Hoje Macau 14 JUL 2015 #3371

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Director carlos morais josé

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terça-feira 14 de julho de 2015 • ANO XIV • Nº 3371

fundação oriente

Cinema luso em formato reduzido

hojemacau Jogo governo aberto a mudar a lei

interdito a casinos

A construção de empreendimentos hoteleiros em Coloane gera receios de que também ali venham a nascer mais espaços de Jogo. Lionel Leong mostra-se aberto à possibilidade de alterar a lei para que a proibição de construção de casinos em algumas zonas passe a ser efectiva.

Agência Comercial Pico • 28721006

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eventos centrais

opinião

Eles, o Dinheiro e... os SS fernando eloy Página 15

tabaco

Fumadores irredutíveis grande plano página

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Black Narcissus boi luxo

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diário de bordo

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hoje macau terça-feira 14.7.2015

por carlos morais josé

ontem macau

Um homem fotografa um poster que caricatura o ministro das finanças alemão, Wolfgang Shaueuble. A Grécia chegou a acordo com os credores e permanece na UE

horah

“Como já disse, estou aberto [a ouvir opiniões], vamos ver. As propostas vão ser apresentadas e logo se verá” Alexis Tam • Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, sobre a possibilidade de se manterem as salas de fumo nos casinos

“Fomos os últimos a sair daquela zona, destruíram a barraca durante a noite, em segredo. O meu marido e os seus irmãos foram lutar contra aquilo e acabaram por ser agredidos. Como o nosso contrato de compra nunca foi reconhecido, não podia provar que tinha comprado a barraca e nunca recebemos nenhuma indemnização” Senhora Kou • Sobre as barracas da Ilha Verde

“Por mais que a Grécia tenha feito o seu caminho, alguns elementos chave do Eurogrupo têm muitas dúvidas sobre a capacidade deste grupo de homens e mulheres que governa hoje a Grécia em cumprir a palavra dada. E isso mina qualquer negociação e põe em causa qualquer futuro a 19. Pelo menos a 19”

“Eu ficaria preocupado. Tivemos situações idênticas em São Petersburgo e em Viena e devemos pensar sobre isto” Michael Turner, professor da Universidade de Arte e Design de Bezalel, sobre a eventual perda de visibilidade para a Ermida da Penha devido às possibilidades de construção na Zona B dos novos aterros | P. 7

Rui Flores • in opinião

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Tabaco Aumento de imposto pode não baixar número de fumadores

O fumo que não se apaga Johan Nylander

O Governo bem tenta, mas o caminho não se mostra fácil. Contrariamente ao que Alexis Tam defende, vários fumadores não aparentam querer deixar de fumar por terem que pagar mais por um maço de tabaco

grande plano

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omo é que um Governo quer ter uma região saudável se grande parte do seu sustento vem de uma das coisas mais feias do mundo que é o Jogo?”, assim começa por defender Henrique Silva. Para o fumador, o aumento do imposto sobre o tabaco, que entra hoje em vigor (ver caixa), é uma medida que não irá atingir o seu objectivo. “Não vou deixar de fumar porque o tabaco está mais caro, claro que não”, diz, acrescentando que não acredita que os fumadores o façam. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, muito tem defendido a meta do Governo: reduzir o número de fumadores tendo sempre em conta o bem estar da população. Em sessão plenária, durante a semana passada, o Secretário chegou a afirmar que o Governo tem como meta diminuir para 5% a taxa de fumadores, sendo que neste momento essa taxa reside nos 16%. “Não fumo muito, talvez seis cigarros por dia, mas independentemente da quantidade de tabaco que fumar ou não, não vou deixar de o fazer porque está mais caro”, conta ao HM Knox Sio, outro residente de Macau fumador. Em concordância está também Jovelino Dias, um jovem macaense de 26 anos que também faz do cigarro um vício. “Eu quero deixar

“Não fumo muito, talvez seis cigarros por dia, mas independentemente da quantidade de tabaco que fumar ou não, não vou deixar de o fazer porque está mais caro” Knox Sio Fumador

de fumar, mas não acredito que esta medida de aumentar os impostos vá fazer com que mais pessoas deixem de fumar”, explica ao HM. Ip Kuan, fumador há mais de dez anos, explica que esta medida do Governo pode ser usada apenas para uma coisa: “ter mais uma justificação para deixar de fumar”. Contudo, Kuan assume que não será por si só que esta medida levará a uma diminuição do número de fumadores. “Eu sei que faz mal, sei que é mau para a minha saúde, talvez agora com o aumento de preço eu comece a pensar em deixar”, argumenta ao HM.

Casos disso são os maços de tabaco falsificados que rondam o mercado em Macau e a cobrança excessiva de dinheiro sem que o aumento do imposto estivesse já em vigor. Em uníssono, os entrevistados concordam que há espaços públicos que devem ser respeitados e por isso faz sentido que não se fume em algumas áreas. Mas, as salas de fumo são uma opção inteligente, defendem. “Sou fumador, é uma liberdade que tenho e posso escolher se quero fumar ou não, mas não posso obrigar o outro a fumar pas-

Salas sim

“Se o Governo quer um ambiente saudável então que aposte em medidas correctas, como por exemplo autocarros eléctricos para permitir a diminuição da poluição. Isso sim, são medidas que ajudam a saúde da população”, argumenta ainda Henrique Silva, quando questionado sobre a intenção do Executivo com a nova política. Para os fumadores entrevistados pelo HM, há um “erro na lei e na forma como é aplicada”. Segundo defende Knox Sio, o “Governo deve preocupar-se com os vendedores de tabaco que nem sempre cumprem a lei”.

“Se o Governo quer um ambiente saudável então que aposte em medidas correctas, como por exemplo autocarros eléctricos para permitir a diminuição da poluição” Henrique Silva Fumador

sivamente”, começa por defender Henrique Silva. Para Óscar Cheong, recém ex-fumador, este é um dos factores mais importantes. “Em vez de subir impostos e proibir o fumo em todos os lados, o Governo deve pensar em como proteger os não fumadores mas sem estrangular os fumadores. As salas de fumo são uma opção viável. Ninguém reclama da proibição do fumo nos parques e espaços de partilha, claro que não. Daí a existência das salas de fumo”, diz o jovem de 29 anos. Para Óscar Cheong, o aumento dos preços até pode ter efeitos numa determinada percentagem de fumadores, mas nunca poderá ser responsável por uma queda de 11% na taxa de consumidores de tabaco.

Diminuir as vendas

Edgar Wong, também ele fumador, argumenta que uma possível diminuição no número de vendas - em que o próprio acredita – pode não querer dizer que as pessoas consumam menos ou deixem de fumar. No entanto, o jovem não nega que a ideia de gastar mais dinheiro não lhe agrada e vai por isso, diz, tentar diminuir o número de cigarros diários. Recorde-se que, na passada sexta-feira, a Lei de Prevenção

e Controlo do Tabagismo foi aprovada na generalidade, com 26 votos a favor na Assembleia Legislativa. Passando agora para a análise na especialidade, Alexis Tam, admite que esta não será uma discussão fácil. Apesar do Governo se assumir com uma posição firme no que diz respeito ao fim do tabaco, não está excluída a hipótese de ouvir mais opiniões relativamente às salas de fumos dos casinos, temática que provocou mais discussão em sessão plenária. Filipa Araújo (com Flora Fong) filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Novos preços entram hoje em vigor O aumento do imposto de consumo relativamente ao tabaco e seu derivados, tais como charutos, cigarrilhas e outros produtos, entra hoje em vigor, segundo um despacho ontem publicado em Boletim Oficial. Agora sim, a partir de hoje, o tabaco e produtos derivados vão ser mais caros 70%.


política

A equipa de Lionel Leong voltou a frisar que não há planos para a criação de um casino no empreendimento Louis XIII em Coloane. Como não há restrições ao local de construção, o Secretário para a Economia e Finanças mostrou abertura para mudar a lei, para que seja proibido construir espaços de Jogo em algumas zonas do território

A

construção de dois empreendimentos hoteleiros junto à zona de Seac Pai Van, em Coloane, foi ontem tema de debate naAssembleia Legislativa (AL). Os deputados pressionaram o Governo para dar uma garantia de que não serão construídos casinos em Coloane, mas Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, apenas referiu que pode vir a proibir esses projectos na lei. “De acordo com a nossa lei não posso dizer qual é a zona onde não se pode construir um casino, uma vez que não existe proibição de construção em determinadas zonas. Mas estamos abertos a opiniões. Se acham que a lei deve ser alterada para

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Jogo Abertura para proibir casinos em algumas zonas

Se pedirem eu faço gcs

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Tudo em aberto

Apesar da explicação do Secretário, Au Kam San lembrou que a empresa responsável pelo projecto Louis XIII, a Louis XIII Holdings Limited, ainda pode entrar em negociações com uma operadora de Jogo para a abertura de um espaço destes.

proibir casinos em algumas zonas, nós, Governo, estamos abertos a essa possibilidade”, garantiu o Secretário, em resposta a uma interpelação do deputado Au Kam San. Tal como já tinha sido confirmado à imprensa, não existe, para já, qualquer projecto de Jogo junto a Coloane, ainda que o Louis XIII já tenha indicado publicamente querer colocar mesas no local. “Neste momento está um projecto em construção e em relação ao outro [empreendimento] não existe qualquer projecto válido, pois não foi

“Se acham que a lei deve ser alterada para proibir casinos em algumas zonas, nós, Governo, estamos abertos a essa possibilidade” Lionel Leong Secretário para a Economia e Finanças

Aterros Zona A com dois centros de saúde para 90 mil pessoas

Pelas dores de todos nós O director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, garantiu ontem que já está a ser estudada a construção de todas as infra-estruturas sociais na Zona A dos novos aterros, estando prevista a criação de dois centros de saúde para 90 mil habitantes. “Actualmente temos um centro de saúde para 50 a 70 mil habitantes, mas na Zona A teremos dois centros de saúde para 90 mil habitantes. Ainda estamos em consulta pública mas as pessoas estão mais preocupadas com os transportes e as instalações e [com o facto de que] a densidade populacional vai aumentar, mas de acordo com os

é que podem explorar as mesas de Jogo. Para qualquer projecto que inclua casino, o seu pedido tem de ser feito por uma concessionária ou subconcessionária, caso contrário não será permitida a criação de um casino ou mesas de Jogo. Se no futuro o Governo vier a receber pedidos de concessionárias, vai ter em conta vários aspectos, como a dimensão do projecto e os seus efeitos para Macau”, explicou.

urbanistas, quando atingirmos os 96 mil habitantes, vamos ter uma zona de instalações maior do que nas outras zonas de Macau”, disse na Assembleia Legislativa.

Não repetir erros

Li Canfeng deu ainda a entender que o Executivo está a fazer os possíveis para evitar repetir o que está a acontecer na zona de habitação pública de Seac Pai Van, onde os residentes ainda não têm acesso a muitas das infra-estruturas necessárias, uma vez que estas não estão construídas ou concluídas. “Estamos preocupados com o número de instalações. As obras

de Seac Pai Van não conseguem acompanhar as exigências da população, sendo que as pessoas já estão a ocupar as fracções, mas as instalações estão por fazer. Estamos a ter alguns problemas”, assumiu o director da DSSOPT. Ng Kuok Cheong, autor da interpelação que originou estas respostas do responsável, e outros deputados pediram mais dados sobre as futuras habitações da Zona A, mas Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, apenas confirmou que, por estar a decorrer a consulta pública, “não há nenhum projecto em concreto em relação à Zona A”. A.S.S.

ainda emitida a Planta de Condições Urbanísticas (PCU). Não se revela [na PCU] qualquer finalidade para a construção de um projecto de Jogo”, garantiu o representante da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) aos deputados. “ADirecção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) não recebeu, até à data, nenhum pedido apresentado por concessionárias de jogo ou para a construção [ de casinos] no tal hotel Louis XIII”, frisou Lionel Leong. “Segundo a lei, só as sociedades devidamente autorizadas

“Os planos do Governo são mesmo não criar casinos em Coloane? Se o Governo não tiver esse plano, os empreiteiros poderão negociar com as concessionárias. Esses dois hotéis vão provavelmente incluir casinos” Au Kam San Deputado

“Os planos do Governo são mesmo não criar casinos em Coloane? Se o Governo não tiver esse plano, os empreiteiros poderão negociar com as concessionárias. Esses dois hotéis vão provavelmente incluir casinos e disse que não pertencem às concessionárias, mas os empreiteiros podem pedir-lhes autorização”, referiu o deputado. Ng Kuok Cheong pediu para o Governo ter uma estratégia clara sobre os futuros empreendimentos de Jogo. “O que é que o senhor Secretário vai dizer aos moradores de Seac Pai Van? O sector entrou noutra fase e já não estamos numa fase de alargamento desmedido e todos os investimentos devem apontar para a optimização do sector. Deve-se clarificar que não é autorizada a criação de casinos de forma arbitrária. Não apenas em relação aos casinos, mas os centros de apostas também não devem entrar nos bairros comunitários. A lei não prevê mas o Governo pode anunciar este tipo de políticas”, concluiu. Recorde-se que o Governo anunciou há dois anos que iria excluir todo o tipo de Jogo do interior dos bairros e habitações. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


política 5

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Lionel Leong garantiu ontem que Macau não ficou afectado com o crash ocorrido no mercado bolsista chinês nas últimas semanas, que muitos consideraram ser semelhante ao de 1929, ocorrido nos Estados Unidos. “Os investimentos de Macau na bolsa da China e Hong Kong são cerca de 2,7%. Na bolsa do interior da China investimos 7,400 milhões, ainda não estamos a ter prejuízos nesse investimento”, disse em resposta à deputada Melinda Chan.

Salário mínimo em vigor em Janeiro de 2016

Janeiro do próximo ano é quando entra em vigor a Lei do Salário Mínimo para os Trabalhadores de Limpeza e de Segurança na Actividade de Administração Predial. A decisão foi ontem publicada em Boletim Oficial. A partir do primeiro dia do próximo ano, os trabalhadores contratados por empresas que explorem actividade de administração predial para prestarem serviços de limpeza e de segurança a outrem em espaços públicos e prédios urbanos irão auferir 30 patacas por hora, 240 patacas por semana ou 6240 patacas por mês. O incumprimento, por parte do empregador, do pagamento do salário mínimo será considerado uma infracção, estando este sujeito a uma multa entre as 20 mil patacas a 50 mil patacas por cada trabalhador em que se verifique a infracção.

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Executivo quer que a nova lei que regula as agências de emprego passe a obrigar todas as empregadas domésticas de Macau, e não apenas as que chegam do continente, a frequentar acções de formação e a terem um certificado de habilitações antes que possam trabalhar. “Esses trabalhadores terão de se submeter a acções de formação de duas semanas antes de virem para Macau trabalhar”, garantiu Lionel Leong, Secretário para a Eco-

M

eses depois do Comissariado da Auditoria (CA) ter divulgado um relatório que pôs a nu os problemas com a construção do Parque Central da Taipa, o Governo foi à Assembleia Legislativa (AL) garantir que o problema está a ser resolvido, tendo Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), pedido desculpa aos deputados. “Esta obra tem uma grande dimensão e quanto à fiscalização da obra tenho de pedir desculpa pelo trabalho pouco rigoroso. Já temos um grupo de trabalho [criado no seio da DSSOPT] para analisar com pormenor quais os problemas verificados. O relatório ainda não foi divulgado porque trata-se de um procedimento interno de averiguações”, explicou Li Canfeng. Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, garantiu que a maioria dos problemas na obra já foi resolvida. “A maioria das deficiências foi corrigida e a obra ainda se encontra dentro do prazo de garantia, pelo que é da responsabilidade do empreiteiro a correcção das falhas que lhe são imputáveis. Se durante a fiscalização da obra houver suspeitas de corrupção ou de infracções administrativas, as mesmas serão encaminhadas para o Comissariado contra a Corrupção (CCAC).” Contudo, o Secretário confirmou que ainda está a ser feito um balanço com a empresa responsável pela fiscalização, “podendo o contrato, no limite, ser rescindido”.

A lista de Melinda

Os deputados lembraram que a empresa em causa já participou em muitas obras públicas e pediram a criação de um regime de pontuação nos concursos públicos. A deputada Melinda Chan exigiu mesmo a criação de uma “lista negra” para empresas incumpridoras, mas o Executivo referiu que a lei não o permite. “A não ser que o tribunal julgue pela extinção da empresa do concurso público, não podemos fazer isso. As limitações da lei constituem um grande factor. Veremos se no [Regime do Contrato

Li Canfeng pede desculpa por falhas no Parque da Taipa

Dêem-me uma lista negra O Governo assumiu ontem na Assembleia Legislativa (AL) as falhas ocorridas com a empresa que fiscalizou o Parque Central da Taipa. O director da DSSOPT pediu desculpa e Raimundo do Rosário confirmou que a maioria das “deficiências” já foram corrigidas gcs

Macau não foi afectado com crash da bolsa chinesa

de Empreitadas Públicas] se é possível introduzir o regime da lista negra”, confirmou Li Canfeng. De frisar que o referido regime será revisto, tendo Raimundo do Rosário explicado que já foi ini-

ciado o diálogo com associações do sector. Recorde-se que a construtora do parque foi a Chon Tit. No debate, o Secretário foi peremptório ao afirmar que não

“Esta obra tem uma grande dimensão e quanto à fiscalização da obra tenho de pedir desculpa pelo trabalho pouco rigoroso. Já temos um grupo de trabalho [criado no seio da DSSOPT] para analisar com pormenor quais os problemas verificados”

sabe se isto se vai repetir. “Se me perguntarem se tenho a certeza de que não vão acontecer mais casos destes no futuro, digo que não sou capaz de garantir isso”. E chamou a atenção para a falta de recursos humanos na sua tutela. “Em 80 ou 90% dos casos não temos nenhum trabalhador permanente numa obra e temos de ter um engenheiro ou arquitecto a acompanhar várias obras. Há falta de pessoas e esse é um problema. Na década de 80 havia sempre um trabalhador no estaleiro. Não sei se os deputados sabem, mas é esta a realidade”, rematou.

Li Canfeng Director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes

Governo quer empregadas com certificado de habilitações

Formada para limpar nomia e Finanças. “Aquando da revisão da lei estamos a pensar alterar as regras definidas para as trabalhadoras domésticas apresentadas através das agências de emprego. Essas trabalhadoras têm de ser possuidoras de um certificado que comprove a frequência de acções de formação”, disse ainda.

Segundo o Secretário, a Direcção dos Serviços para osAssuntos Laborais (DSAL) tem vindo a realizar acções de formação desde 2012, sendo que 279 empregadas já frequentaram estes cursos. Um número baixo, considerou a deputada Chan Hong. “Penso que o número de empregadas que se submeteram a acções

de formação é insignificante, dado o número de empregadas que estão a trabalhar em Macau.” Ao todo, serão cerca de vinte mil.

Registo de protecção

Vários deputados chamaram a atenção para o facto de muitas empregadas chegarem a Macau sem se saber o seu

estado de saúde ou se possuem cadastro criminal no seu país de origem. O deputado Zheng Anting pediu mesmo a criação de um “sistema de registo para proteger as famílias locais”.

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Quanto à revisão da lei das agências de emprego, o Governo não conseguiu apresentar um calendário para a entrega do diploma na Assembleia Legislativa (AL). “Já recolhemos as opiniões e o diploma vai ser apresentado junto do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) depois de feita a análise. No processo de revisão vamos analisar com mais profundidade as regras que serão introduzidas”, disse o director da DSAL, Wong Chi Hong. A.S.S.


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sociedade

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Consumo de produtos de luxo cai entre 30 a 50%

Terrenos Fábrica Iec Long pode vir a receber indemnização

Os meus queridos panchões

O

s proprietários da Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa, podem vir a negociar uma indemnização com o Governo. Isto, porque, segundo a Lei de Salvaguarda do Património, os proprietários de locais com significado histórico podem ser pagos para deixaram o que é sua propriedade, para que seja possível a preservação do local. O Instituto Cultural (IC) quer salvaguardar o espaço, onde iria supostamente ser construído um parque de diversões pelo proprietário. O HM tentou confirmar junto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) qual o projecto para o local, mas não foi possível obter qualquer resposta. Sabe-se, contudo, que este organismo sugeriu ao IC que negoceie uma indemnização com o proprietário do terreno daquela que é uma das únicas e mais antigas fábrica de panchões de Macau, a Iec Long, para conseguir transformá-la em património cultural. Recorde-se que, na semana passada, a DSSOPT disse ter a correr 12 casos de permuta de terrenos entre Governo e proprietários, sendo que seis ainda

D

epois de aprovado o aumento do imposto de consumo sobre o tabaco e seus derivados – mesmo sem estar em vigor - a corrida às lojas duty free nos postos fronteiriços de Macau foi inevitável. Em pouco tempo formaram-se filas gigantescas para comprar tabaco a um preço mais baixo. A partir de hoje, o imposto de cada cigarro aumenta 70%

não foram concluídos. Nestes processos inclui-se, então, o terreno da antiga fábrica.

hoje macau

O IC quer preservar a Fábrica de Panchões Iec Long, mas o proprietário tem outros planos para o local. Por isso mesmo, a Lei de Salvaguarda do Património pode entrar no processo, já que permite a negociação de indemnizações do Governo

Trocas antigas

Segundo o Jornal do Cidadão, o vice-director substituto da DSSOPT, Cheong Ion Man, referiu que já antes da transferência de soberania o Governo discutiu a viabilidade de trocar o terreno da antiga Fábrica de Panchões Iec Long por outro qualquer com a mesma área. Mas, como as intenções do IC em preservar o espaço não são as mesmas do proprietário, este tem direito a apresentar um pedido de indemnização. Assim, Cheong referiu que a DSSOPT já apresentou esta sugestão ao IC, que levou entretanto a cabo um grande número de trabalhos de salvaguarda do local. O vice-director substituto da DSSOPT afirmou ainda que existem outros dois casos semelhantes na Estrada do Cemitério e na Rua de Tomás Vieira. O IC sugere que se preservem os espaços que actualmente nem sequer se podem desenvolver, mas os proprietários não querem, pelo que a DSSOPT sugere que se negoceie a indemnização com os proprietários.

Terapeutas formados no exterior contra mais estágios

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Tabaco Novo imposto leva pessoas a comprar nas fronteiras

Toca a correr para a China e o número de cigarros que cada pessoa pode trazer para o território diminuiu de cem para 19. O Jornal Ou Mun relata que dezenas pessoas fizeram grandes filas no domingo passado em duas lojas duty

free entre o posto fronteiriço de Macau e Gongbei. Vários residentes de Macau referiram à publicação que, em menos de meia hora, todo o tabaco foi vendido, obrigando os

funcionários a reabastecer as prateleiras com produtos dos armazéns. Alguns destes residentes contam que foram com a família para poderem transportar mais cigarros para o território.

Serviços de Alfândega atentos a contrabando O inspector alfandegário do posto fronteiriço das Portas de Cerco, Ao Kuan Cheong, afirmou que irá ser colocada uma “caixa de abandono voluntário” na zona de espera da fronteira para que as pessoas que transportem cigarros em excesso coloquem ali o excedente. Recorde-se que cada pessoa só poderá trazer 19 cigarros e caso seja

apanhado com mais tabaco pelos Serviços de Alfândega, o tabaco será confiscado e o infractor pode ainda ser multado com uma coima até às cinco mil patacas. O inspector explicou ainda que, durante os últimos três dias, foram confiscados 3500 cigarros contrabandeados, sendo que a maioria dos infractores é proveniente do interior da

A Associação dos Exportadores e Importadores de Macau afirmou que o consumo de produtos de retalho luxuosos teve uma queda entre 30 a 50%, devido à queda das receitas do Jogo. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o presidente da Associação, Sio Chi Wai, referiu que os importadores estão a sofrer pressões dos proprietários das marcas luxuosas por não conseguirem atingir um certo volume de vendas. Sio Chi Wai, também deputado, acredita que a queda das receitas irá apresentar sinais positivos já no presente mês, esperando ainda que os empreendimentos de entretenimento que vão abrir no Cotai possam ajudar a promover este tipo de venda.

China. O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, defendeu que os Serviços de Alfândega já tomaram medidas preventivas e irão levar a cabo os trabalhos de promoção à população sobre o aumento de imposto. O Secretário espera que o contrabando não venha a ser um problema na sociedade, mas diz-se atento a isso.

No aglomerado de compradores encontravam-se também muitos trabalhadores não residentes, que – relata um deles à publicação – se dividiram entre amigos para trazerem mais cigarros. “Em Macau um pacote de cigarros custa 30 patacas, nas lojas duty free vendem a 140 patacas por um volume, isto dá 14 patacas por maço” argumentou. Recorde-se que, tal como o HM avançou ontem, muitas foram as lojas que aumentaram o preço do tabaco sem que ainda a lei estivesse em vigor. F.F.

A Associação de Terapeutas Físicos de Macau sugere que os terapeutas licenciados fora de Macau não precisem de fazer novamente estágio no território, conforme manda o Regime da Qualificação dos Profissionais de Saúde. De acordo com o Jornal Ou Mun, a presidente da Associação, Au Kit Man, referiu que o documento da consulta do regime exige aos terapeutas licenciados fora de Macau um estágio de seis meses antes de começar a trabalhar. No entanto, Au diz que o facto dos profissionais já terem feito um estágio de pelo menos um ano antes de se licenciarem em instituições estrangeiras deveria contar, já que a sua qualificação corresponde à dos terapeutas internacionais. A presidente considera, por isso, que não há necessidade de fazerem outro estágio para começar a trabalhar. Além disso, a presidente propõe que o tratamento por acupunctura possa ser incluído na área de terapia física, avançando que irá apresentar a sugestão ao Conselho para os Assuntos Médicos.


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Património Académicos alertam para perigos no desenvolvimento dos novos aterros

A paisagem também interessa António Falcão

As novas construções em Macau ou de alguma forma ligadas ao território têm de ser tidas em conta quando toca à protecção do património

A

cadémicos ligados à área da conservação do património defenderam ontem que o desenvolvimento dos novos aterros vai ser determinante para a paisagem e herança cultural do território, cujo Centro Histórico está inscrito na UNESCO desde 2005. “No âmbito do desenvolvimento é preciso pensar num conceito global”, disse o académico israelita Michael Turner, à margem de um seminário que assinalou o 10.º aniversário da integração do Centro Histórico no património mundial. O plano director dos novos aterros, apresentado na semana passada, em consulta pública até 8 de Agosto, tem gerado alguma polémica, pelo facto de, num dos novos aterros (Zona B), poder vir a ser permitido construir até cem metros, uma altura superior à da Ermida da Penha, considerada edifício de interesse arquitectónico. Questionado sobre a perda de visibilidade para a igreja e alteração na paisagem, o professor da Universidade de Arte e Design de Bezalel afirmou que “não ficaria feliz com a ideia de simplesmente construir em altura e deixar ‘corredores visuais’ para o monumento”. “Eu ficaria preocupado. Tivemos situações idênticas em São Petersburgo e em Viena e devemos pensar sobre isto”, acrescentou Michael Turner. Para o também membro do órgão consultivo do Comité do Património Mundial, o Conselho Internacional para Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla inglesa), a solução também está na gestão dos terrenos.

“Vamos desenvolver os novos aterros com apenas um único grande construtor ou vamos ter uma centena de empresas de pequena dimensão a fazer os trabalhos? A abordagem de como vai ser desenvolvido o trabalho também vai ter efeitos no resultado”, apontou. “Seria útil procurar alternativas e determinar um programa que fosse sustentável e depois apresentar uma proposta que fosse melhor para o Centro Histórico”, acrescentou.

Mas não só

que daqui a 500 anos se conclua que contribuiu para a protecção do património”. Os titulares das Obras Públicas e Assuntos Sociais e Cultura, Raimundo do Rosário e Alexis Tam, reiteraram, na última semana, que nada está decidido. Também a académica sul-coreana Hae Un Rii manifestou preocupação sobre o impacto da construção em altura. “Macau mudou muito com os aterros, onde foram construídos grandes arranha-céus. De alguma

Michael Turner observou também que um programa de protecção e conservação do património abrangente deve contemplar o desenvolvimento da futura ponte Hong Kong - Zhuhai-Macau e as construções no lado da China, na outra margem do Delta do Rio das Pérolas. Por outro lado, colocou a tónica na sustentabilidade a longo prazo: “O design deve reflectir uma acção

Gabinete de Informação Financeira fica por mais três anos

forma é bom, mas, no aspecto da conservação, não é assim tão bom”, disse, comparando o lado económico com o cultural. A docente da Universidade Dongguk, em Seul, deu o exemplo do Foral da Guia, que perdeu visibilidade a partir do mar, ofuscado por outros edifícios na zona envolvente. “Isso quer dizer que a integridade já está perdida. É preciso pensar sobre isto”, afirmou. Hae Un Rii sublinhou que o trabalho não terminou com a declaração

“Vamos desenvolver os novos aterros com apenas um único grande construtor ou vamos ter uma centena de empresas de pequena dimensão a fazer os trabalhos? A abordagem de como vai ser desenvolvido o trabalho também vai ter efeitos no resultado” Michael Turner Académico

O funcionamento do Gabinete de Informação Financeira (GIF) foi estendido por mais três anos, segundo um despacho publicado em Boletim Oficial ontem. O Chefe do Executivo decidiu assim que o GIF vai funcionar até 7 de Agosto de 2018, tendo possível extensão posteriormente. Recorde-se que o gabinete foi criado em 2006 e tem como principal competência analisar as informações sobre qualquer operação suspeita da prática de crime de branqueamento de capitais ou crime financiamento ao terrorismo.

da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), há dez anos, e que as autoridades locais devem preocupar-se com “a autenticidade e integridade nos futuros desenvolvimentos”. Além disso chamou a atenção para o facto de, em quatro visitas à cidade, nunca ter “tropeçado” num centro com informações sobre o património da UNESCO e defendeu outra postura na promoção da herança cultural, para que a imagem de Macau deixe de estar associada ao Jogo e passe a ser vista de uma perspectiva cultural. “Os visitantes quando vêm a Macau pensam que isto é um sítio de Jogo. Muitos acabam por encontrar alguma herança cultural, mas não sabem que é património mundial. Há cerca de 25 monumentos ou conjuntos classificados, mas eles não sabem. Apenas visitam alguns locais como as Ruínas de São Paulo e a Praça do Leal Senado. Isso deve ser mudado no futuro”, afirmou. LUSA/HM

Boletim Oficial Aumenta subsídio anual para idosos

O montante anual do subsídio para idosos foi aumentando para 7500 patacas, segundo despacho publicado em Boletim Oficial ontem. Recorde-se que a atribuição deste subsídio acontece desde 2005 e tem aumentando anualmente. Os residentes permanentes de Macau com mais de 65 anos podem requerer este subsídio que é anualmente distribuído entre Outubro e Dezembro.


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eventos

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MGM Concurso de fotografia no interior do hotel

MGM lançou um concurso de fotografia no interior do empreendimento. O “Discovering Art at MGM” pretende convidar todos os residentes e turistas a tirar fotografias de obras de arte espalhadas pelo hotel, sendo que a competição dura até 14 de Agosto. O concurso divide-se em dois grupos: o dedicado às fotografias tiradas com máquinas fotográficas e o dedicado às imagens capturadas por telemóvel. As fotografias são julgadas com base na originalidade, na tecnicidade, na composição, no impacto geral da imagem e no mérito artístico. Co-organizado com a Photographic Society of Macao, a competição exige que os concorrentes enviem as fotos tiradas com telemóvel com 2MB a 5MB de tamanho, em formato JPEG. As fotos têm de ser colocadas no site www.discoveringar-

tatmgm.com e as melhores fotos vão ser colocadas na página do Facebook do evento, para votação. A foto com maior número de ‘likes’ ganha um prémio monetário de duas mil patacas e uma estadia ano MGM. Já no que toca às fotos tiradas com câmara, têm de ter 10x15 de tamanho, podendo ser a cores ou preto e branco. As imagens impressas têm de ser apresentadas sem molduras e as fotos tiradas com câmara digital devem ser entregues em papel e formato digital, com pelo menos 3000 pixeis. Estas têm de ser entregues pessoalmente antes de 21 de Agosto, no Centro de Informação Joana Vasconcelos ou na sede da Photographic Society of Macao.

Ida a Lisboa

As imagens vão ser escolhidas por representantes do MGM Macau e da co-organizadora, sendo que os

mgm

Arte ao alcance da lente O

grandes vencedores levam para casa dois bilhetes de ida e volta a Lisboa e acomodação. Os segundos e terceiros classificados podem receber prémios monetários de oito mil patacas. Mas há ainda outros prémios, que incluem três mil patacas em dinheiro e cupões para refeições no MGM no valor de 800 patacas. O MGM dá como exemplo de obras de arte no hotel as diversas obras de Salvador Dalí e Dale Chihuly, a Valquíria de Joana Vasconcelos e as esculturas dos leões. J.F. pub

São todos portugueses e todos têm histórias para contar através de curtas-metragens. Está a chegar o NY Portuguese Short Film Festival, que traz a Macau oito filmes de realizadores lusos e acontece já esta semana na Fundação Oriente

Cinema Festival de curtas-metrage

Filmes portu

P

ela primeira vez, o NY Portuguese Short Film Festival, festival de curtas-metragens portuguesas, chega a Macau. Nos dias 17 e 18 de Julho, uma dezena de obras vão ser mostradas ao público, às 19h00 do primeiro dia e a partir das 17h00 no segundo. Este festival de filmes portugueses teve início em 2011 em Nova Iorque, ao mesmo tempo que em Lisboa, sendo da organização do Arte Institute. Desde 2012 que acontece anualmente nos Cinemas Tribeca, na cidade norte-americana, e na capital portuguesa. Como é hábito são sempre dois dias de festival, que consistem em

mostrar o que os realizadores portugueses a viver dentro e fora do país conseguem fazer. Depois do “sucesso em Nova Iorque”, o Arte Institute resolveu levar o festival a outros países e regiões: Rio De Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres e Luanda foram alguns deles. Este ano, o festival corre por cidades da Austrália e do Canadá, além de Portugal. Pela primeira vez esta festa do cinema português

chega Macau e traz consigo oito curtas e dois convidados que apresentam filmes de animação.

Oito filmes, oito realizadores

Da selecção oficial deste ano fazem parte o filme “Bestas” de Rui Neto e Joana Nicolau, que retrata a história de Lucas, um rapaz de 13 anos que procura vingar-se do homem que abusou da sua mãe. Quando está quase a con-


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Albergue SCM Exposição de trabalhos criados na Bienal de Veneza

ens na Fundação Oriente

ugueses invadem Macau

I

indústrias culturais e locais de arquitectura histórica” e, com a ajuda do próprio Albergue, 11 jovens residentes de Macau foram convidados a visitar a Bienal, local onde criaram também diferentes tipos de trabalhos. Agora, todos eles têm a oportunidade de expor as suas obras, no Albergue SCM. “Tanto os jovens artistas, como o pessoal do MAM e do Conselho das Indústrias Culturais são convidados a mostrar os trabalhos que criaram em Veneza”, começa por explicar a organização. “A exposição tem diferentes tipos de trabalhos, incluindo instalação, aguarela e fotografia.” A inauguração da mostra está marcada para as 18h30, sendo que a exibição está patente até ao dia 31. A entrada é livre e a exposição pode ser visitada do meio-dia às 20h00, ou segundas-feiras das 15h00 às 20h00. J.F.

seguir fazê-lo, não consegue dar o último passo em frente e acaba por cair nas mãos do predador. Na lista está ainda o filme “Emma’s Fine”, de Miguel M. Matias, uma obra sobre “uma mulher que luta diariamente” contra algo que a perturba, mas que não quer dar a conhecer a outros. “Gu”, de Pedro Marnoto Pereira, é outro dos filmes que pode ver e fala de um jovem romântico que rouba uma bicicleta de dois outros homens, para conseguir encontrar-se com a namorada. Mas as coisas mudam quando os homens – e a verdade – o apanham. Seguem-se os filmes de Yuri Alves e Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro. O primeiro traz-nos “Exit Road”, um filme que retrata a vida de um ex-toxicodependente e ex-prisioneiro que tenta a

Pela primeira vez esta festa do cinema português chega Macau e traz consigo oito curtas e dois convidados que apresentam filmes de animação

todo o custo recomeçar a sua vida. O segundo – “OOBE” - fala-nos de alguém que nos é desconhecido: o subconsciente. E até quanto é que podemos prestar-lhe atenção. Mas as histórias não acabam por aqui: “Emília” (Diogo Borges) versa sobre a crise financeira num país que não parece ter esperança e na luta de uma mulher para contornar esse destino e “Remissão Completa” (Carlos Melim) debruça-se sobre a história de dois velhos amigos que dão o mote para uma metáfora sobre doenças físicas e sociais. Segue-se ainda “O Rio”, de António Pinhão Botelho, um mistério sobre a rotina de um jovem casal.

Animação

Pela primeira vez, este ano, o festival conseguiu ainda

À venda na Livraria Portuguesa Uma Fazenda em África • João Pedro Marques

Uma Fazenda em África acompanha a vida e as histórias dos primeiros colonos numa terra brutal, trazendo à superfície os sucessos e desaires, os perigos e as surpresas da sua fixação num território inóspito e selvagem. Baseado numa investigação histórica meticulosa e tendo como pano de fundo a colonização de Moçâmedes, este novo romance de João Pedro Marques leva-nos por uma África simultaneamente enternecedora e inclemente, carregada de exotismo e em cujos trilhos a aventura e o amor caminham de mãos dadas.

uma parceria com a Panorama Europe Film Festival, de forma a trazer duas obras de animação. Assim, Macau recebe a obra dos convidados Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida, que trazem “O Gigante”, a história de amizade entre uma menina e um gigante. A RAEM recebe ainda o filme “Amphi”, de Iuri Monteiro, Francisco Correia, João Garcia, Manuel Prata e Maria Inês Barroqueiro. A película retrata a vida de uma comunidade do deserto, que, para viver mais um dia, tem de matar um dos seus. A ideia do NY Portuguese Short Film Festival é trazer a cultura portuguesa ao grande ecrã, de forma a mostrar ao público obras feitas com uma perspectiva lusa.

lok hei

Lai Ieng

naugura amanhã a exposição “Travel Notes Venice”, uma exposição colectiva de participantes de Macau na Bienal de Arte de Veneza 2015. A ter lugar no Albergue SCM, a mostra inclui trabalhos de jovens talentos de Macau, mas também de funcionários do Museu de Arte de Macau (MAM) e do Conselho para as Indústrias Culturais. Tudo começou em Veneza, com os trabalhos de Mio Peng Fei . A exposição do artista de Macau, “Path and Adventure” foi conjuntamente organizada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), pelo MAM e pelo Instituto Cultural, sendo que muitos foram os funcionários destes organismos que acompanharam a viagem das obras até Veneza. Também do Conselho para as Indústrias Culturais foram diversos “membros para visitar organizações de

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hoje macau terça-feira 14.7.2015

Atribuição de subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior em 2016 I.

Requisitos do pedido e critérios de atribuição do subsídio que se passam a citar: 1. O requerente, ao abrigo do n.o 1 do artigo 34.o do Decreto-Lei n.o 67/93/M, de 20 de Dezembro, deve satisfazer uma das seguintes condições: 1) Ser natural da Região Administrativa Especial de Macau (R.A.E.M); 2) Ser de nacionalidade portuguesa ou chinesa e ter na R.A.E.M. a sua residência há mais de 1 ano; 3) Residir na R.A.E.M. há, pelo menos, 3 anos. 2. O requerente deve, ainda: a) Ser sócio da Associação Geral de Automóvel de Macau, China (AAMC), e ser portador de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior, bem como obter a qualidade de representação da AAMC; b) Ter terminado e obtido uma classificação oficial que se situe numa posição entre as 70% melhores classificações finais dos pilotos participantes de Macau numa das corridas do Grande Prémio de Macau (GPM) realizadas no ano de 2015. (vide a Tabela I em anexo) 3.

A atribuição de subsídio em 2016 será limitada à participação em corridas homologadas entre Janeiro a Outubro pela Fédération Internationale de Motocyclisme (FIM) ou pela Fédération Internationale de l’Automobile (FIA) (até o máximo de 10 corridas a cada piloto requerente), devendo estas competições no exterior ser do mesmo tipo e de nível equivalente ao da efectivamente participada pelo piloto requerente nas corridas do GPM em 2015 (motos, carros de turismo ou fórmula 3). A atribuição está sujeita aos seguintes padrões de avaliação: 1) Classificação geral numa das corridas do GPM realizado no ano de 2015, analisando o nível de competição do requerente nestas corridas; 2) Potencialidade de desenvolvimento do requerente no desporto motorizado (incluindo idade, etc.); 3) Importância e popularidade da corrida em que irá participar, analisando-se o nível de competição do requerente em diferentes tipos de corridas, internacionais ou regionais; 4) Efeito promocional e divulgação de Macau.

4.

A atribuição do subsídio será calculada com base na percentagem correspondente à participação efectiva nas corridas declaradas pelo piloto no pedido de atribuição de subsídio no ano de 2015.

II.

Documentos a apresentar com o formulário especial para a atribuição de subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior: 1) Carta de pedido, indicando obrigatoriamente o valor do subsídio requerido 2) Plano de actividades (incluíndo a designação, datas, locais e os números das corridas no exterior da RAEM e respectivas mangas) 3) Mapa pormenorizado das despesas previstas 4) Curriculum vitae do requerente 5) Cópia do B.I.R.M. do requerente 6) Cópia do cartão de sócio na Associação Geral de Automóvel de Macau, China 7) Cópia de todas as licenças legais e indispensáveis para a participação em corridas no exterior da RAEM 8) Documento comprovativo da qualidade de representação da Associação Geral de Automóvel de Macau, China 9) Prova de participação obrigatória e obtenção de resultados oficiais das corridas do Grande Prémio de Macau no ano de 2015

III.

A atribuição dos subsídios em 2016 é concedida nos termos seguintes: 1) Os pilotos locais que satisfaçam os requisitos acima referidos devem apresentar, antes do dia 30 de Janeiro de 2016, os documentos indicados no art.o II, com o formulário especial para a atribuição de subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior preenchido; 2) Uma vez terminadas todas as corridas que constam no plano de actividade do art. II, al. 2), os pilotos locais devem entregar os relatórios de participação nas corridas no exterior que, no plano de actividade, declararam ter intenção de participar, bem como os documentos comprovativos de informações relativas à promoção efectiva de Macau à Comissão do Grande Prémio de Macau, antes do dia 31 de Outubro de 2016; 3) O subsídio só será atribuído após análise dos relatórios de participação nas corridas declaradas nos planos de actividade e será calculado de acordo com a participação efectiva em cada um desses eventos. 4) Não será atribuído subsídio, no caso de os relatórios serem entregues fora do prazo acima estipulado;

Tabela -I: N.o de pilotos locais participantes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

N.o de pilotos locais admitidos Piloto admitido com 70% dos melhores resultados na classificação final 1 2 2 3 4 4 5 6 7

N.o de pilotos locais participantes 11

N.o de pilotos locais admitidos 7

12 13 14 15 16 17 18 19 20

8 9 9 10 11 11 12 13 14

Percentagem a cada um dos padrões de avaliação para ponderação:

1) 2) 3) 4)

Padrões de avaliação Classificação geral numa das corridas do Grande Prémio de Macau realizado no ano de 2015, analisando o nível de competição do requerente nestas corridas Potencialidade de desenvolvimento do requerente no desporto motorizado (incluindo idade, etc.) Importância e popularidade da corrida em que irá participar, analisando-se o nível de competição do requerente em diferentes tipos de corridas, internacionais ou regionais Efeito promocional e divulgação de Macau TOTAL

Percentagem 60% 10% 25% 5% 100%

Endereço da Comissão do Grande Prémio de Macau: N.o 207, Av da Amizade, Edif. do Grande Prémio de Macau. Telefone: (853) 87962200 ou 87962204.


h

luz de inverno

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artes, letras e ideias

hoje macau terça-feira 14.7.2015

Boi Luxo

Black Narcissus, 1947, de Michael Powell e Emeric Pressburger

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cinema britânico não é um cinema a que se tenha dedicado, nesta página, muita atenção. Não é por mal. Escreveram-se umas poucas de linhas sobre Don’t Look Now, 1973, de Nicholas Roeg, a pretexto de um fascínio pelo tema do desaparecimento que se estende a mais dois filmes, um italiano e um holandês, um texto inspirado por 12 Years A Slave, de Steve McQueen, 2013, que pouco mais é que a expressão de uma grande desilusão, um artigo a propósito de Caravaggio, de Derek Jarman, de 1986, nascido do gosto pelo tenebrismo, pela notação de uma teatralidade pouco própria ao cinema destas ilhas, e pela pintura de Caravaggio, de quem vira há pouco tempo um quadro em Hong Kong, e, finalmente, uma homenagem adolescente a The Long Good Friday, 1979, de John Mackenzie, um filme querido que está cada vez mais na moda porque hoje em dia é quase impossível fazer um filme de gangsters convincente e inovador. (À medida que escrevo estas linhas à pressa - apercebo-me de que afinal se acumula um número não suspeitado de filmes). Juntam-se aos quatro filmes acima citados mais dois: The Fallen Idol, 1948, de Carol Reed, um típico thriller de fim de semana um pouco infantil (um dos muitos filmes britânicos sobre meninos ou rapazes*), e o modelar filme de rebeldia juvenil If, 1968, de Lindsay Anderson (a cujo This Sporting Life, de 1963, dedico um carinho difícil de ultrapassar). Não resisto a lembrar, mais uma vez, que olho sempre para o cinema das Ilhas Britânicas com uma grande dose de condescendência e uma dose ainda maior de afecto, diferente da profunda admiração e respeito (às vezes quase medo) que me causa o romântico cinema alemão, o densíssimo cinema russo, o poético cinema

português ou o insuportavelmente mimado cinema francês - para citar apenas exemplos europeus. A relação que mantenho com o cinema britânico é tão pessoal que sobre muitos deles não escreveria. Prefiro guardá-los a expô-los, talvez porque as qualidades que neles noto não sejam tão universais como as que noto em outros filmes de outras origens. Penso em filmes como Kes, Naked, The Village of the Damned (1960), Peeping Tom, Goodbye Mr. Chips, Alfie, Distant Voices Still Lives, Withnail and I, Blue, The Loneliness of the Long Distance Runner, Don’t Look Now, The Browning Version, The Go Between, This Sporting Life, Billy Liar ou My Beautiful Laundrette. Quem os conhece imediatamente perceberá que são filmes provincianos ou domésticos e é por essa razão que me escuso a partilhá-los. Diverte-me também que alguns filmes, como Gandhi, Ryan´s Daughter ou Lawrence of Arabia sejam considerados grandes monumentos da história do cinema. (Deixo Greenaway e Kubrick de parte para não criar muita confusão). Tenho dificuldade em colocar algum filme britânico numa prateleira onde se juntem filmes como Ordet, Jalsaghar, L’Année dernière à Marienbad, Persona, Journal d’un curé de campagne, ou Chronik der Anna Magdalena Bach. Não seria justo. O filme que aqui me traz não é muito bom. Nem gosto muito dele. Mas de repente lembrei-me das suas cores vivas e da altitude a que tudo se passa e das suas improbabilidades: é Black Narcissus, 1947, de Michael Powell e Emeric Pressburger. Um filme de 1947 com uma música assim só pode causar nostalgias mas não é a nostalgia que me faz voltar a ele, é o deleite pela aceitação mole de um fantasismo popular. Tudo neste filme é improvável mas filmicamente aceitável. Um grupo de freiras ocupa um convento nos Himalaias, num lugar chamado

Mopu. O jovem general chama-se Sabu e este é um filme de uma altura em que as pessoas sabiam menos sobre o mundo e, mais importante, tinham acesso a muito menos imagens do mundo e mais facilmente se deixavam enganar/encantar. A Superiora do convento, Irmã Clodagh, é muito bonita, e o plano em que pela primeira vez se vê o seu rosto não nos deixa duvidar dos seus poderes nem da sua beleza. É um plano maroto, porque não se filma assim uma freira. O responsável britânico junto do Senhor local, o agente, é um tal Mr. Dean, um homem jovem e sedutor cujo comportamento desbragado (e o modo estranho como se veste, por vezes apenas com uns calções curtos e reveladores) marca um contraste bem definido (isto é um filme para as massas, a história é clara, não contém ambiguidades) com o comportamento piedoso das Servas de Maria. Desde o início se desenha a inevitabilidade de um interesse amoroso nas alturas dos Himalaias, apimentado pelo pormenor do velho palácio que recebe as freiras ter sido anteriormente um serralho onde viviam, no luxo e no prazer de banhos (como mostram as pinturas que decoram as suas paredes), as mulheres do antigo Senhor local. O contraste entre a suposta piedade das irmãs e a história do lugar e o comportamento gingão do Sr. Dean tem paralelo na história do jovem General, Sabu. Black Narcissus é o nome do perfume usado pelo garboso e principesco jovem que, no ambiente piedoso do convento, e enquanto dedicado aluno, se deixa seduzir por uma voluptuosa plebeia chamada Kanchi (Jean Simmons como nunca, negra e sensualíssima). Sim, esta é uma saborosa história de freiras, erotismo e insanidade passado num cume dos Himalaias filmado por Jack Cardiff em cores cheias e sensuais.

Se por vezes me lembro de Black Narcissus é por razões que se prendem com o berro das suas cores. Pouco mais se pode pedir mas deve lembrar-se quão excêntrico é este desígnio erótico na história do cinema britânico. Há, no cinema ocidental, muitos filmes com freiras - mais do que se poderia imaginar - e ao olhar para o olhar da Irmã Ruth, louco de amor e de ciúme, é impossível não pensar nas diabólicas freiras de Matka Joanna od Aniolow, de Jerzy Kawalerowicz. A loucura que os olhos da Irmã Ruth traem ao aproximar-se da Superiora do convento para a matar, traz um fim trágico à permanência das Irmãs em Mopu. No fim, fica-se com a sensação de que a aventura das freiras foi despropositada e que a interferência inglesa num complexo cultural completamente exótico não poderia senão dar este fruto amargo. Rejeitadas por um povo que elas não compreendem, insistentemente aflitas por um clima inclemente, o grupo de freiras da Ordem das Servas de Maria vê-se obrigado a deixar o antigo serralho. Sabu desiste de se elevar através da educação (o convento manteve, durante o período em que esteve aberto, uma escola e um hospício) para se dedicar a ocupações mais próximas e mais próprias à sua condição principesca: os deleites do amor e a prática da guerra. * Insistência que eu gosto de pensar que tem uma razão muito própria mas cuja definição não encontro. São Kes, Oliver!, Walkabout, Ratcatcher, Billy Elliot, The Loneliness of the Long Distance Runner, The Bill Douglas Trilogy, Oliver Twist, The Boy Who Turned Yellow, The Innocents, etc. No médiooriente existe também um número muito substancial de filmes sobre rapazes.


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china

hoje macau terça-feira 14.7.2015

Explosão em fábrica ilegal de petardos faz 15 mortos

Quinze pessoas morreram e pelo menos 12 ficaram feridas na sequência da explosão numa fábrica ilegal de petardos na província de Hebei, no norte da China, anunciaram, ontem à noite, as autoridades. A explosão, cujas causas se desconhecem, ocorreu na manhã de domingo em instalações não autorizadas para o fabrico de artigos de pólvora na cidade de Dongwang, onde prosseguem as operações de limpeza dos escombros, de acordo com a agência Xinhua. A explosão resultou na destruição da fábrica ilegal e afectou ainda edifícios situados até um quilómetro de distância ao partir vidros de janelas.

Campanha anti-corrupção atingiu vice-presidente do Supremo Tribunal

Hong Kong Detectados excessivos níveis de chumbo na água

Canalizações chumbadas C entenas de residentes de Hong Kong pediram ao governo novas medidas de controlo sobre o abastecimento de água corrente, dias depois de uma

O excesso de chumbo foi detectado no fim-de-semana num dos cinco edifícios de um complexo habitacional na ilha de Kowloon

análise ter revelado níveis excessivos de chumbo na água de um complexo de habitação pública na cidade. O excesso de chumbo foi detectado no fim-de-semana num dos cinco edifícios de pub

um complexo habitacional na ilha de Kowloon, onde vivem cerca de 5.000 pessoas. Os níveis de chumbo em três amostras retiradas em três andares foram de 10,8, 11,6 e 35,1 microgramas (mcg) por litro, sendo que, segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde, a quantidade de chumbo na água potável não deve ir além dos 10 microgramas por litro. Os residentes afectados estão a pressionar o governo para que estenda as análises à água a todos os complexos de habitação pública. Moradores pediram no domingo ao governo maior celeridade no processo.

Anúncio HM-2ª vez 14-7-15 Execução ordinária n.º

CV2-14-0134-CEO

2º Juízo Cível

Exequente: Banco Industrial e Comercial da China (Macau) S.A. (中國工商 銀行(澳門)股份有限公司), com sede em Macau, na Avenida da Amizade, n.º 555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executados: 1. TANG CHON KIT (鄧俊傑); e sua mulher 2. MELISSA JAYNE BARRATT TANG, ambos de nacionalidade chinesa, residentes em Macau, na Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.º 23, - Edifício “Kingsville”, Bloco 1, R/C “T”. *** Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado, sobre que tenham garantia real e que é o seguinte: Bens Penhorados Verba 1 Denominação da fracção autónoma: “R8”, 8º andar “R”. Situação: Em Macau, na Taipa, nºs 233 a 321 da Estrada Almirante Magalhães Correia, nºs 34 a 94 da Estrada Nordeste da Taipa, nºs 9 a 113 da Rua da Baía e nºs 1 a 74 do Beco da Baía. Fim: Para habitação Número de matriz: nº. 040758 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 8870, a fls. 276 do Livro B25. Verba 2 Denominação da fracção autónoma: “Q8”, 8º andar “Q”. Situação: Em Macau, na Taipa, nºs 233 a 321 da Estrada Almirante Magalhães Correia, nºs 34 a 94 da Estrada Nordeste da Taipa, nºs 9 a 113 da Rua da Baía e nºs 1 a 74 do Beco da Baía. Fim: Para habitação Número de matriz: nº. 040758 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 8870, a fls. 276 do Livro B25.

Investigação em curso

Segundo as autoridades responsáveis pelo abaste-

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Aos 08 de Julho de 2015.

cimento de água da antiga colónia britânica, o chumbo poderá ser proveniente dos materiais de soldadura usados nas juntas dos canos dos pisos onde foram retiradas as amostras. O uso de materiais que possam libertar chumbo está proibido para este tipo de instalações, pelo que o governo não descarta a possibilidade de empreender acções legais contra a empresa responsável pelas canalizações. Está prevista a realização de testes a outros quatro edifícios de habitação pública, cujos trabalhos foram executados pela mesma empresa. A exposição a longo prazo ao chumbo, quando se acumula em grandes quantidades no organismo, pode causar anemia, aumento da pressão arterial e danos cerebrais e renais, informou o departamento de Saúde. Regina Ching, desse departamento, afirmou que os níveis de chumbo registados nas amostras não representavam um risco significativo para a saúde a não ser que tivessem sido consumidos durante toda a vida. A água engarrafada esgotou nos supermercados localizados nas zonas afectadas.

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A campanha anti-corrupção na China atingiu ontem, pela primeira vez, um vice-presidente do Supremo Tribunal do país, Xi Xiaoming, anunciou a Comissão Central de Controlo e Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC). Xi Xiaoming, 61 anos, está a ser investigado por suspeita de “graves violações da disciplina e da lei”, disse a referida comissão, sem adiantar mais pormenores. O magistrado era também membro do grupo dirigente do PCC no Supremo Tribunal da China. Dezenas de quadros dirigentes com a categoria de vice-ministro ou superior, entre os quais o ex-chefe da Segurança da China Zhou Yongkang, foram presos e condenados por corrupção desde que o actual presidente, Xi Jinping, assumiu a chefia do PCC, em Novembro de 2012. É a mais drástica e contínua campanha do género realizada na China, nas últimas décadas.

Excedente comercial somou 236.000 ME no primeiro semestre

O excedente comercial da China mais do que duplicou no primeiro semestre de 2015, atingindo 1,61 biliões de yuan, indicam estatísticas oficiais divulgadas ontem. Aquele valor equivale a cerca de dois terços do excedente comercial da China em todo o ano passado, que atingiu o montante recorde de 382.400 milhões de dólares. Segundo a Administraçãogeral das Alfândegas da China, entre Janeiro e Junho de 2015, as exportações chinesas somaram 6,57 biliões de yuan, num aumento de 0,9% em relação a igual período do ano anterior, enquanto as importações caíram 15,5%, para 4,96 biliões de yuan. No conjunto, o comércio externo chinês caiu 6,9% no primeiro semestre de 2015. Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China é também o maior exportador do planeta, à frente da Alemanha e do Japão, e representa 12% do comércio global.


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O que fazer esta semana

poltergeist [3d] [c]

minions [a]

Filme de: Gil Kenan Com: Sam Rockwell Rosemarie DeWitt 19.45

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Pierre Coffin, Kyle Balda 14.15, 16.00, 21.30

ted 2 [c]

minions [3d] [a]

Filme de: Seth MacFarlane Com: Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman 16.00

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Pierre Coffin, Kyle Balda 17.45

ted 2 [c]

Sala 3

Filme de: Seth MacFarlane Com: Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Morgan Freeman 19.30

terminator: genisys [c] Filme de: Alan Taylor Com: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke 14.30, 16.45, 21.30

Sala 2

terminator: genisys [3d] [c]

poltergeist [c]

Filme de: Alan Taylor Com: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clarke 19.15

Filme de: Gil Kenan Com: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt 14.15, 18.00, 21.30

Festival “Kill The Silence” Live Music Association, 19h00 Bilhetes das 50 às 250 patacas

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Cinema

Sala 1

Hoje

yuan

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Sexta-feira

Festival “Kill The Silence” Live Music Association, 19h00 Bilhetes das 50 às 250 patacas Noite de Piano na Galeria Fundação Rui Cunha, 18h00 - 20h00 Entrada livre

Sábado

Festival “Kill The Silence” Live Music Association, 19h00 Bilhetes das 50 às 250 patacas

Aconteceu Hoje A queda da Bastilha

Diariamente

Exposição “O legado de Amílcar Cabral” Casa Garden, 18h30 (até 31/07) Entrada livre Exposição “Saudade” (até 30/9) MGM Macau Entrada livre “A Arte de Imprimir” (até Dezembro) Centro de Ciência de Macau Entrada livre Exposição “Ao Risco da Cor - Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre Exposição “De Lorient ao Oriente - Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre Musical “A Bela e o Monstro” (até 26/6, de quinta a domingo) Venetian Macau Bilhetes entre as 280 a 680 patacas Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos (até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre

14 de JUlHO

U m d i s c o h o j e “O Concerto Acústico” (Rui Veloso, 2003) Hoje vamos dar um salto à música portuguesa, com o que de melhor é feito no rock dos anos 80/90. Rui Veloso, com “O Concerto Acústico” brinda-nos com um best off das músicas bem conhecidas do cantor que ama o Porto tanto quanto os que lá nasceram. E, claro, não podia faltar aqui “Porto Sentido”, ao lado de outras tão boas músicas como “A gente não lê”, “Nunca me esqueci de ti” e “A Paixão”. Joana Freitas

• No dia 14 de Julho de 1789 o povo de Paris saiu às ruas para protestar contra o regime monárquico opressor. Os populares invadiram a Bastilha, fortaleza que simbolizava o Absolutismo real, libertaram presos e derrubaram o edifício. A Tomada da Bastilha, também conhecida como Queda da Bastilha, foi o evento central da Revolução Francesa. Embora a Bastilha, fortaleza medieval utilizada como prisão, contivesse apenas sete prisioneiros na época, a sua queda é tida como um dos símbolos daquela revolução e tornou-se um ícone da República Francesa. Em França, este dia é um feriado nacional, conhecido formalmente como Fête de la Fédération, conhecido também como Dia da Bastilha em outros idiomas. O evento provocou uma onda de reacções em toda a França, assim como no resto da Europa, que se estendeu até a distante Rússia Imperial. A invasão da Bastilha e a consequente Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão formaram o terceiro evento desta fase inicial da revolução. A primeira havia sido a revolta da nobreza, ao se recusar a ajudar o rei através do pagamento de impostos. A segunda havia sido a formação da Assembleia Nacional e o Juramento da Sala do Jogo da Péla. A grande prisão do estado acabou por ser invadida porque um jornalista, Camille Desmoulins, até então desconhecido, discutiu em frente ao Palácio Real e pelas ruas dizendo que as tropas reais estavam prestes a desencadear uma repressão sangrenta sobre o povo de Paris. Todos deviam socorrer-se das armas para defender-se. A massa revoltosa que se dirigiu para a Bastilha era composta por soldados desmobilizados, guardas, marceneiros, sapateiros, diaristas, escultores, operários, negociantes de vinhos, chapeleiros, alfaiates e outros artesãos. A fortaleza, por sua vez, defendia-se com 32 guardas suíços e 82 “inválidos” de guerra, possuindo 15 canhões, dos quais apenas três em funcionamento. O tiroteio durou aproximadamente quatro horas. O número de mortos foi incerto.

fonte da inveja

O futebol é um dos poucos meios que os países

hoje têm para existir.

João Corvo


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opinião

hoje macau terça-feira 14.7.2015

Rui Tavares

Charlie Chaplin, The Great Dictator

in Público

O Sr. Anti-Europa

W

olfgangSchäuble não é apenas um perigo para a Europa, mas também uma vergonha para a Alemanha. A maior ameaça que paira sobre a Europa hoje não é a de Putin ou do fundamentalismo islâmico, dos EUA ou da China, dos eurocépticos ou dos populistas. A maior ameaça que paira sobre a Europa hoje é a que representa Wolfgang Schäuble, ministro das finanças da Alemanha. Peso bem as palavras. Schäuble está no coração do poder. O que os outros só podem tentar fazer a partir de fora, ele conseguirá com muito mais eficácia ao liderar uma corrente de opinião entre os governos da zona euro que, se levar a sua avante, não poderá resultar senão na destruição daquilo que foi construído por todas as gerações europeias do pós-guerra. Isto começou há alguns anos, quando Schäuble se auto-proclamou uma espécie

de supremo tribunal europeu — arbitrário, parcial, absolutista e, pior do que isso, sistematicamente errado. Qualquer gesto de solidariedade ou partilha no quadro da União Europeia, dos eurobonds à mutualização da dívida, era excluído por Schäuble sob o pretexto de que os tratados não o permitiam. No entanto, ao seu olhar cirúrgico escaparam construções de base legal duvidosa ou puras ilegalidades, da troika às políticas desta, para não falar do próprio eurogrupo que se descobriu recentemente que era “puramente informal” enquanto governa os destinos de 350 milhões de europeus. Schäuble sabe que não precisa de ter razão. Basta-lhe ser ministro das finanças do

Wolfgang Schäuble não é apenas um perigo para a Europa, mas também uma vergonha para a Alemanha

país mais rico da UE. Nenhum outro governo lhe tem feito frente. Na verdade, das poucas vezes que o verdadeiro Tribunal de Justiça da União tem sido chamado a pronunciar-se sobre as políticas centrais da zona euro há uma regularidade que se verifica: as medidas a que Schäuble se opunha são compatíveis com os tratados; muitas das que ele defendeu são de legalidade duvidosa. *** A situação piorou agora quando Schäuble decidiu tirar da cartola que a reestruturação da dívida grega era impossível segundo os tratados, mas que seria muito necessária e até razoável desde que a Grécia saísse do euro por um mínimo de cinco anos. Para tal citou o artigo 125 do Tratado de Funcionamento da União Europeia que, muito claramente, não fala da zona euro, mas da própria União. Se este artigo fosse impedimento a uma reestruturação (não é) a Grécia teria de sair da própria União. Mas, mais uma vez,

Schäuble sabe que há muitas formas de fazer a reestruturação da dívida grega de forma legal e compatível com os tratados. Só que, antes de lá chegar, deseja impôr aos gregos outras condições ainda mais escandalosas, nomeadamente forçando-os a consignar valores do estado num montante de 50 mil milhões de euros a um fundo controlado pelos credores. Esta exigência, que parece vinda do pior colonialismo e imperialismo do século XIX, não pode ser entendida senão como uma provocação com o intuito de fazer fracassar qualquer negociação. Não é por acaso que os Verdes alemães anunciaram levar Schäuble ao Tribunal Constitucional do seu país por violação do objectivo constitucional de participar na construção de uma Europa “democrática e social” (artigo 23 da Constituição Alemã). Têm toda a razão. Wolfgang Schäuble não é apenas um perigo para a Europa, mas também uma vergonha para a Alemanha. Parem esse homem, se não for já demasiado tarde.


opinião 15

hoje macau terça-feira 14.7.2015

Fernando Eloy | 义來

chá (muito) verde

D

a crise grega à proibição do fumo em Macau, um denominador comum: o dinheiro. O vil papel, que de ouro já nada tem e muito menos de metal, nem de papel, pois é mais números, serve de justificação para tudo, até para nos

proibir de fumar. Na Grécia depois de negociações mais difíceis que um divórcio litigioso daqueles bravos e depois de um referendo que serviu apenas para vender notícias, foi tudo reduzido ao que já se esperava à partida: ao poder do dinheiro, ou dos detentores dele, que assim ignoraram olimpicamente referendos ainda que atenienses e passaram por cima de toda a folha, que nem carro de assalto. Como dizia um deputado do Parlamento Europeu há uns dias, “vivemos os tempos do totalitarismo do capital”. Nem mais. Já nem sequer é capitalismo. Está muito para além disso. A culpa é de quem? De seres sombrios invisíveis acantonados em vilas remotas? Dos extraterrestres? De poderes ocultos emanados por sociedades ainda mais dissimuladas? Não, o problema é nosso. Da grande maioria de todos nós. Podemos barafustar contra a alienação motivada pelo lucro, contra os potentados económicos que nos disciplinam em favor dos seus desejos de controle global, contra os governos, esses corruptos danados que só estorvam, contra os carros e as indústrias que arruínam o nosso planeta... Podemos até protestar contra os que já morreram ou contra as dinastias passadas que nos deixaram nesta situação lastimável, mas esquecemo-nos de uma coisa fundamental: de olhar para o espelho. Nem os governos eram corruptos, nem as empresas perigosas máquinas imperialistas, nem os carros poluiriam tanto se nós, esses que protestam, não andássemos de carro por tudo e por nada, se nós não fossemos todos loucos por dinheiro, se nós não fossemos consumistas empedernidos e corruptos quando a ocasião propicia, se nós não poluíssemos os rios e as praias e as florestas que frequentamos com a famelga, se nós não fossemos uns anormais que passamos a vida a colocar a culpa “neles”. Eles! Esses sim, os verdadeiros bandidos que nos atormentam. Caso contrário, a nossa vida poderia ser um maná. É por isso que os Serviços de Saúde, ou SS, pela facilidade e pela sigla muito a propósito, podem ter a lata para dizer que “fumar não é uma necessidade de vida”. Eles podem dizer este tipo de coisas porque vêm escudados no dinheiro. No caso vertente na “astronómica” quantia de 6 milhões de patacas, já com as adendas e as migalhinhas possíveis e imaginárias adi-

Bob Fosse, Cabaret

Dinheiro, Dinheiro e apenas o Dinheiro. Eles, sempre eles e... os SS

cionadas (mas não especificam quanto desse dinheiro vai para as Nicorets oferecidas pelos SS) e partindo do princípio que os SS sabem fazer contas, porque de saúde... Mas dando de barato que até sabem, que são mestres em contas públicas, gostava agora que continuassem na sala da contabilidade e aproveitassem para fazer as contas aos prejuízos causados PELO FUMO DOS CARROS! E, já que estão a com a mão na massa, aproveitem e telefonem às Obras Públicas e ao IACM e eles que vos enviem os números dos impactos da poluição dos veículos motorizados no património edificado e na fauna e flora locais. Deve dar um número giro. Bem melhor que os vossos miseráveis 6 milhões. Porque ao fumo do tabaco normalmente consigamos escapar, mas o dos carros é penetrante além de ser muito mais e mais nocivo, atinge todos sem excepção (não apenas os croupiers)

A vida é muito mais do que conceitos estreitos de moralidade e de comportamento como pretendem fazer crer. A vida faz-se de grandes e pequenos prazeres, de amores e de desamores.

pois nem em casa se está a salvo. Não interessa, isto não interessa?... Pois... A culpa é deles, eu sei. Os SS apenas podem vir para a praça pública defender a sua dama sem fumo porque surgem com o discurso politicamente correcto do dinheiro. Ao ouvirmos o tilintar mágico dos cifrões amochamos prontamente, damos umas palmadas nas costas aos SS e ainda agradecemos efusivamente aos benditos por nos pouparem o nosso rico dinheirinho, na esperança de que, talvez assim, consigam aforrar para construírem o tal do novo hospital e comprem as máquinas em falta no único hospital existente apesar de, no fundo, todos sentirmos que será mais fácil encontrarmos um melão fresquinho no meio do Saará. Este tipo de mentalidade dinheiro-motivada provoca uma insensibilidade brutal para as diferenças, obriga-nos como sociedade a tornar-nos maniqueístas (onde tudo é branco ou preto) nuns freaks que passam por cima de tudo e mais alguma coisa se o belo do dinheiro estiver em causa, em sociedades amorfas alinhadas por um mesmo diapasão seja ele qual for. Por isso surgem insensibilidades práticas como a proferida pelos tais dos SS de Macau quando afirmam, no auge da sua prelecção aos peixes, que “fumar não é uma necessidade vida”. Mas quem são estes SS para dizerem uma coisa destas? Estão assim tão apaixonados pela sigla ao ponto de se porem a fazer propaganda barata? Só quem nunca fumou pode dizer uma coisa dessas, ou então um

ex-fumador, duas das espécies mais tenebrosas ao cimo do planeta: os abstinentes e os ex. Uns fundamentalistas porque nunca experimentaram e têm medo de o fazer pois podem gostar, os outros porque experimentaram tanto e exageraram mais ao ponto de terem medo de voltar pois não têm um pingo de confiança neles próprios – para simplificar, burros, fanáticos e esquizofrénicos. Pois, caros amigos dos SS: estão completamente enganados! Fumar é uma necessidade de vida para milhões de pessoas desde há milénios e até muito antes de se inventar a saúde! Caso contrário, comer fast food também não é uma necessidade de vida, beber chá ou um café muito menos e então ingerir álcool nem se fala! Ainda por cima martelado como ele é em Macau... e vendido ao pé de paragens de autocarros e tudo!... Ou estão também a pensar aumentar os impostos sobre este tipo de produtos? Ou proibir cadeias de fast food junto das escolas e hospitais para evitar a tentação? Ou aumentar os impostos ao café e ao chá de tal ordem nos obrigue a pensar várias vezes no assunto antes de enfiarmos a cafeína pela goela abaixo? E o açúcar?!... E as carnes que congelam e descongelam nos nossos supermercados?... Enfim, esta página tem o tamanho que tem. Que sabem vocês da vida SS? Ah.. e já que gostam tanto de citar a OMS não se esqueçam que Macau é o 3º território no mundo com a maior esperança de vida e desde há muitos anos. Sim, nos tempos em que se fumava e tudo. Mas vou até mais longe e pergunto-vos: que é a vida para vós? Qual o sentido? Picar o cartão de segunda à sexta e aturar a família ao fim de semana? Dormir cedo, acordar cedo e respirar o ar puro dos lótus em flor pelos boulevards de Macau? Levar uma vida direitinha e controladinha para morrermos todos direitinhos e controladinhos e, de preferência, de uma doença aceitável para os vossos serviços? Pois bem caros amigos, eu pouco sei da vida mas pelo que fui vendo, é muito mais que um cigarro como também é muito mais do que um café ou até do que uma volta ao mundo. A vida é muito mais do que conceitos estreitos de moralidade e de comportamento como pretendem fazer crer. A vida faz-se de grandes e pequenos prazeres, de amores e de desamores. Por isso, caros SS, afirmações dessas soam a paternalismo, a fundamentalismo e são em tudo contrárias daquilo que, de facto, a vida deve ser: uma celebração de infinitas possibilidades. Talvez devessem especializar-se na morte, pois parecem perceber mais desse assunto. Mas pronto, porque estou eu a encarniçar-me contra vocês? Eu sei... a culpa não é vossa. É deles. Pois... eu sei. Desculpem.


Grécia Hollande elogia “escolha corajosa” de Tsipras

O

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Presidente francês, François Hollande, afirmou ontem que com o acordo, alcançado em Bruxelas por unanimidade, “se preservou a soberania grega” e elogiou a “corajosa escolha” do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, de aceitar um entendimento com os seus credores. “O objectivo era alcançar um acordo que permitisse à Grécia permanecer na zona euro”, assinalou Hollande, qualificando de “histórica” a decisão da Europa. “Houve acordo. A Grécia fica no euro. A Europa ganhou”, frisou. Hollande apontou ainda que a França tem sabido pensar na Europa e não apenas em França e destacou, pelo contrário, que “se a zona euro apenas tivesse ouvido uma voz (a do bloco mais duro com Atenas e liderado por Berlim) tal teria resultado na saída da Grécia do euro”. Após o acordo ontem alcançado sobre um terceiro programa de ajuda à Grécia, o processo está agora do lado grego, uma vez que cabe ao Executivo liderado por Alexis Tsipras legislar sobre os assuntos acordados e levar ao parlamento para aprovar. Os parceiros europeus querem que até quarta-feira sejam aprovadas no parlamento grego medidas como aumento do IVA, reforma do sistema de pensões ou legislação laboral. Depois disso, provavelmente ainda esta semana, os parlamentos de Alemanha, Holanda, Finlândia, Áustria, Eslováquia, Estónia ainda terão de aprovar a abertura formal de negociações para um terceiro resgate. Os chefes de Estado e de Governo da zona euro, reunidos em Bruxelas desde domingo à tarde, chegaram ontem de manhã a um acordo sobre a Grécia, ao cabo de 17 horas de negociações.

cartoon por Stephff

hoje macau terça-feira 14.7.2015

dêem-lhes todo o do dinheiro que precisammnh-mnh...

dêem-lhes todas as de reformas que eles queremmnh-mnh...

Acordo com a grécia depois de 17 horas de diálogo

40 Anos/São Tomé e Príncipe Presidente encontrou-se com Mao em 1975

O velho amigo da China S ão Tomé e Príncipe é dos raros países que não tem relações diplomáticas com a República Popular da China, mas o seu presidente, Manuel Pinto da Costa, pode reivindicar uma particularidade ainda mais rara. Formado na antiga República Democrática Alemã, Manuel Pinto da Costa é um dos poucos estadistas no activo que conheceu o histórico líder da revolução chinesa, Mao Zedong. O encontro ocorreu em Pequim, a 23 Dezembro de 1975, cinco meses e meio depois da independência de São Tomé e Príncipe. Pinto da Costa, o primeiro presidente do país, tinha 38 anos - menos 44 que o seu anfitrião. Pela fotografia publicada na imprensa oficial chinesa, o líder chinês parecia bastante debilitado. Mao “cumprimentou calorosamente cada um dos membros” da comitiva de Pinto da Costa e manteve “uma cordial e amigável conversa”, relatou o semanário Peking Review, sem mencionar o estado de saúde do líder chinês. A República Popular da China foi dos primeiros países a abrir uma embaixada em São Tomé e a enviar cooperantes para o novo país, nomeadamente médicos Pinto da Costa viajou para Pequim com três ministros e além de

Mao, encontrou-se com um vice-primeiro-ministro, Li Xiannian. Oito dias depois, Mao encontrou-se com a filha e o genro do ex-presidente norte-americano Richard Nixon (Julie Nixon Eisenhower e David Eisenhower, respectivamente), mas a avaliar pela Peking Review, que noticiava com destaque as poucas audiências concedidas pelo líder chinês, na última semana de 1975, não terá recebido mais ninguém. Mao Zedong morreu nove meses mais tarde e embora a China tenha evoluído numa direcção que ele consideraria “contra-revolucionária”, o seu retrato continua afixado na Porta da Paz Celestial (Tiananmen), no centro de Pequim.

Caminhos da História

São Tomé e Príncipe também mudou muito e no início da década de 1990, aboliu o regime de partido único. Pinto da Costa abandonou a actividade política, mas em 2011 candidatou-se à presidência e ganhou. O país, entretanto, estabeleceu relações diplomáticas com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, e que Pequim considera uma província da China e não uma entidade politica soberana.

Logo a seguir, a RPC rompeu com São Tomé e Príncipe. Taiwan, que continua a ostentar o nome de República da China (sem o adjectivo Popular), era um dos quatro “tigres asiáticos”, ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura. Apoiada numa pujante economia, a ilha investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional. O governo de Taiwan chegou a apoiar o ANC de Nelson Mandela, conseguindo adiar até Janeiro de 1998 a abertura de uma embaixada da RPC em Pretória. Em 1997, a Guiné-Bissau, Senegal e outros países também tinham relações diplomáticas com Taiwan; hoje, em toda a África, há

Mao “cumprimentou calorosamente cada um dos membros” da comitiva de Pinto da Costa e manteve “uma cordial e amigável conversa”, relatou o semanário Peking Review

apenas três (Burkina Faso, Suazilândia e São Tomé e Príncipe) e no mundo inteiro, 22 (incluindo a Santa Sé). A China já estava em acelerado desenvolvimento, mas não era o que é hoje: a segunda economia mundial, com as maiores reservas cambiais do planeta, no valor de 3,8 biliões de dólares. As suas relações com Taiwan, cada vez mais estreitas no plano económico, são consideradas as melhores de sempre. Aparentemente, Pequim deixou de encorajar o corte de relações oficiais com Taiwan para não enfraquecer o governo da ilha, dirigido pelo Partido Nacionalista (Guomindang). Ao contrário do maior partido da oposição, o Guomindang defende que “só há uma China”, coincidindo nesse ponto com o PCC, e não rejeita a ideia de reunificação. Apesar de São Tomé e Príncipe não ter relações diplomáticas com a RPC, em Junho de 2014, o seu presidente esteve em Pequim e em Xangai, numa “visita de carácter privado”. É uma engenharia protocolar e diplomática invulgar, mas a carreira de Manuel Pinto da Costa também não é muito comum e, no fundo, ele ainda será visto em Pequim como “um velho amigo da China”. António Caeiro Lusa


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