginia.leung@hojemacau.com.mo
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OS 300 candidatos que se apresentaram à última sessão de exames para admissão em estágio de medicina nos estabelecimentos de saúde públicos, só dois é que foram aprovados. Muitos queixaram-se de que as perguntas eram exageradamente difíceis. Responsáveis pela avaliação explicam agora que a intenção não era tornar os exames impossíveis, mas apenas seleccionar com mais eficácia os candidatos que são mesmo bons. Os novos exames públicos para admissão em estágio de medicina, em que as questões de múltipla escolha deram lugar a mais perguntas de desenvolvimento, foram concebidos sem a intenção directa de elevar a fasquia no nível de dificuldade, assegurou Choi Nim, presidente da Associação dos Médicos dos Serviços de Saúde de Macau (AMSSM) e um dos responsáveis pela avaliação. Na verdade, o objectivo da introdução de questões mais abrangentes era absorver a nata no padrão de qualidade dos estágios. Na opinião de Choi Nim, no sistema de múltipla escolha utilizado anteriormente, as respostas não eram abrangentes e não serviam para apurar a flexibilidade dos médicos para lidar com os pacientes. O novo sistema, pelo contrário, além de testar os conhecimentos dos candidatos sobre as doenças, avaliar a sua capacidade
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ERVIÇOS de má qualidade a preços injustificadamente altos e incapacidade de se pôr em sintonia com o desenvolvimento da sociedade foram as principais críticas apontadas pelos internautas à tele-operadora CTM num fórum realizado no domingo. Os utilizadores querem que a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) reforce a regulamentação do processo de monitoramento e estabeleça um mecanismo de reclamações. Sob o mote “Venha e explore o desenvolvimento das telecomunicações e serviços de Internet”, o fórum público foi organizado pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau. No papel de oradores convidados estiveram Sio Weng Weng, chefe da Divisão de Promoção da Concorrência da DSRT; Lam
SOCIEDADE De Dr. House para cima de raciocínio médico, evitando que ganhem pontos por mera sorte. Apurar a qualidade dos médicos estagiários irá permitir, de acordo com o responsável, acelerar o progresso do treino e coordenar o desenvolvimento da medicina em Macau. Muitos dos candidatos terão sido prejudicados por não estarem habituados ao tipo de perguntas
apresentado nem ao novo esquema de pontuação, de acordo com Chu Lap Man, vice-presidente da Associação Promotora de Saúde de Macau, que sugeriu que o Governo criasse um banco de exames simulados, para dar a oportunidade aos candidatos de se familiarizarem com o tipo de prova. Alguns médicos consideram que o sistema de pontuação subtractiva
por demérito e o tempo apertado para responder a cada uma das questões terão tido algum impacte psicológico sobre os candidatos e a qualidade das respostar. Representantes da Sociedade Médica de Macau assinalaram que o último exame terá reduzido as oportunidades dos médicos locais para entrarem nos hospitais para estágio clínico, e sugeriram ao Go-
verno que apresentasse propostas relevantes e atempadas antes de organizar os exames. O mecanismo do exame, defendem, tem de ser estabelecido de forma a dar mais tempo para a preparação dos candidatos. Até porque se os médicos não tiverem a oportunidade de estagiar nos hospitais, provavelmente passarão a actuar por conta própria, levando à degradação da qualidade médica. Reduzir a carga de trabalho para manter os talentos pode ser uma solução para evitar a debandada do pessoal dos serviços públicos de saúde. Lei Sut Peng, presidente da Associação Promotora de Enfermagem de Macau, considera que além de consolidar o mecanismo de preparação prática, o Governo deveria também, através de um sistema de promoção de carreiras, melhorar o ambiente de trabalho, aumentando o bem-estar e benefícios e facilitando o acompanhamento psicológico dos profissionais para ajudar o pessoal a aliviar a pressão. Incentivar os ex-funcionários reformados a trabalhar em “part-time” de forma a reduzir a carga de trabalho de enfermeiros e não deixar fugir os talentos é outra das ideias apresentadas.
INTERNAUTAS CONDENAM ALTOS PREÇOS E MAUS SERVIÇOS DA CTM
Telebofetada U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam; Iu Veng Ion, comentador político; e Kou Ngon Seng, presidente da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau. As críticas que deixaram foram contundentes: as tarifas praticadas pela CTM são de longe mais elevadas do que as das cidades vizinhas e é inaceitável para os residentes, sobretudo tendo em conta a fraca qualidade do serviço e as baixas velocidades de acesso à Internet verificadas na prática. A manifestação de insatisfação organizada recentemente, com várias pessoas deitadas no chão à frente da CTM, foi recordada.
Kou Ngon Seng referiu que para um serviço de banda larga de 2 megabytes a mensalidade cobrada é de 155 patacas, enquanto na China Continental é de 75 patacas. Para o serviço de banda larga de 100 megabytes por fibra óptica, o preço sobe para 788 patacas, quando em Hong Kong por apenas 498 patacas por um serviço dez vezes mais rápido. Tudo isto torna muito claro que Macau é o local com a Internet mais cara das redondezas. A CTM explicou que, num mercado comparativamente tão diminuto como o de Macau, é difícil formar o “efeito de esca-
la” que permita oferecer preços tão baixos. Mas a insatisfação dos residentes vai muito além das altas contas. Os altos preços não são mais do que um factor extra de indignação uma vez que são cobrados por serviços de velocidade relativamente baixa e além disso os empregados da CTM prestam um mau
atendimento, na opinião de alguns Internautas. Quando terminar o “Contrato de Concessão da Rede Fixa” no final deste ano, o mercado das telecomunicações será aberto. A Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau sugeriu, a respeito das oportunidades oferecidas por um mercado aberto, que o Governo deveria acelerar o desenvolvimento e combinar outros serviços relacionados, como a franquia para o fornecimento de televisão por cabo. A associação de jovens sublinhou que as tarifas e os serviços deveriam ser inspeccionados regularmente e um mecanismo
de reclamações deveria ser implementado. A abertura do mercado e a entrada em funcionamento do mecanismo de concorrência poderá ter o efeito de incentivar os operadores a melhorar os seus serviços e a cobrar tarifas mais razoáveis, a opinião de Sio Weng Weng. O responsável da DSRT mostrou-se muito preocupado com a insatisfação dos consumidores e empenhado em promover o desenvolvimento das telecomunicações de forma a corresponder ao nível das necessidades da sociedade. “O maior castigo para um operador é que deixem de utilizar os seus serviços”, afirmou, acrescentando que a DSRT iria “tomar as rédeas da política de telecomunicações e regular determinada legislação para proteger os interesses da população”. - V.L.
CAÇA AO MOSQUITO DO DENGUE COMEÇA ESTA SEMANA
Devido à probabilidade de propagação da febre dengue em Macau, os Serviços de Saúde planeaiam a realização da segunda pesquisa sobre a proliferação de mosquito nos domicílios a partir de amanhã. Actualmente Macau encontra-se numa época de alto risco de disseminação da febre dengue, e os mosquitos “Aedes albopictus”, que podem transmitir a doença, aparecem com maior incidência nesta altura no território. A pesquisa é apoiada pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, sendo os destinatários famílias escolhidas aleatoriamente. A pesquisa estende-se até 30 de Junho.
Virginia Leung
virignia.leung@hojemacau.com.mo
A
Polícia Judiciária (PJ) anunciou ter efectuado na sexta-feira passada uma detenção no âmbito da investigação de um homicídio no empreendimento Nova City, na Taipa, onde uma mulher foi encontrada morta por estrangulamento com uma toalha e a cabeça cheia de ferimentos, indicando tortura. A descoberta do cadáver foi efectuada pelo Corpo de Bombeiros, que alertou a PJ no dia 6 de Junho por volta da meia-noite, de que um corpo tinha sido encontrado num apartamento do condomínio Nova City. Segundo a informação apurada, a vítima terá sido encontrada com as mãos e pés atados com fios telefónicos e toalhas. Já no local, os agentes da PJ confirmaram que o agressor usou uma toalha para calar a mulher sobre a qual desferiu golpes dos quais resultaram vários ferimentos na cabeça. O exame da perícia concluíu que a morte foi provocada por estrangulamento. A vítima, de nome Kang, era uma cidadã da Coreia do Sul, de 45 anos, que vivia com outros dois coreanos no apartamento em causa, de onde terão sido roubados 700 mil dólares de Hong Kong em dinheiro. Todos os pertences da vítima terão também desaparecido. Após investigação, a PJ concluiu que o assalto ocorreu por volta das 22h, tendo os dois companheiros de casa da vítima viajado para a Coreia antes do incidente. Os dois tentaram contactar a amiga por volta das 22h, depois de terem saído de casa, mas não conseguiram, tendo pedido ajuda a outros dois amigos que também vivem em Macau para entrarem em contacto com a vítima. Vários amigos foram até ao local e bateram à porta, sem obter resposta. Preocupados, informaram a administração do prédio para encontrar um chaveiro e abrir a porta. Encontraram assim a vítima morta no chão do quarto, avisando de imediato a polícia. De acordo com os dados recolhidos pela PJ no local,
PJ detém suspeito de homicídio e roubo
vimentava grandes somas de dinheiro (intercâmbio de pessoas da Coreia para virem apostar nos casinos de Macau). Na noite de sexta-feira passada, a PJ efectuou a
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a actuar no território e a aumentar o poder das máfias.
A toalha da morte a tese mais forte aponta para um crime de roubo e assassinato ocorrido na sequência de o presumível homicida se ter dado conta de que a vítima se dedicava a uma actividade em que mo-
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MAIS CRIMES À VOLTA DO JOGO
detenção de um suspeito num hotel do Cotai. O homem, de nome An e 32 anos, é um desempregado, também coreano, que veio para Macau no início de Junho. A PJ avança que o suspeito será indiciado por crime de homicídio agravado e roubo. Apesar da falta de cooperação do suspeito, a Judiciária disse ter em seu poder provas suficientes para o incriminar. A polícia acredita haver ainda um suspeito em fuga e pretende reforçar a investigação. A PJ esclareceu que, embora haja cada vez mais coreanos a virem para Macau, não existem provas de que haja alguma tríade coreana
Na mesma conferência de imprensa, Choi Iat Peng, chefe da PJ, revelou também que na manhã de sábado a PJ recebeu uma denúncia de um homem que teria sido aprisionado, assaltado e espancado. A vítima, um jovem de 24 anos de Henan, trabalhava como “junket” em Macau há um ano, com um grupo de pessoas que presta o mesmo serviço de promoção de jogo nos casinos. A vítima era suspeita de ter roubado 40 mil dólares de Hong Kong em fichas de casino nas actividades de transacção, pelo que tinha sido demitida das suas funções nesse mesmo dia. Por volta das 2h, o jovem terá sido levado pelos “colegas” e “patrão” que o aprisionaram e espancaram num quarto
de hotel. Os suspeitos terão recuperado da vítima os 40 mil dólares de Hong Kong em fichas. Por volta das 7h, levaram o rapaz até à fronteira e vigiaram-no enquanto este a atravessava para voltar para a China e pôr um ponto final na questão. No entanto, a vítima decidiu que o tratamento de que tinha sido alvo não podia ficar impune, pelo que decidiu regressar a Macau e fazer queixa à PJ, por volta das 10h. Após investigação, a Judiciária efectuou três detenções num hotel do Cotai. O três suspeitos, de 32, 28 e 26 anos, todos naturais da China Continental, serão acusados de suspeita de associação criminosa, roubo, agressão à integridade física de terceiros, sequestro e intimidação, entre outros, e enviados ao Ministério Público para julgamento. A PJ acredita haver mais suspeitos a monte pelo que pretende reforçar a investigação.
PUB
AUTORIDADE MONETÁRIA DE MACAU ANÚNCIO ASSUNTO: LIQUIDAÇÃO DO BANK OF CREDIT AND COMMERCE INTERNATIONAL (OVERSEAS) LIMITED – SUCURSAL DE MACAU Em cumprimento do despacho do Exmº. Senhor Secretário para a Economia, exarado no uso dos poderes delegados pela Ordem Executiva n.º 121/2009, em 15 de Abril de 2011, na deliberação n.º 233/CA, adoptada na sessão de 8 de Abril de 2011 do Conselho de Administração da AMCM, convocam-se todos os actuais credores do Bank of Credit and Commerce International (Overseas) Limited – Sucursal de Macau para solicitarem o pagamento total ou adicional, consoante o caso, dos créditos reconhecidos no âmbito desta liquidação, no período compreendido entre o dia 1 de Junho de 2011 e o dia 29 de Julho de 2011, no R/C do Edifício-Sede da AMCM, sito na Calçada do Gaio números 24-26, em Macau, durante o horário normal de expediente (de segunda a sexta feira, no período da manhã, das 9:30 às 12:30 horas e, no período da tarde, das 14:30 às 17:15 horas). Para esse efeito, devem os interessados apresentar os documentos que comprovem a existência e reconhecimento dos respectivos créditos (original e 1 cópia de cada documento apresentado) e preencher o modelo de requerimento disponibilizado pelos serviços da AMCM. Findo o prazo supra fixado todos os créditos não exigidos e prescritos revertem a favor da RAEM. Autoridade Monetária de Macau, aos 27 de Maio de 2011. Pel’O Conselho de Administração da AMCM: O Presidente do Conselho de Administração, Anselmo Teng. O Administrador, António José Félix Pontes. O Liquidatário Local, Rui José Cunha.
vida
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A
Harbin Pharmaceutical Group, uma das maiores farmacêuticas da China, pediu desculpas publicamente pela poluição severa causada pelas suas fábricas. “A nossa empresa está aberta a qualquer tipo de penalidades pelo nosso desacato ao ambiente local”, disse Wu Zhijun, presidente da Harbin, numa carta aberta ontem divulgada. O executivo afirmou ainda que a empresa assume, “sem receios”, a responsabilidade da poluição e definiu de impagável o sofrimento que causou os residentes da cidade de Heilongjoang, na província de Harbin. Pessoas que vivem nas proximidades da fábrica queixaram-se de que nem sequer podiam respirar devido ao forte odor no ar. A população estava sedenta por vingança, mas o pedido de desculpas da farmacêutica acalmou os ânimos, mas não será por muito tempo. “O pedido de desculpas é um cliché. É apenas um ‘show off’ para acalmar os ânimos”, acredita Tian Jiawei, médico num hospital próximo da fábrica. Tian, que vive na zona há mais de 30 anos, afirmou ser testemunha do crescimento da poluição na mesma proporção do aumento de população na área – e com ela, universidades, hospitais e inúmeros complexos residenciais. “O cheiro
A agência chinesa Yangtzé. As inund no curso médio e perigo depois das
Farmacêutica chinesa faz retratação pública devido a poluição
Ops, desculpem o mau cheiro
repugnante dos resíduos conseguia acordar as pessoas à noite”, referiu. Segundo o médico, as fábricas começaram a emitir mais resíduos tóxicos nas últimas décadas devido ao aumento dos seus rendimentos. Tian,
que também é membro conselheiro do comité político de Heilongjiang, aponta que apresentou queixas ao Governo local três vezes. “Tenho estado a apelar para o enceramento imediato ou revogação fábrica para
DEITADAS FORA 70 MILHÕES DE TONELADAS DE PEIXE NA ÚLTIMA DÉCADA
Do mar para o lixo A
primeira década deste século foi “devastadora” para os mares, denuncia hoje, Dia Mundial dos Oceanos, uma organização internacional. Nesses dez anos, 70 milhões de toneladas de peixe foram deitadas fora e apenas um por cento das espécies marinhas em extinção tem planos de conservação. Se não forem tomadas acções decisivas a curto prazo, “os danos serão irreversíveis”, alerta a Oceana, organização internacional para a conservação da vida marinha, em comunicado. “Não há no mundo uma única população de peixe gerida de forma responsável”, lamenta Ricardo Aguillar, director de investigação da Oceana para a Europa. A situação é especialmente grave para os tubarões mediterrânicos, cujas populações têm “sido reduzidas até 99% em relação às populações do século XX”. A organização lamenta o pouco que se tem feito para proteger os oceanos, afectados “pela contaminação e alterações climáticas”, mas também pela sobre-exploração pesqueira.
AGÊNCIA
agência Lusa. “Portugal está hoje no mapa como um dos países que tem áreas marinhas protegidas em alto mar, inclusive na sua zona de expansão da plataforma continental, de grande expressão”.
Planeta em números Para alterar o cenário, a organização defende a redução do consumo de determinadas espécies, como o atum rabilho ou a pescada mediterrânica, e a criação de áreas marinhas protegidas. Em Portugal, um quarto da costa do Continente já é área marinha protegida, depois da regulamentação do Parque Marinho do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, disse o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, à
2030 é o ano em que o Parque Natural de Glaciares, nos Estados Unidos, vai deixar de ter esse nome devido a extinção por completo dos glaciares, segundo dados de uma pesquisa geológica norte-americana.
o bem dos residentes, mas ainda não consegui nada.” Uma outra residente residente, de apelido Wang, que mora no edifício adjacente à fábrica revelou ter perdido as contas de quantas vezes en-
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O espaço de um ano, mais 13 espécies de aves entraram para a Lista Vermelha das espécies ameaçadas, que este ano totaliza 1253, em todo o mundo, revelam a União Internacional para a Conservação (UICN) e a federação Birdlife International. As 1253 espécies representam 13% de todas as espécies de aves conhecidas, de momento, para a comunidade científica. “Esta é uma tendência perturbadora”, considerou esta terça-feira Jean-Christophe Vié, director do Programa Global de Espécies da UICN, em comunicado. “As aves são como uma janela para o resto da natureza. São indicadores muito úteis da saúde dos ecossistemas: se estão mal, então também está mal a vida selvagem de uma forma geral”, comentou Stuart Butchart, responsável da Birdlife Internacional, que ajudou a compilar a informação para a Lista Vermelha das Aves. As aves de grande porte
dereçou cartas às autoridades locais para que verificassem o problema. “Nada foi feito e continuamos a ser envenenados”, sublinha. Na carta de desculpas, a Harbin referiu que ao longo dos anos tem tentado controlar melhor os seus equipamentos de forma a serem menos poluentes e que está a trabalhar num plano de longo prazo para converter o problema. Por agora, a produção dos medicamentos – a fábrica produz antibióticos – que terão causado o mau cheiro está suspensa. A Harbin garante que já investiu 1,43 milhões de yuans num sistema de tratamento de resíduos tóxicos, que entrará em funcionamento ainda esta semana. Wu Zhijun comprometeu-se a investir 70 milhões de yuans em questões ambientais até ao fim deste ano. No entanto, esse montante corresponde a uma pequena fracção dis mais de 500 milhões de yuans que o grupo pretende investir em publicidade acerca dos seus remédios.
LISTA VERMELHA PARA AS A
13% em risco são das mais ameaçadas. À lista surge a grande abetarda indiana (“Ardeotis nigriceps”), que passou da categoria Em Perigo para Criticamente em Perigo, o nível de ameaça mais elevado. Hoje estima-se que existam apenas no mundo 250 indivíduos, por causa da caça, perturbação e perda e fragmentação de habitat.
Esta abetard tro de altura chegou a di toda a Índi hoje está lim mentos isola “Num m mais popul cies que pre espaço, com abetarda in perder terren
A DE CONTROLO DE INUNDAÇÕES LANÇA ALERTA PARA A REGIÃO DO RIO YANGTZÉ
a de controlo de inundações ordenou ontem às autoridades locais para estarem preparadas para mais cheias dado serem esperadas para esta semana chuvas na região do rio dações no centro e sul da China já provocaram este ano, pelo menos, 94 mortos e 78 desaparecidos. A agência oficial chinesa, a Xinhua, revelou serem esperadas fortes chuvas baixo do rio Yangtzé até amanhã. O centro de controlo de inundações e seca referiu que o nível das águas nos principais rios do país está a cerca de um metro abaixo da linha de chuvas torrenciais que no fim de semana atingiram o sudeste do país.
O
ritmo no qual os humanos empurram as espécies de plantas e animais para a extinção através da destruição do seu habitat é duas vezes menos lento do que se acreditava, revelou um estudo publicado ontem pela revista britânica “Nature”, conceituada no meio científico. De acordo com a informação, a biodiversidade da Terra continua a diminuir devido à desflorestação, às mudanças climáticas, à superexploração e ao lançamento de produtos químicos em rios e oceanos. “Há evidências de que os humanos realmente estão a provocar taxas de extinção extremas”, disse um dos autores, Stephen Hubbell, professor de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA). Mas importantes medições para perdas de espécies divulgadas em 2005 pela Avaliação de Ecossistemas do Milénio, das Nações Unidas, e pelo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), em 2007, baseiam-se em métodos “fundamentalmente falhos”
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ESTUDO QUESTIONA DADOS INTERNACIONAIS SOBRE EXTINÇÃO DE ESPÉCIES
Afinal, o homem não é assim tão mau
que exageram o risco de extinção, disseram os pesquisadores. A “lista vermelha” de espécies ameaçadas da IUCN (sigla em inglês para União Internacional para a Preservação da Natureza), outra referência para tomadores de decisões, também é passível
de revisão, afirmou. “Baseados em provas matemáticas e dados empíricos, demonstramos que as estimativas anteriores deveriam ser divididas aproximadamente por 2,5”, disse Hubbell. “É uma boa notícia saber que temos algum tempo para salvar espécies. Mas não é uma boa
notícia porque precisamos refazer um grande volume de pesquisas que foram feitas incorrectamente”, acrescentou.
DIFERENÇAS
Até agora, os cientistas afirmavam que as espécies desaparecem a um ritmo de cem a mil vezes, a chamada
“taxa de referência” - taxa média de extinções ao longo da história da vida na Terra. Relatórios da ONU têm alertado que estas taxas serão multiplicadas por dez nos próximos séculos. E o novo estudo questiona essas estimativas. “O método precisa ser revisto. Não está correcto”, disse Hubbell. A pergunta que se faz é por que a ciência errou por tanto tempo? Como é difícil medir directamente taxas de extinção, os cientistas usam uma abordagem indirecta denominada “relação espécie-área”. Este método começa com o número de espécies encontradas numa dada área e, então, são feitas estimativas de como este número aumenta à medida que a área se expande. Para descobrir quantas espécies permanecerão quando a quantidade de terra disponível diminuir, devido à perda de habitat, os
cientistas simplesmente revertem os cálculos. Mas o estudo, co-assinado por Fangliang He, da Universidade Sun Yat-sen, em Cantão (China), demonstra que a área exigida para remover toda a população é sempre maior - normalmente muito maior - do que a área necessária para se fazer contacto com uma espécie pela primeira vez. “Não se pode simplesmente reverter o processo para calcular quantas espécies devem permanecer quando a área for reduzida”, disse Hubbell. Contudo, isto é precisamente o que os cientistas têm feito por quase 30 anos, evidenciando uma discrepância gritante entre o que os modelos previram e o que foi observado na terra ou na água. A acção do homem é a principal causa de extinção de espécies. Apenas 20% das florestas ainda se encontram em estado selvagem e quase 40% das terras livres não congeladas do planeta são usadas na agricultura. Acredita-se que três quartos de todas as espécies vivam em florestas tropicais, como a Amazónica, que também passam por processos de degradação.
AVES COLOCA 1253 ESPÉCIES À BEIRA DA EXTINÇÃO
o de desaparecer de vez
da, com um mea e 15 quilos, já istribuir-se por ia e Paquistão; mitada a fragados de habitat. mundo cada vez loso, as espéecisam de mais mo a grande ndiana, estão a no. No entanto,
somos nós quem vai perder a longo prazo, à medida que desaparecem os serviços que a natureza oferece”, comentou Leon Bennun, da Birdlife International. Mas nem tudo são más notícias e a actualização feita este ano dá conta dos progressos de alguns projectos de conservação que conseguiram fazer a
diferença. O pombo-trocaz, ou pombo da Madeira (“Columba trocaz”), é uma das espécies referidas, graças aos trabalhos de recuperação dos habitats. De acordo com o Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005), a população da espécie, endémica daquele arquipélago, “decresceu à medida que o seu habitat foi sendo destruído”. Em 2003 estimava-se a sua população em 7000 indivíduos. O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal considera a “caça e o envenenamento continuado, devido aos estragos que causa nos campos agrícolas” como os principais factores de ameaça. A espécie tem beneficiado da protecção dada à floresta laurissilva, Património Mundial Natural da Humanidade, e de medidas de gestão no terreno.
Click ecológico
O ABATE • Esta fotografia mostra uma clareira na floresta da ilha de Sumatra. O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, assinou um decreto em Maio que impõe uma moratória de dois anos a novas licenças para abate de florestas primárias.
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10 O Instituto Internacional de Macau atribuiu pela primeira vez o Prémio Identidade a dois projectos virtuais – as páginas electrónicas “Macanese Families” e “Projecto Memória Macaense”
CULTURA Prémio Identidade do Instituto Internacional distingue dois websites
Memória online premiada
Filipa Queiroz
filipa.queiroz@hojemacau.com.mo
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ESDE 2003 que o Instituto Internacional de Macau (IIM) tem vindo a atribuir o Prémio Identidade Macaense a instituições e indivíduos que tenham feito algo significativo pela preservação da memória e identidade macaense. No ano passado, o instituto distinguiu a União Americana Macaense (UMA), em reconhecimento da obra realizada em prol da defesa dos valores culturais de Macau e do papel desenvolvido no estabelecimento de uma identidade nos meios anglófonos da Diáspora Macaense. Este ano o galardão foi repartido por dois projectos que representam a comunidade num formato inédito.
São páginas electrónicas dedicadas à memória de Macau e sua gente o “Projecto Memória Macaense”, criado por Rogério da Luz, e o site “Macanese Families”, do professor Henrique d’Assumpção. “Achámos que eram dois projectos de grande interesse para perpetuar a memória e identidade macaenses”, disse o secretário-geral do IIM, Rufino Ramos. “Tanto podia ser um site como outra coisa qualquer, mas claro que é representativo da evolução dos tempos, hoje em dia os meios tecno-
lógicos permitem outras formas de divulgação e comunicação.” As páginas electrónicas vencedoras têm o território em comum mas são distintas entre si, o que as torna de certa forma complementares. “Uma só seria incompleta sem a outra”, explica Rufino Ramos.
VENCEDORES EX-AEQUO
O “Projecto Memória Macaense” (PPM), alojado no endereço www. memoriamacaense.org/projectomemoriamacaense, acaba de
completar oito anos de existência. Criado no dia 5 de Junho de 2003, “está na Internet para falar de Macau e dizer que existe uma gente chamada macaense, fruto da presença portuguesa por cerca de 420 anos no Sul da China”, como se lê na recentemente renovada página principal do portal. “Sem vocês, conterrâneos, amigos e visitantes anónimos, o PMM não teria completado oito anos”, escreve o autor Rogério Passos Dias da Luz, que emigrou ainda jovem para o Brasil.
MAGNATA MURDOCH DIZ QUE NEGÓCIOS NA CHINA SÃO OS MAIS ATRAENTES DO MUNDO
Não há nada como o mercado chinês O
magnata das comunicações Rupert Murdoch, proprietário do conglomerado NewsCorp, que controla os estúdios Fox de Hollywood, afirmou em discurso no Festival Internacional de Cinema de Xangai que a China é o mercado cinematográfico mais atraente do mundo. Em declarações publicadas ontem pelo jornal oficial “Shanghai Daily”, o australiano naturalizado americano chegou a dizer que “não há um mercado cinematográfico mais atraente no mundo todo”, já que os lucros em bilheteira “crescem a um ritmo de mais de 40% por ano”. No ano passado, os lucros em bilheteira aumentaram 64% na China, superando a casa dos 10 biliões de yuans e foram construídos em todo o país 313 novos cinemas, com 1533 novas salas. Isso significa que, actualmente, há cerca de 6200 salas de cinema em toda a China, mas já há tantas previstas para serem construídas para se atingir as 20 mil salas nos próximos cinco anos. Durante o debate que participou junto a outros produtores internacionais e chineses, entre eles a sua própria mulher, Wendi Deng, Murdoch apoiou uma maior abertura do mercado chinês às produções cinematográficas estrangeiras. A
China, actualmente, limita em 20 o número de filmes de outros países que podem ser exibidos anualmente nas salas de cinema nacionais. Praticamente todos eles costumam ser produções de Hollywood, após serem submetidos à censura e à aprovação de uma só entidade estatal, o Grupo Cinematográfico da China. Murdoch assinalou que esse limite às produções estrangeiras estimula a pirataria, um mercado ilegal bastante comum na China. “Isso apresenta desafios significativos”, disse o magnata. “No longo prazo, a única coisa que limitará é a oportunidade de a China aumentar o seu mercado de cinema”, acrescentou. “O mercado das salas de cinema da China está a tentar crescer. É fundamental encher os cinemas com mais filmes locais, bem como com mais filmes importados de outros países”. Amulher de Murdoch, Wendi Deng, americana de origem chinesa, não perdeu a oportunidade de promover novamente o filme que acaba de produzir, “Snow Flower and the Secret Fan”, exibido na China pelos seus baixos custos de produção, protagonizado pelo americano Hugh Jackman e pela chinesa Li Bingbing. “Gostaria
de trazer mais veteranos de Hollywood para que cooperassem com profissionais chineses”, anunciou Deng, referindo-se ao seu filme. “A co-produção é uma boa maneira de o cinema chinês aumentar a sua influência internacional”. Ren Zhonglun, presidente da Corporação Grupo Cinematográfico de Xangai, e também co-produtor do filme de Deng, anunciou que a entidade chinesa deve participar de até quatro co-produções com empresas estrangeiras neste ano. Já Thomas Tull, presidente da produtora americana Legendary Entertainment, disse que fechou um acordo com a corporação chinesa Huayi Brothers, uma das grandes empresas do sector na China, para criar uma companhia mista, Legendary East, produtora de cinema e televisão em inglês com sede em Hong Kong.
O PPM foi um dos primeiros projectos especialmente dedicado a Macau a ser colocado no espaço cibernético, tratando-se de uma iniciativa pessoal e independente que tem por objectivo falar e mostrar imagens da Macau com o qual se identifica. AMacau das suas origens, da sua formação e vivência familiar, os tempos de escola e das amizades. “Seguir em frente, sem olhar o passado, é matar as raízes que sustentariam a eternidade de um povo. É o que a gente macaense não deseja, quer ver a sua existência estendida, não quer ser um povo em fase de extinção”, prossegue Rogério da Luz.A página electrónica é alimentada com testemunhos e fotografias antigas e recentes enviadas por utilizadores. “É um projecto mais afectivo e sentimental, constituído pelas memórias das pessoas e servindo de instrumento para manter ligados os macaenses disseminados pelos quatro cantos do mundo”, explicou Rufino Ramos. A página digital “Macanese Families” (www.macanesefamilies. com) começou a ser congeminada em 1997, a partir da obra “Famílias Macaenses” (1996), de Jorge Forjaz. Criada pelo professor Henrique António d’Assumpção, residente na Austrália, “é diferente, mais baseada em documentos históricos, coisas de grande interesse porque têm valor histórico”, como descreve o responsável do IIM. O site foi apresentado oficialmente pelo próprio autor no último Encontro das Comunidades Macaenses, em Novembro, e inclui a genealogia das famílias macaenses bem como informações variadas de natureza cultural e histórica, contando com artigos sobre a história dos macaenses, cultura, culinária, patuá, música e ligações a outras páginas electrónicas de interesse. O sistema foi concebido de modo a permitir a actualização do registo das famílias macaenses, desde que a informação chegue ao administrador do projecto. “O projecto relaciona as pessoas que têm ligações familiares, por muito distantes que sejam”, salienta Rufino Ramos. “Tem muitas coisas de interesse que as pessoas podem não saber.” Para o futuro, Rufino Ramos admite que outros formatos podem ser válidos para receber o Prémio Identidade. “Pode ser tanta coisa, pode ser música por exemplo, desde que seja algo que consiga congregar a comunidade.”
TIBETE CRIA CENTRO DE PROTECÇÃO DO PATRIMÓNIO IMATERIAL Foi criado agora em Lhasa, capital da província do Tibete, o centro de protecção do património imaterial da Região Autónoma. Desde 2005, a China e a região destinaram mais de 40 milhões de yuans à protecção dos seus patrimónios imateriais, possibilitando a preservação eficaz de diversas relíquias culturais chinesas. O Tibete tem 76 projectos de património imaterial de carácter nacional.
A
justiça chilena vai investigar a morte de Pablo Neruda, dando seguimento a um processo apresentado pelo Partido Comunista do Chile. O poeta, Nobel da Literatura em 1971, tinha cancro e estava hospitalizado, mas passados 37 anos há quem defenda que foi assassinado. Neruda morreu em 1973, doze dias após o golpe militar que depôs o presidente Salvador Allende e deu início à ditadura do general Augusto Pinochet, a 11 de Setembro. Sofria de cancro na próstata, e até agora essa tem sido apontada como a causa da sua morte. Mas como há quem conteste essa versão, o juiz Mário Carroza aceitou o pedido do PC chileno apresentado esta semana para que o caso seja investigado. Carroza já tem em mãos o processo sobre a morte de
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Depois de Allende, o Nobel da Literatura tem a sua morte investigada
O triste fim de Pablo Neruda
Salvador Allende, e outros 700 casos de vítimas da ditadura de Pinochet que nunca passaram pelos tribu-
nais. E se quanto ao antigo Presidente chileno está a ser investigado se se suicidou no dia do golpe no Palácio de La
HISTORIADOR BRITÂNICO DESCOBRE DOCUMENTOS QUE LIGAM ROMANCE A VIDA REAL
A verdadeira história da Ofélia de Shakespeare U
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MA história real e muito próxima de William Shakespeare poderá ter inspirado o dramaturgo no final trágico de Ofélia em “Hamlet”. Um historiador britânico garante ter descoberto documentos que provam que o final triste da personagem aconteceu também na vida real. Steven Gunn, professor na Universidade de Oxford, descobriu o relatório da autópsia de uma inglesa Jane Shaxspere, possivelmente uma prima de Shakespeare, que se afogou em 1569. Jane Shaxspere tinha dois anos e meio e estava a apanhar flores junto a uma barragem e acabou por cair à água, perto de Stratford upon Avon. Uma história em tudo semelhante à de Ofélia, em Hamlet, que também morre afogada depois de cair ao rio, como explicou à BBC Gunn, que, com outros académicos, faz parte de um projecto de investigação de quatro anos da Universidade de Oxford sobre as possíveis fontes de inspiração de William Shakespeare. Para isso, os investigadores estão a estudar os relatórios das autópsias do século XVI e que, como este, se podem revelar significantes para entender o trabalho do escritor e dramaturgo. Apesar de Shakespeare ter apenas cinco anos quando a tragédia aconteceu e ter escrito “Hamlet” cerca de 40 anos depois, Steven
Gunn tem a certeza que a morte de Jane influenciou a história de Ofélia. “Ela morreu muito perto da terra natal de Shakespeare, ele deve ter ouvido a sua história várias vezes”, disse Steven Gunn à BBC. “Mesmo que Jane Shaxspere não estivesse relacionada com o dramaturgo, o eco desta história deve ter perdurado na sua mente e este foi um episódio do qual ele, de certeza, se lembrou quando escrevia a morte de Ofélia”, acrescentou Emma Smith, do departamento de Inglês da Universidade de Oxford, explicando que estas situações são normais. “As inspirações destes trabalhos têm por base o dia-a-dia, o mundano e os detalhes da vida doméstica.” As inspirações dos trabalhos de Shakespeare têm sido muito investigadas, existindo já vários estudos em relação às suas personagens e histórias. Em relação a Ofélia de “Hamlet”, que já inspirou vários pintores como John Everett Millais, há outra forte teoria que explica que Shakespeare se inspirou na morte de Katharine Hamlet, dez anos depois, em 1579, também afogada no rio Avon, perto de Stratford upon Avon. Este projecto de investigação foi financiado pelo Economic and Social Research Council e consultou cerca de 9000 relatórios de autópsias da época.
Moneda, como acreditam os familiares e outras testemunhas, ou se foi morto pelos militares, no caso de Neruda a dúvida é outra: morreu de doença ou foi assassinado no hospital? Um antigo motorista do mais célebre poeta e escritor chileno, Manuel Araya Osorio, defendeu numa entrevista à revista mexicana “Proceso” que este terá sido assassinado com uma injecção letal dada por um médico. O embaixador mexicano Gonzalo Martinez Corbalá também diz que esteve com Neruda na véspera da morte e garante que este “podia conversar tranquilamente e caminhava sem problemas”, PUB
adianta o diário espanhol “El Mundo”. Neruda estaria, aliás, a preparar-se para viajar para o México, e o seu exílio “teria sido algo muito difícil para o regime” de Pinochet, diz Corbalá. Perante estas dúvidas, o dirigente do PC chileno Guillermo Teiller considerou que “há o dever moral de investigar” e apresentou um pedido nesse sentido, que hoje foi aceite pelo juiz Carroza. Os relatos oficiais sobre a morte de Neruda, aceites pela família, apontam para um agravamento do seu estado de saúde. Estava internado na clínica de Santa Maria em Santiago, tinha
visto morrer há poucos dias o seu amigo Allende. Mas o que o seu antigo motorista veio agora dizer é que ele lhe confidenciou que estava preocupado com uma “misteriosa injecção” que um médico da clínica lhe dera a meio da noite. Carroza já pediu para ter acesso ao boletim clínico de Neruda e aos exames de controlo que fez na Clínica Alemã de Santiago. Pediu a certidão de óbito e ordenou à polícia de investigação chilena que reúna toda a informação sobre o caso. Tal como aconteceu no caso de Allende, é também possível que seja pedida uma exumação do cadáver.
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12 Marco Carvalho info@hojemacau.com.mo
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selecção de futebol de Macau foi à vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong derrotar a selecção anfitriã pela margem mínima, em partida a contar para a sexagésima sétima edição do tradicional Interport entre a antiga possessão lusa e a antiga colónia britânica. O embate, que atraiu pouco mais de meia centena de espectadores às bancadas do estádio de Mong Kok, colocou frente a frente uma selecção do Lótus na máxima força e um onze de Hong Kong constituído por segundas escolhas. A Associação de Futebol da vizinha RAEHK optou por dar uma oportunidade à selecção de Sub-21 para mostrar o seu valor frente a uma formação teoricamente mais forte, mas a aposta acabou por não colher os resultados desejados, graças a um tento solitário de Nicholas Torrão, apontado na recta final da primeira parte. Leung Sui Wing não abriu mão das principais referências do futebol do território e a opção traduziu-se dentro de campo por uma equipa voltada para o ataque, com uma postura e um inconformismo pouco habituais no emblema do Lótus. Seis minutos bastaram para que o onze do território se abeirasse do golo, num lance com a chancela do macaense Herculano Monteiro Soares. O dianteiro do Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pública aproveitou um erro da defensiva adversária e rematou forte de pé esquerdo, para uma defesa segura do guarda-redes de Hong Kong, Chiu Yu Ming. A resposta da formação da casa
DESPORTO Futebol | Golo de Nicholas Torrão derrota Hong Kong
Uma vitória rara
materializou-se sete minutos depois, com Kot Choi Wai a responder com um remate fraco a um bom cruzamento de Chan Cham Hei. A jogada arrancou um aplauso aos poucos adeptos presentes no estádio, mas quase não criou percalços ao guardião da formação do Lótus, Leong Chong Kit. Aos vinte minutos, a linha avançada da selecção do território
FUTEBOL CHINÊS | JAIME CAI PARA SEGUNDO
O Beijing Guo’ A n, treinado pelo português Jaime Pacheco, desceu hoje para o segundo lugar da Liga chinesa de futebol, depois de o Guangzhou, seu principal “rival”, ter ganho ontem ao Tianjin por 1-0. O Beijing Guo’ A n empatou no sábado frente ao Henan e no final da 10.ª jornada, concluída ontem, soma 21 pontos, menos um que o Guangzhou. A equipa treinada por Jaime Pacheco permanece, contudo, a mais goleadora da prova, com 21 golos, e tem dois jogadores, ambos estrangeiros, entre os quatro melhores marcadores da temporada. Jaime Pacheco começou há seis meses a treinar o Beijing Guo’ A n, um dos mais prestigiados clubes da China, fundado em 1992, quando a profissionalização do futebol foi autorizada, e em 2009 sagrou-se campeão. Na última temporada, o Beijing Guo’A n ficou em quinto lugar e, entretanto, a perdeu quatro dos seus melhores jogadores.
voltou a semear o pânico no último reduto da selecção adversária, na sequência de um pontapé de canto. De ressalto em ressalto, a bola acabou por sobrar para Paulo Cheang, mas o médio do Monte Carlo falhou o entrosamento com a bola e o remate acabou por passar ao lado da baliza da formação da antiga colónia britânica. Macau farejava o golo e aos
OLÍMPICOS | HIROSHIMA RETIRA CANDIDATURA PARA 2020
39 minutos foi a vez de Nicholas Torrão atemorizar a defensiva adversária, com um cabeceamento tecnicamente perfeito, que só não resultou em golo porque Chiu Yu Ming voltou a dissipar o perigo com uma grande, grande defesa. O golo estava, no entanto, prometido e acabaria por se materializar pouco depois. Na sua segunda tentativa, Nicholas Torrão
A cidade japonesa de Hiroshima retirou formalmente a candidatura a sede olímpica em 2020, numa edição dos Jogos que seria dedicada ao desarmamento nuclear, alegando dificuldades financeiras. O presidente da câmara, Kazumi Matsui, informou ontem o presidente do Comité Olímpico Japonês, Tsunekazu Takeda, que Hiroshima renunciava ao projecto devido a problemas orçamentais, uma vez que a cidade enfrenta ainda uma dívida elevada relacionada com a organização dos Jogos Asiáticos de 1994. A ideia da candidatura de Hiroshima partiu do antecessor de Matsui, Tadatoshi Akiba, depois de Tóquio ter perdido, em 2009, a “corrida” pela organização dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro. A ideia inicial previa que Hiroshima apresentase uma candidatura conjunta com Nagasaki, uma vez que as duas cidades foram vítimas das bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos sobre o Japão na II Guerra Mundial. A ideia acabaria por ser abandonada devido ao cepticismo dos membros do Comité Olímpico Internacional virem a aceitar uma candidatura conjunta, tendo Nagasaki optado por retirar-se do projecto.
não defraudou e aproveitou nova distracção por parte da jovem defesa de Hong Kong para inaugurar o marcador. O atleta do Ka I foi uma das principais figuras da partida e esteve perto de marcar o segundo golo do onze do Lótus à passagem do sexagésimo quinto minuto, na sequência de um bom cruzamento de Leong Ka Hang. Torrão respondeu à iniciativa do companheiro de equipa com um cabeceamento poderosíssimo, mas a bola acabou por embater com estrondo no ferro da baliza do conjunto da casa. Tímida na resposta, a selecção de Hong Kong só aos 69 minutos consegue esboçar uma reacção, com Li Shu Ieung a esboçar um remate forte, que acabou por falhar o enquadramento com a baliza à guarda de Leong Cheong Kit. Aos setenta e cinco minutos, a baliza da RAEHK voltou a negar o segundo golo à formação do território. Depois de levar a melhor sobre meia defesa adversária e apenas com o guarda-redes Chiu Yu Ming pela frente, Leong Ka Hang rematou em jeito para o que teria sido um grande golo, não fosse a barra da baliza da formação da casa repelir a tentativa do jovem avançado da Selecção de Sub-23 que disputa a edição inaugural da Liga de Elite. A última tentativa da partida pertenceu a Geofredo de Sousa. O capitão da selecção da RAEM esteve perto do golo aos 83 minutos, na cobrança exímia de um livre directo. O marcador não havia de voltar a sofrer alterações, mas o golo apontado por Nicholas Torrão revelou-se suficiente para conduzir Macau a uma vitória rara. A selecção do território já não vencia em Hong Kong há quase duas décadas.
FÓRMULA 1 | NIKI LAUDA CRITICA LEWIS HAMILTON
O austríaco Niki Lauda, ex-tricampeão mundial de Fórmula 1, teceu duras críticas ao comportamento de Lewis Hamilton no Grande Prémio do Canadá. Em declarações à estação de televisão alemã RTL, Lauda afirmou que o comportamento do piloto inglês “ultrapassa todos os limites” e defendeu uma punição por parte da Federação Internacional do Automóvel (FIA) ao piloto da McLaren: “Se a FIA não o penalizar, deixo de compreender esta competição. Não se pode pilotar assim, alguém pode morrer.” Hamilton abandonou a prova canadiana após um acidente com Jenson Button, colega de equipa e o austríaco acusa o inglês de ser “completamente louco”.
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SALA 1
SUPER 8 [C]
PIRATES OF THE CARIBBEAN ON STRANGER TIDES [B]
Um filme de: J. J. Abrams Com: Elle Fanning, Kyle Chandler, Ron Eldard 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Um filme de: Rob Marshall Com: Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
VERTICAIS: 1-Estatutos de algumas ordens religiosas. Qualidade de rubro. 2-Aguardente pouco forte, primeira destilação da sura. Vento forte. 3-Planta umbelífera. Sangue de boi. Antiga moeda da Pérsia. 4-Variedade de metal azul. Sagu. 5-Nome de uma vitamina. Rolar. Símbolo de érbio. 6-Grupo de pessoas que formam círculo. Género de insectos coleópteros. 7-Planta anonácea de ilha de São Tomé. Elemento de origem latina que significa ânus. Letra que ocupa o segundo lugar no alfabeto português. 8-Da cor verde-mar. Pessoa imbecil. 9-Fluido transparente e invisível, que forma a atmosfera. Tranquilidade do espírito. 10-Antiga medida itinerária da Índia. Ião. Prefixo, ante. 11-Fabricar. Cederão.
SOLUÇÕES DO PROBLEMA HORIZONTAIS: 1-ROSCAR. CAJA. 2-ERIE. ONERAR. 3-GROSADOR. UM. 4-RA. IRAPUA. A. 5-ACTOR. ALUIR. 6-AI. AE. OTO. 7-R. ETICA. AND. 8-UE. URANAR. A. 9-BOXA. NOSCAR. 10-OLECEO. NINA. 11-ROLAR. BOATO. VERTICAIS: 1-REGRA. RUBOR. 2-ORRACA. EOLO. 3-SIO. TIE. XAL. 4-CESIO. TUACA. 5-A.ARRAIR. ER. 6-RODA. ECANO. 7-NOPA. ANO. B. 8-CERULO. ASNO. 9-AR. AUTARCIA. 10-JAU. ION. ANT. 11-ARMAR. DARAO.
REGRAS |
Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR
Su doku [ ] Cruzadas
HORIZONTAIS: 1-Fazer roscas em. Fruta da cajazeira. 2-Lago da América. Impor ónus a. 3-Ferro com que se raspam os coiros na surragem. Que é o primeiro de todos os números. 4-Rê. Arapuá e aripuá. Símbolo de ampere. 5-Aquele que representa em teatro. Dobrar-se. 6-Grito de alegria. A. De Estudantes. Elemento de origem grega que significa orelha. 7-Abrev. de rua. Ciência do moral. Em inglês, e. 8-Exprime admiração. Misturar ou combinar com urânio. Falando-se de um número ou de um objecto que faz parte de uma série, primeiro. 9-Pequena mala, usada entre os Mouros, para guardar o fato. Partir, quebrar. 10-Género de plantas. Nana. 11-Avançar,girando sobre si mesmo. Notícia que corre publicamente, sem procedência conhecida.
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Informação Macau Cable TV
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OPINIÃO
Folha Solta
Os novos aterros urbanos ( ) ANTÓNIO FALCÃO | BLOOMLAND.CN
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Gonçalo Alvim* folhasolta.ga@gmail.com
VOU DAR EXEMPLOS, talvez exagerados, para se perceber o que quero transmitir. De uma forma geral a população pronunciou-se a favor dos espaços verdes, relevando as opções onde era dado um maior ênfase, ou uma maior área, a este tipo de espaços. Por outro lado, preferiu as zonas de habitação às de escritórios e ficou entusiasmada quando, relativamente às zonas de equipamentos lhes foi dito tratarem-se de instalações culturais, recreativas, desportivas, etc. Tudo muito bem, são estas as opiniões generalizadas. Mas de que forma estas opiniões se traduzem na realidade? Conseguimos através delas uma cidade com melhor qualidade de vida?Aparentemente sim. Mas na realidade o zonamento implica deslocações. Para a população se dirigir de suas casas ao espaço verde que surgiu como resultado do seu voto, talvez tenha de ir de carro ou apanhar um transporte. E muitas vezes não o faz, porque não é prático. Faz uma vez ou outra, não o faz todos os dias. E assim o acréscimo em qualidade de vida que o espaço verde lhe traz é residual – umas horas por mês de bem-estar, talvez. Basta ver a proporção da população de Macau que vai passear à mata de Coloane e as horas por mês que lá estão, apesar de gostarem todos muito de espaços verdes. Entre esses, faça-se agora uma separação entre os que levam carro e os que vão de transportes públicos. Haverá dúvidas sobre os resultados de um inquérito deste tipo? Ou sobre a utilização da Taipa Pequena ou da Taipa Grande?
O mesmo acontece com o zonamento para escritórios, que vai implicar deslocações aos seus trabalhadores e utilizadores. Pelo que conheço de Macau, a grande indústria é a do jogo, e os casinos/hotéis têm normalmente os seus escritórios nos próprios edifícios. As empresas que existem para além dos casinos, têm uma distribuição pouco concentrada, distribuindo-se a maioria das vezes em pequenos escritórios espalhados pela cidade. Isso ao nível do tráfego é bom, porque as pessoas têm a possibilidade de viver perto do local de trabalho. E quer-me parecer que os novos edifícios de escritórios, com rendas necessariamente elevadas devido ao custo envolvido, não teriam tantos inquilinos como se esperaria. Veja-se agora o caso dos equipamentos existentes em Macau: foram afastados do centro da cidade mas isso não terá favorecido a sua utilização. O Centro Cultural, por exemplo, é um edifício agradável, tem alguma afluência durante os espectáculos, mas estou em crer que se encontra um pouco vazio no tempo restante. Por trás existe uma praça pavimentada com uma boa dimensão, simpática, com conotação de “equipamento” porque pretende servir de palco a espectáculos ao ar livre; mas ela quase sempre está vazia. Teria talvez sido mais apropriado realizar ali um espaço verde multifuncional, que permitisse captar mais pessoas ao longo do dia. Também a Torre de Macau, com todos os seus aspectos positivos, não tem a ocupação que seria desejada, talvez por não haver habitações a uma distância confortável de percorrer nem transportes
regulares – embora normalmente uma coisa se relacione com a outra. Apesar destas realidades, entre outras, o Plano prevês zonas específicas dedicadas a equipamentos.
Macau é uma cidade que não consegue reunir muitas pessoas em grandes espaços/equipamentos monofuncionais porque a sua população, agora e daqui a dez anos, é reduzida. Considerar que o seu turismo principal, destinado aos casinos e permanecendo na cidade pouco tempo, vai repartir esse tempo com ocupações ligadas ao lazer, é idealismo Parece-me a mim que a realidade de Macau é esta: alguns espaços padrão, apesar de em inquéritos serem dados como muito apreciados pelo comum dos cidadãos, na vida prática acabam por lhes ser de reduzida utilidade – porque se encontram afastados, a acessibilidade é complicada ou, simplesmente, porque não há população suficiente para os ocupar devidamente. Com efeito, Macau é uma cidade que não consegue reunir muitas pessoas em grandes espaços/equipamentos monofuncionais porque a sua população, agora e daqui a dez anos, é reduzida. Considerar que o seu
turismo principal, destinado aos casinos e permanecendo na cidade pouco tempo, vai repartir esse tempo com ocupações ligadas ao lazer, é idealismo. A realidade é que Macau não pode ser comparada com metrópoles como Hong Kong ou Guangzhou, exemplos que foram dados na apresentação. A meu ver deverá ser feita uma distinção fundamental na intervenção em Macau: o bem-estar diário e o bem-estar ocasional dos seus cidadãos; e que se deve preferir o primeiro ao segundo. Se me dessem a escolher entre um espaço verde bem dimensionado na cidade e uma cidade bem dimensionada, com ruas arborizadas e pequenos espaços verdes à distância de uma caminhada, com pequenos jardins nas coberturas para utilização frequente, com esplanadas junto a edifícios de dimensões aceitáveis, eu optava por esta última hipótese. Se por acréscimo se propusessem espaços verdes maiores, seriam muito bem-vindos, mas eu não dispensava um bom nível de vida todos os dias. E se os cidadãos da cidade viverem bem, isso vai atrair turistas, nomeadamente os mais esclarecidos. Spots para captar o turista há muitos na Ásia e tenho dúvidas que Macau consiga competir nesse campo. O Fisherman’s Wharf devia servir de exemplo. A qualidade dos espaços dos novos aterros vai-se definir no desenho urbano e na regulamentação que for feita para as construções que se vierem a realizar. Até agora, parece-me, está-se a conferir-lhes uma aceitação social, logo, política. *Arquitecto Paisagista, Mestre em Engenharia Urbana
Que os maus digam mal de nós, pode ser até uma honra. Mas que os Padre Manuel Teixeira [1912-2003]
bons cantem no mesmo coro, dá que pensar...
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à fl or d a p el e Helder Fernando
Dias das Musas I Não sei se as melhores inspiradoras enraizadas na mitologia são as musas; mas hoje parece que é o Dia delas, das Musas de todas as Luas. A essas entidades - não sei se está bem chamar-lhes assim - atribuem-se capacidades, se calhar quase infinitas, de inspirar a criação artística, científica, poética, literária enfim, e até mesmo inspiração política, calcule-se; e até mesmo outros tipos de criações. Zeus e Mnemósine (ai a minha memória) é que talvez saberão até onde a sua criatura pode inspirar - eles, que tiveram nove musas. Musa é do tipo feminino, claro, pelo menos na imaginação de uns quantos onde confortavelmente me situo. O hipotético correspondente masculino, Fauno, pertence apenas à mitologia romana e não lhe chega aos calcanhares, se é que existem calcanhares femininos e inspiradores nas nove musas da mitologia grega. Fauno, o tal deficitário de capacidades verdadeiramente inspiradoras, nem sequer teve direito a um Museu do Homem; ao passo que as musas têm um templo só para elas, o Museion - é nesta fonte que nasce a palavra museu. E museu é sempre - ou deve ser - local guardião de artes, de conhecimentos, de inspirações superiores. Quantos de nós, em relação ás musas inspiradoras, somos como o anzol: tudo o que lhe resta é depender da boca do peixe para se sentir útil ou mesmo para sobreviver e ser feliz? Musa real, a que se eleva das águas, a que surge das nuvens, a que passa pela gente sem notar que existimos, a que imaginamos a voz, os lábios, o olhar e o corpo, a quem entregaríamos o sangue, o suor, as lágrimas, os sonhos, as lascívias, a que nas trevas nos dá luz, essa Musa jamais terá defeitos, nem um. Nós, os desejosos da sua inspiração, é que temos todas as imperfeições e mais algumas. Incluindo acreditarmos em musas... II Como que saindo do Olimpo virtual e metafórico, e antes que passemos, num repente, aos vícios privados, falemos dos públicos defeitos. Da inspiração para a aspiração. Não são más de todo as musas aspiradoras, até chegam a ser gloriosas. Porventura mudadas de xis em xis tempo; como os aspiradores de pó. Com todo o respeito. Uma coisa parece ser certa: temos de aprender a usar bem os aspiradores, não pode ser de qualquer maneira. Longe vai, felizmente, o tempo em que era tudo à vassourada. Agora até existem uns aspiradores redondinhos, que se desviam de obstáculos sem a gente lhes tocar; e trabalham sozinhos. Para além da aspiração, devem ter cá uma inspiração... III Não sei bem porquê, escrevia esta crónica e lembrei-
Musa real, a que se eleva das águas, a que surge das nuvens, a que passa pela gente sem notar que existimos, a que imaginamos a voz, os lábios, o olhar e o corpo, a quem entregaríamos o sangue, o suor, as lágrimas, os sonhos, as lascívias, a que nas trevas nos dá luz, essa Musa jamais terá defeitos, nem um -me de dois respeitáveis cavalheiros. Digamos que respeitáveis. O poeta argentino Jorge Luís Borges, que morreu faz hoje 25 anos, e o poeta português Fernando Pessoa, que nasceu fez ontem 123 (faleceu faz a 30 de Novembro, aos 76 anos). Foram contemporâneos. O argentino, com fama e proveito, sempre lido, editado e reconhecido no seu país e internacionalmente. O português, ninguém o lia, ninguém o reconhecia, tirando amigos ou admiradores muito próximos, o seu país ignorava-o de todo, e apenas um livro seu, em língua portuguesa, foi publicado em vida. Comme d’habitude au Portugal, por aqueles tempos. O argentino afirmava que tudo o que escrevia era autobiográfico. O português concebeu grande parte da sua obra com base em variadas autobiografias. Vamos todos prosseguir na leitura de ambos, faz-nos bem. IV As gralhas, os erros dactilográficos ou de simpatia, as distracções, as imprecisões, fazem parte da longa vida da imprensa escrita. Entre as inúmeras falhas que cometi ao longo de quase três décadas a escrever regularmente, destaco e penitencio-me pelas mais recentes. Refiro-me a duas entrevistas que fiz para este jornal, publicadas a 20 de Maio e a 3 de Junho corrente, respectivamente a Alfredo Vaz e a Sofia Bobone a quem peço perdão. Ao primeiro, pelo facto de eu não ter sido preciso quando transcrevi as palavras do entrevistado referindo-se a uma sua página no FB em que fala de automobilismo em geral e também do Grande Prémio de Macau. Alfredo Vaz não me falou em nenhuma página sua dedicada exclusivamente a esse GP, eu é que interpretei mal. A Sofia Bobone ao contar-me uma das campanhas em que participara em Portugal como criativa, para a Associação para a Promoção da Segurança Infantil, claro que não me falou no lema “Sinto atrás, vida pela frente”, como a viperina gralha manchou a página. O lema, muitíssimo bem imaginado, sublinhe-se, foi: “Cinto atrás, vida pela frente”. Ninguém merece.
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Patrícia Ferreira, Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
cartoon
TURQUIA
por Steff
CHINA OITO ALIMENTOS CANCERÍGENOS As autoridades de saúde da China encontraram oito tipos de alimentos produzidos no país com a substância química DEHP, potencialmente cancerígena, que nas últimas semanas causou alarme em Taiwan. A substância DEHP (di2-etil-hexil-ftalato), geralmente utilizada para amolecer plásticos, aparentemente tem sido utilizada na indústria alimentícia para melhorar a aparência dos produtos. Foi agora encontrada em produtos confeccionados em três fábricas na província de Cantão e em outra na província de Zhejiang (leste). Entre os produtos estão o chá verde normal ou em pó, óleo hidrogenado e de gergelim, essências de sabores como goiaba e amêndoas.
Visita de Wang Guangya a Hong Kong atribulada
Protestos de boas-vindas Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
AUSTRÁLIA CHRISTCHURCH VOLTA A TREMER Uma série de tremores de terra atingiram ontem, de novo, a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, depois de um terramoto de 7,0 ter destruído a cidade em Fevereiro. Desta vez há só registo de dez feridos. No entanto, mais 50 edifícios ficaram agora em risco de colapso. As autoridades avançam que não há mortos provocados pelos abalos – o mais forte de 6,0 na escala de Richter. Mas já alertaram as pessoas para o facto de terem de voltar a ficar sem água ou luz durante as próximas horas. E estão a fazer o levantamento dos danos materiais, sendo que muitos edifícios ainda fragilizados pelo terramoto de Fevereiro ameaçam agora colapsar. E. COLI CIENTISTAS AVALIAM SEMENTES Depois de se ter comprovado que a origem do surto infeccioso com uma perigosa estirpe da bactéria E. coli foram os rebentos vegetais, as autoridades sanitárias alemãs estão agora a examinar se as respectivas sementes também já estavam contaminadas. “Adensaram-se os indícios de que as sementes dos rebentos já possam conter a bactéria, embora isso ainda não tenha sido comprovado”, disse um porta-voz do Instituto Federal de Avaliação de Riscos (BfR). Apesar disso, o BfR recomendou a renúncia ao consumo, quer de rebentos vegetais adquiridos no mercado, quer dos que sejam de produção própria.
O
antecessor Liao Hui nunca pôs os pés nem em Hong Kong nem em Macau. Wang Guangya, director do Gabinete para os Assuntos das duas RAEs do Conselho de Estado, quis escrever a história diferente, mas o pontapé de saída não correu bem. Ao chegar à região vizinha, o alto dirigente foi recebido com protestos e um boicote por parte dos deputados democratas. Lee Cheuk-yan e Cyd Ho Sau-Ian, pró-dremocratas do Conselho Legislativo, avisaram logo de antemão que iam boicotar um almoço agendado para ontem. “O que interessa estar a comer com mais de cem pessoas lá? Não haverá nenhum tipo de diálogo”, apontaram ao jornal “South China Morning Post”. A dupla mostrou-se insatisfeita pelo facto de Wang Guangya não se ter mostrado disponível para reunir-se com deputados e ter preferido organizar um convívio em massa
com todos os membros do Conselho Legislativo e outras personalidades de relevo. Até o presidente do Conselho Legislativo vizinho, Tsang Yok-sing, da ala conservadora e pró-Pequim, desabafou que propôs um encontro privado entre o alto responsável do Governo Central e os 60 deputados, mas que levou uma nega. “Acho que seria melhor que o responsável pelos assuntos de Hong Kong e Macau parasse para falar cara a cara com os deputados”, apontou, acrescentando que um almoço não seria o melhor método de comunicação. “Espero que corrija esta falha no futuro.” Wang Guangya chegou a Hong Kong no domingo para uma visita de dois dias e meio e teve na mesma tarde um encontro com o Chefe do Executivo, Donald Tsang, e um jantar de boas-vindas. Do lado de fora do Palácio do Governo, cerca de 40 manifestantes da Liga dos Sociais-democratas e Poder Popular tentaram por duas vezes entregar petições ao dirigente, tendo-o
seguido inclusive ao hotel onde está hospedado. Os manifestantes gritavam palavras de ordem a exigir o sufrágio universal e a libertação das dezenas de activistas e dissidentes detidos por Pequim. A polícia teve de armar barricadas para impedir que os manifestantes estivessem à vista de Wang. Dois activistas foram arrastados pelas autoridades quando protestavam à porta do Palácio do Governo.
MENOS DE 48 HORAS EM MACAU
Wang Guangya chega esta tarde a Macau ao Terminal Marítimo do Porto Exterior e será levado directamente para a Sede do Governo, na Praia Grande, para uma reunião privada com Fernando Chui Sai On. Na manhã seguinte, o responsável vai andar pela zona do Cinema Alegria e do Fai Chi Kei. Amanhã à tarde terá encontro com “diferentes sectores sociais”, como anuncia o seu programa de viagem, no Centro Cultural de Macau. Às 11h de quinta-feira, já estará a postos no aeroporto para voltar a Pequim.
TERÇA-FEIRA 14.6.2011 www.hojemacau.com.mo
JAPÃO ONDAS DE 40 METROS As ondas do tsunami causado pelo sismo de magnitude de nove graus na escala de Richter, que abalou o Nordeste do Japão a 11 de Março, chegaram a superar os 40 metros de altura. De acordo com um estudo da Agência Meteorológica realizado em colaboração com especialistas, na cidade de Miyako, na província de Iwate, uma das mais atingidas pelo tsunami, as ondas alcançaram um máximo de 40,5 metros. Para poder calcular a altura, os especialistas analisaram as marcas da destruição que o tsunami deixou à sua passagem, já que a catástrofe natural inutilizou os sistemas habituais de medição, informou a estação televisiva pública NHK. MOÇAMBIQUE TIRAR O DINHEIRO DE DEBAIXO DO COLCHÃO O presidente moçambicano, Armando Guebuza, apelou à população para deixar de “enterrar dinheiro em latas e colchões” e a aderir à poupança formal para dinamizar a economia do país. O presidente afirmou ainda que, apesar da fragilidade da expansão e do difícil acesso aos serviços bancários, sobretudo nas zonas rurais, a população deve massificar actos de poupança para minimizar a crise financeira e tornar o país sustentável. O serviço bancário em Moçambique cobre apenas 52 distritos (dos 128 existentes), o que faz com que a população adira a poupanças informais e enterre o dinheiro em latas de óleo. Assaltos e incêndios em casa levam muitas vezes a população a perder as suas poupanças. DESCOBERTA BLOGUEIRA LÉSBICA AFINAL É HOMEM Amina al Araf era um símbolo da luta contra o conservadorismo religioso na sociedade da Síria e nas últimas semanas tornara-se num ícone da resistência contra o regime ditatorial de Bashar al-Assad. Mas a blogueira lésbica de Damasco era afinal um homem heterossexual dos EUA, de 40 anos, que estuda em Edimburgo, Escócia. Tom MacMaster criou a personagem Amina, uma jovem síria norte-americana que fora viver recentemente para Damasco, capital da Síria. O verdadeiro autor do blogue descreveu durante meses a forma como Amina vivia a sua homossexualidade numa sociedade árabe conservadora. E nas últimas semanas, as entradas no blogue “Uma lésbica em Damasco” indicavam que a jovem tinha participado activamente nas revoltas sociais contra o presidente sírio e o regime autoritário que este encabeça.