Hoje Macau 14 JUN 2016 #3591

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Director carlos morais josé

tânia dos santos

finalmente fechadas

grande plano

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novo macau

Em nome do rigor eleitoral

pub

bibito henrique

opinião As contas

lorcha uma morte anunciada

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Agência Comercial Pico • 28721006

porto interior

Vai um café?

Mop$10

terça-feira 14 de junho de 2016 • ANO Xv • Nº 3591

hojemacau estética ausência legislativa põe saúde no fio da navalha

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Encanto fatal Macau continua sem um diploma que regule a área da cirurgia plástica. Basta uma licenciatura em medicina para efectuar uma intervenção estética, mesmo que

esta não seja a sua especialidade. Médicos alertam para a necessidade de uma lei que impeça estes actos e avisam que na RAEM se corre diariamente “risco de vida”.

página 7 sofia mota

‘ alexandre baptista

Um esboço do coração eventos


2 grande plano

Lorcha Macau Governo afasta hipótese do regresso da embarcação

A

Lorcha Macau foi, um dia, um símbolo da cultura portuguesa e chinesa em madeira a navegar no mar, tal como um dia se fez nos Descobrimentos. Hoje é um símbolo morto em Portugal sem possibilidade de regresso a Macau. Há um ano a Fundação Oriente (FO) divulgou um relatório que declarava a Lorcha Macau como sucata. Um ano depois, não há decisão. Em Macau ninguém pode ficar com ela, nem mesmo o Executivo. “O Governo de Macau, através de vários serviços e departamentos, analisou com rigor a possibilidade de ficar com a Lorcha Macau mas, por questões várias, nomeadamente de natureza técnica, foi concluído que não há possibilidade de trazer a Lorcha para Macau”, confirmou o HM junto do gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. “A Lorcha Macau é uma situação irreversível”, defendeu recentemente ao HM Carlos Monjardino, presidente da FO. “Estamos à espera de um orçamento, mas quase de certeza não vai ser possível recuperar devido à idade que tem, quase 30 anos. Há um relatório das autoridades que foram fazer uma inspecção e que diz que a recuperação é impossível.” Monjardino prefere não falar de destruição de uma embarcação que representou Macau na longínqua Expo 98, em Lisboa. “Pode-se chamar outra coisa qualquer. Iremos fazer o desmantelamento da Lorcha, se não encontrarmos entretanto outra solução. Acho difícil para a FO ou mesmo para a Fundação Stanley Ho (receber esse projecto). Havia quem estivesse em Macau interessado na Lorcha mas ultimamente não tem mantido muito interesse.” O relatório, citado pelo jornal Ponto Final, fala do “estado geral de degradação da madeira” e a “deficiente manutenção dos principais equipamentos e sistemas de bordo”. De acordo com o relatório, só se aproveitam os motores de propulsão e alguns acessórios de navegação.

Bibito Henrique

Um ano depois de um relatório técnico ter declarado a Lorcha Macau como sendo sucata, a Fundação Oriente continua à espera de um orçamento e de uma decisão final para resolver o dossier de um barco a apodrecer. Da Secretaria de Alexis Tam descarta-se a hipótese de um regresso da histórica embarcação à terra mãe

Morte

“Por questões várias, nomeadamente de natureza técnica, foi concluído que não há possibilidade de trazer a Lorcha para Macau”

“Há um relatório das autoridades que foram fazer uma inspecção e que diz que a recuperação é impossível”

“Ao fim destes anos todos já sabia que seria muito complicado recuperar o barco”

gabinete de Alexis Tam

Carlos Monjardino presidente da FO

Bibito Henrique Macau Sailing


3 hoje macau terça-feira 14.6.2016 www.hojemacau.com.mo

a Ocidente Construída na década de 80 e usada como símbolo em 1998, a Lorcha Macau está hoje em Portimão e tem vindo a ser afectada por uma praga de bichos de madeira desde 2011, sendo hoje impossível de navegar no mar. A FO gasta cerca de meio milhão de patacas por ano só na manutenção da embarcação, fora as duas milhões de patacas necessárias para tratar a praga na madeira.

Contactos de Lisboa

Carlos Monjardino ofereceu, por volta de 2012, a Lorcha Macau a Bibito Henrique, da empresa Macau Sailing, ou mesmo à Casa de Portugal em Macau (CPM). Daria a embarcação se, no território, se encontrassem os fundos necessários para todo o processo de transporte e aproveitamento (ver texto secundário).

Confrontado com a resposta do Secretário Alexis Tam, Bibito Henrique não se mostra surpreendido. “Não lamento, ao fim destes anos todos já sabia que seria muito complicado recuperar o barco, a partir do momento em que saiu o relatório que dá o barco como destruído.” Amélia António, presidente da CPM, garante: “sendo o custo uma coisa viável, e uma vez que a Lorcha foi feita aqui, é um exemplar único, faria todo o sentido ela estar aqui e ser posta ao serviço do turismo local.” “O doutor Monjardino, em tempos, mandou uma carta a oferecer a Lorcha à Casa de Portugal, e nós não demos seguimento a esse assunto enquanto não soubemos se o Governo estaria interessado em trazê-la para Macau, porque

nunca nos iríamos meter numa aventura dessas. Não temos estruturas para tratar desse assunto, ficar com a Lorcha e tomar conta dela. Só se o Governo estivesse interessado nela é que daríamos o nosso contributo em termos de trabalho. Foi isso que transmiti ao doutor Alexis Tam e ao doutor Monjardino. O doutor Monjardino ficou de manter os contactos da empresa que a levou para lá, mas não tive feedback nem de um lado nem de outro.” Bibito Henrique, que considera que ficaria mais barato fazer uma nova réplica da Lorcha, diz que a não aquisição do barco “não é falta de vontade política”. “É tudo muito novo e a política também se está a adaptar”, concluiu. Andreia Sofia Silva

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Muito acima de meio milhão Réplica poderia enquadrar-se nas novas águas marítimas

D “É um exemplar único, faria todo o sentido ela estar aqui e ser posta ao serviço do turismo local” Amélia António presidente da CPM

eparando-se, em 2012, com a venda da histórica embarcação, Bibito Henrique pôs mãos à obra e elaborou um projecto que visava o seu transporte e aproveitamento. Se na altura custava mais de 500 mil patacas (60 mil euros), hoje custaria, provavelmente, o dobro. A ideia era comemorar os 500 anos da chegada de Jorge Álvares à China, se bem que Bibito não sentiu receptividade por parte das entidades locais. “Quando vim para Macau com o projecto senti que as minhas tentativas de falar com as entidades locais não estavam a correr bem, não estavam receptivas e as portas não estavam abertas. Percebi também que a minha ideia inicial de lembrar os 500 anos

não estava a ter uma grande adesão por parte de Macau.” “O barco iria servir para duas situações para as quais eu considero que Macau ainda tem espaço. A parte turística, de termos o barco para passeios, como há em Hong Kong, e a nível de história e cultura, para dar apoio a escolas, para servir de um equipamento vivo para os nossos estudantes e interessados nesta área para terem acesso a um museu vivo, com uma parte multimédia”, contou Bibito Henrique. O responsável pela Macau Sailing fala da Lorcha como um bom exemplo para enquadrar na nova gestão das águas marítimas, que desde Dezembro de 2015 passaram a estar sob jurisdição de Macau.

“De repente temos este mar imenso, uma área imensa sobre a jurisdição, e temos uma economia do mar que passa por imensas coisas, e há inúmeras actividades que podem ser desenvolvidas. Ainda

temos os técnicos em Macau, que estão todos na casa dos 60 anos, em Lai Chi Vun (povoação em Coloane). Do meu lado, com as parcerias que tenho na China, temos o saber fazer.” A.S.S.

A história de um barco 1988

A Lorcha é construída num dos estaleiros da povoação de Lai Chi Vun, em Coloane, por iniciativa de alguns oficiais da Marinha de serviço em Macau. Hoje os estaleiros também estão em risco de ruína

Julho de 1989

Faz a sua primeira viagem até ao Japão

1990 a 1997

Em sete anos o barco realizou diversas viagens pela Ásia, tendo passado por países como a Coreia do Sul, Singapura, o Sri Lanka, a Índia, a Tailândia, a Malásia e a República Popular da China

Fevereiro de 1998

Embarcação vai para Lisboa para a Expo 98

Setembro de 1998 Cedência à APORVELA

2001

A Fundação Oriente e a Fundação Stanley Ho compram a Lorcha por 1,5 milhões de patacas

2012

Lorcha surge à venda num website especializado em Portimão. O HM confirmou que a própria FO desconhecia a venda, tendo o processo ficado parado

2015

O parecer técnico da Rinave defende que a Lorcha pode ser “considerada próxima do estado de sucata”


4 Política

hoje macau terça-feira 14.6.2016

Novo Macau apresenta propostas para revisão da lei eleitoral

Eleições, mas a sério A Associação Novo Macau pretende três coisas da revisão eleitoral: a abertura, ou fecho, das escolas a todas a candidaturas, mais meios para a Comissão dos Assuntos Eleitorais e a retoma da distribuição de folhetos informativos que o Governo fazia. Quanto à limitação da liberdade de expressão que António Katchi vê na proposta do Governo, mostram-se surpreendidos

A

Associação Novo Macau (ANM) apresentou ontem à imprensa os três pontos que consideram fundamentais para aprovarem a proposta de revi-

são à lei eleitoral. Todavia, e antes de mais nada, o presidente, Scott Chiang começou logo por afirmar a posição contrária da associação em relação aos “deputados indirectos e nomeados porque é mau

para a democracia e não serve a população”. Para além deste ponto permanente, a questão principal são mesmo os meios que a Comissão para os Assuntos Eleitorais tem à disposição.

“Fiquei chocado”, diz Jason Chao, vice-presidente da ANM, “pedi para verificarem as actividades de outros candidatos mas disseram-me não ter staff suficiente e pediram-me para escrever um relatório.” “Têm de ter meios”, reforça Scott Chiang, “é muito fácil fugir aos regulamentos em Macau”, explica. Daí que o registo das actividades de campanha não seja uma coisa necessariamente má pois, diz Scott, “se não houver lei ninguém põe lá todas. Isto é Macau...”, lamenta-se.

Mais rigor

Escolas para todos

“A Escola Hou Kong é o caso mais infame pois teve candidatos a discursar e depois apresentou queixa contra nós porque distribuímos folhetos à porta”

“Em Macau oferecem-se viagens, jantares e outras actividades que nunca são contabilizadas”

Jason Chao vice-presidente da ANM

Scott Chiang presidente da ANM

Abrir, ou fechar, as portas das escolas às actividades de campanha é outro dos pontos importantes para a ANM. Segundo Jason Chao, “algumas escolas, como tinham relações com candidatos fizeram sessões de esclarecimento e isso não é justo” e o Governo fez orelhas moucas, “escrevemos à comissão a pedir igualdade de oportunidades e nunca obtivemos resposta”. Como não lhes foi permitida a entradas nas escolas resolveram distribuir folhetos à porta de uma

Direito à informação

“Antes o governo produzia um folheto com todos os candidatos que enviava aos eleitores registados mas acabaram com isso por questões ambientais, dizem eles” comenta Scott Chiang em tom irónico. A última distribuição aconteceu há oito anos mas, agora, o Governo faz uma distribuição electrónica que a ANM considera “manifestamente insuficiente pois não chega a toda a gente”. “Sem este folheto”, argumentam, “todos os grupos estão a tentar chegar ao eleitorado e é isso que cria os desequilíbrios”. Manuel Nunes

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Sofia Mota

A limitação das despesas de campanha é bem acolhida pela Novo Macau. Todavia, é onde se nota especialmente a falta de meios da Comissão. “Basta uma lista de despesas”, diz Chao, “se tudo bater certo aprovam. Mas não conferem se a lista corresponde às actividades realizadas”. Para a ANM todas as actividades de campanha deviam estar consideradas no relatório de custos e citam o caso de Hong Kong. “A partir do anúncio de candidatura, todas as actividades que beneficiem os candidatos são contabilizadas”, diz Scott, adiantado ainda que “em Macau oferecem-se viagens, jantares e outras actividades que nunca são contabilizadas”, e dá exemplos, “uma festa particular, se der uma oportunidade ao meu amigo para se promover eleitoralmente, isso é campanha ou não? Nas últimas eleições até casamentos foram usados para isso”, explica. Questionado sobre se esta limitação não pode ser virada contra os candidatos por armadilhas montadas pela oposição, Scott acha que “Macau é pequeno demais para que isso não se perceba” pelo que Scott Chiang alerta para a necessidade da “Comissão ter capacidade de classificar as actividades para fazer uma classificação correcta”. Mas até os apoiantes podem prejudicar organizando eventos por iniciativa própria, no que Scott volta a dar o exemplo de Hong Kong dizendo que, por lá, “os candidatos pedem aos amigos para não fazerem nada estúpido, para não organizarem nada que depois tenham de colocar nas contas”.

que consideram o caso mais grave, “a Escola Hou Kong é o caso mais infame pois teve candidatos a discursar e depois apresentou queixa contra nós porque distribuímos folhetos à porta”, diz Chao adiantando ainda que “o Governo não quer saber e não tem planos para remendar a situação”. Relativamente às universidades as públicas, Chao vai avisando que “são praticamente departamentos do Governo” e as privadas porque “recebem subsídios do Governo deviam dar oportunidades a todos os candidatos para exporem as suas ideias”.

Contra “mordaças”

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a passada sexta-feira, em declarações ao HM, o professor António Katchi foi cáustico na avaliação que fez da proposta de revisão da lei eleitoral. Para o académico, a proposta “é uma autêntica lei da mordaça” por não permitir que ninguém fale “a partir do momento que o Chefe do Executivo fixa a data das eleições e até ao início da campanha eleitoral”, além de “obrigar os candidatos a fornecer uma informação completa sobre todas as actividade de campanha e as pessoas só poderem falar em abono ou em critica de algum candidato se se tiverem registado como apoiantes”. “Seria mau se assim fosse”, diz Scott Chiang, afirmando que não deu por isso na leitura do documento. Relativamente à submissão de materiais de campanha, o responsável da ANM diz que “se se vier a transformar se em censura, teremos de ser contra”. Acerca do registo de pessoas, Scott não quer acreditar porque, se assim fosse, teriam de ser contra pois “o público em geral deve poder participar como bem lhe apetecer”, remata.


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Política

O mau da fita

Associações contra opinião de Cheang Chi Keong sobre croupiers

A FM Deputados pedem alocação de verbas de jogo no FSS

Mudanças no sistema Os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong pedem que as verbas do Jogo destinadas à Fundação Macau sejam alocadas no Fundo de Segurança Social para apoiar “as pessoas de Macau”

A

polémica doação de 100 milhões de renmimbi da Fundação Macau (FM) à Universidade de Jinan, de Guangdong, continua a gerar debate. Ontem os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San exigiram, em conferência de imprensa, que o Governo mude os contratos com as operadoras de Jogo para que o Fundo de Segurança Social (FSS) passe a receber a parte de 1,6% das receitas dos casinos, em vez da própria FM. Os deputados frisaram que neste momento as contribuições para o FSS não estão estáveis e as contribuições para o Regime de Previdência Central geram polémica. Ambos defendem que os recursos financeiros da FM são de Macau e devem ser aplicados às “pessoas de Macau”. “Se neste momento não é estável a contribuição para o FSS,

“Porque é que não se transfere a percentagem de 1,6% das receitas da FM para o FSS, para que não haja um abuso dos recursos?” Ng Kuok Cheong deputado

porque é que não se transfere a percentagem de 1,6% das receitas da FM para o FSS, para que não haja um abuso dos recursos?”, questionou Ng Kuok Cheong. “Não se deve menosprezar os 1,6% das receitas, porque são sempre mais de mil milhões de patacas. Em 2014 as receitas de jogo foram superiores a 300 mil milhões de patacas, o que significa que a FM recebeu cerca de 5 mil milhões. O ano passado as receitas caíram e a FM ainda recebeu mais de 3 mil milhões”, lembrou Au Kam San. “Antes da transferência de soberania pedi que fosse feita uma transferência de fundos para o FSS. Como o Governo referiu que o FSS pode ter uma crise de falta de capitais, vou voltar a pedir que seja feita essa transferência, porque o Governo ainda não tem um mecanismo financeiro para apoiar o FSS de forma continuada”, referiu Ng Kuok Cheong.

Dúvidas contratuais

Segundo os estatutos da FM, a fundação recebe, desde 2001, 1,6% das receitas dos casinos, com base nos contratos de Jogo. Contudo, os contratos das operadoras determinam que essa percentagem pode ser aplicada numa fundação pública que tenha por fim a promoção, o desenvolvimento e o estudo de acções de carácter cultural, social, económico, educativo, científico, académico e filantrópico. Não define, portanto, que tem de ser

a FM. Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo, determinou que seria a FM a beneficiária desse valor. “Edmund Ho definiu que essa percentagem deveria ser atribuída à FM e depois ele próprio se tornou presidente do Conselho de Curadores (que decide apoios superiores a meio milhão de patacas). Será que ele colocou dinheiro no seu próprio bolso?”, acusou Au Kam San. Ambos os deputados falam de abusos na FM. “O Chefe do Exe-

associação Forefront of Macau Gaming associou-se à Associação dos Empregados das Empresas de Jogo de Macau e já recolheu cerca de 1800 assinaturas de croupiers que visam pedir ao Chefe do Executivo para conservar a actual política de manter os lugares de croupier nos casinos exclusivamente para os residentes. Cloee Chao, secretária-geral da associação e membro da Forefront of Macau Gaming, disse ao HM que muitos croupiers ficaram preocupados após lerem as declarações do deputado Cheang Chi Keong ao jornal Ou Mun. Este defendeu que a introdução de trabalhadores não residentes (TNR) nesta profissão não iria causar problemas na economia, nem despedimentos.

Exemplos de fora

“Soube que os casinos em Singapura já começaram a despedir pessoas e cerca de 400 pessoas saíram dos casinos. Os empregados em Macau têm vindo a sofrer pressões por parte das operadoras. Como as receitas caíram as operadoras lançaram muitas exigências e muitos empregados

receberam avisos para não as cumprir. Isto gerou preocupação nos empregados que acham que estas são acções para facilitar despedimentos”, referiu. “O deputado falou sobre a introdução de TNR neste momento mas isso não corresponde aos desejos da sociedade e será muito grave para todos os croupiers”, acrescentou Cloee Chao. “Esta recolha de assinaturas é voluntária. Esperamos que o Governo possa criar uma lei para proibir a introdução de TNR no sector. O Jogo é a principal actividade económica e, dos cerca de 80 mil empregados, 50 mil são croupiers. Este trabalho é a base para muitas famílias e não queremos ouvir mais discursos parecidos com o do deputado Cheang Chi Keong”, rematou. Esta não é a primeira associação que se manifesta contra as palavras do membro do hemiciclo. Na sexta-feira passada a Power of the Macau Gaming entregou uma petição ao Chefe do Executivo a pedir para que se mantenha a actual política. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

“Não se deve menosprezar os 1,6% das receitas, porque são sempre mais de mil milhões de patacas” Au Kam San deputado cutivo (Chui Sai On) já disse que não recebe salário da Universidade de Jinan, mas vários membros da FM desempenham outros cargos noutras associações. Se os membros fizerem o que fez o Chefe do Executivo, vão ser cometidos abusos com o dinheiro da FM”, rematou Ng Kuok Cheong. Angela Ka

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Tomás Chio

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Menos exposições e convenções

No primeiro trimestre de 2016 tiveram lugar em Macau 191 reuniões, conferências e exposições, menos 20 em termos anuais. Segundo a informação dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), houve também uma descida do número de participantes de 50,4%, para mais de 124 pessoas. A DSEC justifica as quedas com o facto de quatro das exposições realizadas no primeiro trimestre do ano passado serem organizadas, este ano, apenas no segundo trimestre. Entre Janeiro e Março, efectuaram-se 187 reuniões e conferências (menos 7% em termos anuais), em que estiveram 15,457 participantes, o que representa uma queda de 28,7%. A duração média das reuniões e conferências foi de dois dias. Quanto às exposições, no trimestre em análise foram realizadas quatro exposições (menos seis do que há um ano) que contaram com 109.503 visitantes, ou seja, menos 52,4%. A duração média das exposições foi de 2,8 dias.


6 Sociedade

hoje macau terça-feira 14.6.2016

António Falcão

Os contos da discórdia Festival Rota das Letras registou défice nas contas

O Porto Interior Governo salda dívida 14 anos depois

Paga o que deves

A Macau Professional Services, empresa ligada à CESLÁsia, recebeu finalmente as mais de 600 mil patacas que lhe eram devidas após o Governo ter suspendido o projecto de requalificação da zona da Barra e do Porto Interior. O último pagamento tinha sido feito em 2002

M

ais vale tarde do que nunca. Este poderia ser o lema aplicado à história do “projecto de reformulação urbanística parcial do Porto Interior e da Barra”, que foi encomendado em 2001 pelo então Chefe do Executivo, Edmund Ho, à Macau Professional Services (MPS), ligada ao universo CESL-Ásia. Só ontem é que foi confirmado à empresa o último pagamento que a Administração tinha de fazer à empresa. O despacho publicado em Boletim Oficial (BO) revela que a MPS recebeu as mais de 626 mil patacas que ainda faltavam pagar, sendo que o último pagamento feito pelo Governo data de 2002 e está também orçado acima das 600 mil patacas. O contrato inicial tinha um valor superior a três milhões de patacas. Ao HM, o director da MPS, Miguel Campina, explicou que este despacho representa o fim de um

projecto há muito morto e enterrado, e que visava requalificar zonas que anualmente são afectadas por cheias. “Suspenderam o projecto e nunca mais quiseram saber disso. Fomos insistindo no sentido de sermos ressarcidos de alguns prejuízos em que incorremos, por todo o trabalho que fizemos. É fechar o assunto do ponto de vista financeiro, porque as questões que existiam são hoje muito mais graves e a resolução que devia ter sido feita na altura infelizmente não aconteceu, a zona continua a degradar-se e vão destruindo aquilo tudo”, disse Campina.

Afinal havia outra

Miguel Campina recorda um projecto que foi abandonado em prol da construção do actual Sofitel Ponte 16, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). “A encomenda foi feita, o projecto foi desenvolvido, as conclusões foram apresentadas,

“É fechar o assunto do ponto de vista financeiro, porque as questões que existiam são hoje muito mais graves e a resolução que devia ter sido feita na altura infelizmente não aconteceu, a zona continua a degradar-se e vão destruindo aquilo tudo” Miguel Campina director da MPS

mas chegou-se depois à conclusão que a intenção não era a de pôr aquilo em prática. A conclusão era ter um pretexto para tomar uma decisão que veio a ser tomada pelo Governo para entregar o aproveitamento da Ponte 16 directamente à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). Naquela altura não havia uma entidade que estivesse designada para fazer a exploração daquilo”, referiu. O director da MPS esteve directamente envolvido nessa intenção de requalificação que continua por concretizar. “Parte da estratégia que a STDM tinha pensado e posto em prática era segurar todos os terrenos em Macau para impedir a concorrência de se instalar. No Porto Interior, na sequência dos estudos que tinham sido feitos e nos quais eu tinha estado envolvido, de reformulação do Porto Interior e da Avenida Almeida Ribeiro, o Governo encomendou uma actualização desse estudo, o que aconteceu. Foram feitas uma série de propostas para que fosse feita a recuperação do Porto Interior e a zona da Barra. Mas tudo tinha um outro destino e uma outra razão. Ficou a dívida, que nunca tinha sido resolvida”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Festival Literário Rota das Letras tem vindo a registar um défice nas contas finais todos os anos. A garantia foi dada ao HM por Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições, empresa responsável pela organização do evento. “Temos conseguido que o défice do festival tenha sido reduzido de ano para ano, mas não é muito fácil controlar o orçamento do festival, são muitas as condicionantes e os factores imprevisíveis. Temos procurado que o orçamento possa crescer um pouco mas a conjuntura não é muito favorável, já que estamos numa altura em que uma série de entidades têm evocado a situação de menores receitas a nível global.”

Deve e haver

Ricardo Pinto falou ao HM no seguimento de uma carta enviada por um dos vencedores do concurso de contos, Darío Bravo, em que este se queixa do atraso no pagamento do prémio, de 10 mil patacas. Entretanto o valor já foi pago, segundo confirmou Ricardo Pinto e Hélder Beja, director do festival. “Os gastos excederam as receitas e estamos a levar mais algum tempo do que gostaríamos, mas os pagamentos serão todos efectuados. Dentro de duas a três semanas todos os

pagamentos relacionados com o festival estarão feitos”, confirmou Ricardo Pinto. O vencedor de língua portuguesa, oriundo do Brasil, enviou a carta a todas as redacções de vários meios de comunicação locais e às empresas patrocinadoras do Rota das Letras, falando de má gestão. “O porquê desta mensagem: tornar público que os organizadores do IV Concurso Rota das Letras não cumpriram a palavra e que eles não têm ideia de quando isso será resolvido; se daqui a um mês, um semestre ou um ano. Se isso se deveu a uma falha organizacional, sugiro que em futuras edições os promotores do evento só anunciem o prémio se tiverem lastro económico, isto é, se estiverem em reais condições de cobrir possíveis percalços e contratempos. Aproveito a oportunidade para desabafar: o assunto me é desconfortável, e eu gostaria de ter sido poupado deste constrangimento”, pode ler-se na carta. Ao HM, Hélder Beja garantiu que sempre respondeu aos e-mails e que nunca foi dito que o pagamento seria efectuado com um ano de atraso. Jane Camens, outra das vencedoras do concurso, também já recebeu o seu prémio, disse a própria ao HM. A.S.S.

EPM UM controla qualidade de obra da nova prisão

A Universidade de Macau (UM) será a entidade responsável pelo controlo de qualidade da segunda fase da obra do novo Estabelecimento Prisional de Macau (EPM). O despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO) revela que o montante a pagar à universidade pública será superior a 10 milhões de patacas. O montante será pago até 2019.

Previdência FSS quer atrair trabalhadores do privado

Iong Kong Io, presidente do Fundo de Segurança Social (FSS) confirmou ontem que na primeira fase não obrigatória do sistema de previdência central visa atrair mais de 100 mil trabalhadores, que sejam residentes em Macau e que já possuam fundos de pensões privados. Segundo a Rádio Macau, o presidente do FSS disse que “iremos realizar uma série de actividades de sensibilização e de informação. Neste momento, o nosso objecto são os mais de cem mil trabalhadores que já têm fundos de pensões no privado fazendo a articulação para o regime central”.

Hospital das Ilhas Oficializado contrato com AECOM

Foi ontem publicado o despacho em Boletim Oficial (BO) que determina a assinatura do contrato com a Aecom Asia Company, empresa de Hong Kong, para a fiscalização da obra de construção do Complexo Hospitalar das Ilhas. O Governo irá pagar mais de 197 milhões de patacas para um consórcio que será feito com a empresa de Macau CAA Planning Engineering, do deputado José Chui Sai Peng, conforme o HM noticiou. Os valores serão pagos até 2019.


7 hoje macau terça-feira 14.6.2016

Q

uando não acontece nada até o sapateiro pode ser médico”. A afirmação é de Fernando Gomes, médico, reagindo à falta de legislação para a especialidade de medicina estética. Em termos práticos, o exercício da actividade privada de prestação de cuidados de saúde está regulada pelo Decreto de Lei 84/90/M, publicado em Dezembro de 1990, alterado em 1998 e 1999. Acontece que nada diz sobre medicina estética, mas não é por isso que não se deixa de a praticar em Macau. “Não existe qualquer regulamentação sobre o exercício da especialidade, nem sequer da profissão. Qualquer um que tenha licença para o exercício o pode fazer [bastando ter uma licenciatura em medicina ou acreditação para tal], mesmo que não seja a sua especialidade”, começa por explicar Fernando Gomes. Reforçando a opinião está o também médico Rui Furtado que aponta esta “inexistência de lei” como uma “profundo risco para a saúde pública”.

Estética Saúde pública em risco devido à falta de legislação

No fio da navalha

Sempre gerou muita controvérsia na sociedade. A cirurgia estética é um prazer para uns, um erro para outros. Em Macau não há dúvidas: intervenções estéticas colocam em causa a saúde pública. Para evitar riscos é preciso legislar, frisam médicos qualquer lado. Portanto qualquer acto médico em Macau é feito sem responsabilidade nenhuma porque ninguém assina papéis”, acusa.

Pulso firme

Os culpados

O que seria suposto estar a acontecer em Macau, e no mundo da saúde, é que sempre que existe um acto médico o profissional deveria ser responsabilizado pelo mesmo acto, desde que praticado em instituições idóneas e responsáveis, e também responsabilizado pelo administrar medicamentos aos pacientes. Como? Com a assinatura da receita. Em Macau só o hospital Conde São Januário é que passa estas receitas, sendo que todas as outras instituições não o fazem. “Como se sabe aqui ninguém passa receitas, tirando o hospital e, claro, aí há responsabilidade médica, na medicina privada não o fazem. O que acontece é que os utentes vão ao médico e no fim recebem uns comprimidos coloridos num saquinhos de plásticos (...) se houver algum problema, se o doente morrer ninguém sabe quem é

que deu aquilo aos doentes. Portanto não há responsabilidade nenhuma de quem administrou aquilo ao doente”, exemplifica Rui Furtado, frisando que esta é a prática “normal em Macau”.

Bela e o Monstro

Apesar de ser um problema geral, a área da estética está claramente em destaque. Pelos piores motivos.

“Aqui qualquer curioso vai a um centro de beleza e faz uma cirurgia estética, algo que só deveria ser feita por médicos credenciados, em hospitais”, continua. “Em Macau qualquer curioso vai a um Centro de beleza e faz a cirurgia. Os procedimentos que têm de ser feitos pelos especialistas, por exemplo o botox, é feito por qualquer curioso, em

“Aqui qualquer curioso vai a um centro de beleza e faz uma cirurgia estética, algo que só deveria ser feita por médicos credenciados, em hospitais” Rui Furtado médico

ATFPM Coutinho acredita em actualização de salários

D

epois de encontro, na manhã passada, com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, o presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), José Pereira Coutinho, diz-se confiante quanto à actualização, no próximo

ano, dos salários dos funcionários da função pública em 4%. Durante a reunião a associação pediu ainda que os cheques dos residentes permanentes subam até às 12 mil patacas. “Pedimos o Chefe do Executivo que no próximo ano os salários sejam

aumentados em 4% e que os cheques pecuniários sejam aumentados até 12 mil patacas (...) Chui Sai On ouviu de bom grado. A Secretária para Administração e Justiça, Sónia Chan, também estava presente e, também ela, anotou (...) vamos ver

A deputada Wong Kit Cheng, numa interpelação escrita, acusou o Governo de nada fazer num assunto bastante sério. “(...) os Serviços de Saúde (SS) afirmaram que já formaram grupos de trabalhos internos para investigar a regulamentação do serviço de medicina estética, incluindo a proficiência dos médicos, equipamentos, avaliação de risco, entre outros, mas até agora não foi anunciado qualquer progresso”, apontou, sublinhando que “os médicos inscritos não tem conhecimento profissional suficiente ou treino sobre medicina estética, pois o decreto-lei presente [Decreto-lei 84/90/M] não consegue garantir a qualidade do serviço relacionado”. A deputada vai ainda mais longe e afirma que a sociedade estão mal preparada porque nem consegue “distinguir entre medicina estética ou actos de cosmética ordinários”. “Com a falta de informações correctas e claras, o direito e beneficio dos consumidores estão a ser afectados”, apontou. Não são comuns, acrescenta ainda a deputada, casos infelizes de cirurgias em que a única pessoa

o que o Governo faz até Novembro, e define nas Linhas de Acção Governativa (LAG) (...) estamos positivos”, indicou Pereira Coutinho. Durante a manhã de ontem, Pereira Coutinho esteve também reunido com o Chefe do Executivo em representação dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas. Chui Sai On terá reforçado o apoio

sociedade

lesada foi o paciente, sem qualquer responsabilização atribuída ao médico. Fernando Gomes, exemplifica, com o mais recente caso na região vizinha, Hong Kong, da morte de uma paciente depois de desencadear uma reacção alérgica após uma cirurgia plástica. “As pessoas aqui em Macau também correm risco de vida. Até o simples botox. Por exemplo, as pessoas fazem botox hoje em dia quase em cada esquina da rua. Claro que há pessoas que podem ter uma reacção negativa, ou seja, se precisarem de ser reanimadas, isto pode não acontecer porque estas clínicas podem não estar preparadas”, continuou.

Acreditação precisa-se

A solução está na aprovação do Regime Legal da Qualificação e Inscrição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de Saúde, aponta Fernando Gomes. “Essa lei é que vem prevenir todos os casos (...) é preciso regulamentar o exercício de cada especialidade. As pessoas acreditam que por ser médico se pode fazer isso tudo, mas não. É preciso aprovar a lei para ver se conseguimos normalizar uma situação que hoje em dia não pode ser aceitável, principalmente no sector privado”, rematou. Ainda assim, mesmo com a possível qualificação é preciso depois controlar o exercício da especialidade dentro das próprias clínicas. “Responsabilidade médica é um assunto que muito se tem debatido mas que nada se tem feito para alterar”, lamenta Rui Furtado. Enquanto a lei continua em análise e discussão, torce-se para que ninguém morra numa maca, só porque a beleza comanda o mundo. Filipa Araújo (com A.K.)

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

à comunidade portuguesa. À saída, Pereira Coutinho afirmou ainda que sabe “de fonte do Governo português” que os passaportes portugueses irão sofrer uma actualização no seu prazo de validade, de cinco para dez anos. Fonte da Assembleia da República confirmou, ao HM, que não houve qualquer debate sobre esse assunto. F.A


8 Eventos

Alexandre Baptista Artista Plástico

Alexandre Baptista está na RAEM para a inauguração de “Drawing is giving one´s heart” que acontece amanhã no Albergue SCM pelas 18h30. Traz consigo o tema que lhe dá mote à vida numa exposição provocadora que previa 40 trabalhos mas que devido à superstição com o número 4 passou a 38, não fosse o mau agoiro tecê-las

“Mesmo o que está subjacente à pintura, é desenho. Se uma pessoa não souber desenhar, não sabe fazer rigorosamente nada”

O Alexandre é já um artista de sucesso e reconhecimento internacional. Como tem sido este percurso e quais os principais desafios? Não tem sido nada fácil. Não é fácil apresentar o meu trabalho seja onde for. Nos últimos anos comecei a viver em sítios muito diferentes. Depois regresso a Portugal e resolvo ter mais um desafio. O sair constantemente da zona de conforto não é fácil. É penoso e tem imensas consequências.

sofia mota

“O Homem é um bicho de dif Estas idas e vindas são importantes na sua criação? São, porque é uma forma de conhecer outras realidades, outras pessoas e outras culturas. Começo a olhar para o mundo de um modo diferente e aprende-se muito com o bom e com o mau. Tenho a certeza que tudo isso acaba por ter um forte impacto no meu trabalho. O seu trabalho é provocador... Eu sempre fui muito provocador, mesmo quando não tinha razão tinha que encontrar forma de a ter. O que está na génese dessa vontade de provocar? Acho que tem a haver comigo mesmo. Adoro provocar tudo. Lembro-me já na faculdade, no Porto, enquanto se tinha a ideia de que o artista é aquele que não tem cuidado nenhum com a imagem, eu ia para a escola de fato, gravata e a fumar charuto. Tendo um trabalho marcado pela controvérsia, como tem sido a aceitação do mesmo? Não é nada fácil. Tenho vendido, sim! Tenho exposto em vários sítios e países mas tem sido muito duro. As pessoas no início olham de lado para o meu trabalho. Por exemplo quando cheguei a Miami e comecei a correr as galerias até questionavam se aquilo era mesmo pintura. Pensavam que pela perfeição era stencil. Depois mostrava peças de pequeno formato em papel e que de facto era pintura. Não é para me gabar mas tenho consciência das minhas capacidades técnicas e das minhas limitações. Quando faço alguma coisa tenho que dominar o material para o trabalhar. Na altura tratei também de fazer umas peças em madeira e quando as viram naquele suporte ainda ficaram mais admirados. Foi aí que surgiram algumas exposições em Miami. Mas no início olhavam de lado. Em Portugal também. Lembro-me de uma vez levarem umas peças minhas para uma galeria para mostrar a um coleccionador e disseram que era

colagem. As pessoas muitas vezes suspeitam mas tenho tido também alguma aceitação.

vejo em algum lado papéis que me interessam compro e guardo para depois os poder trabalhar.

Não nos traz aqui pintura mas sim desenho. Porquê esta opção? Para mim desenho também é pintura. Tenho uma relação muito forte com os materiais. Por exemplo, uma folha de papel, tenho que a sentir e que perceber a relação táctil. O papel tem outra coisa muito boa que é o som que o lápis ou o pincel produzem que também me toca. Depois usar um papel e partir do princípio que tenho que deixar uma grande parte deste suporte à vista é muito interessante enquanto desafio. Por outro lado tenho uma grande parte da minha obra desenvolvida só em papel. Se

Traz cá uma série de trabalhos que tem feito ao longo do tempo. Como foi a selecção do que traria a Macau? A primeira ideia que tive para esta exposição foi a de misturar papel com outros suportes. Mas depois comecei a perceber algumas dificuldade em fazer exactamente o que queria do modo que achava mais correcto. A dada altura disse que só havia uma forma: tudo em papel. Depois o título desta exposição “Drawing is giving one´s heart” é uma espécie de mote de vida. Tenho uma relação muito forte com esta

frase . O desenho para mim também é muito abrangente. Neste caso, e por exemplo em duas peças que fiz recentemente em Londres, é uma conjunção de fotografia, serigrafia e pintura sobre papel. E isso para mim é desenho. Mesmo o que está subjacente à pintura, é desenho. Se uma pessoa não souber desenhar, não sabe fazer rigorosamente nada. Há um outro lado na sua obra que “mergulha” no ser humano. Porquê? O Homem é muito interessante. Olho para o que se passa à nossa volta e há coisas que não entendo mesmo. A forma como reagimos e interagimos com outras pessoas às vezes são coisas tão absurdas e


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Eventos

fícil compreensão” mado Alexander Search com o qual me identifico. Há uma identificação não só do nome mas pelo facto de eu também andar sempre à procura. Essa “fragmentação” também aparece no seu trabalho? Sim. Por exemplo na minha pintura tenho o hábito de trabalhar em suportes separados e depois juntá-los. Cada suporte tem uma forma de trabalhar diferente e todos têm princípios distintos, mas quando os junto parecem que são unos. Também têm os meus vários “eus”. Se calhar esta vontade de me perceber também faz com que também trabalhe sobre o Homem. Tem andado em movimento e agora está em Londres... Agora estou “exilado” de Portugal. Estou em Londres há pouco mais de um ano e é uma espécie de exílio porque não contacto com Portugal ou com as comunidades portuguesas. Acho que para perceber melhor o meio onde estamos não há nada melhor do que conviver com as outras comunidades. A portuguesa já eu conheço. É igual em todo o lado. Depois estar longe é também pensar numa língua diferente que é sempre um exercício interessante, além do convívio com as pessoas de lá que é altamente desafiante.

“Dizemos que vivemos numa sociedade livre, mas não. Temos imensas regras que nos condicionam a nós e ao que dizemos. Estamos a viver num país onde se diz que a democracia está implementada mas isso é também uma pura fantochada”

patéticas que me pergunto porquê? Sem qualquer conotação religiosa ou coisa do género, nós andamos aqui e vivemos o tempo que temos que viver e não percebo porque se criam tantos conflitos. Acho que viveríamos muito melhor e de consciência muito mais tranquila se não tivéssemos envolvidos em atritos. Não consigo perceber essa necessidade do Homem de criar problemas ao outro. O Homem é um bicho de difícil compreensão. Mesmo em relação a mim enquanto costumava fazer um exercício interessante em que estava atento a mim mesmo e acho que tenho vários “eus”. Parece um pouco os heterónimos de Fernando Pessoa, mas curiosamente um dos seus heterónimos era um tipo cha-

Nesta procura permanente, tem algum projecto agora em mãos? Tenho alguns projectos ambiciosos que gostava muito de colocar em prática. Um deles é muito complicado porque não é um tema fácil. Há uma peça dessa série que foi exposta em Macau em 2014 e é um trabalho que aborda a forma como vivemos a liberdade e a ausência dela. Quando somos castrados da nossa liberdade. A investigação começa em Auschwitz e vem até aos nosso dias e à sociedade contemporânea. Isto porque acho que vivemos numa sociedade extremamente hipócrita e castradora. Isso acontece nas questões raciais, religiosas que estão desde sempre associadas a guerras e a questões de modelação social, questões de género ou escolha sexual. Outro aspecto tem a haver com a imagem e ornamentação do corpo e o que isso interfere na nossa liberdade e julgamento. Este trabalho aborda todas estas questões. Dizemos que vivemos numa sociedade livre, mas não. Temos imensas regras que nos condicionam a nós e ao que dizemos. Estamos a viver num país onde se diz que a democracia está implementada mas isso é também uma pura fantochada. Para mim as pessoas devem viver a vida da forma

“É mais fácil as pessoas cada vez mais fugirem do pensar. Caminhamos para o individualismo exacerbado e pela indiferença pelos outros” que entenderem. Claro que reconheço que têm que existir algumas regras mas não deveremos castrar as pessoas das suas opções. Tenho um outro que tem a haver muito com a religião e a sua relação com o caos. Como assim? Comecei a olhar para este conflitos todos mais recentes do médio oriente e comecei a recuar no tempo. Com a pesquisa sobressai o facto de todas as guerras que temos tido têm um princípio étnico-religioso. Acho que isso leva ao caos. Esse trabalho está todo feito, é uma instalação que está totalmente pronta na minha cabeça. É constituída por dez fotografias gigantes em que existe um altar a que chamo de “profanação do sagrado” e um espaço em que as pessoas interactivamente possam experienciar um estado caótico proporcionado pelo som que já está feito. Falta-me agora um espaço que possa acolher este projecto. Gostava de pôr estes

“Acho que os portugueses desperdiçaram Macau. Demos isto de mão beijada”

trabalhos em prática mas, mais uma vez, não é fácil, até porque são delicados e controversos. Por outro lado também são projectos para pôr as pessoas a pensar e as pessoas cada vez mais não o querem fazer. Tendemos para uma sociedade alienada? Sim. É mais fácil as pessoas cada vez mais fugirem do pensar. Caminhamos para o individualismo exacerbado e pela indiferença pelos outros. Isto aliado a uma futilidade muito grande da sociedade de hoje com o culto da imagem. As pessoas só se preocupam com a imagem mesmo sem conteúdo. Não acho isso nada interessante. Não há consciência política nem de cidadania. Em Macau sente a questão racial? Não sinto esse confronto de forma explicita mas a comunidade chinesa e portuguesa vivem totalmente à parte uma da outra. Posso estar redondamente enganado mas para mim são dois mundos que coabitam no mesmo espaço e é só isso. Já esteve em Macau com várias exposições i. Como tem sido? Não tenho razão de queixa de Macau. Todas as vezes que tive trabalhos aqui, vendi. Tenho ainda pessoas que sei que são seguidoras do meu trabalho e também tenho pessoas que considero minhas amigas. Em relação a Macau, a primeira coisa que penso é que “isto era nosso e porque é que não aproveitámos?”. Depois penso também que isto é muito pequeno. Quando aqui estive a primeira vez só havia o casino Lisboa e agora estão cá as operadoras americanas todas. Acho que os portugueses desperdiçaram Macau. Demos isto de mão beijada. Que conselho dá hoje aos jovens artistas que se vêm com as dificuldades inerentes a um início de carreira? Que façam aquilo que gostam e que não olhem para trás. Vale a pena correr riscos. Eu ainda continuo a corrê-los todos os dias. Como pessoa devo muito à pintura. Por exemplo lembro-me dos meus pais me darem dinheiro para comer na escola e eu só almoçava para poder poupar e gastar em material de pintura. Começaram aí os sacrifícios. Por outro lado o meu pai apoiava-me de uma forma estranha porque nunca dizia que o meu trabalho era bom. Mais tarde vim a saber por um tio meu que não o fazia para que eu não me acomodasse. Hoje Macau

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Lançado satélite de sistema rival do GPS norte-americano

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China lançou no domingo o 23.º satélite do programa de desenvolvimento do sistema de navegação “Beidou”, concorrente chinês do Sistema de Posicionamento Global (GPS, sigla em inglês)

norte-americano, anunciou a agência oficial Xinhua. O foguetão “Longa Marcha 3C”, que colocou o satélite em órbita, foi lançado do centro de lançamento de satélites Xichang, na província

de Sichuan, sudoeste do país, às 23:30, indicou o centro espacial em comunicado. O sistema “Beidou”, iniciado em 1994, já está operacional na região da Ásia-Pacífico.

O primeiro satélite que fez parte daquele sistema não foi lançado até 2000 mas, nos 12 anos a seguir, a China conseguiu construir um sistema regional, que inclui serviços de navega-

ção, posicionamento, hora e mensagens. O próximo passo é expandir o Beidou à maioria das nações que integra a iniciativa chinesa “uma faixa, uma rota” - um

Todos juntos

tos” necessários, disse Huang. Segundo o porta-voz, não há precedentes de colaboração entre os gabinetes de segurança de Hong Kong e Taiwan, o que significa que é “difícil controlar os riscos”. De acordo com a lei de protecção de informação classificada de segurança nacional, antigos dirigentes do Governo com acesso a informação classificada ficam sujeitos a restrições nas viagens durante os três anos após a sua saída.

Xi Jinping e líderes mundiais enviam condolências aos EUA por ataque em discoteca

O

s Presidentes da China e de Israel e o primeiro-ministro do Japão condenaram ontem o massacre de domingo numa discoteca da cidade Orlando, nos EUA, e enviaram condolências ao chefe de Estado norte-americano, Barack Obama. O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou as suas condolências ao povo norte-americano, numa mensagem dirigida a Obama, informou ontem o Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista da China. As autoridades chinesas permanecem em estreito contacto com as congéneres norte-americanas, à espera de confirmar a identidade de todas as vítimas, clientes de uma discoteca ‘gay’, destacou a imprensa oficial. Também o Presidente israelita, Reuven Rivlin, lamentou ontem o massacre e apresentou condolências ao seu homólogo norte-americano. “Este ataque contra a comunidade LGTB [lésbicas, gays, bissexuais e transgénero] de Orlando é tão cobarde como aberrante”, considerou, numa declaração dirigida a Obama, na qual expressou a solidariedade do povo israelita. Rivlin enviou os seus pêsames às famílias das vítimas e disse esperar “uma rápida recuperação dos feridos”. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, condenou igualmente o ataque e manifestou a sua solidariedade para com os Estados Unidos “neste momento difícil”. “O terrorismo é um desafio contra os valores partilhados pelo Japão e Estados Unidos. Vamos continuar a trabalhar na luta contra o terrorismo em conjunto com a comunidade internacional”, disse Shinzo Abe, numa mensagem dirigida a Obama. Shinzo Abe mostrou-se “profundamente comovido e indignado” com o massacre. Na noite de sábado para domingo, um norte-americano identificado como Omar Mir Seddique Mateen, de origem afegã, entrou na discoteca Pulse, em Orlando (Florida) e abriu fogo contra os clientes, causando 50 mortos e 53 feridos. O tiroteio está a ser investigado pelas autoridades norte-americanas como um acto de terrorismo.

gigantesco plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa. Até 2020, o Beidou deverá cobrir todo o planeta.

Aplausos e lamentos

Rejeitado pedido de Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong

Riscos controlados

O antigo Presidente da Formosa viu o seu pedido de participar numa cerimónia de entrega de prémios de editores em Hong Kong recusado pelas autoridades taiwanesas. Em causa estarão matérias relacionadas com a segurança nacional, dizem

A

s autoridades de Taiwan rejeitaram um pedido do antigo Presidente Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong com o objectivo de participar num jantar de entrega de prémios da Sociedade de Editores na Ásia. Segundo o jornal South China Morning Post, o gabinete presidencial da ilha apresentou vários motivos para esta rejeição, incluindo o facto de Ma ter deixado o cargo muito recentemente, de o pedido não ter sido feito com a antecedência necessária, a “sensibilidade” de Hong Kong e a falta de cooperação em matérias de segurança com o território. O gabinete presidencial sugeriu que Ma participasse através de videoconferência. O ex-Presidente desejava participar num jantar na quarta-

-feira, onde deveria discursar sobre as relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan e na Ásia Oriental. No entanto, no domingo, o porta-voz presidencial, Alex Huang, disse não ser apropriado que Ma visite Hong Kong nesta altura.

“Como Ma apresentou o seu pedido apenas 13 dias após ter deixado o cargo, com tão pouca antecedência, é improvável que o novo Governo consiga saber a que tipo de informação classificada ele acedeu ou se devolveu todos os documentos e completou os procedimen-

“Como Ma apresentou o seu pedido apenas 13 dias após ter deixado o cargo, com tão pouca antecedência, é improvável que o novo Governo consiga saber a que tipo de informação classificada ele acedeu ou se devolveu todos os documentos e completou os procedimentos” Alex Huang porta-voz presidencial

Ma deixou o cargo a 20 de Maio após o Kuomintang perder as eleições presidenciais para Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático. Ma é o primeiro ex-presidente a pedir autorização para sair de Taiwan desde que a lei foi introduzida, em 2003. Se o pedido fosse autorizado, seria o primeiro ex-líder de Taiwan a visitar Hong Kong desde 1949. O gabinete de Ma reagiu com insatisfação, indicando que a decisão revela “não só desrespeito pelo antigo líder, mas prejudica também a imagem democrática de Taiwan perante o mundo”. Por outro lado, a decisão foi aplaudida pelo campo pró-independência e pelos deputados do Partido Progressista Democrático, que disseram que Ma planeava promover o “consenso de 1992” e o princípio de “uma China”. O “consenso” diz respeito a uma reunião em Hong Kong, em 1992, onde Pequim e Taipé acordaram que há apenas “uma China”, mas em que cada lado tem a sua interpretação do que “China” significa. No seu discurso de tomada de posse, Tsai não reconheceu o “consenso de 1992”, levando Pequim a questionar o seu compromisso em manter o ‘status quo’ entre os dois lados do Estreito. O Partido Nacionalista, de oposição em Taiwan e mais próximo de Pequim, criticou a decisão, que apelidou de “supressiva”, dizendo que nada fazia para apoiar a “reconciliação interna de Taiwan e a harmonia social”.


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O bom semestre

Investimento em activos fixos subiu 9,6% em cinco meses

O

investimento chinês em activos fixos aumentou 9,6% nos primeiros cinco meses do ano, comparativamente ao mesmo período de 2015, revelou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. Trata-se de um aumento inferior ao previsto pelos economistas numa pesquisa feita pela agência noticiosa Bloomberg News e do ritmo de crescimento mais baixo desde 2000.

O investimento em activos fixos é um indicador chave para medir a despesa do Governo em infra-estruturas no “gigante” asiático.

Os dados surgem depois de no primeiro trimestre do ano o crédito concedido pelos bancos chineses ter atingido um valor recorde, numa tentativa de estimular a segunda maior economia do mundo. Em 2015, a economia da China cresceu 6,9%, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos. Já a produção nas fábricas registou um crescimento homólogo de seis por cento em Maio, enquanto as vendas a retalho avançaram 10%.

Sob pressão

“A economia nacional continuou a registar uma tendência

“A economia nacional continuou a registar uma tendência estável e progressiva, que se regista desde o início do ano”

estável e progressiva, que se regista desde o início do ano”, afirmou Sheng Laiyun, porta-voz do GNE. “Mas temos de estar atentos ao ambiente internacional, que permanece complicado e difícil, enquanto ajustes estruturais domésticos duros estão a ser feitos e a economia continua sobre pressão negativa”, acrescentou. O avanço do investimento privado também abrandou para 3,9% nos primeiros cinco meses do ano. “O abrandamento no investimento privado mostra também que o motor intrínseco do crescimento económico da China continua por fortalecer”, comentou Sheng. O porta-voz justificou os dados com as dificuldades das empresas privadas em obter crédito, excesso da capacidade industrial e o acesso limitado do capital privado em alguns sectores. “Neste momento, o crescimento é estável”, disse.

Sheng Laiyun porta-voz do GNE

Cinema China poderá vir a ser maior mercado mundial

A

venda de bilhetes de cinema na China pode atingir, em 2017, os 10.300 milhões de dólares, superando pela primeira vez as dos Estados Unidos, actualmente o maior mercado mundial, prevê um relatório da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC). O relatório ontem publicado, aponta para um crescimento anual do sector cinematográfico na China,

de quase 20%, registando ainda uma ampla margem de crescimento, podendo as receitas ultrapassar os 15.000 milhões de dólares no final desta década. Segundo o estudo de mercado, cerca de um terço das receitas de bilheteira mundiais virá das salas chinesas, já que a PwC, segundo a agência noticiosa Efe, calcula que o sector cresça em termos mundiais, até 2020, cerca de 49.300 milhões de dólares. Segundo o mesmo estudo os retornos publicitários na indústria cinematográfica chinesa poderão ultrapassar, em 2020, os 161 milhões de dólares. O cinema chinês cresceu, paralelamente, ao desenvolvimento do gigante do imobiliário e do entretenimento, Wanda Group, que é actualmente a maior cadeia de salas de cinema no mundo, depois de ter adquirido, em 2012, a sua principal rival norte-americana.

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ANÚNCIO

ANÚNCIO 通常執行案第 EXECUÇÃO ORDINÁRIA n.º

Cancelamento dos Registos n.º CV2-15-0032-CPE 號 2º Juízo Cível Autora: Companhia de Fomento Predial Great Sky, Limitada (天威投資置業有限公司), com sede em Macau, na Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, nºs 181-187, Jardim Brilhantismo, 8º andar. Ré: 鄭美蓉 (Zheng Meirong), de sexo de feminino, com última residência em Macau, na Rua de Aveiro, Edifício Mei Keng Garden, Bloco 6, 19º andar V, ora ausente em parte incerta. *** Corrrem éditos de trinta (30)dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré 鄭美蓉 (Zheng Meirong), para, no prazo de quinze (15) dias, findo os éditos , contestarem a acção supra identificada, a contar da citação, consistindo esta na demonstração, unicamente por via documental, de que a prestação do preço foi paga dentro do prazo contratual ou do prazo adicional fixado pelo requerente, referente a fracção designado por “The Paragon”, 14º andar E, sita nos Novos Aterros do Porto Exterior (Nape), Lote 6 (A2/L), Macau, descrita na Conservatória do Registo Predial sob o n.º 22604-C a fls. 163 do livro B63K. De que a falta da contestação, não implica o reconhecimento dos factos articulados pela autora. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. Para constar se passou este edital que vai ser devidamente afixado no lugar designado por Lei. Macau, aos 16 de Dezembro de 2015. ***

CV3-14-0128-CEO

第三民事法庭 3º Juízo Cível

EXEQUENTE: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar.EXECUTADOS: LEI CHEK SANG e CHU SOU LENG, ambos ausente em parte incerta, e com último domicílio conhecido em Macau, na Alameda da Tranquilidade, nº 228, Edifício Jardim Hoi Keng, Bloco 1, 15º andar A.----------------------------------------------------------------------------------*** FAZ SABER que, no próximo dia 18 de Julho de 2016, pelas 10.00 horas, neste Juízo, nos autos acima identificados, vai ser vendido, por meio de propostas em carta fechada, o seguinte bem:---------------------------------------------------------------------------------------IMÓVEL A VENDER: Denominação: Fracção autónoma designada por “A15” do 15º andar “A”. Situação: nºs 5 a 87 da Avenida Norte do Hipódromo; nºs 200 a 234 da Alameda da Tranquilidade; nºs 71 a 115 da Praceta da Serenidade; e, nºs 7 a 65 da Rua da Tranquilidade, Macau.-------------------------------------------------------------------------------------------- Fim: Para habitação.---------------------------------------------------------------------------------------- Número de matriz: 071800.------------------------------------------------------------------------------ Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 22075, a fls. 103verso, do livro B124.-------------------------------------------------------------------------------------------------------- Número da inscrição em nome do executado Lei Chek Sang: nº34553G.----------------- O valor da venda é de: MOP$2,535,624.00 (Dois Milhões, Quinhentas e Trinta e Cinco Mil, Seiscentas e Vinte e Quatro Patacas), correspondente a 70% do valor base MOP$3,622,320.00.----------------------------------------------------------------------------------------------*** São convidados todos os interessados na compra daquele bem a entregar na Secretaria deste Tribunal, as suas propostas, até ao dia 18 de Julho de 2016, pelas 10.00 horas, sendo que, o preço das propostas deve ser superior ao valor acima indicado, devendo o envelope da proposta conter a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA”, bem como o “NÚMERO DO PROCESSO CV3-14-0128-CEO”.------------------- No dia 18 de Julho de 2016, pelas 10.00 horas, no Tribunal Judicial de Base da RAEM, proceder-se-á à abertura das propostas de preço superiores ao valor base de venda, a cujo acto podem os proponentes assistir.---------------------------------------------------------------- É fiél depositário o Sr. FERNANDO CHOW, com domicílio profissional em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar, que está obrigado, durante o prazo dos editais e anúncio, a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção.----------------------------- Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do imóvel supra referido, podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite.-------------------------------------------------------------------------------------- Para constar se passou o presente e outros de igual teor, que irão ser afixados no lugar por lei determinados.--------------------------------------------------------------------------------------Macau, 01/06/2016 *****

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a revolta do emir

h artes, letras e ideias

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Pedro Lystmann

Melhores cidades grandes da Ásia Extrema 1. Tóquio - um mundo próprio, cosmopolita, enorme, futurista, excelente oferta de tudo, muitos parques e jardins, livrarias, exotismo. Tem a língua mais bonita do mundo. Muitos dos pequenos bairros da cidade oferecem uma vida tranquila, quase aldeã. A modernidade traz um efeito enganoso, o de se esquecer como o Japão, também nas grandes cidades, é um país bestial e tribal. Poucas cidades transmitem um sabor irreal como Tóquio e a completa impossibilidade de a compreender é o seu grande mistério. O sistema de transportes internos ou para fora da cidade é impecável (o Shinkansen tem uma média de atrasos de 6 segundos). É perfeita para fanáticos por comboios e para fanáticos de tudo, de unagi a bakushi. Contras: bastante fria a nível do contacto humano, em geral cara. 2. Hong Kong - futurista, excitante, com muita gente, muito boa oferta de comida e bebida, rede de transportes muito eficiente, uma população suficientemente contestatária para criar frissons, abundância de dim sum. Muito mais excitante que Singapura. O sistema de vias pedonais elevadas e a interligação com espaços comerciais e de trânsito e metropolitano é um pequeno sonho modernista (ver o livro Groundless City). Muitas ligações aéreas internacionais. Permite um tipo de vida ilhéu recatado ou em versão frenética de grande metrópole. Fica-se com a impressão de que aqui tudo é possível. Contras: um pouco claustrofóbica, muito poucos espaços verdes no interior da cidade (mas muitas zonas protegidas no exterior), habitação cara mesmo longe do centro. 3. Taipé - cidade jovem, bons cafés e muito fácil acesso a montanha e costa, actividade artística, excelentes livrarias, boa qualidade de vida, muito segura e relaxada. Bom sistema de transportes. Várias zonas muito atraentes e com produtos de qualidade. Habitantes muito generosos. Contras: pode ser um pouco aborrecida e não é particularmente bonita em certas áreas. Muito poucos espaços verdes grandes dentro da cidade.

Contras: mentalidade muito fechada. Por vezes, de repente, percebe-se a extrema ruralidade de tudo aquilo. 9. Fukuoka - Muito calma e junto ao mar, de atmosfera muito atraente. A ilha de Kyushu, onde se situa, oferece muitas oportunidades de passeio. Produtos de alta qualidade, desejo municipal de tornar a cidade num sítio moderno, com muitos sítios para bicicleta e um comércio local sedutor. Muita atenção à arquitectura. Contras: apenas ser um pouco pequena demais.

4. Osaka - muitos restaurantes e bares, uma cultura do prazer da mesa (ou apenas balcão) e da conversa difícil de ultrapassar. Não recordo outra cidade onde, pelo fim da tarde, haja tantas pessoas a comer e a beber em pequenos estabelecimentos. Produtos de altíssima qualidade. Sistema de metro suficiente e eficiente. Há uma certa descontracção geral. Boas lojas, comida excelente. Extremamente perto de outros lugares de interesse, como Nara, Kobe, Koyasan, Ise e Quioto. Contras: um pouco provinciana e insular, como é geral no Japão - com excepção de Tóquio. Poucos espaços verdes (ao contrário de Tóquio). 5. Singapura - tudo perfeito a nível de infraestruturas, muito verde (mesmo muito verde, o governo apostou-se em tornar Singapura na primeira verdadeira Cidade-Jardim), excelente comida (e acessível), zona central de aspecto moderno com muitos arranha-céus. Segurança. Cafés, restaurantes e lojas de Little India muito atraente. Muitas ligações aéreas internacionais. A gestão do trânsito afasta qualquer possibilidade de caos Contras: aborrecido, administração paternalista e controladora. Não tem a vibração de grandes metrópoles como Hong Kong ou Tóquio.

6. Kuala Lumpur - cidade pequena com aspecto moderno, muitos locais de entretenimento, transportes bons, tudo num espaço pequeno e fácil de negociar. Tem uma atmosfera tropical mas arrumada. Hill Stations perto e praias boas no resto do país. Alojamento e comida ainda com preços muito acessíveis. Contras: imediatamente por baixo do seu aspecto moderno esconde-se uma sociedade conservadora e provinciana. Regime político muito controlador, imprensa pouco livre. Talvez um pouco claustrofóbica por ser pequena. 7. Hanói - bonita, muitos edifícios coloniais, a zona antiga continuando, apesar do turismo, muito atraente. Um caos benévolo. Boa comida, muito fresca. Um povo interessante e interessado, aberto a ideias novas. Contras: pobre, a confusão, fumo, poluição, sujidade podem cansar sérios desconfortos a longo prazo. Burocracia e as inevitáveis e dificilmente contornáveis inconveniências do comunismo, repressão. 8. Seul - cidade moderna, com várias bolsas de conforto. Tem os confortos do inverno, bons produtos, boas lojas, bons cremes de pele, casas de chá. Esqui perto. A internet mais rápida do mundo.

10. Bangkok - exótico num sentido quase violento do termo, muita gente, excitante, população misturada, comida de rua excelente e diversificada. O rio que a banha é um pequeno mundo em si, caótico e belo, cinematográfico. Muitas ligações aéreas internacionais e bons hospitais. Contras: várias zonas pobres, maus cheiros, sujidade. A sua intensidade pode cansar ao fim de algum tempo. Muito grande, não muito fácil de atingir certos sítios. Neste momento tem um regime muito autoritário e problemas de liberdade de imprensa. 11. Manila - cidade grande, uso do inglês estendido. Há, em várias zonas, uma sensação excitante de perigo. Um povo único, brutalmente extrovertido. Toda a longa zona da baía, até ao forte de Intramuros e ao Hotel Manila poderia ser das mais bonitas da Ásia. Contras: muito pobre em certas áreas, a confusão, fumo, poluição e sujidade podem cansar sérios desconfortos a longo prazo. A língua e a comida não oferecem razões para grandes entusiasmos. Não é uma cidade muito segura. a) Não visitadas: Rangoon, Jacarta, Bandar Seri Begawan, Pyongyang. b) Cidades de países muito pobres, como Birmânia, Laos, Camboja, Mongólia, não oferecem condições suficientes a não ser a uma vida de recolhimento e contemplação. c) Cidades segundas como Busan ou Kaohsiun, não são suficientemente atraentes. d) Países como a Tailândia e Filipinas têm apenas uma grande cidade, sendo a segunda relativamente pequena.


14 (F)utilidades tempo

hoje macau terça-feira 14.6.2016

?

aguaceiros

O que fazer esta semana Amanhã Exposição – “Drawing is giving one´s heart” - Alexandre Baptista Albergue Scm, 18h30

min

27

max

32

hum

75-95%

euro

9.01

baht

Música “ Serenata Romântica” - Orquestra de Macau Teatro D. Pedro V, 20h00

Sábado Música ““Rapsódia Chinesa - Obras de Peng Xiuwen” – Orquestra Chinesa de Macau Teatro D. Pedro V, 20h00

o cartoon steph

Exposição “Arts Fly” Broadway Macau (até 28/06) Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08) Exposição “Aguadas da Cidade Proibida”, de Charles Chauderlot Museu de Arte de Macau (até 19/06)

Solução do problema 105

Exposição dos alunos de Arquitectura da USJ Creative Macau (até 18/06) Exposição dos alunos de Design da USJ Creative Macau (até 18/06) Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

Cineteatro

C i n e m a

problema 106

Um disco hoje

Sudoku

de

Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau

Exposição “Tibet Revealed” Galeria Iao Hin (até 20/06)

1.21

Aqui não se canta o Fado

Música “Noite de Piano” Fundação Rui Cunha, 20h00

Exposição “Unamed” e concerto de Sylvie Xing Chen Fundação Rui Cunha (até 25/06)

yuan

aqui há gato

Sexta-feira

Diariamente

0.22

Há uma expressão portuguesa que diz: “Silêncio, que se vai cantar o Fado!” Ora aqui em Macau faz-se silêncio, mas não se ouve nenhum som a seguir, nenhuma expressão de alegria ou qualquer movimento. Faz-se silêncio por fazer, por medo, por vergonha, eu sei lá. Não se fala inglês por vergonha, ainda que os seus falantes saibam, de forma quase secreta, falar. Não se fala com os jornalistas com medo de perder o emprego, o estatuto, os amigos, conhecidos e patrões. Não se dá opinião porque todos os anos se recebe o cheque pecuniário (amigos, Julho está quase aí!) e pronto, as coisas vão andando e correndo e a malta olha para as manifestações lá fora na rua e está-se bem, não é comigo. O Pearl Horizon e o Canídromo não são comigo, nem o sufrágio universal e essas coisas. Se tenho o meu apartamento, o meu cheque, a minha casa comprada há 20 anos e o meu novíssimo automóvel, para quê chatear-me? Falando de Fado, que é também Destino, quase que podemos pensar sobre o futuro deste pequeno território à beira-mar plantado. Que destino terá esta Macau onde as pessoas não falam, parecem não se preocupar e nem sequer votam? Não seremos Hong Kong mas também não seremos a Macau que fomos e que somos agora. Que Fado será então o nosso? Pu Yi

“At Least for Now” , Benjamin Clementine (2015)

Nascido no norte de Londres Benjamim Clementine aprendeu a tocar piano ao som de Debussy. Encantado pela música e numa aventura quase romântica vai para Paris onde sobrevive a cantar no metro. Foi visto, e ainda bem! Depois do EP Cornerstone que com três temas conquistou a crítica, em Janeiro de 2015 sai “At least for now”. Uma voz das entranhas, o multi-instrumentista canta e encanta num som que que que se estranha à primeira e que depois de um “repeat” se entranha e não mais nos larga. Adios, Nemesis, ou Condolence são só alguns dos aperitivos para uma viagem pelo menos por agora e que se espera interminável. Sofia Mota

Warcraft: The Beggining Sala 1

now you see me 2 [b] Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45,19.15,21.30 Sala 2

Warcraft: The Beginning [B] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 14.15, 17.50, 21.30

Warcraft: The Beginning [B] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 19:15 Sala 3

Sing Street [C] Filme de: John Carney Com: Jack Reynor, Aiden Gillen, Maria Doyle Kennedy 14.15, 17.50, 21.30

Angry Birds [a] Falado em cantonês Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 16.05, 19.45

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


15 hoje macau terça-feira 14.6.2016

sexanálise

Quentin Tarantino, Pulp Fiction

tânia dos santos

Queres beber café comigo? Não?

H

ão-de ter reparado na inundação na imprensa internacional do caso da ‘mulher inconsciente’ e do seu agressor, Brock Turner, e do caso da menor brasileira que ‘engravidou de mais de 30’, pelas palavras dos estupradores. O consentimento sexual não parece estar no vocabulário destas pessoas. No Brasil começa-se a falar da cultura do estupro. Uma cultura que não condena o abuso sexual. Um grupo de 33 homens violou uma menor de 16 anos no Rio de Janeiro e o caso veio a ser descoberto porque alguns desses homens gravaram cenas e postaram-nas nas redes sociais. Sem medo de represálias. Num grupo de 33 homens ninguém achou anormal ou estranho o que se estava ali a passar. Os vídeos gravados mostram o corpo semi-nu de uma jovem inconsciente, enquanto que eles se punham em posição de selfies e faziam comentários jocosos. A reacção pública foi diversa, mas muitos sugeriam que certamente que a jovem fez alguma coisa para merecer aquilo. Quem manda usar mini-saia? Quem manda ser sensual? Quem manda ser mulher? O entendimento vigente do que pode ser considerado uma violação ou uma relação sexual consentida perde-se em difusas interpretações onde as mulheres continuam a ser desconsideradas. A culpabilização da vítima continua a ser a estratégia mais utilizada para proteger e perpetuar a hegemonia masculina. Os casos são tantos que já irrita.

Como é que duas raparigas são assassinadas no Equador por resistirem uma violação e ainda assim foram culpabilizadas, por, talvez, terem usado calções curtos? Como é que um puto de 19 anos foi apanhado no acto de abusar uma mulher inconsciente e não foi automaticamente de cana? Como é que 30 homens julgam uma violação colectiva perfeitamente aceitável? Como é que só muito recentemente se percebeu que uma violação é uma violação, mesmo em contexto matrimonial? Como é que uma juíza pode ignorar uma queixa de violação porque ‘a vítima é uma mãe adolescente, por isso claramente tem tendência para o acto’? O que é se passa com as pessoas? Como é que no século XXI, o século do futuro, da inovação e do progresso, tudo isto ainda aconteça? O instinto sexual não é uma micção urinária, não é inevitável. Não se descontrola ao ponto de mijo escorrer pelas pernas abaixo. Sexo não é um direito pessoal, uma afirmação categórica nem uma obrigação. O estímulo, o impulso e o acto não têm uma ligação directa, imediata e inevitável. Não há vestido sexy no mundo que sugira uma violação, nem álcool (demais ou de menos) que preveja um abuso. Mas mesmo assim o corpo da mulher é percebido como um objecto, e para essa concepção contribuímos todos. Não se trata de um homem isolado de mente disruptiva

“Imaginem o estranho que seria forçar alguém a beber um café por um tubo enfiado pelo esófago. Simples de entender, não é?”

e comportamento desviante. Os media, os tribunais, os juízes e a população em geral perpetuam princípios onde só os homens brancos estão no topo da cadeia (cadeia hierárquica, god forbid se fosse a prisão). Todas as fotos publicadas do Brock Turner, o agressor sexual de um caso na universidade de Stanford que tem corrido muita tinta, mostram-no de carinha laroca, de cara inocente, sorridente e angelical. Foi julgado com seis meses de prisão porque ‘não tem antecedentes de actos agressivos’, como se todos os agressores sexuais não tivessem começado com um primeiro acto, sem antecedentes. Até o pai do agressor escreve ao juiz a pedir-lhe que uma carreira tão promissora (sim, porque o menino estava numa universidade da liga ivy com uma bolsa de desporto) não fosse destruída por ‘20 minutos de acção’. Acção essa que não foi consentida, com uma mulher inconsciente atrás de contentores. Mas o que é que isso interessa? Como é que interessa a forma como este rapaz destruiu a vida desta rapariga? Como a fez sentir-se humilhada, como a obrigou a ter que se defender em tribunal dos ataques de um advogado de defesa que insinuava um ‘historial potencialmente promíscuo’? Porque a defesa é assim, a escrutinar o possível consentimento que ela poderá ter dito quando inconsciente, mas que nunca existiu. O consentimento sexual não deveria ser um conceito complicado de entender. Queres beber café comigo? Não. Talvez. Silêncio absoluto. Estas são as opções que sugerem não consentimento. O consentimento implica iniciativa absoluta, até ao final. Se vocês já estão na cafeteria e já pediram o café, ambas as partes ainda estão no direito de o recusar. Imaginem o estranho que seria forçar alguém a beber um café por um tubo enfiado pelo esófago. Simples de entender, não é?

opinião


Camilo Pessanha

A Orquestra de Macau apresenta na próxima sexta-feira “Serenata Romântica”, um concerto de música de câmara, no Teatro D. Pedro V, pelas 20H00. De acordo com a organização, pensar em serenata é pensar na canção de amor tocada por um coração solitário em noites silenciosas. Grandes compositores como Mozart, Schubert e Tchaikovsky são alguns dos nomes que se dedicaram ao tema. Neste concerto faz parte do repertório a Serenata nº 12 para sopros em Dó menor de Mozart e a Serenata para Cordas em Dó Maior de Tchaikovsky. Os bilhetes já se encontram à venda com valores entre as 100 e as 120 patacas.

A

pub

polícia chinesa identificou ontem um homem de 29 anos endividado devido ao jogo ‘online’ como suspeito de causar uma explosão no principal aeroporto de Xangai, a “capital” económica do país, e que causou quatro mortos. Zhou Xingbai trabalhava numa empresa da área electrónica na cidade de Kunshan, perto de Xangai, mas perdeu as suas poupanças no jogo e tinha dificuldades em pagar despesas diárias, disse a polícia de Xangai em comunicado. O homem terá dito aos seus amigos através das redes sociais que “devia dinheiro a muita gente” e estava a preparar-se “para fazer algo extremamente louco”, afirmando que perderia a sua “vida inútil de certeza”. Um comunicado difundido anteriormente pelo governo detalhou que Zhou atirou, no domingo, uma garrafa de cerveja cheia de explosivos para um balcão de embarque no terminal dois do aeroporto internacional de Pudong. A seguir, espetou uma faca no pescoço, antes de ser levado para o hospital em estado crítico. A polícia disse que usou pólvora de fogo-de-artifício no explosivo de fabrico caseiro, cujos resíduos foram encontrados num quarto alugado em Kunshan. “Uma garrafa de cerveja com um rastilho a arder rolou em direcção à fila de passageiros quando aguardávamos pelo ‘check-in’”, descreveu Susan Shen, citada pelo jornal oficial Shanghai Daily. “E de repente a garrafa explodiu com força, libertando faíscas coloridas como fogo-de-artifício”, disse. Zhou era natural da província de Guizhou, no sudoeste da China, e vivia em Kunshan desde 2014, segundo a polícia.

terça-feira 14.6.2016

Serenatas no D. Pedro V

gonçalo Lobo Pinheiro

Xangai Explosão no aeroporto faz quatro mortos

Estrela do Pastor, / sol que me escuda! / Mais te afastas de mim, / mais eu te vejo, / No instante em que me deste aquele beijo, / a charneca ajoelhou, / divina e muda”

Baixa taxa de crimes por estrangeiros em Macau

Mong-Há Governo sem calendário para concurso. Exige-se responsabilidades

A passo de caracol Mong-Há continua sem data para concurso. Ho Ion Sang quer que erros passados não se voltem a repetir

O

Gabinete para o Desenvolvimento de Infraestruturas (GDI) ainda não tem uma data para lançar o concurso para as obras do complexo desportivo e da habitação pública em Mong-Há. Em Março passado, o GDI, em resposta a uma interpelação da deputada Chan Hong, afirmou que iria avançar “em breve” com o concurso, mas até ao momento não existe qualquer calendário de trabalho. Numa resposta ao Jornal do Cidadão, o gabinete indicou também ainda não existir qualquer orçamento das despesas com a obra, algo que só será público, explicou, depois de terminado o concurso. O terreno, há muito bloqueado, está ao abandono e “carregado de ervas daninhas”, como relata a publicação. A população tem-se queixado com as condições do terreno e os riscos que traz para a saúde pública, principalmente durante as tempestades. Fechado desde 2011, em substituição do antigo complexo

antigo de Mong-Há o Governo prevê uma nova instalação com cinco pisos, que, supostamente deveriam estar concluídos em 2015. Em processo judicial com os antigos empreiteiros, o antigo complexo foi destruído em 2012, mas até agora nada o substituiu.

Culpas solteiras

O deputado Ho Ion Sang, também presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de

“Existe uma insuficiente avaliação nos contratos com os empreiteiros. Casos que se tornaram em conflitos levando a processos judiciais fazem com que as obras atrasem”

Terras e Concessões Públicos da Assembleia Legislativa (AL), lamenta que a obra esteja tão atrasada, assim como tantas outras, como por exemplo, o metro ligeiro. “Acho que existe uma insuficiente avaliação nos contratos com os empreiteiros. Casos que se tornaram em conflitos levando a processos judiciais fazem com que as obras atrasem”, apontou. Para o também presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) é preciso classificar as responsabilidades nos atrasos, assim como tornar público o resultado dos processos judiciais e os próprios contratos. É preciso aprender com os casos que têm acontecido, aponta o deputado. É necessário que o Governo no futuro não volte a permitir que casos como Mong-Há aconteçam, até porque, diz, a população anseia a conclusão deste projecto. Desapontados com a obra, os residentes querem o complexo desportivo pronto o mais rápido possível. Tomás Chio (revisto por F.A.) info@hojemacau.com.mo

Os estrangeiros não são motivos de preocupação para a segurança dos residentes de Macau. A ideia foi avançada por Chio Song Un, Chefe da Divisão de Relações públicas da Polícia de Segurança Pública (PSP), em resposta a um ouvinte, do programa Macau Talk, no passado sábado, que pedia a revisão ao Regime de Autorização de Permanência. O responsável indicou que este ano, entre Janeiro e Maio, foram autorizados 235 pedidos de permanência, número bastante mais baixo quando comparado com o ano passado que no mesmo período os pedidos ultrapassavam os 600. Chio Song Un revelou ainda que, em 2015, os crimes cometidos por estrangeiros ocupavam uma taxa de 7,2%, não representando gravidade. A PSP afirma que os crimes cometidos por estrangeiros “são poucos”. O mesmo responsável disse ainda que o caso de tráfico de uma menina de dois anos, por um vietnamita que entrou no território de forma ilegal, é caso único, não representando qualquer risco na segurança pública de Macau.

Semana de Moçambique chega à RAEM

Macau celebra o 41º aniversário da Independência de Moçambique com um conjunto de actividades promotoras da gastronomia e cultura locais. O evento conta com a organização da Associação dos Amigos de Moçambique de Macau e de 17 a 26 de Junho o Café Bela Vista situado no Grand Lapa Resort Hotel conta com a presença do chef Carlos Graça, à semelhança de edições anteriores, para dar a conhecer os sabores moçambicanos. A acompanhar os petiscos há ainda uma mostra de artesanato. A 25 de Junho, de modo a mais um aniversário da independência, a associação promove um jantar aberto a todos mediante inscrição com o valor de 380 patacas. As inscrições terminam a 19 de Junho.


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